115318299009

22
Disponible en: http://www.redalyc.org/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=115318299009 Redalyc Sistema de Información Científica Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Zulke Taffarel, Celi Nelza Desporto Educaional: realidade e possibilidades das políticas governamentais e das práticas pedagógicas nas escolas públicas Movimento, vol. VII, núm. 13, diciembre, 2000, pp. XV-XXXV Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul, Brasil ¿Cómo citar? Número completo Más información del artículo Página de la revista Movimento ISSN (Versión impresa): 0104-754X [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil www.redalyc.org Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto

Upload: tafarel-soares

Post on 07-Aug-2015

37 views

Category:

Documents


16 download

TRANSCRIPT

Page 1: 115318299009

Disponible en: http://www.redalyc.org/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=115318299009

RedalycSistema de Información Científica

Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal

Zulke Taffarel, Celi Nelza

Desporto Educaional: realidade e possibilidades das políticas governamentais e das

práticas pedagógicas nas escolas públicas

Movimento, vol. VII, núm. 13, diciembre, 2000, pp. XV-XXXV

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul, Brasil

¿Cómo citar? Número completo Más información del artículo Página de la revista

Movimento

ISSN (Versión impresa): 0104-754X

[email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Brasil

www.redalyc.orgProyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto

Page 2: 115318299009

cia não elimina necessariamenteo caráter histórico e social atri-buído a qualquer fenômeno doconhecimento humano. Esta éuma visão precipitada, portantome custa crer que Valter tenhasido suficientemente claro emsua crítica.12 E sabemos que não, posto queum espelho côncavo em determinadas condições tambémproduzirá imagens virtuais13 Por quadro isomórfico da realidade entendemos que qualquerdiscurso científico (e não só) criamodelos sobre o real. Emboranão traduzam o real em sua essência, todavia são capazes deexplicitar mecanismos passíveisde intervir sobre o real. É umaperspectiva epistemológica queconsidero, na esteira de Atlan,como de um ralativismo moderado, talvez um ideo-realismocomo sugere Leonardo Coimbra,ou o realismo representativocomo propões Alan Chalmers.14 Da mesma forma também nãocreio na ciência da motricidadehumana, ou na ciência do movimento humano como discursounificador de qualquer expressãoda cultura corporal.15 Sugiro sobre o tema a leiturado capítulo 6, A Ciência e a Sociologia do Conhecimento, doLivro A Fabricação da Ciênciade Alan Chalmers. Chalmers, A.A Fabricação da Ciência. SãoPaulo, UNESP, 1994.16 A teoria crítica parece agircomo um espelho que reflete aimagem de outros espelhos. Mas,assim como um caleidoscópio,

provavelmente essas imagens setransformem conforme se mani-pule o brinquedo.17 Gaya, A .C. A As ciências dodesporto no espaço de línguaportuguesa. Porto, Universidadedo Porto, 1994.18 Gaya, A . CA; Campos, J. &Balbinotti, C. A . Esporte, História e cultura: Fundamentos defilosofia sobre a natureza do desporto. In. Moreira, W.W &Simões, R. Fenômeno esporticono início de um novo milênio.Piracicaba, UNIMEP, 2000,ps.lll - 120.19 Bento, J.O . Desporto, saúde evida. Lisboa. Horizonte, 1991;Bento, J.O . O outro lado do desporto. Campo das letras, Porto,1997; Bento, J.O . Da saúde, dodesporto, do corpo e da vida. In.Boletim de Educação Física. Sociedade Portuguesa de EducaçãoFísica. N° 17/18,1999, p. 11-16.20 Termo que considero maisadequado do que esporte de rendimento.21 DaCosta, L.P A reinvenção daeducação física e desportos segundo paradigmas do lazer e darecreação. Lisboa, DGD, 1987.p.3.22 Devo confessar que sobre estetema mais uma vez me surpreende a posição apressada epré-conceituosa de Valter Bracht.É um argumento que desqualifica o debate e nem de longecorresponde a verdade. Dentrodo conjunto de 12 Centros deExcelência Esportiva que foramfinanciados pelo antigo INDESP,

apenas dois deles apresentam li-nhas de pesquisa sobre o talentoesportivo. E ressalta-se que já ofaziam muito antes da implanta-ção dos referidos centros. Porouro lado, s.m.j. é uma acusa-ção, inclusive desrespeitosa àRevista Movimento da UFRGS,que na opinião do autor do en-saio estaria se prestando a proporum debate com o intuito de legi-timar o seu Centro de Excelênciaa partir da revalorização peda-gógica do esporte de rendimento.(Cf. o texto de Bracht, p.XV pri-meira coluna).23 Assinale-se que os modelosmatemáticos e metodológicosque são utilizados na área doesporte são provenientes principalmente da psicologia e sãoadotados em todas as áreas quebuscam talentos. Das artes até orecrutamento de pessoal especializado para funções diversas.24 Marques, A .T. & Oliveira, J.O treino e a competição dos maisjovens: rendimento versus saúde. Texto inédito a ser publicadoem obra conjunta entre USP eUP. 2001.25 Kunz, E. Transformação didá-tico-pedagógica do esporte. Ijuí,Unijuí, 1994.26 Eco, U. Viajem na irrealidadecotidiana. 2a ed. Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1984.

*Adroaldo Gaya é Doutor emCiências do Desporto pela Uni-versidade do Porto/Portugal eProfessor titular da ESEF/UFRGS, (acgaya @ esef ufrgs.br)

Desporto Educaional: realidade e possibilidadesdas políticas governamentais e das práticas

pedagógicas nas escolas públicas1

Celi Nelza Zulke Taffarel*

INTRODUÇÃO

Para refletir criticamentesobre DESPORTO EDUCA-CIONAL2, três são, no míni-mo, as dimensões a serem le-vadas em consideração:

1. A Gênese e a atual carac-terização hegemônica da Insti-tuição Desporto em relação aoprojeto histórico3 hegemônico;

2. A inclusão do Desporto esuas finalidades no SistemaEducacional às políticas pú-blicas de perfil neoliberal for-muladas e implementadas nasduas últimas décadas;

3. As práticas pedagógicasdos professores no trato como conteúdo de ensino despor-to nos currículos das escolaspúblicas - a busca da REIN-VENÇÃO DO ESPORTE.

As possibilidades de abor-dar o tema problematizando-o - seja no traçar ou retraçar agênese do desporto ou, na aná-lise das políticas públicas e

das práticas pedagógicas -,decorrem, de um lado, dosseveros questionamentos àInstituição Desportiva - sejapelo seu alto grau de cor-rupção, alienação, desuma-nização, quanto pelo seu con-traditório potencial educativo4

- e, de outro, das necessida-des históricas impostas pelascontingências de um proces-so civilizatório colapsado pelatendências à destruição e de-generação de um sistema eco-nômico autofágico que des-trói trabalho e trabalhador,esgotando possibilidades desaídas à barbárie, recorrendo,atualmente, para recomporsua hegemonia destrutiva,também, à Instituição Des-porto e sua expressão no Sis-tema Educacional - o Despor-to Educacional.

O núcleo central da reflexãosobre o Desporto Educacionalgira em torno das contradi-ções explicitadas e realçadasneste momento entre a Insti-tuição Desporto e suas rela-ções/contradições com a Edu-cação.

Este é o eixo central em tor-no do qual articulam-se outrasquestões, como por exemplo, osinteresses políticos e econômi-cos de exploração de merca-dos em expansão - mercadodesportivo - fazendo-o a partirda escola, local privilegiadopara sua introdução e amplia-ção, afinal é ali que devem cir-cular durante 14 anos todos aspessoas que vivem sob osauspício da República Federa-tiva do Brasil, cuja Constitui-ção promulgada em 1988 assimo exige5. A estratégia para tal éa máxima: "Escola é celeiro deatletas", ou como denominamno Nordeste, locuns privilegia-do para "captação de atletas"6.

Frente a acentuada desagre-gação da nação e da destrui-ção paulatina do lastro de vidadigna na sociedade impõe-sereconhecer as estratégias derecomposição da hegemoniado capitalismo enquanto for-ma de produção e reproduçãoda vida. Destacam-se daí:

a) a reestruturação produti-va, estratégia de organizaçãodo mundo do trabalho paramanutenção dos traços hege-mônicos das relações capita-listicas de produção e repro-dução da vida;

Resumo

Analise critica do desporto educacional considerando as políticas públicas

e as práticas pedagógicas dos professores.

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XIV

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XV

Page 3: 115318299009

b)a formação do Estado -que se quer adequado, via re-formas, aos ajustes estrutu-rais, orientados pelas relaçõesestabelecidas na sociedade,dividida em classes e, pelasrelações estabelecidas entretodas as nações do mundo eas superpotências (G7 + 1),destacando-se daí a tentativada supremacia imperialistanorte-americana, pelo seu po-derio armamentista, econômi-co e político.

c) formação das consciênci-as, das mentalidades, das sub-jetividades, adequadas a taisreestruturações e ajustes, re-correndo-se a tudo o que po-de dar sustentação a isto, in-clusive, ao desporto e suascaracterísticas hegemônicasna atualidade.

A formação do trabalhadorestá em questão, a modernapedagogia está em questão,o Estado está em questão, aformação da consciência e dasubjetividade humana estãoem questão. As políticaspúblicas implementadas noBrasil, sob os auspícios dosGovernos Collor de Mello eFHC fracassaram7.

Neste momentos de acentu-ada decomposição do sistemacapitalista ressurgem proble-máticas como as relações econtradições entre Sociedade- Educação; Estado - Educa-ção; Trabalho - Educação;Trabalho - Lazer; Educação- Desporto. Este é o fantásti-co desafio histórico que nosleva a empreender esforços degrande envergadura para nosconfrontarmos e responder-

mos as problemáticas signifi-cativas de nosso tempo histó-rico.

A iniciativa do parlamentobrasileiro de convocar a IConferência Nacional de Edu-cação, Cultura e Desporto/2000 e aprofundar o diálogocom diversos segmentos soci-ais é uma, entre muitas outras,que deverão constituir tais es-forços

DESENVOLVIMENTO

Olhar o Desporto isolado,fora do contexto de inter-re-lações é atribuir-lhe uma au-tonomia inexistente. As vi-sões idealistas de que o des-porto é algo bom em si mes-mo e que paira acima dos con-flitos e confrontos humanos esociais, já foram severamentecriticadas por estudiosos co-mo Norbert Elias, Bourdieu,Dieckert, Hildebrandt-Stra-mann, Bracht, Assis de Oli-veira, Ortega, Kunz, entreoutros.

Ao traçarmos a gênese doDesporto podemos perceberclaramente que, ao longo dahistória da humanidade o apa-rentemente, e só aparente,jogo com caráter prazeroso,lúdico, criativo, investigativo,institucionalizou-se e assumiua forma de desporto.

O desporto configurou-se aolongo da história humana, res-pondendo a contingências e ne-cessidades próprias de forma-ções humanas e sóció-econômi-cas-culturais. A História nospossibilita este desvelamento.

O problema hoje é " o im-perialismo do corpo" e as no-vas formas de eugenia, con-forme denuncia TOGNOLLI(2000), p. 44). A eugenia ditapositiva, segundo o mesmoautor, "preocupa-se com aaplicação de uma reproduçãoseletiva, de modo a "aprimo-rar" as características de umorganismo ou espécie.8

Para caracterizar a Institui-ção Desporto em nossa soci-edade contemporânea pode-mos nos valer dos estudos deJean-François BOURG, pes-quisador do CENTRO DEDIREITO E ECONOMIADO ESPORTE, da Universi-dade de Limoges/França.

BOURG identifica em seusestudos dois momentos doesporte que correspondem aduas ordens econômicas. Umquando do restabelecimentodos Jogos Olímpicos Moder-nos em 1896, onde seu cria-dor o Barão Pierre de Cou-bertin, refere-se a uma mo-ral aristocrática e estetismovirtuoso. Outra, quando asempresas patrocinadoras dosJogos Olímpicos explicam,de outra forma, a sua parti-cipação financeira. A passa-gem de uma a outra subme-teu o esporte a uma lógicaprodutivista (o rendimento)e a seu modo de avaliação (amoeda).

Ainda segundo BOURG,com a aceleração deste fenô-meno, a tensão crescente en-tre as leis da economia e aexigência ética do jogo, co-loca o problema das finalida-des do esporte, da salvagurda

de sua credibilidade e até mes-mo de sua sobrevivência".

Fatos recentes ressaltam aaceleração e, até mesmo, oagravamento do fenômeno: ocapital transnacional assumin-do a direção de empresas es-portivas lucrativas e a elimi-nação exclusão do considera-do "não rentável".

A Educação Física & Espor-te na Universidade e no Sis-tema Nacional de EducaçãoPública - Educação Infantil,Ensino Básico - Fundamen-tal e Médio -, em um dosgrandes bolsões de misériahumana da América Latina,está sendo considerado ime-diatamente "não rentável". Orentável localiza-se no âmbi-to do consumo dos subprodu-tos da industrial cultural demassa.

Nesta Segunda ordem eco-nômica três movimentos degrande envergadura somaramefeitos:

a) O esporte aparecendocomo uma espécie de novareligião, o único modo de comunicação universal e acessível, oferecendo investimentosafetivos, resguardando símbolos e alimentando mitos e ainda, prestando-se a dramaturgia - manipulação do imaginário popular - pelos meios decomunicação de massa, viatelevisiva;

b) A obsolência do sistemataylorista de organização dotrabalho (disciplina, hierarquia, vigilância, controle, divisão de tarefas) e sua concep-

ção militar de mobilização daforça de trabalho, e a manipu-lação dos "valores esportivos"como a lealdade, o senso deresponsabilidade, o esforçopessoal, o espirito de equipe,caros as novas formas degerenciamento cientifico daprodutividade e da exploraçãoda mais-valia.

c) A criação de necessida-des, com a emergência de umtempo livre e o desenvolvi-mento do mito do corpo, cri-ando-se um verdadeiro setoreconômico com taxas de cres-cimento elevadas, de 10% a15% ao ano.

Conjugam-se, portanto, di-mensões culturais, sociais eeconômicas da crise transfor-mando o Modelo Esportivoem chave de sucesso dos em-preendimentos disputados,tornando-se o esporte, comoas empresas, uma figura dodesempenho, uma forma derelações estabelecidas e estru-turadas com vistas à eficácia.

"É preciso vencer sim, a qual-quer custo. As massas desejamrecordes que igualem os espor-tistas aos super heróis, patroci-nados por grandes empresas, queinvestem em tecnologia, paraestes homens aprimoradoscorrerem cada vez mais e ven-derem cada vez mais os produtosque estas empresas produzem.Os heróis criados fazempropaganda de produtos que sãoconsumidos pelas massas que aíse imaginam um pouco superheróis também, fe-chando-se ociclo. Para garantir a sensaçãoefêmera de potência dosnormais, os atletas da mídiatomam hormônios, deixam deser esportistas e viram máquinasde rendimento". (BOURG,Recordes a qualquer preço,1995, P. 60)

A declaração de Fábio Au-gusto, meia-lateral do Co-rinthias "É como cuidar de umcarro: você coloca o melhorcombustível", ao explicar aosrepórteres da Folha de SãoPaulo em 18/09/97, por queingeria um complexo vita-mínico importado, que con-tem efedrina, substância proi-bida que provoca suspensãopreventiva por doping, ilustrabem o aqui exposto e atualizao que BOURG aponta em suaobra "O Louco dinheiro doesporte".

Tostão (FSP, 05/11/2000, p.D9) alerta sobre o endeusa-mento e os efeitos do loucodinheiro na vida dos atletas dofutebol brasileiro:

"Os talentosos garotos brasileirosficam famosos e ricos muito cedo.Não há tempo para se adaptarem auma nova e gla-morosa vida. Opersonagem e a marca tornam-semais valorizados do que o futeboldesses jogadores".

O Jornalista Aldo Rablo,Deputado Federal pelo PC doB e presidente da CPI (Comis-são Parlamentar de Inquérito)da CBF-NIKE (ConfederaçãoBrasileira de Futebol - NIKE)em seu texto publicado naFolha de São Paulo (04 denovembro, 2000) nos possibi-lita riquíssimos elementospara configurar o desportoatual. Diz ele: valendo-se doexemplo do futebol:

"O futebol não era apenas umnegócio. (...) Hoje o futebol é sónegócio. O Clube tem patro-cínio, o jogador, tem patrocínio,a chuteira tem patrocínio, a bolatem patrocínio, o estádio tempatrocínio, a transmissão tem

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XVI

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XVII

Page 4: 115318299009

b)a formação do Estado -que se quer adequado, via re-formas, aos ajustes estrutu-rais, orientados pelas relaçõesestabelecidas na sociedade,dividida em classes e, pelasrelações estabelecidas entretodas as nações do mundo eas superpotências (G7 + 1),destacando-se daí a tentativada supremacia imperialistanorte-americana, pelo seu po-derio armamentista, econômi-co e político.

c) formação das consciênci-as, das mentalidades, das sub-jetividades, adequadas a taisreestruturações e ajustes, re-correndo-se a tudo o que po-de dar sustentação a isto, in-clusive, ao desporto e suascaracterísticas hegemônicasna atualidade.

A formação do trabalhadorestá em questão, a modernapedagogia está em questão,o Estado está em questão, aformação da consciência e dasubjetividade humana estãoem questão. As políticaspúblicas implementadas noBrasil, sob os auspícios dosGovernos Collor de Mello eFHC fracassaram7.

Neste momentos de acentu-ada decomposição do sistemacapitalista ressurgem proble-máticas como as relações econtradições entre Sociedade- Educação; Estado - Educa-ção; Trabalho - Educação;Trabalho - Lazer; Educação- Desporto. Este é o fantásti-co desafio histórico que nosleva a empreender esforços degrande envergadura para nosconfrontarmos e responder-

mos as problemáticas signifi-cativas de nosso tempo histó-rico.

A iniciativa do parlamentobrasileiro de convocar a IConferência Nacional de Edu-cação, Cultura e Desporto/2000 e aprofundar o diálogocom diversos segmentos soci-ais é uma, entre muitas outras,que deverão constituir tais es-forços

DESENVOLVIMENTO

Olhar o Desporto isolado,fora do contexto de inter-re-lações é atribuir-lhe uma au-tonomia inexistente. As vi-sões idealistas de que o des-porto é algo bom em si mes-mo e que paira acima dos con-flitos e confrontos humanos esociais, já foram severamentecriticadas por estudiosos co-mo Norbert Elias, Bourdieu,Dieckert, Hildebrandt-Stra-mann, Bracht, Assis de Oli-veira, Ortega, Kunz, entreoutros.

Ao traçarmos a gênese doDesporto podemos perceberclaramente que, ao longo dahistória da humanidade o apa-rentemente, e só aparente,jogo com caráter prazeroso,lúdico, criativo, investigativo,institucionalizou-se e assumiua forma de desporto.

O desporto configurou-se aolongo da história humana, res-pondendo a contingências e ne-cessidades próprias de forma-ções humanas e sóció-econômi-cas-culturais. A História nospossibilita este desvelamento.

O problema hoje é " o im-perialismo do corpo" e as no-vas formas de eugenia, con-forme denuncia TOGNOLLI(2000), p. 44). A eugenia ditapositiva, segundo o mesmoautor, "preocupa-se com aaplicação de uma reproduçãoseletiva, de modo a "aprimo-rar" as características de umorganismo ou espécie.8

Para caracterizar a Institui-ção Desporto em nossa soci-edade contemporânea pode-mos nos valer dos estudos deJean-François BOURG, pes-quisador do CENTRO DEDIREITO E ECONOMIADO ESPORTE, da Universi-dade de Limoges/França.

BOURG identifica em seusestudos dois momentos doesporte que correspondem aduas ordens econômicas. Umquando do restabelecimentodos Jogos Olímpicos Moder-nos em 1896, onde seu cria-dor o Barão Pierre de Cou-bertin, refere-se a uma mo-ral aristocrática e estetismovirtuoso. Outra, quando asempresas patrocinadoras dosJogos Olímpicos explicam,de outra forma, a sua parti-cipação financeira. A passa-gem de uma a outra subme-teu o esporte a uma lógicaprodutivista (o rendimento)e a seu modo de avaliação (amoeda).

Ainda segundo BOURG,com a aceleração deste fenô-meno, a tensão crescente en-tre as leis da economia e aexigência ética do jogo, co-loca o problema das finalida-des do esporte, da salvagurda

de sua credibilidade e até mes-mo de sua sobrevivência".

Fatos recentes ressaltam aaceleração e, até mesmo, oagravamento do fenômeno: ocapital transnacional assumin-do a direção de empresas es-portivas lucrativas e a elimi-nação exclusão do considera-do "não rentável".

A Educação Física & Espor-te na Universidade e no Sis-tema Nacional de EducaçãoPública - Educação Infantil,Ensino Básico - Fundamen-tal e Médio -, em um dosgrandes bolsões de misériahumana da América Latina,está sendo considerado ime-diatamente "não rentável". Orentável localiza-se no âmbi-to do consumo dos subprodu-tos da industrial cultural demassa.

Nesta Segunda ordem eco-nômica três movimentos degrande envergadura somaramefeitos:

a) O esporte aparecendocomo uma espécie de novareligião, o único modo de comunicação universal e acessível, oferecendo investimentosafetivos, resguardando símbolos e alimentando mitos e ainda, prestando-se a dramaturgia - manipulação do imaginário popular - pelos meios decomunicação de massa, viatelevisiva;

b) A obsolência do sistemataylorista de organização dotrabalho (disciplina, hierarquia, vigilância, controle, divisão de tarefas) e sua concep-

ção militar de mobilização daforça de trabalho, e a manipu-lação dos "valores esportivos"como a lealdade, o senso deresponsabilidade, o esforçopessoal, o espirito de equipe,caros as novas formas degerenciamento cientifico daprodutividade e da exploraçãoda mais-valia.

c) A criação de necessida-des, com a emergência de umtempo livre e o desenvolvi-mento do mito do corpo, cri-ando-se um verdadeiro setoreconômico com taxas de cres-cimento elevadas, de 10% a15% ao ano.

Conjugam-se, portanto, di-mensões culturais, sociais eeconômicas da crise transfor-mando o Modelo Esportivoem chave de sucesso dos em-preendimentos disputados,tornando-se o esporte, comoas empresas, uma figura dodesempenho, uma forma derelações estabelecidas e estru-turadas com vistas à eficácia.

"É preciso vencer sim, a qual-quer custo. As massas desejamrecordes que igualem os espor-tistas aos super heróis, patroci-nados por grandes empresas, queinvestem em tecnologia, paraestes homens aprimoradoscorrerem cada vez mais e ven-derem cada vez mais os produtosque estas empresas produzem.Os heróis criados fazempropaganda de produtos que sãoconsumidos pelas massas que aíse imaginam um pouco superheróis também, fe-chando-se ociclo. Para garantir a sensaçãoefêmera de potência dosnormais, os atletas da mídiatomam hormônios, deixam deser esportistas e viram máquinasde rendimento". (BOURG,Recordes a qualquer preço,1995, P. 60)

A declaração de Fábio Au-gusto, meia-lateral do Co-rinthias "É como cuidar de umcarro: você coloca o melhorcombustível", ao explicar aosrepórteres da Folha de SãoPaulo em 18/09/97, por queingeria um complexo vita-mínico importado, que con-tem efedrina, substância proi-bida que provoca suspensãopreventiva por doping, ilustrabem o aqui exposto e atualizao que BOURG aponta em suaobra "O Louco dinheiro doesporte".

Tostão (FSP, 05/11/2000, p.D9) alerta sobre o endeusa-mento e os efeitos do loucodinheiro na vida dos atletas dofutebol brasileiro:

"Os talentosos garotos brasileirosficam famosos e ricos muito cedo.Não há tempo para se adaptarem auma nova e gla-morosa vida. Opersonagem e a marca tornam-semais valorizados do que o futeboldesses jogadores".

O Jornalista Aldo Rablo,Deputado Federal pelo PC doB e presidente da CPI (Comis-são Parlamentar de Inquérito)da CBF-NIKE (ConfederaçãoBrasileira de Futebol - NIKE)em seu texto publicado naFolha de São Paulo (04 denovembro, 2000) nos possibi-lita riquíssimos elementospara configurar o desportoatual. Diz ele: valendo-se doexemplo do futebol:

"O futebol não era apenas umnegócio. (...) Hoje o futebol é sónegócio. O Clube tem patro-cínio, o jogador, tem patrocínio,a chuteira tem patrocínio, a bolatem patrocínio, o estádio tempatrocínio, a transmissão tem

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XVI

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XVII

Page 5: 115318299009

patrocínio, a CBF tem patrocí-nio. Mas os estádios estão vaziose os torcedores vêembestificados os seus clubestransformarem-se em entre-postos comerciais."

A pergunta a nós colocadapelas contingências e que pos-sibilita o encontro entre dife-rentes, não diz respeito aomau desempenho do Brasilnas Olimpíadas 2000 em Syd-ney e, muito menos, como re-cuperar um bom desempenhoOlímpico pela via do despor-to escolar, ou então como con-ter a violência, o consumo dedrogas e a prostituição pelavia do desporto.

Trata-se de nos colocarmosou recolocarmos a questão defundo sobre: quais as possibi-lidades com maior potencialhumanizador em termos de re-lações, conhecimentos/saberes/conteúdos, tempos, espaços/lu-gares, elementos/aparelhos, si-tuações, aprendizagens, lin-guagens, organizações e sujei-tos, a partir da escola e paraalém dela, que possam contri-buir na formação do SER HU-MANO PLENO, INTEGRO,OMNILATERAL, ser que se re-conhece enquanto espécie hu-mana, que somente torna-seHomem acessando critica, cri-ativa e reflexivamente a cultu-ra, através de diferentes ele-mentos desenvolvidos pela hu-manidade nos diversos perío-dos históricos e, capazes decontribuir na construção dereferencias ontológicas e te-leológicas de vida.

O que a Instituição Despor-to tem a nos oferecer para res-ponder a tal questão?

O Desporto da forma comoveio sendo tratado no interiordo Sistema Educacional, comsuas características atuais,está sendo severamente ques-tionado. Isto é evidente nosquestionamentos às PolíticasPúblicas9, irresponsáveis, in-conseqüentes, casuistícas,descontínuas e com carátercentralizador e ideológicodos últimos anos - refiro-meprincipalmente aos dois man-datos do Professor e Sociólo-go FHC-e, pelas práticas dosprofessores nas escolas, semcondições objetivas de traba-lho, sem acesso aos conheci-mentos científicos, sem finan-ciamento, com péssimos salá-rios, sem grande capacidadeorganizativa reivindicatória econfrontacional desenvolvidae, com precaríssima forma-ção inicial e continuada parafazer face a complexidade doque significa educar em tem-pos de barbárie.

O "Manifesto por uma Edu-cação Física Inclusiva" assi-nado pelo CBCE - ColégioBrasileiro de Ciências do Es-porte - em outubro de 2000 ea Carta de Sergipe - assinadopor mais de 1.500 profissio-nais da área e por autoridadesuniversitárias e parlamenta-res, reatualizada em eventosdas Secretarias Estaduais doCBCE Nordeste, encaminha-da ao CBCE e a Fóruns inter-nacionais deixam isto eviden-te.

O desporto educacionalvem sendo questionado por-que com a sua atual caracte-rização hegemônica, não con-tribui para debelar a revoltan-

te e desumana desigualdadesocial e não está sintonizadocom os anseios por uma soci-edade justa, pelo contrario,acentua e assegura desigual-dades.

Kunz (1994) resume as crí-ticas ao esporte, na forma queeste tradicionalmente ocorrena sociedade e na escola, noseguinte:

1) O esporte como é conhe-cido na sua prática hege-mônica, nas competições es-portivas nos meios de comu-nicação (televisão), não apre-senta elementos de formaçãogeral - nem mesmo para saú-de física, mais preconizadopara esta prática - para seconstituir uma RealidadeEducacional.

2) O esporte ensinado nasescolas enquanto cópia irre-fletida do esporte competiçãoou de rendimento, só podefomentar vivências de suces-so para uma minoria e o fra-casso ou vivência de insu-cesso para a grande maioria.

3) Este fomento de vivên-cias de insucesso ou fracasso,para crianças e jovens em umcontexto escolar é, no míni-mo, uma irresponsabilidadepedagógica por parte de umprofissional formado para serprofessor.

4) O esporte de rendimentosegue os princípios básicosda "sobrepujança" e das"comparações objetivas ", osquais permanecem inalte-rados, mesmo para os espor-tes praticados na escola onde,

por falta de condições ideais,o rendimento não se constituino objetivo maior da aula.Este é um dos motivos quecontribui para que o ensinodos esportes, também, venhaa influenciar a crescente"perda de liberdade " e "per-da de sensibilidade" do SerHumano, pelo "racionalis-mo " técnico-instrumental dassociedades industriais moder-nas e seguidoras destas (p.118-119).

É preciso reinventar o es-porte na escola conformeanuncia ASSIS DE OLIVEI-RA (1999) em sua dissertaçãode mestrado agora convertidaem livro pela Autores Asso-ciados e iniciar outras aborda-gens do esporte escolar con-forme já vi vendaram os pro-fessores Marcos Avellar doNascimento e Victor Andradede Melo (Repensando as"Olimpíadas Escolar: Umaproposta")10 e também defendeESCOB AR (1995) em suatese de doutorado defendidana UNICAMP.

O poder público tem suaresponsabilidade na consoli-dação de tais característicasdo desporto, conforme alertaRABELO (2000), contribuin-do na destruição de espaçosnecessários ao desenvolvi-mento de práticas esportivasde caráter lúdico. Está sendoconivente, por que lhe é con-veniente, com os interessesespeculativos do grande capi-tal financeiro, com a poluiçãode recursos da natureza - rios,lagos, mar -, com a especula-ção imobiliária que arrasa asprecárias áreas verdes trans-

formando-as em paisagensurbanas áridas, destruindocampos e espaços livres. Tan-to as escolas públicas quantoos conjuntos habitacionais,construídos com dinheiro pú-blico, principalmente os des-tinados a classe trabalhadora,estão atirados ao descaso oudesaparecendo.

Os espaços para atividadesde educação física & esporteinexistem na maioria das es-colas e nos bairros populares.

Para acompanharmos osquestionamentos e o agrava-mento do quadro do desportono Brasil vamos nos valer doDiagnóstico da Educação Fí-sica/Desportos realizado em1969 e confronta-lo comconstatações atuais.

Em 1969, quando era presi-dente do Brasil o General - de- Exército Emílio G. Médici,no auge da ditadura militar,uniram-se o Ministério doPlanejamento e CoordenaçãoGeral, o Centro Nacional deRecursos Humanos (IPEA), OMinistério da Educação e Cul-tura, Departamento de Des-portos e Educação Física pararealizar o celebre "Diagnósti-co de educação física/despor-tos no Brasil".

O Secretário Executivo doCNRH, Arlindo Lopes Cor-reia, na Apresentação do Di-agnóstico (p.7) justifica:

"A decisão de realizar esseestudo foi uma conseqüêncianatural das preocupações doGoverno Revolucionário(sic)com a política nacional de re-

cursos humanos, dirigida nosentido de aperfeiçoar o ho-mem brasileiro em todos osseus aspectos e melhorar aqualidade de vida. As ativida-des de Educação Física e Des-portos estão intimamente liga-das às políticas de saúde e deeducação, dado o seu papelcondicionador da aptidão fí-sica e mental da população;possuem, outrossim, veicu-lação com a política de bem-estar, em seus aspectos delazer e recreação. A par des-tas implicações, que por si sójustificariam a execução des-te trabalho, já não podem serignoradas as manifestaçõespsicossociais ligadas ao setor,que também projeta a sua in-fluência no plano da políticainternacional."

Este discurso vem sendoretomando por setores da E-ducação Física Brasileira,desconsiderando os aconteci-mentos dos últimos 20 anos ea realidade atual. Está sendoproposto o retorno da açãopedagógica da Educação Fí-sica «Escolar pautada em umúnico referencial conceitual,qual seja, o da busca da apti-dão física/rendimento físico-esportivo11.

Tomando os dados do diag-nóstico podemos perfeitamen-te constatar que, contraditori-amente, muitas das variáveisestudadas continuam hojeapresentando, na essência, osresultados trágicos da décadade 60.

Senão vejamos:

a) No que diz respeito as

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XVIII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XIX

Page 6: 115318299009

patrocínio, a CBF tem patrocí-nio. Mas os estádios estão vaziose os torcedores vêembestificados os seus clubestransformarem-se em entre-postos comerciais."

A pergunta a nós colocadapelas contingências e que pos-sibilita o encontro entre dife-rentes, não diz respeito aomau desempenho do Brasilnas Olimpíadas 2000 em Syd-ney e, muito menos, como re-cuperar um bom desempenhoOlímpico pela via do despor-to escolar, ou então como con-ter a violência, o consumo dedrogas e a prostituição pelavia do desporto.

Trata-se de nos colocarmosou recolocarmos a questão defundo sobre: quais as possibi-lidades com maior potencialhumanizador em termos de re-lações, conhecimentos/saberes/conteúdos, tempos, espaços/lu-gares, elementos/aparelhos, si-tuações, aprendizagens, lin-guagens, organizações e sujei-tos, a partir da escola e paraalém dela, que possam contri-buir na formação do SER HU-MANO PLENO, INTEGRO,OMNILATERAL, ser que se re-conhece enquanto espécie hu-mana, que somente torna-seHomem acessando critica, cri-ativa e reflexivamente a cultu-ra, através de diferentes ele-mentos desenvolvidos pela hu-manidade nos diversos perío-dos históricos e, capazes decontribuir na construção dereferencias ontológicas e te-leológicas de vida.

O que a Instituição Despor-to tem a nos oferecer para res-ponder a tal questão?

O Desporto da forma comoveio sendo tratado no interiordo Sistema Educacional, comsuas características atuais,está sendo severamente ques-tionado. Isto é evidente nosquestionamentos às PolíticasPúblicas9, irresponsáveis, in-conseqüentes, casuistícas,descontínuas e com carátercentralizador e ideológicodos últimos anos - refiro-meprincipalmente aos dois man-datos do Professor e Sociólo-go FHC-e, pelas práticas dosprofessores nas escolas, semcondições objetivas de traba-lho, sem acesso aos conheci-mentos científicos, sem finan-ciamento, com péssimos salá-rios, sem grande capacidadeorganizativa reivindicatória econfrontacional desenvolvidae, com precaríssima forma-ção inicial e continuada parafazer face a complexidade doque significa educar em tem-pos de barbárie.

O "Manifesto por uma Edu-cação Física Inclusiva" assi-nado pelo CBCE - ColégioBrasileiro de Ciências do Es-porte - em outubro de 2000 ea Carta de Sergipe - assinadopor mais de 1.500 profissio-nais da área e por autoridadesuniversitárias e parlamenta-res, reatualizada em eventosdas Secretarias Estaduais doCBCE Nordeste, encaminha-da ao CBCE e a Fóruns inter-nacionais deixam isto eviden-te.

O desporto educacionalvem sendo questionado por-que com a sua atual caracte-rização hegemônica, não con-tribui para debelar a revoltan-

te e desumana desigualdadesocial e não está sintonizadocom os anseios por uma soci-edade justa, pelo contrario,acentua e assegura desigual-dades.

Kunz (1994) resume as crí-ticas ao esporte, na forma queeste tradicionalmente ocorrena sociedade e na escola, noseguinte:

1) O esporte como é conhe-cido na sua prática hege-mônica, nas competições es-portivas nos meios de comu-nicação (televisão), não apre-senta elementos de formaçãogeral - nem mesmo para saú-de física, mais preconizadopara esta prática - para seconstituir uma RealidadeEducacional.

2) O esporte ensinado nasescolas enquanto cópia irre-fletida do esporte competiçãoou de rendimento, só podefomentar vivências de suces-so para uma minoria e o fra-casso ou vivência de insu-cesso para a grande maioria.

3) Este fomento de vivên-cias de insucesso ou fracasso,para crianças e jovens em umcontexto escolar é, no míni-mo, uma irresponsabilidadepedagógica por parte de umprofissional formado para serprofessor.

4) O esporte de rendimentosegue os princípios básicosda "sobrepujança" e das"comparações objetivas ", osquais permanecem inalte-rados, mesmo para os espor-tes praticados na escola onde,

por falta de condições ideais,o rendimento não se constituino objetivo maior da aula.Este é um dos motivos quecontribui para que o ensinodos esportes, também, venhaa influenciar a crescente"perda de liberdade " e "per-da de sensibilidade" do SerHumano, pelo "racionalis-mo " técnico-instrumental dassociedades industriais moder-nas e seguidoras destas (p.118-119).

É preciso reinventar o es-porte na escola conformeanuncia ASSIS DE OLIVEI-RA (1999) em sua dissertaçãode mestrado agora convertidaem livro pela Autores Asso-ciados e iniciar outras aborda-gens do esporte escolar con-forme já vi vendaram os pro-fessores Marcos Avellar doNascimento e Victor Andradede Melo (Repensando as"Olimpíadas Escolar: Umaproposta")10 e também defendeESCOB AR (1995) em suatese de doutorado defendidana UNICAMP.

O poder público tem suaresponsabilidade na consoli-dação de tais característicasdo desporto, conforme alertaRABELO (2000), contribuin-do na destruição de espaçosnecessários ao desenvolvi-mento de práticas esportivasde caráter lúdico. Está sendoconivente, por que lhe é con-veniente, com os interessesespeculativos do grande capi-tal financeiro, com a poluiçãode recursos da natureza - rios,lagos, mar -, com a especula-ção imobiliária que arrasa asprecárias áreas verdes trans-

formando-as em paisagensurbanas áridas, destruindocampos e espaços livres. Tan-to as escolas públicas quantoos conjuntos habitacionais,construídos com dinheiro pú-blico, principalmente os des-tinados a classe trabalhadora,estão atirados ao descaso oudesaparecendo.

Os espaços para atividadesde educação física & esporteinexistem na maioria das es-colas e nos bairros populares.

Para acompanharmos osquestionamentos e o agrava-mento do quadro do desportono Brasil vamos nos valer doDiagnóstico da Educação Fí-sica/Desportos realizado em1969 e confronta-lo comconstatações atuais.

Em 1969, quando era presi-dente do Brasil o General - de- Exército Emílio G. Médici,no auge da ditadura militar,uniram-se o Ministério doPlanejamento e CoordenaçãoGeral, o Centro Nacional deRecursos Humanos (IPEA), OMinistério da Educação e Cul-tura, Departamento de Des-portos e Educação Física pararealizar o celebre "Diagnósti-co de educação física/despor-tos no Brasil".

O Secretário Executivo doCNRH, Arlindo Lopes Cor-reia, na Apresentação do Di-agnóstico (p.7) justifica:

"A decisão de realizar esseestudo foi uma conseqüêncianatural das preocupações doGoverno Revolucionário(sic)com a política nacional de re-

cursos humanos, dirigida nosentido de aperfeiçoar o ho-mem brasileiro em todos osseus aspectos e melhorar aqualidade de vida. As ativida-des de Educação Física e Des-portos estão intimamente liga-das às políticas de saúde e deeducação, dado o seu papelcondicionador da aptidão fí-sica e mental da população;possuem, outrossim, veicu-lação com a política de bem-estar, em seus aspectos delazer e recreação. A par des-tas implicações, que por si sójustificariam a execução des-te trabalho, já não podem serignoradas as manifestaçõespsicossociais ligadas ao setor,que também projeta a sua in-fluência no plano da políticainternacional."

Este discurso vem sendoretomando por setores da E-ducação Física Brasileira,desconsiderando os aconteci-mentos dos últimos 20 anos ea realidade atual. Está sendoproposto o retorno da açãopedagógica da Educação Fí-sica «Escolar pautada em umúnico referencial conceitual,qual seja, o da busca da apti-dão física/rendimento físico-esportivo11.

Tomando os dados do diag-nóstico podemos perfeitamen-te constatar que, contraditori-amente, muitas das variáveisestudadas continuam hojeapresentando, na essência, osresultados trágicos da décadade 60.

Senão vejamos:

a) No que diz respeito as

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XVIII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XIX

Page 7: 115318299009

Políticas de Governo, no diag-nóstico de 69 diz: - "A par-ticipação do Governo Federal,em face da inconsciência decritérios e objetivos, tem sidorestritiva e deficiente em nor-mas e na suplementação derecursos, tanto no setor edu-cacional como no desportivo"- Constatações atuais: As Políticas de Governo, de perfilneoliberal, vem paulatinamente se desresponsabi-lizando com os investimentosno Sistema Educacional, fatovisível nos Projetos e Programas em curso, onde, c©m»pro-postas filantropistas, compensatórias, eletistas pretende-sedar respostas ao complexo edifícil quadro da educação nacional, do deporto educacional."

b)Ainda sobre Política Nacional diz o diagnóstico de 69:- " A inexistência de uma política nacional para a Educação Física/Desportos adequadamente subordinada ás necessidades educacionais, comunitárias e de desenvolvimento urbano, e a conseqüente falta de uma legislação consolidada e realista colocam aDivisão de Educação Física eo CND - Órgãos do Ministério da Educação e Cultura -em posição inoperante".Constatações atuais: o esvaziamento paulatino, constantede organismos governamentais que tem se sobressaídopelo alto grau de oportunismo,politicagem e corrupção, porexemplo, o caso do INDESP.

c) No que diz respeito a formação de professores, no Diagnóstico de 69 diz: - "O au-

mento inusitado do número deestabelecimentos de ensinosuperior de Educação Física/Desportos" (...) localizadosprincipalmente no sul do pais,com motivações de "status" elucro (...). Proliferação de no-vas Escolas Superiores" (...)nas escolas antigas, por suavez, a organização interna e aqualidade de ensino são com-provadamente deficientes".Constatações atuais: As esco-las de Educação Física proli-feram, aproximadamente 240,a maioria particulares comfins lucrativos. As Públicas,principalmente as Federais,estão sendo sucateadas e emvias de privatização. Os pro-fessores com os Planos deCargos e Salários ameaçadospor projetos de lei - APL so-bre Emprego Público - quedesmantelam a categoria eprecarizam o trabalho docen-te. O ensino, tanto nas uni-versidades públicas quantonas particulares, sendo seve-ramente criticado em sua qua-lidade.

d) Quanto a inserção daeducação física nas escolas, odiagnóstico de 69 diz: - "Em-bora haja obrigatoriedade le-gal desde 1851, a educaçãofísica/desportos no nível pri-mário de ensino é praticamen-te inexistente.(...) Algumasiniciativas existem no Sul eSudeste para implementar aEducação Física no Primário.No ensino médio o número dealunos atendido por cada pro-fessor é elevado, assim comoas condições funcionais per-manecem precárias. Ainda noensino médio a Educação Fí-sica/Desportos e sua supervi-

são é realizada apenas nomi-nalmente e a prática das ati-vidades físicas é predominan-temente improvisada quanto alocais, com atenuações na re-gião Sul e no Estado de SãoPaulo." Constatações atuais."A Educação Física continuaprecarizada no atual ensinobásico - fundamental e mé-dio. Somente 18% das esco-las tem locais apropriadospara aulas e, na EducaçãoInfantil, a Educação Físicacontinua fora dos currículosdas escolas públicas. A Lei deDiretrizes e Bases da Educa-ção Nacional (LDB 9.394/96)prevê autonomia do ProjetoPolítico Pedagógico da esco-la, mas os professores estãocompletamente desprepa-rados para lidar com a Cultu-ra Corporal enquanto conteú-do de ensino. Lidam, sim,com alguns elementos en-quanto procedimentos meto-dológicos.

e) A Educação Física noEnsino Superior no diagnós-tico de 69 é assim descrita: -" é assistemática, improvisa-da, com a participação avalia-da em apenas 8% dos alunosmatriculados." (...) as princi-pais iniciativas das ativida-des desportivas são dos alu-nos, que, inclusive cobremparte dos custos. Constata-ções atuais: A Educação Físi-ca & Esporte, ou melhor, aCultura Corporal, não estáincluída nos Projetos PolíticosPedagógicos das Universida-des, não consta nos currícu-los, das Universidades Brasi-leiras, com raras exceções,enquanto disciplina de con-teúdo, mas sim, como mera

atividade física. Isto é total-mente negado aos jovens bra-sileiros enquanto bem cultu-ral imprescindível para enten-der e interferir criticamentena cultura de nosso tempo his-tórico.

f) Quanto aos espaços urba-nos no diagnóstico de 69 diz:- "O crescimento desorde-nado das cidades brasileiras,assim como a falta de critéri-os quanto ao uso do espaçourbano, estão limitando aspossibilidades atuais de ex-pansão equilibrada e compro-metendo o desenvolvimentofuturo da Educação Física/Desportos/Recreação". Cons-tatações atuais: Total irres-ponsabilidade com a preser-vação dos espaços e temposurbanos e rurais por parte doGoverno. A Sociedade civil,organizada em MOVIMEN-TOS SOCIAIS de caráterreivindicatórios são constan-temente criminalizados quan-do exigem o cumprimento depolíticas sociais. Três são asestratégias do Governo parainverter prioridades, manipu-lar o imaginário popular econtrolar ideologicamente apopulação, desresponsabili-zando-se pela situação gra-víssima que vivemos: a) sub-missão total aos ajustes estru-turais e as axigências dosagentes financeiros interna-cionais, pagando a divida ex-terna e ampliando drástica edramaticamente a divida so-cial; b) não aplicação dos or-çamentos previstos na áreasocial e, constantes cortes eminvestimentos com conco-mitante retenção e retirada dedireitos entre os quais o de

reajustes salariais ferindo oInciso X, Artigo 37 da Cons-tituição Federal e; c) crimi-nalização dos MovimentosSociais organizados de cará-ter reivindicatório. Os inves-timentos no Brasil são prio-ritários para pagamento dadivida externa, os orçamentosprevistos não são aplicados ea sociedade organizada, quereivindica, é criminalizada.

g) Quanto a organizaçãodesportiva, diz o Diagnósticode 69: - "Sendo as Associa-ções Desportivas a célula bá-sica da organização despor-tiva comunitária, a autentici-dade da representação mostra-se deteriorada" (...) está pre-sentemente orientada no sen-tido da propriedade na repre-sentação e na seleção, em de-trimento da prática de massa".Constatações atuais: Associa-ções esportivas (Clubes) estãosendo alvo de CPIs peloelevadíssimo nível de cor-rupção. As característicasdegenerativas do esporte con-tinuam acentuadas nas Asso-ciações. Bracht (1997b, p. 10)resume as características bá-sicas do esporte em: competi-ção, rendimento físico-técni-co, record, racionalização ecientificização do treinamen-to. Características estas emquestão na atualidade. Taiscaracterísticas forjam contra-dições no que diz respeito auma perspectiva associativistae comunitarista de vida emsociedade.

h) Quanto a participaçãofeminina no desporto, o diag-nóstico de 69 aponta: —"é ain-da inexpressiva". Consta-

tações atuais: a participaçãoda mulher em praticas espor-tivas continua sendo dificul-tada pelas relações de gêneroe classes sociais, predominan-te na sociedade machista ca-pitalista.

i) Quanto as escolas de pre-paração de professores (deno-minadas de Escolas Normais)diz o diagnóstico de 69: - "asescolas normais não preparamas professoras primárias paraos objetivos da Educação Fí-sica/desporto/recreação, nonível correspondente de ensi-no (...) os cursos oferecidospelas escolas superiores deeducação física não são efica-zes. Constatações atuais: Osprocessos de formação conti-nuada de professores são pre-cários, não respondem aos de-safios da complexidade e di-versidade do currículo esco-lar e vem sendo privatizados.As Políticas do Governo -combatidas por fóruns comoANPEd, ANFOPE, Fórumem Defesa da Escola Pública,ANDES, entre outros -, de-monstram desmontar e pau-perrizar ainda mais o proces-so de formação acadêmica dosprofessores e professoras, re-tirando tais prerrogativas in-clusive das Universidade.

j) Quanto as questões jurí-dicas diz o Diagnóstico de 69:- "A Educação Física e osdesportos foram dicotomi-zados juridicamente pela Ad-ministração Pública brasilei-ra, principalmente para solu-cionar problemas políticos(...)". Constatações atuais:Dicotomias e divisões, destea formação acadêmica até a

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XX

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXI

Page 8: 115318299009

Políticas de Governo, no diag-nóstico de 69 diz: - "A par-ticipação do Governo Federal,em face da inconsciência decritérios e objetivos, tem sidorestritiva e deficiente em nor-mas e na suplementação derecursos, tanto no setor edu-cacional como no desportivo"- Constatações atuais: As Políticas de Governo, de perfilneoliberal, vem paulatinamente se desresponsabi-lizando com os investimentosno Sistema Educacional, fatovisível nos Projetos e Programas em curso, onde, c©m»pro-postas filantropistas, compensatórias, eletistas pretende-sedar respostas ao complexo edifícil quadro da educação nacional, do deporto educacional."

b)Ainda sobre Política Nacional diz o diagnóstico de 69:- " A inexistência de uma política nacional para a Educação Física/Desportos adequadamente subordinada ás necessidades educacionais, comunitárias e de desenvolvimento urbano, e a conseqüente falta de uma legislação consolidada e realista colocam aDivisão de Educação Física eo CND - Órgãos do Ministério da Educação e Cultura -em posição inoperante".Constatações atuais: o esvaziamento paulatino, constantede organismos governamentais que tem se sobressaídopelo alto grau de oportunismo,politicagem e corrupção, porexemplo, o caso do INDESP.

c) No que diz respeito a formação de professores, no Diagnóstico de 69 diz: - "O au-

mento inusitado do número deestabelecimentos de ensinosuperior de Educação Física/Desportos" (...) localizadosprincipalmente no sul do pais,com motivações de "status" elucro (...). Proliferação de no-vas Escolas Superiores" (...)nas escolas antigas, por suavez, a organização interna e aqualidade de ensino são com-provadamente deficientes".Constatações atuais: As esco-las de Educação Física proli-feram, aproximadamente 240,a maioria particulares comfins lucrativos. As Públicas,principalmente as Federais,estão sendo sucateadas e emvias de privatização. Os pro-fessores com os Planos deCargos e Salários ameaçadospor projetos de lei - APL so-bre Emprego Público - quedesmantelam a categoria eprecarizam o trabalho docen-te. O ensino, tanto nas uni-versidades públicas quantonas particulares, sendo seve-ramente criticado em sua qua-lidade.

d) Quanto a inserção daeducação física nas escolas, odiagnóstico de 69 diz: - "Em-bora haja obrigatoriedade le-gal desde 1851, a educaçãofísica/desportos no nível pri-mário de ensino é praticamen-te inexistente.(...) Algumasiniciativas existem no Sul eSudeste para implementar aEducação Física no Primário.No ensino médio o número dealunos atendido por cada pro-fessor é elevado, assim comoas condições funcionais per-manecem precárias. Ainda noensino médio a Educação Fí-sica/Desportos e sua supervi-

são é realizada apenas nomi-nalmente e a prática das ati-vidades físicas é predominan-temente improvisada quanto alocais, com atenuações na re-gião Sul e no Estado de SãoPaulo." Constatações atuais."A Educação Física continuaprecarizada no atual ensinobásico - fundamental e mé-dio. Somente 18% das esco-las tem locais apropriadospara aulas e, na EducaçãoInfantil, a Educação Físicacontinua fora dos currículosdas escolas públicas. A Lei deDiretrizes e Bases da Educa-ção Nacional (LDB 9.394/96)prevê autonomia do ProjetoPolítico Pedagógico da esco-la, mas os professores estãocompletamente desprepa-rados para lidar com a Cultu-ra Corporal enquanto conteú-do de ensino. Lidam, sim,com alguns elementos en-quanto procedimentos meto-dológicos.

e) A Educação Física noEnsino Superior no diagnós-tico de 69 é assim descrita: -" é assistemática, improvisa-da, com a participação avalia-da em apenas 8% dos alunosmatriculados." (...) as princi-pais iniciativas das ativida-des desportivas são dos alu-nos, que, inclusive cobremparte dos custos. Constata-ções atuais: A Educação Físi-ca & Esporte, ou melhor, aCultura Corporal, não estáincluída nos Projetos PolíticosPedagógicos das Universida-des, não consta nos currícu-los, das Universidades Brasi-leiras, com raras exceções,enquanto disciplina de con-teúdo, mas sim, como mera

atividade física. Isto é total-mente negado aos jovens bra-sileiros enquanto bem cultu-ral imprescindível para enten-der e interferir criticamentena cultura de nosso tempo his-tórico.

f) Quanto aos espaços urba-nos no diagnóstico de 69 diz:- "O crescimento desorde-nado das cidades brasileiras,assim como a falta de critéri-os quanto ao uso do espaçourbano, estão limitando aspossibilidades atuais de ex-pansão equilibrada e compro-metendo o desenvolvimentofuturo da Educação Física/Desportos/Recreação". Cons-tatações atuais: Total irres-ponsabilidade com a preser-vação dos espaços e temposurbanos e rurais por parte doGoverno. A Sociedade civil,organizada em MOVIMEN-TOS SOCIAIS de caráterreivindicatórios são constan-temente criminalizados quan-do exigem o cumprimento depolíticas sociais. Três são asestratégias do Governo parainverter prioridades, manipu-lar o imaginário popular econtrolar ideologicamente apopulação, desresponsabili-zando-se pela situação gra-víssima que vivemos: a) sub-missão total aos ajustes estru-turais e as axigências dosagentes financeiros interna-cionais, pagando a divida ex-terna e ampliando drástica edramaticamente a divida so-cial; b) não aplicação dos or-çamentos previstos na áreasocial e, constantes cortes eminvestimentos com conco-mitante retenção e retirada dedireitos entre os quais o de

reajustes salariais ferindo oInciso X, Artigo 37 da Cons-tituição Federal e; c) crimi-nalização dos MovimentosSociais organizados de cará-ter reivindicatório. Os inves-timentos no Brasil são prio-ritários para pagamento dadivida externa, os orçamentosprevistos não são aplicados ea sociedade organizada, quereivindica, é criminalizada.

g) Quanto a organizaçãodesportiva, diz o Diagnósticode 69: - "Sendo as Associa-ções Desportivas a célula bá-sica da organização despor-tiva comunitária, a autentici-dade da representação mostra-se deteriorada" (...) está pre-sentemente orientada no sen-tido da propriedade na repre-sentação e na seleção, em de-trimento da prática de massa".Constatações atuais: Associa-ções esportivas (Clubes) estãosendo alvo de CPIs peloelevadíssimo nível de cor-rupção. As característicasdegenerativas do esporte con-tinuam acentuadas nas Asso-ciações. Bracht (1997b, p. 10)resume as características bá-sicas do esporte em: competi-ção, rendimento físico-técni-co, record, racionalização ecientificização do treinamen-to. Características estas emquestão na atualidade. Taiscaracterísticas forjam contra-dições no que diz respeito auma perspectiva associativistae comunitarista de vida emsociedade.

h) Quanto a participaçãofeminina no desporto, o diag-nóstico de 69 aponta: —"é ain-da inexpressiva". Consta-

tações atuais: a participaçãoda mulher em praticas espor-tivas continua sendo dificul-tada pelas relações de gêneroe classes sociais, predominan-te na sociedade machista ca-pitalista.

i) Quanto as escolas de pre-paração de professores (deno-minadas de Escolas Normais)diz o diagnóstico de 69: - "asescolas normais não preparamas professoras primárias paraos objetivos da Educação Fí-sica/desporto/recreação, nonível correspondente de ensi-no (...) os cursos oferecidospelas escolas superiores deeducação física não são efica-zes. Constatações atuais: Osprocessos de formação conti-nuada de professores são pre-cários, não respondem aos de-safios da complexidade e di-versidade do currículo esco-lar e vem sendo privatizados.As Políticas do Governo -combatidas por fóruns comoANPEd, ANFOPE, Fórumem Defesa da Escola Pública,ANDES, entre outros -, de-monstram desmontar e pau-perrizar ainda mais o proces-so de formação acadêmica dosprofessores e professoras, re-tirando tais prerrogativas in-clusive das Universidade.

j) Quanto as questões jurí-dicas diz o Diagnóstico de 69:- "A Educação Física e osdesportos foram dicotomi-zados juridicamente pela Ad-ministração Pública brasilei-ra, principalmente para solu-cionar problemas políticos(...)". Constatações atuais:Dicotomias e divisões, destea formação acadêmica até a

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XX

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXI

Page 9: 115318299009

intervenção profissional, pas-sando pela organização ins-titucional, estão cada vez maisevidentes. Por exemplo, a pro-posta dos cursos de bachare-lado e licenciatura, o cor-porativo Conselho de Regu-lamentação da Profissão, aEducação Física e Esporte naescola. (O CONFEF - Con-selho Nacional de EducaçãoFísica - defende posiçõescorporativas e vem interferin-do na autonomia da universi-dade e da escola pública. In-tenta articular os Cursos deEducação Física, via diretoresde escolas, ingerindo agora nareestruturação curricular. Osprofessores sofrem com taisdicotomias e já não se reco-nhecem trabalhando educaçãofísica na escola quando preci-sam tratar do conteúdo espor-te. Aula de Educação Física éuma coisa, treinar esporte naescola é outra.

A questão das fragmenta-ções, divisões e eliminaçõesda Educação Física/desportoincide e gera problemas gra-víssimos, tanto para o cam-po de formação; para o cam-po da produção do conheci-mento; para o campo de prá-ticas sociais lúdicas e pra-zeirosas, práticas corporaisconscientizadoras do ser e es-tar no mundo e; nos demaiscampos de intervenção pro-fissional.

Para explicitar dados sobrea questão da fragmentação/divisão entre Educação Físi-ca e Desporto e seus nefastosprejuízos, em detrimento docaráter educativo da culturacorporal, em prol do caráter

da lógica do mercado, desta-camos o seguinte:

A afirmação da supremaciae predominância do Desportesobre a Educação Física, visí-vel nas opções em tratar o des-porto como conteúdo de ensi-no nas escolas, sem dados eargumentações científicas, pe-dagógicas e éticas sobre estasupremacia, causam sériosproblemas na formação dascrianças e jovens. As escolasSuperiores de Educação Físi-ca tem responsabilidade comtais problemas. Dividiram efragmentaram a formação semperguntar pelas conseqüênciassociais. Não existem quaisquerargumentos críticos a respeito,tanto no campo epistemo-lógico, quanto pedagógico, ouprofissional, a não ser afirma-ções e argumentos de "auto-ridades", próprios do sensocomum social, sustentando atese acritica dos benefíciosincontestes do esporte como seo mesmo decorresse de um de-senvolvimento linear ao longoda história e não apresentassecontradições.

As tentativa de separação daEducação Física & Desporte,elementos constitutivos daCULTURA CORPORAL,são evidentes nas declaraçõesdos dirigentes de Confedera-ções a exemplo de CoaracyNunes Filho presidente daConfederação Brasileira deNatação para quem, "Educa-ção não tem nada a ver com oEsporte", conforme declara-ções prestadas em entrevistaa Revista VEJA, 29/11/95, p/07-10, intitulada "O cartola demil coelhos" e ainda, na de-

claração de C. A. Nuzman,em entrevista a Revista VE-JA, 24/07/96, p.07-09, in-titulada "Acabou o pique-nique" que diz "Quero umaUniversidade do esporte paraformar técnicos, em vez dasatuais Faculdades de Educa-ção Física (...)".

A força destes interessespodem ser detectados ainda,nos esforços Ex-MinistroExtraoridinário dos Esportes,Edson Arantes do Nascimen-to, que reivindicava uma linhade financiamento de pesqui-sas especificas para as Ciên-cias do Esporte no CNPq -Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tec-nológico.12

Estas divisões contribuempara a desqualificação do tra-balho e do trabalhador da áreade Educação Física & Espor-te, reafirmando uma tendên-cia universal do capitalismo -dividir para enfraquecer, do-minar, explorar.13

A prevalecer tais concep-ções separatistas, provavel-mente amplos setores de ex-cluídos, continuarão semacesso as práticas corporaisdiversificadas e sistematica-mente orientadas. Prevalece-rá a máxima "MAIS ALTO,MAIS FORTE, MAIS VE-LOZ" e para isto o conteúdoesporte, na sua caracterizaçãohegemônica na sociedadeatual, é uma peça chave.

Quanto ao Diagnóstico de1969 e a situação atual, con-firmam-se tendências à des-truição, à degeneração, à de-

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

sagregação, à precarização e,só aparentemete, podem servisualizadas superações nosindicadores estudados. Este éo paradoxo. Em meio a avan-ços tecnológicos e científicos,em meio a um maior exercí-cio da "democracia represen-tativa", a situação é calamito-sa. As Políticas Públicas im-plementadas neste Ínterim fra-cassaram.

Sem dúvida, o esporte é umfenômeno com uma força ex-traordinária. Alguns autores olocalizam, ao lado da ciência,como único idioma univer-sal14. Outros atribuem a eleum significado religioso ouquase religioso. No entanto oque se exige neste momentosão sérios, profundos e radi-cais questionamentos.

Quais as possibilidades doesporte ser diferente do quevem sendo? Quais seriam oscaminhos ou as alternativaspara reforçar ou viabilizar aspossibilidades de resistênciase mudanças?

E, por fim ..... por onde começar e o que fazer para darformatação conseqüente, consistente, responsável as políticas públicas e a reinvençãodo esporte a partir da escola -O que fazer a curto médio elongo prazo?

Um dos marcos de refe-rencia para abstrair elementose responder tais questões é aluta histórica dos trabalhado-res. Qualquer programa degoverno deverá contemplar asreivindicações das massas15.Sabemos quais são. Espaços,

tempos, situações, conheci-mentos/saberes/conteúdos,aprendizagens significativaspara a classe, sujeitos apare-lhos/implementos que contri-buam para HUMANIZAR.

Setores organizados da so-ciedade civil como o CBCE,a ANPEd, a ANFOPE, oFórum Nacional em Defesa daEscola Pública, entre outros,vem estabelecendo indicado-res de tais reivindicações.Cinco são as dimensões bási-cas a serem atingidas sem asquais compromete-se qual-quer intenção política no âm-bito educacional, são elas:

1. Sólida formação inicial econtinuada dos profissionaispropiciada por uma consisten-te básica teórica;

2. As condições objetivas detrabalho;

3. Alterações na organiza-ção do processo de trabalho;

4. Salários dignos e plano decargos e salários para os tra-balhadores da educação;

5. Consistente base organi-zativa, reivindicatória e con-frontacional dos setores en-volvidos e interessados pelaqualidade na Educação e naEducação Física.

A consistente base teóricapara ser garantida deve con-templar a formação teórica dequalidade socialmente refe-renciada, pilar da base comumnacional de formação, consti-tuída ainda, por formas degestão democráticas, pelo tra-

balho coletivo, pela pesquisacomo principio educativo,pela pratica enquanto eixoarticulador do conhecimentocritico a ser produzido, ava-liação permanente, conceitode formação continuada, com-promisso social, unidade teo-ria-prática, desenvolvimentoda teoria como/com categori-as da pratica.16

Portanto, o desporto educa-cional não pode ser visto foradesta articulação no âmbitodas políticas publicas da Edu-cação e de bem estar geral dapopulação. Não pode ser vis-to fora do Projeto de esco-larização e do projeto políti-co pedagógico da escola. Nãopode ser admitido fora dogrande esforço de reinvençãoda própria sociedade.

Chamando a nossa respon-sabilidade enquanto educado-res nos cabe reivindicar dogoverno que cumpra a suaparte, lembrando claramenteque sob os auspícios do Esta-do Brasileiro, dirigido pelaselites intelectuais, empresari-ais, religiosas, profissionais,militares que formam o blocode sustentação dos interessesdo capital em torno de sua re-composição internacional e damanutenção de suas taxas delucro, implementam-se polí-ticas educacionais nem sem-pre favoráveis aos interessesdas amplas massas. Privilegi-am-se interesses da lógica domercado em detrimento de ne-cessidades humanas.

A chave mestre da políticado Governo tem sido cons-truir a unidade nacional em

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXIII

Page 10: 115318299009

intervenção profissional, pas-sando pela organização ins-titucional, estão cada vez maisevidentes. Por exemplo, a pro-posta dos cursos de bachare-lado e licenciatura, o cor-porativo Conselho de Regu-lamentação da Profissão, aEducação Física e Esporte naescola. (O CONFEF - Con-selho Nacional de EducaçãoFísica - defende posiçõescorporativas e vem interferin-do na autonomia da universi-dade e da escola pública. In-tenta articular os Cursos deEducação Física, via diretoresde escolas, ingerindo agora nareestruturação curricular. Osprofessores sofrem com taisdicotomias e já não se reco-nhecem trabalhando educaçãofísica na escola quando preci-sam tratar do conteúdo espor-te. Aula de Educação Física éuma coisa, treinar esporte naescola é outra.

A questão das fragmenta-ções, divisões e eliminaçõesda Educação Física/desportoincide e gera problemas gra-víssimos, tanto para o cam-po de formação; para o cam-po da produção do conheci-mento; para o campo de prá-ticas sociais lúdicas e pra-zeirosas, práticas corporaisconscientizadoras do ser e es-tar no mundo e; nos demaiscampos de intervenção pro-fissional.

Para explicitar dados sobrea questão da fragmentação/divisão entre Educação Físi-ca e Desporto e seus nefastosprejuízos, em detrimento docaráter educativo da culturacorporal, em prol do caráter

da lógica do mercado, desta-camos o seguinte:

A afirmação da supremaciae predominância do Desportesobre a Educação Física, visí-vel nas opções em tratar o des-porto como conteúdo de ensi-no nas escolas, sem dados eargumentações científicas, pe-dagógicas e éticas sobre estasupremacia, causam sériosproblemas na formação dascrianças e jovens. As escolasSuperiores de Educação Físi-ca tem responsabilidade comtais problemas. Dividiram efragmentaram a formação semperguntar pelas conseqüênciassociais. Não existem quaisquerargumentos críticos a respeito,tanto no campo epistemo-lógico, quanto pedagógico, ouprofissional, a não ser afirma-ções e argumentos de "auto-ridades", próprios do sensocomum social, sustentando atese acritica dos benefíciosincontestes do esporte como seo mesmo decorresse de um de-senvolvimento linear ao longoda história e não apresentassecontradições.

As tentativa de separação daEducação Física & Desporte,elementos constitutivos daCULTURA CORPORAL,são evidentes nas declaraçõesdos dirigentes de Confedera-ções a exemplo de CoaracyNunes Filho presidente daConfederação Brasileira deNatação para quem, "Educa-ção não tem nada a ver com oEsporte", conforme declara-ções prestadas em entrevistaa Revista VEJA, 29/11/95, p/07-10, intitulada "O cartola demil coelhos" e ainda, na de-

claração de C. A. Nuzman,em entrevista a Revista VE-JA, 24/07/96, p.07-09, in-titulada "Acabou o pique-nique" que diz "Quero umaUniversidade do esporte paraformar técnicos, em vez dasatuais Faculdades de Educa-ção Física (...)".

A força destes interessespodem ser detectados ainda,nos esforços Ex-MinistroExtraoridinário dos Esportes,Edson Arantes do Nascimen-to, que reivindicava uma linhade financiamento de pesqui-sas especificas para as Ciên-cias do Esporte no CNPq -Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tec-nológico.12

Estas divisões contribuempara a desqualificação do tra-balho e do trabalhador da áreade Educação Física & Espor-te, reafirmando uma tendên-cia universal do capitalismo -dividir para enfraquecer, do-minar, explorar.13

A prevalecer tais concep-ções separatistas, provavel-mente amplos setores de ex-cluídos, continuarão semacesso as práticas corporaisdiversificadas e sistematica-mente orientadas. Prevalece-rá a máxima "MAIS ALTO,MAIS FORTE, MAIS VE-LOZ" e para isto o conteúdoesporte, na sua caracterizaçãohegemônica na sociedadeatual, é uma peça chave.

Quanto ao Diagnóstico de1969 e a situação atual, con-firmam-se tendências à des-truição, à degeneração, à de-

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

sagregação, à precarização e,só aparentemete, podem servisualizadas superações nosindicadores estudados. Este éo paradoxo. Em meio a avan-ços tecnológicos e científicos,em meio a um maior exercí-cio da "democracia represen-tativa", a situação é calamito-sa. As Políticas Públicas im-plementadas neste Ínterim fra-cassaram.

Sem dúvida, o esporte é umfenômeno com uma força ex-traordinária. Alguns autores olocalizam, ao lado da ciência,como único idioma univer-sal14. Outros atribuem a eleum significado religioso ouquase religioso. No entanto oque se exige neste momentosão sérios, profundos e radi-cais questionamentos.

Quais as possibilidades doesporte ser diferente do quevem sendo? Quais seriam oscaminhos ou as alternativaspara reforçar ou viabilizar aspossibilidades de resistênciase mudanças?

E, por fim ..... por onde começar e o que fazer para darformatação conseqüente, consistente, responsável as políticas públicas e a reinvençãodo esporte a partir da escola -O que fazer a curto médio elongo prazo?

Um dos marcos de refe-rencia para abstrair elementose responder tais questões é aluta histórica dos trabalhado-res. Qualquer programa degoverno deverá contemplar asreivindicações das massas15.Sabemos quais são. Espaços,

tempos, situações, conheci-mentos/saberes/conteúdos,aprendizagens significativaspara a classe, sujeitos apare-lhos/implementos que contri-buam para HUMANIZAR.

Setores organizados da so-ciedade civil como o CBCE,a ANPEd, a ANFOPE, oFórum Nacional em Defesa daEscola Pública, entre outros,vem estabelecendo indicado-res de tais reivindicações.Cinco são as dimensões bási-cas a serem atingidas sem asquais compromete-se qual-quer intenção política no âm-bito educacional, são elas:

1. Sólida formação inicial econtinuada dos profissionaispropiciada por uma consisten-te básica teórica;

2. As condições objetivas detrabalho;

3. Alterações na organiza-ção do processo de trabalho;

4. Salários dignos e plano decargos e salários para os tra-balhadores da educação;

5. Consistente base organi-zativa, reivindicatória e con-frontacional dos setores en-volvidos e interessados pelaqualidade na Educação e naEducação Física.

A consistente base teóricapara ser garantida deve con-templar a formação teórica dequalidade socialmente refe-renciada, pilar da base comumnacional de formação, consti-tuída ainda, por formas degestão democráticas, pelo tra-

balho coletivo, pela pesquisacomo principio educativo,pela pratica enquanto eixoarticulador do conhecimentocritico a ser produzido, ava-liação permanente, conceitode formação continuada, com-promisso social, unidade teo-ria-prática, desenvolvimentoda teoria como/com categori-as da pratica.16

Portanto, o desporto educa-cional não pode ser visto foradesta articulação no âmbitodas políticas publicas da Edu-cação e de bem estar geral dapopulação. Não pode ser vis-to fora do Projeto de esco-larização e do projeto políti-co pedagógico da escola. Nãopode ser admitido fora dogrande esforço de reinvençãoda própria sociedade.

Chamando a nossa respon-sabilidade enquanto educado-res nos cabe reivindicar dogoverno que cumpra a suaparte, lembrando claramenteque sob os auspícios do Esta-do Brasileiro, dirigido pelaselites intelectuais, empresari-ais, religiosas, profissionais,militares que formam o blocode sustentação dos interessesdo capital em torno de sua re-composição internacional e damanutenção de suas taxas delucro, implementam-se polí-ticas educacionais nem sem-pre favoráveis aos interessesdas amplas massas. Privilegi-am-se interesses da lógica domercado em detrimento de ne-cessidades humanas.

A chave mestre da políticado Governo tem sido cons-truir a unidade nacional em

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXIII

Page 11: 115318299009

torno da coesão forjada, tam-bém, pela via educacional. Daío papel estratégico de controlee centralismo ideológico quetambém está sendo construídovia política para o DesportoEducacional.

Pelo tratamento e compre-ensão atribuída a AUTONO-MIA, proposta pelas políticasdo MEC para a Educação des-velam-se as farsas. O que seexplicita é o centralismo e aexpansão sob controle ideo-lógico por várias vias, porexemplo os PCNs, os Centrosde Excelência e, agora, emconstrução, a via do DesportoEducacional. Quanto a in-vestimentos por parte do go-verno, observamos cortes, di-minuições de orçamentos.

Para desvelar o controleideológico das políticas dogoverno basta perguntar pelofinanciamento17. A Constitui-ção Brasileira em seu Artigo217 Item II deixa isto claro (...)"a destinação de recursospúblicos para a promoçãoprioritária do desporto educa-cional". A política do governo,no entanto, não é esta.

A idéia da "autonomia" fi-nanceira, coloca o sistemaeducacional na "lógica domercado, dos parceiros, dospatrocinadores, dos financia-mentos externos, da priva-tização, do filantropismo, dos'amigos da escola'."

As agências financiadorasinternacionais tem interessesem tais mecanismos, os me-canismos dos PATROCINA-

DORES que degeneraram,depois de muito sugar. Oexemplo claro disto são, oFutebol Brasileiro e seus atle-tas, a maioria "bóias frias dosistema desportivo nacional",com direitos negados e, a mi-noria considerada mercadoriaaltamente lucrativa.

Precisamos reafirmar a tesehistórica sobre a ingerência naeducação do povo a cargo doEstado o que é absolutamenteinaceitável, assim como éinaceitável a ingerênciaabsoluta de instituições como odesporto competitivo em suaforma e carcateri-zaçãoperversa e hegemônica atual,dar o suliamento do desportoeducacional.

O que cabe ao Estado é ga-rantir uma justa distribuição derenda18, uma justa distribuiçãodos bens materiais, espirituais,culturais socialmenteconstruídos e historicamenteacumulados. Garantir, portanto,recursos públicos suficientes,para que sejam implementadosprojetos de escolarizaçãoconstruídos a partir das bases -da prática pedagógica nocotidiano escolar, naconstrução do projeto políticopedagógico da escolaelaborados participativa, coo-perativa, comunitária, asso-ciativa e solidariamente, combases nas aspirações históricasdas amplas massas, levando emconsideração as dimensõesontológicas (Projeto de serHumano) e teleológicas(Projeto de Educação do SerHumano), articulado com oprojeto histórico superador docapitalismo19.

À Escola e aos professores,alunos e comunidade cabereinventar o esporte. Já pode-mos contar com muitas con-tribuições para reinventar oesporte na escola. Por questãode tempo e espaço citaremosalgumas.

O caminho a seguir, que sefará ao andar, é o de umareinvenção do esporte, umareorientação no seu sentido(pessoal) e significado (social),uma alteração no seu papelsocial sem dissociar estáreinvenção da própria alteraçãoda CULTURA PEDAGÓGICADA ESCOLA -que é capitalistae, portanto, reprodutora,situando-nos na perspectica dacritica e transformação, emúltima instância, das relaçõessociais de produção da vida.

O ponto crucial é portanto oacesso real à cultura corporal, aEducação Física, ao EsporteEducacional, que não se dáfora da luta política e dareflexão através da práticaefetiva das atividades, mas deuma prática capaz de aquisiçãoe compreensão da expres-sividade da linguagem corpo-ral, refletindo sobre o signifi-cado e os valores do mundopor ela representados e, tam-bém, construídos.

O primeiro passo é resgataruma compreensão de que oesporte é produto de homens emulheres, ou seja, sua reali-dade e suas possibilidades es-tão inseridas na aventura hu-mana, diferentemente de umentendimento que o colocacomo algo natural e, contra-

ditoriamente, estranho ao ho-mem.

É preciso, pois, superar areificação que é segundo Ber-ger e Luckmann (1985) "...aapreensão dos fenômenos hu-manos como se fossem coisas,isto é, em termos não huma-nos ou possivelmente super-humanos". Ainda segundo osautores:

"...a questão decisiva consisteem saber se o homem ainda con-serva a noção de que, emboraobjetivado, o mundo social foifeito pelos homens, e portanto,pode ser refeito por eles. Emoutras palavras, é possível dizerque a reificação constitui o grauextremo do processo deobjetivação, pelo qual o mundoobjetivado perde a inteligi-bilidade que possui como em-preendimento humano e fixa-secomo uma facticidade não hu-mana, não humanizável. inerte."(Berger e Luckmann. 1985, p.100).

Para Cheptulin (1982). éconhecer a realidade e reco-nhecer as possibilidades. Aquestão a saber é o tipo e oconteúdo da ação necessáriapara reforçar a perspectiva daresistência e, mais ainda, daação capaz de inverter o lon-go "jogo histórico" em favordos que hoje são dominados.

Neste sentido as indicaçõesde Bracht (1997b) são, no pla-no das políticas públicas,como ação de governos popu-lares, deve-se inicialmente su-perar a idéia da pirâmide es-portiva e a perspectiva de quea finalidade do sistema espor-tivo é produzir os atletas cam-peões e os consumidores deprodutos (p. 82-83). Nesse

aspecto, é fundamental queuma administração que seconsidera popular rompa coma participação no aparatoconstruído para a procura deatletas e formação de espec-tadores, redirecionando suasatividades a partir de uma pos-tura que. conforme descreveBracht, "...reivindica a possi-bilidade de julgar sobre a re-levância humana de determi-nadas práticas culturais e bus-car fomentar e agir pedagogi-camente de acordo com talavaliação" (1997b, p. 89)20.Enfim, trata-se de levar emconta as experiências da clas-se trabalhadora e as reivindi-cações das amplas massas -indicador primeiro de qual-quer programa de transissão.

Segundo Assis de Oliveira(1999) do ponto de vista dopoder público, é fundamental,para além das trocas de expe-riências significativas e desucesso, constituir, a partir dosgovernos democrático-popu-lares municipais e/ou estadu-ais, um movimento que ganhedimensão nacional, buscandoinclusive superar o inevitávelboicote dos meios de comu-nicação. Essas ações devemter como parceiros os diver-sos segmentos organizados dasociedade, inclusive os sindi-catos de trabalhadores e enti-dades estudantis e de jovens.

Essas organizações, no en-tanto, precisam reorientar suasrelações com a cultura, inclu-indo o lazer e o esporte, parauma perspectiva de formaçãocultural crítica e divertida, enão do divertimento que em

nada se diferencia da indús-tria cultural. O mais comum,no entanto, tem sido tratar asatividades culturais apenascomo atrativo para a conquis-ta de sócios, tais como as ati-vidades relacionadas à saúdee às disputas judiciais. Numquadro ainda pior, as ativida-des culturais são usadas comochamariz para a participaçãoem atividades de outra natu-reza, sobretudo quando háexigência de quorum, etc.

A ação cultural deve desen-volver-se na perspectiva daparticipação e da auto-organi-zação que são pontos reivin-dicados em relação à políticae ao trabalho, mas completa-mente esquecidos quando setrata de esporte ou outras for-mas de cultura corporal. Ab-dica-se da organização e dadefinição do conteúdo dessaspráticas, dificultando a possi-bilidade de identificação declasse com uma cultura cor-poral específica.

A mudança de posturaquanto à ação cultural estáportanto, intimamente relacio-nada com a perspectiva glo-bal de luta das organizações,de cada uma individualmentee dos seus diferentes conjun-tos.

Quanto a compreensão doesporte e sua tematização naescola, Parlebas, citado porBelbenoit, chama atenção so-bre o caráter dialético do es-porte: "O desporto não possuinenhuma virtude mágica. Elenão é em si mesmo nem so-cializante nem anti-socia-

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXIV

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXV

Page 12: 115318299009

torno da coesão forjada, tam-bém, pela via educacional. Daío papel estratégico de controlee centralismo ideológico quetambém está sendo construídovia política para o DesportoEducacional.

Pelo tratamento e compre-ensão atribuída a AUTONO-MIA, proposta pelas políticasdo MEC para a Educação des-velam-se as farsas. O que seexplicita é o centralismo e aexpansão sob controle ideo-lógico por várias vias, porexemplo os PCNs, os Centrosde Excelência e, agora, emconstrução, a via do DesportoEducacional. Quanto a in-vestimentos por parte do go-verno, observamos cortes, di-minuições de orçamentos.

Para desvelar o controleideológico das políticas dogoverno basta perguntar pelofinanciamento17. A Constitui-ção Brasileira em seu Artigo217 Item II deixa isto claro (...)"a destinação de recursospúblicos para a promoçãoprioritária do desporto educa-cional". A política do governo,no entanto, não é esta.

A idéia da "autonomia" fi-nanceira, coloca o sistemaeducacional na "lógica domercado, dos parceiros, dospatrocinadores, dos financia-mentos externos, da priva-tização, do filantropismo, dos'amigos da escola'."

As agências financiadorasinternacionais tem interessesem tais mecanismos, os me-canismos dos PATROCINA-

DORES que degeneraram,depois de muito sugar. Oexemplo claro disto são, oFutebol Brasileiro e seus atle-tas, a maioria "bóias frias dosistema desportivo nacional",com direitos negados e, a mi-noria considerada mercadoriaaltamente lucrativa.

Precisamos reafirmar a tesehistórica sobre a ingerência naeducação do povo a cargo doEstado o que é absolutamenteinaceitável, assim como éinaceitável a ingerênciaabsoluta de instituições como odesporto competitivo em suaforma e carcateri-zaçãoperversa e hegemônica atual,dar o suliamento do desportoeducacional.

O que cabe ao Estado é ga-rantir uma justa distribuição derenda18, uma justa distribuiçãodos bens materiais, espirituais,culturais socialmenteconstruídos e historicamenteacumulados. Garantir, portanto,recursos públicos suficientes,para que sejam implementadosprojetos de escolarizaçãoconstruídos a partir das bases -da prática pedagógica nocotidiano escolar, naconstrução do projeto políticopedagógico da escolaelaborados participativa, coo-perativa, comunitária, asso-ciativa e solidariamente, combases nas aspirações históricasdas amplas massas, levando emconsideração as dimensõesontológicas (Projeto de serHumano) e teleológicas(Projeto de Educação do SerHumano), articulado com oprojeto histórico superador docapitalismo19.

À Escola e aos professores,alunos e comunidade cabereinventar o esporte. Já pode-mos contar com muitas con-tribuições para reinventar oesporte na escola. Por questãode tempo e espaço citaremosalgumas.

O caminho a seguir, que sefará ao andar, é o de umareinvenção do esporte, umareorientação no seu sentido(pessoal) e significado (social),uma alteração no seu papelsocial sem dissociar estáreinvenção da própria alteraçãoda CULTURA PEDAGÓGICADA ESCOLA -que é capitalistae, portanto, reprodutora,situando-nos na perspectica dacritica e transformação, emúltima instância, das relaçõessociais de produção da vida.

O ponto crucial é portanto oacesso real à cultura corporal, aEducação Física, ao EsporteEducacional, que não se dáfora da luta política e dareflexão através da práticaefetiva das atividades, mas deuma prática capaz de aquisiçãoe compreensão da expres-sividade da linguagem corpo-ral, refletindo sobre o signifi-cado e os valores do mundopor ela representados e, tam-bém, construídos.

O primeiro passo é resgataruma compreensão de que oesporte é produto de homens emulheres, ou seja, sua reali-dade e suas possibilidades es-tão inseridas na aventura hu-mana, diferentemente de umentendimento que o colocacomo algo natural e, contra-

ditoriamente, estranho ao ho-mem.

É preciso, pois, superar areificação que é segundo Ber-ger e Luckmann (1985) "...aapreensão dos fenômenos hu-manos como se fossem coisas,isto é, em termos não huma-nos ou possivelmente super-humanos". Ainda segundo osautores:

"...a questão decisiva consisteem saber se o homem ainda con-serva a noção de que, emboraobjetivado, o mundo social foifeito pelos homens, e portanto,pode ser refeito por eles. Emoutras palavras, é possível dizerque a reificação constitui o grauextremo do processo deobjetivação, pelo qual o mundoobjetivado perde a inteligi-bilidade que possui como em-preendimento humano e fixa-secomo uma facticidade não hu-mana, não humanizável. inerte."(Berger e Luckmann. 1985, p.100).

Para Cheptulin (1982). éconhecer a realidade e reco-nhecer as possibilidades. Aquestão a saber é o tipo e oconteúdo da ação necessáriapara reforçar a perspectiva daresistência e, mais ainda, daação capaz de inverter o lon-go "jogo histórico" em favordos que hoje são dominados.

Neste sentido as indicaçõesde Bracht (1997b) são, no pla-no das políticas públicas,como ação de governos popu-lares, deve-se inicialmente su-perar a idéia da pirâmide es-portiva e a perspectiva de quea finalidade do sistema espor-tivo é produzir os atletas cam-peões e os consumidores deprodutos (p. 82-83). Nesse

aspecto, é fundamental queuma administração que seconsidera popular rompa coma participação no aparatoconstruído para a procura deatletas e formação de espec-tadores, redirecionando suasatividades a partir de uma pos-tura que. conforme descreveBracht, "...reivindica a possi-bilidade de julgar sobre a re-levância humana de determi-nadas práticas culturais e bus-car fomentar e agir pedagogi-camente de acordo com talavaliação" (1997b, p. 89)20.Enfim, trata-se de levar emconta as experiências da clas-se trabalhadora e as reivindi-cações das amplas massas -indicador primeiro de qual-quer programa de transissão.

Segundo Assis de Oliveira(1999) do ponto de vista dopoder público, é fundamental,para além das trocas de expe-riências significativas e desucesso, constituir, a partir dosgovernos democrático-popu-lares municipais e/ou estadu-ais, um movimento que ganhedimensão nacional, buscandoinclusive superar o inevitávelboicote dos meios de comu-nicação. Essas ações devemter como parceiros os diver-sos segmentos organizados dasociedade, inclusive os sindi-catos de trabalhadores e enti-dades estudantis e de jovens.

Essas organizações, no en-tanto, precisam reorientar suasrelações com a cultura, inclu-indo o lazer e o esporte, parauma perspectiva de formaçãocultural crítica e divertida, enão do divertimento que em

nada se diferencia da indús-tria cultural. O mais comum,no entanto, tem sido tratar asatividades culturais apenascomo atrativo para a conquis-ta de sócios, tais como as ati-vidades relacionadas à saúdee às disputas judiciais. Numquadro ainda pior, as ativida-des culturais são usadas comochamariz para a participaçãoem atividades de outra natu-reza, sobretudo quando háexigência de quorum, etc.

A ação cultural deve desen-volver-se na perspectiva daparticipação e da auto-organi-zação que são pontos reivin-dicados em relação à políticae ao trabalho, mas completa-mente esquecidos quando setrata de esporte ou outras for-mas de cultura corporal. Ab-dica-se da organização e dadefinição do conteúdo dessaspráticas, dificultando a possi-bilidade de identificação declasse com uma cultura cor-poral específica.

A mudança de posturaquanto à ação cultural estáportanto, intimamente relacio-nada com a perspectiva glo-bal de luta das organizações,de cada uma individualmentee dos seus diferentes conjun-tos.

Quanto a compreensão doesporte e sua tematização naescola, Parlebas, citado porBelbenoit, chama atenção so-bre o caráter dialético do es-porte: "O desporto não possuinenhuma virtude mágica. Elenão é em si mesmo nem so-cializante nem anti-socia-

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXIV

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXV

Page 13: 115318299009

lizante. É aquilo que se fizerdele".

Para Kunz, o esporte sóatende ao compromisso deuma concepção crítico-eman-cipatória, se passar por umprocesso de transformaçãodidático-pedagógica e ser de-senvolvido a partir de umadidática comunicativa. Kunzchama a atenção, no entanto,que a transformação não podese resumir a esses pontos queele chama de transformaçãoprática. Esse tipo de transfor-mação, de uma prática exigen-te para uma menos exigente,segundo o autor, não garantea condição crítico-emanci-patória do ensino, sendo uti-lizada, por exemplo, como al-ternativa de iniciação espor-tiva. O que vai garantir a con-dição crítico-emancipatória,aliada à transformação práti-ca, é a transformação do sen-tido individual e coletivo dasatividades do esporte, reque-rendo, para isso, o elementoreflexivo. É a reflexão quepermite a compreensão daspossibilidades de alteração dosentido do esporte. E mais, oautor propõe que a disciplinaEducação Física, bem comotodas da escola, torne-se umcampo de estudos e pesquisas.

Para Escobar (1997) um tra-to diferenciado e crítico doesporte não deve afastar osalunos do esporte criticado,mas dirigir esse contato atra-vés de uma "transformação"que garanta a preservação dosignificado, a vivência de su-cesso nas atividades e a alte-ração de sentidos através dareflexão pedagógica. Tudo

isso dentro de um programaque dê conta do percurso doaluno no processo de apreen-são do conhecimento, ou seja,de um currículo para a Edu-cação Física.

Um bom começo de umametodologia da Educação Fí-sica critico superadora seriam:

? Afirmar o esporte e ou-tras formas da cultura corpo-ral, no currículo escolar, comoconhecimento inalienável detodo cidadão, independente-mente de condições físicas,raça, cor, sexo, idade ou con-dição social.

? Selecionar o conheci-mento considerando as moda-lidades que encerrem ummaior potencial de universa-lidade e compreensão dos ele-mentos gerais da realidadeatual, empregando os critéri-os de atual e de útil na pers-pectiva das classes sociais.

? Resgatar práticas quepossam, de um lado, contri-buir efetivamente para o de-senvolvimento da consciênciacrítica e, de outro, constituirformas efetivas de resistência.

? Privilegiar a unidademetodológica como possibili-dade de compreensão da cul-tura corporal numa perspecti-va interdisciplinar.

? Buscar os instrumentosde avaliação no próprio obje-tivo de construção das práti-cas corporais.

? Compreender o profes-sor como um trabalhador or-

gânico da educação e do en-sino: organizador, divulgador,incentivador, pesquisador -engajado na dinâmica socio-cultural da comunidade esco-lar -, que se utiliza, como maisexperiente, da atividade prá-tica, "o trabalho social", comoúnica mediação entre o ho-mem e o conhecimento, parapromover a autoconsciênciados seus alunos.

? Relacionar as possibi-lidades da prática esportiva àspossibilidades reais dadas pe-las ações nas áreas da saúde,cultura, bem-estar social, ha-bitação e planejamento urba-no, entre outras.

Castellani Filho adverte quea "desesportivização" da Edu-cação Física não deve condu-zir à desconsideração e aban-dono do esporte enquantoconteúdo dela. Deve, sim, le-var a uma crítica à mentalida-de esportiva prevalecente naescola que a coloca a serviçoda Instituição Esportiva. Oautor justifica a opção pelofutebol como exemplo condu-tor de sua discussão, tambémpor conta do seu abandonopela escola, movido pelocombate à pseudo monocul-tura esportiva do brasileiro. Éinteressante esse registro, ouseja, de um dos principais ele-mentos da identidade culturalesportiva do brasileiro, o fu-tebol, não ser devidamentetratado na escola.

O resgate da ludicidade éum dos elementos que se des-tacam como possibilidade detrabalho numa proposição de"reinvenção" do esporte. Mas

como operar esse resgate?Como alterar a dinâmica doesporte, tornando-o essencial-mente lúdico? Estas questõestêm motivado diversos deba-tes e estudos, mas ainda sãotabus na prática pedagógica.

Assis de Oliveira (1999)afirma na conclusão do seuestudo que

"um passo importante para oavanço do resgate do lúdico éromper, na escola, com a tenta-tiva de separação absoluta entrejogo e esporte. Não no sentidode esportivizar os jogospopulares e as brincadeiras, masno caminho inverso, ou seja.para brincar de esportes, paratornar lúdica a tensão do espor-te, para transformar o com-promisso com a vitória emcompromisso com a alegria e oprazer para todos."

Gariglio (1995), acreditaque, apesar da escola cumpriruma função de reprodução depráticas sociais do mundo ca-pitalista, existem movimentosantagônicos e de resistênciaem seu interior. A possibili-dade de vivência lúdica é umdesses movimentos.

Para ele,

"... o lúdico na escola poderiatornar real a construção de umprojeto revolucionário, pois da-ria aos sujeitos envolvidos nestecontexto..., mesmo que es-porádica e momentaneamente,oportunidade de reapropriação eposse de suas vidas, da suahistória e de sua cultura. A partirdisso, surgiria a possibilidade decrítica e recriação não só dalógica da escola, mas também dalógica imposta à sociedadecomo um todo..." (p. 30).

Gariglio (1995, p. 32) acre-dita que a escola tem um im-

portante papel na construçãodo novo: uma nova lógica so-cial, uma nova lógica de tra-balho e uma nova lógica derelação humana. Quanto àEducação Física, esta devepropiciar a "...vivência lúdicacomo expressão real de umprojeto utópico comprometi-do com a construção de umanova escola, de uma nova re-ferência nas relações humanase enfim, de um ser humanorecriador de mundos".

Para alteramos as relaçõescom o desporto, principal-mente na perspectiva da supe-ração da condição de sermosmeros consumidores da indús-tria cultural esportiva de mas-sa precisamos insistir consci-entemente na criação de espa-ços livres, cada vez mais am-plos, para a prática criativa doesporte, para que surja umacultura cotidiana multiface-tada e comunicativa e umasolidariedade cotidiana liber-tada das relações acomodadasde compra e venda. Para queseja forjada uma nova menta-lidade em que a positividadedo lúdico solidário prevaleçasobre o agonístico exacerba-do.

O que se busca é um espor-te que sai da condição de con-teúdo prioritário ou exclusivoda organização das aulas, paraser tratado no âmbito de umprograma que contempla oamplo acervo de conteúdos outemas da cultura corporal, semhierarquia. Um esporte quefoge da ditadura dos gestos,modelos e regras, que temsuas normas questionadas e éadaptado à realidade social e

cultural dos alunos. Um es-porte desmistificado porqueconhecido, praticado de for-ma prazerosa, com vivênciasde sucesso para todos. Umesporte adquirido como bemcultural, cuja prática passa aser compreendida como direi-to.

Para que essas possibilida-des se efetivem, é preciso queo professor de Educação Físi-ca empreenda ações conscien-tes, orientadas por um proje-to político-pedagógico arti-culador do conjunto dos sabe-res no interior da escola, quetem a atividade humana comomediadora na relação de apro-priação do conhecimento eque atua desta forma, movidopela perspectiva de um proje-to histórico que propõe a su-peração da sociedade capita-lista.

CONCLUSÕES

Considerando, portanto,que a ciência, a educação e odesporto não são apenas umproduto da razão mas um pro-duto da sociedade, que nascedas necessidades da produçãomaterial"21 nos cabe agora re-sistir, com posição ideológi-ca clara, o que se expressa emuma vontade coletiva, poruma orientação histórica pre-sente na classe trabalhadora.Lembrando que quanto menosresistência mais avançam aspolíticas neoliberais.

Para os que lutam ao ladodas classes populares e quenão estão em retirada, massim, dispostos a luta para ven-

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXVI

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXVI

Page 14: 115318299009

lizante. É aquilo que se fizerdele".

Para Kunz, o esporte sóatende ao compromisso deuma concepção crítico-eman-cipatória, se passar por umprocesso de transformaçãodidático-pedagógica e ser de-senvolvido a partir de umadidática comunicativa. Kunzchama a atenção, no entanto,que a transformação não podese resumir a esses pontos queele chama de transformaçãoprática. Esse tipo de transfor-mação, de uma prática exigen-te para uma menos exigente,segundo o autor, não garantea condição crítico-emanci-patória do ensino, sendo uti-lizada, por exemplo, como al-ternativa de iniciação espor-tiva. O que vai garantir a con-dição crítico-emancipatória,aliada à transformação práti-ca, é a transformação do sen-tido individual e coletivo dasatividades do esporte, reque-rendo, para isso, o elementoreflexivo. É a reflexão quepermite a compreensão daspossibilidades de alteração dosentido do esporte. E mais, oautor propõe que a disciplinaEducação Física, bem comotodas da escola, torne-se umcampo de estudos e pesquisas.

Para Escobar (1997) um tra-to diferenciado e crítico doesporte não deve afastar osalunos do esporte criticado,mas dirigir esse contato atra-vés de uma "transformação"que garanta a preservação dosignificado, a vivência de su-cesso nas atividades e a alte-ração de sentidos através dareflexão pedagógica. Tudo

isso dentro de um programaque dê conta do percurso doaluno no processo de apreen-são do conhecimento, ou seja,de um currículo para a Edu-cação Física.

Um bom começo de umametodologia da Educação Fí-sica critico superadora seriam:

? Afirmar o esporte e ou-tras formas da cultura corpo-ral, no currículo escolar, comoconhecimento inalienável detodo cidadão, independente-mente de condições físicas,raça, cor, sexo, idade ou con-dição social.

? Selecionar o conheci-mento considerando as moda-lidades que encerrem ummaior potencial de universa-lidade e compreensão dos ele-mentos gerais da realidadeatual, empregando os critéri-os de atual e de útil na pers-pectiva das classes sociais.

? Resgatar práticas quepossam, de um lado, contri-buir efetivamente para o de-senvolvimento da consciênciacrítica e, de outro, constituirformas efetivas de resistência.

? Privilegiar a unidademetodológica como possibili-dade de compreensão da cul-tura corporal numa perspecti-va interdisciplinar.

? Buscar os instrumentosde avaliação no próprio obje-tivo de construção das práti-cas corporais.

? Compreender o profes-sor como um trabalhador or-

gânico da educação e do en-sino: organizador, divulgador,incentivador, pesquisador -engajado na dinâmica socio-cultural da comunidade esco-lar -, que se utiliza, como maisexperiente, da atividade prá-tica, "o trabalho social", comoúnica mediação entre o ho-mem e o conhecimento, parapromover a autoconsciênciados seus alunos.

? Relacionar as possibi-lidades da prática esportiva àspossibilidades reais dadas pe-las ações nas áreas da saúde,cultura, bem-estar social, ha-bitação e planejamento urba-no, entre outras.

Castellani Filho adverte quea "desesportivização" da Edu-cação Física não deve condu-zir à desconsideração e aban-dono do esporte enquantoconteúdo dela. Deve, sim, le-var a uma crítica à mentalida-de esportiva prevalecente naescola que a coloca a serviçoda Instituição Esportiva. Oautor justifica a opção pelofutebol como exemplo condu-tor de sua discussão, tambémpor conta do seu abandonopela escola, movido pelocombate à pseudo monocul-tura esportiva do brasileiro. Éinteressante esse registro, ouseja, de um dos principais ele-mentos da identidade culturalesportiva do brasileiro, o fu-tebol, não ser devidamentetratado na escola.

O resgate da ludicidade éum dos elementos que se des-tacam como possibilidade detrabalho numa proposição de"reinvenção" do esporte. Mas

como operar esse resgate?Como alterar a dinâmica doesporte, tornando-o essencial-mente lúdico? Estas questõestêm motivado diversos deba-tes e estudos, mas ainda sãotabus na prática pedagógica.

Assis de Oliveira (1999)afirma na conclusão do seuestudo que

"um passo importante para oavanço do resgate do lúdico éromper, na escola, com a tenta-tiva de separação absoluta entrejogo e esporte. Não no sentidode esportivizar os jogospopulares e as brincadeiras, masno caminho inverso, ou seja.para brincar de esportes, paratornar lúdica a tensão do espor-te, para transformar o com-promisso com a vitória emcompromisso com a alegria e oprazer para todos."

Gariglio (1995), acreditaque, apesar da escola cumpriruma função de reprodução depráticas sociais do mundo ca-pitalista, existem movimentosantagônicos e de resistênciaem seu interior. A possibili-dade de vivência lúdica é umdesses movimentos.

Para ele,

"... o lúdico na escola poderiatornar real a construção de umprojeto revolucionário, pois da-ria aos sujeitos envolvidos nestecontexto..., mesmo que es-porádica e momentaneamente,oportunidade de reapropriação eposse de suas vidas, da suahistória e de sua cultura. A partirdisso, surgiria a possibilidade decrítica e recriação não só dalógica da escola, mas também dalógica imposta à sociedadecomo um todo..." (p. 30).

Gariglio (1995, p. 32) acre-dita que a escola tem um im-

portante papel na construçãodo novo: uma nova lógica so-cial, uma nova lógica de tra-balho e uma nova lógica derelação humana. Quanto àEducação Física, esta devepropiciar a "...vivência lúdicacomo expressão real de umprojeto utópico comprometi-do com a construção de umanova escola, de uma nova re-ferência nas relações humanase enfim, de um ser humanorecriador de mundos".

Para alteramos as relaçõescom o desporto, principal-mente na perspectiva da supe-ração da condição de sermosmeros consumidores da indús-tria cultural esportiva de mas-sa precisamos insistir consci-entemente na criação de espa-ços livres, cada vez mais am-plos, para a prática criativa doesporte, para que surja umacultura cotidiana multiface-tada e comunicativa e umasolidariedade cotidiana liber-tada das relações acomodadasde compra e venda. Para queseja forjada uma nova menta-lidade em que a positividadedo lúdico solidário prevaleçasobre o agonístico exacerba-do.

O que se busca é um espor-te que sai da condição de con-teúdo prioritário ou exclusivoda organização das aulas, paraser tratado no âmbito de umprograma que contempla oamplo acervo de conteúdos outemas da cultura corporal, semhierarquia. Um esporte quefoge da ditadura dos gestos,modelos e regras, que temsuas normas questionadas e éadaptado à realidade social e

cultural dos alunos. Um es-porte desmistificado porqueconhecido, praticado de for-ma prazerosa, com vivênciasde sucesso para todos. Umesporte adquirido como bemcultural, cuja prática passa aser compreendida como direi-to.

Para que essas possibilida-des se efetivem, é preciso queo professor de Educação Físi-ca empreenda ações conscien-tes, orientadas por um proje-to político-pedagógico arti-culador do conjunto dos sabe-res no interior da escola, quetem a atividade humana comomediadora na relação de apro-priação do conhecimento eque atua desta forma, movidopela perspectiva de um proje-to histórico que propõe a su-peração da sociedade capita-lista.

CONCLUSÕES

Considerando, portanto,que a ciência, a educação e odesporto não são apenas umproduto da razão mas um pro-duto da sociedade, que nascedas necessidades da produçãomaterial"21 nos cabe agora re-sistir, com posição ideológi-ca clara, o que se expressa emuma vontade coletiva, poruma orientação histórica pre-sente na classe trabalhadora.Lembrando que quanto menosresistência mais avançam aspolíticas neoliberais.

Para os que lutam ao ladodas classes populares e quenão estão em retirada, massim, dispostos a luta para ven-

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXVI

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXVI

Page 15: 115318299009

cer, a grande referência histó-rica para orientar a praticapedagógica e o desporto esco-lar, a produção do conheci-mento, a formação humana ea intervenção em políticaspúblicas é o programa de tran-sição, onde encontramos as"premissas objetivas da revo-lução socialista"22.

Os dados da realidade atua-lizam os conteúdos sobre aluta de classes. A tarefa estra-tégica é entrar nas lutas coti-dianas, para encontrar pon-tos de apoio entre um sistemade reivindicações que partadas atuais condições objetivase conduza a conquista do po-der. Poder de definir a dire-ção das políticas públicas, doprojeto de escolarização, doprojeto político pedagógicoda escola e da orientação cla-ra e precisa da prática peda-gógica da educação física edentro dela os rumos do des-porto.

Uma coisa é submeter asaulas de educação física e aescola aos interesses da insti-tuição desporto e, outra, é tra-tar pedagógica, critica, refle-xiva e criativamente o despor-to, enquanto conteúdo de en-sino e campo de vivência so-cial, nas aulas de educação fí-sica, no projeto político pe-dagógico da escola.

Uma coisa é o Governocumprir o determinado naconstituição nacional TituloVIII Capitulo III, Seção IIIArtigo 217 Item II - "É deverdo Estado fomentar (...) obser-vando (...) a destinação de re-cursos públicos para a promo-

ção prioritária do desportoeducacional, e, em casos es-pecíficos, para o desporto dealto rendimento".

Outra é, a ingerência ideo-lógica das políticas de umgoverno que vem demons-trando ao longo de sua gestãoo descompromisso com o so-cial, especificamente com aeducação.

Para concluir cabe lembrarque fora do marco político,ideológico, da luta de classesreduz-se a possibilidade decompreensão das problemáti-cas significativas relacionadasao Desporto Educacional.

Não podemos estar indife-rentes e desorganizados fren-te às discussões e decisõesacerca do Desporto Educacio-nal:

"A Indiferença opera poderosa-mente na história...O que acon-tece, não acontece tanto porquealguns querem que aconteça,mas porque a massa dos homensabdica da sua vontade, deixafazer, deixa agrupar nós quedepois só a espada poderá cortar,deixa promulgar as leis quedepois só a revolta fará anular,deixa exercer o poder a homensque depois só um motim poderáderrubar" (GRAMSCI, 1976, p.121).23

Construir com responsabi-lidade social as propostas parao Desporto Educacional énossa tarefa educativa. Inter-vir com consistente base teó-rica junto a crianças e jovensé nossa responsabilidade. ODesporto Educacional nãopode ser discutido, pesqui-sado, vivenciado fora da Teo-ria Pedagógica.

A Teoria Pedagógica24 é olocal do ponto de encontroentre a Educação Física &Esporte e as demais áreas doconhecimento e campos desaberes que são referenciaspara as disciplinas escolares.É aqui que se estabelece abase para um possível diálo-go entre teorias.

É aqui que faz sentido dia-logarmos sobre as questõesgerais colocadas a educação,considerando agora a espe-cificidade em termos epis-temológicos, deste campo desaberes, desta área de conhe-cimento, ou desta disciplinacientífica. Aqui faz sentidodialogarmos sobre as respos-tas de outras teorias e de ou-tras áreas de conhecimento.Discutir o desporto fora destecontexto é comprometer aspossibilidades educativas des-te relevante fenômeno social.

É aqui que a matriz teóricae o projeto Histórico possibi-litarão reconhecermos proble-máticas significativas que so-mente poderão ser tratadas emum esforço conjunto integra-do, dentro de uma dada uni-dade teórico-metodologicaestabelecida pelos pontos dereferencia básicos para o dia-logo, ou melhor o plano de en-tendimento. Este plano de en-tendimento tem como funda-mento a prática concreta paratransformar a realidade social.

Nenhum dos problemas quehoje reconhecemos como es-pecíficos ao Desporto Educa-cional poderá ser tratado ade-quadamente fora desta refe-rencia - a teoria pedagógica

que se desenvolve como ca-tegorias da prática. Por outrolado, o esforço de responderas problemáticas significati-vas da Educação Física trarácontribuições para o desen-volvimento da Teoria Pedagó-gica.25

Vamos portanto, recolocarquestões históricas e pergun-tar: que contribuição a Edu-cação Física & Esporte e, es-pecificamente o DesportoEducacional, enquanto áreade referência científica, en-quanto prática educativa cul-tural, enquanto disciplinacurricular, poderá trazer pararepensar a teoria pedagógicae seu objeto: os processos deformação humana? Para re-pensar o seu locuns privilegi-ado, a escola?

Que conhecimentos, queconteúdos, valores, atitudes,processos, em que tempos, si-tuações e que aprendizagenstemos condições de proporpara a organização do currí-culo escolar, na perspectiva desuperar a concepção hege-mônica de educação que nãotem mais legitimidade sociale cientifica? Como podemoscontribuir para uma visão ar-ticulada e densa da teoriaeducativa, superando o ati-vismo desvairado de práticascorporais aleatórias, altamen-te competitivas, isoladas, des-conexas, que são verdadeirosengodos do tempo pedagógi-co de crianças e jovens26?Como contribuir para materia-lizar o eixo fundamental daescola a saber: ampliar a ca-pacidade reflexiva critica dascrianças e jovens acerca da

realidade em movimento,contraditória e complexa,acerca da especificidade his-tórica da cultura corporal, daspráticas corporais27?

Valendo-nos do saber histo-ricamente acumulado no âm-bito da cultura corporal & es-portiva, produzido socialmen-te para além da escola, comopodemos educar na perspec-tiva da humanização, da e-mancipação social, econômi-ca, cultural, da autonomia res-ponsável, da subjetividademoral, ética referenciada naluta histórica de superação docapitalismo?

Compreender a dinâmica daformação humana no proces-so civilizatório, na cultura éobjeto central da teoria peda-gógica. A pedagogia modernase configura como ciência quese propõe a entender e ajudarna maturação para o desenvol-vimento omnidimensional oupolitécnico28, para a autonomiaracional, ética, política, práti-ca, para a liberdade, a emanci-pação, a igualdade, a cria-tividade, a inclusão, enfim odireito de sermos humanos.

O COLETIVO DE AUTO-RES (1992) no livro Me-todologia do Ensino da Edu-cação Física (São Paulo:Cortez, 1992) nos indica sub-sídios para uma nova aborda-gem da Prática do Ensino daEducação Física. A questão édistanciar-se de teorizaçõesabstratas, inócuas e de umpraticismo que se baseia emvelhas e conhecidas receitas ese caracteriza como ativismodesvairado - "a pratica pela

prática". O desafio é reconhe-cer os núcleos centrais de co-nhecimentos socialmente re-levantes relacionados a es-pecificidade das práticas cor-porais, geradores de conheci-mentos específicos articula-dos com conhecimentos ge-rais reflexivos críticos.

Frente a tais estudos noscabe perguntar:

Por que insistimos no Bra-sil em transplantar idéias econcepções hegemônicas,ainda relacionadas as sistema-tizações elaboradas nos sécu-los passados na Europa e nosEstados Unidos nos institutosde pesquisa aeróbicas, influ-enciadas e de interesse expres-so da burguesia, da elite (eco-nômica, esportiva, científica,militar, religiosa) privilegian-do e desenvolvendo proposi-ções pedagógicas que tem nocentro o paradigma da Apti-dão Física relacionada a saú-de física como um objetivoda Educação Física em detri-mento de outras manifesta-ções culturais?

Por que continuamos a des-prezar, na produção do conhe-cimento, o ponto de partidapara qualquer ação de inter-venção pedagógica que são asrelações de produção da vida,a realidade socialmente cons-truída, decretando o fim dahistória, fechando os olhos acrise do capitalismo, simples-mente nos descompromis-sando com um projeto histó-rico superador?

Por que continuamos a me-nosprezar e a decretar o fim

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXVIII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXIX

Page 16: 115318299009

cer, a grande referência histó-rica para orientar a praticapedagógica e o desporto esco-lar, a produção do conheci-mento, a formação humana ea intervenção em políticaspúblicas é o programa de tran-sição, onde encontramos as"premissas objetivas da revo-lução socialista"22.

Os dados da realidade atua-lizam os conteúdos sobre aluta de classes. A tarefa estra-tégica é entrar nas lutas coti-dianas, para encontrar pon-tos de apoio entre um sistemade reivindicações que partadas atuais condições objetivase conduza a conquista do po-der. Poder de definir a dire-ção das políticas públicas, doprojeto de escolarização, doprojeto político pedagógicoda escola e da orientação cla-ra e precisa da prática peda-gógica da educação física edentro dela os rumos do des-porto.

Uma coisa é submeter asaulas de educação física e aescola aos interesses da insti-tuição desporto e, outra, é tra-tar pedagógica, critica, refle-xiva e criativamente o despor-to, enquanto conteúdo de en-sino e campo de vivência so-cial, nas aulas de educação fí-sica, no projeto político pe-dagógico da escola.

Uma coisa é o Governocumprir o determinado naconstituição nacional TituloVIII Capitulo III, Seção IIIArtigo 217 Item II - "É deverdo Estado fomentar (...) obser-vando (...) a destinação de re-cursos públicos para a promo-

ção prioritária do desportoeducacional, e, em casos es-pecíficos, para o desporto dealto rendimento".

Outra é, a ingerência ideo-lógica das políticas de umgoverno que vem demons-trando ao longo de sua gestãoo descompromisso com o so-cial, especificamente com aeducação.

Para concluir cabe lembrarque fora do marco político,ideológico, da luta de classesreduz-se a possibilidade decompreensão das problemáti-cas significativas relacionadasao Desporto Educacional.

Não podemos estar indife-rentes e desorganizados fren-te às discussões e decisõesacerca do Desporto Educacio-nal:

"A Indiferença opera poderosa-mente na história...O que acon-tece, não acontece tanto porquealguns querem que aconteça,mas porque a massa dos homensabdica da sua vontade, deixafazer, deixa agrupar nós quedepois só a espada poderá cortar,deixa promulgar as leis quedepois só a revolta fará anular,deixa exercer o poder a homensque depois só um motim poderáderrubar" (GRAMSCI, 1976, p.121).23

Construir com responsabi-lidade social as propostas parao Desporto Educacional énossa tarefa educativa. Inter-vir com consistente base teó-rica junto a crianças e jovensé nossa responsabilidade. ODesporto Educacional nãopode ser discutido, pesqui-sado, vivenciado fora da Teo-ria Pedagógica.

A Teoria Pedagógica24 é olocal do ponto de encontroentre a Educação Física &Esporte e as demais áreas doconhecimento e campos desaberes que são referenciaspara as disciplinas escolares.É aqui que se estabelece abase para um possível diálo-go entre teorias.

É aqui que faz sentido dia-logarmos sobre as questõesgerais colocadas a educação,considerando agora a espe-cificidade em termos epis-temológicos, deste campo desaberes, desta área de conhe-cimento, ou desta disciplinacientífica. Aqui faz sentidodialogarmos sobre as respos-tas de outras teorias e de ou-tras áreas de conhecimento.Discutir o desporto fora destecontexto é comprometer aspossibilidades educativas des-te relevante fenômeno social.

É aqui que a matriz teóricae o projeto Histórico possibi-litarão reconhecermos proble-máticas significativas que so-mente poderão ser tratadas emum esforço conjunto integra-do, dentro de uma dada uni-dade teórico-metodologicaestabelecida pelos pontos dereferencia básicos para o dia-logo, ou melhor o plano de en-tendimento. Este plano de en-tendimento tem como funda-mento a prática concreta paratransformar a realidade social.

Nenhum dos problemas quehoje reconhecemos como es-pecíficos ao Desporto Educa-cional poderá ser tratado ade-quadamente fora desta refe-rencia - a teoria pedagógica

que se desenvolve como ca-tegorias da prática. Por outrolado, o esforço de responderas problemáticas significati-vas da Educação Física trarácontribuições para o desen-volvimento da Teoria Pedagó-gica.25

Vamos portanto, recolocarquestões históricas e pergun-tar: que contribuição a Edu-cação Física & Esporte e, es-pecificamente o DesportoEducacional, enquanto áreade referência científica, en-quanto prática educativa cul-tural, enquanto disciplinacurricular, poderá trazer pararepensar a teoria pedagógicae seu objeto: os processos deformação humana? Para re-pensar o seu locuns privilegi-ado, a escola?

Que conhecimentos, queconteúdos, valores, atitudes,processos, em que tempos, si-tuações e que aprendizagenstemos condições de proporpara a organização do currí-culo escolar, na perspectiva desuperar a concepção hege-mônica de educação que nãotem mais legitimidade sociale cientifica? Como podemoscontribuir para uma visão ar-ticulada e densa da teoriaeducativa, superando o ati-vismo desvairado de práticascorporais aleatórias, altamen-te competitivas, isoladas, des-conexas, que são verdadeirosengodos do tempo pedagógi-co de crianças e jovens26?Como contribuir para materia-lizar o eixo fundamental daescola a saber: ampliar a ca-pacidade reflexiva critica dascrianças e jovens acerca da

realidade em movimento,contraditória e complexa,acerca da especificidade his-tórica da cultura corporal, daspráticas corporais27?

Valendo-nos do saber histo-ricamente acumulado no âm-bito da cultura corporal & es-portiva, produzido socialmen-te para além da escola, comopodemos educar na perspec-tiva da humanização, da e-mancipação social, econômi-ca, cultural, da autonomia res-ponsável, da subjetividademoral, ética referenciada naluta histórica de superação docapitalismo?

Compreender a dinâmica daformação humana no proces-so civilizatório, na cultura éobjeto central da teoria peda-gógica. A pedagogia modernase configura como ciência quese propõe a entender e ajudarna maturação para o desenvol-vimento omnidimensional oupolitécnico28, para a autonomiaracional, ética, política, práti-ca, para a liberdade, a emanci-pação, a igualdade, a cria-tividade, a inclusão, enfim odireito de sermos humanos.

O COLETIVO DE AUTO-RES (1992) no livro Me-todologia do Ensino da Edu-cação Física (São Paulo:Cortez, 1992) nos indica sub-sídios para uma nova aborda-gem da Prática do Ensino daEducação Física. A questão édistanciar-se de teorizaçõesabstratas, inócuas e de umpraticismo que se baseia emvelhas e conhecidas receitas ese caracteriza como ativismodesvairado - "a pratica pela

prática". O desafio é reconhe-cer os núcleos centrais de co-nhecimentos socialmente re-levantes relacionados a es-pecificidade das práticas cor-porais, geradores de conheci-mentos específicos articula-dos com conhecimentos ge-rais reflexivos críticos.

Frente a tais estudos noscabe perguntar:

Por que insistimos no Bra-sil em transplantar idéias econcepções hegemônicas,ainda relacionadas as sistema-tizações elaboradas nos sécu-los passados na Europa e nosEstados Unidos nos institutosde pesquisa aeróbicas, influ-enciadas e de interesse expres-so da burguesia, da elite (eco-nômica, esportiva, científica,militar, religiosa) privilegian-do e desenvolvendo proposi-ções pedagógicas que tem nocentro o paradigma da Apti-dão Física relacionada a saú-de física como um objetivoda Educação Física em detri-mento de outras manifesta-ções culturais?

Por que continuamos a des-prezar, na produção do conhe-cimento, o ponto de partidapara qualquer ação de inter-venção pedagógica que são asrelações de produção da vida,a realidade socialmente cons-truída, decretando o fim dahistória, fechando os olhos acrise do capitalismo, simples-mente nos descompromis-sando com um projeto histó-rico superador?

Por que continuamos a me-nosprezar e a decretar o fim

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXVIII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXIX

Page 17: 115318299009

de paradigmas científicos quepermitem ampliar o entendi-mento, a compreensão e aperspectiva histórica das prá-ticas corporais sem sequer tê-los estudado ou utilizadocomo possibilidade, ou hipó-tese para o desenvolvimentodo conhecimento na área deEducação Física & Esporte?Por que insistimos em privi-legiar o positivismo e toma-mos tais conhecimentos comoreferencia para a disciplinaEducação Física Escolar?29

Por que insistimos em apli-car em nossas crianças e jo-vens testes físicos, hoje sofis-ticados, tipo EUROFIT,originado na Europa queverifica a resistênciacardiorrespirató-ria, força,resistência muscular,velocidade, flexibilidade,equilíbrio, medidas antopo-métricas e, o AAHPERD -Physical Best, originado nosEstados Unidos, e que verifi-ca Endurance cardiorrespira-tória, composição corporal,flexibilidade, força muscularabdominal e corporal supe-rior, para concluir que "os me-ninos são mais velozes que asmeninas", ou que temos ní-veis mínimos de aptidão físi-ca para uma boa saúde30, istoem um país onde, segundodados do IBGE, 70% da po-pulação não se alimenta sufi-cientemente ou passa fome,uma população que vem seconstituindo cada vez maisdos SEM - terra, teto, traba-lho, cidadania? Por que insis-timos em transpor uma siste-matização cultural e pedagó-gica aos pedaços? Por que in-sistimos em ensinar o salto, oarremesso, enfim, os estilos,

ao invés das relações do ho-mem com o meio ambiente, anatureza, a água, os obstácu-los, os espaços, os implemen-tos, as situações que exigema ação humana de saltar, arre-messar, nadar e outras em umdialogo para apreender omundo?

Por que continuamos a nãovalorizar âmbitos da culturaonde sedimentam-se valoreshumanizantes e que ampliamas possibilidades de compre-ensão e intervenção críticanos espaços e tempos de cons-trução da cultura corporal eprivilegiamos as praticascompetitivas, instrumenta-lizadoras, de rendimento má-ximo, próprias a instituiçãoesportiva? Por que insistimosem constatações, transmissõese relegamos a criação, a auto-nomia, a transformação naspráticas pedagógicas?

Por que insistimos em sus-tentar Diretrizes Curricularespara a Educação no Brasil,fundamentados em paradig-mas relacionados com a ideo-logia neoliberal, presente noentendimento sobre Educaçãoe Educação Física31, a susten-tar as demais medidas no âm-bito da política pública edu-cacional - cuja função deve-ria ser a de garantir o direito àeducação, ao conhecimento,ao pleno desenvolvimento?

A construção, por consen-sos e por coerção, da hege-monia alienante e dominadoradeve ser rompida. Devemosnos perguntar: Quais as vivên-cias e experiências estratégi-cas como tempo e espaço de

humanização plena que de-vem ser, prioritariamente, in-centivadas a partir da escolano âmbito da Educação Físi-ca que permitam a construçãode um sistema de valores ondea relação com o meio, com ossemelhantes e consigo, se dena base da humanização e nãoda barbárie32?

Que valores, que conheci-mentos, que práticas sociaissão incentivadas, consolida-das em espaços culturais ondese cultiva, para as crianças ejovens, a pornografia carica-tural, a pornografia sadoma-soquista ou o exacerbado eilimitado processo de rendi-mento máximo, de consumo,de records, de competitivi-dade, onde o corpo é instru-mentalizado como se fosseuma máquina e a natureza édestruída como se não cons-tituísse o ser humano?

Que processo civilizatórioestamos construindo ou con-tribuindo para manter ?Quevivências da infância e da ju-ventude, como tempo dehumanização plena, são ne-cessárias e estrategicamentepossíveis para as crianças ejovens em situação de riscopessoal e social, tanto a partirda escola, como para alémdela, na perspectiva da eman-cipação humana33, social, cul-tural, econômica, na relaçãocom as atividades corporais,com o movimentar-se na na-tureza, com seus semelhantese consigo mesmo?

Nosso diálogo com os pro-fissionais que pesquisam ocampo da formação humana

e que estudam, criam e rein-ventam a Educação Física &Esporte a partir do cotidianodas escolas nos permite depo-sitar confiança e esperança naresistência à destruição e de-generação, resistência esta quevem paulatinamente sendoconstruída na base social dopovo brasileiro que se querdigno, desalienado, autônomo,justo, não por concessões, mas,por conquistas ao que garantetudo isto - Trabalho. Terra,Educação.

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Roseane Soares. Aprática pedagógica da edu-cação física na construçãodo projeto político-pedagó-gico da escola: a polêmicado discurso superador. Re-cife, 1997. Dissertação(Mestrado em Educação).Centro de Educação -UFPE.

APPLE, Michael W. Educaçãoe poder. Porto Alegre: Ar-tes Médicas. 1989.

ASSIS DE OLIVEIRA. Sávio. AReivenção do esporte: Pos-sibilidades da Prática peda-gógica. Recife/PE: UFPE:Dissertação de Mestrado,1999.

BOTTOMORE. Tom (Ed.) Di-cionário do pensamentomarxista. 2. ed. Rio de Ja-neiro: Jorge Zahar, 1988.

BOURDIEU, Pierre. Como épossível ser esportivo? In:Questões de sociologia. Riode Janeiro: Marco Zero.1983. p. 136-153.

BOURDIEU, Pierre. Programapara uma sociologia do es-porte. In: Coisas ditas. SãoPaulo: Brasiliense, 1990. p.207-220.

BOURG, Jean-François. Recor-des a qualquer preço. Aten-ção, São Paulo, v. 1, p. 60-64, nov. 1995.

BRACHT, Valter. Jogos escola-res: reflexões críticas e pers-pectivas. [S.l.]: 1991. (Mi-meografado).

BRACHT, Valter. Educação fí-sica e aprendizagem social.Porto Alegre: Magister,1992.

BRACHT, Valter. Sociologia crí-tica do esporte: uma intro-dução. Vitória: UFES/CEFED, 1997b.

BRASIL. Ministério Extraordi-nário dos Esportes. Institu-to Nacional de Desenvolvi-mento do Desporto. Progra-ma esporte educacional:princípios e objetivos. Bra-sília, 1995.

BROTTO, Fábio Otuzi. Jogoscooperativos: se o importan-te é competir, o fundamen-tal é cooperar. São Paulo:CEPEUSP, 1995.

BRUHNS, Heloísa Turini. Ojogo e o esporte. Revista daFundação de Esporte e Tu-rismo, v. 3, n. 1, p. 9-11,1991.

CAPARROZ, Francisco Eduar-do. Entre a educação físicana escola e a educação físi-ca da escola. Vitória: UFES/CEFD, 1997.

CASTELLANI FILHO, Lino.Educação física no Brasil: ahistória que não se conta.Campinas: Papirus, 1988.

CASTELLANI FILHO, Lino.Pelos meandros da educaçãofísica. Revista Brasileira deCiências do Esporte, Ma-ringá, v. 14, n. 3, p. 119-125,maio. 1993.

CASTELLANI FILHO, Lino.Política educacional e edu-cação física. Campinas: Au-tores Associados, 1998.

CASTELLANI FILHO, Lino. A

educação física no sistemaeducacional brasileiro: per-curso, paradoxos e perspec-tivas. Campinas, 1999. Tese(Doutorado em Educação).Faculdade de Educação -UNICAMP.

CHEPTULIN, Alexandre. Adialética materialista: cate-gorias e leis da dialética. SãoPaulo: Alfa-Omega, 1982.

COLETIVO DE AUTORES.Metodologia do ensino deeducação física. São Paulo:Cortez, 1992.

CORTELLA, Mario Sérgio. Aescola e o conhecimento:fundamentos epistemoló-gicos e políticos. São Pau-lo: Cortez, 1998.

DUNNING, Eric. Prefácio. In:ELIAS, Norbert; DUN-NING, Eric. A busca da ex-citação. Lisboa: DIFEL,1992a. p. 11-37.

DUNNING, Eric. A dinâmica dodesporto moderno: notassobre a luta pelos resultadose o significado social do des-porto. In: ELIAS, Norbert;DUNNING, Eric. A buscada excitação. Lisboa:DIFEL, 1992b. p. 299-325.

ELIAS, Norbert. Introdução. In:ELIAS, Norbert; DUN-NING, Eric. A busca da ex-citação. Lisboa: DIFEL,1992a. p. 39-99.

ELIAS, Norbert. A gênese dodesporto: um problema so-ciológico In: ELIAS, Nor-bert; DUNNING, Eric. Abusca da excitação. Lisboa:DIFEL, 1992b. p. 187-221.

ESCOBAR, Micheli Ortega.(Coord.) Contribuição aodebate do currículo em edu-cação física: uma propostapara a escola pública. Re-cife: Secretaria de Educaçãoe Cultura do Estado de Per-nambuco, 1989.

ESCOBAR, M. O. e TAFFA-REL, C. Z. O trato com o

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXX

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXI

Page 18: 115318299009

de paradigmas científicos quepermitem ampliar o entendi-mento, a compreensão e aperspectiva histórica das prá-ticas corporais sem sequer tê-los estudado ou utilizadocomo possibilidade, ou hipó-tese para o desenvolvimentodo conhecimento na área deEducação Física & Esporte?Por que insistimos em privi-legiar o positivismo e toma-mos tais conhecimentos comoreferencia para a disciplinaEducação Física Escolar?29

Por que insistimos em apli-car em nossas crianças e jo-vens testes físicos, hoje sofis-ticados, tipo EUROFIT,originado na Europa queverifica a resistênciacardiorrespirató-ria, força,resistência muscular,velocidade, flexibilidade,equilíbrio, medidas antopo-métricas e, o AAHPERD -Physical Best, originado nosEstados Unidos, e que verifi-ca Endurance cardiorrespira-tória, composição corporal,flexibilidade, força muscularabdominal e corporal supe-rior, para concluir que "os me-ninos são mais velozes que asmeninas", ou que temos ní-veis mínimos de aptidão físi-ca para uma boa saúde30, istoem um país onde, segundodados do IBGE, 70% da po-pulação não se alimenta sufi-cientemente ou passa fome,uma população que vem seconstituindo cada vez maisdos SEM - terra, teto, traba-lho, cidadania? Por que insis-timos em transpor uma siste-matização cultural e pedagó-gica aos pedaços? Por que in-sistimos em ensinar o salto, oarremesso, enfim, os estilos,

ao invés das relações do ho-mem com o meio ambiente, anatureza, a água, os obstácu-los, os espaços, os implemen-tos, as situações que exigema ação humana de saltar, arre-messar, nadar e outras em umdialogo para apreender omundo?

Por que continuamos a nãovalorizar âmbitos da culturaonde sedimentam-se valoreshumanizantes e que ampliamas possibilidades de compre-ensão e intervenção críticanos espaços e tempos de cons-trução da cultura corporal eprivilegiamos as praticascompetitivas, instrumenta-lizadoras, de rendimento má-ximo, próprias a instituiçãoesportiva? Por que insistimosem constatações, transmissõese relegamos a criação, a auto-nomia, a transformação naspráticas pedagógicas?

Por que insistimos em sus-tentar Diretrizes Curricularespara a Educação no Brasil,fundamentados em paradig-mas relacionados com a ideo-logia neoliberal, presente noentendimento sobre Educaçãoe Educação Física31, a susten-tar as demais medidas no âm-bito da política pública edu-cacional - cuja função deve-ria ser a de garantir o direito àeducação, ao conhecimento,ao pleno desenvolvimento?

A construção, por consen-sos e por coerção, da hege-monia alienante e dominadoradeve ser rompida. Devemosnos perguntar: Quais as vivên-cias e experiências estratégi-cas como tempo e espaço de

humanização plena que de-vem ser, prioritariamente, in-centivadas a partir da escolano âmbito da Educação Físi-ca que permitam a construçãode um sistema de valores ondea relação com o meio, com ossemelhantes e consigo, se dena base da humanização e nãoda barbárie32?

Que valores, que conheci-mentos, que práticas sociaissão incentivadas, consolida-das em espaços culturais ondese cultiva, para as crianças ejovens, a pornografia carica-tural, a pornografia sadoma-soquista ou o exacerbado eilimitado processo de rendi-mento máximo, de consumo,de records, de competitivi-dade, onde o corpo é instru-mentalizado como se fosseuma máquina e a natureza édestruída como se não cons-tituísse o ser humano?

Que processo civilizatórioestamos construindo ou con-tribuindo para manter ?Quevivências da infância e da ju-ventude, como tempo dehumanização plena, são ne-cessárias e estrategicamentepossíveis para as crianças ejovens em situação de riscopessoal e social, tanto a partirda escola, como para alémdela, na perspectiva da eman-cipação humana33, social, cul-tural, econômica, na relaçãocom as atividades corporais,com o movimentar-se na na-tureza, com seus semelhantese consigo mesmo?

Nosso diálogo com os pro-fissionais que pesquisam ocampo da formação humana

e que estudam, criam e rein-ventam a Educação Física &Esporte a partir do cotidianodas escolas nos permite depo-sitar confiança e esperança naresistência à destruição e de-generação, resistência esta quevem paulatinamente sendoconstruída na base social dopovo brasileiro que se querdigno, desalienado, autônomo,justo, não por concessões, mas,por conquistas ao que garantetudo isto - Trabalho. Terra,Educação.

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Roseane Soares. Aprática pedagógica da edu-cação física na construçãodo projeto político-pedagó-gico da escola: a polêmicado discurso superador. Re-cife, 1997. Dissertação(Mestrado em Educação).Centro de Educação -UFPE.

APPLE, Michael W. Educaçãoe poder. Porto Alegre: Ar-tes Médicas. 1989.

ASSIS DE OLIVEIRA. Sávio. AReivenção do esporte: Pos-sibilidades da Prática peda-gógica. Recife/PE: UFPE:Dissertação de Mestrado,1999.

BOTTOMORE. Tom (Ed.) Di-cionário do pensamentomarxista. 2. ed. Rio de Ja-neiro: Jorge Zahar, 1988.

BOURDIEU, Pierre. Como épossível ser esportivo? In:Questões de sociologia. Riode Janeiro: Marco Zero.1983. p. 136-153.

BOURDIEU, Pierre. Programapara uma sociologia do es-porte. In: Coisas ditas. SãoPaulo: Brasiliense, 1990. p.207-220.

BOURG, Jean-François. Recor-des a qualquer preço. Aten-ção, São Paulo, v. 1, p. 60-64, nov. 1995.

BRACHT, Valter. Jogos escola-res: reflexões críticas e pers-pectivas. [S.l.]: 1991. (Mi-meografado).

BRACHT, Valter. Educação fí-sica e aprendizagem social.Porto Alegre: Magister,1992.

BRACHT, Valter. Sociologia crí-tica do esporte: uma intro-dução. Vitória: UFES/CEFED, 1997b.

BRASIL. Ministério Extraordi-nário dos Esportes. Institu-to Nacional de Desenvolvi-mento do Desporto. Progra-ma esporte educacional:princípios e objetivos. Bra-sília, 1995.

BROTTO, Fábio Otuzi. Jogoscooperativos: se o importan-te é competir, o fundamen-tal é cooperar. São Paulo:CEPEUSP, 1995.

BRUHNS, Heloísa Turini. Ojogo e o esporte. Revista daFundação de Esporte e Tu-rismo, v. 3, n. 1, p. 9-11,1991.

CAPARROZ, Francisco Eduar-do. Entre a educação físicana escola e a educação físi-ca da escola. Vitória: UFES/CEFD, 1997.

CASTELLANI FILHO, Lino.Educação física no Brasil: ahistória que não se conta.Campinas: Papirus, 1988.

CASTELLANI FILHO, Lino.Pelos meandros da educaçãofísica. Revista Brasileira deCiências do Esporte, Ma-ringá, v. 14, n. 3, p. 119-125,maio. 1993.

CASTELLANI FILHO, Lino.Política educacional e edu-cação física. Campinas: Au-tores Associados, 1998.

CASTELLANI FILHO, Lino. A

educação física no sistemaeducacional brasileiro: per-curso, paradoxos e perspec-tivas. Campinas, 1999. Tese(Doutorado em Educação).Faculdade de Educação -UNICAMP.

CHEPTULIN, Alexandre. Adialética materialista: cate-gorias e leis da dialética. SãoPaulo: Alfa-Omega, 1982.

COLETIVO DE AUTORES.Metodologia do ensino deeducação física. São Paulo:Cortez, 1992.

CORTELLA, Mario Sérgio. Aescola e o conhecimento:fundamentos epistemoló-gicos e políticos. São Pau-lo: Cortez, 1998.

DUNNING, Eric. Prefácio. In:ELIAS, Norbert; DUN-NING, Eric. A busca da ex-citação. Lisboa: DIFEL,1992a. p. 11-37.

DUNNING, Eric. A dinâmica dodesporto moderno: notassobre a luta pelos resultadose o significado social do des-porto. In: ELIAS, Norbert;DUNNING, Eric. A buscada excitação. Lisboa:DIFEL, 1992b. p. 299-325.

ELIAS, Norbert. Introdução. In:ELIAS, Norbert; DUN-NING, Eric. A busca da ex-citação. Lisboa: DIFEL,1992a. p. 39-99.

ELIAS, Norbert. A gênese dodesporto: um problema so-ciológico In: ELIAS, Nor-bert; DUNNING, Eric. Abusca da excitação. Lisboa:DIFEL, 1992b. p. 187-221.

ESCOBAR, Micheli Ortega.(Coord.) Contribuição aodebate do currículo em edu-cação física: uma propostapara a escola pública. Re-cife: Secretaria de Educaçãoe Cultura do Estado de Per-nambuco, 1989.

ESCOBAR, M. O. e TAFFA-REL, C. Z. O trato com o

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXX

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXI

Page 19: 115318299009

conhecimento científico e aorganização do processo detrabalho pedagógico no en-sino de Educação Física. In:CONGRESSO SOBRE AUFPE, 1, Anais. V. Recife:Reproart, 1992.

__. Metodologia do Ensino daEducação Física. In: Reu-nião Anual da AssociaçãoNacional de Pós-Graduaçãoe Pesquisa em Educação, 15.Resumos Boletim ANPed, N°1, Set/92.

ESCOBAR. Micheli Ortega.Critica a organização doprocesso de trabalho peda-gógica e à didática. Campi-nas: SP UNICAMP, Facul-dade de Educação, lese deDoutorado, 1997.

ENCONTRO ESTADUAL DEPROFESSORES DE EDU-CAÇÃO FÍSICA DA ES-COLA PÚBLICA, 1., 1995,Recife. Anais. Recife, DES-SEE/PE, [1996].

ENCONTRO ESTADUAL DEPROFESSORES DE EDU-CAÇÃO FÍSICA DA ES-COLA PÚBLICA, 2/3.,1996/1997, Recife/Olinda.Anais. Recife, DES-SEE/PE, maio. 1998.

ENGUITA, Mariano F. A faceoculta da escola. Porto Ale-gre: Artes Médicas, 1989.

FREITAS, Luis Carlos de. Crí-tica da organização do tra-balho pedagógico e da di-dática. Campinas: Papirus,1995.

GARIGLIO, José Ângelo. Aludicidade no "jogo" de rela-ções trabalho/escola. Movi-mento. Porto Alegre: UFRGS,a. 2, n. 3, p. 27-33, 1995.

GIROUX, Henry. Escola críticae política cultural. 3. ed. SãoPaulo: Cortez/Autores As-sociados, 1992.

GRAMSCI, A . Escritos Políti-cos. Lisboa: Seara Nova, V.01, 1976

HUIZINGA, Johan. Homo lu-dens. 4. ed. São Paulo: Pers-pectiva, 1996.

KUNZ, Elenor. A educação físi-ca: mudanças e concepções.Revista Brasileira de Ciên-cias do Esporte, São Paulo,v. 10, n. 1, p. 28-32, set.1988.

KUNZ, Elenor. O esporte en-quanto fator determinante daeducação física. RevistaContexto & Educação, Ijuí,a. IV, n. 15, p. 63-73, jul./set. 1989.

KUNZ, Elenor. Transformaçãodidático-pedagógica do es-porte. Ijuí: UNIJUÍ, 1994.

LOUREIRO, Robson. Peda-gogia histórico-crítica eeducação física: a relaçãoteoria e prática. Piracicaba,1996. Dissertação(Mestrado em Educação).UNIMEP.

MELO, Victor e NASCIMEN-TO, Marcos Avellar. Repen-sando as Olimpíadas esco-lares : Uma Proposta. Riode Janeiro: Edição dos Au-tores, 1997.

MOVIMENTO. Porto Alegre,Escola de Educação Físicada Universidade Federal doRio Grande do Sul, Ano VIn° 12, 2000/1.

PÉREZ GÓMEZ, A. I. As fun-ções sociais da escola: dareprodução à reconstruçãocrítica do conhecimento e daexperiência. In: GIMENOSACRISTÁN, J.; PÉREZGÓMEZ, A. I. Compreen-der e transformar o ensino.4. ed. Porto Alegre: ArfMed,1998. p. 13-26.

RETONDAR, Jeferson JoséMoebus. Movimento lúdico.Revista Brasileira de Ciên-cias do Esporte, Floria-nópolis, v. 18, n. 1, p. 06-09,set. 1996.

SAVIANI, Dermeval. Filosofiada educação: crise da mo-

dernidade e futuro da filo-sofia da práxis. In: FREI-TAS, Marcos Cezar de(Org.). A reinvenção do fu-turo: trabalho, educação,política na globalização docapitalismo. São Paulo/Bragança Paulista: Cortez/USF-IFAM, 1996. p.167-185.

SNYDERS, Georges. Escola,classe e luta de classes. Lis-boa: Moraes, 1977.

TAFFAREL, Celi Nelza Zulke.Rumo ao próximo milênio.Revista da Educação Física,Maringá, v. 5, n. 1, p. 03,out. 1994.

TAFFAREL, Celi Nelza Zulke.Perspectivas pedagógicasem educação física. In:GUEDES, Onacir Carneiro(Org.). Atividade física: umaabordagem multidimensio-nal. João Pessoa: Idéia,1997. p. 106-130.

TAFFAREL. Celi Nelza ZulkeO processo de trabalho pe-dagógico e o trato com oconhecimento no curso deeducação física. In: BRZE-ZINSKI, Iria. Formação deprofessores: Um desafio.(Org.) Goiânia, Goiás:UCG, 1996.

TOGNOLLI, Cláudio. "A viet-namização dos corpos". In:Caros Amigos. Ano IV nu-mero 44 novembro 2000.

NOTAS

1 O presente texto subsidiou aintervenção na 1o CONFERÊNCIA NACIONAL DEEDUCAÇÃO CULTURA EDESPORTO, ocorrida emBrasília/DF. 22 A 23 DE NOVEMBRO DE 2000.2 Desporto e Esporte são tomados aqui com o mesmo sentido,sendo utilizado, no decorrer dotexto, de acordo com o autormencionado. Assumi aqui adenominação sugerida pelos or-

ganizadores do evento DesportoEducacional no mesmo sentidode Esporte educacional.3 Projeto Histórico4 As referencias bibliográficas dopresente texto anotam os principais críticos ao desporto que vemsubsidiando as discussões noBrasil.5 Constituição Nacional Capitulo III Seção I Artigo 205. EArtigo 217.6 Tramita na Câmara Municipalde Salvador Projeto de autoria doVereador Daniel Almeida (PCdoB) instituindo os " JogosOlímpicos Municipais" com ointuito de propiciar "treinamentoesportivo e competições atléticasàs crianças e jovens", bem comoa "captação de novos atletas".Projeto que vem sendo severamente criticado considerando oacumulado acerca das competições com crianças, da seleçãoprecoce e da parda de autonomiada escola frente à instituição desporto e as ingerências políticas.7 Justo no momento em queestamos participando da I Conferência Nacional de EducaçãoCultura e Desporto são divulgados pela imprensa nacional osdados do SAEB - Sistema Brasileiro de Avaliação da EducaçãoBásica -, que demonstram o fracasso das políticas educacionaisno Brasil. Ver a respeito osexemplares da Folha de São Paulo das semanas de 19 a 25 e, 26 a30 de novembro de 2000.8 Ver mais In: TOGNOLLLCláudio. " a vietnaniização doscorpos". In: Caros Ar.::IV numero 44 novembro 2Ü0&p.44.9 Por ocasião da elaboração daLDB e dos PCNs - ParâmetrosCurriculares Nacionais — tivemos a oportunidade de aospronunciarmos a respeito da política do governo, em um textopublicado pelo CBCE - ColégioBrasileiro de Ciências do Esporte(1997) no Livro "Educação Física Escolar Frente à LDB e aosPCNs: Profissionais analisam re-

novações, modismos e interes-ses. Páginas 25-61.10 Ver mais In: NASCIMENTO,Marcos e MELO, Victor. Repensando as Olimpiadas escolaresuma proposta. Rio de Janeiro.Edição dos autores, 1997.11 Apresentamos à Coordenaçãoda Mesa o texto do CBCE, emanexo, manifestando nosso apoiopúblico ao mesmo solicitandosua inclusão nos anais de evento,apoiando a posição encaminhadano debate pelo professor JoséFalcão UFSC/UFBA.12 Ver a respeito da delimitaçãodo Campo acadêmico as contribuições de BRACHT , Valter. AConstrução do campo Acadêmico Educação Física no períodode 1960 até nossos dias: Ondeficou a Educação Física. UFES,(mimeo.), 1996, e também TAF-FAREL. Celi., Perspectivas/Possibilidades da Educação Física. UFPE. (mimeo.) 1997.13 Ver mais a respeito in: GON-ÇALVES, Joseir & TAFFAREL,Celi. Profissional de EducaçãoFísica...Existe? Resenha Criticado livro de STEINHILBER.REVISTA BRASILEIRA DECIÊNCIAS DO ESPORTE.CBCE. Volume 18-N° 3, maio/97 (233-239).14Sugiro a inclusão, também, domercado como língua universal,pam fazer justiça a todo o esfor-ço de convencimento nessesentido desenvolvido pelosgovernantes e pela mídia.15 Para compreendermos melhoras questões do PROGRAMA dereinvindicações transitórias epermanentes sugerimos. MARX& ENGELS. Manifesto da par-tido Comunisto. LENIN As tesesde Abril e TROTSKY O progra-ma de transição.16 Sobre o tema consultar TAF-FAREL. Celi O processo detrabalho pedagógico e o trato como conhecimento no curso de edu-cação física. In: BRZEZINSKI,Iria. Formação de professores:Um desafio. (Org.) Goiânia,Goiás: UCG,1996.

17 Sobre financiamento da Educação Ciência & Tecnologiaconstatamos os confrontos noParlamento dos interesses dediversos setores , sendo isto e-vidente, tanto no Plano Nacionalde Educação e o percentual destinado para educação, quanto noorçamento anual previsto para asdiversas áreas de atuação do governo mas não cumpridas. Paraexemplificar podemos mencionar que o orçamento para a áreasocial previsto em 1999 não foiaplicado integralmente cortando-se 2/3 do previsto.18 O Brasil é um dos país de PIORdistribuição de renda do mundoe a tendência a concentraçãocontinua ampliada.19 Ver mais a respeito In: MARX,K. Critica ao Programa de Gotha.Coimbra, Portugasl: Sentelha,1975.20 A outra postura descrita porBracht (1997b, p. 89) é a postura (neo) liberal da crença nomercado, que leva o poder público a uma simples abstençãoou, no máximo, a uma observação fiscalizante, fundamentadatambém na análise de cunho pós-modernista que hipervaloriza aexperiência individual comoparâmetro de julgamento.21 TSYGANKOV, V "Introdução". In: Academia de Ciênciasde URSS (Org.) O socialismo ea oiência. Moscou: Progresso,1987.22 TROTSKY, Programa deTransição. São Paulo, Comissãode Formação, 1995.55a Aniversário do assassinato de Trotskye 100a Aniversário da Morte deF. Engels.23 GRAMSCI, A . Escritos Políticos. Lisboa: Seara Nova, V. 01,1976.24 Encontramos na literaturaespecifica da educação significativas contribuições acercado PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO, queapresentam sistematizações diversas. Entre elas destacam-seas propostas por SAVIANI, D.

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXIII

Page 20: 115318299009

conhecimento científico e aorganização do processo detrabalho pedagógico no en-sino de Educação Física. In:CONGRESSO SOBRE AUFPE, 1, Anais. V. Recife:Reproart, 1992.

__. Metodologia do Ensino daEducação Física. In: Reu-nião Anual da AssociaçãoNacional de Pós-Graduaçãoe Pesquisa em Educação, 15.Resumos Boletim ANPed, N°1, Set/92.

ESCOBAR. Micheli Ortega.Critica a organização doprocesso de trabalho peda-gógica e à didática. Campi-nas: SP UNICAMP, Facul-dade de Educação, lese deDoutorado, 1997.

ENCONTRO ESTADUAL DEPROFESSORES DE EDU-CAÇÃO FÍSICA DA ES-COLA PÚBLICA, 1., 1995,Recife. Anais. Recife, DES-SEE/PE, [1996].

ENCONTRO ESTADUAL DEPROFESSORES DE EDU-CAÇÃO FÍSICA DA ES-COLA PÚBLICA, 2/3.,1996/1997, Recife/Olinda.Anais. Recife, DES-SEE/PE, maio. 1998.

ENGUITA, Mariano F. A faceoculta da escola. Porto Ale-gre: Artes Médicas, 1989.

FREITAS, Luis Carlos de. Crí-tica da organização do tra-balho pedagógico e da di-dática. Campinas: Papirus,1995.

GARIGLIO, José Ângelo. Aludicidade no "jogo" de rela-ções trabalho/escola. Movi-mento. Porto Alegre: UFRGS,a. 2, n. 3, p. 27-33, 1995.

GIROUX, Henry. Escola críticae política cultural. 3. ed. SãoPaulo: Cortez/Autores As-sociados, 1992.

GRAMSCI, A . Escritos Políti-cos. Lisboa: Seara Nova, V.01, 1976

HUIZINGA, Johan. Homo lu-dens. 4. ed. São Paulo: Pers-pectiva, 1996.

KUNZ, Elenor. A educação físi-ca: mudanças e concepções.Revista Brasileira de Ciên-cias do Esporte, São Paulo,v. 10, n. 1, p. 28-32, set.1988.

KUNZ, Elenor. O esporte en-quanto fator determinante daeducação física. RevistaContexto & Educação, Ijuí,a. IV, n. 15, p. 63-73, jul./set. 1989.

KUNZ, Elenor. Transformaçãodidático-pedagógica do es-porte. Ijuí: UNIJUÍ, 1994.

LOUREIRO, Robson. Peda-gogia histórico-crítica eeducação física: a relaçãoteoria e prática. Piracicaba,1996. Dissertação(Mestrado em Educação).UNIMEP.

MELO, Victor e NASCIMEN-TO, Marcos Avellar. Repen-sando as Olimpíadas esco-lares : Uma Proposta. Riode Janeiro: Edição dos Au-tores, 1997.

MOVIMENTO. Porto Alegre,Escola de Educação Físicada Universidade Federal doRio Grande do Sul, Ano VIn° 12, 2000/1.

PÉREZ GÓMEZ, A. I. As fun-ções sociais da escola: dareprodução à reconstruçãocrítica do conhecimento e daexperiência. In: GIMENOSACRISTÁN, J.; PÉREZGÓMEZ, A. I. Compreen-der e transformar o ensino.4. ed. Porto Alegre: ArfMed,1998. p. 13-26.

RETONDAR, Jeferson JoséMoebus. Movimento lúdico.Revista Brasileira de Ciên-cias do Esporte, Floria-nópolis, v. 18, n. 1, p. 06-09,set. 1996.

SAVIANI, Dermeval. Filosofiada educação: crise da mo-

dernidade e futuro da filo-sofia da práxis. In: FREI-TAS, Marcos Cezar de(Org.). A reinvenção do fu-turo: trabalho, educação,política na globalização docapitalismo. São Paulo/Bragança Paulista: Cortez/USF-IFAM, 1996. p.167-185.

SNYDERS, Georges. Escola,classe e luta de classes. Lis-boa: Moraes, 1977.

TAFFAREL, Celi Nelza Zulke.Rumo ao próximo milênio.Revista da Educação Física,Maringá, v. 5, n. 1, p. 03,out. 1994.

TAFFAREL, Celi Nelza Zulke.Perspectivas pedagógicasem educação física. In:GUEDES, Onacir Carneiro(Org.). Atividade física: umaabordagem multidimensio-nal. João Pessoa: Idéia,1997. p. 106-130.

TAFFAREL. Celi Nelza ZulkeO processo de trabalho pe-dagógico e o trato com oconhecimento no curso deeducação física. In: BRZE-ZINSKI, Iria. Formação deprofessores: Um desafio.(Org.) Goiânia, Goiás:UCG, 1996.

TOGNOLLI, Cláudio. "A viet-namização dos corpos". In:Caros Amigos. Ano IV nu-mero 44 novembro 2000.

NOTAS

1 O presente texto subsidiou aintervenção na 1o CONFERÊNCIA NACIONAL DEEDUCAÇÃO CULTURA EDESPORTO, ocorrida emBrasília/DF. 22 A 23 DE NOVEMBRO DE 2000.2 Desporto e Esporte são tomados aqui com o mesmo sentido,sendo utilizado, no decorrer dotexto, de acordo com o autormencionado. Assumi aqui adenominação sugerida pelos or-

ganizadores do evento DesportoEducacional no mesmo sentidode Esporte educacional.3 Projeto Histórico4 As referencias bibliográficas dopresente texto anotam os principais críticos ao desporto que vemsubsidiando as discussões noBrasil.5 Constituição Nacional Capitulo III Seção I Artigo 205. EArtigo 217.6 Tramita na Câmara Municipalde Salvador Projeto de autoria doVereador Daniel Almeida (PCdoB) instituindo os " JogosOlímpicos Municipais" com ointuito de propiciar "treinamentoesportivo e competições atléticasàs crianças e jovens", bem comoa "captação de novos atletas".Projeto que vem sendo severamente criticado considerando oacumulado acerca das competições com crianças, da seleçãoprecoce e da parda de autonomiada escola frente à instituição desporto e as ingerências políticas.7 Justo no momento em queestamos participando da I Conferência Nacional de EducaçãoCultura e Desporto são divulgados pela imprensa nacional osdados do SAEB - Sistema Brasileiro de Avaliação da EducaçãoBásica -, que demonstram o fracasso das políticas educacionaisno Brasil. Ver a respeito osexemplares da Folha de São Paulo das semanas de 19 a 25 e, 26 a30 de novembro de 2000.8 Ver mais In: TOGNOLLLCláudio. " a vietnaniização doscorpos". In: Caros Ar.::IV numero 44 novembro 2Ü0&p.44.9 Por ocasião da elaboração daLDB e dos PCNs - ParâmetrosCurriculares Nacionais — tivemos a oportunidade de aospronunciarmos a respeito da política do governo, em um textopublicado pelo CBCE - ColégioBrasileiro de Ciências do Esporte(1997) no Livro "Educação Física Escolar Frente à LDB e aosPCNs: Profissionais analisam re-

novações, modismos e interes-ses. Páginas 25-61.10 Ver mais In: NASCIMENTO,Marcos e MELO, Victor. Repensando as Olimpiadas escolaresuma proposta. Rio de Janeiro.Edição dos autores, 1997.11 Apresentamos à Coordenaçãoda Mesa o texto do CBCE, emanexo, manifestando nosso apoiopúblico ao mesmo solicitandosua inclusão nos anais de evento,apoiando a posição encaminhadano debate pelo professor JoséFalcão UFSC/UFBA.12 Ver a respeito da delimitaçãodo Campo acadêmico as contribuições de BRACHT , Valter. AConstrução do campo Acadêmico Educação Física no períodode 1960 até nossos dias: Ondeficou a Educação Física. UFES,(mimeo.), 1996, e também TAF-FAREL. Celi., Perspectivas/Possibilidades da Educação Física. UFPE. (mimeo.) 1997.13 Ver mais a respeito in: GON-ÇALVES, Joseir & TAFFAREL,Celi. Profissional de EducaçãoFísica...Existe? Resenha Criticado livro de STEINHILBER.REVISTA BRASILEIRA DECIÊNCIAS DO ESPORTE.CBCE. Volume 18-N° 3, maio/97 (233-239).14Sugiro a inclusão, também, domercado como língua universal,pam fazer justiça a todo o esfor-ço de convencimento nessesentido desenvolvido pelosgovernantes e pela mídia.15 Para compreendermos melhoras questões do PROGRAMA dereinvindicações transitórias epermanentes sugerimos. MARX& ENGELS. Manifesto da par-tido Comunisto. LENIN As tesesde Abril e TROTSKY O progra-ma de transição.16 Sobre o tema consultar TAF-FAREL. Celi O processo detrabalho pedagógico e o trato como conhecimento no curso de edu-cação física. In: BRZEZINSKI,Iria. Formação de professores:Um desafio. (Org.) Goiânia,Goiás: UCG,1996.

17 Sobre financiamento da Educação Ciência & Tecnologiaconstatamos os confrontos noParlamento dos interesses dediversos setores , sendo isto e-vidente, tanto no Plano Nacionalde Educação e o percentual destinado para educação, quanto noorçamento anual previsto para asdiversas áreas de atuação do governo mas não cumpridas. Paraexemplificar podemos mencionar que o orçamento para a áreasocial previsto em 1999 não foiaplicado integralmente cortando-se 2/3 do previsto.18 O Brasil é um dos país de PIORdistribuição de renda do mundoe a tendência a concentraçãocontinua ampliada.19 Ver mais a respeito In: MARX,K. Critica ao Programa de Gotha.Coimbra, Portugasl: Sentelha,1975.20 A outra postura descrita porBracht (1997b, p. 89) é a postura (neo) liberal da crença nomercado, que leva o poder público a uma simples abstençãoou, no máximo, a uma observação fiscalizante, fundamentadatambém na análise de cunho pós-modernista que hipervaloriza aexperiência individual comoparâmetro de julgamento.21 TSYGANKOV, V "Introdução". In: Academia de Ciênciasde URSS (Org.) O socialismo ea oiência. Moscou: Progresso,1987.22 TROTSKY, Programa deTransição. São Paulo, Comissãode Formação, 1995.55a Aniversário do assassinato de Trotskye 100a Aniversário da Morte deF. Engels.23 GRAMSCI, A . Escritos Políticos. Lisboa: Seara Nova, V. 01,1976.24 Encontramos na literaturaespecifica da educação significativas contribuições acercado PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO, queapresentam sistematizações diversas. Entre elas destacam-seas propostas por SAVIANI, D.

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXII

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXIII

Page 21: 115318299009

em seu livro "Escola e Demo-cracia". 20 Ed. São Paulo:Cortez, 1998. Onde é apresen-tada uma síntese das principaisteorias da educação abrangendoteorias não-criticas (pedagogiatradicional, pedagogia nova, epedagogia tecnicista), as teoriascritico reprodutivistas (teoria daescola enquanto violênciasimbólica, teoria da escolaenquanto aparelho ideológicodo Estado e, Teoria da escolaDual) e ainda uma teoria criticada educação, a pedagogiahistórico-crítica. Outraclassificação que apresenta umpanorama das tendências ecorrentes existentes nopensamento pedagógico recenteé a contribuição de LIBÂNEO,que estabelece um corte entretendências acriticas, chamadasliberais, e tendências criticas,chamadas progressistas. Atendência liberal é apresentadanas versões da escolatradicional, escola nova e escolatecnicista. A tendênciaprogressista inclui a escolalibertadora, a libertaria e a cri-tico-social dos conteúdos. Vermais In: LIBÂNEO , J. C. Ten-dências pedagógicas na práticaescolar, Revista ANDE, 1983,n°6.25 Ver a respeito da construçãoda teoria pedagógica FREITAS,Luis Carlos (1995) Critica a Di-dática e ao processo de trabalhopedagógico e a construção da Te-oria Pedagógica. Campinas/SP:Papírus.26A tese de ESCOBAR, M. O(1996) Transformação da didáti-ca: Construção da teoriapedagógica. Campinas/SP:UNICAMP, Doutorado em Edu-cação (tese), apresenta exemplosconcretos e explicações cientificassobre a Educação Física e suas pro-blemáticas significativas, levandoem consideração o que aparece emlivros e dissertações e a práticapedagógica em uma escola publi-ca. Foram identificadas comoproblemáticas significativas ospares dialéticos "objetivos-avalia-

ção", organização do trabalho -trato com o conhecimento.

27 Ver mais In: ASSMANN;Hugo. "Paradigmas Educacionais e Corporeidade" .2_7 Ed.Piracicaba, UNIMEP, 1994.HASSMAN defende que 'acorporeidade constitui a instância básica de critérios paraqualquer discurso pertinente sobre sujeito e a consciênciahistórica.. O corpo é, do pontode vista científico, a instânciafundamental e básica para articular conceitos centrais para umateoria pedagógica. Somente umateoria da corporeidade pode fornecer as bases para uma teoriapedagógica. Discordamos destaposição por entendermos que ateoria pedagógica desenvolve-secomo categorias da prática o quesignifica não considerar somente a corporeidade mas sim comose constróem nas relações sociaiso que produz e reproduz a vida.28 Os termos omnidimensional oupolitécnico estão sendo aquiempregados conforme desenvolvidos e apresentados no livro deMACHADO, Lucíola. Poli-tecnia, escola unitária e trabalho.São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1989.29 Refiro-me aos estudos deRossana Valéria de Souza e Silva sobre as pesquisas realizadasnos Cursos de pós-graduação,tanto no Brasil quanto no exterior que evidenciam a ênfase emabordagens empirico-analitica efenomenológica.30 Ver mais a respeito em Gaya,A. C. A. et alii (1997) Crescimento e Desenvolvimento Motorem escolares de 07 a 15 anos provenientes de famílias de baixarenda - Indicadores para planejamento de programas deEducação Física Escolar, voltados à promoção da saúde.Revista Movimento. Porto Alegre, n° 06, 1997 (encarteespecial), e do mesmo autor.Dados , Interpretações e Implicações: acordos e desacordos

(1 °parte: a metodologia em ques-tão). Movimento. Porto Alegre:v. 4, n. 08, 1998 e ainda, Dados,Interpretações: acordos e desa-cordos (2°parte: as questõesconceituais). Movimento, PortoAlegre: Ano V, n° 9 1998/2 e ain-da in: GUEDES, Dartagnan &GUEDES, Joana. Educação Fí-sica Escolar: Uma proposta dePromoção da Saúde. In: APEF -Londrina V 17 N° 14 janeiro/9316-23.31Ver mais a respeito de funda-mentos que orientaram asdiretrizes curriculares no Brasilin: COLL, Cesár (1996). PSICO-LOGIA E CURRÍCULO; Umaaproximação psicopedagógica àelaboração do currículo escolar.São Paulo, Ática. Sobre a Criti-ca tecida especificamente na áreade educação Física ver o livroorganizado pelo CBCE (1997)sobre LDB e PCNs. Ijui. Unijui.32HOBESBAW Erick. (1998)Manual da barbárie In: Sobre aHistória. São Paulo: Companhiadas Letras, pp. 268-292.33 A EMANCIPAÇÃO não estasendo aqui considerada na pers-pectiva liberal clássica, paraquem LIBERDADE é a ausênciade interferência ou coerção. O Li-beralismo trata de maneiralimitada estas restrições, sobreopções relevantes e sobre quemsão os agentes, visto comoindependentes, inclusive do mer-cado. O Marxismo tende a ver aliberdade em termos dos obstá-culos à emancipação humana e aomúltiplo desenvolvimento daspossibilidades humanas e à cria-ção de uma forma de associaçãodigna da condição humana. En-tre os obstáculos destaca-se acondição de trabalho assalariado.A Liberdade como auto-determi-nação é coletiva, relacionando-seo direito a liberdade com o ego-ísmo e a propriedade privada querestringem outras liberdades maisvaliosas.. Kunz discute a questãosobre esclarecimento e emancipa-ção no texto: "Esclarecimento eEmancipação" . In: Revista Mo-

vimento. UFRGS - Ano V N° 10,pp. 35-39, 1999/1.

UNITERMOS

Desporto educacional; educa-ção Física, Prática Pedagógicae Políticas Públicas.

*Celi Neuza Zulke Taffarel éprofessora Dra. Titular Depar-

tamento III - Educação Física -FACED/UFBA. Pós-Douto-ramento na Universidade deOldenburg Alemanha. Doutora-do em Educação na UNICAMP.Endereço: FACULDADE DEEDUCAÇÃO - FACED UFBAAv Reitor Miguel Calmon S/NVale do Canela Salvador Bahia,CEP 40210-100.

E-mail [email protected]

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXIV

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXV

Page 22: 115318299009

em seu livro "Escola e Demo-cracia". 20 Ed. São Paulo:Cortez, 1998. Onde é apresen-tada uma síntese das principaisteorias da educação abrangendoteorias não-criticas (pedagogiatradicional, pedagogia nova, epedagogia tecnicista), as teoriascritico reprodutivistas (teoria daescola enquanto violênciasimbólica, teoria da escolaenquanto aparelho ideológicodo Estado e, Teoria da escolaDual) e ainda uma teoria criticada educação, a pedagogiahistórico-crítica. Outraclassificação que apresenta umpanorama das tendências ecorrentes existentes nopensamento pedagógico recenteé a contribuição de LIBÂNEO,que estabelece um corte entretendências acriticas, chamadasliberais, e tendências criticas,chamadas progressistas. Atendência liberal é apresentadanas versões da escolatradicional, escola nova e escolatecnicista. A tendênciaprogressista inclui a escolalibertadora, a libertaria e a cri-tico-social dos conteúdos. Vermais In: LIBÂNEO , J. C. Ten-dências pedagógicas na práticaescolar, Revista ANDE, 1983,n°6.25 Ver a respeito da construçãoda teoria pedagógica FREITAS,Luis Carlos (1995) Critica a Di-dática e ao processo de trabalhopedagógico e a construção da Te-oria Pedagógica. Campinas/SP:Papírus.26A tese de ESCOBAR, M. O(1996) Transformação da didáti-ca: Construção da teoriapedagógica. Campinas/SP:UNICAMP, Doutorado em Edu-cação (tese), apresenta exemplosconcretos e explicações cientificassobre a Educação Física e suas pro-blemáticas significativas, levandoem consideração o que aparece emlivros e dissertações e a práticapedagógica em uma escola publi-ca. Foram identificadas comoproblemáticas significativas ospares dialéticos "objetivos-avalia-

ção", organização do trabalho -trato com o conhecimento.

27 Ver mais In: ASSMANN;Hugo. "Paradigmas Educacionais e Corporeidade" .2_7 Ed.Piracicaba, UNIMEP, 1994.HASSMAN defende que 'acorporeidade constitui a instância básica de critérios paraqualquer discurso pertinente sobre sujeito e a consciênciahistórica.. O corpo é, do pontode vista científico, a instânciafundamental e básica para articular conceitos centrais para umateoria pedagógica. Somente umateoria da corporeidade pode fornecer as bases para uma teoriapedagógica. Discordamos destaposição por entendermos que ateoria pedagógica desenvolve-secomo categorias da prática o quesignifica não considerar somente a corporeidade mas sim comose constróem nas relações sociaiso que produz e reproduz a vida.28 Os termos omnidimensional oupolitécnico estão sendo aquiempregados conforme desenvolvidos e apresentados no livro deMACHADO, Lucíola. Poli-tecnia, escola unitária e trabalho.São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1989.29 Refiro-me aos estudos deRossana Valéria de Souza e Silva sobre as pesquisas realizadasnos Cursos de pós-graduação,tanto no Brasil quanto no exterior que evidenciam a ênfase emabordagens empirico-analitica efenomenológica.30 Ver mais a respeito em Gaya,A. C. A. et alii (1997) Crescimento e Desenvolvimento Motorem escolares de 07 a 15 anos provenientes de famílias de baixarenda - Indicadores para planejamento de programas deEducação Física Escolar, voltados à promoção da saúde.Revista Movimento. Porto Alegre, n° 06, 1997 (encarteespecial), e do mesmo autor.Dados , Interpretações e Implicações: acordos e desacordos

(1 °parte: a metodologia em ques-tão). Movimento. Porto Alegre:v. 4, n. 08, 1998 e ainda, Dados,Interpretações: acordos e desa-cordos (2°parte: as questõesconceituais). Movimento, PortoAlegre: Ano V, n° 9 1998/2 e ain-da in: GUEDES, Dartagnan &GUEDES, Joana. Educação Fí-sica Escolar: Uma proposta dePromoção da Saúde. In: APEF -Londrina V 17 N° 14 janeiro/9316-23.31Ver mais a respeito de funda-mentos que orientaram asdiretrizes curriculares no Brasilin: COLL, Cesár (1996). PSICO-LOGIA E CURRÍCULO; Umaaproximação psicopedagógica àelaboração do currículo escolar.São Paulo, Ática. Sobre a Criti-ca tecida especificamente na áreade educação Física ver o livroorganizado pelo CBCE (1997)sobre LDB e PCNs. Ijui. Unijui.32HOBESBAW Erick. (1998)Manual da barbárie In: Sobre aHistória. São Paulo: Companhiadas Letras, pp. 268-292.33 A EMANCIPAÇÃO não estasendo aqui considerada na pers-pectiva liberal clássica, paraquem LIBERDADE é a ausênciade interferência ou coerção. O Li-beralismo trata de maneiralimitada estas restrições, sobreopções relevantes e sobre quemsão os agentes, visto comoindependentes, inclusive do mer-cado. O Marxismo tende a ver aliberdade em termos dos obstá-culos à emancipação humana e aomúltiplo desenvolvimento daspossibilidades humanas e à cria-ção de uma forma de associaçãodigna da condição humana. En-tre os obstáculos destaca-se acondição de trabalho assalariado.A Liberdade como auto-determi-nação é coletiva, relacionando-seo direito a liberdade com o ego-ísmo e a propriedade privada querestringem outras liberdades maisvaliosas.. Kunz discute a questãosobre esclarecimento e emancipa-ção no texto: "Esclarecimento eEmancipação" . In: Revista Mo-

vimento. UFRGS - Ano V N° 10,pp. 35-39, 1999/1.

UNITERMOS

Desporto educacional; educa-ção Física, Prática Pedagógicae Políticas Públicas.

*Celi Neuza Zulke Taffarel éprofessora Dra. Titular Depar-

tamento III - Educação Física -FACED/UFBA. Pós-Douto-ramento na Universidade deOldenburg Alemanha. Doutora-do em Educação na UNICAMP.Endereço: FACULDADE DEEDUCAÇÃO - FACED UFBAAv Reitor Miguel Calmon S/NVale do Canela Salvador Bahia,CEP 40210-100.

E-mail [email protected]

Esp

ecia

l.Te

mas

Pol

êmic

os...

......

......

......

......

.

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXIV

Movimento - Ano VII - Nº 13 - 2000/2

XXXV