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Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

5 PararParaPensarL. M. Vicente Ferreira

6 RondadasEscolas

10 OAcontecimentoISELesegurançanasgasolineiras

Luís Osório

15 MemóriaReviveropassadonaESELx

Bárbara Gabriel

18 AGrandeEntrevistaAlmeidaFernandeseoensinosuperior

Clara Santos Silva

24 HistóriasdeSucessoOactorPedroSaavedra

Vanessa de Sousa Glória

28 ReportagemDançaencantaBairroAlto

Paulo Silveiro

31 PensarDireitoAavaliaçãodosdocentes

Maria Feliciana Cardoso

32 EmFocoFestivaldeBDnoTeatroeCinema

Vanessa de Sousa Glória

39 EmpreendorismoISELapoiaincubaçãovirtual

Clara Santos Silva

44 ProblemáticasAacçãosísmica

J. Matos e Silva

46 AProtagonistaPerfildeWandaRibeirodaSilva

Paulo Silveiro

55 MalaDiplomáticaAinternacionalizaçãodoISCAL

Maria Amélia Nunes de Almeida

60 EstanteOcorpoeapublicidade

José Rebelo

66 TribunaLivreManuel Mendes da Cruz

18«Nãoéclaraadivisãodoensinoentrepolitéc­nicoeuniversitário».QuemodizéoprofessorAlmeidaFernandes,directordoDepartamentode Estruturas do LNEC e notável especialistanaárea.ParaeleoISELconstituiumcasodesucesso,quantoàsuacompetitividadeeexce­lência.EmentrevistaàPolitecnia,oinvestigadorfala da importância daobservação técnicadegrandesobrasedizqueoparquehabitacionallisboetaestádegradado.

28Os espectáculos no átrio da Es­colaSuperiordeDançasãocadavezmaisumespaçodeexperiên­cias coreográficas nas noites doBairroAlto.Alunos,professoresecoreógrafos reinventam todas asquartasfeirasaartededançar,emespectáculosirreverenteseprovo­catórios.A italianaTeresaRanieriassina o mais recente sucessodeste ciclo «Under 0º», dandocorpoaoprojectodinamizadopeloprofessorFranciscoPedro.

32AEscolaSuperiordeTeatroeCine­maacolheuoFestivalInternacionaldeBandaDesenhadadaAmadora,o maior do país. Intitulada "Dese­nharaMúsica",aexposição,doar­tistaJoséGracês,recriamomentosdaHistóriadePortugalerecuperainstrumentos musicais do séculoXV.

46AbailarinaWandaRibeirodaSilva,pio­neiradoensinodadançaemPortugal,eprofessoradaESDéaprotagonistadestaediçãodaPolitecnia.Apaixonadapelaspedagogiasinovadorasdadança,abailarina fezhistóriaaoparticiparna1.ªemissãodaRTP.

Sumário

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Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

ESTATUTO EDITORIAL

1. A revista Politecnia é uma publicação trimestral, editada pelo Instituto Politécnico de Lisboa, que assegura e disponibiliza informação de referência sobre a vida do IPL e a actividade das oito escolas que o integram;

2. A Politecnia respeita a Constituição da República e as leis que se enquadram nos direitos, obrigações e deveres da Imprensa, tendo em conta o Código Deontológico dos jornalistas. E compromete ‑se a respeitar os direitos e deveres inerentes à liberdade de expressão e ao direito a ser informado, observados que sejam os princípios consignados neste Estatuto Editorial;

3. A Politecnia rege ‑se por critérios de rigor e honestidade, sem dependências de ordem ideológica, política ou económica, no respeito integral pelos Estatutos e a Lei Orgânica do IPL;

4. A Politecnia elege como público de referência as instituições (económicas, políticas e sociais) da sociedade civil e o corpo docente das oito escolas do IPL, e os alunos, pais e educadores em geral;

5. A Politecnia quer contribuir para a unidade do IPL e a afirmação da sua cultura própria, em prol do desenvolvimento em Portugal de um Ensino Superior de qualidade, apostado na qualificação profissional dos alunos;

6. A Politecnia diferencia os artigos de conteúdo opinativo dos artigos informativos e reserva ‑se o direito de interpretar e comentar, nos seus espaços de opinião, os factos e acontecimentos de âmbito educativo que se relacionem com a sua actividade;

7. A Politecnia está aberta à colaboração de todos os docentes do Instituto Politécnico de Lisboa que tenham contributos, no domínio da Educação, importantes que queiram partilhar;

8. A Direcção da Politecnia reserva ‑se o direito de não publicar a colaboração não solicitada, que considere não ter a qualidade pretendida;

9. A responsabilidade dos textos publicados é inteiramente assumida pelos seus autores;

10. A Politecnia participa no debate dos grandes temas da actualidade educativa, relacionados com o Ensino Superior, tendo em vista a discussão de questões de interesse para o IPL e a troca de ideias entre aqueles que se preocupam e dedicam ao seu desenvolvimento e prestígio.

AnoVIIINúmero20Janeiro2009

DirectorL.M.VicenteFerreira

EditorOrlandoRaimundo

RedactoresBárbaraGabriel,ClaraSantosSilva,JorgeSilva,MargaridaJorge,PauloSilveiro,eVanessadeSousaGlória

FotografiaBrunaViegas,JoãoCosta,JoséAlexandre,Lightshot,MariaLucena,MargaridaJorge,PedroPina,SofiaGomes,SusanaPaivaeTâniaAraújo

CorrespondentesJoãoCosta(Dança),LucyWainewright(Educação),LuísaMarqueseMargaridaSaraiva(TeatroeCinema),MariaJoãoBerkeleyCotter(ContabilidadeeAdministração),AnaRaposo,ClaúdiaGuerreiro,MariaJoãoGonçalves(TecnologiadaSaúde)

ColaboradoresPermanentesAntónioSerrador,LuísOsório,LuísaMarques,ManuelEsturrenho,PauloMorais­­AlexandreeSérgioAzevedo

ColaboradoresAntónioSampaiodaNóvoa,J.MatoseSilva,JoséRebelo,MariaAméliaNunesdeAlmeidaeMariaFelicianaCardoso

ColunistaManuelMendesdaCruz

GrafismoePaginaçãoOrlandoRaimundo(coordenador),ClaraSantosSilva,PauloSilveiroeVanessadeSousaGlória

PropriedadeInstitutoPolitécnicodeLisboaEstradadeBenfica,5291549­020LisboaTelefone:217101200Fax:217101236e­mail:[email protected]:www.ipl.pt

Redacção,Admin.ePublicidadeEstradadeBenfican.º5291549­020Lisboa

ImpressãoTipografiaPeres,RuadasFontaínhas,Lote2VendaNova2700­321AmadoraDepósitoLegal­158054/2000ISSN­1645­006x

Tiragem:4500exemplares

Capa:VanessadeSousaGlória(arranjográfico)DesenhosdeJoséGarcês

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Parar para Pensar

5Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

Parar para Pensar

5

VAIREALIZAR­SEemHaia,Holan­

da,entre4e5deFevereirodeste

anoaConferênciaInternacionalda

Rede de “Universities of Applied

Sciences(UAS)”.

Esta rede europeia de institui­

ções de índole politécnica, que

adoptouadesignaçãointernacional

de “Universities of Applied Scien­

ces”congregajáváriospaíses,no­

meadamente aAlemanha, Áustria,

Dinamarca, Estónia, França, Fin­

lândia, Irlanda,Lituânia,Holandae

Suíça.Em2008Portugalpassoua

integrarestaredeapósavisita,no

início do ano, de uma delegação

doConselhoCoordenadordosIns­

titutos Superiores Politécnicos a

algumas instituiçõeseuropeiasque

adoptaramadesignaçãodeUAS.

Todavia,eemboraonossoes­

tatutosejaodeummembrodeple­

nodireitodentrodarede,averdade

équenãofoiaindaautorizadapela

tutelaadesignaçãode“Universities

ofAppliedSciences”àsinstituições

politécnicas portuguesas, apesar

de o Conselho Coordenador dos

Institutos Superiores Politécnicos

terapresentadotalpretensão.

Estamudança de designação,

adoptada pelos países europeus,

tem na génese o reconhecimen­

to da inadequação de um ensino

superior suportado exclusivamen­

te por uma base tecnológica, tal

como foiconcebidoparaPortugal

há 30 anos. As mudanças estru­

turaisprofundasqueseoperaram

nas últimas décadas na Europa

impuseram a reformulação deste

princípio dando lugar a um novo

paradigma, sustentado não ape­

nasporumabasetecnológica,mas

também por uma base científica

orientadaparaaempregabilidade.

Nãoéalheiaaestanovarealidade

adeslocalizaçãodasindústriasda

UniãoEuropeiaparaaÁsiaepara

outrasregiõesdomundo.

Defacto,asexigênciasquese

colocamàUniãoEuropeianoplano

socioeconómicoporperdadefac­

torescompetitivos,taiscomomão­

de­obrabarata,queestãoa levar

deformasistematizadaàdesloca­

lizaçãodasunidadesdeprodução

intensiva da Europa, devem ser

supridasporfortedesenvolvimen­

todeumaculturadeinvestigação

científicanasinstituições,queseja

capaz de incutir no aluno de en­

sino superior capacidades para a

inovaçãoeparaacriatividade,de

modoaque,umavezinseridoem

ambiente produtivo, possa criar

altovaloracrescentado.

Ora,é issoquesepodeespe­

rar e se deve exigir a todo o en­

sino politécnico europeu a fim de

queeledesenvolvaasuacapaci­

dadeepotencialnosdomíniosda

investigação científica aplicada,

incorporando­a em contexto pe­

dagógico,ajudandodestaformaa

sociedadeeuropeiaamantere,se

possível,melhoraroseunívelso­

cioeconómico.

Esta mudança de paradigma

noensinopolitécnicoésimboliza­

daatravésdestanovadesignação

“UniversitiesofAppliedSciences”,

conferindo­lhe,assim,maiorcom­

petênciaevisibilidadequernopla­

nonacionalquernoplanointerna­

cional.Torna­se,porisso,urgente

que Portugal também adopte a

designação de UAS para o en­

sino politécnico, sob pena, se o

não fizer, de ficarmos em grande

desvantagemcompetitivafaceaos

nossosparceiroseuropeus.

UniversidadesdeCiênciasAplicadas

L.M.VicenteFerreira

Torna-se urgente que Portugal também adopte a designação de Universities of Apllied Sciences para o

ensino politécnico, sob pena, se o não fizer, de ficarmos em grande desvantagem

competitiva face aos nossos parceiros europeus

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Parar para Pensar

6 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

Ronda das Escolas

“NosOtros”àprova

“NOSOtros”,umfilmeimaginado,produzido e realizado por finalis­tas da Escola Superior de TeatroeCinema,foiexibidonodiaabertoda escola, como formade dar asboasvindasaosnovosalunos.Osrelacionamentoshumanos,osen­contros e desencontros, estão nabasedoargumento.

As histórias cruzam­se todas,directa ou indirectamente: SusanaveiodoPortoparaLisboaàprocurade independência; Lourençoé seuvizinhoemúsicoegastaaspoucashoraspassadasemcasaatocarsa­xofone;Francisca,comumaagendaprofissionalmuitopreenchida,nemsempre tem tempo para o João, onamorado;eJuan,queveiodeBar­celona a carpir uma traição, comumprojectodefotografia,alugaumquartoemcasadeFrancisca.

EháaindaMarta,actrizemãe,casadacomLuís,advogadodesu­cesso.Depois,MárioconheceMar­tanumafestaedescobrequenemtudosecontrola.Confrontadascomosseuslimitesvemos,aolongodahistória, como cada personagemtemcapacidadeparasobreviver.

Já anteriormente mostrado naCinematecaPortuguesa,“NosOtros”reúneumaequipade28alunos,qua­tro professores, três elementos dogabinete de produção de teatro daEscolaSuperiordeTeatroeCinemaeamestradoguarda­roupa.

ESCSvoltaaoEstorilFilmFestival

AactrizfrancesaCatherineDeneuvefoiaestreladoFestival

OSALUNOSdaEscolaSuperiordeComunicaçãoSocial,voltaramateraoportunidadedefazeracoberturano­ticiosadoEstorilFilmFestival08,quedecorreude14a22deNovembro.ObomdesempenhoobtidopelaESCSnaediçãodoFestivaldoanopassa­do levou a que o realizador PauloBranco,directordoevento, voltasseaconvidaraescolaparaarealizaçãode toda a cobertura do Festival. Aequipadeprodução,coordenadape­loprofessordaESCSRicardoFlores,incluiu dezasseis alunos dos cursosdeAudiovisualMultimédiaeJornalis­moediversoequipamentoaudiovisu­

al, responsáveis pela produção dosconteúdos que este ano passaramnaplataformaMEO.

Paraalémdestaequipa,foramvá­riososalunosdaESCS,queatravésdo Gabinete de Estágios da escola,foram inseridos na organização doFestival, colaborando directamentecomosorganizadoresdoevento.

A participação dos alunos noFestival,proporcionou­lhesumaex­periência muito importante sobre oque é omercado de trabalho, numritmomuito intenso, os alunos tive­ramquecorresponderaváriassoli­citações,oquelhespermitiuganharumatarimbaquelhesserámuitoútilnoseufuturoprofissional.

TambémosalunosdecinemadaEscolaSuperiordeTeatroeCinemaforamconvidadosamostrarosseustrabalhos mais representativos, noEncontrodeEscolasda7ªartequedecorreuduranteocertame.

A apresentação da ESTC esteveacargodoprofessorJoséBogalheiro,directordoDepartamentodeCinema,quesepronunciousobreoensinoquenela se pratica. Os filmes “Por umamãocheia”,“Morrer”,“Aleluia”,“Duaspessoas”, “QueridoCarlosAlberto” e“TheBowl” foram os trabalhos visio­nados, a que se seguiu um debatesobre o papel destas instituições nacriaçãocinematográfica.

VanessadeSousaGlória

VanessadeSousaGlória

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Parar para Pensar

7Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

Ronda das Escolas

ESCSdebatetráficodemulheresA AMNISTIA Internacional, a FoxInternational Channels e a EscolaSuperiordeComunicaçãoSocialas­sinalaramoDiaInternacionalparaaEliminaçãodaViolênciasobreaMu­lher,comatertúlia“OtráficodeMu­lheresparaRedesdeProstituição”.

Da mesa­redonda fizeram parteManuelaGóis,daUniãodeMulheresAlternativa e Resposta; MargaridaMartins,daAssociaçãodasMulherescontra a Violência; Marta Crawford,sexóloga;eomoderadorPedroKru­penski, da Amnistia Internacional.Duranteatertúliaficouclaroqueestatemáticaéumproblemaquemereceapreocupaçãode todos, ePortugalnão é excepção. “É necessário terconsciência de que este problemaenvolve mulheres portuguesas, queoaliciamentoéfácil,equeasredesem Portugal estão activas”, refereMargaridaMartins.

Duranteoencontroosparticipan­tes foram sensibilizados para a ne­cessidadedeintervenção,datomadade consciência para esta realidade.Foireforçadaaideiadequeéurgenteumaintervençãoactivaepermanen­te,queapessoa,enquantoser indi­vidual,deverápensarem formasdecombater este flagelo social. Dadosestatísticos demonstram que 80 %daspessoastraficadassãomulheresecrianças.ParaPedroKupenski“osdireitoshumanossóserãouniversaisquandotodososindivíduostomaremconsciênciadequetêmresponsabili­dadenoseucumprimento”.

Ascausaseorigensdotráfico,aspossíveissoluçõeseareflexãosobreo papel da mulher enquanto vítimaforam questões debatidas durante atertúlia.Apreocupaçãoporestetipodetemáticasfez­sesentirnaparticipaçãodosalunos.ParaaestudanteNídiaFa­riamuitasdassoluçõespodempassarpelasaladeaula.“Pode­sediscutires­tetipodetemáticasnasaulas,visionarséries,comoestaquepassouhoje,aMatrioski,queexpõecenasqueretra­tamotráficodemulheres”.

Durante o encontro, Marta Cra­wforddeuoseucontributocomosexó­loga,considerandoquemuitasdestasquestõesestãorelacionadascomase­xualidade,comestereótiposqueestãoenraizados na nossa sociedade. “Háfortes desigualdades nos papeis fe­mininosemasculinos,queépassadodegeraçõesemgerações,naprópriaeducaçãoquedepoisreputa­senasvi­vênciasdehojeemdia”.conta.

ParaPedroKrupneski, a escolhadaEscolaSuperior deComunicaçãoSocial como local de debate destetipode temáticas fez todoosentido,porque“sendoumaescoladeComu­nicação,ondedesejavelmentemuitosdosestudantesdainstituiçãovãosercomunicadores, é necessária a sen­sibilização para a problemática daigualdadededireitos”.

Paraomoderadordatertúlia,oob­jectivofoicumpridojáque,emboramui­tacoisatenhaficadopordizer,foramto­cadosospontosessenciais.Eopúblicoparticipoueficousensibilizado.

OpresidentedoconselhodirectivodaESCS,AntónioBelo,acolheuosparticipantes

AlunodaDançapremiadonaAlemanha

O BAILARINOAntónio Cabrita, re­cém­licenciadopelaEscolaSuperiordeDança,colaborounoprojectoPri­vateSpaces,dacoreógrafaSilkeZ.,galardoadonaAlemanhacomoPré­miodeDançaColónia2008.Jáem2006, o bailarino havia trabalhadocomestaartista,coreógrafanopro­jectoColina,quetemoobjectivodepromoverainteracçãodeváriasex­pressões artísticas, destacando­seadança.SilkeZ.,nascidaem1970,vive e trabalha em Colónia, comocoreógrafaindependente,estandooseutrabalhoquasesempreassocia­doàexposiçãopúblicadocorpo.

No caso do espectáculo Priva­teSpaces,aaudiênciaentranumacaixanegrasemcadeiras,parator­narmaisintimistaarelaçãoentreopúblico e os bailarinos. Os corposdos intérpretespodemser tocadossob proposta de António Cabrita,que faladirectamentecomopúbli­co.O resultadoéum trabalhoqueenvolve cinema e performance,numadinâmicaentreorealeafic­ção,naqualosbailarinosestãonocentrodeumjogodeproximidadeedistância,controleeperda.

O ano de 2008 foi particular­menteatribuladoparaojovembai­larino que participou numa sériede projectos nacionais e interna­cionais,entreosquaisaQuinzenadaDançadeAlmada.

ArquivoESCS

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Ronda das Escolas

8 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

INSERIDOnociclodeespectáculos“Átrio”aEscolaSuperiordeDançaapresentouemDe­zembro,ascoreografiasdequatroalunosfi­nalistas,queabordaramtemasrecorrentesnasociedadeactual,taiscomooamor,arotina,aguerradossexosealgunstraumasfemininos.

Os espectadores são convidados a in­teriorizarsituações.Comoadeumamulherquecontinuapresaaoamordoseupassado,semconseguirviveropresentenatotalidade.E surgem as perguntas: poderá um passa­doser tão forteenegativoaopontodenosbloquear? qual a influência de um passadodevastador nas nossas vivências actuais?a mulher (aquela mulher) tenta realmentelivrar­sedessepassadoouseráestaaúnicaformadesemanterligadaaoseuamor?

Nofimficaaideiadequeafelicidadeseconstrói, se pode construir. E a certeza dequeparasesairdumsofrimentoprofundoéprecisoquerer.Eparaalémdequerer,ousarquebrarhábitosdesentirenraizados.

E há mais perguntas no ar: estarão osautomatismoscriadospelamáquinaatornar­nosmenosemocionais?aquiloquefazemoseaformacomoosentimosestaráalterado?Talvez seja verdadequenos comportamos,nasociedadeactual,quasecomose fosse­mosmáquinas,esquecendoosnossossenti­mentoseosalheios.

É fácil concordar com a ideia de que oaborto, a violação e a violência domésticapõememevidênciaasfragilidadesdamulher.Mas a reflexão não termina (não pode nemdeve) terminar aí. Essas situações retratamfragilidades de uma sociedade que muitosconsideramdesorientadaehipócrita.Evoltamasperguntas: seráamulher frágilouseráohomemaindamaisfrágilaopontodenãosercapazdelidarcomassuasfrustrações?

Em palco, três mulheres representam oaborto, a violação e a violência doméstica,numrelatointensosobrecomovivempsico­logicamenteestescenários.

Oconviteà reflexãocontinua:numaso­ciedadeemquesomosvítimasdeestereóti­posdetodootipo,ogéneronãofogeàregra;numasociedadequedizdefenderaliberda­de, continuamos a ser comandados pelasaparências e pela aparência da aparência.Eumhomemprocuraquebrarasdirectrizesquecodificamogéneromasculinoedemons­tra que todos esses códigos simplesmentenãofazemsentido.

Pensara

IPLpatrocinaEncontroAudio

FilmedeRuiGoulartapoiadopeloISEL

OCINEASTARuiGoulart, formado pelaEscola Superior de Cinema de Lisboa,fez a antestreia nacional da sua longa­metragem«1.ªVez16mm»,nodia4deNovembro,noCinemaS.Jorge.Ofilme,quecontoucomoapoiodo InstitutoSu­periordeEngenhariadeLisboa,ondefoifilmadaumadascenasmais relevantes,contaahistóriadeMiguel,umrealizadorobstinadoquequerfazer,semquaisquerapoios,umfilmesemargumento,intitula­doAmizadesColoridas.Há 20 anos, alunos finalistas da Es­

cola Superior de Teatro e Cinema, entreosquaisRuiGoulart,JosédePina,JoséLeitão, Vítor Beja, José Brinco e JoãoCayateproduziramerealizaramumfilmeindependente,em16mm,marcadoporumacidentequevitimouoactorBrunoLavos.Ocineastatentouagora,recriaressahis­tória,mostrandoafaltadeexperiênciadeumaequipaconstituídaporfinalistasdeci­nema,quetentamporentremuitasperipé­cias,descobriractoreseobterpatrocíniosparaoprojecto.

Aequipapercorreuváriospontosdopaís,escolhendoaindaBordéus,Paris,VenezaeMadridparaasfilmagens,apardoitine­rárioescolhidoparaofilmedehá20anos.DoelencofazemparteJoãoD´Ávila,Ade­laide João, António Vitorino de Almeida,Miguel Borges,AnaAfonso, RuiGoulart,Ana Reis, José Miguel Monteiro, SofiaFragateiro,RafaelReis,VictorMariquitoeNunoModesto,contandoaindacomapar­ticipaçãoespecialdeMarisaParedes.Na antestreia da longa metragem o

público aderiu emmassa ao Cinema S.Jorge, onde Rui Goulart compareceucoma sua equipa e alguns convidados.Ocineastadissenãoestarnervoso,atéporque considera que a prova definitivaé a colocação do «1.ª Vez 16 mm» nocircuitocomercial.Trata­se,emsuaopi­nião,de“umfilmealternativoe,porisso,maiscomplexo,sendoosucessoespera­domuito relativo”.RuiGoulart,com já7filmes realizados,acreditaqueopúblicoportuguês é cada vez mais receptivo aestetipodecinema.

OrealizadorRuiGoularteaequipadeactoresnaante­estreiadofilmenoCinemaS.Jorge

COM o apoio do Instituto Politécnico deLisboa, decorreu no Instituto Superior deEngenhariadeLisboao10.ºEncontrodeEngenharia deÁudio, emparceria comaAssociaçãoPortuguesadeEngenhariaÁu­dio,APEA–SecçãoPortuguesadaAudioEngineeringSociety,AES.

Asessãodeaberturacontoucomapre­sençadoPresidentedoIPL,paraalémdeváriaspersonalidadesdeméritointernacio­

nalnaáreadoáudio,queabrilhantaramaspalestrasapresentadas.

Umdosmomentosaltosfoiaparticipa­çãodocantorPaulodeCarvalho,acompa­nhado por alunos da Escola Superior deMúsica de Lisboa, no momento musicalquepermitiumostraroprocessoderealiza­çãodeumespectáculo.Obalançofeitope­laorganizaçãofoipositivoquantoafuturasparceriasentreuniversidadeseempresas.

PedroPina

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Ronda das Escolas

9Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

QuatrocoreografiasdealunosfinalistasEuquero…etu?Criador:MarianaPimentel

BloodyMaryCriador:MarcosFaria

Euquero…etu?baseadonoromanceargentinoBoquitasPin­tadasdeManuelPuig,centra­senouniversodoamormalsu­cedido.Empalco,umamulherviveumpresentedecadentepornão conseguir sair da nostalgia do passado. Este trabalho édedicadoaDaniloGennari.

BloodyMaryéumapeçaqueretrataaMulhernassuasfragilida­des,indoaoencontrodetemasdelicadosdasociedadecontem­porâneacomooaborto,aviolaçãoeaviolênciadoméstica.Empalco,trêsmulheresretratamosconstrangimentoseasemoçõesinerentesàviolênciafísicaepsicológicadequesãovítimas.

Oqueéogénero?Nestapeçaháumadescodificaçãodeformatosde corpos e objectos.As questões relacionadas com o género,talcomoopapelqueasociedadeimpõenasuacodificação,sãoabordadasdeumaformaquesepodetornarabstracta.

Estetrabalho,TurningIntoanEmotionalHumanBeing,docria­dorAntónioFaria,retrataavidaquotidiananasociedadeactual,questionandooparalelismoexistenteentrearotinahumanaeoautomatismodamáquina.

TurningIntoanEmotional...Criador:AntónioFaria

¿géneroCriador:AndréSoares

sociedadecontemporâneaadançar

JoãoCosta

JoãoCosta

JoãoCosta

JoãoCosta

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O Acontecimento

10 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

ProjectoGalpgeste/PDOSBus

ISELcriamelhorsegurançanasbombasdegasolina

Amelhorianasegurançadosabastecimentosnasáreasdeserviçoéumdosob­jectivosdaparceriadeinvestigaçãoedesenvolvimentoestabelecidaentreoInsti­tutoSuperiordeEngenhariadeLisboaeaGalpgeste.Oprojectoémotivadopelanecessidadedeumasoluçãointegradadesegurançacomfocoespecialnocontro­lodospagamentosdeabastecimentos.

Texto de Luís Osório

UMA RESPOSTA mais ágil e maiscompetitiva (nomeadamenteaoníveldos custos) ao desenvolvimento denovos serviços aplicacionais, permi­tirão uma gestão mais eficiente deumarededepostos/áreasdeabaste­cimento.EéissooquemaisinteressaaoparceiroempresarialdoISEL.

A parceria com aGalpgeste ini­ciou­seemNovembrode2007,comumprimeiroprojectocomoobjectivo

deestudar tecnologiaseprocessosrelacionadas com a segurança depostos/áreas de abastecimento daredeGalp.

Naprimeirafasedoprojecto,con­cluídaemMaiode2008,foipropostauma estratégia centrada no desen­volvimento de um bus de serviços,entretanto designado PDOSBus(Petrol Distribution Open ServiceBus) o qual permitirá o desenvolvi­

mento do sistema integrado de se­gurançadeabastecimentoseoutrosserviçosaplicacionaisquepartilhemumainfra­estruturaabertaecomum.Daavaliaçãodossistemaseproces­sosemoperaçãonarededeabaste­cimento, emerge a necessidade deestabelecerumaestratégiade inte­graçãoentresistemasheterogéneos(diferentes fornecedores e/ou dife­rentestecnologias).

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O Acontecimento

11 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

Umasoluçãoexistente,associadaaosistemadevigilânciaporcâmarasdevídeo(CCTV)comreconhecimen­toautomáticodematrículas(atravésdeprocessode reconhecimento au­tomáticodecaracteres–OCRopticalcharacter recognition), afigurou­seaquémdasexpectativas, sendoqueo controlo da autorização de abas­tecimento continuou dependente deintervenção de um operador. O sis­

tema de reconhecimento de matrí­culasedetecçãode fugas (basededadosdematrículasdeveículosqueabasteceramsemrealizaremopaga­mento)nãointegracomosistemadepagamento também conhecido porconsola(POS–PointOfSale).

Daavaliaçãoedodesenvolvimen­todeumaestratégiaparaumsistemaintegrado de segurança considerou­seanecessidadedeintegraçãoentre

osdoissubsistemasacimareferidos.Noentanto,aintegraçãopontoapon­to tendeaestabelecerdependênciasde fornecedores, seguir padrões deintegração únicos (soluções one­of­a­kind) com os custos elevados re­sultado da ausência de reutilizaçãode componentes normalizadas, umaspecto muito importante no desen­volvimento de sistemas integradoscomplexos.Énestalinha,emquenão

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O Acontecimento

12 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

sãoencontradassoluçõesinovadoras,seja como trabalhos de investigaçãoaplicados em cenários semelhantes,seja como propostas de organiza­ções de normalização e ainda pro­dutos inovadores que pudessem serequacionadas numa solução abertaemulti­fornecedor, que é proposto odesenvolvimentodeumbusabertodeserviços,especializadoparasistemasde suportea soluções integradasdegestão de postos/áreas de abasteci­

mento.A organização que no sectordos petróleos aparece como contri­buintefundamentalparaainteropera­bilidade entre sistemas emáreas deabastecimentoéaIFSF(InternationalForecourtStandardsForum),daqualoISELentretantosetornoumembro,nãorespondeàquestãocolocadapeloprojecto.Considera­senoentantofun­damentalapromoçãodasdiscussõeslevantadas pelo projecto PDOSBusjuntodestefórum,acçãoqueseráde­

senvolvidanumafaseposterioreemcolaboração com a Galpgeste e ou­tros parceiros empresariais (comes­pecialinteresseparafornecedoresdesistemas tecnológicos para redesdeabastecimento).

Asegundapartedoprojectodecor­reduranteoanode2009.Numapri­meirafasecompilotoemduasáreasdaGalpgesteeposteriormenteestendidaa outros operadores.A segunda fasetemaparticipaçãodaGasodataparaintegraçãodocontrolodepagamentodeabastecimentocomaconsola.Temtambém a colaboração da Prosonic,comadisponibilidadedeequipamen­toparaavaliação,sejadoprocessodereconhecimento seja para a demons­traçãodomodelopropostoemqueumsistema clássico de CCTV é divididoemdoissubsistemas:ainfra­estruturadecâmarasdevídeoeosubsistemadegestãodosprocessosdevigilância.

Mais uma vez, é de salientar ovalorinestimávelparaoISELdeumaparceriacomaGalpgeste,sendoqueos desafios que nos são colocadospermitem­nos concretizar um quadrode desenvolvimento de diferenteslinhasde investigação comapartici­paçãodefinalistasdeLicenciaturaeMestrado no desenvolvimento dosseusprojectosouteses.

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O Acontecimento

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UMdosaspectos fundamentaisnaestratégia de inovação desenvol­vida, validada por demonstradore proposta como resultado da pri­

Umbusabertodeserviços

meira fasedoprojecto,éodesen­volvimento de um bus aberto deserviços. Este bus é formado poruma camada de middleware que

integrafuncionalidadesreutilizáveispelosdiferentessistemas/serviços.Aestebus liga­seumconjuntodesistemas/serviços especializados

QueméquemnoprojectoNAsuaprimeirafase,oprojectodeinvestigaçãoteveaparticipa­çãodoGrupodeInvestigaçãoAplicadaemTecnologiaseSiste­masdeInformação,doM2A–GrupodeMultimédiaeAprendiza­gemAutomática,dogrupoGrupodeInvestigaçãoemElectrónicadeSistemasedeTelecomunicaçõesedogrupodeRedes.Aequi­paécoordenadaporLuísOsórioePedroMendesJorge,sendoaáreadesistemasdeinformaçãocoordenadaporLuísMorgado,adeElectrónicaeTelecomunicaçõesporAntónioSerradoreadeRedesdeComunicaçãodeDadosporVítorAlmeida.

PelaGalpgesteaequipaélideradaporJoaquimLima(Admi­nistrador)econtaaindacomaparticipaçãoactivadeAntónioMa­deira,JoãoDinisEstevesePauloMadeira,deentreoutroscon­tributosfundamentaisparaodesenvolvimentodacooperaçãoemI&D.Talcomoacontececomoutrasparcerias,cabeaoISELares­ponsabilidade do desenvolvimento de questões de investigaçãoquepossamgerarresultadosdevalorparaaGalpgestemasparaasquaiséfundamentalatrocadeconhecimentos,principalmenteaexperiêncianosprocessosdegestãodeumarededeabasteci­mentodecombustíveis.

TalcomoacontecenoutrosprojectosdeI&D,participamco­mobolseirososalunosTiagoGarciadoMestradoemEngenhariaInformáticaeComputadores,eRamiroMarquesdoMestradoemEngenharia Electrónica e Telecomunicações do DepartamentodeEngenhariadeElectrónicaeTelecomunicaçõesedeCompu­tadores–DEETC.Éumaoportunidadedeexcelênciaparaqueconsolidemascompetênciasadquiridascomaparticipaçãonaresoluçãodedesafiosreaiseinovadores. LuísOsório

ArquivoP

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cnia

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O Acontecimento

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noapoioàexecuçãodadiversidadedeprocessosassociadosàgestãodasegurançadeumarededepos­tos/áreas de abastecimento. Estessistemas/serviços implementam in­terfacesdesenvolvidasnumquadroabertoaseremseguidaspelosdife­rentesfornecedores.

Outroaspecto importantenaes­tratégia proposta é a separação doqueactualmentesedesignaporsis­temaCCTV,porumsubsistemaquegerea infra­estruturade câmaraseumsubsistemacomserviçosdeges­tãodoprocessodeacessoàscâma­ras,gravaçãoeoutras funcionalida­desrelacionadascomoprocessodevigilância.Estareorganizaçãopermi­teareutilizaçãodecâmarasdainfra­estrutura em diferentes aplicações.No caso em avaliação no projecto,estareorganizaçãopermiteautiliza­çãodascâmarasparaoprocessodevigilânciaeparaoprocessodereco­nhecimentodematrículas.

Nesta linha foidesenvolvidoumdemonstrador onde são simulados

os diferentes sistemas/serviços.Neste demonstrador considera­seque o sistema de reconhecimentode matrículas coopera com o sis­temadegestãodeabastecimentosqueporsuavezcooperacomosis­temadepagamento(consola).

Semprequeumveículoabastececompós­pagamentomanualoope­radortemquepreviamenteautorizara bomba, em resposta ao levantardaagulheta.

Sempre que um veículo abas­teceémantidaumatransacçãoemaberto,representadaporumobjectoondeconsta informaçãomultimédiasobre o abastecimento, eliminadaapenasquandoopagamentoéefec­tuado.Secomoresultadodoabas­tecimentodeumveículonãoexistirum pagamento, o objecto de infor­maçãoquerepresentaatransacçãoserá acedido pela consola quandoo veículo se posicionar numa ilhade abastecimento. Nesta situação,quando é levantada a agulheta ooperadortemumaindicaçãonacon­

soladeausênciadeumpagamentoanterior,não lhepermitindodesblo­quearabomba(ouapenasperanteumaoperaçãocomautorizaçãoes­pecializada).

Odemonstrador teveporobjec­tivo validar a estratégia proposta eservirdealicerceaopilotojáemáre­asdeserviço,aserdesenvolvidonasegundafasedoprojecto.

A1deOutubrode2008realizou­senaAPETROumareuniãopromo­vida pela Galpgeste para apresen­tação dos resultados do projecto,tendosidopropostaumaestratégiadeextensãodaparticipaçãonopro­jectodosoutrosoperadores.Nesseâmbito,umabastecimentoquenãoé pago num operador deveria serautomaticamentecontroladoquandoomesmoveículotentasseabastecernoutrooperador.Areuniãoterminoucomumarecepçãounânimeaopro­jecto tendo ficado acordado umavisita ao ISEL, aque se seguiria oplaneamentodaextensãodainicia­tivaaoníveldaAPETRO.

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Parar para Pensar

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Memória

tesereavivaramhistórias,muitasdelasjá esquecidas. Por entre corredoresouviam­selamentoscomoeradifícilserprofessorprimárionessetempo.

A iniciativa do encontro foi “bemacolhida, desde o primeiro momentopela direcção da Escola Superior deEducação”, diz Maria Idalinda Dias,umadasorganizadorasdoevento,quefezquestãode convidar a presidentedo conselho directivo, e actual vice­presidente do Instituto Politécnico deLisboa,LurdesSerrazina,adescerrara placa comemorativa do evento nojardiminteriordaESELX.Naocasião,

DENORTEASULdopaís,nenhumdosalunosdasturmasAeB,de1956/1958,doMagistérioPrimáriodeLisboaquisfaltaraoencontro,marcadonaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa,paracomemorarmeioséculodecurso.

Hoje, emplenoOutonoda vida,vieram sozinhos ou acompanhadospelos filhos e netos. Debaixo dosbraços traziam fotografias, daqueletempo,naesperançadereconhece­remcarasquehámuitonãoviam.

Emocionados, à medida que iamchegando,àEscolaSuperiordeEduca­çãorecordavamostemposdeestudan­

LurdesSerrazinacongratulouainiciati­va,frisandoqueainstituiçãoquedirigeéfeitadehistória,daqualestegrupodeprofessoresfazparte.

Ainda muito jovens, com poucomais de dezoito anos, ingressaramnoMagistérioPrimáriodeLisboaparaserem futuros professores primários.Hoje, meio século passado, a res­postaéunânimequiseram­noserporvocaçãoenãosearrependemdaes­colha.Noentanto, todos confessam,que,naqueletempo,eapesardadig­nificação da imagem social, a remu­neraçãodeumprofessorprimárioera

ElesformavamasturmasAeBde56­58

ReviveropassadonaESELxComemorarmeioséculodofimdecurso,frequentadonoantigoMagistérioPrimário,foioquelevou45professoresareencontrarem­senaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa, legítimaherdeiradainstituiçãoondeseformaram,contribuindo,comaefeméride,paraasuahistória.APolitecniaestevenomemorávelencontroonde,emambientedenostalgiaealegria,serecordouostemposdeestudanteeosdesafiosdeserprofessornaquelaaltura.

Textos de Bárbara Gabriel l Fotos de Clara Santos Silva

ApresidentedoconselhodirectivodaESE,LurdesSerrazina,acolheosveteranosdoantigoMagistérioPrimário

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Memória

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CasamentonosserviçoscentraisFOIemBenfica,noedifíciodopensionatodoMagistérioPrimário,ondehojeéoedifí­cionobredosserviçoscentraisdoInstitutoPolitécnicodeLisboa,queMariaCéliaDu­rão,antigaalunadoMagistério,secasou.

Dirigidoporfreiras,opensionatoemBen­ficafuncionavacomoumaresidênciadees­tudantes,ealbergavacercadetrintaalunas.

A capela, de que já não há vestígios,localizava­senoportãoàentradae todososdiaseraláquesecelebravaamissaeonde as freiras faziam questão de deixarumasbolachinhasparaopadre.O jardimeolagocompeixes,queaprofessoratãobemserecordaequeaindahojeseman­tém,serviramdecenárioparaashabituaisfotosdecasamento.

Ocopodeágua,fornecidopelapaste­lariaNilodeBenfica, foiservidonorefei­tóriodopensionatolocalizado,juntamentecomassalasdeestudonor/cdoedifício.Ascamarataseramno1.ºandar.Apesardas saudades dos pais que estavam no

Alentejo,MariaCéliaDurãodizterpas­sadonopensionatoosmomentosmaisfelizesdasuavida“eramcomoumafa­mília”.Talvez por isso a professora te­nhapor láficadomesmodepoisde terterminadoocurso.

Ao lado do pensionato, onde actu­almentefuncionauminfantário,viviaodirectordoMagistérioPrimário,OctávioNevesOrdonnat.

+

AsturmasAeBdoantigoMagistérioPrimáriodeLisboadocursode56­58

muito baixa comparada com a demuitosoperários e a de trabalhadores agrícolas,em certas regiões. LúciaBarreiros come­çouadesempenharfunções,comotantosoutros professores, no início de carreira,numaaldeiaemAlcoentre.Osmileduzen­tosescudosquerecebiamdeordenadonãoeramsuficientesparaoaluguerdoquartoeoutrosgastosessenciais.ParaalémdissooprimeiropagamentosóerafeitonoNatal.JáparanãofalardossubsídiosdefériasedeNatalquenãoexistiam.

Apesar das vicissitudesdoofício, LúciaBarreirosnuncadeixoudeleccionareapai­xãopeloensinolevou­aaMoçambiqueparacolaborarnaaberturadeumaescola.

Os professores tinham um extenso, di­fícil e exigente programa para ensinar. AscriançasaprendiamageografiadePortugal,AngolaeMoçambique;aslinhasférreasdocontinenteedoUltramareosreisdePortu­gal.Temposemqueoscastigosmaternais,permitidos nas aulas, incluíam umas pal­madasnotraseiroounasmãos.

Relembrando os costumes obriga­tórios doMagistérioPrimário de Lisboa,algunsprofessoresdocursode1956/58fizeramquestãode, nodiadoencontro,vestirembatabranca,aqueusavamnostemposdeescola.

Oprimeiro dia de aulas noMagistérioPrimáriodeLisboaficou­lhesnamemória.Maria Idalinda Jesus Alegria recorda­se,como se fosse hoje, da recepção do di­rectornaqueladataemfunções,professorOctávioNevesd’Ordonnat.Sentiu­sees­

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Memória

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=

MANUALFariafazpartedogrupomino­ritáriode rapazesqueestudounoMa­gistério Primário de Lisboa de 1956 a58.FrequentavaaturmaA,aúnicaquetinha alunos do sexo masculino. ParaManuelFaria,naquelaépocaoshomensnão queriam ser professores primáriosporque, para além do ensino ser “malpago”oslugaresdisponíveisparatraba­lhareramno interiordopaís “pelasal­deias”.“Eramumasdesgraçadas”dizoprofessor,“deslocavam­sedecomboioedepoisiamdebicicletaparaasaldeias”.ManuelFariadeuaulasemduascida­des: no Entroncamento, onde vivia, eemVilaFrancadeXiraondeacabouporfazerasuavida.

Em 1958/59, recorda­se perfei­tamente, o valor do seu primeiro or­denado 1.114$70 (um conto cento ecatorzeescudosesetentacentavos).Oqueganhavanãochegavaparaosgastosessenciaisobrigando­o,duran­temuitosanos,aconciliaraprofissãodeprofessorprimáriocomoutrosbis­cates.DeuexplicaçõesearranjouumtrabalhoànoitenaMarinha.

Apesar de, mais tarde, ter optadopeloensinonosecundário,ManuelFarianãotemdúvidasque,apassagempeloMagistérioPrimárioeoprivilégiodecon­vivercomodirector,OctáviodasNevesd’Ordonatt,tiveramumaforteinfluêncianoseudesempenhocomoprofessor.

Desterradosemalpagos

tranhaaosertratada,pelaprimeiraveznavida,porsenhoradona.

As alunasmestras, como assim eramchamadas,foramobrigadasasubstituirossoquetes,sópermitidosaosrapazes,pelasmeiasdevidro.

Quem tivesse cabelo comprido deviahabituar­seausá­loapanhadoeaspintu­rasnacaranãoeramrecomendadas.

Jánaginástica,praticadanoactualsalãonobredaESE,asraparigasvestiamsaiacal­çaeaindausavamumculoteporbaixo,dizMariaTeresaToméemtomdebrincadeira.

Exigente, a admissão ao Magistérionão era fácil. Numa prova global testa­vam­se os conhecimentos dos futurosprofessoresemhistória,matemática,por­tuguêseculturageral.Naalturaexistiamprofessoresespecializadosqueprepara­vamosalunosparaesteexame.

Dos professores do curso de 1956/58,houve quem ficasse para a história. Lúcia

Barreirosrecordaassonecasqueoprofes­sordeDidácticafazianasaladeaulas.

Nointervalodasváriasdisciplinasquefrequentavam, os alunos, numa pequenasaladeconvívio,ouviam telefoniaqueosajudavaapassarotempo.

JánasaulasdeEducaçãoMusicalen­saiavamohinodeescolaque,hoje,aindamostramquenãoesqueceram.

Constituído por dois anos, o cursocontemplava, na fase final, uma vertentepráticaemqueosalunoscontactavamdepertocomascriançasdasescolasprimá­rias circundantes de Benfica. Por regraacompanhavam­nosàhoradealmoço,efaziamjogoslúdicoscomeles.

Um exame de saída permitia­lhes teracessoaumestágioquedecorrianases­colasprimáriasdazonadeLisboa.

No final os diplomados assistiam àconsagraçãodocursoemFátima,numareuniãoanívelnacional.

CinquentaanosdepoisoreencontroàportadaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa

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18 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

A Grande Entrevista

AlmeidaFernandeseaqualidadedoensinosuperior

«Nãoéclaraadivisãodoensinoempolitécnicoeuniversitário»

«OISELconstituiumcasodesucessomuitointeressante,quedeviasermaisana­lisado»,diz,ementrevistaàPolitecnia,oprofessorAlmeidaFernandes,DirectordoDepartamentodeEstruturasdoLNEC.Adivisãodoensinosuperiorempolitécnicoeuniversitárionãoé,emsuaopinião,clarificadora.«É­memaisfácildistinguirentreescolasdemaioremenorsucessoouentreumensinodemaioroumenorqualida­de»,dizoespecialista,semreceiodapolémica.

Entrevista conduzida por Clara Santos Silva l Fotos de Paulo Silveiro

POLITECNIA – Foi por a suamãetersidoaprimeiramulher inscritanaOrdemdosEngenheirosquees-colheuserengenheiro?ALMEIDAFERNANDES–Aescolhadaengenhariaparaaminhacarreiraprofissionalfoidefactoumaopçãoto­madapormimdesdemuitocedo,ain­daantesdos10anosdeidade.Parataltalveztenhacontribuídoofactodeambososmeuspaisseremengenhei­roscivis,emboraomeupaitenhase­guidoprincipalmenteacarreiramilitar.A situação tinhanomeu caso talvezumcarácterumpoucoespecial,pois,aocontráriodosmeuscolegaseami­gos, euerao únicoqueera filhodeuma engenheira, aliás da primeiraengenheira licenciada em Portugal.Porisso,quandoperguntadosobreoqueéqueeuquereriafazernofuturo,respondianormalmentequequeriaviraserengenheirocomoaminhamãe.Oquenormalmentefaziasorriromeupai,tambémengenheirocomoela.POL. – E que influência exerceusobresiumpaiquedesempenhoupapelimportantenosCaminhosdeFerroPortugueses?A. F. – Ao contrário da minha mãe,que sempre exerceu actividades deengenhariacivil,emparticularnaáreada engenharia de estruturas, o meupai teve uma carreira mais variada.Ocupou­semaisdaáreadostranspor­teseviasdecomunicação,noestudoe planeamentos das infra­estruturas

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A Grande Entrevista

ferroviárias nacionais. Recordo, porexemplo,quefoimembrofundadordaequipa técnicaqueestudoueprojec­tou oMetropolitanodeLisboa, e quepertenceu,desdeoinício,aoGabinetedapontesobreoTejo,emLisboa.NaáreaestritamentemilitarfoiumdistintooficialdoCorpodeEstadoMaior,antesdeascenderaoficialgeneral,ondefoiDirectordaArmadeEngenharia.POL.–EfoimembrodoGoverno…A. F. – Sim, em meados dos anos50, como Sub­secretário de Esta­do e Ministro do Exército. É nestasituação que é confrontado com osacontecimentosde1961emAngola,altura em que se afasta de Salazarpordefender, juntamentecomCostaGomes, uma solução política e nãoapenasmilitar.Infelizmentefoipreci­soassistiràperdadeGoaeamaisde13anosdeguerraemÁfrica,pa­raviremfinalmenteacompreenderarazãodasuaatitude.ÉnoconsuladodeMarceloCaetano que omeu paise dedica arduamente à tarefa derecuperação e modernização dasinfra­estruturas ferroviárias portu­guesas, como administrador da CPentre1968e1974.Em1974érein­tegrado pelo MFA nas forças arma­

das,ondepermaneceuaoserviçoatéperfazer o limite de idadeem1976.POL.–AEngenhariadeEstruturas,emqueseespecializou,éumaes-pecialidademaioroumenor?A. F. – A especialização em estru­turasédesdehámuitoconsideradacomo a de maior complexidade, noâmbitodaEngenhariaCivil.Taldeve­se, por um lado, ao tipo de ensinosuperiorquetemos,eporoutro,porseraqueleramoquemaisse identi­ficacomaengenhariacivil,umavezque visa construir, com economia,segurança e durabilidade, edifícios,pontes e outras estruturas simila­res.Tal comoantes,no ingressonoLNEC,oscandidatosmelhorclassifi­cadosmanifestamnormalmentepre­ferênciapelaáreadeestruturas,emdetrimentodasrestantesáreascien­tíficasdoLNEC.Jáeraassimquan­do em 1972 iniciei aminha carreirano Departamento de Estruturas doLNEC. A engenharia de estruturas,aqueesteveligadoManuelRochaequeencontrouemJúlioFerry­Borgesumadas suasprincipais referênciasanívelmundial,procuradesenvolverosmeios e osmétodos de concep­ção,análiseedimensionamentodas

construções,tendoemvistagarantirasuasegurançaesustentabilidade.POL. – Está tudo dependente daobservação da obra ou há outrasformasdediagnóstico?A.F.–Noâmbitodaengenhariacivil,as tarefas de observação das obrasrepresentam uma actividade de im­portância primordial. Procura­se naobservação das obras recolher in­formação indispensável ao controloda sua segurança e durabilidade. Aobservação das obras constitui, as­sim,apossibilidadedeconfrontodosmodelosteóricos,usadosnaconcep­ção, análise e dimensionamentodasconstruções,comaprópriarealidade,quenestecasoéoefectivocompor­tamento estrutural das construções,observado in situ. É a comparaçãoentre as previsões, fornecidas pelosmodelos,easrespostasreaisdases­truturas,obtidaspelasuaobservação,quenospermitevalidarouaperfeiçoarosmodelos teóricos, comvantagensdirectasparaasegurançanãosódaprópriaobra,mastambémdefuturasconstruçõessimilares.POL.–Aobservaçãodeestruturasnãoconsisteapenasnasuaobser-vaçãovisualexpedita?

DaAcademiaMilitaraoLNECOPRESTÍGIOdequegozaactual­mente João Carlos Chaves deAl­meidaFernandeséo resultadodeuma já longacarreiraacadémicaecientífica,sempre ligadaaoensinoeà investigação.Aos59anos,es­teengenheirocivil,especialistaemEstruturas, dirige o DepartamentodeEstruturasdoLaboratórioNacio­naldeEngenhariaCivil.

Ex­aluno da Academia Militar,concluiucomdistinçãoaLicenciaturadeEngenhariaCivilnoInstitutoSupe­riorTécnico.Desdeessaalturanuncamaisabrandouoseupercursoaca­démicoeprofissional, queculminoucomaobtençãodoTítulodeHabili­taçãoparaoexercíciodefunçõesdecoordenaçãocientíficapeloLNEC.

Profissionalmente, iniciou­secomoMonitoreAssistentedoIST,seguindo­se uma ascensão noensino e na investigação,maiori­tariamente no LNEC, a sua «ca­

sa»desempre.ÉmembroséniordaOrdem dos Engenheiros e exerceactualmenteas funçõesdeEquipa­rado aProfessorCoordenador comAgregação no Instituto Superior deEngenharia de Lisboa, sendo res­ponsável pela cadeira de Observa­

ção e Comportamento de Obras,doMestradoemEngenhariaCivil.Ainda nesta escola do InstitutoPolitécnicodeLisboa foimembroeleito,váriosanos,daAssembleiadeRepresentantes.

No Instituto Superior Técnico,ondeestudouengenharia,chegoua leccionar Resistência de Mate­riais I e II, Mecânica Aplicada àElectrotecniaeMecânica Ie II.Éautorouco­autordecentenasdetrabalhos técnicos e científicos,espelhandoasua largaexperiên­cianaáreadeestruturase inter­vençãonarealizaçãodeempreen­dimentos.

Temsidoassociadoajúrisdeim­portantesPrémiosdeInvestigação.

A gestão tem vindo a assumirum papel de grande importância,nomeadamentenoLNEC,sendoapar,DirectordaRevistaPortuguesadeEngenhariadeEstruturas.

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A Grande Entrevista

POL. – Que conclusões retira dasua intervenção, aquando da gra-veexplosãodeNovembrode2007numprédioemSetúbal?A.F.–Umavezqueseconseguiramultrapassar, com êxito, todas as difi­culdadesquepunhamfortementeemcausaapossibilidadedesalvaçãodoprédioacidentado,paramim foiumaexperiênciamuitointeressanteealta­mente gratificante. Foram longos 30dias que decorreram entre a explo­são e a salvaguarda da estabilidadedeumprédiodegrandesdimensões,com13pisos,quatrocondóminosporpiso,paraalémdoelevadonúmerodelojas,garagensearrecadações.Tam­bém os edifícios envolventes foramfortementeafectadospelaexplosãoeestavamemriscodeseratingidospe­locolapsodoedifícioacidentado,peloquesegerouassimumasituaçãogra­vedopontodevistasocial.POL.–ArespostadaProtecçãoCi-vilesteveàaltura?A. F. – Bem, perante um problemadestadimensão,envolvendomaisdoqueumquarteirão,aProtecçãoCivil,intervindo a nível distrital mas como necessário apoio nacional, é ca­pazdecontrolarcomeficiênciaumaoperação de estabilização. Tambémverifiqueiaprontidãocomquefoiso­licitadaacolaboraçãodoLNEC,pormimcoordenada,eafacilidadecomquetécnicoscomexperiênciaprofis­sionaltãodiferenciada,epertencen­doainúmerosorganismosdiferentes,conseguiram dar asmãos para, emuníssono,daremsolução,emcurtís­simo prazo, aos sucessivos proble­masquesurgiamquaseemsimultâ­neo.Esperoembrevepoderpublicar,naRevistaPortuguesadeEngenha­riadeEstruturas,dequesoupresen­temente o Director, alguns artigosquepermitamdescreverasdiversastarefas efectuadas e justificar, dopontode vista técnico, as principaisdecisões tomadas. Trata­se, segun­docreio,deuma importanteoportu­nidadederelatarumcasodeelevadacomplexidade técnica, e de divulgaraexperiênciaobtidapelosvários in­tervenientesnestaoperação.POL. – A imensidão de edifíciosdegradados em Lisboa é o sinalde uma sociedade doente, que

A. F. – Pelo contrário, implica a suaadequada monitorização através dodesenvolvimento de novos métodose equipamentos de medida, normal­mentemuito diferentes emais com­plexosdoqueosusadosem labora­tório, emsalas climatizadasou, pelomenos,protegidasdomeioexterior.Aobservaçãorigorosadasconstruçõesconstituiumdosprincipaiscamposdeactividade do LNEC, desenvolvidosdesdeasuacriaçãoem1946,emuitocontribuiuparaqueoLaboratórioce­doadquirisseumlugardedestaqueanívelmundial.POL. – Pode dar-nos algunsexemplos de grandes estruturasem cuja observação tenha direc-tamenteparticipado?A.F.–Osmeusprimeirostrabalhosno Departamento de Estruturas doLNEC estiveram ligados à observa­ção das Docas da Setenave, entãoemfasedeprojectoeconstruçãonaMitrena,napenínsuladeSetúbal.Foiumaexperiênciaúnicaparamim,da­da a grandiosidade deste estaleiro,destinadoàconstruçãoeàreparaçãodosmaiorespetroleiros,anívelmun­dial. Tratava­se de uma concepçãomuito arrojada, onde a colaboraçãodoLNECfoidamaiorimportância.POL.–Teveoportunidadedetraba-lharcomgrandesespecialistas?A.F.–Recordocomgostoa impor­tanteaprendizagemque resultoudointensocontactocominvestigadoresseniores do LNEC, como José Fol­que, José Marecos e Emanuel Ma­ranha das Neves. Infelizmente, osquentes anosde 1974e 1975, pelaindisciplinalaboraleairresponsabili­dadeentãoreinantes,acabaramporterumapesadainfluêncianaqualida­definaldaconstrução,oqueacarre­tou enormes custos para a durabili­dadedasdocas.NadaqueoLNECnão tivesse, infelizmente sem êxito,repetidamenteprevenido.POL.–Edepoisdisso?A.F.–Dostrabalhosposteriores,gos­tariadedestacaramonitorizaçãodaspontesatirantadasdoGuadianaedoArade, em Castro Marim e em Por­timão,eaPonteMiguelTorga, sobreoDouro, naRégua.Construídas nosanos90,tambémelasforamtrabalhosdereferência,citadosanívelinternacio­

nal.Porúltimo,nãopodiadeixardere­feriraexcelentecolaboraçãodoLNECcomaANAM,noâmbitodoprojectoeconstruçãodaestruturadeampliaçãodapistadoaeroportodaMadeira.Tra­ta­setambémdeumaestruturaúnica,anívelmundial,porse tratardeumapontedegrandealtura,com1000mdecomprimentoe178mdelargura,a50mdealturasobreumaterromarítimo,

ecomacapacidadedepermitiraater­ragemdegrandesaeronaves,comooBoeing 747­400, que pesa até cercade400toneladasestáticas.POL.–Umagrandeobrajáconside-radacomodoséculoXXI.A. F. – Sim, uma obra concluída jáem2002,queobrigouaresolveremtempo útil numerosos problemasnuncaantescolocadosàengenhariadeestruturas,peloqueoseusuces­so se deveua umaextraordinária eprofícuacolaboraçãoverificadaentreprojectistas, construtores e investi­gadores.Équandoassoluçõessãomuito inovadorasqueopapelda in­vestigaçãoemtemporealpodefazera diferença, dada a inexistência deexperiência prévia que tivesse sidoobtida no projecto e construção deestruturassimilares.

A especialização em estruturas é desde há muito

considerada como a de maior complexidade, no âmbito da

Engenharia Civil

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A Grande Entrevista

não preserva o seu parque habi-tacional?A.F.–Oedificadourbanodasgran­descidadesportuguesas,comoéocasodeLisboaedoPorto,encontra­seemgeralmuitodegradado,sendoissovisível,particularmente,naszo­nasmais antigas.Uma tal situaçãodeve­seàpolíticadecongelamentodas rendas, seguida hámuitas dé­cadas, que torna economicamenteinviável a adequada manutençãoou reabilitação dos edifícios arren­dados. No caso de Lisboa, ou deoutras cidades do Centro e Sul dopaís,asituaçãoéaindamaispreo­cupante por se tratar de uma zonade elevado risco sísmico. Os pré­dios, ao não serem sujeitos a umaperiódica conservação estrutural,vêemdrasticamentediminuídaasuacapacidadederesistiremàacçãodeumsismo intenso.Noentanto,umavezqueonúmerodearrendamentosantigostemvindoprogressivamenteadecrescer,porjánãoserpossívelasuarenovação,apósofalecimentodosarrendatários,torna­secadavezmais viável o desenvolvimento deumanovapolíticadearrendamentoque permita a reabilitação emanu­tenção, funcional e estrutural, dosedifíciosantigos.

POL.–ODepartamentodeEstrutu-rasdoLaboratórioNacionaldeEn-genhariaCivilnãopodefazernadaaestepropósito?A.F.–OLNECtemprocuradocon­tribuir para a solução deste grave

problema, colaborando com as au­toridades nacionais e autárquicas.Existemhoje,dopontodevistatéc­nico, soluçõesmaisque suficientes

para a adequada reabilitação doedificadourbano.Oproblemaépor­tanto económico e principalmentepolítico.POL.–OLNECcontinuabemoujáfoiafectadopelacrise?A.F.–OLNEC,fundadoem1946,temjáuma longahistória,demaisde60anos.Ao longo destas seis décadassempre soube adaptar­se às novasconjunturassemperderasprincipaiscaracterísticas que justificam a suaexistência.Deentreessascaracterís­ticas, destacam­se pela, sua impor­tância, a capacidadededesenvolverainvestigaçãoedeapoiarainovação,noâmbitodaindústriadaconstruçãoeobraspúblicas,comindependênciae isenção, com vista à salvaguardado interesse público e da segurançadas populações. No que respeita àactual crise financeira internacional,perspectiva­se um reforço da acçãodoLNEC, nomeadamente noâmbitodas políticas públicas a desenvolvercomvistaàsuperaçãodestacrise.POL.–HáquemaponteocasodaPonte de Viana de Castelo comoparadigmático da sua actividade.Não teria sido preferível construirumanovaponte?A. F. –A Ponte Eiffel rodo­ferroviáriadeVianadoCastelofazpartedonosso

[Éprecisa]umanovapolíticadearrendamentoquepermitaareabilitaçãoemanutenção,funcionaleestrutural,dosedifíciosantigos

É quando as soluções são muito inovadoras que o papel

da investigação em tempo real pode fazer a diferença

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22 Politecnia n.º 20 Janeiro / 2009

A Grande Entrevista

principal património histórico, a níveleuropeu.Trata­sedeumapontecons­truídaem1878,emsoluçãometálica,emvigacontínuaevencendoumgran­denúmerodevãos.Asuasubstituição,se tal fosse necessário e imprescin­dível, seriaportantoumagrandeper­dapara o nossopatrimónio histórico.Felizmente, os estudos que o LNECdesenvolveu com grande celeridade,entre1deAgostoe15deSetembrode2006,comoapoiodasadministraçõesnacionaisrodoviáriaeferroviária,per­mitiram demonstrar que era possívelasuamanutenção,desdequetivesselugarasuaadequadareabilitação.POL.–Ostécnicoscostumamserpressionados, num sentido ounoutro?A. F.–É natural que possam surgirpressões,quandose tratadodesen­volvimento de estudos conducentesà tomada de decisões com implica­

ções económicas relevantes. O quenãoseriadeformaalgumaaceitáveléqueaconduçãodosestudoseoapu­ramento das conclusões pudessemserinfluenciadosporessaspressões.TambémnissooLNECconstituiumareferência, a nível internacional, deisenção,competênciaecredibilidade.POL. – As preocupações de quetemos estado a falar estão todascontempladasnoscursosdoISEL,eemcujaacreditaçãoparticipou?A.F.–FuiconvidadoparadaraulasnoISELem1990,noâmbitodacria­çãodosCursosdeEstudosSuperio­resEspecializados(CESEs),que,commais dois anos curriculares dados aseguir ao bacharelato, permitiam aoISEL conceder o grau de licenciado.Crieiepasseiaregerumacadeiradoúltimoano,designadaComportamen­toeObservaçãodeObras.Atravésdaleccionação desta cadeira, estabele­ceu­seentãoumaimportanterelaçãoentre mim próprio, e entre os meus

colegasinvestigadoresdoLNECquecomigo asseguravam a docência, eos finalistas do ISEL em engenhariacivil que frequentavam a disciplina.Foiextremamenteinteressanteemo­tivadora essa relação, em que erapossível transmitir directamente aosalunos os resultados de trabalhosde investigação ou inovação aindaemcursonoLNEC.ComaextinçãodosCESEs foi necessário criar umalicenciaturabi­etápicaemengenhariacivil em sua substituição. Tive entãoa oportunidade de participar nessaalteração, revendo e ponderando osrespectivoscurricula,querdaprimeirafase, correspondente ao bacharela­to, quer da licenciatura. Foi umaex­periência altamente gratificante, quepermitiu aumentar em muito o meuconhecimentodaprópriaescola,dosseusantecedentesedasuahistória,emelhorcompreenderoseupapelno

mundocadavezmaisglobalizadoemque vivemos.A excelência do traba­lhoportodosrealizadopodeaferir­sepelo facto de se ter obtido, e desdeentãomantido,asuaacreditaçãopelaOrdemdosEngenheiros.POL.–Que importânciaassumeoISEL no universo das escolas deengenharia?A.F.–OISELconstituiumcasodesu­cessomuitointeressanteequedevia,emminhaopinião,sermaisemelhoranalisado. No caso doCurso de En­genhariaCivil, que inclui actualmentea nova licenciatura e o mestrado deBolonha,julgoter­seconseguidoumasoluçãomuito competitiva, no âmbitodo ensino superior público nacional.Taldeve­se,desdelogo,àexcelênciadas suas novas instalações, o novoPavilhãodeEngenhariaCivil,recente­menteinaugurado,querecebeuono­medoProfessorEngenheiro FerreiraCardoso.Osespaçosdisponibilizadospara o trabalho dos alunos, incluindo

osnovos laboratórios, constituemumdesafio a toda a comunidade esco­larqueurgevencereconsolidar.Umgrandecuidadodeverácontinuarasermantidonaselecçãodocorpodocen­te, enriquecendo­o continuamente,quer com docentes de carreira maisacadémica, preferencialmente douto­rados,quercomdocentesquedesen­volvamexcelentes carreirasprofissio­nais, preferencialmente especialistas.Unseoutros são,emminhaopinião,igualmentenecessários.Aosprimeiroscaberá em primeira responsabilidadeo progressivo desenvolvimento “intramuros” de projectos de investigaçãoaplicadaeprestaçãodeserviços ino­vadores, libertando o ISEL de tutelasexteriores que hoje já não se justifi­cam.Aossegundos,acumulandocomumavidaprofissional,caberáorientaroensinoparaoexercíciocompetentedaprofissão,garantindoamanutenção

doselevadosníveisdeempregabilida­de, indispensáveis ao continuado su­cessodosnossosdiplomados.POL. – O Ensino Politécnico é ofuturo?A.F.–Nãoéparamim inteiramenteclaraadivisãodoensinosuperiorempolitécnico e universitário. Normal­mentetaldivisãoéencaradacomosededoisníveissetratasse.Noentanto,no caso daEngenhariaCivil, ambosos sub­sistemas em Portugal procu­ram formar quadros para exerceremidênticoníveldecompetênciaseac­tividadesprofissionais.Pelocontrário,é­memaisfácildistinguirentreescolasdemaioremenor sucesso,ouentreumensinodemaioroumenorexce­lênciaouqualidade.Porém,nenhumadestascaracterísticassãoespecíficasdeapenasumdosdoissub­sistemas.Aliás, existem a nível internacionalinúmeros casos em que as própriasdesignaçõesnãocorrespondemaes­tadivisão,comoéocasodasGran­

Um grande cuidado deverá continuar a ser mantido na selecção do corpo docente, enriquecendo-o continuamente,

quer com docentes de carreira mais académica, preferencialmente doutorados, quer com docentes que

desenvolvam excelentes carreiras profissionais

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desÉcoles francesas,doPolitécnicodeMilão,doMIT,oudasEscolasPo­litécnicasFederaisdaSuiça,asquaisocupam, nos respectivos países, umlugarbemacimadouniversitário.POL.–Gostamaisdeensinaroudeinvestigar?A.F.–Curiosamente,omeuprimeiroemprego foi como monitor de Resis­tênciadeMateriais,umacadeirado3ºanodoIST,regidapeloProfessorEdu­ardoAranteseOliveira,quandoaindafrequentavao4ºanodomesmocurso.Mantive­mecomodocentedoISTpormaisseisanos.Noentanto,àépoca,ascondiçõesdetrabalhodeinvestiga­çãodisponibilizadaspeloLNEC,comoqualtinhaentretantoiniciadoumacola­boração,eramdetalformasuperioreseatractivas,quenão tivegrandedifi­culdadeemoptarpelacarreirade in­vestigação.Assim,emminhaopinião,parauminvestigador,adocênciadeveser encarada como uma importanteoportunidade de transmissão e divul­gaçãodeconhecimentosdirectamenteporsiadquiridosatravésdasactivida­des de investigação ou de inovação.Destemodopode­sedarumimportan­te contributo para a actualização doscurricula e para a exemplificação daprópria investigação.Vejoadocênciaatempoparcialcomoumaimportanteactividadecomplementardaactividadedeinvestigaçãoeinovação.POL.–Ainvestigaçãoquerealizousobreaspontesenviesadascondu-ziuaalgumasurpresa?A. F. –A carreira de investigação doLNEC desde cedo foi organizada emgraus científicos. Esses graus foramcriadosnoLNEC,em1954,pelofactodeasduasúnicasescolasqueforma­vamengenheirosemPortugal,oISTeaFEUP,nãoproduziremde formaor­ganizada, actividades de investigaçãocientífica.Assimacarreiradeinvestiga­çãodoLNECdesenvolveu­seemdoisgraus científicos. O grau de especia­lista,equiparávelaograudedoutor.Ograudeinvestigador,equiparávelaotí­tulodeagregado.Eracombasenestesdoisgraus,esócombaseneles,queseprogredianacarreiradeinvestigaçãodoLNEC.Estasituaçãoveioposteriormen­te a alterar­se.De facto, desde 1990,devidoaoprogressivodesenvolvimentodeactividadesdeinvestigaçãonasuni­

versidadesportuguesaseaoaumentosignificativodonúmerodeportuguesesdoutoradosnoestrangeiro,acarreiradeinvestigaçãodoLNECpassouainiciar­secomaobtençãodograudedoutor.Énestecontexto,odaprogressãonacarreiradeinvestigaçãodoLNEC,queeuinicieiem1980,edefendiem1984,umateseparaobtençãodograudees­pecialistadoLNECsobreaoptimizaçãoestruturaldepontesenviesadas.POL.–Foiumestudominuciosoecertamenteprolongado.A.F.–Bem,operíododecercadecincoanos,os trêsúltimospraticamenteemexclusividade,quedediqueiàprepara­

çãodestatese,podedarumamedidada importância e profundidade postaentãopelosassistentesdeinvestigaçãodoLNECnapreparaçãodassuasdis­sertações.Nomeucaso,posso teste­munhartratar­sedotrabalhomaisapro­fundadoeformativoproduzidoaolongoda minha vida profissional, em tudosemelhanteaoesforçoproduzidopelosdiversosdoutorandosquenoLNEC,esob a minha directa orientação, pre­param as respectivas dissertações dedoutoramento.Paraalémdaresoluçãodeproblemasconcretos,apreparaçãodestasdissertaçõesrepresentavamumdecisivopapelformativo,indispensávelaoacessoàprimeiradascategoriasdeinvestigador, ade investigadorauxiliardo LNEC. Da resolução do problema

concreto em causa, destacaria a im­portante exemplificação da utilizaçãodosmeios informáticos, recorrendoàsmodernastécnicasdeentão,docálculoautomáticodasestruturas,edasteoriasde optimização estrutural. A consultadestetrabalhofoi,poroutrolado,edu­ranteanos,umelementodereferênciaemdiversosgabinetesdeprojecto.POL.–MárioLinoéumbomminis-trodasObrasPúblicas?A. F. – Como elemento com respon­sabilidades directivas numorganismodo MOPTC, não estou obviamenteem condições de lhe responder di­rectamenteaestaquestão.ParaqueaacçãodoLNECpossaserpostaaoserviçodoPaísénecessárioque,emcadasituaçãoconcreta,oLNECsejachamadoaintervir.Portanto,omelhoroupioraproveitamentoqueasocieda­de possa fazer de um organismo deinvestigação como o LNEC, na suaqualidade de Laboratório de Estado,dependeemgrandemedida da deci­sãodoprópriopoderpolítico,atravésdas diferentes autoridades oficiais,ou do poder económico, através dosresponsáveis máximos de cada em­preendimento concreto.Estes são osprincipais “clientes” do LNEC. Delesdepende a possibilidade ou não danossaintervenção.Nesseâmbito,gos­tariaderecordarqueocrescentepa­peldesenvolvidopeloLNECaoserviçodoPaísnosúltimosanosresultouemboapartedeiniciativasdopoderpolíti­co,emparticulardeentidadesoficiaistuteladas pelo MOPTC. Sem estasiniciativasoLNECnãoteriasidocha­madoaactuar.Poroutro lado,esemprejuízodasevidentesvantagensqueresultamparaqualquerorganismoemsercompetitivoeprestigiadoanívelin­ternacional, vantagensessasque, nocasodoLNEC,pelaqualidadedasuainvestigação,desdecedoalicerçaramasuacredibilidade,éparticularmentegratificante para todos quantos neletrabalhamapossibilidadedeserútilaoseupróprioPaís,nasuaqualidadedegrandeLaboratóriodeEstado.POL.–Acarreirapolítica interes-sa-lhe?A.F.–Atéhojeaminhacarreiracientí­fica,técnica,docenteedegestãocien­tífica, tem preenchido cabalmente asminhasprincipaisaspirações.

Vejo a docência a tempo parcial como uma importante actividade complementar da

investigação e inovação

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Actor,encenadoreprofessor

PedroSaavedra:santo&pecadorNoteatrosobeaopalcoparainterpretar personagens bí­blicas na comédia «A Bíblia:toda a palavra de Deus (d’uma assentada)», já na te­levisão, na novela Vila Faia,desempenhaopapeldoma­ridoexemplarquetemovícioincontrolável por prostitutas.FalamosdePedroSaavedra,formadopelaEscolaSuperiordeTeatroeCinema,que,aos33anos,fazasuaestreiate­levisivanoremakedaprimei­ratelenovelaportuguesa.

Textos de Vanessa de S. Glória

PedroSaavredanacomédia“ABíblia:todaapalavradeDeus(d’umaassentada)”

APAIXONADO pela arte de representar,PedroSaavedrafoiumdosactoresescolhi­dosparaparticiparnanovaversãodaVilaFaia,aprimeiratelenovelaportuguesaque,emMaiode1982,estreavanaRadiotelevi­sãoPortuguesa,deixoumarcasnopúblicoenocontextodaficçãonacional.Passados27anos,maisdeummilhãodeportugue­

sesassistiuàestreiadanovaversãoquetemumelencodeactoreslicenciadospelaEscolaSuperior deTeatroeCinema.Éo

casodePedroSaavedraque,nopapeldeBrunoBrisar, fazparte,pelaprimeiravez,deumelencofixoemtelevisão.

Dotado já de alguma experiência pro­fissional como actor e encenador, PedroSaavedraconciliaotrabalhotelevisivocomoteatro.Nacomédia“ABíblia:todaapala­vradeDeus(d’umaassentada)”,emcenano auditório Carlos Paredes, emBenfica,encarna, ao longo da peça, as múltiplaspersonagens femininas da Bíblia. Da au­toriadeAdamLong,ReedMartineAustinTichenor,oespectáculoadaptadoporCéliaMendes e encenado por JuvenalGarcês,traduz­senumaleituradivertidadosprinci­paisepisódiosnarradosnosLivrosBíblicos,doGénesisaoApocalipse.UmaproduçãodaCompanhiaTeatral doChiado, estrea­danoTeatro­EstúdioMárioViegas,eque,sem desrespeito pela religião, esclarecePedroSaavedrapolémico:«FilipeLaFeriapodiaensinarteatrocomercial»

TâniaAraújo

PedroPina

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Actor,encenadoreprofessor

PedroSaavedra:santo&pecador

OactornapeledeBrunoBrisar,oviciadoemprostitutasdatelenovelaVilaFaia

questõessuscitadaspelostextossagradosepelocristianismo.NoespectáculoquejáesteveemdigressãonoEntroncamentoeemFaro,oactorcontracenacomPedroLu­zindroeRicardoCruz.

Do palco do teatro para os estúdiosda televisão, Pedro Saavedra confessatersentidoalgumasdificuldades.Perfec­cionistapornaturezaeexigenteconsigopróprio, empenhou­se com alma e co­ração no desempenho da sua persona­gem:BrunoBrisar.Umdirectorfinanceirobem sucedido, casado, que esconde damulher,SandraFaleironopapelde InêsBrisar–tambémelaalunadaESTC–,ovícioincontrolávelporprostitutas.

Fielàhistória,mantendoosnomesori­ginais e as principais características daspersonagens,oremakedaVilaFaiasofreualgumas adaptações aos dias de hoje.O

temaprincipaldanovelaportuguesaman­tém­se: uma família de classe alta, Mar­quesVila,proprietáriadeumaempresavi­nícolaprodutoradofamosovinhoVilaFaia.

Órfãos, filhos desencontrados dos pais,mães que não conseguem comunicar, ir­mãosqueseafastameprocuram,homensemulheresqueprocuramseguirocaminho

MariaLucena

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Histórias de Sucesso

desejadopelospaiseoutrosquede­sejamfazê­loemsentidoprecisamen­teinverso,sãoalgumasdashistóriasda trama.Nofinal todasaspersona­gensprocuramcumpriroseudestino;unsporquenuncalhesouberamfugir,outrosporqueoreinventaram.

Nomeseprincipaistraçosdasper­sonagens originais mantiveram­se.Outrostemascomointernet,víciosdojogo,divórcio,ecologia,foramintrodu­zidosnestanovaversão,reflectindoa

SaavedraemnomedajustiçaNOPAPELdeprocuradordoMinistérioPúblico,Pe­droSaavedra,temumaparticipaçãoespecialnanovasérie televisivaportuguesa“Liberdade21”exibidanaRTP1.Centradanotemadajustiça,estaproduçãodeficçãodáaconhecerodia­a­diadeumescritóriodeadvogadosdeLisboa.Asociedade,Vasconcelos,BritoeAssociados,nãoolhaameiosparadefenderosseusclientes.ProduzidapelaSPtelevisãocontanoelencocomalgunsdosrostosquedãovidaàtelenovela“Vi­laFaia”.AntónioCapelo,AnaNave,AlbanoJerónimo,IvoCanelas,MarianaNorton, InêsCastelo­Branco emuitosoutrosdãoacaranaLiberdade21,umasériedaautoriadePedroLopes.

OactornasuaactividadedeformadornumaescoladoensinobásicodeLisboa

realidadevividaactualmentenasocie­dadeportuguesa.

ProduzidopelaSPtelevisão,PedroSaavedranãodeixadetecerelogiosatodaaequipapordetrásdoprojecto,frisando que exigência e motivaçãoforam sempre uma constante. Numelencode34actoresnãofaltaramac­tores consagrados e novos talentos.Entre as caras conhecidas os prota­gonistasInêsCastel­Branco,intérpre­te de “Mariette”, eAlbano Jerónimo,

na pele de “Godunha”, Virgílio Cas­telo(Gonçalo),SofiaSádaBandeira(Madalena),RosadoCanto (Alice)eSimonedeOliveiraquedesempenhaopapeldeIfigénia,personageminter­pretadapelaactrizMarianaReyMon­teironaprimeiraversãodaVilaFaia.

Orgulhosopeloseutrabalho,nafasedepreparaçãodapersonagemtentou,ouvindo vários testemunhos, perceberasrazõesquelevamoshomensapro­curaravidadupladapersonagem.

Lightshot

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Histórias de Sucesso

PEDROSaavedranasceuem1976eempequenonuncapensouemseguiracarreiradeactor.NaEscolaSecun­dáriadaFalagueira,naAmadora,comCarlaChambel,amigaecolegadepro­fissão,foico­autoresimultaneamenteactordeumespectáculodeexpressãocorporal.Foiaprimeiravezquepisouumpalco.Surpreendidopela reacçãodo público sentiu­se “integrado pelaprimeiraveznavida”,dizoactor.Maisdoquesepreocuparcomaprofissãoque iria ter no futuro, percebeu queo que realmente pretendia “era fazerparte de um todo”. Fascinado pelomomentodacriaçãonomundoteatral,PedroSaavedravislumbrou­secomapossibilidadequeaartederepresentarlhedavaderecriaromundo.Paraseuespanto foiadmitidonaEscolaSupe­riordeTeatroeCinemaondeconcluiuobacharelatoemFormaçãodeActo­res,paraa licenciaturafalta­lheaindaentregarorelatório.

Aprendeu com o professor JoãoMota,aquemconsideraummestre,osconteúdosdaprofissãoeaimportânciadaéticanodesempenhodamesma.

Maistardeteveoprivilégio,comodiz,detrabalharcomomestrenoTe­atrodaComuna.

Por considerar que os alunos, aoterminaremocurso,têmdeestarpre­paradospararepresentarnasdiferen­tes vertentes do teatro, onde existirmercado,sugerequenocorpodocentedaescoladeviamfazerparteprofissio­nais destas áreas “porque não Filipe

Reinventaromundoemcimadopalco

La Feria em representação do teatrocomercial”,sugerePedroSaavedra.

Frequentava o 2º. ano do cursoquandoseestreouprofissionalmentetinhaapenasdezanoveanos,noTea­trodeAlmada.Desdeentão,emPor­tugalenaEuropa,temfeitotrabalhos

como actor, encenador e professor.NaEslovéniaparticipounoGfest,emEspanhaeItáliaexibiuLaNochedeCasandra,efezpartedoIIGabbianona França e na Itália. Já por terraslusas,noTeatrodaComuna,partici­pounapeçaMedidaporMedidadeWilliamShakespeare, encenada porJoãoMota.Formadoremexpressãodramáticaparacrianças,temdesen­volvidováriosprojectosdeteatro ju­venileamador.Em2000,edurantetrêsanos,foiprofessordoExternatoMarista de Lisboa. Regressou em2006aoTeatrodeAlmadaparaparti­ciparnacomédiatrágicaD.JuandeMoliére,comencenaçãodeJoaqiuimBenite.Tambémnestepalcofezpartedoespectáculo teatralCalígula.NosRecreiosdaAmadora,acidadeondevive,levouaopalcoAbsenceeP­OAmante Visual. Frequentou a Écoledes Maîtres, dirigida por EimuntasNekrosius.

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Reportagem

A IDEIA de apresentar espectácu­losnoátriodassuas instalações,aoBairroAlto,surgiudanecessidadedeEscola Superior de Dança encontrarumespaçoondeosalunospudessemmostrar as suas actividades. Segun­do o professor Francisco Pedro, umdosdinamizadoresdoprojecto“Átrio”,o aparecimento dos programadoresnosteatrosretirouespaçoàsescolasartísticasque,atéaí,tinhamapossi­bilidadedeactuarnassalasdeespec­táculos.Comoasescolassedebatemsemprecomafaltadefinanciamento,enamaioriadoscasosnãodispõemde auditórios, a opção passa pelo

EscolaSuperiordeDançadeportasabertas

NoitesdedançanoBairroAltoAEscolaSuperiordeDançacontinuaaanimarasnoitesdequarta­feiranoBairroAltocomosseusespectáculosno“Átrio”.Esteespaçotornou­serapidamenteumareferêncianaapresentaçãodecoreografiasinovadoras,permitindoaalunoseco­reógrafostestarasuacriatividadejuntodeumpúblicosemprenumeroso.

Textos de Paulo Silveiro l Fotos de Clara Santos Silva

aproveitamento de espaços que seadaptemàexibiçãodeespectáculos.Foiassimquenasceuaideiadetrans­formaroátriodaESDnumpequenoauditórioinformal,ondeosalunostêmaoportunidadedegeriredeapresen­tar os seus trabalhos dentro de ummeiosemi­profissional.

O Átrio tem duas característicasque levaramàsuaescolhacomo lo­calprivilegiadoparaapresentaçãodeespectáculos.Umaéasuacomunica­çãodirectacomarua,quepermiteaopúblicoentrardirectamenteparaoes­paçosempassarpeloscorredoresdaescola.Eaoutra,asuaconfiguração,

que permite uma maior proximidadeaindaentreopúblicoeosalunos.

Inicialmente os espectáculoseramapresentadosàsquartas­feirasde cinco em cinco semanas, o querequeria por parte dos alunos umgrandeesforço, comonos confiden­ciou Francisco Pedro, uma vez quetinhamdeconjugarasaulasteóricascomaspráticas.Nosdiasdosespec­táculos,osalunosentravamàsnovedamanhãesaiamàmeia­noite.

O Processo de Bolonha trouxemodificações, houve uma alteraçãodocurrículodocursodedançaedocalendárioescolar.Passaramaexis­

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Reportagem

tircincosemanascurricularesondeosalunosapreendemsistemasme­todológicos e estruturas coreográfi­cas,eumasextasemanadedicadaà apresentação de alguns espectá­culos em função do que os alunosestudaram nas unidades curricula­res.Coma implementação doPro­cessodeBolonhaasapresentaçõesdos alunos vão finalmente ser alvode avaliação. Para Francisco Pe­dro, estemodelo tem semelhançascomoquesepassanomercadodetrabalho,ondesecomeçaporimple­mentarobjectosartísticos,criativos,

teóricos e práticos, seguindo­se ociclodasapresentações.

EstesespectáculosenvolvemumconjuntodeacçõesqueenvolvemastrêsáreascientíficasdaEscola,adeanálise e conteúdos, criação e inter­pretaçãoeadeprojectoonde todasas unidades curriculares convergempara umobjecto. Para o docente daESD,osespectáculosdoÁtriopermi­tem aos alunos retirarem uma inter­disciplinaridade, uma capacidade degerir novas situações, de criarem edeerrarem,oqueacabaporsermui­to importanteporquesódesta forma

AragazzaqueseapaixonouporLisboa

TERESARanieriéuma italianaque jápossuiumvas­tocurrículocomocoreógrafadedançacontemporânea.AlémdeItália,jápassouporFrança,Alemanha,eÁus­tria.Apartirde2000passouatrabalharcomobailarina,coreógrafa,professoradeBalletedançacontemporâneapercorrendo todos osPaísesEuropeus, aPalestina, oJapãoeaCoreia.Édesde2004professoradedançacontemporâneanaESD.Vivehá trêsanosemLisboa,cidadequeadora,pelaluzepelaspessoas.

A bailarina possui formação de dança clássica, queconsidera importante para os bailarinos conhecerem osseuscorposesesituaremnoespaço.Aconjugaçãodefor­maçãoclássicacomcontemporâneaéartisticamentemui­tointeressante,permitindoaocorpodobailarino,soluçõescompostasquedeoutraformaseriamdifíceisdeexecutar.

Teresatemumestiloprópriocaracterizadoporgrandeempenhamentofísicosemprecomrespeitopelocorpoeosseuslimites.Nasaulasrespeitatodasasetapas,co­meçandoporumbomaquecimento.Oessencialéobai­larinoterocontroloabsolutodocorpo,comoporexemplonapeça“Under0º”ondetêmquesemovimentarporentrecoposcolocadosnochão.Ageometriade linhas rectas

está semprepresentenos trabalhosdacoreógrafa,nãogosta dos círculos, preferindo coreografar movimentosque incluam rectângulosouquadrados jogandocomasluzesnoaproveitamentotridimensionaldoespaço.

Como docente, foi complicado para Teresa Ranierienquadrar­se no sistema de ensino artístico português.Noestrangeiro,osprofessorespassammaistempoatra­balharcomosalunos,emPortugalháumadispersãonacargahoráriaporváriosdocentes.Tambémláfora,ases­colastêmalunosdeváriasnacionalidades,nonossopaísosalunossãomaioritariamenteportugueses.Umaspectopositivoqueencontrouaquifoioapoiocriativodadoaosalunos.Aescolapermiteaosalunostrabalharemeapre­sentaremassuaspeças,levando­osaumprocessocria­tivomuitoimportante,nosoutrospaísesaapostaéfeitaessencialmentenoaperfeiçoamentodatécnica.

OProcessodeBolonha,aocontráriodoqueseriadese­jável,nãoveiotornarhomogéneooensinoentreasváriasescolasartísticas.Paraacoreógrafavãoexistirsempreper­fisdiferentesentreasinstituiçõesdeensino,aescolaper­feitadeveriadaraosalunosasferramentastécnicasmastambémespaçoparaeledesenvolveracriatividade.

FranciscoPedro:odinamizadordaideia

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Reportagem

AloucuradasociedadecontemporâneaEM NOVEMBRO de 2008 TeresaRanieri apresentou no Átrio umaobra intitulada “Under 0º”, que foiespecialmente criada para algunsfinalistas do curso de licenciaturaemDança.Este trabalho surgenacontinuaçãodeumoutrocriadoháumano«0º»,efechaumcicloquereflecteaexperiênciadacoreógrafaquandoviveunoNortedaEuropa,numasociedadecomumaarquitec­turarectilíneaecomapredominân­ciadopretoebranco.

Otrabalho“Under0º”procurouabordar temascomoadificuldadede equilíbrio nas relações huma­nas, a distância, apesar da proxi­midade física, o medo de pertur­baçõesemocionaiseasolidãonaindividualidade foram os tópicosutilizadosnacriaçãodacoreografiadeTeresaRanieri.

elespodemevoluir.Ofactodeoerroacontecer no seio da Escola acabapor não ser grave, uma vez que fazpartedapreparaçãodosalunosparaomercadodetrabalho.Umadaspre­ocupaçõesdaEscolatemsidoocon­vite feitoaosprofissionaisdomundoartístico para realizarem workshopsem várias áreas, desde os figurinosatéàmaquilhagem,queofereçamaos

alunos uma experiência idêntica aoquesefaznomercadodetrabalho.

Nos espectáculos do Átrio jápassaram nomes sonantes como osdeRuiHorta,OlgaRoriz,Rui LopesGraça, Amélia Bentes, entre outros.Amédia de espectadores tem vindoaaumentardeanoparaano,actual­mente situa­se nas oitenta pessoasporespectáculo,oqueéumbomnú­

merodentrodoqueéhabitualnestaárea.MasaEscolaSuperiordeDan­ça, paraalémdosespectáculos rea­lizadospelosseusalunos,tambéméumespaçoondealgunsprofissionaisdo ramo podem apresentar as suascriações. No fundo a ESD continuaa ser umponto noBairroAlto, ondevárias correntes artísticas se podemencontraredebaterideias.

Acoreógrafaentendequenaso­ciedade contemporânea o individua­lismoreina,oconceitodecomunida­deestáemdesusoeaprópriafamíliaestá em crise. Foi isso que TeresaRanieriprocuroutransmitiraoagrupara turma em duetos na performance

queapresentounoÁtrio,a loucurada sociedade contemporânea, quese desgasta na procura do suces­so.OsalunosdaESD,procuramnopalcotransmitiraosespectadores,asolidãointeriordosquevivemrode­adosdepessoas.

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Pensar Direito

ALEIdeOrçamentopara2009corro­boraonossoentendimentonotocanteàmanutençãodacarreiradopessoaldocente do ensino superior, quer norespeitante à adopção do regime docontrato de trabalho em funções pú­blicasquantoàconstituiçãodenovasrelações jurídicas com manutençãodas situações existentes à data daentrada em vigor da Lei 12­A/2008,quer no que respeita à aplicação deumsistemadeavaliaçãoaopessoaldocentedoensinosuperior.Apublica­çãodasLeis66­B/2007,quereformulao Sistema Integrado deAvaliação deDesempenhonaAdministraçãoPúbli­ca; e 12­A/2008, que define e regulaos regimesdevinculação,carreiraseremunerações dos trabalhadores queexercem funçõespúblicas,não tendoexcluídodoseuâmbitoopessoaldo­cente nem previsto qualquer tipo deressalva,veioasuscitardúvidasquan­toàsuaefectivaaplicaçãoeaos ter­mosaseguirparaestedesiderato.ALei66­B/2007 instituiosistema in­tegradodegestãoeavaliaçãodode­sempenhonaAdministraçãoPúblicaeaplica­seaosserviçospúblicos,seusdirigentes e demais trabalhadores,numaconcepçãointegradadossiste­masdegestãoeavaliação,permitindoalinharosdesempenhosdosserviçosedosquenelestrabalham.

Daanálisedodispostonosartigos1.ºe2.ºdaLei66­B/2007resultaqueopessoaldocentetambémestásujei­toaoSistemaIntegradodeavaliaçãodedesempenhoeabrangidopeloSIA­DAP.Desdelogoporqueoâmbitodeaplicaçãododiplomaenglobaaadmi­nistraçãoindirectadoEstado,ondeseincluemuniversidadesepolitécnicos,podendoos subsistemas ser objectodeadaptaçãoàsespecificidadesdasinstituições, nos termosdoartigo 3.ºdamesmalei.

Nestesentido,eatéquesejains­tituídoumsistemadeavaliaçãoparaos docentes do ensino superior, asoluçãoparaadificuldadepráticadeaplicaçãodoSIADAPaessepessoalencontra­se no n.º 7 do artigo 113.ºda LVCR, cuja previsão abrange “ostrabalhadores cujo desempenho nãotenhasidoavaliado,designadamentepornãoaplicabilidadeounãoaplica­çãoefectivadalegislaçãoemmatériadeavaliaçãodedesempenho”.

Deacordocomoestatuídonon.º

6doartigo113.ºdaLVCRéatribuídoumpontoporcadaanonãoavaliado,num total de 4 pontos, relativamenteaosanosde2004a2007,podendoodocentealterarasuaposiçãoremune­ratóriaapenasquandoperfizero totalde10pontos.Emalternativa,odocen­tepoderárequererarealizaçãodasuaavaliaçãoatravésdeponderaçãocur­ricular, nos termos da Lei 66­B/2007,aplicada com as necessárias adap­tações. Todavia, a aplicação destemecanismo de ponderação suscita aquestão de saber a quem competiráassegurar a condução e fixação doscritérios.AoConselhoCoordenadordeAvaliação previsto para os restantestrabalhadoresdaAdministraçãoPúbli­ca?aosConselhosCientíficosePeda­gógicos?ouatodosemconjunto?

Emnossoentender,a respostaaestaquestãodeveteremcontaaes­

truturadoensinosuperior conjugadacomaprevistanaLeiparaoSIADAP,peloqueestatarefadeverásercome­tida,deformaconjugada,aosConse­lhos Científicos e Pedagógicos, emarticulação comoConselhoCoorde­nadordeAvaliação.

Aconclusãoaquepodemosche­gar é a de que os docentes, muitoembora pertençam a uma carreiraintegradanumcorpoespecial,nãoseencontram fora do âmbito de aplica­çãodoSIADAP,havendonoentantoqueprocederàsnecessáriasadapta­ções.Ofactodeseauto­excluíremdoSIADAP,por jáseremavaliadospeloEstatuto, não faz com que estejam,defactoededireito,excluídosdaque­lesistemadeavaliação.Éque,seécerto que o Decreto­Lei 185/81 fazmençãoàclassificaçãodosdocentes,tambémoéqueestaéumaavaliaçãodemérito, feita para fins específicose delimitados, no caso a renovaçãodecontratos,passagemanomeaçãodefinitivaouavaliaçãoquinquenaldosprofessorescomnomeaçãodefinitiva,nãoconfigurando,nestesentido,umaavaliação, pelo menos na acepçãocom que é utilizada para efeitos doSIADAPedaLVCR.

Destemodo,eatéqueosórgãosestatutariamente competentes de­cidam sobre a adopção de um sis­tema de avaliação especificamenteaplicávelaopessoaldocente,asolu­çãodeverápassarpelaaplicaçãodopreceituado no n.º 7 do artigo 113.ºda LVCR, sendo que os docentespoderão recorrer ao mecanismo deavaliaçãoporponderaçãocurricular,lançandomãoàfaculdadequeon.º9daqueleartigolhesconfere,aplicadacomasnecessáriasadaptações.

Relativamente a esta possibilida­de, a competência para assegurar oprocesso, no que respeita à fixaçãodos critérios e respectiva valoração,deverá ser cometida aos ConselhosPedagógico,CientíficoeCoordenadordeAvaliação,atendendoàespecifici­dade das suas funções no contextodoensinosuperioredaavaliaçãoemgeral(comoformadegarantiraunida­dedaavaliação/gestãointegradadosrecursoshumanosdasinstituiçõesdeensinosuperior).

*GabineteJurídicodoIPL

Avaliaçãodosdocentesexigeadaptação

MariaFelicianaCardoso*

Os docentes, muito embora pertençam a uma

carreira integrada num corpo especial, não se

encontram fora do âmbito de aplicação do SIADAP, havendo, no entanto, que proceder às necessárias

adaptações

ArquivoP

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cnia

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PortugalaosquadradinhosnaDeportasabertasàcomuni­dade,aEscolaSuperiorde

TeatroeCinemaacolheupelaprimeiravezajóiadacoroadoFestivalInternacionaldeBDdaAmadora:abandadesenhadaportuguesa.Re­ferênciamaiordashistóriasaosquadradinhosmade in Portugal,JoséGarcês,oar­tistaconvidado,foialihome­nageado,naquelequefoiumdospontosaltosdocertame.

Textos de Vanessa de S. Glória

Fotos de Bruna Viegas

AOACOLHERainiciativa,aEscolaSupe­rior de Teatro e Cinema tornou­se pontodepassagemobrigatórionãoapenasdosfanáticos das histórias aos quadradinhosmas, também, da generalidade dos visi­tantesdoFestivalInternacionaldeBandaDesenhada da Amadora. Reafirmando asualigaçãoàcomunidadelocaleaaber­turaaoexterior,aescoladeuaconhecerumadaspartesmaisimportantesdaobrade José Garcês, condensada na mostra“DesenharaMúsica”.

Artistaconceituado,JoséGarcês,quejácompletou80anos,temparticipadoempra­ticamentetodasaspublicaçõeseiniciativasdaespecialidaderealizadasemPortugal.

HomemdaAmadora,paraalémdeau­tordebandadesenhadaéilustrador,pintor,eprofessor.Aolongodasuacarreirateveaoportunidadedeestudarcomosmelho­resmestresenasmelhoresescolasdasuaépocadesenvolvendoodesenhoclássico.Utilizando a arte aos quadradinhos numavertente histórica e pedagógica, conta ahistóriaatravésdehistóriasdeBD.

Internacionalmente reconhecido nouniverso da BD foi, por diversas vezes,

FestivalInternacional

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BDdaAmadoraEscoladeTeatroeCinema

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convidado, a representar Portugal noFestival de Lucca (em Itália), um dosmaisantigoseimportantefestivaldeban­dadesenhadadomundo.

Nos anos 90, em França, foi aplau­didopelaobra “HistóriadePortugalemBD”, que chegou a ser traduzida parafrancês.Resultadodeum trabalhocon­juntocomoprofessorCarmoReis,forampublicados quatro volumes da “Históriade Portugal em BD”. O Ministério daCultura Francês escolheu a obra parapremiar estudantes vencedores de umconcursonoâmbitodaExpo98.

Numasimbioseperfeitaentreaimagemeamúsica,aexposição“DesenharaMú­sica”,expostanaESTC,éconstituídapor21pranchasdesenhadasatinta­da­chinaecoloridas.Atravésdelasãoretratadosins­trumentosmusicaisdoséculoXVeexcer­tosdahistóriadePortugal.

Umamais­valiaparaacomunidadeaca­démicaquevênestaobraumafonteinspira­doraparaasuaformaçãoecriatividade.

Satisfeito,NelsonDona,daorganiza­çãodoFIBDA, fazquestãodedizerquehá muito que se pretendia que o maioreventoculturaldaAmadorapassassepe­la Escola Superior de Teatro e Cinema.“Paraalémdepóloeducacional,aescolatambémcumpreopapeldedinamizadorculturalnacidade”.

JáovereadordaculturadaCâmaraMunicipaldaAmadora,AntónioMoreira,esperadarcontinuidadeaestaparceriacomaescola nopróximoano, que temo aliciante acrescido de ser o da cele­braçãodo20ºaniversáriodofestivaldeBandaDesenhada.

Aocompletar 19anosdeexistência, oFestivalInternacionaldeBandaDesenhadatemsidoumcartão­de­visitaparaacidadeda Amadora que, nesta edição, recebeumaisde28milvisitantes.OpresidentedaESTC,FilipeOliveira,consideraqueestaétambémumaoportunidadeparaaescoladesedaraconheceràcomunidade.

Commaisde50anosdecarreira,JoséGarcês,associa,naexposição “DesenharaMúsica”,abandadesenhadaàvertentehistóricaepedagógica,“umaformadetra­balho,nestaárea,nãomuitousual,mesmoanívelinternacional”,dizNelsonDona.

Originais de desenhos de trombetas,órgãos, clavicórdios, alaúdes; cenas dedança, músicos a tocarem instrumentosdo século XV, e excertos da história dePortugal, puderam ser apreciados pelopúbliconestaexposição.

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Património do Centro Nacional deBandaDesenhadaeImagem,naAma­dora, a mostra que, em 2005, esteveexposta,pelaprimeiravez,nestecentro,jápercorreuváriospalcosdeNorteaSuldopaís,inclusiveestevenasilhas.

“Desenharamúsica”resultoudarecriação da mostra “A Música noséculo XV” realizada nos anos 80,tambémdaautoriadeJoséGarcêsque, em resposta ao desafio pro­postopeloentãodirectordoMuseudoMosteirodaBatalha,SérgioGui­marães de Andrade, procurou re­presentarfielmenteos instrumentosmusicais do século XV esculpidosna cantaria dos pórticos da Bata­lha. O argumento deste projecto,inspirado num episódio verídico dahistória de Portugal, baseia­se navisita de uma embaixada flamengaaPortugal,chefiadapeloDuquedeBorgonhaem1428,noanoemqueseconstruíaoMosteirodaBatalha.Napreparaçãoda“MúsicanoséculoXV”,oartistarecorreuaoconselhei­romusical,JoséPedroCaiado,que,faz questão de frisar, foi uma “aju­da preciosa”. Recorde­se que JoséPedroCaiado integraumgrupoes­pecializadoemrepertóriodemúsicade IdadeMédia,LaBatalla,dirigidopor Pedro Caldeira Cabral, apesardeestaremcomissãodeserviço,omúsico pertence ao corpo docentedaESTC.

Deumlongotrabalhodepesquisaresultaram 30 pranchas desenhadasa tinta­da­china.Apesar de bastanteaplaudida, a exposição, por ter sidoexibidaemlocalaberto,ClaustroJoa­ninodoMosteirodaBatalha,apresen­toucópiasasépiadotrabalho.

Os desenhos originais ficaramguardadosnagavetaaté2005.Altu­ra emoCentroNacional deBandaDesenhada e Imagem, sediado naAmadora, em colaboração com omestre,pegounoprojecto.Aspran­chas desenhadas a tinta­da­chinaforamcoloridaspelopróprioartista.O trabalhosobreamúsicaemcon­textohistóriconoséculoXVfoientãotransformadonumaactividadepeda­gógicaededivulgaçãodamúsicaedaBDjuntodopúblicoinfanto­juve­nil.Éassimquenasceaexposição“DesenharaMúsica”.

Osjovensaderiramemmassaàmostra"DesenharaMúsica"deJoséGarcês

OartistacomovereadordaculturadaCâmaradaAmadora,AntónioMoreira

OpresidentedoconselhodirectivodaESTC,osecretáriodaescolaeoartista

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Em Foco

UmavidadedicadaàBDJOSÉ GARCÊS diplomou­se emArtes Gráficas pela Escola deArtes Decorativas, em 1946, ini­ciando nesse mesmo ano a suacarreira no jornal “O Mosquito”,onde se manteve durante umadécada.Desdeentãonuncamaisparou. Ao longo da sua carrei­ra tem conseguido pôr a BD aoserviçodopúblicoemgeral.Co­laborou em mais de uma deze­na de publicações portuguesasdestinadas a crianças e adoles­centes. Desenhou para váriaseditoras escolares (EdiçõesAsa,Bertrand,Verbo,Didáctica, entremuitasoutras)emlivrosdeváriasdisciplinas:história,geografia,ci­ências, português e matemática.JoséGarcêsfoiilustradoreautorde banda desenhada no jornal“OSéculo” e na revista feminina“ModaseBordados”.Em1963aRTPconvidou­oacolaborarcomilustraçõesparaoprograma“Por­tugal,históriaeaventura”.

Residente naAmadora, o ar­tistatemparticipadonacidadeemactividadesligadasàbandadese­nhada, sobretudonosúltimos15anos,desdeacriaçãodoFestivalInternacionaldeBandaDesenha­da. É na Amadora, no arquivode originais do CNBDI – CentroNacionaldeBandaDesenhadaeImagem–queseencontragran­de parte da sua obra. A ligaçãoà cidade e o reconhecimento doseu trabalho mereceram­lhe o

seunomeseratribuídoaumaave­nidadacidade.

Deu cursos de iniciaçãoà bandadesenhadaaprofessoresealunosemPortugalenasilhas.

JoséGarcês desenhou uma co­lecção de selos para os CTT, e foiautor de ilustração animal para oMuseudeHistóriaNaturaldaFacul­dadedeCiências.Porinúmerasve­

zes as suas qualidades artísticasforam reconhecidas destacando­se, especialmente, nos trabalhosde banda desenhada histórica,ilustraçãoanimaleconstruçõesdearmar.Em1999oartistafoihome­nageado com aMedalha deOuroMunicipal e recebeu o Troféu deHonradoFestival InternacionaldeBandaDesenhadadaAmadora.

EstudantesabrilhantamafestaNãOfoicombinado,masotrabalhomusicaldesenvolvi­doaolongodoanode2008pelogrupoTaratinya­la­lan–constituídoporalunosdaEscolaSuperiordeTeatroeCinema–encaixounaperfeição,nainauguraçãodaex­posição“DesenharaMúsica”.

Aderindo entusiasticamente ao evento, o grupoestudantilapresentouumpequenorecitalcomreper­tóriomedieval,doséculoXIIIaoséculoXVI,utilizan­dodois instrumentos representadosnabandadese­nhada:violadearcoealaúde.Eumgrupodealunosdo2ºanodeteatro,daprofessoraMariaRepas,inter­pretoucançõesdaépoca.

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Em Foco

GuerradasEstrelasnaAmadora

VINTEeoitomilvisitantesestive­ram no Festival Internacional deBanda Desenhada da Amadoraquetevecomotemacentral “Tec­nologia e Ficção Científica”. DeNorte a Sul do país, alunos, doensinobásicoaouniversitário,pu­deramapreciaroquedemelhorsefaz em banda desenhada a nívelnacionaleinternacional.

Aocompletar19anosdeexis­tência o espaço Fórum Luís de

Camões,naBrandoa,que temqua­tromilmetrosquadradosdeárea,foitransformadonoAstroportoqueaco­lheuumanavecósmica.

Exposições, sessões de autógra­fos com autores nacionais e estran­geiros,debates,workshopseactivida­desparaosmaisnovosfizerampartedaprogramaçãodomaior festivaldeBDdopaís.ParaalémdedivulgaraBD comoela é, este evento oferecelivrosapreçosdefeira, levandoesta

arteaopúblicoemgeral,criandono­vosapreciadoreseleitores.

Ásemelhançadosanosanterio­res,paraalémdonúcleocentraldaexposiçãoexistiamnúcleosexposi­tivosespalhadospelacidade.

O festival encerrouemgrandecomamini convençãoStarWars.Vindos de vários pontos daEuro­pa chegarammascaradosdeper­sonagens alusivas à Guerra dasEstrelas.

OsonhoantigodeNelsonDonaNelson Dona, director do Festival Internacional deBandaDesenhadadaAmadora,éumhomem felizerealizado.No dia da inauguração da exposição "De­senharaMúsica",doartistaJoséGarcês,emdecla­raçõesàPolitecnia, fazquestãodedizerqueestáaconcretizarumsonhoantigoao levaromaioreventocultural daAmadora para a Escola Superior deTea­troeCinemadoInstitutoPolitécnicodeLisboa.“Paraalémdepóloeducacional,aescolatambémcumpreopapeldedinamizadorculturalnacidade”.

CNBDI

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Empreendorismo

OportunidadesEspecíficasdeNegócio

ISELabreportasàincubaçãovirtual

OInstitutoPolitécnicodeLisboaencaraasredesdeconhecimentoeasparceriasempresariaiscomoprolongamentosinteligentesdosucessoeducativo.Àluzdessaestratégia,oISELabriuassuasinstalaçõesàincubaçãovirtual,garantidooapoioaodesenvolvimentodoconhecimento,eassociando­seàlógicadoempreendorismopreconizadopelaOPEN–OportunidadesEspecíficasdeNegócio,lideradaporumantigoalunodaescoladeengenharia.

Textos de Clara Santos Silva l Fotos de Pedro Pina

OANO de 2008 foi omotor do em­preendorismonasescolasdoInstitutoPolitécnicodeLisboa,quevênaino­vação, nas ideias empreendedoras,sinaisclarosdeumfuturoquesede­sejapromissor.Aideiaestánamodae cada vezmais enraizada nomeioacadémicoenotecidoempresarial.

AOPEN,CentrodeIncubaçãodeOportunidadesdeNegócio, temsidofundamental paraodesenvolvimentodeideiasinovadorasenaponteentre

aindústriaeoensino.Umadasqua­troempresasincubadas,aDailyWork,desenvolveoseutrabalhonas insta­laçõesdoInstitutoSuperiordeEnge­nhariadeLisboa,apesardasuasedefísica se situar na Marinha Grande.RicardoPrata,ex­alunodoISELein­vestigador, acabou por nunca deixara escola que o formou, associando­se ao professor António Serrador eformandoumaempresanaáreadosSistemasInteligentesdeTransportes.

NestaredeemqueentramoISEL,aOPENeaDailyWorksubsisteocon­ceitodeincubaçãovirtual.Oincubadodesenvolve o trabalho no campo dainvestigação e desenvolvimento tec­nológicoemlaboratóriosdoISEL,emrespostaaomercadoparaoqualestádireccionado,eporsuavezaincuba­doraprestaapoioemtermosdeges­tãoeserviçosadministrativos.

A Marinha Grande é a sede daIncubadora OPEN, local estratégi­

NasinstalaçõesdaOpen,naMarinhaGrande,asgrandesideiasinovadorastêmumespaçopróprioàsuadisposição

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Empreendorismo

co, dado estar inserido no ParqueIndustrial do concelho, conhecidopelasuatradiçãonaIndústria.Oob­jectivoprincipaldaOPENéserum

centrode inovação,acolhendopro­jectoseideiasquepossamconstituirempresas.Asuagrandeparticulari­dadeemais­valiaestánosespaços

quenãosãosóparaserviçosmas,também, para indústrias. Uma dasempresas incubadaséprecisamen­tenaáreaindustrial.

Noprincípioeramosmoldes…

A INCUBADORA de empresasOPEN nasceu da actividade de­senvolvidapeloCentroTecnológicodaIndústriadeMoldes(Centinfe),queacabariaporlheservirdeân­cora.Comuma total implantaçãonomercadodaIndústria,oCentin­fepromoveodesenvolvimentodecandidaturasaprojectosdeapoioao desenvolvimento, possuindotambémumconjuntodeáreasad­ministrativasdesuporte.

Tambémaqui,alógicaéadeasempresasobterem,nummes­mo local, tudo aquilo que preci­samparafuncionar.

ACentinfeéconstituídaporgru­posestruturadosdeacordocomasnecessidades. Pode dizer­se quese trata de um centro de suporteda indústria demoldes, ferramen­

tas especiais e plásticos.A suamis­sãopassaporrecorreraosseusespe­cialistasparadarsuporteaqualqueráreadefuncionamento,espelhandoasemprepresentepolivalência.

OCentro é constituído por diver­sasáreas, imprescindíveisparaoto­talfuncionamentodeumaempresa.Aáreade informáticadáapoioàsTec­nologias de Informação, e a equipadaqualidadegaranteacertificaçãode90%dosprodutosdesenvolvidospelaindústriademoldeseelaboramanu­aisdequalidade.Aáreadeprojectos,porseulado,asseguratudooquedizrespeitoaoinvestimento,àscandida­turas e marketing, organizando todoo processo que posteriormente serásubmetidoacandidatura.

As instalaçõesdaCentinfe,apardoquefoiconcebidonaOPEN,estão

preparadas para servir de postode trabalho das suas associadas.Possui salas de videoconferênciaamplas:umaáreadepalco,jáutili­zadasparaespectáculosdebaila­doemúsicamoderna;eumaáreaadministrativa, sempre importanteparaotrabalhodiário.

Uma das grandes apostas doCentro é criar redes de conhe­cimento extensas. A estruturaassegura que todos os apoiossolicitados pelos associados têmresposta, por parte dos especia­listasdaCentinfeoudeterceiros,aquemse recorrerásenecessá­rios.Agrandemais­valianoCen­tro passa por saber ser uma ins­tituiçãodesuporte,desdeomaispequenoatéàsáreasde topodaorganizaçãodasempresas.

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Empreendorismo

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O projecto nasceu com o edifí­cio, que foi estudado ao pormenor,possuindo uma flexibilidade total.Divide­seporáreas,emfunçãodasnecessidades dos seus incubados.Possuinoseurés­do­chãoumaáreaderecepçãoedeserviços,ondepo­derãodesenvolver­seasentrevistasaoscandidatosaincubados.Nospi­sossubsequentespodemencontrar­se salas de reunião apetrechadascom meios audiovisuais de últimageração,mesasecomputadores.Assalasdevideoconferênciapossuemquatroecrãsquepermitem,nocasode projectos internacionais comuni­caremsimultâneocomquatrocan­tosdoMundo.

As zonas de serviços são aque­lasqueacolhemassedesfísicasdasempresasepodemtambémserzonasde trabalho.Aparte industrial integraumafábrica,umpavilhão industrialeumaáreaadministrativaadjacente.

Estandoinseridanumazonaindus­trialetendoporbaseideiasgeradorasdeprodutos inovadores,aOPENpos­sui também uma área de exposição,que pode funcionar comomostra dosprodutos.Naáreaindustrial,podemen­

contrar­seváriosportões,emquecadaumcorrespondeaummódulo,masasempresaspodem terumoudois, dei­xandoemabertoessapossibilidadeàmedidadassuasnecessidades.

Cadaumadasempresasquecon­trate a área industrial tem tambémacesso a módulos onde se concen­tramarquivosmortosegaragens.

O objectivo é que na OPEN asempresastenhamacessoatudo.

Joaquim Menezes, o Presiden­te doConselho deAdministração daOPEN,acreditaqueseráumsucessonofuturo,masreconhecequealógicadoempreendorismoprecisadematu­ração. Ressalva que para as jovensempresas“jánãoéocomeçarnaga­ragem,massimcomcondiçõesmaisestruturadas que permitem avançardeumaformamaisconsistente.”

Ao percorrermos o edifício daOPEN, a impressão que retemos éa de estar perante condições logís­ticasminimalistas.Muitassãoasini­ciativasorganizadaspelaOPENquepretendem dar ânimo à indústria.O«fim­de­tardedosempreendedores»é uma das iniciativas que permitemreunir profissionais que dão o seu

testemunho, formando quase queuma tertúlia. Os «Jantares Vínicos»têm feito também muito sucessopois permitem juntar profissionaisda produção de vinho sempre comum cunho de cultura. É convidadoum orador que serve de âncora aojantar, durante o qual é feita umaprestaçãodegastronomia.A ideiaéprecisamentereunirnomesmolocal,profissionaisde váriasáreas, sendoqueocustodojantarficaacargodosparticipantes,sendoaacçãodepro­moçãodesenvolvidapelaOPEN.

Este tipo de iniciativas permiteestabelecer uma rede de contactosimportanteparaaglobalizaçãoqueseviveactualmente.

A zona onde está implantada aOPEN e a Centinfe – Centro Tec­nológico da Indústria de Moldes,da qual JoaquimMenezes tambémé Presidente, foi já considerada noPlanoTerritorial,umPóloTecnológi­co.AoladoseráconstruídooCentrodeFormaçãodaIndústriadeVidros.Será também inaugurado o CentroEmpresarial, onde estará integradaa Escola Profissional da MarinhaGrande.

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Empreendorismo

A(re)descobertadaindústriaPARAALÉMdasuaactividade,oCen­troTecnológicodaIndústriadeMoldesdemonstra forte preocupação com ofactodeaindústriatercaídonoesque­cimento dos jovens, deixando de seruma das suas opções de formação.TendoaMarinhaGrandeumafortetra­diçãonaindústria,apoucaprocuranaáreapoderiaconduziraumacrisesemprecedentesnaregião.

Numa altura em que os cursostecno­profissionais estavam quasea desaparecer, a forma encontradapara contrariar a realidade foi darluz a umnovo projecto.O objectivofoi(continuaaser),cativarosjovensa partir do 7.º ano de escolaridade,mostrando­lhes que a indústria éumaactividadecomfuturo.

A iniciativa «Pense Indústria Co­nhecimento» começou em 1995­96,tendoacoordenaçãonacionalficadoa cargo daAssociação dos CentrosTecnológicosdePortugal.OCentinfe,umdoscincocentroscominstalaçõesfísicas, acolhe nas suas instalaçõesperto de 300 alunos anualmente.Cada projecto funciona pelo períododeumano,duranteoqualosalunospassam,deduasemduassemanas,duashorasnocentro.

SãotrezeasescolasnaregiãodaMarinhaGrandeaparticiparnainicia­tiva.Essasescolasassumemumaes­trutura didáctica e pedagógicamuitosedimentada quanto às opções queosalunos terãoque tomarno futuro.O importante, segundo JoaquimMe­nezes,fervorosoapoiantedaideia,émostrarque«aIndústriaémuitodife­rentedoquefoi».Por isso,oprimei­ro passo é mostrar o filme “TemposModernos”,deCharlieChaplin,ondese caricatura a indústria no inicio doSéculoXX.Ochoqueentreatecnolo­giadeentãoeamodernidadepermiteaos alunos perceber o que é hoje aindustriaecomofunciona.

Oambienteondesedesenvolveoprojectoéumasalaconcebidapa­ra o efeito, compostosde trabalhoreais, correspondendo cada um aumaárea industrialhorizontal.A in­tençãoémostraroquefuturamenteencontrarão nas empresas indus­

triais,estabelecendoaponteentreateoriaeaprática.

A componente pedagógica as­sentanumaforteligaçãodoprojectoaoentretenimento,umavezquesetratadealunosdos7.ºs,8.ºse9.ºsanos.Aomesmo tempoque jogam,aprendem. O estímulo ao trabalhodeequipaéumaconstante.Criam­segruposdetrabalhoqueseconsti­tuemcomoempresas,nasquaisosparticipantes podem ser técnicos,trabalhando nas diversas áreas, ouaté administradores. Funciona tudoum pouco na lógica dos jogos deempresas, que têm de ser geridasnarelaçãocausa­efeito.

Num ambiente muito particularpodem ser encontrados postos detrabalho correspondentes a inúme­ras vertentes da indústria, desde alogística, a energia solar, robótica,mecânica, hidráulica e pneumáticaentreoutras.Todososexercíciosdoprojecto«Penseindústria»seiniciamcomaprogramaçãoemcomputadoresódepoiscomamaquinação.

Uma das sessões do projectopassaporcriar ideiasdeprodutos.Aestratégiaganhou jáuma talpopula­ridadequelevoumesmoàcriaçãodeumprémioanualatribuídoaomelhorproduto.Em2007ogalardão foi en­tregueaocriadordeumcabideexten­sível,quepodeseradaptadoacrian­ças,adultoseaváriascircunstâncias.Apesardemuitosimples,houveane­cessidadederecorreracálculosparachegaraoprotótipofinal.

Algunspais já informaramospro­fissionaisdaCentinfedequeosfilhosrevelamboasalteraçõesdecomporta­mentoeresponsabilidade.OCentinfedisponibilizaaindaumasériedelivros,adequadosàsidadesdosalunos,queretratamoprocessodecriaçãodeob­jectos que lhes são familiares, comopor exemplo as pranchas de surf. Eemcada livroháumdicionáriosobreaárea.Porúltimo,osespecialistasderecursoshumanose formaçãoprofis­sionalseguemopercursodospartici­pantes,avaliandooimpactodoprojec­tonassuasopçõesdeformação.

ZonaindustrialdoCentroTecnológicodaIndústriadeMoldes,FerramentasePlásticos

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Empreendorismo

EMPREENDORISMO é a palavra domomento,masnaopiniãodeumgrandeconhecedordamatéria,JoaquimMene­zes,oseuconceitoéporvezesbana­lizado,aoserapontadocomoaúnicasaída para o futuro. Objectivamente,paraele,«empreenderéinovar».

Ser empreendedor não significaser empresário. Aos profissionaisde hoje pede­se que, no local detrabalho tenham a capacidade dereinventar coisas, encontrar solu­çõesnovasparaproblemasantigos.Criatividade,persistênciaevontadede vencer dificuldades não são ca­racterísticas exclusivas do empre­sariado. Joaquim Menezes diz queojovemempreendedortemqueser,sobretudo,persistente,relativamen­te pragmáticoem relaçãoaos seusobjectivoseteranoçãoclaradequeum projecto empresarial tem queserviromercado.

Aindadeacordocomasuafiloso­fia, ser empreendedor começa sem­prenaescola,naformacomoseen­sinaecomoseaprende.Sendocertoqueàescolacompetetermaisares­ponsabilidadedoqueàsempresas.“Aescolatemqueseajustaraomercadoqueserve,estandoatentaàsnecessi­dadesdaprópriaindústria”,observa.

NoInstitutoSuperiordeEngenha­ria deLisboa, aoqual semantém li­gado,dizexistiremgruposdetrabalhocomumavontadegenuínaparaence­tarmudanças,havendooutros,quesemantêm a fazer aquilo que a escolatemcomofunção,oquetambémnãoédecriticar.Umpouconalógicadasempresas,asescolassuperiorestam­bémtêmquesereinventar,apesardeestarem sujeitas a constrangimentosquemuitotêmavercomfinanciamen­to.Oseupapelcomoempreendedortem sido bem sucedido, mesmo noquedizrespeitoaotrabalhoquetemvindo a desenvolver no apoio a no­vasgeraçõesdeempreendedores.OCentinfeéumdoscasosdesucessocomoseucunho,quefuncionacomointerfaceentrea indústria,asempre­saseaparteacadémica.

AOPEN é um projecto paralelo,masque complementaaquilo queé

Serempreendedornãoéserempresário

feito noCentinfe, dando a oportuni­dade a empresas e seus projectosdecomeçaremasurgir,comoformadeviramaserconsolidados.Éumaestruturaqueestáabertanãosóàsáreasquetêmavercomosmoldes,mas de uma forma horizontal parareforçaraestruturaeconómica,local,regionalenacional.

Dentro da estrutura da OPEN,surge a incubação virtual, na qualencontramos a Dailywork, já bemconhecida do IPL, que funciona nalógicadaincubaçãovirtual,eàqualédadosuportesobopontodevis­ta da gestão e administrativo. Nãoesconde a satisfação ao reconhe­ceraaberturadoISELàcriaçãode

umespaçodeincubaçãonaescola,permitindo ter um espaço de incu­baçãoàdistância,paradesenvolverconhecimento.Semprenoâmbitodoempreendorismo,depoisdaincuba­ção virtual, segue­se o mecanismoBusiness Angels, que não é maisdo que uma estrutura de suporteao lançamento de novas ideias enovas empresas. Mais ágil do queas sociedades de capital de risco,atravésdelas,podeserinvestidoummontantedecemeuros,baseando­senumalógicadequasesociedademais do que na estruturamais for­maleinstitucional.Adiferençaéqueo empreendedor não necessita deestabelecerdiálogocomabanca.

OengenheiroJoaquimMenezes,presidentedaOpeneex­alunodoISEL

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Problemáticas

EMBORAsepossapensarqueaocor­rênciadumsismoemsimultâneocomaconclusãodumaescavaçãogeralajusantedumacortinadeparedemol­dadaancorada,possaserpoucopro­vável,arealidademostraque,semprequeocorreumsismonumazonaur­bana nalguns locais desta existirão,certamente, escavações executadasao abrigo de paredesmoldadas queainda aguardam a execução dos pi­sos enterrados para que a obra decontençãoperiféricaseconclua.

Assim, faz todo o sentido admitirquesedeveintroduziraacçãosísmi­canodimensionamentodumacortinadeparedemoldadacomonosrestan­testiposdeestruturasdecontenção.

Napresentecomunicaçãoé refe­rida a forma de considerar a acçãosísmicadeacordo comas recomen­dações dos Eurocódigos estruturais,nomeadamenteosEC7eEC8.

Para solos coesivos é importan­tesabercomopodevariarovalordacoesãoquandoocorre um sismo.Deacordo com resultados experimentais[Makdisi&Seed,1978],acoesãodi­minuiquandoocorreumsismo,consi­derando­se,habitualmente,queovalordacoesãosobasacçõesdinâmicasédaordemde80%dovalorsobacçõesestáticas, o que é justificado por sepresumir que as ligações de coesãoentre as partículas de argilas e siltespossuemumacertaelasticidadepos­sibilitando ligeiros deslocamentos os­cilatórios repetidos dessas partículas,umasemrelaçãoàsoutras,semquehajaroturadasligações[Tschebotario­

RecomendaçãodosEurocódigosestruturais

Aacçãosísmicanodimensionamentodeumacortinadeparedemoldada

Asestruturasdecontenção,normalmentesub­divididasemestruturasautoportantes(murosdegabiões,murosdebetãoarmadofuncionandocomoconsolasverticaisoudotadosdecontrafortes,etc.)eestruturasancoradas(paredesmoldadas,paredesdotipo“BerlimDefinitivo”,cortinasdeestacas­pranchas,etc.),devemserdimensio­nadasparaasacçõessísmicas.

Texto de J. Matos e Silva

ff,1978].Estapráticaestáreflectidanoparágrafo 3.1 doEurocódigo 8, ondese recomenda, quando se consideraaacçãosísmica,aadopçãodecoefi­cientes de minoração para a coesão

de1,3paracuede1,2paracoqueequivaleaconsiderarcercade80%doseuvalorsobasacçõesestáticas.

Para além da acção dinâmi­ca do solo sobre a estrutura de

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Problemáticas

contenção é necessário conside­rar a acção sísmica sobre a mas­sa dessa estrutura, que é dada por:q´=khxP (7)emque:

kh­coeficientesísmicohorizontalquantificadoapartirdaequação(1)

P ­ Peso próprio da estrutura decontenção/m2

Paraosmurosdesuporteautopor­tantesdebetãoarmadoérecomendávelincluir,também,naquantificaçãodeP,opesodamassadesoloqueseapoiasobreasapatadomuro[Ravara,1969].

É importante notar que o pontode aplicação das acções estáticas+ dinâmicas do solo , no caso dasestruturas de contenção rígidas,devesituar­seameiaalturadessasestruturas. Contudo, para cortinasflexíveis com possibilidade de ro­tação na sua base, o que aconte­ce frequentemente nas cortinas deparedes moldadas (a menos quetenham uma ficha de comprimentoexcessivo),oEC8,noseuparágrafo7.3.2.3, alínea 5), recomenda queseutilizeomesmopontodeaplica­çãoda resultantedasacçõesestá­ticas.Noqueserefereàacçãosís­micasobreamassadaestruturadecontençãoesobreamassadesoloqueseapoiasobreasuasapata(nocasodascontenções rígidas)estasterãoresultantesqueseencontramlocalizadasameiaalturadaestrutu­ra de contenção.

Conclusões:Dummodogeralpodeconcluir­se

que, quer em estruturas de conten­çãorígidasqueremflexíveis,quantomaior fôrasuaaltura,maisaacçãosísmica se torna condicionante noseudimensionamento.

Porexemplo,aocasodeobraaqueserefereapublicação[MatoseSilva,2004], foiaplicadoométodoindicadoem[MatoseSilva,2000],econstatou­sequea “ficha”dacortina,que tinhaumaaltura adequada para resistir àsacçõesestáticas,erainsuficienteparaasacçõesestáticas+dinâmicas,peloque, para atender a estas acções, a“ficha”teriadeserprolongada.

Osvaloresdeesfoçosedesloca­mentos,obtidosparaocálculoparaasacçõesestáticas+dinâmicas,revela­ram, nesseexemplo, um incrementonalgunscasossuperiora60%emre­

lação aos valores obtidos no cálculoestático. Embora a probabilidade deocorrênciadumsismo,duranteafasede escavação geral ao abrigo dumacortinaancorada,sejapequena,dadoocurtoperíododetempoemqueessaescavaçãodecorre,é imperativoquefactores exógenos não prolonguemdemasiadamente esse período demodoaqueaprobabilidadedeocor­rênciadumsismoaumente.

É, por exemplo, o caso duma si­tuaçãodeembargodumaescavaçãodecretadaporumTribunalouporumaPolíciaMunicipal,quepodefazercomque essa escavação, executada aoabrigo duma parede moldada, fiqueparada por tempo indeterminado.ReferênciasBibliográficas.

Makdisi,F.&Seed,H.,SimplifiedProcedureofEstimatingDamandEm­

bankmentEarthquake­InducedDefor­mations, Journal of theGeotechnicalEngineeringDivision,Julhode1978.

Tschebotarioff, G.P., Fundações,EstruturasdeArrimoeObrasdeTer­ra, Editora McGraw­Hill do Brasil,Ltda.,1978.

Ravara, A., Engenharia Sísmicade Pontes, Revista Portuguesa deEngenhariadeEstruturas,nº12,Ou­tubrode1981,Lisboa.

Matos e Silva, J., Um ExemploSignificativodeUtilizaçãodeParedesMoldadas Ancoradas ­ O Euro Sta­dium,9ºCongressoNacionaldeGe­otecnia,Abrilde2004,Aveiro.

MatoseSilva,J.,MétodoSimpli­ficado de Dimensionamento de Pa­redesMoldadasAncoradas, RevistaPortuguesadeEngenhariadeEstru­turas,nº47,Marçode2000,Lisboa.

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A Protagonista

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Ajovemquedançouna1ªemissãodaRTP

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WANDARibeirodaSilva integrouasdirecções da Escola de Dança doConservatório Nacional e da EscolaSuperiordeDançadoIPL;participounosgruposdetrabalhodasreformasdoEnsinoArtísticodeVeigaSimãoeFraústodaSilva;efoiumadasimpul­sionadorasdomovimentodaEduca­çãopelaArteemPortugal.Estreou­senos palcos aos 7 anos e fez a suaúltima dança aos 40,mas continuousempre a ensinar e a participar emprojectos internacionais de cariz ar­tístico. A bailarina revê­se na frasedita porGeorgeBalanchine, em suaopinião o maior coreógrafo do séc.XX,paraquemosbailarinossãoumaaristocracia,nosentidodaprocuradaexcelência para cada um. Dizem osamigosqueWandaRibeirodaSilva,abailarinaquedançouna1ªemissãoda RTP, é mais reconhecida no es­trangeiroquenoseuprópriopaís.

Wanda Ribeiro da Silva é umalisboetaoriundadeuma famíliabur­guesajácomváriosmembrosaman­tesdasartes.Comoeracostumeem1938,anoemquenasceu,nasfamí­liasabastadas,ospaisJoãoRibeirodaSilva,queeraoproprietáriodaca­sadebrinquedosBénard,noChiado;e Jenny Ribeiro da Silva, puseram­na a estudar nas melhores escolasparticulares que existiam na época,o Queen Elizabeth e mais tarde noColégio Feminino Francês. Curiosa­mente, fez o contrário com os seuspróprios filhos aos pô­los a estudarno ensino público. Apesar de nas­cer numa família burguesa, WandaRibeiroconviveusemprecom ideaisdeesquerda,comoprovadissoaca­

Bailarina, docente e pedagogaConfrontadacomaquestãodesaberqualafunçãoquemaisgostoudedesempe­nhar,aolongodeumaespectacularcarreiraqueaindanãoterminou,WandaRibeirodaSilvasente­sedividida.Aapetênciapelasperformancesempalco,iniciadascom“LesSylphides”eamúsicadeChopin,mistura­secomointeressepelapedagogia,apaixãopeladocência,oprazerdadescobertaenainovação.ÉomelhorretratoquesepodefazerdestapioneiradoensinodadançaemPortugal.

Textos de Paulo Silveiro

Wanda Ribeiro da Silva

PedroPina

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sade fériasda família,naCostadaCaparica, foi palco para a primeirareuniãodoscapitãesdeAbril.Opaiera uma pessoa interventiva na so­ciedade,amantedasartesesemprepreocupado com as actividades decaráctersocial.Asfériaserampassa­dasnaCostadaCaparica,teveumainfânciafeliz,aprendeucantoemúsi­catendosidoalunadoLopesGraça.

OgostopeladançachegoucedoaWandaRibeiro.Amãe,quedança­vacomoamadora,pôsassuasduasfilhasnasaulasdedança.AirmãVe­ra,seisanosmaisnova,aquemdeuaulas,foibailarinaechegoumesmoadirectora de dança doConservatóriode Macau. Naquele tempo todas asmeninasqueriamserbailarinas,massóasoriundasdefamíliasabastadastinham aulas e poucas conseguiamseguir uma carreira. A sua primeiraprofessora,aosquatroanos, foiumasenhoraespanhola,MadameBritton,que tinhadançadonacompanhiadeAnnaPavlovaumdosmitosdadançaclássica. Com sete anos teve a suaprimeiraapresentaçãopúblicanoTe­atroS.Luiz,ondedançouobailado“ABorladePódeArroz”.

O factode terestudadocompro­fessores estrangeiros permitiu­lhe,ao contrário do que acontecia comamaioriadajuventudedaépoca,terumavisãomaisglobaldomundo.Ospais,sempreaapoiaramnassuasdecisões,mesmoquandoaos16anos foi paraInglaterraparaoantecessordoRoyal

BalletSchool,oSadler´sWellsBallet,estudarballet.Estaoportunidadesur­giuquandoaos14anosefectuouasuaprimeiraaudiçãonoS.Carlosperanteoolharatentoda“Dame“doImpérioBritânico,a famosaNinettedeValois,fundadora e directora do Sadler´sWellsBallet.Saiu­sebeme foiaceite

NoTeatroSãoLuiz,aosseteanos,interpretandoobailado"ABorladePódeArroz"

Comomarido,em1960,frenteàRoyalBalletSchool,emLondres

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UmareformaatarefadaPARAa bailarina, a vida vale pelasuadiversidadeporissoasuavidaémuitopreenchida.Paraalémdasconferênciasedos júris internacio­nais,continuaadaraulasnaUITI­Universidade Internacional para aTerceira Idade, ou como preferedizer a universidade para jovenscommaisde sessentaanos, ondetemcomoalunosmuitos professo­res universitários que aproveitamareformaparaalargarosseusco­nhecimentos frequentando aulasdedançacriativa.Acompanhaago­ra commuitomais assiduidade osespectáculos da Gulbenkian e doCentroCulturaldeBelém.

Assuasamizadessãointernacio­nais,viajafrequentementeparaParis,Madrid,NovaYorqueeoutrascidadesondeacontecemeventosartísticos.

Gostamuitodeteatro,atéporquerealizouváriascoreografiasparate­atroparaoJoãoMota,LuísMiguelCintra,LúciaMariaMartins,GlicíniaQuartineMárioBarradas.Frequentaos teatrosdaComunadaCornucó­piaedaBarraca.Nocinemagostadecinemaportuguêsedocinemadeautorfrancêseitaliano,chegouairaParis comomarido de propósitoparaverfilmes.WandaRibeirosem­pre viajoumuito, em trabalho,masfoisóapartirdossessentaanosque

começouaserumaturista.Paraelaoquehádebeloemviajaréacapaci­dade de olhar coisas diferentes e deperceberoqueexistedecomumnes­sasdiferenças.Temumacaracterísticaespecialquandoviaja,nãotirafotogra­fias,preferedesenharoquevê.

Nãoé religiosa,mas imaginaumOlimpocheiodedivindades.Nãogos­ta de cozinharmas gosta de comer,adoraascozinhasexóticas.

ComosnetosInês,JoãoCarlos,Simão,LeonoreManuel

Hoje gosta de desempenharo papel de avó, tem cinco netos,doisrapazesetrêsraparigas,gostadeos levaraoestrangeiroquandocompletamoquartoanodeescola­ridade.Omaisnovo,oSimãocomcinco anos é umexcelente bailari­no.Gostamuitodeler,osseusau­torespreferidossãooLoboAntunesoSándorMárai,etodososlivrosdoDanielSampaio.

naquelecolégio.Opaideixou­airparaInglaterracomacondiçãodeela tirarigualmente o curso de professora deballet.Foiestateimosiadopai,emtirarumcursoquelhepermitisseexerceradocência,quemaistardelhepossibili­touocuparoscargosdedirecçãodasescolasporondepassou.

ApassagemdeLisboaparaLon­dresfoimuitoviolenta.Apesardees­taraconcretizarosonhodasuavida,aexigênciaeramuitomaior,dançavadas nove da manhã até às sete danoiteeaindahaviaaparteacadémi­ca.Apesardas saudadesquesentiuda família, e do esforço contínuo,WandaRibeiro,senteorgulhoemterfrequentadoamelhorescoladomun­doeoqueaíaprendeufoi­lheútilpara Abailarina,emprimeiroplano,numaauladeballetnaFundaçãoGulbenkian,em1970

o restodavida.Massóoballetnãochegavaparaoseuespíritoinquieto,WandaRibeiroqueria explorar todas

as facetas da dança. Foi assim queem1950foiparaParisondefrequen­tou vários estúdios e conviveu com

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Osmestres,afamíliaeolegadoHÁumconjuntodenomesqueWan­daRibeirodaSilvaconsiderateremsidofundamentaisnasuaformaçãocomobailarinaepessoa.NinettedeValoispelaoportunidadedeirestu­darparaamelhorescoladadançadomundodaépoca,BarbaraFus­terdirectoradoRoyalBalletSchoolpelacolaboraçãoemdiversospro­jectoscomuns,ArquimedesdaSilvaSantosumdosmentoresdaEduca­çãopelaArteeMadalenaPerdigãoportodooapoioquelhedeuaelanadivulgaçãoartísticaemPortugal.Wanda Ribeiro da Silva consideraaindaqueestesdoisúltimosforamresponsáveispelasuaformaçãoar­tísticanumâmbitomaisalargado.

Ao rever todo o trabalho feitoa professora e bailarina, sente or­gulhoquandovêosseusalunosabrilharemnospalcosondeactuam,ouquandoosreconhecenasdirec­çõesdasescolasdedança.Nofun­dosentequeoseu legadovaiserperpetuadoporestanovageraçãoeesperaqueelesatéasuperem.

Mas Wanda Ribeiro sente quesemoapoiodafamílianãoteriache­gado tão longe. O marido, CarlosAndradecomquemcasouem1959,apesardeteremumavidaemcomumcurtamasfeliz,sempreaapoiounassuasdecisões.Tambémosfilhossu­

osgrandesmestresdaépocacomoarussasIgorovaeaPreobagenskaeoestúdioWaker.Comosempreprocu­roudiversificar os seus conhecimen­tos artísticos, assim inscreveu­se naSorbonneondeaprendeudesenhoàvista.RegressouaPortugal,nofimdadécadadecinquenta,jácomobailari­naedocente,erapidamentesetornoupioneiranacriaçãoeaplicaçãodeno­vosconceitosnaáreadadança.Foinestaépocaque,em1957,participouna primeira emissão da RTP, ondedançou“OsEnganosdoAmor”comarealizaçãodeArturRamos,que foioprimeirorealizadordaestaçãoestatal.Foiigualmentenestealturaqueasualigação à Fundação Gulbenkian seintensificou, já era bolseira daquelainstituição. Foi convidada por MariaMadalena de Azeredo Perdigão, naaltura a directora do serviço demú­sica daquela instituição, para apre­sentarumprojectodecriaçãodeumaescolaedeumacompanhiadedan­ça.Comesseobjectivofoiconstituídaumaassociação,oCentroPortuguês

Numjúrideprovasdeselecção,com(daesquerdaparaadireita)CaldeiraCabral,ArquimedesdaSilvaSantos,PatrickAurdeeoseufilho,JoãoAndrade

NumespectáculoemLisboa,nosAnos60,comIsabelRuth,SantaRosaeCarlosTrincheira

portaramecompreenderamasvá­riasausênciasdamãe.Aherançaartísticapassou­aaosfilhos,JoãoAndradeéprofessornaEscoladeDançadoConservatórioecoorde­nadordoTeatroCamõeseaJoanaAndradeéarquitecta.

de Bailado, do qual nasceu o grupoexperimental de ballet, onde WandaRibeirodançouequemaistardeveiodarorigemaoBalletGulbenkian.Mas

osprojectosdeMadalenadeAzeredoPerdigãoparaasarteseramgrandio­sos eWanda Ribeiro da Silva apro­veitou o apoio para integrar o grupo

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depersonalidadesdaépocaquelançouomovimentodaeducaçãopelaarte, foias­simque conheceu JoãoMota eArquime­desdaSilva.AtravésdaGulbenkian,foiaSalzburgnaÁustria,frequentarcursoscompedagogiasinovadorasdedançaemúsica,queposteriormenteviriamaseraplicadosemPortugal.MasodesejodeaprenderdeWandaRibeironãoseesgotavaaqui,em1970,comumabolsadeestudodoFulbri­ght, foiparaNovaIorquecompletarasuaformaçãonaJulliartSchool.Apesardeseconsiderar uma bailarina lírica, nunca re­cusou experimentar as técnicas contem­porâneas. Foi isso que fez nos EstadosUnidos.

Oseupioneirismolevou­a,em1971,aseraresponsávelpelaimplementaçãodocursodeDançanoConservatórioNacional,tendochegadoadirectoradaquelaInstituição.Par­ticipounasReformasdoEnsinoArtístico,aprimeiracomVeigaSimão,easegundaemquesediscutiaaformaçãodasescolassu­periores, comoProf. Fraústo daSilva. Foidesta segunda, que surgiu aEscolaSupe­riordeDança,queveioigualmenteadirigir,edondesaiuem2006,porse ter reforma­

do.Participoutambém,apóso25deAbrilde1974, nas reuniõespromovidaspeloMinis­tériodaEducação,semprecomoapoiodaGulbenkian, destinadas a implementar unsprogramasdireccionadosaoensinoprimário,denominadosMúsicaMovimento e Drama.Actualmente, Wanda Ribeiro sente mágoaporamaioriadestasiniciativastersidoreti­radadasescolas.Poroutro ladoconsideraexistiremmaisoportunidadesparaosjovensdançarem. Hoje existem vários grupos portodoopaís,masexistemenorapoioestatalpara as grandes companhias. Uma conse­quênciadesteaspectofoiodesaparecimen­todacompanhiadebailadodaGulbenkian,ondedançoueensinou,equelheprovocougrandetristeza.

Wanda Ribeiro considera que actual­mente jáexisteemPortugalumensinodequalidade.Osalunosjánãonecessitamdeirestudarexclusivamenteparaoestrangeiro,comoacontecianoseu tempo,masobai­larinoéumserinternacionalequantomaisexperiênciaadquirirmelhor.Comoacontecenasoutrasartesenasciências,tambémnadançaaglobalizaçãochegou,e issoéumvaloracrescentadoimportantíssimo.

Apresença

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AINDAhojepossuiumporteeleganteeumagrandecapacidadededialogar,característi­casquelheforamúteismuitasvezes,quan­dotevedeconvencerministrosdaeducaçãoe presidentes de escolas a aprovarem osseusprojectos.MinistroscomoVeigaSimão,FraústodaSilva,AugustoSeabraouLloydBraga, foram sempre uns ouvintes atentosqueresponderamàssuassolicitações.Comtodosconseguiuumaboarelação,baseadanorespeitoenacooperaçãoinstitucional.

O seu gosto pela descoberta levou­a aestar sempre atenta às novas tendênciasda dança e a explorar outras vertentes ar­tísticas. Por outro lado sempre gostou dedançar, relembra ainda a emoção do seuprimeiro bailado, com 20 anos, no TeatroGarcia de Resende em Évora onde dan­çou “LesSylphides”.Quandoaos quarentaanos já tinha deixado de dançar em Por­tugal, realizou a sua última tournée pelaItáliaepelaHolanda, comogrupodemú­sica contemporânea de Jorge Peixinho.

Cidadãdomundo,comoelaprópriasesen­te,WandaRibeirodaSilvatemparticipadoemváriasorganizaçõesinternacionaisar­tísticas.Assim,fezpartedasdirecçõesdaInSEA­InternationalSocietyforEducationthroughArt,daELIA­EuropeanLeagueofInstitutesoftheArts,entre1990e2002,edaWDA ­WorldDanceAlliance.Mas foifundamentalcomaELIAquemais traba­lhou,tendoorganizadovárioscongressos,umdelesemPortugalcomoapoiodaFun­daçãoGulbenkian,em1996.

Foi homenageada, em 2007, pelaFontysUniversitydaHolandaondeorga­nizouváriosfestivaisdedança.TambémoReinodeMarrocos,peloreiHassanII,a condecorou pelo seu trabalho comoconsultora da Universidade de Rabat.Possuiaindaumamedalhademéritoar­tísticopeloConselhoBrasileirodaDançada UNESCO. Mesmo reformada, conti­nuaactivaparticipandoemváriosjúrisdefestivaisinternacionaisdedança.

eoprestígiointernacionalquetodosrespeitam

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A Protagonista

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AnaPereiraCaldas:discípula,cúmpliceeamigaANA Pereira Caldas foi directora daCompanhiaNacionaldeBailadoentre2001e2007eumadaspessoasquemaisacompanhouopercursodeWan­da Ribeiro da Silva nas instituiçõespor onde passou. Despertou para adançaemSantarém,onderesidia,noCirculo Cultural Scalabitano. Aí, em1956conheceuumajovemprofessoraacabadadechegaraPortugal,vindadamelhorescoladedançadomundo,oactualRoyalBalletSchool,querapi­damentelhetransmitiuobichinhodadança.Wanda Ribeiro era uma pro­fessoramuitoexigentesobopontodevista técnico, transmitindo aos seusalunosumrigoreumgrandesentidodeprofissionalismo.

Arelaçãoentreaalunaeaprofes­sorarapidamentesetransformounu­maamizadequesemantématéhoje.Juntastrilharamumpercursocomum,AnaPereiraCaldasfoisuaassistentenoscursosdaFundaçãoGulbenkian,evice­presidentedaEscoladeDançadoConservatórioNacionalquandofoidirigida pela professora Wanda. SóquandoelasaiuparaaEscolaSupe­riordeDançaéquecadaumaseguiuo seu caminho.Aamizademanteve­semas,acimadetudo,semprehou­

veumrespeitomútuopelosprojectosquecadaumaiadesenvolvendo.Estetipoderelaçãoédifícildemanternosmeios profissionais, devido à fortecompetiçãoqueexisteequeporve­zeslevaaspessoasaafastarem­se.

DuranteoscatorzeanosemqueWandaRibeiroocupouadirecçãoda

EscolaSuperiordeDançado IPLeAnaPereiraCaldas foi directoradaEscola de Dança do ConservatórioNacionalestabeleceram­seentreasduas instituições programas muitosérios que formaram os bailarinosquehojesãoosmelhoresprofissio­naisdoramo.

AnaPereiraCaldasconfirmaquea professora Wanda Ribeira é umapessoa com gostos muito diversifi­cados,apesardasuamatriztersidoa dança clássica ela manteve sem­preumaaberturaquea levouaserprecursora de muitos aspectos naprópriadança.Assimaelasedevemoscursosdedançacriativaeomovi­mentodaeducaçãopelaarteetodoum conjunto de novas pedagogiasque marcaram uma época de ouronopanoramaculturalportuguês.Pa­raAnaPereiraCaldas,Portugalnãotemmemóriae infelizmenteaspes­soasqueiniciamascoisassãorapi­damente esquecidas e os projectossão arrumados na gaveta. Por tudooquefezpelasartesemaisparticu­larmentenocampodadança,segun­doAnaPereiraCaldas,entendequeacompanhadaporumaboaequipa,aprofessoraWandaRibeiroseriaumaboaopçãoparaministradaCultura.

AnaPereiraCaldas,suagrandeamigaecolegadeprofissão

Wanda,comAnaPereiraCaldaseirmã,nosAnos60

PedroPina

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Mala Diplomática

RumoàSociedadedoConhecimento

ISCALafinaestratégiasnainternacionalização

OInstitutoSuperiordeContabilidadeeAdministraçãodeLisboatemdadopassosfirmesna investigação, formaçãoe práticas de internacionalização, embenefíciodaconsolidaçãodumaSociedadedoConhecimentonaópticado“saber­fazer”edo“saber­saber”.Atemáticadainternacionalizaçãoestáaliaserestudada,investigadaepraticadaemváriasdimensõeseperspectivas.

Texto de Maria Amélia Nunes de Almeida

ACTUALMENTE, a internacionaliza­çãofazpartedosplanosestratégicosde desenvolvimento das instituiçõesacadémicas. Avoca um carácter demissão,namedidaemque integraadefiniçãodapolíticageraldasinstitui­ções de ensino superior, assumindoumaidentidadeverdadeiramente ins­titucionalcomplanificaçãoecontrolodas actividades. A ter, também, emconsideração que a internacionali­zação numa diversidade de nível equalidade,seráumdosindicadores,anível formal e informal, de avaliaçãodaqualidadeinstitucional.

No Instituto Superior de Conta­bilidade e Administração de Lisboaa temática da internacionalizaçãoconstitui uma vertente, particular­mente, enfatizada sendo ventilada,estudada,investigadaepraticadaemváriasdimensõeseperspectivasquese inserem no âmbito das políticas,estratégiaseobjectivosdefinidospe­loInstituto.Salienta­sequeasactivi­dades e iniciativas que a Instituiçãotem levado a cabo, neste âmbito,traduzemo interesseeoesforçodacomunidade docente e discente emprogramas e acções que, seguida­mentesedescriminam,noscamposoudimensõesdoensinoeformação,investigação,mobilidadeacadémica,cooperação internacional e realiza­ção de eventos em que a interna­cionalização assume papel fulcral.TodasestasintervençõesconstituempassosparaoavançoeconsolidaçãodaSociedadedoConhecimento.

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Mala Diplomática

Dimensão do “Ensino e Forma­ção” – Nos planos de estudos daslicenciaturasemestradosministradosnoInstitutoSuperiordeContabilidadeeAdministraçãodeLisboa,quernasáreascientificasdasciênciasempre­sariais,querdeoutrasáreas,otemadainternacionalizaçãoédesenvolvido

UNIDADESCURRICULARES/CURSOS OBJECTIVOS

Direito Fiscal Internacional

Estuda-se a problemática da concorrência fiscal internacional e as medidas tomadas a nível da OCDE e União Europeia visando harmonizar e disciplinar. Analisa-se a problemática dos tratados internacionais no sentido de prevenir a dupla tributação entre Estados.

Direito Comunitário, Direito Europeu da Concorrência, Direito Financeiro, Direito das Empresas e direito das Empresas do Trabalho/Licenciatura

Conjunto de Unidades Curriculares que contemplam a ordem jurídica comuni-tária abordando as imposições comunitárias nos vários domínios leccionados. Efeitos jurídicos da globalização, liberalização dos capitais, serviços, merca-dorias e trabalhadores da Europa e do Mundo. Implicações do fenómeno da deslocalização no Direito.

Economia Internacional /Licenciatura

Analisam-se as questões do comércio internacional e as problemáticas associa-das ao fenómeno da globalização. Desenvolve-se o ambiente em que operam as empresas transnacionais, termos e documentação utilizados nos negócios no âmbito intra e extra comunitário. Explicita-se, também, o papel das instituições financeiras internacionais.

Economia Portuguesa e Europeia/ Licenciatura

Ministra-se o ensino da evolução da economia portuguesa e impacto do euro na nossa economia. Aprofundam-se conhecimentos da caracterização estrutural das economias europeias e políticas comuns

Estratégias de Internacionalização das Empresas/Mestrado

Estuda-se a internacionalização dos negócios (razões, teorias s/ o comércio in-ternacional, fases e formas de internacionalização); Novas formas de concorrên-cia e regras do jogo; estandardização versus customização; Redes (networks); clusters sectoriais e regionais; estrutura divisional internacional; Estruturas or-ganizacionais e fases de crescimento das empresas; Organização internacional, multinacional, global e transnacional; homogeneização das necessidades dos mercados; clientes globais; encurtamento dos ciclos de vida dos produtos; mar-cas e publicidade transferíveis; Internacionalização dos canais de distribuição; Diversificação internacional e inovação; Marcas globais; Economias de escala; Entrada nos mercados internacional; Modelo de formação das estratégias de internacionalização. Novos modelos de negócio: Os incentivos ao investimento e as Pequenas e Médias Empresas; o know-how das companhias internacionais e os acordos de franchising e licencing, joint-ventures; Fusões, aquisições e alianças estratégicas; co-opetition; Estratégias cooperativas internacionais

Finanças Internacionais/Licenciatura

Estuda-se a extensão da gestão financeira aos mercados internacionais, abor-dando: Mercados de câmbios à vista e a termo e instrumentos de cobertura de risco cambial; Internacionalização de empresas, risco país, internacionaliza-ção financeira e operacional; Instrumentos de crédito nos euromercados mo-netários e de capitais; Liquidação e financiamento de operações de comércio Internacional, mediante operações simples e documentarias, trade finance e countertrade; Financiamentos externos.

Gestão Fiscal/Licenciatura Comparam-se os vários sistemas fiscais nos diferentes países da OCDE e EU

UNIDADESCURRICULARESONDEAINTERNACIONALIZAÇãOÉABORDADA

como um todo ou abordado em ca­pítulosespecíficos.Desublinharquea entrada em funcionamento de umMestrado em Contabilidade Interna­cionaldávisibilidadeaesteestratégiaetemcomoobjectivofulcralodesen­volvimentocientíficoeprofissionalemcontabilidade,permitindoumaactua­

lização eficaz em normalização con­tabilísticaaquemexerceoupretendeexercer a sua actividade profissionalem qualquer organização a nível in­ternacional.Oquadroseguinteventilaasrespectivasdisciplinasouunidadescurricularesquedesenvolvemainter­nacionalização:

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Mala Diplomática

UNIDADESCURRICULARES/CURSOS OBJECTIVOS

Gestão das Organizações e Introdução às Organizações e à Gestão/Licenciatura

Abordam-se, em capítulos específicos, as novas condições ambientais e a glo-balização (factores geradores e consequências), bem como, a competitividade nos mercados globais. Estuda-se a Economia Digital (redes e negócios) e as empresas globais. Estudam-se as concentrações, franchising, licencing e joint ventures.

Gestão Estratégica/Licenciatura

Recordam-se as razões da internacionalização e apresentam-se casos da inter-nacionalização, nomeadamente, “Os desafios da internacionalização das em-presas de construção

Mestrado em Contabilidade Internacional

Trata-se dum Mestrado de cariz internacional, como se pode inferir da desig-nação do curso. O conjunto das Unidades Curriculares que compõem o plano de estudos (Normas Internacionais e Relato Financeiro, Relato contabilístico Internacional, Contabilidade Internacional de Instrumentos Financeiros, Con-tabilidade Internacional de Recursos Humanos, Gestão e Planeamento Fiscal Internacional, Direito Societário Internacional, História Teoria e Doutrinas Con-tabilísticas, etc.) aprofundam os conhecimentos contabilísticos na vertente in-ternacional comparando-se os principais sistemas contabilísticos e de relato financeiro (português, espanhol, IASB e FASB)

Mercados e Produtos Financeiros I e II/Licenciatura

Aborda-se a internacionalização e a globalização dos mercados pretendendo-se que os alunos compreendam o funcionamento dos mercados internacionais. São tratados os temas relacionados com o mercado cambial e os produtos derivados, c/ relevância para futuros, opções e swaps e ainda fundos de investimento internacionais, inter alia.

Normas Internacionais de Contabilidade e Relato Financeiro/Mestrado

Unidade Curricular comum aos três Mestrados de Contabilidade e Gestão em que estudam as Normas Internacionais do IASB- International Accounting Standards Board compatibilizando-as com as do FASB- Financial Accounting Standards Board desenvolvendo a sua aplicação nas organizações e no Relato Financeiro (Prestação de Contas).

Projecto de Simulação Aplicado à Gestão/Licenciatura

Programa leccionado em inglês aplicando matérias dadas em outras UC, tais como a Eestratégia e Gestão de Recursos Humanos, Financeira, Aprovisionamentos, etc. desenvolvidos em ambiente de simulação da realidade empresarial. A UC proporciona uma visão e aplicação prática de formas de negociar e gerir em mercados internos e internacionais. Esta Unidade Curricular é escolhida pelos alunos do programa Erasmus

Projecto em Simulação Empresarial I e II/ Licenciatura

O PSE I e II dão uma visão prática da futura actividade profissional dos licenciados em Contabilidade. Os projectos integram uma vertente internacional porque os temas são abordados em duas perspectivas, os normativos nacionais (actual POC e futuro SNC) e o normativo internacional do IASB-International Accounting Standards Board. A internacionalização é dirigida a estudos comparativos entre os normativos referidos e o normativo Espanhol “Plan General de Contabilidad”, assim como o normativo Americano do FASB-Financial Accounting Standards Board.

Riscos Empresariais e Controlo Interno

Estudam-se sistemas de controlo e formas de evitar riscos empresariais sentidos internamente e importados pela globalização através da compreensão da génese, identificação e avaliação dos mesmos; Estudo da Lei Sarbanes-Oxley e do seu impacto no sistema de controlo interno das empresas; Conhecimento dos principais modelos de controlo interno, com destaque para os modelos COSO, COSO-ERM, Turnbull e COBIT.

UNIDADESCURRICULARESONDEAINTERNACIONALIZAÇãOÉABORDADA

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Mala Diplomática

Dimensão da “Investigação” – Onúmero de participantes com apre­sentação de comunicações/artigosem Congressos e Seminários inter­nacionaisésignificativo,nãosomen­te em quantidademas, também, emqualidadedostemasapresentados.

Em 2007 foram apresentadas 21comunicações;eem2008maisde30,publicadasembrochuraspelosEdito­resdosCongressos.Foramigualmen­tepublicadosdiversososartigosemRevistasCientíficasInternacionais:

Dimensão da “Mobilidade Aca­démica” – O Gabinete de RelaçõesInternacionais do ISCAL arroga umaimersão na internacionalização, de­signadamente, por constituir uma

estrutura de coordenação, acompa­nhamentoeapoiooperacionalaode­senvolvimentode iniciativasde inter­nacionalização do ensino no âmbitodacooperaçãoemobilidadeacadémi­ca.Amobilidadeacadémicaconstituiumdospilaresdapolíticadeinterna­cionalizaçãodo Institutoe, como tal,oISCALparticipanoProgramaEras­musatravésdeumcontratoinstitucio­nalquepermiteenviarereceberestu­dantes.Recorda­sequeoscontratosinstitucionaissãoacordoscelebradosentre a Comissão Europeia e cadaInstituiçãodeEnsinoSuperior, sobreo apoio concedidopelaComunidadeparaajudaradesenvolvereexecutaras suas actividades de cooperação

europeia.AparticipaçãodoISCALte­veinícioháalgunsanosetemvindoa desenvolver­se, progressivamente,desde essa data. Tem­se verificadoumatendênciacrescentenaparticipa­çãodosestudantesenvolvidosnoin­tercâmbio,sobretudodosestudantesestrangeiros que procuram a nossaInstituição. Para além das relaçõesdecooperaçãocomestabelecimentosdeensinosuperiordosEstados­Mem­bros da União Europeia, prossegue­seumapolíticaactivanaobtençãodenovas parcerias com universidadesdeEstadoselegíveisdaEuropaCen­traleOriental,comoéocasodaHun­gria,Polónia,RepúblicaChecaeEs­lovénia. Directamente envolvido emtodasas questões relacionadas comoplaneamento,organização,gestãoedesenvolvimentodamobilidade,querdeestudantes,querdeprofessores,oGabinetedeRelações InternacionaisemproximidadecomoConselhoDi­rectivo tem como atribuições princi­pais o estabelecimento de relaçõesformais(comoIPL,comaComissãoEuropeia, com a Agência NacionalparaoProgramaSócrates&Leonar­doDaVinciecomoutrosorganismospertencentes a vários Ministérios).A cooperação constante com outrasinstituições parceiras visa a criaçãodecondiçõesóptimasquepermitamosucessodaparticipaçãonoprogramaenoestabelecimentodasnecessáriaspontesentreasdiferentesáreascien­tíficasdoISCAL.

Em2008oISCALtemasseguin­tesparceriascomUniversidadeseou­tras Instituições de Ensino Superior:TechnicalUniversityofLiberec(Repú­blicaCheca);CyprusCollege(Nicosia–Chipre),UniversidaddeExtremadu­ra–PólodeBadajoz(Espanha),Uni­versity of Gdansk (Polónia), LucianBlageUniversityofSybiu (Roménia),Vilnius College of Higher Education

Professoresincoming Alunosincoming Professoresoutgoing Alunosoutgoing

Lituânia – 3 República Checa – 3

Chipre – 1

Lituânia – 11 República Checa – 3

Polónia – 4

Lituânia – 4República Checa – 2

Chipre – 2

Lituânia – 11 República Checa – 10

Espanha – 1

(Vilnius–Lituânia),VilniusUniversity(Vilnius–Lituânia),VocationalColle­geinSlovenjGradec(Eslovénia).

Dimensão da “Cooperação Inter­nacional” – Constata­se, através dosresultadosalcançados,queacoopera­ção internacionalpodeservistacomouminstrumentoparaamelhoriadoen­sino, da qualidade institucional e aca­démicae,igualmente,comobasepara

o aumento da competitividade institu­cional.O Instituto tem­se concentradoemterrasafricanas.ÀluzdoProtocoloassinadopeloIPLcomaComissãoNa­cionalparaInstalaçãodaUniversidadede Cabo Verde, em 5 de Janeiro de2006,professoresdoISCALleccionameapoiamdocentes,noISCEE­InstitutoSuperior de Ciências Económicas eEmpresariais,emCaboVerde(Mindelo

MOBILIDADENOSÚLTIMOS3ANOS

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Mala Diplomática

ePraia, respectivamente nas ilhas deS.VicenteeSantiago).Em2007 rea­lizaram­sesemináriosemCaboVerdedenominados “Normas InternacionaisdeContabilidade.RelatoFinanceiro”e“AnáliseFinanceira.ProjectosdeInves­timentonoâmbitodasFinanças”,tendosido, igualmente,apreciados trabalhosdefimdecursoeSemináriosnoâmbitodaContabilidadedeGestão.Em2008tiveram lugar semináriosearguênciasdamesmaíndole.

A cooperação alargou­se, no anofindo,àUniversidadedeCaboVerdenapreparação de Cursos (LicenciaturaseMestrados)paraasáreasdeConta­bilidade, Gestão, Fiscalidade e Admi­nistração Pública com a intervençãodirectadosPresidentesdosConselhosDirectivoeCientíficoque,trabalharam,localmente,numprojectocomumcomUniversidadesbrasileiras.

NoquerespeitaaMoçambiqueasacções inserem­senoâmbitodoPro­tocolo entre o ISCTM­Instituto Supe­rior deCiências eTecnologia deMo­çambiqueeoIPLquefoiassinadoem26.11.1998. Continuando o programade 2005/06 leccionaram em Moçam­bique, durante os meses de Julho,AgostoeprimeirosdiasdeSetembro,trêsprofessoresdoISCAL.Nestepaís,querem2007,querem2008,foiasse­guradopor3professoresdoISCALaleccionaçãodadisciplinadePSE­Pro­jectodeSimulaçãoEmpresarial.

Dimensãoda“Realizaçãodeeven­tosemqueainternacionalizaçãoassu­mepapelfulcral”–OISCALescolheu,

nesteano lectivode2008/09,o temada internacionalizaçãoparaaSessãoSolenedeAberturadoanoacadémicoquedecorreunopassadodia3deNo­vembro.ALiçãoInauguralficouacar­godoDr.LuísFilipePereira,ex­alunodoICL,hojeISCAL,eactualPresiden­tedaComissãoExecutivadaEFACECqueproferiuumaconferênciaintitulada“Internacionalizaçãodasempresas.OcasoEFCEC”.Aabordagemcomeçouporumaexposiçãoteóricaemquefoidesenvolvidaaglobalizaçãoeinterna­cionalização, as razões e as formasde internacionalização, bem como, apostura das empresas portuguesasperanteainternacionalização.Seguiu­se o “case study” com o projecto deinternacionalizaçãodaEFACECsubli­nhando­seocontextodapartida,aes­tratégiaoplanoquantificado,asáreaseunidadesdenegócio,asunidadesdemercadoculminandocomumabrilhan­teanálisedagestãodosRecursosHu­manosvalorizando­seaculturaeaco­municaçãoempresarial.Éjustoreferirqueaabordagemdotematevegranderelevânciaporqueoconferencistacon­seguiu, na sua alocução, interligar ateoriacomapráticadasorganizações,constituindoasegundapartedaexpo­siçãouminteressanteestudodecaso,muito apreciado pelos professores,alunoseconvidados.

Destacam­se,entreoutroseventosrecentes,aorganizaçãodeCongres­sos de notória dimensão como foi ocasodo30ºCongressodaEAA­Euro­peanAccountingAssociation (organi­

zaçãoconstituídaem1977,comsedeemBruxelas,quetemcomoobjectivoacções de ensino e pesquisa, bemcomo,assegurarodesenvolvimentoepromoçãodasáreasdaContabilidadeematérias conexas).Oevento reali­zou­sepelaprimeiravez,emPortugalemAbril de 2007, figurando, no Co­mité da Organização, 3 professoresdoISCALetendocomochairmanumprofessor coordenador do Instituto.Contou com a participação de 1500docentes e investigadores depaíseseuropeusedeoutroscontinentes.

EmSetembrode2007,o ISCALorganizouoCongressoInternacionaldaAssociaçãoEuropeiadeLínguaspara Fins Específicos, que teve lu­garnassuasinstalações.

Pode­se concluir que o Institutotem dado passos firmes na investi­gação, formação e práticas de inter­nacionalizaçãoque todosdesejamosem benefício da consolidação dumaSociedadedoConhecimentonaópti­cado“saberfazer”edo“sabersaber”.Estetema,recorde­se,foiprivilegiadocomotesededoutoramentodaautoraque apresentou indicadoresmacroe­conómicoscomparandoPortugalcomoutrospaísesemmatériadaGestãodoConhecimentoeinvestigou,anívelnacional,asituaçãoeosavançosnes­taárea.Aanáliseédesenvolvidanummodelode“tríplicehélice”interligandoasorganizaçõesgovernamentais,uni­versidadeseempresastendootraba­lhosidopublicadopelasEdições IPLemparceriacomaColibri.

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Estante

QUEPRAZERomeudeapresentareste livrodeJorgeVeríssimo.Duploprazeraliás.Porumlado,oprazerderelerumtextosolto,fluente,quenosinterpela,nosmobiliza,nosadverteenosincitaàreflexão.Poroutrolado,oprazerdesublinhar,umavezmais,ainteligência,aargúcia,osaberpa­nópticodorespectivoautor.

Circunstâncias académicas fize­ram com que tivesse acompanhadode muito perto o percurso de JorgeVeríssimo. Um percurso feito de ho­mogeneidade e coerência. De entu­siasmoededicação.

FoiumaopçãodeliberadaadeJor­geVeríssimo:aderecusaradicotomia,algoaniqueísta,entreosdisfóricosquevêemnapublicidadeumaperversidadedos temposmodernoseoseufóricosquenelaencontramtraçosdodiscursomaisinovadoremaisinsurgente.

Nemdisforia,nemeuforia.Aore­cusaressadicotomia,JorgeVeríssimoassume,relativamenteàpublicidade,uma postura global e analítica queo leva a recorrer aos mais diversoscamposdosaber–àsociologia,claro,mas,também,àsemiótica,àpsicolo­gia social, à antropologia, à filosofia– para contextualizar um fenómenoque, queiramo­lo ou não, condicionaonossoquotidiano.

Uma postura pausada, portanto.Umaposturaque, recusandoo lugarcomum,formulahipóteses.Confirma­dasouinfirmadaspelaargumentaçãocientificamenteapoiada.Confirmadasou infirmadas pela experimentaçãosistematicamenteplaneada.

É que, à preocupação, de nãoenclausurar saberes, Jorge Verís­simoacrescentaumaoutrapreocu­

pação, nãomenosapreciável: a detersemprepresenteoladoconcretodascoisas.

ParaJorgeVeríssimo,apublicida­depodeassumir­secomodispositivo

de ruptura ou como dispositivo deacomodaçãosocial.

A publicidade enquanto dispo­sitivo de ruptura foi o objecto doseuestudonoMestradoemComu­

Apublicidadeenquantodispositivoderupturaedeacomodaçãosocial“OCorponaPublicidade”,omaisrecentelivrodeJorgeVeríssimo,do­centedaEscolaSuperiordeComunicaçãoSocial,integradonacolecçãoeditadapeloInstitutoPolitécnicodeLisboa,foiapresentadopeloProfes­

sorJoséRebelo.OdocentedoISCTE,explicitandoastesesdoautor,faloudapublicidadecomodispositivoderupturaecomodispositivodeacomodaçãosocial.

Texto de José Rebelo l Fotos de Pedro Pina

OprofessorJoséRebeloapresentouaobradeJorgeVeríssimo

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Estante

jáquesãodiferentesosmeiosaoal­cancedecadaumparaseadequaraoparadigmaproposto.Eis­nospe­rante uma problemática que mere­ceria,talvez,algumaponderação.Éque as desigualdades, observáveisnoplanomaterial,esbatem­sequan­dosepassaparaoplanodosimbóli­co.Digamosqueosonhoigualiza.

Considera,ainda,JorgeVeríssi­mo,queapublicidadeCalvinKleinépródiganarepresentaçãodamu­lher dominada. Da mulher­objecto.Seria interessante verificar se taltendência para separar, para hie­rarquizar os géneros se mantémainda,enosmesmostermos.

Enfim, pela transdisciplinarida­dequecultiva,pelo rigordocorpusque reúne, pelas adequadas meto­dologias que aplica, pela bibliogra­fiaquecita,este livro, “OCorponaPublicidade”,éumaobradereferên­ciaque contribuirá, emuito, paraodesenvolvimentodainvestigaçãonodomíniodapublicidade.Pelasdúvi­dasque fazsurgir,pelascontrovér­siasquesepodesuscitar,estelivroestáigualmentevocacionadoparaograndepúblico.

Parabéns ao editor. E parabénsaoautor,omeucolegaeamigoJor­geVeríssimo.

nicação, Cultura e Tecnologias daInformação que cursou no ISCTE.A Dissertação que defendeu, emDezembrode1999,intitulava­se“ApublicidadedaBenetton:umdiscur­so de ruptura”. Tratava­se, então,dedesconstruirummodelodepu­blicidade que, ostensivamente, ar­rogantemente,visaprovocarefeitosdechoque.Visaconfrontar­noscomaquele real que bem gostaríamosdeevitar.Éamiséria.Éadoença.Éamorte.Masé,também,aousa­dia.Odesafio.Éaagoniadodoen­tecomSIDA.Masé, igualmente,olirismodeumbeijoproibido.

Apublicidadeenquantodispositivode acomodação social foi a vertenteque Jorge Veríssimo escolheu paraa investigação de Doutoramento emSociologia, também levada a cabono ISCTE.Desta vez aDissertação,apresentadaemAbrilde2005,versousobre a “representação do corpo nodiscursodapublicidade”.

EéapartirdessetextoquesurgeolivroagoraeditadopeloInstitutoPo­litécnicodeLisboa,emparceriacomas Edições Colibri. Percorrendo 177imagens publicitárias de diferentescampanhasdaCalvinKlein,JorgeVe­ríssimoexemplifica,explora,aprofun­dacomumaclarezanotávelasestra­

tégias inscritas no célebre quadradodeGreimas:asedução,atentação,aprovocaçãoeaameaça.

Mostra­nosocorpo,oscorpos,osfragmentos de corpo, os fragmentosde corpos. Mostra­nos o corpo, oscorposvestidos,embrulhados,envol­vidos.Mostra­nos, igualmente,ocor­po,oscorpos,nus.OuDesnudados.

Corposmusculados – osmascu­linos. Corpos adelgaçados, esguios,esquivos–osfemininos.

São os corpos, é o corpo que,naquele narcisismo que nos trans­porta para o reino do imaginário,gostaríamosdeter.

Nãoo temos,écerto.Resta­nos,então,aconsolaçãodeover.Masaoveressecorpoproduz­seemnósco­moqueumactodeencantamento.

Um acto de encantamento por­quê?Porque na sua representaçãoicónica, o corpo torna­seabstracto.Eaotornar­seabstractopassaaserapropriável.Apropriamo­nos,então,desse corpo representado. E essecorporepresentadopassaasernos­so.Maspassaa ser nossoapenasporprocuração.

Nassuasnotasfinais,JorgeVe­ríssimo considera que uma publici­dade como a da Calvin Klein podeacentuar as desigualdades sociais

OpresidentedoIPL,VicenteFerreira,ladeadopeloautorepeloprofessorJoséRebelo,doISCTE

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Estante

AAPLICAÇãOdeummo­delo matemático para a

aprendizagemescolaréofiocondutordolivro“ATe­oria do Caos”, da autoriada Professora Maria dasMercêsSousaRamos,daEscola Superior de Edu­cação de Lisboa. A obrarealça a necessidade deestabelecer ligação entreconceitos.

NestelivrodaProfesso­ra Mercês Sousa Ramos,integradonacolecçãoCa­minhos do Conhecimen­to, criada pelo InstitutoPolitécnicodeLisboa,emparceria com as EdiçõesColibri, propõe­se uma

modelização matemáticapara a aprendizagem es­colar, que deverá ser umprocessodinâmico.Seelefor não linear, os mode­los a usar deverão com­portar a interacção entrevariáveis. Esses modelosjá existem. Constituem ateoriadocaosepermitemo estudo dos fenómenoscomplexos.

Partindo de evidên­cias empíricas, de quea aprendizagem é nãolinear, apresenta­se ummodelo físico­matemáticopara identificar conceitos

e ferramentas a utilizarnoestudodadinâmicadaaprendizagem. Recorren­doaomodeloeaconcei­tos como atractor, atrac­tor estranho e bifurcaçãointerpretam­se resultadosempíricos da linha de in­vestigação das concep­çõesalternativas.

A dinâmica simbólicapermitecalcularaentropiatopológica ­ uma medidada complexidade, mos­trandoqueépossívelde­terminá­la sem conheceras equações que descre­vem a dinâmico do siste­

Modelizaçãomatemática

PapéisvelhosechocolatesOinvestigadorAntónioSampaiodaNóvoa,reitordaUniversidadedeLisboa,aplaudeainiciativadoIPLdedaràestampaainventariaçãodovaliosoespóliobibliográficoearquivísticodaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa,realizadapeloprofessorMoreirinhasPinheiro.

Éon.º15dacolecçãoCaminhosdoConhecimento.Texto de António Sampaio da Nóvoa

JULGOQUE terásidonoVerãode1981. Talvez um ano antes, talvezumano depois.No silêncio das fé­riaspercorrioscantosdaEscoladoMagistério Primário de Lisboa nacompanhiadoProfessorJ.E.Morei­rinhasPinheiro.Andávamosaospa­péisvelhos.Sabíamosdaimportân­cia do espólio da Biblioteca­MuseudoEnsinoPrimário,instaladano1.ºandardaAlaNascentedoedifício.Edesconfiávamosdealgomais.

Empoucosdias,aquieali,numvãoesconso, numaounoutra arre­cadação, fomos juntando papeladavária,daquelaquetemcomocarac­terística principal não interessar aquaseninguém.E,noentanto,esta­vaaliumapartesignificativadame­mória da escola portuguesa: desdeosprimeirosensaiosdoensinomú­tuo,logonoprincípiodoséculoXIX,até à institucionalização da forma­çãodeprofessores,apartirde1862;desdeaspolíticasde“normalização”

doensinoatéàsreformasdaRepú­blicaedoEstadoNovo.

NaqueleVerão,maisdoqueumaamizade, nascia uma cumplicidadeque dura até hoje. O Professor J.E.MoreirinhasPinheiro é umestudioso

dedicado e competente. Ano apósano foi publicando inúmeros livros eopúsculos, que constituem um acer­vo indispensável para a história daeducaçãoemPortugal.Aprendimuitocomeste homemque, aos 85 anos,continuaacumprirumarotinadetra­balhoedeescrita.

Noseudiário,assinalandoo1.ºde Dezembro de 1957, escreveu:“Hojehouve festa rijananossaEs­cola,comdramatizações,discursos,recitativos, canções e chocolates.Dehámuitoconcluíqueopatriotis­moentramelhornaalmadascrian­çascomchocolates”.

Papéis velhos e chocolates. Asabedoria deste Professor ajudou­me no meu caminho pela história.Amimeamuitosoutros investiga­dores, portugueses e estrangeiros,quedelereceberamumgestoami­go, um conselho, uma palavra deincentivo. Fica o nosso reconheci­mentoeanossagratidão.

MoreirinhasPinheiro

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ma.Discute­seaaplicaçãodo modelo, exemplifican­do para a aprendizagemdeconceitostermodinâmi­cos.A entropia associadaaumconhecimentoéumamedida interessante daaprendizagemescolar.

A aplicação domode­lo mostra a necessidadede considerar sequên­cias de questões, real­çando a necessidade deestratégias de ensinoonde a tónica está na li­gação entre conceitos.E constitui um desafioà investigação teórica.

O AUTOR de Representa­ção Política, Manuel Meir­

rinho Martins, Doutor emCiênciaPolíticapeloInstitutoSuperiordeCiênciasSociaisePolíticas,éProfessorAuxi­liarcomAgregaçãonames­ma Instituição. E tem umavastaexperiêncianaáreadarepresentaçãopolítica,siste­maseleitoraiseparticipaçãopolítica e cidadania. Trata­sedeummanualorientadoparaaauto­aprendizagemeautonomia dos estudantesde carácter mais reflexivo,permitindo­lhes estabelecerum contacto mais directocom a temática das elei­ções e sistemas eleitorais.

Tentou,por isso,daraco­nhecer através desta obrauma lógica introdutória decarácter descritivo para osque se iniciam nas maté­riasdarepresentaçãopolí­tica.Assuaspreocupaçõescentram­senasimplicidadedos assuntos abordados,mostrandoumavisãogeraldosmesmosatravésdoes­clarecimento de conceitos,disponibilização de ferra­mentasanalíticase indica­çãodefontes.Aideiaéfa­cilitara”entrada”dosalunosnuma área preponderantedaCiênciaPolítica.

Sistemaseleitorais

VariaçõessobreensinodamúsicaemPortugal,HolandaeInglaterra

BaseadonatesededoutoramentodaProfessoraCecíliadeAlmeidaGonçalves,olivro“Polifonias”,queoIPLagoraincluinacolecçãoCaminhosdoConhecimento,éumaimportantereflexãosobreoEnsinoSuperiordeMúsicaeasuaavaliação.Ainvestigação,queanalisacase studiesingleseseholandeses,comparandooquesepassanessespaísescomoquesepassaemPortugal.

sistemadeproduçãoartística/musicaleosistemadeformação.

Que “vozes” se fazem ouvir nessesistemadeavaliação“polifónico”?Quaisosprincípioselógicasqueasorientam?ComoacolhemasinstituiçõesdeensinosuperiordeMúsicaprincípiose lógicas

ASQUESTÕESdaqualidadeedasuaavaliação têm adquirido nas últimasdécadasrelevânciacrescentenoEnsi­noSuperior.Oactual contexto sócio­político europeu, dominado pela glo­balização,determinouaalteraçãodosmodosderegulaçãodossistemasdeensino, designadamente no que res­peitaaopapeldoEstado,agoraobri­gadoapartilharprocessosdedecisão,semabdicardasua “voz”dominante,atravésdoinstrumentodaavaliação.

Centrando­senodomínioespecí­ficodoEnsinoSuperiordeMúsicaebaseadoemestudosdecasodepaí­sescomoInglaterra,HolandaePortu­gal,aobra"Polifonias"daProfessoraCecília Gonçalves, da Escola Supe­riordeMúsicadeLisboa,analisaesteemergente sistema de acção social“polifónico”. Trata­se de um sistemadeavaliaçãoque,nomodelodeanáli­secriadoparaefeitosdestainvestiga­ção,foiconcebidonocruzamentodosistemapolítico­administrativo como

construídasapartirdeoutros“mundos”?Quedesenvolvimentosépossívelante­vernaáreadoensinosuperiordeMúsi­ca,noquedizrespeitoàavaliação?Eisalgumas das questões sobre as quaisestaobra,enquantopioneiranamatéria,procuroulançarbasesdereflexão.

CecíliaGonçalves

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A MUDANÇA operada no discur­so político, no período em análise,pautou­se pela crítica à centraliza­ção educativa e à burocratizaçãoadministrativa. E inspirou a defi­nição de um novo regime de auto­nomia, administraçãoe gestãodasescolas,deâmbitoestratégico,cur­ricular,organizacional,pedagógico,financeiroecultural.Poroutrolado,o novo regime aprofunda a parti­cipação dos pais no governo dasescolasepreconizanovas funçõespara administração central (avalia­ção,regulaçãoeapoio).

A mudança no discurso e a de­finição do novo regime de gestão,pautadopelosprincípiosdacontratu­alização da autonomia das escolas,sugeremaexistênciadeumainflexãonos padrões de regulação. E uma“convergênciaparadigmática”faceàspolíticasdedevoluçãoque,desdeme­ados dos anos 80, têmestado a serensaiadasemdiversoscontextos.

Aautoraanalisaoimpactodessasmudanças nas escolas públicas do1.ºciclo, tendocomoquadrode refe­

Podereautonomianaescolapública“ParticipaçãoePodernaEscolaPública”,daautoriadaprofessoraMarianaDias,daESELx,émaisumtítulodacolecçãoCaminhosdoConhecimento.Oestudo,quesupor­touatesededoutoramentodaautora,descreveeanalisaastransformaçõesorganiza­cionais,profissionais,sociais,culturaisepolíticasoperadasnasescolasportuguesasdo1.ºciclodoEnsinoBásico,noperíodocompreendidoentre1986e2004.

rênciaasprincipaisproblemáticasquetêm acompanhado a reconfiguraçãodogovernodaeducação.Éocasodaemergênciadenovosmodelosdere­gulaçãosocial(mercado,novagestãopública, estado avaliador); da trans­formação dos padrões profissionaiseorganizacionais(culturadeescola,

liderança,auto­regulação);edasmu­dançasnasrelaçõesentreaescolaeacomunidade(poderdosconsumido­res, contratualização e privatizaçãodeserviços).

Aexploraçãodestaproblemáti­ca é relevante, por várias razões.Desdelogo,porqueaeducaçãobá­

A TESE de Mestrado quedeuorigemao livroHospi­

taisTransformadosemem­presasAnálise do ImpactonaEficiência:EstudoCom­parativo,deAnaPaulaHar­fouche, tem como objectoa análise do desempenho,em termos de eficiência,doshospitais­empresaquesaíram do sector públi­co, por comparação comos Hospitais tradicionais.Esta profunda mudançafez com que 31 Hospitaispassassem a ter um no­vo Estatuto Jurídico, o deSociedades Anónimas.Aautora, investigadoradoCentro de Administração

de Políticas Públicas, doInstitutoSuperiordeCiên­cias Sociais e Políticas, éDoutorada em Gestão eAdministração Pública. Asua vasta formação mos­tra a sua polivalência emmatérias de Saúde Pú­blica, visto ser pós­gra­duada em AdministraçãoHospitalar, licenciada emGestão de Empresas e,a paralelamente, possuirtambém o curso de En­fermagem. Trata­se, pois,da obra de uma profundaconhecedora do sectorda Saúde em Portugal.

SAIU mais uma edição dojornal“8ªColina”,daEscola

Hospitaisempresas

Doaltoda8ªColina

MarianaDias

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sicatemsidorelativamenteesque­cida,naanáliserelativaàmudançadospadrõesde regulaçãodaedu­cação. E depois porque o elevadovolumedepublicações, relativoàsnovasformasdegovernaçãodaes­

Superior de ComunicaçãoSocial, frutodoempenhoededicaçãodeváriosalunoseprofessores.Olançamen­todestanovaediçãocontoucom a presença de IsabelSimões, directora do De­partamento de Jornalismo,quetinhaaseuladoovice­presidentedoConselhoDi­rectivo,JorgeVeríssimo;osprofessoresPauloMouraeMariaJoséMataeosalunosVeraMoutinhoeJoãoFilipe,envolvidosnaprodução.

Aideiaoriginaleracriarum jornal para Lisboa enão apenas para a comu­

nidadedaESCS.Onúme­roanteriorsaiuhájálargosmeses, explicando­se oatraso sobretudo por difi­culdadesfinanceiras.JoãoFilipedizqueduranteesteperíodo de tempo se pro­curou contrariar a falta decredibilidadedoprojectoeultrapassarasdificuldadescriadaspelofactodosalu­nosenvolvidosmudarem.

Ocuidadocomaescri­taéumadasmaiorespreo­cupaçõesdosestudantes,segundo Vera Moutinho,quesublinhaaimportânciadeoprojectoserencarado

como trabalho profissio­nal.Àsemelhançadoqueacontececomoutrasacti­vidades extra­curricularesdesenvolvidas na EscolaSuperiordeComunicaçãoSocial,aparticipaçãodosalunos pode ser o iníciode um caminho que osconduzirá aomercado detrabalho.“Hápessoasquesaem daqui muito bempreparadaspara trabalharnuma redacção”, afirmaJoãoFilipe.

Paraqueojornalevoluae tenhamais autonomia epublicações mais frequen­

tes é preciso mobilizar osalunos dos outros cursosdaEscolaSuperiordeCo­municaçãoSocial.Enumaaltura em que tudo está amudarnaáreadosMediaéimprescindívelacompanharessamudança. O próximopasso é a criação do sitedo jornal. Segundo PauloMoura, isso será funda­mentalpara tornaro jornalmaisinteractivo,maisregu­lare commais conteúdos.Com uma tiragem de 18000exemplares,ojornal“8ªColina”voltaaserpublicadonopróximomêsdeMaio.

AESCS dámais um passo na dis­ponibilização de canais de comuni­cação: criou uma newsletter digital,Comunica,ereestruturouainterfacedaintranet.Ambososprojectosvisamserumpontodeencontronacomuni­caçãodentroeforadaescola.

A criação de uma newsletterdigital sempre esteve no horizonte

Umaescola,doissuportes

da ESCS. “Foi necessário parar pa­rapensarqualseriaanewsindicadapara a nossa escola como meio decomunicação”, explica a professoraMariaDuarte Belo, coordenadora doGabinete de Comunicação. O temaprincipal desta primeira edição é oempreendorismo, tema para o qualaescolaestácadavezmaisvoltada.

Poroutro lado,a interfacedaESCSfoi renovada, possuindo agora umaimagem simples e limpa dentro deumanovaestrutura,quepermiteinse­rirnotícias.AtravésdaIntranetéago­ratambémpossíveloacessodirectoaoportaldoIPL,fundamentalparaavisualizaçãodasnotaseoutrosservi­çosrelacionadoscomasecretaria.

cola pública, não impede que per­sistam enormes divergências so­bre o impacto das novas políticaseducativas no contexto da prática.Éoqueacontecenocampodare­definição das concepções e práti­

cas profissionais dos professores;enopapeldosgestoresescolares,no processo demudança e ao ní­veldeempowermentdosdiferentesactores locais (professores, pais,dirigentesescolares).

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Tribuna Livre

NUMperíododegravesdificuldadesque todo o ensino superior públicoatravessa,haveráque,semprejuízodas autonomias consignadas na le­gislaçãoportuguesa,procurarpoupargastosemtodasasrubricasemquetalsejaadmissível.

Naverdade,nãosendo fácilqual­querpoupançarealdegastosnoqueserefereamassasalarial,então,teráque ser encontrado, nos gastos degestãogeralecorrente,umparadigmadiferente,uma“fórmula”,quenosper­mita,comosfundosdisponíveis,man­terníveisqualitativosequantitativosdedesempenhoelevados.

Quando foram criadas as “propi­nas”, recordemo­lo, estas teriam deser destinadas – assim foi decididosuperiormente…– ao “acréscimodaqualidade do sistema” de ensino nasinstituiçõesdeensinosuperior.Ou,poroutraspalavras,namelhoriadaquali­dadedoserviçoprestadoaosnossosclientes privilegiados e nossa razãosuperiordeexistir–osalunos.

Porém, sucessivos governos têmsubvertido esta decisão, impondo àsinstituiçõesdeensinosuperior–semodeclararexpressamente–autilizaçãodosfundospróprios,provenientesdaspropinaspagaspelosalunos,parasu­portargastoscorrentesdegestãoque,afinal,deveriamsersuportadosexclu­sivamente pelos fundos provenientesdoorçamentodeEstado.

Criando, com tais medidas, su­cessivas e insuperáveis dificuldadesde gestão das instituições, pratica­mente“impedindo”qualquermelhoriaem instalações, em equipamentos,em condições de funcionamento,sempreporausênciadefundossufi­cientesparaoefeito.

Esta proposição é facilmente de­monstrável secompararmososvalo­res do orçamento de Estado atribuí­dosaoInstitutoPolitécnicodeLisboanosúltimosanoscomainflação(nosdoisúltimosanos,estimada)equeas­cenderama:

Setivessesidotidaemcontaainfla­ção acumulada (valores estimados em2008e2009),osvaloresdedotaçãoor­çamentalatransferirparaoInstitutoPo­litécnico de Lisboa, ter­se­iam elevadoem2009,a53.903,3milhõesdeeuros.

Verificando­se, assim, uma perdarealnadotaçãoorçamentaldaInstitui­ção,demaisde11%aolongodestesúltimosanos,apesardoaumentoefec­tivodealunos.

Aimposiçãodopagamentode11%para a CaixaGeral deAposentaçõessem o competente reforço orçamen­talpúblico,noexercícioeconómicode2008,mais veio estrangular o funcio­namentoadequadodasinstituições,nocumprimentodoserviçoquelhescom­pete,muitasdasquais,senãomesmoatotalidade,semsequerapossibilida­dederecorrera fundosprópriosparasustentarestadívida.

Esta política não será inocente.De facto, entre outros condicionalis­mos,estamosperanteuminstrumen­tomuitosubtildeimporapropinamá­

ximaatodasasinstituiçõesdeensinosuperior,semqueoEstadofiquecomoónusdetaldecisão.

Umdosmeios de superar as difi­culdades que nos vêm sendo impos­taspelossucessivosgovernoséodeprocuraratodoocusto,pelomenosaoníveldoInstitutoPolitécnicodeLisboa– que ora nos importa – controlar osgastos em algumas rubricas em que,defacto,têmdeincorrernoâmbitododesenvolvimento da sua actividadenormal:oensino.

Nãosepretendecomtalmedidapôrem causa a autonomia das unidadesorgânicas – pese asmais recentes de­cisões sobreesta temática tomadas re­centemente pelo governo – antes, numprocesso de racionalização de gastos,procurararealizaçãodenegociaçõesglo­bais(eventualmente,seexigível,empro­cessoconcursalpúblico)porformaaqueosgastostotais,aimputarposteriormentepelasdiferentesunidadesorgânicas,se­jammaisreduzidosdoqueosprovenien­tesdenegociaçõesindividuais.

Nem se trata de uma inovaçãoformal, antes o reconhecer que gerirglobalmentealguns (pelomenos)dosgastoscomuns,podeconduzir,defac­to, a poupanças mais ou menos sig­nificativas em algumas rubricas maisimportantesdecustos.

Já há alguns concursos a decor­rer relacionados, porexemplo, comasegurança e a limpeza de todas ins­talações dos serviços centrais comodasunidadesorgânicas,decujascon­clusõesseesperaumacertapoupan­çadegastos.Mas,outrosdevemserdesencadeadosporformaalograr­se,globalmente, uma utilização óptima,quanto possível, dosmeios económi­cospostosàdisposição,queaonívelindividualseriamuitodifícilconseguir.

Bemsabemosqueasituaçãoeco­nómicaefinanceiraduranteoanode2009, em matéria orçamental – pro­venientedereceitasdoorçamentodeEstadoedereceitaspróprias–nãotra­rámenosdificuldadesdoqueasquevimossentindodesdeháváriosanos.Pelocontrário.Mas,assim,estaremosa tentarconseguirumamaiseficientegestãodegastos,sobretudodenatu­rezacorrente, jáquequantoaosgas­tosdeinvestimento–tãonecessáriosemtodasasunidadesorgânicas–nãoexistirão meios para os concretizarpelomenosacurtoprazo.

*Vice­presidentedoIPL

Pensarglobalmente,gerirlocalmente

Estamos perante um instrumento muito subtil de

impor a propina máxima a todas as instituições de

Ensino Superior, sem que o Estado fique com o ónus de

tal decisão

ManuelMendesdaCruz*

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