11. traga os brinquedos

362 Capítulo 11

Brincar com brinquedos é um desafio especial para crianças com dificuldades de

planejamento motor. Você pode ter notado, por exemplo, que seu filho não brinca

com seus brinquedos da forma costumeira. Em vez de encher a caçamba do seu

caminhãozinho com areia e “dirigi-lo” pelo tanque de areia, ele pode ficar subindo

e descendo a caçamba sem parar. Isso acontece por que é muito mais fácil repetir

muitas vezes uma ação simples do que usar o brinquedo de maneiras mais comple-

xas. As necessidades sensoriais do seu filho também podem influenciar sua maneira

de brincar. Em vez de mover seus caminhões de brinquedo pelo chão, pode enfilei-

rá-los, por que lhe dá prazer ficar olhando para o padrão formado.

Quando seu filho aprende como brincar com brinquedos, pode ser difícil para

ele incluir você na brincadeira. Provavelmente é difícil concentrar-se em você e no

brinquedo ao mesmo tempo. Para a brincadeira ser bem sucedida, seu filho precisa,

primeiro, aprender a brincar com você, depois com os brinquedos e finalmente com

você e os brinquedos.

Neste capítulo falaremos sobre o que você pode fazer para ajudar seu filho a apren-

der a brincar com brinquedos. Depois, trataremos de como pode usar os brinquedos

para incentivar seu filho a pensar e se comunicar de novas maneiras.

A maneira que seu filho brinca com brinquedos e como ele se comunica durante a

brincadeira dependem do seu estágio de comunicação. Você pode saber o que espe-

rar em cada estágio respondendo as duas questões a seguir:

1. Como seu filho brinca com brinquedos?

2. Como seu filho se comunica enquanto brinca com brinquedos?

Como seu filho brinca com brinquedos?

Não brinca com brinquedos

Especialmente no estágio de Interesses Próprios, seu

filho pode não brincar com nenhum brinquedo. Pode

estar mais interessado em explorar os brinquedos, mor-

dendo-os ou esfregando-os no próprio rosto.

Renata só se interessa pelo sabor e pela sensação

que os brinquedos provocam na sua boca.

Brincar não convencional

Seu filho pode não brincar com os brinquedos da ma-

neira que você esperava. Por exemplo, pode enfileirar seus

trenzinhos em vez de empurrá-los nos trilhos ou ficar batendo

seus bloquinhos em vez de construir uma torre. Brincar de maneira

incomum normalmente pode ser explicado pelas preferências sensoriais da criança – ela

pode gostar do padrão formado pelos seus trenzinhos ou dos sons que os bloquinhos

fazem quando são batidos. Esse tipo de brincadeira pode ocorrer em todos os estágios,

mas é mais freqüente nos estágios de Interesses Próprios e de Pedidos.

Em vez de mover seus

caminhões pelo chão,

Caio gosta de enfileirá-

los e ficar olhando.

Taís ainda não está pronta para brincar

com o piano e o pai ao mesmo tempo.

Conheça o “Estágio do Brincar” do seu filho

364 Capítulo 11 Traga os brinquedos! 365

Brincar funcional

Seu filho pode brincar com brinquedos da maneira “certa”.

Encaixar pecinhas no lugar certo, colocar areia com a

pá no balde ou completar um quebra cabeça são todos

exemplos de um brincar apropriado ou “funcional”.

O brincar funcional pode começar no estágio de Pe-

didos, em determinada atividade com um brinquedo, como

empurrar uma alavanca ou pegar objetos de um

recipiente. Perto do fim do estágio de Co-

municação Básica, seu filho pode aprender

como lidar de muitas outras maneiras com

vários brinquedos, mas pode ainda preferir

certos tipos de brinquedos, como quebra

cabeças e jogos de encaixe.

Brincar produtivo

No brincar produtivo, seu filho usa materiais para criar alguma coisa. Por exem-

plo, ele constrói uma torre com blocos ou usa tintas para fazer uma figura. Brincar

construtivo é diferente do brincar funcional, porque envolve planejar à frente e

trabalhar para atingir um objetivo. Uma criança no estágio de Comunicação Básica

ou de Parceria que é muito interessado em construir coisas pode trabalhar em fazer

alguma coisa com blocos ou Lego.

Brincar simbólico ou de faz-de-conta

No brincar simbólico, seu filho finge que faz ou é algo imaginário. Pode beber de uma

xícara vazia ou ficar de quatro e agir como um cachorrinho. Esse tipo de brincar está

ligado à linguagem, por que tanto palavras como faz-de-conta simbolizam ou substi-

tuem coisas reais. Algumas crianças desenvolvem o brincar de faz-de-conta por conta

própria; muitas outras podem ser ensinadas a fazer de conta. O brincar de faz-

de-conta ajuda seu filho a desenvolver imaginação, entender como os outros se

sentem, aprender a resolver problemas e praticar comunicação.

No estágio de Pedidos, seu filho pode desenvolver uma atividade de faz-

de-conta na qual ele é o personagem, usando objetos reais ou brinquedos que

pareçam de verdade. Vamos chamá-la de faz-de-conta simples. A criança

pode fazer de conta que bebe de uma xícara vazia ou segurar o

telefone de brinquedo no ouvido.

Sua filha pode começar a ser personagem

do seu próprio faz-de-conta.

No estágio de Comunicação Básica, seu filho pode brincar de faz-de-conta com

brinquedos ou com outras pessoas, copiando algo que viu você fazendo. Pode fingir

cozinhar em uma panela sobre um fogão de brinquedo ou dar de beber ao ursinho

com o seu copo. Para brincar dessa maneira, precisa usar objetos que parecem com

a coisa de verdade.

No estágio de Parceria, seu filho pode fazer uma seqüência curta de ações de faz-

de-conta, copiando experiências diárias ou cenas vistas na TV. Por exemplo, pode dar

comida para o ursinho com uma colher, dar-lhe algo para beber e depois colocá-lo

na cama. Ou, como Diogo, na figura abaixo, pode cozinhar uma sopa de mentirinha

e então arrumar a mesa para um jantar de faz-de-conta. No brincar de faz-de-conta,

um Parceiro pode usar objetos que parecem semelhantes, mas não exatamente iguais

às coisas que representam: por exemplo, uma bola vermelha para representar uma

maçã, ou pedaço de barbante para representar um espaguete.

No estágio final do brincar simbólico, seu filho inventa histórias imaginárias e

as dramatiza, algumas vezes fingindo que é outra pessoa. Esse tipo de brincadeira

é um desafio, pois depende da fala e da habilidade de planejar e executar muitas

ações de faz-de-conta.

César pode fazer quebra cabeças em tempos recordes.

Na escolinha, Diogo gosta de brincar no canto de

faz-de-conta. Finge que mexe a sopa no fogão, do

mesmo jeito que seus pais fazem em casa.

366 Capítulo 11

Jogos e brincadeiras com regras

Crianças nos estágios de Comunicação Básica e de Parceria podem começar a participar

de brincadeiras com regras, como Esconde-esconde, assim como em jogos de tabulei-

ro. Esses jogos e brincadeiras exigem que os jogadores se alternem e façam ou digam

diversas coisas para prosseguir jogando. Ao contrário da maioria delas, as brincadeiras

com regras não podem ser mudadas de improviso enquanto acontecem, pois devem ser

brincadas sempre do mesmo jeito. Por isso, muitas crianças com TEA gostam de brin-

cadeiras com regras. Depois de terem aprendido como brincar, sabem exatamente o que

fazer todas as vezes que brincarem.

Como seu filho se comunica enquanto brinca?Quase sem comunicação

Nos estágios de Interesses Próprios

e de Pedidos, seu filho está apenas

aprendendo como brincar com brin-

quedos e como enviar mensagens di-

retamente a você. Mas ele deve percor-

rer um longo caminho antes que possa

fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Mesmo que seu filho ainda não se comu-

nique intencionalmente, pode fazer alguma

coisa, como tentar alcançar ou empurrar sua

mão para longe de um brinquedo, o que você pode interpretar como comunicação.

Comunicação não-verbal

No início, seu filho se comunica apenas para conseguir o que deseja. Por exemplo,

se você estiver segurando uma peça do quebra-cabeça que ele quer, pode puxar

sua mão para pedir que lhe dê a peça. Pedidos não verbais começam no estágio de

Pedidos e continuam no estágio de Comunicação Básica.

Comunicação Verbal

Comunicação verbal durante a brincadeira com brinquedos pode começar quando seu

filho for um Comunicador Básico ou Parceiro. Inicialmente seu filho pode se comu-

nicar com uma única palavra para pedir brinquedos ou pedir que você o ajude. Mais

tarde, pode conseguir responder perguntas simples, como “Qual é o nome do brinque-

do?” Depois, pode fazer comentários, responder perguntas e mostrar quando não quer

brincar. Algumas crianças se comunicam verbalmente por conta própria, mas outras

precisam que lhes ensinem roteiros do que falar durante brincadeiras.

Os tipos de brinquedo que você oferece dependem dos interesses do seu filho e o que

quer que ele aprenda. Brinquedos difíceis de operar, como caixinhas de música e ou-

tros Brinquedos com Gente (veja o Capítulo 2, páginas 71-73), conduzem de maneira

bem natural à interação e à comunicação, enquanto outros, como os quebra cabeças,

as brincadeiras com regras e os jogos de computador, desenvolvem habilidades dife-

rentes e precisam de mais adaptações para se tornarem brincadeiras interativas.

Tipos de brinquedosOs brinquedos descritos a seguir são úteis para crianças

em todos os estágios de comunicação.

Brinquedos de causa e efeito

Os brinquedos mais fáceis para seu filho usar

são os de causa e efeito. Esses brinquedos

exigem que seu filho aperte um botão ou

puxe uma alavanca para produzir um som

ou fazer um bonequinho aparecer. Alguns

exemplos são as imitações de volantes e

painéis de carro, telefones de brinquedo,

painéis de atividades com partes para girar

ou produzir sons e as caixinhas de surpresa.

Muitas coisas podem ser usadas como brinquedos

de causa e efeito – lanternas, toca-fitas e CDs, compu-

tadores, interruptores de luz e mesmo o aparelho de DVD!

Brinquedos visuais espaciais

Os brinquedos visuais espaciais têm um desenho fácil

para a criança entender. Quebra-cabeças, copos de

empilhar, anéis de encaixar e recipientes com di-

ferentes formas para encaixar são brinquedos

que seu filho pode entender apenas olhando.

Através de ações e linguagem corporal,

Guilherme mostra que é difícil concentrar-

se no pai e no trenzinho ao mesmo tempo.

Escolha os brinquedos certos


Brinquedos de montar

Lego, blocos de construção, brinquedos de conectar peças,

como contas que se enfiam em um cordão atraem o

aprendiz mão na massa. Não se esqueça de manter

as embalagens desses brinquedos para as crianças

que gostam de tirar e colocar coisas de volta.

Brinquedos de trocar

Uma das primeiras maneiras pelas quais seu filho

aprende a incluir você nas brincadeiras é dando-lhe um objeto e depois pegando de

volta. Isto é chamado de troca. Objetos pequenos de mão, como bolas pequenas, sa-

quinhos, brinquedos pequenos de plástico e balões cheios fazem bons brinquedos de

troca que você e seu filho podem passar um para o outro. Quando seu filho estiver

preparado, você pode transformar o intercâmbio em um jogo de troca de passes.

Brinquedos com Gente

Brinquedos que são fáceis de operar são os melhores para

usar quando estiver ensinando a criança a brincar. No

entanto, quando seu objetivo for armar o cenário para

interação, você precisa criar um problema que seu

filho não consiga resolver sem a sua ajuda.

Brinquedos com Gente, como brinquedos de

corda, caixas de música, bolinhas de sabão, balões,

brinquedos de apertar, piões são muito gostosos de

olhar, mas difíceis de fazer funcionar. Seu filho terá de

pedir sua ajuda para fazê-los funcionar. Você pode criar

seu próprio Brinquedo com Gente, colocando alguma

coisa que seu filho gosta em um recipiente transpa-

rente e com uma tampa difícil de abrir, ou sim-

plesmente, abrir e fechar a torneira de água. (O

Capítulo 2, páginas 71-73, tem uma lista de

Brinquedos com Gente).

Brinquedos sensoriais e de criatividade

Areia, água, bolas de algodão e mesmo uma bacia cheia de

arroz, macarrão, feijão ou lentilha crus podem fascinar seu

filho. Se ele gosta de sentir pressão nas mãos, pode gostar de

espirrar cola de um frasco ou de manipular massinha. Um

jovem artista pode gostar de riscar um papel com

giz de cera. Os melhores brinquedos podem estar

dentro dos seus armários de cozinha!

Brinquedos de faz-de-conta

Os melhores brinquedos para começar a

brincar de faz–de-conta normalmente

são aqueles parecidos com objetos re-

ais: telefones de brinquedo (um para

seu filho e um para você), carrinhos,

trenzinhos e caminhõezinhos de

brinquedo; bonecas, escovas de bo-

necas, roupas de bonecas, caixa re-

gistradora de brinquedo com grandes

moedas coloridas, uma casinha com

objetos de brinquedo que pareçam reais

(fogãozinho, geladeira), vasilhas e louças

de brinquedo, comidinha de brinquedo e algu-

mas roupas (por exemplo um avental, uma gravata do papai, sapatos e bolsas da

mamãe). Os fantoches fascinam as crianças de todos os estágios.

Brinquedos grandes de parquinho

Escorregadores, balanços, cadei-

ras de balanço, brinquedões,

camas elásticas, cavalinhos

de brinquedo, bicicletas e

carriolas proporcionam

movimento e um lugar

natural para interagir

com outras crianças.


Se o seu filho gosta de olhar figuras, pode gostar de algum tipo de jogo de associação.

Jogos com regras

Para Comunicadores Básicos e Parceiros você pode inventar suas próprias brinca-

deiras – por exemplo, esconder brinquedos ou jogar bolinhas em cestas – ou com-

prar jogos desenhados para crianças em idade pré-escolar. A maioria dos jogos de

tabuleiro exige que os participantes se alternem para jogar e os de trilha, que reque-

rem que se mova um peão pelo tabuleiro, fornecem dicas visuais de como jogar.

Cerejinha, cerejinha (Toyster, no Brasil)

Nesse jogo de contagem, seu filho pre-

enche o número de cerejas de plástico

indicado pela seta da roleta, na copa

de uma árvore. (Tenha cuidado – esse

jogo tem partes pequenas!).NT: Você pode fazer uma versão caseira desse jogo

desenhando uma árvore num tabuleiro com círcu-

los vazios onde irão as frutas na copa. Cada criança

tem um determinado número de “frutas” (fichas co-

loridas). A criança rola um dado grande e tem que

pôr na copa da árvore o mesmo número de frutas

do dado. Ganha quem acabar suas fichas primeiro.

Bingo

Você pode fazer um jogo de Bingo para

seu filho colando figuras de pessoas ou

de objetos conhecidos sobre quadrados

de cartolina e então jogar “bingo” combi-

nando essas “cartas” com figuras de car-

telas com três figuras cada uma. Seu filho

tira as cartas com a figura de um saqui-

nho e as combina com as da sua cartela.

Bingo da fazenda

Jogo baseado no bingo tradicional,

onde seu filho combina figuras de

animais da fazenda com as mesmas

figuras na sua cartela de bingo. (Veja a

figura à pág. 370).

Memória

Esse tipo de jogo você mesmo pode fa-

zer. Cole duas figuras idênticas de pesso-

as, objetos, letras ou números sobre um

par de cartões. Comece com três pares de

cada figura. Coloque-os de cara para bai-

xo, misture-os e tente achar o par.

Quebra-cabeça de trenzinho

Nesse jogo, seu filho gira uma roleta

e então procura o número da peça de

quebra cabeça com o mesmo número

tirado na roleta. Depois, coloca a peça

no lugar indicado do quebra cabeça em

forma de trem. NT: Você pode numerar as peças de um quebra-ca-

beça de um a seis e rolar um dado com os numerais.

A criança encaixa a peça cujo número correspon-

dente é tirado no dado. A UNICEF (www.unicef.org.

br) lançou em 2006 um quebra-cabeça cujas peças

são vagões numerados de um trem com animais.

Boggle Jr Letters (Grow/ Hasbro, no Brasil)

Seu filho recebe um cartão com uma fi-

gura e uma palavra. Sua missão é pro-

curar, nas letras de plástico, as mesmas

letras da palavra no cartão.

Monte um sanduíche

O objetivo do jogo é criar um sanduíche

coletando todas as partes do sanduíche

(feitas de papel cartão). Uma roleta diz

qual parte do sanduíche pegar. NT: também pode ser feita uma versão caseira de

um sanduíche de presunto e queijo, usando rodelas

de papelão e um dado, por exemplo. Há um brin-

quedo da Estrela com peças de plástico para mon-

tar: Hamburgão do Bob Esponja.

Sesame Street Gigantik (Canada Games)

Esse jogo tem um tapete plástico de

chão. Os jogadores copiam as ações dos

personagens da Vila Sésamo desenha-

dos no tapete. NT: Havia um jogo brasileiro chamado Memomími-

ca (Grow), com uma seqüência de cartões com per-

sonagens Disney fazendo gestos a serem imitados)

Alguns jogos que recomendamos - você pode comprar ou fazer:

Ao compartilhar brinquedos com seu filho, use as recomendações R.O.D.A. para

criar rotinas repetitivas e estruturadas, nas quais ele saiba quais participações terá

e quando será sua vez.

Repita o que você diz e faz no começo, meio e fim da brincadeira.Mostre o brinquedo ou sua embalagem e diga o nome do jogo da mesma

maneira toda vez que jogarem. Mesmo que seu filho inicie a brincadeira, tente no-

mear a brincadeira constantemente, dizendo algo como “Lego” ou “Montar quebra

cabeça”.

Ofereça oportunidades para que seu filho participePlaneje quando vai oferecer uma oportunidade para seu filho participar divi-

dindo a brincadeira em partes. Deve haver alguma coisa que ele possa dizer e fazer

no começo, durante e no fim do jogo. O número e tipos de participações vão variar

de acordo com o estágio de comunicação da criança, se está aprendendo a brinca-

deira ou trabalhando nas suas metas de comunicação.

Dê dicas para ajudar seu filho a participarUse as dicas que seu filho precisar (explícitas e naturais), diminuindo-as e

retirando-as o mais rápido que puder. Quando estiver ensinando seu filho a brincar

com brinquedos, a dica mais usada será a ajuda física.

Animado! Acontecendo! Mantenha a Animação! Mantenha Acontecendo!Se você brinca como uma criança faria, sendo viva e animada, é mais pro-

vável que seu filho vá brincar da mesma maneira. A motivação para se envolver na

brincadeira determinará o quanto ele vai aprender.

Nesta seção, trataremos do que você pode esperar e o que pode fazer com seu filho

em cada estágio de comunicação. Mas talvez seja interessante ler sobre os outros

estágios também, já que o “estágio do brincar” do seu filho pode não corresponder

exatamente ao seu estágio de comunicação. Por exemplo, uma criança no estágio

de Parceria que se comunica durante Brincadeiras com Gente pode não se comu-

nicar quando brinca com brinquedos (nesse caso você deve ler sobre o estágio do

Brincar do Comunicador Básico). Cada estágio requer que você faça coisas um pou-

co diferentes. Vamos discutir as adaptações.

Brincando com a criança no estágio de Interesses Próprios

O que você pode esperar

Não brinca com brinquedos

No estágio de Interesses Próprios, seu filho brinca com você em

Brincadeiras com Gente que o motivem, mas não brinca

com nenhum brinquedo. Ele explora os brinquedos

colocando-os na boca ou de outras maneiras – jo-

gando-os no chão, por exemplo.

Sem comunicação intencional

Se você tenta interessar seu filho em um

brinquedo, ele provavelmente vai empurrar

sua mão ou tentar pegar o que deseja.

Neste estágio, você pode esperar que seu

filho aprenda a:

brincar com brinquedos simples

incluir você de vez em quando na sua

brincadeira com brinquedos

enviar mensagens diretamente a você

entender algumas das suas instruções

Renata só se interessa pelo sabor e pela

textura dos brinquedos na sua boca.

Entre na R.O.D.A. ao brincar Brincando juntos em todos os estágios



• Brinquedos de causa e efeito

Procure brinquedos de causa e efeito que requeiram ações simples, como apertar

um botão ou empurrar uma alavanca para produzir um som. Leve em consideração

a força e a coordenação motora do seu filho quando for escolher os brinquedos.

• Brinquedos visuais espaciais

Use brinquedos muito simples, com poucas pe-

ças. Em lojas de brinquedos educativos você

pode comprar quebra cabeças de madeira com

lugares para encaixar uma ou duas peças de

madeira com formato de letras do alfabeto, nú-

meros ou animais.Comece com os brinquedos que seu

filho achar mais fáceis de brincar.

• Brinquedos de construção

Seu filho não está pronto para construir torres, mas pode gostar de derrubá-las!

Pode também gostar de tirar ou separar peças de um brinquedo – tirar contas de

um cordão ou separar peças de Lego, por exemplo.

• Brinquedos de troca

Use bolas grandes, macias e fáceis de pegar, como bolas de borracha e de espuma.

Qualquer brinquedo que caiba na mão do seu filho, como saquinhos com feijão ou

areia, pequenos objetos de plástico (não tão pequenos para a

criança engolir!) podem ser usados para entregar

e pegar de volta.

• Brinquedos com Gente

Caixinhas de música, bolinhas de sa-

bão, bexigas, brinquedos com bom-

binhas de ar, brinquedos de corda

grandes, caixinhas de surpresa, pi-

ões e cata-ventos podem interessar

seu filho. Neste estágio, algumas

crianças ficam muito motivadas por

recipientes transparentes com objetos

tentadores dentro. Você precisa expe-

rimentar para descobrir quais brinque-

dos manterão seu filho “querendo mais”.

• Brinquedos sensoriais e de criatividade

No estágio de Interesses Próprios, seu filho provavelmente gos-

tará mais de brinquedos sensoriais do que dos de criatividade.

Encha uma vasilha grande com arroz, grão de bico ou lentilhas e

coloque algumas pás (uma para o seu filho e uma para você) e al-

gumas vasilhas menores de plástico. Forneça uma bacia de água

cheia de espuma de sabão, areia, bolas de algodão ou massinha.

Seu filho pode ainda não estar pronto para colar figuras num papel,

mas pode gostar de apertar o frasco de cola.

• Brinquedos de faz-de-conta

Há poucas brincadeiras desse tipo nesse estágio, mas você pode apresentá-las ao

seu filho com fantoches, bichos de pelúcia, bonecas, telefones, trens e caminhões.

• Brinquedos de parquinho

Escorregadores, balanços, brinquedões, camas elás-

ticas, gangorras e carrinhos de mão criam oportu-

nidades para estar perto de outras crianças, mesmo

que seu filho não esteja pronto para brincar com

elas. Balanços e gangorras também são ideais para

criar oportunidades para pedir “mais”.

Participe da brincadeira

É difícil participar se o seu filho não estiver interessado em brincar com brinquedos.

Neste estágio, compartilhar significa mostrar para ele a alegria de brincar, ajudando-

o a usar os brinquedos da maneira correta, e criando interações divertidas mesmo

quando a maneira que ele brinca com os brinquedos não seja a que você esperava.

Ajude o seu filho a aprender como brincar em brinquedos simples

Seu objetivo é ensinar seu filho a fazer alguma coisa em um brinquedo simples.

Ensine-o a brincar com o brinquedo fazendo o papel de Ajudante/Professor. No co-

meço, dê ajuda física ao seu filho guiando sua mão para apertar o botão, empurrar

a alavanca, pegar a areia com a pá, ou tirar uma conta de um cordão. Enquanto ele

estiver fazendo, descreva a ação com uma palavra – por exemplo, “Aperta”, “Para

cima”! Insista gentilmente que ele complete a ação. Então se torne um Animador

e mostre animação pelo que ele conseguiu fazer. Assim que seu filho entender que

pode fazer o brinquedo funcionar, pode querer fazer de novo. Pare de dar ajuda físi-

ca quando ele conseguir fazer funcionar o brinquedo por conta própria. Se ele tiver

dificuldade em começar, toque ou levante um pouco seu cotovelo ou sua mão.Todo mundo gosta de bolinhas de sabão!


Ajude seu filho a brincar com você e um brinquedo ao

mesmo tempo usando brinquedos de Troca.

Passar objetos de um para o outro é uma maneira divertida de ajudar seu filho a

incluir você na brincadeira antes que ele possa brincar de trocarpasses. Você fará

todos os “passar” e “pegar de volta” até que seu filho aprenda o que fazer.

Uma brincadeira de passar bolas para uma criança no estágio de Interesses

Próprios é muito simples e pareceria com o que descrevemos abaixo:

Ajude seu filho a enviar mensagens diretamente

a você usando Brinquedos com Gente

Uma criança no estágio de Interesses Próprios com

freqüência responde bem a bolinhas de sabão e

balões. Se você der uma pausa depois de fazer

algumas bolinhas de sabão, ela pode fazer seus

primeiros pedidos de “mais”, tentando alcançar

sua mão ou chegando mais perto. Esta é uma boa

oportunidade para ensiná-lo o sinal de “mais” (ver

no Capítulo 6, página 203) ou ensinar Troca de Ob-

jetos – faça com que seu filho lhe entregue a haste de

fazer bolinhas de sabão para pedir mais.

Renata pede à mãe para abrir o pote onde

está o brinquedinho que quer pegar.

Brinquedos grandes com movimento, como balanços e carrinhos de mão podem ser

facilmente transformados em Brinquedos com Gente. Por exemplo, se o seu filho gosta

de balanço, empurre-o algumas vezes. Depois pare o balanço e espere, dizendo: “Empur-

ra?” ou “Mais?”. Tente empurrar seu filho pela frente, assim vocês podem se ver.

Essa mãe transforma o balanço em um Brinquedo com Gente parando

o balanço – assim, sua filhinha tem oportunidade de pedir ”mais”.

Passes de bola

O QUE VOCÊ FAZ O QUE VOCÊ DIZ PARTICIPAÇÃO

DO SEU FILHO

Sente-se frente a frente com seu

filho. Segure a bola de maneira

que seu filho possa ver

e demonstre muita animação

Renata! Bola! Ela pode olhar para a bola

Ponha a bola na mão

do seu filho.

Bola! Bola da (pausa)

Renata!.Ela pode pegar a bola.

Pegue delicadamente

a bola de volta.Bola da (pausa) Mamãe! Ela pode olhar para a bola.

Ponha a bola na mão

do seu filho.Bola da (pausa) Renata! Ela pode pegar a bola.

Dê a dica para seu filho devolver

a bola abrindo sua mão.Bola da (pausa) Mamãe!

Ela pode pôr a bola

na sua mão.

A mãe de Renata terá que repetir muitas vezes

os dois primeiros passos do jogo de “passar a

bola” antes que a filha possa passar e pegar de

volta a bola por conta própria.

Ao brincar dessa maneira com seu filho,

vá ficando cada vez um pouco mais longe.

Ele pode começar a jogar a bola, mas não

necessariamente para você. Trate o que fi-

zer como se quisesse jogar a bola para você,

pegando-a onde ela for e dizendo “Bola da

mamãe”, e passando de volta para seu filho.

Já estão a caminho de trocar passes de verdade,

jogando a bola de um para o outro.

Passar e receber a bola é o primeiro passo de

Renata em direção a brincar ao mesmo tempo

com a mãe e com um brinquedo.


Quando seu filho estiver fazendo pedidos ao brincar com Brinquedos com Gente, crie

uma rotina estruturada e previsível que pareça semelhante à que mostramos a seguir.

Deixe-se conduzir pelo seu filho usando os Quatro “I”s para estimular interação

Inclua os interesses do seu filho

Seu filho pode achar os itens sensoriais, como água com sabão ou macarrão cru, as coi-

sas mais fáceis de brincar. Experimente observar quais coisas ele prefere e então deixe

que conduza a situação. Por exemplo, se ele bate as mãos na água e gosta de deixar a

areia escorrer pelos seus dedos, participe do que ele está fazendo. Mantenha o que você

disser simples. Diga alguma coisa como “Oba” ou “Espirra” cada vez que as mãos da

criança baterem na água ou deixar a areia passar entre seus dedos. Assim que a rotina

estiver estabelecida, não diga nada. Isso pode conseguir a atenção do seu filho!

Interprete algumas das ações do seu filho como se fossem mensagens dirigidas

intencionalmente a você

Mesmo que seu filho ainda não saiba como brincar com brinquedos, pode estar

interessado em examiná-los. Trate qualquer tentativa de pegar os brinquedos como

se ele tivesse mandado uma mensagem diretamente a você. Pegue o brinquedo e

entregue a ele, dizendo algo como “Olha o bloco” ou “Bloco da Renata”.

Imite o que seu filho faz com os brinquedos para conseguir sua atenção e para

prolongar a interação.

Se o seu filho bate os bloquinhos na mesa ou tira um brinquedo de uma caixa, você deve

fazer exatamente a mesma coisa. Copie as ações do seu filho até que ele perceba como

está influenciando você. Ele pode decidir fazer alguma outra coisa para você imitar. Logo

você vai ter um brinquedo de “Siga o líder” em andamento! Continue a imitá-lo e então

adicione algo novo, como outra ação ou som. Espere e olhe como quem espera, dando a

dica para que ele copie a nova ação e para manter a brincadeira andando.

Intrometa-se quando necessário

Uma das maneiras de interessar seu filho em brincar com brinquedos é ser o iniciador,

apresentando-o aos brinquedos quando ele não estiver demonstrando nenhum interesse

em particular e persistindo mesmo quando ele der as costas. Brinquedos de faz-de-conta,

como fantoches, animais de pelúcia, bonecas, telefones, trens e caminhões de brinquedo

podem ser usados para envolver seu filho. Por exemplo, um fantoche pode dar uma mor-

didinha no biscoito do seu filho ou você pode dirigir um caminhãozinho pela perna do

seu filho dizendo “Vrum! Vrum!”

Faça o inesperado

Assim que uma rotina estiver estabelecida, dê ao seu filho a oportunidade de enviar

uma mensagem diretamente a você, surpreendendo-o com o inesperado. Por exem-

Rotina de Brincar com Balão

O QUE VOCÊ FAZ O QUE VOCÊ DIZ PARTICIPAÇÃO DO SEU FILHO

Mostre o balão ao seu filho Balão! Pode prestar atenção.

Comece a soprar/encher o balão Sopra/Enche. Pode assistir.

Pare de soprar e esperePode se mover, fazer um som

ou olhar para o balão.

Ponha o balão na boca

ouSopra? / Enche?

Pode empurrar sua mão ou

imitar o sopro.

Dê ao seu filho o balão murcho/vazio.

Então ofereça sua mão, aberta.Sopra? / Enche?

Pode pôr o balão vazio na sua

mão.

Você pode ter que repetir

essa rotina muitas vezes

antes de seu filho empurrar

sua mão, entregar-lhe o ba-

lão ou pedir para enchê-lo

imitando os movimentos de

soprar com a própria boca.

A mãe sopra o balão aos pouquinhos, assim

Antonio pode pedir para encher mais.


plo, se ele está acostumado a brincar com água pura durante a rotina da brincadeira

com água, na próxima vez adicione corante alimentar ou alguns brinquedos ou

objetos à vasilha. Você pode até trocar a água por outra substância. Quando surpre-

ende seu filho, ele pode devolver a surpresa, olhando para você ou demonstrando

a própria animação.

Uma palavra sobre brinquedos e preferências sensoriais

Seu filho pode ficar apegado a um brinquedo ou objeto, carregando-o para todo

lado e ficando aborrecido quando não conseguir encontrá-lo. Provavelmente há uma

explicação sensorial para esse tipo de comportamento. Por exemplo, apertar o brin-

quedo na mão pode fazê-lo sentir-se mais calmo ou mais seguro. Se, por outro lado,

as necessidades sensoriais do seu filho interferem com o seu brincar ou tornam a inte-

ração difícil, você precisa achar outras maneiras de satisfazê-las. Primeiro, você pode

tentar transformar esse comportamento numa brincadeira, tirando delicadamente o

brinquedo de forma divertida ou escondendo-o no bolso do seu filho ou no seu. As-

sim que ele achar o brinquedo, devolva-lhe e comece a brincadeira de novo. Você

também pode se assegurar, durante todo o dia, que seu filho tenha com freqüência

as sensações que necessita, proporcionando-lhe apertos de mãos ou brincando como

brinquedos apropriados como bolinhas para stress ou tambores que possa bater.

Brincando com a criança no Estágio de Pedidos


Brincar funcional

Se filho pode usar um ou dois brinquedos de forma apropriada, usualmente do tipo

causa-efeito ou visuais espaciais, desempenhando uma ou duas atividades das pro-

porcionadas por esses brinquedos.


Apesar de seu filho estar aprendendo a brincar de maneira apropriada com um ou

dois brinquedos, provavelmente brinca de maneira não convencional, também. Isso

pode ser explicado pelas suas preferências sensoriais.

Brincar de faz-de-conta simples (usando a si mesmo como personagem)

Seu filho pode levar um telefone à orelha ou fingir uma outra ação simples por

conta própria.

Pedidos não-verbais

Seu filho se comunica lhe entregando um brinquedo difícil de lidar ou puxando

suas mãos para pedir-lhe ajuda. Ainda prefere, no entanto, brincar sozinho com

brinquedos e demonstra isso empurrando sua mão do brinquedo.

Nesse estágio você pode esperar que seu filho

aprenda a:

• brincar com uma série de brinquedos

e desempenhar várias ações que

esses brinquedos oferecem

• imitar uma ou duas ações de

faz–de conta (por exemplo, le-

var o telefone à orelha, levar

uma xícara vazia à boca)

• tornar a brincadeira interativa

• pedir sua ajuda ou pedir para

continuar brincando com um

gesto, figura, som ou palavra

• responder a algumas coisas que

você diz (por exemplo; “Ponha o

bloco aqui.”)Transforme o amor do seu filho por batucar em

uma sessão de percussão, copiando o que ele faz.

Marco aprendeu

a fazer um som

que diz à mãe para

manter a água

correndo!



O “Pedidor” pode usar muitos dos mesmos brinquedos que uma

criança no estágio de Interesses Próprios, incluindo os

de causa e efeito, de construção, visuais espa-

ciais, de troca, Brinquedos com Gente, os de

faz-de-conta, como fantoches e brinquedos

grandes. Além disso, seu filho pode tam-

bém mostrar interesse em brinquedos de

faz-de-conta bem realistas, como fogões

e pias de brinquedo e carrinhos.


Quando seu filho brinca, a melhor coisa a

fazer é participar com entusiasmo. Vá para o

chão, fique cara a cara com seu filho e divirta-se! A ma-

neira pela qual você participa dependerá de quais são suas metas para seu filho e o

que ele faz com os brinquedos. Participar frequentemente começa com estar perto

da criança e imitar o que ela fizer com os brinquedos. Mas às vezes você vai parti-

cipar como Ajudante/Professor, mostrando para o seu filho como brincar.

Ajude seu filho a aprender como brincar com mais brinquedos

Continue a mostrar para o seu filho a lidar com novos brinquedos primeiro agindo

como Ajudante/Professor e depois sendo um Animador quando ele for bem sucedi-

do, o tempo todo insistindo delicadamente que ele brinque da maneira apropriada.

Use primeiro brinquedos de causa e efeito e visuais espaciais. Se o seu filho é um

aprendiz mão-na-massa, ele pode também usar Lego ou blocos de construir. Ensine

uma ou duas ações com um brinquedo, mostrando como brincar e dando ajuda

física até que ele possa lidar com o brinquedo por conta própria. Encontre, então,

um brinquedo novo com o qual ele possa praticar ações semelhantes – se vem

brincando com um quebra-cabeça de trenzinho, por exemplo, ofereça-lhe um novo

quebra-cabeça no mesmo nível de dificuldade, mas com peças diferentes.

Modele brincadeiras de faz-de-conta simples

Seu filho pode não ser capaz de fingir, mas você pode introduzir faz-de-conta

brincando você mesmo, primeiro sem brinquedos. Por exemplo, quando ele estiver

tomando um lanchinho, peça por um pedaço de biscoito e então finja comê-lo. Da

próxima vez, pegue um fantoche ou um bichinho de pelúcia e faça a mesma coisa.

Você pode também fazer com que os fantoches finjam beber do copo do seu filho,

brincar de Pega-pega ou comer seu nariz. Seja o personagem, não o contador da

história! Em vez de dizer “Esse gato tá com fome”, diga “Nariz gostoso!”, enquanto

o bichinho “morde” o nariz do seu filho.

A mamãe não é mais “Mamãe”. Agora

ela mudou de voz e virou gatinho.


Se o seu filho brinca com miniaturas de carros, trens, dinossauros ou gente, você tem

uma situação natural para começar a fazer de conta. Observe o que ele está fazendo

e então participe! Por exemplo, se ele está empurrando um carrinho pelo chão, pe-

gue outro carrinho e cause uma trombada, dizendo: “Oh, não! ou “Bateu!!”Se você

vir que ele está segurando uma miniatura de menino, pegue uma menininha e dê

um beijo no menino e, mudando sua voz para a de uma menininha, diga: “Gosto de

você”“. Não fique só descrevendo a brincadeira. Participe ativamente dela.

Ajude seu filho a fazer pedidos e responder às suas instruções

Se você está começando a fazer Troca de Objetos ou Figuras com seu filho, encontre

o brinquedo que o motive mais e ensine-o a trocar uma figura ou objeto para pedir

pelo brinquedo. Então, seguindo as recomendações R.O.D.A., transforme a brin-

cadeira em uma rotina estruturada, dividida em pequenos passos, nos quais haja

momento em que seu filho peça pelas coisas e siga instruções simples.

O exemplo a seguir mostra uma rotina de brincadeira com um estacionamento

de brinquedo para uma criança no estágio de Pedidos.

Rotina de Brincadeira com um estacionamento


Mostre o carro “(Nome do seu filho)!

Vamos brincar de

carrinho!”

Pode responder vindo até você.

Pode pegar o carrinho da sua mão.

Aponte para a o topo da

rampa.

“Ponha o carro aqui.” Pode pôr o carro na rampa

Dê dicas para seu filho fazer

o carrinho descer a rampa

dizendo: “Vai” (Quais outras

dicas usar vão depender do

quanto seu filho sabe manejar

o brinquedo.) Ele pode precisar

de ajuda física (segure sua mão

até o momento certo de soltar

o carrinho).

“Pronto, atenção – vai!”

Ou

“Um, dois, três e –Vai!”

Ou

“Desce” (aponte para

baixo enquanto o carro

desce pela rampa)

Pode fazer o carro descer pela

rampa.

Mais tarde, pode começar a

completar a frase “Pronto,

atenção...” com um som que

pareça “vai” ou usando a mesma

entonação que você.

Pegue o carro antes dele, de

forma que ele tenha que pedir

a você para devolvê-lo.

“Carrinho?” Pode olhar para você. Pode puxar

sua mão para pedir o carrinho. Mais

tarde, pode fazer emitir um som.

Ensine-lhe o sinal de “mais”.

Ou ensine Troca de Figuras

“Mais”ou “De novo” Pode fazer o sinal de “mais”.

Omar não acha muita graça

quando seu pai só descreve o

que está acontecendo.

Mas as coisas mudam

quando o pai participa

e faz-de-conta!

No começo, o pai precisa mostrar

para o Guilherme como brincar

com o estacionamento.


Quando você usa Brinquedos com Gente, é fácil transformar a brinca-

deira em uma rotina estruturada onde a criança tenha oportunidades

de fazer pedidos. A seguir, um exemplo de uma rotina de brincadeira

com água onde a torneira é usada como Brinquedo com Gente.

O mesmo modelo pode ser seguido para transformar a brincadeira com bolinhas de

sabão em uma rotina previsível. Você faz todo o trabalho no começo, para mostrar

como seu filho pode participar mais à frente.

Rotina de Brincadeira com um estacionamento


Abra a torneira “Venha, Rafael! Água!” Pode responder vindo até você ou

pode precisar de ajuda física para isso.

Ponha uma vasilha debaixo da

água ou feche o ralo da pia.

Água. Abriu!. Pode olhar.

Feche a torneira. Água. Fechou. Pode olhar.

Ponha sua mão sobre a

torneira. Espere e olhe como

quem espera.

“Mais?” Espere. Se o

seu filho mostrar que

quer mais água, diga

“Mais água.”

Pode pegar suas mãos

para pedir por mais água.

Repita “mais” ou “água”

quantas vezes for preciso

para que seu filho copie você

(decida que palavra você quer

que ele aprenda – “mais” ou

“água” e se mantenha nela)

Ou

Ensine o sinal de “mais” dando-

lhe ajuda mão sobre a mão.

Ou

Ensine Troca de Figuras

“Mais”

Pode começar a fazer um

som ou dizer uma palavra

quando pegar sua mão.

Pode fazer o sinal para

pedir por mais água.

Mude a rotina, assim que seu

filho participar:

Fingindo que a torneira está

quebrada.

Ou

Colocando sabão na água aos

pouquinhos.

Ou

Ajudando seu filho a lavar as

mãos.

“Opa, acabou

a água!”Pode olhar para você, emitir sons.

“Sabão”Pode pedir por mais sabão pegando

sua mão ou emitindo um som.

Cante: “Lava uma

mão, lava a outra.”

Pode começar a lavar as mãos

quando você começar a cantar.

Se o seu filho entendeu que se lhe der a

haste pode conseguir bolinhas de sabão,

tente deixar a haste onde ela seja fácil de

achar – sobre a mesa da cozinha ou no

bolso de um painel pendurado na parede.

E não se esqueça de transformar ba-

lanços e gangorras em Brinquedos Com

Gente também! Espere que seu filho faça

alguma coisa antes de continuar empur-

rando o balanço ou mexendo a gangorra.

Rotina de Brincadeira com bolinhas de sabão


Mostre a haste de fazer

bolinha de sabão ou o pote

com o líquido.

Ou

Estenda a mão pra que o seu

filho lhe dê a haste de fazer

bolinha de sabão ou figura

apropriada.

“Bolinhas! Vem! Bolinhas

de sabão!

Pode responder

vindo até a você.

Nada. Espere seu filho lhe

dar a haste ou a figura das

bolinhas de sabão e então

diga;”Bolinhas de sabão.”

Pode lhe entregar a haste

ou a figura das bolinhas.

Faça umas bolinhas. “Bolinhas de sabão.”

“Estourou”(enquanto seu

filho as estoura)

Pode estourar as bolinhas ou

observar enquanto você as

estoura.

Pare e segure a haste no ar.

Ou

Dê ao seu filho a haste e

ofereça a mão aberta.

Ou

Ensine o sinal de “mais” se

o seu filho não está pedindo

de outro jeito. Ou ensine

Troca de Figura.

“Bolinhas?” Pode puxar sua mão para pedir

por mais bolinhas. Mias tarde,

pode puxar sua mão e dizer algo

como “Bó”.

“Bolinhas” Pode pôr a haste de fazer

bolinhas na sua mão.

“Mais” ou “De novo” Pode fazer o sinal de “mais” por

conta própria.


Brinque de Brincadeiras de Troca para ajudar seu filho a estabelecer

atenção compartilhada

Algumas crianças no estágio de Pedidos são capazes de brincar de pegar bolas arre-

messadas para elas. Se o seu filho gosta de arremessar bola, certifique-se de pegar

a bola aonde ela chegar e aja como se ele tivesse jogado de propósito para você. Se

ele não estiver interessado em arremessar e pegar, tente a transferência mão para

mão de objetos como bolas, objetos macios ou massinhas. (A tabela na página 376

traz mais informações sobre esse jogo de troca). Você pode também rolar a bola de

um para o outro no chão em vez de jogá-la. Também pode ajudar se fizer as regras

do jogo claras visualmente, colocando dois pedaços de fita crepe ou outro tipo de

fita adesiva no chão, formando um caminho, para que seu filho saiba exatamente

onde rolar a bola.

Quando seu filho souber como dar e receber a bola, torne o jogo estruturado e

repetitivo usando as recomendações R.O.D.A. O quadro abaixo mostra uma brinca-

deira de arremessar e pegar a bola com uma criança no estágio de Pedidos.

Para ajudar seu filho a ter novas participações no “passes de bolas” você pode:

• Fazer uma bobeira criativa. Tente sentar-se sobre as mãos quando seu filho jogar

a bola. Ele pode olhar para você e tentar soltar suas mãos debaixo das pernas.

Se você modelar a frase “Me dá” ele pode, mais à frente, aprender a pedir “suas

mãos” usando essas palavras.. Evite, no entanto, sentar-se sobre as mãos toda vez

que for jogar, porque seu filho pode pensar que isso faz parte do jogo e querer

jogar assim da próxima vez.

• Fazer o inesperado. Mude o jogo fazendo umas surpresas para seu filho. Jogue

alguma coisa que não a bola de volta para ele – talvez uma almofada – ou jogue

para cima a bola que até então estava rolando.

• Oferecer ao seu filho uma escolha fácil de fazer antes de jogar. Por exemplo, se

ele gosta da brincadeira com bola e está na hora de dormir, aponte para a cama

e diga “Cama?” e então mostre a bola e diga “Bola?” (uma escolha muito fácil

mesmo!). Ele pode não dirigir a escolha feita para você, mas interprete seu olhar

e tentativa de pegar a bola como se ele estivesse dizendo o que escolheu.

Use os quatro “I” para promover a interação enquanto brincam

Inclua os interesses do seu filho e Imite

Brinquedos sensoriais, como areia e massinha e brinquedos de criatividade, como canetas

e tintas, atraem muitas crianças, mas elas nem sempre evoluem facilmente para a brin-

cadeira interativa. Tente fazer com que a brincadeira sensorial seja interativa imitando

o que seu filho faz quando espalha água ou rabisca no pa-

pel. Por exemplo, se ele faz alguns rabiscos com

o lápis de cera no papel, pegue um lápis

e faça os mesmos rabiscos bem perto

dele. Se conseguir sua atenção, pode

conseguir um jogo de imitação – e

também uma obra de arte para a

porta da geladeira! Se o seu filho

não souber copiar seus rabiscos,

ajude-o conduzindo sua mão.

A mãe imita cada círculo, linha

ou rabisco que Mário faz e ele

parece gostar da brincadeira.

Passes de bola


Mostre a bola “(O nome do seu filho)!

Vem! Bola!

Pode responder vindo até a você ou

pode precisar de ajuda física.

Role a bola para seu

filho

“Bola do Rafael.!”

Depois “Bola do ...” (espere

que ele levante as mãos

antes de devolver a bola)

Pode pegar a bola.

Pode levantar as mãos ou emitir um

som enquanto você espera antes de

rolar a bola de volta para ele.

Abra suas mãos para

pegar a bola e então

a tire da criança se ela

não entregar.

“Bola da (espere até que

ele devolva a bola ou você

pegar a bola antes de

dizer) mamãe”.

Pode lhe dar a bola. Então pode

estender as mãos ou fazer um som

para pedir que você role a bola

de volta para ele.


Intrometa-se e Interprete

Nesse estágio, seu filho frequentemente brinca com brinquedos de maneira repeti-

tiva e não convencional. Se você esperar até que ele aprenda a brincar de maneira

apropriada para começar a brincar em conjunto, perderá muitas oportunidades de

interação. Mas se intrometendo no seu brincar não convencional, pode começar um

jogo interativo. Veja o que acontece entre Caio e o pai. No começo, o pai tenta ini-

ciar uma brincadeira de faz- de-conta, mas Caio está interessado em outra coisa.

Brincando com a criança no estágio de Comunicação Básica


Brincar funcional

Seu filho sabe como brincar com brinquedos e provavelmente brinca melhor com

brinquedos de causa e efeito e visuais espaciais.

Brincar de Faz-de-conta

Nesse estágio, seu filho pode fazer alguns faz-de-conta iniciais com alguns poucos

brinquedos. Por exemplo, pode colocar o copo na boca da boneca ou fingir que está

mexendo em uma panela vazia.

Jogos com regras

Seu filho pode aprender alguns jogos muito simples com regras, como um bingo

simples ou memória.


O Brincar não convencional tende a desaparecer quando seu filho tornar-se mais

hábil em brincar com os brinquedos da maneira esperada. No entanto, seu filho

pode continuar a usar brinquedos de maneira não convencional por causa de suas

preferências sensoriais. Agora, ele pode usar o mesmo brinquedo tanto da maneira

apropriada quanto da não convencional. Por exemplo, pode empurrar o caminhão

pelo chão e também enfileirar seus caminhõezinhos.

Comunicação verbal e não verbal

É mais difícil para seu filho comunicar-se verbalmente enquanto brinca com brinquedos

que em outras situações. Por exemplo, apesar de poder ser capaz de dizer “mais”/de novo”

em uma Brincadeira com Gente, quando quiser alguma coisa durante uma brincadeira

com brinquedo, ele pode somente puxar sua mão para conseguir ajuda. Você precisa dar

oportunidades e dicas apropriadas para ajudá-lo a verbalizar o que deseja.

Nesse estágio, você pode esperar que seu filho aprenda a:

• comunicar-se por vários motivos durante a brincadeira com brinquedo: para fazer

pedidos, escolhas, respostas e comentários;

• transformar “ecos” em fala espontânea

• iniciar a brincadeira com brinquedo por conta própria

• expandir o seu brincar de faz-de-conta

• jogar jogos com regras

Caio fica mais interessado

no giro das rodas do que

na idéia do pai de fazer de

conta que há um incêndio.

Então, o pai junta-se ao filho e participa girando a roda

para o outro lado, transformando a fascinação de Caio

pelo giro da roda em uma brincadeira interativa.



Nesse estágio, seu filho pode

usar todos os brinquedos dos

estágios de Interesses Próprios

e de Pedidos. Também pode es-

tar preparado para brinquedos

de faz-de-conta mais avançados

(listados abaixo) e jogos com regras.


Use telefones de brinquedo

(dois: um para seu filho e um

para você), carros, trens,

fantoches, bonecas, es-

cova de cabelos para boneca, roupas de boneca, comida de mentirinha, brinquedos

que imitam objetos de vida cotidiana, como fogão, vasilhas e talheres, roupas de

adulto, como gravata do papai e bolsa da mamãe.

• Jogos com regras

Brinque com jogos de tabuleiro ou

de cartas comprados ou que você

mesmo invente. Escolha ou crie

jogos simples que requeiram que

seu filho faça ou diga alguma coi-

sa para que o jogo continue. Jogos

como uma versão simplificada de

Bingo (usando figuras ou objetos e

pessoas conhecidas) pode ser adapta-

da para seu filho.


Agora é mais fácil participar e ser o parceiro de brincadeiras do seu filho. Você

pode ajudá-lo a montar um quebra-cabeça, brincar de um jogo de passes de bola

e desempenhar um papel em brinquedos de faz-de-conta. Quando seu filho tiver

aprendido a alternar participações com outra pessoa nas brincadeiras e dividir seus

brinquedos, você também pode brincar com alguns jogos organizados, como Bingo

e Caça ao brinquedo (veja a página 406).

Transforme a brincadeira com brinquedo em uma rotina estruturada

Use as recomendações R.O.D.A. para transformar a brincadeira com brinquedos em

uma rotina com muitas oportunidades para seu filho participar. Segue um exemplo

de uma rotina de brincadeira com um quebra-cabeça de madeira:

Rotina para montar um quebra-cabeça


Comece a brincadeira

mostrando um quebra-

cabeça

Ou

Deixe que seu filho comece

a brincadeira pedindo a

você com palavras ou figura

“César, vem aqui.

Vamos montar um

quebra-cabeça”

Pode vir por conta própria

quando você convidar.

Pode pedir o jogo entregando

uma figura ou usando palavras

Segure todas as peças do

quebra-cabeça. Espere

que seu filho peça por

uma peça.

Use uma frase-suporte

tal como “Agora o...”

e então nomeie cada

peça à medida que se

filho pedir.

Pode pedir por uma peça olhando para

você, estendendo a mão, repetindo o

nome da peça de quebra cabeça que

você disse ou completando a frase. Ele

coloca a peça no lugar.

Elogie cada vez que seu

filho encaixar uma peça no

lugar certo.

“Viva! (Nome da peça

encaixada) no lugar.

Viva!

Pode começar a dizer “Viva”!

por conta própria.

Dê a dica para seu filho pedir

outra peça levantando-a,

mostrando expectativa ou

dizendo a frase-suporte.

“Agora o...” Pode pedir por outra peça

dizendo seu nome.

César só pode se comunicar

enquanto monta um quebra-

cabeça se tiver alguém para

brincar com ele!


Transforme “ecos” em fala espontânea

Na rotina do quebra-cabeça descrita na página anterior, a frase-suporte permite que

você dê ao seu filho um modelo parcial – por exemplo, “Agora o....”.Quando seu

filho já conseguir completar a frase, estimule-o usando apenas a primeira palavra

da frase-suporte. Mais à frente, apenas segure a peça de quebra-cabeça, olhe como

quem espera e espere que seu filho a nomeie por conta própria.

Crie oportunidades para aumentar o número e os tipos de participação

Tente algumas bobeiras criativas

Na brincadeira de quebra-cabeça, você pode fingir que não consegue achar a peça

desejada. Ou dar ao seu filho alguma coisa maluca (por exemplo, uma banana) no

lugar da peça.

Proporcione escolhas

Proporcione escolhas que requeiram que seu filho responda com um nome. Por

exemplo, enquanto ele resolve seu quebra-cabeça de Trenzinho, ofereça-lhe duas

peças, uma certa e uma errada. Então pergunte “Quer o dinossauro ou o trem?”

Faça perguntas do tipo Sim ou Não

“Você quer o vagão vermelho?”. Se o seu filho tiver dificuldade em responder,

forneça um modelo verbal: “Sim/Quero” (adicione um aceno de cabeça afirmativo

exagerado).

Faça perguntas do tipo “O que é isso?”

Existem muitas oportunidades de perguntar “O que é isso?”, mas não exagere.

Lembre-se, você está brincando, não está testando seu filho. Pergunte a ele o

nome de algumas das figuras nas peças do quebra-cabeça, ou diga seus nomes

todos quando o quebra-cabeça estiver completo. Dizer os nomes das peças pode

ser o último passo da rotina.

Use Brinquedos com Gente para incentivar a comunicação tanto para fazer

pedidos como por outros motivos.

Se você tem dado constantemente modelos claros de pedido, dizendo-os “como seu

filho diria se pudesse”, ele pode ser capaz, agora, de pedir sua ajuda verbalmente

quando não souber como lidar com um brinquedo. Quando ele estiver conseguindo

pedir sua ajuda, dê-lhe outras oportunidades de participação, usando bobeiras cria-

tivas (por exemplo, “Ué! Não consigo achar o brinquedo”), proporcionando escolhas

(“Você quer quebra cabeça ou bolinhas de sabão?”) e fazendo perguntas simples.

Use brinquedos de parquinho que possam virar Brinquedos com Gente. Planeje

oportunidades para seu filho dizer “Quero mais” ou “Empurra!”, interrompendo a

ação e esperando que ele peça para continuar.

Incentive um comentário mudando a brincadeira. Por exemplo, em vez de em-

purrar seu filho no balanço, gire as cordas e faça-o girar. Ele terá duas maneiras

para brincar no balanço e para escolher: “Quer balançar ou girar?”.

Transforme o balanço em um Brinquedo com Gente e

permita que seu filho escolha o tipo de brincadeira.


Modele a brincadeira de faz-de-conta usando roteiros

Demonstre para seu filho várias ações de faz-de-conta. Por exemplo, o fantoche de ga-

tinho pode beber água do copo do seu filho e então lhe dar um beijo por que está muito

feliz. Então o gatinho pode pegar um biscoito da lata de biscoitos e oferecer para o seu

filho. Lembre-se de permanecer no personagem. Você não é mais a mãe ou o pai. Você

é o gatinho. Adote uma voz felina, um novo nome e fale como se fosse realmente o

gatinho – “Posso beber um golinho? Miau. Obrigado. Vou dar um beijinho”.

Apresente para seu filho alguns roteiros já prontos de brincadeiras de faz-de-conta.

Você é o autor e o diretor da “peça” e da “atuação” do seu filho, além de dar todas as

“deixas” também. Pode usar um vídeo que seu filho tem assistido ou um livro que ele

tem lido como base para o faz-de-conta. Por exemplo, se vocês assistiram juntos um

vídeo sobre crianças nadando, ponha um pano azul no chão (sua piscina!) e uma toalha

e incentive seu filho a fazer e dizer algumas das coisas que as crianças fazem no vídeo:

“Eu sei nadar”, “Estou molhado”, “Quero a toalha”. Enquanto brincarem, primeiro for-

neça modelos verbais e físicos, depois dê dicas para fazer e dizer coisas específicas.

Como muitas crianças têm experiência com telefones de verdade, telefones de

brinquedo são ideais para faz-de-conta com roteiro. Para esse estágio, seu roteiro de

conversa telefônica deve ser curto. Quando seu filho estiver sabendo dizer “Alô” e

“Tchau”, inclua algumas outras coisas sociais para ele dizer, tais como “Tudo bem?”

e “Tudo bem, obrigado.”

Forneça modelos de faz-de-conta usando comida, louças de brinquedo, vasi-

lhas e panelas. Vocês podem fazer de conta que preparam, servem e comem uma

refeição. Se o seu filho não sabe como fazer, oriente-o fisicamente, mostrando-lhe

delicadamente como executar a ação imaginária, seja mexendo o macarrão de men-

tirinha ou montando o sanduíche de brinquedo.

Quando seu filho começar fazer algumas ações de faz-de-conta em seqüência,

talvez preparando e servindo seu jantar, aja como personagem e seja divertido, exa-

gerando sua atuação e dando muitos modelos para copiar – “Hummm! Macarrão!

Adoro macarrão!”. Você pode sair do personagem se precisar dar sugestões sobre o

que seu filho pode fazer, mas faça isso de maneira a manter o faz-de-conta conti-

nuar – por exemplo, “Peça àquela senhora se ela quer jantar.”

Para Vitória é fácil usar o telefone de brinquedo:

ela já praticou bastante dizendo “alô” para as

pessoas no telefone de verdade.

O pai modela o que

Elisa pode dizer na sua

parte do faz-de-conta.


Transforme o brincar “não convencional” em brincar “interativo”

Comunicadores Básicos podem ainda brincar com brinquedos de maneira inade-

quada – girando rodas dos brinquedos, dando tapinhas sem parar em um balão, ou

ficarem absortos em um brincar sensorial repetitivo, por exemplo. Se isso acontecer,

intrometa-se delicadamente e tente tornar a brincadeira interativa.

Jogue alguns jogos com regras simples

Quando jogarem jogos com regras, garanta que haja coisas para você e o seu filho

fazerem e dizerem. Por exemplo, ele pode ajudar a arrumar o jogo e escolher as

próprias cartas (dependendo do que o jogo requer). Seu roteiro deve incluir algumas

frases e palavras que seu filho possa usar quando jogar com outras crianças - por

exemplo, “Minha vez” e “Sua vez”. Escreva as palavras em Cartões de Dicas, para

que você não precise ficar sempre relembrando o que dizer.

Jogos de pareamento podem ser os jogos com regras mais fáceis de aprender.

Tente uma adaptação de Bingo usando figuras de animais, pessoas ou objetos co-

nhecidos em vez de números sobre as fichas e cartelas.

Transforme os jogos com regras em rotinas estruturadas

Use as recomendações R.O.D.A. para transformar um jogo com regras em uma rotina es-

truturada com oportunidades para seu filho dizer e fazer coisas. A tabela a seguir mostra

como vocês podem brincar com uma versão adaptada de Bingo. O objetivo do jogo é que

seu filho preencha sua cartela, selecionando e pareando fichas com as mesmas ilustra-

ções. As figuras podem ser objetos, animais, números, letras ou pessoas conhecidas.

Bingo no Estágio Avançado de Comunicação Básica


Espere que seu filho peça

pelo jogo com palavras ou

figuras

Ou

Sugira o jogo mostrando-o.

Nada. Espere que seu filho

comece e então diga “OK.

Vamos jogar Bingo”

Pode trazer o jogo, dizer “Jogar

Bingo” ou lhe dar uma figura

e dizer “Bingo”.

“Quer jogar Bingo?” Pode responder “Sim/Quero”

ou “Não” ou repetir “Bingo”.

Pergunte ele que tipo de fichas

ele quer (as fichas podem ser

de cores diferentes).

“Quer vermelho ou azul?”

e se ele precisar de mais

ajuda “Eu quero... .”

Pode responder dizendo o que

escolheu ou completando a frase.

Aponte para as palavras

“Vez da mamãe” no

Cartão de Dicas e pergunte

de quem é a vez para pegar o

cartão de Bingo da pilha.

Ou

Mostre expectativa que sua

filha diga que é a sua vez.

“Vez de quem? “Vez da ...”

(enquanto aponta para o

Cartão de Dicas)

Pode dizer “Vez da Mamãe” ou

“Vez do Tiago” por conta própria

ou quando você apontar para o

Cartão de Dicas.

“É a vez da...” (se for

necessário).

Pode completar a frase.

Quando for a sua vez, pegue

a ficha de Bingo e mostre-a.

“Olha o...” (mostre a

figura à criança)

Pode olhar para a figura,

dizer seu nome e então decidir

onde colocá-la.

Dê a dica para seu filho dizer

que é a vez dele, tocando-o

ou apontando seu Cartão de

Dicas ou perguntando

de quem é a vez.

Se o seu filho não disser

nada depois que você der

dicas naturais, diga “De

quem é a vez?” e espere.

Pode dizer “Vez do Tiago.”.

A mãe sempre dá ao Douglas uma oportunidade de dizer o nome

da figura antes que ele a combine com a figura da sua cartela.

Você pode adaptar qualquer jogo, incluindo a quantidade e os tipos de participação

mais adequados para o seu filho. Ele não precisa jogar o jogo da maneira tradi-

cional. Por exemplo, nas primeiras vezes que jogar Bingo, pode estar interessado

somente em combinar as figuras nas fichas com as da cartela de Bingo. Deixe-o

brincar desse jeito até sentir que ele esteja pronto para aprender o próximo passo.


Brincando com a criança no estágio de Parceria


Brincar funcional

O Parceiro pode estar brincando com uma série de brinquedos e aprendendo como

lidar com novos brinquedos sem precisar que lhe mostrem como fazer.

Brincar de faz-de-conta

Seu filho pode brincar de maneira imaginativa representando algumas situações

conhecidas, como fingir uma pequena conversa telefônica ou preparar e servir co-

mida de mentirinha.

Jogos com regras

Seu filho pode aprender alguns jogos com regras e algumas vezes inventar suas

próprias regras.

Comunicação verbal

Embora seu filho possa estar fazendo e respondendo algumas perguntas e fazendo

alguns comentários durante a brincadeira com brinquedos, pode continuar a “eco-

ar” o que você diz e o que ouviu outras pessoas dizendo.

Nesse estágio, você pode esperar que seu filho aprenda a :

• jogar alguns jogos e se comunicar verbalmente durante a brincadeira

• jogar para atingir um objetivo ou um produto final

• usar suas próprias palavras e sentenças para se comunicar com você durante a

brincadeira

• comunicar-se por diferentes motivos durante a brincadeira de faz-de-conta, tais

como responder e fazer perguntas, permanecer no assunto, trazer suas próprias

idéias e maneiras próprias de expressar essas idéias, planejar o que vai acontecer

a seguir, conversar sobre o passado e sobre sentimentos

• brincar por mais tempo com outras crianças.


Seu filho pode jogar com vários brinquedos e, com um pouco de criatividade da sua

parte, você pode desenvolver rotinas interativas de brincadeiras para a maioria desses

brinquedos. Nesse estágio, brinquedos de faz-de-conta e jogos com regras são especial-

mente importantes, não só para promover comunicação, mas também porque permitem

que seu filho use suas habilidades de imaginação e de resolução de problemas.


Quando possível, forneça brinquedos relacionados com as atividades familiares

ao seu filho. Podem ser telefones de brinquedo, uma casinha, louças de brinque-

do, um jogo de chá, comida de mentirinha, carros, trens, dinossauros, uma caixa

registradora, bonecas, roupas de boneca, escova de boneca e fantasias de algumas

pessoas conhecidas, como personagens favoritos de TV ou de livros.

• Jogos com regras

Use jogos que requeiram alternar a participação e garanta que as brincadeiras

tenham novas regras a seguir – por exemplo, lançar os dados e contar quantos

espaços o jogador deve avançar. A maioria dos jogos de tabuleiro é eficiente para

manter seu filho na brincadeira, porque o forte colorido do tabuleiro fornece pis-

tas visuais sobre como o jogo funciona.

Não se esqueça que muitos desses jogos requerem o uso de uma roleta para estabelecer

quantas casas o pião pode andar. A roleta pode distrair do jogo as crianças que gostam

de olhar a coisas que se movem rapidamen-

te. Você pode trocar a roleta por

cartões com o número de

espaços a percorrer.

Assim que seu filho

tiver aprendido a

jogar determinado

jogo com você, pode

começar a jogá-lo com

outras crianças.


Participando do faz-de-conta

Seu filho pode agora começar a encenar atividades da vida real ou de livros e vídeos.

Por exemplo, vocês podem fazer de conta que estão cozinhando e servindo pizza,

ou escolher um brinquedo e comprá-lo em uma loja de mentirinha. Os elementos do

faz-de-conta – o que dizer e fazer – podem precisar ser ensinados no começo. Antes

de começar a fazer de conta, pense sobre o que seu filho e você podem fazer e dizer

durante a brincadeira. Você fará todo o trabalho no começo, fazendo a parte do seu

filho enquanto lhe dá modelos verbais, depois dando dicas explícitas para que ele

saiba o que fazer. Quando ele ficar familiarizado com o roteiro, use dicas mais natu-

rais, como esperar e demonstrar expectativa, mostrando-lhe alguns Cartões de Dicas

para lembrá-lo do que dizer. Ter uma terceira pessoa para lembrar seu filho de como

participar permite que você permaneça no seu papel de parceiro na brincadeira.

Você pode dar sentido à brincadeira ao seu filho espelhando suas experiências coti-

dianas com brinquedos e acessórios parecidos com os usados nas situações reais.

Os pais ensinaram modelos

verbais para Vitória e agora ela

sabe direitinho o que dizer!

Primeiro, Fábio e sua mãe

saem para comer uma pizza.

Depois brincam de fazer a

mesma coisa em casa.


Jogue jogos com regras

Jogos de tabuleiro que requerem que os jogadores movam um pião já são estruturados

para alternar a participação e fornecem dicas visuais sobre como jogar. Também há pala-

vras e sentenças específicas que os jogadores devem usar para que o jogo continue, como

“Minha vez” e “Agora é a sua vez”. Use Cartões de Dicas para lembrar seu filho a usar

essas palavras. Jogos com regras também são bons para começar conversas menos “ro-

teirizadas”. Quando tiver tentando tirar seu filho de um roteiro memorizado, use algumas

das estratégias resumidas no Capítulo 2. Por exemplo, se você “esquecer” como jogar ou

disser alguma coisa errada durante o jogo, talvez seu filho lhe diga como fazer direito.

Alguns jogos adequados para seu filho e disponíveis no comércio são apresen-

tados no início desse capítulo (veja a página 371). Seguem alguns outros jogos com

regras inventados que seu filho talvez goste.

Jogos com lanterna

Cada jogador participa dirigindo a

luz da lanterna sobre dife-

rentes pessoas ou obje-

tos enquanto a outra

pessoa dá os nomes.

Esse jogo é ideal para

o exercício de fazer

e responder pergun-

tas, tais como “O

que é isso?”, “Quem

é esse?” e “Onde está

o...?”. Cada vez que

você acrescentar uma

nova participação, pode

ter que fornecer um mo-

delo verbal ou dar instruções

para seu filho sobre o que dizer.

Saco de surpresas

Ponha brinquedos em um saco não transparente e faça com que seu filho tire um de

cada vez. Trabalhe nos objetivos de comunicação dele. Por exemplo, se ele tirar um ma-

caco, pergunte: “É um leão?” ou “O que o macaco come?”. Depois se alternem dizendo

algo sobre o brinquedo. Se você disse “Gosto da cara do macaco”, seu filho pode fazer

um comentário por conta própria: “Gosto da roupa do macaco”.

Seu filho pode adicionar algo novo à brincadeira por conta própria. Talvez decida

que não há pizza no seu restaurante. Se isso acontecer, deixe-se conduzir por ele. Por

outro lado, se o seu filho quiser ficar brincando sempre do mesmo jeito, adicione algo

ao roteiro, toda a vez que brincarem. Por exemplo, você pode não estar querendo mais

pegar pizza só para você, mas também para seu amigo “Gatinho”. Pegue o fantoche e

fale pelo gatinho: “O Gatinho não quer pizza. Ele quer batata frita.”

Use faz-de-conta para desenvolver o pensamento do seu filho, falando sobre

sentimentos e mostrando-lhe como resolver problemas. Por exemplo, mostre ao seu

filho como o Gatinho ficou triste por que hoje não tem batata frita no restaurante.

Então tente consolar o Gatinho dizendo “Mas tem bolo. O Gatinho gosta de bolo.”

Quando estiver fazendo de conta com a criança no estágio de Parceria, você

precisa assumir o papel de Parceiro. Isto significa não fazer muitas perguntas e não

dar muitas instruções. Encontre a criança dentro de você e deixe que ela aja.

Fábio usa o modelo verbal da mãe para animar o Gatinho.

O pai transforma a fascinação de Lucas por

lanternas em um jogo de comunicação.

406 Capítulo 11

Caça ao brinquedo

Escondam e procurem por brinquedos jun-

tos. Faça bobeiras criativas, como o pai de

Caio, para desenvolver o jogo.

Basquete

Alternem participações jogando uma bola ou

objeto macio em uma cesta e pratiquem as

frases “Minha vez” e “Sua vez”.

Criem alguma coisa juntos

Você e o seu filho podem construir juntos uma torre de Lego ou uma fortaleza de blo-

quinhos. Se você estiver encarregado de entregar os blocos e o seu filho é o construtor,

a atividade se torna uma colaboração. Para ajudar seu filho a entender o que fazer, mos-

tre-lhe uma figura da criação pronta ou um diagrama passo-a-passo da construção.

Brincar com brinquedos é uma parte importante da vida do seu filho. Desenvolve

suas habilidades motoras e de resolução de problemas, expande a imaginação e

lhe dá um espaço para praticar comunicação. Neste capítulo, tratamos de como

ajudá-lo a aprender a brincar com vários brinquedos. Vimos que os brinquedos de

causa e efeito e os visuais são mais fáceis de brincar. Brinquedos de faz-de-conta,

como bonecas e casinhas, são mais difíceis de entender. Todas as brincadeiras com

brinquedos, sejam não convencionais ou funcionais, podem ser interativas se você

deixar-se conduzir pelos interesses da criança.

Assim que seu filho entender como brincar com brinquedos, ele precisa aprender

como brincar ao mesmo tempo com você e com o brinquedo. Alguns brinquedos,

em especial os mais difíceis de lidar, como os Brinquedos com Gente, forçam seu

filho a interagir com você para conseguir ajuda. Jogos de Troca, tais como troca de

passes de bola, incentivam seu filho a incluir você na brincadeira.

A brincadeira precisa ser estruturada e repetitiva no início, mas é importante intro-

duzir novidades, fazendo coisas inesperadas. Dessa maneira, seu filho vai tornar-se

mais flexível e assumir novos papéis. Finalmente, participando das brincadeiras

de maneira animada e divertida, você o ajuda a aprender a lição mais importante

– brincar pode ser muito divertido!

Quando o pai finge que esqueceu o nome

do objeto escondido, Caio pode corrigi-lo!

Resumo

A habilidade de brincar com outras crianças pode demorar muito tempo para se de-

senvolver e exige paciência e persistência de sua parte. Seu filho precisa caminhar

dando pequenos passos. As idéias apresentadas neste capítulo final ajudarão você

a promover interações sociais e comunicação entre seu filho e outras crianças. As

sugestões estão listadas de acordo com o estágio de seu filho, porém as distinções

entre os estágios pretendem apenas servir como guia. Todas as idéias neste capítulo

podem funcionar para seu filho desde que você as adapte às suas necessidades. Por

exemplo, uma brincadeira de Pega-pega é apropriada para crianças dos dois está-

gios, de Pedidos e de Parceria. Entretanto, crianças em estágios diferentes revezam-

se e participam diversamente.

12

Vamos fazer amigos

11. traga os brinquedos

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