14 atividade espiritual no centro espírita

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ATIVIDADE ESPIRITUAL NO CENTRO ESPÍRITA“A causa espírita é o fim, a Casa espírita é o meio”.

A primeira sociedade regularmente constituída sob a égide da Doutrina Espírita foi a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec em 1º. de abril de 1858.Eis alguns aspectos que constavam em seu regulamento:

CAPÍTULO I - Objetivo e Formação da Sociedade

Artigo 1 - A Sociedade tem por objetivo o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações, e sua aplicação às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas. As questões políticas, de controvérsia religiosa e de economia social, nela são interditas.

Artigo 3 - A Sociedade não admite senão pessoas que simpatizam com seus princípios e o objetivo de seus trabalhos; as que já estão iniciadas nos princípios fundamentais da ciência espírita, ou que estejam seriamente animadas do desejo de se instruírem. Em consequência, exclui todos aqueles que poderiam suscitar elementos de perturbação no seio das reuniões, seja por um espírito de hostilidade e de oposição sistemática, seja por qualquer outra causa, fazendo, assim, perder o tempo em discussões inúteis.

Todos os membros se devem, reciprocamente, benevolência e bom proceder; devem, em todas as circunstâncias, colocar o bem geral acima das questões pessoais e de amor próprio.

(O Livro dos Médiuns, Allan Kardec)CONCEITO:-- Um Centro Espírita é uma entidade filantrópica que desenvolve suas atividades com base na Doutrina Espírita, codificada nas obras básicas de Allan Kardec. A Doutrina Espírita não é a mesma coisa que o Espiritualismo, porém está dentro deste, e o princípio do Espiritualismo é encontrado em várias das doutrinas/religiões que crêem na reencarnação, no espírito além da matéria etc. Portanto, é uma doutrina diferente da aplicada em outras filosofias e religiões, tais como a Umbanda e o Candomblé. É importante entender a diferença entre Espiritismo e Espiritualismo. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_esp%C3%ADrita)-- O Centro Espírita é a célula de disseminação do Espiritismo e de congraçamento de seus adeptos, onde se toma contato com a mensagem renovadora do Consolador. (1)-- É também um posto de socorro material e espiritual. Seu trabalho no campo assistencial tem por base o lema: "Fora da caridade não há salvação". (1)

FINALIDADES E DEVERES DO CENTRO ESPÍRITA:-- Operar a propagação do Espiritismo para a renovação do homem. É um núcleo de estudo, fraternidade, oração e trabalho, com base no Evangelho de Jesus interpretado à luz da doutrina espírita. (1)-- Em mensagem dada através do médium Frederico Júnior, Kardec realça três itens da ação espírita a ser desenvolvida pelos centros espíritas: a unificação, a escola de médiuns e a caridade. (1)-- Cabe ao Centro Espírita participar efetivamente do movimento de unificação, conjugar esforços e somar experiências com as demais entidades locais e regionais do movimento. Nele, ninguém tem o poder de impor sua vontade aos outros. O Centro Espírita fechado em si mesmo não tem meios de evoluir, pela ausência de troca de ideias, experiências e interação.. (1)-- É da essência do Espiritismo e, por isso, do Centro Espírita combater o materialismo e o egoísmo, divulgando o Espiritismo através do livro e de todos os meios de comunicação disponíveis. O papel do Centro Espírita é colocar a Doutrina ao alcance do homem na intimidade da família ou nos segmentos sociais em que vive e milita. (1)-- O Centro deve caracterizar-se pela simplicidade própria das primeiras casas do Cristianismo nascente, sem imagens, rituais, símbolos, vestes religiosas, sacramentos ou manifestações exteriores, como velórios, casamentos e batizados. (1)-- A direção do Centro deve ser democrática. Não há mais lugar no meio espírita para o dirigente autocrata, que se julga dono da instituição e se escuda nos Espíritos para justificar suas ideias. A direção liderada, com a cooperação do grupo, pela competência, paciência, tolerância e honestidade de propósitos, é a que mais se coaduna com os fundamentos da Doutrina Espírita. (1)-- "É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios" (Bezerra de Menezes por Chico Xavier, "Reformador"- dez/75).-- O Centro Espírita dispõe de recursos suficientes para dar atendimento aos que o procuram com problemas psicofísicos: a prece, o passe, a água magnetizada, a desobsessão, além da imprescindível orientação evangélico-doutrinária. Não se deve, portanto, reforçar estes tratamentos com outras terapias alternativas como TVP (terapia de vidas passadas), cromoterapia, cristal terapia, pirâmides, etc, por não estarem de acordo com as utilizadas pela Doutrina Espírita. (1)

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-- A Casa Espírita deverá passar a ser vista como um ponto convergente de toda a família espírita, e não como um local de “obrigações” religiosas, mas um local agradável e disponível. (3)-- Através dele são divulgados os ensinamentos da Doutrina. Estes ensinamentos, transformando o homem, transformarão o grupo social, atingindo a toda humanidade. (6)-- Não se aceita, pois, nos dias atuais um Centro Espírita estanque, fechado em suas quatro paredes, a que Leopoldo Machado chamava Espiritismo de "mortos", quando propugnou fizéssemos o Espiritismo de "vivos". (1)

Nota: Leopoldo Machado Barbosa (1891-1957) Realizou a primeira Festa Nacional do Livro Espírita e foi o idealizador das chamadas mocidades espíritas, que visavam estimular a participação e a formação dos jovens no movimento espírita. Promoveu o I Congresso de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil. (2)

TRABALHADORES:-- Não diga: “como a tarefa não é minha, nada tenho com isso”. Se alguém, escalado como responsável, não fez, por que você não pode fazer, a título de auxílio e contribuição? Antes de julgar as razões da falha do outro, julgamento que na verdade pertence a Deus, devemos estar sempre prontos a auxiliar, não esperando recompensas e nem fazendo cobranças. (3)-- No Centro, não raras vezes, encontram-se inimizades do passado que, agora se reencontram para um trabalho de reabilitação.-- Nosso papel na Casa Espírita é de colocarmos em prática os princípios doutrinários e não o de nos perdermos em meio a burocracias, às vezes desnecessárias, que podem levar a estagnação.

DEFINIÇÃO POR BEZERRA DE MENEZES: ( Dramas da Obsessão, por Yvonne A. Pereira - 3ª.parte)-- “As vibrações disseminadas pelos ambientes de um Centro Espírita, pelos cuidados dos seus tutelares invisíveis; os fluidos úteis, necessários aos variados quão delicados trabalhos que ali se devem processar, desde a cura de enfermos até a conversão de entidades desencarnadas sofredoras e até mesmo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são elementos essenciais, mesmo indispensáveis a certa série de exposições movidas pelos obreiros da Imortalidade a serviço da Terceira Revelação. Essas vibrações, esses fluidos especializados, muito sutis e sensíveis, hão de conservarem-se imaculados, portando, intactas, as virtudes que lhe são naturais e indispensáveis ao desenrolar dos trabalhos, porque, assim não sendo, se mesclarão de impurezas prejudiciais aos mesmos trabalhos, por anularem as suas profundas possibilidades. Daí porque a Espiritualidade esclarecida recomenda, aos adeptos da Grande Doutrina, o máximo respeito nas assembleias espíritas, onde jamais deverão penetrar a frivolidade e a inconsequência, a maledicência e a intriga, o mercantilismo e o mundanismo, o ruído e as atitudes menos graves, visto que estas são manifestações inferiores do caráter e da inconsequência humana, cujo magnetismo, para tais assembleias e, portanto, para a agremiação que tais coisas permitem, atrairá bandos de entidades hostis e malfeitoras do invisível, que virão a influir nos trabalhos posteriores, a tal ponto que poderão adulterá-los ou impossibilitá-los, uma vez que tais ambientes se tornarão incompatíveis com a Espiritualidade iluminada e benfazeja.”

“Um Centro Espírita onde as vibrações dos seus frequentadores, encarnados ou desencarnados, irradiem de mentes respeitosas, de corações fervorosos, de aspirações elevadas; onde a palavra emitida jamais se desloque para futilidades e depreciações; onde, em vez do gargalhar divertido, se pratique a prece; em vez do estrépito de aclamações e louvores indébitos se emitam forças telepáticas à procura de inspirações felizes; e ainda onde, em vez de cerimônias ou passa-tempos mundanos, cogite o adepto da comunhão mental com os seus mortos amados ou os seus guias espirituais, um Centro assim, fiel observador dos dispositivos recomendados de início pelos organizadores da filosofia espírita, será detentor da confiança da Espiritualidade esclarecida, a qual o elevará à dependência de organizações modelares do Espaço, realizando-se então, em seus recintos, sublimes empreendimentos, que honrarão os seus dirigentes dos dois planos da Vida. Somente esses, portanto, serão registados no Além-Túmulo como casas beneficentes, ou templos do Amor e da Fraternidade, abalizados para as melindrosas experiências espíritas, porque os demais, ou seja, aqueles que se desviam para normas ou práticas extravagantes ou inapropriadas serão, no Espaço, considerados meros clubes onde se aglomeram aprendizes do Espiritismo em horas de lazer.”

ESTUDOS:-- O estudo sistematizado é excelente instrumento de formação de recursos humanos necessários à Casa.-- Os três aspectos do Espiritismo, ciência, filosofia e religião, devem ser objeto de estudo no Centro Espírita, mas o aspecto religioso assume um papel primacial. (1)

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ALGUMAS DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES:-- atendimento fraterno - reuniões públicas - grupos de estudo - livraria - biblioteca - encontro de trabalhadores - evangelização (infância e juventude) - atendimento à família - trabalhos de desobsessão - passes - assistência material aos que precisam (assist. social) - serviços administrativos.

PERGUNTAS: (retiradas de uma entrevista virtual)a) Poderíamos considerar o Centro Espírita como sendo mais um Hospital do que um educandário para o Espírito imortal? Nara Coelho = Não. O Centro Espírita é muito mais um educandário, onde o educando corrige seus defeitos e, desta maneira, cura suas enfermidades. (t) b) Wilson Garcia, em seu livro O Centro Espírita, nos diz que o centro espírita é um lugar onde devemos questionar. Qual a opinião da palestrante em relação a isto? Nara Coelho = Concordo. Devemos sempre questionar sobre o que não entendemos ou não concordamos. Kardec nos diz que devemos passar todos os ensinamentos recebidos pelo crivo da nossa razão e só então, uma vez compreendidos, aceitá-los. c) Quando comecei a frequentar a casa espírita, muitas vezes me chocava a percepção da diferença entre o verbo e a ação. Na realidade, acho que não conseguia fazer a devida separação entre o espírita e a Doutrina Espírita. Você poderia falar um pouco sobre isso? Nara Coelho = Realmente aí está o X da questão. Ser espírita em um Centro é muito fácil. Temos que unir a palavra à ação em todos os setores de nossa vida. Aos espíritas cabe essa responsabilidade para que não prejudiquemos o Espiritismo, como já o fizemos ao Cristianismo. Que nós exijamos de nós mesmos um comportamento espírita com extrema lealdade a Kardec. Mas uma coisa é certa, jamais devemos ser coniventes com a mentira, com a deslealdade com tudo que possa macular o Espiritismo. Já se passou o tempo do espírita "bonzinho", que deixava o mal crescer em torno dele por temer assumir uma postura contrária muitas vezes à maioria. Jamais haverá a cristianização do mundo sem a cristianização de nós mesmos. E sabemos que o Espiritismo é o cristianismo redivivo. E, como nos ensina Emmanuel, "cristianismo significa Cristo e nós". Eis a nossa responsabilidade. (4)

Nota: Nara Salomão de Campos Coelho, autora espírita mineira.

DIFERENÇA ENTRE DOUTRINA E MOVIMENTO ESPÍRITA: A Doutrina Espírita se compõe de um conjunto de conhecimentos científicos, filosóficos e morais, além de uma estrutura metodológica. Tem por base o estudo do Espírito e sua comunicação com o homem. Já o movimento espírita é o conjunto de ações e interações humanas vinculadas à Doutrina. Desenvolve-se através de atividades realizadas pelos Centros Espíritas, pelo movimento de unificação, pelas editoras, pelas instituições assistenciais etc. Embora diferentes entre si, a Doutrina Espírita e o Movimento Espírita estão interligados pelo espírita. É o espírita quem promove o movimento espírita, a partir do seu entendimento da Doutrina Espírita. (5)

Júlio César EvadroPESQUISA:( 1 ) www.oconsolador.com.br( 2 ) http://pt.wikipedia.org/wiki/Leopoldo_Machado( 3 ) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/movimento/a-humanizacao-do-centro.html( 4 ) http://www.espirito.org.br/portal/palestras/irc-espiritismo/palestras-virtuais/pv091101.html( 5 ) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/mocidade/o-centro-uma-escola.html( 6 ) http://www.br25.com/luzespirita/esde1983/rot09_1.htm

Sociedade Beneficente Espírita Bezerra de Menezes - Porto Alegre / RS

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TRECHOS DA PALESTRA DE DIVALDO P. FRANCO NO III ENC. EST. ESPÍRITA DO INTERIOR DO PARANÁ:

“Joanna de Ângelis, fazendo uma análise da nossa Casa, o Centro Espírita Caminho da Redenção, propôs-nos novas diretrizes para o Centro Espírita onde mourejamos. Apresentou-as em três verbos: ESPIRITIZAR, QUALIFICAR, HUMANIZAR.

Pode parecer um absurdo “espiritizar” o Centro Espírita e um tanto paradoxal. No entanto, há Centro Espírita que só tem o rótulo, mas não tem espiritismo. Vamos por partes, porque é muito delicado.

Fui convidado a proferir uma conferência em um Centro Espírita no sul do país. Fui postergando por um período de seis a oito anos, por falta de tempo, até que o presidente insistiu tanto que fiquei constrangido e dei um jeito.

Disse-lhe, na carta: “mande-me as datas que lhe são ideais e eu escolherei aquela compatível com minha programação.” Estabelecemos a data e por seis meses correspondemo-nos.

No dia marcado cheguei à cidade e fui a uma bela instituição. Quando cheguei à porta, fui recebido por uma comissão muito gentil e estabeleceu-se o seguinte diálogo:

- Senhor Divaldo, o presidente pede desculpas por não ter podido vir receber o Senhor. - É muito natural, não há problema. - Aqui está o vice-presidente, o secretário, o tesoureiro, e nós desejamos recebê-lo, porque o nosso

presidente está no prédio vizinho fazendo cromoterapia. - Eu não sabia que ele era cromoterapeuta!. Ele é profissional, naturalmente? - Não! Ele é espírita, responderam-me. - Deixe-me ver: ele é o presidente do Centro e é o presidente da cromoterapia? Ele me convidou

para vir aqui durante oito anos. Marcou a data e foi fazer a cromoterapia! - É porque a cromoterapia é muito importante. Está salvando milhares de vida. - Que graça! Eu sempre pensei que o Espiritismo está salvando milhões de vidas.

Será esta a imagem de um Centro Espírita? Em absoluto. O Centro Espírita não tem que se envolver com nenhuma terapia alternativa. É até um desrespeito, porque o cromoterapeuta é alguém que estudou. Ele tem sua clínica e o Centro Espírita não se pode transformar numa clínica alternativa. É lugar de transformação moral do indivíduo, onde se viaja ao cerne do problema para arrancá-lo. Se transformarmos um Centro Espírita em uma clínica, para lá vão pessoas aturdidas. Qualquer coisa esdrúxula que anunciemos no jornal haverá uma massa incontável que adere por necessidade de pedir socorro. Então, Joanna de Ângelis manda ESPIRITIZAR.

Tenho ouvido oradores em casas Espíritas apresentarem temas maravilhosos, mas que não são nada espíritas. Temas que podem narrar no Rotary, na Maçonaria, no Lions, numa reunião social. Na Casa Espírita pode-se abordar qualquer tema, à luz do Espiritismo. Fazer as conotações espíritas.

Se aconteceu uma tragédia na cidade vamos examiná-la, à luz do Espiritismo. Está no momento da clonagem. Vamos falar sobre clonagem, à luz da Doutrina Espírita. Está nos noticiários a corrupção. Vamos falar sobre a corrupção e a terapia Espírita.

Infelizmente não está ocorrendo isso. Convida-se, às vezes, oradores admiráveis, fascinantes, porém, totalmente deslocados. Na Casa Espírita vão as pessoas atormentadas, buscando consolação, com a alma despedaçada pela morte de seres queridos e, se ouvem uma coisa que nada tem a ver com a proposta da Doutrina Espírita, saem desoladas. Agindo assim, estaremos fraudando a proposta do Espiritismo.

Temos visto congressos espíritas - não é crítica, é análise – em que se aborda Terapia pela dança. É uma maravilha. Mas não num congresso espírita. Vamos fazer isso num congresso de Yoga, que respeitamos muito, ou num congresso de psicoterapia e então coloquemos música, metais, cristais, mas não num congresso espírita.

Ah! É porque nossos irmãos estão doentes, justificam. Nesse caso, falemos das causas das doenças. Das causas anteriores das aflições. Das causas atuais das aflições.

A terapia da dança podemos encontrar em qualquer setor do mundo social, respeitável e nobre. Mas quando vamos à Casa Espírita, esperamos encontrar a proposta espírita.

O Centro Espírita tem que ser o lugar de Doutrina Espírita. Daí o Centro Espírita tem que ser espiritizado. É a proposta de Joanna de Ângelis.

Vivemos hoje a época da qualidade total. Nós, às vezes, vamos à Casa Espírita com nossos hábitos ancestrais, o que é natural. Mas o fato de lá entrarmos não muda nossa existência. Levamos a nossa qualificação muitas vezes empírica, singela, e vamos exercer certas funções para as quais não estamos qualificados. Vemos, por exemplo, um literato, que não entende absolutamente de contabilidade, sendo o tesoureiro do Centro. Vamos ver o indivíduo aplicando a terapia dos passes, mas que, de maneira nenhuma se preparou para isso. Vamos ver no atendimento fraterno uma pessoa que tem muito bom coração, mas não tem o menor tato psicológico.

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Temos que qualificar-nos. O que é qualificar? É adquirir características essenciais, típicas das finalidades que vamos exercer na vida prática.

Se eu, por exemplo, quero dedicar-me ao atendimento fraterno, devo fazer um curso. Por isso, os Centros Espíritas devem estarem vinculados ao chamado movimento organizado, porque as nossas Casas Federativas dispõem de equipes para nos esclarecer, para nos informar, para ministrar cursos.

Muitas pessoas confundem qualificação com elitismo. E as pessoas dizem: “está elitizando!”. Minha mãe era analfabeta e eu dialogava com ela. Qualificamo-la. Ela tornou-se uma excelente bordadeira, uma excelente cozinheira. Conheço tanta gente instruída que não sabe enfiar a linha na agulha e que não sabe pregar um botão.

Daí, meus amigos, qualificar não é elitizar, não é intelectualizar. É equipar de recursos para fazer bem aquilo que gostaria de fazer. Evitar o aventureirismo.

HUMANIZAR - Humanizar é fazer com que nós, de vez em quando, tornemos à nossa simplicidade, ao nosso bom humor, ao nosso lado humano. A vida nos impõe rotinas e, quando menos esperamos, estamos fazendo aquilo rotineiramente, sem emoção. Nós nos transformamos em máquinas.(...)

Nós não podemos salvar o mundo e perder a nossa alma. A tese é de Jesus Cristo: “Que vos adianta salvar o mundo e perder-se a si mesmo!” Nós não estamos aqui para salvar o mundo. Estamos aqui para salvar-nos e ajudar o mundo para que cada um nele se salve.

Então, humanizar é neste sentido. É esta proposta de voltarmos a ser gente. Não ficarmos nos considerando muito importantes. O presidente do Centro, o dono do Centro, o super-médium, a pessoa mais formidável do século. Voltarmos às nossas origens. A simplicidade de coração, a afabilidade, a doçura, a cordialidade, o bom trato. Se o doente é insistente, se o pobre é impertinente, nós estamos ali porque queremos. Não foi o pobre que pediu para nós irmos lá. Nós é que nos oferecemos. Então temos a escusa de estarmos cansados, de estarmos irritados. “Eu também tenho problemas”. Então vá resolver seus problemas. Não os traga para a Casa Espírita. E notem que esta tríade está perfeitamente de acordo com o pensamento kardequiano: trabalho, solidariedade e tolerância.

Qual é o trabalho? ESPIRITIZAR-SE. O trabalho de adquirir o conhecimento espírita, de perseverar no estudo. Minha mãe era analfabeta. Eu lia para ela, estudava, comentava. Ela acompanhava. Aprendeu a Doutrina Espírita dentro dos seus limites.

Solidariedade. QUALIFICAR-SE, para servir melhor, para ser mais solidário. Tolerância: ser mais HUMANO. Quando somos mais humanos, somos tolerantes. E esta tríade não

é propriamente de Allan Kardec. Ele a tirou de Pestalozzi, seu professor, que tinha como base educacional três palavras: trabalho, solidariedade e perseverança. Allan Kardec, que foi seu discípulo, tomou a tríade e adaptou-a, substituindo perseverança por tolerância.

Assim, o Centro Espírita é a nossa oficina. Quando nós nela entramos, devemos sentir os eflúvios do amor, da fraternidade. Não é o lugar dos conflitos, das picuinhas, das nossas dificuldades, das nossas diferenças, que nós as temos, mas das nossas identidades, das nossas compreensões, do nosso esforço para sermos melhor.

Daí a nova proposta do Centro Espírita: voltar às bases do pensamento de Allan Kardec. Reviver o trabalho, a solidariedade e a tolerância. Sermos realmente irmãos. Esta é a nossa família ampliada. Se entre aqueles com os quais compartimos ideias, que são perfeitamente consentâneas com as nossas, temos dificuldades de relacionamento, como é que iremos nos relacionar com o mundo agressivo, com a sociedade que não nos aceita, com aqueles que nos hostilizam, com aqueles que nos perseguem? O Centro Espírita é o lugar onde nós treinamos as virtudes básicas: a fé, a esperança e a caridade.

http://www.mundoespirita.com.br/antigo/jornal/jornal2000/3_encontro_estadual_espirita.htm