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1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em Portugal GTAN Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas Lisboa, Março, 2018

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Page 1: 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em ... · e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats

1º Relatório sobre a distribuiçãodas aves noturnas em Portugal

GTAN Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas Lisboa, Março, 2018

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1º Relatório sobre a distribuição

das aves noturnas em Portugal

Programa NOCTUA Portugal

Monitorização de aves noturnas

Lisboa, Março, 2018

GTAN

Grupo de Trabalho sobre Aves Noturnas

Page 3: 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em ... · e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats

MissãoTrabalhar para o estudo e conservação das aves e seus habitats, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações futuras.A SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é uma Organização Não Governamental de Ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal. Como associação sem fins lucrativos, depende do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as suas acções. Faz parte de uma rede mundial de organizações de ambiente, a BirdLife International, que atua em 120 países e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats e da promoção do uso sustentável dos recursos naturais. A SPEA foi reconhecida como entidade de utilidade pública em 2012.

www.spea.pt www.facebook.com/spea.Birdlife https://twitter.com/spea_birdlife

1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em PortugalGTAN Grupo de Trabalho sobre Aves NoturnasSociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, 2018

Direção Nacional: Maria Clara de Lemos Casanova Ferreira, José Manuel Monteiro, Michael Armelin, Vítor Paiva, Vanda Santos Coutinho, José Paulo Oliveira Monteiro, Manuel TrindadeDireção Executiva: Domingos LeitãoCoordenação do Programa Terrestre da SPEA: Joaquim TeodósioCoordenação do projeto: Rui Lourenço, Inês Roque, Ricardo ToméGestão e análise de dados: Rui Lourenço, Carlos GodinhoCitação: GTAN-SPEA, 2018. 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa (relatório não publicado).

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1. ENQUADRAMENTO E MÉTODOS

Este relatório faz uma análise da tendência a longo prazo da área de ocorrência das aves noturnas em Portugal Continental. Geralmente, as variações populacionais são mais facilmente detetadas por alterações da densidade. No entanto, a variação da área ocupada por uma espécie constitui uma informação igualmente importante para a conservação.

Neste sentido, apresentamos informação sobre a variação espacial das aves noturnas – Strigiformes e Caprimulgiformes – no período para o qual existe informação suficientemente robusta (1978-2017), o que corresponde a praticamente quatro décadas. Considerámos quatro períodos principais, que estão baseados em amostragens específicas (atlas de aves nidificantes em Portugal) e informação disponível em bases de dados públicas:

1) 1979-1984 - Atlas das aves que nidificam em Portugal Continental (Rufino 1989)

2) 1999-2005 – Atlas das aves nidificantes em Portugal (Equipa Atlas 2008)

3) 2005-2014 – Período inter-atlas – Compilação de informação resultante do programa Noctua-Portugal, registos enviados por colaboradores para o GTAN-SPEA, informação disponível na plataforma PortugalAves/eBird, registos enviados para o Noticiário Ornitológico da SPEA

4) 2015-2017 - 3º Atlas das aves nidificantes em Portugal (em curso)

No caso da coruja-do-nabal, a única espécie que apenas ocorre durante o inverno, analisou-se a informação relativa ao período não reprodutor nos intervalos temporais 2005-2014 e 2015-2017.

Para determinar a variação da área de ocorrência, calculou-se a proporção de unidades de amostragem ocupadas face ao total de unidades amostrada para cada período. Nos dois primeiros períodos, considerou-se a amostragem como completa. No período inter-atlas e para o 3º atlas das aves nidificantes considerou-se como quadrículas 10x10 km amostradas aquelas que tinham pelo menos um registo de uma espécie de ave noturna.

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1979-1984 1999-2005 2006-2014 2015-20170

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Tyto alba

Otus scops

Bubo bubo

Athene noctua

Strix aluco

Asio otus

Caprimulgus europaeus

Caprimulgus ruficollis

Burhinus oedicnemus

% u

nid

ad

es

de

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os

tra

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m c

om

pre

se

nça

Diferença entre AAN1 e AAN2

Diferença entre AAN1 e Inter-atlas

Diferença entre AAN1 e AAN3

Tyto alba -9,0 -24,5 -32,2

Otus scops -21,3 -38,9 -38,5

Bubo bubo -0,1 7,8 0,8

Athene noctua -18,1 -27,2 -26,7

Strix aluco -0,3 -10,3 -3,5

Asio otus 2,1 1,8 3,0

Caprimulgus europaeus 2,6 4,1 8,1

Caprimulgus ruficollis -8,9 -17,7 -17,6

Burhinus oedicnemus -15,0 -22,9 -20,8

2. RESULTADOS

Tabela 1. Diferença entre a percentagem de ocupação da área de ocorrência das aves noturnas em quatro períodos de amostragem. AAN1 – primeiro atlas de aves nidificantes (1979-1984); AAN2 – segundo atlas de aves nidificantes (1999-2005); Inter-atlas – período entre atlas (2005-2014); AAN3 – terceiro atlas de aves nidificantes, em curso (2015-2017).

Figura 1. Variação da área de distribuição das aves noturnas em Portugal nos 4 períodos analisados

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Coruja-das-torres Tyto alba

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

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Mocho-d'orelhas Otus scops

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

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Bufo-real Bubo bubo

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

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Mocho-galego Athene noctua

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

Page 10: 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em ... · e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats

Coruja-do-mato Strix aluco

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

Page 11: 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em ... · e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats

Bufo-pequeno Asio otus

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

Page 12: 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em ... · e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats

Coruja-do-nabal Asio flammeus

Período não reprodutor

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

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Noitibó-cinzento Caprimulgus europaeus

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

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Noitibó-de-nuca-vermelha Caprimulgus ruficollis

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

Page 15: 1º Relatório sobre a distribuição das aves noturnas em ... · e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats

Alcaravão Burhinus oedicnemus

← Inter-atlas2005-2014 amostragem incompleta

3º Atlas →2015-2017amostragem incompleta

← 1º Atlas1978-1984

amostragem completa

2º Atlas →1999-2005

amostragem completa

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DISCUSSÃO

O primeiro atlas das aves nidificantes de Portugal teve como unidade uma área de maior dimensão (20x32 km), comparativamente às três amostragens consideradas posteriormente (10x10 km). Este facto poderá induzir algum erro nos cálculos efectuados, ao potencialmente sobre-estimar a área de ocorrência no primeiro período analisado. Ainda assim, os resultados apresentados podem constituir uma boa indicação das variações na área de ocorrência das espécies de aves noturnas em Portugal, num período relativamente longo (ca. 40 anos).

A coruja-das-torres parece mostrar uma regressão da sua área de distribuição em Portugal ao longo dos quatro períodos analisados. Esta regressão poderá dever-se em grande parte às alterações que, nos últimos anos, se têm registado nos usos e práticas agrícolas.

O mocho-d'orelhas parece mostrar também uma regressão da sua área de distribuição. De todas as espécies parece ser a que apresenta uma maior perda de área ocupada. Esta tendência poderá dever-se às alterações dos meios agrícolas, mas também a factores decorrentes das áreas de invernada.

O bufo-real parece ter aumentado ligeiramente a sua área de distribuição, mas que também pode ter sido influenciada pelo aumento do conhecimento e esforço de deteção da espécie.

O mocho-galego parece registar uma regressão da sua área de distribuição, que, há semelhança da coruja-das-torres, pode ser devido às alterações verificadas nos habitats agrícolas nos últimos anos.

A área de distribuição da coruja-do-mato parece estável, ou eventualmente apresentar um ligeiro decréscimo.

A área de distribuição do bufo-pequeno parece estável ao longo do período analisado, embora seja uma espécie de difícil deteção, dado ocorrer em baixa densidade e ter hábitos discretos.

O noitibó-cinzento parece mostrar um ligeiro aumento da área de distribuição, enquanto que a distribuição do noitibó-de-nuca-vermelha parece estar em regressão ligeira.

À semelhança de outras espécies características de meios agrícolas, também a área de distribuição do alcaravão parece estar a diminuir.

A análise aqui apresentada deverá ser revista após conclusão da amostragem do terceiro atlas das aves nidificantes em Portugal, no final de 2018, pois isso permitirá uma estimativa mais exacta das tendências na área de distribuição das aves noturnas em Portugal.

Conclui-se que é importante continuar a monitorização da área de distribuição das aves noturnas em Portugal, uma vez que as indicações actuais é que pelo menos 5 espécies parecem estar em regressão.

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6. AGRADECIMENTOS

MUITO OBRIGADO A TODOS OS COLABORADORES DO NOCTUA PORTUGAL E DO

GTAN QUE VOLUNTARIAMENTE REALIZARAM QUADRÍCULAS E/OU ENVIARAM REGISTOS

ADICIONAIS:

Agostinho Tomás, Alexandra Fonseca, Alexandre H. Leitão, Álvaro Nunes, Ana Cordeiro, Ana Margarida

Fonseca, Ana Jones, Ana Laborda, Ana Marques, Ana Meirinho, Ana Teresa Marques, Ana Santos, Ana

Silva, André Aguiar, Andreia Dias, António Folgado, Artur Oliveira, Carla Azeda, Carolina Bloise, Carla

Ferreira, Carlos Carrapato, Carlos Godinho, Carlos Moreira, Carlos Pacheco, Carolina Bloise, Catarina

Gonçalves, Célia Gomes, Catarina Serra Gonçalves, CERVAS/ALDEIA, Clara Silva, Cláudio Luzio Dias,

Cristiano Roussado, Daniel Raposo, David Rodrigues, Domingos Francisco, Dyana Reto, Edgar Gomes,

Eduardo Barrento, Eduardo Realinho, Elsa Mourão, Fábia Azevedo, Filipa Alves, Filipa Bragança, Filipa

Machado, Filipe Canário, Filipe Gomes, Francisco Azevedo, Francisco Morinha, Gil Costa, Gonçalo

Almeida, Gonçalo Rosa, Guillaume Réthoré, Hany Alonso, Helena Batalha, Hélia Gonçalves, Hélder

Soares, Hugo Laborda Sampaio, Hugo Lousa, Hugo Zina, Inés Alameda, Inês Henriques, Inês Roque,

Irina Oliveira, Ivo Rodrigues, Jaime Sousa, Joana Andrade, Joana Araújo, Joana Domingues, Joana

Figueiredo, Joana Pereira, João Adrião, João Guilherme, João Luís Almeida, João Quadrado, João

Rabaça, João Rodrigues, João Tiago Marques, João Tiago Tavares, Joaquim Simão, Jorge Henriques,

Jorge Vicente, Jorge Safara, Jose Antonio García-Pérez, José Carlos Morais, José Infante, José Paulo

Monteiro, Julieta Costa, Lígia Batalha, Lina Cardoso, Lourenço Marques, Lúcia Lopes, Luís Gordinho, Luís

Novo, Luís Primo, Luís Rosa, Luís Rui Custódia, Luís Salvador, Luís Semedo, Luís Sousa, Luís Venâncio,

Luísa Catarino, Magnus Robb, Manuel Matos, Manuel Santos, Marco Nunes Correia, Marco Mirinha,

Mariana Marques, Mário Carmo, Mário Estevens, Marisa Arosa, Marta Alexandre, Michal Puchir, Miguel

Berkemeier, Miguel Mendes, Nadine Pires, Napoleão Ribeiro, Neide Margarido, Nélia Penteado, Normando

Ferreira, Nuno Barros, Nuno Cunha, Nuno Curado, Nuno Faria, Nuno Mota, Nuno Oliveira, Nuno Ramos,

Patrícia Jones, Patrícia Jorge, Paula Lopes, Paulo Alves, Paulo Belo, Paulo Cardoso, Paulo Catry, Paulo

Roncon, Pedro Grilo, Pedro Lourenço, Pedro Salgueiro, Pedro Costa, Pedro Martins, Pedro Moreira, Pedro

Pereira, Perrine Raquez, Rafael Rocha, RIAS, Ricardo Brandão, Ricardo Ceia, Ricardo Correia, Ricardo

Martins, Ricardo Monteiro, Ricardo Nabais, Ricardo Tomé, Rita Azedo, Rita Ferreira, Rita Ramos, Rodrigo

Saldanha de Almeida, Roger Holtum, Rui Caratão, Rui Lourenço, Rui Machado, Rui Silva, Sabrina

Carvalho, Sandra Moço, Sara Araújo, Sara Moreira, Sara Santos, Sérgio Correia, Sérgio Fernandes,

Sérgio Godinho, Soraia Barbosa, Susana Costa, Tatiana Leal, Thijs Valkenburg, Tiago Rodrigues, Valter

Teixeira, Vanessa Oliveira, Vera Novais, Vicente Albuquerque, Vítor Nascimento, VO.U. pela Natureza. E

ainda a todos os observadores que enviaram registos para o GTAN-SPEA e disponibilizaram os seus

dados no Portugal Aves (eBird).