Universidade Lusófona de Humanidades e TecnologiasFaculdade de Direito

Curso: Direito Disciplina: Direito Comercial I

4º Ano Turma Pós-Laboral

Exame de 1ª Época 2014/2015

15 de Janeiro de 2015

I(9 Valores)

Das hipóteses abaixo apresentadas, qualifique adequadamente os actos quanto à sua comercialidade (utilize todas as classificações que aprendeu) bem como os sujeitos como sendo ou não comerciantes:

1- Bruno, magistrado de um Tribunal em Lisboa e a solicitação desta instituição, adquire em Fevereiro de 2014, vários computadores à empresa “Tecnologia Informática, Lda” para distribuir pelos seus assessores. Devido à oportunidade de negócio, decide ainda adquirir mais alguns computadores para revender a alguns conhecidos e um dele para oferecer ao seu filho, tendo para estas duas últimas aquisições, contraido um empréstimo perante Matias, seu colega de profissão.

R: Tópicos a reter:“Adquire vários computadores” – Compra e venda- 874º Código Civil, significa que alguém recebeu um determinado bem e entregou um preço e essa recepçao foi definitiva por isso é uma aquisição.Acto comercial – 463º - Porque é que o acto é de comércio? – Artigo nº1 Código Comercial diz-nos se o acto é de comércio ou não – Neste caso o acto é de comércio. Artigo 2º - Temos de identificar se o acto é objectivo ou subjectivo- 1ª parte – Não é objectivo porque o Bruno não comprou para vender nem para alugar, por isso não cai na primeira parte.

É um acto de comércio subjectivo? – 2ª parte.1. Ser comerciante

Requisitos exigíveis: 1) ter personalidade jurídica –artigo 3º código comercial / artigo 66º código civil – verfica-se

2) ter capacidade para praticar actos de comércio – artigo 7º código comercial - Subrequisitos: 1) Ter capacidade civil : Gozo (Artigo 67º)/ Exercício (artigo 130º CC) 2) Liberdade para comerciar artigo 14º Código comercial

3) Fazer do comércio profissão: 13º , nº 1. Têm de se verificar cumulativamente, ou seja todos os requisitos. Praticar atos de comércio principais – Neste caso não se verifica O ato de comércio tem de ser continuado relacionado com a procura),

habitual – Não se verifica Praticar a atividade mercantil com finalidade lucrativa – não tem de ser a

atividade principal – neste caso não se verifica Desenvolve atividade em nome próprio – Falha Tem de ter uma empresa (organização) – Falha

-Neste caso o Bruno não é comerciante porque não se verificam todos os requisitos cumulativamente.

[Magistrados, políticos, funcionários públicos, não podem ser comerciantes – Impedimento absoluto.Impedimento relativo- quando eu poderei comerciar em vários ramos do comercio mas não posso em alguns. Ex: concorrência.]

2. Não ser de natureza exclusivamente civil

3. Ser do contrário do próprio ato (estar relacionado com a actualidade comercial do comerciante )

O acto por ele praticado não melhora a actividade dele porque ele não é comerciante. Relativamente à empresa de tecnologia é um acto de comércio. A empresa pode ter comprado os materiais em bruto e ter transformado ou pode simplesmente ter comprado para revenda 230º nº1/ 2. Neste caso cai no 463º, porque a empresa comprou o bem para revender. A empresa é comerciante, porque se designa por sociedade comercial, admite-se como comerciante segundo o 13º nº2 codigo comercial.

Parte II Resolução:Estamos novamente perante um acto de compra e venda, este acto é um acto objectivo (2º, nº2) porque ele compra com intenção de revender, caracteriza-se por ser um acto ocasional, sendo objectivo porque é irrelevante para o direito comercial o bruno ser comerciante ou não (artigo 1º), a actividade em si, a compra para revenda é sempre um acto de comércio porque tem intenção de lucro.

Relativamente ao computador para oferecer ao filho, não cai no 463º/464º porque não é para vender ou para alugar, não tem intenção de lucro, não é portanto uma compra não mercantil.

Parte III Resolução:Tanto para a aquisição para venda aos amigos, como para a aquisição para oferta ao filho pede um empréstimo ao Matias. Neste caso estamos a falar do mútuo artigo 1142º, onde o que se verificou aqui foi a entrega temporária por matias de um valor pecuniário ao bruno que mais tarde lhe será restituído. Não é um empréstimo bancário, por isso recorremos ao 394º código comercial.Para ser um acto mercantil terá de estar relacionado com um acto de comércio e está visto que se destina a revenda.Aquele empréstimo também serviu para oferecer o computador, não cai no394º porque não esta relacionado com acto mercantil.

2- A produtora musical “Canções e Cantigas, S.A.” desenvolve espectáculos musicais e vende artigos provenientes dos seus artistas, decidindo no mês de Dezembro de 2014, realizar um concerto solidário, cuja receita reverterá para um hospital público e organizar um outro concerto gratuitamente num hospital privado. Nesta última entidade, várias empresas ofereceram os seus produtos para os espectadores experimentarem. Mafalda Vegas, uma das cantoras e proprietária de um bar de praia em Cascais, aproveita para o divulgar no fim da sua actuação enquanto Anselmo Angola, outro dos cantores, promove uma nova música, desenvolvida no seu estúdio particular.

Resolução: A “Canções e Cantigas, S.A.” é comerciante porque é uma sociedade anónima – 13º, nº 2. As actividades da produtora passam pela industria, no que respeita a transformação dos cantores, produção do espetáculo, exploração do espetáculo publico. – São actos de comércio objectivos, regulados no código. Existe uma compra e venda mercantil – 461º Nesta situação estamos a falar dum concerto solidário, fala-se então duma doação, que não é um acto de comercio objectivo porque não esta regulada no código. 940º código civil.

É um acto de comercio subjectivo? simEsta doação não é uma doação gratuita tem como finalidade o mediatismo.

A Mafalda Vegas é comerciante porque se verificam todos os requisitos necessários no que respeita ao bar de praia. Como cantora, pode optar por ser comerciante ou não.

Com o Anselmo verifica-se a mesma coisa. Quanto à oferta dos produtos que os espectadores oferecem

II(3 Valores)

Comente, justificando adequadamente:

“A definição de comércio abrange várias características essenciais e por isso, não se pode confundir com outras actividades”.

III(8 valores)

Fábio, casado com Jéssica no regime de comunhão de adquiridos, adquire em 2012 por trespasse através de compra e venda, um restaurante. Em 2013, devido ao desgaste matrimonial, decidem separar-se, ficando Jéssica com a tutela da filha Mónica, enquanto não se concretiza o respectivo divórcio, convencionando-se que Fábio continuará a suportar a aquisição de certos bens de primeira necessidade em benefício da filha, tal como produtos de alimentação e vestuário, tendo Fábio nesse mesmo ano, devido às boas relações mantidas, oferecido a Jéssica no seu aniversário, um conjunto de louça e um faqueiro. Já em 2014, por motivos financeiros, cessa o pagamento das prestações respectivas.

a) Diga quem responde, e em que termos, pela dívida decorrente da aquisição por trespasse do estabelecimento?

b) Quais as características que definem um trespasse? Dê exemplos.