2. o contexto literário de ml 6,1-14 · 18 . 10e ׃םֹּֽכֶדְֶימִ...
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2. O Contexto literrio de Ml 6,1-14
2.1. Traduo e Crtica Textual3
2.1.1. Traduo
6a Um filho honra um pai e um servo seu senhor
6b Mas, se eu sou pai, onde est minha honra?
6c Mas, se eu sou o Senhor
4, onde est meu
temor?
6d Diz YHWH dos Exrcitos 5
6e para vs, sacerdotes
6, que desprezais meu
nome;
:6f Vs dizeis
?6g Em que desprezamos teu nome
7a Oferecendo sobre o meu altar alimento
7
profanado8.
3 Na segmentao da percope seguimos, parcialmente, o critrio sugerido por Alviero Nicacci. Cf.
NICACCI, A., Poetic Syntax and Interpretation of Malachi, In: LASBF. Jerusalm, 2001, p. 60,
nota 8. 4 A respeito do sentido do termo conferir o item 3.2 e a nota 90.
5 Deve-se destacar que a LXX nunca traduz a expresso considerando a ltima
palavra no seu sentido de exrcitos e sim como uma expresso do poder de YHWH sem denotar
dimenses blicas: . No pensamento do tradutor da LXX poderia ser
uma tentativa de desbilicizar a imagem de YHWH diante do mundo helnico. Segundo Zobel,
pode-se interpretar o termo em sentido blico, quando este lido luz de 1Sm 17,45. Cf.
ZOBEL, H.-J., , In: TDOT XII, pp. 215-232. A verso da LXX refora o argumento em
favor de uma possvel tentativa de desbilicizao da imagem de YHWH. Em alguns textos, de
carter claramente blico, a LXX no traduz o termo, mas apenas o translitera em caracteres
gregos (cf. 1Sm 17,45). 6
O termo vem acompanhado de um artigo definido. Alguns autores, contudo, sugerem que se deva
ler a presente partcula no como um artigo definido, mas sim como um marcador de vocativo. Cf.
GK 126fg; J-M 137g; MEINHOLD, A., Maleachi, Dsseldorf: Neukirchener Verlag, 2006, p.
67; HILL, A., Malachi, Grand Rapids; Michigan: Doubleday, 1998, p. 176. 7 Alguns estudiosos preferem traduzir como comida e no simplesmente como po, uma
vez que o texto segue citando sacrifcios de animais e estes sacrifcios so entendidos como uma
explicitao do vocbulo . Cf. WEYDE, K. W., Prophecy and Teaching, Berlin; New York:
Walter de Gruyter, 2000, p. 128. Cf. NICACCI, A., Poetic Syntax and Interpretation of Malachi,
p. 62; KB I, p. 526. 8 O dicionrio de Alonso-Schkel oferece a mesma posssibilidade de traduo para o verbo no
pual (7a: pual particpio masculino) e no piel (7c: piel qatal), sendo que no pual com sentido
passivo. Cf. ALONSO-SCHKEL, L., Dicionrio Bblico Hebraico-Portugus, So Paulo:
Paulus, 1997, p. 126. O dicionrio de Koehler e Baumgartner, por sua vez, apresenta uma
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:7b Vs dizeis
?7c Em que te profanamos
(7d Dizendo: (A 9 mesa de YHWH desprezvel.
8a E quando ofereceis
10 um (animal) cego para
sacrificar, no h mal?
8b E quando ofereceis um (animal) coxo e um
(animal) doente, no h mal?
11 .8c Apresentai-o ao teu governador
?8d Agradar-se- ele de ti ou te ser favorvel 12
.8e Diz YHWH dos Exrcitos
9a E agora, aplacai 13
a face de Deus
.9b e ele ter piedade de ns
;9c Das vossas mos vem isto
?9d Ele vos ser favorvel
.9e Diz YHWH dos Exrcitos
10a Quem, alm disso
14, dentre vs, fechar as
portas
10b para que 15
no acendais meu altar em vo?
,10c Nada em vs prazeroso para mim
,10d diz YHWH dos Exrcitos
possibilidade diferente de tradues, sugerindo o termo desecrate para o piel e be defiled para o
pual. Cf. KB I, p. 170. 9 Na traduo seguem entre parnteses as palavras ou partculas que no esto no texto hebraico,
mas que, porm, so exigidas pela sintaxe da lngua portuguesa para a compreenso do texto. 10
Embora os verbos e possam ser traduzidos como sinnimos, prefervel traduzir por
oferecer e por apresentar, para indicar que o autor sagrado preferiu utilizar-se de dois
verbos diversos. 11
Para alguns autores, como OConnor, por exemplo, o sentido dessa partcula mais lgico que
predicativo, sendo melhor, portanto, deix-la sem traduo. Hill afirma que tal partcula refora o
imperativo, dando-lhe sentido de ridculo. Cf. HILL, A., Malachi, pp. 180.182. 12
A expresso significa literalmente levantar a face; idiomtica e tem sentido de ser
favorvel. Cf. KB I, p. 725. 13
A combinao do verbo com o substantivo uma expresso idiomtica que pertence linguagem religiosa e designa um gesto de respeito, louvor, submisso, realizado com o objetivo
de obter favor da parte de Deus. Cf. HILL, A., Malachi, p. 180; DOMMERSHAUSEN, W. .
In: TDOT IV, p. 409. 14
O vocbulo tem valor associativo e enftico na lngua hebraica. Em virtude disso, parece
adequada a sua traduo pela locuo conjuntiva aditiva alm disso em portugus, o que mantm
o valor associativo do termo conectando os vv. 9 e 10 e mantm, tambm, a nfase sobre o sujeito
do v. 10a: vs. Cf. KB I, pp. 195-196. 15
Cf. GKC 120: Considera-se aqui que o tem valor sucessivo, ou seja, as portas do Templo
sero fechadas e, ento, o altar no ser mais aceso.
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10e e uma oferta das vossas mos no (me)
agradvel.
11a
Porque, do nascente do sol at o seu ocaso
grande meu nome entre as naes,
11b
e em todo lugar incenso oferecido ao meu
nome e uma oferta pura;
,11c porque, grande meu nome entre as naes
.11d diz YHWH dos Exrcitos
12a Mas vs o (tendes) desonrado
12b dizendo: (A) mesa do Senhor 16
profanada,
.12c e seu fruto, seu alimento desprezvel
:13a Vs dizeis
!13b Eis que fadiga
13c E soprais com desprezo 17
para isto,
.13d Diz YHWH dos Exrcitos
13e E trazeis o (animal) roubado, o coxo e o doente
,13f e trazeis a oferta
?13g agradar-me- isto da vossa mo
.13h diz YHWH
14a Maldito 18
aquele que engana
,14b e tem em seu rebanho um (animal) macho
14c mas promete e sacrifica um estropiado ao
Senhor.
,14d Porque eu sou um grande rei
,14e diz YHWH dos Exrcitos
16
Segundo os especialistas, o sufixo aqui tem valor nulo, devendo a expresso ser traduzida como
o Senhor e no meu Senhor. Cf. J-M 136d. 17
O verbo pode significar soprar, resfolegar, aventar etc. Para o hiphil, a traduo sugerida por
Alonso-Schkel no seu Dicionrio resfolegar. Cf. ALONSO-SCHKEL, L., Dicionrio
Bblico Hebraico-Portugus, p. 441. Todavia, o verbo resfolegar intransitivo na lngua
portuguesa e, no texto hebraico, o verbo vem com completo direto. Por isso, optou-se, como em
algumas tradues inglesas, pela traduo do verbo como a expresso soprar com desprezo.
O sentido aqui de demonstrao de desprezo pelo sacrifcio, pelo altar (mesa de YHWH) e,
enfim, pelo prprio YHWH. Cf. HILL, A., Malachi, p. 191. 18
Segundo alguns autores melhor deixar o inicial no traduzido, uma vez que a frase tem valor
enftico e a funo do na lngua hebraica aqui apenas coordenativa, ou seja, unir essa sentena
ao conjunto do que vem antes. Cf. HILL, A., Malachi, p. 193.
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14f e meu nome terrvel 19
entre as naes.
2.1.2. Crtica Textual
V. 6a:
O texto da LXX, da Vulgata e do Targum concordam com o TM
pressupondo aqui a leitura do termo . A verso siraca, por sua vez, traz o que
seria, na opinio do redator da BHQ, uma explicitao, acrescentando o pronome
possessivo presente em 6b aqui em 6a. Essa explicitao feita pela verso siraca,
que colocou o pronome possessivo presente no segundo objeto tambm no
primeiro, desnecessria em hebraico.20
O Targum apresenta uma diferena no
incio do versculo, trazendo a sentena deste modo: Behold, it is said
concerning a son that he should honour father. Esse acrscimo poderia ser
explicado pela imagem do Declogo presente em Ex 20,12 e Dt 5,16 e que estaria
na mente do targumista.21
Alguns manuscritos da LXX acrescentam o verbo ohqh,setai
expresso . Tambm em alguns manuscritos da Vulgata se encontra o
acrscimo de tal expresso, o que uma provvel assimilao do v. 6c onde se
encontra o termo que traduzido na LXX por .22
O Targum traz uma
parfrase do texto: Behold, it is said concerning a son that he should honour
(his) father, and a servant should fear his master23
Pelo princpio da lectio
brevior, deve-se optar pelo Texto Massortico.
19
Cf. STHLI, H. P. . In: DTMAT I, pp. 1055-1056. 20
Cf. HILL, A., Malachi, p. 174. 21
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, Collegeville,
Minnesota: Liturgical Press, 1990, p. 229. 22
Cf. BARTHLEMY, D., Critique Textuelle de LAncien Testament, v. 3, Fribourg; Suisse:
ditions Universitaires, 1992, p.1018. 23
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, pp. 229-230.
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V. 6b:
O Targum faz um acrscimo. Enquanto o TM l (se um pai eu
sou), o Targum l if I am like a father. A mesma mudana encontramos em
6c, ou seja, enquanto no TM lemos se um senhor eu sou, o Targum
l if I am like a master.24
Pelo princpio da lectio brevior e porque tal acrscimo
no testemunhado nas demais verses antigas deve-se optar pelo Texto
Massortico.
VV. 6b e 6c:
O Targum e a verso Siraca apresentam uma leitura diferente destes
versculos. Os vv. 6b e 6c do TM trazem as expresses (Onde est minha
honra?) e (Onde est meu temor?) O Targum, seguido pela verso
siraca, traz respectivamente as seguintes expresses: where is that you are
honouring me? e where is that you are fearing me?. O targumista pode ter
entendido o Texto Massortico como tendo sido construdo de maneira errnea,
uma vez que a glria e o temor de YHWH so inquestionveis.25
V. 7c:
A Vulgata, o Codex Reuchlinianus do Targum26 e a verso siraca
concordam com o TM que traz o sufixo de 2ms na expresso . A LXX,
por motivao teolgica27
, traz: (os profanamos), fazendo a
leitura no da segunda pessoa singular, mas sim da terceira pessoa plural no texto
hebraico, o que apontaria para a profanao dos pes oferecidos sobre a mesa de
YHWH e no para a profanao de YHWH mesmo. As verses gregas de quila,
Smaco e Teodocio utilizam um verbo diferente, mas sinnimo, a forma verbal
24
O tradutor do Targum afirma que tal mudana pode ser encontrada tambm no texto de 2Sm
7,14. Todavia, em 2Sm tal alterao poderia ser explicada por uma reao judaica releitura crist
de tal percope. Contudo, essa explicao no se aplica para a percope em questo. Cf.
CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, p. 230 e nota 14. 25
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, p. 230 e notas 15
e 16. 26
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, p. 230 e nota 20. 27
Cf. BARTHLEMY, D., Critique Textuelle de LAncien Testament, p.1019.
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moluamen, contudo omitem o objeto da frase. O Targum, por motivao
teolgica, para preservar a transcendentalidade divina, l: How is it
abominable?.28
Seguindo o princpio da lectio difficilior deve-se optar pelo
Texto Massortico.
V. 7d:
A Vulgata, a verso siraca e o Targum concordam com a expresso do
TM . A LXX, por sua vez, traz uma expresso maior:
( desprezvel e os alimentos que
jazem sobre ela so desprezveis); segundo o editor da BHQ aqui aconteceu uma
provvel assimilao da expresso contida nos vv. 12bc. Portanto, pelo princpio
da lectio brevior, deve-se optar pelo Texto Massortico.
V. 8a:
A Vulgata concorda com o TM na utilizao do termo . A LXX, por
sua vez, ao invs de uma preposio associada a um verbo, utiliza uma preposio
associada de um substantivo (para sacrifcio). Tambm o Targum
apresenta tal formao da frase, segundo o editor da BHQ, por motivo de
facilitao sinttica. O texto siraco apresenta igualmente uma facilitao sinttica.
No existe motivo, portanto, para se discordar do Texto Massortico.
V. 8d:
Segundo o editor da BHQ o Cdice Leningradense apresenta um erro ao
acrescentar um daguesh no yod da expresso . 29
A BHS traz a expresso sem
o daguesh e, seus editores afirmam que reproduziram integralmente o testemunho
do Cdice Leningradense manuscrito B 19a, o mesmo apontado pelo editor da
BHQ como contendo, erroneamente, o referido daguesh.30
O Cdice do Cairo e o
Cdice de Aleppo trazem, tambm, a expresso sem o daguesh. Esse fenmeno da
28
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, p. 230 e nota 20. 29
Segundo o editor da BHQ o erro seria do manuscrito EBP. I B 19a. 30
Cf. ELLIGER, K.; RUDOLPH, W., Biblia Hebraica Stuttgartensia, Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft, 19975, p. XXX.
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geminao da consoante seguinte partcula interrogativa raro e, segundo os
gramticos, s ocorre cerca de dez vezes no AT e sempre quando a slaba seguinte
possui um shew, o que no se aplica ao caso em questo.31
No existe motivo,
portanto, para se supor a leitura do termo com o daguesh. Em virtude disso, faz-
se, neste caso, a opo textual da BHS.
A LXX, a Siraca e o Targum lem a expresso conforme o Texto
Massortico, ou seja, com sufixo de 2ms. Alguns manuscritos da LXX trazem
(Agradar-se- ele disto?) ou seja, a nfase est sobre o que
oferecido e no sobre a pessoa que oferece. Tambm a Vulgata concorda com
essas verses. Segundo o editor da BHQ e, tambm, Barthlemy32
, pode tratar-se
de uma assimilao ao contexto. Pelo princpio da lectio difficilior deve-se optar
pelo Texto Massortico.
A expresso suposta igualmente na LXX, na Vulgata, na verso
siraca e no Targum. A verso de Smaco, por sua vez, utiliza numa traduo
livre, a expresso duswphqh,setai33. A frase desloca-se de sentido, atraindo a
ateno do leitor para a reao de YHWH em si e no mais para a reao de
YHWH para com o oferente. Pelo princpio da lectio difficilior deve-se optar pelo
Texto Massortico.
V. 9a:
A Vulgata concorda com o TM trazendo a traduo da expresso . A
LXX, por sua vez, traz uma ampliao do texto, acrescentando o pronome pessoal
de segunda pessoa plural: . Tambm o Targum traz uma ampliao
com o nome de YHWH apocopado acompanhado de uma segunda forma do nome
divino . A verso siraca, por liberdade semntica, traz a expresso mry:
"And now, pray before the Lord that he may be gracious to us for this disaster
has been brought by your means..."34
Partindo do princpio da lectio brevior,
optou-se pela verso do Texto Massortico.
31
Cf. GKC 100 l. 32
Cf. BARTHLEMY, D., Critique Textuelle de LAncien Testament, p.1020. 33
Um dos significados possveis do verbo duswpe,w encher de confuso. Cf. BAILLY, A., Dictionnaire Grec-Franais, Paris: Hachette, 2000, p. 558. 34
http://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htm, consultado em 17 de abril
de 2012 s 13:09 .
http://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htmDBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1111980/CA
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V. 9b:
Com relao forma verbal o Cdice Leningradense traz a forma
descrita no texto sem o daguesh no primeiro nun, o que seria, na opinio do editor
da BHQ, um erro. O Cdice do Cairo e o Cdice de Alepo trazem a forma verbal
em questo com o daguesh no primeiro nun. A verso siraca concorda com o
Cdice Leningradense. A LXX utiliza uma forma livre de traduo com a
expresso (e suplicai-lhe). Alguns manuscritos da LXX fazem
uma dupla leitura utilizando a expresso i[na Veleh,sh| uma/ (e
suplicai-lhe para que seja misericordioso conosco). A Vulgata traz a expresso ut
misereatur vestri (para que tenha misericrdia de vs), em virtude da assimilao
ao contexto. O Targum faz uma parfrase utilizando a expresso antwlc lybqyw
hear our prayer. Pelo princpio da lectio difficilior deve-se optar pelo Texto
Massortico.
V. 9c:
A Vulgata e o Targum concordam com o Texto Massortico. A LXX traz a
expresso e a verso siraca concorda com ela. O editor da BHQ
acredita ter havido tanto no caso da LXX quanto no da verso siraca um erro de
leitura que fez com que o m fosse confundido com um b. O mesmo editor ressalta
ainda o erro presente nas duas verses, a LXX e a siraca, que colocam o
substantivo em questo no plural. O Texto Massortico no apresenta nenhuma
dificuldade de leitura e, por isso, deve-se optar por ele.
V. 9d:
A LXX, devido assimilao ao contexto, traz a expresso
(se receberei de vs vossas faces). A verso Siraca tambm
apresenta uma assimilao ao contexto com a expresso l sb bpykwn: I will
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not regard your persons...35
O Targum, por motivao, teolgica traz a
expresso !ypa !wkl !wbsntyh (Will you be shown favor?). A Vulgata, por sua
vez, apoia o Texto Massortico. Este argumento, unido ao da lectio difficilior, faz
com que se opte pelo Texto Massortico.
V. 10a:
As verses de Smaco e Teodocio concordam, em algumas de suas partes,
com o Texto Massortico, assim como a Vulgata e a verso siraca. Contudo, a
LXX, em virtude de um erro grfico, traz a expresso (porque). Segundo o
editor da BHQ esse erro de leitura pode ter se originado na confuso feita entre o
m e o k. O Targum, por sua vez, devido a uma ampliao do texto, traz akh !m
(Who is here?). O advrbio atestado tambm na LXX e no Targum. No
Rolo de Damasco, por sua vez, bem como nas verses de Smaco e Teodocio, na
Vulgata e na verso siraca, o texto apresenta-se menor, sem tal advrbio.
Segundo o editor da BHQ, embora a falta de outros advrbios como esse no texto
possa se explicar por uma questo de estilo, a sua ausncia no CD vi 13 e em
4QDa pode representar a existncia de uma tradio alternativa.
A expresso atestada tambm nas verses de Smaco e
Teodocio e na Vulgata. Em CD vi 1336
se encontra a expresso wtld rwgsy. Essa
expresso, todavia, no est no manuscrito 4QDa. Na opinio do editor da BHQ, o
termo wtld poderia ser uma corrupo de ytld, o que, de certa forma, poderia
corroborar o acrscimo do pronome possessivo em alguns manuscritos da LXX, a
parfrase da verso siraca e a ampliao no texto targmico. A LXX, na opinio
do editor da BHQ, por questo de liberdade sinttica, traz a expresso
(as portas sero fechadas). Alguns manuscritos da LXX
trazem ainda o acrscimo do pronome possessivo de primeira pessoa singular com
o intuito de explicar que so as portas do Templo: mou
(as minhas portas sero fechadas). A verso siraca parafraseia o TM com a
sentena dlwd rgn: who is there among you who would guard my doors...?37
35
http://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htm, consultado em 17 de abril
de 2012 s 13:09. 36
Cf. GELSTON, A., The Peshita of the Twelve Prophets, New York: Oxford University Press,
1987, pp. 115-116. 37
Cf. HILL, A., Malachi, p. 184.
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O Targum faz, como alguns autores o chamam, um embelezamento do termo
com a seguinte construo yfdqm tyb yvd -ygyw doors of the house of my
holiness38
. Pelo princpio da lectio brevior deve-se optar pelo Texto Massortico.
V. 10b:
A expresso atestada em CD, na LXX, na verso siraca e no
Targum. As verses de Smaco e Teodocio trazem somente um , supondo
assim a inexistncia do advrbio de negao. A mesma leitura est presente na
Vulgata (quis est in vobis qui claudat ostia et incendat altare meum gratuito).
Embora a forma mais breve do texto seja a das verses, lgico se supor aqui a
negao, uma vez que o autor quer demonstrar duas atitudes onde a segunda a
consequncia lgica da primeira: o fechamento do Templo e o fim dos sacrifcios.
Deve-se optar, ento, pelo Texto Massortico.
A forma verbal atestada em CD e na LXX. As verses de Smaco e
Teodocio, por sua vez, trazem , ou seja, o verbo est no
particpio presente e no no indicativo futuro ativo como na LXX. Tal
interpretao se deve a uma assimilao do contexto. O Targum, por liberdade
semntica, traz offer upon39
, e a Siraca (wrbwn) offer on40
no fazendo a
leitura do verbo rw e, sim, da raiz brq + l[.41 A verso Siraca e o Targum fazem
uma interpretao do texto, por isso deve-se optar pelo Texto Massortico.
V. 10e:
A LXX traduz a expresso colocando o possessivo na primeira pessoa do
plural e no na terceira plural como no Texto Massortico: . A
verso Siraca interpreta o texto trazendo a expresso mkwn: "(...)neither will I
accept an offering from your hand." 42
A Vulgata e o Targum apoiam o Texto
Massortico, por isso deve-se optar por ele.
38
Cf. HILL, A., Malachi, p. 184. 39
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, p. 230 e nota 25. 40
http://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htm, consultado em 26 de julho
de 2012 s 10:34. 41
Cf. HILL, A., Malachi, p. 185. 42
http://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htm, consultado em 17 de abril
de 2012 s 13:09.
http://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htmhttp://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htmDBDPUC-Rio - Certificao Digital N 1111980/CA
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V. 11a:
A Vulgata, a verso siraca e o Targum trazem a traduo do adjetivo .
A LXX, por sua vez, numa traduo livre, apresenta o termo . Como a
expresso bem atestada nas demais verses antigas, deve-se optar pelo Texto
Massortico.
V. 11b:
A expresso recebeu atravs do tempo diversas
interpretaes e sugestes de mudana. 43
A LXX considera a mesma expresso
do Texto Massortico entendendo o termo como um verbo hophal particpio
masculino singular do verbo e traduzindo-o como (indicativo
presente passivo terceira pessoa singular de trazer, oferecer). A
Vulgata, por sua vez, traduz a expresso como se fossem dois verbos
(sacrificatur et offertur). A verso siraca faz a mesma interpretao que a Vulgata
lendo as duas primeiras palavras como particpios ativos e traduzindo toda a
sentena pelo plural: ...they burn incense and offer to my name pure offerings44
.
O texto do Targum um texto modificado por motivaes teolgicas, pois traz
and on every occasion when you fulfil my Will I hear your prayer and my great
name is hallowed because of you.45
Com relao ao w inicial da segunda parte do v. 11b, alguns autores
afirmam que pode tratar-se de um w explicativo e no simplesmente consecutivo, o
que poderia alterar a traduo do segmento para ou seja, um sacrifcio puro.46
43
Para uma discusso mais aprofundada a respeito da expresso .cf. HILL, A. Malachi. p
188. 44
http://www.aramaicpeshitta.com/OTtools/LamsaOT/39_malachi.htm, consultado em 26 de julho
de 2012 s 10:41. 45
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, pp. 230-231 e
nota 26. 46
Cf. MEINHOLD, A., Maleachi, p. 69; GKC 154a.
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V. 12a:
Segundo o editor da BHQ, o objeto direto da orao
acrescido do sufixo de 3ms, um caso de tiqqun sopherim. Em algumas listas
massorticas a leitura desse termo feita como se o sufixo fosse de primeira e no
de terceira pessoa singular. Alguns autores defendem a terceira pessoa do singular
afirmando que se trata de uma explcita referncia ao v. 11b: ao meu nome. Em
qualquer dos casos o significado do texto no afetado porque o nome de Deus
Deus mesmo.47
V. 12c:
A LXX traz a expresso:
(e as coisas que jazem sobre ela so alimentos desprezveis) e no a que
seria mais conforme o texto hebraico que, traduzido, fica: e seu
fruto, seu alimento desprezvel. Na LXX o texto no apresenta um artigo +
substantivo + pronome possessivo como no TM e, sim, um artigo + particpio
presente plural neutro do verbo . A Vulgata, por sua vez, traz a expresso
et quod superponitur contemptibile est cum igni qui illud devorat (o que
colocado sobre ela desprezvel com o fogo que o devora). O editor da BHQ
considera que tais verses da LXX e da Vulgata se do por uma interpretao
exegtica do texto. O Targum, a verso siraca e alguns manuscritos hebraicos
omitem o termo considerando-o um erro de ditografia em relao ao termo
.48
No comentrio ao aparato crtico, o editor da BHQ destaca que esse
versculo causa dificuldades e tambm atesta a ausncia de no Targum e na
verso siraca. O Targum traz a expresso hynm atntm !rysbw (the gifts from it are
despicable). O mesmo editor acredita que tal ausncia do termo tenha se dado
mais em virtude da dificuldade de inseri-lo no texto do que propriamente por
estarem ausentes das verses hebraicas com as quais os respectivos tradutores
tiveram contato. O editor ainda ressalta que esta mesma dificuldade de inserir o
termo deve ter causado as diferentes interpretaes encontradas na LXX e depois
47
Cf. HILL, A., Malachi, p. 190: The BHS ignores the conjectural emendation of ot (me) in
the BHK, although the meaning of clause is unaffected because the name of God is God Himself . 48
Cf. HILL, A., Malachi, p. 190.
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inseridas na Vulgata.49
Pelo princpio da lectio difficilior alguns autores acreditam
que o Texto Massortico deve ser preservado.50
V. 13b:
A Vulgata e o Targum fazem a leitura da expresso conforme o Texto
Massortico. A LXX, por sua vez, traz o termo (isto) no que
acompanhada tambm pela verso siraca. Segundo o editor da BHQ tal leitura
deve ter se dado em virtude em um erro de vocalizao no Texto Massortico.
Encontra-se dificuldade tambm com a expresso . A LXX, a
Vulgata, a verso siraca e o Targum atestam a mesma diferena de vocalizao
que, na opinio do editor da BHQ, gerou a expresso grega
(sofrimento, vexao51
). Segundo o editor da BHQ o Texto Massortico parece
ser uma contrao da expresso - , mas as verses teriam entendido o
como se fosse !m por isso o (preposio que exige genitivo e indica lugar de
onde) presente na verso grega e copiado na Vulgata, no Targum e na verso
siraca.52
No existe motivo, portanto, para se discordar do Texto Massortico.
V. 13c:
A LXX e a Vulgata concordam com o Texto Massortico. Existem alguns
manuscritos gregos, segundo o editor da BHQ, que trazem a expresso
(primeira pessoa do singular) e so seguidos pela verso siraca.53
Essa leitura faz com que seja YHWH aquele que resfolega para o sacrifcio e
no os sacerdotes. O Targum, por motivao exegtica, traz a expresso !wtqynXw
(you have strangle it). Segundo o editor da BHQ a leitura feita por alguns
49
Cf. GELSTON, A., Biblia Hebraica Quinta: The Twelve Minor Prophets, p. 150*. 50
Cf. HILL, A., Malachi, p. 190; BARTHLEMY, D., Critique Textuelle de LAncien Testament,
pp.1020-1021. 51
Cf. BAILLY, A., Dictionnaire Grec Franais, p. 1004. 52
Cf. HILL, A., Malachi, p. 191: The interrogative m (what) is exclamatory, and the dagesh
forte in the taw ( ) is usually explained as an example of assimilation of an originally audible h in
m. ( + .(cf. tb. GKC par. 37b ; = 53
Analisando, todavia, o texto da Septuaginta editado por Alfred Rahfs foi possvel constatar que a
expresso contida no corpo do texto dessa edio no singular, como o editor da BHQ indica para
alguns manuscritos. O editor da LXX, por sua vez, apresenta na nota de rodap a forma plural
(uh,te) como sendo encontrada no Cdice Sinatico. cf. RAHLFS, A.; HANHART, R., Septuaginta, Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2006, p. 562.
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manuscritos gregos pode ter sido uma corrupo daquela feita pela prpria LXX e
ter ento influenciado a verso siraca. O mesmo editor acredita que uma
assimilao com Ag 1,9 possa ser uma alternativa para explicar essa leitura:
Ag 1,9). Alguns autores defendem que pode tratar-se aqui de um jogo de)
palavras que o autor faz relacionando Ml 1,13 com Ag 1,9. Em Ag 1,9 YHWH
quem sopra a produo agrcola de Israel porque o Templo est em runas. Em
Malaquias, o Templo est reconstrudo, mas a runa agrcola acontece porque os
sacerdotes sopram54
com desdm para a mesa de YHWH.55
Ainda neste mesmo segmento do versculo 13 temos a expresso que
tambm testemunhada na Vulgata e no Targum. A LXX, por sua vez, traz a
expresso (para estas coisas), opo seguida tambm pela verso siraca.
Alguns autores destacam que a expresso aparece traduzida como se seu
sufixo fosse de primeira singular em algumas antigas verses, como a siraca, a
arbica, a aramaica e a etipica e, tambm, em Jernimo. Esses autores acreditam
que seja um caso de tiqqun sopherim com o intuito de reforar a ideia da
transcendncia de Deus no deixando que ele seja o objeto da orao.56
O editor
da BHQ afirma que, embora este termo aparea em algumas listas rabnicas como
um caso tiqqun sopherim como dito acima, no existem provas textuais que
ratifiquem este argumento.57
V. 13e:
A LXX e o Targum testemunham a traduo a partir do particpio . A
Vulgata, por sua vez, traz a expresso de rapinis no que seguida pela verso
siraca. A Vulgata e a verso siraca do um sentido partitivo, destacando que uma
parte do produto da rapina trazida como oferta a YHWH. A LXX e o TM, por
sua vez, destacam de maneira genrica o roubado que trazido como oferta.
A LXX e o Targum traduzem a expresso com o artigo e a
partcula indicadora de objeto direto. A Vulgata e a verso siraca a omitem
54
Cf. nota 17. 55
Cf. HILL, A., Malachi, p. 191. 56
Cf. HILL, A., Malachi, p. 191; JERNIMO. Comentarios a los Profetas Menores, v. IIIb,
Madrid: BAC, 2003, pp. 762-762: Siue ut in Hebraeo legi potest: Et exsufflastis me haec
dicendo: Non sacrificio, sed mihi cui sacrificabatis, fecistis iniuriam. 57
Cf. GELSTON, A., Biblia Hebraica Quinta: The Twelve Minor Prophets, Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft, 2010, p. 150*.
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abreviando o texto. A omisso da partcula indicadora de objeto direto e do artigo
junto ao particpio pode ser por uma questo enftica.58
V. 13h:
A Vulgata, alguns manuscritos da verso siraca e o Targum concordam
que aqui aparea somente a forma verbal acompanhada do tetragrama
sagrado: . A LXX, seguida, por sua vez, pela verso siraca, por uma
questo de assimilao do contexto uma vez que nas outras sete vezes a
expresso aparece 59
traz a expresso
(Senhor Todo-Poderoso). O editor da BHQ atesta ainda que o Cdice
Leningradense, juntamente com o Cdice de Aleppo, atestam uma setumah no
final do versculo, marcando assim o fechamento da sesso. O Cdice do Cairo,
por sua vez, no atesta esse sinal massortico.
V. 14a:
A Vulgata atesta a traduo do particpio com funo adjetiva. A
LXX, por sua vez, traduz (aquele que era poderoso) lendo no lugar
do particpio de lkn a raiz lky. O termo est ausente na verso siraca e
encontramos no Targum uma ampliao da frase para lknb dyb[yd And cursed be
the person who acts deceitfully. No h motivo para se discordar do Texto
Massortico, o qual no apresenta nenhuma dificuldade de leitura. Alm disso,
contamos com o testemunho da Vulgata, o qual atesta uma leitura segundo o
mesmo Texto Massortico.
V. 14c:
A LXX, as verses de Smaco e Teodocio e o Targum traduzem o texto
conforme o TM. Segundo o editor da BHQ, h um testemunho em Qumran em
5QapMal que traz a expresso txwXm utilizando o pual e no o hofal. A Vulgata
traz a expresso debile, no que seguida pela verso siraca, por uma questo de
58
Cf. HILL, A., Malachi, p. 192. 59
Cf. vv. 6g.8h.9e.10d.11e.13d.14f.
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assimilao ao contexto. No h, pois, motivo para se discordar do Texto
Massortico.
V. 14f:
A traduo da expresso , testemunhada nas verses de quila
Smaco e Teodocio e, tambm, na Vulgata e na verso siraca. A LXX, por sua
vez, traz a expresso , porque faz, na opinio do editor da BHQ, a leitura
errnea da raiz ary entendendo-a como se fosse a raiz do verbo har. O Targum,
por motivao exegtica, traz a expresso !ysx (mighty)60. No h, pois, motivo
para se discordar do Texto Massortico, uma vez que esse no apresenta
dificuldade de leitura e ainda confirmado por verses antigas.
2.2.
O texto no contexto do livro e sua delimitao
2.2.1.
A estrutura do livro
O livro de Malaquias considerado pela grande maioria dos estudiosos
como estando divido em seis grandes orculos61
: 1,2-5; 1,6 2,9; 2,10-16; 2,17
3,5; 3,6-12; 3,13-21.62
Esses orculos so precedidos pelo ttulo (cf. 1,1) e
60
Cf. CATHCART, K. J.; GORDON, R. P., The Targum of the Minor Prophets, p. 231. 61
Vale ressaltar que as verses inglesas, influenciadas pela Vulgata, dividem Malaquias em quatro
captulos, onde 3,19-24 equivale ao captulo 4. Em virtude dessa diviso, vamos encontrar a
seguinte relao entre captulos e versculos, sobretudo na bibliografia de lngua inglesa: 3,19
(4,1); 3,20 (4,2); 3,21 (4,3); 3,22 (4,4); 3,23 (4,5); 3,24 (4,6). 62
Cf. HILL, A., Malachi, pp. 131-390; PATTERSON, R.D. et HILL, A.E., Hosea-Malachi, Carol
Stream, Illinois: Tyndale House Publishers, 2008, pp. 609-641; MEINHOLD, A., Maleachi, pp.
VII; BAKER, D.W., Joel, Obadiah, Malachi, Grand Rapids, MI: Zondervan, 2006, p. 212;
TAYLOR, R.A.; CLENDENEN, E.R., Haggai, Malachi, Nashville, Tennessee: B & H Publishing
Group, 2004, pp. 229-231; SCHULLER, E.M., Malachi. In: The New Interpreters Bible. Vol. VII,
pp. 843-877; PETERSEN, D.L., Zechariah 9-14 and Malachi: a Commentary, Louisville,
Kentucky: Westminster John Knox Press, 1995, pp. 165-227; McCOMISKEY, T.E., The Minor
Prophets, Grand Rapids, MI: Baker Academic, 1992, pp. 1245-1396; SMITH, R. L., Micah-
Malachi, Nashville, Tennessee: Thomas Nelson, 1984, pp. 296-342; REVENTLOW, H. G., Die
Propheten Haggai, Sacharja uns Maleachi, Gttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1993, pp. 130-
161; ELLIGER, K., Die Propheten Nahum, Habakuk, Zephanja, Haggai, Sacharja, Maleachi,
Gttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1982, pp. 188-217; BALDWIN, J.G., Haggai, Zechariah
and Malachi, Downers Grove, Illinois: IVP Academic, 1972, pp. 225-277; GLAZIER-
McDONALD, B., Malachi: The Divine Messenger, Atlanta, Georgia: Scholars Press, 1987, p. 19;
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concludos por uma espcie de apndice ou sumrio (cf. 3,22-24). As opinies dos
autores se dividem no que diz respeito ao reconhecimento da autenticidade dos
versculos finais do livro (cf. 3,22-24). Para alguns, estes versculos esto
perfeitamente ligados ao livro como um todo, e no devem ser considerados uma
insero tardia63
, para outros64
, no entanto, trata-se de uma insero tardia com
vistas a oferecer uma concluso para todo o Livro dos Doze ou mesmo para todo
o conjunto dos livros profticos da BH; qui at mesmo para o conjunto de dois
corpora: a Lei e os Profetas.65
Esta concluso faz apelo a duas figuras ideais do
Antigo Testamento, a saber, Moiss e Elias (cf. 3,22-24). Segundo alguns autores,
esse sumrio final seria uma retomada dos temas propostos nas disputas, onde
3,22, evocando a figura de Moiss, transporta o leitor para os trs primeiros
orculos (1,2-5; 1,6 2,9; 2,10-16) que exortam obedincia Lei; e 3,23-24,
evocando a figura de Elias, transporta o leitor para os trs ltimos orculos (2,17
3,5; 3,6-12; 3,13-21), que exortam a preparar a chegada do Dia de YHWH.66
Baseados na diviso em seis orculos, onde cada um apresenta um aspecto
temtico prprio, a grande maioria dos autores estabelece a seguinte estrutura para
o livro como um todo:67
1,1: Ttulo
1,2-5: Primeiro Orculo YHWH amou Israel e odiou Edom
1,2-3: O amor preferencial por Israel
1,4-5: YHWH dialoga com Edom
1,6 2,9: Segundo Orculo Culto imprprio a YHWH
1,6-14: Acusao dos sacerdotes
2,1-9: Julgamento dos sacerdotes
2,10-16: Terceiro Orculo Averso de YHWH ao adultrio
2,17 3,5: Quarto Orculo A vinda do mensageiro de YHWH
3,6-12: Quinto Orculo Chamado ao arrependimento
3,13-21: Sexto Orculo A manifestao da justia de YHWH
OBRIEN, J.M., Priest and Levite in Malachi, Atlanta, Georgia: Scholars Press, 1990, pp. 63-64;
KESSLER, R., Maleachi, Freiburg im Breisgrau: Verlag Herder, 2011, p. 41. 63 McCOMISKEY, T.E., The Minor Prophets, p. 1391. 64 REVENTLOW, H.G., Die Propheten Haggai, Sacharja und Maleachi, p. 160. 65
Cf. BLENKINSOPP, J., Storia della profezia in Israele, Brescia: Queriniana, 1997, p. 253; OBRIEN, J., Priest and Levite in Malachi, p. 53. 66
Cf. McCOMISKEY, T.E., The Minor Prophets, pp. 1245-1396. 67
Cf. nota 62.
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3,22-24: Eplogo
3,22: Chamado a obedecer a Lei de Moiss
3,23-24: A vinda de Elias
Apesar de a estrutura acima ser bem aceita pela maioria dos estudiosos,
podemos encontrar algumas vozes destoantes. o caso, por exemplo, de Ina
Willi-Plein, que sugere uma diviso em cinco partes, isolando 2,17 e fundindo
3,1-12 em uma nica seo.68
Tambm Deissler69
une 2,17 3,12 em uma nica
seo, a qual ele chama de Apario de Deus no tribunal. Sweeney70
segue
basicamente a mesma estrutura apresentada acima, com uma pequena diferena:
no quarto e quinto discursos, apresenta uma diviso diferente das percopes: 2,17
3,7 e 3,8-12. Outros autores como Weyde71
e Achtemeier72
apresentam tambm
uma diferena na diviso das sees do livro, indicando que se deve considerar
2,17 3,6 como uma nica seo. Achtemeier considera, inclusive, que 3,6
constitui o clmax da seo 2,17 3,6.73
Outros autores como Verhoef74
e Brown75
apresentam formas diversas de
estruturar o livro em maior ou menor nmero de sees, mas sempre levando em
conta a mesma demarcao de versculos iniciais e finais que se verifica na
estrutura acima, apenas subdividindo ou aglutinando sees. Hausoul76
prope a
leitura do livro numa estrutura quistica conforme segue:
1,1: Introduo A: Malaquias enviado por YHWH
1,2-5 B: Amor de YHWH por Israel e julgamento dos
mpios
1,6-14 C: Os sacerdotes desprezam a Deus pelo
68
Cf. WILLI-PLEIN, I., Haggai, Sacharja, Maleachi, Zrich: TVZ, 2007, pp. 225-288: Segundo a
autora problemtica a colocao de 2,17 na mesma seo iniciada por 3,1, porque esta comea
com um sinal macrossinttico ( ) e 2,17 no apresenta nenhuma ligao temtica com o que ser
tratado em 3,1-12. 69
Cf. DEISSLER, A., Zwlf Propheten III: Zephaniah, Haggai, Sacharja, Maleachi, Wrzburg:
Echter Verlag, 1988, pp. 331-338. 70
Cf. SWENNEY, M.A., The Twelve Prophets, v. 2. Collegeville, Minnesota: The Liturgical
Press, 2000, pp. 713-750. 71 Cf. WEYDE, K.W., Prophecy and Teaching, p. 280. 72 Cf. ACHTEMEIER, E., Nahum-Malachi, Kentucky, Louisville: John Knox Press, 1986, pp. 177-198. 73
Cf. ACHTEMEIER, E., Nahum-Malachi, p. 186. 74
VERHOEF, P.A., The Books of Haggai and Malachi, Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1987, pp.
153-346. 75
Cf. BROWN, W.P., Obadiah trough Malachi, Louisville, Kentucky: Westminster John Knox
Press, 1996, pp. 191-205. 76
ERLEHT, T.; HAUSOUL, R.R., Das Buch Haggai. Das Buch Maleachi, Witten: SCM R.
Brockhaus, 2011, p. 342.
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oferecimento de vtimas impuras
2,1-9 D: Os sacerdotes, mensageiros de YHWH,
abandonaram a Aliana
2,10-16 X (Centro do livro: Deslealdade contra Deus e o prximo)
2,17 3,5 D: Os sacerdotes sero purificados pelo mensageiro
da Aliana
3,6-12 C: O povo despreza a Deus pelo abandono do
dzimo
3,13-21 B: Os tementes a Deus e os mpios
3,22-24: Eplogo A: Concluso: o profeta Elias enviado por
YHWH
A diviso proposta por Hausoul no difere significativamente daquela
proposta pela maioria dos autores. A nica nuance prpria da estrutura proposta
por Hausoul a desconexo de 1,6-14 e 2,1-9 como se fossem dois orculos
distintos.
Tomando como princpio o aspecto temtico em torno do qual se
desenvolve cada orculo, parece verossmil a opinio dos autores que dividem o
livro em seis grandes partes, admitindo como sendo a segunda parte do livro o
bloco textual de 1,6 2,9, sendo este subdividido em duas partes: 1,6-14, onde o
profeta faz a sua crtica forma como os sacerdotes esto ministrando o culto e
2,1-9, onde o profeta descreve o que poder acontecer aos sacerdotes caso recaia
sobre eles o juzo de YHWH.
2.2.2.
A delimitao da percope
O texto de Ml 1,6-14, est localizado na primeira parte do segundo orculo
do livro de Malaquias (cf. Ml 1,6-2,9). Ele antecedido pelo primeiro orculo
(cf. 1,2-5). O primeiro orculo, semelhana do que acontece em Ml 1,6-14,
aberto por uma afirmao, um princpio geral, que d lugar pergunta dos
ouvintes. a pergunta dos ouvintes, por sua vez, que d lugar ao desenvolvimento
da fala de YHWH. O desfecho do orculo se d com a proclamao da grandeza
de YHWH:
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Ml 1,2-5:
Afirmao de YHWH: Qal Qatal
Pergunta dos ouvintes: +
Desenvolvimento do orculo: partcula interrogativa
Desfecho: proclamao da grandeza de YHWH raiz verbal
Uma nova unidade comunicativa aberta por um outro princpio geral, que
separa 1,6-2,9 de 1,2-5:
Ml 1,6-2,9:
Afirmao de YHWH: Piel Yiqtol
Um outro orculo abre-se em 2,10, com a colocao de um outro princpio
geral:
Ml 2,10-16:
Afirmao de YHWH: partcula interrogativa ( ) + substantivo ()
Pode-se perceber, ento, que o pr-texto e o ps-texto seguem o mesmo
esquema: so sempre abertos por um princpio geral, ao qual segue-se o
desenvolvimento do orculo que culmina com uma outra sentena de YHWH, que
pode ser a proclamao de sua grandeza (cf. 1,5) ou uma acusao contra os
ouvintes (cf. 2,9; 2,16).
Assim fica delimitado o primeiro orculo: Ml 1,6 2,9, que se subdivide,
no entanto, em duas partes: 1,6-14 e 2,1-9. A presena de um iniciando uma
nova subunidade em 2,1 e a introduo de novos aspectos temticos o chamado
converso e a condenao do ensino pervertido da Lei permitem delimitar
assim a percope.
A ideia chave77
que se quer transmitir no segundo e no terceiro orculos
(cf. 1,6 2,9 e 2,10-16) o amor paternal de Deus para com seus filhos: o povo e
os sacerdotes (amor esse declarado em 1,2-5). Ambos tm sido ingratos para com
esse amor. Os sacerdotes, por no oferecerem sacrifcios segundo a Lei e por
falharem no ensino da prpria Lei (cf. 1,6-2,9), e o povo, porque tem agido de
maneira imprpria nas questes familiares (cf. 2,10-16).
77
NICACCI, A., Poetic Syntax and Interpretation of Malachi, pp. 102-103.
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2.2.3.
A percope no contexto do livro
No que diz respeito ao estilo, h um esquema comum presente em Ml 1,6-
14 que vai aparecer tambm no conjunto do livro. Trata-se da introduo de um
dilogo fictcio entre YHWH e os ouvintes, que d lugar ao desenvolvimento dos
orculos. Esse dilogo sempre introduzido pelo qal wayyiqtol do verbo e
aparece em 1,2; 1,6f; 1,7b; 2,17; 3,7; 3,8.
A frmula do mensageiro perpassa todo o livro, aparecendo 13x (cf.
2,2.4.8.16[2x]; 3,1.5.7.11.12.17.19.21). Encontramos ainda 7x na percope a
expresso (cf. 1,6d.8e.9d.10d.11f.13d.14e) e 1x a mesma expresso
sem a designao (cf. 1,13h).
possvel encontrar em Ml 1,6-14 vocabulrio e temticas que aparecem
tambm em outras partes do livro:
- o tema da paternidade de YHWH atestado em 1,6a.6b e 2,10 ( );
- a disputa com os perpassa o primeiro e o segundo captulos de Malaquias
(cf. 1,6e; 2,1; 2,7);
- um termo chave da percope, o substantivo atestado em todo o livro: em ,
1,6 o termo aparece 2x ligado raiz verbal ; em 1,11 aparece 3x, sendo que 2x
est ligado ao adjetivo ; em 1,14; 2,5; 3,16.20 est ligado diretamente raiz
que pertence , atravs do termo em 2,2 est ligado indiretamente raiz ;
ao mesmo campo semntico;
- outro termo chave da percope, o substantivo atestado nos trs captulos
de Malaquias: 1,10e.11d.13e; 2,12.13; 3,3.4; em 1,10e.13e e em 2,12.13
atestado o aspecto negativo da ; em 1,11d e 3,3.4, por sua vez, atestado seu
aspecto positivo.
Pode-se perceber, ento, que, do ponto de vista do vocabulrio e das
temticas apresentadas, a percope de Ml 1,6-14 apresenta-se bem conectada com
o restante do livro, manifestando-se em harmonia com o todo do livro e no como
um texto isolado. Isso importante para a interpretao da percope como um
todo e, particularmente, do v. 11, cujo dissenso na interpretao parte, em alguns
autores, da considerao de que este mesmo versculo foi uma introduo tardia
no livro, como se poder ver nos captulos seguintes.
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