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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
JAILSON JUSTINO FONTOURA FILHO
A EVASÃO DE ALUNOS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO EJA:
CASO CAdE
NATAL/RN
2013
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JAILSON JUSTINO FONTOURA FILHO
A EVASÃO DE ALUNOS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO EJA:
CASO CAdE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação do curso de graduação em
Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em
Administração.
Orientador: Carlos Alberto Freire Medeiros,Dr.
NATAL/RN
2013
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Fontoura Filho, Jailson Justino.
A evasão de alunos em uma instituição de ensino EJA: caso CAdE / Jailson
Justino Fontoura Filho. – Natal, RN, 2013.
39f. : il.
Orientador: Prof.º Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros.
Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de
Ciências Administrativas.
1. Marketing de relacionamento – Monografia. 2. Evasão escolar –
Monografia. 3. Educação de jovens e adultos – Monografia. 4. Retenção de
clientes - Monografia. I. Medeiros, Carlos Alberto Freire. II. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 658.8
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
A EVASÃO DE ALUNOS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO EJA:
CASO CAdE
JAILSON JUSTINO FONTOURA FILHO
Monografia apresentada e aprovada em ___ de __________ de ____, pela banca
examinadora composta pelos seguintes membros:
______________________________________
Carlos Alberto Freire Medeiros, Dr.
Orientador
_______________________________________
Antônio Sérgio Araújo Fernandes
Examinador
________________________________________
Leandro Trigueiro Fernandes
Examinador
Natal, de de 2013
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AGRADECIMENTO
Agradeço, primeiramente a Deus por ter me dado força e iluminado durante todo o
curso para que chegasse até esse momento e concluísse esse projeto com êxito.
A minha família, em especial aos meus pais e irmã, que me incentivaram a todo
momento e que sempre acreditaram no meu sucesso, independentemente das circunstâncias.
A todos os funcionários da Rede de Ensino CAdE, onde trabalho há 4 anos, e que
sempre se dispuseram a ajudar em todos os momentos do projeto. Sem o trabalho em
equipe nada disso seria possível.
A todos os ex-alunos que se dispuseram a participar das entrevistas.
Ao meu professor e orientador, Carlos Alberto, pelos ensinamentos dados ao longo
da graduação e pela ajuda e atenção na orientação desse projeto. Com certeza o
aprendizado e a amizade se perpetuarão.
A todos vocês o meu muito obrigado e minha eterna gratidão.
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RESUMO
A gestão de empresas nos dias atuais é algo bastante complexo. No que diz respeito as
instituições de ensino essa missão torna-se ainda mais complicada. A falta de incentivos do
governo na educação pública de base faz com que alunos sejam obrigados a procurarem
escolas de ensino particular. Nesse contexto, o EJA (Educação de Jovens e Adultos) surge
como referência para os alunos que estão fora de faixa e desejam concluir seus estudos em
tempo para que possam ingressar em uma universidade e no mercado de trabalho. Atrelado
a isso temos a questão da evasão escolar, que vem se tornando algo frequente nesse tipo de
ensino. Os resultados foram enfáticos no que diz respeito a não motivação e orientação dos
alunos o que ocasiona em um grande desinteresse por parte destes, tendo como
consequência a desistência. Portanto, faz-se necessário o uso de ferramentas de marketing
de relacionamento, para que haja uma retenção desses clientes (alunos), fazendo com que
eles se sintam um maior interesse em continuar na instituição e concluir seus estudos com
êxito.
Palavras-chave: EJA; evasão escolar; marketing de relacionamento e retenção de clientes.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Quantidade de alunos evadidos, por período, entre os anos de 2008 e 2012.
Tabela 02 – Percentual de alunos evadidos entre os anos de 2008 e 2012.
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Percentual de alunos evadidos no ensino fundamental e médio
Gráfico 02 – Quantidade de alunos evadidos por série
Gráfico 03 – Motivos que levaram os alunos a desistirem dos estudos
Gráfico 04 – Percentual de alunos que pararam os estudos e voltaram, e alunos que não
voltaram a estudar
Gráfico 05 – Percentual de tempo de evasão dos alunos
Gráfico 06 – Percentual de opiniões sobre o que os alunos achavam bom na escola
Gráfico 07 – Percentual de opiniões sobre o que os alunos achavam ruim na escola
Gráfico 08 – Motivos que levaram os colegas a desistirem dos estudos
Gráfico 09 – Sugestões dos alunos para os professores
Gráfico 10 – Sugestões dos alunos para o colégio
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 09
1. PARTE INTRODUTÓRIA ............................................................................................ 10
1.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................................................. 10
1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA ............................................................................................. 10
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................................................ 12
1.3.1 GERAL ....................................................................................................................................... 12
1.3.2 ESPECÍFICO ............................................................................................................................... 12
1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................. 12
2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 13
2.1 EJA (EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS) .................................................................................... 13
2.1.1 A HISTÓRIA DA EJA NO BRASIL ................................................................................................. 13
2.1.2 O QUE É A EJA? ......................................................................................................................... 16
2.1.3 METODOLOGIA DA EJA ............................................................................................................ 17
2.2 EVASÃO ESCOLAR ........................................................................................................................ 18
2.3 MARKETING ................................................................................................................................ 19
3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 23
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................................. 23
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................................................ 23
3.3 DADOS E INSTRUMENTOS DE COLETA ....................................................................................... 23
3.4 FORMA DE ANÁLISE E TRATAMENTO ESTATÍSTICO .................................................................... 24
4. ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................... 25
4.1 PERFIL DO ALUNO ....................................................................................................................... 25
4.2 CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR .................................................................................................... 27
4.3 PROPOSTA DE MELHORIAS SUGERIDAS PELO AUTOR ................................................................ 32
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 34
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 35
APÊNDICES ....................................................................................................................... 39
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APRESENTAÇÃO
Gerir uma instituição de ensino nos dias atuais tornou-se um grande desafio para
aqueles que pretendem promover educação e formar cidadãos dignos. A complexidade se
dá a partir do momento em que envolve toda a questão de gerenciamento da qualidade de
ensino atrelada ao cronograma e planejamento escolar. Junto a isso soma-se também as
práticas administrativas para manter o quadro de pessoal, recursos financeiros, propostas de
divulgação e promoção, atividades rotineiras, entre outras que envolvem toda instituição
desse porte.
Além disso, a má qualidade do ensino público faz com que a população mais
carente não tenha alternativa a não ser procurar uma escola de ensino particular, para que o
aluno tenha a oportunidade de melhorar seu futuro através de uma boa educação. A EJA
(Educação de Jovens e Adultos) aparece como uma boa alternativa pelo fato de, em um
ano, o aluno cursar duas séries, tendo uma “economia” caso fosse para um colégio regular.
Porém, muitas dessas famílias não possuem condições de manter seus filhos por muito
tempo, devido a outros fatores que estudaremos mais adiante.
Este estudo tem o objetivo de mostrar justamente esses fatores responsáveis pela
grande evasão de alunos e, a partir deles, poderemos apresentar as possíveis soluções para
que haja uma diminuição do número de evadidos, que acabam mexendo com todo um
planejamento já iniciado.
O trabalho será dividido em cinco etapas: primeiramente, teremos uma apresentação
do que será o trabalho. Constando a caracterização da organização analisada, a
contextualização e o problema da pesquisa, além dos objetivos gerais e específicos e a
justificativa do estudo. Posteriormente, temos o referencial teórico, apresentando uma breve
revisão da literatura a ser apresentada. Em seguida será apresentada a metodologia utilizada
na pesquisa, o plano de coleta de dados e plano de análise dos dados. Na etapa seguinte será
feita uma apresentação e análise dos dados adquiridos com o estudo. E, por fim, faremos
uma conclusão de tudo que foi abordado no projeto, apresentando as considerações finais.
Bem como a apresentação das referências utilizadas na elaboração da pesquisa.
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1 PARTE INTRODUTÓRIA
1.1– CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
O CAdE (Centro Avançado de Ensino) foi fundado a partir do antigo Colégio
Dinâmico, em dezembro de 1998. Com a iniciativa do professor de história Luiz Eduardo
Brandão Suassuna, mais conhecido como “Kokinho”. Seu objetivo era oferecer aos alunos
que não estavam em sua faixa etária correta a oportunidade de recuperarem o tempo que
haviam perdido, oferecendo a modalidade de ensino EJA (Educação de Jovens e Adultos),
conhecido no popular como “supletivo”.
Tendo sua primeira unidade na Avenida Deodoro da Fonseca, hoje, o CAdE conta
com 3 (três) unidades, sendo as outras duas na Zona Norte de Natal e em Parnamirim.
Totalizando uma média de cerca de 2.800 alunos, em todas as unidades, e 40 funcionários,
entre professores e demais setores. Além de oferecerem os ensinos: presencial,
semipresencial, ensino médio regular e uma central de cursos preparatórios para o ENEM e
concursos.
1.2 – CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA
É bastante evidente que a educação pública em nosso país não tem uma atenção
especial por parte dos nossos governantes. E isso faz com que os menos favorecidos não
tenham a oportunidade de uma educação básica de qualidade. Segundo Ioschpe (2005), um
dos grandes problemas da educação brasileira é justamente a falta de incentivos a um
ensino de qualidade. Com a popularização da educação brasileira nas últimas décadas,
ocorreu aqui um fenômeno que acontece em todo o mundo: quando os pobres chegam a um
espaço, os ricos fogem dele, procurando escolas particulares. A elite do nosso país só
convive com a educação pública para seus filhos no nível universitário. Talvez esse seja a
causa do descaso com a educação, já que os que estão no poder não “sentem” o que se
passa nas camadas mais baixas da sociedade.
Somado a isso temos a falta de preparo, de alunos e professores, que muitas vezes não
sabem lidar com as diversas situações encontradas na rotina escolar.
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Pode-se adicionar a falta de estrutura das escolas e o desinteresse dos diretores, que
muitas vezes são indicações políticas. A cada dia a escola torna-se cada vez menos atrativa
para os alunos, causando um grande desestímulo e, consequentemente, uma grande número
de alunos evadidos.
Visto todas essas dificuldades encontradas no setor público, não há outra saída a não ser
procurar uma instituição de ensino privado. E, na maioria das vezes, a EJA acaba sendo a
melhor alternativa encontrada para que o aluno possa concluir seus estudos. Porém, a
evasão, mesmo no ensino privado, ainda é considerável. E a partir dos estudos realizados
no decorrer desse caso, iremos descobrir o porquê e as possíveis soluções de tal
problemática.
Para darmos início a uma contextualização mais direcionada, vamos traçar o perfil do
aluno CAdE, que faz parte do ensino EJA. Há uma grande heterogeneidade no que diz
respeito à classe social, financeira e idade. Alguns alunos encontram muita dificuldade na
compreensão de textos, o que dificulta o ensino, assim como dificuldade de concentração,
trazendo como consequência a insegurança e desinteresse. Muitas vezes a estrutura familiar
faz com que os alunos transpareçam todas suas angústias na sala de aula, com professores e
colegas. E, por muitas vezes, eles acabam se desmotivando. Porém, existem alunos que
realmente se conscientizam que passaram muito tempo parados e se esforçam para concluir
seus estudos com êxito. Sobretudo os de idade mais avançada, que almejam um concurso
público ou uma faculdade. Portanto, este trabalho coloca o seguinte problema: Quais os
fatores que influenciam na evasão de alunos na instituição?
1.3 – OBJETIVO DAPESQUISA
1.3.1 GERAL
Avaliar a evasão escolar no colégio CAdE
1.3.2 ESPECÍFICOS
a) Levantar o perfil do aluno;
b) Identificar os motivos da evasão;
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c) Apresentar sugestões para minimizar a evasão de alunos através do
marketing.
1.4 - JUSTIFICATIVA
As instituições de ensino realizam um planejamento anual e, mesmo com todos os
imprevistos, é necessário que o mesmo seja cumprido. Fatores internos e externos podem
levar a não concretização do planejamento.
A razão da escolha do problema se deu justamente pelo fato dessas evasões serem cada
vez mais frequentes e afetarem diretamente o desenvolvimento de um cronograma já
estabelecido. Portanto, serão feitas pesquisas de campo com os alunos da instituição a fim
de descobrir qual o real motivo desse problema. Bem como apresentar as soluções para que
haja uma diminuição ou uma extinção da evasão, que hoje chega a cerca de 10%, na
instituição em análise.
A viabilização da pesquisa também se deu pelo fato do pesquisador trabalhar há 4 anos
na empresa estudada, tendo com mais facilidade acesso às informações necessárias para a
realização do projeto. Além de a empresa estar em expansão e necessitar de tais dados para
obter um melhor direcionamento no planejamento, seja ele administrativo ou pedagógico.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
O objetivo desse tópico é fazer um embasamento teórico para que os assuntos
abordados na pesquisa sejam compreendidos com uma maior facilidade. Será feito um
levantamento histórico da EJA, bem como do seu conceito, seguido da sua metodologia.
Feito isso partiremos para a contextualização da evasão na EJA.
2.1 – EJA (EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS)
2.1.1 – A HISTÓRIA DA EJA NO BRASIL
Recontar a trajetória da EJA em nosso país é algo complexo, tendo em vista que não
há registros suficientes em relação às diversas ações implementadas, principalmente no
âmbito não governamental. Porém, sabe-se que sua história tem início antes mesmo da
própria história da Educação Básica, levando em conta os tempos da colônia quando os
jesuítas exerciam ações educativas com os nativos.
Durante o período Imperial, foram quase inexistentes as ações educativas no que diz
respeito à educação de adultos no Brasil, uma vez que a concepção de cidadania era apenas
direito das elites econômicas da época. Uma das grandes conquistas desse período foi a
Constituição de 1824, que garantia o ensino primário e gratuito a todos os cidadãos
brasileiros.
Impulsionada pelas grandes reformas educacionais, decorrente dos surtos de
urbanização, no período do início da indústria nacional, foi necessário a formação de mão
de obra local. Nesse sentido, a educação de jovens e adultos passou a despertar maior
interesse a partir da década de 1920, quando surgiram as escolas noturnas para adultos, na
tentativa de diminuir as taxas de analfabetismo (MEC/SEF, 2002a).
Com a Constituição de 1934, que firmou a obrigatoriedade e gratuidade do ensino
primário para todos, a EJA passa a ser uma questão de política nacional, e, segundo
Ribeiro, começa “a delimitar seu lugar na história da educação no Brasil a partir dessa
década de 30, quando finalmente começa a se consolidar um sistema público de educação
elementar no país” (1997, p. 19).
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Segundo Gadotti (2001), até década de 1940, a educação de jovens e adultos era
concebida como uma extensão da escola formal, sobretudo para a zona rural, sendo
marcada pelo movimento impulsionado pelo governo federal, através do Ministério da
Educação, de colocar a extensão do ensino elementar aos adultos como uma meta a ser
alcançada pelas diretrizes educacionais. Foram criados durante esse período: o Fundo
Nacional de Ensino Primário (1942), incluindo o ensino supletivo para adolescentes e
adultos analfabetos; o Serviço de Educação de Adultos (SEA, de 1947), com o objetivo de
coordenar e orientar os planos supletivos para adolescentes e adultos analfabetos; e a
Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA, de 1947), que a partir do
momento que definiu a identidade da educação de adultos, como forma de campanha
nacional, influenciou a produção de um material didático especifico para a EJA.
Nos anos 50, a educação de adultos foi concretizada como educação de base, tendo
ela duas vertentes: educação libertadora, como conscientização, defendida por Paulo Freire;
e a educação de adultos entendida como educação funcional (profissional), com o intuito de
treinamento de mão de obra mais produtiva. (Gadotti, 2001).
Os anos 60 podem ser considerados como um dos períodos de maior
desenvolvimento da educação de jovens e adultos no Brasil, pois foram várias as ações
promovidas envolvendo tanto os movimentos civis quanto oficiais que se empenharam no
combate ao analfabetismo dos mesmos. Merecendo destaque: a criação do Plano Nacional
da Educação, a Cruzada de Ação Básica Cristã (ABC) e do Movimento Brasileiro de
Alfabetização (MOBRAL). O Plano Nacional de Alfabetização, criado em 1964, teve como
propósito disseminar por todo o país os programas de alfabetização de adultos
encaminhados a Paulo Freire. Porém, com o golpe militar de 1964, esse plano foi extinto
dando lugar ao MOBRAL, que tinha como objetivo o controle da população rural.
Em 1971, o ensino supletivo foi instituído pelo Ministério da Educação e Cultura
(MEC), ganhando capítulo próprio na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN nº 5.962/71), no qual ele se destinava a “suprir a escolarização regular para
adolescentes e adultos que não tinham seguido ou concluído na idade própria”. Esse ensino
poderia ser ministrado a distância, por correspondência ou por outros meios adequados. Os
cursos e exames seriam organizados dentro dos sistemas estaduais de acordo com os
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respectivos Conselhos de Educação. Já nesse período se afirmava a necessidade de adequar
o ensino ao “tipo especial de aluno a que se destinava”, resultando daí uma grande
flexibilidade curricular (MEC/SEF, 202a).
A Constituição Brasileira de 1988 expressava que o estado tinha dever de oferecer o
ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para aqueles que não o tiveram na
idade própria, estabelecendo como fundamental o direito de jovens e adultos à educação, já
que a legislação anterior (Parecer 699/72) resguardava esse direito apenas aos pertencentes
à faixa etária dos 7 aos 14 anos, representando uma situação de dificuldade ao público
jovem e adulto no processo de escolarização, conforme Soares:
Estando excluídos dessa faixa etária, restavam aos jovens e adultos,
com escolaridade incompleta, pagar, mais uma vez, pelos seus
estudos através dos inúmeros cursos supletivos espalhados pelo
País, ou, se inscreverem nos poucos programas públicos existentes
(2002, p. 12).
Em 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para Todos, em
Jomtien, na Tailândia, que acabou influenciando na elaboração do Plano Decenal
Brasileiro, em 1994, que fixava metas para o atendimento de jovens e adultos pouco
escolarizados. Quanto às políticas públicas para a educação de jovens e adultos, outra ação
importante foi a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/96), que estabeleceu uma seção dedicada à Educação de Básica de Jovens e Adultos:
A reafirmação do direito dos jovens e adultos a um ensino básico adequado às suas
condições, e o dever do poder público de oferecê-lo gratuitamente, na forma de cursos e
exames supletivos. E a alteração da idade mínima para realização de exames supletivos
para 15 anos, no Ensino Fundamental, e 18, no Ensino Médio, além de incluir a educação
de jovens e adultos no sistema de ensino regular (MEC/SEF, 2002a, p. 17).
O período em que houve a consolidação do principal documento que regulamenta e
normatiza a EJA, e outros documentos considerados importantes para se compreender a
configuração da área, na atualidade, no Brasil, o ano de 2000 consagra-se no contexto da
Educação Básica de jovens e adultos com a aprovação e publicação do Parecer 11/2000 e
da resolução 01/2000, que sob a responsabilidade do Conselho Nacional de Educação
(CNE), apresentam o novo paradigma para essa modalidade, sugerindo: a extinção do uso
da expressão “supletivo”; reestabelecimento do limite etário para o ingresso na EJA (14
anos para o ensino fundamental e 17 para o ensino médio); atribuição das funções
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reparadora, equalizadora e qualificadora para a EJA; promoção de formação docente
voltada para o público específico da EJA; contextualização curricular e metodológica de
acordo com os princípios de equidade e diferença definidos pela EJA.
Chegando ao fim desses tempos com um processo histórico tão rico de experiências
promovidas pelas ações formais e informais de educação de jovens e adultos, difundidas
por diversos segmentos governamentais e não governamentais, a EJA, diante da
implementação de suas Diretrizes Curriculares Nacionais (Parecer 11/2000), retoma os
questionamentos em torno de sua prática, como não ocorria desde os anos 50 e 60,
colocando em questão os conceitos, os fundamentos e as funções de uma Educação Básica
de jovens e adultos que se inscreve com uma nova ressignificação no cenário nacional,
onde a educação, segundo Haddad (2001), passou a ocupar cada vez mais espaço na vida
dos indivíduos, não só das crianças, mas também dos adultos, acontecendo de forma
contínua ao longo da vida em razão das necessidades educativas pessoais, impostas pelo
paradigma da sociedade contemporânea no que se refere à mudança constante dos
processos de produção e das formas de relação social, exigindo assim, entre outros motivos,
atualização permanente do conhecimento.
2.1.2 – O QUE É A EJA?
A Educação de Jovens e Adultos, nova nomenclatura para o ensino supletivo, tem
como característica uma proposta pedagógica bastante flexível, levando em consideração as
diferenças individuais e os conhecimentos informais dos alunos, adquiridos a partir da
vivência diária e no mundo do trabalho. É uma modalidade diferente do tradicional ensino
regular em sua estrutura, metodologia e duração (LIMA, 2000).
É esperado que um indivíduo adulto já traga sua experiência de vida, dessa forma
deve haver uma mudança na maneira de ensinar para que o mesmo tenha interesse em
continuar na sala de aula. Os alunos da EJA são geralmente homens e mulheres
desempregados, trabalhadores em busca de uma melhor condição de vida, uma boa moradia
e que lutam para superar suas condições precárias, nas quais estão as raízes do
analfabetismo.
O tema “Educação de pessoas jovens e adultas”, não remete apenas a uma questão
de especificidade etária, mas sim uma especificidade cultural. (RIBEIRO,2003) .
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Isso mostra que a educação de jovens e adultos não vem para mostrar somente a
questão da idade, mas também a questão cultural que, muitas vezes, contribue para que
haja discriminação por parte da sociedade. O professor dessa modalidade de ensino deve
estar preparado para trabalhar com cada tipo de vida inserida na sala de aula. Além de uma
boa interação com os alunos para que o processo de aprendizagem seja facilitado.
(SALDANHA, 2009).
A função reparadora do EJA não significa apenas a entrada no circuito dos direitos
civis pela restauração de direitos negada, mas também o direito a uma escola de qualidade,
mas também o reconhecimento daquela igualdade autológica de todo e qualquer ser
humano (LIMA, 2000).
A reentrada no sistema educacional daqueles que tiveram uma interrupção forçada
pode ser saudada como reparação corretiva, ainda que tardia, possibilitando aos indivíduos
novas perspectivas de vida. Portanto, a EJA representa um caminho de aceleração no
desenvolvimento do Brasil, que vem se arrastando com essa desigualdade social durante
toda a sua história.
2.1.3 – METODOLOGIA DA EJA
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino destinado à
complementação ou realização dos estudos correspondentes ao ensino médio. É estruturado
em etapas, permitindo que o aluno estude de acordo com seu ritmo Para que sejam
estabelecidas as diretrizes para essa modalidade é importante enfatizar que deve haver uma
comprometimento mútuo para se alcançar melhor qualidade na educação. Ao planejar as
aulas, o professor da EJA, precisa fazer um elo entre os aspectos teórico-filosóficos e a
vivência cotidiana dos educandos que, apesar não possuírem um domínio sistematizado
pela escola, possuem conhecimentos práticos adquiridos ao longo do seu dia a dia. A
respeito disso Curitiba (2006, p.61) destaca:
“Pessoas com pouca ou nenhuma escolaridade aprendem
observando, experimentando, fazendo, ouvindo relatos de experiências
vividas por colegas, o que lhes permite construir caminhos singulares de
compreensão. Esse conhecimento tácito dos estudantes é relevante no
processo de ensino-aprendizagem, e o professor deve valer-se desse
conhecimento para enriquecer seu trabalho. Entende-se que, na
reconfiguração do trabalho didático na EJA, deve-se concretizar uma
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educação reflexiva, que considere os conhecimentos e estratégias de
pensamento que os estudantes desenvolvem na prática social, o que lhes
permitirá uma participação ativa e consciente na sala de aula e na
sociedade”.
A partir disso é notória a importância do professor no processo de ensino –
aprendizagem, pois é ele que tem função de desenvolver uma prática pedagógica que
possibilite ampliar sua visão de mundo, sendo capaz de refletir sobre as ações alheias e
sobre suas próprias ações. Com isso, a metodologia e os materiais utilizados pelo professor
precisam está em consonância com a faixa etária e contexto social e cultural no qual o
educando encontra-se inserido. Tais fatores poderão contribuir para uma maior eficácia no
processo, tendo como reflexo a melhoria na qualidade da educação, principalmente para
essa demanda específica.
2.2 – EVASÃO ESCOLAR
A evasão escolar ocorre quando o aluno deixa de frequentar a sala de aula,
caracterizando abandono durante o ano letivo.
Em nosso país, a evasão escolar é um grande desafio para as escolas, pais e sistema
educacional. Segundo dados do INEP (Instituito Nacional de Estudos e Pesquisas), de 100
alunos que ingressam na escola na 1ª série, apenas 5 concluem o ensino fundamental
(INEP,2007).
As causas desse problema são variadas. Condições socioeconômicas, culturais,
geográficas ou mesmo questões referentes ao encaminhamento didático-pedagógico e a
baixa qualidade do ensino das escolas podem ser apontadas como possíveis causas para a
evasão escolar.
Dentre os motivos alegados pelos pais ou responsáveis para a evasão dos alunos são
mais frequentes, nos anos iniciais do ensino fundamental, os seguintes: distância da escola,
falta de transporte escolar, não ter adulto que leve o estudante à escola, falta de interesse
dos alunos e doenças.
Ajudar os pais em casa ou no trabalho, necessidade de trabalhar, falta de interesse e
proibição dos pais de ir à escola são os motivos mais frequentes alegados pelos concluintes
do ensino fundamental e médio.
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Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB9394/96) e o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), um número elevado de faltas sem justificativa e a evasão
escolar ferem os direitos das crianças e dos adolescentes. Nesse sentido, cabe à instituição
escolar valer-se de todos os recursos dos quais disponha para garantir a permanência dos
alunos na escola. Prevê ainda a legislação que esgotados os recursos da escola, a mesma
deve informar ao Conselho Tutelar do Município sobre os casos de faltas excessivas não
justificadas e de evasão escolar, para que o Conselho tome as medidas cabíveis.
2.3 – MARKETING
Segundo Philip Kotler (1995, p.3) marketing é “um processo social e gerencial
através do quais indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam,
criando e trocando produtos e valores uns com os outros”, “... é preciso determinar as
necessidades e desejos dos mercados – alvo e proporcionar a satisfação desejada de forma
mais eficiente que seus concorrentes”. “Marketing é dar satisfação ao cliente de forma
lucrativa. A meta do Marketing é atrair novos clientes prometendo um valor superior, e
manter os clientes atuais dando-lhes satisfação”. Ou seja, marketing significa uma troca de
favores com o proposito de satisfazer ambos os lados, satisfazendo as necessidades e
desejos do cliente.
Peter Drucker (apud Philip Kotler, 1995, p.3), diz que “um dos objetivos do
marketing é tornar a venda supérflua. É conhecer e compreender o cliente tão bem que o
produto ou serviço sirva... e venda por si próprio” . Isso quer dizer que o marketing
procura desvendar necessidades ainda não atendidas e torná-las satisfatórias. Quando o
marketing é feito de maneira correta o esforço para venda é mínimo, pois por si só o
produto é divulgado pelos seus clientes.
O marketing, portanto, pode ser definido como um conjunto de atividades que
objetivam a análise, planejamento, implementação e controle de um produto ou serviço que
é necessário para manter o cliente, suprindo seus desejos, agregando a isso qualidade, preço
e satisfação. Hoje temos a inversão de valores que outrora eram tidos como absolutos, pois
atualmente as empresas não devem simplesmente lançar um produto no mercado e ele dará
certo. Talvez antigamente desse, porém, hoje os valores são outros e a variedade de
produtos é enorme. Então, cabe às empresas saber exatamente quais as necessidades dos
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seus clientes para que as estratégias sejam bem elaboradas e seus produtos e serviços
tenham sucesso no mercado.
O marketing de relacionamento é tido como uma ferramenta para retenção de
cliente. Para Limeira (in DIAS, 2003, p.301) marketing de relacionamento é “uma
estratégia de marketing que visa construir uma relação duradoura entre cliente e
fornecedor, baseada em confiança, colaboração, compromisso, parceria, investimentos e
benefícios mútuos, resultando na otimização do retorno para a empresa e seus clientes”.
Portanto, marketing de relacionamento significa criar, manter e aprimorar fortes
relacionamentos com os clientes e interessados. Elaborando estratégias que atraiam novos
clientes, retendo clientes existentes e criando laços lucrativos e duradouros com eles.
Vavra (1993) diz que o marketing de relacionamento é o processo de garantir
satisfação contínua aos clientes atuais ou que já foram clientes. Eles devem ser
identificados, reconhecidos, comunicados, aditados em relação à satisfação e respondidos.
Sendo assim, satisfazer o cliente tornou-se fator diferencial para que as empresas se
tornassem bem-sucedidas.
A lealdade é ponto de convergência no desenvolvimento de relacionamento com
clientes, dada a importância do processo de recompra ou prestação de serviço para a saúde
da empresa. Oliver (1999) diz que a abordagem mudou da satisfação para a lealdade dos
clientes, o que vem trazendo resultados favoráveis.
Gremler e Brown (1999) afirmam que cultivar a lealdade do consumidor é o mais
importante desafio enfrentado pelas organizações. Heskett (2002) vai além, ao dizer que
essa é condição essencial para uma estratégia efetiva. Para Singh e Sirdeskmukh (2000),
lealdade é o comportamento que demonstra a intenção de manter e ampliar um
relacionamento com um provedor de serviço. Reichheld (1996) afirma que, além de
estratégia, a lealdade é uma filosofia a ser posta em prática em toda a organização e que,
sem ela, não há possibilidade de crescimento. Segundo Dominguez (2000), a gestão da
lealdade, inserida num contexto de efetivo marketing de relacionamento é uma poderosa
abordagem estratégica, adequada ao cenário atual.
Cliente leal é aquele que realiza compras regulares, de diversas linhas de produto
das empresa, recomenda a outras pessoas e é imune a concorrência (Griffin, 1998). Como
consequência da lealdade temos a diminuição de custos na aquisição e manutenção dos
20
9
clientes que voltam a empresa, além de um maior retorno financeiro. Recomendar a
empresa para novos clientes, partindo dos clientes já existentes, faz com que as
organizações diminuam seus gastos com propaganda e promoção, pois os clientes leais se
encarregam de fazer grande parte da divulgação da empresa (GREMLER; BROWN,1999).
Para empresas do setor educacional, a lealdade deve ser buscada, pois atinge diretamente
dimensões financeiras, qualidade do ensino e apoio do aluno no término do curso (Anjos
Neto, 2003).
Segundo Henning–Thurau et al. (2001), o modelo de lealdade do aluno é baseado
na qualidade de relacionamento, figurado no modelo de retenção de Tinto (1975) e no de
qualidade do relacionamento, de Hening–Thurau e Klee (1997). Estudantes leais podem
influenciar positivamente a qualidade do ensino e do serviço, pela participação ativa e
comportamento comprometido. Após o término do ensino médio, o aluno continua
auxiliando o colégio a partir de indicações “boca a boca”. O modelo indica variáveis que
afetam diretamente a lealdade do estudante, como: qualidade percebida dos serviços de
ensino; confiança nos funcionários. Comprometimento emocional; comprometimento com
o objetivo do aluno; integração escolar e social; inserção no mercado de trabalho; presença
ativa dos familiares e atividades extraclasse.
Marzo – Navarro et al. (2005) diz que satisfação é essencial para lealdade do
estudante, focando os elementos do corpo docente, métodos de ensino e organização do
ensino como base para essa satisfação. Para McLaughlin et al. (1998), estudantes tendem a
se desenvolverem ainda mais em uma instituição de ensino onde se sentem bem, situação
que deve ser tratada de forma que se torne uma cultura organizacional.
Outro elemento que influencia a lealdade do aluno é o alcance de expectativas. Todo
o cliente tem expectativa sobre o produto a ele oferecido, não sendo diferente na educação.
As escolas devem conhecer as expectativas dos seus clientes e oferecer a eles um melhor
serviço como condição importante para sua lealdade. Para Appleton – Knapp e Krentler
(2006), a satisfação do aluno é prevista com precisão, desde que se administrem bem suas
expectativas.
Porto (2004) identificou outro aspecto que influencia a lealdade do aluno: a
percepção do “valor agregado” ao serviço educacional, englobando, além do
custo/benefício, questões de investimento de tempo, qualidade percebida e fatores
21
9
situacionais e emocionais com as instituições. A imagem e reputação das escolas merecem
destaque no que diz respeito a antecedentes para que o cliente torne-se leal, diz Nesset
(2007).
Portanto, é necessário um esforço das instituições para que seja criada um vinculo
de lealdade com o aluno, para que haja uma retenção dos mesmos, contribuindo
indiretamente para a divulgação da das escolas através da propaganda através de
indicações.
22
9
3 METODOLOGIA
3.1 – CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Esse trabalho pretende identificar as razões da evasão de alunos na EJA do Centro
Avançado de Ensino (CAdE). E, a partir de pesquisas que foram realizadas será possível
identificar essas causas e apontar as possíveis soluções para que haja uma melhoria do
processo organizacional e pedagógico.
3.2 – POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população interna compreende a equipe pedagógica, professores e setor
administrativo, tendo em sua totalidade 22 colaboradores. A população externa irá
compreender os pais e os ex-alunos da instituição.
Entre os entrevistados 65% compreendem pessoas do sexo feminino e 35% ao
masculino. Com idades variadas que oscilam entre 16 e 35 anos, sendo em sua maioria
jovens. Apenas uma pessoa entre os entrevistados é casada, sendo os demais solteiros.
Além de 70% dos participantes não estavam trabalhando no momento.
Tendo em vista a quantidade considerável de professores, alunos e pais, decidimos
utilizar uma amostragem com 10% de entrevistados.
3.3 – DADOS E INSTRUMENTO DE COLETA
Os dados foram coletados através de questionários aplicados tanto com a população
interna, para que haja uma opinião de quem observa o processo, bem como com a
população externa, para se ter uma visão de quem vive literalmente o processo.
Alguns dados também foram coletados através de entrevistas informais, tendo em
vista que o pesquisador trabalha no setor administrativo da organização.
23
9
3.4 – FORMA DE ANÁLISE E TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Por se tratar de uma pesquisa quantitativa, as análises e o tratamento estatístico
foram feitos através de gráficos que ilustram a situação pesquisada, seguido de comentários
a respeito de cada aspecto abordado no questionário.
24
9
4 ANÁLISE DE DADOS
4.1 – PERFIL DO ALUNO
Após a entrevista, pode-se apurar que os alunos evadidos estão na faixa etária de 16 a
35 anos. Em quase sua totalidade são solteiros e apenas alguns trabalham. Dentre os
motivos expostos pelos alunos estão entre os mais citados: o desinteresse pelos estudos e
problemas pessoais. Foi constatado também que esse aluno não era motivado, bem como
orientado de maneira adequada para que tivesse estímulo para dar continuidade aos estudos.
Abaixo está representado a quantidade de alunos evadidos durante o período de 2008 a
2012:
Tabela 1
25
9
Tabela 2
4.2 – CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR
Apesar de ao longo dos anos analisados na pesquisa a evasão escolar estar diminuindo,
ela ainda é marcante e se faz necessário uma remodelagem, tanto no modelo pedagógico
como no relacionamento do colégio com os alunos. Dentre os entrevistados, temos que
57% dos alunos pararam seus estudos no ensino médio, tendo como destaque o abandono
no 1º ano. Os motivos para que haja a evasão são inúmeros, pois muitos desses alunos são
oriundos de famílias humildes ou são casados e precisam sustentar suas famílias e acabam
tendo que optar pelo trabalho. Problemas de saúde, tanto do aluno como de algum familiar,
são fatores decisivos para que o aluno desista e passe a dar atenção exclusiva ao seu
tratamento ou ao seu familiar. Entre as mulheres é grande o número de grávidas que
abandonam, porém, muitas delas acabam voltando após a gestação. O desinteresse é outro
ponto culminante para o aumento do número de evadidos, principalmente entre os
adolescentes, que não são motivados e não possuem incentivos, dos pais, para continuarem
os estudos. Outros problemas citados com menor frequência foram: problemas familiares,
viagem para morar em outra cidade e reprovação.
26
9
Gráfico 1 Gráfico 2
Gráfico 3
É considerável a quantidade de alunos que pararam de estudar, mas após alguns meses
ou anos voltaram para as salas de aula. Mais da metade dos alunos entrevistados (53%)
retomaram os estudos e concluiram. Há também aqueles que tem o desejo de voltar, mas os
compromissos particulares acabam tomando todo seu tempo e eles acabam deixando a ideia
27
9
de lado. Porém, muitos voltam pois dizem que quando estão estudando se sentem mais
motivados para fazer suas atividades do dia a dia, bem como se sentem mais confiantes em
uma melhora na expectativa de vida deles, devido o fato de muitas empresas exigirem o
ensino médio completo. Os alunos que não voltaram a estudar disseram que perderam o
interesse nos estudos e que não estavam com condições financeiras para continuar os
estudos. Dentre os entrevistados, 35% foram evadidos nos últimos seis meses, o restante
varia entre 1 ano e 5 anos.
Gráfico 4
Gráfico 5
28
9
Os alunos foram questionados a respeito do que eles gostavam no colégio e o que eles
não gostavam. Em geral, eles gostavam das amizades que tinham na escola e dos
professores, o que contribuía para que as aulas também fossem boas e descontraídas. O
bom relacionamento com a equipe de coordenadores ajudava os alunos a se sentirem em
um ambiente propício a prática do aprendizado. O desinteresse de alguns alunos, já falado
anteriormente, contribui para que haja os “bagunceiros”, e são neles o maior foco de
reclamação, que acabavam tirando o foco da aula, fazendo com que os outros se
desconcentrassem. Porém, o que os alunos mais reclamaram foi da estrutura física do
colégio, principalmente das salas de aula que possuem cadeiras pouco confortáveis.
Gráfico 6
Gráfico 7
29
9
Quando questionados a respeito dos motivos que levaram a desistência de algum
colega os motivos se assemelham bastante com os citados pelos alunos que desistiram.
Nesse ponto a falta de interesse pelos estudos aparece com um maior percentual (46%),
seguido de gravidez, trabalho e falta de motivação. O que vai de acordo com os dados
fornecidos pelo MEC, que apresentam como principais razões a questão do trabalho, o
desinteresse e problemas familiares (INEP, 2004)
Gráfico 8
Foi perguntado aos alunos algumas sugestões, no que os professores e a escola
poderiam melhorar e eles foram enfáticos no que diz respeito a orientação e motivação.
Esses eram os principais motivos que faziam com que os alunos perdessem o interesse nos
estudos e acabassem desistindo. Os professores precisam motivar mais os alunos a terem
uma expectativa pós-ensino médio, pois muitos reclamaram que alguns professores apenas
passavam o assunto e não dizia para que ele poderia ser usado no dia a dia, precisavam
fazer aulas mais dinâmicas que envolvessem o aluno. A estrutura física do colégio também
foi questionada, e foi sugerido uma melhora nas salas de aulas, para que fossem mais
confortáveis.
30
9
Gráfico 9
Gráfico 10
31
9
4.3 – PROPOSTA DE MELHORIAS SUGERIDAS PELO AUTOR
Manter o aluno na escola sempre foi uma tarefa difícil, mais ainda para as escolas que
oferecem o EJA, já que muitos estudantes procuram essa modalidade de ensino apenas para
voltarem a sua série de origem, devido a reprovações ou viagens de intercâmbios. Existem
também aquelas pessoas que pararam de estudar há algum tempo e querem voltar e concluir
os estudos para tentar ingressar na universidade e no mercado de trabalho.
Com base nesse contexto e na pesquisa realizada, algumas sugestões são válidas para
que haja uma melhora no ensino e na estrutura da escola, para que assim os alunos sintam
vontade de permanecer por mais tempo nela. Tendo em vista que grande parte desses
alunos evadidos abandonaram os estudos pelo fato de terem inciado uma atividade
profissional, o colégio deveria tomar a iniciativa de ir às empresas e oferecer um desconto
diferenciado para elas de acordo com a quantidade de pessoas interessadas. Assim, a
empresa incentivaria seus trabalhadores a concluirem seus estudos, fazendo com que eles se
sentissem mais motivados, não só no trabalho mas também fora dele, além de qualificar sua
mão de obra, aproveitando-se da grande flexibilidade de horários que o colégio
disponibiliza.
As atividades pedagógicas devem ser feitas com o objetivo de dispertar o interesse do
aluno em aprender e por em prática o que foi ensinado. Oferecer aos alunos uma “semana
das profissões” onde nela seriam mostrados os cursos que eles poderiam prestar quando
acabassem o ensino médio, pois, muitas vezes, eles não têm esse conhecimento e acabam
escolhando o curso errado e com essa orientação eles teriam um maior foco e se sentiriam
mais motivados. Premiar os alunos que mais se destacam faz com que seja despetada em
seu colega a vontade de também querer “ser o melhor” e isso os incentivariam a estudar
mais. Essa premiação poderia ser uma bolsa de estudos para o semestre seguinte ou até
mesmo um curso de idiomas ou informatica para que houvesse uma maior motivação por
parte desses alunos.
Oferecer palestras que tratem de assuntos que ajudem os alunos a não se prejudicarem
como: drogas e gravidez na adolescência. Muitos desses alunos chegam ao colégio sem
nenhuma orientação de seus pais, fazendo com que seja necessário um suporte por parte da
escola. Assim, os alunos tomariam o real conhecimento das consequências dos temas
32
9
abordados e começariam a tomar conciência do que deve ser feito. Com isso, seria evitada a
evasão destes alunos.
Outra sugestão seria a melhoria da estrutura física do colégio. Muitos reclamaram das
salas de aula que possuíam carteiras desconfortáveis. Deveria ser criado um centro de
convivência com mesas e cadeiras no pátio da escola, pois muitos reclamavam que não
tinham um local apropriado para ficar durante o intervalo.
Muitas empresas pensam apenas no primeiro momento de como irão ganhar o cliente e
acabam esquecendo de mantê-lo. Por isso essas inciativas possuem bastante relevância,
pelo fato de que com essas ações os alunos irão sentir-se mais motivados e melhor
orientados para que haja um desejo em continuar no colégio e concluirem seus estudos.
33
9
5 CONCLUSÃO
O fenômeno da evasão escolar é cada vez mais preocupante em nosso país. A partir
disso, fez-se necessário um estudo mais aprofundado a respeito do assunto. Na EJA, tal fato
acontece com mais frequência, devido à rápida rotatividade de alunos e os inúmeros
motivos que os levam a abandonarem as salas de aula.
Nesse contexto, foi escolhido o ambiente do colégio CAdE, que é referência no
ensino EJA na cidade do Natal, tendo como parâmetro os anos de 2008 a 2012 para análise
de alunos evadidos por período, para que fosse feito um estudo mais recente desse
fenômeno. Os entrevistados foram exclusivamente alunos que já passaram pelo colégio,
mas por algum motivo não deram continuidade aos estudos.
Então, compreende-se que os objetivos do trabalho foram atingidos, pois foi feito
um levantamento das principais causas da evasão escolar. Nota-se que grande parte dos
alunos entram no colégio com o objetivo de concluírem os estudos, mas acabam sendo
influenciados por alunos que não têm interesse ou não são motivados e orientados de
maneira correta para que haja um êxito no seu objetivo inicial. Sendo necessário um novo
projeto pedagógico, bem como parcerias que façam com que haja incentivos e seja criada
uma perspectiva de futuro.
A partir dos resultados e sugestões apresentados, cabe a empresa fazer uma análise e
pô-las em prática, para que exista uma retenção dos clientes, no sentido de tornar a escola
um local mais atrativo e motivador para o aluno. Assim, com uma maior orientação e
incentivo, eles podem almejar uma melhor qualidade de vida.
34
9
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37
9
APÊNDICES
38
9
DADOS DO ENTREVISTADO
1. Sexo
( ) Masculino
( ) Feminino
2. Idade
___ anos
3. Estado Civil
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo
4. Profissão
___________________________________
ENTREVISTA
1. Anteriormente, você estudou até qual série?
__________ série do ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio
2. Por que você parou de estudar?
___________________________________
3. Há quanto tempo parou de estudar?
___ anos e ___ meses
4. O que mudou na sua vida desde que você voltou a estudar?
___________________________________
5. Em sua opinião, o que é bom na escola?
___________________________________
6. Em sua opinião, o que é ruim na escola?
___________________________________
7. Você acha que muitos dos seus colegas desistiram dos estudos por quê?
___________________________________
8. Qual o principal motivo de você sair da escola?
___________________________________
9. Em sua opinião, o que os professores poderiam fazer para que os alunos não
desistam dos estudos?
___________________________________
10. Em sua opinião, o que a escola poderia fazer para que os alunos não desistam dos
estudos?
___________________________________
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