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ERROS ETERNOSE O DIREITO DA
BAGUNÇA
Rio de Janeiro . Sou+Web . 12.09.09
Marcelo Thompson
Research Assistant ProfessorFaculty of Law, Department of Law
The University of Hong Kong
1. Introdução
3 Coisas
3 Coisas
Uma delas é a Cicarelli
Uma delas é a Cicarelli
Várias coisas que se entrelaçam em uma
que se entrelaça em várias.
Grande problema do mundo contemporâneo.
Bagunça
O Direito da Bagunça
Bagunça’s Law
A bagunça é um problema que o direito
tenta resolver.
Problema sério.
Para resolver o problema da privacidade no
espaço público
o Direito precisa resolver o problema da bagunça.
2. Direito
O que é o Direito?
John Austin
O Direito é uma ordem amparada na ameaça de
uma sanção.
Hans Kelsen
A norma jurídica é emanação da vontade
de um soberano.
***
O que essas definições ignoram?
Elas se referem ao comando e à vontade de um
soberano.
Ignoram
a sua soberania
a minha soberania
a soberania do Kaká
Elas ignoram que
no mundo contemporâneo
as pessoas precisam de mecanismos para
resolverem suas incertezas
incertezas que escalam com a
crescente complexidade do mundo contemporâneo.
3. Um Caso
2 dimensões do que estamos falando
a) Bus Uncle é vítima dos problemas do mundo
contemporâneo
vítima da bagunça
b) Bus Uncle é agressor: viola normas sociais de
conduta;
viola nossas expectativas sobre como ele deveria agir;
ameaça a existência mesma dessas expectativas;
causa da bagunça
4. Problema
1. O Bus Uncle já foi publicamente julgado.
Contexto isolado virou uma história completa.
O “erro” do Bus Uncle será eternizado.
Essa eternização transcende o Bus Uncle; ela opera
também em um contexto mais amplo:
o contexto de uma história que deveria ser escrita e lida de forma íntegra nos
anais da vida em sociedade.
Boa-fé objetiva: “viver honestamente, princípio
primeiro do direito, implica agir de modo coerente” (IG,
no Caso Cicarelli)
Essa coerência, devemos entender, integra a ordem
normativa;
Ela nos permite escrever de forma mais íntegra a própria
história da vida em sociedade.
2. O Direito não oferece ao Bus Uncle o Direito de um
Novo Julgamento
Leis de HK não protegem o Bus Uncle;
Leis dos EUA não protegeriam o Bus Uncle;
Ele teria de provar: i) que a publicação de sua imagem seria altamente ofensiva
para uma pessoa razoável; e ii) que não há interesse público legítimo sobre o
assunto
Leis do UK talvez não protegessem o Bus Uncle;
Campbell v. MGN Ltd.
Tort. Mal uso de informação de natureza obviamente
privada
e.g. saúde, relacionamentos pessoais, finanças e
atividades como tal indicadas por padrões
contemporâneos de moral e comportamento
Julgamentos da Corte Européia de Direitos Humanos talvez não
protegessem o Bus Uncle;
Peck v. The United Kingdom
“zona de interação de uma pessoa com outras, mesmo
em um contexto público, que pode recair dentro do escopo de ‘vida privada’”
Von Hannover v. Germany
Contribuição para um debate de interesse público
Há contribuição para um debate dessa natureza caso
do Bus Uncle?
Claro que há. A situação dele é um retrato das patologias do mundo
contemporâneo.
A questão é, porém, de outra ordem: processual.
Em que medida e por meio de quais ritos pode o Bus
Uncle ser assim crucificado ?
Ela é uma questão para a qual o direito não tem
resposta.
Pergunta para a platéia: caso do Bus Uncle diferente
do caso Cicarelli?
5. Conclusão
O Direito contemporâneo não é mais um direito de
comando, como o de Kelsen e Austin.
Nos anos 50, 60
nos alertou para a importância de entender o direito sob o ponto de vista daqueles que são guiados por ele – o ponto de vista
interno.
Mais recentemente
Niklas Luhmann
nos demonstrou que a função do direito é estabilizar nossas
expectativas normativas
Para Hart e para Luhmann o direito atua sobre (e sob!) a
nossa razão
Ele resolve o problema da
Bagunça
O Direito assim soluciona nossas perplexidades.
A minha,
a sua
e a do Kaká
Mas tem o Direito cumprido essa sua função em casos
como o do Bus Uncle?
Ou, na verdade, a ausência de critérios de devido
processo legal tem nos encaminhado
a uma crescente complexidade
à incerteza
e ao erro? – ao erro sobretudo social.
Enquanto o Direito da Bagunça não vem...
... nós vamos encontrando caminhos alternativos para
resolver, em alguma extensão, nossas perplexidades.
OBRIGADO!!!!
Marcelo Thompson
Research Assistant ProfessorFaculty of Law, Department of Law
The University of Hong Kong