a maÇonaria durante as ditaduras salazar, vargas, franco, hitler e mussolini

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A M A ONA R I A D U R A NT E A S D IT A D UR A S D E V A R GA S , FRANCO, HITLER, SALAZAR E M U S S O LI N IRoberto Aguilar M. S. Silva Joo Gonalves Miguis

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Dedicado ao Irmo Joo Gonalves Miguis

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A MAONARIA DURANTE A DITADURA VARGASRoberto AguilarM. S. Silva1 Joo Gonalves Miguis2 Antecedentes histricos As informaes a seguir foram obtidas no site da Loja Amrica (2008) extrado de escritos do Ir Jos Castellani. Em 1932, vivia, o Brasil, sob o regime implantado pelo golpe de 1930. Neste ano, o pas j enfrentara uma conturbada situao poltico-social, quando a oposio ao governo da Repblica j vinha se movimentando desde as eleies de maro --- vencida pelo candidato oficial, Jlio Prestes de Albuquerque --- conspirando, para promover o levante armado contra o governo.

Jlio Prestes de Albuquerque. http://www.galeriadosgovernadores.sp.gov.br/03 galeria/gov07.jpg

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A.:R.:L.:S.: Sentinela da Fronteira No 53, Corumb, MS, Brasil A.:R.:L.:S.:Estrela do Oriente No 1, Corumb, MS, Brasil

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Getlio Vargas e Joo Pessoa, pouco antes da Revoluo de 1930.http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pessoa_Cavalca nti_de_Albuquerque

O estopim da revolta fora o assassinato de Joo Pessoa3, governador da Paraba, o qual fora candidato a vice-presidente na chapa de oposio, encabeada por Getlio Vargas. Pessoa foi morto a tiros, por Joo Duarte Dantas, por simples questes familiares da Paraba --- muito comuns, na regio Nordeste, na poca --- e sem qualquer motivo poltico, mas o fato foi, matreiramente , aproveitado pela oposio. A revolta ocorreria a 3 de outubro, partindo dos trs Estados ligados pela Aliana Liberal : do Rio Grande do Sul, partiam as tropas do Exrcito e da Polcia, comandadas pelo tenente-coronel Gis Monteiro ; partindo da Paraba, o capito Juarez Tvora conseguia dominar todos os Estados do Norte e do Nordeste; e, em Minas Gerais, eram dominados os focos fiis ao governo federal e as tropas ameaavam os governos do Rio de Janeiro e do Esprito Santo.

Joo Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Umbuzeiro, 24 de janeiro de 1878 Recife, 26 de julho de 1930) foi um poltico brasileiro. Sobrinho do ex-Presidente da Repblica Epitcio Pessoa. Quando ainda presidente do estado da Paraba e j candidato a vice-presidente, foi assassinado, em Recife, por Joo Duarte Dantas, seu adversrio poltico, jornalista, cuja residncia fora invadida por elementos da polcia, supostamente a mando de Joo Pessoa, que culminou com a publicao nos jornais da capital do estado, de cartas ntimas trocadas com a professora Anayde Beiriz.

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Juarez do Nascimento Fernandes Tvora (Jaguaribemirim, actual Jaguaribe, 14 de janeiro de 1898 Rio de Janeiro, 18 de julio de 1975). http://es.wikipedia.org/wiki/Juarez_T%C3%A1vor a

A Revoluo Constitucionalista Conforme o site da Loja Amrica (2008) em 1932, j voltara a ser tensa a situao poltico-social do pas, pela demora do Governo Provisrio, do caudilho Getlio Vargas, em providenciar uma nova Constituio ao Brasil. euforia dos primeiros momentos aps o golpe, sucedia o desencanto, seguido da inquietao, que acabaria envolvendo os meios manicos. E essa inquietao, com a conseqente agitao dos meios sociais, era mais forte em So Paulo, levando extrema irritao os que, anteriormente, eram os mais fervorosos adeptos do levante, ou seja, os membros do Partido Democrtico, os quais se sentiam esbulhados do poder, por interventores militares e estranhos ao Estado de So Paulo. J a partir do incio de 1931, da pena do advogado, jornalista e tribuno Ibrahim Nobre, maom originrio da Loja Fraternidade de Santos, saiam crticas mordazes contra o golpe e a situao social, publicadas no jornal paulista "A Gazeta". No incio de 1932, ento, o pensamento da populao de So Paulo seria cristalizado na expresso "Civil e Paulista", repetida pelos meios de comunicao, externando o desejo de ter um interventor federal que no fosse militar e que fosse de So Paulo. A 3 de maro, ouvindo o clamor dos paulistas, o ditador nomeava, para o cargo, o embaixador Pedro de Toledo4, ex Gro Mestre

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Pedro Manuel de Toledo (So Paulo, 29 de junho de 1860 Rio de Janeiro, 29 de julho de 1935) foi um advogado, diplomata e poltico brasileiro. Foi o quarto interventor federal a ocupar o governo do estado de So Paulo.

6 do Grande Oriente Estadual (1908-1914), o qual assumiria no dia 7. Essa indicao, todavia, no serviu para aliviar o mal estar e a tenso reinantes em diversos pontos do pas, comeando, dessa maneira, a fermentar a revolta. As reunies preparatrias do movimento foram levadas a efeito na sede do jornal "O Estado de S. Paulo", fundado, em 1875, com idias republicanas, pelos maons Amrico de Campos5 (Loja Amrica), Francisco Rangel Pestana6 (Loja Amrica), Manoel Ferraz de Campos Salles7 (Loja Sete de Setembro) e Jos Maria Lisboa (Loja Amizade). Nessa poca, o jornal j era dirigido por Jlio de Mesquita Filho (Loja Unio Paulista II), que era um dos principais lderes do movimento. O estopim da revolta j havia sido aceso a 23 de maio de 1932, quando, durante uma manifestao , na praa da Repblica, alguns jovens --- Mrio Martins de Almeida, Amadeu MartinS, Euclides Miragaia, drusio Marcondes de Sousa e Antnio Amrico de Camargo, cujos nomes deram origem ao M.M.D.C.8 --- foram5

Amrico Braslio de Campos (Bragana Paulista, 12 de agosto de1835 Npoles, 28 de janeiro de 1900) foi um advogado e poltico brasileiro.Formado pela Faculdade de Direito de So Paulo, foi promotor pblico e fez da imprensa uma tribuna para defender seus ideais abolicionistas e republicanos. De 1865 a 1874 foi diretor e redator do Correio Paulistano, de onde saiu para fundar em 1875, com Francisco Rangel Pestana, o jornal A Provncia de S. Paulo, que, com o advento da Repblica, passou a chamar-se O Estado de S. Paulo. Em 1884, com Jos Maria Lisboa, fundou o Dirio Popular. Proclamada a Repblica, foi nomeado cnsul do Brasil em Npoles, onde faleceu. Foi um importante defensor dos ideiais republicanos e membro da Conveno de Itu. Obtido em http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rico_Bras%C3%ADlio_de_Campos"

6 Francisco Rangel Pestana (Nova Iguau, 26 de novembro de 1839 So Paulo, 17 de maro de 1903) foi

um jornalista e poltico brasileiro. Signatrio do Manifesto Republicano (1870), foi deputado da provncia de So Paulo em diversas legislaturas e, proclamada a Repblica, assumiu a direo da provncia no triunvirato em que tambm faziam parte Prudente de Morais e o coronel Joaquim de Sousa Mursa. Em 1890, foi eleito senador, cargo que exerceu at 1896.

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Manuel Ferraz de Campos Sales (Campinas, 15 de Fevereiro de 1841 Santos, 28 de junho de 1913) foi um advogado e poltico brasileiro, terceiro governador do estado de So Paulo, de 1897 a 1898, presidente da Repblica entre 1898 e 1902. O MMDC foi organizado como sociedade secreta, na Capital de S. Paulo, a 24 de maio de 1932, tendo sido projetado durante um jantar no Restaurante Posilipo, por Aureliano Leite, Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, Paulo Nogueira e Prudente de Moraes Neto, aos quais se juntaram, em reunio posterior, no Clube Comercial, Cesrio Coimbra, Antnio Carlos Pacheco e Silva, Francisco Mesquita, Edgard Batista Pereira, Francisco A. Santos Filho, Bernardo Antnio de Moraes, Alberto Americano, Roberto Victor Cordeiro, Carlos de Souza Nazar, capito Antnio Pietcher, Bueno Ferraz, Jos A. Telles de Mattos, Gasto Gross Saraiva, Herman de Moraes Barros, Flvio B. Costa, Moacyr Barbosa Ferraz, Brulio Santos, Waldemar Silva, Jorge Rezende, e Thiago Mazago Filho. Inicialmente, a sociedade foi chamada "Guarda Paulista", mas, depois, foi fixada em MMDC, em homenagem aos jovens mortos a 23 de maio. Na fase de conspirao, que levaria ao movimento de 9 de julho, organizou pelotes de voluntrios, distribudos por toda a Capital. Durante o o. desenrolar da luta, a 10 de agosto, pelo Decreto n 5627-A, o governo do Estado oficializou o MMDC, cuja direo foi entregue a um decenvirato, presidido por Waldemar Martins Ferreira, secretrio da Justia, e tendo, como superintendente, Lus Piza Sobrinho. Inicialmente instalado na Faculdade de Direito, foi, depois, para o antigo Frum, na rua do Tesouro, e para o prdio da Escola de Comrcio lvares Penteado. Durante o movimento constitucionalista, cuidou da intendncia geral, das finanas, da direo geral do abastecimento,

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7 mortos pela polcia poltica da ditadura, entrincheirada nos altos de um prdio da rua Baro de Itapetininga. No mesmo dia, era reorganizado o secretariado do governo paulista. Estranhamente, em sesso de 25 de maio, da Loja Piratininga, para a eleio da administrao, no perodo 1931-1932, nada se comentou sobre esse fato marcante, preferindo, os obreiros, deter-se sobre uma crise no Grande Oriente do Brasil, onde rebeldes contestavam a autoridade do Gro-Mestre, Octavio Kelly9, ao qual a Piratininga apoiava, totalmente, na Assemblia Geral. Jlio de Mesquita Filho, depois de ter conseguido organizar uma frente nica dos partidos de S. Paulo, entrou em entendimento com lderes da Frente nica Sulriograndense, nas pessoas de Joo Neves da Fontoura e Glicrio Alves. Pelo Rio Grande do Sul, com concordncia do interventor, Flores da Cunha, foi firmado um pacto entre paulistas e riograndenses, o qual os obrigava a recorrer s armas, caso o interventor de um dos dois Estados fosse destitudo, ou se houvesse a substituio do gal. Andrade Neves do comando da regio militar do Rio Grande do Sul, ou do gal. Bertholdo Klinger10, da guarnio de Mato Grosso. O governo ditatorial reagia ao movimento, tentando asfixiar o Estado de S. Paulo e, enquanto o governo paulista prevenia-se, para no sofrer um golpe de surpresa, na Capital Federal, vrios fatos polticos e militares levavam exonerao do ministro da Guerra, a 28 de junho, com a nomeao do general Esprito Santo Cardoso, h muito tempo reformado e afastado da tropa. Isso suscitou a revolta de Klinger, externada num agressivo ofcio, datado de 1o. de junho, dando conhecimento do que resolvera, a Pedro de Toledo. Exonerado, por isso, estava criado o motivo suficiente, que fora exigido por Flores da Cunha, para que o Rio Grande entrasse na luta. Ele, todavia, alm de no cumprir o acordo, ainda enviaria tropas contra So Paulo. Em reunio realizada no dia 7 de julho, com a presena de Francisco Morato, Ataliba Leonel, Slvio de Campos, coronel Jlio Marcondes Salgado e general Isidoro Dias Lopes11, ficou decidido que o levante aconteceria no dia 20,dos departamentos de engenharia, de sade, de propaganda e militar, do correio militar e dos servios auxiliares. (do Arquivo do Estado). 9 Otvio Kelly (Niteri, 20 de abril de 1878 Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1948) foi um magistrado e escritor brasileiro, ministro do Supremo Tribunal Federal de 1934 a 1942.

Bertoldo Klinger (Rio Grande, 1884 Rio de Janeiro, 1969) foi um militar brasileiro. Em 1901 ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Participou da Revolta da Vacina em 1904 e, em funo disso, foi preso, retornando ao exrcito somente no ano seguinte. Em 1924 foi novamente preso, acusado de colaborar com a revolta tenentista em So Paulo. Em 1932 uniu-se aos grupos dirigentes paulistas que preparavam uma revoluo contra a ditadura imposta por Getlio Vargas, chamada Revoluo de 1932, tendo sido escolhido para chefiar militarmente o movimento, que perdurou entre julho e setembro daquele ano. Preso aps a rendio do exrcito paulista, foi em seguida enviado para exlio em Portugal. Em 1934 recebeu anistia e retornou ao Brasil. Foi readmitido pelo Exrcito Brasileiro em 1947, passando em seguida para a reserva. Anos depois, em 1964, apoiou o golpe militar que derrubou o presidente Joo Goulart e implantou o regime militar no pas.11 Isidoro Dias Lopes (Dom Pedrito, 1865 Rio de Janeiro, 1949) foi um militar e poltico brasileiro. Entrou

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para o Exrcito em 1883 em Porto Alegre. Apoiou o movimento que ps fim ao Imprio. Em 1893, abandonou o Exrcito e participou da Revoluo Federalista, no Rio Grande do Sul, contra o governo de Floriano Peixoto. Aps a derrota dos federalistas, em 1895 foi para o exlio em Paris. Em 1896 voltou ao Brasil , foi anistiado e retornou ao Exrcito no Rio de Janeiro, continuando a carreira. Participou da articulao e da Revoluo de 1924 em So Paulo e posteriormente juntou-se a Coluna Prestes. Em 1930 aps a derrota da Aliana Liberal

8 sob o comando de Isidoro e do coronel Euclides Figueiredo. Pedro de Toledo ainda tentou evitar a revolta, mandando seu genro ao Rio de Janeiro, no dia 8, para conferenciar com Vargas. Todavia, em nova reunio, nesse dia, resolveu-se deflagrar o movimento no dia 10, antes que chegasse a S. Paulo o gal. Pereira de Vasconcellos, para assumir o comando da Regio Militar. A 9 de julho, um sbado, a revolta constitucionalista estava nas ruas. Embora algumas obras didticas situem o incio do movimento s 24 horas desse dia, ele eclodiu s 11,40 hs., sob o comando de Euclydes Figueiredo, com a tomada do Q.G. da 2a. Regio Militar. No mesmo dia, s 23,15 hs., as sociedades de rdio eram tomadas por civis e, a partir das 24 horas --- da a confuso de alguns autores --- comeava a ser repetida a seguinte mensagem: De accordo com a Frente nica Paulista e com a unnime aspirao do povo de So Paulo e por determinao do general Izidoro Dias Lopes, o coronel Euclydes Figueiredo acaba de assumir o comando da 2a. Regio Militar tendo como Chefe do Estado Maior o coronel Palimercio de Rezende. A oficialidade da Regio assistiu incorporada no QG posse do coronel, nada havendo occorrido de anormal. Reina em toda a cidade intenso jbilo popular e o povo se dirige em massa aos quartis, pedindo armas para a defesa de So Paulo. No dia 10, o interventor Pedro de Toledo era aclamado, pelo povo, pelo Exrcito e pela Fora Pblica, governador de S. Paulo. No dia 12, o general Bertholdo Klinger desembarcava na Estao da Luz e, no QG da 2a. R.M., na rua Conselheiro Crispiniano, diante do microfone da Rdio Educadora Paulista, recebia o comando da regio de S. Paulo, transmitido por Euclydes, que, na tarde do mesmo dia, iria para Cruzeiro, onde assumiria o comando da vanguarda das tropas constitucionalistas. Deixado sozinho, na luta pela Constituio e pelo Brasil, os combatentes de S. Paulo, sem recursos, iriam resistir durante trs meses. Sem o esperado apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, as tropas paulistas, que ocuparam o vale do Paraba, ao longo da Estrada de Ferro Central do Brasil, no conseguiram avanar alm da divisa com o Estado do Rio. O bloqueio do porto de Santos e a grande concentrao de foras federais, vindas de todos os Estados, venceram a resistncia dos soldados paulistas, graas ao esgotamento de seus recursos. A 28 de setembro, a luta chegava ao fim. Sem que o governo civil fosse consultado, Klinger enviou emissrios aos adversrios, com propostas de paz e um telegrama a Vargas propondo suspenso do conflito. Fracassados os entendimentos, porque os termos do armistcio eram humilhantes para So Paulo, elementos do comando geral da Fora Pblica --- seu comandante, Jlio Marcondes Salgado, extraordinrio defensor da causa paulista, havia falecido num estpido acidente com uma granada --- sob o comando do coronel Herculano Silva, assinaram a vexatria rendio, na noite de 1o para 2o de outubro, submetendo-se ao governo ditatorial, em troca de vantagens para os seus oficiais. Herculano foi indicado --- prmio? --- para assumir o governo e, no dia 2, s 15,30 hs, mandava trs oficiais seus, ao palcio dos Campos Elseos, para depor Pedroapia a Revoluo de 1930 e participa do governo de Getlio Vargas, como comandante da 2 Regio Militar em So Paulo. Em 1931 se indispe com Vargas e substitudo por Gis Monteiro. Em 1932 participa da Revoluo Constitucionalista, e acaba deportado para Portugal . Anistiado em 1934 retorna ao Brasil. Em 1937, afastado da poltica, critica o golpe e a ditadura do Estado Novo.

9 de Toledo12. A voltar, a Piratininga, atividade, a 3 de novembro, o Venervel Mestre comunicava que, embora tivesse, a Loja, deixado de funcionar por determinao superior --- do Grande Oriente de S. Paulo, dirigida a todas as suas Lojas --- mas que a sua diretoria havia continuado a se reunir, semanalmente, para tomar conhecimento do expediente e para resolver os assuntos mais urgentes. E Vaz de Oliveira, interpretando o pensamento da Piratininga e de todo o povo paulista, dizia que "no pode deixar de saudar ao povo paulista pela dedicao, patriotismo e herosmo, que to fortemente demonstrou na guerra em que se empenhou, herosmo que igual, quanto mais maior, em nenhuma guerra aponta a histria, mesmo na mundial, bem como no pode ser apontada maior traio do que a sofrida pelos paulistas, para cujos traidores deve todo maom cnscio dos seus deveres, evitar convvio, votando-lhes desprezo". A Constituinte de 1934 Em novembro de 1933, diante da instalao da Assemblia Nacional Constituinte, que era a aspirao dos paulistas, no movimento de 1932, a notcia era saudada pelos obreiros da Loja. E o Orador, Ramon Roca Dordal, propunha a insero, em ata, de um voto de louvor e aplauso, por aquela instalao. Aprovada, unanimemente, a proposta, Alexandre de Albuquerque dizia que havia votado como paulista de corao e na qualidade de ex-combatente, mas propunha um adendo quela resoluo: que o voto de louvor e aplauso fosse extensivo ao fato da volta, a So Paulo, do Irmo Pedro de Toledo, que havia sido exilado. Em 1934, no dia 23 de maio, emblemtico para a alma paulista, depois de cumprimentos ao Irmo do quadro, Alexandre de Albuquerque, pela homenagem que recebera do Instituto de Engenharia, como um importante engenheiro civil de S. Paulo e pela sua atuao na Revoluo Constitucionalista, Guilherme de Carvalho, dizendo que aquela era a "data anniversaria da libertao paulista", pedia que a sesso fosse encerrada, em homenagem a ela e aos jovens mortos em 32. E Roca Dordal, inflamado, referia-se " posio injusta em que, por todos os meios, procurava a dictadura collocar S. Paulo, que, muito embora vencido nos seus altos desideratuns pela eventualidade de circunstancias ligadas fora,12

O extraordinrio paulista, Pedro de Toledo, nesse dia, recebia, com extrema dignidade e serenidade, a desgraa que se abatia sobre si e sobre S. Paulo, dizendo, apenas: "So Paulo no foi derrotado! Fomos trados e vencidos no campo das armas! Os ideais que nos levaram luta, porm, sero vitoriosos". Por volta das 18 horas do dia 2, quando se preparava para deixar os Campos Elseos, ele ouvia a voz do tenente Cndido Bravo, rompendo o pesado silncio, que cercava o fim de um sonho: --- Senhor governador, estaremos sempre juntos. Emocionado, ele respondia: --- Nem poderia ser de outra forma! Estamos com So Paulo! (segundo reportagem de Silveira Peixoto, em A Gazeta, de 3-10-1932)

10 assim no se considerava; devido a nobreza da causa que defendera, e graas a sua fora moral, ao progresso a que soube elevar-se, conseguiu o fim que almejava, e mantm-se firme e admirvel na conquista do justo e do direito, no s para o seu bem, mas para o do Brasil no discrepou do lugar de destaque em que o colocaram os seus antepassados; antes mesmo continuou o seu traado de luta e de glria, impondo-se admirao mundial". Poderia, at, ter terminado sua fala, com a citao de um pequeno trecho do vibrante "Minha Terra", orao de bandeirantismo do Irmo Ibrahim Nobre, o tribuno de So Paulo13. Fazendo juz ao seu ttulo distintivo, na So Paulo de Piratininga, a Loja firmava-se como a Piratininga de So Paulo. Em julho, promulgada a nova Constituio brasileira, pela qual lutara S. Paulo, em 32, Roca Dordal tecia comentrios sobre a instituio manica e a luta de So Paulo: "A reunio de quatro confrarias, em Londres, em 1717, d origem Maonaria que um grupo de homens destemidos, fortes, canados da tyrania e da escravido, que envolvia a nao e, podemos dizer, a Europa, resolveram traar novos princpios regeneradores dos costumes da Humanidade sofredora. a Maonaria --- que em breve seria forte bastante para pr um dique ao despotismo universal. Mas essa seita, essa reunio de homens de ideaes e de vontades inquebrantaveis, teve de preparar sua lucta sem trguas ao obscurantismo e oppresso. Agrupados esses homens de costumes puros, de energia e coragem para os mais duros sacrifcios, entraram a pregar no meio da sociedade com o mais absoluto sigilo, escolhendo os homens, que dedicados at ao sacrifcio, desejavam uma Humanidade melhor. E o sacrifcio necessrio! No ha na historia da Humanidade uma conquista que no custasse rios de sangue e sacrifcios sem conta, quelles que primeiro se opuzero ao arbtrio e tyrania. So Paulo recolhe os beneficios de uma Constituio, pelo sacrifcio dos que no se submetteram ao capricho de uma dictadura, de um poder discricionario e tyranico. o fim que almejavam os sinceros maons, cujos sacrifcios sero pequenos, em face da vitria alcanada". Infelizmente, a frgil Constituio de 1934, no garantiria a continuidade de um regime realmente democrtico, como viria a comprovar o golpe de 10 de novembro de 1937 (Amrica, 2008).

"Terra Paulista! Da tua carne, massap e honesta, do teu ventre de Me, fecundo e so, veio a alma que realizou a nacionalidade, imprimindo-lhe o sentido da Independncia e os rumos catlicos da Civilizao. De ti proveio o homem que defrontou a natureza peito a peito e que a venceu e a dominou a faco e a f! Tu deste geografia ao Brasil! Essa terra toda, que a se estende e se esparrama e se perde por esse mundo grande de Deus, tudo isso tem os seus limites demarcados, no apenas pelos rios que se vadearam, pelas grimpas transpostas, pelas florestas vencidas! Mas, sobretudo, pelas sepulturas dos teus filhos, Minha Terra! Balisas! Picadas! Cruzes! Paulistas, paulistas, paulistas"! - IBRAHIM NOBRE 1931.

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Getlio Vargas.

O Estado Novo No dia 10 de novembro de 1937, o presidente Getlio Vargas14 anunciava o Estado Novo, em cadeia de rdio. Iniciava-se um perodo de ditadura na Histria do Brasil. O Golpe de Getlio Vargas foi articulado junto aos militares e contou com o apoio de grande parcela da sociedade, pois desde o final de 1935 o governo havia reforado sua propaganda anti comunista, amedrontando a classe mdia, na verdade preparando-a para apoiar a centralizao poltica que desde ento se desencadeava. De acordo com (Historianet, 2008) a partir de novembro de 1937 Vargas imps a censura aos meios de comunicao, reprimiu a atividade poltica, perseguiu e prendeu inimigos poltico. Conforme Silva (2005) em 1937, o Estado autoritrio que vinha sendo construdo pelas prticas discursivas e pela reorganizao e atuao de uma polcia poltica, produzindo informaes sobre o perigo das ideologias externas que invadiam o pas, se consolidou com Getlio Vargas declarando nao que: Tanto os velhos partidos, como os novos em que os velhos se transformaram sob novos rtulos, nada exprimem ideologicamente, mantendo-se sombra de ambies pessoais ou de predomnios localistas, a servio de grupos empenhados na partilha dos despojos e nas combinaes em torno de objetivos subalternos (...) as novas formaes partidrias surgidas em todo o mundo, por sua prpria natureza refratrias aos processos democrticos, oferecem perigo imediato para as instituies, exigindo, de maneira urgente e proporcional virulncia dos

14 Getlio Dorneles Vargas (So Borja, 19 de abril de 1882 Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954) foi um

poltico brasileiro, chefe civil da Revoluo de 1930, que ps fim Repblica Velha depondo seu 13 e ltimo presidente Washington Lus. Getlio Vargas foi por duas vezes presidente da repblica. Na primeira vez, de 1930 a 1945, governou o Brasil em trs fases distintas: de 1930 a 1934, no governo provisrio; de 1934 a 1937, no governo constitucional, eleito pelo Congresso Nacional; e de 1937 a 1945, no Estado Novo. Na segunda vez, de 1951 a 1954, governou o Brasil como presidente eleito por voto direto.

12 antagonismos, o esforo do poder central. Isto j se evidenciou por ocasio do golpe extremista de 1935 (...) o perigo das formaes partidrias sistematicamente agressivas Nao, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos brasileiros e o amparo decisivo e vigilante das foras armadas, no dispes de meios defensivos eficazes dentro dos quadros legais, vendo-se obrigada a lanar mo, de modo normal, das medidas excepcionais que caracterizam o estado de risco iminente da soberania nacional e da agresso externa. Os trechos supracitados so partes dos pronunciamentos utilizados por Vargas na implantao do Estado Novo. So declaraes nas quais o representante do Estado colocava- se como saneador de uma grande ameaa que se espalhava pela nao atravs da ao dos inimigos, num primeiro momento apontados entre os comunistas (Silva, 2005). Segundo o site da Loja Triumpho do Direito (2008) o Ir.: Jos Castellani o escreveu o seguinte sobre o Estado Novo e o fechamento das Lojas Manicas: a essa altura dos acontecimentos (1937), o ambiente poltico do pas voltava a ficar agitado, diante de nova campanha presidencial --- j que o mandato de Getlio Vargas deveria se encerrar em 1938 --- qual se apresentaram duas candidaturas: a de Jos Amrico de Almeida --- poltico, literato e figura de projeo no Nordeste --- e a do governador de S. Paulo, Armando de Salles Oliveira, sendo, a do primeiro, ostensivamente apoiada pelo governo federal. Vargas, todavia, com sua formao caudilhesca, j se preparava para se instalar como senhor absoluto, impedindo as eleies. J nos primeiros meses de 1937, muitos polticos ligados ao governo sabiam que uma nova Constituio havia sido elaborada por Francisco Campos, ministro da Justia, com planos de continusmo. Alm de Campos, participavam da operao, para levar a cabo um golpe de Estado, o general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, o general Gis Monteiro, chefe do Estado Maior do Exrcito, e Agamenon Magalhes, ministro do Trabalho. Os governadores de Estados, que no aderiram aos planos de Vargas, foram obrigados a se demitir, ou a fugir para o Exterior. E, em outubro de 1937, o governo solicitava, ao Congresso Nacional, a decretao do Estado de guerra, com base na existncia de um vasto plano de terrorismo comunista, denominado "Plano Cohen". Todavia, como o prprio Gis Monteiro declararia, mais tarde, o Plano Cohen no passava de um documento forjado por um oficial integralista do Estado Maior. Era mais um embuste de Vargas, utilizando, em seu proveito, as lutas das faces extremistas. Com a decretao do estado de guerra, conseguida graas ovina docilidade do Congresso Nacional, o governo no tardou a dar o golpe de Estado. E este aconteceria a 10 de novembro de 1937,quando era dissolvido o Congresso, dissolvidos todos os partidos, extinta a Constituio de 1934 e imposta aquela elaborada por Francisco Campos. Estava implantado o chamado "Estado Novo", regime ditatorial de direita, a exemplo daqueles existentes na Itlia, na Alemanha, em Portugal, na Espanha e na Polnia, numa poca em que a conjuntura internacional favorecia a implantao do nazi-fascismo. Esse fato iria repercutir em todas as instituies sociais brasileiras, inclusive na Maonaria. O fechamento desta foi aconselhado, ao governo, a 25 de novembro de 1937, pelo general Newton Cavalcanti, membro do Conselho de Segurana Nacional. E embora isso possa no ter ocorrido entre as

13 Lojas do ento Distrito Federal --- provavelmente por mediao de algum figuro do novo regime --- o mesmo no se pode dizer do resto do pas. No Estado de So Paulo, por exemplo, podem ser tomados os casos de cinco Lojas, de quatro cidades, de diferentes regies do Estado: 1. Na Loja Piratininga, da Capital, o Livro de Atas n 45 foi encerrado na folha n 84, com o final da ata n 2.993, de 20 de outubro de 1937. Nessa mesma folha, consta um termo, com os seguintes dizeres: "Tendo sido, por ordem das autoridades do pas, fechados os templos manicos e interrompidos os nossos trabalhos, os trabalhos de reabertura foram, por deliberao da Diretoria, lanado em um livro de atas, a partir de 17 de janeiro de 1940, data em que foi permitido, novamente funcionarem as Lojas. Ass. : A. Pacheco Jnior - Secretrio". Na ata n 2.994, de 17 de janeiro de 1940, consta que o Ir.: Secretrio informa que no pode dar leitura ata dos ltimos trabalhos, em virtude de terem sido, os arquivos, apreendidos pela autoridade policial; resolvido, ento, que se inicie um novo livro de atas e um novo livro de presenas. 2. Na Loja F e Perseverana, de Jaboticabal, consta, em ata de 29 de outubro de 1937, que o Venervel Mestre, major Hilrio Tavares Pinheiro, informava que "em virtude de Lei Federal editada pelas autoridades do Pas, foi fechada toda a Maonaria brasileira e, por esse motivo, fica, de hoje em diante, fechada esta Loja, at ulterior deliberao". A Loja s iria ser reaberta, oficialmente, a 3 de setembro de 1943, embora, j a partir de 1940, as demais Lojas tenham voltado a funcionar. A data de 29 de outubro --- quando a Loja foi fechada --- pode ter sido registrada com erro (seria 29 de novembro), ou pode ser verdadeira, reforando, ento, a tese de que as Lojas comearam a ser fechadas j quando o Estado Novo estava sendo articulado, em sua fase final. 3. Na Loja Firmeza, de Itapetininga, no constam atas do perodo compreendido entre outubro de 1937 e janeiro de 1940. No dia 20 de janeiro de 1940, cogitavase da autorizao policial para a reabertura da Oficina. 4. Na Loja Ordem e Progresso, da Capital, o Livro de Atas n 18 termina, abruptamente, folha 68, estando, todas as demais, at ltima, de n 100, em branco. Nessa folha 68, est lavrada a ata da sesso de 27 de setembro de 1937, na qual foram lidos diversos artigos de jornais, criticando o integralismo de Plnio Salgado. A ata seguinte, no livro n 19, tem a data de 5 de outubro de 1941, sendo registrada como a primeira reunio de reabertura dos trabalhos, realizada na rua Passos, n 246, residncia do Irmos Serpa Sobrinho. Nela consta, textualmente, o seguinte: "Os trabalhos foram abertos s 15 horas e de acordo com a convocao feita pelo Ir.: Serpa, o qual foi aclamado Secretrio, em continuao de mandato, por se achar exercendo esse cargo na ocasio em que, por ordem do governo federal, foram suspensos os trabalhos". Para dirigir os trabalhos, foi aclamado o Irmo Elias Rahal e, para Orador, o Irmos Lus Trento. O Ir.: Serpa declarava, na ocasio, que a reunio era para tratar da reabertura dos trabalhos, pois a Loja "Ordem e Progresso", uma das mais antigas e das de maior tradio em So Paulo, no podia continuar inativa, pois grande parte das suas co-irms j

14 se achava em funcionamento; ao final dos trabalhos, deliberou-se convocar outra reunio, para, definitivamente, serem reiniciados os trabalhos no templo. 5. A Loja Estrela de Santos, de Santos, fundada a 22 de junho de 1937, embora tenha recebido sua Carta Constitutiva, a 8 de outubro de 1937, s iria ser regularizada a 1 de agosto de 1942. Alm disso tudo, no foram fundadas novas Lojas no Estado, em todo esse perodo. E o Boletim Oficial do Grande Oriente de S. Paulo interrompeu sua publicao em outubro de 1937 --- quando foi publicado o ltimo nmero da dcada --- s a tendo restabelecida em 1943. O Funcionamento da Loja Estrela do Oriente no 1 Durante a Ditadura Vargas Em 27 de junho de 1937 ARLS Estrela do Oriente, foi fechada. Momentos antes de ser fechada o IrNatala Abrao, entra na Loja e retira todos os livros e documentos, salvando desta maneira o acervo documental da Loja. Em Corumb, MS, apenas uma Loja a ARLS Estrela do Oriente manteve-se funcionando na clandestinidade. Em 27 de outubro de 1937 aconteceu a primeira sesso clandestina, na residncia do VM Joo Baptista de Oliveira Mota. A sua residncia estava situada rua Major Gama em frente ao antigo Frum.

VM Joo Baptista de Oliveira Mota.

15

Em novembro de 1938 ocorreu a abertura das Lojas Manicas em Corumb. A ordem foi dada pelo Comandante da 9 regio Militar o General Jos Pessoa15. E finalmente em 10 de novembro de 1938 ocorreu a primeira sesso regular da ARLS Estrela do Oriente, aps a abertura.Porem em outros orientes como o paulista a reabertura das Lojas somente ocorreu em 1940, e deveu-se atitude destemida de Benedicto Pinheiro Machado Tolosa, que, em plena vigncia do Estado Novo, compareceu, como Gro-Mestre Adjunto, no exerccio do GroMestrado --- o Gro-Mestre, Jos Adriano Marrey Jnior estava licenciado --perante as autoridades policias a servio da ditadura, e assumiu desassombradamente, o compromisso de responsabilidade pessoal pela manuteno da ordem, o que fez com que fossem autorizados os trabalhos manicos.

15 Jos Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, conhecido como marechal Jos Pessoa, (Cabaceiras-PB, 12

de setembro de 1885 Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1959) foi um militar brasileiro. Filho de Cndido Clementino Cavalcanti de Albuquerque e de Maria Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, era sobrinho de Epitcio Pessoa, presidente da Repblica de 1919 a 1922, e irmo de Joo Pessoa, presidente da Paraba de 1928 a 1930. Assentou praa em 1903 no 2 Batalho de Infantaria em Recife, seguindo depois para a Escola Preparatria e de Ttica em Realengo (Rio de Janeiro). Transferiu-se em 1909 para a Escola de Guerra em Porto Alegre, de onde saiu aspirante-a-oficial. Esteve disposio do Ministrio da Justia, servindo na Brigada Policial do Distrito Federal. Foi ajudante-de-ordem e assistente do comando da diviso de operaes enviada a Mato Grosso para pacificar o estado em 1917 e, finalmente, serviu como ajudante-de-ordem e assistente do inspetor da 10 Regio Militar na Bahia. Participou da Revoluo de 1930. Aps um breve perodo como comandante do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, Jos Pessoa assumiu, ainda em 1930, o comando da Escola Militar do Realengo. Foi o grande idealizador da Academia Militar das Agulhas Negras, que s veio a ser fundada em 1944, bem como dos novos smbolos do Exrcito: uniformes histricos, braso, espadim de Caxias etc. Em 1933 foi promovido a general-de-brigada e enfrentou, em 1934, um movimento de rebeldia dos cadetes do estabelecimento que comandava. Inconformado com a soluo dada para o caso, demitiu-se do comando da escola, sendo nomeado em seguida inspetor e comandante do Distrito de Artilharia de Costa da 1 Regio Militar no Distrito Federal. Foi o fundador do Centro de Instruo de Artilharia de Costa. Somente em maro de 1938, quatro meses aps o advento do Estado Novo, recebeu outra comisso de comando. Inicialmente cogitado para um posto em Belo Horizonte, acabou nomeado comandante da 9 Regio Militar em Mato Grosso, promovendo intenso combate ao banditismo que ento grassava no estado. No incio de 1939, foi nomeado inspetor da arma de cavalaria, que tratou de modernizar, dotando-a de novos regulamentos. Adido militar em Londres de 1946 a 1947, retornou ao Brasil e, em abril de 1948, participou da fundao do Centro de Estudos e Defesa do Petrleo e da Economia Nacional (Cedpen). Em torno do rgo se articularam, de modo amplo, estudantes, jornalistas, militares, professores e homens pblicos, e em pouco tempo o centro se tornou o ncleo de uma campanha de mobilizao da opinio pblica em favor de uma soluo nacionalista para a questo do petrleo. A Campanha do Petrleo como ficou conhecida, desembocou no estabelecimento do monoplio estatal em 1953 e na conseqente criao da Petrobrs em 1954. Em 12 de setembro de 1949, foi transferido para a reserva no posto de general-de-exrcito. Promovido a marechal em janeiro de 1953. Foi convidado em 1954 pelo presidente Caf Filho para ocupar a presidncia da Comisso de Localizao da Nova Capital Federal, encarregada de examinar as condies gerais de instalao da cidade a ser construda. Em seguida, Caf Filho homologou a escolha do stio da nova capital e delimitou a rea do futuro Distrito Federal, determinando que a comisso encaminhasse o estudo de todos os problemas correlatos mudana. A comisso encerrou seus trabalhos em 1956. Braslia foi erigida no local escolhido pelo Marechal jos pessoa, que, tambm, idealizou o Lago Parano e a estruturao da cidade ao longo de dois eixos transversais. http://www.eltheatro.com/destaque16.htm

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General Jos Pessoa.

Eram maons , entre os principais participantes da Revoluo Constitucionalista , os seguintes homens16: Jlio de Mesquita Filho (chefe civil da revolta) , Altino Arantes ; Pedro de Toledo ; Menotti del Picchia ; Ibrahim Nobre ; Paulo Duarte ; Jos Adriano Marrey Jnior (Gro-Mestre do Grande Oriente de S. Paulo) ; Benedicto Pinheiro Machado Tolosa17 (Venervel Mestre da Loja Piratininga e, depois , Gro-Mestre do Grande Oriente de S. Paulo) ; Thyrso Martins, Waldemar Ferreira ; Alcntara Machado ; Mergulho Lobo ; Piragibe Nogueira ; Cincinato Braga ; Frederico Abranches , tenente Cndido Bravo .

16

http://www.lojasmaconicas.com.br/ jc_sinopses/sinopse/sip23.htm 17 Mdico, pesquisador e professor da USP

17

Benedicto Pinheiro Machado Tolosa.

Referncias bibliogrficas Amrica. A Maonaria Paulista na Revoluo de 1932. A Participao de Destaque da Loja Amrica. Extrato de Artigo de Jos Castellani http://www.america.org.br/documentos/ rev_const_1932.html. Acessado em 9/10/2008. Historianet. O Estado Novo http://www.historianet.com.br/conteudo/default. aspx?codigo=53. Acessado em 19/9/2008. Silva, G. B. No entre guerra, a situao dos integralistas na implantao do estado novo de Getlio Vargas. Proj. Histria, So Paulo, v. 30, p. 229-241, 2005.Loja Triumpho do Direito. O Estado Novo e o fechamento das Lojas Manicas. Obtido de escritos do Ir.: Jos Castellani . Do livro "Histria do Grande Oriente de So Paulo" Editora do GOB 1994. http://www.triumphodo direito.triunfo.nom.br/Tboestadonovo.htm. Acessado em 9/10/2008.

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A Maonaria Durante o Regime do General Francisco Franco na Espanha.

General Francisco Franco.

Na Espanha dos scalos XIX e XX a Maonaria teve momentos de grande poder at a Guerra Civil de 1936. Com a ditadura do general Francisco Franco, os Maons se convirteram no smbolo por excelencia dos enemigos da Patria e foram perseguidos sem tregua.

Prxedes Mateo Sagasta Escolar (1825 1903) foi um dos dez Chefes do Governo espanhol entre 1868 e 1936 que era Maom.

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Para entender a preseguio do General Francisco Franco Maonaria, preciso conhecer a histria da Guerra Civil Espanhola.

Guerra Civil Espanhola A chamada Guerra Civil Espanhola foi um conflito blico deflagrado aps um fracassado golpe de estado de um setor do exrcito contra o governo legal e democrtico da Segunda Repblica Espanhola18. A guerra civil teve incio em 17 de julho de 1936 e terminou em 1 de abril de 1939, com a vitria dos rebeldes e a instaurao de um regime ditatorial de carter fascista19, liderado pelo general Francisco Franco.

Francisco Franco.

Antecedentes historicos

A Segunda Repblica Espanhola foi proclamada a 14 de Abril de 1931 na sequncia da vitria republicana nas eleies municipais, tendo como primeiro presidente Niceto Alcal Zamora. Aps a demisso voluntria do general Miguel Primo de Rivera, Afonso XIII tentou devolver o debilitado regime monrquico ao caminho constitucional e parlamentar, apesar da debilidade dos partidos dinsticos. Para ele o governo da Coroa convocou uma ronda de eleies que deviam injectar legitimidade democrtica nas instituies monrquicas. O fascismo uma doutrina totalitria desenvolvida por Benito Mussolini na Itlia, a partir de 1919, durante seu governo (1922;1943 e 1943;1945). Fascismo deriva de fascio, nome de grupos polticos ou de militncia que surgiram na Itlia entre fins do sculo XIX e comeo do sculo XX; mas tambm de fasces, que nos tempos do Imprio Romano era um smbolo dos magistrados: um machado cujo cabo era rodeado de varas, simbolizando o poder do Estado e a unidade do povo. Os fascistas italianos tambm ficaram conhecidos pela expresso camisas negras, em virtude do uniforme que utilizavam.19

18

20 A derrubada temporria dos Bourbons absolutistas por Napoleo Bonaparte, em maro de 1808, a Guerra de Independncia contra a ocupao francesa, a abertura das Cortes de Cdiz, em 1810, e a proclamao da Constituio liberal de 1812 assinalam o desaparecimento do Antigo Regime espanhol, que, durante o reinado de Carlos III, chegou a ser considerado como um exemplo de Despotismo Esclarecido. Durante todo o sculo XIX e o incio do sculo XX, no entanto, a Espanha no conseguiu completar, poltica e socialmente, a sua revoluo burguesa de forma a produzir uma institucionalidade liberal-democrtica estvel.

Carlos III.

O sculo XIX espanhol foi um perodo especialmente conflitivo, com lutas entre liberais e absolutistas, entre membros rivais da Casa de Bourbon20 (isabelinos e carlistas), e mais tarde entre monarquistas e republicanos, sobre o pano de fundo da perda das colnias americanas e filipinas. A economia espanhola teve um crescimento rpido desde o final do sculo XIX at ao incio do sculo XX. Em especial, as indstrias mineiras e metalrgicas lucraram e expandiram-se enormemente durante a Primeira Guerra Mundial, fornecendo insumos a ambos os lados.

20

A Casa de Bourbon ou Burbom (Borbn em castelhano e Borbone em italiano) uma importante casa real europia. Durante o sculo XVI, os reis Bourbon governaram Navarra e Frana.

21 Entretanto, os resultados desse crescimento no se refletiram em mudanas nas condies sociais. A agricultura, sobretudo na Andaluzia, continuou em mos de latifundirios, que deixavam grandes extenses de terra sem cultivar. Somava-se a isto a forte presena da Igreja Catlica, que se opunha s reformas sociais e se alinhava aos interesses da elite agrria. Finalmente, a monarquia espanhola apoiava-se no poder militar para manter o seu regime. O fim da monarquia e o advento da repblica, em 1931, em nada mudou esta configurao poltica bsica, com a agravante de que Igreja e Exrcito se mantiveram monrquicos e as tentativas de golpe tornaram-se constantes. Com o crescimento da economia, cresceu tambm o movimento operrio. Aps a fundao da primeira sociedade operria em Barcelona (1840), o movimento cresceu e se espalhou pelo pas. Desde o incio, e principalmente na Catalunha, a principal regio industrial de Espanha, o anarquismo tornou-se a tendncia poltica mais difundida entre os operrios. A principal confederao sindical, a CNT (Confederacin Nacional del Trabajo21), sob influncia anarcossindicalista, recusava-se a participar na poltica partidria. O choque entre classes freqente e violento. Desde o fim do sculo XIX at o incio do sculo XX, grupos de extermnio, como o Sindicato Libre, procuram suprimir os sindicatos atravs do assassinato dos seus principais militantes. Do outro lado, grupos de militantes sindicalistas, como o famoso Nosotros, tambm assassina religiosos e industriais suspeitos de apoiar o Sindicato Libre. Insurreies armadas, tanto de direita como de esquerda, ocorrem com regularidade. O fim da monarquia, a eleio da Frente Popular e o golpe Com a renncia do ditador Primo de Rivera22 aps uma onda de escndalos de corrupo, o rei Alfonso XIII procurou restaurar o regime parlamentar e constitucional. Foram convocadas eleies municipais em Abril de 1931 e, emboraA Confederao Nacional do Trabalho (CNT) (em espanhol Confederacin Nacional del Trabajo) uma unio confederal de sindicatos autnomos de ideologia anarcossindicalista da Espanha. 22 Miguel Primo de Rivera y Orbaneja, Marqus de Estella e de Ajdir (Jerez de la Frontera, 8 de Janeiro de 1870 Paris, 16 de Maro de 1930) foi um militar e ditador espanhol, fundador da organizao fascista Unin Patritica, inspiradora da Unio Nacional portuguesa. Miguel Primo de Rivera y Orbaneja nasceu em Jerez de la Frontera, provncia de Cdis, pertencendo a uma famlia de militares ilustres, na qual se destacava seu tio, Fernando Primo de Rivera (1831-1921), marqus de Estella, heri da terceira guerra carlista, governador das Filipinas e vrias vezes Ministro da Guerra. Seguindo a tradio familiar, Miguel ingressou no exrcito aos 14 anos, tendo desenvolvido a maior parte da sua carreira em servio nas colnias: Marrocos, Cuba e Filipinas, aonde acompanhou o seu tio. Nestes destacamentos, por mrito em combate, teve a oportunidade de ascender rapidamente na hierarquia militar pelo que em 1912 j era general. Depois de uma intensa carreira poltica, desautorizado pelos altos comandos militares e pelo rei Afonso XIII, em 1930, Primo de Rivera demitiu-se e auto-exilou-se em Paris, onde morreu dois meses mais tarde, amargurado e desiludido com aquilo que entendia ser a ingratido dos seus compatriotas. O seu filho mais velho, Jos Antnio Primo de Rivera, sucedeu-o na actividade poltica, alegadamente para reabilitar a memria paterna, sendo uma das figuras gradas da implantao do franquismo e o mtico fundador da Falange espanhola.21

22 os monarquistas tivessem sido vitoriosos, os republicanos conquistaram a maioria nas grandes cidades. Prevendo uma guerra civil, o rei Alfonso XIII prefere abdicar e proclamada a Segunda Repblica.

Rei Alfonso XIII.

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Miguel Primo de Rivera y Orbaneja.

Novas eleies so convocadas para compor uma assemblia constituinte em Junho, que institui a separao entre Igreja e Estado. Por este motivo, Alcal Zamora, chefe do governo provisrio, abdica.

Niceto Alcal-Zamora.

Novas eleies acontecem em Dezembro de 1931, nas quais a esquerda sai vitoriosa. Alcal Zamora eleito presidente da Repblica e encarrega Manuel Azaa de organizar um governo. O governo da Repblica no consegue avanar na resoluo da questo das autonomias regionais, nem no encaminhamento da questes agrria e trabalhista. Na questo religiosa, a governo Azaa cedeu moderadamente ao esprito anticlerical que predominava no parlamento, atravs da dissoluo da Companhia de Jesus23 na Espanha, ficando preservadas as demais ordens religiosas, que no entanto foram proibidas de dedicar-se ao ensino. Comprimido entre a direita e a Igreja - que viam a laicizao do Estado e da educao de maneira muito negativa - e a esquerda e os anarquistas - os quais consideravam as mesmas reformas insignificantes - o governo Azaa incapaz de agradar a populao. Como economia predominantemente agrrio exportadora, a Espanha havia sido pouco atingida pela Crise de 1929: o desemprego era pequeno e o salrio mdio por dia trabalhado havia aumentado significativamente nos primeiros anos da Segunda Repblica. Este aquecimento da economia aguava as tenses sociaisA Companhia de Jesus (em latim: Societas Iesu, S. J.), cujos membros so conhecidos como jesutas, uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo basco igo Lpez de Loyola, conhecido posteriormente como Incio de Loyola. hoje conhecida principalmente por seu trabalho missionrio e educacional.23

24 j existentes, e com elas a aguda diviso poltico-ideolgica da sociedade, que j vinha do sculo anterior. Em maio de 1931, os anarquistas incendiaram a Igreja dos Jesutas na Calle de la Flor, no centro de Madrid. Em agosto de 1932, o general monarquista Sanjurjo tenta dar um golpe, mas fracassa. Condenado morte, depois indultado, continuando a conspirar na priso.

General Sanjurjo.

Em 1933, a recusa dos anarquistas em dar apoio aos partidos de esquerda e sua propaganda pela "greve do voto" permitem a vitria eleitoral da direita, representada pela Confederao das Direitas Autnomas (CEDA) de Jos Maria Gil Robles. Segue-se uma insurreio da esquerda, que foi mal sucedida em toda a Espanha, menos nas Astrias, onde os operrios dominaram Gijn por 13 dias. Este evento ficou conhecido como Comuna das Astrias. Com milhares de militantes feitos prisioneiros, os anarquistas decidem apoiar a esquerda nas eleies de 1936. Espera-se que o novo governo lhes conceda anistia. A esquerda vence em 16 de Fevereiro, com 4.645.116 votos, contra 4.503.524 da direita e 500 mil votos do centro, mas as particularidades do sistema eleitoral - que favorecia as maiorias - do esquerda a maioria das cadeiras no parlamento. Alcal Zamora encarrega Azaa de formar um governo. Em maio de 1936, Alcal Zamora destitudo e Azaa assume a Presidncia da Repblica, tendo como seu primeiro-ministro o socialista Largo Caballero. A direita ento lana-se a preparar um golpe militar que se concretiza em 18 de Julho. O desenrolar das operaes: do golpe vitria franquista Se os militares rebeldes esperavam resolver a questo com um pronunciamiento rpido e sem muito derramamento de sangue, maneira do sculo XIX, foram surpreendidos pelo nvel de mobilizao ideolgica da sociedade espanhola da

25 poca: de modo geral, exceto em casos isolados, os militares triunfaram nas regies onde a direita havia sido mais votada em fevereiro de 1936, enquanto a esquerda - principalmente pela ao das milcias armadas socialistas, comunistas e anarquistas - vence nas regies onde havia sido mais votada a Frente Popular: em Madrid e Barcelona, a insurreio foi esmagada quase que imediatamente. Em 21 de julho, os rebeldes controlavam o Marrocos Espanhol, as Canrias (exceto a ilha de La Palma), as Baleares (exceto Minorca) e o oeste da Espanha continental. As Astrias, a Cantbria, o Pas Basco e a Catalunha, assim como a regio de Madri e Murcia, estavam nas mos dos republicanos. Mas os rebeldes conseguem apoderar-se das cidades mais importantes da Andaluzia: Sevilha tomada pelo General Queipo de Llano24, que se tornaria tristemente clebre pelas suas atrocidades - Cdiz, Granada e Crdoba.

Muralhas de la Macarena.

Muralhas de la Macarena, em Sevilha, onde foram assasinados os condenados pelo aparato jurdico militar do General Queipo. No peloto de fuzilamiento, era regulamentar a presena de um sacerdote e um mdico, que certificava a morte. Finalmente o peloto desfilava na frente dos cadveres. As posies rebeldes no Sul da Espanha estando separadas de suas posies mais ao Norte, realiza-se a Campanha da Extremadura, quando o bombardeio de avies alemes e italianos contra a marinha republicana no Estreito de Gibraltar, o que permite a passagem de tropas rebeldes do Marrocos para a Espanha.

O bombardeio de avies alemes.24

Gonzalo Queipo de Llano y Sierra (Tordesillas, 5 de febrero de 1875 - Sevilla, 9 de marzo de 1951), foi um militar espanhol, uno de los cuatro cabecillas principais do golpe militar contra a II Repblica Espanhola, cujo fracaso parcial originou a Guerra Civil espaola.

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Um avano rpido de Sevilha a Toledo, realizado sob o comando do TenenteCoronel Yage, que aplicava as tcnicas alems de Blitzkrieg25, com avanos rpidos de tropas de infantaria apoiadas por artilharia e aviao (acompanhada pela eliminao sistemtica de pessoas suspeitas na retaguarda) , possibilitou aos rebeldes nacionalistas tomarem Badajoz, em agosto de 1936, o que lhes permite organizar um frente coerente contra o campo republicano - estratgia esta, mais rotineira, adotada por Franco, que preferiu apoiar-se primeiro sobre a fronteira do Portugal de Salazar a tentar um avano direto at Madrid, a partir do Sul.[2] A morosidade dos rebeldes e a ao das milcias populares na defesa republicana fizeram com que o conflito assumisse, assim, um carter ideolgico e potencialmente revolucionrio. Uma vez tendo feito juno as foras rebeldes em Badajoz, inicia-se o avano sobre Madrid, buscando-se encerrar a campanha o mais rpido possvel. Em 28 de setembro, as foras rebeldes rompem o cerco republicano ao Alcazar de Toledo, defendido por Jos Moscard desde 22 de julho - uma conquista sem muito significado estratgico mas que foi logo revestida de caractersticas lendrias (o filho de Moscard teria sido fuzilado aps haver pedido ao pai, ao telefone, que se rendesse26) e serviu de mito fundador do regime franquista. Em 8 de novembro comea a Batalha de Madrid, mas o lento movimento das foras rebeldes, que haviam levado trs meses deslocando-se a partir de Sevilha, permite ao governo republicano estabilizar o frente em 23 do mesmo ms. No Norte, os rebeldes tomam Irn em 5 de setembro e San Sebastin no dia 13, isolando o Norte republicano. Em incios de 1937, os rebeldes tentam novamente tomar Madri: uma ofensiva a partir de Jarama, de 6 a 24 de fevereiro, apoiada pelo avano de tropas de voluntrios italianos fascistas na direo de Guadalajara, de 8 a 18 de maro. A

O Blitzkrieg (termo alemo para guerra-relmpago) foi uma doutrina militar a nvel operacional que consistia em utilizar foras mveis em ataques rpidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as foras inimigas tivessem tempo de organizar a defesa. Seus trs elementos essenciais eram a o efeito surpresa, a rapidez da manobra e a brutalidade do ataque, e seus objetivos principais a desmoralizao do inimigo e a desorganizao de suas foras (paralisando seus centros de controle). O arquitecto desta estratgia militar foi o general Erich von Manstein O coronel Jos Moscard, comandante da Academia Militar sediada no alccer de Toledo, aderira rebelio militar. Mas a cidade estava nas mos de milcias socialistas, fiis ao governo de Madrid. O alccer foi cercado e o coronel chamado ao telefone. Do outro lado da linha, o chefe das milcias intimou-o a render-se dentro de dez minutos porque, se o no fizesse, lhe fuzilaria o filho. O filho do coronel, Lus, de 24 anos, foi ento posto ao telefone. Falou ao pai e confirmou que o matariam se este no rendesse o alccer. Moscard respondeu-lhe que encomendasse a alma a Deus e morresse como um patriota com um viva a Cristo-rei e a Espanha.26

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27 resistncia das Brigadas Internacionais republicanas27 frusta os planos das foras italianas e, mais uma vez, converte o que se pretendia como golpe de estado numa guerra civil de longa durao, em que o acirramento das paixes polticas internas era potencializado pela presena de contingentes militares estrangeiros, ideologicamente opostos, numa verdadeira guerra civil europia, em que voluntrios italianos fascistas e alemes nazistas, por exemplo, enfrentavam voluntrios esquerdistas das mesmas nacionalidades. A substituio do governo republicano de Largo Caballero pelo de Juan Negrn que buscou apoiar-se, internamente, no Partido Comunista, e, externamente, na aliana com a Unio Sovitica - deu conta do acirramento ideolgico do conflito, mesmo no interior do campo republicano, levando aos incidentes de maio em Barcelona, de enfrentamento armado entre foras do governo e comunistas contra diversas milcias de Extrema Esquerda - anarquistas, trotskistas e semi-trotskistas -seguidos por uma cruel represso policial mesma Extrema Esquerda, sob o comando dos comunistas. Neste interm, o governo Negrn tenta substituir as milcias, tanto quanto possvel, por um exrcito republicano regular, e lana, em agosto, na frente de Arago, uma ofensiva em Belchite, tentando aliviar a presso sobre a frente Norte. A ofensiva fracassa; o lado republicano tinha menos armas modernas (blindados e avies) do que o nacionalista, e, ao invs de combinar aes defensivas com a infiltrao de guerrilheiros na retaguarda franquista (para o que teria que contar com as milcias anarquistas) preferia tentar vitrias convencionais com ganho propagandstico para os comunistas que comandavam as unidades de elite do exrcito regular. Estas ofensivas, que no tinham um alvo estratgico claro, soldaram-se sempre com enormes perdas de homens e equipamento, solapando ainda a moral das Brigadas Internacionais. Acrescente-se a isso que as dissenses internas e insanveis no campo republicano, sobre se convinha primeiro ganhar a guerra militarmente, ou se a guerra deveria ser combinada com uma revoluo socialista, fizeram com que este governo jamais conseguisse a autoridade indisputada que precisaria para vencer militarmente, ao mesmo tempo que no possua uma ideologia coerente que garantisse sua sustentao poltica: no vero de 1937, soma-se ofensiva fracassada em Belchite o avano dos rebeldes no Norte, onde rompido o assim chamado "Cinturo de Ferro" republicano: Bilbao, Santander e finalmente Gijn, em 20 de outubro, so ocupadas pelos franquistas e a Frente Norte desaparece,

Brigadas Internacionais, conjunto de unidades militares compostas por voluntrios estrangeiros que durante a Guerra Civil Espanhola lutaram do lado da Repblica. Combateram em Espanha mais de 40 mil Brigadistas, o maior contigente veio da Frana e da Alemanha, mas vieram voluntrios de todas as partes do mundo, entre os quais portugueses e brasileiros. As Brigadas perderam cerca de 10.000 voluntrios em combate. Em 26 de Janeiro de 1996 as Cortes concederam a todos os brigadistas ainda vivos a cidadania espanhola, cumprindo uma promessa feita pela Repblica mais de 60 anos antes.

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28 com os prisioneiros republicanos sendo internados no campo de Miranda de Ebro. A Repblica perde, assim, o apoio do nacionalismo basco, assim como uma das suas bases industriais mais importantes. No Sul, depois da tomada de Mlaga pelos franquistas em 8 de fevereiro, a frente havia estabilizado-se na provncia de Almera. Situao do frente em outubro de 1937 Em fins de 1937, os republicanos tomam a iniciativa e fazem uma ofensiva na direo de Teruel, que tomada em 8 de janeiro de 1938, apenas para ser recuperada pelos franquistas em 20 de fevereiro. A contra-ofensiva franquista toma Vinaroz em 15 de abril, atingindo o Mar Mediterrneo, e a zona republicana remanescente dividida em duas partes, isolando a Catalunha. Os republicanos contra-atacam em 24 de julho na Batalha do Ebro, e acabaram por retirar-se em 16 de novembro aps uma longa batalha de atrito, que permite aos franquistas o caminho para a tomada da Catalunha. Em 23 de setembro o governo republicano ordena a retirada total das Brigadas Internacionais, numa tentativa (fracassada) de modificar a posio de no interveno mantida pelos governo francs e ingls pela retirada de uma fora militar sob forte influncia comunista. Em 23 de dezembro inicia-se a batalha por Barcelona, que cai nas mos dos franquistas em 26 de janeiro de 1939. As tropas rebeldes ocupam a fronteira com a Frana e cortam a retirada dos republicanos.

Em maro de 1939, comea uma pequena guerra civil dentro do campo republicano, quando o Coronel Casado, comandante do Exrcito do Centro, d um golpe de estado em Madri, apoiado pelos oficiais de carreira (que acreditavam que "entre militares nos entenderemos melhor"), golpe este que tinha como objetivo a ruptura com os comunistas para facilitar negociaes com os franquistas, enquanto o governo Negrn, partidrio da continuao da resistncia - e esperando que o estalar iminente da Segunda Guerra Mundial trouxesse novos apoios aos republicanos - refugia-se na chamada Posio Yuste. Os franquistas, no entanto, exigem dos casadistas a rendio incondicional, e Madri cai em 26 de maro. Com a queda de Valencia e Alicante em 30 de maro, e de Murcia em 31, a guerra termina em 1o. de abril. A questo religiosa na Guerra Civil O liberalismo, na Espanha, tinha, desde os incios do sculo XIX, sido violentamente anticlerical; entre os anarquistas, muito influentes na Esquerda, o anticlericalismo havia sido sempre particularmente agressivo, ao contrrio dos socialistas marxistas. Na medida em que a Guerra Civil foi a concluso dos enfrentamentos poltico-ideolgicos do sculo XIX espanhol, a identificao da Igreja com a Direita determinou o anticlericalismo da Esquerda na sua generalidade: J em 14 de outubro de 1931, no jornal El Sol, o ento primeiro-

29 ministro Azaa equiparara a proclamao da Repblica com o fim da Espanha catlica, e durante a Guerra Civil, como Presidente da Repblica, teria dito num de seus discursos, que preferia ver todas as igrejas de Espanha incendiadas a ver uma s cabea republicana ferida, e o radical catalo Alejandro Leroux teria conclamado a juventude a destruir igrejas, rasgar os vus das novias e "elev-las condio de mes". A perseguio anticatlica durante a Guerra Civil apenas continuou um padro j existente: nos s quatro meses que precederam a guerra civil j 160 igrejas teriam sido incendiadas. Durante a Guerra, pela represso republicana, segundo o historiador Hugh Thomas, foram mortos 6861 religiosos catlicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363 monges); uma obra mais recente, de Anthony Beevor, d nmeros muito semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283 freiras, 2.365 monges).

Sacerdotes espanhis armados.

De acordo com o artigo espanhol, foram destrudas por volta de 20.000 igrejas, com perdas culturais incalculveis pela destruio concomitante de retbulos, imagens e arquivos. Diante disto, pouco surpreendente verificar que a Igreja Catlica, tenha chegado, na sua generalidade a propagandear a revolta contra o governo e chegado a compar-la, numa declarao coletiva de todo o episcopado (1 de julho de 1937) com uma cruzada moderna; note-se, no entanto, que os mesmos bispos espanhis, numa carta de 11 de julho do mesmo ano de 1937, mostraram-se ciosos em desmentir opinio catlica liberal, que via na intransigncia conservadora do clero espanhol a razo das perseguies por ele sofridas, argumentando que a Constituio republicana de 1931 e todas as leis subseqentes haviam dirigido a histria da Espanha num rumo contrrio sua identidade nacional, fundada no Catolicismo[1]- ou, nas palavras do Cardeal Segura y Senz: "na Espanha ou se catlico ou no se nada".

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Cardeal Segura y Senz.

Cardeal Segura y Senz, preso. O Cardeal est saindo do palcio, preso. Srio, sem falar com ningum nem comentar nada. Est preso, e o prisioneiro no deve se comunicar com o carcereiro.

Muito embora houvessem sido realizados esforos de propaganda pelos republicanos no exterior em favor da liberdade religiosa (o Ministro da Justia do governo Negrn, Manuel Irujo, autorizou o culto catlico, que, no entanto, na prtica realizou-se de forma semi-clandestina) de forma a no alienar a opinio pblica catlica internacional e os prprios grupos catlicos no campo republicano (muito notadamente o principal partido basco, o PNV) o campo republicano era em

31 geral anticlerical e apoiava a represso Igreja. Por outro lado, o escritor e filsofo catlico francs Jacques Maritain protestou violentamente contra as represses franquistas contra o clero basco, e teria dito que "a Guerra Santa, mais do que ao infiel, odeia ardentemente os crentes que no a servem". Dois contingentes militares De um lado lutavam a Frente Popular, composta pela esquerda (e extrema esquerda como o comunismo, anarquismo mas tambm o governo eleito liberaldemocrtico) e os nacionalistas da Galiza, do Pas Basco e da Catalunha, que defendiam a legitimidade do regime instalado recentemente no Estado, (a Repblica proclamada em 1931 e os respectivos estatutos de autonomia). Do outro lado os nacionalistas (compostos por monrquicos, falangistas, e militares de extrema direita, etc. O seu referente poltico (sobretudo para a Falange) era o general Jos Sanjurjo, chave da intentona militar de 1932, mas que morreu num acidente areo ao se transladar de Portugal para a zona ocupada pelos nacionalistas. S durante o decorrer da guerra, os nacionalistas, chefiados pelo militar Francisco Franco iro aceitar progressivamente a sua indiscutvel liderana. Franquismo A sublevao fascista tentava impedir a qualquer preo que as instituies republicanas assentassem de maneira estvel e permanente o regime democrtico, impedindo o trabalho de um governo real de esquerda que estava para realizar profundas reformas econmicas, jurdicas e polticas no conjunto do Estado. Sob o suposto af de lutar contra o perigo do aumento do comunismo e do anarquismo em certos lugares do Estado, ocultava-se realmente o levantamento contra o regime institucional e democrtico estabelecido, na tentativa de impedir a continuao e assentamento da democracia e daquilo que os fascistas consideravam intolerveis experincias de colectivismo. Mas outra das claras intencionalidades do chamado "Movimiento Nacional", alm de lutar contra o "perigo vermelho", foi lutar contra o que consideravam o "perigo separatista" tentando impedir a todo preo a instituio dos governos autnomos nas naes chamadas histricas. Aliados Igreja Catlica, Exrcito e latifundirios, buscavam implementar um regime de tipo fascista na Espanha,o que consideravam mais condizente com a "originalidade espanhola (suas tradies polticas de raiz catlica e autoritria).No entanto, o franquismo no foi fascista, se por tal entender-se um regime fundado numa base poltica de massa, na mobilizao mais ou menos permanente dos seus partidrios e no papel importante atribudo a certos grupos sociais emergentes: mesmo antes da queda dos regimes efetivamente fascistas, o regime acabou muito cedo por configurar-se como uma ditadura pessoal apoiada nos grupos dominantes tradicionais, muito semelhante nisto ao Portugal salazarista.

32 Os apoios internacionais

As tropas do chamado "Movimiento Nacional" foram reforadas, desde o incio da guerra pela pela ajuda militar directa da Alemanha de Hitler, expressa no bombardeamento a Guernica e Madrid, e da Itlia de Mussolini, que enviou um Corpo de Tropas Voluntrias ao fronte nacionalista, assim como engajou avies e submarinos no esforo de guerra franquista. O Portugal de Salazar enviou tropas voluntrias (a Legio Viriato) e permitiu o abastecimento das tropas rebeldes atravs de seu territrio; a Irlanda catlica enviou uma brigada comandada pelo General Eoin O'Duffy, um veterano histrico do IRA que na Irlanda presidia os Camisas Azuis, algo entre uma associao de ex-militares e um partido fascista.

General Eoin O'Duffy.

O Vaticano apoiou igualmente Franco, pois a Igreja condenava o comunismo - e tambm porque a poltica anticlerical do governo da Repblica no lhe oferecia outra alternativa.

Franco e a Igreja catlica.

33 O papa Pio XI, no entanto, que no tinha simpatias pelo fascismo, e que em 1937 publicaria a encclica em alemo Mit brennender Sorge ("Com profunda preocupao"), condenando a ideologia nazista, no chegou jamais a oferecer um apoio incondicional ao campo franquista.

Papa Pio XI.

No Pas Basco- que ficou isolado do restante da zona republicana desde o incio da guerra - grande parte do clero catlico colocou-se ao lado do nacionalismo basco e pela Repblica, escapando assim sorte dos seus anlogos no restante do territrio republicano, onde as igrejas foram saqueadas e os padres perseguidos como agentes do fascismo. Pelo menos uma figura do alto clero espanhol, o cardeal-arcebispo de Tarragona Vidal y Barraquer - que havia sido exilado na Itlia pela Generalitat republicana catal - tentou realizar esforos por uma paz negociada, o que lhe valeu o desprazer constante do governo franquista, que impediu o seu retorno a Espanha at sua morte em 1943, na Sua.

Francisco de Ass Vidal y Barraquer, cardeal-arcebispo de Tarragona Vidal y Barraquer.

34 De certo modo, a diviso no interior do catolicismo mundial encontra-se bem descrita num artigo, muito posterior, do escritor e catlico integrista brasileiro Gustavo Coro que relata como um grupo de padres bascos, buscando entrevistar-se com Pio XI para conseguirem um protesto seu contra as perseguies franquistas ao clero basco, teria sido impedido de conferenciar com o pontfice pelo seu Secretrio de Estado, o cardeal Pacelli [2]- que, mais tarde, como papa Pio XII, seria objeto de fortes controvrsias quanto a sua postura em relao ao fascismo. O mesmo Pio XII, tendo sido elevado ao papado durante o trmino da Guerra Civil, saudou o fim da guerra com a vitria nacionalista no documento Com imenso gozo e em discurso radiofnico de 18 de abril de 1939. Em 11 de maio de 2001, o papa Joo Paulo II procederia beatificao de 233 vtimas religiosas da represso republicana. Uma nova beatificao de outras 498 vtimas seria proclamada por Bento XVI em 28 de outubro de 2007.Esta ltima beatificao, que no foi celebrada pelo prprio papa, no sendo includa, entre suas celebraes litrgicas, foi no entanto, a maior beatificao da histria da Igreja Catlica. O papa declarou, na ocasio, a importncia do martrio como testemunho de f numa sociedade secularizada.

Padres Salesianos assassinados pelo regime de Francisco Franco.

Continuam sem soluo os protestos dos parentes das vtimas das represses nacionalistas ao clero basco contra o que consideram falta de reconhecimento da hierarquia catlica [5]

35 As tropas republicanas receberam ajuda internacional, proveniente da URSS (alguns assistentes militares e material blico) e das Brigadas Internacionais composta de militantes de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo e de numerosas pessoas que a ttulo individual entravam na Espanha a defender o governo da Repblica. Vrios intelectuais europeus e americanos participaram deste esforo, nomeadamente o romancista americano Ernest Hemingway, o escritor ingls George Orwell, o poeta tambm ingls W. H. Auden, os escritores franceses Andr Malraux e Saint-Exupry e a matemtica, catlica e activista poltica, tambm francesa, Simone Weil. Dos brasileiros que lutaram nas Brigadas - principalmente militares comunistas de prvia militncia na Aliana Nacional Libertadora - celebrizar-se-ia, sobretudo, Apolnio de Carvalho28, cuja atuao nas Brigadas seria seguida, aps seu internamento na Frana, pela sua participao herica na Resistncia Francesa.

Apolnio de Carvalho, Corumbaense, heri na Guerra Civil Espanhola.

Os governos da Inglaterra e da Frana, optaram por ficar de fora, impondo um embargo geral exportao de armas Espanha. Oficialmente, este embargo foi furado pela Alemanha e pela Itlia, e no levou a qualquer consequncia, na ausncia de sanes impostas pela Liga das Naes. Para os anarquistas e outros crticos de Extrema Esquerda, boa parte da culpa da derrota do campo republicano espanhol pode ser creditada poltica de Josef Stalin, que, desejoso da vitria da Repblica, mas temendo que esta vitriaApolnio de Carvalho foi uma figura mpar no cenrio da vida poltica brasileira. Poucos como ele viveram com tanta intensidade a paixo libertria que o impeliu, desde os seus anos de cadete da Escola Militar de Realengo, a engajar-se na luta pelos ideais socialistas e contra os regimes de opresso, com uma coerncia que se manifestou em todos os episdios vividos: da militncia no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e na ANL (Aliana Nacional Libertadora) participao na Guerra Civil Espanhola e na Resistncia Francesa contra o fascismo; da luta clandestina contra a ditadura militar no Brasil, como membro do PCBR, militncia no PT, desde o momento da fundao do partido at sua morte.28

36 levasse a uma revoluo socialista na Espanha que criasse complicaes diplomticas Unio Sovitica -pois um "Outubro Espanhol" criaria uma diviso ideolgica na Europa Ocidental que atuaria contra a poltica de uma Frente Popular antifascista que era o grande objetivo de Stalin poca - foi capaz apenas de realizar uma ajuda militar tmida, pelo envio de alguns militares, avies e armas (por estas exportaes de armas, Stlin fz-se pagar com a reserva de ouro do Banco Central Espanhol). Segundo este ponto de vista, instalou na Espanha uma srie de agentes da sua polcia secreta, o GPU, que desencadeou uma poltica de represses indiscriminadas contra militantes de Extrema Esquerda, anarquistas e trotskistas, visando conter a Guerra Civil dentro de um marco democrtico-liberal. O ponto alto destas represses foi a priso e morte sob tortura de Andreu Nin, dirigente catalo do semi-trotskista POUM - Partido Operrio de Unificao Marxista. Para cmulo, Stlin ainda encarcerou e matou como traidores os executantes desta poltica (tais como o velho bolchevique Antonov-Ovssenko, que havia comandado em 1917 a tomada do Palcio de Inverno do tsar em So Petersburgo) quando do seu retorno URSS, de modo a impedir o questionamento de sua poltica espanhola. E Isaac Deutscher sumariza: ao tentar preservar a respeitabilidade burguesa da Espanha republicana, sem querer antagonizar as democracias liberais europias, Stalin no preservou nada e antagonizou a todos: a causa da revoluo socialista foi perdida, sem que a Direita europia, por um momento sequer, deixasse de ver em Stalin o agitador revolucionrio. Teve fim a guerra com a consequncia da morte de mais de 400 mil espanhis e uma queda enorme na economia, como a morte de mais da metade do gado,a queima de vrios campos e milhes de moradias destruidas. Um abalo financeiro e queda do PIB que demorou quase 30 anos para se normalizar. Outras fontes ressaltam a dificuldade em quantificar o nmero de mortos por causa da guerra originada pelo chamado "Movimiento Nacional", mas colocam o dado para todo o perodo do franquismo de mais de 2 milhes de pessoas mortas sob o regime fascista. Nas reas controladas pelos anarquistas, Arago e Catalunha, somando-se s suas vitrias militares temporrias, existiu uma grande mudana social na qual os trabalhadores e camponeses se apoderaram da terra e da indstria, estabeleceram conselhos operrios paralelos ao governo, que estava paralisado, e autogestionaram a economia. Esta revoluo ocorreu revelia dos republicanos e comunistas apoiados pela Unio Sovitica. A coletivizao agrria obteve um xito considervel, apesar da carncia de recursos, j que as terras com melhores condies para o cultivo estavam em poder dos "Nacionais". Esse xito sobreviveu na mente dos revolucionrios libertrios como uma prova de que uma sociedade anarquista pode florescer sob certas condies como as que haviam durante a Guerra Civil Espanhola. Mais tarde durante o conflito, o governo e os comunistas receberam armas soviticas, com as quais restauraram o controle do governo e se esforaram por ganhar a guerra atravs da diplomacia e do poder blico. Os anarquistas e os

37 membros do POUM foram integrados ao exrcito regular, ainda que a contragosto, e o POUM foi declarado ilegal, aps ser falsamente denunciado como instrumento dos fascistas. Num dos episdios mais dramticos da Guerra, centenas de milhares de soldados comunistas e militantes anarquistas, ambos antifascistas, enfrentaram-se uns aos outros pelo controle dos pontos estratgicos de Barcelona, nas chamadas "Jornadas de Maio de 1937". Por trs desse conflito estava a divergncia bsica entre PCE de um lado e POUM e CNT de outro: estes acreditavam que a guerra devia servir para conduzir vitria na revoluo que tinham iniciado; j o PCE acreditava que a revoluo lhes minava os esforos diplomticos para ganhar o apoio das potncias ocidentais contra o fascismo, assim como seu esforo de controle sobre a economia e a sociedade de maneira geral. Na Galiza, zona que ficara na "retaguarda fascista" (militarmente ocupadas logo no incio), a luta republicana encontrou a forma de guerrilhas organizadas que levaram a luta at depois de 1940. A resposta atravs do mtodo das guerrilhas manteve-se na Galiza at 1956 com muita fora, iniciando-se um perodo de decadncia a partir desta data, devida em parte ao abandono dessa estratgia por parte do PCE, at ocorrerem os ltimos assaltos e combates em 1967, com a morte do ltimo guerrilheiro e o exlio doutros. Segundo dados fornecidos por diferentes historiadores foram presas ou mortas cerca de 10.000 pessoas relacionadas com a guerrilha galega durante esses anos. O Franquismo instaurou na Galiza/Galicia o mtodo dos "passeios" (ir procurar pessoas a sua casa para "passe-los", isto fuzil-los noite e deix-los nas valetas). Atravs deste mtodo do "passeio", dos conselhos de guerra realizados contra civis, dos fuzilamentos macios dos prisioneiros e dos confrontos armados com a guerrilha morreram 197.000 pessoas galegas (fonte "La Guerra Civil en Galicia" edic. La Voz) durante o regime franquista, das quais a grande maioria continua em valas comuns.

Restos mortais de um fuzilado na Galicia.

38 Quanto ao exlio, cerca de 200 mil galegos fugiram exilados para outros pases nesse perodo. Por outro lado, os campos de concentrao mais conhecidos na Galiza so os de Lubin, Lavacolla (Santiago de Compostela) e o crcere de extermnio da Ilha de So Simo (comarca de Vigo), assim como os respectivos crceres de cada cidade.

Memorial s vitimas do crcere de extermnio da Ilha de So Simo.

Existem ainda em cada cidade ou vila lugares ainda no reconhecidos de fuzilamento macio e continuado de pessoas que foram consideradas "perigosas" para o regime fascista.

O General Francisco Franco (centro) recebe o seu aliado Adolfo Hitler em Hendaya.

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Lei para a Represso Maonara e o Comunismo.

Em 1 de maro de 1940, a Espanha franquista, ditou a Lei para a Represso Maonaria e o Comunismo. Em seu artigo n 12 estabelece a criao e composi o do Tribunal Especial para a Represso da Maonaria e o Comunismo. As penas iam desde o seqestro de bens at a recluso. Os Maons, aparte das sanes econmicas, ficavam automaticamente afastados de qualquer emprego ou cargo de caracter pblico. Se estabeleceram penas de vinte a trinta anos de priso para os com graus Manicos superiores e de doze a vinte para os cooperadores. Os arquivos do Tribunal Especial para a Represo da Maonaria e o Comunismo atualmente faz parte do Arquivo Geral da Guerra Civil Espanhola, situado em Salamanca (Espanha). Sua informao publicamente acessvel a qualquer que desejar. Nestes arquivos se pode consultar as condenaes por delito da Maonaria. Lei de Represso da Maonaria e do Comunismo O artigo 12 da Lei de represso da Maonaria e o Comunismo, de 1 de maro de 1940 (B.O.E. n 62, de 2 de marzo), estabelece sua criao e composio: um presidente, um general do Exercito, um membro da Falange e dois letrados, todos eles nomeados pelo Chefe do Estado. Seu primeiro presidente foi Marcelino de Ulibarri (Decreto de 4 de junho de 1940), pondo desta forma em ntima conexo o tribunal com o organismo que haveria de facilitar-le a informacin para julgar as pessoas: Delegao do Estado para a Recuperao de Documentos. Esta ligao ficou de manifiesto com a criao em Salamanca de uma oficina provisional do tribunal que funcionou na Seco Especial, porm independente dela. Ali se criou

40 um arquivo de expedientes pessoais, que posteriormente passou a depender do responsvel da Delegao Nacional de Servios Documentais, quem continuamente o enviar informes para abrir os correspondentes expedientes judiciais. Tratava-se de uma jurisdio especial, sob a dependncia da Presidncia do Governo, que julgava os delitos tipificados pela lei (Maonaria e comunismo). Pelo decreto de 31 de maro de 1941 cessa como Presidente Marcelino de Ulibarri e substitudo por Don Andrs Saliquet Zumeta. Em 1941 comeou o funcionamento efetivo do tribunal centrando-se em atender o delito da Maonaria. Em 1963 se suprime o tribunal e se forma uma Comisso Liquidadora do mesmo que funciona at 1971. Lei 1 de maro de 1940 (B.O.E. n 12.667) para a Represso do Comunismo e da Maonaria. A Lei de Responsabilidades polticas de fevereiro de 1939 a sucedeu a Lei de Represo da Maonaria e Comunismo e mais tarde, a Lei de Segurana do Estado. Pelo interesse histrico para o povo Manico espanhol sobre o que se aplicou a esta legislao se reproduz o Decreto 2 de 30 de maro de 1940, Presidncia, B.O.E. 12.688, 3 de abril que desenvolve a aplicao da Lei de 1 de maro de 1940. Art 1 Todo espanhol ou estrangeiro residente na Espanha que antes de da 2 de maro de 1940 haja ingressado na Maonaria est obrigado a formular ante ao Governo uma declarao-retratao compreensiva dos seguintes extremos: 1. Nome, sobrenome, estado civil, idade, domicilio e profisso, categoria, classe e emprego se tratando de militar ou funcionrio pblico. 2. Cargos que desempenha no Estado, corporaes pblicas ou oficiais, entidades subvencionadas e empresas concessionrias, inclusive em Conselhos de Administrao do Estado. 3. Declarao do lugar e a data em que ingressou na Maonaria e da pessoa por quem foi iniciado. 4. Nome simblico que teve e grau que alcanou. 5. Chefes ou Grados superiores a que est subordinado. 6. Oficinas, Lojas ou Grupos aos quais pertenceu.

41 7. Sesses ou reunies que assistiu especialmente as assemblias ordinrias ou extraordinrias, nacionais ou internacionais. 8. Cargos ou comisses que participou. 9. Razes que teve para ingressar. 10. Informaes ou dados interessantes sobre as atividades, sobre chefes ou companheiros que possam servir para a represso da Maonaria. MAONARIA por Hakin Boor

General Francisco Franco.

(Pseudnimo utilizado habitualmente pelo General Francisco Franco) Franco, ocultando-se sob o pseudnimo de Hakin Boor, escreveu uma serie de artigos no dirio falangista Arriba, que depois publicou em forma de livro, com o ttulo de "Maonaria". Com exemplo de sua doutrina antimanica se reconhece o artigo publicado em 16 de fevereiro de 1949 no dirio Arriba. Com motivo das eleies presidenciais da nao portuguesa, sua velha Maonaria tentou sacudir sua aparente modorra e apresentar-se a fazer um reconto de suas foras, para tentar no futuro imediato o assalto fortaleza do Estado vizinho. O que o alerta dado pelo Exrcito e o bom sentido do povo portugus hajam desfeito a manobra, no cessa o valor nem o ensinamento de que, uma vez mais, a Maonaria haja pretendido explorar a conjuntura de dificuldades econmicas em que nesta hora do mundo as naes se debatem para alcanar seus propsitos, sem que para isso houvesse de aliar-se e entregar o pas ao comunismo. [...] Que a Maonaria portuguesa intensificava suas atividades era coisa conhecida em nossa nao. No em vo, desde o termino de nossa Cruzada, desde l chegam as consignaes por eles denominados Vales Ibricos e desde l se pretende

42 periodicamente, se bem com escasso xito, demover os Irmos espanhis com vistas a alterar a paz de nossas Universidades ou explorar a nobre ingenuidade de nossa juventude.

Manuel Bethencourt del Rio

Manuel Bethencourt del Rio, Mdico, Maom, fundador do PSOE en Tenerife (Ilhas Canrias). Preso em 18 de julho de 1936 e libertado em 1939, porm foi de novo encarcerado por ser Maom e com base na Lei da Represso a Maonaria e ao Comunismo. Enfermo morreu pouco tempo depois de libertado. A manobra Manica sobre Portugal constitua uma parte dos planos Manicos contra a Espanha. E que este fato Manico haja sido facilmente superado no exclui a gravidade de nosso alarme, pois demonstra, em que pese a gravssima crise que a Maonaria europia vem sofrendo na ltima dcada29 e frente ameaa perigosssima que o comunismo representa, no descansa em seus propsitos de restabelecer suas velhas posies, aliando-se inclusive com seu prprio verdugo, o comunismo, que na Polnia, Romnia, Checoslovaqua e Hungria eliminou os seus poderosos Irmos Maons.[...] Buscou a Maonaria na democracia o meio para a extenso de seu poder e subjugar os povos e a democracia fatalmente teria que voltar-se contra o que representa a ao mais antidemocrtica que possa conceber-se. O que em sntese, a Maonaria se no uma seita secreta que associa-se a grupos minoritrios dos pases para lograr por o compl, a astcia e a proteo estrangeira, sob uma disciplina sem limites, apoderar-se da direo e do mando das naes? Por que ocultam suas decises e at sua filiao ao conhecimento do povo? Por constituir o veculo secreto em que se incubaram as revolues liberais dos tempos modernos, imprimiram a poltica liberal de muitos pases uma submisso aos poderes Manicos estrangeiros que os patrocinaram. E as insgnias de fora e ao golpe de malhete das grandes Lojas responderam a toda a

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Represso pelos nazistas, do qual Franco era simpatizante e aliado.

43 poltica exterior e interior dos Estados por virtude daqueles conspcuos Maons que com a ajuda estrangeira haviam alcanado o poder em seus pases. Nem os interesses supremos da ptria, nem o geral do povo, nem o respeito a conscincia religiosa dos demais, nem os sentimentos de honra ou da propria estima representaram nada frente a obedincia obrigada aos Poderes ocultos superiores. E quando nos casos isolados se produziu a rebeldia ou se falou em patriotismo pela boca de seus governantes Maons, a mo de algum desalmado fantico comprado se encarregou da correspondente execuo Manica. Prim, Canalejas, Melquades lvarez30 y Salazar Alonso31 fora, entre outros muitos, Maons executados por desgnio expresso da Maonaria para vingar-se de sua rebeldia (ver a verdadeira histria nas notas de rodap).

Melquades lvarez Gonzlez-Posada

Rafael Salazar Alonso

Uma destas repugnantes execues chegou a ser causa uma cisma em que a Maonaria universal se debate. Vrios tem sido os assassinatos desta ordemMelquades lvarez Gonzlez-Posada, (Gijn, Espaa; 1864 - Madrid; 22 de agosto de 1936) foi Maom, poltico e jurista espaol. Em agosto de 1936, un mes depois do comeo da Guerra Civil, Melquades lvarez foi preso, junto com outros dirigentes polticos conservadores, no Crcere Modelo de Madri e posteriormente assasinado por milicianos esquerdistas e no por Maons com Franco queria que acreditassem. 31 Rafael Salazar Alonso (1895-1936) Maom, advogado, escritor e poltico republicano. Durante a Segunda Repblica foi deputado em Cortes, prefeito de Madrid, presidente da representao dos deputados provinciais Ministro nos Governos de Samper e Lerroux. Neste ltimo cargo destacou-se por sua luta contra os movimentos revolucionarios e separatistas em 1934, motivo pelo qual foi executado pela Frente Popular em setembro de 1936 e no por Maons com Franco queria fazer acreditar.30

44 cometidos durante a ltima contenda32; porm um somente tem sido a causa da grande ciso: o do almirante Darlan33, do que nada se atreve a falar. O almirante Darlan estava no setor de inteligncia com Roosevelt e com a Maonaria norteamericana; porm a figura de Darlan estorvava a concepo inglesa de um De Gaulle britanizado, e ante a deciso americana de utilizar Darlan no Norte da frica, a Maonaria europia se encarregou da sua eliminao. No convinha aos interesses Manicos europeus que Inglaterra controlasse a preponderncia de Darlan, que a Maonaria americana com Roosevelt patrocinavam e no faltou a mo de um fantico que se prestasse facilmente a ela. A ao Manica corresponderia fazer silencio sobre a morte. Um abismo se abriu desde entre as duas Maonarias. A figura do prudente e discreto Maom Harry Hookins, misterioso conselheiro privado do presidente Roosevelt, muito poderia aclarar a este respeito; porm sua natureza delicada no sobreviveu muito aps a morte do presidente.

Harry Hookins

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Franco tentou insistentemente culpar os prprios maons por assassinado cometidos seu mando. O almirante francs Darlan foi colaboracionista de Hitler durante a ocupao da Frana. No caso dele, almte. Darlan, o patriota que o executou, no mnimo tinha ordens do Exrcito de Libertao (De Gaulle) ou da Resistncia (formaes irregulares comandadas pelos comunistas franceses, com participao de comunistas espanhis, brasileiros, etc., ou, simplesmente por corajosos dissidentes do regime de Vichy e dos nazistas). O que motivou a mentira de Franco que era simpatizante de Hitler e perseguidor da Maonaria. 34 Harry Lloyd Hopkins (August 17, 1890 January 29, 1946) Maom, foi um dos conselheiros mais intimos do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt. Foi um dos arquitetos do New Deal.33

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45 de lastimar que de suas interessantssimas Memrias se suprimiram episdios como este, to interessantes para a historia da poltica americana nos ltimos anos. [...]

General Francisco Franco e o Rei Juan Carlos em 1 de outubro de 1975.

Franco com a voz apagada, com evidentes sntomas de dificultade respiratoria, pronunciou seu ltimo discurso pblico em 1 de outubro de 1975.

Noticia da morte do General Francisco Franco.

Franco saudou e chorou do balco do Palcio Real. Faltavam 50 dias para sua morte.

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Garcia Lorca e a Guerra Civil Espanhola

Frederico Garcia Lorca, Maom, poeta e dramaturgo espanhol. Seu codinome Manico era Homero.

Frederico Garcia Lorca, poeta e dramaturgo espanhol consagrado mundialmente, uma das primeiras vitimas do terror nacionalista. No pertencia a nenhuma organizao poltica, mas tinha profundas preocupaes democrticas. Sempre serei partidrio dos que nada tm, declarou em 1934. Em agosto de 1936, foi atacado e fuzilado por um grupo de falangistas, nas proximidades de Granada. A poesia para Lorca era um belo estado de esprito, uma maneira de observar a vida para encontrar em todas as coisas seus mistrios. Suas atividades literrias granjearam-lhe notoriedade e fama mundial, graas a sua singela limpidez do estilo, doce e vivaz, uma qualidade que o torna visivelmente querido de todos. Se vivo estivesse, estaria mais perto da alma popular, traduzindo nos seus versos, as nsias comuns da sua gente, a eloqncia, a atormentada sensualidade e seus encantos. Lorca transmitiu a sua poesia expressa no s no veculo literrio, mas tambm na ao cnica, pois, diferentemente de muitos dos autores espanhis que o antecedem que a ele se seguiram, teve o poeta intensa experincia de palco. Ou como foi definido pelo poeta Rafael Albert: para Frederico o teatro no foi alguma coisa nova ou diferente de seu trabalho habitual, mas uma sntese de todas as suas vocaes. Muitas das poesias que no escreveu assumiram forma e humanidade no teatro, como se Garcia Lorca as amasse com maior ternura.... Depois do seu desaparecimento a sua obra ficaria fora dos palcos do pas at a dcada de 60. Condenava-se ao exlio uma dramaturgia das mais importantes no teatro moderno e para a qual logo se mantiveram atentos os grandes centros teatrais, tornaram-se ela fonte clssica do repertrio internacional.

47 Por isso, qualquer relato sobre a vida do poeta, comea obrigatoriamente pela sua morte brutal nas mos dos fascistas, quando no alvorecer de 19 de agosto de 1936, em pleno vero andaluz, toda essa intensa atividade cultural e literria (poeta, dramaturgo, msico e desenhista), foi bruscamente interrompida; bala de um fuzil tirou a vida de um poeta, que a violncia de uma guerra cegamente lhe roubou, no amado solo de Granada: Creio que ser de Granada me inclina a compreenso simptica dos perseguidos. Do cigano, do negro, do judeu, do mourisco que todos ns levamos dentro. Granada cheia de mistrio, a coisa que no pode ser e, no entanto, . Que no exige, mas influi. Ou infl