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16º Plano de Evangelização2013 - 2015

www.pastoral.com.br

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Copyright c Arquidiocese de Paso Fundo-RS

Arquidiocese de Passo FundoCentro Arquidiocesano de Pastoral

2013

Dom Antonio Carlos AltieriArcebispo de Passo Fundo

Pe. Ladir CasagrandeCoordenador de Pastoral

Equipe de Coordenação de PastoralDom Antonio Carlos AltieriDom Liro Vendelino Meurer

Pe. Ladir CasagrandeIr. Nilva BrugneraIracema Posser

Pe. Mateus DanieliIr. Salete Inês Rambo

Davi Rodrigues da SilvaMirte Pagnussat

Capa e Projeto GráficoMDA Comunicação Integrada Ltda.

Arquidiocese de Passo FundoCentro Arquidiocesano de PastoralRua Coronel Chicuta, 436A - Centro

Fone: 54 3045 9204 Fax: 54 3045 922299010-051 - Passo Fundo - RS - Brasil

[email protected]

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3Arquidiocese de Passo Fundo

Apresentação

Caríssimos Srs. Padres, Diáconos, Religiosos e Religiosas, Ministros e Ministras, Seminaristas, Catequistas, Animadores e Animadoras de Comunida-des, Grupos e Movimentos: - desejo fraterna e cordialmente, toda a Alegria e a Paz do Senhor !

Apresento-lhes este plano 2013-2015 como fruto da caminhada da nossa jovem Arquidiocese, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil, da CF 2013, da JMJ, da Assembléia e da Comissão Arquidiocesana de Pastoral; também e sobretudo do esforço de cada um em ser e dar o melhor de si, como verdadeiro discípulo missionário de Jesus Cristo !

A realidade de Fé vivida nas nossas Comunidades em 2012 efetivaram, na maioria dos casos, a alegria e realização da experiência missionária. Graças a Deus vai crescendo em nós a inquietação que nos impele a irmos ao encon-tro dos mais distantes, dos excluídos, dos sofredores, e também dos distraí-dos, iludidos, auto suficientes e dos jovens instrumentalizados...

Numa sociedade empenhada em sufocar a mensagem de Cristo, num mundo que está fazendo de tudo para que os jovens não escutem o apelo insistente de Cristo para “Irem e Verem”, penso que a nossa Missão seja privilegiada por estarmos junto ao povo que sofre e junto aos jovens, enco-rajando-os a cantar a música do coração, a testemunhar a transcendência, a exercitar a paternidade espiritual, a estimulá-los numa direção que corres-ponda à sua dignidade e às suas aspirações mais autênticas... É a dança do Espírito! Esta é a música de Deus !

Essa opção exige de nós a ‘autoridade’ dos Profetas, sua disponibili-dade, desapego e destemor que os tornavam dignos anunciadores da Men-sagem de Deus ! Agradeçamos incansavelmente sermos escolhidos como mensageiros de Deus e jamais nos esqueçamos que só Ele é a Mensagem !

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4 16º Plano de Evangelização

Sugiro a todos, a partir de mim, buscarmos as condições para sermos dignos anunciadores da Palavra e do Reino rezando juntos com Atenágoras, o Patriarca de Constantinopla,

“É preciso empreender uma guerra mais dura, que é a guerra contra si mesmo. É preciso conseguir desarmar-se. Mantive esta guerra durante anos a fio e foi terrível. Mas, agora, estou desarmado. Já não tenho medo de nada, porque o amor expulsa o medo. Estou desarmado da vontade de ter razão, de justificar-me, desqualificando os outros. Já deixei de viver preocupado, ciosa-mente vergado sobre minhas riquezas. Aceito e compartilho. Não me apego de modo particular às minhas idéias nem aos meus projetos. Quando se apresen-tam outros melhores, ou mesmo sem ser melhores, pelo menos bons, aceito-os sem pena. Renunciei ao comparativo. O que é bom, real, verdadeiro, para mim é sempre o melhor. Por isso não tenho medo. Quando não se tem nada, não mais se tem medo. Quando alguém se desarma, se esvazia, quando se abre para o Deus – Homem, que faz novas todas as coisas, Deus mesmo apaga o mal pra-ticado no passado e o devolve para um tempo novo, em que tudo é possível”.

Nossa Senhora Aparecida, nossa padroeira, nos auxilie nessa tão árdua quanto nobre Missão! Em Cristo e no desejo de servir sempre mais e melhor,

Na Festa da Conversão de São Paulo de 2013

Dom Antonio Carlos Altieri, sdb

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5Arquidiocese de Passo Fundo

Introdução

Conhecer Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher (D Ap. 18). Com esta inspiração, a Arquidiocese de Passo Fundo tem a alegria de apresentar o 16º Plano de Evangelização. É fruto da prática das assembléias, dos planos anteriores e do nosso jeito de ser Igreja. Mas ao mesmo tempo quer somar a realidade cultural, religio-sa, econômica e social dos tempos atuais conforme sinaliza o Documento de Aparecida: “Vivemos uma mudança de época, e seu nível mais profundo é o cultural” (D Ap. 44).

Esse Plano foi construído a partir da Palavra de Deus, da avaliação do 15º Plano feita na Assembléia de Pastoral em novembro de 2011, dos desafios da realidade atual, da inspiração do Documento de Aparecida e das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015). A Arquidiocese de Passo Fundo assume como meta orientadora do seu 16º Plano, Evangelizar a partir de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo em vista do reino.

O presente plano tem a duração de três anos, com destaque especial para as Santas Missões Populares, a Evangelização da Juventude e o Cuidado com a Vida, sendo que todas as ações realizadas merecem e terão especial atenção. É preciso reforçar a unidade na caminhada e garantir o processo de formação das lideranças e o investimento na pastoral como prioridade.

Um dos aspectos práticos mais imediatos que o 16º Plano nos aponta é que toda paróquia precisa elaborar seu Plano de Pastoral, considerando sua realidade sócio-cultural, seus desafios pastorais e suas urgências pró-prias, tendo como pano de fundo este plano. Para a elaboração de seu Plano Paroquial de Pastoral, é importante promover assembléias, que envolvam o maior número possível de agentes.

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6 16º Plano de Evangelização

Objetivo geral da Igreja no BrasilEvangelizar,

a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo,como igreja discípula, missionária e profética,

alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia,à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres,

para que todos tenham vida rumo ao Reino definitivo.

Prioridades do Regional Sul 3 da CNBB- Evangelização da juventude- Cuidado com a vida- Formação inicial permanente à vida cristã- Conversão pastoral e reorganização eclesial para a missão

Objetivo da Arquidiocese de Passo FundoEvangelizar,

a partir de Jesus Cristo,na força do Espírito Santo

em vista do Reino

Prioridades da Arquidiocese de Passo Fundo- Pastoral urbana- Formação de lideranças- Trabalho de evangelização em equipe- Economia a serviço da evangelização- Evangelização da juventude

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7Arquidiocese de Passo Fundo

Ver

Um olhar sobre a realidade

As modalidades de planejamento pastoral são muitas, pois não exis-te um modelo universal. Os modelos vão constantemente sendo re-elabo-rados para que possam ser, em cada época, o melhor instrumental para tornar concreta a nossa fé. O tempo para a evangelização é hoje, no entan-to, cada tempo e cada lugar possui características próprias, que marcam o modo como a evangelização ocorre, razão pela qual se faz necessário a elaboração de planos de pastoral de tempos em tempos, que acompanhem o ritmo da vida. Na construção de um plano pastoral, são necessários dois olhares. O primeiro se volta para Cristo Senhor. O segundo olhar se dirige para a realidade, nela buscando o que está de acordo ou não com o Reino de Deus. Os dois olhares se encontram unidos de modo inseparável. O dis-cípulo missionário é alguém que, fixando os olhos em seu Senhor, com Ele, contempla a realidade (cf. 2Cor 5,14). Sabemos que não é fácil descrever o tempo atual, realidade da qual somos parte, nela envolvidos racional e emocionalmente. Em espírito eclesial, acolhemos o que a própria Igreja nos indica como marcas de nosso tempo.

A Arquidiocese de Passo Fundo, conforme o senso 2010, tem uma po-pulação de 507.833 pessoas, nos 47 municípios de abrangência, organizados em 54 paróquias e nove áreas pastorais. Em espírito de fraternidade, comu-nhão e participação, cada área agrupa paróquias vizinhas, que se ajudam na organização pastoral e na evangelização. As paróquias urbanas contam com uma população de 418.500 habitantes, somando 82,41% e as paróquias rurais, com 89.333 habitantes totalizando 17,59%. Mais da metade da população se encontra nos três maiores municípios da Arquidiocese, Carazinho, Marau e Passo Fundo. Comparada ao censo de 2000, a população da Arquidiocese cresceu 8,49%, ou seja, 39.734 habitantes. A população é de origem alemã, italiana, polonesa, cabocla, indígena, entre outras etnias. O fenômeno da glo-balização e da urbanização muito contribuiu para a miscigenação de raças, povos, culturas e religiões, especialmente nas cidades de maior população.

Toda a ação evangelizadora da Igreja acontece em uma realidade. O ver ajuda a sentir a realidade em que estamos inseridos e na qual anunciamos o Evangelho. Entretanto, podemos fazer uma leitura da realidade a partir de

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princípios negativos. Não raro escutamos pessoas dizerem que bom mesmo era antigamente, que agora está tudo errado, ou que certo era o tempo em que os valores morais e os bons costumes regiam a vida, agora esta tudo virado. Este tipo de mentalidade dá uma impressão ruim da realidade, o que dificulta a ação evangelizadora e as perspectivas pastorais.

Temos sim uma realidade complexa. Muitos pressupostos da evangeli-zação não podem mais ser considerados. Por exemplo, a criança que nascia em uma família tradicional católica, crescia e se desenvolvia neste ambiente, já aprendia as orações básicas e os valores do cristão no berço. Hoje, crianças que se apresentam para a catequese não sabem o sinal da cruz. Esta situação pode ser um escândalo para alguns. Mas os estudiosos dizem que a realida-de é mais que complexa, é uma realidade que vive uma mudança de época e uma época de mudança. As DGAE dizem que, Estamos, na verdade, diante de transformações que atingem também todos os setores da vida humana, de modo que já não vivemos uma época de mudança, mas uma mudança de época. O que antes era certeza, até bem pouco tempo, servindo como referência para viver, tem se mostrado insuficiente para responder as situações novas, ‘deixan-do as pessoas estressadas ou desnorteadas (DGAE 19).

Neste contexto de mudanças, as DGAE dizem que duas atitudes po-dem marcar as relações e a própria evangelização. A primeira atitude é o re-lativismo: próprio de quem, não devidamente enraizado, oscila entre as inúme-ras possibilidades oferecidas (DGAE 20). A outra é o fundamentalismo: que, se fechando em determinados aspectos, não consideram a pluralidade e o caráter histórico da realidade como um todo (DGAE 20). Isso configura uma série de características próprias e específicas em cada região, também no campo reli-gioso. Por isto, cada paróquia possui situações com traços bem típicos e há a necessidade de serem atendidas em suas realidades.

Um olhar de gratidãoNa caminhada que percorremos em nossa Arquidiocese, muitas experi-

ências frutuosas foram e são vivenciadas. O Espírito continua a nos iluminar, acompanhar e conduzir. Somos uma Igreja em estado permanente de missão com um grande despertar missionário e este acompanha todas as idades. A Igreja é indispensavelmente missionária. Existe para anunciar, por gestos e pa-lavras a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Fechar-se à dimensão missionária implica fechar-se ao Espírito Santo sempre presente, atuante, impulsionador e

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defensor. Em toda a sua história, a Igreja nunca deixou de ser missionária. Em cada tempo e lugar, esta missão assume perspectivas distintas, nunca, porém, deixa de acontecer. Se hoje partilhamos a experiência cristã, é porque alguém nos transmitiu a beleza da fé, apresentou-nos Jesus Cristo, acolheu-nos na co-munidade eclesial e nos fascinou pelo serviço ao Reino de Deus (DGAE, 30).

Os espírito das missões nos fazem ir ao encontro do outro, respeitando a sua liberdade religiosa, mas também focando a realidade vivencial de sua fé, suas dificuldades, anseios e buscas. Na medida em que as mudanças de época atingem os critérios de compreensão, os valores e as referências, os quais já não se transmitem mais com a mesma fluidez de outros tempos, tor-na-se indispensável anunciar Jesus Cristo, apresentado, com clareza e força testemunhal, quem é Ele e qual sua proposta para toda a humanidade. Não se trata de estabelecer uma espécie de concorrência religiosa, ingressando na competição por maior número de fiéis.

Tampouco se trata de busca de privilégios para a Igreja, que, em todos os tempos, é chamada a ser serva humilde e despojada. Trata-se de reconhe-cer que o distanciamento em relação a Jesus Cristo e ao Reino de Deus traz graves consequências para toda a humanidade. Estes resultados não são per-cebidos apenas pela redução numérica dos católicos, mas principalmente nas inúmeras formas de desrespeito e mesmo de destruição da vida. Todas as formas de violência e exclusão revelam o distanciamento de Jesus e do Rei-no. As ameaças à vida são frutos de uma cultura de morte, que questionam os discípulos missionários a anunciarem, principalmente através do testemu-nho, a beleza do Reino de Deus, que é vida, paz, concórdia, reconciliação. Os discípulos missionários sabem que não lhes cabe a exclusividade na construção da nova época que está por surgir. Esta consciência, no entanto, não lhes exime da responsabilidade por testemunhar e anunciar Jesus Cristo e o Reino de Deus, fazendo-o oportuna e inoportunamente. (DGAE, 32).

DesafiosNo atual contexto percebemos as dificuldades presentes nas famílias, que

já não conseguem mais transmitir às novas gerações os valores da fé e da vivên-cia comunitária. São muitos os cristãos que não participam na Eucaristia dominical nem recebem com regularidade os sacramentos, nem se inserem ativamente na co-munidade eclesial. Sem esquecer a importância da família na iniciação cristã, esse fenômeno nos desafia profundamente a imaginar e organizar novas formas de nos

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aproximar deles para ajudá-los a valorizar o sentido da vida sacramental, da partici-pação comunitária e do compromisso cidadão. Temos alta porcentagem de católi-cos sem a consciência de sua missão de ser sal e fermento no mundo, com identida-de cristã fraca e vulnerável (D Ap 286). Isso constitui grande desafio que questiona a fundo a maneira como estamos educando na fé e como estamos alimentando a experiência cristã, desafio este que devemos encarar com decisão, coragem e criati-vidade, visto que em muitas partes a iniciação cristã tem sido pobre e fragmentada. Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as a segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora. Im-põe-se a tarefa irrenunciável de oferecer modalidade de iniciação cristã, que além de marcar o quê, também dê elementos para o quem, o como e onde se realiza. Dessa forma, assumiremos o desafio de uma nova evangelização, à qual temos sido reiteradamente convocados (D Ap 286 e 87).

Precisamos ir ao encontro do outro, abordando a realidade urbana e rural, e integrando as diversas realidades. Como Arquidiocese sofremos um processo de esvaziamento da realidade rural e vemos crescer a realidade ur-bana, que traz consigo grandes desafios no atendimento aos fiéis e no pro-cesso de evangelização. O Documento de Aparecida propõe e recomenda uma nova pastoral urbana que:

a) Responda aos grandes desafios da crescente urbanização.

b) Seja capaz de atender às variadas e complexas categorias sociais, econô-micas, políticas e culturais: pobres, classe média e elites.

c) Desenvolva uma espiritualidade da gratidão, da misericórdia, da solidarie-dade fraterna, atitudes próprias de quem ama desinteressadamente e sem pedir recompensa.

d) Abra-se a novas experiências, estilos e linguagens que possam encarnar o Evangelho na cidade.

e) Transforme as paróquias cada vez mais em comunidades de comunidades.

f) Aposte mais intensamente na experiência de comunidades ambientais, in-tegradas em nível supra-paroquial e diocesano.

g) Integre os elementos próprios da vida cristã: a Palavra, a Liturgia, a comu-nhão fraterna e o serviço, especialmente aos que sofrem pobreza econô-mica e novas formas de pobreza.

h) Difunda a Palavra de Deus, anuncie-a com alegria e ousadia e realize a for-mação dos leigos de tal modo que possam responder às grandes pergun-

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tas e aspirações de hoje e inserir-se nos diversos ambientes, estruturas e centros de decisão da vida urbana.

i) Fomente a pastoral da acolhida aos que chegam à cidade e aos que já vi-vem nela, passando de um passivo esperar a um ativo buscar e chegar aos que estão longe com novas estratégias, tais como visitas às casas, o uso dos novos meios de comunicação social e a constante proximidade ao que constitui para cada pessoa o seu dia-a-dia.

j) Ofereça atenção especial ao mundo do sofrimento urbano, isto é, que cui-de dos caídos ao longo do caminho e aos que se encontram nos hospitais, encarcerados, excluídos, dependentes das drogas, habitantes das novas periferias, nas novas urbanizações e das famílias que, desintegradas, con-vivem de fato.

k) Procure a presença da Igreja, por meio de novas paróquias e capelas, co-munidades cristãs e centros de pastoral, nas novas concentrações huma-nas que crescem aceleradamente nas periferias urbanas das grandes cida-des devido às migrações internas e situações de exclusão.

Aprendamos a valorizar a juventude, a sua realidade, a sua inserção efetiva na Igreja, mesmo que ainda tenhamos que aprender a valorizar a sua maneira de celebrar a vida, sua criatividade e sua expressão. A Campanha da Fraternidade de 2013 e a Jornada Mundial da Juventude poderão nos ajudar de forma mais concreta a encontrar meios para melhor evangelizar a Juven-tude. A busca juvenil por “modelos” e “referências” é uma porta que se abre para o processo de evangelização. Aqui está a grande oportunidade de apre-sentar Jesus Cristo.

EsperançasAs maiores riquezas de nossos povos são a fé no Deus de amor e a tradi-

ção católica na vida e na cultura. Com o amplo trabalho realizado a partir dos sacramentos da iniciação cristã, foi possível constatar a vivência de uma fé mais madura de muitos batizados e um maior amor ao Senhor presente na Eucaris-tia. Houve também um crescimento expressivo do espírito de caridade, que em todas as partes anima gestos, obras e caminhos de solidariedade para com os mais necessitados e desamparados. Está presente também na consciência da dignidade da pessoa, na sabedoria diante da vida, na paixão pela justiça, na esperança e na alegria de viver que move o coração de nosso povo.

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Podemos perceber que na piedade popular se expressa o amor a Cristo sofredor, o Deus da compaixão, do perdão e da reconciliação, o Deus próximo dos pobres e dos que sofrem, bem como a profunda de-voção à Santíssima Virgem de Aparecida com uma participação cada vez mais expressiva na Romaria em Passo Fundo, no segundo domingo de outubro. As raízes católicas permanecem na arte, linguagem, tradições e estilo de vida do povo, ao mesmo tempo dramático e festivo e no enfren-tamento da realidade. Por isso, o Santo Padre nos responsabilizou ainda mais, como Igreja, da grande tarefa de proteger e alimentar a fé do povo de Deus (D Ap 7 e SD 15).

Contudo, o seguimento de Jesus Cristo não se equipara ao seguimen-to de outros líderes religiosos ou mestres. Estes podem indicar o caminho e apontar a porta, mas não são o caminho e nem a porta. (Evangelização da Juventude, 53). Sentimos a necessidade de uma pastoral universitária, espe-cialmente em Passo Fundo, dando possibilidade aos universitários de conhe-cerem melhor a Pessoa de Jesus, sua proposta e seu Reino. Há necessidade de desenvolver uma pedagogia de formação integral que conquiste e envolva os jovens num itinerário que os leve ao amadurecimento na fé, tendo em conta as diferentes realidades e ambientes juvenis, ‘indo ao encontro dos jovens onde eles estão (Evangelização da Juventude, 142).

Faz-se necessário inovar a forma de evangelização priorizando a Pa-lavra, a homilia e a missão. Para tanto, precisamos continuar apostando na formação de lideranças e do povo, apostando na formação bíblica. Os catequistas, em especial, são os grandes destinatários desta formação, pois são muito desafiados a chegar a todas as realidades numa perspecti-va permanente, atingindo todas as idades, especialmente as famílias.

A família precisa ser olhada com carinho, pois é chamada a ser a gran-de transmissora da fé e dos valores. A exemplo das primeiras comunidades cristãs, que eram reconhecidas pelo amor, somos chamados a oferecer uma vida de irmãos, uma Igreja que é comunidade, onde a acolhida, a ternura, a proximidade e a fraternidade são os sinais que fazem reconhecer os irmãos entre si. Uma Igreja afetiva que se preocupa com os seus pobres, com os seus idosos, com as suas crianças, com os seus jovens e com as suas lideranças. Uma Igreja que fala a mesma linguagem, que traz em si as marcas da fé, as marcas de Jesus Cristo, que abraça a Cruz, como meio necessário para chegar à Vida Nova da Ressurreição. Uma Igreja menos preocupada com as estrutu-ras e mais voltada para a vida.

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Julgar

Diante deste contexto, e a partir das reflexões do Documento de Apa-recida, podemos concluir que a ação evangelizadora precisa, necessariamen-te partir de Jesus Cristo e do encontro que o discípulo missionário realiza com Ele. São duas experiências fundantes para o anúncio do Evangelho. Partir de Jesus porque Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Ele não é uma ideia, um sentimento ou algo do gênero. Jesus é o Messias, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16). Assim como Pedro, nós também fazemos esta profissão de fé em Jesus e anunciamos seu projeto. Por isso, nós, como discípulos e missio-nários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Anunciamos a nossos povos que Deus nos ama, que sua existência não é ameaça para o homem, que Ele está perto com o poder salvador e libertador de seu Reino, que Ele nos acompanha na tribulação, que alenta incessantemente nossa esperança em meio a todas as provas. Os cristãos somos portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de desventuras (D Ap 30).

Partir de Jesus CristoO anúncio só será profícuo se o discípulo missionário realizou um en-

contro profundo com o Senhor. Esta é uma exigência para o testemunho do cristão no século XXI, pois hoje, mais do que nunca, precisamos anunciar Je-sus Cristo com convicção e isso só será possível se, e somente se, fizermos uma experiência intima com o Mestre. Desta intimidade com o Senhor nasce a alegria do cristão e todo o anúncio será realizado com amor, superando aquela postura tradicional de que anunciar o Evangelho é uma tarefa. O Papa Bento XVI disse no discurso de abertura da Conferencia de Aparecida que: não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade senão a de sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comu-nicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências (D Ap 14).

Feita a experiência do encontro com Jesus, o discípulo missionário responderá com duas posturas: a gratuidade e a alteridade. Diante de um mundo marcado por relações estritamente relativas ou fundamentalistas, de interesses, vinganças ou violência, o cristão que tem um encontro com Jesus vai agir na mais pura gratuidade. Esta atitude nos leva a “amar, em Jesus Cris-

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to, o irmão e a irmã, respondendo, através de atitudes fraternas e solidárias, a grande questão proposta por Jesus: “quem é o meu próximo?”(DGAE 9). Este próximo é o outro, o alter, que mesmo distante e diferente é meu irmão e minha irmã. É a este outro que o cristão dá seu testemunho. Mais do que com palavras, suas atitudes de gratuidade e alteridade servirão para anunciar Jesus e seu projeto. Por isso, conhecer Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e escolher (D Ap 18).

Portanto, toda a ação evangelizadora da Igreja na América Latina e Ca-ribe tem como ponto de partida Jesus Cristo. É olhando para Jesus e seguin-do a sua pedagogia que nós vamos agir no mundo, não a partir de conceitos, ideias ou tendências pastorais. Partir de Jesus é “ter os mesmos sentimentos que ele tinha” (Fl 5,8). Todo o amor e ternura do Mestre são os dois trilhos da ação evangelizadora no hoje da história. Ter os sentimentos do Senhor é abrir-se para os demais, de modo especial os pobres e mais necessitados de nossa atenção (Mt 5,1-12). Pautar a prática pastoral a partir de Cristo é saber acolher aqueles que o mundo está condenando e conseguir estabelecer um vínculo de afeto, de deixar-se tocar pelo irmão: “alguém tocou em mim” (Mc 5,28).

Conversão pastoralEste partir de Jesus Cristo é o caminho para a transformação da pró-

pria pastoral. Aquilo que o Documento de Aparecida tanto insiste, a conver-são pastoral, só será viável quando o foco da evangelização não for mais a estrutura criada para evangelizar, mas os verdadeiros destinatários da evangelização que são as pessoas. A conversão pastoral de nossas comuni-dades exige que se vá além de uma mera pastoral de conservação para uma pastoral decididamente missionária. Assim, será possível que “o único progra-ma do Evangelho continue introduzindo-se na história de cada comunidade eclesial” com novo ardor missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como mãe que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária (D Ap 370).

Deste modo, ao pensar a ação evangelizadora neste tempo forte das Missões Populares que acontecem em toda a arquidiocese, é urgente pen-sar além das visitas às casas e ir ao encontro dos afastados ou indiferentes. É necessário assumir a dinâmica de Aparecida fazendo a missão acontecer em toda a estrutura pesada da paróquia, no atendimento e encaminhamento

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daquilo que o povo muitas vezes precisa e nós não damos conta. Por exem-plo, no caso de doença ou morte, a paróquia decididamente missionária vai fazer o possível para ajudar, celebrar ou encaminhar a necessidade da famí-lia. Já a paróquia pesada terá uma serie de burocracias iniciais como dizimo, território, etc. Portanto, ir ao encontro é fundamental, mas precisamos es-tar preparados para receber bem aqueles que vão fazer o caminho de volta à comunidade, a fim de que encontrem uma Igreja, de fato, Missionária e transformada.

Neste caminho de conversão pastoral, a Palavra de Deus surge como uma aliada sempre atual. Nela, o discípulo missionário encontra-se com o Se-nhor que se revela, como outrora aos discípulos no caminho para Emaús (Lc 25, 13-35). É no contato com a Palavra que o agente de pastoral abrasa o seu coração para continuar anunciando o Reino de Deus. Pois, diante das dificul-dades no caminho da ação evangelizadora, muitas vezes os discípulos mis-sionários sentem-se cansados e incapazes de cumprir sua missão. Por isso, a Igreja convida a fazermos a mesma experiência de Pedro e dos outros dis-cípulos, dizendo: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna (Jo 6,68). Vinculados à iniciação à vida cristã, o atual momento da ação evangelizadora convida o discípulo missionário a redescobrir o contato pessoal e comunitário com a Palavra de Deus como lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo (DGAE 45).

Igreja como casa da PalavraA Igreja enquanto lugar da animação bíblica da vida e da pastoral é

chamada a ser Casa da Palavra, isto é, lugar para se ter e viver a intimidade da Palavra. A Palavra de Deus, para ser fonte de espiritualidade e missão, precisa ser compreendida. Desde o Concílio Vaticano II, muitas atividades pastorais foram realizadas para tornar a Palavra conhecida, compreendida, amada e vivida. Quantas escolas bíblicas aconteceram desde o Concílio, círculos bíbli-cos, formação para agentes de pastoral e teologia popular. Esta formação teve o seu inicio com a abertura conciliar e precisa continuar. O estudo dos Evangelhos é uma ponte para a transformação da vida e, consequentemen-te, para o testemunho cristão: por conseguinte a Boa Nova proclamada pelo testemunho de vida deverá, mais cedo ou mais tarde, ser anunciada pela pa-lavra da vida. Não há verdadeira evangelização, se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o Reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem proclamados (EN, in, VD 98).

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Uma ação evangelizadora renovada caminha em conformidade e uni-dade ao Magistério da Igreja. Os documentos do Concílio Vaticano II e todos os documentos das Conferencias Latino Americanas e Caribenhas, de modo todo especial, o documento da Conferência de Aparecida, bem como as Di-retrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil aparecem como caminho de unidade na evangelização. Não podem ser fonte de uniformidade, mas colaboram com um caminho comum para o anúncio do Reino de Deus, e isto é unidade. Os planos de pastoral diocesanos, paroquiais e comunitários de-vem ser inspirados nesta caminhada e nos apelos que a Igreja continental faz. Assim, é de fundamental importância que os documentos da Igreja sejam conhecidos, lidos, estudados para cumprirem o seu papel de instruir a Igreja nos caminhos do mundo rumo ao céu, cada dia renovando a esperança de che-gar junto a face de Deus (OE II).

A finalidade de todo o Plano de Evangelização é edificar o Reino de Deus. Este foi inaugurado por Jesus, o qual nos deixou o mandamento: “Buscai o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33). O Reinado de Deus é, segundo Jon Sobrino, a justiça aos pobres sempre aberto a um mais. Fa-zer acontecer a justiça aos pobres é condição inerente a fé e a experiência realizada com o Senhor. O próprio Cristo veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Logo, todo o trabalho pastoral que nasce do encontro com Ele nos leva a continuar a Sua missão que é, em última palavra, vida para todos.

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Agir

O agir é uma resposta prática às necessidades constatadas no ver e avaliadas no julgar. Dentro do nosso Planejamento Pastoral, o agir é uma ação dinâmica concreta depois da reflexão do ver e o iluminar pela fé, a fim de realizar uma ação transformadora verdadeiramente cristã, não paternalis-ta, não ingênua e nem autoritária, mas de um amor comprometido, solidário é estruturado. A consciência crítica como cristãos, a concretude cristã da fé liberta o oprimido, o pobre, o excluído do anti-reino e perpassa toda nossa ação evangelizadora, pois nosso olhar, nosso ser e agir cristão precisam ser reflexo do seguimento de Jesus.

Neste sentido, o nº 362 do Documento de Aparecida nos desafia de maneira decisiva a uma evangelização que transforme a nossa missão ecle-sial. Afirma: A Igreja necessita de forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pen-tecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança. Por isso é imperioso assegurar calorosos esforços da oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor incontido e tornem possível um atraente teste-munho da unidade “para que o mundo creia” (Jo 17,21).

2013

I. Santas Missões PopularesA missão é o acolhimento do olhar enamorado do Pai sobre seus filhos

e filhas. Ela é um mistério de amor, em que nossos esquemas e teologias ficam a uma distância infinita dessa realidade. A missão é uma mística que precisamos recuperar. Ela nasce em Deus, é dom de Deus. A origem, o méto-do e o fim da missão é o próprio mistério trinitário. A nossa colaboração mis-sionária consiste apenas em deixarmo-nos envolver por esse dom. A única iniciativa do missionário/a é este movimento para dentro do coração do Deus

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Uno e Trino. Antes de ser uma atividade, a missão é contemplação e dispo-sição para mergulhar no projeto e na bondade de Deus. A iniciativa de Deus antecipa, acompanha e leva a bom termo a missão. O missionário/a antes de se entregarem aos seres humanos que querem evangelizar, entregar-se-ão a Deus, a quem querem amar. A missão é “terra” de Deus, é preciso passar por Ele, para entrar na terra de missão.

Nesta perspectiva, podemos dizer que as Santas Missões Popula-res são:

a) Uma sacudida especial. Com o passar do tempo, nossa vida pessoal e comu-nitária pode se tornar bastante rotineira, repetitiva, acomodada, sem asas, sem convicções profundas, amarrada e cansada. O apóstolo Paulo escrevia à comunidade cristã de Roma: Já é hora de vocês acordarem... (Rm13,11). Acreditamos que a Pré-Missão já nos acordou, o que precisamos é levantar e colocar em prática todo o ensinamento de Jesus, fazendo deste ano de missão um seguimento a Ele.

b) Um tempo especial de evangelização intensiva e extensiva, onde as iniciati-vas e os prazos têm tempo marcado. Em primeiro lugar está o testemunho e o anúncio do Evangelho de Jesus.

c) Um grande retiro espiritual popular, relacionado com a existência humana, isto é, tem a ver com o sentido da vida. Um grande retiro que marca o tem-po futuro, não desconhecendo o que antes era positivo.

d) Um tempo especial para cultivar entre nós relações pessoais, sinceras, ver-dadeiras e solidárias, fazendo da comunidade uma verdadeira família dos filhos e filhas de Deus.

e) Um tempo especial de ecumenismo na nossa Igreja, com outros grupos e outras Igrejas. Assim, cresce a comunhão na diversidade, sendo valorizado o que há de bom nas pessoas e nas instituições.

f) Uma visita e um abraço especial de Deus misericordioso para com o seu povo querido, que somos todos nós, seu filhos e filhas, principalmente os que estão afastados, excluídos, desconsiderados.

A experiência da Pré-Missão realizada na Arquidiocese, em 2012, nos mostra que crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, estão sendo envolvidos no grupo dos discípulos missionários das comunidades, numa prática bonita das visitas, pois o Espírito forja missionários decididos e valentes (D Ap 150). Este trabalho precisa continuar em 2013, com mais força, vigor e ardor.

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Assim, a missão, antes de ser um dever, é um dom. À semelhança de Jesus, é sair de si, é ir ao encontro dos outros, sem esperar nada em troca (DGAE 9). É gratuidade, pois a vida só se ganha na entrega, na doação, supe-rando toda atitude mercantilista. Consequentemente, a missão não tem des-tinatários, mas interlocutores. Só é autêntica em uma relação de alteridade, na acolhida das diferenças, no respeito mútuo, no encontro, no diálogo, na partilha, no intercâmbio de vida e na solidariedade (DGAE 8).

O seguimento de Jesus e a missão só se dão no seio de uma comu-nidade de fé, na Igreja, o novo Povo de Deus. Ali, o discípulo missionário é continuamente conclamado a reunir-se na fraternidade, a acolher a Palavra, a celebrar os sacramentos e sair em missão. No mistério do Deus-comunhão, o discípulo missionário é sempre um irmão entre irmãos. Não há verdadeiro cristão sem Igreja, pois é a Igreja que é missionária e quem envia os missioná-rios/as. (DGAE 13).

1. Proposta de formação - revisitar o Concílio Vaticano II

As atuais DGAE apontam para o compromisso evangelizador da Igreja no Brasil e, em continuidade com as orientações de toda a Igreja, assumem o mais profundo espírito do Concílio Vaticano II e acolhem, de modo especial, as Conclusões da Conferência de Aparecida (139).

Os textos do Concílio Vaticano II são claros. Toda a Igreja recebe seu sentido da missão que lhe é confiada, ou seja, de promover o Reino de Deus na história. Esta missão não consiste só em levar aos homens e mulheres a men-sagem de Cristo e sua graça, senão também em penetrar do espírito evangélico as realidades temporais e aperfeiçoá-las (Apostolicam Actuositatem AA5). Ela deve, assim, influenciar os diversos âmbitos da sociedade em vista do ideal cristão de fraternidade, justiça, caridade (AA7). Consequentemente todos na Igreja estão incumbidos de tal missão, laicato e clero, não havendo membros ativos e passivos, pois a tônica está na complementaridade (LG 32; AA 25). Existe na Igreja diversidade de ministérios, mas unidade na missão (AA 2).

Essa missão enquanto diz respeito a todos os seus membros (AA 2) compete ao laicato não por delegação ou mandato da hierarquia, mas do “próprio Senhor”, por força de seu batismo e confirmação (AA 3; LG 33). Da-qui se deriva “o direito e o dever do apostolado” próprio do laicato (AA 3). Esta afirmação significa que a missão profética dos leigos/as não está redu-zida a repetir a hierarquia, mas que desempenham um papel que lhes é pró-prio. Esta capacidade fundamenta o texto conciliar no testemunho de vida,

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no sentido da fé (Sensus Fidei) e na graça da palavra (LG 35). Os dons do Es-pírito devem ser postos a serviço de todos, daí o direito e o dever de exercê-los (AA 3). O indicativo precede e funda o imperativo. De fato, a Igreja jamais poderia ser sal da terra sem a ação missionária do laicato (LG 33), sobretudo numa sociedade tão complexa como a atual (AA 1).

O liturgista frei José Ariovaldo da Silva diz que, A Sacrosanctum Conci-lium é insistente no tocante à formação litúrgica. De fato, por causa de uma formação litúrgica ainda deficiente e sem cunho mistagógico, aliada a certo poder “deformador” da mídia, corremos o risco de continuarmos no espírito cultual da cristandade medieval e pós-tridentina, com alguma tintura moder-na apenas, mas longe do Espírito do Senhor, longe do centro da nossa fé (do mistério pascal de Jesus Cristo que nos empenha a um compromisso comuni-tário na vivência da fé).

Para as Santas Missões Populares produzirem frutos é fundamental a continuidade da preparação dos discípulos missionários, como já aconteceu no período da Pré-Missão, dando atenção especial à espiritualidade, de for-ma mais profunda, a espiritualidade litúrgica, tendo em vista o jubileu de ouro (50 anos) do Concílio Vaticano II e da Constituição para a Sagrada Liturgia, a Sacrosanctum Concilium. A espiritualidade é muito mais que um conjunto de ritos, gestos e devoções religiosas, ela implica ter “os mesmos sentimentos que havia em Jesus” (Fl 2,5).

2. Realizar mais uma visita missionária

O anúncio da Boa Nova acontece quando vivenciamos uma verdadeira espiritualidade, ou seja, para os discípulos missionários transmitirem a Pala-vra às famílias precisam estar preparados para a missão. É importante apro-fundar a Palavra de Deus, rezar e celebrar pessoalmente e em comunidade. Todas as famílias serão visitadas mais uma vez em 2013, no ano das missões. As três visitas da Pré- Missão prepararam o “terreno” para vivenciarmos a missão na semana missionária, celebrando profundamente este Mistério Re-dentor que nos une em comunhão, pois se não celebramos enfraquecemos, tendemos a esmorecer. A maior atenção seja dada aos doentes, aos neces-sitados, aos excluídos de alguma forma, aos católicos que, por um motivo ou outro, se encontram afastados ou dos quais a comunidade se afastou. As vi-sitas que Jesus fazia não eram todas iguais, mas marcadas pela situação con-creta das pessoas. Na visita, o missionário, a missionária, assim como Jesus, precisa ter a sensibilidade de perceber o que se passa, de perceber a situação da família e o meio em que ela vive.

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3. Ano da Fé

Com o objetivo de revisitar o Concílio Vaticano II e o que propõe a Cons-tituição Sacrosanctum Concilium, ao completar 50 anos, nada mais oportuno que voltar às raízes, recuperando a liturgia como a fonte primeira da espiritu-alidade. A Sacrosanctum Concilium (SC), no nº 2, diz:

A Liturgia, pela qual, especialmente no sacrifício eucarístico, «se opera o fruto da nossa Redenção», contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja, que é simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na ação e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos.

O grande objetivo da Reforma Litúrgica proposta pelo Concilio Vatica-no II é a participação ativa, interior, consciente, frutuosa e plena, um direito e dever de todo o batizado. Isto somente acontece se pudermos, em cada celebração e na vida, vivenciar profundamente o Mistério de Cristo com toda a “inteireza do ser”, ou seja, com sentido teológico-litúrgico, isto é, pensar (a racionalidade), o entendimento; atitude interior, sentir (afetividade), o cora-ção; gesto corporal, fazer (corporeidade), a ação. Assim, para esta profunda vivência do Mistério é preciso conhecer, aprofundar, entender o que diz a Sacrosanctum Concilium.

Não há qualquer esperança de que tal aconteça se antes os pastores de almas se não se imbuírem plenamente do espírito e da virtude da litur-gia e não se fizerem mestres nela, o que é absolutamente necessário que se providencie, em primeiro lugar, a formação litúrgica do clero. Procurem os pastores de almas fomentar com persistência e zelo a educação litúrgica e a participação ativa dos fiéis, tanto interna como externa, segundo a sua idade, condição, gênero de vida e grau de cultura religiosa, na convicção de que estão cumprindo um dos mais importantes múnus do dispensador fiel dos mistérios de Deus. Neste ponto guiem o rebanho não só com palavras, mas, também, com o exemplo (SC 14 e 19).

Cada paróquia procure aproveitar da melhor forma possível os subsídios para a formação de suas lideranças ou realizando encontros nos grupos, tendo sempre presente a vida do povo de Deus, isto é, para que a partir deste aprofundamento se possa celebrar a Páscoa de Cristo na páscoa do povo e a páscoa do povo na Páscoa de Cristo. Consideran-

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do o Ano da Fé proclamado pelo papa Bento XVI, de outubro de 2012 a novembro de 2013, vamos aprofundar alguns dos 16 documentos do Concílio Vaticano II.

Temas para os encontros nos grupos

1. A vocação missionária da Igreja - (Ad Gentes)2. Como celebramos o Mistério Pascal de Jesus Cristo - (Sacrosanctum

Concilium)3. A missão dos leigos (Apostolicam Actuositatem) 4. A Igreja no mundo atual (Constituição Pastoral Gaudium et Spes)

4. Realização das Semanas Missionárias

Toda a Arquidiocese é convocada a estar em missão, realizando nes-te ano de 2013, as Semanas Missionárias, de acordo com a programação de cada paróquia, de cada comunidade, uma vez que, a comunidade é missionária se for uma comunidade revitalizada. Assim, conforme nos propõe o nº 365 do Documento de Aparecida, nenhuma comunidade deve isentar-se de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé. Isso implica numa conversão pastoral de todas as nossas comunidades eclesiais, para que verdadeiramente se tornem comunidades de discípulos missionários ao redor de Jesus Cristo, Mestre e Pastor (D Ap 368). A conversão pastoral exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pasto-ral decididamente missionária (D Ap 370).

No ano de 2013 está prevista a realização, em todas as paróquias e/ou comunidades da Arquidiocese, de uma Semana Missionária. A Se-mana Missionária é um momento forte de evangelização, um “tempo es-pecial”, que faz descobrir o “tempo normal” da missão de cada dia, que aprofunda a fé, a vivência e o amor entre os irmãos e irmãs, na busca de um engajamento, comprometido com a construção do Reino. As Mis-sões Populares despertam para o sonho e a utopia da Missão de Deus no meio de nós.

O objetivo da Semana Missionária é ser um instrumento de inspiração espiritual, revigoramento pastoral e, através do eixo permanente e prioritá-rio que é a missão, atingir a transformação social. A Semana Missionária pode seguir uma programação definida, assim como a criatividade de cada paró-quia pode ser aplicada, conforme sua realidade.

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5. Jornada Mundial da Juventude

A Jornada Mundial da Juventude, que se realiza anualmente nas dioce-ses de todo o mundo, prevê a cada 2 ou 3 anos um encontro internacional dos jovens com o Papa, que dura aproximadamente uma semana. A última edição internacional da JMJ foi realizada em agosto de 2011, na cidade de Madri, na Espanha, e reuniu mais de 190 países. A XXVIII Jornada Mundial da Juventude acontece de 23 a 28 de julho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro e tem como lema, Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19). As JMJs têm sua origem em grandes encontros com os jovens celebrados pelo Papa João Pau-lo II em Roma. O Encontro Internacional da Juventude, por ocasião do Ano Santo da Redenção aconteceu em 1984, na Praça São Pedro, no Vaticano. Foi lá que o Papa entregou aos jovens a Cruz que se tornaria um dos principais símbolos da JMJ, conhecida como a Cruz da Jornada.

A cruz ficou conhecida por diversos nomes: Cruz do Ano Santo, Cruz do Jubileu, Cruz da JMJ, Cruz Peregrina, e muitos a chamam de Cruz dos Jovens, porque ela foi entregue pelo Papa João Paulo II aos jovens para que a levas-sem por todo o mundo, a todos os lugares e a todo tempo.

A cruz de madeira de 3,8 metros foi construída e colocada como sím-bolo da fé católica, perto do altar principal na Basílica de São Pedro durante o Ano Santo da Redenção (Semana Santa de 1983 à Semana Santa de 1984). No final daquele ano, depois de fechar a Porta Santa, o Papa João Paulo II deu essa cruz como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade.

Em 2003, o Papa João Paulo II deu aos jovens um segundo símbolo de fé para ser levado pelo mundo, acompanhando a cruz da JMJ: o ícone de Nossa Senhora, uma cópia contemporânea de um antigo e sagrado ícone encontrado na primeira e maior basílica para Maria a Mãe de Deus, no Oci-dente, Santa Maria Maior. “Hoje eu confio a vocês... o ícone de Maria. De agora em diante, ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a cruz. Contemplem a sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que são chamados, como o apóstolo João, a acolhê-la em suas vidas”.

5.1. Semana Missionária

O Brasil é um país extremamente missionário, onde os jovens cada vez mais se destacam pelo seu discipulado. Neste sentido a proposta é de que uma semana antes da JMJ, jovens de todo o país e também os do exterior possam vivenciar uma semana preparatória baseada no tripé

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espiritualidade: solidariedade missionária e cultura. Trata-se da Semana Missionária, que será realizada de 17 a 20 de julho de 2013. O caráter mis-sionário desses últimos dias antes da Jornada tem sua origem, numa ca-racterística própria do povo da América Latina: a missionariedade. Além disso, a iniciativa teve motivações no Documento de Aparecida, no Docu-mento 85, que se refere à evangelização da juventude e na realidade que se vive no Brasil e na Arquidiocese de Passo Fundo. Vamos aproveitar a oportunidade e envolver, não só os jovens, mas todas as nossas forças eclesiais dentro de uma Semana Missionária, pois no espírito das Santas Missões Populares, já estamos motivados para este processo.

Todas as Paróquias, mesmo as que não receberem peregrinos, são convidadas a unirem-se em prece pela Jornada Mundial da Juventude, pro-movendo momentos de oração nos quais os fiéis possam participar mas-sivamente. Jovens peregrinos e de nossas comunidades são convidados a visitar realidades de serviço caritativo e de voluntariado. Aos peregri-nos ofereceremos nossa hospitalidade e nossa sabedoria, apresentando nossas manifestações culturais e nossa caminhada como Igreja. Que em todas as paróquias se oportunize o estudo do Youcat, o catecismo jovem da Igreja Católica.

5.2. Campanha da Fraternidade

Em 2013, a Campanha da Fraternidade tem como tema, Frater-nidade e Juventude, com o lema, Eis-me aqui, envia-me. O objetivo geral desta campanha é, Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção da vida, da justiça e da paz. Os objetivos específicos lembram a necessidade de propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida. Quer também possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sus-tento em sua caminhada, para que eles possam contribuir com seus dons e talentos, bem como sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum.

Que sejam aproveitados todos os espaços para trabalhar a proposta da Campanha da Fraternidade reforçando e/ou organizando o trabalho com a juventude em todas as nossas paróquias.

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Esquema para 2013

Quando Onde O que Quem

16 de Março

Casa de Retiros

Lançamento do 16º Plano de Evangelização

Áreas, paróquias e representações

Abril Paróquias 1º Encontro A missão da Igreja

Grupos, pastorais, movimentos...

Maio Paróquias Semanas Missionárias

Grupos, pastorais, movimentos...

Junho Paróquias

2º Encontro Como celebramos o Mistério Pascal de JC

Grupos, pastorais, movimentos

Julho Comunidades e Grupos

Visita missionária

Missionários e missionárias

Agosto Paróquias 3º Encontro A missão dos leigos

Grupos, pastorais, movimentos

Setembro Paróquias 4º encontro A Igreja no mundo atual

Grupos, pastorais, movimentos

Outubro Arquidiocese Participação dos/as missionários/as na Romaria

Comunidades Povo de Deus

Novembro Paróquias e comunidades

Preparação do Natal

Grupos, pastorais e movimentos

Dezembro Grupos Avaliação, Confraternização e celebração do Natal

Grupos, pastorais e movimentos

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2014

II. Evangelização da juventudeNeste ano em que queremos olhar de modo especial para a nossa ju-

ventude, somos chamados também a olhar para a vida de nossas famílias, comunidades e revisitarmos, através da Palavra de Deus, a caminhada e o compromisso cristão assumido no Batismo.

Usando a imagem do Pastor, uma das mais apreciadas no Antigo Testa-mento e no Evangelho de João, percebemos que não é suficiente ser ‘pastor’; o importante é tornar-se pastor “bom”, de autoridade, que quer dizer, em plena sintonia com o projeto de Deus.

O conhecimento pessoal e a prontidão para doar a vida são os critérios que distinguem um pastor “bom” de um pastor “mercenário”. É preciso en-tão cultivar algumas características que nos ajudem a reconhecer o caminho que devemos percorrer:

Atenção - significa estar acordados, ter os olhos abertos, vigiar para ver o que está acontecendo. É atenção pelas estruturas, pelos problemas e muito mais pelas pessoas que nos rodeiam.

Ternura - é o caso de puxar aquele amor de amizade, aquele coração de carne que podemos ter como dom do Espírito. As pessoas devem sentir que as queremos com o coração e com a cabeça, não só fazendo algo para elas, mas vivendo com elas, querendo o bem delas, partilhando a vida, o sofrimento e as esperanças delas.

Compaixão - no significado etimológico da palavra, é a simpatia, a dis-ponibilidade de sofrer junto. Hoje, a palavra mais conhecida é “empatia”, que significa literalmente “sentir dentro”: significa um estado em que uma pessoa se sente tão dentro da outra que chega a perder temporariamente a sua própria identidade. É neste profundo e um tanto misterioso processo de empatia que ocorrem a compreensão, a influência e outras relações significa-tivas entre as pessoas (Rollo May).

Acolhida - portas abertas, na nossa casa, na nossa comunidade! É fácil perceber se existe acolhida ou não.

Disponibilidade - doar o próprio tempo. Evitamos, até onde for pos-sível, nos esconder atrás da desculpa: “Não tenho tempo”, como fizeram o sacerdote e o levita (Lc 11, 31-32).

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Interesse - é possível viver como pastores/as ou como discípulos/as de Cristo sem se deixar envolver pelos problemas das pessoas?

1. Proposta de formação

Somos convidados a revisitarmos as Sagradas Escrituras, pois como nos diz a Dei Verbum: É necessário, por isso, que todos os clérigos e, so-bretudo os sacerdotes de Cristo e outros que, como os diáconos e os ca-tequistas, se consagram legitimamente ao ministério da palavra, mante-nham um contato íntimo com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo acurado, a fim de que nenhum deles se torne pregador vão e su-perficial da palavra de Deus por não a ouvir de dentro, tendo, como têm, a obrigação de comunicar aos fiéis que lhes estão confiados as grandíssi-mas riquezas da palavra divina, sobretudo na sagrada Liturgia. Do mesmo modo, o sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis, mor-mente os religiosos, a que aprendam «a sublime ciência de Jesus Cristo» (Fil. 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo. Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pasto-res da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos (DV, 25).

Exorta-nos também o documento Verbum Domini: Os horizontes imen-sos da missão eclesial e a complexidade da situação presente requerem hoje modalidades renovadas para se poder comunicar eficazmente a Palavra de Deus. O Espírito Santo, agente primário de toda a evangelização, nunca deixará de guiar a Igreja de Cristo nesta atividade. Antes de mais nada, é importante que cada modalidade de anúncio tenha presente a relação intrínseca entre co-municação da Palavra de Deus e testemunho cristão; disso depende a própria credibilidade do anúncio. Por um lado, é necessária a Palavra que comunique aquilo que o próprio Senhor nos disse; por outro, é indispensável dar, com o testemunho, credibilidade a esta Palavra, para que não apareça como uma bela filosofia ou utopia, mas antes como uma realidade que se pode viver e que faz viver. Esta reciprocidade entre Palavra e testemunho recorda o modo como o próprio Deus se comunicou por meio da encarnação do seu Verbo. A Palavra de Deus alcança os homens «através do encontro com testemunhas que a tornam

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presente e viva». [323] Particularmente as novas gerações têm necessidade de ser introduzidas na Palavra de Deus «através do encontro e do testemunho au-têntico do adulto, da influência positiva dos amigos e da grande companhia que é a comunidade eclesial (Verbum Domini, 97).

Nos fala ainda o documento 85 - Evangelização da Juventude: Deus, querendo deixar registrado na história todo o seu Projeto e sua vontade, serviu-se de várias pessoas para escreverem as experiências, as maravilhas, as quedas, as lutas, as fraquezas e as conquistas do seu povo. Quanto mais mergulhamos nas Escrituras, mais nos identificamos com este povo e adquirimos entendimen-to do que somos, para onde vamos e o que devemos fazer. Nas Sagradas Escri-turas entra-se em contato com o povo que - seguro da escolha de Deus - nunca desanima e sempre se mostra criativo para enfrentar o mundo e propor novos caminhos. Jesus Cristo - a Palavra de Deus por excelência - ao se colocar como ‘Caminho, Verdade e Vida’ (Jo 14, 6) nos convida a conhecê-lo profundamente. Assim, crer na Palavra de Deus é essencial para um processo de crescimento do jovem que quer se comprometer cada vez mais com este projeto do Criador (Evangelização da Juventude, 124).

Motivados pelos documentos da Igreja, deixamo-nos conduzir pela Pa-lavra de Deus, que neste ano será a linha mestra de nossa formação e ação.

Partimos de Belém (Lc 2,1-20), contemplando a encarnação, o espaço da família, da comunidade, do convite a abrirmos as portas para acolher os que nela batem (jovens, pobres, excluídos, marginalizados). É também um convite para cultivar uma busca de sentido e de verdade para a vida e reco-nhecer a novidade que nela se apresenta.

Seguindo nossa caminhada, vamos aos pés da Montanha para ai es-cutarmos Jesus que nos fala das Bem-Aventuranças (Mt 5,1-12). Jesus se dirige às pessoas que já foram libertadas mediante a Boa Nova, às pessoas que já vivem no Reino de Deus e irradiam o seu fulgor, que receberam o perdão, que encontraram a pérola preciosa, que são convidadas às núp-cias. Às pessoas que pela fé em Jesus pertencem à nova criação, ao mun-do novo de Deus. Dirige-se às pessoas que já experimentaram em suas vidas aquela grande alegria de que fala a parábola do tesouro no campo; dirige-se aos filhos pródigos que o Pai recebe novamente na casa pater-na. Mas o tempo da salvação é também o tempo em que a vontade de Deus entra em vigor com todas as suas exigências. Pois presença do Reino significa estabelecimento do direito querido por Deus para o mundo que vem. É dever não se irar contra o irmão; é dever evitar o olhar impuro; é

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dever buscar a perfeita sinceridade; é dever amar o inimigo. Mas acima de tudo, acolher o próximo, o jovem, o marginalizado...

Encontramo-nos agora em Jerusalém (Lc 19,29-44). Por um lado ela é a cidade santa, lugar de peregrinação, de encarnação da religiosidade do povo judeu, por outro lado é a cidade maldita, centro do poder, da opressão e da exploração. Jerusalém é o caminho da cruz e o lugar da entrada triunfal de Jesus, aclamado pelo povo. É a cidade da acolhida e do conflito, da paz e do medo. Para nós, é um convite para viver a vida comunitária na superação das limitações do individualismo, a enfrentar as dificuldades, administrando o conflito como oportunidades para reafirmar opções vitais. É, sobretudo, um convite para crer na vida e celebrá-la. É reconhecer o caminho percorrido e optar por uma causa que conduza à vida plena e em abundancia para todos, em especial a juventude.

E para continuar, Jesus quer caminhar conosco, assim como Ele cami-nhou com os discípulos de Emaús (Lc, 24, 1-12). Convida-nos a fazer memória da caminhada como comunidade, grupo, pastoral. A ação de Deus perpassa a história, é preciso saber escutá-la para planejar a ação dentro da dinâmica de escuta e compreensão no contexto em que ela se encontra, propondo um caminho que gere vida, que dê possibilidade de celebrar a vida, detendo-se sempre na comunhão. Aprendemos com os discípulos de Emaús a planejar a partir da escuta, de uma conversão pessoal e eclesial, favorecendo a imple-mentação dos processos de discipulado missionário.

Como interagir com os textos?

Mediante a Leitura Orante da Palavra, ou Lectio Divina que consiste na prática de oração e leitura das Escrituras e que tem o intuito de promover a comunhão com Deus e aumentar o conhecimento da Palavra de Deus. Ela possui quatro etapas:

Lectio - LeituraMeditatio - Meditação

Oratio - OraçãoContemplatio - Contemplação

Na Lectio/Leitura toma-se o Texto Sagrado, a Sagrada Escritura de pre-ferência, e faz-se a leitura lenta e cuidadosa do texto, não tanto com o obje-tivo de fazer uma exegese bíblica, mas sim o de ‘escutar’ o que Deus fala ao leitor. Pode-se repetir a leitura quantas vezes for preciso, até que se sinta ‘tocado’, pelo Senhor.

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30 16º Plano de Evangelização

Na Meditatio/Meditação, rumina-se a Palavra, busca-se perceber o que é que Deus fala àquele(a) que lê. Não é mais uma leitura, mas uma ‘escuta’ da Palavra. “Fala, Senhor, teu servo escuta!”

Na Oratio/Oração, responde-se a Deus que antes falou. De acordo com o contexto, com a história pessoal de cada um naquele momento, deixa-se o co-ração derramar-se diante do Senhor. Se antes se escutou, agora responde-se a Deus. Pode ser uma súplica, ação de graças, petição, o que o coração mandar, enfim. É um diálogo com Deus e uma relação entre dois seres que se amam. A alma e Deus!

Na Contemplatio/Contemplação, já não há mais necessidade de pala-vras. O orante/leitor tomou contato com o texto escrito, ou até diante da natureza, de um fato da vida; leu, ou melhor, ‘escutou’ a Voz que fala em seu coração. Responde a essa Palavra, escrita ou não. E no último estágio, na Contemplação, cala-se, adora, entrega-se numa adoração muda e silenciosa.

Esquema para 2014

Quando Onde O que Quem

05 deMarço

ParóquiasCampanha daFraternidade

Grupos,movimentos epastorais

Quaresma ParóquiasFormação eLectio divinade Belém”

Pastorais egrupos juvenis

TempoPascal

Paróquias

Formação eLectio divina“Bem-aventuranças”

Pastorais egrupos juvenis

CorpusChristi

ParóquiasDia deencontro –festa da vida.

Trazendopresente asrealidadesnovasencontradas navida dascomunidades eparóquias,comespecialatenção aomundo juvenil

Julho eAgosto

ParóquiasFormação eLectio divina“Jerusalém”

Pastorais egrupos juvenis

Setembro ParóquiasOrganizargincanasbíblicas

Envolverjovens,adolescentes ecrianças dacatequese

Setembroe Outubro

ParóquiasFormação eLectio divina“Emaús”

Pastorais egrupos Juvenis

DNJ ArquidiocesePonto alto dacaminhadado ano

Todos (adultos,jovens,adolescentese crianças)

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31Arquidiocese de Passo Fundo

Sendo o ano dedicado à juventude, todas as paróquias e comunidades se sintam chamadas a acompanhar de modo especial os seus jovens, espe-cialmente nos momentos de encontros, formação e retiros. Só para citar al-guns: a Escola da Juventude, os diversos retiros do CLJ, Cursilho Jovem, RCC, Vicentinos, Onda, ect. Nossos jovens precisam de apoio afetivo e efetivo. Da mesma forma é preciso oferecer e motivar o estudo e aprofundamento do Youcat, o catecismo jovem da Igeja Católica.

2015

III. Cuidado com a vidaA SOLICITUDE SOCIAL da Igreja, que tem como fim um desenvolvimen-

to autêntico do homem e da sociedade, o qual respeite e promova a pessoa humana em todas as suas dimensões, manifestou-se sempre das mais diver-sas maneiras (Introdução SOLLICITUDO REI SOCIALIS). O rico magistério social da Igreja nos indica que não podemos conceber uma oferta de vida em Cristo sem um dinamismo de libertação integral, de humanização, de reconciliação e de inserção social (D Ap 359).

Quando Onde O que Quem

05 deMarço

ParóquiasCampanha daFraternidade

Grupos,movimentos epastorais

Quaresma ParóquiasFormação eLectio divinade Belém”

Pastorais egrupos juvenis

TempoPascal

Paróquias

Formação eLectio divina“Bem-aventuranças”

Pastorais egrupos juvenis

CorpusChristi

ParóquiasDia deencontro –festa da vida.

Trazendopresente asrealidadesnovasencontradas navida dascomunidades eparóquias,comespecialatenção aomundo juvenil

Julho eAgosto

ParóquiasFormação eLectio divina“Jerusalém”

Pastorais egrupos juvenis

Setembro ParóquiasOrganizargincanasbíblicas

Envolverjovens,adolescentes ecrianças dacatequese

Setembroe Outubro

ParóquiasFormação eLectio divina“Emaús”

Pastorais egrupos Juvenis

DNJ ArquidiocesePonto alto dacaminhadado ano

Todos (adultos,jovens,adolescentese crianças)

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“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), resume a missão de Jesus e, por extensão, também a missão da Igreja (D Ap 436). Isso exige de todo cristão assumir atitudes não apenas no que se refere ao anúncio do imprescindível valor da vida, mas também através de práticas, que ajudem a vida a desabrochar e florescer, em toda a sua pleni-tude. Em meio a um mundo marcado por tantos sinais de morte e inúmeras formas de exclusão, “a Igreja, em todos os seus grupos, movimentos e asso-ciações, animados por uma Pastoral Social estruturada, orgânica e integral” (D Ap 401), tem a importante missão de defender, cuidar e promover a vida, em todas as suas expressões (D Ap 402).

O serviço à vida começa pelo respeito à dignidade da pessoa humana, através de iniciativas como, (a) defender e promover a dignidade da vida hu-mana em todas as etapas da existência, desde a fecundação até a morte na-tural; (b) tratar o ser humano como fim e não como meio, respeitando-o em tudo que lhe é próprio: corpo, espírito e liberdade; (c) tratar todo ser humano sem preconceito nem discriminação, acolhendo, perdoando, recuperando a vida e a liberdade de cada pessoa, tendo presente as condições materiais, contextos históricos, sociais e culturais em que cada pessoa vive (DGAE 100).

Outro importante campo de ação, hoje, é educar para a preservação da natureza e o cuidado com a ecologia humana, através de atitudes que res-peitem a biodiversidade e de ações que zelem pelo meio ambiente (Cf CV48-49-Caritas in Veritate).

A Igreja, continuadora da obra de Cristo, dedica-se à promoção da jus-tiça e da paz (GS 3), tendo como critério o bem comum (CV 7), e a evangélica opção preferencial pelos pobres (DGAE, p 7). Para isso, a Igreja deve orga-nizar-se e proporcionar meios eficazes para que os fiéis leigos realizem no mundo a ação que lhes é própria (DCE 29 e Christi fideles Laici - ChL 42). A Doutrina Social da Igreja deve ser conhecida e divulgada, para que, posta em prática, diminuam as desigualdades sociais e econômicas (D Ap 395). A cari-dade cristã deve promover a vida humana em todas as suas modalidades e defendê-la sempre, baseada no fundamento sólido e inviolável dos direitos humanos (DGAE 85).

1. Proposta de formação - revisitar o Ensino Social da Igreja

A Doutrina Social da Igreja (DSI) tem por finalidade fixar princípios, critérios e diretrizes gerais a respeito da organização social e política dos povos e das nações. É um convite a ação. Tem como finalidade, “levar os

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33Arquidiocese de Passo Fundo

homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena” (DSI 1).

Pela relevância pública do Evangelho e da fé e pelos efeitos perversos da injustiça, vale dizer, do pecado, a Igreja não pode ficar indiferente às vicis-situdes sociais: Compete à Igreja anunciar sempre e por toda a parte os prin-cípios morais, mesmo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qualquer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamentais da pessoa humana ou a salvação das almas (DSI 71).

A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e, sobretudo, com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanida-de inteira. O amor caritas é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem a sua origem em Deus, Amor eterno e Verdade absoluta. Cada um encontra o bem próprio, aderindo ao projeto que Deus tem para ele a fim de realizá-lo plenamente. Com efeito, é em tal projeto que encontra a verdade sobre si mesmo e, aderindo a ela, torna-se livre (cf. Jo 8, 32). Por isso, defender a verdade, propô-la com humildade e convicção e tes-temunhá-la na vida são formas exigentes e imprescindíveis de caridade. Em Cristo, a caridade na verdade torna-se o Rosto da sua Pessoa, uma vocação a nós dirigida para amarmos os nossos irmãos na verdade do seu projeto. De fato, Ele mesmo é a Verdade (cf. Jo 14, 6) (CV Introdução 1).

A caridade é a via mestra da Doutrina Social da Igreja. As diversas responsabilidades e compromissos por ela delineados derivam da carida-de, que é, como ensinou Jesus, a síntese de toda a Lei (cf. Mt 22, 36-40). A caridade dá verdadeira substância à relação pessoal com Deus e com o próximo, é o princípio não só das micro relações estabelecidas entre ami-gos, na família, no pequeno grupo, mas também das macro relações, como relacionamentos sociais, econômicos, políticos. Para a Igreja, instruída pelo Evangelho, a caridade é tudo porque, como ensina S. João (cf. 1 Jo 4, 8.16) e como diz a primeira carta encíclica, “Deus é caridade” (Deus caritas est): da caridade de Deus tudo provém, por ela tudo toma forma, para ela tudo tende. A caridade é o dom maior que Deus concedeu aos homens, é sua promessa e nossa esperança (CV Introdução 2).

A Constituição dogmática Dei Verbum sintetizara este fato dizendo que «Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo (cf. Jo 1, 3),

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34 16º Plano de Evangelização

oferece aos homens um testemunho perene de Si mesmo na criação (25). Deste modo, a realidade nasce da Palavra, como creatura Verbi, e tudo é chamado a servir a Palavra.

2. Produção de subsídios

Cuidar da vida, no sentido da justiça social, dos direitos humanos, da caridade ativa, da vida planetária como um todo, é uma missão para comunicar vida. De fato, os que desfrutam da vida são os que deixam da margem à segurança e se apaixonam pela missão de comunicar vida aos demais. O Evangelho nos ajuda a descobrir o cuidado da própria vida e da vida dos demais: “... a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isso é definitivamente a missão” (D Ap 360).

“... as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignora-dos em sua miséria e dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os cristãos a maior compromisso a favor da cultura da vida. Se pretendemos fechar os olhos diante dessas realidades, não somos defensores da vida do Reino e nos situamos no caminho da morte. É necessário sublinhar a inseparável relação entre o amor a Deus e o amor ao próximo que, convida todos a suprimir as graves desigualdades sociais e as enormes diferenças no acesso aos bens” (D Ap 358). Descobrimos, dessa forma, uma profunda lei da realidade: a vida só se desenvolve plenamente na comunhão fraterna e justa. Porque “Deus, em Cristo, não redime só a pessoa individual, mas também as relações sociais entre os seres humanos” (D Ap 359).

Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num po-deroso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pente-costes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambien-te; esperamos uma vinda do Espírito Santo que renove nossa alegria e nossa esperança. Para isso é imperioso assegurar encontros de formação, com temas próprios para o ano de 2015, o “cuidado com a vida”, bem como espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor incontido e tornem possível um atraente testemunho de unidade “para que o mundo creia” (D Ap 362).

Assim, é de suma importância que no decorrer deste ano de 2015, cada paróquia organize quatro encontros de formação, nos grupos, serviços pas-torais, movimentos, tendo sempre presente o cuidado da vida do povo de Deus, em todas as suas realidades.

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35Arquidiocese de Passo Fundo

Temas para os encontros nos grupos

1. Cuidar da vida com olhar para Justiça social – Mate Et Magistra 2. Cuidar da vida com olhar para os Direitos Humanos - Compêndio da DSI 3. Cuidar da vida com olhar para a Caridade Ativa - Cáritas In Veritates ou

Deus Cáritas Est 4. Cuidar da vida com olhar para o mundo – Gaudium Et Spes

3. Romaria da terra

As romarias da terra são eventos que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) promove no Brasil inteiro para animação da caminhada de fé e de luta das comunidades cristãs, tematizando questões sociais e ecológicas vividas pelos participantes, à luz da Palavra de Deus e da prática de companheiros e companheiras de caminhada.

Estas romarias se revestem de um caráter religioso, litúrgico e social-político, associando Fé, vida e compromisso cristão. A fé em Deus Trindade, fonte da vida e da libertação, é a motivação fundamental das romarias. É uma cami-nhada de Deus e para Deus. A Romaria da Terra é festa do povo a caminho, rosto da igreja peregrina. Elas são um mutirão de mobilização, reflexão, di-namização e um processo místico, que semeia e fecunda o Reino de Deus, é uma profecia. Há a denúncia da realidade injusta e desigual do mundo, mas ao mesmo tempo, visualiza os sinais de cooperação e de solidariedade nas práticas sociais, anunciando a utopia (Voz da Terra, setembro/12).

A partir da história das romarias da terra que já aconteceram no Rio Grande do Sul, da caminhada e dos desafios que nossa Arquidiocese vai enfrentar, queremos, como povo de Deus, acolher, em Passo Fundo, a 38ª Romaria da Terra, cujo tema somos convidados a pensarmos, desde já, com carinho, o que é importante ser refletido e aprofundado, para que a transfor-mação aconteça. Somos convidados, como Arquidiocese, juntamente com a CPT-RS, com muita alegria e ternura e, em comunhão com a Igreja do Rio Grande do Sul, fazer acontecer este evento evangelizador aqui, da forma mais comprometida. Nós podemos fazer deste momento da Romaria da Ter-ra, em 2015, uma ideia, uma chama acesa, onde todas as pessoas tem que se debruçar, com boa vontade e, como dizem os jovens, metendo a mão na massa, mas sem medo...

Vamos juntos preparar as nossas paróquias, comunidades, pastorais, mo-vimentos e participemos desse processo, como construtores do Reino de Deus.

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4. Cáritas

A palavra é de origem latina. Cáritas significa “caridade/amor”. Inspirada na afirmação de São Paulo, “Caritas Christus urget nos!”, em português: “O amor de Cristo nos impulsiona”. A Cáritas foi oficializada pela Igreja, em 1951 e no Brasil foi fundada por Dom Hélder Câmara, em 1956. Atua em 12 regionais, através de 168 en-tidades-membro (Cáritas Diocesanas/Arquidiocesanas). Na Arquidiocese de Passo Fundo, ela iniciou suas atividades em fevereiro de 1962, embora tenha sido oficia-lizada apenas 10 anos depois, em 21 de fevereiro de 1972, por Dom Cláudio Colling.

A rede Cáritas, representada com excelência na ação de cada uma de suas entidades membro, vai muito além daquilo que podemos ver. A cons-trução de uma sociedade justa e igualitária depende da ação de cada agente, através da valorização da união, cooperação e voluntariado (Diretrizes Per-manentes na atuação da entidade).

Atualmente, em Passo Fundo, a entidade se organiza por meio de três priori-dades e dez programas de ação. As prioridades são: (1) Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável. (2) De-fesa e promoção de direitos, mobilizações e controle social das políticas pública. (3) Organização e fortalecimento da Rede Cáritas (www.caritaspf.com.br).

Entre os principais objetivos e prioridades que norteiam a atuação da entidade, na Arquidiocese de Passo Fundo, estão a promoção de uma econo-mia solidária e inclusiva; a valorização e fortalecimento na organização das mulheres na participação social; o incentivo a hábitos alimentares saudáveis; a formação de uma consciência social voltada a questão ambiental; a promoção de ações concretas que estimulem a partilha e a solidariedade, a fim de superar situações emergenciais; a promoção de espaços de crescimento e apoio às crianças, adolescentes e jovens; a busca efetiva da garantia de políticas públi-cas; a provocação da sociedade na busca de soluções aos problemas sociais; a busca e incentivo ao voluntariado e as equipes paroquiais de Cáritas.

Já dizia Dom Helder Câmara, fundador da Cáritas no Brasil: “A melhor maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar”. Para nós, fica a missão de permanecer lutando pelo direito e pelo desenvolvimen-to de cada cidadão (www.caritaspf.com.br).

5. Fundo de Solidariedade da Arquidiocese de Passo Fundo

O Fundo Arquidiocesano de Solidariedade segundo Dom Pedro Ercílio Simon, Arcebispo emérito de Passo Fundo, “tem como objetivo educar para

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37Arquidiocese de Passo Fundo

a solidariedade, já que está ligado à Campanha da Fraternidade. É um espaço onde as pessoas podem ver a solidariedade acontecer”. Dom Ercílio expli-ca ainda a importância deste apoio aos grupos e iniciativas comunitárias: “O Fundo de Solidariedade apoia esses projetos que, na maioria das vezes, são de grupos pequenos e que, possivelmente, não teriam outro meio de aconte-cer senão através da solidariedade da comunidade de nossa Arquidiocese”.

O Fundo de Solidariedade da Arquidiocese de Passo Fundo beneficia em torno de 12 projetos por ano nas áreas de educação e formação para a solidariedade, geração de renda, saúde alternativa e preventiva, resgate da dignidade humana, população em situação de exclusão e meio ambiente e reciclagem.

“... O centro da vida cristã é a caridade, o amor-doação, o amor que vem de Deus (Rom 5,5), o mais alto dos dons (1cor 12,31). Toda a atividade da Igreja é a manifestação de um amor que procura o bem integral do ser huma-no” e, é o melhor testemunho do Deus em quem acreditamos. O amor cristão tem duas faces inseparáveis: faz brotar e crescer a comunhão fraterna entre os que acolheram a Palavra do Evangelho e leva ao serviço a todos, particu-larmente aos mais pobres (D Ap 129 c).

6. Comunidades irmãs

No Novo Testamento, não se encontra a expressão comuidades irmãs como tal. Encontram-se, todavia, numerosas indicações que exprimem as re-lações de fraternidade existentes entre as Igrejas locais da antiguidade. A passagem do Novo Testamento que de forma mais explícita reflete uma tal consciência é a frase final de 2 Jo 13: “Saúdam-te os filhos da tua irmã dileta”. São saudações que uma comunidade eclesial envia a outra. A comunidade que as envia chama-se a si mesma irmã da outra (Congregação para a Doutrina da Fé, nota sobre a expressão: Igrejas Irmãs, nº 2)

O Concílio Vaticano II emprega a expressão igrejas irmãs para qualificar as relações fraternas das Igrejas particulares entre si: “No Oriente existem mui-tas Igrejas particulares ou locais, entre as quais têm o primeiro lugar as Igre-jas patriarcais, e muitas destas se gloriam de terem sido estabelecidas pelos próprios Apóstolos. Por isso, entre os orientais sempre foi grande, e continua a sê-lo, o cuidado e a preocupação de conservar, na comunhão da fé e da cari-dade, aquelas fraternas relações, que, como entre irmãos, devem existir entre as Igrejas locais” (Decr. Unitatis redintegratio, nº 14). Assim, o significado do termo Igreja Irmã pode ser entendido como Comunidades Irmãs.

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38 16º Plano de Evangelização

Em meio a um mundo marcado por tantos sinais de morte e inúmeras formas de exclusão, a Igreja, em todos os seus grupos, movimentos e asso-ciações, animados por uma Pastoral Social estruturada, orgânica e integral, tem a importante missão de defender, cuidar e promover a vida, em todas as suas expressões.

Constata-se, nesta mudança de época, uma forte tendência ao indivi-dualismo, percebe-se igualmente a busca por vida comunitária. Esta busca nos recorda como é importante a vida em fraternidade. Mostra também, que o Espírito Santo acompanha a humanidade suscitando, em meio às transfor-mações da história, a sede por união e solidariedade. Além das comunidades territorialmente estabelecidas, nos deparamos com comunidades transterri-toriais, ambientais e afetivas (DGAE 56).

Assim, é proposta do 16º Plano de Evangelização, um Projeto Arqui-diocesano de Fraternidade e Solidariedade entre Comunidades irmãs, pois sem vida em comunidade, não há como efetivamente viver a proposta cristã, o Reino de Deus. Nesta perspectiva, em nossa Arquidiocese exis-tem comunidades bem estruturadas, bem servidas economicamente e com espaços físicos para encontros, festas e outros. Em contrapartida, há muitas comunidades que necessitam de ajuda para ampliar e responder as exigências da evangelização.

Quando Onde O que Quem

17 deFevereiro

DavidCanabarro

Romaria daTerra

Arquidiocesee todo povode Deus

MarçoCasa deRetiros

ConselhoArquidiocesanode Pastoral

Áreas,paróquias,representantes

Abril Paróquias

1º EncontroCuidar da vida:olhar paraJustiça Social

Grupos,pastorais,movimentos...

Maio Paróquias

2º EncontroCuidar da vida:olhar para osDireitosHumanos

Grupos,pastorais,movimentos

Junho Paróquias

3º EncontroCuidar da vida:olhar paraCaridade Ativa

Grupos,pastorais,movimentos

Julho Paróquias

4º EncontroCuidar da vida:olhar paraPlaneta/Natureza

Grupos,pastorais,movimentos

AgostoCasa deRetiros

2º ConselhoArquidiocesanode Pastoral

Áreas,paróquias,representantes

Setembro ParóquiasAvaliação do16º Plano nasparóquias

Grupos,pastorais,movimentos

Outubro SantuárioArquidiocesano

VisitaMissionária eparticipaçãona Romaria

Arquidiocesee todo povode Deus

NovembroCasa deRetiros

Assembleia deAvaliação ePlanejamento

Áreas,paróquias,representantes

Dezembro ParóquiasPreparação eceleb do Natal/Confraternização

Grupos,pastorais emovimentos

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Quando Onde O que Quem

17 deFevereiro

DavidCanabarro

Romaria daTerra

Arquidiocesee todo povode Deus

MarçoCasa deRetiros

ConselhoArquidiocesanode Pastoral

Áreas,paróquias,representantes

Abril Paróquias

1º EncontroCuidar da vida:olhar paraJustiça Social

Grupos,pastorais,movimentos...

Maio Paróquias

2º EncontroCuidar da vida:olhar para osDireitosHumanos

Grupos,pastorais,movimentos

Junho Paróquias

3º EncontroCuidar da vida:olhar paraCaridade Ativa

Grupos,pastorais,movimentos

Julho Paróquias

4º EncontroCuidar da vida:olhar paraPlaneta/Natureza

Grupos,pastorais,movimentos

AgostoCasa deRetiros

2º ConselhoArquidiocesanode Pastoral

Áreas,paróquias,representantes

Setembro ParóquiasAvaliação do16º Plano nasparóquias

Grupos,pastorais,movimentos

Outubro SantuárioArquidiocesano

VisitaMissionária eparticipaçãona Romaria

Arquidiocesee todo povode Deus

NovembroCasa deRetiros

Assembleia deAvaliação ePlanejamento

Áreas,paróquias,representantes

Dezembro ParóquiasPreparação eceleb do Natal/Confraternização

Grupos,pastorais emovimentos

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Conclusão

As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015) apontam cinco urgências pastorais que devem guiar a caminhada da Igre-ja no país durante o próximo quadriênio. Urgência implica algo que não pode esperar mais, que tem de ser feito imediatamente. Nossas paró-quias não podem se reduzir a instâncias prestadoras de serviço, como se fossem qualquer outra instituição. As urgências devem ser assumidas por todos, no seu conjunto.

1 - Igreja em estado permanente de missão. Todas as formas de violên-cia e exclusão revelam o distanciamento de Jesus e do Reino.

2 - Igreja, casa da iniciação à vida cristã. O processo permanente de iniciação apresenta uma série de exigências para a evangelização: acolhida, diálogo, partilha, familiaridade com a Palavra e a vida em comunidade.

3 - Igreja, lugar de animação bíblica da vida e da pastoral. Vinculado a Iniciação à vida cristã o atual momento convida o discípulo missio-nário a redescobrir o contato pessoal e comunitário com a Palavra de Deus, lugar privilegiado do encontro com Jesus.

4 - Igreja, comunidade de comunidades. Paróquia: tornar-se comunida-de de comunidades.

5 - Igreja a serviço da vida plena para todos. É promovendo a cultura da Vida que o discípulo testemunha verdadeiramente sua fé.

Fazei coisas belas, mas, sobretudo, tornai as vossas vidas lugares de Beleza. Bento XVI em Portugal para o mundo da cultura

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