10-07-2018 estrangeiros quase duplicam no ensino superior ... · ses como o brasil e a china, ......

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10-07-2018 22 194 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17 26 228 SÃO DAS UNIVERSIDADES os de Carvalho e-reitor da Universi- de de Coimbra propinas dos estu- tes internacionais espondem a 5% do arnento geral da U -versidade" Cada Martins Pró-reitora da Uniuersi-ã dade do Minho "A procura aumentou imenso nos últimos dois anos. Neste mo- mento temos 1900 alu- nos estrangeiros" Estrangeiros quase duplicam no Ensino Superior em Portugal Em Lisboa já triplicaram os colocados na primeira fase para o próximo ano letivo Estudantes em mobilidade de grau (a tirar o curso em Portugal) Países com mais estudantes em Portugal* *dados do ano letivo 2016/2017 João Pedro cos 'amp nacionat@¡n.pt UNIVERSIDADESO número de alu- nos estrangeiros a tirar o diploma nas universidades portuguesas quase duplicou nos últimos cinco anos, com a perspetiva de aumen- tar no próximo ano. Nas primei- ras fases de candidaturas para es- tudantes internacionais do próxi- mo ano letivo, a Universidade de Lisboa já triplicou os colocados em relação à mesma fase deste ano. Coimbra, Minho e Aveiro também aumentaram. A presença contínua em feiras internacionais, sobretudo em paí- ses como o Brasil e a China, a qua- lidade de vida do país e a facilita- ção da candidatura (a Universida- de de Coimbra reconhece os exa- mes de ingresso de China, Brasil e escolas internacionais de língua inglesa) são algumas das estraté- gias que, no entender das institui- ções, têm justificado este aumen- to da procura, levando a que, em cinco anos, os estrangeiros a tirar diplomas em Portugal tenham au- mentado de 14 883 para 26 228 (ver infografia). Ainda que não o considerem o fator mais importante, o facto de estes estudantes pagarem propi- nas mais elevadas (que podem chegar aos sete mil euros por ano) também significa um encaixe fi- nanceiro para as universidades. "Atualmente as propinas dos estudantes internacionais corres- pondem a cerca de 5% do orça- mento geral da Universidade", reconhece o vice-reitor para as Relações Internacionais da Uni- versidade de Coimbra, Joaquim Ramos de Carvalho. Acrescenta que os estudantes internacionais representaram, no último ano le- tivo, 20% da comunidade estu- dantil da instituição. "Não vemos nenhum sinal do ritmo do cresci- mento diminuir no futuro", des- taca. PROCURA A AUMENTAR As universidades contactadas pelo JN asseguram que, no próxi- mo ano letivo, o número de estu- dantes estrangeiros vai aumentar. "A procura aumentou imenso nos últimos dois anos. Neste momen- to, já temos 1900 alunos estran- geiros, o que representa 10% de toda a comunidade estudantil", revela a pró-reitora para a Inter- nacionalização da Universidade do Minho, Carla Martins. Na Universidade de Aveiro, o au- mento esperado em relação ao ano letivo que agora termina é de 40%, numa altura em que só fal- ta concluir a terceira fase de can- didaturas. LÍNGUA COMO FERRAMENTA Apesar de já haver alguns progra- mas curriculares lecionados em inglês, sobretudo nos segundo e terceiro ciclos, a lingua é um dos fatores de procura do país para os estrangeiros. Ramos de Carvalho destaca a língua portuguesa como ferramenta de internacionaliza- ção. "Grande parte da procura vem de estudantes de países de língua portuguesa ou de países com grande interesse pela língua, como a China", lembra. A Univer- sidade de Aveiro aponta que a lu- sofonia e a lingua portuguesa "as- sumem uma dimensão essencial na estratégia de internacionaliza- ção. O português como língua es- trangeira tem grande potencial de crescimento". • ERASMUS Intercâmbios também crescem Não são só os estudantes que vêm tirar o diploma a Portugal que têm aumentado. Também os alunos abrangidos por pro- gramas de mobilidade de crédi- to (como o Programa Erasmus e similares) têm tido um aumen- to nos últimos anos. Em 2017/2018, foram quase 16 mil estudantes estrangeiros que fi- zeram este tipo de programas em Portugal, mais mil do que no ano anterior. Desde 2013/2014, este número passou de ir 600 alunos para perto de 16 mil. Também nos programas de mo- bilidade é do Brasil que vêm mais alunos. Segundo os núme- ros do ano letivo 2016/2017, 2679 estudantes brasileiros vie- ram para Portugal. De Espanha vieram 2290 e de Itália 1767. Po- lónia e Alemanha tiveram mais de mil alunos a estudar em Por- tugal ao abrigo destes progra- mas. De França e da Turquia também vêm muitos alunos.

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10-07-2018

22 194

2013/14 2014/15 2015/16 2016/17

26 228

SÃO DAS UNIVERSIDADES

os de Carvalho e-reitor da Universi-

de de Coimbra

propinas dos estu- tes internacionais espondem a 5% do

arnento geral da U -versidade"

Cada Martins Pró-reitora da Uniuersi-ã dade do Minho

"A procura aumentou imenso nos últimos dois anos. Neste mo-mento temos 1900 alu-nos estrangeiros"

Estrangeiros quase duplicam no Ensino Superior em Portugal

Em Lisboa já triplicaram os colocados na primeira fase para o próximo ano letivo

Estudantes em mobilidade de grau (a tirar o curso em Portugal)

Países com mais estudantes em Portugal*

*dados do ano letivo 2016/2017

João Pedro cos'amp nacionat@¡n.pt

UNIVERSIDADESO número de alu-nos estrangeiros a tirar o diploma nas universidades portuguesas quase duplicou nos últimos cinco anos, com a perspetiva de aumen-tar no próximo ano. Nas primei-ras fases de candidaturas para es-tudantes internacionais do próxi-mo ano letivo, a Universidade de Lisboa já triplicou os colocados em relação à mesma fase deste ano. Coimbra, Minho e Aveiro também aumentaram.

A presença contínua em feiras internacionais, sobretudo em paí-ses como o Brasil e a China, a qua-lidade de vida do país e a facilita-ção da candidatura (a Universida-de de Coimbra reconhece os exa-mes de ingresso de China, Brasil e escolas internacionais de língua inglesa) são algumas das estraté-gias que, no entender das institui-ções, têm justificado este aumen-to da procura, levando a que, em cinco anos, os estrangeiros a tirar diplomas em Portugal tenham au-mentado de 14 883 para 26 228 (ver infografia).

Ainda que não o considerem o fator mais importante, o facto de estes estudantes pagarem propi-nas mais elevadas (que podem chegar aos sete mil euros por ano) também significa um encaixe fi-nanceiro para as universidades. "Atualmente as propinas dos

estudantes internacionais corres-pondem a cerca de 5% do orça-mento geral da Universidade", reconhece o vice-reitor para as Relações Internacionais da Uni-versidade de Coimbra, Joaquim Ramos de Carvalho. Acrescenta que os estudantes internacionais representaram, no último ano le-tivo, 20% da comunidade estu-dantil da instituição. "Não vemos nenhum sinal do ritmo do cresci-mento diminuir no futuro", des-taca.

PROCURA A AUMENTAR As universidades contactadas pelo JN asseguram que, no próxi-mo ano letivo, o número de estu-dantes estrangeiros vai aumentar. "A procura aumentou imenso nos últimos dois anos. Neste momen-to, já temos 1900 alunos estran-geiros, o que representa 10% de

toda a comunidade estudantil", revela a pró-reitora para a Inter-nacionalização da Universidade do Minho, Carla Martins.

Na Universidade de Aveiro, o au-mento esperado em relação ao ano letivo que agora termina é de 40%, numa altura em que só fal-ta concluir a terceira fase de can-didaturas.

LÍNGUA COMO FERRAMENTA Apesar de já haver alguns progra-mas curriculares lecionados em inglês, sobretudo nos segundo e terceiro ciclos, a lingua é um dos fatores de procura do país para os estrangeiros. Ramos de Carvalho destaca a língua portuguesa como ferramenta de internacionaliza-ção. "Grande parte da procura vem de estudantes de países de língua portuguesa ou de países com grande interesse pela língua, como a China", lembra. A Univer-sidade de Aveiro aponta que a lu-sofonia e a lingua portuguesa "as-sumem uma dimensão essencial na estratégia de internacionaliza-ção. O português como língua es-trangeira tem grande potencial de crescimento". •

ERASMUS

Intercâmbios também crescem

Não são só os estudantes que vêm tirar o diploma a Portugal que têm aumentado. Também os alunos abrangidos por pro-gramas de mobilidade de crédi-to (como o Programa Erasmus e similares) têm tido um aumen-to nos últimos anos. Em 2017/2018, foram quase 16 mil estudantes estrangeiros que fi-zeram este tipo de programas em Portugal, mais mil do que no ano anterior. Desde 2013/2014, este número passou de ir 600 alunos para perto de 16 mil. Também nos programas de mo-bilidade é do Brasil que vêm mais alunos. Segundo os núme-ros do ano letivo 2016/2017, 2679 estudantes brasileiros vie-ram para Portugal. De Espanha vieram 2290 e de Itália 1767. Po-lónia e Alemanha tiveram mais de mil alunos a estudar em Por-tugal ao abrigo destes progra-mas. De França e da Turquia também vêm muitos alunos.

10-07-2018

Ni, Priscila, Júlia, Leila e Fabrício Cruz são colegas

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Bram Dijkstra, holandês, 23 anos, estuda na Nova

Curso ano.c oortugues s stão em minoria

Coimbra Alunos do mestrado em Marketing são maioritariamente estrangeiros

"Era um sonho vir estudar para Portugal". A frase, dita num português quase per-feito, é de Ni Zhaowen, 29 anos, estudante chinesa do mestrado em Marketing da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), um curso em que mais de metade dos alunos são estrangeiros.

Ni é de Jiangsu, uma pro-víncia perto de Xangai, e está em Portugal há dois anos. Aprendeu português na China e começou a ter vontade de estudar em Por-tugal. "Gosto muito daqui, a vida é muito calminha, longe da agitação da China, e aprendo todos os dias com os meus colegas", conta.

A maior parte dos colegas de curso de Ni são brasilei-ros. Como Júlia Lopes, de São Paulo, que queria estu-dar na Europa e achou que Portugal seria o ideal, pela língua e pela qualidade de

vida. Há dois anos em Por-tugal, Júlia gosta do curso, apesar de achar que tem ma-térias muito teóricas. Em Coimbra gosta da qualidade de vida, em especial da se-gurança.

SEGURANÇA E PREÇOS "Voltar da festa à noite sozi-nha, andar com o telemóvel

na rua nem sempre é possí-vel no Brasil", lembra.

Leila Porto, colega de Júlia, destaca também que a vida em Portugal é mais barata. "Só a eletricidade é que é mais cara, mas a alimenta-ção é muito mais barata", aponta, revelando que o va-lor das propinas em Portu-gal (o mestrado fica-lhes por

sete mil euros) é idêntico ao que pagariam no Brasil.

Priscila Tarlé estuda com Júlia e Leila na FEUC. Licen-ciou-se em Relações Inter-nacionais no Rio de Janeiro mas queria mudar de área e optou por Marketing. Ter um namorado português influenciou a escolha, em-bora lamente que não haja muitas oportunidades de emprego no país.

O curso não as está a desi-ludir, embora esperassem outro tipo de abordagens. "Dá as bases, mas falta um aprofundamento maior", entende Priscila.

Fabrício Cruz, há três anos em Coimbra, e que já está a tirar o doutoramento em Economia, explica as possí-veis diferenças. "Este curso é praticamente a continua-ção da licenciatura, que aqui é de três anos. No Brasil é de cinco", compara. e jaao mino CAMPOS

Vai voltar para o mestrado Bram,Dijkstra Bom clima e comentários sobre cidade contribuíram para a escolha

Bram Dijkstra, 23 anos, che-gou a Lisboa em fevereiro, quando no seus país as tem-peraturas eram negativas. Escolheu o último semestre dos três anos da licenciatu-ra em Sociologia para se aventurar no "mistério" da cidade de Lisboa e a Facul-dade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Uni-versidade Nova para fazer Erasmus +. Recentemente, voltou a casa, a Nimega, uma cidade "quase como Coimbra". Mas regressa em setembro.

Adepto de viagens, Bram já viajou pelo Mundo: Esta-dos Unidos, Alemanha, França, Espanha, entre ou-tros. No entanto, foi a curio-sidade e os "bons comenta-

rios" sobre Lisboa, aliadas ao "bom clima", que fizeram a diferença na hora de esco-lher onde fazer Erasmus.

Na Holanda, estudou na RadBoud University, que tem um protocolo com a

FCSH que ajudou no proces-so de mobilidade. Recebeu uma bolsa de 1000 euros, distribuída por cinco meses (200 euros/mês), dinheiro que "nem chegou" para pa-gar os 365 euros do quarto

em Santos, embora diga que "não é um problema". Cá não pagou propinas, na Ho-landa paga 2000 euros/ano.

Aos 365 euros do quarto, somava cerca de 200 euros no supermercado, com "preços praticamente iguais" ao do seu país, e 28 euros no passe mensal, que lhe permite "andar em toda a Lisboa e pagar pouco".

Bram classifica Lisboa .como uma "cidade bolha", por ter explodido nos últi-mos anos, e atribui o au-mento dos estudantes es-trangeiros aos bilhetes bara-tos de avião. Quando termi-nar a licenciatura, quer vol-tar para um mestrado em Ciências Forenses e Crimi-nais. 9 WILSON MATA

10-07-2018

Terça-feira 10 de julho 2018 in.pt Ano 131. N.° 39. Preço: 1€ Diretor: Afonso Camões / Diretor-executivo: Domingos de Andrade

Propinas chegam aos sete mil euros

Cursos são promovidos no Brasil e na China Paginasse?

ureve Alunos do 12.° já têm notas para acesso ao Superior P.11

Gaia junta-se ao Porto e abre guerra ao Governo Críticas a "oportunidade perdida" na descentralização P.

Viola filha de cinco anos e deixa-a à beira da morte Agressor estava em prisão domiciliária por furto P.15

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Universidades duplicam estudantes estrangeiros Há 26 mil a obter diplomas em instituições nacionais

tidos r invasão

agressões Alcochete

ia lança ração mas da há suspeitos liberdade P.41

Oito rapazes estão a salvo Resgate na Tailândia deverá ternun hoje com a retirada de quatro jovens futebolistas e do seu treinador P.4 e C ."7ar

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Gestifute de Jorge Mendes rejeita acordo e espera decisão do juiz P.13

Empresário exige 201 mil

• euros pela ideia dos hotéis CR7

Jornal de Notícias

Salários crescem três vezes menos do que a média

Ritmo de evolução das remunerações voltou a baixar em 2018 P. n

Viagem Porto-Lisboa vai demorar mais sete minutos

Obras na Linha do Norte entre Ovar e Gaia º.10