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Volta Redonda/RJ – 03 e 04 de dezembro de 2015
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1 Resumo
As bactérias são “organismos unicelulares microscópicos, que vivem em grandes quantidades
em praticamente todos os ambientes do planeta, desde o mar profundo, até o interior do corpo
humano” e constituem o grupo de maior presença nos tratamentos biológicos de efluentes
(SPERLING, 1996).
O uso tecnológico dessas bactérias para remover (remediar) ou reduzir poluentes no ambiente
é chamado de biorremediação e se mostra muito apto a degradar matérias xenobióticas (alheias
ao ambiente) recalcitrantes (difícil degradação), sendo bastante pesquisado e recomendado pela
comunidade científica para tratamento de ambientes contaminados tais como solos, águas
superficiais, subterrâneas e efluentes industriais (GAYLARDE et al. 2005), constituindo uma
alternativa para eliminação de gorduras geradas pelos restaurantes, que tem como destino as
caixas de gordura e posteriormente, a rede coletora de esgoto.
Em locais pouco atendidos pelos sistemas de coleta e esgoto, o acúmulo do material efluente
oriundo das caixas de gordura, sem tratamento pode causar problemas tais como entupimentos
e posteriormente transbordos, face a solidificação desse material, especialmente em ambientes
de baixa temperatura.
Foi realizado um teste em um restaurante no Rio de Janeiro cujo carro chefe é a venda de galetos
e onde entupimentos e transbordos nas tubulações eram comuns devido a falta de limpeza e
atenção dada a essa área.
A limpeza da caixa de gordura era realizada pelo próprio funcionário do local, com posterior
descarte na rede coletora de esgoto e em situações extremas, o caminhão limpa fossa era
acionado, interrompendo em alguns casos o atendimento do local. Com o uso do tratamento
biológico os serviços do caminhão limpa fossa foram dispensados, uma vez que a gordura
produzida passou a ser praticamente toda consumida ainda na caixa de gordura através do
processo de bioaumentação, o que representou uma redução entre 7,7 e 9,2 litros de gordura
diariamente.
Palavras-Chave: Bioaumentação; caixas de gordura, restaurantes, esgoto
2 Introdução
O crescimento populacional, aliado ao maior número de pessoas que se alimentam fora do lar,
faz com que o mercado de restaurantes esteja em franca expansão em todo país, principalmente
nas grandes capitais que movem a economia no Brasil, dentre elas o Rio de Janeiro (Figura 1).
Mesmo suprindo anseios da sociedade moderna, o crescimento do número de restaurantes gera
uma outra preocupação que é o destino e tratamento dos efluentes gerados, uma vez que a água
é utilizada em praticamente todas as etapas da operação de um restaurante.
Tabela 1. Estimativas das populações para o total do município do Rio de Janeiro.
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Fonte: IBGE, 2012
Observando os impactos diretos ao negócio, a baixa atenção dada à manutenção das caixas de
gordura pode acarretar no surgimento de odores nauseabundos que impregnam o
estabelecimento (HAMKINS, 2006), provocando também surgimento de vetores como insetos
e roedores, além de interferências na operação a qualquer momento, inclusive durante os
horários de pico. Tudo isso pode gerar perda de clientes e degradação da imagem do
estabelecimento.
Segundo dados da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, as infrações por motivo de asseio
aumentaram em 40% entre 2010 e 2012. Em bares, restaurantes e supermercados da cidade do
Rio de Janeiro o número de interdições aumentou 23% no mesmo período, sendo os principais
motivos a presença de alimentos vencidos, mau cheiro e vetores tais como ratos e baratas
(AGÊNCIA BRASIL, 2013).
O uso de agentes biológicos é uma técnica ainda pouco disseminada no segmento de
restaurantes, preferindo estes, soluções mais rápidas e convencionais tais como remoção por
conta própria, uso de caminhões limpa fossa e até mesmo a inação. Conhecer os estudos
relacionados ao uso de microrganismos e como tal tema vem sendo tratado nos meio acadêmico
pode fornecer o cenário que mostre porque tal tecnologia tem presença insipientes em um
segmento que cresce a cada ano.
Essa artigo tem como objetivo a identificação das possíveis restrições e entraves à implantação
dessa tecnologia em maior escala. Para tal, foram analisados estudos realizados em relação ao
uso de microrganismos na eliminação de gorduras em caixas de gordura de restaurantes.
3 Fundamentação teórica
Para melhor compreensão do tema, é mister elucidar a definição de Gorduras. Jordão e Pessoa
(2009) definem gordura como a matéria graxa, óleos e substância afins presentes no esgoto,
oriundos da preparação de alimentos e à esses elementos, a Water Enviroment Federation
utiliza o termo FOG, que em uma tradução literal significa gorduras (Fats), óleos (Oils) e graxas
(Grease), que são compostos biodegradáveis, solúveis em hexano e formados por longas
cadeias de carbono (HARRIS, 2013), presentes em muitas etapas do processo de transformação
de alimentos, tais como:
• Etapa de preparo dos alimentos;
• Limpeza e descarte de matéria processada:
• Lavagens e desinfecções de rotina em utensílios de cozinha;
• Lavagem de pisos;
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• Rompimento de embalagens com óleos e gorduras (WEF, 2008).
Uma possibilidade para alterar no fluxo de graxas, óleos e gorduras encaminhados a rede
coletora é a adoção, pelos estabelecimentos, de caixas de gordura, que a Norma 8160 (ABNT,
1999) define como “Caixa destinada a conter, na sua parte superior, as gorduras, graxas e óleos,
contidos no esgoto, formando camadas que devem ser removidas periodicamente, evitando que
estes componentes, escoem livremente para a rede coletora, obstruindo a mesma” (ABNT,
1999). Na verdade, a caixa de gordura é um separador, fabricado de modo a diminuir a vazão
das águas (Figura 2). O cálculo para definir o volume ideal da caixa de gordura é: V=2N+20
(ABNT, 1999), onde:
V = Volume da caixa de gordura
N = número de refeições servidas no turno de maior pico
Logo, se um restaurante serve 300 refeições ao dia, o volume ideal da caixa de gordura seria
620 litros
Figura 2. Exemplo de uma caixa de gordura
Fonte: COPASA (2014).
Observa-se correlação entre a quantidade de gordura presente nas redes coletoras e o número
de estabelecimentos comerciais em uma região, mesmo que esses estabelecimentos possuam
caixas de gordura dentro das normas vigentes (HARRIS, 2013) e no caso do segmento de
restaurantes, mesmo que os critérios de engenharia sejam respeitados, há situações que alteram
consideravelmente a quantidade de gordura produzida tais como o fator sazonalidade, aumento
de demanda e até mesmo o tipo de refeição servida. Jordão e Pessoa (2009) orientam que:
“A operação das caixas de gordura resume-se na limpeza periódica e
remoção da gordura retida com finalidade de evitar que o material seja
arrastado com o efluente. Essa limpeza é em função da capacidade de
retenção, a qual não deverá ser utilizada em mais do que 75% de seu
volume”.
Uma grande quantidade de gordura é gerada por carnes gordas quando fritas ou assadas no
forno, cujos utensílios ao serem lavados a temperaturas altas, se desprendem, percorrendo a
superfície interna das tubulações (VEIGA, 2012). Tal expediente elimina a matéria orgânica
gordurosa no ponto inicial, mas à medida que a temperatura cai, se aproximando da temperatura
ambiente, poderá provocar solidificação e entupimentos a jusante.
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Sendo assim, é necessário um tempo de retenção de 3 a 5 minutos para que a maior parte das
partículas cheguem na superfície (NUNES, 1993). As caixas de gordura devem ser divididas
em duas câmaras, uma de retenção, chamada de receptora e outra de saída, chamada de
vertedora (ABNT, 1999).
Uma vez que não haja um elemento separador entre a origem do efluente e a rede coletora, a
gordura, ao cair no sistema, pode se solidificar, com a queda de temperatura (Figura 3),
obstruindo as tubulações (KOBYLINSKI; HUNTER; FITZPATRICK, 2006).
Figura 3 – Obstrução de tubulação por acúmulo de gordura
Fonte: Kobylinski; Hunter; Fitzpatrick (2006)
Face a esse cenário, uma das técnicas que começam a ser utilizadas no segmento de restaurantes
é uso de agentes biológicos (microrganismos) na decomposição das gorduras. A biotecnologia
foi definida pela primeira vez por Karl Ereky, engenheiro húngaro, que em 1914, realizou
trabalhos em um matadouro suíno, em Berlim, sendo descrita como “métodos científicos para
geração de produtos, a partir de matéria com intervenção de microrganismos”
(KRALOVÁNSZKY; FÁRI, 2006).
Nos anos 80, quando as primeiras patentes para um microrganismo direcionado a
biorremediação de petróleo foram liberadas pela Suprema Corte Americana, houve um grande
salto nos estudos relacionados a essa área em diversos segmentos, entre eles a área ambiental
onde até 2005 cerca de 6% da produção científica referente a biotecnologia estava votada a área
ambiental mas no período de 2010 a 2013, observamos cerca de 16% (Figura 3).
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Figura 4 – Número de publicações contendo os temas Biotecnonogia e Biotecnologia na área ambiental
Fonte: SCOPUS (2014)
O uso tecnológico de microrganismos para remover (remediar) ou reduzir poluentes no
ambiente é chamado de biorremediação e se mostra muito apto a degradar matérias xenobióticas
(alheias ao ambiente) recalcitrantes (difícil degradação), sendo bastante pesquisado e
recomendado pela comunidade científica para tratamento de ambientes contaminados tais como
solos, águas superficiais, subterrâneas e efluentes industriais (GAYLARD et al. 2005).
Uma das técnicas de biorremediação é a bioaumentação, que segundo Zawierucha e Malina
(2011), consiste na adição do microrganismo propriamente dito, aumentando a população
bacteriana já existente no sistema, otimizando sua performance
Segundo a base de dados Scopus, mais de 1718 trabalhos forma publicados até o fim de 2014,
sendo 30% dessa produção, oriunda dos Estados Unidos. O Brasil aparece em 11º com 42
publicações sendo o primeiro artigo sobre o tema publicado em 1994 abordando a
bioaumentação em solos contaminados (WEBER JR., W.J.AB; CORSEUIL, H.X.B, 1994) e
nesse contexto a Universidade Federal do Rio Grande do Sul é a líder na produção científica
referente a Bioaumentação, com 10 publicações (SCOPUS, 2014).
Com a análise das publicações, observa-se resultados muito positivos no que tange às técnicas
de bioaumentação, como citado por Fadile et al. (2011), que realizou em laboratório, testes em
efluentes de um restaurante no Marrocos, com consumo de água entre 500³ e 1000m³, servindo
em média 200 refeições ao dia, constatando redução de 83% na Demanda Química de Oxigênio
(DQO) e 81% na quantidade de gorduras. Utilizando interceptores (caixas de gordura), He et
al. (2012) encontrou resultados semelhantes nos efluentes de um restaurante, mas na publicação
consultada não há parâmetros quantitativos.
Wang et al. (2007) conseguiu redução de 50% na DQO do efluente, utilizando a mesma técnica,
porém o separador foi designado utilizando a teoria da cadeia alimentar onde bactérias,
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protozoários e metazoários agiam de maneira independente, mas ao consumir a matéria
orgânica, as bactérias eram digeridas pelos protozoários e metazoários.
Bouchez et al. (2013) analisou um estudo envolvendo manguezais, uma vez que processos
biológicos ocorrem a todo momento nesse local, sendo um dos estudos pioneiros nesse tema,
que utilizou efluentes domésticos de uma vila e os despejou em um manguezal dominado por
Rizophora mucronata mas com resultados pouco conclusivos.
Matsuoka, Miura e Hori (2009) realizaram estudos na caixa de gordura de uma cafeteria em
Nagoya, Japão e abordam a grande preocupação do governo japonês com a geração de gorduras,
a tal ponto de estipularem limites para a geração de tais efluentes, mas há dificuldades em
alcançar tais parâmetros, sendo assim o tratamento biológico tem sido estudado como
alternativa viável.
Bactérias do gênero pseudomonas e bacillus tem sido utilizadas em testes dentro de
laboratórios, mas devido às diferentes condições observadas em campo, seus resultados não
tem sido efetivos, pois o pH observado nas caixas de gordura varia de 5.5 a 6.5 e tais bactérias
tem ação mais lenta em meio ácido (VEIGA, 2013).
Para haver um sistema ambiental economicamente sustentável, é fundamental a integração A
geração de gorduras pode aumentar consideravelmente caso o cardápio do restaurantes seja rico
em carnes, frango ou fast food, como observado em restaurantes na Tailândia onde uma
mudança no cardápio fez com que a concentração de gorduras aumentasse de 730 para 1100
mg / L (HUSAIN et al. 2014).
Chama a atenção o estudo feito por Husain et al. (2014) abordando diversos impactos causados
por entupimentos e extravasamentos nas redes de esgoto, citando Lemus e Lau (2002) que
obtiveram uma redução de 70% nas gorduras oriundas de tubulações, usando a compostagem.
Os mesmos autores, em outro experimento com efluente rico em gorduras oriundas de
restaurantes, com a aplicação de microrganismos, houve redução de mais de 90% nas gorduras
presentes.
4 Método de pesquisa
Foi realizado um teste com um restaurante da Zona Sul do Rio de Janeiro, servindo basicamente
aves em seu cardápio e como ferramenta de obtenção dos dados, foi desenvolvido um
questionário (Figura 5) que foi aplicado in loco diretamente com o responsável pelo
estabelecimento, que no caso foi o Gerente do local. Nesse instrumento, são observados dados
referentes a operação do local (Dados operacionais) e a caixa de gordura e seu tratamento e
todos dados coletados serão agregados em uma base de dados contendo restaurantes do
município do rio de Janeiro para composição sobre o estado da arte no município ainda a ser
formatado.
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Figura 5 – Questionário de levantamento de dados
Fonte: Elaborado pelo autor
Não foram consideradas nesse escopo, análises do efluente, pois houve restrições por parte do
estabelecimento quanto a tal procedimento; logo, foi levado em conta o ponto de vista do
restaurante em relação aos custos envolvidos no processo de limpeza, frequência de
entupimentos e extravasamentos e o destino dado ao efluente, porém iremos buscar amparo na
literatura sobre as reduções de gorduras ocasionadas pelos microrganismos e associar aos
resultados encontrados após aplicação. Com o questionário foi realizado o levantamento do
cenário antes do tratamento da caixa de gordura com microrganismos e outro após o mesmo,
procedendo então para a comparação entre ambos.
Tal estabelecimento apresentava as seguintes características:
Cardápio composto predominantemente por aves (galetos);
300 refeições servidas diariamente em média;
Horário de funcionamento de 10:00 às 00:00;
Constantes entupimentos e extravasamentos (Figura 5);
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Presença de odores e insetos;
Limpeza da caixa de gordura realizada mensalmente por um funcionário do restaurante;
Descarte da gordura na própria rede coletora do outro lado da rua;
Acionamento do caminhão limpa fossa apenas próximo ao transbordo da caixa,
normalmente com frequência mensal;
.
Figura 6 – Aspecto da caixa de gordura de restaurante antes do tratamento biológico
Fonte: Elaboração própria (2014)
Uma cepa de microrganismos do tipo bacilus foi utilizada durante 15 dias corridos, sendo
aplicada nas pias, ralos e diretamente na caixa de gordura, duas vezes ao dia, sempre no início
da manhã e ao final da tarde, por serem períodos de menor movimento. Nessa etapa os
microrganismos são incorporados ao sistema, agindo desde a origem do efluentes até a caixa
de gordura, decompondo as gorduras existentes nesse trajeto.
A avaliação do desempenho do processo foi feita com base na mudança de rotina de limpeza
da caixa de gordura, pelo histórico de entupimentos e extravasamentos e pela frequência de
acionamento do caminhão limpa fossa. Por ser um sistema extremamente dinâmico e com baixo
grau de retenção, a redução de gordura for estimada segundo a eficiência do processo biológico
encontrada na literatura. Sendo assim, considerando o percentual de retenção de gordura de
75% ao percentual de eficiência dos microrganismos de 70%, chegamos a um fator de 0,53. Tal
índice será aplicado ao volume da caixa de gordura, uma vez que o restaurante, somente
acionava o caminhão limpa fossa, próximo ao transbordo.
5 Análise dos Resultados
A partir dos filtros de pesquisa bibliográfica, foram identificados 14 artigos onde em dois casos
observamos de maneira clara resultados consideráveis na redução de gorduras, como citado por
Fadile et al. (2011) e também por Lemus e Lau (2002, apud Husain et al. 2014), cujos
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experimentos em efluentes oriundos de restaurantes reduziram de 70% a 90% as taxas de
gordura presentes.
Os outros artigos contemplaram experimentos feitos em efluentes fora do ambiente de
restaurantes e sem apresentar uma redução percentual que pudesse ser considerada sendo que
em dois casos o artigo não apresentava conteúdo relevante,
O teste realizado no restaurante ocorreu de 4 a 19 de maio de 2015 e ao final de 15 dias de
tratamento de choque, observamos nitidamente a redução na gordura presente no sistema, já
com resultados no que tange a ausência de odores e insetos (Figura 6). Desde o início do
tratamento não houve mais chamados a caminhões limpa fossa.
Figura 7 – Aspecto da caixa de gordura de restaurante após 15 dias de tratamento biológico
Fonte: Elaboração própria (2014)
O restaurante serve em média 400 refeições por dia, logo o volume ideal da caixa de gordura
seria de 820 litros e como havia o acionamento mensal do caminhão limpa fossa, com a caixa
próximo ao transbordo, notamos que a gordura presente no momento da retirada era de 615
litros e ao aplicarmos a eficiência de 70% referente aos microrganismos temos a quantidade de
430 litros de gordura consumida após o período de testes.
6 Conclusões
São poucos artigos aplicados a restaurantes;
A redução de gordura variou de 70% a 90% nos estudos encontrados;
No teste piloto obteve-se redução de 14 litros diários de gordura;
No restaurante não houve mais ocorrências de odores;
Os serviços de o caminhão limpa fossa foram dispensados;
A adoção de tal procedimento pode gerar impactos a serem notados nas ETEs caso seja
utilizado em larga escala;
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Ainda nota-se a falta de conhecimento do mercado em relação ao tema o que dificulta
sua inserção.
A caixa de gordura é um sistema dinâmico, podendo ocorrer variações nos índices de DBO e
DQO ao longo do dia, mediante o baixo tempo de retenção na mesma. Dessa forma
compreendemos o fato de boa parte da literatura disponível contempla testes em ambiente
controlado em laboratório.
Para um restaurante tais índices não são relevantes, visto que o cenário de entupimentos, odores
e insetos, são os que realmente interferem nos negócios, sendo esses problemas a serem sanados
e em termos de ganhos ambientais, podemos perceber que a partir do momento que as gorduras
são digeridas pelo sistema, a rede coletora fica mis limpa, evitando entupimentos e diminuindo
a carga de efluentes nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs).
Com o uso dos microrganismos em maior escala, é possível não apenas a redução na gordura
formada mas também o tráfego de caminhões limpa fossa na localidade, uma vez que tais
serviços sejam menos utilizados.
O descarte da gordura in natura diretamente na rede coletora de esgoto, foi abolido do
restaurante uma vez que a gordura gerada passa a ser rapidamente consumida no próprio local
pelo efeito do agente biológico.
É interessante ampliar o número de estudos para identificar quantos estabelecimentos procedem
dessa forma para então realizar uma projeção em maior escala estimando a quantidade evitada
na região ou até mesmo no município, mas com vistas a um estudo mais eficiente, é conveniente
classificar os restaurantes por tipo de refeição, pois a produção de gordura depende do tipo de
comida gerada e descartada.
7 Referências
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