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1 RELATÓRIO DE CONSTATAÇÃO Resposta à solicitação da 39ª Promotoria de Justiça de Goiânia realizada pelo Ofício nº 085/2016 1- DO PROCESSO E OBJETIVOS Atendendo a solicitação do Ofício nº 085/2016 da 39ª Promotoria de Justiça de Goiânia, o CAU/GO efetuou a visita técnica na Avenida 2ª Radial, no trecho compreendido entre o Terminal Isidória e a BR-153, dia 29 de abril de 2016, às 9:00 horas, com o objetivo de constatar as condições de acessibilidade do local após a obra do canteiro central da referida avenida. 2- CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO A Avenida 2ª Radial inicia na Praça Isidória de A. Barbosa, ou, comumente conhecida como Praça do Terminal Isidória, Setor Pedro Ludovico e estende-se até a Av. Engenheiro Eurico Viana. A partir deste cruzamento, a avenida ganha o nome de Rua Recife até o encontro com a Rodovia Transbrasiliana (ou BR-153). O Plano Diretor de Goiânia classifica a Avenida 2ª Radial como via expressa de terceira categoria e a considera como um dos “corredores preferenciais a serem implantados ou articulados com corredores metropolitanos e integrantes da rede estrutural de transporte coletivo.”. Em maio de 2015, a prefeitura municipal, através da Secretaria Municipal de Obras (Semob) e a pedido da Superintendência Municipal de Trânsito (SMT), iniciou obra de retirada das rotatórias IMAGEM 01 – Mapa da área analisada Fonte: Google Earth 02/05/16 TERMINAL ISIDÓRIA TERMINAL ISIDÓRIA

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Page 1: 2- CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO · 2016-10-10 · Praça Terminal Isidória (Imagem 04). No sentido Terminal - BR-153 há rebaixo na calçada, porém, fora da norma NBR 9050

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RELATÓRIO DE CONSTATAÇÃO

Resposta à solicitação da 39ª Promotoria de Justiça de Goiânia realizada pelo Ofício nº

085/2016

1- DO PROCESSO E OBJETIVOS

Atendendo a solicitação do Ofício nº 085/2016 da 39ª Promotoria de Justiça de Goiânia, o

CAU/GO efetuou a visita técnica na Avenida 2ª Radial, no trecho compreendido entre o Terminal

Isidória e a BR-153, dia 29 de abril de 2016, às 9:00 horas, com o objetivo de constatar as

condições de acessibilidade do local após a obra do canteiro central da referida avenida.

2- CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A Avenida 2ª Radial inicia na Praça Isidória de A. Barbosa, ou, comumente conhecida como

Praça do Terminal Isidória, Setor Pedro Ludovico e estende-se até a Av. Engenheiro Eurico Viana. A

partir deste cruzamento, a avenida ganha o nome de Rua Recife até o encontro com a Rodovia

Transbrasiliana (ou BR-153).

O Plano Diretor de Goiânia classifica a Avenida 2ª Radial como via expressa de terceira

categoria e a considera como um dos “corredores preferenciais a serem implantados ou articulados

com corredores metropolitanos e integrantes da rede estrutural de transporte coletivo.”.

Em maio de 2015, a prefeitura municipal, através da Secretaria Municipal de Obras (Semob)

e a pedido da Superintendência Municipal de Trânsito (SMT), iniciou obra de retirada das rotatórias

IMAGEM 01 – Mapa da área analisada Fonte: Google Earth 02/05/16

TERMINAL ISIDÓRIA

TERMINAL ISIDÓRIA

Page 2: 2- CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO · 2016-10-10 · Praça Terminal Isidória (Imagem 04). No sentido Terminal - BR-153 há rebaixo na calçada, porém, fora da norma NBR 9050

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da via e instalação de semáforos. Durante a obra, foram realizadas, também, intervenções no

canteiro central da avenida para adequação ao novo formato de controle de tráfego.

O trecho levantado (Av. 2ª Radial e Rua Recife) tem, aproximadamente, 2 quilômetros de

extensão. O trânsito é em sentido duplo, sendo que as pistas são separadas por um canteiro central

em toda sua extensão. Este canteiro é interrompido para alargamento da via que segue sentido BR-

153 na altura do entroncamento com a Rua Jorge Martins para abrigar o fluxo de carros que

convergem à esquerda sem que interrompa o fluxo contínuo para aqueles que seguem reto.

A via tem vocação comercial e fluxo intenso em ambos os sentidos. As calçadas, em geral,

são largas, porém, várias estão danificadas ou são inadequadas para a locomoção de pessoas com

mobilidade reduzida ou deficientes físicos.

O canteiro central tem 5m de largura, é bem arborizado, tem um calçamento central para o

fluxo de pedestres (passeio1) e forração com cobertura de grama nas laterais. O calçamento do

canteiro, a possibilidade da continuidade do fluxo por ele e o acesso às faixas de pedestres, ou seja,

a acessibilidade após as interferências do poder público foram alvos deste relatório.

3 – MOTIVAÇÃO DA SOLICITAÇÃO

O Ministério Público Estadual instaurou o Procedimento Administrativo nº 201500331501

para apurar a falta de acessibilidade às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida na obra do

canteiro central, trecho compreendido entre o Terminal Isidória e a BR-153, da Avenida 2ª Radial,

Setor Pedro Ludovico, Goiânia, Goiás.

Consta da representação que as modificações realizadas pela Secretaria Municipal de

Infraestrutura e Serviços Públicos do Município de Goiânia – SEINFRA, estreitaram a passagem de

pedestres inviabilizando o acesso do cadeirante, que fica exposto ao perigo frente a necessidade de

contornar o canteiro central pela rua para alcançar o outro lado da avenida.

A partir dessa representação, o Ministério Público, através do Ofício nº 085/2016, solicitou

ao CAU/GO que realizasse vistoria no referido trecho produzindo relatório circunstanciado acerca

das efetivas condições de acessibilidade, que segue abaixo.

4 – DOS FATOS CONSTATADOS

A visita deu-se no dia 29 de abril de 2016, às 9:00 horas, pela analista técnica Giovana Jacomini e

pelo gerente de fiscalização Edinei Barros iniciando o percurso na Praça do Terminal Isidória e seguindo por

todo o trecho até a BR-153 através do canteiro central da avenida.

Para melhor compreensão dos fatos, consideramos o Terminal Isidória como ponto de referência

inicial do trajeto e as calçadas foram referenciados pelo sentido da via a qual pertence: sentido Terminal

Isidória – Br-153 e sentido BR-153 – Terminal Isidória. Os trechos são divididos pelas ruas que cruzam a Av.

2ª Radial, ou seja, cada percurso entre duas ruas perpendiculares à via levantada corresponde a um trecho.

1 Segundo a NBR 9050, o conceito de passeio é: “parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso separada por pintura ou elemento físico, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.

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Trecho1: Av. 2ª Radial e Praça do Terminal Isidória:

N

Não há faixas de pedestres em nenhuma das esquinas do encontro da Av 2ª Radial com a

Praça Terminal Isidória (Imagem 04). No sentido Terminal - BR-153 há rebaixo na calçada, porém,

fora da norma NBR 9050 e com piso danificado (Imagem 05). No sentido BR-153 – Terminal a

calçada é toda rebaixada na esquina porque ela atende a um comércio automotivo. Porém, no eixo

IMAGEM 02 – Início da Avenida 2ª Radial no Terminal Isidória Fonte: Edinei Barros 29/04/16

TERMINAL ISIDÓRIA BR-153

Sentido Terminal Isidória – BR-153

Sentido BR-153 – Terminal Isidória

IMAGEM 03 – Trecho 1: Av. 2ª Radial e Praça do Terminal Isidória. Fonte: Google Earth 30/07/14

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do fluxo da travessia, onde deveria existir uma faixa de pedestres, o rebaixo sofre uma interferência

completamente inadequada, com um piso tipo grelha que impossibilita o uso pleno do rebaixo por

cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida (Imagem 06). O canteiro central possui rebaixo

adequado quanto à inclinação e largura no eixo de travessia, porém, o piso está danificado, tanto no

passeio, quanto na pista de rolamento para carros (Imagem 07).

IMAGEM 04 – Ausência de faixa de pedestres Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 05 – Rebaixo sentido Terminal – BR-153 Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 06 – Rebaixo sentido BR-153 – Terminal Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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Trecho 2: Praça do Terminal até Cruzamento com Avenida Circular:

No trecho entre a Praça do Terminal e a Avenida Circular o passeio do canteiro tem 1,60 m

de largura e o piso é revestido de blocos cimentícios intertravados que estão em bom estado de conservação e livre de obstáculos. Porém, apesar de algumas cartilhas indicarem este tipo de piso para calçadas por o considerarem de superfície regular, firme e estável, ele causa trepidação em dispositivos com rodas e obriga ao usuário maior esforço para se locomover além de causar desconforto físico. Portanto, ele não atende a todos os indicadores de piso da NBR 9050/2015 que diz: “Os materiais de revestimento e acabamento devem ter superfície regular, firme, estável, não trepidante para dispositivos com rodas e antiderrapante, sob qualquer condição (seco ou molhado).”.

IMAGEM 07 – Passeio e rebaixo com piso danificado Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 08 – Trecho 2: Praça do Terminal até Cruzamento com Avenida Circular Fonte: Google Earth 30/07/14

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No cruzamento da Av. 2ª Radial com a Av. Circular encontramos o primeiro ponto de

intervenção proveniente da obra de retirada das rotatórias e implantação de semáforos. Neste trecho o passeio do canteiro central tem rebaixo para o leito carroçável, porém, afastado da faixa de pedestres e sem respeitar por completo os padrões da NBR 9050 (Imagens 10 e 11). O passeio não tem continuidade na nova parte do canteiro obrigando ao transeunte com algum dispositivo com rodas a ir para a pista de carros e transitar por ela até chegar à faixa de pedestres e efetuar a travessia expondo essas pessoas ao risco de atropelamento (Imagem 12). Nas esquinas há faixas pintadas e rebaixos adequados. Para atravessar o canteiro foi realizado o rebaixo completo do mesmo, criando uma continuidade no fluxo a partir da faixa de pedestres e sem presença de obstáculos. Porém, além de haver irregularidades no piso desse local de travessia eles (acontece nas duas esquinas) não seguem a recomendação da do item 6.12.7.3.5 da NBR 9050 (Imagens 13 e 14):

Em canteiro divisor de pistas, deve ser garantido rebaixamento do canteiro com largura igual à da faixa de travessia ou ser adotada a faixa elevada. (NBR 9050/2015, p. 82).

O rebaixamento do canteiro tem uma variação entre 1,17 m e 1,20m, bem mais estreito que a faixa de pedestres que, segundo o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, seguido pela AMT, deve ter extensão mínima de 3m e pode variar em acordo com o fluxo sendo recomendada a extensão de 4m.

IMAGEM 09 – Piso cimentício intertravado do passeio Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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IMAGEM 10 – Rebaixo sem alinhamento com faixa de pedestres Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 11 – Rebaixo fora das normas Fonte: Edinei Barros 29/04/16

Interrupção do passeio

IMAGEM 12 – Interrupção do passeio Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 13 – Rebaixo sem equivalência com faixa de pedestres Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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Na parte do canteiro que foi complementada pela reforma não foi realizada a

complementação do piso, portanto, ele inicia-se a partir de um trecho de terra e grama, sem nenhum acesso adequado.

Trecho 3: Cruzamento da Av. Circular até Rua 1015

IMAGEM 14 – Piso danificado no rebaixo do canteiro central Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 15 – Piso interrompido e não acessível Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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A partir do cruzamento da Av. Circular, o piso do passeio do canteiro central da Av. 2ª Radial

passa a ser uma fina camada de massa asfáltica extremamente granulada e irregular. Não há acesso da faixa de pedestres para o passeio, nem rebaixo deste para a pista de rolamento. O piso não tem nenhum tipo de acabamento nas laterais, nem balizamento (Imagem 17), e ainda sofre com a interferência das raízes superficiais das árvores que o danificam e criam obstáculos na rota (Imagem 18).

IMAGEM 17 – Irregularidades e alteração dapavimentação do passeio. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 18– Irregularidades no passeio provocadas pelasraízes das árvores. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 16 – Trecho 3: Cruzamento com Av. Circular até Rua 1015. Fonte: Google Earth: 30/07/14

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No cruzamento da 2ª Radial com a Rua 1015 a falta de acesso do passeio para a faixa de pedestres se repete (Imagem 19) assim como a interrupção brusca do passeio e a conformação do rebaixo do canteiro para a passagem acessível pela faixa de pedestres. Apesar de a rota ter dimensões suficientes para a passagem de cadeiras de rodas, com 1,15m, ela não atende a recomendação da NBR 9050 no que refere a largura igual à dimensão da faixa de pedestres (Imagem 20). Neste trecho, o piso está danificado causando insegurança aos transeuntes (Imagem 20).

Neste trecho, há rebaixo nas calçadas de todas as esquinas, porém, não seguem os padrões

recomendados de formas diversas: piso inadequado, conformação inapropriada e desalinhamento com o eixo da faixa de pedestres (Imagens 21 e 22).

IMAGEM 19 – Passeio sem rampa para a faixa de pedestres Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 20 – Passagem mais estreita que a faixa de pedestres e piso danificado. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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IMAGEM 21 – Rebaixo fora da NBR 9050 Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 22 – Rebaixo fora da NBR 9050. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 23 – Rebaixo da calçada conforme NBR 9050/2015. Fonte: NBR 9050/2015

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Trecho 4: Rua 1015 até cruzamento com Rua 1012:

Seguindo pelo passeio do canteiro central sentido BR-153, os problemas continuam. O piso

continua inadequado e em condições ainda piores e sofre estreitamento desobedecendo ao mínimo indicado pelo item 6.12.3 da NBR de 1,20m: (Imagens 25 e 26).

b) faixa livre ou passeio: destina-se exclusivamente à circulação de pedestres, deve ser livre de qualquer obstáculo, ter inclinação transversal até 3 %, ser contínua entre lotes e ter no mínimo 1,20 m de largura e 2,10 m de altura livre; (NBR 9050/2015, p.

IMAGEM 25 – Estreitamento do piso do passeio Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 26 – Piso danificado e em más condições Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 24 – Trecho 4: Rua 1015 até cruzamento com Rua 1012. Fonte: Google Earth: 30/07/14

8º DP Polícia Civil

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Em frente ao 8º Departamento de Polícia Civil existem rebaixos que ligam o passeio do canteiro central à faixa de pedestres em ambos os lados da via. O rebaixo é improvisado e não segue à norma de acessibilidade apresentando piso danificado e execução imperfeita (Imagem 27). O rebaixo do passeio do canteiro central está alinhado com a faixa de pedestres e não interfere na largura do passeio, porém, o percurso é inadequado porque o rebaixo em frente à delegacia, um prédio público, é completamente inadequado, devido ao piso danificado, desalinhado do eixo da faixa de pedestres e com obstáculos. A rampa de acesso à delegacia, assim como sua calçada, também não são adequadas para o acesso universal (Imagens 28 e 29).

IMAGEM 27 – Rebaixo do canteiro em frente ao 8ªDP Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 28 – Rebaixo da calçada do 8ªDP e rampa Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 29 – Rebaixo da calçada desalinhado e obstáculos Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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A esquina da Av. 2ª Radial com a Rua 1012 o resultado da obra é o mesmo que dos cruzamentos anteriores: o passeio é bruscamente interrompido, não existindo acesso dele para a faixa de pedestres ou para a pista de rolamento. O rebaixo da faixa no canteiro tem as mesmas inadequações anteriores: largura inferior à recomendada e piso danificado (Imagem 30). Os rebaixos das calçadas também repetem a inadequação encontrada nos trechos anteriores, com exceção de um dos rebaixos sentido BR-153 (Imagem 31). Na esquina posterior à Rua 1012 não há faixa de pedestres ou acesso ao passeio do canteiro central. Há rebaixo apenas em uma das esquinas (Imagem 32).

Trecho 5: Rua 1012 até cruzamento com Al. Botafogo:

IMAGEM 31 – Rebaixos adequado e irregular na esquina Fonte: Edinei Barros 29/04/16

INADEQUADO ADEQUADO

IMAGEM 30 – Repetição do padrão com erros. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 32 – Esquina sem faixa de pedestres ou acesso à pista de rolamento. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 33 – Trecho 5: Rua 1012 até cruzamento com Al. Botafogo. Fonte: Google Earth: 30/07/14

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A situação encontrada nas esquinas anteriores repete no cruzamento da Av. 2ª Radial com a Al. Botafogo: o piso do passeio do canteiro central se deteriora até inexistir (Imagem 35). Não há acesso do passeio para a pista de rolamento, o rebaixo do canteiro para passagem pela faixa não segue a recomendação da NBR 9050 quanto a manutenção da mesma largura que a pintura para travessia de pedestres (Imagem 34), o piso deste trecho de travessia do canteiro está danificado e os rebaixos das calçadas são inadequados e possuem obstáculos, portanto, são, praticamente, ineficientes (Imagens 36 e 37).

IMAGEM 34 – Ausência de acesso ao passeio do canteiro central e passagem fora da NBR 9050. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 35 – Deteriorização do passeio Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 36 – Rebaixo de calçada inadequado e com obstáculos. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 37 – Rebaixo da calçada inadequado. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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Trecho 6: Alameda Botafogo até Av. Engº Eurico Viana: A partir da Al. Botafogo, o canteiro da Av. 2ª Radial mantém o passeio precário e sem

acesso. Há, até mesmo, trechos em que a pavimentação do passeio desaparece por completo, sendo o caminho feito de terra e grama (Imagem 39).

IMAGEM 39 – Pavimentação do passeio inexistente.

Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 38 – Trecho 6: Al. Botafogo até cruzamento com AV. Engº Eurico Viana Fonte: Google Earth: 30/07/14

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Após o Córrego Botafogo o canteiro central da via é totalmente interrompido para a construção da nova pista para conversão à esquerda no sentido BR-153 (Imagem 40). Nessa parte, não há nenhuma forma de sair do canteiro central com segurança: não há rebaixos ou faixas de pedestres no trecho e o transeunte fica ilhado entre as pistas de rolamento, sem condições de atravessar para alguma das calçadas de forma adequada e segura (Imagem 41). Há rebaixo inadequado no canteiro central quando este volta a existir após o semáforo para conversão à esquerda no sentido BR-153, porém, o piso do passeio está completamente danificado (Imagem 42).

O canteiro central segue com a pavimentação com piso irregular até o cruzamento com a Rua 1066. É um trecho muito longo e de subida, por isso, há uma faixa de pedestres aproximadamente no meio do percurso. Há rebaixo no canteiro com rampa inadequada e fora dos padrões da NBR 9050 para acessar a travessia. Apesar de manter a largura do passeio inalterada, a rampa construída apresenta inclinação maior que 8,33% e sem o desenho adequado, causando insegurança ao usuário com dificuldade de locomoção e, principalmente, àqueles que são usuários de dispositivos com rodas (Imagem 43). Os rebaixos das calçadas em frente à faixa também são inadequados, seja pelo desenho ou, quando executado conforme as normas, pelo o piso danificado (Imagem 44).

IMAGEM 40 – Interrupção do canteiro central. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 41 – Ausência de rebaixos e faixas de pedestres. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 42 – Rebaixo e pavimentação inadequados. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

Page 18: 2- CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO · 2016-10-10 · Praça Terminal Isidória (Imagem 04). No sentido Terminal - BR-153 há rebaixo na calçada, porém, fora da norma NBR 9050

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A Av. 2ª Radial segue até o cruzamento com a Av. Engº Eurico Viana quando ela passa a ser chamada de Rua Recife. Os padrões encontrados anteriormente se repetem mais uma vez: a pavimentação do passeio do canteiro central deixa de existir, não há acesso por rebaixo do canteiro para a faixa de pedestres (Imagem 45) e os rebaixos das calçadas estão fora da norma de acessibilidade (Imagem 46).

IMAGEM 43 – Rebaixo e pavimentação inadequados. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 44 – Rebaixo com desenho conforme NBR 9050, mas, com piso danificado. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 45 – Interrupção da pavimentação já degradada. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

Page 19: 2- CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO · 2016-10-10 · Praça Terminal Isidória (Imagem 04). No sentido Terminal - BR-153 há rebaixo na calçada, porém, fora da norma NBR 9050

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Trecho 7: Av. Engº Eurico Viana até BR-153 (Rua Recife)

O canteiro central da Rua Recife segue uma padronização diferente da existente na Av. 2ª Radial: não há pavimentação para deslocamento de pessoas e a arborização é centralizada, seguindo assim até o encontro com a BR-153. O canteiro é mais estreito, com aproximadamente 2,5 m de largura e sem a finalidade de uso para transeuntes (Imagem 48).

IMAGEM 46 – Rebaixo inadequado e com obstáculos. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

IMAGEM 47 – Trecho 7: AV. Engº Eurico Viana até BR-153 (Rua Recife) Fonte: Google Earth: 30/07/14

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5 – CONCLUSÕES

Na avaliação realizada, percebe-se que houve uma intenção inicial de implementação de

uma rota acessível no canteiro central da Av. 2ª Radial. Porém, o plano sofre com o abandono da

pavimentação do passeio e com a falta de compatibilização com as adequações que foram realizadas

na via em prol da melhoria do trânsito na região. Considerando a dificuldade em se implantar

acessibilidade nas calçadas devido a fatores diversos como a falta de recursos financeiros dos

proprietários dos imóveis, ausência de conscientização plena desse direito e ausência de fiscalização

eficiente durante as obras, a intervenção do poder público em criar uma rota acessível numa área

pública a partir de um terminal de ônibus do transporte coletivo é louvável. Mas, para que a

proposta/projeto tenha resultado efetivo, essa implantação deve ser compatibilizada com o transito

da região, suas faixas de pedestres e, principalmente, seguir as normas de acessibilidade,

essencialmente, a NBR 9050.

As intervenções realizadas atentaram parcialmente às necessidades dos deficientes físicos e

pessoas com dificuldade de locomoção porque o deslocamento não acontece de forma plena e

contínua. A compatibilização dos rebaixos, da rota acessível e das faixas de pedestres precisa ser

completa. Todos esses projetos devem ser compatibilizados antes da implantação.

E outro problema evidente é a ausência de manutenção da pavimentação do passeio e do

canteiro como um todo. A pavimentação do piso de uma rota acessível é de suma importância e

mantê-lo com a superfície regular, firme, estável, não trepidante e antiderrapante sob quaisquer

condições é imprescindível.

IMAGEM 48 – Canteiro central da Rua Recife. Fonte: Edinei Barros 29/04/16

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Concluindo, ressalta-se ainda a questão de que, em nenhum momento, os deficientes visuais

foram contemplados pela tentativa de acessibilidade na região. Ressalta-se que o livre deslocamento

é um direito de todos os cidadãos e que, por isso, a rota acessível deve ser universal e atender a

todos os indivíduos permitindo-lhes o máximo de independência e segurança possível.

Essas foram as constatações realizadas e o que se tem a relatar.

Goiânia, 16 de maio de 2016.

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Arq. Urb. Giovana Lacerda Jacomini

-Analista Técnica-

Matrícula CAU/GO nº 45