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100 Cidades Africanas Destruídas Pelos Europeus, par te I PORQUE existem poucos edifícios históricos e monumentos na África subsaariana! O motivo é simples. Os europeus destruíram a maior parte. Só nos restam os desenhos e  descrições de viajantes que visitaram os lugares antes das destruições. Em alguns lugares,  ainda se podem ver ruínas. Muitas cidades foram abandonadas e viraram ruína quando os  europeus trouxeram doenças exóticas (varíola e gripe) que começaram a se espalhar e matar  gente. As ruínas dessas cidades ainda se encontram escondidas. De fato, a maior parte da  história de África está ainda soterrada. Neste artigo, vou compartilhar fragmentos de informação sobre África antes da chegada dos  Europeus, as cidades destruídas e as lições que podemos aprender, enquanto africanos,  para o futuro.  A coleta de fatos que dizem respeito ao estado das cidades africanas antes da sua destruição  é feito por  Robin Walker  , um distinto pan-africanista e historiador, autor do livro  ‘When We  Ruled’  ( Quando Governamos ), e por  PD Lawton , uma grande pan-africanista, que se prepara  para lançar o livro “African Agenda” (   A Agenda Africana ). Todas as citações e excertos neste artigo são dos livros de Robin Walker e PD Lawton.  Recomendo comprar o livro de Walker  ‘When We Ruled’  para uma história completa da  beleza do continente antes da sua destruição. Pode obter mais informação sobre o trabalho  de PD Lawton visitando o blog da autora:  AfricanAgenda.net

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100 Cidades Africanas Destruídas Pelos

Europeus, par te I

PORQUE existem poucos edifícios históricos e

monumentos na África subsaariana!

O motivo é simples. Os europeus destruíram a maior parte. Só nos restam os desenhos e

descrições de viajantes que visitaram os lugares antes das destruições. Em alguns lugares, ainda se podem ver ruínas. Muitas cidades foram abandonadas e viraram ruína quando os

europeus trouxeram doenças exóticas (varíola e gripe) que começaram a se espalhar e matar

gente. As ruínas dessas cidades ainda se encontram escondidas. De fato, a maior parte da

história de África está ainda soterrada.

Neste artigo, vou compartilhar fragmentos de informação sobre África antes da chegada dos

Europeus, as cidades destruídas e as lições que podemos aprender, enquanto africanos, para o futuro.

A coleta de fatos que dizem respeito ao estado das cidades africanas antes da sua destruição

é feito por

Robin Walker

, um distinto pan-africanista e historiador, autor do livro

‘When We

Ruled’ ( Quando Governamos

), e por PD Lawton , uma grande pan-africanista, que se prepara

para lançar o livro “African Agenda” ( A Agenda Africana

).

Todas as citações e excertos neste artigo são dos livros de Robin Walker e PD Lawton.

Recomendo comprar o livro de Walker ‘When We Ruled’ para uma história completa da

beleza do continente antes da sua destruição. Pode obter mais informação sobre o trabalho

de PD Lawton visitando o blog da autora: AfricanAgenda.net

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Robin Walter e PD Lawton citam bastante outro grande pan-africanista, Walter Rodney que

escreveu o livro ‘ How Europe Underdeveloped Africa ‘ (Como a Europa subdesenvolveu a

África)

. Mais informações no canal YouTube ‘

dogons2k12 : African Historical Ruins’

, e no

trabalho da Fundação Ta Neter Foundation

.

Muitos desenhos são do livro African Cities and Towns Before the European Conquest

(

Cidades Africanas Antes da Conquista Europeia

) de

Richard W. Hull

, publicado em 1976. Só

esse livro destrói a visão estereotípica dos africanos vivendo em aglomerações simples,

primitivas e dispersas sem qualquer apreciação por planejamento e design.

De fato, no final do século 13 quando um viajante europeu encontrou a grande

Cidade de

Benin na África Ocidental (atual Nigéria, Estado de Edo), ele escreveu o seguinte:

“A cidade parece ser muito grande. Quando entramos, vimos uma larga avenida, não

pavimentada, que parece ser sete ou oito vezes mais larga que a rua Warmoes em

Amsterdã… O palácio real é um conjunto de edifícios que ocupam tanto espaço quanto a

cidade de Harlem, e que está rodeado de muralhas. Existem numerosos aposentos para os

ministros do Príncipe e belas galerias, a maioria delas tão grandes quanto as da bolsa de

Amsterdã. São suportadas por pilares de madeira revestidos de cobre, onde as suas vitórias

estão representadas, e que são cuidadosamente mantidos. A cidade é composta de trinta

ruas principais, bem retas e com 36 metros de largura, além de uma infinidade de pequenas

ruas transversais. As casas são próximas umas das outras, bem organizadas. Este povo não

tem nada de inferior aos holandeses em termos de limpeza; lavam e esfregam suas casas tão

bem que elas estão bem polidas e brilham como cristal.”

[i]

Infelizmente, em 1897, a cidade de Benin foi destruída pelas forças britânicas sob as ordens

do Almirante Harry Rawson . A cidade foi saqueada, explodida e queimada. Uma coleção dos

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famosos Bronzes de Benin está agora no Museu Britânico de Londres. Parte dos 700 bronzes

roubados pelas tropas britânicas foram vendidos à Nigeria em 1972 .

Outra história da grande cidade de Benin que diz respeito às suas muralhas: “Elas se

estendem por um total de 16 000 quilômetros, num mosaico de mais de 500 junções de

assentamento. Cobrem 6500 quilômetros quadrados e foram todas construídas pelo povo

Edo. No total, elas são quatro vezes mais longas que a Grande Muralha da China e

consumiram cem vezes mais materiais que a Grande Pirâmide de Quéops. Levaram cerca de

150 milhões de horas de escavação para serem construídas, e são talvez o maior fenômeno

arqueológico do planeta.”

[ii]

Vista da cidade de Benin em 1891 antes da conquista britânica. H. Ling Roth, Grande Benin

,

reprodução Barnes and Noble. 1968.

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Sabia que no século 14, a cidade de Timbuktu na África ocidental era cinco vezes maior

que a cidade de Londres, e a mais rica do mundo?

Hoje, Timbuktu é 236 vezes menor que Londres. Nada tem de cidade moderna. A sua

população é metade que cinco séculos atrás, empobrecida com pedintes e vendedores de

rua. A cidade é incapaz de conservar seus monumentos e arquivos do passado.

De volta ao século 14, os três lugares mais ricos da terra eram a China, o Irã/Iraque, e o

império do Mali na África ocidental. Dos três, o único que ainda era independente e prospero

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era o império do Mali. A China e todo o Oriente Médio tinham sido conquistados pelas tropas

mongóis de Genghis Kan que arrasou, pilhou e estuprou os lugares.

O homem mais rico na história da humanidade,

Mansa Musa

, foi o imperador do império de

Mali do século 14 que cobria os atuais Mali, Senegal, Gâmbia, e Guiné.

Quando morreu em 1331, Mansa Musa valia o equivalente a 400 bilhões de dólares. Nessa

época o império de Mali produzia mais de metade do abastecimento mundial de sal e de

ouro.

Em baixo algumas imagens do imperador Mansa Musa, o homem mais rico da história

.

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Quando Mansa Musa foi em peregrinação a Meca em 1324, levou e gastou tanto ouro, que o

preço daquele metal caiu por 10 anos. 60 000 pessoas o acompanharam.

Foi fundador da

biblioteca de Timbuktu

, e os famosos manuscritos de Timbuktu que tratavam de todas as áreas de conhecimento foram escritos durante o seu reinado.

Testemunhas da grandeza do império do Mali vinham de todas as partes do globo. “Sergio

Domian, um acadêmico de arte e arquitetura italiano, escreveu o seguinte sobre esse

período: ‘Assim foi lançada a fundação da civilização urbana. Na época áurea do seu poder,

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Mali tinha pelo menos 400 cidades, e o interior do delta do rio Niger era densamente

populoso.’

A cidade de Timbuktu no Mali tinha uma população de 115,000 no século 14 – 5 vezes mais

que a Londres medieval.

O National Geographic descreveu recentemente Timbuktu como a Paris do mundo medieval,

devido à sua cultura intelectual. De acordo com o Professor Henry Louis Gates, existiam na

cidade 25,000 estudantes universitários.

“Muitas famílias antigas da África ocidental têm bibliotecas privadas com coleções de

centenas de anos. As cidades mauritanas de Chinguetti e Oudane possuem um total de 3,450

livros medievais manuscritos. É possível que ainda existam cerca de 6,000 livros na cidade

de Walata. Alguns datam do século oito. Existem 11,000 livros em coleções privadas no

Niger.

Finalmente em Timbuktu, Mali, existem cerca de 700,000 livros que sobreviveram. Estão

escritos em Mande, Suqi, Fulani, Timbuctu, e Sudani. Os conteúdos dos manuscritos incluem

matemática, medicina, poesia, direito e astronomia. Este trabalho foi a primeira enciclopédia,

no século 14, antes dos europeus terem a mesma ideia no século 18, 4 séculos depois.

Uma coleção de 1600 livros era considerada uma pequena biblioteca para um acadêmico da

África ocidental no século 16. Existe registro do Professor Ahmed Baba de Timbuktu dizendo

que possuía a menor biblioteca entre seus amigos – só tinha 1600 volumes.

Com respeito a estes velhos manuscritos, Michael Palin, na sua série de TV Sahara

, disse

que o Imam de Timbuktu “tem uma coleção de textos científicos que mostra claramente os

planetas circulando em torno do Sol. Datam de centenas de anos . . . É prova convincente

que os acadêmicos de Timbuktu sabiam mais que seus colegas europeus. No século 15 em

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Timbuktu os matemáticos conheciam a rotação dos planetas, detalhes do eclipse, coisas que

tivemos de esperar 150 quase 200 anos para conhecer na Europa quando Galileu e

Copérnico fizeram os mesmos cálculos e pagaram por isso.

A velha capital do Mali, capital de Niani possui um edifício do século 14 chamado Salão de

Audiências. Sobreposto por uma cúpula e adornado de arabescos vivamente coloridos. As

janelas do andar superior eram talhadas de madeira e emolduradas em prata; as do andar

inferior eram talhadas de madeira e emolduradas em ouro.

Marinheiros do Mali chegaram às Américas em 1311, 181 anos antes de Colombo. O

pesquisador egípcio Ibn Fadl Al-Umari, publicou o feito em cerca de 1342. No capitulo décimo

do seu livro, existe um relato de duas grandes viagens marítimas ordenadas pelo

predecessor de Mansa Musa, um rei que herdou o trono do Mali em 1312. Este rei marinheiro

não é nomeado por Al-Umari, mas autores da atualidade identificam-no como Mansa

Abubakari II.” [iii]

Esses acontecimentos aconteceram na mesma época que o continente europeu estava

mergulhado nas trevas, destruído pela peste e pela fome, com seus povos se matando por

motivos religiosos e étnicos.

Em baixo retratos da cidade de Timbuktu no século 19.

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Notas:

[i] Walter Rodney, ‘How Europe Underdeveloped Africa , pg. 69.

[ii]

Wikipédia, Architecture of Africa.” Fred Pearce the New Scientist 11/09/99.

[iii] Excerto de ‘WHEN WE RULED’ de Robin Walker.