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4. Inovações, Riscos e Regulação 4.1. Inovações, Crise e Tendências no Sistema Financeiro Bibliografia Carvalho, F. (2015), cap. 19 e 22.2-22.5 Torres Filho, E.T. & Borça Jr, G.R. (2008) Torres Filho, E.T. (2015) 1 11/12/2016

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4. Inovações, Riscos e Regulação

4.1. Inovações, Crise e Tendências no Sistema Financeiro

BibliografiaCarvalho, F. (2015), cap. 19 e 22.2-22.5Torres Filho, E.T. & Borça Jr, G.R. (2008)

Torres Filho, E.T. (2015)1

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• Inovações

Inovações financeiras referem-se à produção de novos tipos de

serviços financeiros ou a novas formas de “produção” de

serviços financeiros já conhecidos.

Inovações financeiras são introduzidas pela mesma razão que

qualquer outro tipo de inovação: porque representam armas

competitivas nas mãos das empresas que tomam a iniciativa de

implantar novos métodos de produção ou novos produtos

contra seus concorrentes.

Inovações se dão quando se desenham contratos que sirvam

melhor ao perfil de clientes, especialmente no que se refere a

combinações risco/rentabilidade, ou, no caso de tomadores de

recursos, custo/risco.

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Inovações e Tendências

Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), s.19.1.

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• Inovações

Quando se estuda o setor financeiro, é frequentemente difícil

separar inovações financeiras de mudanças estruturais. Muitas

inovações são introduzidas consistem na abertura de novos

mercados, que definem, por si mesmos, mudanças estruturais.

Por exemplo, (no caso da) emergência de processos de

securitização, é a mudança estrutural representada pela rápida

expansão de mercados de títulos para áreas onde relações de

crédito eram até então predominantes que constitui a inovação

financeira relevante.

Mas inovação é sinônimo de mudança, não de progresso.

Inovações não são apenas fontes de incertezas, já que, se bem

sucedidas, alteram a trajetória dos agentes atingidos, mas podem

ser mesmo introduzidas, especialmente no que tange à inovação

financeira, para ocultar ou distorcer riscos e retornos.3

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Inovações e Tendências

Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), s.19.1.

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• Inovações

O avanço das tecnologias de comunicação permitiu a unificação

dos mercados financeiros, ainda em progresso. O avanço da

informática permitiu não apenas uma ampla racionalização da

administração das instituições financeiras como também o

desenho de contratos financeiros complexos, onde eventos

possam ser combinados a gosto dos clientes. Progressos em ambas

as áreas viabilizaram a operação de instituições financeiras

gigantescas, 24 horas por dia, em todos os mercados.

Nova fronteira de expansão, no presente, é a realização de

transações bancárias, inclusive algumas mais complexas, como

decisões de aplicações de recursos, através da Internet.

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Inovações e Tendências

Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), s.19.2.

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• Principais inovações recentes – Securitização

Securities são títulos e securitização significa transformar

obrigações relativas a operações de crédito em títulos (papéis

negociáveis no mercado). É uma forma de desintermediação.

Operações de crédito dependem da intermediação por parte de

uma instituição financeira responsável pelo cadastro e

monitoramento dos tomadores de recursos a partir da gestão

de um banco de dados de informações reservadas de seus

clientes.

Operações de mercados de capitais são desintermediadas e

viáveis para operações padronizadas e transparentes, sujeitas a

métodos comuns de avaliação com base em informações

públicas, que permitem economia de custo e liquidez. Exige

sofisticação dos agentes envolvidos para prestar e avaliar as

informações relevantes. 5

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes – Securitização

Para que as operações de securitização, isto é, “transformações

de operações de crédito em operações de mercado de títulos”,

possam ocorrer, os contratos de crédito iniciais tendem a se

tornar cada vez mais homogêneos, para que possam ser

“empacotados” e transformados em títulos, que serão vendidos,

em geral, a um investidor institucional, que irá receber o

retorno pelo serviço da dívida originalmente criada pelo

intermediário.

Neste processo, as instituições financeiras voltam a dispor de

recursos para retomar o processo de crédito.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes – Securitização

É importante notar que no processo de securitização, os riscos

da operação original (crédito e juros) são repassados ao

investidor final.

Assim, a securitização transforma ativos relativamente

ilíquidos em títulos mobiliário líquidos e transfere os riscos

associados a estes ativos para os investidores.

Potencial para o financiamento de atividades com fluxo de

receitas previsível e regular como no caso de operações de

bancos de poupança e empréstimo; administradoras de

cartões de crédito; e supridores de crédito para financiamento

ao consumo de bens duráveis, como automóveis.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes – Securitização

A ressecuritização consiste na transformação de títulos

securitizados em lastro para outros títulos securitizados.

Este é o exemplo do instrumento que esteve por trás da crise

no sistema imobiliário dos EUA, em que “o empréstimo

hipotecário original servia para lastrear um ativo securitizado

que, por sua vez, servia para lastrear outro ativo securitizado”.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes – Securitização

Veículos de emissão de securitização usuais no Brasil

• Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs)

• Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), e Certificados de

Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Emitidos por Securitizadoras.

• Sociedades de Propósito Específico (SPEs)9

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Inovações e Tendências

http://www.anbima.com.br/eventos/arqs/eventos_anteriores/financas_corporativas/mesa_2_cri/5_jean_pierre_CRI.pdf

http://www.securityasset.com.br/fundos/operacoes-estruturadas.asp

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• Principais inovações recentes – Securitização

ABS, MBS e CDO

ABS (Asset-Backed Securities) e MBS (Mortgage-Backed

Securities) são exemplos de títulos crédito securitizados no

mercado norte-amerciano. Os ABS, lastreados por ativos, como

cartão de crédito e financiamento de automóveis) e MBS

(lastreado em financiamento imobiliário) podem ter uma

variedade de estruturas, por exemplo relacionadas a taxa de

juros, características de pagamentos e classes de risco

(tranches com diferentes ratings).

Os próprios MBS, por exemplo, podem ser securitizado, dando

origem ao CDO (Collateralized Debt Obligations / Obrigação de

Dívida Colateralizada), que são títulos lastreados em MBS.

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• Securitização

ABS, MBS e CDO

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Inovações e Tendências

http://www.anbima.com.br/eventos/arqs/eventos_anteriores/financas_corporativas/mesa_2_cri/5_jean_pierre_CRI.pdf

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• Principais inovações recentes – Securitização

ABS, MBS e CDO

“A parcela mais arriscada desses títulos (equity/toxic waste-

derivadas das hipotecas subprime), apesar de possuir uma taxa de

retorno relativamente alta, não era facilmente vendida a outras

instituições financeiras.

Nesse quadro, as instituições financeiras, com destaque para os

grandes bancos de investimento (Merrill Lynch, Goldman Sachs,

Bears Stearns, Lehman Brothers, Morgan Stanley e Citigroup),

passaram, com o auxílio da ação das agências de classificação de

risco (rating), a montar “pacotes de crédito” com diferentes

contratos de hipoteca. Estas serviam de lastro para novos títulos

securitizados, de modo a, supostamente, diluir os riscos de cada

hipoteca individual e garantir a melhor classificação possível. Estes

novos títulos eram os collateralizeddebt obligation (CDOs).” (p.13)12

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Inovações e Tendências

http://www.ie.ufrj.br/images/pos-graducao/ppge/FernandoFerraz.pdf

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• Principais inovações recentes – Securitização

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Inovações e Tendências

Extraído de cenas do filme “Inside Job”

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• Principais inovações recentes – Derivativos

Os derivativos são ativos que permitem a separação e gestão dos

riscos: risco de produção, risco de variação de preços, risco de

juros, risco de câmbio, etc., contribuindo para liquidez do

mercado de capitais.

Os derivativos ganharam importância devido à possibilidade de

viabilizar proteção (hedge) contra riscos indesejados, de

complementar os mercados secundários, permitindo a venda de

ativos em condições adversas (desde que se tenha hedge), e de

mimetizar condições de mercado de outra forma inacessíveis aos

participantes.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes – Derivativos

À medida que os riscos mais relevantes foram se tornando mais

idiossincráticos, a importância dos derivativos de balcão foi

crescendo, até se tornarem os tipos de contrato mais intensamente

negociados no presente.

Porém, a individualização crescente de contratos reduz sua liquidez,

o que torna este segmento mais instável e frágil.

O crescimento do mercado de derivativos se deu de forma paralela à

expansão do processo de securitização. A colocação de títulos,

especialmente de dívida, por parte de empresas e governos

beneficiou-se da possibilidade de decompor seus riscos e formar

seus preços de forma mais acurada, buscando um público-alvo mais

adequado a cada característica do papel lançado. Por outro lado, a

rapidez com que o processo de securitização tem se dado se

constitui num grande impulso à expansão e diversificação do

mercado de derivativos.15

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Inovações e Tendências

Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes – Derivativos

Derivativos de crédito são instrumentos criados para permitir

que ofertantes de crédito, especialmente bancos, possam

administrar sua exposição a riscos de crédito sem ter de

recorrer a processo de securitização.

O credit default swap (CDS) assemelha-se a um contrato de

seguro, pelo qual uma instituição compromete-se a comprar o

crédito em poder do banco em caso de default, em troca do

pagamento de um prêmio.

A expansão do mercado de CDS, no entanto, se deu pela

disponibilização desses contratos para aplicadores que nada

tem a ver com a oferta efetiva de crédito, permitindo-lhes

apostar no insucesso de financiamentos realizados por

terceiros. 16

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Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes – Derivativos

Este último caso assemelha-se à compra de um seguro contra

o incêndio na casa de um vizinho, o que não é permitido pela

lei dos seguros. Mas, como CDS não é seguro, sua venda não

sofre restrição por parte dos reguladores ou supervisores.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

Extraído de cenas do filme “Inside Job”

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• Principais inovações recentes - Investidores Institucionais

Os investidores institucionais constituem um pool de recursos

para aplicação financeira.

São exemplos: fundos de pensão, fundos de investimento,

companhias seguradoras.

Sua principal característica é sua dimensão, ou seja, seu

volume de recursos resultante do agrupamento dos recursos

de uma série de indivíduos, o que permite o melhor

aproveitamento das oportunidades oferecidas pelo mercado

financeiro, alcançado por meio de uma gestão

profissionalizada com maior poder de mercado e foco nas

diferentes combinações de risco e retorno que se pode obter a

partir da composição de um portfólio diversificado.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes - Investidores Institucionais

A crescente importância dos investidores institucionais traz

uma série de impactos sobre o funcionamento do mercado

financeiro, dentre os quais é possível destacar:

Reforço à tendência de securitização (aquisição direta de

obrigações dos tomadores finais)

Reforço à transformação de bancos comerciais em bancos

de investimento (diminuição da importância dos depósitos)

Maior volatilidade nas relações entre aplicadores e

tomadores

Estimulo ao desenvolvimento de mercados secundários

(tamanho e composição da carteira) e de derivativos

(possibilidade de hedge) contra risco de liquidez.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes - Bancos Universais

As mudanças no mercado financeiro, seja por conta das

inovações (securitização e derivativos) ou pela pressão da

globalização financeira, impõe-se a necessidade de diversificação

por parte dos bancos para se manterem competitivos.

O desenvolvimento interno da capacidade para realizar as

operações de um banco de investimentos encontra uma série de

dificuldades associadas ao tempo e escala necessários para

desenvolver práticas adequadas para penetrar no mercado

dominado por grandes bancos norte-americano e estabelecer

“uma cadeia de contatos suficientemente ampla para permitir o

planejamento e a correta precificação das colocações de papéis”.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Principais inovações recentes - Bancos Universais

A premência de combinar atividades de bancos comerciais e de

investimento com escala e eficiência fez com que muitos bancos

optassem pela aquisição de outros bancos de investimento, o que

levou ao processo de concentração no setor.

Por outro lado, a aquisição de outros bancos de investimento

também esbarrou em dificuldades, por conta do “choque cultural”

relacionado à relação com risco, concepção de sucesso, relação com

cliente, remuneração dos funcionários e procedimentos, que

resultam em ganhos maiores e mais voláteis por parte dos bancos de

investimento.

O fracasso da estratégia de fusões e aquisições não só pelo choque

cultural, mas também pela dificuldade de gestão dos grandes

conglomerados e manutenção da segmentação de mercado por

parte dos clientes (que anulavam as economias de escopo).21

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• Principais inovações recentes - Desregulamentação e

Liberalização Financeira

O setor financeiro foi o setor no qual a globalização,

compreendida como a “equalização das condições de operação”

ou “redução das diferenças de natureza legal e institucional” mais

avançou.

Este processo de globalização foi impulsionado pelos avanços

tecnológicos, que permitiram a operação além das fronteiras

nacionais.

A desregulamentação, que reflete a busca por menor intervenção

estatal na economia, permitindo maior assunção de risco pelas

IFs, e por maior integração dos fluxos de bens, serviços e capitais

internacionais, está alinhada ao processo de globalização e é

influenciada pelos avanços tecnológicos.22

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• Principais inovações recentes - Desregulamentação e

Liberalização Financeira

Foi eliminado um grande número de restrições à atividade financeira

doméstica nos países mais avançados, assim como foram

substancialmente liberalizadas a circulação internacional de capitais

e a possibilidade de operação doméstica de instituições financeiras

estrangeiras.

A desregulação tem permitido também que as instituições

financeiras desenhem de forma mais livre o mix de riscos que

desejam correr, os mercados que desejam explorar e os

procedimentos, inclusive de gerência de riscos, que desejam adotar.

Esta foi a visão dominante tanto nos círculos de supervisores

financeiros, quanto de banqueiros e, mesmo, de acadêmicos, até

pelo menos a eclosão da crise financeira. A crise, por outro lado,

levou ao questionamento de todos os desenvolvimentos.23

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Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), s.19.3.

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• Crise Financeira Internacional – condicionantes

Liberalização Financeira

O processo de liberalização financeira reduziu a barreira entreos diferentes segmentos do mercado financeiro nos EUA queexistiam com o objetivo de diminuir a pressão competitiva e aadoção de uma posição mais arriscada por parte dasinstituições financeiras.

A revolução conservadora que liderada por Ronald Regan eMargaret Thatcher promover a redução da intervenção doestado na economia e a redução das barreiras passou a servisto como elemento de dinamização do setor financeiro.

Como resultado, houve aumento da pressão competitiva, forteprocesso de conglomeração financeira e elevação da exposiçãoa risco das instituições.

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• Crise Financeira Internacional – condicionantes

Inflação e Taxa de Juros

Para controlar a elevada inflação vigente na década de 1970, ogoverno americano, por meio do Federal Reserve, sob a liderançade Paul Volcker, adotou uma política monetária restritiva comelevação acentuada da taxa de juros, causando desaceleração daeconomia e desemprego.

Com o controle da inflação, os Estados Unidos puderam baixarnovamente a taxa de juros, mantida próxima a zero a maior partedo tempo, o que contribuiu para sustentar o investimento econsumo, mas comprometeu o retorno do setor financeira, queenfrentava forte pressão competitiva e passou a buscar “novasfronteiras de aplicação financeira”, mesmo que implicassemaiores riscos, em contexto de confiança na capacidade de auto-organização e autocorreção do mercado.

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• Crise Financeira Internacional – condicionantes

Globalização Financeira, Desequilíbrios de balanço de pagamentose movimentos internacionais de capitais

Globalização financeira envolve não só aplicação no mercadodoméstico de diversos países, mas também a integração destesmercados, que se tornam cada vez menos “domésticos” e cada vezmais “internacionais”, abrindo novas oportunidades às instituiçõesque buscavam ampliar seu retorno, mesmo que às custas de maiorrisco.

“A globalização financeira, portanto, aumentou o grau de interconexãoentre instituições e mercados financeiros de diferentes países.” Poroutro lado, esta “interconexão” facilita o “contágio de problemas deum país para outros”.

Os movimentos de capitais tornaram as taxas de câmbio mais voláteisnos países que trabalham com regime de câmbio flutuante,aumentando o uso de derivativos com o objetivo de proteção.

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• Crise Financeira Internacional – condicionantes

Inovações financeiras e o mercado das hipotecas subprime

“Inovações financeiras criam novos canais de acesso a recursos, masé preciso também encontrar os clientes, tomadores eemprestadores, interessados em utilizá-los em volume que justifiquea abertura de novos segmentos de mercado. O maior mercadofinanceiro do mundo, o de financiamento imobiliário americano,poderia oferecer essa possibilidade, mas era um mercado maduro,com práticas estabelecidas há muitos anos, com a demandapotencial praticamente já satisfeita”.

Os bancos originam a hipoteca e, devido a sua longa duração, sãovendidos a um banco de investimento por meio de securitização,que vai “empacotá-los” juntamente com outros contratossemelhantes sob a forma de uma Obrigação de Dívida Colateralizada(CDO) para ser vendido a investidores, como bancos, fundos depensão, fundos de hedge, etc.

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• Crise Financeira Internacional – condicionantes

Inovações financeiras e o mercado das hipotecas subprime

As instituições Fannie Mae e Freddie Mac tinham o objetivo de apoiar omercado secundário de hipoteca para dar liquidez a esses contratos,concedendo garantias relativas ao risco de crédito, desde que certasexigências fossem cumpridas, relativas, em geral, a renda e garantias.

As hipotecas fora do padrão estabelecido eram conhecidas comosubprime. Para ampliar o mercado subprime, as instituições criaram, dolado dos tomadores, contratos com termos reajustáveis, como as “taxasde atração” mais baixas que as taxas do mercado cobradas nosprimeiros anos do financiamento e redução do valor de entrada. Dolado dos investidores, as instituições trabalharam para “disfarçar” osriscos, com o uso, por exemplo, do “empacotamento”, divisão dostítulos em “tranches” diferenciadas por grau de risco e“ressecuritização”, que envolvia “empacotamentos” sucessivos depapéis lastreados em papéis lastreados em hipotecas com elevada taxade retorno associada ao elevado risco.

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• Crise Financeira Internacional – condicionantes

Inovações financeiras e o mercado das hipotecas subprime

A prosperidade econômica dos EUA em 1990 e 2000, as baixastaxas de juros e o estímulo ao investimento em residênciascriaram o ambiente propício para essas inovações se difundirem.Mas, para que os preços mantivessem trajetória de alta, erapreciso que a demanda continuasse crescendo, e a expansão dosfinanciamentos subprime, baseada na elevação do grau dealavancagem, sustentavam o crescimento da demanda. Estatrajetória viabilizava, inclusive, que os tomadores subprimerefinanciassem suas hipotecas sempre que as prestações fossemaumentar.

“Enquanto a bicicleta estiver em movimento, ela se manterá depé. Se algo a fizer parar, ela cairá para os lados”.

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• Crise Financeira Internacional

A crise financeira norte-americana

O início da crise pode ser atribuído aos reajustes das taxas de jurosprevistos nos contratos subprime, tornando os tomadoresinadimplentes, e/ou à queda nos preços das casas por saturação domercado.

A elevação dos casos de inadimplência levou à reavaliação dos CDOspelo mercado e pelas agências de rating, fortemente negativa egeneralizada pelo desconhecimento das hipotecas que efetivamenteserviam de lastro aos títulos. Houve grande aumento da venda de CDOspor parte de bancos com passivos de curto prazo e por parte dos fundosde investimento que voltam-se para aplicações mais seguras.

O temor acaba contaminando outros segmentos, como o mercado dehipoteca prime. A queda na liquidez gera dificuldades em outrossegmentos, como o mercado de commercial papers para financiamentode capital de giro.

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• Crise Financeira Internacional

A crise financeira norte-americana

Começou a surgir, então, o receio de uma deflação de débitos einsolvência generalizada e contagiando o setor produtivo e ademanda (principalmente aquela que depende de financiamento),levando o governo a adotar uma série de medidas entre 2007-2008.

“Os anos de desregulação financeira, patrocinada entusiasticamentepelo próprio governo, apresentavam agora a conta (...). A decisão denão supervisionar o mercado de derivativos, por exemplo, trouxepara o governo americano uma conta imensa, na forma doscompromissos, da ordem de bilhões e bilhões de dólares em CDSsvendidos pela AIG, então a maior seguradora do mundo, sem que aempresa tivesse constituído qualquer reserva para garantir que oscontratos vendidos seriam honrados”.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.22.3

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Crescimento do mercado imobiliário nos EUA

Entre 1997 e 2006, o mercado imobiliário norte americano

apresentou o mais longo período de valorização nas últimas 5

décadas, potencializados por:

- incorporação de novos tomadores de financiamento

imobiliário: crédito subprime – concedido a indivíduos sem

histórico de crédito ou com histórico de inadimplência e,

muitas vezes, sem renda, trabalho ou patrimônio (no

income, no job or assets – ninja)

- processo de securitização: venda dos créditos imobiliários

originais na forma de títulos securitizados, geralmente, a

investidores institucionais.

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Crescimento do mercado imobiliário nos EUA

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Crescimento do mercado imobiliário nos EUA

Os créditos subprime muitas vezes eram do tipo 2/28 ou 3/27,

que permitia o pagamento inicial de prestações e taxas de juros

fixas e relativamente baixas, para então iniciar um período de

reajuste das prestações e dos juros a partir das taxas de mercado.

Em contexto de queda da taxa de juros e alta dos preços dos

imóveis, devedores com dificuldades liquidavam suas hipotecas

iniciais e adquiriam novas, muitas vezes, em condições ainda mais

favoráveis.

Este ciclo torna-se insustentável conforme a taxa básica de juros

dos EUA sobe de 1% em maio de 2004 para 5,25% em junho de

2006, o que gera queda do preço dos imóveis, impossibilidade de

refinanciamento das hipotecas e causando ampliação da

inadimplência.34

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Crescimento do mercado imobiliário nos EUA

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Crescimento do mercado imobiliário nos EUA

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Engenharia financeira da crise

O crescimento do financiamento imobiliário neste período foi

fortemente dependente do processo de securitização dos

créditos subprime, em geral, por meio da composição de

fundos de hipoteca com classes diferenciadas, cuja avaliação

de risco (rating) era feita por empresas classificadoras como

Standard and Poor’s, Moody’s e Fitch.

Os créditos com melhor qualidade eram repassados

diretamente aos investidores finais, enquanto as quotas de

qualidade inferior eram novamente securitizadas, isto é, eram

combinadas com outros ativos para compor um novo fundo

(CDO), também estruturado em classes, que permitisse

melhorar o rating total dos ativos.37

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Engenharia financeira da crise

“Essa combinação de títulos, com naturezas distintas e riscos

diversos, permitiu que inúmeros papéis lastreados nas

hipotecas subprime fossem classificados como de baixo risco

ou, até mesmo, como investment grade pelas agências

internacionais de rating. O resultado final desse processo

gerava uma ampla disseminação do risco de crédito, o qual era

transferido das instituições financeiras originadoras para os

mais diversos tipos de investidores.” (p.142)

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Engenharia financeira da crise

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Engenharia financeira da crise

Para lidar com as quotas de pior classificação de risco (toxic

waste), os bancos criaram “empresas de investimento

estruturado” (SIV) com o propósito de emitir notas promissórias

(commercial papers) lastreadas em hipotecas, que normalmente

eram adquiridas como aplicação de caixa de empresas.

Como as notas promissórias são, em geral, de curta maturidade,

e as SIVs tinham ativos de longo prazo, era preciso gerenciar um

programa permanente de colocação e resgate das notas

promissórias no mercado.

Os bancos fundadores das SIVs estendiam linhas de crédito para

assegurar liquidez, viabilizando o elevado retorno dos ativos

tóxicos contra o baixo retorno das notas promissórias no passivo.40

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Engenharia financeira da crise

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Raízes da crise

A partir do quarto trimestre de 2005, seguindo a elevação da

taxa de juros pelo FED, inicia-se a queda da venda de imóveis

no mercado americano, com queda dos preços a partir de

2007, o que torna mais difícil a renegociação das hipotecas

subprime e aumenta as taxas de inadimplências.

Nos EUA, o mercado imobiliário conta com o mecanismo

chamado de “walk away”, que significa que se pode liquidar

um empréstimo entregando a propriedade do bem ao banco

financiador.

Com a queda do preço dos imóveis abaixo do valor das dívidas,

houve um grande incentivo ao uso deste mecanismo.

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Raízes da crise

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Raízes da crise

A inadimplência compromete as receitas das SIVs como

algumas tranches de fundos CDO, gerando corrida para resgate

de aplicações em fundos imobiliários e queda das aplicações

em notas promissórias (commercial papers) lastreados em

ativos imobiliários emitidos pelas SIVs, que eleva o custo de

captação destes fundos e SIVs.

As SIVs passaram a fazer uso das linhas de crédito com bancos,

tornando-os expostos ao risco de crédito imobiliário. Nesse

momento, o custo de captação dos próprios bancos começa a

aumentar no mercado interbancário.

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Sinais da crise

04/2007 – falência da New Century Financial Corporation,

segundo maior credor de hipotecas subprime dos EUA.

08/2007 – BNP-Paribas, maior banco francês, suspende resgate

de quotas de três grandes fundos imobiliários sob sua

administração.

Reação do FED: “(...) o efeito dos problemas no segmento

subprime sobre o mercado imobiliário como um todo será,

provavelmente, limitado e não esperamos consequências

significativas (...)”.

Venda de ativos de crédito hipotecário por parte dos

investidores institucionais.45

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

A crise

Perda de liquidez de vários instrumentos financeiros, corrida

contra alguns bancos e elevação da taxa de juros no

interbancário.

Em 2008, o FED e o Tesouro americano atuam no mercado

assegurando liquidez: o FED financia a compra do Bear Stearns

pelo JP Morgan Chase e o Tesouro socorre as agências Fannie

Mae e Freddie Mac, que representavam 40% do mercado de

hipotecas nos EUA, que acabaram estatizadas.

Em setembro de 2008, o governo americano nega respaldo

financeiro à compra do Lehman Brothers pelos bancos Barclays

e Bank of America e o Lehman Brothers vai à falência.

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

A crise

No dia seguinte à falência do Lehman Brothers, o governo

americano muda sua postura e acaba assumindo o controle da

maior companhia de seguros dos EUA (American Interegional

Group – AIG).

O mercado financeiro americano passa por um forte processo

de reestruturação, marcado por uma série de fusões e

aquisições.

O Tesouro americano comprou ativos imobiliários ilíquidos dos

bancos no valor de US$700 bilhões, para sanear o sistema

financeiro, combinado à baixa da taxa de juros, injeções de

liquidez no mercado de crédito e garantias dos depósitos

bancários.47

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

A crise

“Até meados de outubro de 2008, os prejuízos trazidos a

público decorrentes da crise do subprime alcançavam cerca de

US$ 660 bilhões. Apesar de afetar um grande número de

instituições, as perdas estão concentradas em alguns grandes

bancos internacionais. Basta observar que os cinco mais

afetados – Wachovia, Citigroup, Merril Lynch, Washington

Mutual e UBS – responderam por mais de US$ 310 bilhões do

total, ou seja, aproximadamente 50% do montante até aqui

anunciado.” (p.146)

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

A crise

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• Crise Financeira Internacional

A crise financeira internacional de 2009

A quebra do Lehman Brothers gerou uma inflexão não por ser um banco“grande demais para falir”, mas por ser “altamente conectado” e, talvezainda mais importante, pela surpresa que causou a decisão do governoamericano em meio a um contexto de ajuda a outras instituições,representando um endurecimento na “administração da crise pelogoverno”, o que provocou grande aumento da aversão a risco dosinvestidores e queda no preço dos ativos.

Como resultado, “apesar de todos os problemas causados para todo omundo pelo sistema financeiro norte-americano, era para lá queinevitavelmente convergiam todos os investidores em busca desegurança”, reduzindo a liquidez no mercado internacional, o que foiproblemático, principalmente para países que precisavam de recursospara financiamento via títulos públicos ou para manter o balanço depagamentos sob controle.

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Fonte: Carvalho, F.C. (2015), s.22.4

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• Crise Financeira Mundial – visão geral

Consequências da crise

“Com a redução da liquidez na economia, os impactos recessivos já setornaram consensuais entre as projeções dos analistas de mercado. Asúnicas incógnitas se resumem em saber o quão profunda será arecessão e quanto tempo ela durará. (...)

De qualquer modo, já há, pelo menos, duas lições importantes da crise.A primeira é que o arcabouço regulatório em uso e em discussão –Basiléia I e II, respectivamente – precisa ser repensado, particularmenteno que diz respeito à capacidade de auto-regulação do mercado. Osmecanismos de securitização dos créditos hipotecários por parte dasinstituições financeiras acabaram por gerar grandes níveis dealavancagem acompanhados de disseminação sistêmica de risco.Efetivamente, os instrumentos de regulação e supervisão disponíveisterão de ser inteiramente modificados.

A segunda é que haverá, certamente, maior intervenção do Estado naeconomia, especialmente no que tange ao funcionamento dosmercados e instituições financeiras.” (p.156-7)

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• Crise Financeira Internacional

Lições da Crise

1. Crises financeiras devastadoras continuam sendo umaameaça grave mesmo em economias avançadas. (...)Instituições financeiras continuam cometendo excessos egovernos mostraram-se basicamente despreparados paraadministrar a crise sem causar graves perdas às suaseconomias, em termos de bens e serviços não produzidos edesemprego.

2. Sistemas financeiros operando sem regulação ou apenas comautorregulação não são capazes de evitar crises financeirasmaciças.

3. Contágio e risco sistêmico são fenômenos de importânciacentral na discussão de estabilidade macroeconômica.

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Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), 22.5

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• Crise Financeira Internacional

Lições da Crise

4. A chave para impedir que turbulências financeiras se transformemnuma crise de grandes proporções reside em impedir (ou deter, senão for possível evitar) processos cumulativos como uma deflaçãode débitos. (...) Criar liquidez para impedir o agravamentoirreversível de uma crise nos mercados de ativos foi uma liçãoaprendida de forma relativamente rápida pelas autoridadesmonetárias dos países avançados nesta crise.

5. A política importa, ainda que muitas vezes, de forma perversa.Disputas políticas claramente reduziram a possibilidade de ogoverno americano se valer de políticas fiscais expansivas paraconter e reverter a crise.

6. Finalmente, a principal lição talvez seja mesmo a de que aestabilidade é desestabilizante, como afirmava Minsky.“estabilidade pode produzir confiança excessiva, o que produz assementes da instabilidade futura”.

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Texto extraído de Carvalho, F.C. (2015), 22.5