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Tese apresentada à Escola Politécnicada Universidade de São Paulo paraobtenção do título de Doutor emEngenharia.

São Paulo

1999

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ii

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Tese apresentada à Escola Politécnicada Universidade de São Paulo paraobtenção do título de Doutor emEngenharia.

Área de Concentração:Engenharia de Construção Civil eUrbana

Orientador:Alex Kenya Abiko

São Paulo

1999

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iii

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Almeida, Marco Antonio Plácido de Indicadores de Salubridade Ambiental em Favelas Urbanizadas: o Caso de Favelas em Áreas de Proteção Ambiental. São Paulo, 1999. 226p.

Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.

1. Favelas 2. Indicadores de Salubridade Ambiental 3. Engenharia Urbana I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Construção Civil. II. t

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iv

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v

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Ao professor Dr. Alex Kenya Abiko, amigo e orientador, incansável incentivador,

sempre paciente, atencioso e perseverante na orientação deste trabalho.

Ao professor Dr. Witold Zmitrowicz pelas lições de vida, sugestões técnicas e atenção

dispensada ao longo de tantos anos.

Ao professor Dr. Carlos de Mello Garcias, Diretor do Instituto de Saneamento

Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, grande colaborador e

retaguarda teórica nas inúmeras áreas de conhecimento abordada por este estudo.

Ao engenheiro Francisco José de Toledo Piza, Sabesp e Coordenador da Câmara

Técnica de Planejamento do Conselho Estadual de Saneamento, quase co-autor, pela

disponibilidade em auxiliar o desenvolvimento desta pesquisa.

À professora Dra. Gilda Collet Bruna, Coordenadora do Curso de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, pelo seu apoio durante a elaboração

deste trabalho.

A minha companheira Silvânia das Dores do Carmo pela dedicação, paciência e

presença constante ao meu lado.

Ao arquiteto Paulo Bastos, do Escritório de Arquitetura Paulo Bastos & Associados,

pela cessão do projeto, do levantamento aerofotogramétrico e dos documentos

referentes à favela Jardim Floresta.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -- CNPq --, e à

Universidade de Mogi das Cruzes, Curso de Arquitetura e Urbanismo, responsáveis

pela concessão da bolsa de estudos, que me proporcionaram apoio financeiro para a

realização desta pesquisa.

À Prefeitura Municipal de São Paulo, Sehab, em especial à arquiteta Elisabeth França

e ao arquiteto Ângelo Filardo, e ao Consórcio JNS Haga Plan, em especial à arquiteta

Marta Maria La Grega de Sales por todos os documentos cedidos.

A todos membros da Câmara Técnica de Planejamento do Conselho Estadual de

Saneamento do Estado de São Paulo.

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vi

Às secretárias do Departamento de Construção Civil da EPUSP, Alcione Anaya,

Cristina Solera, em especial à Fátima Domingues.

Às bibliotecárias Léo e Fátima da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo --

Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão).

A todos que direta ou indiretamente colaboraram na elaboração deste trabalho, com

especial atenção a:

Alex Peloggia (Geólogo - PMSP)

Ariovaldo Delquiaro (Engenheiro - UGP/Guarapiranga)

Cláudia Maria Pardim (Comissão de Moradores da Favela Jardim Floresta)

Elaine Cristina Miguel Leitão (Bacharel Tradutor e Intérprete)

Gilsene Lang da Rocha Pitta Fajersztajn (SRHSO)

Iracy Sguilero Leme (Arquiteta - UMC)

Janice Maria Florido (Revisora e Preparadora de Textos)

Luis Eduardo Grisotto (Ecólogo - UGP/Guarapiranga)

Márcia Nascimento (Arquiteta - SMA)

Maria Carmem Ayres de Andrade Gomes (Arquiteta - SMA)

Maria Cecília Foceci Pelicione (Faculdade Saúde Pública)

Marinez Cury Muniz (Assistente Social - CDHU)

Mario Barreiros (Arquiteto - UMC)

Marussia Whately (Arquiteta - Núcleo Pró-Guarapiranga)

Nelson Ferreti Filho (Engenheiro Civil - CDHU)

Rosana de Freitas (DIEESE/SP)

Renato Mario Daud (Arquiteto - CDHU)

Sergio Arthur de Souza Campos (Engenheiro Civil - CDHU)

Valentina Denizo (Arquiteta - CDHU)

Vivian Marrani Azevedo Marques (Arquiteta - SMA)

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vii

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LISTA DE TABELAS xii

LISTA DE FIGURAS xiv

LISTA DE ABREVIATURAS xv

RESUMO xvi

ABSTRACT xvii

1 INTRODUÇÃ0 1

2 FAVELA E SUAS INTER-RELAÇÕES 14

2.1 Considerações Iniciais 14

2.2 Conceito 15

2.3 As Favelas na Cidade de São Paulo 17

2.4 Localização das Favelas no Espaço Urbano da Cidade de São Paulo 19

2.4.1 Importância da Manutenção das Áreas Verdes e dos Espaços Livres

Urbanos 27

2.4.2 Importância da Manutenção das Áreas de Proteção aos Mananciais 34

2.5 Processo de Intervenção em Favelas 40

2.6 Inter-Relações e Questões Condicionantes na Urbanização de Favela 46

2.6.1. A Questão da Saúde Pública e da Salubridade Ambiental 47

2.6.2 A Questão dos Serviços Públicos Urbanos nas Favelas 53

3 INDICADOR DE SALUBRIDADE AMBIENTAL – ISA 62

3.1 Objetivo 62

3.2 Composição do Indicador de Salubridade Ambiental 67

3.3 Estruturação do Indicador de Salubridade Ambiental 70

3.3.1 Considerações sobre a Ponderação e a Pontuação dos Indicadores 72

3.3.1.1 Pontuação 72

3.3.1.2 Ponderação 72

3.4 Cálculo do Indicador de Salubridade Ambiental 73

3.4.1 Indicador de Abastecimento de Água (IAB) 73

3.4.1.1 Indicador de Cobertura em Abastecimento de Água - Atendimento (ICA) 74

3.4.1.2 Indicador da Qualidade da Água Distribuída (IQA) 74

3.4.1.3 Indicador da Saturação do Sistema Produtor (ISA) 76

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viii

3.4.2 Indicador de Esgoto Sanitário (IES) 77

3.4.2.1 Indicador de Cobertura em Coleta de Esgoto e Tanques Sépticos (ICE) 78

3.4.2.2 Indicador de Esgoto Tratado e Tanques Sépticos (ITE) 78

3.4.2.3 Indicador de Saturação do Tratamento de Esgoto (ISE) 79

3.4.3 Indicador de Resíduos Sólidos (IRS) 80

3.4.3.1 Indicador de Coleta de Lixo (ICR) 81

3.4.3.2 Indicador de Tratamento e Disposição Final dos Resíduos Sólidos (IQR) 81

3.4.3.3 Indicador de Saturação do Tratamento e Disposição Final de

Resíduos Sólidos (ISR) 82

3.4.4 Indicador de Controle de Vetores (ICV) 83

3.4.4.1 Indicador de Dengue (IVD) 83

3.4.4.2 Indicador de Esquistossomose (IVE) 84

3.4.4.3 Indicador de Leptospirose (IVL) 84

3.4.5 Indicador de Riscos de Recursos Hídricos (IRH) 85

3.4.5.1 Indicador Qualidade da Água Bruta (IQB) 85

3.4.5.2 Indicador de Disponibilidade dos Mananciais (IDM) 86

3.4.5.3 Indicador de Fontes Isoladas (IFI) 87

3.4.6 Indicador Sócio-Econômico (ISE) 88

3.4.6.1 Indicador de Saúde Pública Vinculada ao Saneamento (ISP) 88

3.4.6.2 Indicador de Renda (IRF) 89

3.4.6.3 Indicador de Educação (IED) 89

3.5 Cálculo do Indicador de Salubridade Ambiental para Município

de São Paulo 90

3.5.1 Cálculo do Indicador Abastecimento de Água (IAB) 90

3.5.1.1 Cálculo do Indicador de Cobertura em Abastecimento de Água (ICA) 91

3.5.1.2 Cálculo do Indicador Qualidade da Água Distribuída (IQA) 91

3.5.1.3 Cálculo do Indicador de Saturação do Sistema Produtor (ISA) 91

3.5.2 Cálculo do Indicador de Esgoto Sanitário (IES) 91

3.5.2.1 Cálculo do Indicador de Cobertura em Coleta de Esgoto e Tanques

Sépticos (ICE) 91

3.5.2.2 Cálculo do Indicador de Esgoto Tratado e Tanques Sépticos (ITE) 91

3.5.2.3 Cálculo do Indicador de Saturação do Tratamento de Esgoto (ISE) 92

3.5.3 Cálculo do Indicador de Resíduos Sólidos (IRS) 92

3.5.3.1 Cálculo do Indicador de Coleta de Lixo (ICR) 92

3.5.3.2 Cálculo do Indicador de Tratamento e Disposição Final de Resíduos

Sólidos (IQR) 92

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ix

3.5.3.3 Cálculo do Indicador de Saturação do Tratamento e Disposição Final de

Resíduos Sólidos (ISR) 92

3.5.4 Cálculo do Indicador de Controle de Vetores (ICV) 92

3.5.4.1 Cálculo do Indicador de Dengue (IVD) 93

3.5.4.2 Cálculo do Indicador de Esquistossomose (IVE) 93

3.5.4.3 Cálculo do Indicador de Leptospirose (IVL) 93

3.5.5 Cálculo do Indicador de Riscos de Recursos Hídricos (IRH) 93

3.5.5.1 Cálculo do Indicador Qualidade da Água Bruta (IQB) 94

3.5.5.2 Cálculo do Indicador Disponibilidade dos Mananciais (IDM) 94

3.5.5.3 Cálculo do Indicador Fontes Isoladas (IFI) 94

3.5.6 Indicador Sócio-Econômico (ISE) 94

3.5.6.1 Cálculo do Indicador Saúde Pública Vinculada ao Saneamento (ISP) 94

3.5.6.2 Cálculo do Indicador de Renda (IRF) 95

3.5.6.3 Cálculo do Indicador de Educação (IED) 95

3.6 Relatório de Salubridade Ambiental do Município de São Paulo 95

3.6.1 Introdução 95

3.6.2 Cálculo do ISA do Município de São Paulo 95

3.7 Relatório de Salubridade Ambiental do Estado São Paulo 96

4 INDICADOR DE SALUBRIDADE AMBIENTAL PARA FAVELA - ISA/F 98

4.1 Objetivo 98

4.2 Cálculo do Indicador de Salubridade Ambiental para Favela 104

4.2.1 Indicador de Cobertura em Abastecimento de Água (ICA) 104

4.2.2 Indicador de Cobertura em Coleta de Esgoto e Tanques Sépticos (ICE) 107

4.2.3 Indicador de Coleta de Lixo (ICR) 110

4.2.4 Indicador de Drenagem (IDR) 112

4.2.5 Indicador de Vias de Circulação (IVC) 114

4.2.6 Indicador de Segurança Geológica-Geotécnica (ISG) 117

4.2.7 Indicador de Densidade Demográfica Bruta (IDD) 121

4.2.8 Indicador de Energia Elétrica (IEL) 125

4.2.9 Indicador de Regularização Fundiária (IRE) 127

4.2.10 Indicador de Varrição (IVA) 132

4.2.11 Indicador de Iluminação Pública (IIP) 136

4.2.12 Indicador de Espaço Público (IEP) 137

4.2.13 Indicador de Renda (IRF) 140

4.2.14 Indicador de Educação (IED) 141

4.3 Relatório de Salubridade Ambiental para Favelas Urbanizadas 142

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x

5 A SELEÇÃO DA ÁREA PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO 145

5.1 Critérios Adotados para a Seleção da Favela a ser Utilizada como

Estudo de Caso 145

5.2 A Área Selecionada: Favela Jardim Floresta 146

5.3 O Processo de Degradação das Áreas do Manancial da Bacia do

Guarapiranga 151

5.4 Conseqüências da Ocupação Clandestina nas Áreas de Proteção

Ambiental 154

5.5 Programa de Saneamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do

Guarapiranga - PSABG 158

5.6 “Nova” Lei de Proteção aos Mananciais e o Plano Emergencial 163

5.7 Urbanização de Favelas: Subprograma Recuperação Urbana 166

5.8 Urbanização da Favela Jardim Floresta 168

6 VERIFICAÇÃO DA APLICABILIDADE DO MODELO PROPOSTO 171

6.1 Introdução 171

6.2 Objetivo do Estudo de Caso 171

6.2.1 Fatores Analisados na Favela Jardim Floresta 171

6.2.2 Método de Coleta de Dados 176

6.2.3 Dados Obtidos no Estudo de Caso e Análise dos Resultados 176

6.2.4 Resultados Obtidos 177

6.3 Cálculo Indicador de Salubridade Ambiental para Favela – ISA/F 184

6.3.1 Cálculo do Indicador de Cobertura em Abastecimento de Água (ICA) 184

6.3.2 Cálculo do Indicador de Cobertura em Coleta de Esgoto e

Tanques Sépticos (ICE) 184

6.3.3 Cálculo do Indicador de Coleta de Lixo (ICR) 185

6.3.4 Cálculo do Indicador de Drenagem (IDR) 185

6.3.5 Cálculo do Indicador de Vias de Circulação (IVC) 186

6.3.6 Cálculo do Indicador de Segurança Geológica-Geotécnica (ISG) 186

6.3.7 Cálculo do Indicador de Densidade Demográfica Bruta (IDD) 187

6.3.8 Cálculo do Indicador de Energia Elétrica (IEL) 187

6.3.9 Cálculo do Indicador de Regularização Fundiária (IRE) 188

6.3.10 Cálculo do Indicador de Varrição (IVA) 189

6.3.11 Cálculo do Indicador de Iluminação Pública (IIP) 190

6.3.12 Cálculo do Indicador de Espaço Público (IEP) 190

6.3.13 Cálculo do Indicador de Renda (IRF) 191

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xi

6.3.14 Cálculo do Indicador de Educação (IED) 191

6.4 Relatório de Salubridade Ambiental da Favela Jardim Floresta 192

6.4.1 Apresentação 192

6.4.2 Ficha-Resumo da Pontuação e a Correspondente Ordenação Gráfica

da Situação de Salubridade de Acordo com Faixas de Adequação 208

6.4.3 Cálculo da Nota Final do ISA/F da Favela Jardim Floresta 209

6.4.4 Conclusão 209

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 211

8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 217

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xii

/,67$�'(�7$%(/$6

Tabela 1.1 Números Referentes à População Brasileira Urbana e Rural /

1940 - 1996 2

Tabela 1.2 Evolução do Salário Mínimo Real - Município de São Paulo 5

Tabela 2.1 Número de Favelas por Extrato no Município de São Paulo

em 1987 18

Tabela 2.2 Crescimento da População Favelada no Município de São Paulo 19

Tabela 2.3 Situação das Favelas na Trama Urbana de São Paulo 26

Tabela 2.4 Principais Fatos Referentes às Favelas: Rio de Janeiro e São

Paulo 43

Tabela 3.1 Componentes, Subindicadores e Finalidade do ISA 71

Tabela 3.2 Número Mínimo de Amostras a serem Realizadas pelo SAA 75

Tabela 3.3 Pontuação do Indicador da Qualidade da Água Distribuída 76

Tabela 3.4 Pontuação do Indicador de Saturação do Sistema Produtor 77

Tabela 3.5 Pontuação do Indicador de Cobertura em Coleta de Esgoto e

Tanques Sépticos 78

Tabela 3.6 Pontuação do Indicador de Esgoto Tratado e Tanques Sépticos 79

Tabela 3.7 Pontuação do Indicador de Saturação do Tratamento de Esgoto 80

Tabela 3.8 Pontuação do Indicador de Coleta de Lixo 81

Tabela 3.9 Pontuação do Indicador de Tratamento e Disposição Final dos

Resíduos Sólidos 82

Tabela 3.10 Pontuação do Indicador de Saturação do Tratamento e Disposição

Final de Resíduos Sólidos 83

Tabela 3.11 Pontuação do Indicador de Dengue 84

Tabela 3.12 Pontuação do Indicador de Esquistossomose 84

Tabela 3.13 Pontuação do Indicador de Leptospirose 85

Tabela 3.14 Pontuação do Indicador Qualidade da Água Bruta (Poço Artesiano) 86

Tabela 3.15 Pontuação do Indicador de Disponibilidade dos Mananciais 86

Tabela 3.16 Pontuação do Indicador Fontes Isoladas 87

Tabela 4.1 Indicadores do ISA/F e suas Finalidades 101

Tabela 4.2 Consumo Mínimo de Água por Habitante 106

Tabela 4.3 Largura das Vias de Circulação; Índice N e Grau de Viabilidade 115

Tabela 4.4 Faixas de Classificação do ISG e Pontuação Correspondente 118

Tabela 4.5 Indicador de Segurança Geológica-Geotécnica e Hierarquização

de Risco 119

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xiii

Tabela 4.6 Faixas de Densidade Demográfica Bruta e Pontuação

Correspondente 121

Tabela 4.7 Densidade Líquida e Problemas nas Urbanizações 125

Tabela 4.8 Situação da Regularização Fundiária e Índice Correspondente 128

Tabela 4.9 Serviço de Varrição e Valores Correspondentes ao Índice N 133

Tabela 4.10 Tempo de Degradação dos Materiais 135

Tabela 4.11 Espaço Público Existente e Pontuação Correspondente 138

Tabela 4.12 Ficha-Resumo do Relatório Salubridade 143

Tabela 5.1 Quadro de Áreas: Loteamentos Jardim da Floresta e Jardim

Vista Alegre 147

Tabela 5.2 Extensão Territorial por Município e Distribuição da População

no Interior da Bacia Hidrográfica do Guarapiranga 149

Tabela 5.3 Área Total Ocupada pelas Favelas na Bacia do Guarapiranga 167

Tabela 5.4 Planilha de Estimativa de Custo das Obras da Favela

Jardim Floresta 170

Tabela 6.1 Resultados Obtidos por cada Indicador 177

Tabela 6.1 Resultados Obtidos por cada Indicador (continuação) 178

Tabela 6.2 Número Médio de Habitantes por Domicílio 178

Tabela 6.3 Número de Habitantes por Domicílio 179

Tabela 6.4 Situação Sócio-Econômica por Domicílio 179

Tabela 6.5 Renda Média por Domicílio e por Habitante 180

Tabela 6.6 Situação Fundiária da Favela Jardim Floresta 180

Tabela 6.7 Infra-Estrutura e Serviços Públicos 181

Tabela 6.8 Espaços Públicos 182

Tabela 6.9 Segurança e Aspectos Gerais 183

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xiv

/,67$�'(�),*85$6

Figura 2.1 Mancha Urbana da RMSP 33

Figura 5.1 Vista Aérea da Favela Jardim Floresta (área circundada pelas

ruas) e de seu Entorno Imediato 148

Figura 5.2 Localização da Bacia do Córrego São José 150

Figura 5.3 Bacia Hidrográfica do Guarapiranga: áreas urbanizadas dos

municípios 152

Figura 5.4 Arranjo Institucional do Programa Guarapiranga 160

Figura 5.5 Plano Geral de Urbanização da Favela Jardim Floresta 169

Figura 6.1 Detalhe do Local para Depósito do Lixo 195

Figura 6.2 Detalhe do Local para Depósito do Lixo 195

Figura 6.3 Drenagem Ineficiente 196

Figura 6.4 Detalhe do Lixo Interferindo na Drenagem 196

Figura 6.5 Detalhe da Via Principal - Entrada 197

Figura 6.6 Detalhe de uma das Vias Internas 197

Figura 6.7 Início da Ocupação da Área Pública 198

Figura 6.8 Detalhe do Muro de Arrimo Incompleto 198

Figura 6.9 Detalhe da Caixa da Eletropaulo sem Medidor 199

Figura 6.10 Detalhe da Fiação Elétrica Precária 199

Figura 6.11 Entulho Jogado na Via de Circulação 202

Figura 6.12 Falta de Varrição - Lixo na Drenagem 202

Figura 6.13 Vias Principais com Luminárias 203

Figura 6.14 Iluminação da Via pelo próprio Morador 203

Figura 6.15 Programa Rua de Lazer - Via Externa 204

Figura 6.16 Detalhe da Área Verde 204

Figura 6.17 Vazamento no Ramal Domiciliar 207

Figura 6.18 Hidrante - Importante Medida de Segurança 207

Figura 6.19 Via de Circulação Comprometida 207

Figura 6.20 Apropriação Indébita do Espaço Público I 207

Figura 6.21 Apropriação Indébita do Espaço Público II 207

Figura 6.22 Educação Popular Alternativa 207

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xv

/,67$�'(�$%5(9,$785$6

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

APRM - Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais

Bird - Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento

CBH-AT - Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

Cepam - Fundação Prefeito Faria Lima

Cetesb - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de

São Paulo

Cohab - Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo

Conesan - Conselho Estadual de Saneamento do Estado de São Paulo

DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos

Emplasa - Empresa de Planejamento Metropolitano

Emurb - Empresa Municipal de Urbanização do Município de São Paulo

Fipe - Instituto de Pesquisas Econômicas

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISA - Indicador de Salubridade Ambiental

ISA/F - Indicador de Salubridade Ambiental para Favelas

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONGs - Organizações Não Governamentais

PMSP - Prefeitura Municipal de São Paulo

PSABG - Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga.

RMSP - Região Metropolitana de São Paulo

Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

Seade - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

Sehab - Secretaria da Habitação da Prefeitura do Município de São Paulo

SMA - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo

SRHSO - Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Estado de

São Paulo

SUS - Sistema Único de Saúde

UFSC - Universidade Federal de São Carlos

UGP - Unidade de Gerenciamento do Programa Guarapiranga

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As favelas existentes nos principais centros urbanos brasileiros apresentam grandes

variações nos aspectos relacionados a sua localização espacial, às necessidades de

infra-estrutura e serviços urbanos e à qualidade de vida de seus moradores. Essa

variedade de questões envolvidas, tanto pela sua complexidade quanto pela

multidisciplinaridade, dificulta a definição das ações a serem tomadas pelo Poder

Público com vistas a garantir níveis adequados de salubridade ambiental nas favelas

e, conseqüentemente, melhores condições de vida a essa população.

Observa-se que mesmo favelas consideradas urbanizadas pelo Poder Público,

dependendo da intensidade da intervenção realizada, não apresentam as condições

desejadas de salubridade ambiental. Cabe ressaltar que os trabalhos de urbanização

não garantem por si só a completa mitigação da degradação ambiental existente

nesses assentamentos habitacionais, tornando necessário assegurar também a

adequada prestação dos serviços públicos.

Este trabalho propõe um método para verificar se a urbanização de uma favela

promove sua recuperação urbanística ambiental, de forma a adequá-la a padrões de

salubridade que viabilizem sua permanência no local, sem comprometer o meio

ambiente e a saúde da população moradora na favela. O método é baseado no uso de

indicadores sanitários, de saúde pública, urbanísticos e sócio-econômicos.

A aplicabilidade do método é demonstrada pelo estudo de caso realizado na favela

Jardim Floresta, urbanizada através do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia

Guarapiranga (PSABG), resultando em recomendações e propostas, tanto para o

aperfeiçoamento do método quanto para a consolidação da intervenção.

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(19,5210(17$//<�3527(&7('�$5($6

$%675$&7

The shantytowns found in Brazil’s main urban centers present a wide range of diversity

when we consider the aspects relating to their location and space, the need for

infrastructure and urban services, and the quality of life of their inhabitants. The

complexity of addressing such diverse questions and subjects, involving several

different disciplines, makes determining exactly what measures should be taken by the

public authorities to ensure appropriate environmental sanitation levels in the

shantytowns and, consequently, improved living conditions for this segment of the

population, all the more difficult.

It is to be noted that even those shantytowns, which are considered as upgraded by the

public authorities, depending on the intensity of the intervention made there, do not

meet what could be described as “desired standards of environmental sanitation”. It is

important to underline that upgrading work does not, of itself, guarantee the complete

redemption of the environmental degradation to which these areas have been exposed.

It is also necessary to address the question of adequate public services in these areas.

This study proposes a method to verify if the shantytowns upgrading process promotes

environmental regeneration in such a way as to raise sanitation levels to acceptable

standards, that would make it feasible for them to stay in their original location, without

compromising the environment or the health of the population in the shantytown. The

method is based on the use of sanitation, public health, urban and socio-economic

indicators.

The applicability of the method is shown through a case study carried out in the

shantytown of Jardim Floresta, which was upgraded through the Environmental

Recovery Program of Guarapiranga Basin (PSABG - Programa de Saneamento

Ambiental da Bacia do Guarapiranga) and concludes with recommendations, not only

for perfecting the method, but also for the consolidation of the intervention work being

done in the area.

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O crescimento populacional em áreas urbanas, nas grandes cidades brasileiras, tem

acarretado uma série de dificuldades aos administradores públicos, principalmente

para os municípios localizados nas regiões metropolitanas. Dentre os problemas

ocasionados destacam-se as questões referentes ao controle da ocupação e do uso

do solo urbano (ROLNIK, 1991), à adequada prestação de serviços públicos urbanos

(ABIKO, 1995), ao aumento da miséria absoluta e relativa e do DSDUWKHLG social

(STEPHENS, 1994), (BÓGUS et al., 1992), às precárias condições de habitabilidade e

da qualidade de vida da população no setor peri-urbano (ABIKO, 1993).

Esse fenômeno da metropolização, onde “algumas regiões concentraram de forma

desproporcional o crescimento urbano” (SERRA, 1987, p. 22), caracteriza-se como um

fenômeno típico dos países em desenvolvimento, em que “os centros urbanos são

naturalmente os pólos de atração do acelerado processo de migrações rurais-urbanas

e inter-regionais, abrigando, em suas periferias, um grande contingente populacional

de baixa renda e apresentando elevados índices de desemprego e subemprego. Este

quadro de exclusão se completa com a degradação das áreas ocupadas, em geral

associadas à falta de infra-estrutura e serviços urbanos, ocasionando deterioração do

meio ambiente, das condições de saúde e de segurança da população” (FRANCO,

1994, p. 5).

As cidades apresentam maior capacidade de trabalho que o campo, pois elas geram

empregos em um mercado abrangente de produtos e de serviços. Com isso, o

desenvolvimento das atividades econômicas tem garantido a sobrevivência de grande

número de pessoas que, apesar das dificuldades, ainda encontra no meio urbano

melhores condições de acesso a serviços de saúde, educação, lazer, transportes e

comércio (ABIKO, 1993).

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Os dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram

os números relativos a esse crescimento da população urbana brasileira, conforme a

Tabela 1.1.

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1940 (1) 41.236.315 12.880.182 31,2 28.356.133 68,81950 (1) 51.944.397 18.782.891 36,2 33.161.506 63,81960 (1) 70.070.457 31.303.034 44,7 38.767.423 55,31970 (1) 93.139.037 52.084.984 55,9 41.054.053 44,11980 (1) 119.002.706 80.436.409 67,6 38.566.297 32,41991 (1) 146.825.475 110.990.990 75,6 35.834.485 24,41996 (2) 157.079.573 123.082.167 78,4 33.997.406 21,6

Fonte: (1) IBGE (1996); (2) IBGE (1997).

Segundo TASCHNER (1997), “as projeções populacionais apontam que até o ano

2000 a população brasileira que vive em áreas urbanas deverá ser de 136 milhões, o

que representará 80% do total populacional”. Vale observar que em 1940 o Brasil

possuía apenas 51 cidades com mais de 20 mil habitantes; em 1996 a Contagem de

População, realizada pelo IBGE (1997), apontava que 1430 municípios haviam

alcançado esse número, o que representou um aumento superior a 2800%. Esse

aumento do número de cidades pode ser considerado uma das conseqüências dessa

tendência do crescimento da população urbana.

Observa-se que “a distribuição da população no espaço urbano segue padrões de

desigualdade. De um lado, a periferia da cidade, sem infra-estrutura urbana básica é

ocupada por grupos menos privilegiados, de baixa renda e piores condições de saúde.

Do outro, áreas com acesso total às facilidades urbanas, ocupadas por grupos de alta

renda” (AKERMAN, 1994, p. 321).

Na cidade de São Paulo, por exemplo, desconsiderando-se as áreas centrais

degradadas -- os cortiços --, as áreas habitacionais que apresentam menor valor de

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mercado, com raras exceções, somente serão encontradas nos assentamentos peri-

urbanos, os quais estão localizadas em regiões distantes do centro da cidade. Esses

assentamentos ocupam, em sua maioria, ambientes degradados, clandestinos e sem

infra-estrutura, distinguindo um processo diferenciado de produção de cidades, com

características próprias de constituição, de crescimento e de mudança com o decorrer

do tempo (ABIKO; IMPARATO, 1993).

De acordo com SÃO PAULO (s.d.), grande parte de nossos problemas ambientais

está relacionada com a maneira pela qual a cidade foi sendo construída, sem respeitar

características e limitações do sítio urbano. As várzeas planas e alagadiças, por

exemplo, não foram preservadas como áreas de domínio dos rios, essenciais ao

escoamento das águas em períodos de grandes chuvas; os movimentos de terra são

realizados sem os cuidados necessários à proteção dos terrenos contra

desmoronamentos, e as áreas verdes continuam a ser eliminadas, deixando evidente

a precariedade do reconhecimento de sua importância para o equilíbrio ambiental de

uma cidade com as dimensões de São Paulo.

A necessidade de previsão do desenvolvimento futuro das cidades é a dificuldade que

os governos municipais encontram em relação à preservação dessas áreas. Como

observa ZMITROWICZ (1992), ao comentar a conveniência de se “preservar faixas

para a passagem de novas vias, independentes das faixas para escoamentos de

emergência das águas pluviais. Contudo, tais faixas não podem permanecer vazias,

devem receber usos com importância suficiente para não serem ocupadas

clandestinamente por atividades marginais que, em virtude do seu próprio

crescimento, não possam ser posteriormente dali retiradas”.

Infelizmente, não é dessa forma que vem ocorrendo. A coordenação desse processo

tem escapado do controle dos administradores públicos, pois os espaços vazios

existentes nas cidades -- que ainda não receberam o uso adequado ou que deveriam

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ser mantidas em seu estado natural -- estão sendo degradados. Uma das causas

dessa degradação está relacionada ao surgimento das favelas.

De acordo com o IBGE (1992), por ocasião da realização do censo demográfico de

1980, foram constatadas favelas em 126 municípios brasileiros. Em 1991 o censo

demográfico apontou a existência de favelas em 212 municípios, o que corresponde a

um aumento de 168% no número de municípios com favelas em seus limites

territoriais (IBGE, 1996). Em relação aos moradores de favela, o IBGE (1996) verificou

que, em 1980, existiam 480.595 unidades domiciliares faveladas, 1,89% dos

domicílios brasileiros e, em 1991, o percentual subiu para 3,28% dos domicílios, com

mais de 1,14 milhões de domicílios em favelas. Isto significa que o número de

moradores em áreas de favelas ultrapassou 4,4 milhões de pessoas, o que representa

cerca de 3,6% da população urbana brasileira e 3,1% da população total (TASCHNER,

1997). Vale destacar que essas favelas encontravam-se presente na maior parte das

grandes cidades brasileiras, principalmente nas capitais estaduais e municípios

limítrofes a estas.

Uma das razões para o aumento de favelas está relacionada à desvalorização

apresentada pelos salários em relação ao custo de vida nas últimas décadas, que não

tem permitido aos trabalhadores arcar, de maneira adequada, com o seu próprio custo

de reprodução como também ocupar um segmento do espaço urbano, adquirido junto

ao mercado imobiliário.

Através da Tabela 1.2 pode-se observar a evolução do valor real do salário mínimo no

município de São Paulo.

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Fonte: Banco de Dados Macro Econômico (DIEESE,1999).

De acordo com TASCHNER (1997), as perspectivas futuras indicam uma diminuição

em relação ao ritmo de crescimento das metrópoles no Brasil, sem, no entanto,

apresentar alteração do padrão periférico de crescimento nas cidades. Percebe-se que

a reversão do padrão segregador, característico das cidades brasileiras, não ocorrerá

em curto prazo. Favelas, periferias e cortiços desprovidos de serviços serão visíveis

nessas cidades no próximo milênio.

Diante do agravamento da situação sócio-econômica da população brasileira e,

conseqüentemente, do incremento do número de favelas, observa-se que os governos

municipais e estaduais têm apresentado mudanças na postura adotada em relação às

favelas. Nessa direção, somente na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), os

municípios de São Paulo, Embu, Embu Guaçu, Santo André, Diadema, São Bernardo

do Campo, Itapecerica da Serra, entre outros, passam a aceitar que a urbanização

constitui-se em uma solução a ser adotada; incorpora-se, assim, ao vocabulário

político de muitas administrações públicas a expressão: “urbanização de favelas”.

Vale lembrar que a “urbanização de favelas é o atendimento habitacional de mais

baixo custo que o poder público pode oferecer na melhoria das condições de moradia

1 Média referente aos 9 primeiros meses de 1999.

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da população de baixa renda. Não se trata, obviamente, da solução ideal, pois deixa

ao encargo do morador, na maioria dos casos, a resolução do problema da melhoria

da casa, mas cria os requisitos básicos para que a favela deixe de ser um

assentamento precário e possa se integrar à cidade” (BONDUKI, 1993).

As favelas encontram-se espalhadas pela malha urbana das cidades e localizadas, em

sua maioria, em áreas municipais que apresentam condições desfavoráveis para a

ocupação, tanto pela configuração topográfica -- fundo de vales, encostas íngremes --,

quanto pela função que apresentam -- áreas verdes, áreas de proteção aos

mananciais, áreas de uso público, áreas de mangue, entre outras.

Em relação a essas áreas, observa-se um acentuado predomínio na ocupação das

áreas públicas, principalmente as previstas nos projetos de loteamentos como área

verde ou área institucional (para implantação dos equipamentos comunitários).

Essas favelas apresentam grandes variações, principalmente quando se compara uma

não urbanizada com outra já urbanizada. As urbanizadas, em geral, são dotadas de

redes de infra-estrutura mais bem executadas e são atendidas por serviços públicos

urbanos, além de apresentarem menores (ou inexistentes) ameaças de riscos

geolológicos-geotécnicos no local etc. As não urbanizadas, ao contrário, em sua

imensa maioria apresentam precárias condições sanitárias, deficiência de infra-

estrutura, problemas de salubridade e riscos geológicos. Quanto a fatores antrópicos,

é possível observar também a existência de favelas localizadas em área de influência

de uma adutora, sob uma rede elétrica etc.

Entende-se por favela urbanizada “aquela que o resultado das intervenções será

direcionado para a solução dos problemas da infra-estrutura sanitária, da rede viária,

da consolidação geotécnica dos terrenos, da insalubridade das unidades habitacionais

e, ainda da demanda por equipamentos e mobiliário urbano, visando integrar a favela

urbanizada ao bairro a qual ela está localizada” (KNEIP, 1998, p. 2).

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Essa variedade de situações, tanto pela complexidade quanto pela

interdisciplinaridade das questões envolvidas, muitas vezes dificulta a correta ação

dos órgãos públicos no processo de decisão das medidas a serem tomadas

relacionadas às favelas. Outra dificuldade existente está relacionada à verificação das

condições de saúde pública e de saneamento ambiental daquelas que já foram

urbanizadas. Nesse universo, o conhecimento das condições de saneamento

ambiental existente numa favela reveste-se de grande importância para orientar

qualquer processo de intervenção com vistas a essas áreas.

Considerando-se a relevância dos fatos apresentados, esta tese estabelece um

método cujo objetivo é verificar as condições de salubridade ambiental em favela

urbanizada, avaliando se a urbanização de uma favela promove sua recuperação

urbanística ambiental, de forma a adequá-la a padrões de salubridade que viabilizem

sua permanência no local onde se encontra inserida, sem comprometer o meio

ambiente e a saúde de seus moradores.

O método proposto, denominado de Indicador de Salubridade Ambiental para Favelas

(ISA/F), foi elaborado tendo por referência o modelo de Indicador de Salubridade

Ambiental (ISA) desenvolvido pela Câmara Técnica de Planejamento do Conselho

Estadual de Saneamento do Estado de São Paulo (Conesan). Este modelo tem por

objetivo avaliar, periodicamente, a situação de salubridade ambiental nos municípios

do Estado de São Paulo.

Nessa direção, considerou-se o modelo de ISA, cuja elaboração foi resultante do

trabalho de especialistas da área de saúde pública, de saneamento ambiental e de

recursos hídricos, entre outras, como sendo o documento mais adequado para servir

de referência para a elaboração do método proposto.

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Assim, o ISA/F utilizará indicadores de saneamento, urbanístico, sócio-econômico e de

saúde pública, cujos valores obtidos pelos indicadores propostos serão ponderados de

forma a encontrar um valor médio final, referente ao nível de salubridade existente.

Considerando também que toda favela faz parte de uma região e a salubridade dessa

“região depende da ação de múltiplas autoridades (municipais, estaduais, federais e

até internacionais), além da própria participação dos interessados e da população

como um todo” (AZEVEDO NETTO, 1991, p. 35), a análise global das condições de

salubridade de uma favela será obtida através da leitura do resultado fornecido pelo

ISA/F, no âmbito da favela, complementado pela avaliação de salubridade ambiental

geral do município.

A utilização conjunta desses indicadores constitui-se um instrumento para subsidiar o

processo de tomada de decisões que está relacionado ao planejamento de políticas

públicas, as quais se encontram voltadas para a gestão urbana e, por conseguinte,

para a melhoria da qualidade de vida dos moradores em áreas urbanas, da

preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos.

O ISA/F apresenta o alcance e a sensibilidade necessários para verificar as condições

urbanísticas ambientais de favelas -- como será demonstrado através do estudo de

caso realizado --, de forma a permitir uma hierarquização destas áreas, de acordo com

os níveis de salubridade ambiental obtidos, com vistas a dar suporte a

programas/propostas de intervenção na questão da favela.

A salubridade ambiental de uma favela urbanizada é resultante da inter-relação dos

usos e apropriações dos serviços e espaços públicos pelos moradores. Considera-se,

então, de fundamental importância a realização periódica -- assim como o ISA -- da

verificação da situação urbanística ambiental das favelas urbanizadas, através do

método proposto, de forma a garantir a adequada manutenção e o contínuo controle

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da qualidade dos serviços prestados, dada a relevância desses serviços para a

melhoria da salubridade ambiental.

O método proposto pode ser utilizado também para:

- analisar a situação de salubridade ambiental de uma favela antes e depois de sua

urbanização;

- verificar se os trabalhos de urbanização executados estão atendendo as expectativas

iniciais;

- monitorar a manutenção dos serviços executados.

Dentre as inúmeras situações localizacionais das favelas, foi adotado como objeto de

análise prioritária a utilização do método em uma favela situada em área livre de dois

loteamentos1 localizados em área de proteção aos mananciais da Região

Metropolitana de São Paulo. A favela selecionada foi urbanizada através do Programa

de Recuperação Ambiental da Bacia do Guarapiranga (PSABG) -- parceria envolvendo

a Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), governo do Estado de São Paulo,

através da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e o Banco

Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird).

Dessa forma, para demonstrar a aplicabilidade do método foi escolhida como estudo

de caso a favela Jardim Floresta, a qual foi objeto de intervenção da prefeitura do

município de São Paulo. Essa escolha permitirá também, além da compreensão dessa

prática urbanística -- urbanizar favelas em área de manancial -- comentar o processo

de ocupação da bacia do Guarapiranga e as propostas contidas no PSABG.

Vale destacar que no município de São Paulo a urbanização de favelas em áreas de

mananciais constitui-se uma experiência inovadora, uma vez que, além desse projeto,

não se conhece nenhuma outra experiência anterior de urbanização de favela

realizada em área de manancial com o aval do Poder Público.

1 Trata-se de uma única favela ocupando uma área contínua pertencente a dois loteamentos diferentes.

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Na administração da prefeita Luiza Erundina (1989/1993) houve uma tentativa de se

urbanizar favela em área de manancial -- Projeto Chácara do Conde, localizado na

bacia do Guarapiranga. Entretanto, a prefeitura não obteve sucesso na aprovação do

projeto de urbanização.

Os estudos aqui apresentados foram realizados a partir de uma abordagem sistêmica,

configurando-se em um instrumento que garantirá a compreensão dos principais

elementos que interferem na funcionalidade das ações envolvidas na urbanização de

favela. Desse modo, os indicadores selecionados permitirão verificar de maneira

individualizada o funcionamento orgânico da favela, observando os aspectos

relacionados às questões urbanísticas ambientais existentes, sem, contudo, perder a

visão de que essas questões são partes de um elemento último indivisível.

A escolha dos indicadores ocorreu a partir do levantamento dos parâmetros

considerados de aceitabilidade para a elaboração de uma análise comparativa entre

diferentes realidades e que, portanto, necessitam ser mensurados com vistas a sua

adequada avaliação. A utilização dos indicadores e dos índices permitirá que a leitura

da análise seja realizada por intermédio de números que procuram descrever a

realidade observada.

STEPHENS et al. (1994) faz observações sobre a necessidade premente de se

desenvolver métodos amplamente reproduzíveis para a identificação de necessidades

na saúde urbana e produzir informações generalizáveis sobre as condições

prevalescentes no meio ambiente e saúde em cidades de países em desenvolvimento.

Em relação ao universo da pesquisa elaborada, assim como a respeito dos

comentários realizados nesta tese, observa-se que foi tomada como referência a

realidade urbana da RMSP.

Entre as limitações contidas neste trabalho, tem-se a não abrangência de todos os

tipos de favelas urbanizadas. No caso específico de São Paulo, o Projeto de

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Verticalização de Favelas apresenta uma legislação urbanística própria, voltada para a

construção de conjuntos habitacionais com o objetivo de receber a população egressa

da favela. Outro tipo de situação não contemplada nesta tese refere-se às palafitas

e/ou aos assentamentos em área de mangue etc., os quais necessitariam de um

estudo mais aprofundado para a utilização do método aqui proposto.

Um outro aspecto que merece ser comentado é a ausência de um indicador

habitacional que verifica a condição da moradia sob o aspecto das H[LJrQFLDV� GR

XVXiULR: segurança estrutural, estanqueidade, segurança ao fogo, conforto acústico,

conforto higrotérmico e durabilidade (SOUZA, 1983) e também sob o aspecto da

saúde de seus habitantes (OPAZO, 1969), (CAIRNCROSS; FEACHEM, 1983). Em

relação a essa questão, após as primeiras tentativas de realizar tal análise, percebeu-

se a complexidade envolvida para realizar a coleta de dados e o posterior estudo

dessas informações com vistas à elaboração de tal indicador. Dessa forma, entende-

se que a questão habitacional deva ser assunto específico de uma outra pesquisa.

Vale mencionar que a elaboração da presente pesquisa insere-se no campo de

atuação da Engenharia Urbana, no qual procurou-se manter restrito. Porém, algumas

vezes, houve a necessidade da busca de suporte em campos de conhecimentos, de

natureza bastante diversificada, sendo que as inserções no campo da engenharia

sanitária, da engenharia hidráulica, da saúde pública e da ecologia foram as mais

pesquisadas, entre outros campos.

A Engenharia Urbana, subconjunto da Engenharia Civil, cujas nuanças designativas

também são expressas pelos termos Engenharia Social Urbana (FIGUEIREDO, 1995),

Engenharia Ambiental (CHRISTOFOLETTI, 1999), (MOTA, 1997), “é a arte de

conceber, realizar e gerenciar sistemas técnicos” (ZMITROWICZ; ANGELIS, 1997).

Ela apresenta uma leitura dos fenômenos urbanos, diferenciada da engenharia civil

tradicional, que demonstra uma atuação setorizada nas suas áreas afins. “Esta

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abordagem setorial tem se mostrado ineficiente face à complexidade e à

interdependência da grande maioria dos problemas verificados nas cidades”. Dessa

forma, a engenharia urbana resgata o papel social do engenheiro, com uma formação

baseada em conhecimentos integrados e voltada para a busca da qualidade de vida

urbana (UFSC, 1995).

Nesse aspecto, esta tese descreve, no Capítulo 2, o processo de desenvolvimento das

favelas na cidade de São Paulo comentando as políticas públicas adotadas, as

principais inter-relações e as demais questões condicionantes na urbanização de

favelas. Dentre esses aspectos, são destacadas as questões referentes à salubridade

ambiental e aos serviços públicos.

O Capítulo 3 expõe a concepção do ISA e comenta os aspectos legais que respaldam

sua elaboração. São apresentados os indicadores que compõem o ISA e são

detalhados o critério de cálculo e a pontuação referente a cada um deles.

O Capítulo 4 trata do método proposto. Inicialmente apresentará o ISA/F e sua

importância enquanto instrumento de avaliação das condições de salubridade de

favelas urbanizadas, bem como os critérios adotados na elaboração dos parâmetros

para sua aferição. Neste capítulo, são traçados os critérios de cálculo e de pontuação

e as considerações gerais sobre cada indicador proposto.

No Capítulo 5 são comentados os critérios adotados para a seleção da área de estudo

de caso, aborda-se a questão do processo de ocupação das áreas de mananciais na

RMSP, apresenta-se uma breve discussão do PSABG, em especial do subprograma

recuperação urbana e os aspectos da urbanização da favela Jardim Floresta.

O Capítulo 6 aborda a questão da aplicabilidade do método proposto. Apresenta os

resultados obtidos na coleta de dados, assim como os cálculos dos indicadores, cuja

pontuação obtida é sintetizada numa tabela de resultados. É apresentada também a

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consideração sobre cada indicador e, com bases nessas informações, é elaborado o

relatório de salubridade ambiental da favela.

No Capítulo 7 são apresentados os comentários finais e as recomendações.

No Capítulo 8 estão contidas as referências bibliográficas.

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���)$9(/$�(�68$6�,17(5�5(/$d®(6

����&RQVLGHUDo}HV�,QLFLDLV

As favelas podem ser consideradas uma das marcas mais salientes do insucesso do

sistema econômico-social existente em nosso país. Pode-se afirmar que desde o

surgimento das primeiras favelas sua população sempre foi, de alguma forma,

marginalizada socialmente. Segundo TASCHNER (1984, p. 90), “os estudos de favela

ligam-se à ‘teoria da marginalidade’, que aparece, com maior e menor incidência, em

toda a produção das ciências sociais sobre a moradia no início da década de 1970”.

Nesta linha de pensamento, PERLMAN (1977) afirma que os moradores de favelas

não são econômica nem politicamente marginais, mas são explorados e reprimidos;

que não são social e culturalmente marginais, mas são estigmatizados e excluídos de

um sistema social fechado.

Para STOFFELS (1977), o uso dos estigmas da ideologia dominante em relação às

favelas e aos seus moradores, tais como célula de um câncer na cidade, reino da

desorganização social, local de promiscuidade, esconderijo de bandidos e traficantes,

sanguessuga da infra-estrutura urbana, pessoas acomodadas, que não se esforçam

para mudar de vida e que não pagam impostos, constitui-se em um instrumento de

dominação que remete ao processo de recusa de auto-identificação pelo outro e a

negação da semelhança.

Na década de 1980, supera-se a ‘teoria da marginalidade’, transformando a questão

na problemática dos graus e formas de exploração da força de trabalho, a partir da

discussão entre diferentes tipos de organização social da produção (TASCHNER,

1984, p.90).

Neste contexto, pode-se afirmar que a existência de favelas é aceita pelo Estado, pois,

na medida do possível, elas, entre outros fatores, são funcionais para a manutenção e

a reprodução da ordem pública, econômica e social; garantem a reprodução da força

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de trabalho dentro de um sistema de baixos salários; poupa o governo de intervir a

fundo na questão crucial do mercado de terras; mantém, de forma explícita ou

implícita, os “mitos” e a conseqüente “subalternidade da população”.

A impotência do Estado em solucionar a questão das favelas não penaliza somente

uma parte da sociedade -- os moradores dessas favelas --, mas ela como um todo,

pois, ao ocuparem as diferentes áreas urbanas, acabam provocando alterações em

relação ao uso pretendido, prejudicando tanto o meio ambiente quanto a população

moradora da cidade em geral. Dentre as mais variadas áreas ocupadas por favelas,

destacamos a ocupação de áreas verdes e áreas de proteção dos mananciais, um fato

característico da RMSP.

Diante desse quadro, TASCHNER (1992) observa: “O que se pode fazer? Remover 1

milhão de favelados? Como e para onde? Não parece uma solução exeqüível e

sensata. Remover os de área com risco eminente? Sim, não há outra solução.

Melhorar as condições dos córregos, obras de contenção de taludes, enfim, tirar da

condição de risco aquela população, sempre que possível?”. Em estudo mais recente,

TASCHNER (1997, p. 66) afirma que a “urbanização parece um caminho a seguir,

como ‘cura’ para o problema já existente. Entretanto, essa cura tem conseqüências:

infelizmente, com as obras de melhoria, o submercado fundiário consolida-se na

favela, a terra e as casas se mercantilizam, o preço sobe. A solução perfeita será ter

terra e casa para todos. Utopia?”.

����&RQFHLWR

O termo favela, com o passar dos tempos, tem apresentado mudanças, as quais

acompanham quase sempre a evolução da situação sócio-econômica de seus

moradores. TANAKA (1993) afirma que “entre os diferentes conceitos criados para

organizar os conhecimentos das favelas, ao longo de quase um século de sua

existência e a realidade das periferias das cidades hoje, especialmente no caso de

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São Paulo, existem apenas dois pontos de convergência: a posse não legalizada da

terra e a óptica em relação aos favelados. As demais características utilizadas para

definir as favelas da cidade caíram em desuso. São as adaptações à realidade local e

específica de cada cidade e bairro”.

Tradicionalmente, o conceito mais usado define a favela “como conjunto de unidades

domiciliares, construídas com madeira, zinco, lata, papelão ou mesmo em alvenaria,

distribuídas desordenadamente em terrenos cuja propriedade individual do lote não é

legalizada para aqueles que os ocupam. Na maioria das vezes ocupam áreas com

declividade acentuada ou inundável” (TASCHNER, 1997), (ABIKO, 1995).

As favelas paulistanas, apesar das enormes discrepâncias existentes entre elas, têm,

em sua maioria, apresentado uma homogeneização de determinadas características, a

saber: D��HP�UHODomR�DR�PDWHULDO�GH�FRQVWUXomR� os barracos estão sendo substituídos

por construções em alvenaria; E��HP�UHODomR�j�LQIUD�HVWUXWXUD� o fornecimento de água

e energia elétrica atende à quase totalidade, direta ou indiretamente, dos domicílios

existentes nas favelas; F��HP�UHODomR�j�FROHWD�GH�HVJRWR� o esgoto a céu aberto no

interior da favela está desaparecendo, seja através da execução de redes

condominiais pelos moradores com recursos próprios, seja pela colocação de redes de

esgotos por parte da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

(Sabesp) -- concessionária que atua na RMSP --; G��HP�UHODomR�DRV�DFHVVRV�LQWHUQRV�

as vias de circulação interna estão sendo pavimentadas (TANAKA, 1993).

Essas características homogêneas refletem a realidade do quadro das favelas

paulistanas que pode ser verificada ao se observar como as diferentes formas de

habitar se confundem na estrutura urbana da cidade. Sobrevoando a cidade de São

Paulo, a diferenciação entre loteamentos para a população de baixa renda e favelas,

na periferia da cidade, está cada vez mais difícil de ser percebida, em conseqüência

do processo dessas alterações que vêm ocorrendo nas favelas.

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De acordo com PINI et al. (1997), em 1980, na cidade de São Paulo, apenas 2,4%

dos domicílios existentes nas favelas foram construídas em alvenaria, já em 1987 o

percentual subiu para 50,5% e em 1993 atingiu 74,2%.

Vale lembrar que muitas vezes a deficiência na prestação de um determinado serviço

público urbano na favela ocorre porque a própria periferia da cidade, onde a favela se

encontra localizada, sofre das mesmas carências (TANAKA, 1993).

Diante do exposto, a definição mais apropriada para favela, nos dias atuais, seria:

assentamento habitacional espontâneo, localizado em área pública ou particular, de

forma ilegal em relação à propriedade do solo e cujas edificações encontram-se em

desacordo com as leis de uso e ocupação do solo, independentemente do número de

unidades habitacionais existente e das tipologias construtivas dos domicílios.

����$V�)DYHODV�QD�&LGDGH�GH�6mR�3DXOR

As primeiras favelas paulistanas surgiram, aparentemente, na década de 40

(TASCHNER, 1997). A esse respeito, TANAKA (1993 apud GODINHO, 1955) relata

que a origem das favelas na cidade de São Paulo ocorre “entre 1942 a 1945, em

decorrência das obras do Plano de Avenidas e por iniciativa da própria Prefeitura.

‘Com as desapropriações feitas em virtude da abertura de avenidas como a Nove de

Julho e outras nos Campos Elíseos etc., muitas pessoas ficaram sem abrigo.

Improvisaram-se uns barracões nos locais onde se acha instalado o Parque Changai,

e assim se iniciou a primeira favela, que era denominada Favela Prestes Maia, ao

longo da avenida do Estado”.

O número de pessoas morando em favelas apresenta um crescimento relevante a

partir da segunda metade da década de 70. De acordo com TASCHNER (1997, p. 12),

“o maior crescimento do número de favelas se deu na década de 70, quando surgiram

823 favelas, 52% do estoque de favelas do município em 1987. Durante os anos 80

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(até dezembro de 1987) formaram-se no tecido urbano 353 novas favelas, 22% do

total dos 1592 assentamentos favelados cadastrados em 1987. Entre 1987 e 1997

tem-se notado surgimento de novas invasões, sobretudo na zona periférica da cidade,

além do adensamento das existentes”.

Vale destacar que o IBGE, para a realização do censo demográfico de 91, computou a

existência de apenas 629 favelas na cidade de São Paulo, com população estimada

em 647,2 mil pessoas. Essa diferença está relacionada ao critério adotado pelo IBGE

para classificar favelas, que considerou favela apenas os aglomerados (favelas) com

no mínimo 51 domicílios. Esse critério adotado pelo IBGE gerou uma subestimação do

verdadeiro número de favelas existentes no país. A título de exemplo observa-se que,

de acordo com o Censo das Favelas, realizado em 1987 pela prefeitura do municipal

de São Paulo (SÃO PAULO, 1988), o número de favelas existentes no município era

de 1594, apresentando uma população de 815,4 mil pessoas. Através da leitura da

Tabela 2.1, pode-se perceber que somente no município de São Paulo, em 1987,

60,6% das favelas apresentavam menos de 50 domicílios.

7DEHOD�����1~PHUR�GH�)DYHODV�SRU�([WUDWR�QR�0XQLFtSLR�GH�6mR�3DXOR�HP�����

1~PHUR�GH�'RPLFtOLRV 1~PHUR�GH)DYHODV

2 a 9 domicílios 453 28,4210 a 49 domicílios 513 32,1850 a 99 domicílios 252 15,81100 a 199 domicílios 189 11,86200 a 499 domicílios 148 9,28500 a 1000 domicílios 24 1,51mais que 1000 domicílios 15 0,94

Total 1.594 100

Fonte: SÃO PAULO (1988).

Tomando como referência à estratificação apresentada pela PMSP, contida na Tabela

2.1, em relação ao tamanho das favelas no município de São Paulo, pode-se

classificá-las como: favelas de pequeno porte as que possuem até 49 domicílios; de

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médio porte as que possuem entre 50 a 499 domicílios e de grande porte as com mais

de 500 domicílios.

Dados da pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe,

1994), apontam para uma impressionante marca de quase 2 milhões de pessoas

morando em favelas no município de São Paulo em 1993, o que representa 19,4% da

população total do município. A Tabela 2.2 mostra que o número de habitantes nas

favelas tem crescido de forma mais acentuada que a população total do município.

7DEHOD�����&UHVFLPHQWR�GD�3RSXODomR�)DYHODGD�QR�0XQLFtSLR�GH�6mR�3DXOR

População de São PauloANO Total Favelada %

1970 5.924.615 - -1973 6.590.826 71.840 1,11975 7.327.312 117.237 1,61980 8.493.226 439.721 5,21987 9.108.854 812.764 8,91991 9.480.427 1.071.288 11,31993 9.605.520 1.901.892 19,8

Fonte: TASCHNER (1997, p. 14).

Esses números mostram que num período de 6 anos, isto é, entre 1987 e 1993, o

crescimento do número de moradores em favela no município de São Paulo foi de

133%. Em relação à população total do município houve um crescimento de 8,9% para

19,3% no mesmo período.

����/RFDOL]DomR�GDV�)DYHODV�QR�(VSDoR�8UEDQR�GD�&LGDGH�GH�6mR�3DXOR

Traçando um histórico a respeito da localização das favelas no espaço urbano da

cidade de São Paulo, observa-se que as primeiras ocupações de áreas públicas

ocorridas nas décadas de 50 e 60 se caracterizaram pela proximidade à região central.

A partir da década de 70, as favelas, assim como os loteamentos ilegais,

concentraram-se nas áreas periféricas da região sul da cidade. Para VILLAÇA (1989),

"a proximidade ao emprego e ao subemprego continua a ser o fator determinante,

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porém num novo quadro social. O pobre de 1950 pagava pela terra em que morava e

não tinha outra alternativa senão residir longe de tudo. O miserável de 1980 não paga

pela terra onde mora. Se a terra é grátis, é preferível ocupá-la perto dos locais de

subemprego a longe".

Apontam-se como possíveis fatores responsáveis por esse processo de

“periferização”, assim como de “favelização”, a inexistência de terrenos centrais

vazios, a aprovação da Lei Municipal de Zoneamento (São Paulo) em 1972, Lei

Estadual de Proteção aos Mananciais (São Paulo) em 1975, a Lei Federal de

Parcelamento do Solo, em 1979, entre outros fatores. Nessa direção, CALDEIRA

(1991) afirma que a questão da periferização das favelas estaria relacionada ao

término das áreas com algumas ‘vantagens locacionais’. Dessa forma, a invasão de

um terreno só se dará na periferia longínqua, onde o custo e o tempo de transporte

diário tornam a alternativa pouco atraente. Estaria acontecendo na década de 80 uma

redistribuição espacial da pobreza -- e portanto de uma das suas conseqüências

físicas imediatas, o tipo de domicílio.

De acordo com ALMEIDA (1992), a aprovação da lei do zoneamento em 1972 inibiu a

implantação de loteamentos populares na RMSP, podendo ser apontada como um dos

fatores responsáveis em grande parte pelo incremento das populações que vivem em

habitações subnormais a partir de 1973, incapazes de inserirem-se nos moldes

determinados pela legislação municipal.

Outra conseqüência relacionada com a aprovação da lei de zoneamento refere-se ao

aumento dos preços dos terrenos centrais. Segundo VILLAÇA (1989), tal fato faz com

que a alternativa de moradia para a população de menor renda, diante da

impossibilidade de adquirir um terreno próximo às áreas centrais, seja morar em

cortiços -- áreas centrais degradadas -- ou em loteamentos clandestinos e favelas --

em sua imensa maioria, localizados em regiões distantes do centro de São Paulo.

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Na RMSP, a dinâmica de ocupação de áreas públicas por favelas ocorre também nas

áreas de proteção aos mananciais, com algumas diferenciações em relação às razões

da ocupação. Segundo SÓCRATES et al. (1985), a aprovação, em 1975, da Lei

Estadual (São Paulo) de Proteção aos Mananciais, Lei no 898/75, teve como

conseqüência à desvalorização de glebas particulares localizadas às margens das

represas Billings e Guarapiranga. Como resultante dessa desvalorização, as áreas

localizadas próximas a essas represas sofreram um processo de ocupação na maioria

das vezes em desacordo com a nova legislação, "por loteamentos precários, favelas e

invasões, por indústrias, comércio e serviços e, mesmo, por equipamentos

comunitários construídos pelo próprio Poder Público".

Em 1979, a aprovação da lei de parcelamento do solo, Lei no 6.766/79, de acordo com

MARICATO (1983), “teve o efeito de inibir (e não de erradicar) a abertura de novos

loteamentos irregulares, ou o desenvolvimento dos existentes". Em relação às favelas,

a autora, baseada em observação empírica, acredita que tal fato levou ao crescimento

das favelas e a ocorrência de invasões na medida em que diminuiu a oferta de uma

alternativa habitacional para a população de baixa renda.

Percebe-se que uma parcela cada vez maior da população não consegue comprar ou

alugar uma casa no mercado formal e/ou informal. Assim sendo, e considerando que o

custo inicial é reduzido, a compra ou construção de um barraco é a solução viável

encontrada por grande parte da população de baixa renda para resolver o problema de

falta de moradia.

De acordo com ZMITROWICZ (1997), “o que se percebe é que as áreas urbanas

constituem conjuntos de recursos que são aproveitados por indivíduos e grupos de

população em fluxo e refluxo, condicionados por estruturas não-físicas. (...) Quando

abandonadas e sem uso, outros aproveitamentos surgem ou mesmo invasões de

outros indivíduos ou grupos pretendendo a posse”.

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De acordo com PINI et al. (1997), no que se refere às propriedades invadidas ou

favelas, em 1987 a situação era a seguinte: 70% da população favelada estavam em

áreas de uso comum; 20% em áreas particulares e 10% em áreas mistas (particulares

e de uso comum).

No município de São Paulo, a prefeitura define área verde como sendo “a propriedade

pública ou particular, delimitada pela Prefeitura com o objetivo de implantar ou

preservar a arborização e o ajardinamento, visando assegurar condições ambientais e

paisagísticas, podendo ser parcialmente utilizada para implantação de Equipamentos

Sociais” (SÃO PAULO, 1991, p. 25).

Observa-se que as áreas públicas (verde, uso comum, institucionais, entre outras)

“passam ao domínio público por ocasião do registro do Parcelamento no Cartório de

Registro de Imóveis” (SÃO PAULO, 1991, p. 28). De acordo com a Lei Federal no

6.766/79, os municípios eram obrigados a exigir, no mínimo, que 35% de qualquer

gleba parcelada para fins urbanos, salvo as exceções previstas na lei, fossem

“destinadas a sistema de circulação, a implantação de equipamento urbano e

comunitário, bem como a espaços livres de uso público, proporcionais à densidade de

ocupação prevista para a gleba”. Com a aprovação da Lei no 9.785, de 29 de janeiro

de 1999, alterou-se a Lei no 6.766/79, eliminou-se o percentual de 35%, passando-se a

exigir apenas que as áreas de uso público, constantes nos novos projetos de

loteamento, atendessem a requisitos de proporcionalidade à densidade, conforme

consta no artigo no 4.

“Art. 4 / I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de

equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso

público serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano

diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem.”

Entende-se que por se tratar de lei federal, cuja preocupação maior é traçar diretrizes

gerais, tanto a Lei Federal no 6.766/79 quanto as alterações introduzidas pela Lei

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Federal no 9.785/99 não definem o que seja espaços livres de uso público, qual é seu

tamanho mínimo, qual sua forma geométrica ou onde deveriam estar localizadas

essas áreas no projeto de parcelamento do solo, deixando para os municípios tal

incumbência.

Observa-se que o processo de ocupação ilegal ocorre principalmente nas áreas

públicas: 70% da população, conforme relatado anteriormente. Pode-se afirmar que,

no caso da cidade de São Paulo, esse processo de ocupação acontece em virtude,

principalmente, da redução do poder aquisitivo da população que vem ocorrendo nas

últimas décadas -- “o salário mínimo perdeu 46% do seu valor real na década de 80”

(TASCHNER, 1997) -- e das falhas existentes na legislação municipal de

parcelamento do solo -- da Lei no 7.805/72 e Lei no 9.413/81 --, que permitem a

aceitação, por ocasião da aprovação do projeto de loteamento, de áreas que na

prática não são adequadas para os fins desejados -- uso público.

Observando o que diz o Art. 5 da Lei no 7.805/72 e o Art. 2/III da Lei no 9.413/81, pode-

se perceber a razão para que tais fatos ocorram:

“Da área total, objeto do projeto de loteamento, serão destinados, no

mínimo:

a) 20% (vinte por cento) para vias de circulação de veículos;

b) 15% (quinze por cento) para áreas verdes;

c) 5% (cinco por cento) para áreas institucionais”.

Nota-se que a lei exige que seja previsto um mínimo de área da gleba a ser loteada

para uso público, especificando inclusive, nos artigos IV e V, da Lei no 9.413/81, onde

deverão estar localizadas as áreas verdes e as áreas institucionais, respectivamente,

a saber:

“IV - A localização das áreas verdes deverá atender às seguintes

disposições:

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a) 50% (cinqüenta por cento) do percentual exigido para áreas verdes será

localizado pela Prefeitura em um só perímetro e em parcelas de terreno

que, por sua configuração topográfica, não apresentem declividade

superior a 30% (trinta por cento);

b) a localização do restante da área exigida para áreas verdes ficará a

cargo do loteador e só será computado como área verde quando em

qualquer ponto da área puder ser inscrito um círculo com raio de 10 m (dez

metros), podendo ser localizado em parcelas de terreno que apresentem

declividade superior a 30% (trinta por cento). (...)

V - A localização da área institucional deverá atender às seguintes

exigências:

a) estar situada junto a uma via oficial de circulação de veículos e contida

em um único perímetro;

b) ocupar até 50% (cinqüenta por cento) da extensão da testada da gleba,

lindeira à citada via oficial;

c) estar situada em área com declividade até 15% (quinze por cento)”.

Como pode ser observado, no item D do Art. IV, consta que 50% das áreas verdes

podem ficar em terrenos com até 30% de declividade, que já é excessivo. Para piorar

ainda mais a situação, a lei, no item�E do Art. IV, DXWRUL]D (grifo nosso) a implantação

de 50% das áreas verdes em terrenos com mais de 30%, inviabilizado o uso cotidiano

desse espaço pelos moradores.

De acordo com MACEDO (1995, p. 19), a cidade de São Paulo constitui-se em “um

exemplo real, apesar de possuir um número significativo de parques (mais de quarenta

unidades), um sem número de praças e extensas áreas ocupadas por bairros-jardins

não é com certeza um modelo a ser seguido de distribuição de áreas verdes”, uma vez

que “o que se tem é que tais espaços não são realmente acessíveis à grande massa

da população, situando-se em encostas ou pertencendo a jardins particulares”.

A Lei no 9.413/81, em seu Art. X permite também que seja computado como áreas

verdes as faixas QRQ�DHGLILFDQGL existentes ao longo dos córregos:

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“Art. X - Ao longo das águas correntes, canalizadas ou não, das dormentes

e das faixas de domínio público das rodovias, ferrovias e dutos, será

obrigatória a reserva de faixa QRQ�DHGLILFDQGL’ de 15 m (quinze metros) de

cada lado das suas margens e dos limites da faixa de domínio.

§ 1 - A faixa QRQ� DHGLILFDQGL referida no item X deste artigo, quando ao

longo das águas dormentes e correntes, deverá ser utilizada para sistema

viário ou áreas verdes, dispensada a obrigatoriedade da inscrição do

círculo de raio de 10 m (dez metros), constante da alínea ‘b’ do item IV

deste artigo”.

Diante do que consta na legislação, conclui-se que o loteador, ao promover o

parcelamento de sua gleba, irá procurar implantar o maior número possível de lotes

nas partes mais favoráveis da gleba e destinar, com raras exceções, as piores partes

para serem utilizadas como áreas verdes. Vale lembrar que as áreas com declividade

excessiva apresentam baixo valor de mercado, portanto o interesse do loteador é

colocar as áreas verdes nesses locais, reservando as áreas mais valorizadas de sua

gleba para serem loteadas.

Tal fato constitui-se numa realidade, excetuando-se as glebas onde o loteador, desde

a concepção do projeto de parcelamento, preveja áreas verdes localizadas em locais

favoráveis. Entende-se por locais favoráveis as áreas com declividade inferior a 15%1

e as áreas que não sejam QRQ�DHGLILFDQGL e/ou localizadas às margens dos córregos.

Esta situação acarretará o posterior descaso dos governantes em relação a essas

áreas, pois a prefeitura não terá interesse em dar um tratamento adequado, seja

paisagístico ou urbanístico, a uma área mal localizada, íngreme e/ou com dimensões

inadequadas.

Conseqüentemente, as favelas ocuparão esses locais que são impróprios para o uso

como área de lazer ou praça, assim como para uso habitacional. Dessa forma, muitas

1 Adotou-se a declividade exigida pelo Artigo no 24 do Decreto Municipal/SP no 31.601, de 26 de maio de1992, para a implantação de áreas institucionais.

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favelas irão apresentar graves problemas geológicos-geotécnicos e hidráulicos,

colocando em perigo a vida de seus moradores.

Um outro fator que pode ser considerado estímulo à invasão de áreas públicas é a

falta da ação imediata dos órgãos públicos (poder de polícia) durante o surgimento dos

primeiros barracos. Mesmo que haja alguma repressão, esta é menos intensa que nas

áreas particulares. Nestas áreas sempre existirá a figura do proprietário que, a

qualquer momento, pode entrar com uma ação de reintegração de posse. Muitos

proprietários de glebas urbanas, para não caracterizar uma situação de abandono,

constroem cercas, muros divisórios ou introduzem pequenas melhorias em seus

terrenos, diminuindo a possibilidade de uma invasão enquanto espera que ocorra uma

valorização de suas terras.

De acordo com TASCHNER; VERAS (1990), em 1987, as favelas que apresentavam

riscos estariam distribuídas na trama urbana de São Paulo, conforme mostra a Tabela

2.3.

7DEHOD�����6LWXDomR�GDV�)DYHODV�QD�7UDPD�8UEDQD�GH�6mR�3DXOR

6LWXDomR 7RWDO NA %

Favelas à margem de córregos 783 49,3Favelas sujeitas a enchentes 512 32,2Terrenos com declive acentuado 466 29,3Terrenos com erosão acentuada 385 24,2Favelas sobre aterro sanitário/lixão 30 1,9Favelas à margem de via férrea 25 1,6

Fonte: TASCHNER; VERAS (1990). (*) Obs.: A porcentagem de cada indicador foi calculada sobre o total de favelas do município de São Paulo.

Existem ainda situações agravantes como, por exemplo: uma favela ocupar uma área

verde pertencente a um loteamento ilegal, localizado dentro de uma área de

manancial. Tal fato se configuraria no que poderíamos denominar de “uma ilegalidade

dentro de uma situação de irregularidade”.

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Observa-se que nem todas as favelas estão localizadas em áreas que apresentam

risco de vida a seus moradores ou que possam prejudicar o meio ambiente, como é o

caso, principalmente, das favelas localizadas em áreas de proteção aos mananciais.

Há favelas que se encontram mais bem localizadas na malha urbana, isto é, em áreas

que não apresentam riscos a seus moradores nem causam contínuos danos ao meio

ambiente. Essas áreas -- também classificadas como áreas verdes e/ou institucionais--

foram posicionadas em locais topograficamente mais favoráveis.

Entende-se que as áreas institucionais são as parcelas de terrenos destinados à

instalação dos equipamentos comunitários -- instalações e espaços destinados à

atividade de saúde, educação, cultura, lazer, esporte, recreação, promoção e

assistência social e similar (SÃO PAULO, 1991).

Vale destacar que o processo de ocupação das áreas de mananciais da cidade de

São Paulo, principalmente para fins habitacionais -- loteamentos regularizados e

ilegais, favelas, entre outras formas de ocupação --, foi se acentuando e, em 1998, de

acordo com o INSTITUTO SÓCIO-AMBIENTAL (1998), somente a bacia do

Guarapiranga apresentava uma população estimada de 622 mil habitantes. Em

relação às favelas, calcula-se que estejam localizadas na bacia do Guarapiranga 264

favelas (SÃO PAULO, 1997).

������,PSRUWkQFLD�GD�0DQXWHQomR�GDV�ÈUHDV�9HUGHV�H�GRV�(VSDoRV�/LYUHV

���������8UEDQRV

A importância da preservação e da manutenção das áreas verdes e dos espaços livres

está relacionada às funções que desempenham no meio urbano. Para BARTALINI

(1994, p. 49), essas funções podem ser agrupadas em três conjuntos: “o primeiro diz

respeito aos valores visuais ou paisagísticos, em senso estrito. O segundo aos valores

recreativos. O terceiro aos valores ambientais. Estas funções não são excludentes: um

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determinado espaço pode desempenhar papel relevante nas condições ambientais de

uma cidade e ao mesmo tempo ter um grande potencial recreativo e ser um elemento

de destaque na paisagem urbana. Seria ideal que estas funções sempre estivessem

interligadas”.

Em relação ao papel que desempenham, as áreas verdes urbanas são importantes

“para a qualidade ambiental das cidades: amortecem ruídos, embelezam o ambiente,

protegem contra ventilação ou insolação excessivas, alterando o microclima local,

abrigam a fauna, ajudam no controle da erosão, melhoram a qualidade do ar,

protegem mananciais de água, além de proporcionarem recreação, lazer e descanso”

(RIBEIRO, 1998).

As funções relatadas por BARTALINI (1996) muitas vezes podem não ser excludentes.

Porém, não apresentam condições para sua plena utilização, de acordo com o uso

pretendido. Um dos exemplos, já relatado, relevantes é a escolha de áreas íngremes

para serem utilizadas como área verde. Esta escolha mostra que em muitos órgãos

públicos os técnicos, ao aprovarem projetos de parcelamento de glebas urbanas,

possuem uma visão limitada do conceito e da função de uma área verde.

A respeito das áreas verdes, PUPPI (1981, p. 127) comenta que “além de se

constituírem aprazíveis recantos para a restauração corporal e espiritual e locais

próprios para o entretenimento nas horas de lazer, concorrem para o saneamento das

áreas circunjacentes e atenuação dos efeitos da poluição atmosférica”. Nessa direção,

SEELEY (1967, p. 298) afirma que as áreas verdes -- parques e jardins públicos --

apresentam grande valor de urbanidade, possuindo espaços verdes com ar fresco

para a cidade. Parques e jardins públicos constituem-se em locais agradáveis para se

permanecer ao ar livre, descansar e relaxar, exigindo, entretanto, um padrão alto de

manutenção para alcançar melhores resultados.

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Segundo MORETTI (1993, p. 154), o termo áreas verdes “encontra-se na legislação

também com a denominação de espaços livres de uso público, sistema de lazer, áreas

de recreação, entre outras. A própria variedade na denominação indica claramente

que as áreas verdes acabam englobando funções distintas: inclui as áreas de

interesse ambiental, quer pela vegetação, tipo de solo, quer pela declividade, onde

muitas vezes o acesso público, para fins de recreação, é bastante limitado. Inclui as

praças e áreas de recreação, com funções, tipologias e dimensões bastante variadas.

Inclui parte das instalações esportivas bem como os monumentos e demais

referenciais urbanos e paisagísticos”.

Como pode ser observado, torna-se necessário esclarecer o próprio conceito de

espaço livre de uso público, uma vez que essa definição não consta da Lei Federal no

6.766/79 e muitas vezes se confunde com os conceitos de praça, parque, área verde,

área livre, área de uso comum do povo etc., como são denominadas, de uma forma

geral, todas as áreas públicas na cidade.

De acordo com SILVA (1995), no direito positivo brasileiro, a expressão espaço livre,

apesar de não devidamente definida, sempre foi empregada em sentido restrito,

conforme mostra o Art. 22 da Lei no 6766/79:

“Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o domínio do

Município as vias e praças, os espaços livres e as áreas destinadas a

edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e

do memorial descritivo”.

Ainda de acordo com o autor, “por esses dispositivos, os espaços livres não

compreendem as vias de comunicação nem áreas privadas. Espaços livres seriam

assim, os espaços abertos públicos ou destinados a integrar o patrimônio público nos

loteamentos, fora as vias de comunicação”.

SILVA (1995, p. 247) afirma que as áreas verdes se distinguem “dos demais espaços

livres e outras áreas µQRQ�DHGLILFDQGL¶, até porque se admitem certos tipos de

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construção nelas, em proporção reduzidíssima, porquanto o que caracteriza as áreas

verdes é a existência de vegetação contínua, amplamente livre de edificações, ainda

que recortada de caminhos, vielas, brinquedos infantis e outros meios de passeios e

divertimentos leves, quando tais áreas se destinem ao uso público”.

Nos espaços livres de uso público constroem-se praças e parques -- resultantes de

projetos paisagísticos. Existe diferença conceitual entre praça e parque. De acordo

com a PMSP, SUDoD é “o logradouro delimitado por vias de circulação e/ou pelo

alinhamento dos imóveis, sendo criado com o intuito de propiciar espaços abertos em

região urbana, preferencialmente ajardinados e destinados ao lazer e à recreação

comunitária” e SDUTXH é “o logradouro com grandes dimensões, delimitado por via de

circulação e/ou por imóveis circunvizinhos com grandes dimensões implantado com o

propósito de propiciar a existência de espaços abertos, ajardinados e arborizados,

edificados ou não, visando o lazer, a recreação comunitária e a preservação

ambiental, além de conter equipamentos destinados à cultura e a prática de esportes,

entre outros” (SÃO PAULO, 1991, p. 25).

Observa-se que tanto a praça como o parque, além de necessitarem de manutenção,

podem ser recuperados ou mesmo ter seu desenho alterado. As espécies arbóreas,

arbustivas e forrageiras, em sua quase totalidade, quando compõem a paisagem de

uma praça, constituem-se, na maioria dos casos, em espécies exóticas. Elas podem

ser naturais ou antrópicas. O parque do Ibirapuera, inaugurado em 1954, por ocasião

da comemoração do IV Centenário de São Paulo, possuindo atualmente uma área de

1.584.000 m2, constitui-se num belo exemplo de espaço público construído pelo

homem -- cujo projeto paisagístico é de Roberto Burle Marx (KLIASS, 1993).

Vale destacar que os parques existentes possuem uma dinâmica própria, tendo sido

incorporados à cidade em diferentes momentos históricos, principalmente pelo próprio

Poder Público. Na cidade de São Paulo, não se conhece parques que foram

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resultantes de loteamentos populares ou de baixa renda. Nesse sentido, dificilmente

encontra-se construção ilegal -- do tipo barraco de favela, por exemplo -- em seu

interior.

Em relação às praças, observa-se que estas proporcionam espaços de usufruto à

população além de gerar o convívio social. A perda desses espaços faz com que haja

escassez de áreas de lazer, privando a população do seu uso em locais próximos à

sua moradia. As conseqüências são: o constrangimento da perda dos espaços, a

perda da sensação de liberdade, o aquecimento excessivo do viário, o aumento do

volume de água a ser drenado, a sensação de desconforto e a monotonia gerada pela

homogeneização do espaço urbano, cuja única paisagem acaba sendo o bloco de

concreto das casas.

WILHEIM (1997) afirma que a cidade é um ponto de encontro, e na cidade o ponto de

encontro é a praça. A praça é, realmente, o espaço público coletivo onde as pessoas

podem se encontrar de maneira informal. O fato de ela possuir muitas esquinas lhe dá

um elevado grau de importância, porque marca um espaço que pode ser transformado

em um lugar, isto é, em um espaço onde você expressa uma afetividade. Dessa

forma, quando se permite que os espaços de uso público sejam ocupados por favelas,

acaba-se por penalizar a população de modo geral.

A ocupação das áreas verdes por favelas acarreta um duplo problema: primeiro,

refere-se à perda do espaço de uso público e segundo, tem-se um acentuado

acréscimo populacional, pois as famílias instaladas no local, reduzirão ainda mais a

proporção de área de uso comum por habitante.

Segundo PUPPI (1981), as áreas verdes urbanas fazem jus à qualificação fisiológica

que se lhes dá, de SXOP}HV� GD� FLGDGH, uma vez que, sanitariamente, além de

proporcionar os reflexos sedativos e reconfortantes provocados pela sensação do

verde natural e oferecer um campo convidativo para o exercício corporal, contribui

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para manter o meio aéreo em uma satisfatória constância relativa tanto de condições

físicas relacionadas com o conforto térmico como de composição do ar.

“Vários são os fatores que fazem com que a vegetação se constitua poderoso agente

de depuração do meio e de mitigação das condições adversas do clima, agravadas

pela cobertura, pelo revestimento e pela impermeabilização do solo, decorrentes das

construções, das obras viárias e de outras relacionadas com a pavimentação.

Interferem no efeito saneador:

- a ação da fotossíntese desenvolvida pela clorofila, assimilando o dióxido de

carbono da atmosfera, com a liberação do oxigênio em estado nascente;

- a ação retentora de poeira e de outros suspensóides do ar na superfície das

folhas;

- a redução da velocidade dos ventos mais intensos e a barragem a outras

correntes aéreas molestas;

- o retardamento do escoamento superficial e a absorção das águas de

superfície pelo solo;

- a contínua exalação do vapor de água pela evapotranspiração e conseqüente

ação refrigerante para o solo e para as camadas da atmosfera sobrejacentes;

- a absorção do calor solar nas horas e estações de maior insolamento, uma

parte consumida pela transformação de energia e outra devolvida lentamente à

atmosfera, principalmente quando a tendência desta é para o resfriamento;

- a atenuação do ruído molesto das vias públicas, das atividades industrias e de

outros focos de poluição sonora, efeito tanto mais apreciável quanto mais

frondosa, variegada e cerrada for a vegetação” (PUPPI, 1981, p. 129).

De acordo com o Diagnóstico Cartográfico Ambiental do Município de São Paulo

(1992/95), esta cidade possuía uma extensão territorial de 1.509 km2 (234,7 km2

corresponde à bacia do Guarapiranga) dos quais 900 km2 constituía a zona urbana,

densamente ocupada por ruas, edifícios, casas, fábricas. “Através do processamento

de imagem do satélite Landsat, de 1988, foi medida a superfície que ocupam as

árvores, os jardins e os gramados na cidade, e descobriu-se que todo o verde

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existente dentro da mancha urbana ocupa 154 km2, ou seja, 17% de sua área. Além

de escasso, esse verde é mal distribuído: toda a área central, a zona leste e parte da

zona sudoeste constituem regiões extremamente áridas” (SÃO PAULO, s.d.). A figura

2.1 mostra a mancha urbana da RMSP.

De acordo com SÃO PAULO (s.d.), “dos 154 km2 de áreas verdes que existem na

zona urbana de São Paulo apenas 6,9 km2 estão localizados em praças e parques

públicos. Essas áreas, juntamente com alguns parques localizados na zona rural,

perfazem um total de 42,3 km2 de áreas verdes públicas à disposição da população.

Isso corresponde hoje a um índice de apenas 4,4 m2 por habitante, quando o

índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 12 m2 por habitante”.

Fonte: Empresa de Planejamento Metropolitano (EMPLASA)

Figura 2.1 Mancha Urbana da RMSP

Em relação a esses índices, MACEDO (1995, p. 52) afirma a necessidade de se

abandonar a “idéia do ‘alcance’ de metragens de metros quadrados por habitante

como uma panacéia (incansável) aos problemas urbanos de carência de áreas de

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lazer e conservação de recursos ambientais, esquecendo-se definitivamente o

malfadado índice de 12 m2/habitante de área verde”.

Entende-se como válida a argumentação apresentada por BARTALINI (1994, p. 53),

ao alegar que “na formação de um sistema de áreas verdes, as várias funções devem

ser consideradas nas suas inter-relações. Os critérios quantitativos não satisfazem. O

que significa 10, 20 ou 30 metros quadrados de área verde por habitante? É

necessário saber para que servem, onde se localizam, como estão distribuídos”.

Diante desses fatos, é de extrema importância observar que a ocupação das áreas

verdes, assim como das áreas de mananciais, acarretam graves conseqüências

ambientais.

Vale lembrar que, diferentemente de uma praça que pode ser reconstituída ou mesmo

“trocada de lugar”, as áreas de mananciais não possuem esta dinâmica, isto é, as

áreas de proteção ambiental, dadas suas características, não são passíveis de serem

deslocadas, e sua recuperação não ocorre com a mesma facilidade com que se

reabilita uma praça.

������,PSRUWkQFLD�QD�0DQXWHQomR�GDV�ÈUHDV�GH�3URWHomR�DRV�0DQDQFLDLV

A escolha de uma área de proteção aos mananciais, como objeto de estudo, está

relacionada à importância que essas áreas apresentam dentro do campo do

desenvolvimento urbano, principalmente nas grandes metrópoles.

No município de São Paulo, consideram-se áreas de proteção dos mananciais “as

áreas contidas entre os divisores de água do escoamento superficial contribuinte aos

mananciais, cursos e reservatórios de água e demais recursos hídricos de interesse

da Região Metropolitana da Grande São Paulo declaradas pela legislação estadual

como áreas de Proteção e, como tais, reservadas” (SÃO PAULO, 1991).

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A importância da proteção dessas áreas deve-se ao fato de que a água constitui-se

um elemento natural indispensável ao ser humano. O homem, além de ingeri-la,

“utiliza esse líquido para sua higiene pessoal, preparação de alimentos, limpeza do

ambiente, lavagem de roupas e utensílios, rega jardins, entre outros usos. (...) Por

apresentar uma imensa possibilidade de utilização, o líquido destinado ao consumo

humano deve apresentar um elevado padrão sanitário, devido aos riscos que uma

água com impurezas tem de transmitir doenças” (MOTA, 1995, p. 1).

Assim, dada a sua importância e considerando-se que a água é um bem escasso,

torna-se necessário garantir a sua preservação. Nessa direção, o homem procura

preservar as áreas de proteção ambiental de forma a administrar o processo de

urbanização; proteger a natureza em todos os elementos essenciais à vida humana e

à manutenção do equilíbrio ecológico, diante do ímpeto predatório das nações

civilizadas, que, em nome do desenvolvimento, devastam florestas, exaurem o solo,

exterminam a fauna, poluem as águas e o ar (MEIRELLES, 1996).

Infelizmente, o ser humano, ao viver em comunidade, desenvolve processos que

produzem grandes quantidades de subprodutos ou resíduos em forma de matéria ou

energia. Seria satisfatório se o ambiente autodepurasse convenientemente esses

subprodutos; caso não, irão resultar nas chamadas fontes de poluição (DERISIO,

1992).

Observa-se, assim, que “a poluição do meio ambiente é conseqüência direta da

decisão humana de viver em concentrações sociais. Ela é tanto maior quanto maiores

forem estas concentrações sociais, e, portanto, quanto maiores forem as

necessidades humanas destas concentrações” (PHILIPPI JR., 1982, p. 157).

As ações antrópicas exercidas pelo homem, principalmente nas cidades de grande

porte, ocorrem de maneira intensa e rápida provocando modificações, muitas vezes

irreversíveis, com prejuízos para o ambiente e para si próprio (MOTA, 1999).

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Essas modificações quase sempre geram poluição -- “introdução de compostos

estranhos ao meio (ar, água e solo), com a conseqüente alteração, nociva, de sua

composição” (AMARAL FILHO et al., 1990). Em relação ao conceito de poluição, a Lei

no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, em seu Artigo 3o, a define como sendo qualquer alteração adversa das

características do meio ambiente -- resultante de atividades que direta ou indireta:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

De acordo com MOTA (1995, p. 37), o conceito de poluição “tem um sentido amplo,

não se restringindo apenas aos prejuízos que possa causar ao homem ou aos outros

seres vivos. Desde que uma alteração provocada em um meio prejudique um uso

benéfico definido para ele, dizemos que houve poluição”. Pode-se classificar as

diversas formas de poluição ambiental nos seguintes tipos principais de poluição: do

solo, do ar, da água, acústica e visual (MOTA, 1999).

Nas grandes cidades brasileiras existem todos esses tipos de poluição com diferentes

nuanças e intensidades, dependendo da região. Na RMSP, por exemplo, um dos

principais problemas ambientais refere-se à poluição dos recursos hídricos. Dentre

eles, destacam-se dois mananciais de elevada importância para o abastecimento de

água -- a bacia hidrográfica do Guarapiranga e da Billings --, os quais apresentam

problemas com as altas taxas de poluição em seus reservatórios.

As fontes de poluição desses reservatórios são várias, entre elas: os esgotos

domésticos, as águas de escoamento superficial, os resíduos sólidos (lixo), as águas

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de drenagem e os esgotos de indústrias. Dentre essas fontes, pretende-se abordar

especificamente as produzidas pela presença das favelas no interior das áreas de

manancial.

As favelas, ao ocuparem áreas localizadas próximas às represas, no interior das

bacias dos mananciais ou em outros tipos de áreas de proteção ambiental, agridem o

meio físico e a sociedade como um todo, além de colocar em risco a própria

sobrevivência desses mananciais.

Vale mencionar que bacia do manancial é “a área localizada a montante do local de

captação para abastecimento, delimitada pelas divisões topográficas das superfícies

de escoamento e pelo conjunto de canais de escoamento perenes e/ou efêmeros que

integram sua rede de drenagem” (SANEPAR, 1996). Segundo ART (1998, p. 50), por

bacia hidrográfica tem-se a “área total de superfície de terreno na qual um aqüífero ou

um sistema fluvial recolhe sua água”.

Vale ressaltar que, “a existência de um manancial saudável, capaz de abastecer de

forma permanente a população em quantidade e qualidade adequadas, depende,

portanto, do entendimento de que as bacias hidrográficas são sistemas frágeis que

requerem práticas conservacionistas em toda a sua extensão e não apenas nos

reservatórios de onde retiramos a água” (Instituto Sócio-Ambiental, 1998).

Pela sua importância, os mananciais são classificados como áreas de preservação

permanente tanto pelo Código Florestal, Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965,

conforme consta em seu Artigo 2o, quanto pela Constituição do Estado de São Paulo,

assunto tratado pelo seu Art. 197:

“Art. 197 - São áreas de proteção permanente:

I - os manguezais;

II - as nascentes, os mananciais e matas ciliares;

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III - as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem

como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de

migratórios;

IV - as áreas estuarinas;

V - as paisagens notáveis;

VI - as cavidades naturais subterrâneas”.

O conceito de preservação permanente é estabelecido também pelo Código Florestal,

Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, a saber:

“Art. 2o. Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta

Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer outro curso d’água, em faixa marginal

cuja largura mínima será:

1 - de 5 m (cinco metros) para os rios de menos de l0 m (dez metros) de

largura;

2 - igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 m (dez metros)

a 200 m (duzentos metros) de distância entre as margens; (...)

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, mesmo nos chamados “olhos d’água’, seja qual for a sua

situação topográfica”.

A Lei Federal no 6.766/79 (alterada pela Lei Federal no 9.785/99), em seu Art. 13,

estabelece aos Estados disciplinar a aprovação pelos Municípios de loteamentos e

desmembramentos nas seguintes condições:

“I - quando localizados em áreas de interesse especial, tais como as de

proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e

arqueológico, assim definidas por legislação estadual ou federal”.

Infelizmente, essas recomendações legais nem sempre são respeitadas. No caso da

cidade de São Paulo, mais especificamente nas áreas de proteção aos mananciais da

bacia do Guarapiranga, ocorreu um processo de intensa ocupação ilegal seja por

loteamentos clandestinos, seja por favelas, chegando até a comprometer a viabilidade

de utilização da água do reservatório da Guarapiranga para fins de consumo humano.

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Deve-se observar que, por se tratar de áreas ocupadas ilegalmente, essas questões

se agravam ainda mais por não existirem maiores cuidados por ocasião da ocupação

dos lotes, acarretando uma série de problemas geológicos nessas áreas.

MORETTI (1987) comenta que durante a implantação dos loteamentos é de

fundamental importância um adequado manejo dos solos por ocasião das obras de

terraplenagem. Entretanto, dada a ilegalidade da ocupação por parte de loteamentos

clandestinos, assim como das favelas, tais procedimentos, muitas vezes, não são

observados. Vale ressaltar que esse processo de ocupação anárquico, em muitos

locais, provoca as “alterações nos ambientes naturais, tais como o desmatamento, a

impermeabilização do solo, os movimentos de terra (alterações da topografia) e os

aterramentos de áreas baixas ou alagadas” (MOTA, 1995, p. 107).

Em relação a essas alterações, MOTA (1995, p. 107) detalha as conseqüências de

cada uma delas:

“A vegetação representa um importante papel com relação aos mananciais, pois é

reguladora dos fluxos de água, controlando o escoamento superficial e proporcionando

a recarga natural dos aqüíferos. 0 desmatamento ocasiona um desequilíbrio nesse

sistema, resultando em maior escoamento superficial das águas; maior erosão do

solo, com carreamento de materiais para os recursos hídricos, o que provoca

alterações ecológicas e assoreamento e a conseqüente diminuição da calha de

escoamento ou da capacidade de armazenamento dos mananciais; diminuição da

infiltração da água para os mananciais subterrâneos.

A impermeabilização do solo resulta no aumento do escoamento superficial -- em

termos de quantidade e de velocidade de escoamento -- e na diminuição da recarga

de aqüíferos.

Os movimentos de terra, além de alterarem o escoamento natural das águas,

causando problemas de drenagem, são responsáveis por um maior carreamento de

solo para os mananciais, provocando alterações ecológicas e assoreamento.

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Os aterros de áreas baixas e alagadas interferem no escoamento natural das águas

superficiais, podendo provocar aumento da quantidade das mesmas, maior erosão e

conseqüente assoreamento, bem como a diminuição da calha natural de escoamento

dos mananciais”.

Em relação ao conceito de meio ambiente são apresentadas algumas nuanças,

dependendo do autor consultado: BRASIL (1981); ART (1998); SILVA (1995b). A

definição de COIMBRA (1985, p. 29) pode ser considerada uma das mais abrangente:

“meio ambiente é o conjunto dos elementos físico-químicos, ecossistemas naturais e

sociais em que se insere o Homem, individual e socialmente, num processo de

interação que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à preservação dos

recursos naturais e das características essenciais do entorno, dentro de padrões de

qualidade definidos”.

����3URFHVVR�GH�,QWHUYHQomR�HP�)DYHODV

Historicamente, as primeiras intervenções dos órgãos públicos, na cidade de São

Paulo, ocorreram na década de 50 e são marcadas pela prática política desse período:

a remoção de favelas. Essa postura do Poder Público persistiu até o final da década

de 70, quando ganham fôlego as propostas de intervenções com vistas à urbanização

de favelas, trazidas tanto pelas reivindicações dos movimentos de moradia quanto

pelas propostas elaboradas pelos governos municipais.

A partir da década de 80, a possibilidade de remoção começa a se inviabilizar devido

ao elevado número da população favelada existente. Dessa forma, a política de

remoção torna-se superada pela realidade e a favela se institui, de fato, como local de

moradia de parcelas significativas da população.

O ano de 1982 marca um novo momento na conjuntura política com a realização das

eleições diretas, em nível municipal e estadual num contexto de pluripartidarismo, o

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que possibilita à ascensão das forças democráticas opositoras ao regime militar que

governara o país desde 1964 (ALMEIDA, 1994).

A proposta de intervenção, com intenção de promover o reordenamento físico das

áreas, como mencionado por ALMEIDA (1994), continua a ocorrer sem apresentar a

intensidade de relocação de barracos relatado no referido estudo. Na década de 90,

as favelas apresentam altas taxas de consolidação, isto é, um número elevado de

construções em alvenaria. Esse processo de consolidação tem ocorrido em virtude de

os moradores, ao perderam a esperança no “caráter de transitoriedade”, passarem a

investir em suas casas, substituindo os barracos de madeira por casas de alvenaria -

construídas em sua maioria com blocos de baixa qualidade.

Em relação ao processo de urbanização de favelas, atualmente, os projetos são

elaborados prevendo as intervenções urbanísticas nas áreas, privilegiando a adoção

de soluções voltadas ao alargamento e ao alinhamento das vias internas, visando criar

condições para a implantação de infra-estrutura e dos serviços urbanos.

Pode-se prever que com essa urbanização e sua integração à estrutura dos bairros

existentes, os efeitos negativos advindos da condição precária das favelas deixarão de

existir, gerando uma valorização tanto dos imóveis da favela como das áreas

circunvizinhas.

A partir da administração da prefeita Luiza Erundina (1989/92), as intervenções

apresentaram um acelerado aumento tanto quantitativa quanto qualitativamente,

inclusive com o início da verticalização de algumas favelas, concomitantemente aos

trabalhos de urbanização, mutirões habitacionais, recuperação de cortiços, entre

outros programas de habitação.

Na administração do prefeito Paulo Maluf (1993/96), os trabalhos de urbanização de

favelas, nos moldes da gestão anterior, foram praticamente paralisados e as

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intervenções em favelas restringiram-se na proposta de verticalização, cuja

continuidade pode ser vista na administração do atual prefeito, Celso Pitta (1997/00).

De forma a elucidar essa evolução histórica, a Tabela 2.4 contém, cronologicamente,

os principais fatos referentes às intervenções em favelas ocorridas no último século

nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Através do relato desses fatos foi possível observar que a postura do Poder Público

em relação às favelas tem variado conforme o momento histórico, por diferentes

razões e com distintos graus de intensidade. Considerando-se a complexidade das

diversas questões envolvidas, elas não serão abordadas nesse estudo, a não ser

quando se referirem diretamente ao objeto da pesquisa.

Nessa direção, sugere-se a leitura de estudos que abordam a questão da favela sobre

vários aspectos, entre eles destacam-se: estudar as normas legais adequadas à

urbanização (CEPAM, 1982); apresentar subsídios metodológicos para intervenções

(SILVA, 1984); discutir a questão da saúde pública em habitações precárias

(TASCHNER, 1982); examinar a questão posse da terra (TANAKA, 1993); analisar a

discriminação de seus moradores (PERLMAN, 1977); relatar experiências de

urbanização (ALMEIDA, 1994); (BLANK, 1977); focalizar o trabalho e a vida urbana

(KOVARICK, 1979); analisar programa de remoção de favelas (VALLADARES, 1980)

ou propostas de urbanização de favelas (VALLADARES 1981), entre outros.

Na maior parte desses estudos, o denominador comum dos assentamentos é o fato de

a área onde se encontra localizada a favela ter sido ocupada de forma ilegal. Ao

mesmo tempo, aponta-se como outro fator comum a baixa qualidade e o caráter

improvisado das unidades habitacionais, particularmente nos estágios iniciais da

ocupação.

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7DEHOD�����3ULQFLSDLV�)DWRV�5HIHUHQWHV�jV�)DYHODV��5LR�GH�-DQHLUR�H�6mR�3DXOR

$QR $omR

1893/97A primeira favela aparece com o final da guerra dos Canudos; os soldados que voltam para o Rio deJaneiro são autorizados a construir barracos em terrenos sem valor de mercado, como recompensa aosserviços prestados à Pátria. Acredita-se que o nome Favela teve aí a sua origem; em Canudos haviauma encosta chamada de Morro da Favela, que, por sua vez, é uma planta típica das caatingasbaianas.

1936 O código de obras do Rio de Janeiro prevê a eliminação e a interdição de construção de novas favelasbem como a introdução de quaisquer melhorias nas já existentes.

1941/43 Prefeitura do Rio de Janeiro elabora projeto de higienização das favelas: transferência dos moradorespara alojamentos temporários e a construção de casas definitivas nos locais das favelas.

1946 Criação da Fundação da Casa Popular, primeiro órgão federal centralizado encarregado de promover ahabitação social.

1946/54 Surge a Fundação Leão XIII, órgão religioso do Rio de Janeiro; atua em serviços básicos (água, luz,esgotos, rede viária) nas favelas.

1948 1o Recenseamento de favelas no Rio de Janeiro aponta a existência de 138.837 moradores (7% dapopulação da cidade).

1955/60 Cruzada São Sebastião da Arquidiocese do Rio de Janeiro obtém sucesso na urbanização de favelas.1956 Criação do Serfha – Serviço Especial de Recuperação das Favelas e Habitações Anti-Higiênicas da

Prefeitura do Distrito Federal (RJ): 1o organismo oficial voltado para a urbanização de favelas.1961 Criação da Associação de Moradores de Favelas pelo Serfha.1962 Criação da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab) / Guanabara com verba da

Usaid (United States Agency for International Development) - programa de remoção de favelas etransferência da população para outros locais. Criação da Fafeg, Federação das Associações deFavela do Estado da Guanabara.

1964 1o Congresso de Favelados do Rio de Janeiro reivindica: “urbanização sim, remoção nunca”.Criação do BNH e do SFH (com captação através do FGTS).

1967/75 Cohab-SP, Sebes (Secretaria do Bem-Estar Social), Cobes (Coordenadoria do Bem-Estar Social) daPMSP priorizam a remoção através da venda de unidades em conjuntos habitacionais, construção emterreno próprio, alojamentos provisórios ou retorno ao local de origem.

1968/73 Criação da Chisam (Coordenação de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana do GrandeRio), órgão do Ministério do Interior, ligado ao BNH que estabelece uma política, sem sucesso, deextermínio das favelas do Rio de Janeiro.

1968 2o Congresso de Favelas do RJ reinvindica: “lutar pela permanência dentro do espaço da cidade”.1973 Criação do Planap (Plano Nacional de Habitação Popular) com a criação do Profilurb (Programa de

Financiamento de Lotes Urbanizados) e o Programa Cura.1975/79 Transferência das competências na área habitacional da Sebes para Cohab-SP com predominância na

remoção de favelas.1979/89 Desenvolvimento de programas de melhoria em favelas pela Cohab-SP e Emurb (Empresa Municipal

de Urbanização) através do Proluz, Proágua, Properiferia, Promorar (Programa de Erradicação de Sub-moradia), Profavela (Implantação de melhorias urbanas nas favelas).

1979 Criação do Funaps (Fundo de Atendimento à População Moradora em Habitações Sub Normais) que seconstitui em recurso orçamentário da PMSP para subsídio às famílias carentes.

1980/82 Cepam (Fundação Prefeito Faria Lima) elabora para o BNH o documento “Estudo de Normas Legais deEdificação e Urbanismo, adequadas às Áreas de Assentamento Subnormais ou de Baixa Renda”.

1983/85 PMSP desenvolve projetos de urbanização de favelas, programas de lotes urbanizados, unidadesacabadas e programas complementares como financiamento de materiais e apoio à autoconstrução.

1984 Plano Habitacional do Município de São Paulo (1983/87)/ PMSP - programa de urbanização de favelas.1986 Extinção do BNH.

1986/88 PMSP estabelece uma política dirigida à remoção das favelas.1989/92 PMSP estabelece um amplo programa voltado para a urbanização de favelas, incluindo proposta para a

regularização da posse da terra.1989/92 PMSP elabora o Projeto Chácara do Conde: 1o projeto de urbanização de favelas dentro de área de

manancial. O projeto foi parcialmente aprovado, sem, contudo ter sido implantado.1992/96 PMSP Projeto de Urbanização de Favelas com Verticalização – PROVER (conhecido popularmente

com Projeto Cingapura).1992/96 Prefeitura da Cidade Rio de Janeiro: Programa Favela, um Bairro.1992/99 PMSP/Governo Estadual: Programa de Saneamento Ambiental da bacia do Guarapiranga, prevê a

urbanização de favelas nas áreas do manancial da bacia do Guarapiranga.1997/00 PMSP dá continuidade ao Projeto Cingapura.

Fonte: ABIKO; ALMEIDA; GARCIAS (1990).

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Em relação as unidades habitacionais, pode-se afirmar que são construídas em sua

maioria contrariando a legislação de construção -- Código de Obras -- e as leis de uso

e ocupação do solo (UNCHS, 1996); (DRAKAKIS; SMITH, 1981).

Com o passar do tempo, muitas favelas estão se consolidando, pois os moradores

adquirem a segurança de residirem num lugar fixo, sem riscos de serem removidos,

e/ou quando ocorrem melhoras na situação econômica.

Nota-se que essa característica evolutiva de desenvolvimento não ocorre de forma

eqüitativa, tanto entre as famílias quanto em relação à situação habitacional do

assentamento como um todo. Existem favelas onde a precariedade, no início de sua

formação, não foi alterada porque os próprios moradores permaneceram socialmente

estagnados, por diferentes razões: o desemprego, a falta do poder aquisitivo, a

insegurança quanto à posse ilegal da terra e outras razões (SHAKUR, 1987).

Após a formação inicial de uma favela, ocorre, em linhas gerais, dois fenômenos que

podem caracterizar o comportamento dessa favela, enquanto agrupamento

habitacional, e que poderiam ser denominados de situações dinâmicas e estáticas. As

favelas dinâmicas são aquelas que, desde a sua formação, entram num contínuo

processo de melhoria. Esse fato pode ser atribuído à forte coesão do grupo, como o

surgimento de líderes no interior da favela que conseguem que os políticos ajudem na

efetivação de provisão de serviços públicos urbanos e na regularização fundiária ou

mesmo recebendo apoio das Organizações não Governamentais (ONGs), que

induzem o investimento nas habitações. As favelas estáticas são caracterizadas pela

falta de lideranças locais, baixa coesão do grupo, existência de barracos alugados,

pouca representatividade comunitária e baixa perspectiva de regularização fundiária

(WERNA, 1998).

Em relação à mudança da postura do Poder Público, conforme o momento histórico,

destaca-se a questão das favelas que se localizam em área de manancial, as quais

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até poucos anos atrás não eram passíveis de urbanização. A esse respeito, vale

lembrar que a primeira tentativa de solucionar, pelos menos parcialmente, a questão

das favelas nas áreas de mananciais foi elaborada durante a gestão da prefeita Luiza

Erundina (1989/92).

Na ocasião, paralelamente ao processo de revisão da lei de proteção dos mananciais

que estava ocorrendo, a prefeitura desenvolveu, através da Secretaria da Habitação

(Sehab), uma proposta de moradia que não fizesse oposição à preservação dos

mananciais. Buscando mostrar que “a ocupação com sustentabilidade, era a única

forma de garantir o futuro das represas. A proposta deveria também representar um

modelo para a revisão da lei de proteção dos mananciais” (MARICATO, 1997).

Nesse período, a proposta de urbanização de favelas localizadas em áreas de

mananciais foi objeto de forte polêmica, e a PMSP acabou por não obter a aprovação

por parte do governo estadual, desse projeto-modelo -- denominado Projeto Chácara

do Conde --, localizado na bacia do Guarapiranga. De acordo com VILLAS-BÔAS

(1995, p. 71), “o projeto acabou por não ser aprovado em função da legislação,

prevalecendo a postura do governo estadual de conceber a preservação da área de

mananciais exclusivamente pelos parâmetros técnicos ambientais”. Posteriormente, no

ano de 1995, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente aprovou uma parte do projeto.

Na administração do prefeito Paulo Maluf (1993/1996), a prefeitura de São Paulo

decidiu suspender os decretos de desapropriação das áreas referentes ao projeto,

“sob argumentação de que se tratava área de proteção dos mananciais, e não

comportava projeto de habitação popular. Cansados de esperar, os movimentos

sociais da região invadiram as áreas em 1996” (MARICATO, 1997, p. 46).

Nesse mesmo período, a PMSP, o governo estadual e o Bird iniciavam conversações

a respeito da implantação do PSABG, que envolvia a urbanização das favelas nas

áreas de mananciais da bacia do Guarapiranga.

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����,QWHU�5HODo}HV�H�4XHVW}HV�&RQGLFLRQDQWHV�QD�8UEDQL]DomR�GH�)DYHOD

Ao se pensar em elaborar um projeto para urbanizar uma favela, deve-se considerar

que não se trata da implantação de um novo projeto de parcelamento do solo em uma

gleba urbana preparada -- através de serviços de terraplenagem etc. --, de forma a

garantir a sua plena execução. Porém, trata-se de fato da realização de uma

intervenção sobre uma “ocupação expontânea” já existente, localizadas em áreas que,

via de regra, não são favoráveis à ocupação para fins habitacionais, em que as redes

de infra-estrutura básica introduzidas na área e as construções habitacionais feitas

pelos moradores foram, na quase totalidade, executadas sem critérios nem cuidados

técnicos necessários.

Observa-se que a implantação de projetos de urbanização de favelas merece

destaque, tanto pela complexidade dos elementos envolvidos, que devem ser

considerados na ocasião de sua elaboração, quanto pela quantidade de componentes,

que se inter-relacionam nesse tipo de trabalho.

A urbanização de favelas constitui-se em um sistema múltiplo, onde o conjunto possui

propriedades que não podem ser explicadas individualmente. Observa-se assim que

as favelas não são entes monolíticos que estão envoltas em uma redoma, ou seja,

isoladas dentro do perímetro do assentamento. Elas podem ser consideradas

organismos em constantes transformações, capazes de intercambiar informações com

seu entorno condicionante e de adaptarem suas estruturas internas como sendo

conseqüências ligadas a tais interações (CHRISTOFOLETTI, 1999).

Salienta-se assim que a interação entre as propriedades e o “comportamento de cada

elemento e a maneira pela qual afetam o todo dependem das propriedades e do

comportamento de pelo menos um outro elemento do conjunto. Conseqüentemente,

nenhuma parte tem efeito independente sobre o todo e cada parte é afetada por pelo

menos uma outra parte” (GARCIAS,1991, p. 9).

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No processo da elaboração do método proposto percebeu-se a necessidade de se

restringir o número de elementos a serem utilizados para a verificação da salubridade

ambiental, aqueles cujas informações são passíveis de serem obtidas de forma

contínua e que não demandam outras pesquisas complementares.

Nessa direção, os condicionantes da urbanização de favelas dividiram-se em dois

campos teóricos: a salubridade ambiental e os serviços públicos urbanos. Por meio da

inter-relação desses dois elementos foi possível extrair as principais questões que

influenciaram na elaboração dos indicadores propostos. Destaca-se também a

existência de um terceiro campo teórico, o habitacional, que se constitui em um

elemento de relevância para os estudos que envolvem a questão da urbanização de

favela. Entretanto, a inclusão desse terceiro campo no quadro de análise desta tese

desviaria a proposta metodológica apresentada e os objetivos estabelecidos -- os

quais procuram apresentar um método que seja prático, de fácil exeqüibilidade e, ao

mesmo tempo, eficiente.

O estudo das condições de habitabilidade demanda análise relativamente trabalhosa,

considerando que nem sempre é possível realizar uma leitura direta de um

determinado fenômeno. Cita-se como exemplo o processo de transformação dos

barracos em casas de alvenaria, tendência crescente nas favelas, mas cuja mudança

não significa necessariamente ganhos em termos de qualidade habitacional.

������$�4XHVWmR�GD�6D~GH�3~EOLFD�H�GD�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO

Nas cidades, principalmente as que apresentam altas taxas de concentração urbana,

as ações do homem ocorrem de forma intensa e rápida, provocando modificações das

características do meio natural, muitas vezes, irreversíveis, com prejuízos para o

ambiente e para si próprio (MOTA, 1999).

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As atividades desenvolvidas pelo homem, principalmente nas áreas urbanizadas,

produzem substâncias que quando alcançam o meio natural, ou seja, o ar, as águas, o

solo e a paisagem, ocasionam a sua poluição.

De forma a impedir que ocorra esse processo, é necessário que o homem, através do

uso da boa técnica da engenharia, procure dotar as áreas urbanizadas com medidas

que visem eliminar os resíduos ali produzidos. Nessa direção, são adotadas medidas

de saneamento contemplando, principalmente, “cinco grandes aspectos:

abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, controle de vetores de

doenças, disposição final de resíduos sólidos urbanos e drenagem” (RIBEIRO et al.,

1998, p. 72).

A adequada execução dessas medidas de saneamento constitui-se em condição VLQH

TXD� QRQ para garantir que os assentamentos urbanos não contaminem o meio

ambiente ou reduzam as cargas poluentes a um nível que o próprio meio, através da

autodepuração, possa absorvê-las sem provocar alterações que impeçam seu uso

benéfico.

Nesse contexto, HESPANHOL (1999, p. 268) salienta que “o conceito de saneamento

básico deve ser ampliado para o conceito mais amplo de saneamento ambiental,

evitando-se, em adição à provisão de sistemas adequados de coleta e disposição de

esgotos e excretas, a contaminação de corpos de água e manguezais pelo

lançamento de resíduos líquidos e sólidos, a contaminação do lençol freático devido à

ausência de sistemas de coleta de esgotos e disposição inadequada de resíduos

sólidos e o assoreamento e a redução do fluxo de escoamento em canais de

drenagem, pelo lançamento de resíduos em terrenos baldios e margens de cursos de

água. O saneamento deve, portanto, desvincular-se de sua conotação atual de mero

executor de obras públicas e se constituir em ação integrada direcionada à

preservação da qualidade ambiental”.

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No Estado São Paulo, a Lei no 7.750, de 31 de março de 1992, que “dispõe sobre a

Política Estadual de Saneamento”, define saneamento básico como “as ações,

serviços e obras considerados prioritários em programas de saúde pública,

notadamente o abastecimento público de água e a coleta e tratamento de esgotos”.

Essa mesma lei apresenta ainda o conceito de saneamento ambiental e de

salubridade ambiental. Ela considera saneamento ou saneamento ambiental, o

“conjunto de ações, serviços e obras que têm por objetivo alcançar níveis crescentes

de salubridade ambiental, por meio do abastecimento de água potável, coleta e

disposição sanitária de resíduos líquidos, sólidos e gasosos, promoção da disciplina

sanitária do uso e ocupação do solo, drenagem urbana, controle de vetores de

doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializados”. Em relação ao

conceito de salubridade ambiental, a Lei no 7.750/92 define como a “qualidade

ambiental capaz de prevenir a ocorrência de doenças veiculadas pelo meio ambiente e

de promover o aperfeiçoamento das condições mesológicas favoráveis à saúde da

população urbana e rural.”

Percebe-se, portanto que o próprio “conceito de saúde depende do contexto social em

que ela se insere. O que é saudável e doente varia de cultura para cultura” (GARCIAS,

1991, p. 45). De acordo com SANTANA et al. (1994), “as medidas de saneamento e

melhorias habitacionais se caracterizam por ações básicas de saúde”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), no início da década de 70, ampliou o

significado do conceito de saúde, considerando-a não apenas a ausência da doença

ou de infecção, mas também o bem-estar físico, mental e social do homem

(AZEVEDO NETTO, 1991). Explicita-se o termo saúde como o “estado do indivíduo

cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em situação normal” (FERREIRA,

1994).

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No Brasil, o direito à saúde é constitucional, como mostra o Art. 196 da Constituição

Federal:

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e

serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

De acordo com a Lei Orgânica de Saúde (que constitui o Sistema Único de Saúde -

SUS) – Lei Federal no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre “as

condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”, considera-se

a integração entre a saúde, o saneamento e o meio ambiente fator determinante e

condicionante para a proteção e promoção do direito à saúde da população brasileira.

Observa-se também que o direito à saúde abrange todos cidadãos -- acesso universal

e igualitário --, entendendo-se assim que está assegurado esse direito inclusive aos

moradores de favelas e de loteamentos ilegais, entre outros.

Tal fato resulta numa discussão jurídica, pois de um lado as favelas e os loteamentos

ilegais localizados em áreas de mananciais, entre outros, encontram-se em situação

irregular ante a legislação de proteção aos mananciais. Por outro lado, entende-se que

seja dever do Estado executar serviços de infra-estrutura e saneamento básico

também em áreas precárias, pois estaria garantindo o acesso universal e igualitário

mediante à prestação de serviço de abastecimento de água e de coleta de esgoto.

Observa-se que um dos maiores problemas da favela é a falta de salubridade,

conseqüência direta da falta das instalações dos serviços de infra-estrutura.

Nessa direção, o Artigo no 200 da Constituição Federal é bem objetivo:

“Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras

atribuições, nos termos da lei:

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I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse

para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos,

imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como

as de saúde do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de

saneamento básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e

tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor

nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e

utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radiativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho”.

A própria Lei no 8.080/90 também é conclusiva a esse respeito:

“Art. 2o A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o

Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1o O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e

execução de políticas econômicas e sociais que visem a redução de riscos

de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que

assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a

sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 3o A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre

outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente,

o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens

e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a

organização social e econômica do País.

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Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força

do disposto no Artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à

coletividade condições de bem-estar físico, mental e social”.

De acordo com o Artigo 6o (II, V, VIII) estão incluídas ainda no campo de atuação do

SUS: a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento

básico; da colaboração na proteção do meio ambiente; da fiscalização e da inspeção

de água para consumo humano.

Pelo Artigo 7o, inciso X, a integração em nível executivo das ações de saúde, meio

ambiente e saneamento básico é considerada um dos princípios das ações e dos

serviços públicos de saúde. 0 Artigo 15o, inciso VII, estabelece como atribuição da

União, Estados e Municípios, em seu âmbito administrativo, a participação na

formulação da política e da execução de ações de saneamento básico e a colaboração

na proteção e recuperação do meio ambiente.

Nos termos do Artigo 17o (V, VI) compete à direção estadual do SUS participar, junto

aos órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão

na saúde humana, da formulação da política e da execução das ações de saneamento

básico.

No campo da legislação ambiental, os princípios que devem nortear a implantação do

serviço de abastecimento de água e coleta de esgoto estão estabelecidos na Lei no

6.938/81, que dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e

mecanismo de formulação e aplicação. De acordo com o Artigo 2o desta lei:

“a política nacional do meio ambiente tem por objetivo a

preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental

propícia à vida visando assegurar a proteção da dignidade da vida

humana, atendidos os princípios: (...)

VIII - recuperação de áreas degradadas; (...)

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação”.

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Por sua vez, o conceito de Salubridade Ambiental constante da Lei Estadual do

Estado São Paulo, no 7.750/92, implica um processo de permanente aperfeiçoamento

de avaliação na busca de níveis crescentes de qualidade ambiental a serem

alcançadas.

O abastecimento de água em aspecto sanitário visa, fundamentalmente, “controlar e

prevenir doenças, implantar hábitos higiênicos na população como, por exemplo, a

lavagem das mãos, o banho e a limpeza de utensílios, facilitar a limpeza pública;

facilitar as práticas desportivas; propiciar conforto e bem-estar” (FNS, 1998).

Se por um lado as redes de infra-estrutura têm funções específicas, por outro a

definição de padrões urbanísticos para assentamentos precários ainda é um tema

controvertido, pois a definição do tamanho mínimo de lote, da largura das vias

internas, dos recuos, das densidades, das áreas verdes etc., entre outras questões,

tem sido alvo de inúmeros debates.

Na prática, percebe-se que “tanto nas companhias estaduais de saneamento como

nos serviços municipais as atividades de saneamento restringem-se ao que se

convencionou chamar de saneamento básico, ou seja, abastecimento de água e coleta

e tratamento de esgotos, com raras exceções” (BRASIL, 1996).

Vale observar que o vocábulo saneamento advém de sanear, que de acordo com o

Dicionário da Língua Portuguesa (FERREIRA, 1994) significa tornar são, habitável ou

respirável. O Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais (ART, 1998), por sua vez,

define saneamento como “higiene pública; praticar métodos higiênicos e manter

ambientes sanitários para evitar doenças”.

������$�4XHVWmR�GRV�6HUYLoRV�3~EOLFRV�8UEDQRV�QDV�)DYHODV

A recuperação urbanística ambiental de uma favela está diretamente condicionada

tanto na capacidade do interventor em criar as condições necessárias para que seja

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possível implantar infra-estrutura, de forma a atender todas as moradias existentes no

local, quanto garantir que esses domicílios sejam atendidos, de forma eficiente e com

qualidade, pelos serviços públicos urbanos. Desse modo, será possível assegurar que

as condições adequadas de salubridade ambiental na favela sejam um fator

determinante para se garantir a plena saúde da população.

De acordo com ABIKO (1995, p. 3), “a noção do que é serviço público varia conforme

as características da sociedade, da sua organização política e do seu grau de

desenvolvimento. O conceito de serviço público está relacionado aos conceitos de

serviço, assim como aos de público. De forma genérica, entende-se que o serviço

público deva atender às necessidades coletivas. E estas necessidades coletivas

variam consideravelmente entre os diversos países, entre as diversas realidades

sociais, entre os vários períodos históricos”.

Ainda de acordo com o autor, “para esclarecer melhor o conceito de serviço público

urbano é importante diferenciá-lo de infra-estrutura urbana e equipamentos urbanos. A

infra-estrutura urbana compreende a rede física propriamente dita; no caso, por

exemplo, de abastecimento de água, a rede de tubulações representa a infra-estrutura

urbana. Já o serviço de gestão do abastecimento de água, a operação, a tarifação e a

manutenção da rede representam o serviço público de abastecimento de água. No

caso dos equipamentos urbanos também se pode fazer a mesma distinção, isto é, os

equipamentos são os edifícios, as instalações; no caso da educação, o edifício da

escola representa o equipamento urbano. A gestão do sistema educacional e o

gerenciamento das atividades escolares representam o serviço público de educação.

São equipamentos urbanos os hospitais, as escolas, os postos policiais, os centros

comunitários etc.”.

Observa-se que a NB-1350/91, da Associação Brasileira de Normas Técnicas,

considera por infra-estrutura urbana “os sistemas de saneamento básico e drenagem,

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energia e iluminação pública, comunicações e sistema viário, prevendo a

manutenção e a expansão das diversas instalações e sua interferência na ordenação

do espaço” (ABNT, 1991).

De acordo com MEIRELLES (1996), conceitualmente, o serviço público urbano é toda

a atividade em que a pessoa jurídica pública “presta diretamente à comunidade, por

reconhecer que sua utilização é uma necessidade coletiva e perene” e deve ser

prestado de acordo com os requisitos que, modernamente, podem ser sintetizados,

em cinco princípios que a administração pública deve ter sempre presentes, para

exigi-los de quem os presta1:

- SHUPDQrQFLD: impõe a continuidade no serviço;

- JHQHUDOLGDGH: impõe serviço igual para todos;

- HILFLrQFLD: exige a atualização do serviço;

- PRGLFLGDGH: exigem as tarifas razoáveis;

- FRUWHVLD: traduz-se em bom tratamento para com o público.

Se algum desses requisitos não for observado, cabe à Administração intervir para

restabelecer seu regular funcionamento ou retomar sua prestação.

Tomando como referência o serviço de abastecimento de água, HESPANHOL (1999,

p. 301), afirma que “à medida que o Estado reduz, através da privatização, suas

funções de gestor do setor de água e saneamento, deverá obrigatoriamente assumir e

aprimorar as de organismo regulador”.

ABIKO (1995); MEIRELLES (1996,1996b) abordam que a lista dos serviços públicos

existentes é ampla e apresenta nuanças. Nesse texto, serão apontados apenas

aqueles tradicionalmente relacionados aos trabalhos de urbanização de favelas.

Entre os serviços relacionados por ABIKO (1995), foram selecionados aqueles

1 De acordo com o Código de Defesa do Consumidor - Dos Direitos Básicos do Consumidor. Art. 6o São direitos básicos do consumidor: a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos urbanos em geral.

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considerados necessários para garantir a salubridade ambiental de uma favela

urbanizada, a saber: abastecimento de água e coleta de esgoto sanitário; coleta de

lixo e limpeza de vias e logradouros públicos; drenagem de águas pluviais; educação e

ensino; energia elétrica; esporte, lazer, cultura e recreação; iluminação pública;

pavimentação; saúde e higiene.

Em relação a esses serviços, é importante destacar que, além de serem oferecidos,

eles devem ser executados de forma adequada e com qualidade; caso contrário,

podem ocorrer uma variedade de problemas, seja de saúde pública, seja de poluição

do meio ambiente ou mesmo a própria degradação das condições de vida da

população em geral, uma vez que a neutralização das fontes poluidora estão

diretamente relacionadas a esses serviços.

Tomando como referência a experiência empírica do autor, pode-se afirmar que em

uma favela, mesmo após sua urbanização, sempre surgirão novas construções,

ampliações, reformas, serviços de manutenção etc., que poderão acarretar riscos e

problemas não previstos, tais como:

��SUREOHPDV�HVWUXWXUDLV�QDV�HGLILFDo}HV: gerados, entre outros, pela verticalização;

- SUREOHPDV� FRP� D� ILDomR� HOpWULFD: principalmente nos ramais internos às unidades

habitacionais, gerando ameaça de incêndio ou o perigo de eletrocutar algum

morador;

- SUREOHPDV� � GH� � IDOWD� � GH� � PDQXWHQomR� � QD� � GUHQDJHP: usualmente com o

transbordamento da água pluvial as canaletas ou escadas drenantes podem

começam a solapar;

- D�UHGH�FROHWRUD�GH�HVJRWR�SRGH�HQWXSLU: pela entrada de objetos indesejados na rede;

- TXHEUD� GH� XP� FDQR� FROHWRU�WURQFR� GH� HVJRWR� em razão do tráfego pesado não

previsto nas vias internas;

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- IDOWD� GH� FROHWD: de lixo doméstico e/ou o local de depósito do lixo for inadequado,

gerando acúmulo de lixo e, conseqüentemente, proliferação de vetores.

Essas questões serão sentidas com muito mais intensidade nas favelas do que nos

demais setores habitacionais existentes na cidade, uma vez que elas apresentam

características físicas diferenciadas, tais como: dimensões diminutas dos lotes, a alta

densidade demográfica bruta, péssimas condições de moradia, principalmente nos

aspectos relacionados ao conforto ambiental, entre outras.

Além das questões da eficiência e da qualidade na prestação dos serviços públicos,

destaca-se ainda a questão de a demanda ser maior que a oferta, principalmente

quando se trata do setor peri-urbano. Em relação a essa incapacidade do Poder

Público de atender a demanda por serviços públicos, ABIKO (1995) comenta tal

situação com propriedade, ao afirmar que o crescimento efetivo da oferta dos serviços

esbarra em algumas dificuldades, sendo uma delas a insuficiência de recursos

financeiros. O Poder Público não consegue arrecadar recursos através de impostos

para fazer frente às necessidades observadas e também não consegue a

remuneração adequada por meio das taxas e das tarifas.

O autor comenta que a insuficiência dos recursos financeiros não é a única causa da

deficiência nos serviços públicos. Os serviços públicos urbanos são de

responsabilidade de diferentes instituições, em vários níveis de governo: municipal,

estadual, federal e algumas vezes metropolitano. Disto resulta uma dificuldade

político-institucional de gestão caracterizada por uma disputa pelo poder e pelos

recursos financeiros.

Em muitos casos, a falta de qualidade e a baixa produtividade nos serviços públicos

prestados à comunidade podem ser atribuídas pela ausência de preparo do corpo

técnico em geral, isto é, do fator humano. As razões que podem ser apontadas são

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várias: falta de formação, falta de motivação, negligência, descuido, excesso de

confiança, desinteresse, erros intencionais, preconceitos etc.

Em estudo sobre a questão do controle e garantia da qualidade na construção,

MESEGUER (1991) constatou que o fator humano é a área que atualmente ocupa o

centro das atenções. Destaca o autor que “os erros técnicos podem ser combatidos

por meio de medidas adequadas de controle de qualidade. Os humanos requerem a

adoção de medidas adequadas de garantia da qualidade”.

A melhoria da qualidade dos serviços públicos urbanos foi colocada de forma

particularmente importante em um quadro de dificuldades financeiras e político-

institucionais. Essa melhoria propiciará uma diminuição de custos, transformando-se

em instrumento capaz de garantir a satisfação dos usuários.

O Poder Público municipal é o responsável pela execução e pela manutenção dos

serviços prestados à população, então qualquer tipo de retrabalho pode ser

considerado um desperdício do orçamento.

Um bom administrador público deve sempre ter em conta que a inter-relação entre

qualidade e satisfação do cliente, no caso da população, são questões indissociáveis.

Vale destacar que questões como a satisfação do usuário ou mesmo da qualidade de

serviços e produtos recebem cada vez mais atenção em todo mundo. No Brasil,

segundo a ABNT (1993), a NBR ISO 9004-2 que trata da questão da “gestão da

qualidade e elementos do sistema de qualidade” foi elaborada de forma a fornecer

“uma resposta a esta conscientização, buscando encorajar organizações e empresas

a administrarem os aspectos da qualidade de suas atividades de serviço de modo

eficaz”.

Com relação à busca por melhoria nos serviços públicos, foi promulgada a Lei Federal

no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, também conhecida como a ‘Lei dos Serviços

Públicos’. Essa lei dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de

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serviços públicos, conforme previsto no Artigo 175 da Constituição Federal e dá outras

providências.

Apesar de a Lei no 8.987/93 não tratar especificamente a questão da qualidade em

serviços públicos, ela dispõe em seu Capítulo II -- Do Serviço Adequado:

“Art. 6o - Toda concessão ou permissão supõe a prestação de

serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme

estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo

contrato.

1o - Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,

continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,

cortesia na sua prestação e simplicidade das tarifas.

2o - A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do

equipamento e das instalações e sua conservação, bem como a

melhoria e a expansão do serviço”.

Observa-se também que a partir da promulgação da Lei Federal no 8.078, de 11 de

setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras

providências -- Código de Defesa do Consumidor -- cujo objetivo é garantir a proteção

do consumidor brasileiro, garantindo inclusive os direitos em relação aos serviços

públicos.

A título de exemplo, cita-se o Art. 39 inc. VIII (Das Práticas Abusivas - Seção IV) que

afirma que é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços:

“Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em

desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais

competentes ou, se normas específicas não existirem, pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade

credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial - Conmetro”.

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De acordo com AZEVEDO NETTO (1991), a partir da promulgação do Código de

Defesa do Consumidor, entende-se que “as normas da ABNT passaram a ser de

observância obrigatória se não existirem outras oficiais”.

Acredita-se que o Código de Defesa do Consumidor represente um poderoso

instrumento que pode ser operacionalizado para a utilização em programas de

melhoria da qualidade em serviços públicos urbanos, além de suas outras atribuições.

Destaca-se também, pela sua importância, os Planos Diretores que constituem-se em

um instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a implantação

da política de desenvolvimento urbano, orientando a ação dos agentes públicos e

privados, podendo, dessa forma, contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços

públicos urbanos.

Considerando que o Plano Diretor é o instrumento para a consecução da política de

desenvolvimento e de expansão urbana, pode-se afirmar que a política de

desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, tem por objetivo

ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-

estar de seus habitantes. De acordo com a NB-1350, da ABNT (1991, p. 1), por

função social da cidade tem-se:

“Função que deve cumprir a cidade a fim de assegurar as condições

gerais para o desenvolvimento da produção, do comércio e dos

serviços e, particularmente, para a plena realização dos direitos dos

cidadãos, como direito à saúde, ao saneamento básico, à educação,

ao trabalho, à moradia, ao transporte coletivo, à segurança, à

informação, ao lazer, à qualidade ambiental e à participação no

planejamento”.

Destaca-se também que o Plano Diretor -- cujo nome correto é Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano -- pode ser um instrumento que garante a implementação

dos serviços urbanos de forma integrada, evitando-se os retrabalhos. Esta integração

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se traduz na definição de prioridades de regiões da cidade a serem contempladas e de

grupos sociais a serem atendidos.

Procurou-se, assim, evidenciar que os serviços públicos urbanos representam um

subsistema urbano e, dessa forma, deverão estar integrados dentro de um processo

de gestão municipal amplo. Com isso, a gestão municipal deve procurar então

compatibilizar a questão política com aspectos técnicos, de curto e longo prazo, assim

como uma adequação das necessidades urbanas com os recursos existentes ou a

serem gerados.

Neste capítulo foi apresentada uma abordagem fragmentada das principais categorias

que atuam como um sistema no processo de urbanização de favelas. Inicialmente, foi

demonstrado que o processo de favelização é contínuo e nada indica que haverá uma

reversão nessa tendência de crescimento, e, portanto, os domicílios não podem ser

tratados como uma questão provisória. Em seguida, foi apontada a importância das

áreas verdes e das áreas de proteção aos mananciais, assim como da questão da

salubridade ambiental como fator condicionante para a qualidade de vida da

população. Por último, foi comentada a importância da adequada prestação dos

serviços públicos. Procurou-se chamar a atenção para a questão da eficiência e da

qualidade desses serviços, assim como apontar alguns instrumentos disponíveis para

a população, inclusive os moradores das atuais favelas, para fazer valer seus direitos

de cidadãos.

Os indicadores, a serem propostos no capítulo subseqüente, buscam criar um

instrumento que, além de verificar as condições de salubridade ambiental de uma

favela urbanizada, permitirão, direta ou indiretamente, avaliar como determinados

serviços públicos estão sendo prestados.

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��,1',&$'25�'(�6$/8%5,'$'(�$0%,(17$/���,6$

����2EMHWLYR

O Indicador de Salubridade Ambiental -- ISA -- foi desenvolvido “para avaliação da

eficácia do Plano Estadual de Saneamento”, de forma a atender as normas e os

regulamentos decorrentes da Lei no 7.750, de 31 de março de 1992, que dispõe sobre

a Política Estadual de Saneamento e dá outras providências, no Estado de São Paulo.

De acordo com a Lei no 7.750/92, em seu Artigo no 1, tem-se:

Artigo no 1 - A Política Estadual de Saneamento reger-se-á pelas

disposições desta lei, de seus regulamentos e das normas administrativas

dele decorrentes e tem por finalidade disciplinar o planejamento e a

execução das ações, obras e serviços de Saneamento no Estado,

respeitada a autonomia dos Municípios.

De forma a consubstanciar seus objetivos, a Lei no 7.750/92 determina que as ações

decorrentes desta lei devem ser executadas através dos instrumentos: Plano Estadual

de Saneamento, Sistema Estadual de Saneamento (Sesan) e do Fundo Estadual de

Saneamento (Fesan).

Em seu Capítulo II, Artigo no 8, esta lei trata da natureza do plano, ao afirmar que:

“Artigo no 8 - 0 Plano Estadual de Saneamento, elaborado com base em

Planos Regionais de Saneamento Ambiental, será quadrienal e aprovado

por lei, cujo projeto deverá ser encaminhado à Assembléia Legislativa até

30 de junho do primeiro ano do mandato do Governador, do qual deverão

constar, obrigatoriamente, a revisão, atualização e consolidação do Plano

anteriormente vigente”.

A avaliação da eficácia do Plano está prevista no Artigo no 9, a saber:

“Artigo no 9 - Para avaliação da eficácia do Plano Estadual de

Saneamento, o Conselho Estadual de Saneamento - Conesan fará

publicar, até 30 de abril de cada ano, o relatório sobre a ‘Situação da

Salubridade Ambiental na Região’, de cada região ou sub-região em que o

Estado será dividido, objetivando dar transparência à administração

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pública e subsídios às ações dos Poderes Executivo e Legislativo de

âmbitos municipal, estadual e federal.

§ 1 - 0 relatório sobre a ‘Situação de Salubridade Ambiental no Estado de

São Paulo’ será elaborado tomando-se por base o conjunto de relatórios

sobre a situação de salubridade ambiental nas regiões”.

Com a promulgação do Decreto no 41.679, de 31 de março de 1997, são

regulamentados a composição e o funcionamento do Conesan. O Artigo 5o desse

decreto estabelece ao Conesan exercer as atribuições que lhe são conferidas pela Lei

no 7.750/92, devendo, para tanto, adotar as seguintes medidas:

“I - acompanhar, através de relatório sobre a ‘Situação de Salubridade

Ambiental no Estado de São Paulo’, a evolução de indicadores sanitários,

de saúde e ambientais, a caracterização qualitativa e quantitativa da

prestação dos serviços públicos de saneamento e as tendências

projetadas da oferta e demanda destes serviços”.

A Deliberação Conesan 4/97, de 31 de julho de 1997, em cumprimento ao que

determina o Inciso I do Artigo 5o do Decreto no 41.679, cria a Câmara Técnica de

Planejamento, conforme consta de seu Artigo no 1, a saber:

“Artigo 1o - Fica constituída, junto à Secretaria Executiva, Câmara Técnica

de Planejamento”.

O Artigo 2o, dessa mesma deliberação, contém as atribuições da Câmara Técnica, a

saber:

“I. elaboração de relatório sobre a ‘Situação de Salubridade Ambiental no

Estado de São Paulo’, com a evolução de indicadores de saúde relativos

às pessoas, serviços e meio ambiente, a caracterização qualitativa e

quantitativa da prestação dos serviços públicos de saneamento e as

tendências projetadas da oferta e demanda destes serviços;

II. proposição de diretrizes para a formulação de programas anuais de

aplicação de recursos”.

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De forma a atender as exigências anteriormente relatadas, a Câmara Técnica de

Planejamento do Conselho Estadual de Saneamento no Estado de São Paulo

(Conesan) elaborou o Indicador de Salubridade Ambiental (ISA). Trata-se de um

modelo desenvolvido com o objetivo específico de verificar as condições de

salubridade em âmbito municipal.

Com a utilização do ISA pretende-se identificar e avaliar, de maneira uniforme, as

condições de saneamento de cada município.

Vale ressaltar que o ISA tem sua aplicabilidade dirigida para as zonas urbanas e/ou de

expansão urbana dos municípios, pois nas áreas rurais ficaria prejudicada devido à

inexistência da prestação de dados ou dos serviços que são avaliados pelo modelo

proposto.

O Conesan publicará o “Relatório sobre a Situação da Salubridade Ambiental" de cada

região ou sub-região em que o Estado será dividido, objetivando dar transparência à

administração pública e subsídios às ações dos Poderes Executivo e Legislativo em

âmbito municipal, estadual e federal.

Inicialmente, por se tratar do primeiro ISA, a ser realizado em cada município, sua

elaboração ficará a cargo da Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras --

SRHSO, com apoio das Câmaras Técnicas e da Sabesp. Tendo como fonte de

informação os dados operacionais da Sabesp, da Fundação Sistema Estadual de

Análise de Dados -- Seade, do IBGE, da Vigilância Sanitária, dos Comitês de Bacia,

entre outros. Posteriormente, por meio dos Comitês de Bacia será solicitado que cada

município valide suas informações, principalmente aquelas relativas ao sistema de

abastecimento de água, de esgoto sanitário e de manejo de resíduo sólido.

Em um segundo momento, cada município preparará seu ISA Municipal, conforme o

roteiro a ser elaborado e distribuído a todos os municípios pela SRHSO. Tal medida é

necessária tendo em vista o estabelecimento de critérios equivalentes que permitem

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agrupar e/ou comparar as diferentes informações coletadas. Uma vez elaborado o

relatório do ISA, cada município irá apresentá-lo ao Comitê de Bacia Hidrográfica a

que pertence para que este possa apreciá-lo. Então, será elaborado um único relatório

dessa região contemplando os aspectos mais relevantes que estão vinculados à área

de saneamento.

Salienta-se que tal procedimento está consoante com o Artigo no 6 da Lei no 7.750/92,

que diz:

XII - o Plano Estadual de Saneamento deverá ser elaborado com base na

bacia hidrográfica como unidade de planejamento, compatibilizado com o

Plano Estadual de Recursos Hídricos.

Dessa forma, caberá à SRHSO, a partir das informações fornecidas pelos relatórios

sobre a "Situação da Salubridade Ambiental na Região", elaborar o relatório da

“Situação de Salubridade Ambiental no Estado de São Paulo”.

Vale observar que o Relatório da Situação de Salubridade Ambiental no Estado de

São Paulo constitui-se um instrumento de integração de políticas públicas para a

melhoria crescente da qualidade de vida dessa população. O relatório elaborado a

partir dos dados levantados pelo ISA “abre condições de debates de âmbito regional,

mostrando comparativamente o estágio de áreas que exigem intervenções corretivas

imediatas. Com isso, os poderes públicos podem tomar decisões mais realistas e

menos imediatistas sobre os assuntos pertinentes, o que permite a melhor aplicação

dos recursos do Estado e dos municípios” (THAME, 1999).

Com a implantação do ISA pretende-se “dar transparência à administração pública e

subsídios a ações dos Poderes Executivo e Legislativo de âmbitos Municipal, Estadual

e Federal” (SÃO PAULO, 1999, p. 7).

As principais hipóteses e princípios adotados na estruturação e composição do ISA, de

acordo com o Manual Básico do ISA, são relacionados a seguir:

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- “Uniformidade da base de dados e informações utilizados, bem como dos critérios e

formas de cálculo.

- Comparabilidade das situações de salubridade entre os municípios do Estado.

- Possibilidade de representar o estágio de salubridade com base:

a) na oferta de infra-estrutura de saneamento limitada ao abastecimento de

água, aos esgotos sanitários e à limpeza pública;

b) na situação de controle de vetores e de agrotóxicos conforme expressada

pela vigilância sanitária do Estado;

c) nas condições sócio-econômicas expressadas pelos parâmetros levantados

no Estado, relativos respectivamente à saúde pública, à renda e à educação;

d) na identificação de outros aspectos relacionados à salubridade ambiental, de

caráter extensivo ou localizado, mas importantes e peculiares a uma região;

por sua peculiaridade, estes aspectos não comportam comparação entre

todas as regiões ou municípios e, assim sendo, não foram integrados ao ISA

nem comportam uma valoração numérica; por sua relevância, porém, sempre

deverão estar associados ao(s) respectivo(s) ISA(s) para melhor

caracterizar(em) o estágio de salubridade ambiental local e/ou regional e

orientar(em) as prioridades de investimentos.

- Possibilidade de serem arbitrados pesos para as ponderações de todos os aspectos

anteriormente referidos e integrados no ISA (a/b/c e d da subitemização precedente).

- Necessidade de limitar os dados e as informações a serem utilizadas

sistematicamente disponíveis com a freqüência desejada e aos facilmente tabuláveis”

(SÃO PAULO, 1999).

Destaca-se que implementação do ISA não representará custos extras para o

município, uma vez que, trata-se, principalmente, da ordenação das informações já

existentes nas diferentes secretarias municipais.

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����&RPSRVLomR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO

O ISA é composto por indicadores selecionados da área de saneamento ambiental,

sócio-econômico, da saúde pública e dos recursos hídricos. Foram escolhidas as

variáveis disponíveis e de fácil tabulação no sentido de facilitar a elaboração do

relatório. Será formado por seis grupos de indicadores: ,QGLFDGRU�GH�$EDVWHFLPHQWR�GH

ÈJXD� �,$%��� ,QGLFDGRU� GH� (VJRWR� 6DQLWiULR� �,(6��� ,QGLFDGRU� GH� 5HVtGXRV� 6yOLGRV� �,56��

,QGLFDGRU�GH�&RQWUROH�GH�9HWRUHV��,&9���,QGLFDGRU�GH�5LVFRV�GH�5HFXUVRV�+tGULFRV��,5+��

H�,QGLFDGRU�6yFLR�(FRQ{PLFR��,6(���

De acordo com o Manual Básico do ISA, a esses indicadores “devem ser juntadas,

quando for o caso, informações relativas a Municípios e/ou regiões com presença de

aspectos de salubridade ambiental peculiar ou relevante”. Nessa direção, de forma a

identificar quais as ocorrências em âmbito municipal ou regional que colocam em risco

a saúde das populações e/ou a qualidade ambiental foi elaborado o Indicador

Regional.

Este indicador servirá para melhor caracterizar o estágio de salubridade de um

município ou da região onde se encontra localizado -- caso os outros municípios

apresentem o mesmo problema. Observa-se que, apesar do nome -- Indicador

Regional --, ele se aplica também à análise da salubridade de um único município.

Ainda conforme o Manual Básico do ISA (SÃO PAULO, 1999), o Indicador Regional

também permitirá identificar outros aspectos relacionados à salubridade ambiental,

visando o caráter extensivo -- em nível regional -- ou localizado -- em nível municipal.

São apresentadas a seguir algumas das possíveis variáveis a serem contempladas na

elaboração de um Indicador Regional, propostas durante as reuniões para a

preparação do ISA. Observa-se que essas variáveis muitas vezes se sobrepõem,

como também podem estar localizadas apenas em um município ou envolver uma

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região. De forma a facilitar sua leitura, as variáveis foram classificadas como

municipais ou regionais.

9DULiYHLV� UHJLRQDLV�� qualidade do ar, qualidade dos mananciais, atividades

incompatíveis em áreas de proteção de mananciais, saneamento rural (água, esgoto e

lixo), carga difusa de atividades rurais, proteção da serra do Mar, proteção das águas

subterrâneas.

(P�QtYHO�PXQLFLSDO: uso e ocupação do solo, carga difusa urbana, balneabilidade das

praias, áreas sujeitas à inundação com ocupação urbanas, rural ou industrial, coleta

de lixo do serviço de saúde, matriz de poluição de efluentes não domésticos, outras

fontes de abastecimento.

Eventualmente, pode-se identificar novas variáveis que sejam de extrema relevância

para facilitar o relatório sobre a “Situação de Salubridade Ambiental no Estado de São

Paulo” e das políticas públicas do setor não abrangidas pelos demais indicadores.

Nessa direção, a função do Indicador Regional é ajudar a “melhor caracterizar o

estágio de salubridade ambiental”, não comportando valoração numérica (SÃO

PAULO, 1999).

É preciso destacar que, dentro do escopo abrangido pelo Indicador Regional -- QtYHO

PXQLFLSDO: uso e ocupação do solo --, esta tese elege as favelas como uma variável

preponderante existente em inúmeros municípios brasileiros. Assim, tendo como

horizonte essa variável, foi estabelecido o Indicador de Salubridade Ambiental para

Favelas (ISA/F) a ser utilizado em todos os municípios envolvidos com a questão da

favela.

Este indicador, utilizando o mesmo método proposto pelo ISA, tem por objetivo avaliar

a situação de salubridade ambiental de áreas ocupadas por favela, através da

utilização de indicadores específicos. Ressalta-se que o ISA/F apresenta uma

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abrangência superior àquela proposta para o Indicador Regional, sem, entretanto,

alterar sua função.

O ISA/F, além de atender aos objetivos propostos para o Indicador Regional,

estabelece também um critério de pontuação, isto é, uma valoração numérica para

cada indicador que o compõem, de forma a permitir uma classificação das favelas

existentes no município de acordo com as condições de salubridade ambiental de

cada uma delas.

Em relação ao critério de pontuação, o ISA/F utiliza o mesmo método do ISA. Vale

observar que a avaliação realizada pelo ISA busca verificar a salubridade em nível

municipal, enquanto a do ISA/F será realizada em uma escala específica -- para favela

--, com abrangência local, isto é, seu campo de ação encontra-se delimitado pelo

perímetro do terreno ocupado por cada favela analisada. Apesar de as avaliações

serem diferenciadas, também são complementares.

Os resultados obtidos pelo ISA/F quando agregados à avaliação de salubridade geral

do município, ou seja, do relatório do ISA, permitirá uma leitura muita mais qualificada

da salubridade ambiental daquele município.

Observa-se que o ISA/F, além de ser utilizado para complementar o relatório do ISA,

também poderá apresentar um objetivo maior, ou seja, ser tratado como um

instrumento para subsidiar processos de tomada de decisão no município cujos

resultados serão em benefício da melhoria da qualidade de vida da população local.

Vale lembrar que os resultados obtidos pelo ISA -- por serem constituídos de

indicadores que abordam a questão da salubridade ambiental do município de forma

mais ampla -- contribuirão também para auxiliar a análise mais detalhada do ISA/F.

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����(VWUXWXUDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO

De acordo com o Manual Básico do ISA (SÃO PAULO, 1999), o ISA é calculado pela

média ponderada de indicadores específicos e relacionados, direta ou indiretamente,

com a salubridade ambiental, através da seguinte fórmula:

Sendo:

IAB – Indicador de abastecimento de água

IES – Indicador de esgotos sanitário

IRS – Indicador de resíduos sólidos

ICV – Indicador de controle de vetores

IRH – Indicador de riscos de recursos hídricos

ISE – Indicador sócio-econômico

A Tabela 3.1 apresenta os componentes, subindicadores e a finalidade da utilização

de cada um dos indicadores que compõem o ISA.

ISA = 0,25 IAB + 0,25 IES + 0,25 IRS + 0,10 ICV + 0,10 IRH + 0,05 ISE

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7DEHOD�����&RPSRQHQWHV��6XELQGLFDGRUHV�H�)LQDOLGDGH�GR�,6$

Componentes Subindicadores Finalidade

Cobertura (Atendimento) (ICA) Quantificar os domicílios atendidos por sistemas deabastecimento de água com controle sanitário.

Qualidade da Água Distribuída(IQA)

Monitorar a qualidade da água fornecida.

Indicador deAbastecimentode Água

IAB

Saturação do Sistema Produtor(Quantidade) (ISA)

Comparar a oferta e a demanda de água; programarampliações ou novos sistemas produtores eprogramas de controle e redução de perdas.

Cobertura em Coleta de Esgotoe Tanques Sépticos (ICE)

Quantificar os domicílios atendidos por redes deesgoto e/ou tanques sépticos.

Esgoto Tratado e TanquesSépticos (ITE)

Indicar a redução da carga poluidora.

Indicador de

Esgoto

Sanitário

IES Saturação do Tratamento (ISE) Comparar a oferta e a demanda das instalaçõesexistentes e programar novas instalações ouampliações.

Coleta de Lixo (ICR) Quantificar os domicílios atendidos por coleta de lixo.

Tratamento e Disposição Final(IQR)

Qualificar a situação da disposição final dos resíduos.

Indicador de

Resíduos

Sólidos

IRSSaturação da Disposição Final(ISR)

Indicar a necessidade de novas instalações.

Dengue (IVD) eEsquistossomose (IVE)

Identificar a necessidade de programas corretivos epreventivos de redução e eliminação de vetores,transmissores e/ou hospedeiros da doença.

Indicador deControle deVetores

ICV Leptospirose (IVL) Indicar a necessidade de programas preventivos deredução e eliminação de ratos.

Água Bruta (IQB) Qualificar a situação da água bruta ou riscogeográfico.

Disponibilidade dos Mananciais(IDM)

Quantificar a disponibilidade dos mananciais emrelação à demanda.

Indicador deRecursosHídricos

IRH

Fontes Isoladas (IFI) Abrange o controle das águas utilizadas pelaspopulações em áreas urbanas não atendidas pelosserviços oficiais de abastecimento de água.

Indicador de Saúde Pública (ISP) Indicar a possibilidade dos serviços de saneamentoinadequados, que podem ser avaliados através de:- mortalidade infantil ligada a doenças de veiculação

hídrica�LPK��- mortalidade infantil e de idosos ligada a doenças

respiratórias�LPU��

Indicador de Renda (IRF) Indicar a capacidade de pagamento da populaçãopelos serviços e a capacidade de investimento pelomunicípio, que podem ser avaliados através de: - distribuição de renda abaixo de três salários

mínimos�L�V��- renda média�LUP��

IndicadorSócio-Econômico

ISE

Indicador de Educação (IED) Indicar a linguagem de comunicação a ser utilizadanas campanhas de educação sanitária e ambientalatravés de:- índice de nenhuma escolaridade�LQH��- índice de escolaridade até 1o grau�LH���

Fonte: SÃO PAULO (1999).

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������&RQVLGHUDo}HV�VREUH�D�3RQGHUDomR�H�D�3RQWXDomR�GRV�,QGLFDGRUHV

��������3RQWXDomR

A questão da pontuação referente a cada indicador foi alvo de várias discussões

realizadas nas reuniões da Câmara Técnica de Planejamento do Conesan/SP. Como

resultado, pode-se concluir que os valores obtidos pelos indicadores são pontuados

em uma escala cuja variação seja de 0 (zero) a 100 (cem).

Caso os indicadores apresentem questões que envolvam risco para algum morador, a

pontuação não será realizada de acordo com uma escala variável de valores, mas sim

através do seguinte critério: não há risco de vida (100 pontos), há risco de vida (zero

ponto).

Assim, o ISA será calculado pela média ponderada dos indicadores propostos

abrangendo as diferentes variáveis e subindicadores que o compõem. Será possível

também reunir e apresentar sinteticamente a situação de salubridade ambiental de

cada município por meio de um valor numérico. Por meio do resultado obtido será

possível comparar, de um modo eqüitativo, todos os municípios do Estado de São

Paulo.

��������3RQGHUDomR

O critério de ponderação de cada indicador também foi objeto das discussões

realizadas nas reuniões da Câmara Técnica de Planejamento. Em princípio, quando

ocorreram as primeiras reuniões para a elaboração do ISA, os membros da Câmara

decidiram que a água era prioridade em qualquer situação. Então esse indicador ficou

com uma ponderação de 40% do ISA. Num segundo momento, após a realização de

uma simulação do ISA, percebeu-se que, além da água, havia problemas relacionados

com a coleta de esgoto e de resíduos sólidos. Decidiu-se, então, atribuir ponderação

equivalente -- 25% do ISA para cada um -- aos indicadores referentes a esses

serviços básicos: abastecimento de água, coleta de esgoto e coleta de lixo.

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Um outro indicador de grande relevância refere-se ao de Recursos Hídricos. Entende-

se que para um perfeito funcionamento do serviço de abastecimento de água torna-se

necessária à existência da matéria-prima: a água; assim, foi-lhe atribuída a

ponderação de 10%, a mesma também atribuída ao Indicador de Controle de Vetores.

Ao Indicador Sócio-Econômico foi atribuída uma ponderação de 5%. O Indicador

Regional não foi incluído na fórmula, porém deve ser contemplado no Relatório de

Situação de Salubridade Ambiental, pois facilitará a sua elaboração, uma vez que

contempla questões específicas do município ou da região.

����&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO

A seguir, são apresentados todos os indicadores, conforme Manual Básico do ISA

(SÃO PAULO, 1999), com suas respectivas finalidades, critérios de cálculo, formas de

pontuação e periodicidade de atualização.

������,QGLFDGRU�GH�$EDVWHFLPHQWR�GH�ÈJXD��,$%�

)LQDOLGDGH�� quantificar os domicílios atendidos pelos sistemas de abastecimento de

água com controle sanitário; monitorar a qualidade da água fornecida; comparar a

oferta e a demanda e programar novos sistemas ou ampliações na elaboração de

ações que reduzam as perdas.

É calculado a partir da média aritmética entre os três indicadores específicos: o

Indicador de Cobertura de Abastecimento de Água - Atendimento (ICA), Indicador de

Qualidade da Água Distribuída (IQA) e o Indicador de Saturação do Sistema Produtor -

Qualidade (ISA)

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:IAB = (ICA + IQA + ISA) ÷ 3

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��������,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�GH�$EDVWHFLPHQWR�GH�ÈJXD���$WHQGLPHQWR��I&$�

)LQDOLGDGH: quantificar os domicílios atendidos por sistemas de abastecimento de água

com controle sanitário.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: operador (prefeituras/concessionárias).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

ICA = Índice de cobertura de abastecimento de água

DUA = Domicílios urbanos atendidos (públicos e particulares)

DUT = Domicílios urbanos totais

3RQWXDomR: a pontuação ICA será de 0 (zero) a 100 (cem) e corresponderá diretamente

ao ICA (Índice percentual de cobertura de água).

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: semestral (junho/dezembro).

��������,QGLFDGRU�GD�4XDOLGDGH�GD�ÈJXD�'LVWULEXtGD��I4$�

)LQDOLGDGH: monitorar a qualidade da água fornecida.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde

do Estado de São Paulo.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

IQA Indicador de qualidade da água distribuída; porcentagem do volume considerado

adequado no mês crítico do período da atualização

K = no de amostras realizadas ÷ pelo no mínimo de amostras a serem efetuadas pelo

SAA1

1 SAA: Serviço de Abastecimento Público de Água

ICA = (DUA ÷ DUT) × 100 (%)

IQA = K × (NAA ÷ NAR) × 100 (%)

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NAA = Quantidade de amostra considerada de água potável relativa à colimetria, ao

cloro e à turbidez, em uma primeira etapa e, no futuro, o total da Portaria no 36/90

NAR = Quantidade de amostras realizadas

2EVHUYDo}HV�

a) Considerar somente as amostras dos serviços de abastecimento público; as demais

amostras devem ser consideradas no Indicador de Risco de Recurso Hídrico (IRH),

na variável do Indicador Fontes Isoladas (IFI);

b) Não devem ser consideradas as amostras colhidas com objetivo único e exclusivo

de verificar a validade das amostras anteriores nem as amostras relativas a ações

corretivas;

c) O número mínimo de amostras a serem efetuadas pelo SAA, a freqüência mínima

de amostragem e os padrões de potabilidade estão conforme a Resolução SS-293, de

25 de outubro de 1986, baseada na Portaria no 36 GM de 19 de janeiro de 1990 do

Ministério da Saúde.

$PRVWUDJHP�

De acordo com a Portaria no 36 do Ministério da Saúde, o número mínimo de amostra

e freqüência mínima de amostragem para verificação das características

bacteriológicas da água do sistema de abastecimento público serão definidos

conforme a Tabela 3.2.

7DEHOD�����1~PHUR�0tQLPR�GH�$PRVWUDV�D�VHUHP�5HDOL]DGDV�SHOR�6$$

1~PHUR�PtQLPR�GH�DPRVWUDV�D�VHUHP�UHDOL]DGDV�SHOR�6$$

3RSXODomR�WRWDODEDVWHFLGD

)UHT�rQFLD $PRVWUDV�PHQVDLV

até 5.000 hab. Semanal 5

de 5.001 a 20.000 mil hab. Semanal 1 para cada 1.000 hab.

de 20.001 a 100.000 hab. 2 vezes por semana 1 para cada 1.000 hab.

Acima 100.000 hab. diária 90 + 1 para cada 1.000 hab.

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2EVHUYDomR��as amostras devem ser representativas para a rede de abastecimento,

independentemente de quantas unidades de produção a alimentam, distribuídas

uniformemente ao longo do mês.

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.3.

7DEHOD�����3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GD�4XDOLGDGH�GD�ÈJXD�'LVWULEXtGD

)DL[DV 3RQWXDomR 6LWXDomR

IQA = 100% 100 Excelente

IQA = entre 95% e 99% 80 Ótima

IQA = entre 85% e 94% 60 Boa

IQA = entre 70% e 84% 40 Aceitável

IQA = entre 50% e 69% 20 Insatisfatória

IQA < 49% 0 Imprópria

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: semestral (junho/dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�6LVWHPD�3URGXWRU��,6$�

)LQDOLGDGH: comparar a oferta e a demanda das instalações existentes e programar

novos sistemas ou ampliações.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: operador (prefeituras/concessionárias).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

ISA = Indicador de saturação do sistema produtor

n = Número de anos em que o sistema ficará saturado

VP = Volume de produção necessário para atender 100% da população atual

CP = Capacidade de produção

t = Taxa de crescimento anual média da população urbana para os cinco anos

subseqüentes ao ano da elaboração do ISA (projeção Seade)

n = ⟨log CP ÷ [VP × (k2 ÷ k1)] ÷ log (1+ t)

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k1 = Perda atual

k2 = Perda prevista para cinco anos

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.4

7DEHOD�����3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�6LVWHPD�3URGXWRU

7LSR�GH�6LVWHPD ,6$

Sistemas Integrados n > 55 > n > 0

n < 0

100interpolar

0

Sistemas Superficiais n > 33 > n > 0

n < 0

100interpolar

0Sistema de Poços n > 2

2 > n > 0n < 0

100interpolar

0

3HULRGLFLGDGH� GH� DWXDOL]DomR: anualmente (dezembro) ou quando houver expansão,

ampliação ou construção de novos sistemas de tratamento e/ou em eventuais

correções ou atualização de cadastros.

������,QGLFDGRU�GH�(VJRWR�6DQLWiULR��,(6�

)LQDOLGDGH: quantificar os domicílios atendidos por rede de esgotos e/ou por tanques

sépticos, quantificar os domicílios atendidos por tratamento de esgotos e tanques

sépticos, comparar a oferta e a demanda das instalações existentes e programar

novas instalações ou ampliações.

Ele será calculado a partir da média aritmética de três indicadores específicos: o

Indicador de Cobertura em Coleta de Esgoto e Tanques Sépticos (ICE); Indicador de

Esgoto Tratado (ITE) e o Indicador de Saturação do Tratamento de Esgoto (ISE).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: IES = (ICE + ITE + ISE) ÷ 3

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��������,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�&ROHWD�GH�(VJRWR�H�7DQTXHV�6pSWLFRV��,&(�

)LQDOLGDGH: quantificar os domicílios atendidos por redes de esgoto e/ou tanques

sépticos.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: o operador do sistema (prefeituras/concessionárias).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

ICE Indicador de cobertura em coleta de esgoto e tanques sépticos

DUE Domicílios urbanos atendidos por coleta mais tanques sépticos

DUT Domicílios urbanos totais

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.5.

7DEHOD�����3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�&ROHWD�GH�(VJRWR�H�7DQTXHV

������������������6pSWLFRV

)DL[DV�GH�3RSXODomR8UEDQD (Censo/ 96)

,&(

PtQLPR Pi[LPR

até 5 mil hab. ICE <50 % - ICE = 0 ICE >85 % - ICE =100

de 5 a 20 mil hab. ICE <55 % - ICE = 0 ICE >85 % - ICE =100

de 20 a 50 mil hab. ICE <60 % - ICE = 0 ICE >85 % - ICE =100

de 50 a 100 mil hab. ICE <65 % - ICE = 0 ICE >85 % - ICE =100

de 100 a 500 mil hab. ICE <70 % - ICE = 0 ICE >90 % - ICE =100

> 500 mil hab. ICE <75 % - ICE = 0 ICE >90 % - ICE =100

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: semestral (junho/dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�(VJRWR�7UDWDGR�H�7DQTXHV�6pSWLFRV�,7(�

)LQDOLGDGH: quantificar os domicílios atendidos por tratamento de esgoto e tanques

sépticos.

ICE = (DUE ÷ DUT ) × 100 (%)

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5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: o operador do sistema (prefeituras/concessionárias).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

ITE = Indicador de esgoto tratado e tanques sépticos

ICE = Indicador de cobertura em coleta de esgoto e tanques sépticos

VT = Volume tratado de esgotos medido ou estimado nas estações em áreas servidas

por rede de esgotos

VC = Volume coletado de esgotos, conforme cálculo abaixo

VC = 0,80 × volume consumido de água; ou

VC = 0,80 ×� (volume medido de água + volume estimado sem medição)

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.6.

7DEHOD�����3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�(VJRWR�7UDWDGR�H�7DQTXHV�6pSWLFRV

)DL[DV�GH�3RSXODomR(Censo / 96)

,7(

PtQLPR Pi[LPR

até 5 mil hab. ITE < 15,00 % - ITE = 0 ITE > 56,00 % - ITE = 100

de 5 a 20 mil hab. ITE < 16,50 % - ITE = 0 ITE > 63,75 % - ITE = 100

de 20 a 50 mil hab. ITE < 18,00 % - ITE = 0 ITE > 68,00 % - ITE = 100

de 50 a 100 mil hab. ITE < 26,00 % - ITE = 0 ITE > 72,25 % - ITE = 100

de 100 a 500 mil hab. ITE <35,00 % - ITE = 0 ITE >81,00 % - ITE = 100

> 500 mil hab. ITE <45,00 % - ITE = 0 ITE >81,00 % - ITE = 100

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: semestral (junho / dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�7UDWDPHQWR�GH�(VJRWR��,6(�

)LQDOLGDGH� comparar a oferta e a demanda das instalações existentes e programar

novas instalações ou ampliações.

ITE = ICE × (VT ÷ VC) × 100 (%)

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5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR� o operador do sistema (prefeituras/concessionárias).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

ISE = Indicador de saturação do tratamento de esgotos

n = Número de anos em que o sistema ficará saturado

VC = Volume coletado de esgotos

CT = Capacidade de tratamento

t = Taxa de crescimento anual média da população urbana para os cinco anos

subseqüentes ao ano da elaboração do ISA

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.7.

7DEHOD�����3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�7UDWDPHQWR�GH�(VJRWR

)DL[DV�GH�3RSXODomR8UEDQD�(Censo / 96)

Q ,6(

Até 50 mil hab. n > 22 > n > 0

n < 0

100interpolar

0De 50 a 200 mil hab. n > 3

3 > n > 0n < 0

100interpolar

0Maior que 200 mil hab. n > 5

5 > n > 0n < 0

100interpolar

0

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro) ou quando houver expansão,

ampliação ou construção de novos sistemas de tratamento e/ou em eventuais

correções ou atualização de cadastros.

������,QGLFDGRU�GH�5HVtGXRV�6yOLGRV��,56�

)LQDOLGDGH� quantificar os domicílios atendidos por coleta de lixo, qualificar a situação

da disposição final dos resíduos e indicar a necessidade de novas instalações.

n = log CT ÷VC ÷log (1+ t)

Page 98: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

81

Ele será calculado a partir da média aritmética entre os três indicadores específicos: o

Indicador de Coleta de Lixo (ICR), o Indicador de Tratamento e Disposição Final (IQR) e

o Indicador de Saturação da Disposição Final (ISR).

��������,QGLFDGRU�GH�&ROHWD�GH�/L[R��,&5�

)LQDOLGDGH� quantificar os domicílios atendidos por coleta de lixo.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR� o operador do sistema (prefeituras/concessionárias).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

ICR Indicador de coleta de lixo

DUC Domicílios urbanos atendidos por coleta de lixo

DUT Domicílios urbanos totais

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.8.

7DEHOD�����3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�&ROHWD�GH�/L[R

,&5)DL[DV�GH�3RSXODomR8UEDQD�(Censo / 96)

PtQLPR Pi[LPR

até 20 mil hab. ICR < 80 % - ICR = 0 ICR > 90 % - ICR = 100

de 20 a 100 mil hab. ICR < 90 % - ICR = 0 ICR > 95 % - ICR = 100

> 100 mil hab. ICR < 95 % - ICR = 0 ICR > 99 % - ICR = 100

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�7UDWDPHQWR�H�'LVSRVLomR�)LQDO�GRV�5HVtGXRV�6yOLGRV��,45�

)LQDOLGDGH: qualificar a situação da disposição final dos resíduos sólidos.

IRS = (ICR + IQR + ISR) ÷ 3

ICR = DUC ÷ DUT × 100 (%)

Page 99: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

82

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Cetesb

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: de acordo com a Resolução no 13 da Secretaria de Meio Ambiente

do Governo do Estado de São Paulo de 27 de fevereiro de 1998.

IQR - Índice de qualidade de aterros de resíduos sólidos domiciliares - Cetesb.

DUT = Domicílios urbanos totais.

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.9.

7DEHOD�����3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�7UDWDPHQWR�H�'LVSRVLomR�)LQDO�GRV

�������������������5HVtGXRV�6yOLGRV

,45 (QTXDGUDPHQWR 3RQWXDomR

0 < ,45 < 6,0 Condições inadequadas 0

6,0 < ,45 < 8,0 Condições controladas Interpolar

8,0 < ,45 < 10,0 Condições adequadas 100

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�7UDWDPHQWR�H�'LVSRVLomR�)LQDO�GH�5HVtGXRV

������������6yOLGRV��,65�

)LQDOLGDGH: indicar a necessidade de novas instalações.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Cetesb.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

ISR = Indicador de saturação do tratamento e disposição final de resíduos sólidos

n = Número de anos em que o sistema ficará saturado

VL = Volume coletado de lixo

CA = Capacidade restante do aterro

t = Taxa de crescimento anual média da população urbana para os cinco anos

subseqüentes ao ano da elaboração do ISA

n = log [(CA × t) ÷ VL) ] + 1 ÷ log (1+ t)

Page 100: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

83

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.10.

7DEHOD������3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�7UDWDPHQWR�H�'LVSRVLomR

��������������������)LQDO�GH�5HVtGXRV�6yOLGRV

)DL[DV�GH�3RSXODomR8UEDQD�(Censo / 96)

Q ,65

Até 50 mil hab. n > 22 > n > 0

n < 0

100interpolar

0De 50 a 200 mil hab. n > 3

3 > n > 0n < 0

100interpolar

0Maior que 200 mil hab. n > 5

5 > n > 0n < 0

100interpolar

0

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

�������,QGLFDGRU�GH�&RQWUROH�GH�9HWRUHV���,&9�

)LQDOLGDGH� identificar a necessidade de programas preventivos de redução e

eliminação dos vetores transmissores e/ou hospedeiros da doença.

Ele é calculado a partir da média ponderada entre os Indicadores de Dengue (IVD), de

Esquistossomose (IVE) e de Leptospirose (IVL).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

��������,QGLFDGRU�GH�'HQJXH��,9'�

)LQDOLGDGH� identificar a necessidade de programas preventivos de redução e

eliminação dos vetores transmissores e/ou hospedeiros da doença.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR� Sucen.

3RQWXDomR��conforme a Tabela 3.11.

ICV = ⟨[(IVD + IVE) ÷ 2 ]+ IVL ÷ 2

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7DEHOD������3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�'HQJXH

&ULWpULR 3RQWXDomR,9'

Municípios sem infestação por Aedes Aegypti nos últimos 12 meses 100

Municípios infestados por Aedes Aegypti e sem transmissão dedengue nos últimos 5 anos

50

Municípios com transmissão de dengue nos últimos 5 anos 25

Municípios com maior risco de ocorrência de dengue hemorrágico 0

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�(VTXLVWRVVRPRVH��,9(�

)LQDOLGDGH� identificar a necessidade de programas preventivos de redução e

eliminação dos vetores transmissores e/ou hospedeiros da doença.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR� Sucen.

3RQWXDomR� conforme a Tabela 3.12.

7DEHOD������3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�(VTXLVWRVVRPRVH

&ULWpULR 3RQWXDomR,9(

Municípios sem casos de esquistossomose nos últimos 5 anos 100

Municípios com incidência anual < 1 50

Municípios com incidência anual > 1 e < 5 25

Municípios com incidência anual > 5 (média dos últimos 5 anos) 0

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�/HSWRVSLURVH��,9/�

)LQDOLGDGH�� identificar a necessidade de programas preventivos de redução e

eliminação de ratos.

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85

5HVSRQViYHO� SHOD� LQIRUPDomR: Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da

Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

3RQWXDomR� conforme a Tabela 3.13.

7DEHOD������3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�/HSWRVSLURVH

&ULWpULR3RQWXDomR

,9/Municípios sem enchentes e sem casos de leptospirose nos últimos 5anos 100

Municípios com enchentes e sem casos de leptospirose nos últimos 5anos 50

Municípios sem enchentes e com casos de leptospirose nos últimos 5anos 25

Municípios com enchentes e com casos de leptospirose nos últimos 5anos 0

������,QGLFDGRU�GH�5LVFRV�GH�5HFXUVRV�+tGULFRV��,5+�

Seu objetivo de medir a quantidade de água disponível para o uso humano, bem como

seu risco de longo prazo, é calculado a partir da média aritmética entre os indicadores

IQB (Qualidade de Água Bruta), IDM (Disponibilidade dos Mananciais) e IFI (Fontes

Isoladas).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

��������,QGLFDGRU�4XDOLGDGH�GD�ÈJXD�%UXWD��,4%�

)LQDOLGDGH� este indicador visa incorporar o Índice de Água para Abastecimento

Público (IAP) e/ou o Índice de Preservação da Vida Aquática (IVA), que leva em

consideração parâmetros físico-químicos, bem como um indicador biológico, no

Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores do Estado de São

Paulo desenvolvido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental -

Cetesb (Resolução no 65 da Secretaria do Meio Ambiente de 13/08/98).

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR� Cetesb.

IRH = (IQB + IDM + IFI ) ÷ 3

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&ULWpULR�GH�FiOFXOR� em desenvolvimento.

3RQWXDomR� em desenvolvimento.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

7DEHOD������3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�4XDOLGDGH�GD�ÈJXD�%UXWD��3RoR�$UWHVLDQR�

&ULWpULR 3RQWXDomR,4%

Poço sem contaminação e sem necessidade de tratamento1 100

Poço sem contaminação e com necessidade de tratamento dequalquer natureza

50

Poço com risco de contaminação 0

��������,QGLFDGRU�GH�'LVSRQLELOLGDGH�GRV�0DQDQFLDLV��,'0�

)LQDOLGDGH� mensurar a disponibilidade dos mananciais para abastecimento em relação

à demanda.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

IDM = Indicador de disponibilidade dos mananciais

Disp = Disponibilidade, água em condições de tratabilidade para abastecimento

Dem = Demanda (considerar a demanda futura de 10 anos)

3RQWXDomR: conforme a Tabela 3.14.

7DEHOD������3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�GH�'LVSRQLELOLGDGH�GRV�0DQDQFLDLV

ËQGLFH�,'0�

3RQWXDomR�,'0�

IDM > 2 100

1,5 < IDM < 2,0 50

IDM < 1,5 0

1 Não considerar desinfecção como tratamento (já considerado na água distribuída).

IDM = Disp ÷ Dem

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3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�)RQWHV�,VRODGDV��,),�

)LQDOLGDGH� este indicador será desenvolvido a partir das informações do Centro de

Vigilância Sanitária nas áreas com abastecimento de água de fontes alternativas como

bicas, fontes, poços etc.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde

do Estado de São Paulo.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

NAA = Quantidade de amostras consideradas potáveis relativamente a colimetria e

turbidez

NAR = Quantidade de amostras realizadas

Observação: Quando o Município não tiver fonte isolada, o indicador IRH será a média

aritimética do IQB e IDM

3RQWXDomR� conforme a Tabela 3.15.

7DEHOD������3RQWXDomR�GR�,QGLFDGRU�)RQWHV�,VRODGDV

)DL[DV,),

3RQWXDomR,),

6LWXDomR

IFI = 100% 100 Excelente

IFI entre 95% e 99% 80 Ótima

IFI entre 85% e 94% 60 Boa

IFI entre 70% e 84% 40 Aceitável

IFI entre 50% e 69% 20 Insatisfatória

IFI < 49% 0 Imprópria

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro)

IFI = (NAA ÷ NAR) × 100 (%)

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������,QGLFDGRU�6yFLR�(FRQ{PLFR��,6(�

É calculado a partir da média aritmética entre os indicadores de Saúde Pública (ISP),

de Renda (IRF) e de Educação (IED).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

��������,QGLFDGRU�GH�6D~GH�3~EOLFD�9LQFXODGD�DR�6DQHDPHQWR��,63�

)LQDOLGDGH�� indicar a possibilidade da existência de serviços de saneamento

inadequados, que podem ser avaliados através da:

a) mortalidade infantil ligada a doenças de veiculação hídrica;

b) mortalidade infantil e de idosos ligada a doenças respiratórias.

)RQWH�GH�LQIRUPDomR� estudo estatístico do Seade ou estudo específico da Secretaria

da Saúde do Estado de São Paulo.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

ISP = Indicador de saúde pública

IMH = Indicador relativo à mortalidade infantil (0 a 4 anos) ligada a doença de

veiculação hídrica

IMR = Indicador relativo à média de mortalidade infantil (0 a 4 anos) e de idosos (acima

de 65 anos) ligados a doenças respiratórias

3RQWXDomR� ordenar os resultados dos indicadores (no de casos) de maneira crescente

e dividi-los em quartis, onde o:

• 1o quartil receberá 100 (cem) pontos;

• 4o quartil receberá 0 (zero) ponto;

• 2o e 3o quartis deverão ser interpolados entre 100 (cem) e 0 (zero) pontos.

ISE = (ISP + IRF + IED) ÷ 3

ISP = (0,7 × IMH) + (0,3 × IMR)

Page 106: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

89

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�5HQGD��,5)�

)LQDOLGDGH� indicar a capacidade de pagamento da população pelos serviços e a

capacidade de investimento dos Municípios através da:

a) distribuição de renda;

b) renda média.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

IRF = Indicador de renda

I3S = Indicador de distribuição de renda menor que 3 (três) salários mínimos

IRM = Indicador de renda média

3RQWXDomR� ordenar os resultados dos Indicadores I3S, de maneira crescente e dos

Indicadores IRM, de maneira decrescente, dividi-los em quartis, onde o:

• 1o quartil receberá 100 (cem) pontos;

• 4o quartil receberá 0 (zero) ponto;

• 2o e 3o quartis deverão ser interpolados entre 100 (cem) e 0 (zero) pontos.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual (dezembro).

��������,QGLFDGRU�GH�(GXFDomR��,('�

)LQDOLGDGH� indicar a linguagem de comunicação a ser utilizada nas campanhas de

educação sanitária e ambiental, através da porcentagem da população sem de

nenhuma escolaridade e da porcentagem da população com escolaridade até 1o grau.

)RQWH�GH�LQIRUPDomR� censo ou estudos da Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo e/ou dos Órgãos Estatísticos Oficiais (Seade/IBGE).

IRF = (0,7 × I3S) + (0,3 × IRM)

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90

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

IED = Indicador de educação

INE = Indicador da porcentagem da população sem nenhuma escolaridade

IE1 = Indicador da porcentagem da população com escolaridade até 1o grau

3RQWXDomR� ordenar os resultados dos indicadores INE e IE1, de maneira crescente, dividi-

los em quartis, onde no:

• 1o quartil receberá100 (cem) pontos;

• 4o quartil receberá 0 (zero) ponto;

• 2o e 3o quartis deverão ser interpolados entre 100 (cem) e 0 (zero) ponto.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� de acordo com as publicações oficiais da Secretaria de

Educação do Estado de São Paulo e/ou dos Órgãos Estatísticos Oficiais (Seade/IBGE)

é desejável que se atualize e/ou projete-se às tendências anualmente.

����&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO�SDUD�0XQLFtSLR�GH�6mR�3DXOR

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, pois para a realização

da primeira simulação do ISA estadual utilizou-se de números primários obtidos nas

diversas fontes -- Seade, IBGE, e outros já mencionados -- que ainda não foram

validados pelos municípios.

Apresenta-se a seguir, os resultados obtidos por meio da simulação do ISA para o

município de São Paulo.

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�$EDVWHFLPHQWR�GH�ÈJXD��,$%��

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

IED = (0,6 × INE) + (0,4 × IE1)

IAB = 100 pontos

Page 108: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

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��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�GH�$EDVWHFLPHQWR�GH�ÈJXD��,&$�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�4XDOLGDGH�GD�ÈJXD�'LVWULEXtGD��,4$�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�6LVWHPD�3URGXWRU��,6$�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�(VJRWR�6DQLWiULR��,(6�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

�������� &iOFXOR� GR� ,QGLFDGRU� GH� &REHUWXUD� HP� &ROHWD� GH� (VJRWRV� H� 7DQTXHV

6pSWLFRV��,&(�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�(VJRWR�7UDWDGR�H�7DQTXHV�6pSWLFRV�,7(�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

ICE = 85 pontos

ICA = 100 pontos

ISA = 100 pontos

ITE = 44 pontos

IES = 43 pontos

IQA = 100 pontos

Page 109: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

92

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�7UDWDPHQWR�GH�(VJRWR��,6(�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�5HVtGXRV�6yOLGRV��,56�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�&ROHWD�GH�/L[R��,&5�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�7UDWDPHQWR�H�'LVSRVLomR�)LQDO�GH�5HVtGXRV

������������6yOLGRV��,45�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DWXUDomR�GR�7UDWDPHQWR�H�'LVSRVLomR�)LQDO��GH

�����������5HVtGXRV�6yOLGRV���,65�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�&RQWUROH�GH�9HWRUHV��,&9�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

ISE = zero

IRS = 100 pontos

ICV = 25 pontos

ICR = 100 pontos

IQR = 100 pontos

ISR = 100 pontos

Page 110: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

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��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�'HQJXH��,9'�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�(VTXLVWRVVRPRVH��,9(�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�/HSWRVSLURVH��,9/�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

2EVHUYDomR: dada a grande extensão territorial do município de São Paulo, a

classificação deverá ser feita por distrito. Existem áreas sujeitas a enchente que

apresentam um contingente de ratos e risco de leptospirose e outras áreas que não

apresentam riscos, isto é, que não demandam ações corretivas; assim, a pontuação é

baixa enquanto média geral do município porque existem casos de leptospirose no

município.

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�5LVFRV�GH�5HFXUVRV�+tGULFRV��,5+�

Este indicador foi previsto para o ISA, mas não foi implantado para nenhum município

do Estado de São Paulo, pois depende do Relatório Zero do Sistema de Recursos

Hídricos do Estado de São Paulo. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos está

elaborando o relatório da disponibilidade de recursos hídricos. A Cetesb está

implantando uma nova sistemática: o IVA e o IAP.

IVD = 25 pontos

IVE = 50 pontos

IVL = zero

Page 111: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

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��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�4XDOLGDGH�GD�ÈJXD�%UXWD��,4%�

Informações necessárias para efetuar o cálculo desse indicador: ainda não definido.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR� ainda está sendo discutido pela Câmara Técnica de Planejamento

do Conesan. Este indicador visa incorporar o IAP e/ou o IVA.

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�'LVSRQLELOLGDGH�GRV�0DQDQFLDLV��,'0�

Informações necessárias para se efetuar o cálculo desse indicador: Disponibilidade

(Disp) e Demanda (Dem):

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: IDM = Disp ÷ Dem.

Dado não disponível para todos os municípios do Estado de São Paulo. Não foi

considerado nessa primeira simulação.

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�)RQWHV�,VRODGDV��,),�

Dado não disponível para todos os municípios do Estado de São Paulo. Não foi

considerado nessa primeira simulação.

������,QGLFDGRU�6yFLR�(FRQ{PLFR��,6(�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�6D~GH�3~EOLFD�9LQFXODGD�DR�6DQHDPHQWR��,63�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

ISE = 89 pontos

ISP = 98 pontos

Page 112: ,1’,&$’25(6’(6$/8%5,’$’($0%,(17$/(0)$9(/$6 85%$1,=$’$6˛2 ... Marco Antonio.pdf · Biblioteca da Engenharia Civil --, e as bibliotecárias da FAU (Maranhão). A todos

95

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�5HQGD��,5)�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�(GXFDomR��,('�

Não foram obtidas as informações sobre os cálculos realizados, apenas a pontuação

obtida pelo indicador

����2�5HODWyULR�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO�GR�0XQLFtSLR�GH�6mR�3DXOR

������,QWURGXomR

Informação ainda não disponível, uma vez que o primeiro relatório de salubridade

ambiental do município de São Paulo ainda não foi elaborado.

������&iOFXOR�GR�,6$�GR�0XQLFtSLR�GH�6mR�3DXOR

Os valores obtidos por cada indicador, através do ISA, referentes ao Município de São

Paulo, foram transportados para a fórmula abaixo, de modo a realizar o cálculo da

pontuação do ISA Município de São Paulo:

,6$�� ������,$%��������,(6��������,56��������,&9��������,5+��������,6(

'DGRV�FROHWDGRV�

IAB = 100 pontos; IES = 43 pontos; IRS = 100 pontos; ICV = 25 pontos; ISE = 89 pontos

IRH = dados não disponíveis.

&DOFXOR�GR�,6$ = (0,25 × 100) + (0,25 × 43) + (0,25 × 100) + (0,10 × 25) + (0,05 × 89)

&DOFXOR�GR�,6$ = 25 + 10,75 + 25 + 2,5 + 4,45

IED = 100 pontos

IRF = 70 pontos

,6$�0XQLFtSLR�GH�6mR�3DXOR�� ���������(dos 90 pontos possíveis)

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����5HODWyULR�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO�GR�(VWDGR�GH�6mR�3DXOR

Informação ainda não disponível. O relatório de salubridade do ambiental do Estado

de São Paulo ainda não foi elaborado.

Vale destacar que o relatório de salubridade ambiental por município deverá

apresentar uma avaliação qualitativa da situação de salubridade ambiental dos 645

municípios do Estado de São Paulo. Tomará como base os indicadores e seus

componentes de forma que sua aplicabilidade contemple, individualmente, todos os

municípios igualitariamente.

Entende-se que a elaboração do Relatório de Salubridade Ambiental deverá ficar a

cargo da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras e, uma vez

preparados, serão aprovados pelo Conesan.

Os municípios deverão fornecer as informações de acordo com os critérios

padronizados para todos os municípios do Estado de São Paulo, de forma a subsidiar

os Comitês de Bacia na elaboração dos relatórios por bacia hidrográfica, permitindo

assim que essas informações sejam estratificadas.

Os dados e informações contidos no ISA, referentes a cada município, permitirão a

elaboração dos relatórios sobre a “Situação de Salubridade Ambiental da Região”

(bacia hidrográfica) e, depois, tomando-se por base o conjunto de relatórios sobre a

situação de salubridade ambiental nas regiões, será elaborado o relatório sobre a

“Situação de Salubridade Ambiental no Estado de São Paulo”.

De acordo com o Art. no 9, da Lei no 7.750/92, estes relatórios deverão conter, no

mínimo:

I - avaliação da salubridade ambiental;

II - avaliação do cumprimento dos programas previstos nos vários planos

regionais e no do Estado;

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III - a proposição de eventuais ajustes dos programas, cronogramas de

obras e serviços e das necessidades financeiras previstas nos vários

planos regionais e no do Estado;

IV - as decisões tomadas pelo Conselho Estadual de Saneamento -

Conesan e pelas Comissões Regionais de Saneamento Ambiental -

Cresan previstas no Art. 15 desta lei.

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���,1',&$'25�'(�6$/8%5,'$'(�$0%,(17$/�3$5$�)$9(/$���,6$�)

����2EMHWLYR

O Indicador de Salubridade Ambiental para Favela (ISA/F) proposto por esta tese foi

elaborado de acordo com o escopo do Indicador Regional, mencionado no Capítulo 3.

Este indicador constitui-se em parte integrante do relatório do ISA, para todo município

que apresentar uma especificidade local e/ou regional que o Poder Público municipal

considere significativa a ponto de entender que seja recomendado uma análise da

situação de salubridade ambiental desta questão especificamente.

Nessa direção, o ISA/F é para ser utilizado, a critério do Poder Público local, em todo

município que apresentar um volume relevante de favelas, seja em números de

barracos, famílias ou extensão territorial ocupada.

Este indicador tem por objetivo específico verificar as condições gerais de salubridade

ambiental de uma favela urbanizada. Os indicadores que compõem o ISA/F possuem

sensibilidade suficiente para permitir que qualquer favela urbanizada possa ser

avaliada pelo método proposto e, pelos resultados obtidos em cada área, serem

comparados eqüitativamente.

O ISA/F foi elaborado a partir da necessidade de verificar, periodicamente, as

condições de salubridade ambiental de favelas urbanizadas. Neste sentido,

desenvolveu-se um método -- apoiado em parâmetros técnicos de comprovada

validade científica -- simples, direto e relativamente pouco trabalhoso de ser aplicado.

Para tanto, foram selecionados catorze indicadores, a saber: ,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD

HP� $EDVWHFLPHQWR� GH� ÈJXD� �,&$��� ,QGLFDGRU� GH� &REHUWXUD� HP� &ROHWD� GH� (VJRWR� H

7DQTXHV�6pSWLFRV��,&(���,QGLFDGRU�GH�&ROHWD�GH�/L[R��,&5���,QGLFDGRU�GH�'UHQDJHP��,'5��

,QGLFDGRU�GH�9LDV�GH�&LUFXODomR��,9&��� ,QGLFDGRU�GH�6HJXUDQoD�*HROyJLFD�*HRWpFQLFD

�,6*��� ,QGLFDGRU� GH�'HQVLGDGH�'HPRJUiILFD�%UXWD� �,''��� ,QGLFDGRU� GH�(QHUJLD�(OpWULFD

�,(/���,QGLFDGRU�GH�5HJXODUL]DomR�)XQGLiULD��,5(���,QGLFDGRU�GH�9DUULomR��,9$���,QGLFDGRU

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99

GH�,OXPLQDomR�3~EOLFD��,,3���,QGLFDGRU�GH�(VSDoR�3~EOLFR��,(3���,QGLFDGRU�GH�5HQGD���,5)�

H�,QGLFDGRU�GH�(GXFDomR��,('��

Para a definição dos indicadores que compõem o ISA/F foi utilizado como referencial

teórico os estudos desenvolvidos por PIZA et al. (1986), GARCIAS (1991), SANTANA

et al. (1994), SÃO PAULO (1999), entre outros.

Entre os autores que propõem a utilização de indicadores para a análise da situação

ambiental em áreas urbanas, destaca-se TASCHNER (1982) que afirma: “a eleição de

indicadores depende não só do marco teórico com o qual se está trabalhando, como

também de uma série de decisões referentes às possibilidades técnicas de medição”.

GARCIAS (1991), por sua vez, sustenta que “os indicadores ideais deveriam reunir,

por exemplo, os seguintes requisitos: ser� YiOLGRV, ou seja, devem medir realmente o

que se supõem que devam medir; ser� REMHWLYRV, isto é, dar ao mesmo resultado

quando a medição é feita por pessoas distintas em circunstâncias análogas; ser

VHQVtYHLV, ou seja, ter a capacidade de captar as mudanças ocorridas na situação; e

ser HVSHFtILFRV, isto é, refletir só as mudanças ocorridas na situação de que se

tratem”.

Os indicadores selecionados têm por objetivo mensurar, de forma individualizada, os

elementos que interferem na funcionalidade das ações existentes na favela. Sua

representação será realizada através de uma pontuação, cuja variação será de 0

(zero) a 100 (cem). Após o cálculo da pontuação de todos os indicadores propostos,

os resultados obtidos serão agregados através do ISA/F e calculada a nota média final

correspondente. Considera-se que uma favela urbanizada apresentará uma situação

de salubridade positiva quando obtiver uma pontuação: 85 < ISA/F < 100 uma situação

de salubridade moderada quando obter uma pontuação: 70 < ISA/F < 85; e uma

situação de salubridade insatisfatória quando obtiver uma pontuação: ISA/F menor que

70.

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100

Essa pontuação será calculada pela média ponderada dos indicadores, através da

seguinte fórmula:

Sendo:

ICA – Indicador de cobertura em abastecimento de água

ICE – Indicador de cobertura em coleta de esgoto e tanques sépticos

ICR – Indicador de coleta de lixo

IDR – Indicador de drenagem

IVC – Indicador de vias de circulação

ISG – Indicador de segurança geológica-geotécnica

IDD – Indicador de densidade demográfica bruta

IEL – Indicador de energia elétrica

IRE – Indicador de regularização fundiária

IVA – Indicador de varrição

IIP – Indicador de iluminação pública

IEP – Indicador de espaço público

IRF – Indicador de renda

IED – Indicador de educação

A finalidade de cada um desses indicadores está contida na Tabela 4.1.

Observa-se que não foi pretensão desta tese definir novos padrões de referência que

servissem de modelo para a pontuação. A cada indicador selecionado buscou-se um

critério de cálculo estabelecido, tomando como suporte teórico à bibliografia existente.

Nesta direção, foram consultados diversos autores relativos a cada tópico; os valores

de referência adotados foram aqueles considerados consensuais.

,6$�)� ���,&$���,&(���,&5���,'5����,9&���,6*���,''���,(/���,5(���,9$��,,3���,(3���,5)���,('��÷���

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101

7DEHOD�����,QGLFDGRUHV�GR�,6$�)�H�VXDV�)LQDOLGDGHV

Indicadores Finalidade

Indicador de Cobertura emAbastecimento de Água (ICA)

Quantificar os domicílios atendidos por sistemas deabastecimento de água com controle sanitário.

Indicador de Cobertura em Coletade Esgoto e Tanques Sépticos(ICE)

Quantificar os domicílios atendidos por rede de esgotos e/outanque séptico.

Indicador de Coleta de Lixo (ICR) Quantificar os domicílios atendidos por coleta de lixo.

Indicador de Drenagem (IDR) Identificar a situação das vias de circulação e das moradias emrelação a drenagem das águas pluviais.

Indicador de Vias de Circulação (IVC) Identificar as condições de acesso às moradias e a viabilidadeda implantação das redes de infra-estrutura.

Indicador de Segurança Geológica-Geotécnica (ISG)

Verificar existência de situações de risco induzidas pelapopulação ou o aparecimento de novas situações.

Indicador de DensidadeDemográfica Bruta (IDD)

Identificar a densidade demográfica bruta da área.

Indicador de Energia Elétrica (IEL) Verificar o número de moradias que dispõe de energia elétrica,de forma individualizada.

Indicador de RegularizaçãoFundiária (IRE)

Identificar a situação da propriedade do terreno e apossibilidade da regularização fundiária quando necessária.

Indicador de Varrição (IVA) Identificar se o serviço está sendo prestado.

Indicador de Iluminação Pública (IIP) Identificar o número de moradias que possui sua via decirculação iluminada pela concessionária do serviço.

Indicador de Espaço Público (IEP) Quantificar os espaços públicos, incluindo as vias de circulação-- sem tráfego de veículos--, no interior da favela.

Indicador de Renda(IRF) Indicar a capacidade de pagamento da população pelosserviços e a capacidade de investimento pelo município quepodem ser avaliados através de:- distribuição de renda abaixo de três salários mínimos�L�V��

- renda média�LUP��

Indicador de Educação (IED) Indicar a linguagem de comunicação a ser utilizada nascampanhas de educação sanitária e ambiental através de:- índice de nenhuma escolaridade�LQH��

- índice de escolaridade até 1o grau�LH���

Vale destacar que ao se tentar atribuir um peso diferenciado a cada indicador que

correspondesse exatamente à efetiva porcentagem de participação aos demais

indicadores selecionados, percebeu-se a complexidade que tal empreitada exigiria,

concluindo-se que, de certa forma, tal tentativa poderia inviabilizar a própria realização

deste estudo.

Assim, a opção em trabalhar com valores eqüiponderantes respaldou-se no fato de

que concretamente há uma inter-relação sistêmica entre esses elementos. Pode-se

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102

afirmar também que -- dadas às características intrínsecas de cada indicador proposto

--, a comparação direta entre eles demandaria estudo específicos muito além do

objetivo apresentado.

Desta forma, optou-se por utilizar indicadores que apresentassem a mesma paridade

de valores evitando, assim, atribuir pesos diferenciados. O resultado final foi o cálculo

da média ponderada entre eles e a adoção dessa pontuação média como a nota final

da favela.

Destaca-se que, para a compreensão da situação da salubridade ambiental, torna-se

necessário que se observe individualmente os resultados de cada indicador e de seus

componentes para que não ocorra uma avaliação errônea. Tomando como exemplo

uma situação hipotética: uma favela que não possua nenhuma ligação de esgoto, mas

que nos demais indicadores apresente pontuação máxima. Nesta situação a

pontuação final dessa favela seria de 92,86 pontos, o que de acordo com o critério de

pontuação apresentado, teria boas condições de salubridade, porém uma favela sem

esgoto não poderia ser considerada salubre.

Entende-se que esta nota final poderá ser utilizada, entre outras funções, como

referência para o estabelecimento da hierarquização das favelas, quando empregada

de modo comparativo com outras áreas avaliadas, permitindo que se caracterize o

nível de necessidades e demandas prioritárias entre as favelas de um mesmo

município.

Entre as dificuldades levantadas para a apresentação de valores individualizados a

cada indicador, sobressaiu-se a relação orgânica existente entre os serviços públicos

que serão prestados à favela. A título de exemplo, poderia imaginar a situação onde a

drenagem, apesar de bem executada, não funcionasse de forma eficiente por causa

do lixo que cai dentro desse sistema. Isso ocorreria porque nem todo lixo deveria estar

sendo coletado --, embora o serviço de coleta estivesse sendo realizado

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103

adequadamente --, pois parte do lixo seria deixado nas vielas antes do local correto a

ser depositado. Além disso, se as vielas não forem varridas também contribuiria para

que parte deste lixo fosse parar dentro do sistema de escoamento das águas,

prejudicando também o seu funcionamento.

Um outro aspecto a ser ressaltado, quando se trata de realizar estudos sobre o espaço

urbano, é a questão do estabelecimento da abrangência do campo de análise. Esse

limite é definido em função da pesquisa que se pretende desenvolver e dos fatores por

ela envolvidos. Vale lembrar ainda que o Brasil, por suas dimensões continentais,

contém, em termos de extensão territorial, tanto bacias hidrográficas quanto

municípios com dimensões territoriais bem distintas.

Quando se trata de estudar uma favela, a questão da abrangência territorial deve ser

definida dentro dos limites preestabelecidos, pois em relação à localização ela não

respeita os limites de propriedades dos terrenos municipais ou mesmo de uma bacia

hidrográfica. Uma mesma favela, dependendo do seu tamanho, pode estar ocupando

uma extensão territorial que pertença a vários proprietários, áreas verdes de dois ou

até três loteamentos diferentes, áreas pertencentes a diferentes municípios ou mesmo

a duas ou mais bacias hidrográficas.

Ao se realizar um estudo que tenha por referência a favela deve-se atuar de forma a

contemplar o município dividindo-o por bacia hidrográfica e, quando possível, por sub-

bacia. Dentre essas possíveis delimitações, a divisão da área de estudo por sub-bacia

tem-se apresentado o caminho a ser seguido.

Apesar de a proposta apontar para a utilização do ISA/F em favelas urbanizadas, nada

impede que esse indicador seja empregado em favelas não urbanizadas. Essa

situação particular implicaria em estudos mais acurados em relação aos possíveis

riscos existentes, os quais, a princípio, não deveriam existir em uma favela

urbanizada. Entende-se que o projeto de urbanização da favela ou das obras

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104

específicas lá executadas, como muro de arrimo, galeria de águas pluviais, rede

coletora de esgoto, entre outras, possuem um responsável técnico devidamente

habilitado. Nessa mesma direção, tanto o processo de seleção de favelas a serem

urbanizadas quanto a aceitação da conclusão dos trabalhos de urbanização por parte

do Poder Público -- a quem cabe emitir o auto de conclusão da obra -- deverá ser

realizada por profissionais habilitados, a saber: engenheiros, geólogos e arquitetos,

entre outros.

O ISA/F deve ser utilizado também como instrumento de avaliação continuada,

considerando-se que tanto as obras de engenharia executadas quanto os serviços

urbanos prestados no dia-a-dia de uma favela estão sujeitos a alterações. Estas

alterações podem ocorrer pelo uso cotidiano, por ocasião da realização de serviços de

manutenção do projeto implantado ou pela falta de qualidade ou eficiência dos

serviços urbanos prestados.

����&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO�SDUD�)DYHOD

������,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�$EDVWHFLPHQWR�GH�ÈJXD��,&$�

)LQDOLGDGH� quantificar os domicílios atendidos pelos sistemas de abastecimento de

água com controle sanitário.

5HVSRQViYHO� SHOD� LQIRUPDomR: concessionária de serviço e/ou levantamento de

campo.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

ICA = Indicador de cobertura em abastecimento de água

ICA = (DFA ÷ DFT) × 100 × N (%) N = 0,9 + [(DFC ÷ DFT) ÷10]

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DFA = Domicílios na favela atendidos com abastecimento de água

DFT = Domicílios totais na favela

DFC = Domicílios na favela atendidos que recebem conta de água

N����� = Índice de regularização

3RQWXDomR� de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido através do critério de cálculo.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: a relevância desse indicador está relacionada à necessidade de

elevação dos níveis de salubridade ambiental na favela. O conhecimento da

porcentagem de domicílios atendidos pelo serviço é importante, pois a água constitui-

se em um dos serviços básicos fundamentais para garantir aos moradores condições

adequadas de vida.

De acordo com Fundação Nacional de Saúde (FNS, 1998), o homem precisa não só

de que a água seja de qualidade satisfatória, mas também de que haja quantidade

suficiente da mesma, para suprir suas necessidades de alimentação, higiene e outras,

sendo hoje um postulado considerar a quantidade de água, do ponto de vista sanitário,

de grande importância no controle e na prevenção de doenças.

Nessa direção, a água deve ser potável, ou seja, aquela “que é própria para o

consumo humano, pelas suas qualidades organoléticas (odor e sabor), físicas,

químicas e biológicas. Em outras palavras, água potável é a que, não contendo

germes patogênicos nem substâncias químicas além dos limites de tolerância1, não é

desagradável pelo seu aspecto” (FNS, 1998).

1 Resolução SS-293, 25/10/86, baseada na Portaria no 36 15GM, de 19/01/90, do Ministério da Saúde.

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Nos projetos de abastecimento público de água, o SHU�FDSLWD adotado varia de acordo

com a natureza da cidade e o tamanho da população. A Sabesp, para a cidade de São

Paulo, adota um mínimo de 200 litros.

A quantidade de água consumida por uma população varia conforme a existência ou

não de abastecimento público, a proximidade de água do domicílio, o clima, os hábitos

da população. Segundo o Engenheiro Sanitarista Saturnino de Brito, “o consumo

mínimo de água por pessoa por dia para fins domésticos é de 77 litros”, conforme

mostra a Tabela 4.2 (FNS, 1998).

7DEHOD�����&RQVXPR�0tQLPR�GH�ÈJXD�SRU�+DELWDQWH

&RQVXPR 4XDQWLGDGHÁgua para bebida 2 litrosAlimentos e cozinha 6 litrosLavagem de utensílios 9 litrosAbluções diárias 5 litrosBanho de chuveiro 30 litrosLavagem de roupa 15 litrosAparelhos sanitários 10 litros7RWDO ���OLWURV

Entende-se que a urbanização de favela só poderá ser considerada terminada quando

forem garantidos recursos para que todas as moradias tenham acesso à rede de

abastecimento de água potável.

Vale destacar que a existência de canalizações informalmente ligadas ao sistema de

abastecimento de água constitui-se em prática disseminada em favelas. Essas

canalizações, mesmo que estejam garantindo o fornecimento de água com

regularidade, muitas vezes apresentam instalações precárias, uma vez que não foram

executadas de acordo com as normas técnicas das concessionárias, estando assim

suscetíveis a problemas que podem afetar a qualidade e a regularidade do produto

consumido no domicílio. De acordo com a FNS (1998), a rede de abastecimento de

água é estanque. Pode ocorrer vazamento pelas juntas e conexões. Por outro lado,

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107

nos sistemas de fornecimento de água não contínuo, nas horas em que não há

fornecimento de água, haverá pouca ou nenhuma pressão ou a mesma será negativa

nas redes, havendo perigo de penetração ou sucção da água contaminada do exterior.

Por meio da utilização do Índice de Regularização, procura-se identificar o número de

ligações regulares entre o número de domicílios atendidos com abastecimento de

água e, conseqüentemente, o número de ligações irregulares. Observa-se que muitas

concessionárias que prestam esse tipo de serviço não possuem cadastro atualizado, o

que favorece a continuidade da situação irregular.

Observa-se também que a conta de água, assim como a de energia elétrica, entre

outras, pode ser utilizada como comprovante de residência, abrindo “a possibilidade

de uso de crediários, por exemplo. Nesta perspectiva, é um documento que legitima o

morador de favela, tornando-o ‘cidadão’” (SILVA; OLIVEIRA, 1986).

A esse índice foi atribuído um peso máximo de 10%, pois o número de domicílios

atendidos torna-se a questão principal a ser verificada pelo Indicador de Cobertura em

Abastecimento de Água proposto. Considera-se que o modo como está sendo

realizado o atendimento (ligações regulares ou irregulares) constitui-se um fato que

deva ser verificado de forma a apontar uma deficiência a ser sanada.

������,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�&ROHWD�GH�(VJRWR�H�7DQTXHV�6pSWLFRV��,&(�

)LQDOLGDGH� quantificar os domicílios atendidos por rede de esgoto e tanques sépticos.

5HVSRQViYHO� SHOD� LQIRUPDomR: concessionária de serviço e/ou levantamento de

campo.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

ICE = (DFE ÷ DFT ) × 100 × N���� N = 0,9 + [(DFR ÷ DFT ) ÷10]

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Sendo:

ICE = Indicador de cobertura em coleta de esgoto e tanques sépticos

DFE = Domicílios na favela atendidos por coleta de esgoto e tanques sépticos

DFT = Domicílios totais na favela

DFR = Domicílios na favela atendidos que recebem conta de coleta de esgoto

N���� = Índice de regularização

3RQWXDomR��de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido através do critério de cálculo.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: esse indicador reveste-se de importância, dadas as condições de

salubridade ambientais que estão diretamente relacionadas aos níveis de saneamento

existentes nas favelas. Da mesma forma que o abastecimento de água, a urbanização

de favela só poderá ser considerada terminada quando forem viabilizadas condições

para que todas as moradias sejam atendidas com coleta de esgoto e/ou tanques

sépticos, pois ela é essencial para garantir os níveis de salubridade, proteção do meio

ambiente e salvaguarda da saúde pública.

Vale dizer que a respeito do aspecto funcional, os sistemas individuais de afastamento

das excretas podem ser classificados como: HVWiWLFRV e GLQkPLFRV, pois utilizam a

água e como VHFRV� sem o emprego da água. Os domicílios que utilizam fossa séptica

seriam os estáticos. Os domicílios urbanos, em sua imensa maioria, utilizam o sistema

dinâmico, que “pressupõem a existência de água corrente nas habitações e por isso

incluem dispositivos de descarga para limpeza das bacias sanitárias” (AZEVEDO

NETTO, 1991).

Segundo MOTA (1995), “os esgotos domésticos ou sanitários são os originários,

predominantemente, das habitações, sendo provenientes de instalações sanitárias,

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109

lavagem de utensílios domésticos, pias, banheiros, lavagem de roupas e outros usos

domiciliares”.

Os “esgotos domésticos caracterizam-se pela grande quantidade de matéria orgânica

que contêm, o que causa redução do oxigênio dissolvido na água que os recebe,

como resultado de sua estabilização pelas bactérias. Como os resíduos dos processos

biológicos do homem estão contidos nos esgotos domésticos, normalmente os

mesmos possuem microorganismos patogênicos” (MOTA, 1999).

Salienta-se que, caso a colocação da rede coletora de esgoto não seja feita

concomitantemente com a rede de água, o volume de esgoto irá aumentar

consideravelmente, crescendo tanto os riscos de saúde pública quanto os acidentes

geológicos.

Um outro aspecto a ser comentado refere-se à prática de os moradores executarem a

ligação da saída da rede de captação das águas pluviais nos ramais domiciliares da

rede coletora de águas servidas.

Na medida em que esses ramais domiciliares são conectados à rede coletora, esta

passa a receber uma contribuição significativa de águas pluviais, acima dos limites

que o sistema foi dimensionado.

Nesta direção, por meio do Índice de Regularização, procura-se identificar o número

de ligações regulares -- que recebem conta --, entre o número de domicílios atendidos

com coleta de esgoto e, conseqüentemente, o número de ligações irregulares. Vale

observar que este índice não verifica as condições do sistema, mas apenas o número

de domicílios regularizados junto à concessionária ou a quem de direito.

A esse índice foi atribuído um peso máximo de 10%, pois entende-se que o número de

domicílios atendidos constitui-se na questão principal a ser verificada pelo Indicador de

Cobertura em Coleta de Esgoto e Tanques Sépticos.

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110

������,QGLFDGRU�GH�&ROHWD�GH�/L[R��,&5�

)LQDOLGDGH� quantificar os domicílios atendidos por coleta de lixo.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR��prefeitura e levantamento de campo.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

ICR = Indicador de coleta de lixo

DFL = Domicílios na favela com coleta de lixo (direta ou indireta)

DFT = Domicílios totais na favela

DDL = Domicílios que depositam o lixo em locais adequados

N��� = Índice de adequabilidade do local para deposição do lixo

3RQWXDomR� de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido através do critério de cálculo.

�3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: a importância do indicador está diretamente ligada à necessidade de

verificar se a coleta de lixo está ocorrendo de forma adequada, dada a estreita relação

entre as condições de higiene de uma área e o estado geral de saúde de seus

moradores. Através da coleta adequada de lixo consegue-se garantir a manutenção

da salubridade e da saúde pública, mas se houver a falta de coleta de lixo favorecerá

o aparecimento de vetores de doenças: PDFURYHWRUHV� ��� FDFKRUURV�� JDWRV�� 5DWWXV

QRUYHJLFXV� �UDWD]DQD��� UDWRV�� XUXEXV�� SRPERV� H� RXWURV� ��� H�RX� GRV� PLFURYHWRUHV� ��

JrQHURV�0XVFD��PRVFD���3HULSODQHWD�H�%ODWWD��EDUDWDV���EDFWpULDV��IXQJRV�H�RXWURV���,

que representam perigo à saúde da população (JARDIM, 1995), (SÃO PAULO, 1992),

(NEDER, 1988), (FONSECA, 1999).

ICR = (DFL ÷ DFT) × 100 × N���� N = 0,9 + [(DDL ÷ DFT ) ÷10]

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111

A própria urbanização é um fator que facilita e impõe a necessidade de recolhimento

do lixo, pois com a eliminação dos espaços vazios, devido à implantação do projeto,

pôs fim aos locais utilizados como depósitos de lixo. Isto porque a área foi urbanizada

e os únicos espaços coletivos são as vielas por onde transitam os moradores

(ALMEIDA, 1994).

Nas favelas, o lixo domiciliar é, em sua grande maioria, coletados indiretamente, isto é,

transportado pelos moradores desde o seu domicílio até o local predeterminado para o

depósito sendo esse, preferencialmente de fácil acesso tanto para a população quanto

para o caminhão coletor. Nestes locais colocam-se as caçambas ou em plataformas

onde o lixo é despejado e recolhido pela prefeitura ou pela empresa responsável pelo

serviço.

Dependendo do tamanho da favela, das características topográficas do terreno, do

traçado das vias de circulação etc, muitas vezes a coleta de lixo, apesar de existente,

pode estar sendo executada a uma distância que seja considerada elevada pelos

moradores. Este fato pode induzir parte da população a despejar o lixo em local não

apropriado. Um projeto de urbanização deve prever tal possibilidade e propor solução

para evitar que esta situação ocorra.

O Índice de Regularização foi elaborado de forma a verificar se existem locais e se são

adequados para o acondicionamento e armazenamento do lixo nas áreas próximas à

via de circulação por onde trafega o caminhão coletor. Entendendo-se como

adequados os locais e recipientes que evitam: proliferação de insetos, impacto visual e

olfativo, acidentes -- lixo infectante -- (JARDIM, 1995). Esses locais de depósitos são

importantes porque, caso não sejam adequados, acabam se tornando ponto de

acumulação de detritos e, conseqüentemente, gerador de poluição. Os recipientes

utilizados variam conforme o volume a ser acondicionado e as características do local.

O dimensionamento apropriado de tais recipientes é importante já que, muitas vezes,

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o morador, ao encontrar a caçamba para depósito de lixo lotada, acaba jogando-o

próximo dali ou em qualquer canto existente na favela.

A esse indicador foi atribuído um peso máximo de 10%, pois entende-se que caso

ocorra a deposição do lixo em lugares inadequados, isto é, fora da favela, haverá uma

transferência do problema para o bairro. O índice busca somente apontar a existência

da irregularidade de forma a chamar a atenção para o problema.

������,QGLFDGRU�GH�'UHQDJHP��,'5�

)LQDOLGDGH: qualificar a situação do sistema de drenagem nas áreas habitacionais e de

circulação, que pode ser avaliada através do: Índice de Drenagem das Vias de

Circulação (tDC), Índice de Drenagem Habitacional (tDH), Índice de Permeabilidade (N).

5HVSRQViYHO� SHOD� LQIRUPDomR: levantamento de campo e entrevista com os

moradores.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

IDR = Indicador de drenagem

tDC = (DHC ÷ DFT) × 100

tDH = (DHD ÷ DFT) × 100

tDC = Índice de drenagem das vias de circulação

tDH = Índice de drenagem habitacional

DHC = Número de habitações com problemas no acesso à moradia em dias de chuva

DHD = Número de habitações com problemas de inundação na moradia em dias de

chuva

DFT = Domicílios totais na favela

IDR = 100 - [(tDC + tDH ) ÷ 2] × N (%) N = 0,9 + [(AAP ÷ ATO) ÷10]

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ATO = Área total da favela

AAP = Áreas permeáveis

N = Índice de permeabilidade.

3RQWXDomR��de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido através do critério de cálculo.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: esse indicador avalia a eficiência do sistema de drenagem implantado.

Por meio da consulta censitária direta com os moradores será identificada a existência

de problemas de drenagem que representem riscos às moradias ou que impeçam a

livre circulação dos moradores em dias de chuva.

Nas favelas, dada a pequena dimensão das vias de circulação, não deverá existir

pontos sujeitos a alagamentos ou inundações em seu interior. O sistema de drenagem

implantado deverá permitir a livre locomoção dos moradores em dias de chuva, assim

como garantir que nenhum domicílio seja invadido pelas águas de chuva. A existência

de um sistema de drenagem adequado é imprescindível para garantir o

estabelecimento de melhores condições de salubridade ambiental e condições de vida

adequadas à população em geral.

O Índice de Permeabilidade foi elaborado para verificar as áreas descobertas e

permeáveis existentes nas vias de circulação e nos demais espaços públicos em

relação à sua área total. A existência de espaços permeáveis contribui para aliviar o

sistema de drenagem, bem como manter o equilíbrio climático. Para efeito de cálculo

deve-se computar toda área correspondente aos espaços públicos não

impermeabilizados: espaços gramados, áreas de lazer e vias de circulação com

pavimentações que permitem a infiltração das águas pluviais no solo.

Nesse sentido, quanto mais impermeabilizada estiver a favela, maior será a área

contribuinte a ser drenada e, conseqüentemente, o volume de escoamento superficial.

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114

Deve-se destacar que o aumento da superfície drenada acarreta o acréscimo da

quantidade de poluição difusa que escorre para os córregos. (SPIRN, 1995) Como se

trata de uma área de favela, a probabilidade de haver uma imensa carga de poluentes

torna-se significativamente mais acentuada.

Esse índice recebeu um peso máximo de 10%, cuja pontuação busca chamar a

atenção para a questão da permeabilização das áreas urbanizadas.

������,QGLFDGRU�GH�9LDV�GH�&LUFXODomR���,9&�

)LQDOLGDGH� verificar as condições de livre acesso para todas as moradias através das

vias internas de circulação, a viabilidade técnica da execução e a manutenção das

redes de infra-estrutura.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Levantamento de campo e concessionárias do serviço

público.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

IVC = Indicador de vias de circulação

DHVn2 = Número total de habitações3 com acesso direto para a via de circulação

DFT = Domicílios totais na favela

Nn = Índice referente à largura média das vias de circulação4, conforme a Tabela 4.3

1 O termo Via de Circulação foi adotado porque a PMSP a considera como parte do Sistema Viáriorepresentado pelo espaço destinado à circulação de veículos ou pedestre. A PMSP define Viela como “oespaço destinado à circulação de pedestres, interligando dois logradouros, sem qualquer tipo de acessode lotes para ela, com largura de até quatro metros entre os alinhamentos”. Entende-se que o uso dotermo Viela é incorreto, uma vez que existe uma quantidade significativa de moradias com a frente voltadapara a parte interna da favela, isto é, para as vias de circulação (SÃO PAULO, 1991).2 O n varia de 1 a 5 conforme Tabela 4.3.3 Domicílios com frente para duas vias adotar o k correspondente à via com largura maior.4 Para cada faixa de largura das vias de circulação, multiplicar o número de habitações que possui testadapara aquela via pelo k correspondente a largura média da via.

IVC = [(DHV1 × k1) + (DHV2 × k2) + (DHV3 × k3) + (DHV4 × k4) + (DHV5 × k5)] ÷ DFT × 100 (%)

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3RQWXDomR��de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido através do critério de cálculo.

7DEHOD�����/DUJXUD�GDV�9LDV�GH�&LUFXODomR��ËQGLFH�N�H�*UDX�GH�9LDELOLGDGH

/DUJXUD�GDV�9LDV�GH�&LUFXODomR�PHWURV�

ËQGLFH�NQ�

*UDX�GH9LDELOLGDGH

DHV1 largura > 6,001 N1 = 1,00 ótimo

DHV2 3,602 < largura < 6,00 N2 = 0,70 bom

DHV3 1,203 < largura < 3,60 N3 = 0,35 regular

DHV4 largura < 1,20 N4 = zero comprometida

DHV5 moradia sem acesso direto paraa via de circulação

N5 = zero comprometida

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}Hs: através deste indicador é possível verificar a porcentagem de

domicílios que possuam acesso direto para as vias de circulação, uma vez que tal fato

constitui-se numa das questões básicas a ser resolvida por ocasião da urbanização de

favela.

É prioritário garantir o livre acesso dos moradores a seus domicílios sem

atravessar/interferir na moradia de outras pessoas. Esses acessos após a urbanização

são denominados de vias de circulação e devem apresentar dimensões mínimas

necessárias para a livre circulação de pedestres, bem como a implantação e a

posterior manutenção das redes de água, de esgoto, de drenagem e de energia

elétrica, incluindo a iluminação pública.

1 De acordo com o Decreto Municipal/SP no 31.601/92, que dispõe sobre critérios urbanísticos paraempreendimentos habitacionais de interesse social, a largura mínima (6,0 metros) de uma via mista,destinada predominantemente à circulação de pedestres, deve ser projetada de forma a permitir acirculação de veículos leves de passageiros apenas para acesso a lotes, e a eventual entrada decaminhões e veículos pesados.2 De acordo com o Cepam (1982), “a largura mínima é ditada pelos espaços de circulação de pedestres epequenos veículos, somados ao espaço ocupado por poste de energia elétrica e iluminação pública:3,60m”.3 De acordo com a NBR 9050/1994 (ABNT, 1994), a medida de 1,20m corresponde a largura mínima queum acesso deve ser dimensionado, de forma a assegurar uma faixa de circulação sem barreiras ouobstáculos para a livre circulação de cadeiras de rodas.

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As vias de circulação constituem-se em um elemento articulador das atividades que

ocorrem na favela. Entre as funções que desempenham, estão incluídas: o acesso dos

moradores às edificações; a circulação de pedestres e, em alguns casos de veículos;

o lazer e o convívio social; a implantação de redes públicas de infra-estrutura; a

implantação do mobiliário urbano etc. Observa-se que no interior das favelas não

ocorre realização de feiras livre, assim como a inexistência de locais de

estacionamento -- dada à dimensão diminuta que não viabilizaria tal realização. Em

relação ao mobiliário urbano nota-se uma certa flexibilização, pois já são encontrados

orelhões, cestas de lixo, caixas de correio (MORETTI, 1993).

No Índice de Largura Média das Vias adotou-se, para efeito de pontuação, quatro

faixas de largura para as vias de circulação. Para a definição dessas faixas foram

consultados os parâmetros técnicos para a execução e a manutenção das redes de

infra-estrutura, propostos pelos documentos: ³(VWXGR�GH�1RUPDV�/HJDLV�GH�(GLILFDomR

H�8UEDQLVPR�$GHTXDGDV�jV�ÈUHDV�GH�$VVHQWDPHQWR�6XEQRUPDLV�RX�GH�%DL[D�5HQGD´

elaborado pela Fundação Prefeito Faria Lima (Cepam,1982), ³1RUPDV� H

(VSHFLILFDo}HV�SDUD�(ODERUDomR�GH�3URMHWRV�GH�8UEDQL]DomR�GH�)DYHODV´� preparada

pela PMSP (São Paulo, 1994); Decreto do Município de São Paulo no 31.601, de 26 de

maio de 1992, que dispõe sobre ³FULWpULRV� XUEDQtVWLFRV� SDUD� HPSUHHQGLPHQWRV

KDELWDFLRQDLV� GH� LQWHUHVVH� VRFLDO´ e a ABNT (1994) - NBR 9050, que trata da

³DFHVVLELOLGDGH��GH�SHVVRDV�SRUWDGRUDV�GH�GHILFLrQFLDV�D�HGLILFDomR��HVSDoR��PRELOLiULR

H�HTXLSDPHQWRV�XUEDQRV´�

Partindo dos parâmetros referentes ao dimensionamento das vias de circulação, foi

realizada uma sobreposição dos aspectos, como: a circulação de pedestres, a

pavimentação, a rede de abastecimento de água, a rede de recolhimento de esgoto, a

drenagem e a colocação de postes para energia elétrica. Dessa forma, foram definidas

as faixas de largura mais adequadas que possibilitem a funcionalidade dos diferentes

sistemas, sem que haja interferência entre eles, sendo atribuído um índice N para cada

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faixa de valores. Através de levantamento de campo, defini-se o número de domicílios

para cada via de circulação -- conforme as quatro faixas de largura proposta.

������,QGLFDGRU�GH�6HJXUDQoD�*HROyJLFD�*HRWpFQLFD��,6*�

)LQDOLGDGH: identificar a existência de áreas sujeitas à ocorrência de riscos de natureza

geológica-geotécnica existentes nas favelas urbanizadas, que possam ameaçar a vida

de seus moradores.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Prefeitura e empresas de consultoria.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

ISG= Indicador de segurança geológico-geotécnica1;

tSP= Índice de segurança plena

tSR= Índice de segurança razoável

tSD = Índice de segurança deficiente e/ou precária

ASP = %, em m2 da área total da favela, em situação sem risco

ASR = %, em m2 da área total da favela, em situação de risco baixo

ASD = %, em m2 da área total da favela, em situação de risco alto ou moderado

ATO = área total da favela, em m2

3RQWXDomR: de 0 (zero) a 100 (cem). O ISG será obtido através do critério de cálculo e

a pontuação correspondente, conforme a Tabela 4.4.

1 De acordo com PELOGGIA (1998), o termo segurança geotécnica se aplica, mais propriamente, “àssituações em que ocorram obras de engenharia na encosta (mais especificamente, de ‘consolidaçãogeotécnica’ como são chamadas). No caso de não existirem tais intervenções, caberia somente o termosegurança geológica”.

ISG = (tSP + tSR ) × tSD

tSP = (ASP ÷ ATO) × 100

tSR = (ASR ÷ ATO) × 50

tSD = (ASD ÷ ATO) × zero

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7DEHOD�����)DL[DV�GH�&ODVVLILFDomR�GR�,6*�H�3RQWXDomR�&RUUHVSRQGHQWH

,6* 3RQWXDomR90 < ISG < 100 100 pontos80 < ISG < 90 80 pontos70 < ISG < 80 60 pontos

ISG < 70 0 ponto

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: o indicador proposto utiliza-se de critérios de classificação para a área

de risco já consagrada, estabelecendo três padrões de situações de risco geológico-

geotécnico, de forma a retratar a existência de risco na área onde se encontra

localizada a favela. Alguns dos conceitos utilizados para elaboração deste indicador

foram debatidos nos seguintes documentos: SÃO PAULO (1994a), CARVALHO

(1996), PELOGGIA (1998).

São consideradas áreas de risco, locais sujeitos à ocorrência de fenômenos de

natureza geológico-geotécnica e hidráulica, que impliquem em possibilidade de perda

de vidas entre a população. Tais locais são, predominantemente, as áreas ocupadas

de fundos de vales, sujeitos a inundações e solapamentos, ou encostas de altas

declividades, sujeitas a escorregamentos e desmoronamentos.

Observa-se que, de acordo com essa concepção de risco geológico, orientada para

um certo tipo de ação prática que enfatiza o perigo de perda de vidas humanas,

considera-se que a questão da possibilidade de dano material não seja suficiente para

definir uma área de risco.

O conceito de segurança geotécnica (ou geológico-geotécnica) pode ser entendido --

no âmbito da análise de riscos geológicos urbanos --, como uma medida inversa da

hierarquização de riscos estabelecidos. Uma situação de alto ou médio riscos

significaria uma segurança geológico-geotécnica precária ou deficiente,

respectivamente. À situação de baixo risco corresponderia uma segurança razoável.

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119

Numa situação sem risco teríamos, por fim uma segurança suficiente ou plena

(PELOGGIA, 1998).

A Tabela 4.5 apresenta um quadro contendo os Indicadores de Segurança Geológica-

Geotécnica e a hierarquização de risco correspondente.

7DEHOD�����,QGLFDGRU�GH�6HJXUDQoD�*HROyJLFD�*HRWpFQLFD�H�+LHUDUTXL]DomR�GH

������������������5LVFR

,QGLFDGRU�GH�6HJXUDQoD�*HROyJLFD�*HRWpFQLFD +LHUDUTXL]DomR�GH�5LVFR

Índice de Segurança Plena Sem Risco

Índice de Segurança Razoável Risco Baixo

Índice de Segurança Precária e/ou Deficiente Risco Alto e/ou Moderado

A definição dessas situações de risco -- alta, moderada ou baixa -- é descrita por

PELOGGIA (1998, p. 193):

³5LVFR� $OWR� (RA): caracteriza uma área com grande probabilidade de

ocorrência de fenômenos geológicos-geotécnicos, induzidos ou não,

recorrentes ou generalizados e envolvendo volumes tais de material

mobilizado que os tornem potencialmente causador de vítimas entre a

população. (...)

5LVFR�0RGHUDGR (RM):�define uma área com possibilidade de ocorrência

de fenômenos geológicos-geotécnicos, preferencialmente de caráter

localizado ou envolvendo pequenos volumes de material mobilizado, tais

que seja potencialmente reduzida à probabilidade de danos ou vítimas

entre a população, ou naturalmente de baixo poder destrutivo (tais como

recalques etc.). (...)

5LVFR� %DL[R (RB): representa condições de estabilidade satisfatórias em

função da baixa possibilidade de desenvolvimento de fenômenos

destrutivos potencialmente causadores de danos ou vítimas entre a

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120

população, caso não haja mudanças significativas tias condições

existentes”.

A identificação quanto a existência de riscos em áreas urbanizadas pode parecer, em

princípio, uma tarefa desnecessária, entretanto caso essa verificação não seja

realizada periodicamente, poderão ocorrer problemas referentes à preservação,

durabilidade ou manutenção das obras executadas ou mesmo o aparecimento de

áreas que apresentem riscos induzidos, em conseqüência do próprio processo de

ocupação.

A variação do Indicador de Segurança Geológico-Geotécnica é função da própria

variação das condições de risco do local. Em favelas urbanizadas, presume-se de fato

que o valor inicial desse indicador esteja no nível pleno, a não ser no caso de

intervenções inacabadas ou com deficiências de projeto ou execução, que não

resolveram adequadamente alguma situação de risco.

De acordo com PELOGGIA (1998), a variação posterior do indicador, caso ocorra, só

poderá ser negativa, e ocorre em função:

(1) Da reutilização de áreas liberadas ou não ocupadas por ocasião da implantação do

projeto de urbanização da favela, em que alterações impostas (como cortes e

lançamento de aterros, lançamento de águas servidas etc.) definam algum perigo de

ocorrência de fenômeno geológico destrutivo e, assim, de um certo grau de risco.

(2) Da degradação de obras de infra-estrutura urbana, em especial dos sistemas de

drenagem, acarretando a possibilidade da não captação e condução adequadas das

águas pluviais e sua infiltração no terreno, ou a deflagração de processos erosivos.

(3) Da deterioração de obras ou estruturas de estabilização implantadas (por exemplo:

obras de consolidação geotécnica), em virtude de erros de concepção ou projeto, má

execução ou, ainda, falta de adequada conservação (a colmatação de drenos

associados a estruturas de contenção é um caso típico; a deterioração da proteção

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121

vegetal de taludes é mais freqüente ainda). Neste caso, a avaliação do grau de risco

(e, portanto, imediata e inversamente, da segurança geotécnica) é definida em função

da possibilidade de ruptura da obra ou estrutura e das conseqüências dessa ruptura.

Observa-se que qualquer trabalho de avaliação de situação de riscos geológicos-

geotécnicas deve ser executado por técnicos especializados. Os resultados obtidos

por esse especialista deverão ser transpostos para o Indicador de Segurança

Geológico-Geotécnica existente no ISA/F.

������,QGLFDGRU�GH�'HQVLGDGH�'HPRJUiILFD�%UXWD��,''�

)LQDOLGDGH: identificar a densidade demográfica bruta da favela.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Prefeitura ou realização de levantamento cadastral.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

IDD = Indicador da densidade demográfica bruta

DMT = Moradores totais na favela

ATO = Área total, em hectare (ha), ocupada pela favela

3RQWXDomR� será de 0 a 100 de acordo com a faixa de densidade demográfica bruta

estabelecida e a pontuação correspondente, conforme a Tabela 4.6.

7DEHOD�����)DL[DV�GH�'HQVLGDGH�'HPRJUiILFD�%UXWD�H�3RQWXDomR�&RUUHVSRQGHQWH

)DL[D�GH�'HQVLGDGH�'HPRJUiILFD%UXWD��KDE�KD�

3RQWXDomR

IDD < 450 100 pontos

450 < IDD < 900 80 pontos

900 < IDD < 1.350 60 pontos

1.350 < IDD 40 pontos

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

IDD = (DMT ÷ ATO)

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122

&RQVLGHUDo}HV: este indicador apresenta cinco faixas de valores limites de densidade,

selecionados a partir de critérios já consagrados por pesquisadores da matéria

(JACOBS, 1961; KALBERMATTEN et al., 1982; RODRIGUES, 1986; ODUM, 1988,

MASCARÓ, 1989; MORETTI, 1993; ACIOLY; DAVIDSON, 1998; entre outros).

A questão da densidade ideal nas áreas urbanas não é consensual entre os autores

citados. Nesta direção, para o estabelecimento das faixas de densidade demográfica,

procurou-se agrupar valores de densidade com maior anuência. De acordo com

CHAPIN (1965), a “densidade está geralmente baseada no que é considerado

desejável no interesse público sob ponto de vista de saúde pública e segurança”.

O conhecimento das taxas de variação da densidade demográfica de áreas

densamente ocupadas, como é o caso das favelas, constitui-se em um instrumento

capaz de auxiliar na elaboração e na manutenção dos projetos dos serviços públicos;

melhorar a qualidade de vida dos moradores; direcionar os cuidados com a saúde

pública, entre outras questões. Sabe-se que os sistemas têm uma capacidade limitada

por parâmetros de projeto que, quando ultrapassadas, deixam de funcionar com a

eficiência desejada.

Alguns autores apontam como padrão adequado a opção por soluções urbanísticas

que privilegiam a baixa densidade como modelo a ser seguido; outros sugerem a

adoção de densidades maiores como paradigma ideal (MORETTI, 1993).

MORETTI (1993, p. 99) propõe que “o controle da densidade populacional máxima nos

empreendimentos prioritariamente destinados a uso habitacional seja feito visando

compatibilizar a demanda por infra e superestrutura geradas pelos empreendimentos

com a oferta existente nos diversos setores da cidade”.

Segundo RODRIGUES (1986, p. 85), “a partir de pesquisas específicas, a ONU

recomenda 450 hab./ha para densidade bruta; em nossas experiências mais próximas

podemos arriscar dizer que 100 hab./ha é pouco (não viabilizaria a presença de muitos

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123

serviços) e 1.500 a 2.000 hab./ha (em quadras de Icaraí e Copacabana, por exemplo)

é excessiva e gera ‘deseconomias’”. O autor afirma ainda que a Associação

Americana de Saúde Pública estipula a densidade demográfica ideal em 680 hab./ha.

De acordo com ACIOLY; DAVIDSON (1998, p. 32), “a alta densidade da ocupação de

um assentamento humano geralmente tende a facilitar a oferta e distribuição eficiente

de infra-estrutura, já que há uma diminuição sensível do comprimento das redes por

unidade edificada a ser servida. Conseqüentemente, pela lógica da eficácia urbana e

economia de escala, haverá um maior número de pessoas com acesso às redes e

serviços urbanos”. Também pode haver em locais com densidades altas a

possibilidade da perda de privacidade e a existência de conflitos decorrentes de

distintos hábitos culturais.

De acordo com MASCARÓ (1989, p. 155), “as densidades baixas e altas não são boas

nem ruins, por si só; o inconveniente é haver densidades inadequadas aos tipos de

edificações implantadas”.

Em 1968, o Plano Urbanístico Básico propunha, para a cidade de São Paulo,

densidades médias (150 hab./ha) e baixas para (75 hab./ha) para a quase totalidade

da área urbana considerada (96,23 %), enquanto as densidades altas (300 hab./ha)

ficariam restritas às áreas mais centrais -- 3,75% da área considerada -- (SÃO

PAULO, 1968).

Atualmente vem ocorrendo uma revalorização da proposta de densidades

populacionais altas por parte dos pesquisadores urbanos.

Segundo HAUGHTON; HUNTER (1994), a grande concentração de pessoas maximiza

o uso da infra-estrutura instalada, diminuindo o custo relativo de sua implantação e

reduzindo a necessidade de sua expansão para áreas periféricas.

As altas densidades reduzem também a necessidade de viagens, já que a

concentração de pessoas favorece as atividades econômicas como comércio e serviço

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locais. Por fim, elas encorajam o pedestrianismo e viabilizam a implantação de sistema

de transportes coletivos.

Argumentando a favor de densidade alta, no debate de desenvolvimento urbano

sustentável, tem-se que a solução de cidade compacta reduz as tendências da

dispersão periférica e também estimulam o dinamismo urbano (ELKIN, 1991).

A densidade alta não necessariamente deve ser comparada com excesso de pessoas

por habitação, pois há diferença entre viver num bloco de apartamento com alta

densidade residencial, com baixo número de pessoas por quarto, e viver dentro de

uma habitação congestionada, isto é, com um número elevado de pessoas por quarto.

A argumentação contra a alta densidade está associada ao comportamento anti-social,

como crime, delinqüência e assim por diante (MICHELSON, 1970). Mas nem sempre

este fato é verdadeiro, pois há a coexistência de áreas de população de alta

densidade com baixos níveis de desordem social, por exemplo, em partes de Hong

Kong e Boston; e também de áreas de baixa densidade com níveis altos de desordem

social, como alguns subúrbios ocidentais de Sidney.

De acordo com MASCARÓ (1989), a partir da “imagem de alto padrão de vida que

muitas cidades americanas transmitem ao observador, formou-se a idéia de que alta

qualidade de vida só se consegue com densidade populacional baixa”.

JACOBS (1961) considera as baixas densidades do modelo do subúrbio americano

como o principal fator do declínio das cidades dos Estados Unidos. Segundo esta

autora, as baixas densidades reduzem a diversidade de usos das áreas urbanas,

tornando-as mais desertas e acentuando problemas como criminalidade e vandalismo.

A Tabela 4.7, elaborada por MASCARÓ (1998), relaciona a densidade com o

aparecimento de problemas na urbanização:

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7DEHOD�����'HQVLGDGH�/tTXLGD�H�3UREOHPDV�QDV�8UEDQL]Do}HV

'HQVLGDGH�/tTXLGD 3UREOHPDV

135 hab./ha aparecem problemas como ruído e perda de intimidade

450 hab./ha perde-se o sentido de intimidade nos espaços verdes

900 hab./ha aparecem dificuldades para arranjar espaço paraestacionamento e recreio

2025 hab./ha o espaço público congestiona-se totalmente

Fonte: MASCARÓ (1989, p. 153).

Ainda de acordo com MASCARÓ (1989, p. 154), “curiosamente a cidade de mais alta

densidade ocupacional do mundo é uma cidade americana: Nova York, e ela não é

desagradável, nem a qualidade de vida é baixa; muito pelo contrário, ela transmite ao

observador uma agradável sensação de proporção, força e poder”. Percebe-se assim

que “o problema da densidade e qualidade de vida é complexo, e sobre ele não se

pode estabelecer nenhum julgamento definitivo sem antes analisar a adequação (ou

não) da tipologia de edificação e urbanização a cada densidade” (MASCARÓ, 1998).

A questão do adensamento é tratada na literatura como condições de

congestionamento -- FURZGLQJ. O indicador de congestionamento usualmente utilizado

é o índice de densidade. A forma de cálculo deste índice varia de acordo com a

definição de densidade adotada: LAUWE (1963), CEPAM (1982) e CARDIA (1981),

IPT (1987), ACIOY; DAVIDSON (1998)

������,QGLFDGRU�GH�(QHUJLD�(OpWULFD��,(/�

)LQDOLGDGH� expressar o número de domicílios atendidos com fornecimento de energia

elétrica pela concessionária. Será calculado a partir de dados específicos: domicílios

totais na favela (DFT) e o número de domicílios com energia elétrica (DHE).

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: concessionária do serviço.

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126

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

IEL = Indicador energia elétrica

DHE = Número de habitações com energia elétrica

DFT = Domicílios totais na favela

DHL = Número de habitações com energia elétrica que recebem conta de energia

elétrica

N = Índice de regularização

3RQWXDomR� de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido através do critério de cálculo.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: a importância desse indicador está na identificação da abrangência do

atendimento do serviço de fornecimento de energia elétrica. Este serviço é de

fundamental importância para garantir os patamares mínimos de condições de vida

para a população, além de contribuir para a recuperação ambiental das favelas.

Entretanto, a energia elétrica, quando não utilizada de acordo com as normas de

segurança, representará um perigo contínuo para os moradores, tanto individualmente

(para o morador) quanto coletivamente (para a favela), devido às possibilidades de

incêndio e de sua rápida propagação.

O Índice de Regularização foi elaborado para verificar a situação de regularidade

através da identificação do número de domicílios que recebem conta de energia

elétrica. Observa-se que muitas concessionárias que prestam esse tipo de serviço não

possuem cadastro atualizado, favorecendo a continuidade da situação irregular.

IEL = (DHE ÷ DFT) × 100 × N�(%) N�= 0,9 + [(DHL ÷ DFT) ÷10]

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A esse índice foi atribuído um peso máximo de 10%, uma vez que se entende que o

número de domicílios atendidos constitui-se na questão principal a ser verificada pelo

Indicador de Energia Elétrica. A maneira como está sendo realizado o atendimento

(ligações regulares ou clandestinas) constitui-se em um fato secundário, mas que deve

ser verificado de modo a apontar uma deficiência a ser sanada, uma vez que pode

trazer sérias conseqüências aos moradores, conforme relatado.

������,QGLFDGRU�GH�5HJXODUL]DomR�)XQGLiULD��,5(�

)LQDOLGDGH� verificar a situação fundiária da propriedade da área onde se encontra

localizada a favela. Será calculado a partir de quatro índices: índice da situação

fundiária regularizada (LRG); índice da situação fundiária passível de regularização, com

projeto de lei já em tramitação (LRP); índice da situação fundiária passível de

regularização, sem projeto de lei tramitando (LRT); índice da situação fundiária sem

possibilidade de regularização em curto prazo (administração vigente) (LRC). A cada

índice foi atribuída uma determinada pontuação, conforme Tabela 4.8.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Prefeitura Municipal / Cartório de Registro de Imóveis.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

6HQGR

IRE = Indicador de regularização fundiária;

tRG = Índice da situação fundiária regularizada

tRP = Índice da situação fundiária passível de regularização, com projeto de lei em

tramitação

tRG = (DRG ÷ DFT) × 100

tRP = (DRP ÷ DFT) × 80

IRE = LRG + LRP + LRT + LRC

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tRT = Índice da situação fundiária passível de regularização, sem projeto de lei

tramitando

tRC = Índice da situação fundiária sem possibilidade de regularização em curto prazo

DFT = Domicílios totais na favela

DRG = Domicílios localizados em área com situação fundiária regularizada

DRP = Domicílios localizados em área com situação fundiária passível de

regularização, com projeto de lei tramitando

DRT = Domicílios localizados em área com situação fundiária passível de

regularização, sem projeto de lei tramitando

DRC = Domicílios localizados em área com situação fundiária sem possibilidade de

regularização em curto prazo

3RQWXDomR: de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional a pontuação

obtida através do critério de cálculo.

7DEHOD�����6LWXDomR�GD�5HJXODUL]DomR�)XQGLiULD�H�3RQWXDomR�&RUUHVSRQGHQWH

6LWXDomR�GD�5HJXODUL]DomR�)XQGLiULD 3RQWXDomR

Situação fundiária regularizada 100

Situação fundiária passível de regularização, com projeto de lei jáem tramitação

80

Situação fundiária passível de regularização, sem projeto de leitramitando

60

Situação fundiária sem possibilidade de regularização na atualadministração.

zero

tRT = (DRT ÷ DFT) × 60

tRC = (DRC ÷ DFT) × zero

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3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: a importância desse indicador está relacionada à regularização

fundiária de um assentamento habitacional. Os moradores, quando possuem

segurança de propriedade, investem mais em suas moradias, desta forma cria-se

melhores condições habitacionais e, conseqüentemente, de salubridade ambiental.

Sabe-se que quando existe a dúvida sobre a propriedade e o receio de que possa

ocorrer uma ação de despejo a qualquer momento, a população apenas investe o

necessário para garantir um mínimo de conforto, salvo algumas exceções. Essa falta

de investimento faz com que haja uma estagnação em relação à melhoria da

qualidade das habitações e das áreas em seu entorno.

Assim sendo, um dos primeiros aspectos a ser observado em uma área ocupada por

favela refere-se à possibilidade da regularização fundiária. De acordo com o trabalho

realizado pela Fundação Prefeito Faria Lima (Cepam, 1982, p. 111) “qualquer projeto

maior, voltado para a recuperação social dos aglomerados de subhabitação (favelas,

mocambos, alagados etc.) está condicionado à solução jurídica do problema fundiário,

ou seja, é fundamental que as populações desses aglomerados tenham direitos

sólidos sobre os locais por elas ocupadas”.

Ainda conforme esse documento, não é “possível transformar as favelas existentes a

ponto de obedecerem à legislação e às normas técnicas vigentes no que concerne a

arruamento, loteamento, edificações, infra-estrutura etc., como não é possível

regularizar-se, através dos mecanismos clássicos de mercado, o acesso à habitação e

à cidade por parte de suas populações, pois isto implicaria na remoção da quase

totalidade de seus habitantes”.

O equacionamento da regularização fundiária de assentamentos subnormais

existentes em áreas públicas tem sido marcado pelas disputas judiciais e ainda não

existe um consenso sobre qual a melhor forma de se resolver essa questão.

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130

ALMEIDA (1994) relata que o município de Diadema/SP regularizou a situação jurídica

das favelas, existentes em áreas públicas municipais, através da outorga da

Concessão do Direito Real de Uso. A concessão de direito real de uso é entendida

como um contrato pelo qual o município transfere a utilização de um terreno público ao

particular, como um direito real resolúvel, para fins específicos de urbanização,

edificação, cultivo ou qualquer outra exploração de interesse social.

Entretanto, após a Constituição do Estado de São Paulo de 5 de outubro de 1989, tal

instrumento ficou prejudicado, uma vez que seu Capítulo III - Do Desenvolvimento

Urbano, estabelece:

“Art. 180 - No estabelecimento de diretrizes e normas relativas ao

desenvolvimento urbano, o Estado e os Municípios assegurarão:

VII - as áreas definidas em projeto de loteamento como áreas verdes ou

institucionais não poderão, em qualquer hipótese, ter sua destinação, fim e

objetivos originariamente estabelecidos, alterados”.

De acordo com este artigo, as favelas localizadas em áreas verdes ou institucionais de

loteamentos aprovados não poderão ter a questão fundiária legalizada. Entretanto,

alguns juristas discordam da interpretação deste artigo, baseados na Constituição

Federal, Capítulo IV - Dos Municípios:

“Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local; (...)

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,

mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da

ocupação do solo urbano”.

No município de São Paulo, foi aprovada a Lei no 12.654, de 12 de maio de 1998, que

“dispõe sobre a criação de áreas de interesse social para urbanização específica e das

outras providências”. Na exposição de motivos apresentada pela vereadora Ana

Martins consta que “o presente projeto de lei visa reconhecer a realidade existente

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hoje em nossa cidade do déficit de moradias populares para a população de baixa

renda. As áreas ocupadas por favelas e as recentes ocupações de glebas ociosas em

nossa cidade se constituíram como a alternativa encontrada pela população

trabalhadora para resolver o seu problema de moradia ao longo dos anos”.

De acordo com essa lei:

“Art. 1o - Ficam instituídas na zona urbana e de expansão urbana do

município, Áreas de Interesse Social para Urbanização Específica.

Art. 2o - As áreas a que se refere o artigo anterior são todas aquelas onde

já existam assentamentos habitacionais da população de baixa renda que

necessitam de regularização jurídica e ou urbanística.

Parágrafo 1o - A população de baixa renda moradora das áreas definidas

por esta lei, para participar dos planos de urbanização específica, deverão

se enquadrar nos seguintes critérios:

I - ter renda familiar igual ou inferior a 5 (cinco) salários mínimos mensais;

II - não sejam proprietários de imóvel na região Metropolitana de São

Paulo;

III - não sejam concessionários de outra unidade habitacional, ou não

tenham sido atendidos por outro programa habitacional.

Parágrafo 2o - Ficam incluídas nessa categoria todas áreas ocupadas por

favelas, há 1 (um) ano pelo menos, a contar da data de publicação desta

lei e que sejam passíveis de urbanização.

Art. 3o - As áreas definidas por esta lei deverão atender os seguintes

objetivos:

I - Promover a urbanização com parâmetros específicos para cada área

que garantam a permanência dos atuais ocupantes em condições

adequadas de habitabilidade.

II - Garantir a moradia aos atuais ocupantes, integrando essa áreas ao seu

entorno próximo.

III - Destinar às áreas públicas definidas como bens de uso de comum do

povo e áreas dominiais, já ocupadas, prioritariamente à habitação de

interesse social dos atuais moradores.

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132

IV - Corrigir situações de risco ocasionadas por ocupações impróprias à

habitação.

V - Estabelecer condições de habitabilidade através de investimentos em

equipamentos urbanos e comunitários” (SÃO PAULO, 1998b).

Em relação à regularização fundiária das áreas públicas, SILVA (1984) afirma que “em

geral, assentamentos desenvolvidos sobre áreas pertencentes à prefeitura são os que

encontram menores problemas, uma vez que o próprio município tem interesse na

regularização da posse”.

De acordo com BUENO (1996), a delimitação de zonas especiais de habitação de

interesse social tem sido assumida por grande número de municípios. A delimitação

de favelas, loteamentos e ocupações irregulares como essas zonas especiais tem sido

entendida como um facilitador dos procedimentos de regularização e diminuição da

pressão por remoções. Percebe-se que a regularização fundiária das favelas

localizadas em áreas verdes e institucionais de loteamentos aprovados constitui-se

num ato que demanda uma série de estudos.

�������,QGLFDGRU�GH�9DUULomR��,9$�

)LQDOLGDGH: verificar a existência do serviço de varrição no interior das favelas.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Prefeitura, moradores locais.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

IVA = Índice de varrição

DHBv = Número de domicílios atendidos com serviço público de varrição

IVA = [(DHBv × N1) + (DHBm × N2) + (DHBn × N3)] ÷ DFT × 100 (%)

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DHBm = Número de domicílios onde, na ausência do serviço público varrição, o próprio

morador realiza o serviço

DHBn = Número de domicílios onde não existe o serviço público de varrição e o

morador também não varre as vias de circulação em frente a sua moradia

DFT = Domicílios totais na favela

k = Índice de varrição é dado pela Tabela 4.9

7DEHOD�����6HUYLoR�GH�9DUULomR�H�9DORUHV�&RUUHVSRQGHQWHV�DR�ËQGLFH�N

6HUYLoR�GH�9DUULomR N

Serviço de varrição realizado pela prefeitura ou empresa particular k1 = 1

Serviço de varrição da viela realizado pelo próprio morador (à frente deseu domicílio)

k2 = 0,60

Nem a prefeitura nem o morador realiza o serviço de varrição das vielas k3 = 0

2EVHUYDomR: quando o domicílio da favela possuir frente voltada para a rua do bairro

e, esta for atendida pelo serviço de varrição, calcula-se o número de domicílios

atendidos considerando-se o sistema viário do bairro como pertencente à favela.

3RQWXDomR: de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido através do critério de cálculo.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR: anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: a importância desse indicador está relacionada diretamente ao fato de

que “a adequada limpeza pública de uma cidade tem reflexos diretos e indiretos na

saúde da comunidade, sem deixar de assinalar sua importância no bem estar geral”

(PHILIPPI JR., 1982, p. 111). Por meio da varrição consegue-se evitar problemas de

saúde pública, ambientais, visuais e estéticos ocasionados pelo lixo existente no chão.

Assim, os serviços de varrição são importantes não só para a higiene da favela como

para a sua valorização.

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Nessa direção, FONSECA (1999) afirma que a “varrição, além de ser fundamental

para o embelezamento e higiene de uma cidade, tem influência na saúde pública da

população, na segurança de pedestres, dos veículos e até no envaidecimento dos

habitantes da localidade”.

O lixo lançado no chão pelos transeuntes ou dispostos de forma inadequada

contamina, principalmente, a água e o solo. É responsável pelas doenças de pele e

infecções graves através da água ou do solo poluído, quanto entra em contato com o

ser humano.

Por meio do serviço de varrição são removidos excrementos de animais, folhas de

árvores, embalagens, poeiras, sobras de materiais de construção, latas e outros

objetos atirados pelas pessoas. Vale destacar que grande parte desse lixo jogado nas

calçadas e nas ruas constitui-se em fator de atração e proliferação de animais

peçonhentos, ratos, entre outros fatos, assim como contribui para a redução da

eficiência da drenagem ao entupir as galerias de águas pluviais ou assorear e poluir os

córregos, rios, mares e reservatórios de água. Uma vez em contato com o meio

ambiente, este lixo leva um determinado tempo para se decompor, acarretando

problemas ambientais, pois possui grande carga de elementos poluentes.

Quanto a seu grau de biodegradabilidade, NEDER (1998) afirma que os resíduos

sólidos urbanos podem ser classificados em: a) facilmente biodegradáveis -- matéria

orgânica; b) moderadamente degradáveis -- papel, papelão e outros produtos

celulósicos; c) dificilmente degradáveis -- trapo, borracha e madeira.

A Tabela 4.10 apresenta o tempo de degradação dos principais materiais que podem

ser encontrados jogados nas calçadas e nas ruas da cidade.

De acordo com SILVA (1995, p. 276), “a execução dos serviços de limpeza pública,

consistente na coleta, transporte e destinação de resíduos domiciliares, de

restaurantes, bares, hotéis, estabelecimentos comerciais e industriais, restos de

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limpeza e de podação de jardins, entulho, terra e sobras de materiais de construção,

restos de móveis, de colchões, de utensílios, de mudanças e outros similares, animais

mortos de pequeno porte etc.”.

7DEHOD������7HPSR�GH�'HJUDGDomR�GRV�0DWHULDLV

0DWHULDO 7HPSR�GH�'HJUDGDomR

Borracha tempo indeterminado

Caixa de embalagem de leite mais de cem anos

Cascas de Frutas 2 anos

Chiclete 5 anos

Cigarro 1 a 2 anos

Filtro de cigarro 5 anos

Garrafas de Plástico mais de cem anos

Garrafas de Vidro 1 milhão de anos

Lata de alumínio mais de mil anos

Latas de aço 10 anos

Madeira 6 meses

Madeira pintada 13 anos

Matéria orgânica 2 a 12 meses

Metal mais de 100 anos

Nylon mais de 30 anos

Pano de 6 meses a 1 ano

Papel de 3 meses a vários anos

Plásticos mais 100 anos

Pneus + de 100 anos

Fonte (1) Ibama. Parque Nacional de Itatiaia. Folheto Orientativo - Projeto Montanha Limpa. 1999; (2) Sabesp. Ligação, Boletim Informático da Unidade de Negócio Centro. São Paulo. Ano 4, no 27, abr. 1997.

Em relação à execução do serviço de varrição, observa-se que caso não ocorra, “a

água da chuva, além de poder carrear possíveis substâncias nocivas do ar, ao escoar

pela superfície urbana torna-se tão poluída quanto um efluente de esgotos

domésticos, podendo em alguns casos ter até um potencial contaminador superior a

este, devido à presença de substâncias tóxicas, principalmente nos leitos carroçáveis

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136

das vias públicas. Esse fato compromete a qualidade das águas dos corpos

receptores” (GARCIAS, 1991, p. 67).

�������,QGLFDGRU�GH�,OXPLQDomR�3~EOLFD��,,3�

)LQDOLGDGH: verificar a existência de iluminação pública no sistema viário e espaços

públicos existentes no interior das favelas.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Prefeitura e moradores locais.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

IIP = Indicador de iluminação pública

DHP = Número de domicílios na favela cuja via de circulação possua iluminação

pública

DFT = Domicílios totais na favela

2EVHUYDomR: quando os domicílios da favela possuírem frente voltada para uma via

externa à favela, foi considerado para efeito do cálculo o sistema de iluminação

pública da via de circulação do bairro.

3RQWXDomR: de 0 (zero) a 100 (cem), sendo diretamente proporcional ao percentual

obtido pelo IIP, através do critério de cálculo.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

&RQVLGHUDo}HV: a importância desse indicador está relacionada diretamente às

condições de segurança aos moradores que circulam pela favela no período noturno.

Nessa direção, a garantia de iluminação das vias de circulação constitui-se num

serviço de utilidade pública importante para assegurar aos moradores a possibilidade

de exercerem atividades durante o período noturno com mais segurança.

�IIP = [(DHP ÷ DFT ) × 100] (%)

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137

Define-se por iluminação pública aquela que esteja direta e regularmente ligada à rede

de distribuição de energia elétrica da concessionária e sirva, exclusivamente, a via

pública ou qualquer logradouro público de livre acesso permanente.

A execução da iluminação pública é de responsabilidade do município, este obtém a

energia elétrica da empresa que detiver a concessão, permissão ou autorização para

seu fornecimento. Será custeada através de recursos obtidos com os impostos, pois o

município não pode cobrar taxa de iluminação pública dos imóveis lindeiros por não se

tratar de serviço específico e divisível (ABIKO, 1995).

Também se constitui num serviço genérico prestado XWL�XQLYHUVL�--�ditos universais --,

isto é, indistintamente a todos cidadãos. E alcança a comunidade, como um todo,

beneficiando um número indeterminado de pessoas (CARRAZZA, 1991).

Uma adequada iluminação pública transforma a vida dos habitantes de uma cidade,

pois gera um aspecto mais seguro nas ruas durante o período noturno. Pode-se

afirmar que quanto maior for o nível de iluminação, menor será o índice de

criminalidade, tornando o ambiente mais agradável e seguro para a ida e o retorno do

trabalho, passeios e visitas noturnos.

A iluminação pública constitui-se em fundamental importância no setor peri-urbano,

principalmente nas vias de circulação internas das favelas.

�������,QGLFDGRU�GH�(VSDoR�3~EOLFR��,(3�

)LQDOLGDGH: verificar a existência de áreas no interior das favelas que possam servir

como espaço público para fins recreação ou lazer.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Projeto de urbanização e/ou levantamento de campos.

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138

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

Sendo:

IEP = Indicador de espaço público

DMT = Moradores totais na favela

AEP = Área total dos espaços públicos considerados aptos* para serem usadas como

espaço para lazer e recreação

ARE = Áreas remanescentes, em m2

AVC = Áreas das vias de circulação, em m2

� Considerou-se também como espaço público para fins de recreação: as vias de

circulação (AVC), desde que: a) apresentem largura mínima de 1,80 m, de forma a

possibilitar o cruzamento de duas pessoas adultas, com folga; b) que seja vedada a

circulação constante de veículos. Foram excluídas as áreas pertencentes às

escadarias por representarem riscos de acidentes envolvendo as crianças,

principalmente.

3RQWXDomR: de 0 (zero) a 100 (cem) de acordo com a Tabela 4.11.

7DEHOD������(VSDoR�3~EOLFR�([LVWHQWH�H�3RQWXDomR�&RUUHVSRQGHQWH

(VSDoR�3~EOLFR�P��KDE��

3RQWXDomR

IEP > 3,0 100 pontos

2,34 < IEP < 3,01 80 pontos

1,38 < IEP < 2,342 60 pontos

IEP < 1,38 40 pontos

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

1 Foi utilizada a largura de 6 metros proposta pelo Indicador de Vias de Circulação; multiplicada pelatestada média de 4 metros e dividida pela população média de duas habitações (8 moradores).2 Adotou-se as cotas variáveis propostas pelo Plano Urbanístico Básico da São Paulo: de 1,38 a 2,34m2/hab. para recreação livre de crianças até 12 anos, em locais próximos da habitação.

IEP = AEP ÷ DMT AEP = ARE + AVC

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&RQVLGHUDo}HV: a importância deste indicador está relacionada à necessidade de

locais para a prática de “atividades ao ar livre, como jogos, festas, campanhas de

vacinação, assembléias etc.” (DUARTE et al. 1996).

Com a urbanização da favela é possível, nos vazios existentes, nos entroncamentos

de ruas ou alargamentos subseqüentes, consolidar espaços públicos de uso

comunitário onde se desenvolvem atividades de integração social e concentração de

pessoas (KOATZ et al. 1996). A possibilidade da própria rua, das calçadas, dos

recuos, dos espaços condominiais e mesmo privados de se tornarem áreas de lazer

para a população da favela, deve ser também consideradas (MORETTI, 1993).

Considerando-se que muitas vezes inexiste áreas de lazer ou verdes no entorno da

favela, vale mencionar a importância da existência de espaços públicos, “sejam eles

praças, largos, ruas ou vielas” no interior da favela (DUARTE et al. 1996). Esses

espaços poderão atender parte das necessidades da população favelada. A

importância da existência dos espaços públicos está vinculada à própria dinâmica da

comunidade, constituindo-se num importante instrumento para redução dos problemas

sociais.

A existência de mais espaços públicos nas favelas pode contribuir para a diminuição

da violência nessas áreas. Observa-se que as taxas de homicídios, para homens

adultos (15/44 anos), são três vezes mais elevadas nas áreas carentes em

comparação às áreas mais privilegiadas. (STEPHENS, 1994).

A esse respeito, MASCARÓ (1998) comenta que “uma reformulação do sistema viário

que propicie a humanização do espaço seria de maior importância para a qualidade de

vida. Nas cidades medievais, provavelmente pelas restrições energéticas e

tecnológicas da época, não só se utilizavam as ruas para tráfego de carruagens, mas

também como lugar de encontro, de lojas comerciais, de festas etc. Assim, os espaços

urbanos estavam valorizados e cheios de vida”.

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De acordo com SPIRN (1995), “o desaparecimento das árvores das ruas e dos

parques urbanos vem sendo virtualmente ignorados; as cidades rapidamente se

tornarão, como conseqüência direta disso, mais secas, mais quentes, menos atrativas,

com enchentes mais devastadoras, mais erosão e pior qualidade de água”.

�������,QGLFDGRU�GH�5HQGD��,5)�

)LQDOLGDGH: indicar a capacidade de pagamento da população pelos serviços prestados

e a capacidade de investimento pelo município.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Prefeitura ou levantamento sócio-econômico

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

IRM = Indicador de renda média

I3S = Indicador de distribuição de renda menor que 3 (três) salários mínimos

IRF = Indicador de renda da favela

3RQWXDomR: ordenar os resultados obtidos pelos indicadores de maneira crescente e

dividi-los em quartis, onde o:

• 1o quartil o IRF terá 100 (cem) pontos;

• 4o quartil o IRF terá 0 (zero) ponto;

• 2o e 3o quartis o IRF terá pontos interpolados entre 100 ( cem ) e 0 ( zero )

ponto.

2EVHUYDomR��A pontuação desse indicador está vinculada à pontuação do IRF do ISA

municipal ou do IRF das demais favelas existentes no município. Assim, não foi possível

estabelecer o quadril em que se encontra posicionado o IRF obtido no estudo de caso,

de forma a determinar sua pontuação.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

IRF = (0,7 × I3S) + (0,3 × IRM)

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141

&RQVLGHUDo}HV�� R conhecimento da possibilidade de pagamento da população da

favela permitirá uma melhor definição dos programas a serem elaborados. Muitas

vezes, não se trata de fornecer subsídios do Estado e sim, da elaboração de

programas que visem resgatar a cidadania dos moradores.

�������,QGLFDGRU�GH�(GXFDomR��,('�

)LQDOLGDGH: indicar a linguagem de comunicação a ser utilizada nas campanhas de

Educação Sanitária e Ambiental.

5HVSRQViYHO�SHOD�LQIRUPDomR: Prefeitura ou levantamento cadastral.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

Sendo:

IED = Indicador de educação

INE = Indicador de nenhuma escolaridade

IEl = Indicador de escolaridade até o 1o grau

3RQWXDomR: ordenar os resultados dos indicadores de maneira crescente e dividi-los

em quartis, onde no:

• 1o quartil o IED terá 100 (cem) pontos;

• 4o quartil o IED terá 0 (zero) ponto;

• 2o e 3o quartis o IED terá pontos interpolados entre 100 (cem) e 0 (zero) ponto.

2EVHUYDomR��A pontuação desse indicador está vinculada à pontuação do IED do ISA

municipal ou do IED das demais favelas existentes no município. Assim, não foi

possível estabelecer o quadril em que se encontra posicionado o IED obtido no estudo

de caso.

3HULRGLFLGDGH�GH�DWXDOL]DomR� anual ou a critério do órgão responsável.

IED = (0,6 × INE) + (0,4 × IEl)

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&RQVLGHUDo}HV: A importância deste indicador está diretamente relacionada aos

programas ambientais a serem implantados na favela. Considera-se necessário

conhecer o nível de escolaridade dos moradores da favela antes de preparar

programas e cartilhas educativas, assim como qualquer outro material informativo de

comunicação nas campanhas de educação sanitária e ambiental.

Observa-se que através do conhecimento do nível educacional da população da favela

é possível definir o tipo de mensagem e de diálogo a ser estabelecido.

Observa-se que a educação ambiental constitui-se num processo educativo, que

utiliza metodologias diversas, alicerçadas em base científica, com o objetivo de formar

indivíduos capacitados a analisar, compreender e julgar problemas ambientais, na

busca de soluções que permitam ao homem coexistir de forma harmoniosa com a

natureza (HESPANHOL 1997; KNEIP, 1998; PHILIPPI JR., 1997 e SATO, 1994).

����5HODWyULR�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO�SDUD�)DYHODV�8UEDQL]DGDV

O Relatório de Salubridade Ambiental para Favelas Urbanizadas utilizará como

referência os resultados individuais obtidos, através das quantificações e análises

realizadas por cada um dos 14 indicadores propostos.

O relatório de salubridade será composto de quatro partes:

3DUWH��: Apresenta a pontuação obtida por cada indicador, calculada de acordo com os

critérios apresentados anteriormente, e uma análise da situação encontrada por

indicador. Neste mesmo item, tece as recomendações, tendo como referência a

situação relatada no item anterior.

3DUWH��: Elabora uma ficha-resumo da pontuação referente à situação de salubridade

de acordo com faixas de pontuação apresentadas no item 1. O estabelecimento de

valores, agrupados em três faixas, para efeito de representação gráfica da situação de

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143

salubridade tem por objetivo chamar a atenção para as situações mais críticas, como

mostra a Tabela 4.12 -- exemplo: Indicador Drenagem na Favela: nota 86,96 (no caso,

Situação de Salubridade Positiva).

7DEHOD������)LFKD�5HVXPR�GR�5HODWyULR�6DOXEULGDGH

6LJOD,

,QGLFDGRUHV�,6$�)�

3RQWXDomR

ICA Cobertura de Abastecimento de ÁguaICE Cobertura Coleta EsgotoICR Coleta de LixoIDR Drenagem 86,96IVC Vias de CirculaçãoISG Segurança GeotécnicaIDD Densidade Demográfica BrutaIEL Energia ElétricaIRE Regularização FundiáriaIVA VarriçãoIIP Iluminação Pública nas Vias de CirculaçãoIEP Espaço PúblicoIED EducaçãoIRF RendaNota média dos indicadores

����������/HJHQGD�������������� Situação de Salubridade Positiva (85 < I < 100) Situação de Salubridade Moderada (70 < I < 85) Situação de Salubridade Insatisfatória ( I < 70)

Entende-se que, por se tratar de favelas urbanizadas, a pontuação obtida através da

utilização do método proposto -- ISA/F -- em princípio, deveria ser elevada; assim, no

estabelecimento das faixas de valores, procurou-se ser restritivo.

Os resultados obtidos pelos indicadores, apresentados no item 1, deverão ser

transportados para a ficha resumo de resultados. Através da ficha-resumo será

possível fazer uma leitura rápida, fácil de visualizar e, portanto, de entender a

pontuação obtida pela favela. Sua utilização evitará que seja necessário levantar todo

o memorial de cálculo dos indicadores e o relatório da situação de salubridade,

sempre que for necessário obter informações a respeito de uma determinada favela.

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144

Ressalta-se que a adoção da representação gráfica não interfere na pontuação do

ISA/F nem na nota final, tratando-se apenas de um critério a mais para destacar as

situações mais problemáticas.

3DUWH� �� Com base na pontuação obtida pelos indicadores, relatada no item 1 e

apresentada de forma resumida no item 2, calcula-se a nota final obtida pela favela

através da equação do ISA/F, apresentada anteriormente.

3DUWH��� Apresenta as conclusões gerais sobre as condições de salubridade da favela.

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145

��$�6(/(d­2�'$�È5($�3$5$�$�5($/,=$d­2�'2�(678'2�'(�&$62

����&ULWpULRV�$GRWDGRV�SDUD�D�6HOHomR�GD�)DYHOD�D�VHU�8WLOL]DGD�FRPR�(VWXGR�GH

&DVR

Considerando a importância de demonstrar a aplicabilidade do método proposto foi

selecionada uma favela como estudo de caso. Os critérios adotados para a escolha da

área foram os seguintes:

D��$� IDYHOD�GHYHULD� WHU�VLGR�XUEDQL]DGD��GLUHWD�RX� LQGLUHWDPHQWH��SHOR�3RGHU�3~EOLFR:

Entende-se que as intervenções realizadas pelos órgãos oficiais atendam a critérios

técnicos específicos para tais fins -- cita-se como exemplo as Normas e

Especificações para Elaboração de Projetos de Urbanização de Favelas (SÃO

PAULO, 1994a), entre outros --, e esses critérios têm como objetivo garantir a

segurança, a qualidade etc. dos serviços executados.

E��2V�WUDEDOKRV�GH�XUEDQL]DomR�GD� IDYHOD�VHOHFLRQDGD�HVWDUHP�FRQFOXtGRV: Evitou-se

selecionar uma favela ainda em obras porque isto poderia causar interferência no

resultado da pontuação dos indicadores a serem utilizados.

F��$FHVVLELOLGDGH�GH�LQIRUPDo}HV: Entende-se que para a realização de uma pesquisa

acadêmica é de fundamental importância ter acesso às informações.

G��)DYHOD� GH�SRUWH�PpGLR: Considerando que 60,6% das favelas paulistanas são de

pequeno porte, 36,95% são de porte médio e 2,45% são de grande porte, foi

selecionada uma favela de porte médio, pois ela permite utilizar todos os indicadores

propostos, de forma a comprovar o potencial do método proposto, assim como mostrar

a sua reaplicabilidade. Vale dizer que não foi selecionada uma favela de pequeno

porte, embora ela se constitua no tamanho padrão entre as favelas paulistanas, devido

as suas dimensões territoriais diminutas, o que não permitiria a utilização de todos os

indicadores propostos (por exemplo: por apresentar pequenas dimensões territoriais

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uma favela de pequeno porte muitas vezes não possui vias de circulação internas,

pois ela fica de frente para uma via oficial).

H��(VWDU�ORFDOL]DGD�HP�iUHD�GH�PDQDQFLDO: A questão da preservação dos mananciais

na cidade de São Paulo tem sido alvo de longos debates na sociedade em geral

Apesar de todo esforço dispendido pelo Poder Público, o processo de ocupação

clandestina continua aumentando e junto a ele, as favelas. Nessa direção, os

trabalhos que estão sendo desenvolvidos através do PSABG constituem-se num

exemplo de tentativa de recuperação dos mananciais da RMSP, incorporando

inclusive a polêmica proposta de urbanizar favelas em área de manancial.

O PSABG possui uma série de diretrizes para orientar os trabalhos de urbanização de

favelas que estão sendo executados (SÃO PAULO, 1994a; 1994b; 1994c; 1994d). Por

se tratar de um programa que dá ênfase à questão do saneamento ambiental,

contando inclusive com respaldo e suporte financeiro do Bird para sua implantação,

entende-se que as favelas que estão sendo urbanizadas constituem-se em um modelo

a ser seguido, quando se tratar de urbanizar favelas em áreas de proteção ambiental.

����$�ÈUHD�6HOHFLRQDGD��)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

A favela selecionada como estudo de caso denomina-se Jardim Floresta. Ela está

localizada em uma área pública municipal, no espaço livre dos loteamentos Jardim

Vista Alegre e Jardim da Floresta, ocupando as áreas de 2.277 m2 e 9.650 m2,

respectivamente, perfazendo o total de 11.927 m2. Estes loteamentos situam-se no

bairro de Santo Amaro, que pertence à Administração Regional de Capela do Socorro,

zona sul do município de São Paulo.

De acordo com as informações obtidas junto ao Cadastro Setorial (Case-3) da

Sehab/PMSP, o loteamento Jardim da Floresta possui Alvará de Licença no 6.165, que

ainda não foi regularizado junto a esse órgão. Os proprietários dos lotes particulares

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possuem título de propriedade, pois o loteamento encontra-se inscrito no registro de

imóveis, sob no 300, de acordo com o Decreto Municipal 58/37 (que dispõe sobre a

inscrição de loteamentos no registro de imóveis). O loteamento Jardim Vista Alegre

encontra-se regularizado junto ao Case-3, apresenta despacho de aceitação técnica

de 2/12/81, publicado no Diário Oficial em 4/12/81, e Alvará de Licença no 5.227, de

26/1/55. A Tabela 5.1 mostra o quadro de áreas dos loteamentos Jardim da Floresta e

Jardim Vista Alegre.

7DEHOD�����4XDGUR�GH�ÈUHDV��/RWHDPHQWRV�-DUGLP�GD�)ORUHVWD�H�-DUGLP�9LVWD

��������������������$OHJUH

/RWHDPHQWR�-DUGLPGD�)ORUHVWD��P��

� /RWHDPHQWR�-DUGLP9LVWD�$OHJUH��P��

Lotes 93.703,06 65,52 68.869,40 65,08

Ruas 34.966,09 24,44 25.599,10 24,19

Espaço Livre 14.355,00 10,04 11.347,50 10,73

Área total 143.024,15 100 105.816,00 100

Fonte: SÃO PAULO, (1999).

A área onde se encontra a favela Jardim Floresta é contígua à avenida Orfeu

Paraventi, tendo como acesso principal a rua Leconte de Lisle. De acordo com

informações obtidas junto ao Cadastro de Logradouros (Case-4) da Sehab/PMSP,

tanto a avenida Orfeu Paraventi quanto à rua Leconte Lisle são vias oficiais do

município de São Paulo, conforme os processos no 67.987-9 e no 62.392-0

respectivamente, Decreto Municipal no 34.049/94.

A figura 5.1 mostra uma vista área da favela Jardim Floresta antes de sua urbanização

e parte de seu entorno imediato. As árvores, canto esquerdo inferior, encontram-se

localizadas dentro do Clube de Campo São Paulo, às margens da represa

Guarapiranga.

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A favela Jardim Floresta possui 223 domicílios conforme levantamento de campo

realizado pelo Consórcio JNS-HagaPlan, no período de março a maio de 1999,

posteriormente confirmado com a aplicação de questionários referentes ao estudo de

caso realizado.

Fonte: Base Aerofotogrametria SA. Data Vôo: 1984.

Figura 5.1 Vista Aérea da Favela Jardim Floresta (área circundada pelas ruas) e de

seu Entorno Imediato

A área onde se encontra situada a favela Jardim Floresta pertence à sub-bacia do

córrego São José, uma das 37 sub-bacias que formam a bacia hidrográfica do

Guarapiranga. Esta sub-bacia, com área de 317,10 ha, apresenta um coeficiente de

urbanização (obtida pela interpretação de imagem de satélite) de 88,86% em 1989,

tendo se elevado para 92,34% em 1996, constituindo-se no segundo maior coeficiente

de urbanização entre todas as sub-bacias do Guarapiranga. Vale esclarecer que a

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divisão de uma bacia hidrográfica em sub-bacias foi elaborada com vistas à

preparação do Diagnóstico Sócio-Ambiental Participativo Preliminar da Bacia do

Guarapiranga (INSTITUTO SÓCIO-AMBIENTAL, 1998), com o objetivo de realizar “um

estudo mais detalhado dos impactos específicos verificados em cada local,

possibilitando a propositura de medidas adequadas para cada problema”.

A figura 5.2 mostra a sub-bacia do córrego São José onde estão localizadas doze

favelas, entre elas, a favela Jardim Floresta. Também é possível perceber que a quase

totalidade das áreas verdes existentes no interior da sub-bacia está ocupada por

favelas. Vale dizer que estas favelas estão sendo urbanizadas pelo PSABG.

De acordo com o INSTITUTO SÓCIO-AMBIENTAL (1998), a bacia hidrográfica do

Guarapiranga possui uma área total de 63.698,21 ha de extensão, abrangendo o

território dos municípios de São Paulo, Embu-Guaçu, ltapecerica da Serra, Embu, São

Lourenço, Cotia, Juquitiba, Itanhaém e São Vicente.

Em 1995, as áreas pertencentes à bacia do Guarapiranga apresentavam uma

população de 622,5 mil habitantes distribuídos entre os municípios que a compõem. A

Tabela 5.2 mostra a área da bacia, em ha, correspondente a cada município que a

compõe e a população ali existente.

7DEHOD�����([WHQVmR�7HUULWRULDO�SRU�0XQLFtSLR�H�'LVWULEXLomR�GD�3RSXODomR�QR

�������������������,QWHULRU�GD�%DFLD�+LGURJUiILFD�GR�*XDUDSLUDQJD

0XQLFtSLR ÈUHD��KD� � 3RSXODomR �

1 São Paulo 23.315,75 36,60 % 419.263 67,36 %2 Embu-Guaçu 15.451,26 24,26 % 45.171 7,25 %3 Itapecerica da Serra 14.471,89 22,72 % 102.986 16,55 %4 Embu 3.995,50 6,27 % 51.653 8,30 %5 São Lourenço da Serra 3.317,49 5,21 % 535 0,08 %6 Cotia 2.347,37 3,69 % 1.855 0,30 %7 Juquitiba 739,27 1,16 % 1.044 0,16 %8 Itanhaém 59,30 0,09 % -- 0,00 %9 São Vicente 0,38 0,00 % -- 0,00 %

Total 63.698,21 100 % 622.507 100 %

Fonte: INSTITUTO SÓCIO-AMBIENTAL (1998).

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Em relação ao reservatório de água da bacia do Guarapiranga, ele foi construído entre

os anos de 1906 e 1908 com finalidade inicial de regularizar as descargas do rio Tietê,

assegurando o aproveitamento mais eficiente das turbinas da Usina de Parnaíba,

posteriormente denominada Edgard de Souza.

A partir de 1927, o reservatório passa, também, a contribuir para o abastecimento de

água da cidade de São Paulo. Inicialmente, o sistema contribuía com apenas 1 m3/s.

Com o passar dos anos, este quadro foi-se modificando até tornar-se, nas décadas de

60/70, o maior sistema em operação da Região Metropolitana de São Paulo,

constituindo-se, atualmente, no segundo maior sistema de abastecimento e atendendo

“a cerca de 3 milhões de habitantes residentes em Taboão da Serra (5%) e, nos

bairros de Campo Limpo, Morumbi, Butantã e Santo Amaro, pertencentes à Capital

(95%)” (SÃO PAULO, 1997).

���� 2� 3URFHVVR� GH� 'HJUDGDomR� GDV� ÈUHDV� GR� 0DQDQFLDO� GD� %DFLD� GR

*XDUDSLUDQJD

O caso da poluição da bacia do Guarapiranga constitui-se em um exemplo marcante

relacionado à falta de controle do Poder Público sobre o processo de expansão urbana

da cidade de São Paulo e dos municípios vizinhos. A figura 5.3 mostra a bacia

hidrográfica do Guarapiranga e as áreas urbanizadas existentes em seu interior.

A ocupação da área da bacia “já se fazia presente a partir dos anos 60”,

intensificando-se especialmente a partir da década de 70. “Algumas favelas hoje

presentes ali se instalaram há mais de trinta anos, ou seja, ainda na metade dos anos

60. Áreas que integram os atuais distritos de Socorro e Cidade Dutra já apresentavam

à época uma ocupação, embora esparsa, com características de ‘periferia’ urbana”

(SÃO PAULO, 1997).

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Fonte: UGP (1998)

Figura 5.3 Bacia Hidrográfica do Guarapiranga: áreas urbanizadas dos municípios

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153

Com a criação do pólo industrial de Santo Amaro, na década de 60, houve a demanda

de mão de obra, o que contribuiu para que a expansão da cidade ocorresse em

direção à região sul do município de São Paulo, inclusive sobre as áreas pertencentes

aos mananciais ali existentes (UGP, 1998).

Segundo SALLES et al. (1995), “toda a área da bacia do Guarapiranga se constitui em

área de expansão urbana, apresentando acentuado crescimento populacional, de

intensidade diferenciada: uma zona bastante adensada ao norte, uma zona de

transição compreendida pela zona rural, onde coexistem áreas agrícolas, antigos

núcleos urbanos isolados, minerações, chácaras e alguns loteamentos irregulares, e

uma zona mais preservada nos extremos sul e oeste da bacia, onde a cobertura

vegetal é significativa”.

De acordo com BASTOS (1995), o “conjunto de pautas de ação que teria assegurado

a proteção das bacias dos mananciais metropolitanos apenas lograram

implementação as medidas normativas de controle do uso e ocupação do solo”.

Medidas essas que se traduziram pela legislação estadual, composta de dois diplomas

principais, Leis no 898/75 e no 1.172/76, seguidas do Decreto Estadual no 9.714/77 que

as regulamentaram.

Posteriormente, em 1983, foi promulgada a Lei Estadual no 3.746/83, na qual

estabelecia que os projetos de lei que propõem as alterações da área protegida só

poderiam ser admitidos mediante pareceres da Cetesb e da Secretaria de Negócios

Metropolitanos. Em 1991, o Decreto Estadual no 33.407/91 transferiu para a Secretaria

de Estado do Meio Ambiente as atribuições de aplicar e fiscalizar a legislação de

proteção aos mananciais.

Ainda de acordo com BASTOS (1995), as leis de proteção aos mananciais

“padeceram, também, de vários problemas em sua imposição”. Um desses problemas

foi a lentidão na preparação dos meios para a sanção dos empreendimentos

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irregulares; da ausência de uma integração mais orgânica com as legislações

municipais correntes em relação ao uso e ocupação do solo; do tratamento isonômico

dado ao conjunto de bacias protegidas e a falta de apoio, ou seja, de um planejamento

específico que equacionasse as particularidades presentes nas áreas a proteger, por

exemplo, os núcleos industriais já instalados ou em processo de operação regular

requerendo possibilidades de expansão, os municípios com territórios inteiramente

contidos nas áreas protegidas, vetores de expansões urbanas geral já bem

caracterizadas adentrando bacias a preservar, entre outros.

Tais fatores se combinaram para associar à legislação de mananciais grandes

dificuldades de imposição plena e riscos concretos de perda de eficácia. Combinados

com a falta das ações positivas e das programações de ação não normativa que

complementariam o controle legal exercido, esses fatores puseram sob grandes

vicissitudes a realização da política pretendida, ainda que os elementos que a

fundamentavam cada vez mais se fossem afirmando materialmente a partir de meados

da década de 70 (carência crescente de recursos para os grandes investimentos em

saneamento, papel crescente das regiões perimetropolitanas na absorção do

crescimento populacional e econômico, redução das taxas de crescimento

demográfico em geral).

O processo de crescimento e adensamento urbano irregular continuou de forma

acelerada nos anos 80/90, gerando um comprometimento cada vez maior tanto na

qualidade das águas dos rios que compõem a bacia do Guarapiranga quanto nas

águas de seu reservatório onde deságuam.

�����&RQVHT�rQFLDV�GD�2FXSDomR�&ODQGHVWLQD�QDV�ÈUHDV�GH�3URWHomR�$PELHQWDO

A presença dos assentamentos habitacionais, notadamente os loteamentos ilegais e

as favelas, em áreas de proteção ambiental degradam o meio ambiente onde estão

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localizados. Esta forma de ocupação e uso do solo, mesmo que involuntariamente,

acaba rompendo o equilíbrio natural ao ocupar, por exemplo, sítios frágeis do ponto de

vista geomorfológico ou áreas com função de apoio e de sustentação do

desenvolvimento da metrópole, como é o caso das áreas de mananciais.

Entre os graves impactos causados ao meio ambiente, pode-se apontar como

exemplo: a impermeabilização excessiva do solo, a ocupação imprópria de áreas de

potencial paisagístico relevante; o corte da mata nativa; a remoção de cobertura

vegetal; a ocupação de várzeas e fundos de vale; o uso de técnicas incorretas de

terraplanagem (manual ou mecanizada) que acabam acarretando um aumento da taxa

de erosão do solo e, conseqüentemente, um assoreamento dos córregos.

Em seu estudo sobre a geomorfologia do Brasil, CUNHA; GUERRA (1998)

constataram que “o território brasileiro possui algum grau de suscetibilidade aos

processos erosivos devido a uma série de fatores, tais como: diferentes classes de

solos com suas respectivas propriedades físicas e químicas; tropicalidade dos climas

(alguns com chuvas concentradas em determinadas estações do ano); tipo de

cobertura vegetal (nem sempre com alta densidade, o que protegeria o solo contra o

impacto direto das gotas da chuva); forma, declividade e comprimento das encostas

(que muitas vezes favorece o escoamento superficial) e, finalmente, o uso e manejo

inadequado do solo (que são, na maioria dos casos, os maiores responsáveis pelos

processos de erosão acelerados)”.

No caso específico das favelas, o processo de degradação ambiental é contínuo. Ele é

mais acentuado por ocasião da construção dos primeiros barracos. Na maioria dos

casos, durante o processo de ocupação dos terrenos ocorre uma destruição da

cobertura vegetal existente, etc., pois as pessoas estão mais preocupadas em

construir uma moradia e/ou em tentar garantir a posse da terra do que pensar na

preservação do meio ambiente.

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A situação ilegal dessa população faz com que esses assentamentos não sejam

atendidos de imediato pelos serviços públicos urbanos, agravando a situação em

termos de salubridade e preservação ambiental. Assim, a falta de rede coletora de

esgotos, a deficiência na coleta de lixo e limpeza, entre outros serviços urbanos

essenciais, contribuirá para o aumento da poluição das águas e do solo nesses locais,

gerando efeitos que os ecossistemas não são, muitas vezes, capazes de recompor.

É importante destacar que a relação cotidiana dessa população com as questões

ambientais do meio onde se encontram localizadas também contribuem para a

degradação ambiental. Esta relação está baseada na falta de compreensão dos

cuidados mínimos a serem tomados no sentido de evitar qualquer tipo de poluição,

assim como dos conhecimentos que garantam a preservação ambiental dessas áreas.

Desta forma, o avanço do processo de ocupação urbana em áreas lindeiras, tanto no

reservatório quanto nos afluentes da bacia do Guarapiranga, vem ocasionando

problemas crescentes ao meio ambiente e, mais especificamente, à qualidade da água

do reservatório e seus tributários. Em relação ao reservatório do Guarapiranga, de

acordo com dados da Sabesp (1998), foram registradas treze florações de algas no

período entre 1977 e 1988 e uma situação particularmente crítica em 1990, ficando

inclusive sob risco de eutrofização1.

De acordo com o relatório Diagnóstico Ambiental da Secretaria de Recursos Hídricos

(SÃO PAULO, 1997), as principais fontes poluidoras em áreas urbanas da bacia do

Guarapiranga podem ser atribuídas aos:

-� (VJRWRV� GRPpVWLFRV: que afluem aos cursos de água por meio de lançamentos

diretos, descargas permanentes ou acidentais do sistema de coleta e interceptação,

ligações clandestinas no sistema de águas pluviais (de todo um domicílio ou parte

1 Eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto aderidas, emníveis considerados como causadores de interferências com os usos desejáveis do corpo d’água. Um dosprincipais fatores de estímulo é o aumento excessivo de nutrientes no corpo d’água, especialmentenitrogênio e fósforo. (THOMANN; MUELLER, 1987, p.385) (VAN SPERLING, 1996, p.151)

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dele, como instalações sanitárias externas, áreas de lavanderia ou cozinhas),

efluentes de fossas sépticas não ligadas a sumidouros ou em áreas cujos solos têm

baixa capacidade de absorção etc.; essas cargas variam em ciclos diários e semanais,

com características razoavelmente constantes no tempo.

- (IOXHQWHV�OtTXLGRV�GH�HVWDEHOHFLPHQWRV�LQGXVWULDLV��FRPHUFLDLV�H�GH�VHUYLoR��SDGDULDV�

UHVWDXUDQWHV�� SRVWRV� GH� JDVROLQD�� RILFLQDV� PHFkQLFDV�� JDUDJHQV� GH� {QLEXV� HWF��:

lançamento direto ou através do sistema de drenagem e que dão origem à carga

orgânica, aos metais, óleos e graxas, solventes, entre outros.

- 5HVtGXRV� VyOLGRV: lançamento direto no leito dos cursos de água ou na rede de

drenagem pluvial, de lixo doméstico e de atividades comerciais (como feiras-livres,

mercados etc.) e industriais.

- 0RYLPHQWR�GH�YHtFXORV: resíduos originados de desgaste de pavimentos, resíduos de

pneus, óleos, lubrificantes e graxas são depositados na superfície das vias públicas e

carregados ao curso de água durante as chuvas.

- /DYDJHP�GH�TXLQWDLV�H�MDUGLQV��FDOoDGDV��UXDV�H�JUDQGHV�iUHDV�

-�(URVmR�GH�iUHDV�FRP�VROR�QX��RX�GXUDQWH�WUDEDOKRV�GH�WHUUDSOHQDJHP�

-�/DYDJHP�GH�PDWHULDLV�GH�FRQVWUXomR��DUHLD��FLPHQWR��FDO�HWF���HP�REUDV�S~EOLFDV�RX

FRQVWUXo}HV�SDUWLFXODUHV��DEHUWXUD�GH�ORWHDPHQWRV��FRQVWUXomR�GH�HGLILFDo}HV�HWF���

Nos estudos desenvolvidos com o auxílio do modelo de simulação (Haro3) da

qualidade da água no reservatório do Guarapiranga, os resultados “em relação à

simulação da dinâmica do fósforo são, textualmente, os seguintes: na bacia são

gerados, em média, cerca de 532 kg/dia de fósforo (medidos como fosfato hidrolisável

total); desse total, 88% são provenientes de esgotos domésticos, 10% do UXQRII rural e

2% do UXQRII urbano” (EIGER, 1998).

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Tendo como objetivo principal reverter esse processo de poluição do reservatório da

Guarapiranga, elabora-se então o PSABG.

����3URJUDPD�GH�6DQHDPHQWR�$PELHQWDO�GD�%DFLD�+LGURJUiILFD�GR�*XDUDSLUDQJD��

������36$%*

A partir da constatação dos crescentes níveis de poluição das áreas do manancial do

Guarapiranga -- responsável por parte significativa do abastecimento de água do

município -- e da possibilidade da perda do reservatório do Guarapiranga como

manancial, foi preparado o PSABG.

O PSABG tem como objetivo “implementar um conjunto de obras e medidas,

corretivas, preventivas e institucionais, visando garantir a sobrevivência da Represa do

Guarapiranga como integrante do Sistema Adutor Metropolitano, e reverter as

tendências de degradação daquele manancial, cuja perda afetaria gravemente o

abastecimento de água na metrópole” (MISCHI, 1998, p. 74) (CDHU, 1998).

Sua viabilização ocorreu a partir do acordo firmado entre o Bird, responsável por pelo

financiamento de 50% dos recursos, o Governo do Estado de São Paulo, representado

pela Sabesp, Eletropaulo, Secretaria do Meio Ambiente (SMA), CDHU e as prefeituras

dos municípios de São Paulo, Embu e Itapecerica da Serra.

De acordo com MISCHI (1998, p.74), o PSABG foi formulado sob coordenação da

Secretaria Estadual de Energia e Saneamento e da Sabesp. A formulação inicial

baseou-se em estudos desenvolvidos pelos diferentes órgãos envolvidos na proteção

e gestão dos mananciais. A partir disso, “a equipe técnica do SOS Mananciais

produziu a primeira versão do projeto, reunindo e compatibilizando projetos setoriais,

estruturando, assim, a proposta apresentada ao Governo do Estado, prefeitos,

representantes da Secretaria Nacional de Saneamento e do Bird, em junho de 1991.

No período subseqüente, o Programa recebeu uma série de ajustes, incluindo o

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Relatório de Impacto Ambiental - Rima, elaborado pela Cia. Brasileira de Projetos e

Empreendimentos, resultando na versão final, aprovada pelo Consema em março de

1992, e pelo Bird em junho de 1992”.

O órgão encarregado da coordenação do programa era a Secretaria de Recursos

Hídricos, Saneamento e Obras do Estado de São Paulo. Como órgãos executores do

programa ficou a CDHU, a PMSP, a Sabesp e a SMA. A figura 5.4 apresenta o arranjo

institucional do Programa Guarapiranga.

Partiu-se do princípio de que a recuperação do manancial deveria considerar não só

as águas do reservatório, mas também o sistema hídrico ambiental, incluindo-se os

córregos, as matas e a manutenção para que garantam a continuidade do próprio ciclo

hidrológico1.

Foi apresentado um orçamento original no total de US$ 261,935 (100%) milhões de

dólares americanos e, posteriormente, reprogramado para US$ 336 milhões. Desse

total foi prevista, de acordo com a metodologia do Bird, uma reserva de verba para

Contingências Financeiras (US$ 25,927 milhões - 9,90%) e para Contingências Físicas

(US$ 9,824 milhões - 3,75%). Este orçamento será utilizado para executar melhoria

nos serviços de água e esgotos, coleta e disposição de lixo, recuperação urbana da

região, onde estão incluídas as urbanizações de favelas, o repovoamento vegetal, a

ocupação de áreas livres com a criação de parques, praças e áreas verdes,

aprimoramento da gestão e a fiscalização da bacia.

1 Por ciclo hidrológico entende-se o contínuo movimento da água em nosso planeta, ou seja, as águas dasuperfície livres dos mares, rios e lagos estão em constantes evaporações. Ao evaporar-se, aumentaextraordinariamente o volume e com isso diminui sua densidade. A diminuição da densidade relativa daágua em relação à do ar faz com que o vapor da água se eleve na atmosfera, formando nuvens. Emconseqüência da condensação desse vapor, a água se precipita em forma de chuva, neve ou granizo. Aocair sobre a terra, parte da água escoa-se na sua superfície, formando córregos, riachos e rios que vão ternos lagos ou no mar. Outra parte infiltra-se no solo; desta, uma porção vai alimentar os lençóissubterrâneos que, por sua vez vão novamente alimentar os rios e os lagos; a outra porção é usada pelosvegetais que dela se apropriam, eliminando, pela transpiração, uma parcela que se evapora (Sabesp,1998).

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6(&5(7$5,$�'(�5(&85626�+Ë'5,&26 Conselho Consultivo 6$1($0(172�(�2%5$6��65+62� da Bacia Guarapiranga

Grupo Técnico Unidade de Gerenciamento do Programa (UGP)

Sabesp SMA CDHU PMSP

Fonte: UGP/Guarapiranga (1998)

Figura 5.4 Arranjo Institucional do Programa Guarapiranga

O PSABG prevê a finalização das seguintes obras no saneamento ambiental da bacia

do Guarapiranga: 264 quilômetros de redes de esgotos; 63 quilômetros de

interceptores e emissários; 350 quilômetros de melhorias em redes coletoras de

esgoto; 32 mil ligações domiciliares; 22 mil famílias atendidas por urbanização de

favelas; 10 km2 de recuperação de loteamentos e áreas urbanas, beneficiando 76 mil

famílias; 3.700 unidades habitacionais financiadas; 4.500 hectares de repovoamento

vegetal; 700 hectares de parques e áreas de lazer.

A articulação dessas diversas ações, bem como de vários órgãos intervenientes, ficou

a cargo da Unidade Gerenciadora do Programa (UGP) e a coordenação geral a cargo

da Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento e Obras do Estado de São Paulo.

O PSABG é composto por cinco subprogramas, a saber:

1. - 6HUYLoRV�GH�iJXD�H�HVJRWR�(US$ 61,326 milhões - 23,41%): ampliação do sistema

de coleta e o afastamento de esgotos de 65% da população total (urbana e rural)

residente; melhorias operacionais nos sistemas de coleta existentes; desvio das

cargas poluidoras afluentes à represa pelos córregos Guavirutuba e Itupu e o

aprimoramento no processo de tratamento de água por meio da utilização de novos

processos e tecnologias.

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2. ��&ROHWD�H�GLVSRVLomR�GH� OL[R� (US$ 8,281 milhões - 3,16%): adequação e controle

ambiental do sistema de coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos nos

municípios de Embu, Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu; aquisição de equipamentos

de coleta e limpeza pública para estas prefeituras.

3. ��5HFXSHUDomR�XUEDQD�(US$ 97,624 milhões - 37,27%): urbanização de núcleos de

favelas, estabilização de encostas, drenagem e redes de água e esgotos; remoção e

reassentamento de famílias; adequação da infra-estrutura viária e de drenagem,

visando a contenção de erosão e a garantia de acesso à coleta de lixo.

4. - 3URWHomR�DPELHQWDO�(US$ 31,240 milhões - 11,93%): implantação de sete parques;

repovoamento vegetal das margens da represa e das faixas de domínio público,

recuperação de matas ciliares e arborização urbana; implantação de núcleos

ambientais.

5. - *HVWmR� �� (VWXGRV� (US$ 20,493 milhões - 7,83%) e Gerenciamento (US$ 7,22

milhões - 2,75%): elaboração de estudos visando a organização da gestão da bacia,

incluindo um Plano Diretor para o desenvolvimento e a proteção ambiental do seu

território; criação de um sistema de informações gerenciais digitalizadas; educação

ambiental, capacitação técnica para gestão e capacitação de lideranças e ONG’s;

operacionalização da gestão por meio do reforço à fiscalização integrada.

De acordo com a SMA de São Paulo, a legislação -- Lei no 898/75 e Lei no 1.172/77 --,

que ainda está em vigor, não permite vários tipos de obras que estão sendo

executadas pelo PSABG, porque elas não atenderam às exigências urbanísticas

contidas nessa legislação. De forma a contornar a questão legal, foram classificadas

como obras de interesse público, pois se referem a: abastecimento de água e coleta

de esgoto, contenção de risco, saneamento básico, entre outras.

Constatou-se que as primeiras obras e as intervenções de recuperação urbana em

favelas realizadas pelo PSABG -- previstas em componentes específicos do

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subprograma 3 -- recuperação urbana -- foram executadas tendo como respaldo

jurídico a Autorização Especial -- nos termos da documentação constante do Processo

SMA no 100.153/94 -- expedida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em 30

de Maio de 1994.

De acordo com esta autorização, as obras de urbanização de favelas “apresentam

caráter corretivo e emergencial, e seus objetivos referem-se exclusivamente a:

- eliminação do aporte de cargas poluidoras de esgotos no reservatório e

melhorias sanitárias nas favelas, com a implantação de rede coletora

de efluentes domésticos e de abastecimento de água;

- minimização do transporte de sólidos para os cursos d’água, com obras

de controle de erosões e adequação da drenagem superficial;

- minimização do aporte de resíduos e cargas poluidoras com a

regularização das atividades de coleta de lixo; e

- eliminação das áreas de risco, com obras de estabilização de taludes,

implantação de redes de drenagem e regularização de córregos.”

Vale mencionar também que a referida autorização destaca que:

“As intervenções e obras ora autorizadas não pressupõem a consolidação,

em caráter definitivo, das situações irregulares, não constituindo, portanto,

a presente AUTORIZAÇÃO em anistia ou ato de regularização fundiária

das ocupações clandestinas”.

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����³1RYD´�/HL�GH�3URWHomR�DRV�0DQDQFLDLV�H�R�3ODQR�(PHUJHQFLDO

Buscando reverter o processo de expansão urbana em direção às áreas de

mananciais, foi aprovada a Lei no 9.866, de 28 de novembro de 1997, -- /HL� GH

3URWHomR�GDV�%DFLDV�+LGURJUiILFDV�GRV�0DQDQFLDLV�GH� ,QWHUHVVH�5HJLRQDO�GR�(VWDGR

GH�6mR�3DXOR --, que dispõe de diretrizes e normas para a proteção e a recuperação

das bacias hidrográficas dos mananciais de interesse regional do Estado de São

Paulo.

Pode-se dizer que a promulgação da Lei Estadual no 9.866/97 vem ao encontro da

necessidade de se estabelecer uma nova política para os mananciais, com o objetivo

de exercer uma função estruturadora do desenvolvimento da metrópole. Instituindo um

paradigma de uso e ocupação do solo, procura-se estabelecer os critérios de

saturação populacional das bacias protegidas e a eficiência no tratamento de efluentes

líquidos das atividades nelas implantadas. De acordo com o INSTITUTO SÓCIO

AMBIENTAL (1998), esta legislação deverá agir de forma preventiva, visando obter a

qualidade desejada da água para o abastecimento.

Vale destacar que, embora a Lei no 9.866/97 substitua as anteriores, em seu Art. 45,

do capítulo das disposições finais e transitórias, consta que as disposições das Leis

nos 898/75 e 1.172/76 para a Região Metropolitana da Grande São Paulo serão

mantidas até que sejam promulgadas as leis específicas das Áreas de Proteção e

Recuperação dos Mananciais (APRMs):

“Artigo 45 - Na Região Metropolitana da Grande São Paulo, até que sejam

promulgadas as leis específicas das APRMs, ficam mantidas as

disposições das Leis nos 898, de 18 de dezembro de 1975, e 1.172, de 17

de novembro de 1976, com exceção do inciso XIX da Lei no 898/75,

incluída pela Lei no 7.384, de 24 de junho de 1991, que ficará

expressamente revogada a partir da data da publicação desta lei.

Parágrafo único - As penalidades previstas nas Leis nos 898, de 18 de

dezembro de 1975, e 1.172, de 17 de novembro de 1976, ficam

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expressamente revogadas, passando a vigorar aquelas definidas por esta

lei”.

Com a promulgação da Lei no 9.866/97, abriu-se espaço ao Poder Público, em caráter

emergencial, a executar obras que tenham por objetivo a preservação da qualidade

das águas com fins de abastecimento. Nessa direção, o Art. 47 propõe:

Artigo 47 - Nas áreas de proteção de mananciais de que tratam as Leis nos

898, de 18 de dezembro de 1975, e 1.172, de 17 de novembro de 1976,

até que sejam promulgadas as leis específicas para as APRMs poderão

ser executadas obras emergenciais nas hipóteses em que as condições

ambientais e sanitárias apresentem riscos de vida e à saúde pública ou

comprometam a utilização dos mananciais para fins de abastecimento.

§1o - Para os efeitos desta lei, consideram-se obras emergenciais as

necessárias ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem

de águas pluviais, contenção de erosão, estabilização de taludes,

fornecimento de energia elétrica, controle da poluição das águas e

revegetação.

§2o- As obras a que se refere o “caput” deste artigo deverão constar de

Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região

Metropolitana da Grande São Paulo, contemplando o disciplinamento das

áreas de intervenção de acordo com a legislação.

§3o - Os projetos emergenciais deverão ser aprovados pelo Órgão

Colegiado.

§5o - O Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região

Metropolitana da Grande São Paulo será elaborado pelo Poder Público

Estadual, em articulação com os municípios, no prazo de até 120 (cento e

vinte) dias da publicação desta lei, contendo justificativa técnica, agentes

executores, custos e fontes de recursos, cronograma físico-financeiro e

resultados esperados.

§6o - O Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região

Metropolitana da Grande São Paulo deverá ser aprovado pelo CRH e pelo

Consema, após o Poder Público Estadual realizar audiências públicas no

prazo de 30 dias.

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§7o - Após a realização de audiências públicas o Plano Emergencial de

Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana da Grande São

Paulo deverá ser aprovado pelo CRH e pelo Consema no prazo de até 30

dias.

Em 7 de abril de 1998, o Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da

Região Metropolitana da Grande São Paulo, que trata o Art. 45, da Lei no 9.866, de 28

de novembro de 1997 foi regulamentado pelo governador do Estado de São Paulo,

Mário Covas. Esta regulamentação ocorreu através da publicação do Decreto Estadual

no 43.022/98, que “dispõe sobre diretrizes e normas para a proteção e a recuperação

dos mananciais de interesse regional do Estado de São Paulo e dá providências

correlatas”.

De acordo com esse decreto, a elaboração do Plano Emergencial levou em

consideração que:

“- a promulgação da Lei no 9.866, de 28 de novembro de 1997, estabelece

a Política de Proteção dos Mananciais do Estado de São Paulo, representa

um avanço de fundamental importância na Política Ambiental do Estado,

possibilitando a realização imediata de obras emergenciais para a

recuperação dos mananciais de interesse da Região Metropolitana da

Grande São Paulo, por meio de plano emergencial;

- o disposto no Art. 47 da Lei no 9.866, de 28 de novembro de 1997,

permite a execução de obras emergenciais nas áreas de proteção aos

mananciais de que tratam as Leis no 898, de 18 de dezembro de 1975, e no

1.172, de 17 de novembro de 1976, até que sejam promulgadas as leis

específicas para as Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais -

APRM’s;

- as referidas obras poderão ser executadas nas hipóteses em que as

condições ambientais e sanitárias apresentem riscos à vida e à saúde

pública ou comprometam a utilização de mananciais para fins de

abastecimento;

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- em determinadas áreas abrangidas pelas Leis no 898, de 18 de dezembro

de 1975 e no 1.172, de 17 de novembro de 1976, a ocupação urbana

expandiu-se de forma descontrolada e que a ausência de infra-estrutura

urbana é hoje o maior dano ambiental;

- o Estado, em articulação com os Municípios, deverá, no prazo de 120

(cento e vinte) dias, apresentar Plano Emergencial de Recuperação dos

Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, nos termos do § 5o do

artigo 47 da Lei no 9.866, de 28 de novembro de 1997;

- a necessidade de estabelecer critérios para a elaboração do plano e para

a execução das obras emergenciais, assim consideradas aquelas definidas

em lei;

- esses critérios não devem induzir a expansão urbana nas referidas

áreas”.

Em 29 de setembro de 1998, através da Deliberação CBH-AT no 9, o Comitê da bacia

hidrográfica do Alto Tietê “homologa o Plano Emergencial de Recuperação dos

Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo”. A seguir, o Plano Emergencial foi

aprovado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), através da

Deliberação Consema 20/98 de 6 de outubro de 1998, em sua 58a Reunião Plenária

Extraordinária. Em 8 de outubro de 1998, o Plano Emergencial foi aprovado pelo

Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, por 19 votos a 2, através da Deliberação

CRH no 23.

����8UEDQL]DomR�GH�)DYHODV��6XESURJUDPD�5HFXSHUDomR�8UEDQD

A questão da urbanização de favelas no PSABG foi contemplada no subprograma

recuperação urbana, conforme relatado anteriormente (ver pagina 161).

Em relação às favelas, para o ano de 1996, foram identificadas dentro da área da

bacia do Guarapiranga “264 favelas, das quais 188 em São Paulo; 36 em Itapecerica

da Serra; 20 em Embu e 20 em Embu Guaçu, situadas predominantemente em fundos

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de vale” (SÃO PAULO, 1997). A Tabela 5.3 apresenta o número e a área total

ocupada pelas favelas, por município, na bacia do Guarapiranga.

7DEHOD�����ÈUHD�7RWDO�2FXSDGD�SHODV�)DYHODV�QD�%DFLD�GR�*XDUDSLUDQJD

Município 1~PHUR�GHIDYHODV�������

� �

ÈUHD�GDV�IDYHODV�GHQWURGD�EDFLD�GR*XDUDSLUDQJD

HP�KD

��VREUH�DiUHD��WRWDO�GD

EDFLD

São Paulo 188 227,38 0,36Itapecerica da Serra 36 47,57 0,07Embu 20 40,20 0,06Embu Guaçu 20 19,69 0,03Total 264 334,84 0,52

Fonte: (UGP, 1998).

A responsabilidade pela execução do subprograma recuperação urbana foi dividida

entre a prefeitura de São Paulo e o governo estadual, através da CDHU. A prefeitura

de São Paulo ficou responsável pela urbanização das favelas localizadas dentro do

município e a CDHU responsável pelas favelas localizadas nos município de Embu,

Embu Guaçu e Itapecerica da Serra.

Vale ressaltar que o PSABG não contempla a urbanização de todas as 264 favelas

existentes na bacia do Guarapiranga. De acordo com a CDHU (1998), das 76 favelas

existentes nos três municípios sob sua responsabilidade está prevista a urbanização

de 29 núcleos selecionados, sendo 13 em Itapecerica da Serra, 10 em Embu e 6

Embu-Guaçu. Esses núcleos representam 38,16% dos assentamentos irregulares

identificados pelo diagnóstico do programa em 1996, nesses três municípios.

Em relação ao município de São Paulo, não dispomos de informações sobre o número

total de favelas urbanizadas, assim como da população moradora nessas áreas.

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168

����8UEDQL]DomR�GD�)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

A urbanização da favela Jardim Floresta, selecionada como área de estudo de caso,

ficou sob responsabilidade da Sehab, da prefeitura municipal de São Paulo.

O projeto de urbanização da favela Jardim Floresta foi desenvolvido pelo escritório de

Arquitetura Paulo Bastos Arquitetos Associados que, em 1991, ganhou a licitação para

a elaboração dos projetos de urbanização das favelas do Grupo III, da bacia do

Guarapiranga, promovida pela PMSP. A implantação do projeto executivo ficou a

cargo da Construtora Via Engenharia; a fiscalização da obra ficou sob os cuidados da

empresa Etep-SondoTécnica, e o Consórcio JNS-Haga Plan foi o responsável pelo

gerenciamento e apoio técnico operacional geral do PSABG na parte referente ao

município de São Paulo, ou seja, a fiscalização e a análise dos loteamentos, dos

projetos de urbanização de favelas e do Parque 9 de Julho.

De acordo com informações do Consórcio JNS-Haga Plan, as obras para a

urbanização da favela tiveram início em julho de 1996, tendo sido concluídas em

agosto de 1998. O plano geral de urbanização pode ser visto através da figura 5.5.

Vale comentar que, de acordo com a documentação existente nos arquivos da

Sehab/SP, o projeto executivo da rede coletora de esgotos foi aprovado integralmente

pela Sabesp/SP, em 14 de junho de 1996, e o projeto executivo da rede de

distribuição de água, aprovado integralmente em 2 de abril de 1996.

De acordo com o orçamento do projeto inicial, retirado da planilha de estimativa de

custos das obras -- elaborada pelo arquiteto Paulo Bastos e Associados em maio de

1995 --, o custo das obras previstas para a urbanização da favela Jardim Floresta foi

estimado em R$ 705.783,99 (US$ 786.827). Os serviços previstos e seus respectivos

valores estão apresentados pela Tabela 5.4.

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7DEHOD�������3ODQLOKD�GH�(VWLPDWLYD�GH�&XVWR�GDV�2EUDV�GD�)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

3ODQLOKD�GH�(VWLPDWLYD�GH�&XVWR�GDV�2EUDV

$GHTXDomR�GH�,QIUD�HVWUXWXUD�8UEDQD

1~FOHR�)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

,WHP 6HUYLoR3UHoR�7RWDO

5�86� �

1 Serviços Preliminares 118.865,01 132.513 16,842 Serviços de Drenagem 71.404,74 79.603 10,123 Serviços de Esgotamento Sanitário 111.793,74 124.630 15,844 Rede de Distribuição de Água 23.068,95 25.717 3,275 Sistema Viário 30.650,67 34.169 4,346 Obras de Contenção 20.292,94 22.622 2,887 Urbanização 46.745,94 52.112 6,628 Unidades Habitacionais 177.879,52 198.304 25,209 Eventuais 17.496,16 19.505 2,48

10 Imprevistos 29.160,27 32.508 4,1311 Acompanhamento Social 24.028,06 26.787 3,41

12 Alojamento Provisório de Madeira8 Famílias 34.398,00 38.348 4,87

7RWDO�*HUDO ���������� ������� ���

Fonte: BASTOS (1995).

Segundo as informações do Consórcio JNS-Haga Plan, o valor total do investimento

efetivamente pago durante o período de execução da obra ficou em R$ 1.475.080,49.

Estes custos apresentam alterações, mais que 100% da acima da estimativa de

projeto, principalmente em razão do aumento dos quantitativos de materiais utilizados.

As principais obras realizadas nesta favela foram: 19 unidades habitacionais

construídas; 253 metros de rede de águas pluviais; 907 metros de rede coletora de

esgoto; 700 metros de rede de abastecimento de água; 764 metros de guias; 1.528

metros de vias pavimentadas; 289 metros de sarjetas e 285 m2 de muro de arrimo.

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��9(5,),&$d­2�'$�$3/,&$%,/,'$'(�'2�02'(/2�35232672

����,QWURGXomR

Neste capítulo será apresentado o estudo de caso realizado na favela Jardim Floresta,

que foi objeto da aplicação ISA/F do método proposto.

Será demonstrado, detalhadamente, todos os procedimentos para a aplicação do

ISA/F na favela Jardim Floresta. A metodologia para a coleta de dados será descrita;

os dados obtidos serão apresentados e analisados e será elaborada a conclusão

sobre as condições de salubridade da favela.

����2EMHWLYR�GR�(VWXGR�GH�&DVR

O estudo de caso tem por objetivo verificar, em uma favela pré-selecionada, a

aplicabilidade dos Indicadores de Salubridade Ambiental, do método proposto.

Objetiva-se também identificar as possíveis limitações existentes no método, gerando

subsídios para o seu aperfeiçoamento dentro de um processo de retroalimentação.

������)DWRUHV�$QDOLVDGRV�QD�)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

Os fatores pesquisados foram definidos a partir dos objetivos do estudo de caso que

eram basicamente: obter as informações necessárias para a utilização dos indicadores

relacionados direta e/ou indiretamente com a salubridade ambiental e verificar a

aplicabilidade do método.

As informações foram coletadas a partir da documentação técnica existente e

entrevistas. Para a coleta de dados na favela selecionada optou-se pela realização de

entrevistas a partir de um questionário previamente estruturado, aplicado junto à

totalidade dos moradores da favela. Utilizou-se também de um segundo questionário,

a título de complementação, aplicado aos diretores da Associação de Moradores da

Favela Jardim Floresta. Os questionários aplicados são apresentados a seguir.

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4XHVWLRQiULR�����$SOLFDGR�HP�WRGRV�RV�GRPLFtOLRV

,QIRUPDo}HV�VREUH�RV�PRUDGRUHV��GRPLFtOLR�H�VHUYLoRV�S~EOLFRV�

1) Aspecto sócio-econômico de cada família.

2) Caracterização da situação da infra-estrutura existente.

4XHVWLRQiULR� �� �� $SOLFDGR� QD� GLUHWRULD� GD� $VVRFLDomR� GH�0RUDGRUHV� GD� )DYHOD

-DUGLP�)ORUHVWD

,QIRUPDo}HV�VREUH�D�IDYHOD�HP�JHUDO�H�RV�VHUYLoRV�S~EOLFRV�

1) A organização comunitária.

2) Aspectos relativos à situação fundiária.

3) Caracterização da situação da infra-estrutura e serviços públicos.

4) Aspectos relativos aos espaços públicos.

5) Aspectos relativos à segurança e às questões gerais na favela.

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4XHVWLRQiULR����,QIRUPDo}HV�VREUH�RV�PRUDGRUHV��GRPLFtOLR�H�VHUYLoRV�S~EOLFRV

,QIRUPDo}HV�VREUH�RV�PRUDGRUHV��GRPLFtOLRV�H�VHUYLoRV&RQMXQWR�-DUGLP�)ORUHVWD���63

0RUDGRUHV_____________________________________________________________________

Entrevista Data da Entrevista: de outubro de 1999

Nome do Entrevistado:....................................................................................................

Endereço (Rua ou Viela):.......................................................................... n.º ..................____________________________________________________________________'DGRV�VRFLRHFRQ{PLFRV

Nome ou Apelido de todos os Moradores EscolaridadeAnalfabeto1o grauincompleto2o grauincompletoCurso superior

RendaMensal

Saúde PúblicaDengueLeptospiroseEsquistossomose

1

2

3

4

5

6

7

_______________________________________________________________,QIUD�HVWUXWXUD

1. Sua casa possui água encanada? ( ) sim ( ) não

2. Você recebe conta de água em seu nome ou do parceiro? ( ) sim ( ) não

3. Sua casa possui rede de esgoto? ( ) sim ( ) não

4. Existe coleta de lixo na viela em frente sua casa? ( ) sim ( ) não

5. Sua casa possui energia elétrica? ( ) sim ( ) não

6. Você recebe conta de luz em seu nome ou do parceiro? ( ) sim ( ) não

7. Quando chove, dá para andar nas vielas? ( ) sim ( ) não

8. Sua casa inunda ou enche de água? ( ) sim ( ) não

9. Quem varre a viela? ( ) morador à frente de sua casa ( ) ninguém varre ( ) prefeitura

10. Sua viela é iluminada à noite? ( ) sim ( ) não

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4XHVWLRQiULR���,QIRUPDo}HV�VREUH�D�IDYHOD�HP�JHUDO�H�RV�VHUYLoRV�S~EOLFRV

,QIRUPDo}HV�VREUH�D�IDYHOD�H�RV�VHUYLoRV��S~EOLFRV����/LGHUDQoDV____________________________________________________________________1. Nome do Entrevistado: .................................................................................................

2. Endereço do Entrevistado: ...........................................................................................

Data da Entrevista: de outubro de 1999._____________________________________________________________________2UJDQL]DomR

3. Nome da Associação: ...................................................................................................

4. Diretoria é composta por quantos membros? .............................................................._____________________________________________________________________,QIRUPDo}HV�VREUH�6LWXDomR�)XQGLiULD

5. A quem pertence o terreno? ( ) área verde da prefeitura ( ) particular ( ) outros, qual?

6. Qual a situação fundiária do terreno? ( ) legalizada ( ) irregular

7. Como será feita a regularização fundiária? ..................................................................

8. Qual o nome do loteamento (não é o da favela; é o do bairro)? ................................

_____________________________________________________________________,QIUD�HVWUXWXUD�H�VHUYLoRV�S~EOLFRV

9. Existe coleta de lixo nas vielas internas do conjunto?

( ) sim ( ) não ( ) sim, mas parcialmente ( ) no vezes/semana

10. Se sim, quem a realiza? ( ) moradores ( ) PMSP

11. Existe coleta de lixo nas ruas do entorno do conjunto?

( ) sim ( ) não ( ) sim, mas parcialmente ( ) no de vezes/semana

12. Existe serviço de varrição nas áreas internas do conjunto?

( ) sim ( ) não ( ) sim, mas parcialmente ( ) no vezes/semana

13. Se sim, quem a realiza? ( ) moradores ( )PMSP

14. Existe serviço público de varrição nas ruas do entorno do conjunto?

( ) sim ( ) não ( ) sim, mas parcialmente ( ) no de vezes/semana

15. A rede coletora de esgoto atende individualmente todos os domicílios no conjunto?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente ( ) Sabesp ( ) Condominial ( ) Fossa Séptica

16. A rede abastecimento de água atende individualmente todos os domicílios no

conjunto?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

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17. A rede de energia elétrica atende individualmente todos os domicílios no conjunto?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

18. Existem problemas de drenagem no conjunto?

( ) sim: problemas graves. Qual?....................................................................................

( ) sim: problema parcial ou localizado. Qual?.................................................................

( ) não

_____________________________________________________________________(VSDoRV�S~EOLFRV

19. Existe iluminação pública em todas as vielas internas do conjunto?

( ) sim ( ) sim, mas apenas em algumas vielas ( ) não existe iluminação nas vielas

20. Quais os espaços para uso dos moradores e das crianças no interior do conjunto

(excetuando-se o domicílio)? ( ) vielas ( ) escadarias ( ) quadras ( ) praças ( ) área

de recreação ( ) jardim ( ) outros ..........................................................

21. As vias de circulação receberam nome após a urbanização? ( ) sim ( ) não

22. Cite o nome de 3 vielas1: 1.)......................... 2) ........................ 3).........................

23. A prefeitura forneceu as placas com os nomes das vielas? (.) sim (.) não

24. Todas as casas têm número na porta? ( ) sim ( ) não

25. Quem o forneceu? ( ) a prefeitura ( ) cada morador colocou por conta própria

26. A numeração das casas é organizada / contínua? ( ) sim ( ) não

_____________________________________________________________________6HJXUDQoD�H�*HUDLV

27 A segurança contra assaltos e crimes no interior do conjunto e nas vielas internas

é: ( ) péssima ( ) ruim ( ) boa ( ) ótima

28. Quem distribui as cartas nos domicílios? ...................................................................

29. Quem distribui as contas de água nos domicílios? ....................................................

30. Quem distribui as contas de luz nos domicílios? .......................................................

31. No conjunto tem: ( ) gás de rua ( ) telefone ( ) orelhão ( ) caixa de correio

( ) cestinhos para lixo

1 Esse indicador não foi utilizado

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������0pWRGR�GH�&ROHWD�GH�'DGRV

A coleta de dados foi feita entre os meses de outubro e novembro de 1999, através da

aplicação dos dois questionários apresentados anteriormente. A aplicação do

questionário junto à população foi realizada por um membro da diretoria da associação

dos moradores.

������'DGRV�2EWLGRV�QR�(VWXGR�GH�&DVR�H�$QiOLVH�GRV�5HVXOWDGRV

Os dados obtidos através da aplicação dos questionários para 223 moradores e dos

questionários aplicados aos dez membros da diretoria encontram-se apresentados a

seguir. Estes dados foram organizados de acordo com os fatores estudados e

detalhados nos questionários aplicados à população.

Para efeito de tabulação e organização dos resultados, os indicadores foram

identificados nas Tabelas, numeradas de 6.1 a 6.9, conforme apresentadas a seguir.

Após a apresentação dos dados obtidos será feita a respectiva análise desses

resultados.

Tabela 6.1 Resultados obtidos por cada indicador

Tabela 6.2 Número médio de habitantes por domicílio

Tabela 6.3 Número de habitantes por domicílio

Tabela 6.4 Situação sócio-econômica por domicílio

Tabela 6.5 Renda média por domicílio e por habitante

Tabela 6.6 Situação fundiária da favela Jardim Floresta

Tabela 6.7 Infra-estrutura e serviços públicos

Tabela 6.8 Espaços públicos

Tabela 6.9 Segurança e aspectos gerais

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������5HVXOWDGRV�2EWLGRV

7DEHOD�����5HVXOWDGRV�2EWLGRV�SRU�FDGD�,QGLFDGRU

,QGLFDGRUHVNo Domicílio

Total �No DomicílioEntrevistado �

,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�$EDVWHFLPHQWR�GHÈJXD

223 dom1. 100 219 dom. 100

Casas com água encanada 217 97,31 217 99,1Casas sem água encanada 02 0,90 02 0,9Não quis responder/não encontrado 04 1,79 --

'RPLFtOLRV�$WHQGLGRV�FRP�$EDVWHFLPHQWR�GHÈJXD�TXH�5HFHEHP�&RQWD�

223 dom. 100 219 dom. 100

Recebe conta de água 98 43,95 98 44,75Não recebe conta de água 121 54,26 121 55,25Não quis responder/não encontrado 04 1,79 -- --

,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�&ROHWD�GH�(VJRWR�H7DQTXHV�6pSWLFRV

223 dom. 100 219 dom. 100

Casas com rede esgoto 217 97,31 217 99,1Casas sem rede de esgoto 02 0,90 02 0,9Não respondeu/não encontrado 04 1,79 -- --

,QGLFDGRU�GH�&ROHWD�GH�/L[R 223 dom. 100 216 dom. 100Casas com coleta de lixo 216 96,86 216 100Casas sem coleta de lixo 0 0 nenhuma -Não quis responder/não encontrado 07 3,14 --

,QGLFDGRU�GH�(QHUJLD�(OpWULFD 223 dom. 100 216 dom. 100Casas com energia elétrica 216 96,86 216 100Casas sem energia elétrica 0 0 nenhuma -Não quis responder/não encontrado 07 3,14 --

'RPLFtOLRV�$WHQGLGRV�FRP�)RUQHFLPHQWR�GH(QHUJLD�(OpWULFD�TXH�5HFHEHP�&RQWD�

223 dom. 100 219 dom. 100

Recebe conta de luz 104 46,64 104 47,49Não recebe conta de luz 115 51,57 115 52,51Não quis responder/não encontrado 04 1,79 -- --

,QGLFDGRU�GH�'UHQDJHP����9LDV�GH�&LUFXODomR 223 dom. 100 187 dom. 100Quando chove consegue andar nas vielas 173 77,58 173 92,51Quando chove não consegue andar nas vielas 14 6,28 14 7,49Não quis responder/não encontrado 36 16,14 --

1 Adotou-se dom. como abreviatura de domicílio.2 Considerou-se que o recebimento de conta pelo morador e/ou domicílio é indicativo de que o mesmoencontra-se regularizado junto à concessionária que presta o serviço.

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7DEHOD�����5HVXOWDGRV�2EWLGRV�SRU�FDGD�,QGLFDGRU��FRQWLQXDomR�

,QGLFDGRUHVNo Domicílio

Total �No DomicílioEntrevistado �

ËQGLFH�GH�'UHQDJHP�±�+DELWDomR 223 dom. 100 189 dom. 100Quando chove não inunda a casa 186 83,41 186 98,41Quando chove inunda a casa 03 1,34 03 1,59Não quis responder/não encontrado 34 15,25 -- --

,QGLFDGRU�GH�9DUULomR 223 dom. 100 216 dom. 100O morador varre a frente de sua casa 97 43,50 97 44,91Ninguém varre a viela 119 53,36 119 55,09Prefeitura varre a viela 0 0Não quis responder/não encontrado 07 3,14

,QGLFDGRU�GH�,OXPLQDomR�3~EOLFD 223 dom. 100 219 dom. 100Viela iluminada 161 72,20 161 74,19Viela não iluminada 58 26,01 58 25,81Não quis responder/não encontrado 04 1,79

,QGLFDGRU�GH�(GXFDomR 881moradores

100 677 100

Analfabeto 69 7,83 69 10,19Até o 1o grau 535 60,72 535 79,03Acima do 2o grau 73 8,29 73 10,78Crianças (sem idade escolar) 110 12,49 --Não quis responder/não encontrado 94 10,67 --

,QGLFDGRU�6D~GH�3~EOLFD�

Dengue -- -- -- --Leptospirose -- -- -- --Esquistossomose -- -- -- --

,QGLFDGRU�GH�5HQGD�0HGLD 223 dom. 100 223 dom. 100Até três salários mínimos 115 51,57 115 51,57Mais que três salários mínimos 45 20,18 45 20,18Sem renda 36 16,14 36 16,14Outros 27 12,11 27 12,11

7DEHOD�����1~PHUR�0pGLR�GH�+DELWDQWHV�SRU�'RPLFtOLR

1~PHUR�0pGLR�GH�+DELWDQWHV�SRU�'RPLFtOLRNo / hab. No de domicílios No / hab. por domicílio

881 223 3,95

1 Esse indicador não foi utilizado

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179

7DEHOD�������1~PHUR�GH�+DELWDQWHV�SRU�'RPLFtOLR

1~PHUR�GH�+DELWDQWHV�SRU�'RPLFtOLR

Número deHabitantes por

Domicílio

Númerode

Domicílios

% Número de

Habitantes

1 14 6,28 142 30 13,4

560

3 60 26,91

180

4 37 16,59

148

5 34 15,25

170

6 23 10,31

138

7 10 4,48 708 5 2,24 409 3 1,35 2710 1 0,45 1011 1 0,45 1112 -- --13 1 0,45 13

Nãoencontrado

4 1,79 --

TOTAL 223 100%

881

7DEHOD�����6LWXDomR�6yFLR�(FRQ{PLFD�SRU�'RPLFtOLR

1~PHUR�GH6DOiULRV�0tQLPRV

6DOiULRV�0tQLPRV9DORUHV�HP�5HDLV

1~PHUR�GH�'RPLFtOLRV�SRU5HQGD�0pGLD

½ ��������5���������� 13 5,83

1 R$ 136,00 35 15,70

1,5 R$ 204,00 16 7,17

2 R$ 272,00 19 8,52

2,5 R$ 340,00 27 12,11

3 R$ 408,00 5 2,24

3,5 R$ 476,00 16 7,17

4 R$ 544,00 8 3,59

5 R$ 680,00 17 7,62

6 R$ 806,00 -- --

7 R$ 952,00 -- --

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180

Acima de 8 R$ 1.088,00 4 1,79

Desempregados -- 36 16,15

Autônomos -- 11 4,93

Não responderam -- 16 7,18

TOTAL 5����������� ��� ������

7DEHOD�����5HQGD�0pGLD�SRU�'RPLFtOLR�H�SRU�+DELWDQWH1

5HQGD�0pGLD�SRU�'RPLFtOLR�H�SRU�+DELWDQWH

Renda Total No de habitantes No de domicílios RM/habitante RM/domicílio

R$ 61.144,00 817 207 R$ 74,84 R$ 295,38

7DEHOD�����6LWXDomR�)XQGLiULD�GD�)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

6LWXDomR�)XQGLiULD 5HVSRVWDV �

1) A quem pertence o terreno?

Terreno da prefeitura 9 90

Terreno particular 1 10

2) Qual a situação fundiária do terreno?Situação legalizada 8 80Situação irregular 2 20

3) Como será feita a regularização fundiária?Não sabem 10 100Outras -- --

4) Qual o nome do loteamento (não é o da favela é o do bairro)?Não sabem 9 90Outras - Conjunto Jardim Floresta 1 10

1 Foram descontados os 16 domicílios (64 moradores)que não forneceram a renda média familiar.

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181

7DEHOD�����,QIUD�(VWUXWXUD�H�6HUYLoRV�3~EOLFRV

,QIUD�(VWUXWXUD�H�6HUYLoRV�3~EOLFRV 5HVSRVWDV �

1) Existe coleta de lixo nas vielas internas?Sim 2 20Não 8 80

2) Quem a realiza?Moradores 4 40PMSP 1 10Não respondeu 5 50

3) Existe coleta de lixo no entorno?Sim 9 90Não 1 10

4) Existe varrição nas áreas internas?Sim 7 70Não 3 30

5) Quem a realiza?Moradores 4 40PMSP -- --Não soube responder 6 60

6) Existe varrição no entorno do conjunto?Sim 9 90Não 1 10

7) A rede coletora de esgoto atende individualmente o domicílio?Sim 9 90Não 1 10

8) A rede de abastecimento de água atende individualmente adomicílio?Sim 10 100Não -- --

9) A rede de energia elétrica atende individualmente o domicílio?Sim 9 90Não 1 10

10) Existem problemas na drenagem do conjunto?Sim: problemas graves 1 10

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182

Sim: problema parcial ou localizado 1 19Não 8 80

7DEHOD�����(VSDoRV�3~EOLFRV

(VSDoRV�3~EOLFRV 5HVSRVWDV �1) Existe iluminação pública nas vielas internas?Sim 1 10Sim, mas apenas em algumas vielas 7 70Não 2 20

2) Espaços para uso dos moradores e das crianças1:Vielas 6 60Escadarias 3 30Quadras 1 10Praças 3 30Áreas de lazer 2 20Jardim 2 20

3) As vias de circulação receberam nome após a urbanização?Sim 10 100Não -- --

4) A prefeitura forneceu as placas com nomes?Sim 8 80Não 2 20

5) Todas as casas possuem número na porta?Sim 8 80Não 2 20

6) Quem forneceu o número?Prefeitura 6 60Moradores 4 40

7) A numeração é organizada?Sim 5 50Não 5 50

1 Respostas não excludentes.

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7DEHOD�����6HJXUDQoD�H�$VSHFWRV�*HUDLV

6HJXUDQoD�H�$VSHFWRV�*HUDLV 5HVSRVWDV �1) A segurança contra assaltos e crimes no interior da favela é:Péssima 3 30Ruim 3 30Boa 3 30Ótima -- --Não respondeu 1 10

2) Quem distribui as cartas nos domicílios:Funcionário do Correio 4 40Caixa existente no bar da favela 6 60

3) Quem distribui as contas de água:Funcionário da Sabesp 10 100Outros

4) Quem distribui as contas de luz:Funcionário da Eletropaulo 10 100Outros

5) No conjunto tem:Gás de rua -- --SimNão 10 100

Telefone -- --SimNão 10 100

OrelhãoSim 8 80Não 2 20

Caixa de correioSim 2 20Não 8 80

Cestinhos para lixoSim 1 10Não 9 90

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184

����&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO�SDUD�)DYHOD���,6$�)

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�$EDVWHFLPHQWR�GH�ÈJXD��,&$��

Informações necessárias para efetuar o cálculo do ICA: número de domicílios totais na

favela (DFT), número de domicílios na favela atendidos com abastecimento de água

(DFA), número de domicílios na favela atendidos que recebem conta de água (DFC).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: ICA = (DFA ÷ DFT) × 100 × N onde N = 0,9 + [(DFC ÷ DFT) ÷10]

'DGRV�FROHWDGRV: DFT = 223; DFA = 217; DFC = 98

&iOFXORV: ICA = (217 ÷ 223) × 100 × N� (%) onde N = 0,9 + [(98 ÷ 223) ÷10]

ICA = 97,31% × N onde N = 0,944; ICA = 91,86%

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�&ROHWD�GH�(VJRWR�H�7DQTXHV

���������6pSWLFRV�,&(�

Informações necessárias para efetuar o cálculo do ICE: domicílios totais na favela (DFT),

domicílios na favela atendidos por coleta de esgoto (DFE), número de domicílios na

favela atendidos que recebem conta de coleta de esgoto (DFR).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

ICE = (DFE ÷ DFT) × 100 ÷ k (%) onde N = 0,9 + [(DFR ÷ DFT) ÷10]

'DGRV�FROHWDGRV: DFT = 223; DFE = 217; DFR = 98.

&iOFXORV: ICE = (217 ÷ 223) × 100 × N� (%) onde N = 0,9 + [(98 ÷ 223) ÷10]

ICE = 97,31% × N onde N = 0,944; ICE = 91,86%

ICA = 91,86 Pontos

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185

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�&ROHWD�GH�/L[R��,&5�

Informações necessárias para efetuar o cálculo do ICR: número de domicílios totais na

favela (DFT), número de domicílios na favela atendidos com coleta de lixo (DFL),

domicílios que depositam o lixo em locais adequados (DDL).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

ICR = (DFL ÷ DFT) × 100 × N (%) onde N = 0,9 + [(DDL ÷ DFT ) ÷10]

'DGRV�FROHWDGRV��DFL = 216 domicílios; DFT = 223 domicílios; DDL = 0

Cálculos: ICR = (216 ÷ 223) × 100 × N (%) onde N = 0,9 + [(0 ÷ 223 ) ÷10]

ICR = 96,86 (%) × 0,9 ICR = 87,17%

Portanto, de acordo com a tabela de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�'UHQDJHP��,'5�

Informações necessárias para efetuar o cálculo1 desse indicador: índice de drenagem

das vias de circulação (tDC); índice de drenagem habitacional (tDH); índice de

permeabilidade (N).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

IDR = 100 - [(tDC + tDH ) ÷ 2] × N (%) onde N = 0,9 + [(AAP ÷ ATO) ÷10]

Sendo:

tDC = (DHC ÷DFT) × 100; tDH = (DHD ÷ DFT) × 100

1 A coleta de dados referentes ao tDC e tDH foram realizadas através de pesquisa junto aos moradores; ocálculo de N através do projeto urbanístico, complementado com levantamento de campo.

ICE = 91,86 Pontos

ICR = 87,17 Pontos

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'DGRV�FROHWDGRV: DHC = 14; DHD = 03; DFT = 223; AAP = 432 m2 e ATO = 11.927 m2

&iOFXORV�

tDC = (14 ÷ 223) × 100; tDC = 6,28

tDH = (03 ÷ 223) × 100; tDH = 1,35

N = 0,9 + [(432 ÷ 11.927) ÷10]; N = 0,904

IDR = 100 - [(6,28 + 1,35) ÷ 2] × 0,904

IDR = 96,19 × 0,904 = 86,96%

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�9LDV�GH�&LUFXODomR��,9&��

Informações necessárias para efetuar o cálculo desse indicador: domicílios totais na

favela (DFT); número de habitações com frente para cada faixa de largura média das

vias de circulação estabelecida (DHVn); índice correspondente a cada faixa de largura

média das vias de circulação estabelecida (kn).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

IVC = [(DHV1 × k1) + ( DHV 2 × k2) + ( DHV 3 × k3) + ( DHV 4 × k4)] ÷ DFT × 100 (%)

'DGRV�FROHWDGRV:

DFT = 223 domicílios; DHV1 = 48 domicílios; DH 2 = 40 domicílios; DHV3 = 121 domicílios;

DHV4 = 14 domicílios e DHV5 = nenhum domicílio.

IVC = [(48 × 1,00) + (40 × 0,70) + (121 × 0,35) + (14 × 0)] ÷ 223 × 100 (%)

IVC = (48 + 28,0 + 42,35 + 0) ÷ 223 × 100 = 53,07%

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�6HJXUDQoD�*HROyJLFD�*HRWpFQLFD��,6*��

IVC = 53,07 Pontos

IDR = 86,96 Pontos

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Informações necessárias para se efetuar o cálculo do Indicador de Segurança de

Risco: avaliação preliminar realizada pela prefeitura ou parecer técnico (geológico-

geotécnico) de profissional habilitado.

2EVHUYDomR: No caso da favela Jardim Floresta, consultou-se a PMSP e a Empreiteira

responsável pela execução do projeto de urbanização, a saber: Via Engenharia.

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

ISG = (tSP + tSR ) × tSD

Sendo:�tSP = (11.870 ÷11.927) x 100 = 99,52%; tSR = (57÷11.927) x 50 = 0,24%

'DGRV�FROHWDGRV: tSP = 99,52%; tSR = 0,24%; tSD = inexistente

ISG = (99,52 + 0,24) = 99,76%

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�'HQVLGDGH�'HPRJUiILFD�%UXWD��,''�

Informações necessárias para efetuar o cálculo deste indicador: moradores totais na

favela (DMT); área total ocupada pela favela (ATO)

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: IDD = DMT ÷ ATO

'DGRV�FROHWDGRV:

DMT = 881 habitantes; ATO = 11.927m2 (1,19ha)

IDD = 881 hab. ÷ 1,19ha

IDD = 740 hab./ha.

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�(QHUJLD�(OpWULFD��,(/�

IDD = 80 Pontos

ISG = 99,76 Pontos

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Informações necessárias para se efetuar o cálculo do Indicador Energia Elétrica:

número de habitações com energia elétrica (DHE); domicílios totais na favela (DFT);

número de habitações que recebem conta de energia elétrica1 (DHL); índice de

regularização (N).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: IEL = (DHE ÷ DFT) × 100 × N e N�= 0,9 + [(DHL ÷ DFT ) ÷ 10]

'DGRV�FROHWDGRV:

DHE = 216 habitações; DFT = 223 habitações; DHL = 104 habitações

IEL = (216 ÷ 223) × 100 × N e N = 0,9 + [(104 ÷ 223) ÷ 10]

IEL = 96,86% × 0,947

IEL = 91,73 %

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�5HJXODUL]DomR�)XQGLiULD��,5(��

Informações necessárias para se efetuar o cálculo do Indicador Regularização

Fundiária da Favela: índice da situação fundiária regularizada (LRG); índice da situação

fundiária passível de regularização, com projeto de lei já em tramitação (LRP); índice da

situação fundiária passível de regularização, sem projeto de lei tramitando (LRT); índice

da situação fundiária sem possibilidade de regularização em curto prazo

(administração vigente) (LRC).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: IRE = LRG + LRP + LRT + LRC

'DGRV�FROHWDGRV: LRT = 223 domicílios; DFT = 223 domicílios

tRT = (DRT ÷ DFT) × 60 LRT = (223 ÷ 223) × 60 LRT = 60

IRE = 0 + 0 + 60 + 0

1 Número de ligações fornecido pela Eletropaulo Metropolitana (Sistema de Gerenciamento do Coden),Agência no 241, em 26/7/1999.

IEL = 91,73 Pontos

IRE = 60 Pontos

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Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

Observação: a favela encontra-se localizada na área verde de dois loteamentos:

Jardim da Floresta e Jardim Vista Alegre. Conforme informações obtidas junto a

Sehab/PMSP, é intenção da prefeitura regularizar a situação fundiária desta área;

entretanto, até a presente data nenhum projeto de lei, que preveja sua regularização,

encontra-se em tramitação. Existe proposta de encaminhamento, que se encontra em

elaboração, para a Câmara Municipal de Vereadores de São Paulo pela PMSP, com

vistas a regularizar a situação fundiária dessas áreas.

�������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�9DUULomR��,9$�

Informações necessárias para se efetuar o cálculo do Indicador de Varrição: número

de domicílios atendidos com serviço público de varrição (DHBv); número de domicílios

onde, na ausência do serviço público, o próprio morador realiza o serviço de varrição

(DHBm); número de domicílios onde não existe o serviço público de varrição e o

morador também não varre as vias de circulação em frente ao seu domicílio (DHBn);

domicílios totais na favela (DFT) e o índice de varrição (N).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR�

IVA = [(DHBv × N1) + (DHBm × N2) + (DHBn × N3)] ÷ DFT × 100 (%)

'DGRV�FROHWDGRV:

DHBv = zero; DHBm = 97 domicílios; DHBn = 126 domicílios; DFT = 223 domicílios.

Cálculos:

IVA = [(0 × 1) + (97 × 0,60) + (126 × 0)] ÷ 223 × 100 (%)

IVA = [0 + 58,2 + 0] ÷ 223 × 100 (%)

IVA = 26,1 (%)

Portanto, de acordo com o critério de pontuação: IVA = 26,10 Pontos

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�������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�,OXPLQDomR�3~EOLFD��,,3�

Informações necessárias para se efetuar o cálculo do Indicador de Iluminação Pública:

número de domicílios na favela cuja via de circulação possua iluminação pública (DHP);

domicílios totais na favela (DFT).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

IIP = (DHP ÷ DFT) × 100 (%)

'DGRV�FROHWDGRV:

DHP = 161 domicílios; DFT = 223 domicílios.

IIP = (161 ÷ 223) × 100 (%)

IIP = 72,20%

Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

�������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�(VSDoR�3~EOLFR��,(3�

Informações necessárias para se efetuar o cálculo do Indicador Espaços Públicos:

área total dos espaços públicos considerados aptos para serem usadas como espaço

para lazer e recreação (AEP); moradores totais na favela (DMT); áreas remanescentes

(ARE) e áreas das vias de circulação (AVC).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR:

IEP = AEP ÷ DMT onde: AEP = ARE + AVC

'DGRV�FROHWDGRV:

DMT = 881 moradores; ARE = 192 m2 (conforme levantamento de campo); AVC = 676 m2

(conforme projeto executivo e levantamento de campo)

IEP = (192 m2 + 676 m2) ÷ 881

IEP = 0,99 m2/hab.

IIP = 72,20 Pontos

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Portanto, de acordo com o critério de pontuação:

�������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�5HQGD��,5)�

Informações necessárias para efetuar o cálculo desse Indicador: distribuição de renda

menor que 3 salários mínimos (I3S) e renda média (IRM).

&ULWpULR�GH�FiOFXOR: IRF = (0,7 × I3S) + (0,3 × IRM).

'DGRV�FROHWDGRV:

I3S = 1731 famílias (77,58%); IRM = (R$ 61.144,00 ÷ 8171)

IRM = R$ 74,84 por habitante

3RQWXDomR: O critério de pontuação será definido a partir de uma comparação com a

média entre todos os municípios do Estado de São Paulo.

Esta comparação ainda não foi elaborada pelo Conesan. Para sua preparação, os

municípios serão hierarquizados em 4 quartis, sendo 100 pontos para os municípios

classificados no primeiro quartil, 75 pontos para os municípios classificados no

segundo quartil, 50 pontos para os municípios classificados no terceiro quartil e 25

pontos para os municípios classificados entre os 25% que apresentarem as piores

médias.

3RQWXDomR: falta definição do Conesan ou dos valores referentes ao ISA do município

de São Paulo a respeito do IRF municipal.

��������&iOFXOR�GR�,QGLFDGRU�GH�(GXFDomR��,('�

Informações necessárias para efetuar o cálculo desse indicador: número total de

habitantes sem nenhuma escolaridade (INE) e número total de habitantes com

escolaridade até o 1o grau (IE1).

1 As 173 famílias com renda até 3 salários mínimos dividem-se em: 110 com renda até 3 saláriosmínimos; 36 famílias desempregadas; 16 não mencionaram a renda; 11 autônomos.

IEP = 40 Pontos

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&ULWpULR�GH�FiOFXOR: IED = (0,6 × INE) + (0,4 × IE1).

'DGRV�FROHWDGRV:

INE = 69 habitantes; IE1 = 535

3RQWXDomR: falta definição do Conesan ou dos valores referentes ao ISA do município

de São Paulo a respeito do IED municipal.

����5HODWyULR�GH�6DOXEULGDGH�$PELHQWDO�GD�)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

������$SUHVHQWDomR

O relatório foi elaborado de forma a apresentar um relato das condições de

salubridade ambiental verificadas na favela Jardim Floresta. As informações

necessárias para a realização deste relatório foram descritas anteriormente, no

Capítulo 4.

Em relação à coleta de dados, no caso específico da favela Jardim Floresta, além das

informações prestadas pelos órgãos públicos, foi realizado um levantamento censitário

junto aos moradores, complementado com questões sobre as condições dos serviços

públicos. Através desse levantamento, obteve-se as informações complementares

necessárias para a utilização de todos os indicadores propostos pelo ISA/F.

A pesquisa de campo junto aos moradores foi realizada nos meses de outubro e

novembro de 1999 e as informações gerais sobre o processo de urbanização da favela

Jardim Floresta foram coletadas durante todo o 2o semestre de 1999.

A seguir são apresentadas as pontuações, as análises e as recomendações para cada

um dos indicadores. Ao final é elaborada a conclusão geral das condições de

salubridade da favela Jardim Floresta.

1 O número total de habitantes é 881. Foram descontados 64 moradores que não forneceram a renda

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193

,&$���,QGLFDGRU�GH�&REHUWXUD�HP�$EDVWHFLPHQWR�GH�ÈJXD

3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

$QiOLVH� UHDOL]DGD� Foi constatado que 99,1% dos domicílios estão cobertos pelo

serviço de abastecimento de água. Entretanto, observou-se que 55,25% dos

domicílios não recebem conta de água, seja por desatualização do cadastro da

concessionária ou porque o número de ligações irregulares e/ou clandestinas é

elevado.

5HFRPHQGD�VH� Necessidade da atualização no cadastramento dos domicílios e da

instalação de hidrômetros, individuais ou coletivos, em todos os domicílios. Entende-se

que pelo fato de as pessoas não estarem pagando pela água que estão recebendo,

não exista a preocupação, importante do ponto de vista ambiental, quanto a seu uso

de forma racional, gerando assim desperdício de água, além da sobrecarga do

sistema de esgoto, entre outras conseqüências.

Observa-se que, com a atualização do cadastro, todo domicílio passará a receber a

conta de água. Esta conta, assim a de energia elétrica, a telefônica, entre outras,

constitui-se em um comprovante de residência, abrindo "a possibilidade de uso de

crediários, por exemplo. Nesta perspectiva, é um documento que legitima o morador

de favela, tornando-o 'cidadão'" (SILVA; OLIVEIRA, 1986).

Paralelamente ao cadastramento e instalação dos hidrômetros, deve-se verificar as

condições das ligações de abastecimento de água domiciliares.

Sugere-se também que sejam observadas as condições de armazenamento, isto é, as

caixas d’água considerando-se a importância que a preservação da qualidade da água

representa para a saúde do morador.

média familiar

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3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

$QiOLVH� UHDOL]DGD� Foi constatado que 99,1% os domicílios estão cobertos pelo

serviço de coleta de esgoto. Observou-se que a Sabesp executou apenas a rede

coletora, deixando por conta da população a execução dos ramais domiciliares. Tal

fato pode comprometer a obra realizada, uma vez que muitos moradores fizeram

adaptações e/ou prolongamento do sistema de coleta anterior -- construídos de forma

precária -- até novas caixas de ligação com rede da Sabesp ou ligaram a rede de

águas pluviais à rede de esgoto de seu domicílio e daí até a rede da Sabesp. De

acordo com a pesquisa de campo e posterior vistoria LQ�ORFR� constatou-se a existência

de alguns ramais domiciliares entupidos, inclusive despejando na via principal o

excesso não esgotado (ver Figura 6.17).

5HFRPHQGD�VH��Atualização do cadastramento dos domicílios. Realização de estudos

dirigidos à complementação das ligações restantes e separação entre o esgotamento

das águas pluviais e do esgoto sanitário. A existência de problemas nos ramais

domiciliares de coleta de esgoto pode se constituir num foco de contaminação local;

por isto, tal possibilidade deveria ser evitada. Recomenda-se a fiscalização periódica

dos ramais existentes. Por ocasião da construção de novas redes coletoras deve-se

realizar uma avaliação dos ramais domiciliares, no sentido de se verificar a viabilidade

da manutenção ou substituição destas redes antes de autorizar a ligação à rede

coletora.

Promover a ligação ou a reconstrução do ramal interno de coleta de esgoto em todos

os domicílios que ainda não estejam cobertos pela coleta de esgoto ou que estejam

apresentando problemas. Observou-se que novos domicílios estão sendo construídos,

com isso haverá a necessidade da execução de ramais para a coleta de esgoto.

Não foi identificada a existência de tanques sépticos nessa favela.

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3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

Figura 6.1 Detalhe do Local para Depósito do Lixo Figura 6.2 Detalhe do Local para Depósito do Lixo

$QiOLVH�UHDOL]DGD� A coleta de lixo é realizada regulamente, três vezes por semana,

nas ruas do entorno da favela. Os moradores das áreas internas transportam o lixo até

a calçada nos dias de coleta. Apesar de não existir o serviço de coleta nas vias

internas, não foi constatada nenhuma reclamação a respeito da existência de lixo

jogado irregularmente no interior da favela. Entretanto, devido ao fato de não existir

pontos predeterminados para o depósito do lixo junto às principais vias de circulação

da favela, constatou-se que o mesmo está sendo depositado de forma irregular em

dois pontos: na av. Orfeu Paravente -- junto à calçada oposta à favela, sob o muro do

Clube de Campo São Paulo -- e na rua Frei Luiz de Leon -- depositados no terreno ao

lado da favela (situação crítica) (ver figuras 6.1e 6.2 respectivamente). Em ambos

locais constatou-se o acúmulo de detritos.

5HFRPHQGD�VH��Revisão do projeto urbanístico de forma a serem implantados locais

adequados para o acondicionamento e armazenamento do lixo nas áreas próximas à

via de circulação por onde trafega o caminhão coletor, de forma a permitir uma melhor

organização da coleta local. Simultaneamente a implantação desses espaços para o

depósito de lixo, a população deve ser orientada a acondicionar o lixo de forma

adequada e depositá-los nos locais apropriados somente nos dias e horários de

coleta, evitando-se o acesso de insetos e roedores.

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3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

Figura 6.3 Drenagem Ineficiente Figura 6.4 Detalhe do Lixo Interferindo na Drenagem

$QiOLVH� UHDOL]DGD�� Foi constatado que 98,41% dos domicílios não possuem

problemas com inundação e que 93,51% dos moradores conseguem circular nas vias

internas em dias de chuva. Os problemas identificados são: a) as águas que escoam

pela av. Orfeu Paravente e entram na viela lateral existente atingindo as primeiras

residências e prejudicando a circulação dos moradores (ver Figura 6.3); b) o excesso

de lixo e entulho jogado nas vias de circulação interferem na drenagem e geram

entupimento dos ralos e bocas-de-lobo existentes. Tal fato faz com que a água, em

volume superior ao desejado, escoe por essas vias, o que causa reclamações dos

moradores; c) está ocorrendo o início da ocupação de espaços públicos permeáveis.

Em relação a permeabilidade do solo, constatou-se que, excetuando-se as áreas

internas dos domicílios, apenas 3,6% da área total da favela encontra-se permeável.

5HFRPHQGD�VH��Complementação da captação ao final da av. Orfeu Paravente de

forma a impedir a entrada das águas pluviais nas residências. Limpeza das canaletas

de drenagem e das bocas de lobos e ralos existentes na favela (ver Figura 6.4).

Procurar aumentar e preservar os espaços públicos permeáveis já existentes de forma

a garantir a penetração no solo de parte da água de chuva, contribuindo para

diminuição dos picos de vazão e do volume a ser drenado. Acionar a fiscalização da

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prefeitura de forma a impedir a ocupação dos espaços públicos. Pavimentar as vias de

circulação com elementos permeáveis1 sempre que possível.

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3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

Figura 6.5 Detalhe da Via Principal - Entrada Figura 6.6 Detalhe de uma das Vias Internas

$QiOLVH�UHDOL]DGD� Considerou-se que as vias de circulação existentes são funcionais

e encontram-se em bom estado de conservação. Observou-se que apesar das

dimensões diminutas, as vias internas têm garantindo uma tranqüila e segura

circulação pela interior da favela, eliminando-se inclusive as tradicionais voltas que são

necessárias serem realizadas para se ir de um determinado ponto a outro dentro da

favela. A partir da análise do projeto de urbanização e do levantamento realizado em

campo constatou-se a existência de 32 domicílios com frente para av. Orfeu Paravente

(9 m largura); 16 domicílios com frente para rua Frei Luiz de Leon (7 m largura); 15

domicílios com frente para a viela lateral existente (6 m largura); 25 domicílios com

frente para as vias denominadas 24.P.2 e 24.p.2 (4 m largura); 14 domicílios com

entrada por vias com menos de 1,20m e 121 domicílios com frente para as vias

internas (1,5 m largura). Vale observar que está ocorrendo um processo de construção

de novas moradias em áreas remanescentes não prevista no projeto e que não foram

contempladas nesse estudo. O sistema viário implantado apresenta uma área de

1.695 m2 que corresponde a 14,2% da área total da favela.

1 Existem diversos modelos de revestimentos que permitem a passagem da água do escoamentosuperficial. Os mais tradicionais são Blokret e o Piso Grama. Suas vantagens são: alta resistência,facilidade de instalação e de manutenção, antiderrapantes e permeáveis, uma vez que não exigemmassas para o assentamento nem rejuntes.

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5HFRPHQGD�VH�� Não foram encontrados problemas significantes em relação ao

sistema viário, restando apenas executar as obras de manutenção, quando se fizerem

necessárias.

Figura 6.7 Início da Ocupação da Área Pública Figura 6.8 Detalhe do Muro de Arrimo Incompleto

$QiOLVH�UHDOL]DGD� Consultando a GT/Geotec1 da PMSP e os projetos de urbanização

elaborados pelo Arquiteto Paulo Bastos e Associados, não foi encontrado nenhum

parecer técnico que indica a existência de problemas geológicos-geotécnicos na área.

De acordo com o projeto de urbanização analisado, foi necessária apenas a

construção de muros de arrimo em alguns pontos localizados.

A vistoria realizada na favela apontou a ocorrência de deterioração da proteção

vegetal por pisoteio excessivo de pequenas porções de áreas verdes/taludes

localizadas junto à av. Orfeu Paravente e o início da ocupação da área verde

localizada na via 24.S.7, que pode vir a comprometer a estabilidade daquele local.

Constatou-se também que o muro de arrimo existente no final da via de circulação

24.P.1 apresenta parte do talude em processo de escorregamento, ameaçando a viela

de ligação desta via de circulação até os três domicílios ali existentes.

5HFRPHQGD�VH� Não foram encontrados maiores problemas em relação à segurança

geotécnica, restando apenas executar as obras de manutenção quando se fizerem

necessárias. Em relação aos problemas relatados, recomenda-se: a) trabalho de

1 Grupo de Trabalho de Geotécnica e Geologia Urbana - Habi/Sehab/PMSP

,6*���,QGLFDGRU�GH�6HJXUDQoD�*HROyJLFD�*HRWpFQLFD

Pontuação obtida: 99,76 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

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esclarecimento e educação ambiental junto aos moradores de forma a evitar o pisoteio

das áreas verdes gramadas; b) atuação da própria associação dos moradores e da

fiscalização da PMSP para impedir a ocupação da área verde; c) complementação do

muro de arrimo existente no final da via de circulação 24.P.1 de forma a cessar o

escorregamento existente.

,(/���,QGLFDGRU�GH�(QHUJLD�(OpWULFD

Pontuação obtida: 91,73 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

Figura 6.9 Detalhe da Caixa da Eletropaulo sem Medidor Figura 6.10 Detalhe do Fiação Elétrica Precária

$QiOLVH�UHDOL]DGD� Foi constatada que a totalidade dos domicílios está coberta pelo

serviço de fornecimento de energia elétrica. Entretanto, observou-se que 52,51% dos

domicílios não recebem conta de energia elétrica, seja por desatualização do cadastro

da concessionária, seja por falta da instalação de aparelho de medição de consumo

(vide figura 6.9), ou seja porque o número de ligações irregulares e/ou clandestinas é

elevado. Entende-se que toda e qualquer situação irregular relacionada à energia

elétrica pode acarretar uma série de perigos para os moradores -- incêndio, choque

elétrico, danos em aparelhos eletrodomésticos, entre outros.

Foi constatados também um número significativo de ligações mal executadas entre o

postinho de entrada (kit) e os domicílios, sendo comum visualizar os fios

emaranhados, estando inclusive ao alcance das crianças. (ver figura 6.10).

5HFRPHQGD�VH�� Atualização do cadastro de todos os domicílios e instalação de

medidores de consumo de energia. Entende-se que pelo fato de as pessoas não

estarem pagando pela energia elétrica, não exista a preocupação quanto a seu uso de

forma racional, o que resulta em desperdício de energia, além da possível sobrecarga

do sistema, entre outras conseqüências.

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Paralelamente a esse cadastramento, deve-se verificar as condições das ligações de

energia elétrica, principalmente dos padrões de entrada (postinho) até a residência.

Torna-se necessário que sejam realizadas vistorias pelos técnicos da concessionária

no sentido de orientar a população sobre a maneira correta de se realizar estas

ligações.

,''���,QGLFDGRU�GH�'HQVLGDGH�'HPRJUiILFD�%UXWD

3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

$QiOLVH�UHDOL]DGD� Apontou que a favela apresenta condições adequadas quanto às

características da distribuição dos domicílios e conseqüentemente da concentração da

população. A favela possui uma localização bastante favorável, uma vez que ela é

circundada por ruas em quase a totalidade de seu perímetro, existindo 63 (28,3%)

domicílios com frente voltada para o sistema viário do bairro. Há um número razoável

de domicílios próximos às saídas para essas ruas, e isto faz com que a concentração

no interior da favela fique diluída, compensando a falta de espaço público.

Apesar de a pesquisa realizada junto à diretoria da Associação dos Moradores da

Favela Jardim Floresta apontar uma elevada falta de segurança no interior do conjunto

-- 60% entre ruim e péssima --, tendo como referência as conversas mantidas com os

moradores durante as várias visitas realizadas à área, acredita-se que esta questão

esteja mais relacionada ao bairro como um todo do que especificamente à favela e/ou

vinculada à questão da taxa de densidade demográfica ali existente.

Início do processo de densificação em virtude da construção de novas moradias e/ou

da verticalização dos atuais domicílios existentes. Nesta direção, observa-se que tal

processo já se encontra em andamento.

5HFRPHQGD�VH�

Esforços devem ser mantidos no sentido de impedir a construção de novas moradias.

A manutenção das condições de salubridade na favela tende a se deteriorar se tal

processo não for monitorado a tempo. Considerando-se a complexidade envolvida na

questão do controle de processos de adensamento, entende-se que a PMSP deva

fornecer esclarecimento à população sobre as conseqüências do adensamento, uma

vez que, elas estão relacionadas às condições de salubridade dos domicílios,

prejudicando, principalmente as crianças e os idosos.

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,5(���,QGLFDGRU�GH�5HJXODUL]DomR�)XQGLiULD

3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

$QiOLVH�UHDOL]DGD� De acordo com a pesquisa realizada junto à PMSP, constatou-se

que a favela Jardim Floresta está localizada na área verde pertencente a dois

loteamentos: Jardim da Floresta -- não está regularizado junto à PMSP -- e Jardim

Vista Alegre -- regularizado junto à PMSP. De acordo com a PMSP, estudos estão

sendo realizados no sentido de promover a regularização fundiária dessas áreas.

Torna-se necessário aguardar as definições legais sobre a forma como se solucionará

a questão.

5HFRPHQGD�VH�� Esforços devem ser mantidos no sentido de se resolver essa

situação no mais curto espaço de tempo possível, uma vez que a regularização

fundiária da favela urbanizada constitui-se em interesse de todos:

- do Poder Público, que poderá reconhecer o direito à moradia desses moradores;

arrecadar com a cobrança de uma série de impostos e taxas municipais;

- dos moradores, que passaram a ter regularizada uma situação geradora de

insegurança, garantindo a posse de um patrimônio que para muitos representa anos

de trabalho.

De acordo com GUEDES (1995), para o início do processo de regularização existem

providências que devem ser tomadas, tais como:

- elaborar projeto de urbanização das áreas comuns de cada domicílio, com definição

clara dos limites das áreas públicas e das áreas privadas;

- elaborar planta de parcelamento do solo indicando lotes ou áreas privativas de cada

unidade habitacional; áreas públicas, sistema viário para autos e para pedestres,

quadro de áreas compatível, unidades construídas;

- elaborar as plantas das unidades habitacionais no padrão de aprovação;

- elaborar projetos de infra-estrutura urbana compatível com o padrão de aprovação;

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- encaminhamento do projeto aos órgãos estaduais de aprovação, às concessionárias

estaduais de serviços públicas e aos Cartórios de Registro de Imóveis.

,9$���,QGLFDGRU�GH�9DUULomR

3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR������

Figura 6.11 Entulho Jogado na Via de Circulação Figura 6.12 Falta de Varrição - Lixo na Drenagem

$QiOLVH� UHDOL]DGD� Foi constatada a inexistência do serviço de varrição nas vias

internas de circulação, assim como nas ruas do entorno da favela. De acordo com a

pesquisa realizada, 55,09% dos moradores não varre a via de circulação em frente a

sua residência.

Em relação à varrição, constatou-se sérios problemas nas vielas internas. Foram

observados muitos espaços públicos servindo como depósito de entulho de

construção – que com a chuva são levados para a drenagem assoreando-a. Foram

observados também inúmeros ralos cobertos por detritos -- sacos plásticos, papéis,

latas etc.

5HFRPHQGD�VH� Considerando que as condições de salubridade estão diretamente

vinculadas à questão do lixo, principalmente o lixo superficial. Entende-se que

esforços deveriam ser mantidos no sentido de alertar a população para o perigo que

representa o simples ato de jogar lixo no chão. Cabe ao Poder Público introduzir o

serviço de varredura nesses assentamentos urbanizados e programas de educação

ambiental. O serviço de varrição deve vir sempre acompanhado do serviço de

conservação da varrição que lhe é complementar, e deve ser mais intensa nos pontos

de maior concentração popular. A “limpeza das vias e logradouros públicos deve ser

preocupação constante da Administração Municipal” (AMBROSIS, 1984). Nessa

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direção, o serviço de varrição pública representará um importante papel dentro do

processo de conscientização da população local.

Recomenda-se a contratação dos próprios moradores da favela para a realização de

tal serviço.

,,3���,QGLFDGRU�GH�,OXPLQDomR�3~EOLFD

3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

Figura 6.13 Vias Principais com Luminárias Figura 6.14 Iluminação da Via Interna pelo Morador

$QiOLVH� UHDOL]DGD� Foi constatada que a favela é parcialmente atendida por

iluminação pública. As vias do entorno são iluminadas, assim como os três acessos

principais (ver figura 6.13). Entretanto, as vias de circulação internas da favela com

largura de 1,5 m não possuem iluminação pública. Apesar de essas vias internas não

possuírem iluminação pública, de acordo com a pesquisa realizada, apenas 25,81%

dos moradores declararam que a via de circulação não era iluminada. Observou-se

que as vias internas eram iluminadas pelos próprios moradores, estes colocam

lâmpadas do lado de fora da residência. (ver figura 6.14).

5HFRPHQGDo}HV� Todas as vias de circulação deverão possuir iluminação pública

completada pela concessionária do serviço (no caso, a Eletropaulo). Atualmente, o

nível de iluminação na favela poder ser considerado adequado, tendo em vista que

muitos domicílios apresentam uma lâmpada externa acesa. Entende-se que esse fato

ocorra em virtude de as pessoas não estarem pagando pela energia elétrica

consumida. Assim, a partir do momento que houver cobrança pela energia elétrica

gasta, acredita-se que uma parcela significativa de moradores deixará de acender uma

lâmpada do lado de fora do domicílio.

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3RQWXDomR�REWLGD������� 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

Figura 6.15 Programa Rua de Lazer - Via Externa Figura 6.16 Detalhe da Área Verde

$QiOLVH�UHDOL]DGD� As áreas para uso público no interior da favela são escassas. Foi

constatada a existência de três áreas verdes -- pequenas sobras de áreas internas,

com aproximadamente 30/40 m2 cada uma -- gramadas e íngremes (ver figura 6.16).

Uma dessas áreas estava sendo ocupada pela ampliação de uma residência. Existe

um espaço central -- que é a “alça de manobra” -- localizado no fim da via de

circulação 24.P.2, mas que está sendo utilizada para estacionamento e/ou depósito de

material de construção (ver figura 6.20).

Observou-se a existência uma creche mantida pela Igreja Evangélica Luterana da

Alemanha: “Programa Comunitário - Reconciliação do Menor”. Um dos problemas

constatados refere-se à regularização da creche, uma vez que a prefeitura alega que

ela se encontra em local inadequado, do ponto de vista técnico.

Um ponto de destaque é a utilização da av. Orfeu Paraventi, nos fins de semana,

como rua de lazer pelos moradores da favela e do bairro (ver figura 6.15).

5HFRPHQGDo}HV��Garantir a continuidade -- e se possível ampliar o número de ruas

utilizadas para lazer nos fins de semana, pois das três ruas que contornam a favela

apenas a av. Orfeu Paravente apresenta essa função. Trata-se de uma alternativa à

falta de espaço público no interior da favela.

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Recomenda-se também: a) incentivo à creche pela importância que possui para a

comunidade; b) a área gramada ao final da via 24.S.3 poderia ser arborizada. Desta

forma serviria simultaneamente para melhorar o conforto ambiental e a qualidade de

vida dos moradores (ALMEIDA; LEME 1997).

,5)����,QGLFDGRU�GH�5HQGD

3RQWXDomR�REWLGD��QmR�GLVSRQtYHO 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

$QiOLVH� UHDOL]DGD� Através do levantamento de dados constatou-se que o nível de

renda da população é baixo: 77,58% dos moradores recebem menos de três salários

mínimo. A rendia média por domicílio é de R$ 295,38 e a renda média por habitante é

de R$ 74,84.

Vale destacar que 16,15% das famílias entrevistadas não apresentam nenhum

rendimento.

5HFRPHQGDo}HV: Diante situação econômica constatada pelo levantamento

realizado, entende-se que qualquer programa de geração de renda deverá ser

analisado num contexto que inclua os moradores da favela.

Assim, sempre que possível, deve-se buscar a contratação de mão-de-obra local --

moradores da própria favela --, contribuindo para o aumento da renda familiar e,

conseqüentemente, para a melhora da situação sócio-econômica observada.

Considerando o baixo poder aquisitivo dessa população recomenda-se que a PMSP

dirija esforços no sentido de subsidiar programa de recuperação das unidades

habitacionais, uma vez que, observou-se um número significativo de domicílios

apresentando problemas de insolação, ventilação, umidade, entre outros.

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3RQWXDomR�REWLGD��QmR�GLVSRQtYHO 'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

$QiOLVH� UHDOL]DGD� Através do levantamento de dados constatou-se que o nível de

escolaridade existente na favela é baixo. Dos 677 moradores em idade escolar e que

responderam o questionário: 10,19% são analfabetos, 79,03% possuem até 1o grau e

10,78% possuem nível de escolaridade acima do 2o grau.

5HFRPHQGDo}HV��A�partir dessa informação percebe-se a necessidade da realização

de programas complementares de educação, seja de saúde pública, de higiene

pessoal ou de educação ambiental. No caso específico da favela Jardim Floresta,

considerando que a favela está localizada em uma área de preservação aos

mananciais, entende-se que seja necessária a realização contínua de campanhas

informativas a respeito das questões ambientais.

Sugere-se a criação de programas educacionais voltadas para os moradores da favela

com objetivo de conscientizá-los a respeito da importância de evitar o acúmulo de lixo

e entulhos nas vias de circulação. Destaca-se também que, cabe ao Poder Público

colocar caçambas em locais de fácil acesso aos moradores e promover mutirões de

limpeza etc. de forma a viabilizar/auxiliar a manutenção das vias de circulação da

favela limpas.

O PSABG, em seu subprograma quatro (Proteção Ambiental), contempla a parte

referente às atividades do Núcleo de Educação Ambiental. Entretanto, as atividades

do referido núcleo encontram-se paralizadas por falta de verbas.

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/HYDQWDPHQWR�)RWRJUiILFR�&RPSOHPHQWDU

'DWD�GR�OHYDQWDPHQWR��QRYHPEUR�����

Figura 6.17 Vazamento no Ramal Domiciliar Figura 6.18 Hidrante - Importante Medida de Segurança

Figura 6.19 Via de Circulação Comprometida Figura 6.20 Apropriação Indébita do Espaço Público I

Figura 6.21 Apropriação Indébita do Espaço Público II Figura 6.22 Educação Popular Alternativa

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208

������ )LFKD� 5HVXPR� GD� 3RQWXDomR� H� D� &RUUHVSRQGHQWH� 2UGHQDomR� *UiILFD� GD

6LWXDomR�GH�6DOXEULGDGH�GH�$FRUGR�FRP�)DL[DV�GH�$GHTXDomR

6LJOD,

,QGLFDGRUHV�GR�,6$�) 3RQWXDomR

,6* Indicador de Segurança Geológica-Geotécnica �����

,&$ Indicador de Cobertura em Abastecimento de Água �����

,&( Indicador de Cobertura em Coleta Esgoto eTanques Sépticos

�����

,(/ Indicador de Energia Elétrica �����

,&5 Indicador de Coleta de Lixo �����

,'5 Indicador de Drenagem �����

,'' Indicador de Densidade Demográfica Bruta �����

,,3 Indicador de Iluminação Pública �����

,5( Indicador de Regularização Fundiária �����

,9& Indicador de Vias de Circulação �����

,(3 Indicador de Espaço Público �����

,9$ Indicador de Varrição �����

,5) Indicador de Renda Q�G

,(' Indicador de Educação Q�G

/HJHQGD�

Situação de Salubridade Positiva (SSP) (85 < I < 100 pontos)

Situação de Salubridade Moderada (SSM) (70 < I < 85 pontos)

Situação de Salubridade Insatisfatória (SSI) ( I < 70 pontos)

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209

������&iOFXOR�GD�1RWD�)LQDO�GR�,6$�)�GD�)DYHOD�-DUGLP�)ORUHVWD

Como critério de cálculo estabeleceu-se a seguinte equação do ISA/F:

ISA/F = (ICA + ICE + ICR + IDR + IVC + ISG + IDD + IEL + IRE + IVA+ IIP + IEP + IRF + IED) ÷ 14

ISA/F = (91,86 + 91,86 + 87,17 + 86,96 + 53,07 + 99,76 + 80,00 + 91,73 + 60,00 +

26,10 + 72,20 + 40,00 + n/d +n/d) ÷ 121

������&RQFOXVmR

A partir da avaliação das condições de salubridade ambiental da favela Jardim

Floresta, obtida através do método do ISA/F, concluiu-se que:

- Os indicadores que apresentaram as melhores avaliações são justamente aqueles

que possuem maior potencial de alteração das condições de salubridade:

abastecimento de água, coleta de esgoto e coleta de lixo.

- O sistema de drenagem implantado apresenta um elevado índice de eficiência. Os

problemas detectados são pontuais, estão relacionados ao lixo jogado pelos

transeuntes e o entulho das obras.

- As vias de circulação são funcionais, permitindo um fácil deslocamento dos

moradores no interior da favela. As inúmeras escadarias permitem o acesso às

porções da favela localizadas nas partes mais íngremes. Observa-se que as

dimensões diminutas de inúmeras vias internas de circulação, associadas às

1 Considerando-se que não foi obtido a pontuação do IED e do IRF, o cálculo foi realizado com 12 indicadores.

,6$�)� �������SRQWRV

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edificações sobradadas existentes criam espaços claustrofóbicos em determinados

pontos no interior da favela.

- A topografia favorável do terreno e as obras de contenção de encostas executadas

nas porções mais íngremes fazem com que a área não apresente problema de

segurança geológica-geotécnica. Entretanto, observa-se início de risco induzido pela

intervenção dos moradores nas obras realizadas: corte de talude, deterioração da

proteção vegetal das áreas verdes.

- As atuais condições de congestionamento -- FURZGLQJ� --� das áreas externas às

moradias são satisfatórias, favorecidas pela utilização das vias de circulação do bairro

como espaço público. As condições habitacionais não foram pesquisadas, mas

observa-se um aumento significativo das ampliações das moradias já existentes.

- Observando a fiação de energia elétrica aparente nos NLWV da Eletropaulo, percebeu-

se que as instalações elétricas foram executadas com materiais de qualidade duvidosa

gerando sérias preocupações quanto a futuros problemas.

- Em relação à questão da regularização fundiária, foi observado que a PMSP está

empreendendo esforços no sentido do seu equacionamento.

- A ineficiência observada no serviço de varrição, somada ao excessivo volume de

entulhos oriundo do processo de melhoramento que o PSABG gerou na favela,

constitui-se em um elemento agravante das condições não só da salubridade da favela

especificamente, mas da poluição ambiental que está provocando na área da bacia do

Guarapiranga e, conseqüentemente, no reservatório, depositário final.

- O serviço de iluminação pública das vias internas de circulação deverá ser

complementado de forma aumentar a segurança dos moradores no período noturno.

- Os espaços públicos são precários no interior da favela.

- O poder aquisitivo da população é baixo, assim como o nível de escolaridade.

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- Observou-se que a falta de locais apropriados para o depósito de lixo constitui-se

uma questão a ser equacionada.

��&21&/86®(6�(�5(&20(1'$d®(6

Neste capítulo são apresentadas as conclusões gerais, confirmando a hipótese inicial

que propôs verificar as condições de salubridade ambiental em uma favela

urbanizada. Nesta direção, a elaboração desta tese permitiu demonstrar que o método

proposto é capaz de realizar tal avaliação, configurando-se assim em um instrumento

adequado para subsidiar processos de tomada de decisão no município,

principalmente em programas de gestão habitacional relacionados com favelas.

Por meio das aferições realizadas no estudo de caso na favela Jardim Floresta,

selecionada para tal fim, foi constatado que os indicadores que compõem o ISA/F são

eficazes, objetivos e de fácil aplicabilidade, em consonância com a proposta da tese,

exceção feita ao Indicador de Segurança Geológica-Geotécnica, o qual necessita da

participação de especialistas para sua elaboração.

Nesse sentido, sua reaplicabilidade pode ser considerada condizente com as

possíveis limitações do corpo técnico existente na maioria das prefeituras municipais.

A realização do estudo de caso serviu para comprovar que a utilização dos

indicadores do ISA/F -- como paradigma para o controle das condições de salubridade

em favelas urbanizadas -- poderá permitir a realização de avaliações sistemáticas e

simultâneas de diferentes favelas por um órgão público, viabilizando o

estabelecimento de um processo decisório que resultará em ganhos operacionais e na

agilização dos seguintes trabalhos, entre outros:

a) acompanhamento sistemático das condições de salubridade ambiental nas favelas

urbanizadas;

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b) identificação de problemas, que poderão ocorrer na favela, referentes à

preservação, à durabilidade ou à manutenção das obras executadas, em

conseqüência do próprio processo de ocupação, permitindo assim um rápido

equacionamento do problema detectado;

c) hierarquização das favelas -- incluindo-se também as favelas não urbanizadas -- de

acordo com as condições de salubridade existentes, de forma a priorizar áreas de

intervenção para a execução de projetos de urbanização de favelas conforme com a

hierarquização estabelecida;

d) indicador para a definição criteriosa e racional da utilização das verbas públicas.

A realização do estudo de caso permitiu ainda comprovar que os trabalhos de

urbanização realizados nesta favela específica promoveram a sua recuperação

urbanística ambiental, adequando-a a padrões de salubridade ambiental que viabiliza

a sua permanência no local.

Observou-se, entretanto, que a agressão ao meio ambiente, embora sensivelmente

reduzida, continua a ocorrer, apesar de as obras de engenharia terem sido executadas

e a prestação dos serviços urbanos básicos necessários para garantir a recuperação

urbanística ambiental da favela estar ocorrendo regularmente.

Nessa direção, constatou-se a existência, nas vias internas de circulação, de um

excessivo volume de lixo superficial, principalmente de entulho, latas, fezes de

animais, caixas de fósforo, pilhas, papéis e plásticos em geral, tampinhas de garrafa

etc. Grande parte desse tipo de material pode não se constituir em uma ameaça direta

à saúde da população, mas ao serem carreados pela drenagem até as galerias para

águas pluviais, e através desta até os córregos que deságuam na represa do

Guarapiranga, representam uma fonte contínua de poluição deste reservatório.

O volume de entulho e de lixo superficial encontrado nas vias de circulação da favela

estudada comprova também que a execução do projeto de urbanização, por melhor

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que este tenha sido elaborado1, não garante por si só a completa mitigação dos

problemas ambientais resultantes da própria existência da favela em áreas de

proteção ambiental.

De forma a detalhar melhor a ocorrência de tal fato, comenta-se a seguir a situação

constatada referente aos serviços urbanos prestados para a favela Jardim Floresta:

- a coleta de lixo é prestada regulamente, três vezes por semana, entretanto a

inexistência de locais preestabelecidos em projeto para o armazenamento do

lixo faz com que o lixo seja depositado na calçada sem maiores cuidados,

ocasionando um sobra de lixo nas vias, em razão de os sacos de lixo estarem

excessivamente cheios ou serem rasgados pelos animais, entre outras razões;

- a água, o esgoto e a energia elétrica atendem a maioria dos domicílios,

entretanto dois fatos merecem destaques: 1) em relação à coleta de esgoto,

foram mantidos os ramais internos existentes. Eles foram conectados à caixa

de passagem e daí até a rede coletora. Muitos desses ramais apresentam

vazamentos, entre outros problemas; 2) constatou-se também que menos de

50% das famílias está cadastrada e, portanto, não recebe contas de água (não

são hidrometradas) e de energia elétrica (não possuem relógio para medição),

gerando um uso não racional;

- foram observados problemas localizados referentes à falta de iluminação em

algumas vias de circulação e à falta de ligação da rede de esgoto nos

domicílios que foram construídos recentemente;

- existência de processo de apropriação dos espaços de uso público existentes

no interior da favela. Tal fato está ocorrendo em virtude da ausência de

1 Vale observar que o Escritório de Arquitetura Paulo Bastos e Associados venceu o concurso da 4a

Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (1999) -- Grande Prêmio de Urbanismo. Na ocasião, oreferido escritório concorreu apresentando o plano de urbanização da favela Jardim Floresta (a favela queestá sendo avaliada neste trabalho).

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fiscalização por parte da PMSP e da falta de representatividade da associação

de moradores.

Apesar dos problemas apontados, entende-se que a urbanização da favela Jardim

Floresta eliminou de forma quase que total -- no estudo de caso constatou-se que

99,1% dos domicílios possuem rede de esgoto -- a principal fonte de poluição, o

esgoto doméstico. Entretanto, tendo em vista o baixo poder aquisitivo dos moradores -

- R$ 74,84 renda média por habitante na favela --, assim como o baixo grau de

escolaridade existente na favela -- observou-se no estudo de caso que 10,19% eram

analfabetos e 79,03% possuíam até o 1o grau --, percebe-se que a questão ambiental

é relegada a segundo plano, se é que ela existe.

Entende-se que o ISA/F, por ser um modelo, poderá ser aprimorado a partir da

continuidade da aplicação. Considera-se que, no processo de urbanização de uma

favela, o ISA/F poderá ajudar a estabelecer metas e objetivos e até padrões

relacionados com o controle da execução do projeto, de densidade ideal, do tipo de

serviço apropriado, entre outros.

A agilização desse processo poderá ser realizada através da informatização dos

órgãos públicos, pois permitirá a formação de bancos de dados contendo projetos de

urbanização em programas que admitem a sua visualização, a sua mensuração, a sua

alteração; assim como manter atualizados: a relação de favelas urbanizadas, a

situação fundiária das áreas, os dados cadastrais dos moradores, os dados sobre

saúde pública por favela, as especificações técnicas das obras executadas, os

levantamentos topográficos, os projetos de urbanização, o cadastro imobiliário, a

relação de moradores e as comissões de moradores, a relação das vias de circulação

abertas, entre outros.

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Com a criação desses bancos de dados e o uso cada vez mais disseminado da

Internet, haverá a possibilidade de parte dessas informações estarem disponíveis ao

acesso público.

Em relação ao PSABG, observou-se que foi dada ênfase na execução das unidades

sanitárias e na construção das escadarias e vias de circulação. Estas obras foram

necessárias para a instalação das redes coletoras de esgoto e, conseqüentemente, de

abastecimento de água. A execução dessas obras gerou grande expectativa na

população, dando início a um processo, já observado, de reconstrução e de ampliação

dos domicílios existentes, assim como da construção de novas residências. Entende-

se que este processo tende a ser evolutivo na falta de medidas legais que

regulamente essas construções.

Destaca-se que o programa de educação ambiental para a população das áreas

urbanizadas, apesar de constar nas diretrizes do PSABG, não foi implantado. Este fato

faz com que a população sinta dificuldade em perceber a importância de colaborar

com a manutenção das obras executadas, assim sendo a médio e/ou longo prazos

poderá trazer problemas de diversas ordens, tais como: jogar lixo em local não

apropriado, acarretando o aparecimento de vetores; o acúmulo de entulho nas vias de

circulação, quando carreados pelas águas pluviais, pode comprometer o sistema de

drenagem; entre outros. Tais fatos podem prejudicar o trabalho de urbanização

executado.

Observa-se que “a educação ambiental aparece na Constituição como incumbência do

poder público, juntamente com a promoção da conscientização social para a proteção

do meio ambiente” (PHILIPPI JR., 1997, p. 2652).

O desenvolvimento do presente trabalho e em especial o estudo de caso realizado,

além do contato do autor com diferentes órgãos públicos e profissionais das mais

distintas áreas de conhecimento, permite elaborar algumas recomendações de temas

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para o aprofundamento de novos estudos e pesquisas que envolvam o uso de

indicadores ou que tratem da análise do fenômeno das favelas.

a) o estabelecimento de uma rede nacional e internacional que trabalhe e troque

informações na área de aplicação de indicadores relacionados à salubridade

ambiental e estudos urbanísticos referentes às favelas;

b) aprofundamento de estudos que relacionem os efeitos da ocupação urbana

com as questões ambientais;

c) elaboração de estudos sobre indicadores de sustentabilidade ambiental

urbana, voltados para a definição das capacidades de sustentação da evolução

urbana;

d) estudos baseados em fundamentos técnicos que correlacionem causa e efeito

do processo de expansão urbana sobre o meio ambiente, de forma a minimizar

os efeitos das causas urbanas e em especial as áreas de favelas;

e) estabelecimento de indicadores que possam medir o efeito da urbanização

sobre as áreas de expansão urbana, de forma a quantificar os efeitos e não

apenas diagnosticá-los;

f) elaboração de estudos voltados para a definição de modelos de educação

ambiental específicos para serem implantados em favelas e outros tipos de

assentamentos habitacionais de baixa renda, localizados em áreas de

preservação ambiental.

Finalmente, entende-se que o desafio que se coloca é encontrar meios para tornar o

método proposto um instrumento de trabalho que alicerce processos de tomada de

decisão dentro dos órgãos públicos.

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