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Contribuições da psicanálise ao Ensino de Ciências Introdução ao imaginário, simbólico e real Sergio de Mello Arruda [email protected] [email protected]

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2 FIS 151 – 2008

Contribuições da psicanálise ao Ensino de Ciências

Introdução ao imaginário, simbólico e real

Sergio de Mello Arruda

[email protected]

[email protected]

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Elefantes – Lacan, S1, p. 206

A palavra ou o conceito não é outra coisa para o ser humano do que a palavra na sua materialidade. É a coisa mesma. Isso não é simplesmente uma sombra, um sopro, uma ilusão virtual da coisa, é a coisa mesma.

Reflitam um instantinho sobre o real. É porque a palavra elefante existe na sua língua, e porque o elefante entra assim nas suas deliberações, que os homens puderam tomar em relação aos elefantes, antes mesmo, de tocá-los, resoluções muito mais decisivas para esses paquidermes do que o que quer que lhes tenha acontecido na sua história — a travessia de um rio ou a esterilização natural de uma floresta. Só com •a palavra elefante e a maneira pela qual os homens a usam, acontecem, aos elefantes, coisas, favoráveis ou desfavoráveis, fastas ou nefastas — de qualquer maneira, catastróficas — antes mesmo que se tenha começado a levantar em direção a eles um arco ou um fuzil.

Aliás, é claro, basta que eu fale deles, não há necessidade de que estejám aqui, para que estejam aqui, graças à palavra elefante, e mais reais do que os indivíduos — elefantes contingentes.

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Professor – Lacan, S1, p. 206

Reflitam um instantinho sobre o real. É porque a palavra professor existe na sua língua, e porque o professor entra assim nas suas deliberações, que os homens puderam tomar em relação aos professores, antes mesmo, de tocá-los, resoluções muito mais decisivas para esses sujeitos do que o que quer que lhes tenha acontecido na sua história — a travessia de seu curso ou a falta de interesse dos alunos. Só com •a palavra professor e a maneira pela qual os homens a usam, acontecem, aos professor , coisas, favoráveis ou desfavoráveis, fastas ou nefastas — de qualquer maneira, catastróficas — antes mesmo que se tenha começado a levantar em direção a eles um arco ou um fuzil.

Aliás, é claro, basta que eu fale deles, não há necessidade de que estejám aqui, para que estejam aqui, graças à palavra professor , e mais reais do que os indivíduos — professor contingentes.

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Os cinco primeiros seminários de Lacan

S1 – Os escritos técnicos de Freud (1953-1954) S2 – O eu na teoria de Freud e na técnica da

psicanálise (1954-1955) S3 – As psicoses (1955-1956) S4 – A relação de objeto (1956-1957) S5 – As formações do inconsciente (1957-1958)

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Imaginário, Simbólico e RealS1 – p. 89

Sem esses três sistemas de referências, não é possível compreender a técnica e a experiência freudianas. Muitas dificuldades se justificam e se esclarecem quando para aí se trazem essas distinções.

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Imaginário, Simbólico e RealS3 – p. 17

A experiência freudiana não é de forma alguma pré-conceitual. Não é uma experiência pura. É uma experiência realmente estruturada por algo de artificial que é a relação analítica, tal como é constituída pela confissão que o sujeito vem fazer ao médico, e pelo que o médico dela faz. É a partir desse modo operatório primeiro que tudo se elabora.

Através desse lembrete, vocês já devem ter reconhecido as três ordens sobre as quais repiso para vocês o quanto elas são necessárias a fim de compreender o que quer que seja da experiência analítica — a saber: o simbólico, o imaginário e o real.

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Seminário 1S5 – p. 12,13

O primeiro ano de meu seminário, dedicado aos escritos técnicos de Freud, consistiu essencialmente em apresentá-los à noção da função do simbólico como a única capaz de dar conta do que podemos chamar de determinação no plano do sentido [détermination dans le sens], na medida em que essa é a realidade fundamental da experiência freudiana. Não sendo esta determinação no sentido outra coisa, naquela ocasião, senão uma definição da razão, recordo-lhes que essa razão se encontra no próprio princípio da possibilidade da psicanálise. É justamente porque alguma coisa foi atada a alguma coisa semelhante à fala que o discurso pode desatá-la.

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O Seminário 2S5 – p. 13

O segundo seminário valorizou o fator da insistência repetitiva como oriunda do inconsciente. Identificamos sua consistência na estrutura de uma cadeia significante; foi o que tentei fazê-los vislumbrar, ao lhes dar um modelo sob a forma da chamada sintaxe dos .

Atualmente vocês têm, em meu artigo sobre A carta roubada, uma exposição escrita que constitui um resumo sucinto dessa sintaxe.

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O Seminário 3S5 – p. 14,15

No terceiro ano de meu seminário, falamos da psicose como fundamentada numa carência significante primordial. Creio, não obstante, que o seminário sobre a psicose lhes permitiu compreender, se não o fundamento último pelo menos o mecanismo essencial da redução do Outro, do grande Outro, do Outro como sede da fala, ao outro imaginário. É uma suplência do simbólico pelo imaginário.

Com isso, vocês apreenderam como podemos conceber o efeito de total estranheza do real que se produz nos momentos de ruptura desse diálogo do delírio que é o único pelo qual o psicótico pode sustentar em si o que chamaremos de uma certa intransitividade do sujeito. A nós a coisa parece muito natural. Penso, logo existo, dizemos intransitivamente. Com certeza, é essa a dificuldade para o psicótico, precisamente em razão da redução da duplicidade do Outro com maiúscula e do outro com minúscula, do Outro como sede da fala e garantia da verdade, e do outro dual, que é aquele diante de quem o sujeito se encontra corno sendo sua própria imagem. O desaparecimento dessa dualidade é justamente o que causa ao psicótico tantas dificuldades de se manter num real humano, isto é, num real simbólico.

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O Seminário 4S5 – p. 16

Do mesmo modo, no quarto ano de seminário, eu quis mostrar-lhes que não existe objeto a não ser metonímico, sendo o objeto do desejo objeto do desejo do Outro, e sendo o desejo sempre um desejo de Outra coisa — muito precisamente, daquilo que falta, a, o objeto perdido primordialmente, na medida em que Freud mostra-o sempre por ser reencontrado.

Da mesma forma, não existe sentido senão metafórico, só surgindo o sentido da substituição de um significante por outro significante na cadeia simbólica.

É isso que é conotado no trabalho de que lhes falei há pouco e ao qual os convidei a se referirem, “A instância da letra no inconsciente”.

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O Seminário 5S5 – p. 11

Tomamos este ano por tema do nosso seminário as formações do inconsciente.

Aqueles dentre vocês, e creio que são a maioria, que estiveram aqui ontem à noite em nossa sessão científica, já estão afinados e sabem que as questões que levantaremos aqui dizem respeito, desta vez de maneira direta, à função, no inconsciente, daquilo que ao longo dos anos anteriores elaboramos como sendo o significante.

Alguns de vocês expresso-me assim porque minhas ambições são modestas — terão lido, espero, o artigo que publiquei no terceiro número da revista La Psychanalyse, com o título “A instância da letra no inconsciente” . Os que tiverem tido essa coragem estarão em boas condições, ou em melhor situação do que os outros, para acompanhar aquilo de que se tratará.