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2 Jornal da UFU Jornal da UFU 3

- Economia de recursos: a maioria dos softwares livres é gratuita e não há dependência de fornecedor;

- Compartilhamento do conhecimento: os códigos são abertos para serem melhorados por colaboradores;

- Maior segurança: os softwares livres são plena-mente auditáveis, diferentemente dos softwares pro-prietários, em que os dados ficam ocultos e na mão de terceiros.

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Maria Clara Tomaz MachadoDiretora de Comunicação Social

EXPEDIENTEISSN 2317-7683

O Jornal da UFU é uma publicação mensal da Diretoria de Comunicação Social (Dirco) da Uni-versidade Federal de Uberlândia (UFU).Av. João Aves de Ávila, 2121, Bloco 1S, Santa Mônica, 38.400-902, Uberlândia-MG. Telefone: 55 (34) 3239-4350. www.dirco.ufu.br | [email protected].

Diretora de ComunicaçãoMaria Clara Tomaz Machado

Coordenador de JornalismoFabiano Goulart

Coordenador de ConteúdoCairo Mohamad Ibrahim Katrib

Equipe de JornalismoDiélen Borges, Eliane Moreira, Frinéia Chaves, José Amaral Neto, Jussara Coelho, Marco Cavalcanti e Renata Neiva

EstagiáriosAna Luiza Honma, Aline Pires, Carlos Gabriel Ferreira, Daniela Malagoli, Júnior Barbosa,Isabela Lavor e Isley Borges

EditoraEliane Moreira (RP525/RN)

Projeto gráfico e diagramaçãoElisa Chueiri

RevisãoDiélen Borges eMaria Clara Tomaz Machado

FotografiaMilton Santos

ImpressãoImprensa Universitária - Gráfica UFU

Tiragem2000 exemplares

Docente colaboradorEduardo Macedo

Reitor: Elmiro Santos Resende | Vice-reitor:Eduardo Nunes Guimarães | Chefe de gabinete: José Antônio Gallo | Pró-reitora de Graduação: Marisa Lomônaco de Paula Naves | Pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis: Dalva Maria de Oliveira Silva | Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Marcelo Emílio Beletti | Pró-reitor de Planejamento e Administração: José Francisco Ribeiro | Pró-reitora de Recursos Humanos: Mar-lene Marins de Camargos Borges | Prefeito Uni-versitário: Reges Eduardo Franco Teodoro

UFU: rumo ao futuro, rumo à estatuinte

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Mais que gratuidade,o objetivo é a trocade conhecimentos

Leonardo Pereira Silva, aluno da UFU, é adepto dos softwares livres

A notícia alvissareira que o reitor Elmiro Santos Resende anunciou ao Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em 18 de julho de 2014, foi a elaboração de um novo Estatuto e Regimento para nossa instituição.

Todos nós sabemos que, especialmente no que diz respeito à educação, o país mudou. A car-tografia do ensino superior cobriu amplo território nacional. Lugares remotos, em quase todas as regiões, possuem hoje universidades federais criadas nos últimos 12 anos. Os campi avançados se estabeleceram em cidades do interior, o que permitiu ampliar enormemente o número de vagas do ensino superior, multiplicadas também pela criação dos Centros e Institutos Federais de Educação Tecnológica (Cefets e Ifets).

Na pauta dessas transformações ficam evidentes as novas oportunidades para o mercado de tra-balho no ensino superior. Jovens doutores vieram compor o quadro dos cursos recém-criados e da-queles mais antigos e tradicionais, que receberam, em todo esse processo, adrenalina para também se repensar.

Na esteira do programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) abriu--se a oportunidade para jovens carentes ingressarem no ensino superior; porém, tem sido necessário aporte financeiro para que permaneçam estudando. Daí as verbas para a assistência estudantil que, nem sempre, são suficientes: as bolsas moradia, alimentação, entre outras. Os projetos de pesquisa, ensino e extensão para os alunos iniciantes tomaram vulto, pois que a formação para a produção do conhecimento exige investimentos intelectual e financeiro. Os programas de pós-graduação no país, inclusive os profissionais, também se multiplicaram, permitindo a qualificação dos servidores federais e daqueles que desejarem, um dia, concorrer no mercado de trabalho formal com maior ca-pacidade formativa.

Dessa engrenagem, a UFU faz parte. Os novos cursos e os novos campi – Pontal, Monte Carmelo, Patos de Minas e Glória – encontram-se em construção, lidam com a contenção de recursos e apor-tes financeiros, mas caminham para se transformarem em realidade.

E é nesse cenário que as normas que deveriam nortear e dar suporte legal para todas essas mu-danças não nos respondem mais. O processo anunciado pelo reitor remete para o exercício de cida-dania que a UFU experimentou na década de 1990: a estatuinte. Todos os segmentos participaram ativamente, diversas foram as assembleias com debates acirrados, em busca da autonomia e demo-cracia na nossa instituição. O formato que conhecemos hoje, desenhado por unidades acadêmicas, conselhos representativos, órgãos administrativos, não resistiu aos tempos.

Por isso, o processo estatuinte que se inaugura agora, em 2014, é tão importante e vital para de-linearmos a UFU do futuro, que corresponda democraticamente aos anseios de nossa comunidade acadêmica. Vamos ficar atentos e participar! A construção do novo está em nossas mãos.

Softwares livres e a filosofia do

compartilhamentotexto e foto Diélen Borges

POR qUE USAR SOFTwARE LIVRE?

E POR qUE NãO USAR?

Liberdade para executar um sof-tware, estudar o seu funcionamento, adaptá-lo às próprias necessidades, redistribuir cópias, aperfeiçoar o programa e tornar públicas as me-lhorias para benefício de todos. Para além da gratuidade, a filosofia do sof-tware livre tem como base o compar-tilhamento de informações.

Não fez sentido? Nós explicamos. Os softwares são programas, proces-sos e instruções que comandam o fun-cionamento de um computador, como aqueles que você utiliza para escrever um texto, tocar uma música ou clarear uma foto. Alguns, chamados softwares pagos ou proprietários, foram compra-dos, junto com a sua máquina ou de-pois. Outros você baixou gratuitamente da internet. E há também a pirataria.

Aí você começa a escrever seu trabalho em casa, utilizando aquele software pago que todo mundo co-nhece, para depois terminar no labo-ratório da UFU. Ao abrir o arquivo, a surpresa: que programa esquisito, desconfigurou tudo! Provavelmente, você está no LibreOffice, um exem-plo de software livre.

“O software livre não é simples-mente gratuito. Na verdade, a filosofia é o compartilhamento do conhecimen-

to. Você engrandece o que já tem e cria coisas novas e melhores. Ninguém é dono dele, mas todos podem ser cor-responsáveis pelo seu desenvolvi-mento”, afirma Ricardo Ferreira de Carvalho, técnico de laboratório em editoração do curso de Jornalismo da UFU, que pesquisa políticas públicas e software livre no Mestrado em Edu-cação. No trabalho com diagramação e editoração, o técnico utiliza o sof-tware Scribus; para edição de imagens, o Gimp; e, para manipular imagens e desenhos vetoriais, o Inkscape – todos gratuitos.

Há softwares livres que disponibi-lizam o programa em si e outros que permitem o acesso ao código, explica o docente Flávio Oliveira, da Facul-dade de Computação da UFU. Mas

o que é código, professor? “Códi-gos são as instruções do software. O comportamento do programa deriva do código, que é a escrita do progra-ma, em diferentes linguagens de pro-gramação”, esclarece Oliveira.

Leonardo Pereira Silva, 18 anos, aluno do curso de Administração da UFU, conta que, há cerca de três anos, estava tentando atualizar o seu siste-ma operacional pago, quando leu um comentário na internet criticando a qualidade da marca famosa e sugerin-do que o Linux era melhor. “Eu decidi tentar uma coisa nova. Fui experi-mentando, aprendendo e estudando até aprender o que eu sei hoje”, relata.

Além de diferentes distribuições do sistema operacional Linux, o es-tudante utiliza o DrJava, para você

fazer códigos com a linguagem de programação Java; o IDE, da IntelliJ, também para fazer código em Java, mas um pouco mais avançados; o OpenGL, que é a livraria de jogos do Linux; o VLC Media Player, para exe-cutar arquivos de áudio e vídeo; e os navegadores de internet Mozilla Fi-refox e Google Chrome.

Em 2007, foi criado o portal do Software Público Brasileiro (SPB), regido pela Instrução Normativa n. 01, de 17 de janeiro de 2011, que dispõe sobre os procedimentos para desenvolvimento, disponibilização e uso. O portal SPB está disponível em www.softwarepublico.gov.br, um ambiente de compartilhamento de softwares com mais de 60 soluções voltadas para diversos setores.

- Aparência: há queixas de que os softwares livres são mais feios, complicados e não apresentam todas as funções de um softwa-re de mercado;

- Autoria: defensores dos softwares proprie-tários alegam que os softwares livres preju-dicam os direitos intelectuais dos criadores.

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texto Renata Neivafotos Marco Cavalcanti

Os desafios de criar disciplinas que tratam das relações etnicorraciais

UFU procura promover valorização e reconhecimento da diversidade

Combater o preconceito, o racis-mo e a discriminação. Promover a re-dução das desigualdades. Essas são as propostas das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obriga-tório, em todo o sistema de ensino do País, o estudo das temáticas afro-brasileira e indígena. O desafio da UFU é transformar a legislação em realidade. Em fevereiro deste ano, o Conselho de Graduação aprovou a resolução que estabelece a inclusão de conteúdos e atividades curricula-res concernentes à Educação das Re-

lações Etnicorraciais e às Histórias e Culturas Afro-Brasileira, Africana e Indígena nos projetos pedagógi-cos da educação básica, da educação profissional técnica de nível médio e da educação superior da instituição.

O passo seguinte partiu da Pró-Reitoria de Graduação, que nomeou a Comissão Especial de Assessora-mento e Apoio para o Desenvolvi-mento da Educação das Relações Etnicorraciais, presidida pela profes-sora Geovana Ferreira Melo, diretora de Ensino da universidade. O grupo tem 120 dias para apresentar ao Con-selho Universitário uma proposta de política institucional fundamentada no princípio da igualdade básica para orientar a comunidade acadêmica no combate a toda forma de preconceito e discriminação nos espaços da UFU.

Geovana Melo ressalta que a Lei 10.639 é um marco histórico, pois simboliza a síntese das lutas antirra-cistas no Brasil. Trata-se, portanto, de um ponto de partida para a re-

novação da qualidade social da edu-cação brasileira. Além disso, reforça a Lei 11.645/ 2008, que faz justiça à matriz indígena. “Os princípios que nos orientam vão ao encontro dos anseios de movimentos sociais que bravamente têm lutado para que es-sas questões sejam tratadas de for-ma justa e igualitária, principalmente nos ambientes escolares”, destaca.

Em 2004, o Conselho Nacional de Educação deu algumas sugestões de como seria a aplicação dos conte-údos. Nos cursos de Medicina, entre outras questões, poderia ser inclu-ído o estudo da anemia falciforme. Em Matemática, contribuições de raiz africana, identificadas e descri-tas pela Etno-Matemática. Em Filo-sofia, o estudo da filosofia tradicional africana e de contribuições de filóso-fos africanos e afrodescendentes da atualidade.

Na avaliação de Geovana, “é ne-cessário que haja sensibilidade para que os conteúdos de educação das re-

lações etnicorraciais sejam incluídos e desenvolvidos de fato nos currícu-los da universidade”. Para além do cumprimento do dever com a legisla-ção, Geovana afirma que a comissão de assessoramento é movida também pela crença de que a UFU deva se constituir em um espaço rico de ex-periências formativas pautadas pela ética, respeito e solidariedade.

DebatesEm julho, foi realizado na UFU o I

Seminário de Educação das Relações Etnicorraciais. O encontro reuniu 235 pessoas, entre professores, téc-nicos administrativos e estudantes. Segundo Geovana, os debates reafir-maram a necessidade de reconhecer a diversidade. “No entanto, reconhe-cimento requer a adoção de políticas educacionais e de estratégias pedagó-gicas de valorização da diversidade”, explica. Para a diretora de Ensino, o seminário foi um espaço rico de dis-cussões e troca de experiências.

cruzadasHistórias

Marco civil da internetNova legislação constitui critérios para o ambiente digital

texto Júnior Barbosa

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“Lei que estabelece princípios, ga-rantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil.” Este é o caput da Lei nº 12.965, de 23 abril de 2014, mais conhecida como o marco civil da internet.

A ideia do marco civil surgiu em 2009. Proposto pelo Ministério da Justiça, o anteprojeto foi discutido e recebeu contribuições de vários seg-mentos da sociedade. Em 2011, a Pre-sidência da República encaminhou o então projeto de lei à Câmara dos Deputados. Após vários adiamentos na votação, a lei foi aprovada no dia 25 de março de 2014. Fatos anterio-res fizeram o Governo pressionar a votação da legislação. Entre eles, os casos de espionagem da Agência Na-cional de Segurança (NSA) dos Esta-dos Unidos a chefes de Estado como a presidenta Dilma Rousseff e a chan-celer da Alemanha, Ângela Merkel, e também a empresas como a Petrobras e a internautas em todo o mundo.

O marco civil tem como objetivo a proteção do cidadão na rede mun-dial de computadores no Brasil. O professor da Faculdade de Direito

(Fadir) da UFU, João Victor Rozatti Longhi, esclarece que a legislação é baseada em três fundamentos prin-cipais: a liberdade de expressão, a privacidade do usuário e a neutrali-dade da rede. Para ele, a liberdade de expressão é um tópico que “dispen-sa maiores comentários”, mesmo que alguns especialistas discutam os seus limites. Sobre a privacidade na rede, o professor considera que ela “vai se revelar no marco civil, principalmen-te, com a proteção de dados pessoais e no estabelecimento de deveres aos provedores, como guardas de acesso a aplicações da rede e guarda de re-gistros de conexão da rede”.

Outro ponto é a chamada “neu-tralidade da rede”. A lei diz que, a partir de agora, os provedores de co-nexão à internet não poderão discri-minar os dados de navegação de seus usuários quanto ao “conteúdo pelo qual navegam, sua origem e destino, serviço, terminal ou aplicação”. Lon-ghi esclarece: “isso significa, na práti-ca, que a neutralidade preserva algo que é muito caro a nós usuários, que é a possibilidade de acessarmos qual-

quer informação sem termos que pa-gar nada a mais por isso”. O professor considera que “basicamente aqueles contrários à ideia de neutralidade que-riam transformar a internet em uma TV a cabo, em que você pagaria mais velocidade para acessar, por exemplo, o Youtube ou o Facebook e pagaria menos para acessar o seu e-mail”.

Apesar de diversos pontos da lei se proporem a proteger os usuários, exis-tem muitas contestações em relação ao marco civil. Críticas foram feitas sobre a redação da legislação e a con-tradições jurídicas que ela pode trazer. As oposições referentes à liberdade de expressão passam pela responsabi-lidade dos provedores em relação ao conteúdo publicado por terceiros.

A maioria das páginas de conteú-do conta com sistemas de notificações e denúncias sobre a inserção de teor considerado impróprio, que ofenda ou vá contra os direitos de cada pessoa. A nova lei diz que, a partir de agora, os provedores que fornecem os serviços de conexão não serão responsabiliza-dos civilmente por aquilo que outras pessoas divulgam na internet.

Já os provedores de aplicações de internet, a exemplo do Google e Fa-cebook, terão responsabilidade civil somente se, após ordem judicial, não retirarem o material da rede. Segun-do a lei, “quem quiser que o conteú-do seja retirado ou bloqueado tem que entrar com uma ação judicial. Isso pode parecer bom por um lado, mas não é muito bom, quando a gente pensa que só o Youtube recebe mais de seis mil notificações para a retirada de conteúdo por dia”, afirma Longhi.

Uma nova lei traz direitos aos ci-dadãos e a necessidade de estar atento aos novos deveres e responsabilida-des. As prerrogativas da lei têm como contexto um meio de convívio digital, onde convergem inúmeras pessoas com pensamentos diferentes. “O que eu sempre digo é que a internet não é um mundo à parte, a internet é uma parte do mundo. O que o marco civil deixou muito claro é que nós usuários temos que nos preocupar com o que nós fazemos na rede e com as conse-quências disso. E, em especial, à res-ponsabilidade civil e até criminal, se for o caso”, conclui o professor.

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No Brasil, os altos índices de aci-dentes nas estradas e nas cidades preocupam todos os setores da so-ciedade. Em especial, ocorrências relacionadas a motocicletas. Um dos motivos é o uso crescente deste meio de transporte pela população. Em 1970, as motos eram itens de baixa representatividade, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), encontra-

dos no Mapa da Violência 2013, dis-ponibilizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos (Ce-bela). Em um parque de 2,6 milhões de veículos, só havia 62.459 motoci-cletas registradas, o que correspon-de a 2,4% do total. No ano 2000, elas já representavam 13,6% do parque veicular. Em 2011, as motos corres-pondiam a 26,1% do total nacional registrado pelo órgão. E esses núme-

ros não param de crescer. De acor-do com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclo-motores, Motonetas, Bicicletas e Si-milares (Abraciclo), mantendo-se o ritmo atual, ainda nesta década, a produção e o registro de motoci-cletas ultrapassarão os índices de automóveis. Serão feitas, aproxima-damente, quatro milhões de novas unidades ao ano.

O Brasil assinou, em 2011, o docu-mento “A Década de Ação pelo Trân-sito Seguro 2011-2020”, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Nele, o governo brasileiro e os de outros países se comprometem a tomar medidas para a prevenção de acidentes no trânsito e para reduzir o número de óbitos em 50% durante o período. Em 2015, o Brasil sediará a II Conferência Mundial Ministerial Sobre Segurança Viária.

Em Uberlândia não é diferente. Preocupada com a atual situação, a assistente social Sandra Dalvi Quin-taes de Morais, lotada no Hospital das Clínicas de Uberlândia (HCU), da Universidade Federal de Uberlândia,

sistematizou e problematizou o tema em sua dissertação de mestrado “Aci-dentes de trânsito com motociclistas: um estudo social e participativo”.

Segundo a pesquisa, na cidade, entre anos de 2006 e 2010, foram registrados, no pronto-socorro do HCU, 9.034 acidentes de trânsito. Desses, 49,5% envolviam motoci-clistas. A maioria dos acidentados, de acordo com a dissertação, afir-ma ter adquirido a moto em subs-tituição ao transporte público, que, na avaliação dos entrevistados, é precário. Apesar dos sinistros, veri-ficou-se que 60% das vítimas ainda possuem motocicletas e que 20,4% as utilizam como meio de transpor-te para o trabalho.

Acidentes de trânsito represen-tam um problema também para a área da saúde. O número de interna-ções por essa causa no Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais au-menta a cada ano, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Entre janeiro e novembro de 2013 houve 21.305 internações. As vítimas mais frequentes são motociclistas e pedestres, a maioria do sexo mascu-lino. As ocorrências custaram para os cofres públicos, no ano passado, R$ 34,5 milhões.

Segundo o Corpo de Bombeiros de Uberlândia, os dados sobre aci-dentes com motocicletas tiveram quedas consideráveis após a inicia-tiva de prevenção iniciada em 2013 e acordada na primeira metodolo-gia de Integração da Gestão em Se-gurança Pública (Igesp), em que se priorizaram a redução e a preven-ção de acidentes com motociclistas. Porém, em comparação ao número de veículos automotivos que se en-volveram em ocorrências no mesmo período, há uma enorme discrepân-cia: em 2011 foram 3.321 casos com motocicletas; em contrapartida, houve 591 episódios envolvendo os demais veículos. Já em 2013 foram 3.167 acidentes com motos e 562 re-lacionados aos demais meios auto-

motivos, ou seja, houve uma queda de aproximadamente 4% de sinistro abrangendo motociclistas compran-do os anos.

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, no primeiro semes-tre deste ano, em Uberlândia, foram 1.594 acidentados com motos e 326 com os demais veículos. O Hospital das Clínicas registrou 484 entradas de pacientes feridos em ocorrências com motos.

Quem é o culpado?A dissertação de Sandra Morais

informa que 80% das vítimas condu-toras de motocicletas não obedecem às regras de trânsito. Dessas, 50% não respeitam o sinal de «pare» e 25% acham que é essencial que se tenha mais atenção no trânsito para evitar os acidentes. Dos condutores entre-vistados, 86,7% não conhecem ne-nhuma associação de motociclistas.

Thulio Azevedo, 18, mora no bair-ro São Jorge, em Uberlândia, e sofreu um acidente de trânsito há cerca de 30 dias no bairro Tibery, dois meses após obter a habilitação para condu-zir motocicletas. O rapaz, que nun-ca havia se acidentado antes, sofreu pequenas escoriações. Duas semanas após a ocorrência, ele estava guiando a moto novamente. “Foi somente o tempo de melhorar do acidente para voltar a pilotar”, conta. Azevedo afir-ma que não gosta do transporte pú-blico e utiliza a moto para conseguir se locomover de forma ágil na cida-de. “Sou prestador de serviço, preciso da moto para trabalhar como serra-lheiro, pois ela é mais rápida e econô-mica”, enfatiza.

Segundo a pesquisadora San-dra Morais, durante as entrevistas, as vítimas afirmavam não ter res-peitado as sinalizações de trânsito, principalmente, o sinal de “atenção” e a mudança súbita de direção, “que é quando o motociclista muda de faixa ou entra em uma rua sem ati-var a seta sinalizando o movimento”. Mas os condutores não são os únicos

culpados, na avaliação da assistente social. Para ela, é necessário inves-timento no transporte público no Brasil.

Como prevenirSandra Morais diz que é preciso

uma iniciativa integrada. O motoci-clista precisa respeitar a velocidade da via e as sinalizações. O governo deve investir mais em transporte pú-blico de massa, que proporcione co-modidade aos usuários e que seja mais ágil, como em outros países. Um exemplo de iniciativa conjun-ta são projetos de educação para o trânsito.

Outra ação nesse sentido foi a Lei 12.009, de 2009, em que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) pu-blicou a resolução que determina a obrigatoriedade de realização de cur-sos especializados para mototaxistas e motofretistas. O objetivo das au-las é treinar a categoria para redu-zir o número de acidentes com moto no país. Motociclistas de todo o Bra-sil terão até o final deste ano para se adequarem à nova norma.

Em Uberlândia, existe a inicia-tiva de Sandra Morais em conjunto com a Prefeitura Municipal, a UFU e o HCU, chamada “Mais Vida no Trânsito”, inspirada na “Vida no Trânsito”, que é implementada pelo Ministério da Saúde desde 2010. O projeto, que começou neste ano, acontece toda primeira quarta-fei-ra do mês, na portaria central do hospital, no horário de visitas a pa-cientes internados, das 14h às 20h. Durante o evento ocorrem a distri-buição de material informativo e palestras organizadas pelos bom-beiros, agentes de trânsito, servido-res da Gestão de Desenvolvimento Humano e da Câmara de Humani-zação do HCU e funcionários do Sindicato dos Corretores de Seguro (Sincor), abordando o tema Segu-ro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Ter-restre (Dpvat).

quando as motos

Seriam os motociclistas os vilões de sua própria história?

se tornam um perigo

texto Jussara Coelho

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texto Marco Cavalcantifoto Milton Santos

UFU regulamenta avaliação de docentesResolução define regras para progressão e promoção dos professores

A partir da Resolução 04/2014 do Conselho Diretor (Condir) da UFU, alguns professores já começam a ser avaliados para passarem à classe de titular, grau mais elevado na carrei-ra. A resolução regulamenta a Lei 12.772/12, que trata da estruturação do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal.

A normatização na UFU foi apro-vada em abril deste ano e estabelece critérios para o processo de avaliação, progressão, promoção e aceleração na carreira dos atuais 1.707 docentes da universidade. Desses, 133 são “as-

sociados IV” e, por isso, estão aptos a concorrerem à classe de professor titular. Outros 29 nessa mesma situa-ção aguardam o cumprimento do in-terstício de 24 meses neste nível para pleitear a promoção.

Conforme a legislação, cada insti-tuição deve, por meio de seus conse-lhos, regulamentar os procedimentos do processo de avaliação de desem-penho dos docentes. Esse processo é pré-requisito tanto para a passagem do servidor para o nível de venci-mento imediatamente superior den-tro de uma mesma classe (progressão

funcional) quanto para outra subse-quente (promoção).

“Usaram-se os parâmetros adota-dos nos processos de avaliação que se fazia. O que aconteceu de novo é que houve mudança no rol de atividades avaliadas”, comenta Marlene Marins, pró-reitora de recursos humanos da UFU, sobre a resolução.

Segundo Marins, além das ativi-dades de ensino, pesquisa e extensão, a avaliação – que deve ser feita pelo órgão deliberativo máximo da uni-dade acadêmica do professor – leva em conta também a atividade de ges-

tão. “O elenco de atividades a serem pontuadas já está, a priori, definido pela lei”, observa a pró-reitora. Para se chegar a professor titular, também faz parte da avaliação a aprovação de um memorial ou a defesa de uma tese inédita.

A presidente da Associação dos Docentes da UFU (Adufu), profes-sora Jorgetânia Ferreira, elogia o processo democrático e o trabalho realizado para a elaboração da reso-lução do Condir. No que se refere à Lei 12.772/12, no entanto, o que não faltam são críticas. “A lei federal de-sorganizou nossa carreira”, resume a sindicalista.

Dentre as divergências, ela cita a exigência de 75% de professores titu-lares de outras instituições na banca que avalia o memorial (ou tese) ne-cessário para a promoção. A avalia-ção feita por professores externos, segundo Jorgetânia Ferreira, fere a autonomia universitária, além de constranger os docentes que têm di-reito à promoção. “Eles fizeram con-curso público, foram avaliados pelos seus pares ao longo de toda a sua vida e agora está parecendo que têm que fazer novo concurso para acessar o último nível da carreira”, argumenta.

ReposicionamentoTambém foi aprovada pelo Con-

dir a criação de uma comissão com a atribuição de promover, analisar e dar parecer sobre o reposicionamen-to de docentes na carreira do magis-tério superior. O grupo vai rever o enquadramento de servidores não reposicionados entre 1990 e 2007, conforme orientações do Ministério da Educação. São cerca de 300 pro-fessores não reenquadrados, entre ativos e aposentados.

Como explica Marlene Marins, terão direito aqueles que não tiveram progressão naquele período, do nível IV de uma classe para a subsequen-te, por não terem titulação. A comis-são vai analisar cada caso, definindo quais seriam os procedimentos para o reenquadramento e acompanhar a execução desse processo pela Pró--reitoria de Recursos Humanos (Proreh).

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Curupira, Mula sem Cabeça, Boi-tatá, Boto Cor-de-rosa e Saci Pererê são alguns personagens que povoam o imaginário brasileiro e alimentam com narrativas criativas a cultura po-pular. Esse universo é recheado por cantigas de roda, danças típicas, cos-tumes, crenças e lendas que fazem o nosso país mais rico, no que concer-ne às práticas culturais populares.

Essas manifestações ressoam de norte a sul e são recriadas levando-se em consideração as especificidades de cada lugar. Contudo, sua essência é mantida, até mesmo para continu-ar existindo. Quem, quando criança, não brincou de roda ou trava-língua e ouviu histórias com os personagens do folclore brasileiro? Ou também, quando adulto, não recorreu a sim-patias, apegou-se a amuletos e evi-tou passar embaixo de escadas? Esse conjunto de práticas culturais pre-sentifica a pluralidade da identidade brasileira.

O termo  folk-lore  foi criado pelo inglês William John Thoms, que nas-ceu em 1803. Em 22 de agosto de 1846, Thoms utilizou a palavra pela primeira vez, num artigo publicado na revista The Athenaeum, de Lon-dres. Nesse texto, ele propôs o uso do conceito como expressão técnica apropriada ao estudo das lendas, tra-dições e da literatura popular asso-ciada à ideia de “sabedoria do povo”.

No Brasil, o dia 22 de agosto foi es-colhido para se comemorar toda essa gama de saberes e práticas do univer-so da Cultura Popular. A data foi refe-rendada como o Dia do Folclore, em 1965, por meio do Decreto Federal nº 56.747/65. O documento foi baseado na Carta do Folclore Brasileiro, elabo-rada e aprovada durante o I Congres-so Brasileiro de Folclore, em 1951.

Atualmente, o folclore, entendi-do na dinâmica de cultura popular, é relido como uma prática plural que se reinventa a cada ano. Referenda os modos, os hábitos e os costumes de nós brasileiros, evidencia que a nossa própria identidade cultural é híbrida e reforça os nossos vínculos afro-luso-brasileiros.

Folclore: que história é essa?

A obra Um álbum para o Im-perador: a Comissão Científi-ca do Pacífico e o Brasil retra-ta a história de um presente dado por um grupo de viajan-tes e cientistas espanhóis a D. Pedro II, materializando a simpatia entre dois impérios. O álbum conta uma história particular, mas também uma

multiplicidade de histórias: da ciência e da arte; de indivíduos modernos e de tantos outros que enquadraram seus olhares em fotografias, histórias ou poesias. Ele remete a viagens e via-jantes que registraram e se deixaram registrar pelas aventuras fotográficas da modernidade. É um estudo sobre ideias, saberes e artefatos mobilizados pela ciência e pelas nações; sobre pai-sagens e formas de observar e sentir o trópico brasileiro. Enfim, é um álbum com fotografias e miradas históricas que remetem a tempos passados, revelando o desejo de registrar imagens e mesclando-se em seu profundo índice de posteridade.

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UM ÁLBUM PARA O IMPERADOR Janaina Zito Losada, Miguel Ángel Puig-Samper,Heloisa Maria Bertol Domingues

ALBERT CAMUS: UM PENSADOREM TEMPOS SOMBRIOSGeorgia Cristina Amitrano

Consagrado sobretudo como literato, Al-bert Camus elabora, ao longo de ensaios, artigos, romances, novelas e peças tea-trais, um pensamento característico que possui como critério mais fundamental o resgate da negação como tensão e como ponto de partida de uma existência ética humana. Em outras palavras, sua filoso-fia trata da condição humana que, sem sentido prévio, possui seu sentido direta-mente ligado ao concedido pelo próprio homem. Nessa tentativa de resgate do

homem com ele mesmo, Camus analisa e estabelece limites a várias e distintas situações opressivas nas quais o indivíduo constantemente se encontra inserido. Como aludido pelo Comitê do Nobel em 1957, Camus é um pensador cuja obra “põe em relevo os problemas que se colocam em nossos dias à consciên-cia dos homens”.

Livrarias no 3Q (Santa Mônica) e Centro de Convivência (Umuarama)Veja em nosso site livros disponíveis para downloads gra-tuitos e livros disponíveis para consulta online.

www.edufu.ufu.brPara chegar ao último nível da carreira, o docente tem que elaborar um memorial ou defender uma tese

texto Cairo Katribilustração Carlos Gabriel

Ferreira

10 Jornal da UFU Jornal da UFU 11

SA

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No dia 24 de maio deste ano, 13 médicos chegaram a Uberlândia para trabalhar na atenção básica da rede pública de saúde no município e sua região de entorno, como parte das ações do Programa Mais Médi-cos, instituído pelo Governo Fede-ral por intermédio da Lei 12.871, de 22 de outubro de 2013. Responsáveis pela coordenação dos profissionais do programa na região, professoras e professores da Faculdade de Medici-na (Famed) da UFU, juntamente com profissionais vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, atuam como su-pervisores e tutores dos 12 médicos cubanos e de um brasileiro, contra-tados pelo Ministério da Saúde, para atuarem na região.

“O Programa Mais Médicos fun-damenta-se em dois pilares básicos”, explica o reitor da UFU, Elmiro San-tos Resende. “Primeiro, o município, detectando carência de médicos em sua rede de atenção básica, candida-ta-se junto ao Ministério da Saúde para receber médicos. E, segundo, as universidades aderem ao progra-ma com a finalidade de desenvolver esforços para aumentar a formação e dar condições de sustentabilidade para esses profissionais que, even-tualmente, chegam aos municípios, incluindo orientações, treinamento, acompanhamento de médio e lon-go prazos do que está ocorrendo na rede e interação com os Ministérios da Educação e da Saúde, propondo

modificações e ajustes necessários”, explica Resende.

Ainda de acordo com o reitor, embora Uberlândia tenha recebido 13 médicos do programa, o municí-pio não apresenta grande deficiên-cia de médicos na atenção básica, em comparação com outras cidades bra-sileiras. Dados do Ministério da Saú-de revelam que o Brasil possui 1,8 médico por mil habitantes. Esse ín-dice é menor do que em outros paí-ses, como a Argentina (3,2), Uruguai (3,7), Portugal (3,9)  e Espanha (4). Além da carência dos profissionais, o Brasil sofre com uma distribuição de-sigual de médicos nas regiões. “Nós moramos em uma região privilegiada e temos uma relação de médicos por

mil habitantes até satisfatória em comparação com regiões longínquas, fronteiriças, como na fronteira com Bolívia, Colômbia, e outras regi-ões, que têm uma relação médico/paciente por mil habitantes abaixo de 1. No entanto, a distribuição des-ses médicos para pequenas cidades e na atenção primária à saúde não se faz a contento. É por esse motivo que os municípios aderem ao Pro-grama Mais Médicos, dentro da ló-gica da atenção médica programada para cada município», complementa Resende.

O programa na UFU A Famed/UFU aderiu ao Progra-

ma Mais Médicos e ao Programa de Expansão dos Cursos de Medicina nas Universidades Federais do Brasil – este, desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministé-rio da Educação, que prevê a abertura de 11,5 mil vagas nos cursos de Me-dicina no país até 2017 e 12 mil va-gas para formação de especialistas até 2020. Com isso, a faculdade pretende garantir a infraestrutura física, ma-terial e humana e realizar as adequa-ções curriculares de forma a garantir o cumprimento do compromisso so-cial do atendimento à saúde básica à população, no curto prazo, e ampliar a formação de médicos para o aten-dimento em médio e longo prazos, com recursos financeiros e vagas para docentes e técnicos administra-tivos que serão disponibilizados por meio da adesão aos programas.

Para executar o projeto de rees-truturação da Famed, a UFU rece-berá em torno de R$ 9 milhões do Ministério da Saúde, que serão libe-rados após a entrega e aprovação do pré-projeto de readequação, que está sendo elaborado por uma comissão instituída pela direção da Famed, e definirá as demandas e prioridades da faculdade para construção da in-fraestrutura. O aumento do núme-ro de alunos no curso de Medicina, que hoje disponibiliza 40 vagas se-mestrais e forma 80 novos médicos anualmente, ocorrerá de forma es-calonada – com 20 vagas a mais em 2015 e outras 20 no ano seguinte – to-talizando 120 vagas anuais em 2016. Para realizar esse trabalho estão pre-

vistas e aprovadas por resolução do Conselho de Graduação (Congrad), em 2013, a liberação de mais 27 va-gas para docentes e 20 para técnicos administrativos.

Projeto pedagógicoA reforma curricular do curso de

Medicina da UFU resulta de mais de 13 anos de estudos e planejamento que culminaram em um novo Projeto Pedagógico aprovado pelo Congrad no final de 2012. “A matriz curricu-lar do curso de Medicina da UFU, embora atenda ao disposto na Lei do Mais Médicos, resulta de discus-sões anteriores ao programa e ante-cipa novidades implementadas pelas novas diretrizes curriculares para os cursos de Medicina do país, homo-logadas pelo Conselho Nacional de Educação em 23 de junho passado. A inserção do aluno de Medicina no sistema de atenção primária à saúde, desde o início até o final do curso, é um ponto que deve ser destacado”, afirma a coordenadora da gradua-ção em Medicina da UFU, Alessan-dra Carla Ribeiro. Com a resolução, o estágio obrigatório dos estudantes passa a ser realizado na atenção bá-sica e no serviço de urgência e emer-gência do Sistema Único de Saúde (SUS), onde também deve ser cursa-da pelo menos 30% da carga horária do internato, cuja duração mínima é de dois anos.

“Além disso, está em discussão na-cional a avaliação, a cada dois anos, dos cursos de Medicina proposta pe-las diretrizes, incluindo avaliação de habilidades clínicas. Também se dis-cute a reformulação dos programas de residência, prevista na Lei do Mais Médicos, que define que, a partir de 2018, a oferta de vagas para residên-cia médica deve ser igual ou maior que o número de egressos dos cur-sos de Medicina”, complementa a co-ordenadora. A expectativa divulgada pelo governo é a de que, até o ano de 2017, sejam abertas 11.447 vagas em cursos de Medicina, sendo 3.615 em universidades federais e 7.832 em particulares. Na residência, deverão ser ofertados 12.372 novos postos no mesmo período, com o objetivo de atender à demanda hoje existente nessa etapa da formação médica.

Teste do progressoUma vez por ano, os alunos do

curso de Medicina da UFU e de ou-tras instituições integrantes do Teste do Progresso do Consórcio Mineiro de Escolas Médicas (TepMinas) rea-lizam o teste que deve revelar como o curso está caminhando em relação aos de outras escolas médicas. O exa-me começou a ser aplicado na UFU em 2013 e a prova aconteceu simulta-neamente nas escolas de medicina da

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Faculdade de Ciências Médi-cas e da Saúde de Juiz de Fora (Supre-ma) e da Famed/UFU, que teve 95% de participação dos futuros médicos. O próximo será no dia 8 de outubro deste ano.

Alessandra Carla Ribeiro: UFU antecipa o disposto na

Lei do Mais Médicos

texto Fabiano Goulartfotos Milton Santos e

Fabiano Goulart

Famed/UFU e o Mais MédicosAdesão ao programa garante recursos e impulsiona formação para atenção básica

Bloco 2H no Campus Umuarama dará lugar ao novo prédio da Famed/UFU

Conheça o Projeto Pedagógico do Curso de Medicina da UFU:http://goo.gl/KexEHt

PAÍSES MÉDICO(S) POR 1000 HABITANTES

Peru 0,9

Chile 1

Paraguai 1,1

Bolívia 1,2

Colômbia 1,4

Equador 1,7

Brasil 1,8

Venezuela 1,9

México 2

Canadá 2

EUA 2,4

Reino Unido 2,7

Austrália 3

Argentina 3,2

Itália 3,5

Alemanha 3,6

Uruguai 3,7

Portugal 3,9

Espanha 4

Cuba 6,7

12 Jornal da UFU

texto José Amaral Neto foto Milton Santos

DIO

O Brasil e o mundo em13 tons de jazzMuitos são os momentos na vida

conduzidos pelo som. Talvez seja por isso que, poeticamente, a luz nunca o preceda. O som da voz de uma mãe presente, de um amigo que canta, de uma amiga que poetiza, ou o som do si-lêncio, de viver. Os sons do universo são todos os grilos que se possa conseguir ouvir... Ou cigarras. Ainda existem?

É nessa velocidade sônica que a vida conduz cada indivíduo, jovem poucas horas atrás, já idoso neste momento. As páginas vão ficando amarelas não pela ação do tempo, mas pela velocidade nas histórias im-pactadas em letras marcadas, antes no chumbo, e num instante, offset.

Essa brevidade da bruma forma-da pelo som que passa fez, em oito anos, o que 40 anos não conseguiram fazer na vida de um dos mais emble-máticos jazzistas: John Coltrane. Um saxtenorista cultuado, nascido na Carolina do Norte, na cidade de Ha-mlet, em 1926, nos Estados Unidos. Sua carreira começou em big bands, após a Segunda Guerra. De 1955 a 1960, foi integrante do lendário quin-teto/sexteto de Miles Davis, partici-

pando de discos memoráveis como Cookin’, Relaxin’, Steamin’, Workin’, Milestones e Kind of Blue.

No estilo absolutamente próprio de Coltrane evoluíram as chamadas sheets of sound (folhas ou camadas de som), compostas de longas frases e notas rá-pidas, tocadas em legato. O seu traba-lho jazzístico encontra a sublimação eterna naquela que os fãs, críticos e en-tusiastas da boa música consideram a sua obra prima: a antológica suíte em quatro movimentos A Love Supreme.

Coltrane é, por assim dizer, o en-canto que fez de Ronaldo Albenzio o expert que é sobre a história do jazz e das leituras musicais que permeiam a sua expertise. Esse conhecimento trouxe para as ondas do rádio o pro-grama Jazz by Jazz. O dial é o da Rá-dio Universitária FM 107,5 da UFU, desde julho de 2001. São 13 anos de muita música. Sim, música: jazz.

Ronaldo Albenzio é referência nacional desde 2004, conforme o conceito aplicado anualmente pelo Clube de Jazz de Belo Horizonte (MG). O seu programa Jazz by Jazz está entre os 10 melhores do Brasil, desde então. O que nasceu de um gostoso sabor de tarde, nos anos dou-rados, na casa de um amigo na mara-vilhosa cidade do Rio de Janeiro, ao experimentar uma vitrola nova im-portada e os LPs internacionais, re-cém-chegados dos Estados Unidos, tem feito imortal o poder criativo de Albenzio, com o seu Jazz by Jazz.

Internacional. Sim, o Jazz by Jazz leva o nome da UFU para o mundo. O site Republic Of Jazz (www.republi-cofjazz.blogspot.com), da Espanha, disponibiliza, em sua página princi-pal, o link da Universitária FM 107,5 com o programa. E nele há, ainda, um arquivo em que a consulta de ou-

tras edições pode ser feita. É como destaca Ronaldo Albenzio: “faço um programa com o objetivo de divulgar o músico e a música jazzística em to-das as suas fases e vertentes, inclusive os músicos e intérpretes brasileiros” .

Sobre Coltrane, escreve o crítico André Francis: “Não poucos medí-ocres julgaram poder imitar Coltra-ne. Ora, tocar como ele exige uma fé enorme. Coltrane era puro, generoso, gostava do mundo; seu rosto espe-lhava calma e franca formosura. Os que o imitam não passam de aprovei-tadores. (...) Em tudo a vida de John Coltrane é exemplar. Nenhum escân-dalo, nenhuma fraqueza, quase ne-nhuma anedota frívola: música, isso sim, acima de tudo. (...) Muitos há que tocam e agem como ele (...) Mas falta-lhes a mesma fé.”

Ronaldo Albenzio tem, como ído-lo do Jazz, John Coltrane.