17 o estatuto do conhecimento cientifico

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Tema IV Conhecimento e Racionalidade Científica e Tecnológica 2. ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

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Page 2: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Epistemologia/EpistemólogoObjetivos

Refletir criticamente

sobre as práticas, os

discursos e os problemas da

ciência

Compreender a

especificidade metodológica

da ciência

Compreender o sentido do

conhecimento científico, os

seus obstáculos e o

modo como os ultrapassar

Page 3: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Percurso

Distinguir o conhecimento comum do conhecimento

científico

Analisar o método científicoCaraterizar a

especificidade da ciência

Problematizar a verificabilidade das

hipóteses a partir da contribuição de Karl Popper

Analisar o significado da objetividade científica e a

perspectiva da T. Kuhn

Page 4: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

O estatuto dom conhecimento cientificoFILME CONTACTO DE ROBERT Zemecckis, eUA, 1997

Manual em dialogo

O conhecimento vulgar/senso comum e o conhecimento cientifico

Distinção entre conhecimento vulgar e conhecimento científico.

As características da Ciência e do senso comum.

O que distingue o senso comum do conhecimento cientifico?

Page 5: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Tipos de conhecimentos- Senso comum e conhecimento cientifico

Podemos dividir as representações cognitivas

da realidade em dois grandes tipos

Senso Comum Ciência

Page 6: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Senso comum Características gerais

O senso comum resulta da organização espontânea da razão e:

1 – É uma crença não justificada. 2- Aceita uma

explicação sem a questionar.

3- Apoia-se na tradição e na experiência colectiva da comunidade e não na investigação .

4- Nasce da atividade sensível e da experiência pessoal acumulada de uma dada comunidade.

Page 7: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

O senso comum é um conhecimento mais baseado na perceção do que na razão. Por isso:

1- É o modo mais elementar de conhecer o mundo

2 -permite criar representações do mundo ligadas a um significado subjectivo

3-É acrítico, pois, não sendo justificado, identifica as representações com a realidade

Page 8: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

- O senso comum é um conhecimento espontâneo, baseado em dados sensoriais, na transmissão social dos princípios, crenças e preconceitos que expressam a experiência de uma comunidade

RESUMINDO

- Serve para resolver os problemas práticos do dia a dia, para integrar os indivíduos nos comportamentos e valores estabelecidos pela sociedade e para orientarmos a nossa vida.

- Não fornece a explicação sistematizada, nem permite a compreensão da verdadeira natureza da realidade.-É um conjunto desorganizado de opiniões subjectivas, suposições, pressentimentos, ideias feitas que nos conduzem a uma visão superficial, e às vezes errónea da realidade.- É ametódico e baseia-se na aparência.

Page 10: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Perspectiva de KARL POPPER e Bachelard em relação ao senso comum

- Para Popper o senso comum conduz-nos muitas vezes ao erro, por isso devemos olha-lo com desconfiança, mas ao mesmo tempo com atenção.-É o conhecimento mais imediato da realidade, por isso ,sendo Popper, um continuista relativamente à evolução/desenvolvimento da ciência, este considera que o senso comum é o ponto de partida para qualquer conhecimento mais profundo - CIÊNCIA.-- O senso comum é um ponto de partida, para construir o conhecimento racional, por isso deve ser criticado.

-Ao contrário, BACHELARD considera o senso comum um obstáculo epistemológico ou seja algo que impede a produção do conhecimento cientifico, por isso não basta critica-lo é preciso romper com ele.-- BACHELARD é um descontinuista em relação è evolução da ciência.

Page 11: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICOQuando nasceu a ciência?

Há diferentes momentos que se podem apontar para o desenvolvimento da ciência.

É DE REFERIR:

1º - A ciência inicialmente está ligada à filosofia( a filosofia procurava a causa dos fenómenos naturais – ESTADO TEÓRICO.2º - A ciência moderna nasce no sec. XVI, XVII, com galileu e Newton – Automatização da ciência face à filosofia. Nesta fase o mundo é entendido como uma enorme máquina, regido por leis, explicável matematicamente. 3 º - A ciência moderna era considerada o único conhecimento verdadeiro e legitimo .4º - A ciência pós-moderna está ligada à teoria da relatividade de Einstein aos avanços da física quântica.5º - A ciência pós-moderna está marcada pela relatividade, incerteza e probabilidade.

Page 12: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

-A ciência moderna passou a usar novos procedimentos metodológicos (método científico);

-Os novos procedimentos metodológicos permitiram uma nova interpretação dos dados e acelerar o progresso da ciência;

- apesar da preocupação metodológica e da procura do rigor, algumas das soluções (teorias) tiveram que ser corrigidas ou substituídas por outras;-A ciência pós-moderna está intimamente ligada a teoria da relatividade de Einstein e aos progressos da mecânica quântica. Ciência que se caracteriza pelas ideias de relatividade, incerteza, indeterminismo e probabilidade.

A ciência é uma construção da razão

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CiênciaCaracterísticas gerais – Implica uma reflexão epistemológica (filosofia da ciência) Diferente de gnosiologia que é uma reflexão sobre o conhecimento em geral

A Ciência é um conhecimento mais baseado na razão do que na percepção. Por isso,

1- É um conhecimento racional (crença justificada)

2- Duvida e procura justificar as crenças (atitude crítica)

3- Usa metodologias rigorosas e formula hipóteses testáveis.

4- Sujeita as hipóteses á observação, sob condições controladas.

5- Aperfeiçoa os métodos e corrige as próprias teorias.

Page 14: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

1-A Ciência procura ser objectiva.2-Resulta de um método apoiado na observação.3-Resulta da reformulação de hipóteses.4-Constituída por um conjunto de teorias.5-Procura leis que exprimam a invariância e a repetitibilidade dos fenómenos.6-Predicativa, prevê a ocorrência de factos.7-Revisível e provisória.8-Utiliza uma linguagem rigorosa.9-Implica a matematização do real, transforma as qualidades em quantidades através de instrumentos de medida.10-Estabelece relações entre os fenómenos observados.11-Unifica racionalmente a diversidade empírica. 12-É uma atitude critica, problematizadora e planeada em relação ao real.

CARACTERISTICAS DA CIÊNCIA - Continuação

Page 15: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS SOCIAIS

As ciências da natureza atingiram um estatuto tal, que passaram a ser consideradas o único tipo de conhecimento legitimo.

Comte é o pai do positivismo, que considera as ciências empíricas o único modelo de conhecimento verdadeiro e perfeito – CIÊNCIAS DA NATUREZA

Para ser considerado conhecimento cientifico, todo qualquer saber se deveria submeter às mesmas regras que as ciências naturais – Método experimental.

Eram excluídas do estatuto de conhecimento verdadeiro as ciências sociais e humanas, porque o objecto de estudo destas ciências cria algumas dificuldades ao investigador, por exemplo a coincidência entre sujeito e objecto de investigação, e não se submetem ao método experimental.

Page 16: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Contudo não faz sentido que as ciências sociais não sejam consideradas ciência , apenas:

Reclamam um estatuto de cientificidade diferente.

O MODELO DAS CIÊNCIAS NATURAIS É EXPLICATIVO.Estabelece relações de causalidade

O MODELO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS É COMPREENSIVO.Interpreta sentidos culturais

Hoje são consideradas diferentes perspectivas de interpretar o real , ambas válidas.

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Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses

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Ciência e método científico são duas realidades interdependentesMétodo científico

Conjunto de procedimentos e técnicas que se utilizam nas diversas ciências para descobrir, investigar e alcançar os seus objetivos, estabelecer leis e teorias (conjuntos

organizados e coerentes de leis que explicam um determinado tipo de fenómenos).

Problema da Demarcação- Qual o método que permite demarcar a ciência de outros modos de conhecer o real?- Como procedem os cientistas para conhecer a realidade?

- Os cientistas tentam provar que as hipóteses são verdadeiras ou procuram mostrar que são falsas?

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Dois grandes modelos metodológicos:

IndutivoComeçou a ser usado por F.

Bacon ( séc. XVII) e desenvolvido por S. Mill e outros filósofos

Hipotético-dedutivoDefendido por K. Popper, entre

outros autores

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Método Indutivo

Observação do fenómeno

(caso particular)

Formulação de uma hipótese

- Imparcial, rigorosa, neutra (o investigador não pode deixar-se influenciar pelas suas crenças)-metódica , sistematicamente preparada e repetida;-Utiliza instrumentos e técnicas que prolongam o alcance dos sentidos, poisos dados são medidos, quantificados e registados com o máximo rigor.

Propor uma explicação / solução provisória para o problema que se está a investigar. Supõe: - análise e interpretação dos factos observados - sentido criativo do investigador, para descobrir uma relação entre os dados de observação e a causa que os provocou.

Page 21: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Método Indutivo

Experimentação

Generalização

A lei que explica os dados observados passa a ser considerada lei universal, aplicável a todos os fenómenos do mesmo tipo, mesmo os ainda não observados.Com base nessa lei podemos prever o que irá acontecer no futuro.

- Verificação da hipótese, para a confirmar ou rejeitar- Implica a utilização de instrumentos e de técnicas- A confirmação da hipótese transforma a hipótese em lei científica

Conclusão: o modelo indutivo parte de dados observados, analisa os dados para estabelecer relações entre eles e submete-os a verificação experimental. Uma vez verificados, transformam-se em leis aplicáveis a todos os fenómenos do mesmo tipo.

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Indutivismo Critério de validação científica – Critério de cientificidade- verificacionista

O que distingue uma hipótese científica / teoria de uma hipótese não científica?

Critério verificacionista

Uma proposição só é científica se pode ser empiricamente verificável ou testável pelos factos. Recorre-se à experimentação no sentido de procurar factos que provem que é verdadeira, que a verifiquem.

Mas será que as hipóteses / teorias científicas podem ser verificadas pela experiência?

Assim, para o enunciado ”Todos os cisnes são brancos”, bastaria encontrar alguns cisnes brancos para o

confirmar e validar. Generalização

Page 23: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

O método indutivo - críticas

O problema da Indução

O Método indutivo foi objeto de muitas críticas, designadamente por parte de D. Hume e, mais recentemente por K. Popper.

Page 24: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

O método indutivo - críticas

O problema da Indução

D. Hume defende que a relação causa – efeito que se estabelece entre os fenómenos decorre da sua repetição: “após a conjunção constante de dois objetos (…) , somos determinados pelo costume a apenas esperar um a partir do aparecimento do outro”.

Sendo assim, a generalização nada mais é do que uma simples crença psicológica de que os factos se repetirão sempre do mesmo modo. As generalizações podem estar corretas, mas podem também estar erradas.

A repetição e o hábito não são uma garantia segura para a generalização (acredita-se que o futuro será como o passado, isto é, que a natureza se comporta sempre do mesmo modo, mas esta crença não tem justificação.

Page 25: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Com que fundamento podemos concluir da afirmação “Alguns A são B” que “Todos os A são B”?

Se não podemos observar todos os

factos, como podemos

generalizar e afirmar que

aquilo que foi observado num certo número de casos se aplica a

todos?

Será que a indução é um procedimento

cientificamente credível?

K. Popper pergunta:

O método indutivo - críticas

O problema da Indução

Page 26: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

• Por maior que seja o número de observações particulares, não há justificação lógica para a sua generalização a todos os casos. Há sempre a possibilidade de factos ainda não observados do passado ou factos futuros virem a contradizer a conclusão.

K. Popper

Responde:

Mesmo que tenhamos observado milhares de cisnes brancos, nada nos autoriza a afirmar que ”Todos os cisnes são brancos” e bastará uma única observação de um único cisne negro para refutar aquela proposição.

Page 27: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Substitui o método indutivo pelo método hipotético – dedutivo (conjectural)

(este é o modelo metodológico que permite à ciência demarcar-se de outras formas de conhecimento)

Karl PopperNão acredita que a especificidade

metodológica da ciência esteja na indução

Page 28: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Método hipotético –

dedutivo(Conjectural)

Facto - problema

1. Formulação da hipótese

ou conjectura

A investigação nas ciências empíricas ou naturais faz-se com este método que implica o recurso à experiência e à dedução.

A procura do saber começa com a emergência de um facto – problema.*

Invenção de uma solução que exige comprovação. Resulta de um raciocínio abdutivo, isto é, resulta da atividade criativa do cientista, associada à intuição (começa com um palpite) e à imaginação.A hipótese deve:

- Ser compatível com os factos que se querem explicar- Ser coerente com outras hipóteses anteriormente admitidas- Ser suscetível de confirmação- Servir para prever e explicar os acontecimentos com ela relacionados

Page 29: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Método hipotético – dedutivo

2 . Dedução das

consequências preditivas da

hipótese

3. Experimentação

Inferir consequências é deduzir da explicação proposta, que é geral , consequências menos gerais.Formula-se o enunciado observacional empírico que vai ser testado pela experiência.Submissão do enunciado observacional empírico a provas experimentais. Pela experiência tenta-se falsear a hipótese.

Se a experimentação confirma a hipótese, esta passa a lei explicativa dos fenómenos, esforçando-se o cientista por lhe encontrar falhas.Se a experimentação refuta a hipótese, segue-se a formulação de uma nova hipótese.

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Critério de validação científica(distingue o que é científico do que não o é) - Critério da

Falsificabilidade

Critério falsificacionista

Uma proposição só é científica se resistir à prova da sua falsificação empírica.

O teste experimental é usado no sentido de encontrar experiências que infirmem

(invalidem) a hipótese.

A hipótese é validada se não forem encontrados factos que a falsifiquem e será

tanto mais forte quanto mais resistir à prova da sua falsificação.

(Manual p. 192)

Popper usa o termo “corroboração” para se referir ao sucesso das Teorias. Uma teoria que superou todas as tentativas de refutação está corroborada pela experiência. Isto significa que ela teve um bom desempenho no passado, mas que nada podemos dizer sobre o seu futuro.

Page 31: 17 o Estatuto Do Conhecimento Cientifico

Dois critérios de cientificidade das hipóteses (validação científica):

Modelo hipotético-dedutivoCritério da falsificabilidade

- Como procedem os cientistas para conhecer a realidade?- Os cientistas tentam provar que as hipóteses são verdadeiras ou procuram mostrar que são falsas?