1971 - lojas renner · e cada uma das fotos que você vai ver a seguir poderia muito bem ter sido...

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1978 1971 1970 P ara mim, Regina Guerreiro sempre foi um fenômeno. Quando ela me convidou para es- crever este texto para o seu (primeiro!) livro fiquei realmente feliz. Uma honra participar do trabalho deste verdadeiro ícone da moda brasileira. Como todo mundo sabe, ícone é o que faz a diferença. E Regina sempre faz a maior diferença por onde passa. Comecei a reparar em seu notáv- el trabalho na incipiente editoria de moda brasileira dos anos 1970. O que ela já fazia na época não só tinha excelente qualidade como também refletia um momento de grandes transformações culturais. As imagens pioneiras que Regina produziu, junto com seu texto muito pessoal, traduziam com exatidão aquele instante. A pílula e as ideias dos jovens também estavam fazendo toda a diferença, inovando e embaçando consideravelmente as fronteiras entre o conhecimento “highbrow” (elitista) e “lowbrow” (pop). Enquanto a moda seguia a arte, a literatura e o entretenimento, tentando abranger o fluxo onipresente da nova cultura de massa, Regina descrevia em seus editoriais tudo o que via. Quando iniciou o brilhante momento da Vogue Brasil nos anos 1980, o processo estava mais amadurecido no mundo, mas nem tanto por aqui. Com a independência e a autoridade que o título Vogue lhe conferia, trabalhou, audaciosa, uma linha de risco e absurdo nos visuais de grande beleza que driblavam as polaridades culturais. O elitismo de seus editoriais ficou por conta da fantasia impetuosa, mas nem a moda nem as imagens eram simplistas ou carregavam o jargão pop. O moderno era ser pop. Ela fez o pop-chic. Suas ma- térias – estáticas no papel – sempre privilegiaram cor e movimento por meio da edição de arte. Estava em sintonia com a dinâmica da onipresente revolução estética MTV na televisão da época. Seu olhar sempre saboreou os contrastes, confrontos, controvérsias e con- testações. As forças opostas são o alimento de seu incrível talento e, porque não, vá lá, de seu comportamento. O seu chic-choc também é icônico. Regina não é fácil, dizem. Mas quem disse que fácil é legal? Rolam várias lendas sobre os obstáculos que a equipe de produção teve de superar para conseguir o que Regina precisava para obter o que ela imaginava. Nada fácil. Desconfio que Regina curta – secre- tamente – a complicação. Esta rima com sofisticação, com requinte, com perfeição. Não é à toa que a melhor safra de stylists brasileiros saiu de suas mãos. Também não é à toa que lá nos anos 1970, que- rendo me iniciar na produção de moda, fui pedir emprego à Dona Re- gina. Que não me contratou! Continuo fã incondicional de seu talento e olhar fenomenal, longe de todo lugar-comum, com muito carinho. COSTANZA PASCOLATO

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Page 1: 1971 - Lojas Renner · E cada uma das fotos que você vai ver a seguir poderia muito bem ter sido feita hoje pela manhã ou depois de amanhã. Certa vez, em uma reportagem, me pediram

1978

197119

70

Para mim, Regina Guerreiro sempre foi um

fenômeno. Quando ela me convidou para es-

crever este texto para o seu (primeiro!) li vro

fiquei realmente feliz. Uma honra participar

do trabalho deste verdadeiro ícone da moda

brasileira. Como todo mundo sabe, ícone é

o que faz a diferença. E Regina sempre faz a

maior diferença por onde passa. Comecei a reparar em seu notáv-

el trabalho na incipiente editoria de moda brasileira dos anos 1970.

O que ela já fazia na época não só tinha excelente qualidade como

também refletia um momento de grandes transformações culturais.

As imagens pioneiras que Regina produziu, junto com seu texto muito

pessoal, traduziam com exatidão aquele instante. A pílula e as ideias

dos jovens também estavam fazendo toda a diferença, inovando e

embaçando conside ravelmente as fronteiras entre o conhecimento

“highbrow” (elitista) e “lowbrow” (pop). Enquanto a moda seguia a arte,

a literatura e o entretenimento, tentando abranger o fluxo onipresente

da nova cultura de massa, Regina descrevia em seus editoriais tudo

o que via. Quando iniciou o brilhante momento da Vogue Brasil nos

anos 1980, o processo estava mais amadurecido no mundo, mas

nem tanto por aqui. Com a independência e a autoridade que o título

Vogue lhe conferia, trabalhou, audaciosa, uma linha de risco e absurdo

nos visuais de grande beleza que driblavam as polaridades culturais.

O elitismo de seus editoriais ficou por conta da fantasia impetuosa,

mas nem a moda nem as imagens eram simplistas ou carregavam

o jargão pop. O moderno era ser pop. Ela fez o pop-chic. Suas ma-

térias – estáticas no papel – sempre privilegiaram cor e movimento

por meio da edição de arte. Estava em sintonia com a dinâmica da

onipresente revolução estética MTV na televisão da época. Seu olhar

sempre saboreou os contrastes, confrontos, controvérsias e con-

testações. As forças opostas são o alimento de seu incrível talento e,

porque não, vá lá, de seu comportamento. O seu chic-choc também

é icônico. Regina não é fácil, dizem. Mas quem disse que fácil é legal?

Rolam várias lendas sobre os obstáculos que a equipe de produção

teve de superar para conseguir o que Regina precisava para obter o

que ela imaginava. Nada fácil. Desconfio que Regina curta – secre-

tamente – a complicação. Esta rima com sofisticação, com requinte,

com perfeição. Não é à toa que a melhor safra de stylists brasileiros

saiu de suas mãos. Também não é à toa que lá nos anos 1970, que-

rendo me iniciar na produção de moda, fui pedir emprego à Dona Re-

gina. Que não me contratou! Continuo fã incondicional de seu talento

e olhar fenomenal, longe de todo lugar-comum, com muito carinho.

COSTANZA PASCOLATO

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1996

CARTA DO EDITORUma mensagem via Facebook e o encontro foi marcado. Jussara

Romão sugeriu o Empório Santa Maria, em São Paulo, já adiantan-

do que tinha uma proposta interessantíssima: editar o primeiro livro

de Regina Guerreiro. Antes mesmo do encontro, eu sabia que este

projeto tinha a cara da Luste. Regina é um ícone da moda no Brasil e,

mais do que uma jornalista, uma artista atemporal. Após a conver-

sa com Jussara, meu interesse pelo projeto ficou ainda mais forte.

Percebi que, além de um grande talento, Regina tinha um grupo de

amigos e admiradores muito próximos, que formavam uma cor-

rente positiva em seu entorno. De fato, acredito que toda a intensi-

dade e paixão que são parte da personalidade de Regina estejam

refletidas neste livro. É claro que, antes de conhecê-la pessoal-

mente, havia um receio natural de como seria o encontro. A mito-

logia em torno de seu nome trazia referências a Miranda Priestley,

do filme “O Diabo Veste Prada”: uma personalidade difícil, que tan-

tas vezes acompanha pessoas talentosas e exigentes. Cheguei à

sua casa, num sábado, um pouco ansioso. Mas bastou a primeira

troca de palavras e uma deliciosa risada de Regina para que eu

percebesse que tinha à minha frente uma mulher gentilíssima, di-

vertida e energética. Enfim, a realização deste livro foi um prazer

em todos os sentidos: no convívio com as pessoas envolvidas, na

realização do trabalho em si e na seleção dos brilhantes editoriais,

que, como o leitor poderá perceber, são trabalhos detalhados e

originais, que refletem um olhar aguçado. Não que a escolha das

imagens tenha sido uma tarefa fácil: com tantos trabalhos incríveis,

poderíamos fazer uma série de volumes. Tenho certeza, porém, de

que o leitor não ficará decepcionado com o resultado. Este é um

livro rico em imagens – não poderia ser diferente, já que todos os

grandes fotógrafos brasileiros passaram por Regina – acompanha-

das de um texto inteligente e divertido, escrito pela própria, é claro.

É um panorama não só do trabalho e da personalidade de Regina,

mas da própria história da moda e do jornalismo brasileiro nas últi-

mas décadas. Com a edição concluída nas mãos, é difícil acreditar

que o livro não tenha sido feito antes. Para a Luste, é um orgulho

que tenhamos sido nós a realizá-lo. ."3$&-�."3*"/0�t�&%*503

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2003

1989

1989

Com Regina Guerreiro o jornalismo de moda no Brasil cresceu e apareceu. E não falo apenas de texto, linguagem, informação, objetividade e, sobretudo, estilo – afinal, ninguém escreve como ela. Não se pode esquecer que com Regina a fotografia de moda também atingiu outro patamar. Roupas deixaram de ser ape-

nas figurinos arrumadinhos que as leitoras queriam copiar, modelos não seriam mais só aquelas meninas bonitas em poses comporta-das e a atitude - abusada, sexy, divertida – passou a dominar a cena. Porque Regina queria – e sabia – que aquelas roupas (e sapatos, bolsas, óculos, bijoux…) iriam ser usadas por mulheres que pensa-vam, trabalhavam, viajavam, amavam, sofriam, coravam, desejavam, se di-ver-ti-am – observe atentamente o trabalho de Regina Guer-reiro e, com certeza, você vai ouvir uma deliciosa gargalhada. Mu-nida de inteligência aguda e uma criatividade delirante, durante o tempo em que comandou redações (principalmente Vogue e Elle), ela nunca admitiu imagens meramente banais para acompanhar e complementar aquilo que vai escrito em uma reportagem e vice-ver-sa. Lembro de ouvi-la dizer para nós, a equipe muitas vezes atônita, porém sempre fascinada com os arroubos conceituais e visuais da chefe: “O título tem que pular da página e agarrar o leitor pelo colari-nho! A foto tem que dar vontade de lamber, de comer, de devorar mesmo a revista!” (provavelmente no dia em que Regina começou a falar, a primeira palavra já veio acompanhada de vários pontos de exclamação). Superlativos ou apoteoses nunca a amedrontaram. Ao contrário, são a matéria com a qual ela mais gosta de trabalhar. “A vida real é em preto e branco, então a gente tem que fazer algo bem technicolorido, mais excitante, cor coragem, sabe como? Senão fica tudo muito chati nho, uma coisa assim… n’importe quoi”, me ensinou. Ou: “É muito fácil combinar preto, branco, cinza e bege”. Regina é uma explosão. Antes de ver Regina pela primeira vez, eu ouvi Regina. Uma retumbante gargalhada anunciou sua entrada num almoço no Rodeio, perdido lá no final dos anos 70, quando o restaurante dos Jardins era “o lugar” para ver e ser visto em São Paulo. Editora toda poderosa da Vogue Brasil – muito antes de Anna Wintour e Miran-da Priestley serem inventadas – ela então estava loira, usava óculos escuros imensos e vestida de branco total. Um visual bem diferente daquele que adotou nos anos 1980, quando era adepta do japonismo e só vestia preto (certo motorista de táxi até lhe perguntou: “A que or-dem religiosa a senhora pertence?”). Aliás, ela ainda se veste de pre-to, mas por uma outra razão: “Descobri que sou mesmo uma mulher preta”, disse num almoço entre amigos e, apesar de termos achado muita graça, todo muito sabia que ela estava falando sério. Afinal, como disse Roland Barthes: “A moda é fútil demais e séria demais”. Como alguém que tem o privilégio de conhecer Regina no trabalho e na vida, digo que as fotos deste livro mostram, acima de tudo, um talento brasileiro único. Regina Guerreiro é um legítimo produto dos incríveis anos 1960 e está para moda assim como Glauber Rocha esteve para o cinema ou José Celso Martinez Corrêa para o teatro. E cada uma das fotos que você vai ver a seguir poderia muito bem ter sido feita hoje pela manhã ou depois de amanhã. Certa vez, em uma reportagem, me pediram para defini-la e eu, me achando a mais sharp das criaturas, disse que ela era um misto de Lady Macbeth (tira-na dramática), Diana Vreeland (puro glamour) e Dercy Gonçalves (7,8 na escala Richter da chanchada). Hoje, mudei de ideia. Digo apenas que Regina é Regina e ponto final. Sorry… ponto de exclamação. Ui!

MARIO MENDES

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2006

CARTA DO PATROCINADORRegina Guerreiro, considerada uma das primeiras jornalistas de mo-

da do Brasil, tem uma carreira repleta de conquistas e reconheci-

mentos. Sua primeira biografia “Regina Guerreiro: Uma história pela

moda”, lançada agora pela Luste Editores, retrata uma profissional

com mais de 40 anos de experiência no mercado de moda do país e

em muitos momentos se funde com a história do próprio segmento.

Para a Renner é muito gratificante apoiar esta iniciativa. Além de

aproximar a sociedade de quatro décadas da história da moda, é

mais uma oportunidade de colaborar para o desenvolvimento de

pessoas, um dos fundamentos corporativos da empresa. Outro

valor importante é que a jornalista Regina Guerreiro representa a

força das mulheres no mercado de trabalho. Foi também a partir

da leitura do gênero feminino, compreendendo o que as mulheres

pensam e buscam, que a Renner se tornou a segunda maior rede

de lojas de departamentos de vestuário no Brasil, com uma trajetória

de pioneirismo e expansão, presente nas cinco regiões brasileiras.

O mercado de moda brasileiro tornou-se destaque nas principais re-

vistas e jornais do mundo nos últimos anos. E, sem dúvida, Regina é

um personagem importante na consolidação da moda brasileira no

país e internacionalmente. Como editora de moda, sua visão tam-

bém mudou a maneira de transmitir os conceitos das passarelas

para as páginas das revistas. Regina sempre traduziu tendências

em desejos. Sua carreira e seus textos estão fragmentados nas

páginas desse livro e tornam-se fontes de de inspiração e referên-

cia para estilistas, jornalistas e empresários que atuam nesse setor.

Estamos felizes de fazer parte deste projeto e esperamos que

ele seja uma fonte de inspiração para você. Uma ótima leitura!

-6$*"/&�'3"/$*4$0/&�t�Gerente Geral de Marketing Corporativo

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a

O PATOQUEMORREUDE AZUL

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2011 Agora, mil anos depois (mas não foi ontem? não foi anteontem?), sem querer ou por querer, começo a digitar esses meus – digamos – life flashes ou flashes fashion. Tomo uma ducha gelada, visto meu quimono cinematográfico (Neon, coleção 2006), cujo print, uma verdadeira explosão de cores vivaças, nem sei como consigo en-carar. Afinal, desde os anos 80, quando Rei Kawakubo e Yohji Yama-moto decretaram o luto fashion, entrei com tudo na tal nuvem negra e... nunca mais saí dela! Anyway, abro meu iBook Titanius (que droga! Por que será que meus dedos agora deram de tremer?), e... coragem, amiga, coragem, encaro a telinha brancabrancabranca. Nada fácil. Parece que vivi... “demais”? Aiaiai, o passado começa a se esfarelar dentro da minha cabeça: não sei mais por onde andei, não sei mais quem amei. Será que eu ligo para a Maria Adelaide Amaral e peço para ela escrever esse meu complicadíssimo roteiro? Nãonãonão. Seria até tudo de bom, mas... não. Vou sozinha. Ainda que – como desde sempre – minha atração pelo “nada” seja jogo duro, e eu caia fácil em incoerentes pulsações negativas diante de uma página em branco. Me sinto rala, me sinto oca, me sinto louca, me sinto pouca. Afinal, não sou nenhum Murakami. Vale a pena? Não vale a pena?

1948 Sozinha, sozinha, eu falava sozinha... Não recla-mo. Mi nha imaginação cresceu, cresceu, e, aprendi bem depois, ela é pode rosa: pode ser até mais forte do que a verdade.

1968 Foi ontem? Foi anteontem? Oh, my God, I’m in Lon-don!!! Meio tonta, não adianta blefar. Quase tropeço na cauda de um vestido de crepe vermelho que uma garota (cabelos curtíssimos cola-dos na cabeça X cílios postiços imensos, quasequase arranhando o começo da face…) arrasta tranquila pelos corredores de um supermar-ket. A minissaia de uma futura mamãe é tão absurdamente mini que ui!, periga a gente ver o bebê! Londres – branquinha feito giz – parece uma cidade cenário e seus habitantes personagens incríveis (fanta-sias? heresias?), sempre prontos para entrarem em cena. As canecas de chope transbordam espumando, o fumacê (marijuana da boa) se espalha no ar “risonho e franco” e o perfume da vez, um tanto quanto enjoativo, é o patchuli (hummm, não curto nem um pouco)… Entro na Imogen (uma buti qui nha da King’s Road e… chego no Oriente! Só fal-tam mesmo os camelos… Caftans e mais caftans, marroquinos, beduí-nos, jordanianos. Piração! Olha esse bordado todo engalonado! Olha esse colar terracota! Olha essas contas imensas de âmbar, olha essas rendas de prata! Nas ruas, nos pubs, nas discotecas, 50% do poder jovem veste moda oriental. Na Thea Porter, butique tipo chiquitíssima, entro toda tímida. Nada de música nem de menininhas maluquetes, só gente grande e rica, de preferência. Mas o exotismo continua. Cin-turões de brocado, bijoux de espelho, turbantes de cetim, pants de ve-ludo. Caríssimo tudo, saio correndo e vou para outra, “outras”. A Mata Hari é uma butique espiã, daquelas em que mau gosto vira bom gosto

Mea maxima culpa: o diabo sou eu e a coitadinha da Anna Wintour (vulgo Miranda) é completamente inocente. Ela nunca matou pato nenhum com um, dois, dez jatos de spray, só para ele ficar azul e aparecer – glorioso – numa página dupla da revista Vogue. Ela nunca trancou a redação à chave, até que aqueles malditinhos redatores fechassem a edição da Elle, antes que o prazo estourasse. Ela nunca obrigou seus assistentes a trabalhar no Carnaval, alegando que nós, do planeta fashion, estávamos absolutamente acima dessas “pobres manifestações populares”. Ela nunca passou horas e mais horas ma-quilando um peixe imenso, com quilos e mais quilos de purpurina pura, só para ele faiscar na foto... E depois, fui eu – diabolique – e não Mrs. Wintour, the angel, quem arrancou – friamente – os olhos do tal peixe e incrustou “naqueles buracos horrendos” dois podero-sos rubis puro sangue.

2011 Minha vida é isso, sempre foi isso: uma briga de foice com o real (insuportavelmente banal), até que – exausta – eu conseguisse atingir o irreal???

1945 Tive uma infância no melhor estilo “boneca de louça”, des sas que abrem e fecham os olhos, fingindo que não estão nem aí. Ma mãe me fantasiava de sobrinha neta da Imperatriz Sissi: vestidinhos prin cipescos (embabadados, plissados, nervurados), sa-patinhos feitos à mão (de pe lica fininha no mesmo tom do vestido, é claro), tudo isso eterna men te “arrematado” por um laçarote de tafetá gi-gan-tes-co!, espetado bem no alto da minha cabeça. Eu não podia correr, não podia sujar, não podia amassar, não podia beijar, não podia quebrar, não podia... Socorro! Quero ser moleque, quero mas-car chiclete, quero... Por isso cresci “não me toques”, feito a Maria Eduarda, minha boneca de luxo, tão patricinha, mas tão patricinha, que eu não podia nem chegar perto. Bem feito! Ela viveu e morreu – mofando – dentro da sua caixa aveludada.

MEA CULPA

MEA CULPA

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e sai por aí ostentando cetins brilhosos/duvidosos. Na Feathers, pouca emoção, moda para mocinhas bem comportadas. Mas quando entro na Biba, tremo na base de novo. O “je t’aime… moi non plus” sussurrado pelo Serge Gainsbourg e gemido pela Jane Birkin toca sem parar, a luz é pouca mas dá para ver que a decoração é art nouveau. Nossa! Que graça! As roupas estão penduradas em cabides de pé, aqueles antigos – cheios de braços – que minha avó (ou sua bisavó?) usava. No sub-solo, um salão imenso todo espelhado, as garotas experimentam os mo-delitos freneticamente, sense no sense, incensos… Saio nova da Biba: mini de organza de algodão verde–azul, chapelão de palha e… vamos que vamos. Roger Bester, o fotógrafo inglês que está comigo, não curte nada esperar… De manhã, sofro para colar meus falsos cílios (impres-cindíveis!) e nem por isso atrasar. Anyway, agora estou na saleta black and black da casa do Ossie Clark, o novo Mary Quant da moda inglesa. Ele – ao contrário – aposta nas saias longas, nos longos fluidos e nas estampas lindaslindas da Celia Birtwell, sua namorada (os dois apa-recem juntos num quadro de David Hockney). Sua butique na King’s Road é a Quorum, uma caixa de fósforos que vendevende vende. So-corro, estou me sentindo meio caipira recém-chegada na cidade grande porque… tudo nele é um espanto! Suas botas de patch de lézard de salto alto (uiui!), suas calças justérrimas de veludo, sua camisa trans-parente aber ta e suada demais, milhões de anéis, milhões de pulseiras. “Gosto de tudo desconjuntado”, balbuciei quase de desvario. Fora da real, do you know? Diz que tem um sistema perfeitamente organizado para se proteger (ou seria fugir?) da realidade. Se bate noutro carro, por exemplo, tem sempre alguém a seu lado para resolver o problema. “Não me envolvo”, ele diz. Nem eu… Os vestidos de Ossie são para mulheres fadas, porque a vida real é feia, é triste. “Reparou como as coisas do passado já estão influenciadas pelas coisas que já eram pas-sado no passado?”. “O fato de o homem ter chegado à lua não tem nada a ver com a moda Terra”. Sei não, mas acho que Ossie Clark não sairia nunca com uma pseudoastronauta do Courrèges…

1996 Ossie Clark, então com 54 anos, morre esfaqueado por seu amante de 28, no tal apartamento black.

2010 Philo Phoebe aparece divina numa reportagem da Vogue francesa, usando um vintage de tafetá preto, assinado por Ossie Clark. Será que era aquele que um dia foi meu?

1964 Jogo duro entrar na Abril, mas… enfim, até que enfim, eis-me aqui catando milho numa antiga máquina de escre-ver, na saleta que era a redação da Manequim, na Rua João Adolfo. Uiuiui! É com Marisa Debraud, redatora-chefe, que – pouco a pou-co – começo a engati nhar no mundo fashion. Sorte grande, porque era o tipo do momento certo, o mundo fervia com o topless de Rudi Gernreich (uiuiui!), com as minis da Mary Quant, com os looks

espaciais do Courrèges e… por aí afora. Não esquecendo Monsieur Pierre Cardin, com seus grafismos impactantes. Thomaz Souto Cor-rêa (the gold god) me escala para receber Cardin pessoalmente no aeroporto de Congonhas. É, Guarulhos e Viracopos ainda não pas-sam de projetos… Bom, então eu fui. A pista estava meio nevoenta, quando o aviãozinho (era mesmo um aviãozinho) aterrissou, a porta se abriu e... God, parecia outro mundo. Uma a uma, foram apa-recendo as manequins de Cardin, cada uma num look diferente, absolutamente gráfico, cinematográfico. Um espanto! Percebi no ato que o mundo como eu pensava que ainda era tinha acabado, e que… eu tinha que trocar de roupa rapidinho! Na mesma noite aconteceu o primeiro desfile Cardin no Brasil e a plateia paulistana (milio nária, claro) parecia um filme de época, com seus longos em-petecados e suas joias exibidas. Aiaiai, corra Lola, corra…

1997 Um choque! Monsieur Givenchy é inesperadamente mandado “plantar rosas” no jardim de sua maison na rue de Grenelle… e a direção de criação de sua marca passa a ser de Galliano. Fico uma tarde inteira com ele na Pérgola do Copacabana Palace mas… nossa! Não há champanhe que chegue para evaporar a melancolia evidente do seu olhar azul. A figura de Audrey Hepburn, sua allure, sua gen-tileza, povoam seus pensamentos. A bonequinha de luxo que ele criou é mesmo eterna, ninguém vai poder apagar nunca.

1968 Ah, é anteontem e eu tenho vinte anos, tinindo por todos os poros, escrevendo “pelos cotovelos”. Nem bem começava a pensar e zapt, zupt, a frase já estava lá, saltitante/saltitando, abrindo caminho (independentemente de mim?) no papel em branco. Era ain-da aquele tempo em que – em plena madrugada – ia ver o Estadão rodando, rodando, e quase morria de prazer com aquele cheiro de tinta fresca (carne nova?), enquanto a mão agarrava o jornal ainda úmido, vivo, gritando aquela multidão de palavras... Depois vinha o café (horrível) do bar da esquina, os beijos de fim de noite, as pala-vras sonolentas enquanto um outro amanhã ia se abrindo e um outro deus nos acuda começava – aiaiai, com quantas palavras se faz um jornal, com quantas palavras se arma uma guerra, com quantas pa-lavras se acaba um amor, com quantas palavras eu digo (ou não digo) tudo que eu queria dizer sobre o casamento do Dener? Tínhamos só vinte anos – idade faraônica – e “gastávamos” nossos bilhões de palavras sem o menor cuidado, sem o menor pudor. Ah, o pânico da página em branco, os dedos “travados”, os Bartleby da vida ainda não tinham chegado e ninguém conseguia apagar, nem calar, nem abalar, aquela nossa mocidade petulante.

1969 Os anos sessenta estavam acabando e ele, Maurício Kubrusly (meu colega no Jornal do Brasil), me apelidou de astronauta, tudo por causa do meu vestido Cardin, um trapézio durinho/curtinho,

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zipado de alto a baixo, com a bossa de um golão meio espacial de vinil branco. Doeu o dia em que – hélas! – ele não disse mais e tentei (por muitos séculos) descobrir em que esquina da vida a gente tinha se perdido. Não descobri. Fazer o quê? Saio meio manca, agarrando ou-tras vozes, colecionando outras palavras e… comprando outros vesti-dos. Drummond morreu sem nem saber, mas morou um tempo enorme comigo. Depois veio o Chico Buarque, vieram os Beatles e, aiaiai, eu continuo procurando, procurando aquele nirvana prometido, enchendo a casa de incensos, lendo Poe, ouvindo Hendrix e – de repente – olha (sou eu?) toda recendendo a patchuli (que horror, não curto mesmo esse perfume…), num restaurantezinho londrino que se chamava Hungry Horse, devorando o melhor roast beef da minha vida com ela, a própria Mary Quant. Sorte é uma questão de sorte, my darling. Dias depois, no metrô de Paris, conheci um “gato”, terno ultra tailored, cabelos encara-colados, olhos de anjo e… nossa! Não é que era um dos assistentes do próprio Yves Saint Laurent?

1967 Quase morrendo de timidez, entro no salão cinza pérola do hotel particular da Maison Dior. É a minha primeira vez dentro de uma catedral sagrada da alta-costura. As recepcio-nistas parecem recém-saídas de um freezer, sorrisos congelados, sabe como? Além do mais eu não sou ninguém. “Claudia? Brasil? Ah, bon…”. É impressionante como – desde sempre – é chic pa-recer antipático…

1947 Guerra é guerra! Depois de cinco anos em estado de coma, a moda “acordava” de novo, no mesmo salão cinza pérola, o mesmo que (atrasada?) só fico conhecendo vinte anos depois New look/old look… Monsieur Dior (com 42 aninhos) fica de repente famosérri-mo! Era um senhor de tipo simples, sem nada de muito marcante, prati-camente “uma figura qualquer”... Pelo menos foi o que disse um desses jornalistas “deslumbrados, emperiquitados” do New York Times. No aeroporto, escalado para cobrir a chegada, não acreditou mesmo que aquele homenzinho (nenhum?) era o próprio Christian Dior. “Il res-semble à n’importe qui!”. Babaca. Fifteen years later, quando morreu de repente, Dior já estava entre as cinco pessoas mais conhecidas do mundo (Stalin, Gandhi, etcetc...).P.S.: Morro de inveja do “estado maior” da moda daqueles outros tem-pos: Carmel Snow, feiosísissima mas descoladíssima diretora da Har-per’s Bazaar, de Michel de Brunhoff e a equipe cinquentinha da Vogue, do fotógrafo Richard Avedon, enfim, o “olho fashion” da América. Que ódio, eu não estava lá! Foi Madame Snow, aliás, a autora do termo “new look”, quando correu para abraçar Monsieur Dior logo depois do des-file. “It’s quite a revolution, dear Christian. Your dresses have such a new look. They are wonderful, you know?” A Condessa Greffulhe (com um chapéu patético: duas abas gigantescas, no melhor estilo Mickey Mouse) saiu dizendo para quem quisesse ouvir: “C’est très bien ce qu’il fait, le petit Christian”...\

2011 Aiaiai, a “art-couture” – parece – ainda tenta respi-rar, devidamente (entubada?) nos poucos templos fashion autênticos que restam. Os números engoliram os sonhos e um marketing feérico transforma em “objeto de desejo” qualquer jaquetinha duvidosa. Fazer o quê? Vamos que vamos. O glamour da caneta Montblanc de ouro vive agora trancado (ou abandonado?) no cofre. Até a Bic, coitadinha, anda jogada pelos cantos da casa porque, é óbvio, agora todo mundo escreve direto na telinha do computador… Acho até que o futuro do mercado dos relógios milionários esteja comprometido. É só alguém perguntar “Que horas são?” que os olhos vão direto consultar o celular. Eu não: jurojurojuro que não vou trair você nunquinha, meu adorado Hermès.

1980 No estúdio do Miro, de corações dados, perdemos completamente a noção de tempo. Somos infernalmente obsessivos e a magia (difícil, extremamente difícil e frágil, extremamente frágil) come nossos olhos sem pena, até ceder, até acontecer. Lembrem, please. Ain-da não existe computador. Vai daí que (foi ontem? foi anteontem?) cada clique é definitivamente irremediável. Tudo tem que ser perfeito, no ato. Tratamento de imagens? Ninguém nem imagina o que seria isso…

1965 Historinha fashion: as indústrias só fabricam rou-pas, não moda. As revistas brasileiras publicam praticamente apenas fotos fashion estrangeiras, que as costureiras do pedaço, é obvio, com-pram babando, e copiam, copiam, copiam… Essa “coisa” da cópia, aliás, vira uma espécie de doença incurável que nunca mais parou de acontecer. Muitas das tais costureirinhas viraram operárias, modelis-tas, proprietárias ou... uiuiui! Estilistas, o tipo da profissão que (feito erva daninha?) meio que se alastra pelo Brasil afora, descaradamente.

Socorro! A palavrinha MODA – no mundo todo – virou muleta marqueteira (vende carros, vende bebidas, vende sexo, etcetc...), se esvaziou, se banalizou, perdeu seu DNA, seu sentido. Re-sultado confuso, obtuso. Quasequase melancólico.

1950 “Tomo um banho de lua, fico branca como a neve”... E dá-lhe Celly Campello! Eu, lindinha, quasequase no auge dos meus quinze anos. No alto da cabeça, o lação de tafetá tinha sido substi-tuído por um coque “mini repolho”, que a Brigitte Bardot tinha usado numa das capas da Elle. E lá ia eu, todo santo sábado, cinturinha es-trangulada, saia godê guarda-chuva, saiotes e mais saiotes, saltinhos palitos, dançar na casa de uma das minhas coleguinhas milionárias. “Batom? Já disse que não, Maria Regina” – my mother was just ter-rible e quando ela me chamava de “Maria Regina” era sempre sinal de alarme. “Já disse que batom, só depois que você debutar no Baile Branco”. Coisas de “Des oiseaux” (atualmente Madre Alix). Que raiva

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das outras meninas, de “boquitas pintadas”... Eu me sentia branquela e morria de medo de levar chá de cadeira. Au secours! Nada poderia ser mais humilhante.

1990 Foi assim que, diga-se de passagem – entre pregas e babados, brigando com o prisma, com os cortes, com os recortes, com as cores, com as texturas, ¬¬– com as frescuras? – acabei perdendo todos os meus “amores”. Não é nem que eu chegasse sempre tarde: eu não chegava.

1970 Impossível fazer uma pseudo manequim ou um make & hair deslumbrado entenderem que a melhor luz para fotogra-far é a das 7 da manhã – para o sol não manchar a roupa, por exemplo. Chego ao cúmulo de cobrir minha sala de colchonetes e obrigar todo mundo a dormir em casa, com direito a café com croissant, é claro… O fotógrafo Eduardo Clark, filho da artista plástica Lygia Clark, partici-pou de uma dessas noitadas, quando fizemos um editorial bárbaro, tipo jovem guarda hiponga, para a Revista Senhor. A Senhor, sei bem, aca-bou. Mas por onde andará o Eduardo? Enfim, de tanto não dormir (e não deixar ninguém dormir), pouco a pouco eu fui virando o tal diabo que – nãonãonão vestia (até porque ainda nem existia) a badalada grife Prada. Diabo poderoso, sim. Mas também, extremamente solitário. Sai da frente, meu bem. Porque da minha boca – dizem – sai fogo...

1979 Vivo as noites de shooting mais difíceis da minha vida. Trípoli (o fotógrafo mais sexy do Brasil) é um mandão... e eu também. Ele é um diabo… e eu também. Vai daí que – a ferro e a fogo – a gente se bate de frente. Uma pena! Por causa do nosso sangue quente, perdemos mais de 20 anos em que poderíamos estar fazendo imagens maravilhosas. Já pensou como seria fantástico um editorial com os modelões excitantes do Alaïa assinado por nós dois?

1965 Estou em plena lua de mel (quem disse que eu nunca me casei?), bebericando um drinque no hall do Hotel da Ba-hia, em Salvador. Entre beijos, abarás e acarajés, vejo uma figura de ébano descendo a grande escadaria… É uma diva? É uma deusa? Seu vestido longo, uma paródia divertida das plaquetas de metal de Paco Rabanne, em versão botões! Malheureusement, eles – os tais botões – começam a se desprender uns dos outros e a rolar degraus abaixo. Nem por isso a moça perde a pose, e vem vindo, vem vindo, quer falar comigo. Em São Paulo, apresento Simone Raimunda (é esse o nome da deusa), para Lívio Rangan, diretor de marketing da Rhodia. É ele, genial e frenético, quem começa realmente a agitar a ideia de uma moda Brasil. Seus desfiles na Finita são históricos, seus publieditoriais internacionais sessentaços (as estampas dos modelões são assinadas por artistas brasileiros em torno de um tema como o café, por exemplo), esti-losos, maravilhosos. Vai daí que ser “maneca” da Rhodia é uma glória e

– uiuiui! – minha Simone Raimunda vira Luana e agora faz parte desse grupeto fechado. Dia vai, noite vem (foi ontem? foi anteontem?) e… olha a Luana desfilando – toda cósmica, incrível – no mundo da lua de André Courrèges. Janto no minimíssimo apartamento dela em Paris em que – não sei como – ela consegue balançar suas batas brancas, rendadas, engomadas, imaculadas e, ao mesmo tempo fazer uma feijoada.

1978 Ricardo Amaral inaugura seu 78 na Champs-Élysées (uma versão francesa dos seus badalados Hippopotamus de São Paulo e do Rio) e eu me sinto – modéstia à parte – ofuscante num modelito Thierry Mugler, de ombros pontudos, claro. E – olha ali naquela mesa vip – não é a Simone Raimunda, vulgo Luana? A própria. Conta que não é mais Luana e muito menos Simone Raimunda. Virou condessa! Com direito a castelo, mordomo, femmes de ménage, chofer “afro-azul” (um deslumbre!) e – de quebra – o tal conde enfeitiçado por seus po-deres afrodisíacos: boca com gosto de caju, formosuras “comigo nin-guém pode”. Mas… que pena, seu rosto está botoxado, sua atitude meio pernóstica. Depois de tanta luta, a tal da rainha apagou e foi falsamente promovida à condessa. Foi mal.

1967 Porque hoje é sábado, vou direto para a rua Augus-ta, nossa versão tupiniquim da King’s Road. De mini, perdidamente art déco, um Biba autêntico pelo qual me apaixonei e comprei, na Para-phernalia, a butique da Lydia Chamis e da Guaracy. Atenção: trata-se de um sábado antiguinho, sábado de, pelo menos, 40 anos atrás. Chego ofegando, no auge da festa. Ou da luta. Ou do happening. Porque a rua Augusta, ah, ela era tudo isso. O lugar a que todo mundo ia, porque era lá que as coisas aconteciam. Ou seria o lugar onde aconteciam coisas, exatamente porque era lá que todo mundo ia??? Lembro tanto tudo: da Hi-Fi do Helcio pegando fogo; da Beatlemania fazendo a cabeça dos rapazes: de repente, lindamente cabeludos, imponentes, cavalgando suas motocas prateadas. Donos do mundo, sabe como é? Chegavam e ficavam. Horas. Só porque era sábado. Enquanto isso, as garotas pro-duzidíssimas passam e repassam de lá para cá assim como quem não quer nada, mas… querendo tudo, claro. Modelitos envenenadíssimos, cocas congeladas, viagens em submarinos amarelos, etcetc…A Augusta now é uma mulher velha e o delicioso perfume da Rastro foi substituído pelo cheiro insuportável de hambúrgueres engordurados. Sem mágoas, cara senhora… A moda é sempre volúvel, muda de casa, muda de rua, muda de nome…

1969 Uiuiui – ela é e sempre será uma droga muito forte. Cuidado meu bem, porque aiaiai – seu efeito passa rapidinho. No auge da mini, quando eu estava fazendo um estágio relâmpago na Harper’s Bazaar de Nova Iorque, da noite para o dia todas as vendedoras dos department stores sofisticados (nível Sack’s, por exemplo) apareceram de saia midi. Por quê? Saint Laurent tinha mandado. Pronto: a mini

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caiu em desgraça, e foi aquele corre-corre para entrar na moda nova. A minha midi era modernérrima: de tecido jeans. Cada coleção que Saint Laurent lançava, mais eu ficava apaixonada por ele. Suas ciga-nas, seus safaris (agora legendários), seus looks “picassianos”, seus smokings andróginos, tudotudo quase me matava de desejo. Mas não morri! Comprava um cinto, um lenço de seda e... “punto e basta!”

1970 Manecas e manecos, agências etc., todo esse ba-talhão que o mundo fashion inventou e, “numas”, profissionalizou, mal começavam a engatinhar. Vejo uma menina loirinha, tipo anjo, atravessando a avenida Paulista e convido a bonitinha para fazer um teste de fotografia na minha agência Choc (primeira consultoria de moda que existiu no Brasil). Ela fica assustadíssima com meu convite, sem falar que o namorado, um tal de Jacques, me olha feio, como se eu fosse uma cafetina… Vejo Dudah (um verdadeiro anjo dourado) no Beka (salão do meu inesquecível amigo e cabeleireiro Richard Metairon) e ele vira não só meu modelo, como o melhor produtor de moda que já aconteceu na história da moda brasileira. Dalma, secretária e, ao mesmo tempo, fashion model do Trípoli, acaba ficando famosérrima e ganhando o mundo. Fernando Louza, que começou sua carreira de fotógrafo na Choc, trouxe para mim a Tânia Caldas e produzimos uma sequência de fotos de maiôs com ela para a DuPont – Lycra. Lembro que enchemos de tule azulverdea-zul uma banheira de época e mergulhamos a Tânia (lindalinda) nessa nuvem de água de mentirinha. Enfim, “caçar” gente bonita, escolher e produzir o que elas iam vestir, fazer a marcação do lo-cal das fotos em questão, assistir os fotógrafos na hora do clicclic, tudo isso era feito por uma pessoa só (no caso euzinha/tadinha). Sem verba para camareiras, styling (essa é outra palavra que nem existia), hair maker, beauty maker, toda essa procissão de gente que agora faz parte integrante de cada foto de moda. Uma capa de revista no Rio, por exemplo, leva a equipe toda de São Paulo, e o custo final (eu, hein?) é no mínimo de 20 mil reais… Dizer que o mundo mudou, claro, é o apocalipse do lugar-comum, mas… Nossa, olha eu ali carregando cinco malas cheias de roupas para fotografar em Paris, sendo parada na alfândega (drama que inevitavelmente sempre se repete…) e tendo que me livrar rapidinho dessa buro-cracia toda e sair correndo para encontrar /contratar um fotógrafo legal que estivesse a fim de receber um cachê nada legal… Com que modelo? Cabeleireiro? Maquiador? Aiaiaiai, ainda falta cantar o gerente do Flore para que as fotos possam ser realizadas lá. Jogo duro, queridinhas. 10 dias depois estou de volta (mortinha da silva, claro) mas ainda aguento, linda, os olhares invejosos da plateia da vez . “Puxa Regina, você foi outra vez para Paris!”

1990 Solidão é peso pesado, mas traz (de quebra) liber-dade. Fui indo/vindo, devorando meu cada instante feito criança des-lumbrada. Leve. Livre. Nua. Comi muita flor, mastiguei muita pedra,

lambi muito mel, engoli muito fel, mas... viver não é isso? Tem que comprar o pacote, sabe como? Só não sei mesmo dizer quando foi, por que foi, que as palavras começaram a se esfarelar dentro de minha cabeça... Sem elas eu me desentendia, pirava, virava nada. Claro, teve aquele dia traumatizante, anos, muitos anos antes de conhecer Bartleby (pânico da página em branco), em que cheguei ao Estadão e... socorro! Todas as máquinas de escrever tinham sido substituí-das por umas geringonças estranhíssimas (os computadores) e eu me senti sem mãos (e agora? E agora?). Nãonãonão, os computadores não foram culpados de nada. Bartleby veio depois, bem depois, ainda que tenha sido diante da telinha de um iBook Titanius que, de re-pente, numa dessas noites de lua cheia, apoiei as palmas das mãos no teclado e fiquei... sem palavras (?) Pronto: Bartleby tinha me agar-rado e eu, imóvel – na dele –, completamente tomada pela “tal pulsão negativa ou a atração do nada”. E vieram as noites difíceis, tipo alma penada vagando pela casa, batendo a cabeça – irremediavelmente vazia – nas paredes imaginárias. Uma espécie de neve desconhe-cida cobriu meus passos, meus abraços, não sei mais por onde andei, quem amei. Eu queria contar tudo, mas não posso, não posso, minhas histórias se embaralham, minhas emoções se atropelam. Sobra essa mulher que fiquei sendo, perdidaça, diante de uma eterna página em branco. “Escrever”, dizia Marguerite Duras, “também é não falar. É calar. É uivar sem ruído”. Então deve ser isso, só pode ser isso. Es-cuta Paula, eu estou uivando...

2012 Saudade eu tenho dos lugares a que ainda não fui. Pai xão eu tenho por Paris, Londres me excita sempre. Na Itália bela, engordo sempre muito e, com gôndolas ou sem gôndolas, vou embora com raiva. Nova Iorque me devora, Marrocos me fascina e amo a Es-panha (além de Velásquez, claro) por causa daqueles rapazes cor de oliva brilhando no sol das praias da Costa Brava… Anyway, entre via-gens e imagens tantas, sagrada (de verdade) dentro de mim é Israel. A câmera mágica de Miro, a precisão infalível da Hiluz Del Priore, An-tonio Carlos com sua beauty box carregada de caixinhas e de pincéis (infelizmente ele já não vive mais e até deve ser por isso que nunca mais ninguém conseguiu “redesenhar” meu sorriso). Tudo o que vi-mos, tudo o que aprendemos, tudo o que vivemos, tudo o que comemos (os doces de Haifa são absolutamente inesquecíveis), tudo que ficamos devendo a uma figura fantástica que aconteceu no caminho. Yaacov Hirshel, 36 anos, filhos, duas guerras percorridas. Viveu conosco vinte dias e vinte noites de muita estrada e pouco sono. Foi nosso chofer e nosso guia, foi nosso príncipe e nosso amigo.Quando tudo acabou, a emoção dele era a da gente, rindo e se abra-çando diante de cada foto revelada, felizesfelizes, já esquecidos de como tinha sido tudo: o frio, o sono, o céu teimoso, escuro, o medo do penhasco e os espinhos. Quase no avião, Miro quer saber – de verdade – a opinião de Yaacov sobre a gente. Gostou? Vai sentir saudade? Daí nosso príncipe abraçou um por um com uma ternura pura e disse bai-xinho: “Eu vi as fotografias!”

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1984 Nossas quinze malas entupidas de modelitos, sa-patos, bijoux, simplesmente paralisam o aeroporto de Tel Aviv. Inú-til cair de charme. Inútil agitar minha pastinha inchada de tanta carta de apresentação. Nada comove ninguém. Entro atordoada, num ritmo que abala toda a estrutura do meu decantado “jogo rápido”: dois dias, de guichê em guichê, assinando documentos redigidos em hebraico (obviamente indecifráveis), coroados por uma manhã inter-minável, em que nossos inocentes vestidinhos made in Brazil, depois de muito olhados e apalpados, foram enfim considerados “not guilty”. Ufa! Agora o trabalho pode começar: Shalom, Israel! Na estrada, quase o tempo todo correndo atrás do sol, o olho de Miro ao lado do meu, procurando o lugar encantado, a mulher encantada, as sombras e as luzes mágicas, as texturas da terra, do deserto, das cidades. Juntos no campo, colhemos folhagens e raízes, que tratamos logo de entregar para o Antonio Carlos, para que ele pudesse desenhar uma beauty inédita, que recendesse a Israel. É uma orgia: a cada esquina, numa vendinha qualquer, banquetes de tâmaras, morangos gigantes, ameixas, amêndoas, figos, damascos, sem falar das sacas de tempe-ros irresistíveis, de cor, de gosto, de cheiro. Trata-se de uma festa mesmo, embora – que a verdade fique nítida – não tenha nada de maná: tudo é arrancado da terra prometida (ou da pedra prometida?) com um esforço enorme, com um querer enorme. Os campos ásperos são “amaciados”, irrigados, plantados, mimados como bebês, ama-dos, endeusados. E é esse tanto amor do povo hebraico que desenca-deia a tal festa, o “milagre”.

2012 Agora na minha sala – estranhamente quieta depois de uma vida inteira de ruídos tantos – é tempo de reprise. Fecho os olhos e… pronto! Estou outra vez morando em Paris (9, rue de Verneuil), outra vez em Viena (devorando a melhor torta de chocolate do mundo), outra vez em Lisboa (cidade de meu pai), outra vez em Barcelona (apaixonada por Gaudí), outra vez, outra vez… Cada foto conta uma história, me pego rindo de mim – ou chorando de mim – enquanto vou afundando mais e mais na poltrona (estilo “me abraça”) do Sergio Rodrigues. Lembro dos absurdos que sempre gostei de cometer, como quando – por exem-plo – encomendei um caminhão cheio de enxofre porque adorei o tom do amarelo… Transformamos o enxofre em pseudo dunas de areia que ocuparam todo o estúdio. Quase morremos com o cheiro terrível, mas… atenção, as fotos ficaram estupendas! Momentos. That’s it. Poesia: Bob Wolfenson ainda menino, olhos azuis feito bolinhas de gude, posando na minha agência como vendedor de balões coloridos. Drama: um fotógrafo francês toma um pico de heroína em pleno shooting e começa a gritar, a brigar. Horror: isso aconteceu na confiserie Angelina (na rue de Rivoli), o melhor chocolat chaud de Paris. Piada: Sandrinha, minha assistente, pede para sair mais cedo porque vai jantar com seu namorado. “Impos-sível. O trabalho está longe de ter acabado. Além do que, filhinha, você está mais adiantada do que eu. Depois que acabarmos tudo, ainda tenho que sair para arranjar um namorado!”

2011 Vida real não é romance, não tem fio condutor, com direito a começo, meio e fim. Prefiro a ideia de “moments” desatados, sem a menor preocupação de sequência. Minha cabeça brinca de mixar passado, futuro, presente, presenças e ausências. E é nessa viagem/via-gens de quase 70 anos que – de repente – Israel ocupa todas as paredes da minha sala. Jerusalém é cenário: todas as construções são iguais, lembram tabletes de chocolate branco, ou seriam de chantilly? Existe uma unidade visual fantástica. E, no entanto, apesar da fachada inque-brável, inabalável, meu olho vê uma Jerusalém confusa, dividida, como uma enorme e caleidoscópica colcha de retalhos. Quem é você? Sou ára-be. Sou judeu. Sou sírio. Sou palestino. Sou grego. Sou israelense. Sou armênio. Sou… Sei lá. É uma tal multiplicidade de chapéus e crenças diferentes. Nas ruas vejo turcos, vejo drusos, vejo rabinos, vejo beduínos, vejo mulçumanos, vejo sacerdotes russos, vejo monges etíopes. Nos mer-cados, pessoas fantásticas, mélange de belezas e feiuras monumentais, tendas entupidas de joias, rios de prata, cestos de âmbar, mantos artesa-nais, toneladas de frutas (morangos tamanho família), tabuleiros e mais tabuleiros de pitta (pão) e de doces, sucos afrodisíacos; chá de menta, gri tos, puxa-puxa, empurra-empurra: aiaiai! Uiuiui! Caí no vale das tenta-ções e não juro mesmo que vou conseguir escapar sem pecado. Foi no mercado de Daliyat e no mercado de Jerusalém que eu e Hiluz Del Priore enlouquecemos de vez, e decidimos apimentar a produção (já sei, agora se chama styling) de nossa moda Brasil, com solidéus, lenços handmade, xales bordados, colares hebraicos, pulseiras beduínas, luvas forradas com lã de carneiro, chapéus de rabinos, e por aí afora. E precisou mesmo acontecer dias depois, nosso batismo de deserto, para que eu conseguisse lavar minha alma e minha cabeça, e aprendesse a eliminar os sonhos su-pérfluos. Essa expressão, “eliminar supérfluos”, é historicamente Chanel. Ela limava “in extremis” cada um dos seus modelos, até atingir o “ab-solutamente essencial”. Em compensação, diga-se de passagem, adorava um bom bijoux, muito colar, muita pulseira. Misturar pedras verdadeiras com pedras falsas foi uma de suas famosas audácias. Adoooooro!

1984 O deserto é uma lição de vida. Dentro dele, tudo o que sabemos, todas as certezas que carregamos, viram bagagem ab-surda, insanidades mesmo. A cidade grande complica a vida. Inverte o tamanho, o peso e a importância das coisas. No espaço quieto, in-finitamente brancobrancobranco, o coração “arranha” o fundamental e o olho vê o até então intocável, o invisível. Momento lancinante, esse. Parece que confundi objetivos com meros anestésicos, terra firme com areias movediças. Começo a aprender a andar – de verdade – agora, quando ainda meio tonta piso o deserto da Judeia. Uma reavaliação! Uma libertação! Um “delete” sem volta! Uma vez, para pendurar um quadro, tive que construir uma parede, em verdade meu primeiro limite. E depois os tais muros nunca mais pararam de crescer, de se multiplicar, e de me… sufocar. Agora, nada. Só esse branco entrando no meu olho. Só esse branco me lavando por dentro. Deve ser isso a paz. Pra quê mais?

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O MUNDO ESTA SE AFOGANDO NUM OCEANO ÍNDIGO. E - PARECE - NINGUÉMSE SALVA NESSE

O MUNDO ESTA SE AFOGANDO NUM OCEANO ÍNDIGO. E - PARECE - NINGUÉMSE SALVA NESSE

GLUBGLUBGLUB...

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19681968FOI ONTEM? FOI ANTEONTEM?Oh, my god! I’M IN LONDON!Meio tonta, não adianta blefar. Quase tropeço NUMA RAINHA VITÓRIA, numa marroquina, só faltava mesmo o camelo, ou numa governanta LINHA DURA...

FOI ONTEM? FOI ANTEONTEM?Oh, my god! I’M IN LONDON!Meio tonta, não adianta blefar. Quase tropeço NUMA RAINHA VITÓRIA, numa marroquina, só faltava mesmo o camelo, ou numa governanta LINHA DURA...

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A MODA JÁ FOI, SIM, obra de arte. MAS O MUNDO MUDOU e, hoje, uma camisetinha

ORDINÁRIA virou objeto de DESEJO...

A MODA JÁ FOI, SIM, obra de arte. MAS O MUNDO MUDOU e, hoje, uma camisetinha

ORDINÁRIA virou objeto de DESEJO...

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CLARO QUE OS RICOSCONTINUAM CADA vez mais ricos. OUVI DIZER QUE EXISTE UMnew drinque emNOVA YORKque custa algunsmil dólaresPORQUE MADAMEBEBE DEVAGARINHOe no fundo da taçaencontra umDIAMANTE

UI!

2008CLARO QUE OS RICOSCONTINUAM CADA vez mais ricos. OUVI DIZER QUE EXISTE UMnew drinque emNOVA YORKque custa algunsmil dólaresPORQUE MADAMEBEBE DEVAGARINHOe no fundo da taça encontra umDIAMANTE

UI!

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GOSTO MUITO DESSAMISCELÂNEA CULTURAL.Sempre achei chatérrimaA PALAVRINHATENDÊNCIA,QUE “TRANCA” AS PESSOAS NUMA

GAIOLA FASHION.Vamos encarar todas:A LINGUAGEMINDUSTRIAL!!!

GOSTO MUITO DESSAMISCELÂNEA CULTURAL.Sempre achei chatérrimaA PALAVRINHATENDÊNCIA,QUE “TRANCA” AS PESSOAS NUMA

GAIOLA FASHION.Vamos encarar todas:A LINGUAGEMINDUSTRIAL!!!

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O QUE ÉCHIQUE NÃO ÉCHOQUE.O QUE É CHOQUENÃO É CHEQUE.O QUE É CHEQUENÃO É CHIQUE.

O QUE ÉCHIQUE NÃO ÉCHOQUE.O QUE É CHOQUENÃO É CHEQUE.O QUE É CHEQUENÃO É CHIQUE.

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NEM NA MODA, NEM NA

VIDA,existe certo ou errado.É MELHOR COMETER UM ERRO

fundamental do que cair na mesmice mundial.

NEM NA MODA, NEM NA

VIDA,existe certo ou errado.É MELHOR COMETER UM ERRO

fundamental do que cair na mesmice mundial.

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1988 (pOrtuGAL)

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20112011

CADAFOTOTEM QUE CONTAR UMA

história.tem que instigar,DIVERTIR,EXCITAR,ESPANTAR...Senão, pra quê???

CADAFOTOTEM QUE CONTAR UMA

história.tem que instigar,DIVERTIR,EXCITAR,ESPANTAR...Senão, pra quê???

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NÓS,MUNDO DA MODA,somos cruéis,insensíveise superficiais.

UI!

NÓSMUNDO DA MODA somos cruéisinsensíveise superficiais

UI!

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BuMBuMBuMBuMBuM

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A MODA É VOLÚVEL, seu tempo é o de um

RAIO.A MODA É VOLÚVEL, seu tempo é o de um

RAIO.“AGORA”“AGORA”

num segundojá fica sendo

num segundojá fica sendo

“DEPOIS”! “DEPOIS”! 19831983

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20072007O PASSADO(ANOS 20, 30, 40,50, ETCETC...)VIROU UMAbússola fashioninternacional.pArECE QuEA MEMÓrIASUBSTITUIU AIMAGINAÇÃO...

O PASSADO(ANOS 20, 30, 40,50, ETCETC...)VIROU UMAbússola fashioninternacional.pArECE QuEA MEMÓrIASUBSTITUIU AIMAGINAÇÃO...

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1981(tôNIA CArrErO)

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20072007

tENHO SAuDADEDE FICAr HOrASNO TERRAÇO DOCAFÉ FLOREOLHANDO O MUNDO PASSAR...

SAUDADE DOS MEUS SONHOS, das minhas teimas, das minhas procuras.Quero esquecer que

tENHO SAuDADEDE FICAr HOrASNO TERRAÇO DOCAFÉ FLOREOLHANDO O MUNDO PASSAR...

SAUDADE DOS MEUS SONHOS, das minhas teimas, das minhas procuras.Quero esquecer que

“ACORDEI”!“ACORDEI”!

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1985(pArIS)

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19841984PENSEI AZUL, ERA AZUL.ENtãO MEu OLHO DESCEu DO Céu E – COM

OS péS NO CHãO-VIu A tErrA prOMEtIDA pELA prIMEIrA VEz: DIVIDIDA, rEMENDADA, COMO uMA COLCHA DE rEtALHOS!!! (ISrAEL)

PENSEI AZUL, ERA AZUL.ENtãO MEu OLHO DESCEu DO Céu E – COM

OS péS NO CHãO-VIu A tErrA prOMEtIDA pELA prIMEIrA VEz: DIVIDIDA, rEMENDADA, COMO uMA COLCHA DE rEtALHOS!!! (ISrAEL)

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2007NEM TUDO É MAR,NEM “DOLCE FARNIENTE”... EXISTE,NESSE NOSSOBRASIL, MUITOasfalto, muitometrô, muitapressa... NossaMODA prAIA FALADE SOL, SAMBA,BIQuíNI, CAIpIrINHA,

IMAGENSQUE OSgringos adoram eisso “vende”! tudobem com a moda“BALACOBACO”.MAS ELA TEM QUESABER VIVER NACIDADE TAMBÉM,CONCORDA?

2007NEM TUDO É MAR,NEM “DOLCE FARENIENTE”... EXISTENESSE NOSSOBRASIL, MUITOasfalto, muitometrô, muitapressa... NossaMODA prAIA FALADE SOL, SAMBA,BIQuINI, CAIpIrINHA,

IMAGENSQUE OSgringos adoram eisso ”vende”! tudobem com a moda“BALACOBACO”.MAS ELA TEM QUESABER VIVER NACIDADE TAMBÉM,CONCORDA?

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Arquivo Pessoal e Dudu Tresca

Luiz GarridoVOGUE/CARTA EDITORIAL

Fernando Louza Fernando LouzaVOGUE/CARTA EDITORIAL

Pascal BallandVOGUE/CARTA EDITORIAL

Roger BesterCLAUDIA/EDITORA ABRIL

Michael ThompsonVOGUE/CARTA EDITORIAL

Fernando LouzaVOGUE/CARTA EDITORIAL

Arnaldo PapalardoCLAUDIA MODA/EDITORA ABRIL

J. R. DuranVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

LuísTripoliVOGUE/CARTA EDITORIAL

Arquivo Pessoal MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

André SchiliróSANTISTA TÊXTIL

Willy BiondaniVOGUE/CARTA EDITORIAL

Otto StupakoffVOGUE/CARTA EDITORIAL

Roger BesterCLAUDIA/EDITORA ABRIL

Michael ThompsonVOGUE/CARTA EDITORIAL

Fernando LouzaVOGUE/CARTA EDITORIAL

J. R. DuranVOGUE/CARTA EDITORIAL

Luis CrispinoCLAUDIA MODA/EDITORA ABRIL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

Miro e Arquivo Pessoal MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

Thomas SusemihlCARTA EDITORIAL

Otto StupakoffVOGUE/CARTA EDITORIAL

André SchiliróSANTISTA TÊXTIL

Bob WolfensonSTRAVAGANZA/RHODIA

Roger BesterCLAUDIA/EDITORA ABRIL

Michael ThompsonVOGUE/CARTA EDITORIAL

Chico GuerrisiVOGUE/CARTA EDITORIAL

J. R. DuranVOGUE/CARTA EDITORIAL

Paulo RochaCLAUDIA MODA/EDITORA ABRIL

Pascal BallandVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

1971

1970

1978 P

ara mim, Regina Guerreiro sempre foi um

fenômeno. Quando ela me convidou para

escrever este texto para o seu (primeiro!) li vro

fiquei realmente feliz. Uma honra participar

do trabalho deste verdadeiro ícone da moda

brasileira. Como todo mundo sabe, ícone é

o que faz a diferença. E Regina sempre faz

a maior diferença por onde passa. Comecei a reparar em seu no-

tável trabalho na incipiente editoria de moda brasileira dos anos 1970.

O que ela já fazia na época não só tinha excelente qualidade como

também refletia um momento de grandes transformações culturais.

As imagens pioneiras que Regina produziu, junto com seu texto muito

pessoal, traduziam com exatidão aquele instante. A pílula e as ideias

dos jovens também estavam fazendo toda a diferença, inovando e

embaçando conside ravelmente as fronteiras entre o conhecimento

“highbrow” (elitista) e “lowbrow” (pop). Enquanto a moda seguia a arte,

a literatura e o entretenimento, tentando abranger o fluxo onipresente

da nova cultura de massa, Regina descrevia em seus editoriais tudo

o que via. Quando iniciou o brilhante momento da Vogue Brasil nos

anos 1980, o processo estava mais amadurecido no mundo, mas

nem tanto por aqui. Com a independência e a autoridade que o título

Vogue lhe conferia, trabalhou, audaciosa, uma linha de risco e absurdo

nos visuais de grande beleza que driblavam as polaridades culturais.

O elitismo de seus editoriais ficou por conta da fantasia impetuosa,

mas nem a moda nem as imagens eram simplistas ou carregavam

o jargão pop. O moderno era ser pop. Ela fez o pop-chic. Suas ma-

térias – estáticas no papel – sempre privilegiaram cor e movimento

por meio da edição de arte. Estava em sintonia com a dinâmica da

onipresente revolução estética MTV na televisão da época. Seu olhar

sempre saboreou os contrastes, confrontos, controvérsias e con-

testações. As forças opostas são o alimento de seu incrível talento e,

porque não, vá lá, de seu comportamento. O seu chic-choc também

é icônico. Regina não é fácil, dizem. Mas quem disse que fácil é legal?

Rolam várias lendas sobre os obstáculos que a equipe de produção

teve de superar para conseguir o que Regina precisava para obter o

que ela imaginava. Nada fácil. Desconfio que Regina curta – secre-

tamente – a complicação. Esta rima com sofisticação, com requinte,

com perfeição. Não é à toa que a melhor safra de stylists brasileiros

saiu de suas mãos. Também não é à toa que lá nos anos 1970, que-

rendo me iniciar na produção de moda, fui pedir emprego à Dona Re-

gina. Que não me contratou! Continuo fã incondicional de seu talento

e olhar fenomenal, longe de todo lugar-comum, com muito carinho.

COSTANZA PASCOLATO

1985

2006

CARTA DO PATROCINADORRegina Guerreiro, considerada uma das primeiras jornalistas de mo-

da do Brasil, tem uma carreira repleta de conquistas e reconheci-

mentos. Sua primeira biografia “Regina Guerreiro: Uma história pela

moda”, lançada agora pela Luste Editores, retrata uma profissional

com mais de 40 anos de experiência no mercado de moda do país e

em muitos momentos se funde com a história do próprio segmento.

Para a Renner é muito gratificante apoiar esta iniciativa. Além de

aproximar a sociedade de quatro décadas da história da moda, é

mais uma oportunidade de colaborar para o desenvolvimento de

pessoas, um dos fundamentos corporativos da empresa. Outro

valor importante é que a jornalista Regina Guerreiro representa a

força das mulheres no mercado de trabalho. Foi também a partir

da leitura do gênero feminino, compreendendo o que as mulheres

pensam e buscam, que a Renner se tornou a segunda maior rede

de lojas de departamentos de vestuário no Brasil, com uma trajetória

de pioneirismo e expansão, presente nas cinco regiões brasileiras.

O mercado de moda brasileiro tornou-se destaque nas principais re-

vistas e jornais do mundo nos últimos anos. E, sem dúvida, Regina é

um personagem importante na consolidação da moda brasileira no

país e internacionalmente. Como editora de moda, sua visão tam-

bém mudou a maneira de transmitir os conceitos das passarelas

para as páginas das revistas. Regina sempre traduziu tendências

em desejos. Sua carreira e seus textos estão fragmentados nas

páginas desse livro e tornam-se fontes de de inspiração e referên-

cia para estilistas, jornalistas e empresários que atuam nesse setor.

Estamos felizes de fazer parte deste projeto e esperamos que

ele seja uma fonte de inspiração para você. Uma ótima leitura!

-6$*"/&�'3"/$*4$0/&�t�Gerente Geral de Marketing Corporativo

1988

1982

1968

1968

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FAST

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2004

1996

CARTA DO EDITORUma mensagem via Facebook e o encontro foi marcado. Jussara

Romão sugeriu o Empório Santa Maria, em São Paulo, já adiantan-

do que tinha uma proposta interessantíssima: editar o primeiro livro

de Regina Guerreiro. Antes mesmo do encontro, eu sabia que este

projeto tinha a cara da Luste. Regina é um ícone da moda no Brasil e,

mais do que uma jornalista, uma artista atemporal. Após a conver-

sa com Jussara, meu interesse pelo projeto ficou ainda mais forte.

Percebi que, além de um grande talento, Regina tinha um grupo de

amigos e admiradores muito próximos, que formavam uma cor-

rente positiva em seu entorno. De fato, acredito que toda a intensi-

dade e paixão que são parte da personalidade de Regina estejam

refletidas neste livro. É claro que, antes de conhecê-la pessoal-

mente, havia um receio natural de como seria o encontro. A mito-

logia em torno de seu nome trazia referências a Miranda Priestley,

do filme “O Diabo Veste Prada”: uma personalidade difícil, que tan-

tas vezes acompanha pessoas talentosas e exigentes. Cheguei à

sua casa, num sábado, um pouco ansioso. Mas bastou a primeira

troca de palavras e uma deliciosa risada de Regina para que eu

percebesse que tinha à minha frente uma mulher gentilíssima, di-

vertida e energética. Enfim, a realização deste livro foi um prazer

em todos os sentidos: no convívio com as pessoas envolvidas, na

realização do trabalho em si e na seleção dos brilhantes editoriais,

que, como o leitor poderá perceber, são trabalhos detalhados e

originais, que refletem um olhar aguçado. Não que a escolha das

imagens tenha sido uma tarefa fácil: com tantos trabalhos incríveis,

poderíamos fazer uma série de volumes. Tenho certeza, porém, de

que o leitor não ficará decepcionado com o resultado. Este é um

livro rico em imagens – não poderia ser diferente, já que todos os

grandes fotógrafos brasileiros passaram por Regina – acompanha-

das de um texto inteligente e divertido, escrito pela própria, é claro.

É um panorama não só do trabalho e da personalidade de Regina,

mas da própria história da moda e do jornalismo brasileiro nas últi-

mas décadas. Com a edição concluída nas mãos, é difícil acreditar

que o livro não tenha sido feito antes. Para a Luste, é um orgulho

que tenhamos sido nós a realizá-lo. ."3$&-�."3*"/0�t�&%*503

1988

1998

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1989

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Com Regina Guerreiro o jornalismo de moda no Brasil cresceu e apareceu. E não falo apenas de texto, linguagem, informação, objetividade e, sobretudo, estilo – afinal, ninguém escreve como ela. Não se pode esquecer que com Regina a fotografia de moda também atingiu outro patamar. Roupas deixaram de ser ape-

nas figurinos arrumadinhos que as leitoras queriam copiar, modelos não seriam mais só aquelas meninas bonitas em poses comporta-das e a atitude - abusada, sexy, divertida – passou a dominar a cena. Porque Regina queria – e sabia – que aquelas roupas (e sapatos, bol-sas, óculos, bijoux…) iriam ser usadas por mulheres que pensavam, trabalhavam, viajavam, amavam, sofriam, coravam, desejavam, se di-ver-ti-am – observe atentamente o trabalho de Regina Guerreiro e, com certeza, você vai ouvir uma deliciosa gargalhada. Munida de inteligência aguda e uma criatividade delirante, durante o tempo em que comandou redações (principalmente Vogue e Elle), ela nunca ad-mitiu imagens meramente banais para acompanhar e complementar aquilo que vai escrito em uma reportagem e vice-versa. Lembro de ouvi-la dizer para nós, a equipe muitas vezes atônita, porém sempre fascinada com os arroubos conceituais e visuais da chefe: “O título tem que pular da página e agarrar o leitor pelo colari nho! A foto tem que dar vontade de lamber, de comer, de devorar mesmo a revista!” (provavelmente no dia em que Regina começou a falar, a primeira palavra já veio acompanhada de vários pontos de exclamação). Su-perlativos ou apoteoses nunca a amedrontaram. Ao contrário, são a matéria com a qual ela mais gosta de trabalhar. “A vida real é em preto e branco, então a gente tem que fazer algo bem technicolorido, mais excitante, cor coragem, sabe como? Senão fica tudo muito chatin-ho, uma coisa assim… n’importe quoi”, me ensinou. Ou: “É muito fácil combinar preto, branco, cinza e bege”. Regina é uma explosão. An-tes de ver Regina pela primeira vez, eu ouvi Regina. Uma retumbante gargalhada anunciou sua entrada num almoço no Rodeio, perdido lá no final dos anos 70, quando o restaurante dos Jardins era “o lugar” para ver e ser visto em São Paulo. Editora toda poderosa da Vogue Brasil – muito antes de Anna Wintour e Miranda Priestley serem in-ventadas – ela então estava loira, usava óculos escuros imensos e vestida de branco total. Um visual bem diferente daquele que adotou nos anos 1980, quando era adepta do japonismo e só vestia preto (certo motorista de táxi até lhe perguntou: “A que ordem religiosa a senhora pertence?”). Aliás, ela ainda se veste de preto, mas por uma outra razão: “Descobri que sou mesmo uma mulher preta”, disse num almoço entre amigos e, apesar de termos achado muita graça, todo muito sabia que ela estava falando sério. Afinal, como disse Ro-land Barthes: “A moda é fútil demais e séria demais”. Como alguém que tem o privilégio de conhecer Regina no trabalho e na vida, digo que as fotos deste livro mostram, acima de tudo, um talento brasileiro único. Regina Guerreiro é um legítimo produto dos incríveis anos 1960 e está para moda assim como Glauber Rocha esteve para o cinema ou José Celso Martinez Corrêa para o teatro. E cada uma das fotos que você vai ver a seguir poderia muito bem ter sido fei-ta hoje pela manhã ou depois de amanhã. Certa vez, em uma re-portagem, me pediram para defini-la e eu, me achando a mais sharp das criaturas, disse que ela era um misto de Lady Macbeth (tirana dramática), Diana Vreeland (puro glamour) e Dercy Gonçalves (7,8 na escala Richter da chanchada). Hoje, mudei de ideia. Digo apenas que Regina é Regina e ponto final. Sorry… ponto de exclamação. Ui!

MARIO MENDES

1988

1984

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1988

1998 1990

1968

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1981

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créditosfotografia

Page 106: 1971 - Lojas Renner · E cada uma das fotos que você vai ver a seguir poderia muito bem ter sido feita hoje pela manhã ou depois de amanhã. Certa vez, em uma reportagem, me pediram

Fernando LouzaVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

Otto StupakoffVOGUE/CARTA EDITORIAL

Patrick TrautweinVOGUE/CARTA EDITORIAL

Pascal BallandVOGUE/CARTA EDITORIAL

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J. R. DuranVOGUE/CARTA EDITORIAL

Otto StupakoffVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

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MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

Paulo VainerCLAUDIA MODA/EDITORA ABRIL

Thomas SusemihlVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

LuísTripoliRSVP/EDITORA CARAS

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

Otto StupakoffVOGUE/CARTA EDITORIAL

LuísTripoliRSVP/EDITORA CARAS

J. R. DuranVOGUE/CARTA EDITORIAL

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Luis CrispinoVOGUE/CARTA EDITORIAL

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Thomas SusemihlVOGUE/CARTA EDITORIAL

Thomas SusemihlVOGUE/CARTA EDITORIAL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

Paulo VainerCLAUDIA MODA/EDITORA ABRIL

Thomas SusemihlVOGUE/CARTA EDITORIAL

J. M. MorgadeVOGUE/CARTA EDITORIAL

Pedro MartinelliELLE/EDITORA ABRIL

MiroVOGUE/CARTA EDITORIAL

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Pedro MartinelliELLE/EDITORA ABRIL

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Luis CrispinoVOGUE/CARTA EDITORIAL

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Paulo VainerCLAUDIA MODA/EDITORA ABRIL

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Paulo VainerCLAUDIA MODA/EDITORA ABRIL

Fernando LouzaVOGUE/CARTA EDITORIAL

1988

1978

1981(TÔNIA CARRERO)

1988(PORTUGAL)

1985(PARIS)

1982

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2005

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1988(PORTUGAL)

2004

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1983

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(TÔ

NIA

CA

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O)

1983

1993

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1984(ISRAEL)

1985 1985

1977

1983

1991

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Tel. Phone: 55 11 3729-5630 [email protected]

ADRIANA FERNANDES E MARCEL MARIANOEDITORES

REGINA GUERREIROCONCEPÇÃO E DIREÇÃO

MARCEL MARIANOEDITOR EXECUTIVO

DUSHKA (ESTUDIO VINTENOVE)DIREÇÃO DE ARTE

KATHRYN COLLINSPRODUÇÃO EXECUTIVA E PESQUISA

MONNA RICOTTAPRODUÇÃO

REGINA GUERREIRO E DUSHKAEDIÇÃO DE IMAGENS

CARLO WALHOFDESIGNER

DUSHKACAPA

ESTUDIO VINTENOVEPROJETO GRÁFICO E FINALIZAÇÃO

TALITA DENARDIREVISÃO DE TEXTOS

J UST LAYOUTTRATAMENTO DE IMAGEM E PRODUÇÃO GRÁFICA

IPSISIMPRESSÃO

VERSÃO EM INGLÊS: www.lusteditores.com.br/rgenglish

Tiragem3.000 . 1ª edição . 2012

agradecimentosAgradecemos a nosso patrocinador, especialmente

à Luciane Franciscone, por seu incentivo na realização deste projeto, bem como à Fabiana Londero.

A todos os artistas, personalidades e modelos que autorizaram a publicação de suas imagens. Aos queridos Sérgio

Saber, Amélia A. Fernandes da Fonseca, Dadá, Luciano Fonseca, Claudio de Oliveira, Moshe Sendacz, Beatriz,

Maria A. Rodrigues, Michael Betar, Nira Bessler, Patrícia Gebrim, Luciana F. Betar, Cristiano Fonseca,

Joaquim G. de Almeida, Carlinhos, Marlos, Mauro dosSantos, Rossana Lorenção, Beth dos Santos,

José Carlos F. Fonseca, Luana, Beatriz e Tomás Lorente. A todos vocês obrigado por sempre apoiarem nosso trabalho.

Adriana Fernandes e Marcel Mariano

We would like to thank our sponsors, in particular, Ms. Luciane Franciscone for her encouragement

during the development of this project and Fabiana Londero. We thank all the talented artists, personalities and models who have permitted us to publish their images. We thank our loved

ones, Sérgio Saber, Amélia A. Fernandes da Fonseca, Dadá, Lucia-no Fonseca, Claudio de Oliveira, Moshe Sendacz, Beatriz, Maria A. Rodrigues, Michael Betar, Nira Bessler, Patrícia Gebrim, Luciana F. Betar, Cristiano Fonseca, Joaquim G. De Almeida, Carlinhos, Mar-los, Mauro dos Santos, Rossana Lorenção, Beth dos Santos, José

Carlos F. Fonseca, Luana, Beatriz and Tomás Lorente. Thank you all for your constant support of our work.

Adriana Fernandes e Marcel Mariano

ficha catalográfica

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Guerreiro, Regina Ui! Regina Guerreiro. -- 1. ed. -- São Paulo : Luste Editores, 2012.

1. Fotografia de moda 2. Guerreiro, Regina 3. Jornalistas de moda - Brasil I. Título.

12-00122 CDD-070.449391

Índices para catálogo sistemático:

1. Jornalistas de moda 070.449391

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