12 - direito administrativo militar ead

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO DIRETORIA DE ENSINO E CULTURA ESCOLA SUPERIOR DE SARGENTOS CURSO SUPERIOR DE TECNÓLOGO DE POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA II MATÉRIA 12: DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR Divisão de Ensino e Administração Seção Técnica Setor de Planejamento APOSTILA ELABORADA EM AGO13, PELO CAP PM ANDRADE DO CFAP. CONTEÚDO DE ATUALIZAÇÃO em 09DEZ13 (Ref: Bol G PM nº 211, de 06NOV13) pelo Cap PM PLINIO, da CorregPM. Apostila compilada e atualizada em Arb14, pela 1º Ten PM Marina, do CPD. APOSTILA EDITADA PARA O CAS-I/14

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

DIRETORIA DE ENSINO E CULTURA

ESCOLA SUPERIOR DE SARGENTOS

CURSO SUPERIOR DE TECNÓLOGO DE

POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO

DA ORDEM PÚBLICA II

MATÉRIA 12: DIREITO ADMINISTRATIVO

MILITAR

Divisão de Ensino e Administração

Seção Técnica

Setor de Planejamento

APOSTILA ELABORADA EM AGO13, PELO CAP PM ANDRADE DO CFAP. CONTEÚDO DE

ATUALIZAÇÃO em 09DEZ13 (Ref: Bol G PM nº 211, de 06NOV13) pelo Cap PM PLINIO, da CorregPM.

Apostila compilada e atualizada em Arb14, pela 1º Ten PM Marina, do CPD.

APOSTILA EDITADA PARA O CAS-I/14

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ÍNDICE:

DESCRIÇÃO PÁG.

INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR 03

SINDICÂNCIA 05

PROCESSOS ADMINISTRATIVOS EM GERAL 12

PROCEDIMENTO DISCIPLINAR (PD) 17

PROCESSOS REGULARES: CD E PAD 23

CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO E PROCESSO ADMINISTRATIVO EXONERATÓRIO 32

SANÇÕES DISCIPLINARES E SEUS EFEITOS 35

RECURSOS DISCIPLINARES PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS 39

FLUXOGRAMAS 42

EXERCÍCIOS PRÁTICOS 45

BIBLIOGRAFIA 48

Nota:

1. Esta apostila é um material de apoio. O seu conteúdo não

esgota o assunto e desde que previsto curricularmente, poderá

ser objeto de avaliação. Com isso, é essencial que você pesquise

profundamente os assuntos, tomando por base as referências

bibliográficas dispostas, bem como outras que achar por bem

utilizar.

2. O conteúdo desta apostila está baseado nas I-16-PM publicadas

no anexo ao Bol G PM 149, de 09AGO13, cuja vigência

ocorrerá 30 (trinta) dias após a sua publicação.

3. Foi incluído nesta apostila o “Novo Rito do Procedimento

Disciplinar” Bol G PM nº 211, de 06NOV13.

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Investigação Preliminar

INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR (Artigo 67, §§ 1º ao 6º, das I-16-PM)

Conceito: A investigação preliminar

é um procedimento sumaríssimo destinado à

imediata colheita de subsídios necessários para

fundamentar a instauração ou não de sindicância

ou outro procedimento administrativo ou

processo disciplinar aplicável, quando a notícia

de fato ou de ato irregular não reúna, de pronto,

elementos suficientes de convicção.

Competência: A investigação preliminar será instaurada mediante despacho da

autoridade competente, dentre as relacionadas no artigo 31 do RDPM, podendo ser designado

subordinado para conduzi-la, observando-se as regras de hierarquia.

Prazo: A investigação preliminar será encerrada no prazo improrrogável de 10 (dez)

dias, contados ininterruptamente a partir do despacho de sua instauração.

Indícios de crime militar: Nos casos em que existirem indícios claros de crime militar,

não será instaurada a investigação preliminar, devendo ser observados os procedimentos insculpidos

no artigo 12 do Código de Processo Penal Militar.

Numeração: A investigação preliminar será numerada em ordem seqüencial, única e

anual, observando-se para tanto o disposto nos artigos 49 a 51, 77 e 78 das I-7-PM, sendo

responsabilidade das Seções de Justiça e Disciplina (SJD) a centralização dessa numeração,

independentemente da autoridade que a instaurou.

Providências do Encarregado e da Autoridade Instauradora

O Encarregado da investigação preliminar deverá:

I - dirigir-se ao local dos fatos, deles inteirando-se;

II - entrevistar as pessoas que saibam do ocorrido, anotando os dados qualificadores e as

principais informações sobre a autoria e materialidade, sendo vedada a adoção de meios formais de

apuração (Termo de Declaração, Inquirição Sumária, Auto de Qualificação e Interrogatório, pedido

de Exames Periciais etc.);

III - juntar os documentos e provas disponíveis que tenham relação com os fatos;

IV - elaborar o relatório de investigação preliminar, propondo ao final a medida

adequada.

A autoridade que instaurou a investigação preliminar, após análise do relatório, emitirá

parecer acerca do apurado, decidindo ou opinando, pela instauração de procedimento administrativo

ou processo disciplinar ou ainda, pelo arquivamento.

4

Sindicância.

SINDICÂNCIA

CONCEITO

A sindicância é um procedimento inquisitorial e sumário de investigação de

irregularidades praticadas por militares do Estado em decorrência da sua atividade profissional ou a

interesse da Administração Pública.

Perceba que a sindicância não é um processo administrativo disciplinar, mas sim um

instrumento de investigação de atos pertinentes à Administração Pública.

FUNDAMENTO LEGAL (MODALIDADES)

O procedimento em estudo encontra amparo legal no artigo 65 das I-16-PM:

“Artigo 65 - A sindicância é o meio sumário de investigação de:

I - danos no patrimônio do Estado sob administração da Polícia Militar,

compreendidos os conveniados, provocados por policial militar ou pelo civil;

II - danos no patrimônio e/ou integridade física de terceiros, decorrentes da atividade

policial;

III - acidente pessoal de servidor militar ocorridos em razão do serviço ou "in itinere".

IV - ato de bravura;

V - atos indecorosos e indignos para o exercício da função policial militar;

VI - outros fatos de índole administrativa, quando necessário procedimento formal de

apuração.

PROIBIÇÃO EM CASO DE CRIME MILITAR

§ 2º - “É proibida a instauração de sindicância para apuração de crimes militares”.

MODALIDADES DE SINDICÂNCIA

Conforme o dispositivo legal acima exposto, as sindicâncias instauradas na Polícia

Militar se destinam a apurar:

5

- Danos ao patrimônio do Estado sob a

administração da PM

Tal espécie de sindicância deverá ser

instaurada quando da existência de qualquer dano ao

Patrimônio Público, seja da administração direta ou

indireta. Nesse sentido, se um equipamento que pertença

a uma concessionária pública ou uma fundação pública

for danificado, deverá ser objeto de avaliação de

responsabilidades por meio de sindicância.

Assim, podemos citar como exemplos um

acidente de trânsito envolvendo viatura da PM, ou

mesmo o extravio de uma arma de fogo ou equipamento

de informática, etc.

- Danos ao patrimônio e/ou

integridade física de terceiros, decorrentes da

atividade policial

Essa modalidade de procedimento

visa salvaguardar a Administração Pública dos

fatos decorrentes da atividade policial militar,

pois, nos termos do artigo 37, § 6º, da CF, a

responsabilidade pelos atos praticados pelos

agentes públicos, em decorrência dos atos

relativos à atividade desenvolvida, é

objetivamente do Estado.

É importante assinalar a possibilidade de ação de regresso do Estado em face do militar

do Estado, ou qualquer outro agente público, bem como dos particulares envolvidos que tenham

causado o ilícito administrativo e que não possuam em sua conduta as excludentes de

responsabilidade previstas no Código Civil.

Portanto, a sindicância, nesta hipótese, servirá como medida de avaliar o eventual

prejuízo causado a qualquer integrante da sociedade, bem como resguardar a Administração

Pública, mormente quanto à viabilidade de ação de regresso deste contra o agente público ou o

particular.

Exemplo de tal modalidade de sindicância é a inaugurada em decorrência dos danos

causados no telhado de uma residência pela queda de uma árvore que estava sendo cortada pelo

Corpo de Bombeiros.

- Acidente pessoal do PM ocorrido em razão do

serviço ou in itinere

Tal modalidade de sindicância visa a elucidação

dos fatos que envolvam os militares do Estado em qualquer

acidente ou incidente, quer seja físico ou mental, decorrente

de ação mecânica ou patológica, desde que este se encontre

nas condições estabelecidas no artigo 1º do Decreto nº

20.218/82. Exemplo: PM de folga ao agir em uma ocorrência,

acabou por cair de um muro e fraturar sua perna gravemente.

6

- Ato de bravura

O ato de bravura é caracterizado por

atos de coragem, audácia, energia, firmeza,

tenacidade na ação, que revelem abnegação pelo

sentimento do dever militar e que constituam

um exemplo aos integrantes da Corporação.

A Sindicância de investigação de

ocorrência de ato de bravura deverá, após

solução, ser remetida ao Comando Geral, via

órgão responsável pela promoção de Oficiais ou

de Praças, para apreciação e medidas cabíveis.

- Atos indecorosos e indignos para

o exercício da função policial

Qualquer ato praticado onde haja

indícios de envolvimento de militar do Estado e

que ofenda os deveres éticos para o

cumprimento da profissão policial militar

deverá ser apurado por meio de sindicância,

com o escopo de supedanear a autoridade

administrativa competente para a adoção de

medidas depuratórias adequadas.

Veja que um processo administrativo contra o policial não pode ser instaurado

diretamente com base na simples notícia de seu acontecimento. É necessário que se juntem indícios

suficientes da falta e de sua autoria, para só então se proceder à acusação do policial faltoso. Daí a

necessidade de sindicância nestes casos.

- Outros fatos de índole administrativa, quando

necessária a formalização da apuração.

É a considerada sindicância regular. Deverá ser instaurada

sempre que algum fato ocorrido dentro da Administração Militar

necessite de uma apuração mais detida, mesmo como resguardo para

o Estado. Aqui se enquadram as mais variadas possibilidades de fatos.

Basta que haja a necessidade de investigação mais detida de um fato

que interesse à Administração para justificar a instauração de

sindicância nesta hipótese

Note, mais uma vez, que esse fato não pode se constituir em crime, pois nessa

hipótese a forma obrigatória de investigação é o Inquérito Policial Militar (IPM).

Esta modalidade de Sindicância é importante porque, para se instaurar um processo

disciplinar (PD, PAD, CD, etc.), é necessário haver suficientes indícios do cometimento de falta

disciplinar. Nem sempre esses indícios estão presentes logo na notícia inicial do fato. Tome-se

como exemplo uma reclamação de uma pessoa quanto a mau atendimento. Não basta a versão dela

para que se acuse o militar em um processo disciplinar, é necessário investigar os fatos para se

colher provas.

7

FINALIDADE (§ 1º DO ARTIGO 65 DAS I-16-PM)

Como pudemos notar, a finalidade da sindicância é a determinação da responsabilidade

civil e/ou disciplinar, dos direitos e obrigações dos envolvidos e, em especial, do Estado.

Nesse sentido convém lembrar que o militar do Estado, assim como todos os agentes

públicos, estão sujeitos a três esferas de responsabilidade independentes, quais sejam: a

administrativa, a civil e a penal. Há ainda uma quarta esfera, a política, mas esta não será objeto de

estudo nesta matéria.

A responsabilidade administrativa está calcada na violação dos valores e deveres éticos,

traduzidos por normas de conduta, que se impõem para a realização, de forma eficaz, da atividade

policial militar.

A responsabilidade civil se consubstancia na provocação, por parte do agente público,

de ato ilícito em esfera civil, praticado por ação ou omissão voluntária, negligência, imprudência ou

imperícia, ainda que exclusivamente moral.

Por fim, a responsabilidade penal se caracteriza pela ofensa aos bens jurídicos

criminalmente tutelados pelo Estado.

INSTAURAÇÃO (Artigo 66 das I-16-PM)

A instauração da sindicância se dá com a notícia do fato administrativo a ser apurado,

cabendo às investigações a busca de provas de autoria e materialidade.

A sindicância será instaurada pelo Cmt da OPM, através de PORTARIA, e será

presidida por Oficial, quando a própria autoridade instauradora não quiser presidi-la. Considera-se

autoridade instauradora o Cmt de OPM (nível Batalhão) em diante.

A instauração caberá também a Oficial ou Asp Of, em serviço, por dever de ofício,

devendo seu ato ser aprovado, posteriormente, por autoridade competente.

Note que a Portaria instaurada pelo Oficial de Serviço trata-se de Portaria instaurada por

delegação do Comandante, que dependerá de homologação deste.

Para fatos conexos, previstos no artigo 67 das I-16-PM, deverá ser instaurada uma única

Sindicância.

HOMOLOGAÇÃO DA PORTARIA

A sindicância instaurada pelo Comandante de Subunidade, ou qualquer outro Oficial ou

Asp Of de Serviço, deve ser encaminhada posteriormente ao Comandante da respectiva OPM para

homologação da Portaria, tendo em vista que a competência original para a instauração pertence ao

Comandante de OPM (nível de Comandante de Unidade) em diante.

Exemplo: O Comando de Força Patrulha da 1ª Cia do 12º BPM/M, ao verificar um

acidente de trânsito envolvendo uma viatura PM em um final de semana, instaurou uma sindicância

por delegação do Comandante Do Batalhão, adotando todas as providências necessárias. No

entanto, esta sindicância deverá ser encaminhada ao Comandante do 12º BPM/M, para fins de

homologação de sua portaria e prosseguimento do feito. Este fato ocorre com bastante frequência na

instauração de sindicância pelo oficial PPJM.

CRITÉRIOS PARA INSTAURAÇÃO DE SINDICÂNCIA

De forma geral, os critérios para determinação das autoridades com competência para

instaurar estão previstos no artigo 11 das I-16-PM, como segue:

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- Pela atribuição específica em determinado processo.

Em determinados casos, o fato a se apurar se vincula diretamente a um feito

administrativo de natureza diversa. As irregularidades eventualmente existentes nele deverão ser

apuradas pela autoridade que tenha poderes específicos para a sua fiscalização.

- Pela subordinação hierárquica-funcional entre a autoridade e o infrator.

Exemplo: Um PM do 7º BPM/M que necessite ter suas condutas devidamente apuradas

para posterior instauração de um processo administrativo; deverá seu Comandante de Batalhão

instaurar a competente Sindicância.

- Pela responsabilidade sobre o patrimônio estatal danificado ou extraviado.

Exemplo: Uma viatura da APMBB que se envolve num acidente de trânsito; o

Comandante da Academia de Polícia Militar do Barro Branco deverá instaurar a competente

Sindicância.

PLURALIDADE DE ENVOLVIDOS (§ 6º do artigo 11 das I-16-PM)

Em havendo pluralidade de envolvidos (mais de um PM de OPM

diversas), a Sindicância deverá ser instaurada observando-se os seguintes

critérios:

- Pelo Cmt da Unidade responsável pela área dos fatos

Exemplo: um fato ocorrido na área do 18º BPM/M, envolvendo um PM do 5º BPM/M e

outro PM do 9º BPM/M, deverá ter a sindicância instaurada pelo Cmt do 18º BPM/M.

Note que isto é possível porque, como mencionamos, a sindicância não é um processo,

mas uma mera investigação. Assim, não é necessário que autoridade instauradora tenha poderes

disciplinares sobre os envolvidos. Se ao final dela for efetivamente constatada a falta disciplinar de

algum deles, a documentação deverá ser remetida ao Comandante do envolvido para a inauguração

do processo administrativo.

- Pelo Cmt da Unidade especializada quando assim o exigirem as peculiaridades do

fato

Exemplo: Um grande evento esportivo foi realizado em um estádio de futebol

localizado na área do 16º BPM/M, contando com a participação de policiais militares do 2º BPChq,

do 16º BPM/M e do Regimento de Cavalaria “9 de Julho”. Se houver a necessidade de se instaurar

uma Sindicância, o 2º BPChq, OPM especializada e responsável pelo evento, deverá instaurá-la.

A razão da existência desta hipótese é o fato de que, por vezes, o fato a investigar

envolve técnicas, procedimentos e planejamento específicos, cuja investigação ganhará eficiência se

ficar a cargo da Unidade especializada que realizou o planejamento ou detém os conhecimentos

específicos e cujo Oficial Presidente poderá, por conseguinte, compreender melhor a dinâmica do

ocorrido durante as investigações.

- Pelo Cmt da Unidade que primeiro tomar conhecimento do fato.

Este critério somente é utilizado quando não for possível chegar a uma autoridade com

base no 1º critério.

Exemplo: No mesmo exemplo do primeiro critério, suponha que não se saiba

exatamente onde os fatos ocorreram no momento da instauração, ou de qual Unidade são os

policiais envolvidos, mas o Comandante do 5º BPM/M tomou conhecimento do fato primeiro. Ele

será a autoridade que deverá instaurar a sindicância.

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PRESIDENTE DA SINDICÂNCIA (artigo 66, § 3º, das I-16-PM)

A Presidência da Sindicância, quando o sindicado for Oficial, deverá recair em Oficial,

ao menos, mais antigo que o sindicado.

ESCRIVÃO (Art 66, § 4º, DAS I-16-PM)

A designação de Escrivão para sindicância caberá ao respectivo

Presidente, se não tiver sido feita pela autoridade que instaurou, recaindo em

Oficial Subalterno, se o sindicado for Oficial, e em Sargento, Subtenente ou

Aspirante a Oficial nos demais casos.

Exemplo 1: Se o sindicado for um 1º Sgt PM, o Escrivão poderá ser de um 3º Sgt PM

em diante.

Exemplo 2: Se o sindicado for um Cap PM, o Escrivão deverá ser ao menos Oficial

Subalterno (1º ou 2º Ten PM).

O escrivão providenciará para que estejam em ordem e em dia as peças e termos do

processo, cabendo-lhe o controle dos prazos e medidas pertinentes. Assim que receber do presidente

a portaria e seus anexos, o escrivão fará a autuação, ou seja, dará capa ao processo.

RELATÓRIO

A sindicância será encerrada com minucioso relatório assinado pelo

presidente, observando-se as regras do artigo 75 das I-16-PM:

Artigo 75 – A sindicância será encerrada com minucioso relatório, o

qual deverá descrever fundado exclusivamente nos autos:

I – indicação do dia, hora e local da ocorrência do fato passível de

apuração pela administração;

II – descrição das provas testemunhais, materiais e periciais obtidas,

bem como os indícios existentes;

III – avaliação e comparação das provas entre si;

IV - manifestação fundamentada, com a respectiva classificação legal, sobre a autoria

e materialidade do fato gerador e da responsabilidade civil, disciplinar, acidente do trabalho ou do

direito pleiteado.

V – sugestão da instauração se for o caso, de outros procedimentos administrativos,

bem como de remessa de cópias às autoridades interessadas.

Deve ser feita remissão das folhas em que se encontram os elementos probatórios

descritos e medidas adotadas.

PRAZO DE ENCERRAMENTO E PRORROGAÇÃO (artigo 76 das I-16-PM)

O prazo para conclusão da sindicância é de 30 (trinta)

dias a contar da data de instauração ou do termo de recebimento da

10

portaria, em caso delegação, prorrogáveis por até 90 (noventa) dias pela autoridade

instauradora ou avocadora, mediante pedido fundamentado, que constará dos autos.

Exemplo: Uma sindicância instaurada na ESSgt terá sua prorrogação por até 90 dias

autorizados pelo próprio Comandante da ESSgt.

Esgotados os prazos do “caput” e não estando concluída a sindicância por falta de

laudos, perícias ou outra diligência necessária à elucidação dos fatos, deverão ser solicitados novos

prazos à autoridade funcional imediatamente superior à instauradora ou avocadora, os quais

não excederão a 90 (noventa) dias.

Exemplo: No mesmo caso acima, após esgotados os prazos do Comandante da ESSgt, o

competente para prorrogar por períodos de até 90 (noventa dias) é o Dir Ense Cult.

A Corregedoria PM deve acompanhar as sindicâncias que estão em andamento há mais

de duzentos e dez dias.

Os pedidos de prorrogação de prazo

devem ser justificados diante da real necessidade de

complementação do feito e devem ser acompanhados

dos autos para que a autoridade competente realize a

necessária auditoria, demonstrando, assim, que não

houve inércia e consequentemente desídia na

investigação, justificando o pedido de prorrogação de

prazo.

SOLUÇÃO (artigo 77 das I-16-PM)

A autoridade instauradora decidirá sobre os aspectos legais, de mérito e formais, através

de despacho fundado nas provas contidas nos autos, exarado no prazo de dez dias corridos, a

contar do relatório, apreciando a atividade apuratória e a conclusão apontada pelo sindicante, sob os

aspectos da legalidade, do mérito e formais.

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Processos Administrativos em Geral

PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

TRÍPLICE RESPONSABILIDADE

O militar do Estado que pratica ato irregular poderá responder administrativa, penal ou

civilmente, isolada ou cumulativamente.

Exemplo: O motorista de uma viatura PM, imprudentemente, avança um sinal

vermelho, ocasionando um acidente de trânsito e a morte do encarregado da guarnição, bem como a

perda total do veículo. Com tal atitude, o motorista poderá ser responsabilizado

administrativamente por ter descumprido normas do CTB; civilmente pelos danos causados ao

erário público e danos causados à família do PM morto e penalmente pelo crime militar de

homicídio culposo.

Essa tríplice responsabilidade vem estampada nos artigos. 11 e 44, caput, do RDPM,

como segue:

Artigo 11 - A ofensa aos valores e aos deveres vulnera a disciplina policial-militar,

constituindo infração administrativa, penal ou civil, isolada ou cumulativamente.

Artigo 44 - A sanção disciplinar não exime o punido da responsabilidade civil e

criminal emanadas do mesmo fato.

No art. 5º das I-16-PM também está prevista a tríplice responsabilidade:

Artigo 5º - O militar do Estado que pratica ato irregular responde administrativa, penal

ou civilmente, isolada ou cumulativamente.

INDEPENDÊNCIA ENTRE AS ESFERAS DE RESPONSABILIDADE PENAL E

ADMINISTRATIVA

A norma do artigo 138, § 3º, da Constituição Estadual, trata da reintegração do militar

do Estado que for demitido por ato administrativo e absolvido pela Justiça na ação referente ao ato

que deu causa à demissão, ocasionando a sua reintegração com todos os direitos restabelecidos.

O dispositivo constitucional acima citado, entretanto, somente poderá ser aplicado

quando a decisão judicial absolutória penal fundar-se na negativa do fato (artigo 439, alínea “a”, 1ª

parte, do CPPM) ou da autoria do fato (artigo 439, alínea “c” do CPPM), e ainda, que os fatos sejam

rigorosamente os mesmos analisados em uma e outra esfera de responsabilidade.

Pertinente, neste caso, a Súmula 18 do STF, “in verbis”:

“Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível

a punição administrativa do servidor público.”

Embora o militar do Estado acusado possa ter sido absolvido na esfera penal, pode ser

provado no devido processo administrativo a ocorrência de sua conduta irregular, no âmbito

administrativo disciplinar, caracterizada pelo seu comportamento incompatível com a sua condição

de policial militar, violando deveres policiais militares que podem torná-lo incapaz moralmente de

permanecer no serviço ativo da Instituição.

12

Nesse sentido, cumpre destacar o Despacho Normativo do Governador do Estado,

publicado no Diário Oficial do Estado de 30 de março de 1990, dispondo acerca da limitação da

aplicabilidade das regras dos artigos 136 e 138, § 3º, da Constituição Estadual aos casos em que a

decisão judicial absolutória decorra da peremptória negação do fato ou de sua autoria e abranja

todos os motivos determinantes do ato demissório ou expulsório.

Como se observa, consagra tal Despacho a sabida independência entre as esferas

administrativa e penal, amplamente reconhecida pela doutrina e jurisprudência.

Nesse sentido é a lição citada pelo mestre Hely Lopes Meireles (2000, p. 650):

“Ao Poder Judiciário é permitido perquirir todos os aspectos de legalidade e

legitimidade para descobrir e pronunciar a nulidade do ato administrativo onde ela se encontre, e

seja qual for o artifício que a encubra. O que não se permite ao Judiciário é pronunciar-se sobre o

mérito administrativo, ou seja, sobre a conveniência, oportunidade, eficiência ou justiça do ato,

porque, se assim agisse, estaria emitindo pronunciamento de administração, e não de jurisdição

judicial, o mérito administrativo, relacionando-se com conveniência do Governo ou com elementos

técnicos, refoge do âmbito do Poder Judiciário, cuja missão é a de aferir a conformação do ato

com a lei escrita, na sua falta, com os princípios gerais do Direito.”

Não é outro o entendimento do Colendo Supremo Tribunal Federal, que, no julgamento

do R. E. 68.780, decidiu:

“A ação do Judiciário deve conter-se no campo da legalidade, não da justiça: esta

corre a conta do poder discricionário da Administração, a qual, valorizando os elementos

informativos, aplicou a sanção, que se ateve aos termos da lei. (in RTJ 56/333).”

Alguns dispositivos do RDPM ilustram bem a independência entre as esferas de

responsabilidade penal e administrativa, como segue:

Artigo 12 - Transgressão (...).

§ 5º - A aplicação das penas disciplinares previstas neste Regulamento independe do

resultado de eventual ação penal.

Artigo 44 - A sanção disciplinar não exime o punido da responsabilidade civil e

criminal emanadas do mesmo fato.

Parágrafo único - A instauração de inquérito ou ação criminal não impede a

imposição, na esfera administrativa, de sanção pela prática de transgressão disciplinar sobre o

mesmo fato.

Artigo 79 - O Conselho poderá ser instaurado, independentemente da existência ou da

instauração de inquérito policial comum ou militar, de processo criminal ou de sentença criminal

transitada em julgado.

SUJEIÇÃO À DISCIPLINA POLICIAL-MILITAR

Estão sujeitos ao Regulamento Disciplinar da Polícia Militar (artigo 2º do RDPM), os

militares:

- do serviço ativo;

- da reserva remunerada;

- reformados;

- agregados.

Observação:

13

Não estão sujeitos ao RDPM os militares ocupantes de cargos públicos ou eletivos e os

Magistrados da Justiça Militar.

COMPETÊNCIA DISCIPLINAR

Artigo 31 - A competência disciplinar é inerente ao cargo, função ou posto, sendo

autoridades competentes para aplicar sanção disciplinar:

I - o Governador do Estado: a todos os militares do Estado sujeitos a este

Regulamento;

II - o Secretário da Segurança Pública e o Comandante Geral: a todos os militares do

Estado sujeitos a este Regulamento, exceto ao Chefe da Casa Militar;

III - o Subcomandante da Polícia Militar: a todos os integrantes de seu comando e das

unidades subordinadas e às praças inativas;

IV - os oficiais da ativa da Polícia Militar do posto de coronel a capitão: aos militares

do Estado que estiverem sob seu comando ou integrantes das OPM subordinadas.

§ 1º - Ao Secretário da Segurança Pública e ao Comandante Geral da Polícia Militar

compete conhecer das sanções disciplinares aplicadas aos inativos, em grau de recurso,

respectivamente, se oficial ou praça.

§ 2º - Aos oficiais, quando no exercício interino das funções de posto igual ou superior

ao de capitão, ficará atribuída a competência prevista no inciso IV deste artigo.

LIMITES DE COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES

Artigo 32 - O Governador do Estado é competente para aplicar todas

as sanções disciplinares previstas neste Regulamento, cabendo às demais

autoridades as seguintes competências:

I - ao Secretário da Segurança Pública e ao Comandante Geral: todas

as sanções disciplinares exceto a demissão de oficiais;

II - ao Subcomandante da Polícia Militar: as sanções disciplinares de advertência,

repreensão, permanência disciplinar, detenção e proibição do uso de uniformes de até os limites

máximos previstos;

III - aos oficiais do posto de coronel: as sanções disciplinares de advertência,

repreensão, permanência disciplinar de até 20 (vinte) dias e detenção de até 15 (quinze) dias;

IV - aos oficiais do posto de tenente-coronel: as sanções disciplinares de advertência,

repreensão e permanência disciplinar de até 20 (vinte) dias;

V - aos oficiais do posto de major: as sanções disciplinares de advertência, repreensão

e permanência disciplinar de até 15 (quinze) dias;

VI - aos oficiais do posto de capitão: as sanções disciplinares de advertência,

repreensão e permanência disciplinar de até 10 (dez) dias.

Autoridade com competência disciplinar é aquela que tem ascensão hierárquica e

ascensão funcional em relação ao policial militar que tenha praticado uma transgressão disciplinar,

competência esta estabelecida e limitada pelo Regulamento Disciplinar.

A ascensão hierárquica tem fundamento no “cargo” que o superior ocupa. No caso da

PMESP, a hierarquia é verticalizada, e os cargos vão de Soldado a Coronel, subdividida em

graduação (para as Praças) e posto (para os Oficiais).

A ascensão funcional tem fundamento no Quadro Particular da Organização, ou seja, na

distribuição do efetivo pela OPM, importando aqui a função exercida pelo superior, como por

exemplo, Cmt de Cia e Cmt de Btl, independentemente do cargo.

14

Exemplo: O Cmt da 1ª Cia/ESSgt tem competência disciplinar em relação a qualquer

Al Sgt PM da 1ª Cia, o que não acontece em relação a qualquer Al Sgt PM da 2ª Cia, pois neste

caso não há ascensão funcional, somente a ascensão hierárquica.

DOSIMETRIA NA APLICAÇÃO DA SANÇÃO

Artigo 33 - Na aplicação das sanções disciplinares serão sempre considerados a natureza, a

gravidade, os motivos determinantes, os danos causados, a personalidade e os antecedentes do

agente, a intensidade do dolo ou o grau da culpa.

Artigo 34 - Não haverá aplicação de sanção disciplinar quando for reconhecida qualquer

das seguintes causas de justificação:

I - motivo de força maior ou caso fortuito, plenamente comprovados;

II - benefício do serviço, da preservação da ordem pública ou do interesse público;

III - legítima defesa própria ou de outrem;

IV - obediência a ordem superior, desde que a ordem recebida não seja manifestamente

ilegal;

V - uso de força para compelir o subordinado a cumprir rigorosamente o seu dever, no caso

de perigo, necessidade urgente, calamidade pública ou manutenção da ordem e da disciplina.

Artigo 35 - São circunstâncias atenuantes:

I - estar, no mínimo, no bom comportamento;

II - ter prestado serviços relevantes;

III - ter admitido a transgressão de autoria ignorada ou, se conhecida, imputada a outrem;

(obs: a atenuante diz respeito à apuração da autoria da transgressão.)

IV - ter praticado a falta para evitar mal maior;

V - ter praticado a falta em defesa de seus próprios direitos ou dos de outrem;

VI - ter praticado a falta por motivo de relevante valor social;

VII - não possuir prática no serviço;

VIII - colaborar na apuração da transgressão disciplinar. (obs: A atenuante diz respeito à

materialidade da transgressão.)

Artigo 36 - São circunstâncias agravantes:

I - mau comportamento;

II - prática simultânea ou conexão de duas ou mais transgressões;

III - reincidência específica;

IV - conluio de duas ou mais pessoas;

V - ter sido a falta praticada durante a execução do serviço;

VI - ter sido a falta praticada em presença de subordinado, de tropa ou de civil;

VII - ter sido a falta praticada com abuso de autoridade hierárquica ou funcional.

§ 1º - Não se aplica a circunstância agravante prevista no inciso V quando, pela sua

natureza, a transgressão seja inerente à execução do serviço.

§ 2º - Considera-se reincidência específica o enquadramento da falta praticada num mesmo

item dos previstos no parágrafo único do artigo 13 ou no item 2 do § 1º do artigo 12. (obs: A falta

que tenha resultado em aplicação de advertência não deve ser considerada para efeito de

reincidência específica, visto não ser objeto de publicação e registro em Assentamento Individual.

Para a apreciação da reincidência específica não devem ser utilizadas sanções disciplinares

publicadas na vigência dos regulamentos Disciplinares anteriores.)

Artigo 41 - Na aplicação das sanções disciplinares previstas neste Regulamento, serão

rigorosamente observados os seguintes limites:

I - quando as circunstâncias atenuantes preponderarem, a sanção não será aplicada em seu

limite máximo;

15

II - quando as circunstâncias agravantes preponderarem, poderá ser aplicada a sanção até

o seu limite máximo;

III - pela mesma transgressão não será aplicada mais de uma sanção disciplinar.

Artigo 42 - A sanção disciplinar será proporcional à gravidade e natureza da infração,

observados os seguintes limites:

I - as faltas leves são puníveis com advertência ou repreensão e, na reincidência específica,

com permanência disciplinar de até 5 (cinco) dias;(obs: a reincidência específica de falta leve

implica na aplicação de permanência disciplinar, sendo vedada a cominação de sanção de

advertência ou de repreensão)

II - as faltas médias são puníveis com permanência disciplinar de até 8 (oito) dias e, na

reincidência específica, com permanência disciplinar de até 15 (quinze) dias;(obs: de acordo com a

interpretação do contido no parágrafo único do artigo 16, é possível a aplicação de repreensão nas

faltas médias, desde que não haja reincidência específica. A reincidência específica de falta média

implica na aplicação de permanência disciplinar em quantidade de dias superior à aplicada na

sanção anterior.)

III - as faltas graves são puníveis com permanência de até 10 (dez) dias ou detenção de até

8 (oito) dias e, na reincidência específica, com permanência de até 20 (vinte) dias ou detenção de

até 15 (quinze) dias, desde que não caiba demissão ou expulsão.(obs: a reincidência específica de

falta grave implica na aplicação de permanência disciplinar ou detenção, de forma mais severa, quer

em relação ao tipo de sanção, quer em relação à quantidade de dias.)

PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DISCIPLINAR DA ADMINISTRAÇÃO

A ação disciplinar da Administração prescreverá em 5 (cinco) anos, contados da data do

cometimento da transgressão disciplinar (artigo 85 do RDPM).

O ilícito administrativo previsto também como crime prescreve nos prazos estabelecidos

na legislação penal comum e militar, salvo se o prazo for inferior a 5 (cinco) anos.

Em qualquer caso, a interposição de recursos disciplinares interrompe a prescrição, até a

solução final do recurso.

16

Procedimento Disciplinar (PD)

PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Não se confunda o Procedimento Disciplinar (PD) com os Processos Regulares

previstos no RDPM (Conselho de Justificação, Conselho de Disciplina, Processo Administrativo

Disciplinar).

A sanção aplicada por meio do PD não gera a exclusão do PM das fileiras da

Instituição, ao contrário das sanções que podem ser aplicadas por meio dos processos regulares.

O PD está previsto nos artigos. 27 a 29 do RDPM:

Artigo 27 - A comunicação disciplinar dirigida à autoridade policial-militar

competente destina-se a relatar uma transgressão disciplinar cometida por subordinado

hierárquico.

Artigo 28 - A comunicação disciplinar deve ser clara, concisa e precisa, contendo os

dados capazes de identificar as pessoas ou coisas envolvidas, o local, a data e a hora do fato, além

de caracterizar as circunstâncias que o envolveram, bem como as alegações do faltoso, quando

presente e ao ser interpelado pelo signatário das razões da transgressão, sem tecer comentários ou

opiniões pessoais.

§ 1º - A comunicação disciplinar deverá ser apresentada no prazo de 5 (cinco) dias,

contados da constatação ou conhecimento do fato, ressalvadas as disposições relativas ao

recolhimento disciplinar, que deverá ser feita imediatamente.

§ 2º - A comunicação disciplinar deve ser a expressão da verdade, cabendo à

autoridade competente encaminhá-la ao acusado para que, por escrito, manifeste-se

preliminarmente sobre os fatos, no prazo de 3 (três) dias.

§ 3º - Conhecendo a manifestação preliminar e considerando praticada a transgressão,

a autoridade competente elaborará termo acusatório motivado, com as razões de fato e de direito,

para que o militar do Estado possa exercitar, por escrito, o seu direito a ampla defesa e ao

contraditório, no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 4º - Estando a autoridade convencida do cometimento da transgressão, providenciará

o enquadramento disciplinar, mediante nota de culpa ou, se determinar outra solução, deverá

fundamentá-la por despacho nos autos.

§ 5º - Poderá ser dispensada a manifestação preliminar quando a autoridade

competente tiver elementos de convicção suficientes para a elaboração do termo acusatório,

devendo esta circunstância constar do respectivo termo.

Artigo 29 - A solução do procedimento disciplinar é da inteira responsabilidade da

autoridade competente, que deverá aplicar sanção ou justificar o fato, de acordo com este

Regulamento.

§ 1º - A solução será dada no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir do

recebimento da defesa do acusado, prorrogável no máximo por mais 15 (quinze) dias, mediante

declaração de motivos no próprio enquadramento.

§ 2º - No caso de afastamento regulamentar do transgressor, os prazos supracitados

serão interrompidos, reiniciada a contagem a partir da sua reapresentação.

§ 3º - Em qualquer circunstância, o signatário da comunicação deverá ser notificado

da respectiva solução, no prazo máximo de 90 (noventa) dias da data da comunicação.

§ 4º - No caso de não cumprimento do prazo do parágrafo anterior, poderá o signatário da

comunicação solicitar, obedecida a via hierárquica, providências a respeito da solução.

17

Veja que os artigos acima enumerados não são suficientes para o entendimento integral

do rito do PD e de diversas particularidades acerca dele. Para tanto, e com fulcro no artigo 88 do

RDPM, o Cmt Geral editou a Portaria do Cmt G nº CorregPM-001/360/13, estabelecendo o rito do

Procedimento Disciplinar. O estudaremos a seguir:

PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Portaria Cmt G nº CorregPM-001/360/13

Bol G PM nº 211, de 06NOV13

• Atribuições do Cmt Geral – art. 88 do RDPM.

• Artigo 1º:

• Destinação (art. 1º):

- apuração de transgressões disciplinares

- complexidade não exija Sindicância

- gravidade não recomende Processo Regular

• Orientação (art. 1º):

- artigos 27 a 29 do RDPM (comunicação disciplinar; regras básicas do PD contidas no rito).

- oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade.

Artigo 2º - Providências da autoridade competente (artigo 31 do RDPM) ao receber a

comunicação disciplinar:

• analisar os fatos em 5 dias.

• se não houver suficiência para Termo Acusatório, poderá:

- restituí-la ao seu signatário (3 dias para atender o art. 28 do RDPM – regras comunicação

disciplinar);

- encaminhá-la ao PM comunicado (manifestação preliminar em 3 dias);

- arquivar motivadamente (inexistência de transgressão disciplinar) e colher ciência do PM

comunicado.

§ 1º - dispensabilidade da manifestação preliminar (constar no TA)

• Artigo 3°:

- Elaboração do Termo Acusatório em 3 dias

- Motivação com as razões de fato e de direito

- Rol máximo de 3 testemunhas da acusação

- Defesa do próprio acusado ou por defensor constituído inscrito na OAB

- Audiência de instrução e julgamento em 10 dias

• § 1º do art. 3º - pluralidade de envolvidos de mais de uma OPM:

- o PD poderá ser único (instaurado por autoridade comum aos envolvidos).

- Se houver a instauração de mais de um PD, exige-se aprovação de ato pela autoridade

comum aos envolvidos (parágrafo único do art. 47 do RDPM).

• §§ 2º e 3º - testemunhas de defesa:

- Limite máximo de 3 testemunhas;

- Poderão ser trazidas pelo acusado independentemente de intimação;

18

- Testemunha agente público: notificação para sua apresentação pela autoridade policial

militar (a defesa solicitará em 4 dias de antecedência);

- Solicitação para intimação de testemunha civil à Administração (4 dias de antecedência);

- Solicitação de juntada de documentos oriundos da PM (4 dias de antecedência).

• § 4° - Não comparecimento injustificado das testemunhas de defesa:

- Não importará redesignação da audiência de instrução e julgamento;

- Exceção: a autoridade policial-militar, de ofício ou a requerimento da defesa, entender

imprescindível;

- Redesignação da audiência: prazo máx. de 5 dias.

• § 5º - Citação do acusado:

- Deverá ser acompanhada de cópia do TA;

- Conter expressamente o disposto nos §§ 2º, 3º e 4º do artigo 3º e a data da audiência de

instrução e julgamento;

- Advertência para apresentação das razões de defesa na audiência de instrução e julgamento;

- Advertência de preclusão do direito de apresentar testemunhas se não o fizer nos termos da

portaria.

• § 6° - Designação da audiência e instrução em prazo superior a 5 dias:

- Excepcionalmente;

- Requerido pelo presidente ao Cmt de Btl ou superior;

- Requerimento motivado;

- Observar o disposto no art. 29 do RDPM (prazo para conclusão do PD: 30 dias, prorrogáveis

por mais 15 dias).

OBS: lembrar conceito de prazo IMPRÓPRIO

• § 7º - Novas notificações posteriores à citação:

- Acusado e defensor constituído;

- Registro no próprio termo de audiência (apud acta) ou por publicação em Diário Oficial.

• Artigo 4° - Início da Audiência de Instrução e Julgamento:

- Presença do acusado ou de seu defensor constituído;

- A admissão do defensor independe de instrumento de mandato;

- Leitura do Termo Acusatório (pluralidade de acusados – proceder uma única leitura -

celeridade);

- Fazer juntada de documentos apresentados ou solicitados pela defesa;

- Oitiva das testemunhas da Administração seguidas pelas testemunhas da defesa.

• § 1° - Delegação da presidência da instrução:

- impossibilidade da autoridade competente

- despacho motivado do presidente

- Oficial, Praça Especial, Subtenente ou Sargento;

- observar as regras da hierarquia.

• § 2º - Inquirição de testemunhas:

- alertar sobre implicações por falso testemunho

• § 3° - proibição de testemunhos prontos (permitida consulta a apontamentos).

• § 4° - aplicação subsidiária dos arts. 202 a 225 do CPP e dos arts. 347 a 367 do CPPM.

• § 5° - perguntas formuladas diretamente às testemunhas (não há repergunta).

• § 6° - contradita de testemunha:

- A defesa deverá fazê-lo antes do depoimento, motivadamente (parcialidade, suspeição);

19

- Consignação da arguição pelo presidente

- Continuidade da oitiva;

- Exclusão de testemunha – excepcionalmente.

• Exclusão da testemunha ou não compromisso:

- em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,

desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho;

- doentes e deficientes mentais;

- menores de 14 (quatorze) anos;

- ascendente ou descendente, afim em linha reta, cônjuge, ainda que separado judicialmente, e

irmão.

• § 7° - Depoimentos das testemunhas:

- reduzidos resumidamente no termo da audiência;

- fatos objetivos e relevantes;

- consignação das ressalvas feitas pela defesa.

• § 8º - Acareação:

- divergências relevantes;

- em forma de reperguntas;

20

- foco nos pontos de divergências;

- redução das respostas no termo de audiência.

• Artigo 5° - Interrogatório do acusado:

- Qualificação e leitura da acusação;

- Ciência do seu direito de permanecer calado;

• § 1° - A falta de defesa técnica por advogado:

- Não ofende direitos constitucionais (possibilidade de autodefesa).

- Ausência injustificada de ambos: nomeação de defensor “ad hoc” (Oficial, Praça Especial,

Subtenente ou Sargento), observando as regras de hierarquia.

• § 2º - Carta precatória:

- Precedente intimação da defesa (formulação de perguntas).

- Notificar defesa a data, hora e local do depoimento.

- Ausência da defesa: designar defensor “ad hoc”.

• § 3° - Respostas do acusado de modo respeitoso

OBS: negativa do acusado em assinar seu interrogatório: consignar na ata da audiência

• § 4° - Mais de um acusado: interrogatório em separado (leitura única da acusação -

celeridade).

• Artigo 6° - Nova tipificação legal ao fato (art. 383 do CPP e art. 437 do CPPM):

- Diferença entre mutatio libelli e emendatio libelli;

- Fatos novos (mutatio libelli): aditamento do TA na própria audiência (exceção: delegação

da instrução);

- Arrolamento de até outras 3 testemunhas de acusação;

- Designação de nova audiência (intimação apud acta);

- Apresentação de outras 3 testemunhas de defesa.

• Artigo 7° - alegações finais de defesa

- Logo após interrogatório;

- Procedida oralmente por 10 minutos (cada acusado);

- Prorrogável por mais 5 minutos (cada acusado);

• Decisão do Procedimento Disciplinar:

- Logo após alegações finais da defesa;

- Somente pela autoridade competente;

- Não ocorre em casos de delegação de instrução:

• § 2° - Casos complexos ou com diversos acusados:

- Prazo de 5 dias para memoriais de defesa

- Prazo de 5 dias, a contar da juntada dos memoriais para proferir a decisão do PD

• Artigo 8° - Julgamento. Observância dos arts. 33 a 48 do RDPM. Dentre outras

coisas, estão:

1. Natureza, gravidade, antecedentes, dolo, culpa, etc;

2. Causas de justificação, atenuantes, agravantes;

3. Regras para o Enquadramento Disciplinar;

4. Dosimetria;

5. Aprovação de ato pelo Cmt OPM (nível Btl ou superior - art. 86);

21

6. Tríplice responsabilidade

- Parágrafo único: casos de instauração de Processo Regular - remessa à autoridade superior

para deliberação.

• Artigo 9° - Lavrar termo único de todo o ocorrido na audiência de instrução e

julgamento, contendo:

- Assinatura de todos os envolvidos: presidente, testemunhas, acusado e defensor.

- Breve resumo dos depoimentos e das razões de defesa.

- Breve menção de eventuais incidentes.

- Decisão da autoridade instauradora do PD (motivação).

• § 1º – Instrução do PD delegada:

- Lançamento no termo de audiência do parecer do encarregado pela instrução (procedência

ou não da transgressão)

- § 2º - Casos de razões de defesa em memoriais (complexidade e pluralidade de

envolvidos), com delegação da instrução do PD:

- Elaboração de relatório pelo encarregado da instrução com a síntese da apuração e seu

parecer (procedência ou não da acusação).

• § 3º - Princípio da formalidade relativa nos processos administrativos:

- Nulidade exige efetivo prejuízo à defesa ou à Administração (busca da verdade real).

- Resolução, de plano, dos incidente com registro nos autos.

- Artigo 10 – Submissão da decisão da autoridade instauradora à aprovação pelo

Comandante de Unidade:

- Oficial na função de Ten Cel PM ou Cel PM (artigos 43 e 86 do RDPM).

• Artigo 11 - afastamento regulamentar do acusado: suspensão dos prazos do PD (art. 29

§ 2º do RDPM).

• Artigo 12 – Publicação do ato punitivo ou de sua justificação:

- Somente após encerramento dos recursos próprios (art. 56, parágrafo ú do RDPM) ou a

decadência dos prazos recursais, com certificação nos autos.

- Início dos efeitos do ato punitivo (cumprimento do corretivo e demais reflexos

secundários).

• Artigo 13 - Validade de meios eletrônicos:

- captura de dados, som, imagem e arquivos digitais para o registro do PD

- Proibição de dispensa do termo de audiência.

Artigo 14 – Numeração do PD:

- única em nível de Batalhão ou OPM superior (ordem crescente e anual).

• Artigo 15 - documento que noticie transgressão de inativo:

- remessa ao Subcmt PM (praças) ou Comandante Geral (oficiais).

- Observar (Bol G PM nº 205, de 05NOV09 e Bol G PM nº 181, de 23SET11).

22

• Caracterização da transgressão - Bol G PM 205/2009:

- afronta à hierarquia e à disciplina.

- prejuízo ao patrimônio ou à ordem adm. militar.

- contra policial militar (em serviço ou em razão da função).

- gravidade e repercussão (art. 12, § 2 º do RDPM).

- observância do art. 33 do RDPM.

Transgressão praticada por inativo - providências:

• Se caracterizada:

- Cmt da OPM do local dos fatos: remessa da documentação à CorregPM.

• Se não caracterizada:

- Remessa da documentação à OPM onde está a PI do interessado para arquivo.

Transgressão praticada por inativo – Bol G 181/2011:

• Arquivamento sumário da documentação:

- crimes comuns (lei de armas, trânsito, contra a propriedade, contra a pessoa, contra os

costumes, etc.).

- lugar não sujeito à Administração Militar.

- ausência de causa e efeito com atividade PM

- ausência de mácula à Instituição (o simples fato de ser inativo não macula a Instituição)

- furto, extravio, disparo de arma de fogo (guarda inadequada).

• Artigo 15, parágrafo único – passagem para inatividade após a formulação do TA:

(ATENÇÃO – este parágrafo do rito será retificado por meio de portaria do Cmt Geral)

- instrução do PD prossegue na OPM de origem;

- aprovação de ato (art. 43 do RD) pelo Scmt PM e Cmt Geral.

- OBS - na verdade, em face da competência e dos limites estabelecidos nos artigos 31 e 32

do RDPM, a sanção deverá ser aplicada (não simplesmente aprovada) pelo Cmt Geral (oficiais) e

Subcomandante PM (praças).

• Artigo 16 – Aplicação subsidiária das I-16-PM.

• Artigo 17 (caput e parágrafo único):

Entrada em vigor: 06DEZ13.

PD instaurados até 05DEZ13: utilizar rito anterior

• Publicações de interesse em Boletins Gerais PM:

- 2001: Bol G PM 64 e 116.

- 2002: Bol G PM 53, 59 e 222.

- 2005: Bol G PM 228.

- 2009: Bol G PM 205 e 230.

- 2010: Bol G PM 108, 178 e 188.

- 2011: Bol G PM 181.

- 2012: Bol G PM 209.

- 2013: Bol G PM 211.

23

Processos Regulares.

PROCESSOS REGULARES - CONSELHO DE DISCIPLINA E PROCESSO

ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Dentro do assunto processo administrativo, temos os processos administrativos

disciplinares que são utilizados na PMESP com a finalidade de julgar seus integrantes, no sentido

de verificar se ainda reúnem condições morais de continuarem servindo nas fileiras da Instituição,

após a prática de determinadas faltas disciplinares, que estudaremos adiante. Esses processos são

chamados de Processos Regulares.

O Regulamento Disciplinar da PMESP (instituído pela Lei Complementar nº 893, de 9

de março de 2001) estabelece que a Praça só será demitida ou expulsa mediante Processo Regular.

O art. 71 do RDPM dispõe:

“O processo regular a que se refere este Regulamento, para os militares do Estado,

será:

I - para oficiais: o Conselho de Justificação (CJ);

II - para praças com 10 (dez) ou mais anos de serviço policial- militar: o Conselho de

Disciplina (CD);

III - para praças com menos de 10 (dez) anos de serviço policial-militar: o Processo

Administrativo Disciplinar (PAD).”

Obs:

1) Na hipótese de o militar do Estado completar 10 (dez) anos de serviço durante a

instrução do PAD, deve-se dar continuidade ao processo já instaurado, sem qualquer prejuízo para a

sua validade.

2) Havia uma polêmica a respeito de o Asp Of PM, o Subtenente PM e o Sgt PM serem

submetidos a CD, independentemente do tempo de serviço, no entanto, o atual RDPM estabelece a

regra do tempo de serviço, ou seja, sendo praça com menos de 10 anos de serviço será submetido a

PAD, e com 10 anos ou mais, a CD.

3) Se num mesmo fato incompatível com a função estiverem envolvidos Oficial e Praça,

ambos responderão processos regulares distintos, ou seja, o Oficial responderá a um CJ e a Praça

responderá a um CD ou PAD, conforme o tempo de serviço prestado.

4) Para a instauração do processo regular, a transgressão disciplinar deve ser grave, nos

termos do art. 124, III e IV, das I-16-PM, como segue:

Artigo 124 - A portaria constitui a peça inicial do processo regular e deve conter:

Definição da infração disciplinar

III - a exposição clara, precisa e concisa do fato censurável de natureza grave, suas

circunstâncias e antecedentes, objetivamente definidos no tempo e no espaço;

A norma legal

IV - a tipificação legal da conduta, ainda não punida, classificada como transgressão

disciplinar grave nos termos da Lei Complementar 893/01;

24

FINALIDADE

A finalidade do CD e do PAD é apurar a incapacidade moral da Praça para permanecer

no serviço ativo da PMESP, conforme art. 76, “caput”, do RDPM, como segue:

Artigo 76 - O Conselho de Disciplina destina-se a declarar a incapacidade moral da

praça para permanecer no serviço ativo da Polícia Militar (...).

Os arts. 126 e 127 das I-16-PM também estabelecem tal finalidade:

Conselho de Disciplina

Artigo 126 - O Conselho de Disciplina é o processo regular que visa apurar a

incapacidade moral da Praça com 10 (dez) ou mais anos de serviço policial-militar para

permanecer no serviço ativo, fornecendo subsídios para decisão final do Comandante Geral.

Processo Administrativo Disciplinar

Artigo 127 - O Processo Administrativo Disciplinar é o processo regular que visa

apurar a incapacidade moral da Praça com menos de 10 (dez) anos de serviço policial-militar para

permanecer no serviço ativo, fornecendo os fundamentos para decisão final do Comandante Geral.

PLURALIDADE DE ENVOLVIDOS - ARTIGO 11, § 3º, DAS I-16-PM

A pluralidade de envolvidos está prevista no art. 80, “caput” e § 1º, do RDPM, como

segue:

Artigo 80 - Será instaurado apenas um processo quando o ato ou atos motivadores

tenham sido praticados em concurso de agentes.

§ 1º - Havendo dois ou mais acusados pertencentes a OPM diversas, o processo será

instaurado pela autoridade imediatamente superior, comum aos respectivos comandantes das OPM

dos acusados.

O art. 11, § 3º, das I-16-PM também prevê tal disposição:

Art. 11 – (...)

Pluralidade de envolvidos § 3º - Estando envolvidos integrantes de mais de uma OPM, o processo será único,

observadas as restrições específicas, e instaurado pela autoridade de cargo superior, comum aos

respectivos Comandantes.

Exemplo: Dois policiais militares, um da ESSgt e o outro da APMBB, se envolveram

em um mesmo fato, tendo praticado transgressões disciplinares desabonadoras. O Conselho de

Disciplina, se for o caso, deverá ser instaurado pelo Diretor de Ensino.

Obs: No caso de Sindicância, quando se tratar de pluralidade de envolvidos, a regra é

específica, pois não se trata de imputação de responsabilidade disciplinar e sim de uma investigação

a ser realizada pela autoridade competente, nos termos do art. 11, § 6º, das I-16-PM.

25

CONSELHO DE DISCIPLINA

O Conselho de Disciplina, como já foi mencionado, é o processo regular que visa apurar

a incapacidade moral da Praça com 10 (dez) ou mais anos de serviço policial-militar para

permanecer no serviço ativo, fornecendo subsídios para decisão final do Comandante Geral (artigo

126 das I-16-PM).

RDPM:

Artigo 76 - O Conselho de Disciplina destina-se a declarar a incapacidade moral da

praça para permanecer no serviço ativo da Polícia Militar e será instaurado:

I - por portaria do Comandante da Unidade a que pertencer o acusado;

II - por ato de autoridade superior à mencionada no inciso anterior.

Parágrafo único - A instauração do Conselho de Disciplina poderá ser feita durante o

cumprimento de sanção disciplinar.

Obs: O Conselho de Disciplina não será instaurado com base em transgressão

disciplinar da qual o militar do Estado já tenha cumprido a sanção, nos termos do artigo 41, III, do

RDPM.

COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE DISCIPLINA

Artigo 78 - O Conselho será composto por 3 (três) oficiais da ativa.

§ 1º - O mais antigo do Conselho, no mínimo um capitão, é o presidente, e o que lhe

seguir em Antigüidade ou precedência funcional é o interrogante, sendo o relator e escrivão o

mais moderno.

Exemplo: A composição de CD

que tem como acusado uma Praça, de Sd a Asp

Of, será de no mínimo um Cap PM

(Presidente), um 2º Ten PM (Interrogante) e

um 2º Ten PM (Relator e Escrivão).

Obs: A necessidade de ter um

Major PM como presidente do CD instaurado

em desfavor de Sargento PM não mais existe

em face da revogação dos antigos R-2-PM e

R-2A-PM.

§ 2º - Entendendo necessário, o presidente poderá nomear um subtenente ou sargento

para funcionar como escrivão no processo, o qual não integrará o Conselho.

MEDIDAS CAUTELARES

As medidas cautelares estão previstas no art. 112 das I-16-PM, das quais

mencionaremos somente as relativas às Praças, como segue:

26

Medidas que recaem sobre o militar do Estado acusado Artigo 112 - O Comandante, Chefe ou Diretor do militar do Estado acusado em

processo regular deverá determinar que ele fique:

(...)

IV - Se Praça:

a) vinculado à Unidade do presidente do Processo Administrativo Disciplinar, como

adido se necessário, desde a instauração do Conselho de Disciplina ou do Processo Administrativo

Disciplinar, até a publicação da decisão definitiva;

b) prestando serviços internos, impedido de assumir às funções de ensino ou instrução,

justiça e disciplina, inteligência policial, finanças e atendimento ao público em geral;

c) afastado de atividades operacionais, inclusive de supervisão, devendo ser empregado

em serviços internos, em horário de expediente administrativo, ou no Serviço de Dia de Subunidade

e Guarda do Quartel da Unidade, em regime de horário peculiar a essas funções, no entanto,

exclusivamente no período diurno, e suspensa a concessão de carga pessoal de arma de fogo.

§ 1º - As medidas determinadas neste Artigo alcançam, também, o militar do Estado

nas seguintes condições:

1 - reintegrado por força de ordem liminar, até o julgamento definitivo da ação

correspondente;

2 - reintegrado judicialmente, desde que seja permitida à Administração a instauração

de novo processo regular, pelos mesmos fundamentos, observando-se o prazo de prescrição

quinquenal da Lei Complementar nº 893/01 (RDPM).

§ 2º - Em nenhuma hipótese, o militar do Estado que se encontrar nas situações

previstas neste Artigo deverá ser escalado para representar a Instituição ou a Unidade em ato

público, interno ou externo.

Artigo 113 - A autoridade instauradora do processo regular poderá requerer a

decretação de medida cautelar, que consistirá em:

I - movimentação de unidade por conveniência da disciplina e do processo;

II - proibição de uso de uniforme.

Parágrafo único - As medidas cautelares devem ser fundadas em uma ou mais das

seguintes razões:

1 - na repercussão social da conduta em apuração;

2 - na conveniência da instrução processual;

3 - na exigência da manutenção das normas e princípios da hierarquia e disciplina,

quando ficarem ameaçados ou atingidos em razão da conduta em apuração;

4 - outro motivo relevante.

CITAÇÃO E REVELIA

A citação está prevista no artigo 54 das I-16-PM e deve obedecer ao que segue:

Conceito

Artigo 54 - A citação é o ato de chamamento ao processo do policial militar acusado.

Conteúdo

§ 1º - A citação conterá:

I - o nome do Presidente do processo;

II - o nome do policial militar acusado e sua qualificação;

III - a indicação do tipo de processo regular;

IV – cópia da portaria que instaurou o processo regular;

V – a informação de que o acusado tem o prazo de 5 (cinco) dias para constituir

27

defensor e apresentar defesa preliminar, por escrito, nos termos do Artigo 134 destas Instruções;

VI - a indicação de que o não atendimento do contido no item anterior acarretará o

prosseguimento à revelia e a nomeação de defensor dativo;

VII - assinatura do presidente.

Citação pessoal

§ 2º - O policial militar será citado pessoalmente, onde possa ser encontrado, sendo-lhe

entregue o documento citatório, mediante recibo aposto na contrafé.

Citação por edital

§ 3º - Se não for possível encontrar o acusado, em razão de deserção, ausência ilegal,

desconhecimento de seu paradeiro ou por esquivar-se à citação, deverá o presidente determinar a

sua citação por edital.

§ 4º - A citação por edital consiste na publicação, por única vez, de um extrato da

citação em diário oficial, estabelecendo o prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação, para

responder à acusação.

A revelia está prevista no mesmo artigo 54, §§ 5º e 6º, das I-16-PM:

Revelia

§ 5º - O não atendimento da citação acarretará o prosseguimento do processo à

revelia, sendo que nos atos posteriores somente deverá ser intimado o defensor do acusado, salvo

se houver o seu comparecimento no curso do processo.

§ 6º - O revel que comparecer após o início do processo poderá acompanhá-lo nos

termos em que este estiver, não tendo direito à repetição de qualquer ato.

Importante frisar que o policial militar não será punido sem defesa, ou seja, a revelia

implica em designação de PM habilitado para exercer a defesa do policial faltoso.

NOMEAÇÃO DE DEFENSOR

As normas quanto ao defensor no CD e no PAD estão nos artigos

19 e seguintes das I-16-PM:

Defensor

Artigo 19 - O acusado poderá constituir defensor no processo

regular e, na falta deste, o Presidente do processo nomeará militar do

Estado bacharel em Direito para exercer essa função.

Ausência de Procuração

§ 1º - A constituição de defensor independe de instrumento de mandado se o acusado o

indicar em qualquer das audiências, devendo tal situação ser registrada na ata da audiência.

Defesa obrigatória

§ 2º - Nenhum acusado será processado ou julgado sem defensor.

Substituição do dativo

§ 3º - A nomeação de defensor dativo não impede que o acusado, a qualquer tempo,

apresente seu defensor constituído, sem prejuízo dos atos processuais já praticados.

Substituição por recusa

§ 4º - O presidente realizará a substituição do defensor nomeado que tenha sido

recusado pelo acusado, somente se configurado motivo relevante ou qualquer das hipóteses do

28

Artigo 29 destas Instruções.

Presença do defensor

Artigo 20 - O defensor, caso tenha sido constituído pelo acusado, deverá estar presente

em todas as sessões do processo.

Não comparecimento

Artigo 21 – A audiência será adiada uma única vez se, por motivo justificado, o

defensor não puder comparecer.

§ 1º - Incumbe ao defensor justificar a ausência até 3 (três) dias antes da realização da

audiência, salvo por motivo de força maior, quando poderá fazê-lo até a abertura da audiência e,

não o fazendo, o presidente determinará o prosseguimento do processo, devendo nomear defensor

ad hoc.

§ 2º - Caso se repita a falta, o presidente nomeará um defensor ad hoc, para efeito do

ato.

Vistas dos autos

Artigo 22 - As vistas dos autos pelo defensor será em cartório, sempre que necessária

sua manifestação, podendo ser concedida a carga dos autos nos termos da Lei nº 8.906, de 04 de

julho de 1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil).

Manifestação nos autos

Parágrafo único - A manifestação será inserida nos autos em ordem cronológica.

INTIMAÇÃO

A intimação está prevista no artigo 55 das I-16-PM, como segue:

Conceito

Artigo 55 - A intimação para a prática de ato ou para a ciência de decisão no processo

será expedida pelo seu presidente e conterá:

I - o nome e assinatura do presidente do processo;

II - a indicação do tipo de processo administrativo;

III - a especificação do objetivo da intimação;

IV - o lugar, dia e hora de comparecimento, se foro caso.

Formas de intimação

Artigo 56 – A intimação será realizada:

I - pessoalmente para o acusado, testemunhas, defensor nomeado e outras pessoas que

devam participar de algum ato processual;

II – por meio de publicação em diário oficial para defensor constituído.

§ 1º - Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes o acusado

e seu defensor.

§ 2º - Se o acusado estiver nas hipóteses mencionadas no § 3º do artigo 54, destas

Instruções será intimado por edital.

§ 3 º - O não atendimento de intimação por parte do acusado acarretará o

prosseguimento do processo à sua revelia.

§ 4º - A intimação de agentes públicos para comparecimento em audiência será

realizada por meio de ofício do presidente do processo, devendo conter os requisitos previstos no

Artigo 55 destas Instruções.

29

Obs: Ressaltem-se as diferenças entre a citação e a intimação. A citação será pessoal ou

por edital, ocorrerá por uma única vez e no início do processo administrativo disciplinar apenas, a

fim de chamar o acusado para o processo. Já a intimação ocorrerá quantas vezes forem necessárias

após o início de um processo administrativo disciplinar ou investigatório, a fim de chamar qualquer

uma das partes para o processo.

PRODUÇÃO DE PROVAS

Nos termos do artigo57 das I-16-PM, são admitidos no processo administrativo todas as

espécies de provas, como segue:

Artigo 57 - São admitidas no processo administrativo todas as espécies de provas,

observados os preceitos dos Artigos 294 a 383 do CPPM, no que forem aplicáveis.

Nulidade

§ 1º - Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na

apuração da verdade substancial ou diretamente na decisão final do processo regular.

Carta precatória

§ 2º - Os atos probatórios poderão ser delegados, por meio de carta precatória, a

outras autoridades administrativas.

Registro de audiência

§ 3° - Os atos processuais devem ser registrados formalmente por escrito, podendo,

também, serem registrados por meio magnético, eletrônico, digital ou processo similar, não sendo

dispensado o registro por escrito.

Cabe aqui a menção do artigo 5º, LVI, da CF/88, no sentido de que “são inadmissíveis,

no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.

RITO DO CD E DO PAD (art. 128 das I-16-PM)

O rito do CD e do PAD é o mesmo, sendo que o PAD deverá ser presidido por, no

mínimo, um 1º Ten PM .

Para facilitar o entendimento, estudaremos o rito observando o fluxograma em anexo à

presente apostila.

ALEGAÇÕES FINAIS DE DEFESA

Recebida a defesa preliminar (art. 135 das I-16-PM), o presidente do processo regular

deverá, após realizar o saneamento e atendimento dos requerimentos oferecidos pelo defensor,

designar, em 5 (cinco) dias, audiência de instrução, onde serão ouvidas, nesta ordem (art. 137 das I-

16-PM), as testemunhas arroladas na portaria, as indicadas pela defesa e, em seguida, ao

interrogatório do acusado.

Ao término do interrogatório do acusado, poderão ser requeridas diligências pelo

defensor, as quais serão deliberadas imediatamente (art. 164 das I-16-PM). Caso não sejam

requeridas as diligências ou sejam indeferidas (art. 165 das I-16-PM), o defensor oferecerá

alegações finais, por 20 (vinte) minutos ou apresentará memoriais no prazo de 3 (três) dias (obs:

quando houver 3 (três) ou mais acusados, as alegações finais orais serão substituídas por memoriais,

a serem apresentados em até 3 (três) dias.)

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PRAZOS DO CD E DO PAD

Os trabalhos do presidente do Processo Administrativo Disciplinar e dos membros do

Conselho de Disciplina devem ser encerrados no prazo de 60 (sessenta) dias, contados do

recebimento dos autos.

O prazo não deve ser prorrogado, salvo em caso de justificadas razões que impeçam a

conclusão dos trabalhos no prazo estabelecido. Caso isto ocorra, o pedido deverá ser encaminhado à

autoridade superior à instauradora, com posto de Cel PM, que poderá prorrogar o prazo por até 90

(noventa) dias. Após essa prorrogação, apenas o Exmo Sr. Cmt Geral poderá conceder novos

prazos. (Art. 175 das I-16-PM).

RELATÓRIO

Os artigos 171 e seguintes das I-16-PM dispõem sobre o relatório:

Da conclusão do relatório

Artigo 171 - As deliberações para a elaboração do relatório do Conselho serão

tomadas por maioria de votos, computado o do Presidente.

Parágrafo único - As deliberações do Conselho de Disciplina serão realizadas por

votação na seguinte ordem: Relator, Interrogante e o Presidente.

Conteúdo do relatório. Parecer

Artigo 172 - Do relatório constará:

I - a qualificação do militar do Estado acusado;

II - indicação do local, data e horário onde ocorreu o fato constante da portaria;

III - se o militar do Estado acusado estava de serviço e fardado quando dos fatos

constantes da portaria;

IV - data de ingresso do militar do Estado acusado na Instituição;

V - a exposição sucinta da acusação;

VI - as provas obtidas no processo;

VII - as diligências realizadas;

VIII - a exposição sucinta da defesa;

IX - o parecer de procedência, procedência em parte ou improcedência da acusação;

X - se o militar do Estado acusado por sua conduta apurada no processo regular está

moralmente capacitado a permanecer na Instituição;

XI - a proposta da medida aplicável ao caso concreto.

Propositura da medida

Artigo 173 - Se o Conselho julgar a acusação:

I - procedente: deverá propor a aplicação da sanção de reforma administrativa

disciplinar, de demissão ou de expulsão, prevista na Lei Complementar nº 893/01 (RDPM);

II - procedente em parte: poderá propor a aplicação de outra sanção, observado o

artigo 42 da Lei Complementar nº 893/01 (RDPM);

III - improcedente: deverá propor o arquivamento dos autos.

DECISÃO DA AUTORIDADE INSTAURADORA

A decisão da autoridade instauradora está prevista nos artigos 81 e 82 do RDPM:

31

Artigo 81 - A decisão da autoridade instauradora, devidamente fundamentada, será

aposta nos autos, após a apreciação do Conselho e de toda a prova produzida, das razões de

defesa e do relatório, no prazo de 15 (quinze) dias a contar do seu recebimento.

Artigo 82 - A autoridade instauradora, na sua decisão, considerará a acusação

procedente, procedente em parte ou improcedente, devendo propor ao Comandante Geral,

conforme o caso, a aplicação das sanções administrativas cabíveis.

Parágrafo único - A decisão da autoridade instauradora será publicada em boletim.

DECISÃO DO CMT G

A decisão do Cmt G está prevista no art. 83 do

RDPM:

Artigo 83 - Recebidos os autos, o Comandante Geral,

dentro do prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, fundamentando

seu despacho, emitirá a decisão final sobre o Conselho, que será

publicada em boletim e transcrita nos assentamentos da praça.

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD)

O Processo Administrativo Disciplinar é o processo regular que visa apurar a

incapacidade moral da Praça com menos de 10 (dez) anos de serviço policial-militar para

permanecer no serviço ativo, fornecendo os fundamentos para decisão final do Comandante Geral

(artigo 127 das I-16-PM). O RDPM estabelece que:

Artigo 84 - O Processo Administrativo Disciplinar seguirá rito próprio ao qual se

aplica o disposto nos incisos I, II e parágrafo único do artigo 76 e os artigos 79, 80 e 82 deste

Regulamento.

Parágrafo único - Recebido o Processo, o Comandante Geral emitirá a decisão final.

Obs: As formalidades a serem seguidas no PAD serão as mesmas que estão previstas

para o CD, contidas no RDPM e nas I-16-PM, cujo fluxograma encontra-se ao final desta apostila.

As diferenças principais entre o PAD e o CD

1) O PAD é um processo monocrático, presidido por apenas um Oficial (mínimo 1º Ten

PM), enquanto no CD há Conselho;

2) O PAD é destinado aos policiais com menos de 10 anos de serviço policial, enquanto

o CD é destinado aos policiais com 10 anos ou mais de serviço.

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Conselho de Justificação e Procedimento Administrativo Exoneratório.

CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO

Este processo regular encontra seu fundamento legal na Lei Federal nº 5.836, de

05DEZ72, na Lei Estadual nº 186, de 14DEZ73 e nos artigos 73 a 75 da Lei Complementar nº 893,

de 09MAR01 - RDPM.

O Conselho de Justificação é destinado a julgar, através de processo especial, a

incapacidade do Oficial de Polícia Militar para permanecer na ativa ou do Oficial da reserva

remunerada ou reformado, presumivelmente incapaz de permanecer na situação de inatividade que

se encontra, criando-lhe, ao mesmo tempo, condições para se justificar.

É bom que se frise que o Conselho de Justificação é um processo administrativo

especial que tem por escopo apurar ato ou atos imputados ao Oficial de Polícia Militar do Estado de

São Paulo, a pedido ou ex officio, decidindo sobre sua incapacidade moral ou profissional para o

serviço ativo ou, sua permanência na inatividade, assegurando-lhe os princípios do contraditório e

da ampla defesa, como condições para se justificar.

O Conselho de Justificação inicia-se a partir do pressuposto da existência de uma

acusação certa e determinada, feita com base em Representação elaborada pelo Comandante Geral

da PMESP e endereçada ao Secretário dos Negócios da Segurança Pública, que aprovando a

Representação expede Resolução instaurando o Conselho de Justificação, bem como nomeando os

Oficiais PM indicados pelo Comandante Geral da PM para comporem o Colegiado.

Importante consignar que o Conselho de Justificação é um processo híbrido quanto às

suas fases, pois, existe uma fase administrativa (PMESP e SSP/SP) e outra judicial (Tribunal de

Justiça Militar).

O oficial submetido a conselho de justificação e considerado culpado por decisão

unânime, poderá ser agregado disciplinarmente mediante ato do Comandante Geral, até decisão

final do tribunal competente, ficando afastado das suas funções e adido à Unidade que lhe for

designada, proibido de usar uniforme, percebendo 1/3 (um terço) da remuneração, mantido no

respectivo quadro, sem número, não concorrendo à promoção.

A agregação disciplinar é figura criada pelo Regulamento Disciplinar, visto inexistir tal

previsão do Decreto-lei nº 260/70.

O Presidente de Conselho de justificação, ao final da apuração, deverá remeter cópia do

Relatório ao Comandante Geral, via Corregedoria PM, para subsídio de eventual ato de agregação

(Artigo 74 RDPM).

O seu rito e características próprias do processo estão estabelecidos a partir do art. 184

das I-16-PM.

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO EXONERATÓRIO (PAE)

É uma espécie de processo administrativo, sem caráter disciplinar, que se destina a

apurar se o Sd PM 2ª Classe infringiu ou não atendeu quaisquer das condições ou requisitos

estabelecidos em decreto estadual, durante o estagio probatório para atingir a estabilidade.

O PAE está previsto nos artigos 43 e 44, da D-5-PM (publicada em anexo ao Bol G nº

074/10). Veja:

Artigo 43 – A qualquer tempo, e enquanto perdurar o estágio probatório, cujo período

é computado como de efetivo exercício, o estagiário será verificado quanto ao preenchimento dos

33

requisitos contidos nos artigos 37 e 59 do Decreto de Ensino da PMESP, que será de

responsabilidade direta do Cmt da OPM em que se encontra atuando o policial militar, ocasião em

que poderá ser auxiliado pelo respectivo OAES formador para a realização de exames e

procedimentos de avaliação.

Parágrafo único. Os Alunos-oficiais, Aspirantes-a-oficiais e Sd PM 2ª Cl, que

infringirem ou deixarem de atender a qualquer das condições ou requisitos estabelecidos nos

artigos 37 e 59 do Decreto de Ensino da PMESP serão submetidos a Processo Administrativo

Exoneratório (PAE), conforme norma específica.

Artigo 44 – Por ocasião do término do estágio probatório, se o Cmt da OPM, ao emitir

seu parecer, concluir que o estagiário não preenche algum dos requisitos previstos nos artigos 37 e

59 do Decreto de Ensino PM, respectivamente, para o Sd PM 2ª Cl e Asp Of PM, deverá instaurar

o processo administrativo exoneratório que assegure a ampla defesa e o contraditório, observada a

legislação pertinente.

§ 1º - O policial militar, submetido ao processo administrativo, permanecerá adido à

OPM onde tiver sido ele instaurado, até a decisão final deste, ainda que o tenha concluído com

aproveitamento, ficando suspenso o estágio administrativo-operacional.

§ 2º - A pendência de decisão do processo impede reclassificação ou promoção do

policial militar, as quais serão realizadas posteriormente, retroagindo seu efeito, se for o caso, à

data em que deveriam ter sido efetuadas, observada a normatização pertinente.

O rito, por sua vez, é o previsto na Portaria CG – DP-56/311/05, de 14OUT05. Veja:

Art. 38 - O policial militar que constatar a infringência ou o não atendimento das

condições ou requisitos estabelecidos na legislação vigente deverá providenciar documento a

respeito e respectivo encaminhamento à Organização Policial Militar (OPM) a que pertencer o Sd

PM de 2ª Classe.

Art. 39 - Será designado Encarregado, pelo Comandante da OPM onde o Sd PM de 2ª

Classe estiver freqüentando o Curso de Formação Técnico-Profissional, ou onde estiver

classificado, um Oficial para providenciar a elaboração do Procedimento Administrativo

Exoneratório, ao qual serão juntados o documento inicial e os demais documentos relacionados

com o fato, devendo, obrigatoriamente, fazer parte do feito os documentos cujos modelos constam

dos anexos V, VI e VII.

Art. 40 - Por não ter caráter disciplinar, mas para verificação quanto ao não

preenchimento dos requisitos do Art. 5º do Decreto nº 41.113, de 23/08/96, com a redação dada

pelo Decreto nº 42.053, de 05/08/97 e da conveniência e da oportunidade de manter nas fileiras da

Instituição o Sd PM de 2ª Classe submetido ao PAE, este procedimento deverá ser célere, objetivo,

garantindo o exercício da ampla defesa previsto no inciso LV, do Art. 5º da Constituição Federal.

Parágrafo único - O Oficial Encarregado convocará o Sd PM de 2ª Classe para que

tome ciência do Procedimento Administrativo Exoneratório em andamento, admitindo-se

manifestação expressa deste, caso deseja fazê-lo.

Art. 41 - O Oficial Encarregado terá prazo para conclusão do Procedimento

Administrativo Exoneratório de 20 (vinte) dias corridos a contar da data de recebimento da Ordem

de Serviço, prorrogável pela autoridade instauradora por mais 10 (dez) dias corridos, mediante

pedido fundamentado que constará dos autos.

§ 1º - Esgotados os prazos do “caput” e não estando concluído o Procedimento por

falta de laudos, perícias, ou outra diligência, o Oficial Encarregado, mediante pedido

fundamentado que constará dos autos, deverá, por intermédio da autoridade instauradora, solicitar

novo prazo ao Diretor de Pessoal, o qual o poderá prorrogar, não excedendo a 15 (quinze) dias

corridos; neste ato o feito será saneado e devolvido ao Oficial Encarregado para o cumprimento,

também, de cotas.

§ 2º - O Oficial Encarregado do PAE deverá elaborar relatório circunstanciado, no

qual deve constar minuciosa análise da documentação, das oitivas e das alegações apresentadas

34

pelo Sd PM de 2ª Classe submetido ao Procedimento, como também, conclusão manifestando-se

sobre sua permanência ou não na Instituição.

Art. 42 - Ao término das apurações, o Comandante da Organização Policial Militar

(OPM), por meio de ofício devidamente motivado, encaminhará o procedimento contendo proposta

ao Diretor de Pessoal, a quem compete a Solução em nome do Comandante Geral, nos termos do

inciso XI do Art. 19 do Regulamento Geral da Polícia Militar (R-1-PM), aprovado pelo Decreto nº

7.290, de 15/12/75.

Art. 43 - A exoneração do Sd PM de 2ª Classe será efetivada mediante Portaria do

Diretor de Pessoal, que será publicada no Diário Oficial do Estado (D.O.E).

§ 1º - O conteúdo da Portaria, com a motivação do ato, restringir-se-á à indicação do

embasamento legal, onde serão citados os dispositivos da legislação aplicável ao caso concreto.

[...]

35

Sanções disciplinares e seus efeitos

SANÇÕES DISCIPLINARES (artigo 14 do RDPM)

Aqui, estudaremos quais são exatamente as punições a que o policial

militar acusado em processo disciplinar está sujeito:

Artigo 14 - As sanções disciplinares aplicáveis aos militares do Estado,

independentemente do posto, graduação ou função que ocupem, são:

I - advertência;

- é a forma mais branda de sanção. Não é lançada nos assentamentos individuais nem

publicada, apenas lançada na Nota de Corretivos da Praça ou no Registro de Informações de

Punições de Oficiais (RIPO). Só pode ser aplicada em faltas de natureza leve.

II - repreensão;

- semelhante á advertência no tocante a não haver privação de liberdade, mas é

registrada nos assentamentos individuais. Se aplica às faltas de natureza leve e média, no máximo.

III - permanência disciplinar;

- privativa de liberdade, impõe a permanência do punido na OPM, sem ficar, entretanto,

circunscrito a um compartimento determinado. O punido participa de todas as atividades normais de

serviço e instrução. Pode ser convertida em serviço extraordinário.

IV – detenção;

- semelhante à permanência disciplinar na forma de privação de liberdade, com a

diferença de que o punido não participa de nenhum serviço ou instrução. O tempo desta sanção não

é computado para efeito nenhum, inclusive percebimento de vencimentos e contagem de tempo de

serviço. Não pode ser convertida em serviço extraordinário, e só pode ser aplicada quando houver

reincidência (genérica) no cometimento de falta grave.

V - reforma administrativa disciplinar;

- é a reforma compulsória aplicada, após processo regular, ao Oficial que for julgado

incompatível ou indigno profissionalmente, e à Praça que for julgada incompatível ou nociva à

disciplina. O punido, neste caso, perceberá vencimentos proporcionais ao tempo de serviço policial

militar prestado.

VI - demissão;

- veja adiante.

VII - expulsão;

- veja adiante.

VIII - proibição do uso do uniforme.

- aplicada exclusivamente ao inativo que atentar contra o decoro ou a dignidade policial

militar, até o limite de um ano.

36

EXPULSÃO E DEMISSÃO

O RDPM estabelece o que segue a respeito das sanções capitais nele

previstas:

Demissão:

Artigo 23 - A demissão será aplicada ao militar do Estado na seguinte forma:

I - ao oficial quando:

a) for condenado a pena restritiva de liberdade superior a 2 (dois) anos, por

sentença passada em julgado;

b) for condenado a pena de perda da função pública, por sentença passada em

julgado;

c) for considerado moral ou profissionalmente inidôneo para a promoção ou

revelar incompatibilidade para o exercício da função policial-militar, por sentença passada em

julgado no tribunal competente;

II - à praça quando:

a) for condenada, por sentença passada em julgado, a pena restritiva de

liberdade por tempo superior a 2 (dois) anos;

b) for condenada, por sentença passada em julgado, a pena de perda da função

pública;

c) praticar ato ou atos que revelem incompatibilidade com a função policial-

militar, comprovado mediante processo regular;

d) cometer transgressão disciplinar grave, estando há mais de 2 (dois) anos

consecutivos ou 4 (quatro) anos alternados no mau comportamento, apurado mediante processo

regular;

e) houver cumprido a pena conseqüente do crime de deserção;

f) considerada desertora e capturada ou apresentada, tendo sido submetida a

exame de saúde, for julgada incapaz definitivamente para o serviço policial-militar.

Parágrafo único - O oficial demitido perderá o posto e a patente, e a praça, a

graduação.

Expulsão:

Artigo 24 - A expulsão será aplicada, mediante processo regular, à praça que atentar

contra a segurança das instituições nacionais ou praticar atos desonrosos ou ofensivos ao decoro

profissional.

Artigo 48 - A expulsão será aplicada, em regra, quando a praça policial-militar,

independentemente da graduação ou função que ocupe, for condenado judicialmente por crime que

também constitua infração disciplinar grave e que denote incapacidade moral para a continuidade

do exercício de suas funções.

37

DA PUBLICAÇÃO DOS ATOS DISCIPLINARES

No que tange à publicação dos atos disciplinares, a questão

encontra-se estabelecida nos artigos 39 e 40 do diploma disciplinar, conforme

segue abaixo:

Artigo 39 - A publicação é a divulgação oficial do ato

administrativo referente à aplicação da sanção disciplinar ou à sua

justificação, e dá início a seus efeitos.

Em se constatando a inexistência de transgressão disciplinar, o acusado e o

signatário da comunicação deverão ser cientificados da solução da autoridade, sem

necessidade de publicação.

Parágrafo único - A advertência não deverá constar de publicação em boletim,

figurando, entretanto, no registro de informações de punições para os oficiais, ou na nota de

corretivo das praças.

Para a aplicação da sanção de advertência deve-se realizar o devido

procedimento disciplinar, entretanto, não deve a sanção ser objeto de publicação em boletim

e, portanto, não se insere no Assentamento Individual. É obrigatória a elaboração do

enquadramento disciplinar, tomando o acusado ciência da punição aplicada.

Fica instituído o documento denominado “Registro de Informações de

Punições de Oficiais” com a finalidade única de transcrição das advertências para oficiais,

constante no anexo II da presente Portaria. A advertência não será utilizada para

classificação de comportamento, conforme entendimento do § 4º do artigo 54.

Artigo 40 - As sanções de oficiais, aspirantes-a-oficial, alunos-oficiais,

subtenentes e sargentos serão publicadas somente para conhecimento dos integrantes dos seus

respectivos círculos e superiores hierárquicos, podendo ser dadas ao conhecimento geral se as

circunstâncias ou a natureza da transgressão e o bem da disciplina assim o recomendarem.

Tais publicações, conforme normatização atual, publicada no Bol G PM nº

230/09, ocorrerá somente após decorridos os prazos para recurso. Veja:

[...]

2.1. a ciência da decisão que impôs sanção disciplinar deve ser dada por meio da

aposição de ciente e assinatura do acusado, com a data respectiva, na Planilha de Enquadramento

Disciplinar (PMP-117) ou na solução do Pedido de Reconsideração de Ato;

2.2. somente após a emissão de decisão da qual não caiba mais Recurso Próprio,

ou seja, com efeito suspensivo, ou quando ocorrer a decadência dos prazos recursais previstos nos

Art. 57 e 58 do RDPM, circunstância esta que deve ser certificada nos autos, é que o ato punitivo,

ou eventualmente de justificação, será publicado em Boletim para conhecimento e, a partir daí,

gerar seus efeitos (cumprimento do corretivo e demais reflexos secundários);

2.3. somente após essa decisão final ser publicada em Boletim é que se procederá

à transcrição da sanção disciplinar, ou da justificação de transgressão disciplinar, em documentos

de registro funcional, no caso, o Assentamento Individual;

2.4. a classificação do comportamento da praça policial-militar tomará por base

a data da publicação do ato punitivo em Boletim, conforme o disposto no artigo 54, § 4º, do

RDPM.

3. Publique-se em Bol G PM, para conhecimento e imediata execução.

38

DO COMPORTAMENTO DA PRAÇA POLICIAL MILITAR

Veremos neste tópico o que reza o RDPM sobre o comportamento militar e como

se dá sua classificação.

Tenha em mente que o comportamento, mais do que um simples registro em

papel, serve como aferição da índole militar do policial, inclusive nos casos de processo-crime.

Assim, o registro do comportamento é utilizado tanto nos mencionados processos, quanto em CD,

PAD e mesmo PD, auxiliando o julgador a vislumbrar o passado do militar e a dosar a sanção que

eventualmente aplicará.

Artigo 53 - O comportamento da praça policial-militar demonstra o seu

procedimento na vida profissional e particular, sob o ponto de vista disciplinar.

Artigo 54 - Para fins disciplinares e para outros efeitos, o comportamento

policial-militar classifica-se em:

I - excelente - quando, no período de 10 (dez) anos, não lhe tenha sido aplicada

qualquer sanção disciplinar;

II - ótimo - quando, no período de 5 (cinco) anos, lhe tenham sido aplicadas até 2

repreensões;

III - bom - quando, no período de 2 (dois) anos, lhe tenham sido aplicadas até 2

(duas) permanências disciplinares;

IV - regular - quando, no período de 1 (um) ano, lhe tenham sido aplicadas até 2

(duas) permanências disciplinares ou 1 (uma) detenção;

V - mau - quando, no período de 1 (um) ano, lhe tenham sido aplicadas mais de 2

(duas) permanências disciplinares ou mais de 1 (uma) detenção

.

§ 1º - A contagem de tempo para melhora do comportamento se fará

automaticamente, de acordo com os prazos estabelecidos neste artigo.

§ 2º - Bastará uma única sanção disciplinar acima dos limites estabelecidos neste

artigo para alterar a categoria do comportamento.

Visto que a sanção de advertência não é objeto de publicação em boletim e

registro em Assentamento Individual (artigo 15 e § 4º do artigo 54), não deve ela ser

utilizada para aferição de comportamento.

§ 3º - Para a classificação do comportamento fica estabelecido que duas

repreensões eqüivalerão a uma permanência disciplinar.

§ 4º - Para efeito de classificação, reclassificação ou melhoria do

comportamento, ter-se-ão como base as datas em que as sanções foram publicadas.

Para classificação do comportamento militar de que trata o presente artigo,

tomar-se-á como base a data da publicação do ato punitivo em boletim, consoante o artigo

39.

Para aferição do comportamento, deve-se iniciar a verificação da situação

do militar do Estado pelo melhor comportamento, ou seja, pelo comportamento excelente.

Caso não se enquadre no comportamento excelente, deve-se seguir a verificação pelas

classificações seguintes, até atingir o primeiro comportamento que se enquadre ao caso

analisado, no qual será classificado.

Para essa verificação, observar-se-á a escala de rigor das sanções

39

previstas no artigo 14 e no § 2º do artigo 54. Isso significa que ao aferir o comportamento

ótimo, por exemplo, uma detenção extrapolaria o limite previsto no inciso II do artigo 54,

remetendo a situação do militar do Estado a comportamento imediatamente inferior. Em

outra hipótese, a existência de pelo menos uma detenção no período de 2 (dois) anos também

refutaria a classificação do militar do Estado no comportamento bom.

As reclassificações, efetuadas de acordo com os novos critérios

estabelecidos pelas regras de classificação de comportamento do Regulamento Disciplinar,

deverão ser consideradas a data em que a sanção foi publicada, de acordo com o § 4º do

artigo 54, portanto, não se computando as advertências.

Artigo 55 - Ao ser admitida na Polícia Militar, a praça policial-militar será

classificada no comportamento "bom".

Recursos Disciplinares Próprios e Impróprios

DOS RECURSOS DISCIPLINARES

Estudaremos, artigo a artigo, os recursos disciplinares previstos no RDPM.

Artigo 56 - O militar do Estado, que considere a si próprio, a subordinado seu ou

a serviço sob sua responsabilidade prejudicado, ofendido ou injustiçado por ato de superior

hierárquico, poderá interpor recursos disciplinares.

Os recursos disciplinares de que trata o presente artigo versam apenas

sobre a aplicação de sanção disciplinar. Nos demais casos, o instrumento adequado é a

representação prevista no artigo 30.

Parágrafo único - São recursos disciplinares:

1 - pedido de reconsideração de ato;

2 - recurso hierárquico.

A representação contra sanção disciplinar, prevista no § 2º do artigo 30, é

recurso disciplinar impróprio.

PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO DE ATO

Artigo 57 - O pedido de reconsideração de ato é recurso interposto, mediante

parte ou ofício, à autoridade que praticou, ou aprovou, o ato disciplinar que se reputa irregular,

ofensivo, injusto ou ilegal, para que o reexamine.

O pedido de reconsideração de ato deve ser encaminhado à autoridade que

aprovou a sanção. No caso em que a aprovação da sanção é desnecessária, a reconsideração

deverá ser encaminhada à autoridade que praticou o ato, ou seja elaborou o enquadramento

disciplinar. Observar o artigo 43.

§ 1º - O pedido de reconsideração de ato deve ser encaminhado, diretamente, à

autoridade recorrida e por uma única vez.

Visando a agilização da decisão, o pedido deve ser entregue diretamente à

autoridade competente, sem obediência ao canal hierárquico ou funcional.

§ 2º - O pedido de reconsideração de ato, que tem efeito suspensivo, deve ser

apresentado no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a contar da data em que o militar do Estado tomar

40

ciência do ato que o motivou.

§ 3º - A autoridade a quem for dirigido o pedido de reconsideração de ato deverá,

saneando se possível o ato praticado, dar solução ao recurso, no prazo máximo de 10 (dez) dias, a

contar da data de recebimento do documento, dando conhecimento ao interessado, mediante

despacho fundamentado que deverá ser publicado.

§ 4º - O subordinado que não tiver oficialmente conhecimento da solução do

pedido de reconsideração, após 30 (trinta) dias contados da data de sua solicitação, poderá

interpor recurso hierárquico no prazo previsto no item 1 do § 3º, do artigo 58.

§ 5º - O pedido de reconsideração de ato deve ser redigido de forma respeitosa,

precisando o objetivo e as razões que o fundamentam, sem comentários ou insinuações, podendo

ser acompanhado de documentos comprobatórios.

§ 6º - Não será conhecido o pedido de reconsideração intempestivo,

procrastinador ou que não apresente fatos novos que modifiquem a decisão anteriormente tomada,

devendo este ato ser publicado, obedecido o prazo do § 3º deste artigo.

RECURSO HIERÁRQUICO

Artigo 58 - O recurso hierárquico, interposto por uma única vez, terá efeito

suspensivo e será redigido sob a forma de parte ou ofício e endereçado diretamente à autoridade

imediatamente superior àquela que não reconsiderou o ato tido por irregular, ofensivo, injusto ou

ilegal.

§ 1º - A interposição do recurso de que trata este artigo, a qual deverá ser

precedida de pedido de reconsideração do ato, somente poderá ocorrer depois de conhecido o

resultado deste pelo requerente, exceto na hipótese prevista pelo § 4º do artigo anterior.

§ 2º - A autoridade que receber o recurso hierárquico deverá comunicar tal fato,

por escrito, àquela contra a qual está sendo interposto.

§ 3º - Os prazos referentes ao recurso hierárquico são:

1 - para interposição: 5 (cinco) dias, a contar do conhecimento da solução do

pedido de reconsideração pelo interessado ou do vencimento do prazo do § 4º do artigo anterior;

2 - para comunicação: 3 (três) dias, a contar do protocolo da OPM da autoridade

destinatária;

3 - para solução: 10 (dez) dias, a contar do recebimento da interposição do

recurso no protocolo da OPM da autoridade destinatária.

§ 4º - O recurso hierárquico, em termos respeitosos, precisará o objeto que o

fundamenta de modo a esclarecer o ato ou fato, podendo ser acompanhado de documentos

comprobatórios.

§ 5º - O recurso hierárquico não poderá tratar de assunto estranho ao ato ou fato

que o tenha motivado, nem versar sobre matéria impertinente ou fútil.

§ 6º - Não será conhecido o recurso hierárquico intempestivo, procrastinador ou

que não apresente fatos novos que modifiquem a decisão anteriormente tomada, devendo ser

cientificado o interessado, e publicado o ato em boletim, no prazo de 10 (dez) dias.

41

Artigo 59 - Solucionado o recurso hierárquico, encerra-se para o recorrente a

possibilidade administrativa de revisão do ato disciplinar sofrido, exceto nos casos de

representação previstos nos §§ 3º e 4º do artigo 30.

Artigo 60 - Solucionados os recursos disciplinares e havendo sanção disciplinar a

ser cumprida, o militar do Estado iniciará o seu cumprimento dentro do prazo de 3 (três) dias:

I - desde que não interposto recurso hierárquico, no caso de solução do pedido de

reconsideração;

II - após solucionado o recurso hierárquico.

Artigo 61 - Os prazos para a interposição dos recursos de que trata este

Regulamento são decadenciais.

REPRESENTAÇÃO

Artigo 30 - Representação é toda comunicação que se referir a ato praticado ou

aprovado por superior hierárquico ou funcional, que se repute irregular, ofensivo, injusto ou

ilegal.

A representação a que se refere o “caput” deve ser utilizada

exclusivamente para assuntos que versem sobre matéria disciplinar. Contra outras espécies

de atos administrativos, reputados pelo representante como ilegais, irregulares, ofensivos ou

injustos, deve-se observar o disposto na legislação específica.

§ 1º - A representação será dirigida à autoridade funcional imediatamente

superior àquela contra a qual é atribuída a prática do ato irregular, ofensivo, injusto ou ilegal.

§ 2º - A representação contra ato disciplinar será feita somente após

solucionados os recursos disciplinares previstos neste Regulamento e desde que a matéria

recorrida verse sobre a legalidade do ato praticado.

Os recursos disciplinares próprios estão previstos no Capítulo X (artigos 56

a 61). Nos termos deste parágrafo, a representação contra sanção disciplinar é recurso

disciplinar impróprio.

§ 3º - A representação nos termos do parágrafo anterior será exercida no prazo

estabelecido no § 1º, do artigo 62.

O prazo para representação contra sanção disciplinar que contenha

ilegalidade será de 5 (cinco) anos a contar da data da publicação da mesma. O prazo de

prescrição para ação disciplinar da administração constante no artigo 85 é de 5 (cinco) anos

a contar da data do fato que resultou na sanção.

§ 4º - O prazo para o encaminhamento de representação será de 5 (cinco) dias

contados da data do ato ou fato que o motivar.

A representação contra sanção disciplinar terá o prazo mencionado no § 3º

acima. Nos demais casos de representação aplica-se o prazo previsto no § 4º.

42

ROTINA DO CONSELHO DE DISCIPLINA – I-16-PM

Instauração

( art. 130)

Recebimento dos

autos pelo

presidente em 03

dias (art. 132, p.ú.)

Citação do

acusado em 05

dias (art. 133)

Oferecimento de defesa preliminar

em até 05 dias (oferecimento de

documentos, justificações, provas

pretendidas, arrolamento de até 5

testemunhas) – (art. 134)

Audiência (única) de

instrução em até 05 dias

após saneamento do

processo e atendimento dos

requerimentos oferecidos

pelo defensor. (art. 135)

Sequência: Testemunhas da

Adm (art. 137), Defesa (art.

137) e Interrogatório (art.

137/138).

Na audiência de instrução:

apresentação de alegações

finais orais ou memoriais

(estes em 3 dias), caso não

tenham sido requeridas ou

indeferidas diligências após

o interrogatório (art. 165).

Caso sejam 3 ou mais

acusados, memoriais

obrigatórios em 3 dias (art.

165, § 1º)

Diligências finais, se

necessário (art. 168)

PRAZO: 60 DIAS DO RECEBIMENTO DOS AUTOS ATÉ O RELATÓRIO. APÓS, CORREM OS PRAZOS CITADOS DE DECISÃO DA

AUTORIDADE INSTAURADORA, SANEAMENTOS E DECISÃO FINAL DO CMT GERAL.

Elaboração do

RELATÓRIO (art. 78, §

1º, RDPM), com parecer

individual do relator,

interrogante e Presidente

(Art. 171 e seg.). Presidente

decide na sessão ou em 3

dias (art. 165. § 1º)

Decisão da autoridade

instauradora (até 15 dias

após o relatório) – art. 176,

devendo ser publicada em

até 3 dias em Boletim

Remessa dos autos

para a CORREGPM,

observando art. 180

Decisão Comandante Geral

45 dias - art. 182

DEFESA RECEBIDA (Art. 135)

- Deliberar sobre os requerimentos

- Sanear o processo

- Designar data/horário da audiência de

instrução e julgamento

- Intimação do acusado e seu defensor

- Intimação das testemunhas da Portaria

ROTINA DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Portaria Cmt Geral CorregPM-004/305/01

COMUNICAÇÃO

T.A.

p/ oposição de

defesa escrita

(prévia)

Apresentação

De

Defesa escrita

(prévia)

Instrução

Certidão de

Vistas aos

autos

Alegações

Finais

Relatório

Julgamento

Elaboração

Planilha

PM-C-117-A

Art. 27 e 28 RDPM

Manifestação

Preliminar

05 dias

Corridos Princípio do

Contraditório

Planilha

05 dias corridos Art. 10

Portaria Correg-004/305/01

Art. 11

Portaria Correg-004/305/01

Art. 12

Portaria Correg-004/305/01

3

0

+

1

5

d

i

a

s

EXERCÍCIOS PRÁTICOS

1. A Investigação Preliminar pode ser instaurada por, exceto:

a.( ) Asp Of PM CFP

b.( ) Maj PM Coord Operacional

c. ( ) Ten Cel Cmt Btl

d. ( ) Cap PM Cmt Cia

2. Na instrução de uma Sindicância, ao se deparar com um crime militar, deve-se:

a.( ) Prosseguir com a Sindicância e aproveitar o rito para apurar o crime militar.

b.( ) Prosseguir com a Sindicância para apurar o aspecto administrativo e instaurar IPM para

apurar o crime militar.

c. ( ) Prosseguir com a Sindicância para apurar o aspecto administrativo e instaurar Processo

Regular para apurar o crime militar.

d. ( ) Encerrar a Sindicância e usar o IPM para apurar tanto o ilícito administrativo como o

ilícito penal.

3. Ao instruir uma Sindicância, o escrivão deve observar o prazo. O segundo pedido de

prorrogação pode ser de _____________dias e é de competência a concessão

do(a)________________.

a.( ) até 90(noventa) dias e autoridade imediatamente superior a instauradora.

b.( ) até 45(quarenta e cinco) dias e autoridade instauradora.

c. ( ) até 90(noventa) dias e autoridade instauradora.

d. ( ) até 45(quarenta e cinco) dias e autoridade imediatamente superior a instauradora.

4. São fases do Processo Administrativo, exceto:

a.( ) Instauração, Instrução, Defesa e Julgamento

b.( ) Investigação, Instrução, Defesa e Julgamento

c. ( ) Instauração, Instrução, Defesa, Julgamento e Punição

d. ( ) Investigação, Instrução, Defesa, Julgamento e Punição

5. Estão sujeitos ao regulamento disciplinar, exceto:

a.( ) militar do serviço ativo Asp Of PM CFP

b.( ) militar da reserva não remunerada

c. ( ) militar da reserva remunerada

d. ( ) militares reformados

6. Aponte qual autoridade abaixo possui o Poder Disciplinar para aplicar sanção disciplinar:

a.( ) Ten Cel Res PM

b.( ) Secretário da Adm Penitenciária

c. ( ) 1º Ten PM Cmt Int Cia

d. ( ) Sub Ten PM

7. Ao tratarmos da punição de Proibição de Uso de Uniforme, podemos afirmar que a

autoridade mínima competente para aplicá-la é:

a.( ) Ten Cel PM

b.( ) Cmt G PM

c. ( ) Cel PM

d. ( ) Subcmt PM

8. Quando falamos do prazo prescricional do Ato Administrativo é correto afirmar:

a.( ) 5 (cinco) anos, contados da data do cometimento do crime. O ilícito administrativo

previsto também como crime prescreve nos prazos dobrados estabelecidos na legislação penal

comum e militar, salvo se o prazo for inferior a 5 (cinco) anos;

b.( ) 5 (cinco) anos, contados da data do cometimento da transgressão disciplinar. O ilícito

administrativo previsto também como crime prescreve nos prazos estabelecidos na legislação

penal comum e militar, salvo se o prazo for inferior a 5 (cinco) anos;

c. ( ) 5 (cinco) anos, contados da data do cometimento da transgressão disciplinar. O ilícito

administrativo previsto também como crime prescreve nos prazos dobrados estabelecidos na

legislação penal comum e militar, salvo se o prazo for inferior a 5 (cinco) anos;

d. ( ) 5 (cinco) anos, contados da data do cometimento da transgressão disciplinar. O ilícito

administrativo previsto também como crime prescreve nos prazos dobrados estabelecidos na

legislação penal comum e militar, salvo se o prazo for inferior a 5 (cinco) anos.

9. A punição disciplinar que não será lançada em Assentamento Individual é:

a.( ) Proibição de Uso de Uniforme

b.( ) Permanência Disciplinar

c. ( ) Detenção

d. ( ) Advertência

10. Trata-se de processo administrativo, sem caráter disciplinar, que se destina a apurar se houve

infração que culminou em infringir ou não atender quaisquer das condições ou requisitos

estabelecidos em decreto estadual, durante o estagio probatório para atingir a estabilidade:

a.( ) Conselho de Disciplina

b.( ) Processo Administrativo Exoneratório

c. ( ) Conselho de Justificação

d. ( ) Processo Administrativo Disciplinar

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05de outubro de 1988.

COSTA, Alexandre Henriques et al. Direito Administrativo Disciplinar Militar:

Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do Estado de São Paulo anotado e

comentado. São Paulo: Suprema Cultura, 2003.

COSTA, Alexandre Henriques. Manual do procedimento disciplinar: Teoria e prática. 2.

ed. São Paulo: Suprema Cultura, 2009.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 36. ed. São Paulo:

Malheiros, 2010.

SÃO PAULO. Constituição do Estado de São Paulo (Atualizada até a Emenda nº 34, de

21 de março de 2012).

______. Lei Complementar Estadual nº 893, de 09MAR01 – Instituiu o Regulamento

Disciplinar da Polícia Militar, alterada parcialmente pela Lei Complementar nº 915, de

22MAR02.

______. Polícia Militar. Instruções do Processo Administrativo da Polícia Militar (I-16-

PM), publicadas em anexo ao Bol G PM nº 149, de 09AGO13.

_____. ______. Procedimentos decorrentes da interposição de recurso disciplinar

próprio. Publicado no item 1, do Bol G nº 230, de 11DEZ09.

_____. ______.Portaria do Cmt G CORREGPM-1/305/01 (Bol G nº 052, de 16MAR01).

_____. ______.Portaria do Cmt G CORREGPM-2/305/01 (Bol G nº 063, de 02ABR01).

_____. ______.Portaria do Cmt G CORREGPM-4/305/01 (Bol G nº 116, de 20JUN01).

_____. ______.Regulamento Disciplinar da Polícia Militar – Alteração do Anexo III à

Portaria do Cmt G nº CORREGPM – 004/305/01. Publicada no item 1 do Bol G PM nº 209,

de 05NOV12.