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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

PASTORAL OPERÁRIA – O QUE É? Somos uma Pastoral Social a serviço da classe trabalhadora urbana, organizada, composta e dirigida pelos trabalhadores/as.

Fazemos parte das Pastorais Sociais da Comissão para a Caridade, Justiça e Paz da CNBB.

A Pastoral Operária é espaço para reflexão da vida dos trabalhadores e das trabalhadoras à luz da Bíblia e da Doutrina Social da Igreja.

Atua com o objetivo de promover a cidadania plena e o protagonismo dos/as trabalhadores/as empregados/as formais e informais, desempregados/as, aposentados/as, da economia popular solidária, na perspectiva da garantia de direitos e dignidade humana dos trabalhadores/as.

COLEGIADO NACIONAL Dom Reginaldo Andrietta (Bispo Referencial) Francismarina Martins (Região Sudeste) Jardel Lopes (Coordenador Liberado) Julio Lazaro (Região Sul) Leila Cristina (Região Norte/Nordeste) Monica Helena (Coordenadora Liberada) Pe. Miguel Pipolo (Assessor Eclesiástico) REALIZAÇÃO APOIO

Capa: Rafaela Bez Colaboração: Cícero Moraes, Frei Dotto Diagramação: Keteriane Santos Responsável pela publicação: Colegiado Nacional da Pastoral Operária

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

APRESENTAÇÃO

Fazer memória do 1º de maio, na atual conjuntura que se encontra o mundo do trabalho no Brasil, nos retoma a afirmação de João Paulo II, de que o “trabalho é a chave da questão social”.

O Subsídio Encontros de Reflexão para o Tríduo em preparação do 1º de maio, ou na semana da trabalhadora e do trabalhador, a ser realizada nas bases, nas comunidades, paróquias, grupos de reflexão, locais de trabalho, grupos de jovens, entre outros que se reúnem para refletir a vida e a missão.

Propomos o tema Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever! O dilema do trabalho constantemente tem sido um desafio para nós. Os últimos anos essa questão se tornado mais urgente. O avanço tecnológico possibilitou também um avançar do capital sobre o trabalho, de outras formas. Com isso, gera desemprego, precariza condições de trabalho, e o enfraquecimento dos direitos trabalhistas.

Mas, o que mais temos enfrentado ultimamente é o desemprego conjuntural. Ou seja, as questões políticas que interferem nas questões do mundo trabalho. Isso acontece numa comunhão de forças entre empresários e políticos.

Diante disso vivemos tempos de retrocessos de direitos não somente na área trabalhista. Ao refletir sobre o trabalho digno, nos conduz a pensar na dignidade da pessoa humana? Quem é o sujeito humano desempregado? Quem sofre acidentes de trabalho? Quem perde direitos trabalhistas? Por que as trabalhadoras e os trabalhadores sempre pagam a conta do governo? Por isso, destacamos: Por que é importante organizar? A história nos mostra que somente o povo organizado provocaram mudanças positivas para a humanidade. A história de libertação dos povos se deu a partir da organização, da luta, da resistência, da oração, da partilha.

Desejamos boas reflexões e ações, em vista da construção de um mundo melhor, com garantia de direitos e vida.

Pedimos que nos envie informações sobre os encontros e o 1º de maio no e-mail [email protected].

Com carinho, um grande abraço! Colegiado Nacional da Pastoral Operária

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

1º ENCONTRO Retrocesso nos Direitos das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Preparando o ambiente: Cartaz do 1º de Maio, vela, documentos da igreja e bíblia.

PARA CONVERSAR: O que temos ouvido falar sobre os retrocessos de direitos? (Deixar que as pessoas falem)

VER

Vamos conversar sobre 3 pontos nas reformas do Governo Temer, a mando do grande capital, que mexe diretamente no direito ao trabalho: Terceirização Esse projeto não é de agora. Faz muito tempo. Mas, em 2015, o congresso resgatou e aprovou e está ainda esperando a aprovação do senado. O projeto aprovado no Congresso em 22 de março de 2017, é de 1998. O projeto regulamenta que empresas possam contratar todos os seus serviços de outra empresa. Importante lembrar que atualmente já é permitida a terceirização para serviços meios (limpeza, segurança, manutenção, etc.).

Orientação para a animadora ou o animador: a) Iniciar com um acolhimento, desejando boas vinda. b) Se estiver alguém novo no grupo, fazer uma rápida apresentação. Iniciar e concluir com uma oração, poesia, musica apropriada com a realidade/momento. c) Cuidar com o tempo para que todas e todos participem/falem. d) Realizar o encontro completo de acordo o método Ver-Julgar-Agir. e) Dividir a leitura entre os participantes de forma dinâmica e não cansativa.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

Mas, qual o problema da regulamentação da terceirização? O problema é que trabalhadoras/es terceirizadas/os tem as seguintes consequências: a) trabalham em média 3 horas a mais; b) tem salário em média, 26% a menos; c) dos acidentes de trabalho seguidos de morte, 80% são trabalhadoras/es terceirizadas/os. Além disso, em alguns casos, se a empresa terceirizada falir, a/o trabalhadora/or é que sai perdendo. Reforma Trabalhista É importante saber que reforma é apresentada pelo governo como uma estratégia de geração de emprego (a princípio de 5 milhões de vagas, mas nós temos uma demanda de mais de 12 milhões). Para isso, o governo, para responder a exigência do capital, que fragilizar a qualidade do trabalho com carteira assinada. Por isso, as reformas contidas no projeto de lei (PL nº 6.787/2016) pretende alterar: a) o horário/tempo de trabalho - ao alterar o contrato de trabalho a tempo parcial; b) as relações trabalhistas - ao inserir a representação de trabalhadoras/es por local de trabalho, para grandes empresas; c) as relações trabalhadora/r x empregadora/r, de modo a favorecer a subornação, ameaças, exploração - ao alterar a prevalência do negociado sobre o legislado - ou seja, desrespeito aos acordos coletivos e interferência do sindicato nas relações. Reforma da Previdência Imagine as mudanças nas leis trabalhistas acima, acrescentando a reforma da previdência, que altera principalmente o prazo para a sua aposentadoria? Pense na/o trabalhadora/r terceirizada/o que já trabalha a mais? Acrescente a isso ainda a PEC da maldade, do teto dos gastos por 20 anos, já aprovada? Tudo isso representa um verdadeiro retrocesso de direitos das/os trabalhadoras/es. E isso não é apenas esse ou aquele governo, mas o interesse maior é o capital – fazendeiras/os, bancos, petroleiras, grandes industrias, federações de indústrias, etc., que usam das artimanhas políticas e do papel do Estado para lucrar cada vez mais, enquanto povo trabalhador pagam a conta.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

JULGAR

Para iluminar e fortalecer nossa caminhada, vamos ouvir a Palavra de Deus e documentos da igreja. Veja a seguir...

O profeta Amós nos interpela a defender o direito em primeiro lugar, e que a justiça seja cumprida em plenitude: “Que o direito corra como água e a justiça como rio caudaloso” (Am 65,24).

Jesus na sua defesa do serviço de evangelização com a analogia as/aos trabalhadoras/es defende que “o operário é digno do seu salário” (Lc 10, 7).

O Papa João XXIII, na Encíclica Pacin in Terris, sobre a Paz na Terra, destaca a verdade, a justiça, o amor e a liberdade, como forma de respeito à ordem estabelecida por Deus. “Ademais, não podemos passar em silêncio o direito a remuneração do trabalho conforme aos preceitos da justiça; remuneração que, em proporção dos recursos disponíveis, permita ao trabalhador e à sua família um teor de vida condizente com a dignidade humana”, (nº 20).

Para o Papa Francisco na Encíclica Laudato Si, “a cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a aproveitar-se de outra e a trata-la como mero objeto, obrigando-a a trabalhos forçados, ou

reduzindo-a a escravidão por causa de uma dívida”, (nº 123).

O documento 105, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sobre Cristãs/os leigas/os na igreja na sociedade, nos propõe “animar e manifestar nossa solidariedade as trabalhadoras e

trabalhadores na conquista e preservação de seus direitos” (nº 267). PARTILHANDO NOSSO SABER: 1. Quantas pessoas desempregadas conhecemos em nosso meio? O que essas pessoas estão fazendo?

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

2. O que a televisão tem nos mostrado em relação a reforma trabalhista, reforma da previdência e a terceirização?

AGIR

Enquanto cristãos não podemos ficar alheios a essa realidade. Enquanto igreja somos fermento na massa da classe trabalhadora, para fazer brotar o direito e cumprir a justiça e a solidariedade em relação ao mundo do trabalho. PARA CONVERSAR NO GRUPO

1. O que podemos fazer em grupo e individual para esclarecer a população sobre o que está acontecendo no Brasil com os nossos direitos? 2. Como vai ser o nosso 1º de maio esse ano?

ORIENTAÇÃO DA AÇÃO: Converse com sua família, vizinhos, colegas de trabalho sobre a reforma trabalhista e a reforma da previdência. Busque saber quais os deputados do seu estado ou região votaram ou estão apoiando as reformas do Governo Temer que são contra dos direitos da classe trabalhadora e divulgue para que não sejam reeleitas/os.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

2º ENCONTRO Dignidade do trabalho

Preparando o Ambiente: palavras como DIGNIDADE, TRABALHO, DIREITOS, HUMANIDADE; Cartaz do 1º de maio, vela, documentos da igreja, Bíblia.

Orientação para a animadora ou o animador: a) Iniciar com um acolhimento, desejando boas vinda. b) Se estiver alguém novo no grupo, fazer uma rápida apresentação. c) Iniciar e concluir com uma oração, poesia, música apropriada com a realidade/momento. d) Cuidar com o tempo para que todos e todas participem/falem. e) Realizar o encontro completo de acordo o método Ver-Julgar-Agir. f) Dividir a leitura entre os participantes de forma dinâmica e não cansativa.

VER

Ouvimos muito o ditado de que o trabalho dignifica a mulher e o homem. No entanto, ao acompanharmos os três últimos anos consecutivos do relatório do Instituto Oxfam, que analise a acumulação de renda no mundo, nota-se que quem mais lucra é quem menos trabalha. O relatório da Oxfam nesse ano (2017) apresenta as 8 pessoas (por sinal todos homens) mais ricas do mundo, que possui a mesma riqueza que as 3,6 bilhões de pessoas mais pobres do mundo (portanto, a metade da população do mundo). “A Oxfam também analisou a riqueza de 1.810 bilionários incluídos na lista Forbes 2016, 89% dos quais são homens. Em seu conjunto, eles possuem 6,5 trilhões de dólares, a mesma riqueza que 70% da população mais pobre da humanidade”, destaca notícia do Jornal El País.

A pergunta que fica para nós é: o que é dignidade do trabalho? Trabalhamos para quem? Enquanto muitos trabalham para a sua

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

sobrevivência, sob pena de exploração, ameaças de perder o emprego, salários baixos, perdas de direitos, insalubridade, condição de escravidão, terceirizados e até mesmo quarteirizados, outros pouquíssimos se apropriam e enriquecem com o fruto do seu trabalho. Podemos falar em dignidade de trabalho diante dessa situação?

Trabalhadoras/es formais, em regime de “carteira assinada”, estão sob pena de perder seus direitos com as reformas do Presidente Temer atrelado ao capital. Um conjunto de Leis estão tramitando no Congresso Federal para retroceder direitos das/e trabalhadoras/es, conquistados a duras lutas, greves, manifestações, etc.

Trabalhadoras/es informais, vendedoras/es ambulantes, autônomas/os, sem carteira assinada, que lutam para “ganhar o pão”, além de não terem direitos trabalhistas asseguradas/os, sofrem ameaças constantes do Estado, das grandes empresas, das leis injustas.

Trabalhadoras/es aposentadas/os também estão prestes a perder benefícios de suas aposentadorias, com a PEC do Teto dos Gastos e a Reforma da Previdência.

O relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016 do Fórum Econômico Mundial coloca o Brasil entre ao mais desiguais no mundo e aponta que pode levar 100 anos para igualar o salário de mulheres e homens. Em média a mulher recebe até 30% a menos que o homem em cargos similares. Dados do IBGE apontam quem em 1098 a mulheres ganham 46,9% a menos que o homem, essa diferença caiu para 29% em 2010.

Pensemos todas essas questões que envolve a não dignidade do trabalho com o acréscimo da PEC do Teto, da reforma trabalhista, da reforma da previdência promovidos pelo governo Temer.

Mas, a dignidade do trabalho não está apenas em ter um emprego, um salário, mas um conjunto de situações que envolve a classe trabalhadora: transporte com péssimas condições e altas tarifas, segurança no trabalho precária e negligente, jornadas abusivas, entre outras situações.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

PARA VER MELHOR 1. O que é dignidade no trabalho para nós? 2. Conhecemos pessoas que vivem em condições de trabalho precário, com condições não dignas em nosso meio, nossa comunidade? Como são?

JULGAR

O que diz a Palavra de Deus e a igreja sobre o tema? Veja a seguir...

Diante da dignidade do trabalho fragilizada, não podemos perder de vista a utopia da igualdade, da dignidade, que o evangelho nos propõe.

E desde o princípio o Deus determina que “é pelo trabalho que tirarás com que alimentar-te todos os dias da vida" (Gn 3,17). A Lei de Deuteronômio, no Antigo Testamento, repudia a exploração do trabalho por meio da remuneração injusta ou retenção de salário, em que patrões e patroas sempre tem maiores lucros e os assalariados fica sempre mais empobrecido. Diz o texto, “não explore uma/um assalariada/o pobre e necessitada/o, seja ela ou ele um de seus irmãos ou imigrantes que vive em sua terra, em sua cidade. Pague-lhe o salário a cada dia, antes que o sol se ponha, por que ela/ele é pobre e sua vida depende disso. Assim, ela/ele não clamará a Javé contra você, e em você não haverá pecado” (Dt 24, 14-15).

O apostolo São Paulo, no Novo Testamento, escreve denunciando os patrões que enriquecem às custas das/e trabalhadoras/es, "Eis que o salário, que tendes extorquido por fraude aos vossas/os trabalhadoras/es, clama contra vós; e seu clamor subiu até aos ouvidos do Deus dos exércitos" (Tg 5,4).

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

A Encíclica Rerum Novarum destaca: “quanto aos ricos, e as/aos patroas/patrões, não, devem tratar a/o operária/o como escrava/o, mas respeitar nela/nele a dignidade da mulher e do homem, realçada ainda pela do cristão” (RN, nº 15). Além disso, assegura “que os direitos e deveres das/dos patroas/patrões sejam perfeitamente conciliados com os direitos e

deveres das/os operárias/os”. (RN, 40). Como pensar nesse texto em comunhão com o projeto de Lei 4213/2013, que abranda a definição de trabalho escravo?

O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si, nos alerta para uma outra economia, outro modelo de

sociedade baseado na descentralização das riquezas e no cuidado da casa comum: “Para se conseguir continuar a dar emprego, é indispensável promover uma economia que favoreça a diversificação produtiva e a criatividade empresarial. (...) Ás vezes, para que haja uma liberdade econômica da qual todos realmente beneficiem, pode ser necessário por limites àqueles que detém maior recurso e poder financeiro” (LS, nº 129).

AGIR

...é um compromisso de luta, que nos leva a

uma ação junto com outras pessoas!

1. Como devemos agir diante de situações desumanas no trabalho? (Escolher uma ação). 2. Quais as conquistas das trabalhadoras e dos trabalhadores que consideramos avanço para

conseguir a dignidade do trabalho? 3. Como está a nossa preparação para o dia 1º de maio? ORIENTAÇÃO DA AÇÃO: Converse com as pessoas do seu trabalho, da sua família, sobre a dignidade do trabalho. Organize um encontro para falar sobre os direitos de uma trabalhadora ou um trabalhador. Organize preces das celebrações eucarísticas pela dignidade do trabalho por aquelas/es que são oprimidas/os ou estão desempregadas/os.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

3º ENCONTRO Por que é importante organizar? Preparando o Ambiente: Papeis, canetas, bandeira da PO e de outras organizações, ou nome dos movimentos e grupos populares, cartaz do 1º de maio, vela, Bíblia.

Orientação para a animadora ou o animador: a) Iniciar com um acolhimento, desejando boas vinda. b) Se estiver alguém novo no grupo, fazer uma rápida apresentação. c) Iniciar e concluir com uma oração, poesia, música apropriada com a realidade/momento. d) Cuidar com o tempo para que todos e todas participem/falem. e) Realizar o encontro completo de acordo o método Ver-Julgar-Agir. f) Dividir a leitura entre os participantes de forma dinâmica e não cansativa.

VER

As trabalhadoras e os trabalhadores sempre tiveram formas de se organizar durante a história. O dia 1º de maio, como dia internacional das trabalhadoras e dos trabalhadores, não surgiu por acaso, nem foi um presente para a classe trabalhadora. Ele surgiu da luta por condições dignas de trabalho, e se intensificou com as consequências dessa luta. É fato que hoje muitos querem distorcer o sentido desse dia, com festas, shows, prêmios, etc., mas, não podemos deixar esquecer e nem perder essa memória.

É importante destacar que as datas históricas como 8 de março (dia internacional da mulher) e 1º de maio, não foram ganhas, mas representa organização, luta e resistência da classe trabalhadora, frente a condições de trabalho abusivas e em busca de dignidade no trabalho.

Nenhum povo venceu a opressão sem a organização. E hoje conhecemos muitas organizações que são meio do povo conquistar direitos. A Pastoral Operária também é um meio de trabalhadoras/es se organizarem, partilhar a vida, e lutar juntos por seus direitos.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

Há também organizações que nada ajudam o povo a se organizar, conscientizar e conquistar direitos. Essas são as organizações “pelegas”, que não deixa as queixas do povo chegar nos verdadeiros responsáveis e não deixam o povo criar autonomia na luta. Essas organizações prestam um (des)serviço à sociedade, e muitas vezes são apenas eleitoreiras. A vida digna não se ganha, se conquista!

Vimos nos encontros anteriores que a realidade do mundo do trabalho, desde profecias bíblicas, documentos da igreja e as notícias atuais, é tocada com critério principal na defesa das trabalhadoras e dos trabalhadores. As conquistas que tivemos até hoje foram conquistadas com muita luta e organização. Inclusive, nessa organização algumas pessoas morreram. Por que será?

Somente o trabalho é capaz de gerar riquezas, mesmo com o avanço das tecnologias. E por isso, o que só pensam em dinheiro acima de tudo, da vida, da natureza, dos direitos; buscam todas as formas de destruir o povo organizado que defende a vida e os diretos que possibilitam uma vida diga.

JULGAR

O que a Palavra de Deus e a igreja pode iluminar para melhor ver a caminhada?

Desde os tempos antigos na Bíblia os profetas exercem um papel fundamental na

organização do povo para enfrentar a opressão. No livro do Êxodo, conhecemos a história de Moisés, que Deus o chama para libertar o seu povo da escravidão do Faraó do Egito. Na primeira multiplicação dos pães, Jesus pede os apóstolos para organizar o povo “em grupos de convivas” (Mc 6,30-44).

O Papa João XXIII, na Encíclica Pacim in Terris, destaca o direito à organização: “da sociabilidade natural da pessoa humana provém o direito de reunião e de associação; bem como o de conferir às associações a forma que aos seus membros parecer mais idônea à finalidade em vista, e de agir dentro delas por conta própria e risco, conduzindo-as aos almejados fins”, (nº 23).

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

O Papa Francisco, no encontro mundial com movimentos populares disse: “Vocês, organizações das/os excluídas/os e tantas organizações de outros setores da sociedade, são chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão passando por uma verdadeira crise. (...) Ppor isto, o disse e o repito, ‘o futuro da humanidade não está somente nas mãos dos grandes líderes, das grandes potências e das elites. Está sobretudo nas mãos dos povos; na sua capacidade de organizar-se e também nas mãos que irrigam, com humildade e convicção, este processo de mudanças’. (Discurso ao II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, Santa Cruz de la Sierra, 9 de julho de 2015)”. Iluminação Bíblica (Indicação de leitura): Mt 7, 24 – 27. De acordo com o tema do nosso encontro, o que significa construir a casa sobre a rocha para nós?

AGIR

Agir é o engajamento que nos leva a organização para enfrentar as estruturas de injustiças e opressão! COMO SE ORGANIZAR? A classe trabalhadora tem várias formas de se organizar. Os sindicatos, são organizações legitimas, de cada categoria. As associações de moradores, de bairros, comunidades, vilas, são também formas de organizar para cuidar da comunidade, bem como exigir o

cumprimento dos direitos. Há também as ONGs (Organização Não Governamental) de diferentes interesses, especialidades que atuam pelo interesse social. E a Pastoral Operária que há 46 anos ajuda a organizar trabalhadoras/es, refletir a vida e a realidade do trabalho. A P.O. é espaço de partilha da vida, de mística, para aqueles que mesmo estando em sindicatos ou outros espaços de organização popular, pode participar da Pastoral.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

PARA CONVERSAR NO GRUPO: (escolher algumas perguntas para conversar no grupo). 1. Quem de nós somos sindicalizadas/os? 2. Quais as organizações que existe em nossa comunidade? Quem participa de alguma delas? O que as nossas organizações mais precisam? 3. Você conhece alguma categoria de trabalhadoras/es que fez greve nos últimos anos? O que elas e eles queriam com a greve? O que elas/eles conquistaram com a greve? 4. Como será o nosso 1º de maio? ORIENTAÇÃO DE AÇÃO/ORGANIZAÇÃO Conheça as organizações da sua comunidade. Conheça e participe do sindicato da sua categoria. Organize grupos de pessoas que trabalham no mesmo seguimento que você para conversar sobre a realidade do trabalho. Converse com as desempregadas e os desempregados da comunidade, ajude a organizar e buscar formas de vencer o desemprego. Ajude a organizar o ato, vigília, roda de conversa, celebração do 1º de maio na sua cidade.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

CANTOS PARA ANIMAR A CAMINHADA

1. O QUE VALE É O AMOR Se é pra ir a luta, eu vou! Se é pra tá presente, eu tô! Pois na vida da gente o que vale é o amor (bis) É que a gente junto vai, reacender estrelas vai replantar nosso sonho em cada coração. Enquanto não chegar o dia, enquanto persiste a agonia a gente ensaia o baião, Lauê, lauê, lauê, lauê. (...)

2. MINHA CIRANDA Minha ciranda não é minha só Ela é de todos nós A melodia principal quem Guia é a primeira voz. Pra se dançar ciranda Juntamos mão com mão Formando uma roda Cantando uma canção

3. A PALAVRA DE DEUS VAI CHEGANDO VAI (BIS) 1- É semente fecunda na terra (bis) 2- É palavra de libertação (bis) 3- É experiência de quem caminha (bis)

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4. BANDEIRA DA PAZ É bonita demais, é bonita demais a mão de quem conduz a bandeira da paz (bis). 1. É a paz verdadeira que vem da justiça, irmão. É a paz da esperança que nasce de dentro do coração! 2. É a paz da verdade, da pura irmandade do amor. Paz da comunidade que busca igualdade, o, o, o!

5. ACORDA AMÉRICA Acorda América, chegou a hora de levantar. O sangue dos mártires fez a semente se espalhar! (bis) 1. Nestes campos, nestas planícies, nestes vales e caatingas. Nestas raízes entrelaçadas de etnias tão misturadas. É assim meu povo, a nossa América Latina. 2. Meu irmão índio, meu irmão afro, meus latinos companheiros, nós somos vítimas das dependências de um império estrangeiro. É assim meu povo, a nossa América Latina. 3. Eu me pergunto e a nós todos, até que dia nós aguentamos essa violência tão assassina: nos tomam as terras, matam os índios, nos deixam os restos da nossa América Latina!

6. ANUNCIAÇÃO 1. A bruma leve das paixões que vem de dentro/ tu vens chegando pra brincar nos meu quintal/ no teu cavalo peito o cabelo ao vento/ e o sol quarando nossas roupas no varal. Tu vens, Tu vens, eu já escuto os teus sinais! (bis). 2. A voz do anjo sussurrou no meu ouvido/ eu não duvido já escuto os teus sinais/ que tu vivias numa manhã de domingo/ eu te anuncio nos sinos das catedrais.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

7. TRABALHADOR (SEU JORGE) Está na luta, no corre-corre, no dia-a-dia Marmita é fria, mas se precisa ir trabalhar Essa rotina em toda firma começa às sete da manhã Patrão reclama e manda embora quem atrasar Trabalhador brasileiro Dentista, frentista, polícia, bombeiro Trabalhador brasileiro Tem gari por aí que é formado engenheiro Trabalhador brasileiro Trabalhador (...)

8. PAI NOSSO DOS MÁRTIRES Pai nosso, dos pobres marginalizados. Pai nosso, dos mártires, dos torturados. 1. Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida. Teu nome é glorificado, quando a justiça é nossa medida. Teu Reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão. Maldita toda violência que devora a vida pela opressão. Ô, ô, ô, ô (bis). 2. Queremos fazer tua vontade. És o verdadeiro Deus Libertador. Não vamos seguir as doutrinas, corrompidas pelo poder opressor. Pedimos-te o pão da vida, o pão da segurança, o pão das multidões, o pão que traz humanidade, que constrói o homem, em vez de canhões. Ô, ô, ô, ô (bis). 3. Perdoa-nos quando por medo, ficamos calados, diante da morte. Perdoa, e destrói o reino, em que a corrupção é a lei mais forte. Protege-nos da crueldade do esquadrão da morte, dos prevalecidos. Pai nosso revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos. Ô, ô, ô, ô (bis).

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

ORAÇÕES

BENÇÃO DA DESPEDIDA

Que a terra abra caminhos sempre a frente dos teus passos

E que o vento sopre suave os teus ombros

Que o sol brilhe sempre cálido e fraterno no teu rosto

Que a chuva caia suave entre teus campos

E até que nos tornemos a encontrar

Deus te guarde no calor do seu abraço

E, até que nos tornemos a encontrar

Deus te guarde, Deus nos guarde em seu abraço.

ORAÇÃO DO POVO TRABALHADOR

Senhor, Deus da Vida, Pai e Mãe dos trabalhadores do Brasil,

Por intercessão do teu fiel operário SANTO DIAS DA SILVA, mártir da justiça

no mundo do trabalho,

Dá-nos força e coragem neste tempo de crise e de dificuldades.

Comprometidos com o Evangelho de Jesus, unidos e organizados,

queremos construir a nova sociedade,

Com emprego para todos,

Com justiça e solidariedade no trabalho,

Com pão partilhado em todas as mesas,

Com saúde e educação para nossas crianças,

E vida digna para todo povo brasileiro.

Pelo martírio de Santo Dias da Silva e a intercessão de Nossa Senhora

aparecida,

Abençoa, Senhor, a Pastoral Operária

E o povo trabalhador do Brasil.

Amém!

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

HISTÓRIA DO 1º DE MAIO

O Dia Mundial do trabalhador e da trabalhadora foi criado em 1889,

por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em

homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em

Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época.

Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as

condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução

da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias.

Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos

movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve

prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a

polícia.

Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias

que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia

significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de

exemplo para o mundo todo, o dia 1º de maio foi instituído como o Dia

Mundial do Trabalhador e da Trabalhadora.

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

ROTEIRO DE CELEBRAÇÃOECUMÊNICA (Convidar pessoas de diferentes pastorais, denominações religiosas e/ou religiões

para participar juntos)

Acolhida: Boas vindas, músicas, poesias, cirandas. Simbologias: Organizar espaço com símbolos que represente das trabalhadoras e dos trabalhadores e/ou ferramentas de trabalhos, frases e faixas dos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores e cartaz do 1º de maio. Entrada: Canto com entrada dos símbolos. Motivação Penitencial: trazer memórias das mazelas do mundo do trabalho, retrocesso de negação e violação de direitos dos/as trabalhadores e, dos problemas sociais e ambientais que afetam a população mais empobrecidas e exploradas. Envolver a realidade de degradação dos biomas brasileiros. Motivação de Louvores: trazer as bandeiras das diferentes organizações, pastorais, movimentos, etc. Acolhida da Palavra: Acolher a palavra que orienta a vida e a luta com canto animado, dançando, com tecidos coloridos, acompanhado de luzes e símbolos. Leitura Bíblica: Tiago - 5, 1-6. (Sugestão de leitura em duas vozes). Partilha da Palavra: reflexão sobre a iluminação bíblica para a realidade da classe trabalhadora. (Permitir que mais pessoas partilhe). Ofertar é dar a vida: trazer no ofertório pão e vinho, após Oração do Pai Nosso ecumênico, repartir entre os presentes, simbolizando a partilha do fruto do trabalho humano e da generosidade da mãe terra com as bênçãos do Criador. Pai Nosso (ecumênico). Compromisso: Firmar um compromisso com a vida e os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores. Benção Final: canto (à escolha) e benção ecumênica (pág.19).

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Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

COMO ORGANIZAR O 1º DE MAIO Organizar uma coordenação com pastorais, sindicatos, movimento sociais, associações, economia solidária, e outros grupos que somam na luta em defesa dos/as trabalhadores/as; Realizar o tríduo proposto nesse subsídio; Definir bandeiras a partir da reflexão do subsídio e das necessidades de cada local; Realizar ato em defesa dos/as trabalhadores/as; Promover celebração ecumênica junto aos trabalhadores/as; Resgatar a história do 1 de maio; Abordar temáticas como: terceirização, redução de jornada de trabalho sem redução de salário, desemprego, redução de direitos trabalhistas, garantia de direitos humanos, Reforma Política, Mobilidade humana, economia popular solidária, organização sindical, precarização do trabalho.

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