132/ antoni zabala -...

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132/ ANTONI ZABALA tecendo no campo dos alunos. Este simples deslocamento põe em dúvida muitas das formas habituais de se relacionar em classe, mas questiona .onsideravelmente o cenário. º-.q:!!.e ~tere~a n~o é__ D_ que .1UQS~ quadro, Il\~,~.Q-qu.e __ acontece jjo . .t.errei}o_da~ cq(ki@'$_~~,.Jnais concre- turnenterem cada umadas ~ªdeirp.§., _ Este deslocamento faz com que muitos dos elementos que configuram o meio físico do aluno adquiram uma grande importância. A necessidade de que o aluno viva num ambiente favorável para seu .rescimento também inclui, e de maneira preferencial, o ambiente em que deve se desenvolver. O estado de ânimo, o interesse e a motivação receberão a influência do meio físico da escola. Criar um clima e um n mbiente de convivência e estéticos, que favoreçam as aprendízageris, se converte numa necessidade da aprendizagem e, ao mesmo tempo, num objetivo do ensino. Ao mesmo tempo, as características dos conteúdos a serem trabalhados determinarão as necessidades espaciais. A necessidade de elaboração pessoal do conhecimento acarreta, so- bretudo para os alunos mais jovens, a necessidade de favorecer a ativi- dade mental do aluno através de ações que não se limitem a escutar as xposições do professor ou da professora. A observação, o diálogo ou o debate, a manipulação e a experimentação são atividades imprescindí- veis para favorecer os processos construtivos dos alunos, e para realizar .stas atividades é preciso dispor de espaços que as facilitem. Neste mo- mento nos vemos obrigados a reconsiderar a adaptação da distribuição nvencional do espaço. Em atividades com estas características, o centro de atenção já não pode ser somente o que diz o professor, mas tem que se deslocar para o que os alunos fazem e, portanto, para as necessidades ue estas tarefas comportam. Se as atividades seleciona das são debates, diálogos ou discussões em grupos reduzidos, bastará que a disposição da .lesse possa variar conforme as características da tarefa: distribuição em írculo ou semicírculo, por pequenos grupos ou por duplas. Por outro Indo, se as atividades a serem realizadas se concretizam na manipulação, na experimentação, na observação ou na pesquisa bibliográfica, será necessário que a configuração da classe permita estas tarefas ou será imprescindível contar com outros espaços adequados fora da aula. Quando nossa atenção se concentra no ensino dos conteúdos proce- (I imentais, a necessidade de revisar o tratamento do espaço se multiplica, jl~ que, como vimos, é necessária uma atenção às diferenças no tipo de Ijllda e em relação à realização das diferentes atividades, estabelecendo desafios e apoios adequados às características diferenciais de cada menino ou menina. Isto implica a organização de agrupamentos de diferente natureza e, portanto, dispor de espaços que possibilitem o lrnbalho de cada um dOR diferentes grupos. Pode se tratar de cspa fixos em claasc, 011111' lU' l'l\l'onll'em os elementos c rnnterini» qu I'l'rtnil:an) n'IlIIJf,fll' \I 11.111.11110 1'1irrcspondcn l<\ ("('anlos" I' IwQ\II'I)I1. oficinas, bibliotecas da classe ...), ou outros espaços adequados fora da lula e concebidos para realizar trabalhos deste tipo (auditórios, lnhoratório, biblioteca, horta escolar ... ). Conforme as etapas ou níveis, /lt'nS necessário avaliar a possibilidade de que haja aulas de grupo/classe '111('convivam com aulas especializadas. Por outro lado, é preciso levar 1'111 conta as possibilidades de ampliar o espaço físico da escola, I) Iroduzindo como concepção espacial geral a utilização dos serviços que 11 comunidade oferece: biblioteca pública, serviços municipais, associa- ;CK'S, museus, etc. Quanto aos conteúdos atitudinais, excetuando-se o pu pel da assembléia e das necessidades de espaço desta atividade, sua n-lação com a variável espaço está associada à série de manifestações que ndiretamente constituem a maneira de entender os valores por parte da l'/1cola sobre determinados campos. Referimo-nos, por exemplo, aos I -speços que são de todos ou os que estão destinados a coletivos deter- minados, e dentro deste último grupo aos que são de uso exclusivo dos professores; às diferenças de mobiliário dos setores e das salas de pro- ft'Hsores e de alunos; às características físicas e aos objetos diferenciados 1I0Srefeitórios ou nos banheiros; às diferenças relacionadas ao gênero nos hnnheiros e vestiários e ao uso do pátio. Trata-se de manifestações do twntido que têm para a escola as relações de hierarquia e poder e as funções e papéis que se atribuem às pessoas, conforme o status social ou (1(' gênero. São manifestações aparentemente sem importância, mas que formam de modo decisivo valores e atitudes determinadas. É conveniente dedicar especial atenção às dimensões das escolas. As ucccssidades de uma escola seletiva e uniformizadora não têm nada que ver com as de outra cujo objetivo seja a formação integral das pessoas. Os prédios grandes, com centenas de alunos e dezenas de professores, são I'IH.I icalmente contrários a propostas educatívae encaminhadas para 9 I Icscnvolvimento não apenas cognitivo dos meninos e meninas. E Im possível promover determinadas atitudes ou estabelecer um bom ri i ma afetivo se os meninos e meninas não podem se sentir membros, rum personalidade própria, de uma comunidade, onde todos se conhecem, professores e alunos, com nomes e sobrenomes. Dificilmente poJcm se sentir seguros no anonimato que envolve conviver com ('('ntenas de desconhecidos. Daí que é muito difícil manter marcos I'Ol'rcntes de maneiras de viver, conforme os valores e as atitudes que se III'dcnde promover, numa perspectiva personalizada e global. Dado que IIH construções já estão feitas, e evidentemente segundo outros modelos I'ducativos, em muitos casos será necessário criar divisões e espaços que I'Ol1lpam com a grandiosidade dos prédios e viabilizem, ao máximo, I ormas de relações personalizadas. E, logicamente, será necessário lillplior este requisito 1\H dimensões das equipes docentes. Será I'ollv('nientc que ao ostruturnr (' organizar as equipes docentes se leve em 1'11111.1.1 nocosaidadc dI' q\lI' 11/4 Ilwninos e meninas possam conhecer todos

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132/ ANTONI ZABALA

tecendo no campo dos alunos. Este simples deslocamento põe em dúvidamuitas das formas habituais de se relacionar em classe, mas questiona.onsideravelmente o cenário. º-.q:!!.e ~tere~a n~o é__D_ que .1UQS~quadro, Il\~,~.Q-qu.e__acontece jjo ..t.errei}o_da~ cq(ki@'$_~~,.Jnais concre-turnenterem cada umadas ~ªdeirp.§., _

Este deslocamento faz com que muitos dos elementos queconfiguram o meio físico do aluno adquiram uma grande importância. Anecessidade de que o aluno viva num ambiente favorável para seu.rescimento também inclui, e de maneira preferencial, o ambiente em quedeve se desenvolver. O estado de ânimo, o interesse e a motivaçãoreceberão a influência do meio físico da escola. Criar um clima e umnmbiente de convivência e estéticos, que favoreçam as aprendízageris, seconverte numa necessidade da aprendizagem e, ao mesmo tempo, numobjetivo do ensino. Ao mesmo tempo, as características dos conteúdos aserem trabalhados determinarão as necessidades espaciais.

A necessidade de elaboração pessoal do conhecimento acarreta, so-bretudo para os alunos mais jovens, a necessidade de favorecer a ativi-dade mental do aluno através de ações que não se limitem a escutar asxposições do professor ou da professora. A observação, o diálogo ou odebate, a manipulação e a experimentação são atividades imprescindí-veis para favorecer os processos construtivos dos alunos, e para realizar.stas atividades é preciso dispor de espaços que as facilitem. Neste mo-mento nos vemos obrigados a reconsiderar a adaptação da distribuiçãonvencional do espaço. Em atividades com estas características, o centro

de atenção já não pode ser somente o que diz o professor, mas tem que sedeslocar para o que os alunos fazem e, portanto, para as necessidadesue estas tarefas comportam. Se as atividades seleciona das são debates,

diálogos ou discussões em grupos reduzidos, bastará que a disposição da.lesse possa variar conforme as características da tarefa: distribuição emírculo ou semicírculo, por pequenos grupos ou por duplas. Por outroIndo, se as atividades a serem realizadas se concretizam na manipulação,na experimentação, na observação ou na pesquisa bibliográfica, seránecessário que a configuração da classe permita estas tarefas ou seráimprescindível contar com outros espaços adequados fora da aula.

Quando nossa atenção se concentra no ensino dos conteúdos proce-(I imentais, a necessidade de revisar o tratamento do espaço se multiplica,jl~que, como vimos, é necessária uma atenção às diferenças no tipo deIjllda e em relação à realização das diferentes atividades, estabelecendodesafios e apoios adequados às características diferenciais de cadamenino ou menina. Isto implica a organização de agrupamentos dediferente natureza e, portanto, dispor de espaços que possibilitem olrnbalho de cada um dOR diferentes grupos. Pode se tratar de cspafixos em claasc, 011111' lU' l'l\l'onll'em os elementos c rnnterini» quI'l'rtnil:an) n'IlIIJf,fll' \I 11.111.111101'1irrcspondcn l<\ ("('anlos" I' IwQ\II'I)I1.

oficinas, bibliotecas da classe ...), ou outros espaços adequados fora dalula e concebidos para realizar trabalhos deste tipo (auditórios,lnhoratório, biblioteca, horta escolar ... ). Conforme as etapas ou níveis,/lt'nS necessário avaliar a possibilidade de que haja aulas de grupo/classe'111('convivam com aulas especializadas. Por outro lado, é preciso levar1'111 conta as possibilidades de ampliar o espaço físico da escola,I)Iroduzindo como concepção espacial geral a utilização dos serviços que11 comunidade oferece: biblioteca pública, serviços municipais, associa-;CK'S, museus, etc. Quanto aos conteúdos atitudinais, excetuando-se opu pel da assembléia e das necessidades de espaço desta atividade, suan-lação com a variável espaço está associada à série de manifestações quendiretamente constituem a maneira de entender os valores por parte dal'/1cola sobre determinados campos. Referimo-nos, por exemplo, aosI-speços que são de todos ou os que estão destinados a coletivos deter-minados, e dentro deste último grupo aos que são de uso exclusivo dosprofessores; às diferenças de mobiliário dos setores e das salas de pro-ft'Hsores e de alunos; às características físicas e aos objetos diferenciados1I0Srefeitórios ou nos banheiros; às diferenças relacionadas ao gênero noshnnheiros e vestiários e ao uso do pátio. Trata-se de manifestações dotwntido que têm para a escola as relações de hierarquia e poder e asfunções e papéis que se atribuem às pessoas, conforme o status social ou(1(' gênero. São manifestações aparentemente sem importância, mas queformam de modo decisivo valores e atitudes determinadas.

É conveniente dedicar especial atenção às dimensões das escolas. Asucccssidades de uma escola seletiva e uniformizadora não têm nada quever com as de outra cujo objetivo seja a formação integral das pessoas. Osprédios grandes, com centenas de alunos e dezenas de professores, sãoI'IH.I icalmente contrários a propostas educatívae encaminhadas para 9IIcscnvolvimento não apenas cognitivo dos meninos e meninas. EIm possível promover determinadas atitudes ou estabelecer um bomriima afetivo se os meninos e meninas não podem se sentir membros,rum personalidade própria, de uma comunidade, onde todos seconhecem, professores e alunos, com nomes e sobrenomes. DificilmentepoJcm se sentir seguros no anonimato que envolve conviver com('('ntenas de desconhecidos. Daí que é muito difícil manter marcosI'Ol'rcntes de maneiras de viver, conforme os valores e as atitudes que seIII'dcnde promover, numa perspectiva personalizada e global. Dado queIIH construções já estão feitas, e evidentemente segundo outros modelosI'ducativos, em muitos casos será necessário criar divisões e espaços queI'Ol1lpam com a grandiosidade dos prédios e viabilizem, ao máximo,Iormas de relações personalizadas. E, logicamente, será necessáriolillplior este requisito 1\H dimensões das equipes docentes. SeráI'ollv('nientc que ao ostruturnr (' organizar as equipes docentes se leve em1'11111.1.1 nocosaidadc dI' q\lI' 11/4Ilwninos e meninas possam conhecer todos