1. o sentido das palavras - vocabulario juridico

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  • VOCABUIRIo Cortes era apenas a dama da corte, a que assistia na corte; assumiu, de-

    pois o sentido de prostituta como no filme de Misoguchi: Oharu, a vida de umacortes.

    o termo latino tempestas passou por vrios significados sucessivamente:"momento do dia", "estado atmosfrico" (tempo bom ou no) para se fixar em"tempo borrascoso", tempestade. Na rea jurdica, mantm-se o sentido primiti-vo nas formas "tempestivo" (em tempo devido, .oportuno, adequado) e"intempestivo" (em tempo no devido, oportuno, adequado).

    2.3 O SENTIDO DAS PAlAVRAS NA LINGUAGEMJURDICA

    A clareza das idias est intimamente relacionada com a clareza e preci-so das palavras consoante assevera Othon Garcia (1975:135). No Direito, ain-da mais importante o sentido das palavras porque qualquer sistema jurdico, paraatingir plenamente seus fins, deve cuidar do valor nocional do vocabulrio tcni-co e estabelecer relaes semntico-sintticas harmnicas e seguras na organiza-o do pensamento.

    Trs so os tipos de vocabulrio jurdico: unvocos, equvocos e anlogos.Unvocos: so os que contm um s sentido. A codificao vale-se deles

    para descrever delitos e assegurar direitos, e. g.:furto (art. 155 CP- subtrair, parasi ou para outrem, coisa alheia mvel); roubo (art. 157 CP - subtrair, para si oupara outrem, coisa mvel alheia mediante grave ameaa ou violncia, depois dereduzir a resistncia da pessoa); mtuo (art. 1.256 CC- emprstimo oneroso decoisas fungveis); comodato (art. 1.248 CC - emprstimo gratuito de coisas nofungveis) .

    So unvocas, ainda, palavras pertencentes ao jargo do profissional doDireito, e.g.: ab-rogar (revogar totalmente uma lei); derrogar (revogar parcialmen-te uma lei); ob-rogar (contrapor uma lei a outra); repristinar (revogar uma leirevogadora).

    Bom de lembrar que a repristinao no automtica, pois no se restau-ra por ter a lei revogadora perdido a vigncia nos termos do art. 22, 32, da LICC.

    Pode-se dizer, assim, que a univocidade representa os termos tcnicos dovocabulrio especializado.

    EqUVOCos: so os vocbulos plurissignificantes, possuindo mais de umsentido e sendo identificados no contexto.

  • VOCABULRIO JURDICOExemplos:

  • A REDAO a defesa nacional, mas a runa militar, a invaso e o desmembramento. Isto , eno poderia deixar de ser, porquanto, com o domnio da espada, se estabelecenecessariamente o governo da irresponsabilidade, o jubileu dos estados de stio,a extino da ordem jurdica, a subalternizao da justia fora."

    (Rui Barbosa)

    Nota: o exemplo extrado da obra A arte de escrever (1961:69), de SilveiraBueno, atualizou a acentuao das palavras, consoante as normashoje vigentes.

    Verifica-se no eloqente fragmento do fecundo representante dos clssi-cos que o perodo longo ou, mesmo, quilomtrico, prprio da poca, no compro-meteu a conciso da idia nuclear: a inteligncia, o direito e a religio so os trspoderes legtimos do mundo. A preciso vocabular, verifica-se, ajusta as idias aotpico central. A propriedade semntica contribui, assim, para que o eminentejurista tea um quadro expressivo com apenas dois pargrafos descritivo-disser-tativos, apresentando os argumentos necessrios para o perfeito desenvolvimen-to do tema por ele perseguido. Alm disso, veja-se no texto a unidade, a coern-cia e a nfase, manipulados com esmero pelo grande cultor da lngua portu-guesa.

    5.2 ESTRUTURA DO PARGRAFO

    Corno todo e qualquer texto, o pargrafo h de conter introduo, desen-volvimento e concluso, como se pode verificar no exemplo de Gusmo (1965 :270):

    "Identificou Hegel o pensamento com o 'ser'. (01) Da ver o real como ra-cional. Aproximando-se de Herclito, reconheceu que a idia e o pensamento es-to em devenir. Como a realidade a objetivao da idia, encontra-se, tambm,em devenir que,em Hegel, se caracteriza pelo processo dialtico entre idias con-trrias. idia (tese) segue-se sua anttese; da luta entre tese e anttese, surge asntese, que sempre mais real e completa, passando, por sua vez, a ser nova tesecontra a qual se erguer outra anttese, e assim at ser atingida a idia absoluta.(02)

    Portanto, em Hegel, negao tem valor construtivo." (03)

    o assunto introduzido em (01); no desenvolvimento (02) justifica-se aafirmao inicial; a concluso (03 - Portanto ... ) est intimamente relacionada comas partes anteriores.

    O planejamento obedece aos requisitos essenciais na composio reda-ciona1: o qu? (delimitao do tema) e para qu? (fixao do objetivo).

  • 136 o PARGRAFO E A REDAO JURiDICA

    5.2.1 Tpico frasal

    o exrdio ou introduo do terna. Cumprem-lhe as funes de delimitaro terna e fixar os objetivos da redao, e no se deve redigi-lo com mais duas frases.

    Encerrando a idia-central, o tpico frasal deve ser mais genrico do queo desenvolvimento, e no pode conter idias conclusivas. Lembre-se, no entanto,que no texto narrativo freqente a diluio da idia-chave no desenvolvimentodo pargrafo, podendo, at, surgir no final do texto. Todavia, o cuidado de enun-ciar de pronto a idia-ncleo garante a unidade do pargrafo, sua coerncia, faci-litando a tarefa de realar o terna.

    Veja-se o exemplo a seguir:

    "No h cidadania sem efetivo acesso Justia. No h acesso Justia seesta apenas atende parcela da populao que consegue desfrutar os recursos maldistribudos da sociedade de consumo: No h acesso Justia se grande parteda populao no detm os meios concretos para exerc-lo, e socorre-se de me-canismos primitivos de justia privada, em que a violncia converte-se no cenriodo cotidiano. No h acesso Justia quando o Estado se revela impotente pararesponder s demandas reais da sociedade, inclusive atravs de seu poder compe-tente: o Judicirio."

    (Jos Roberto Batochio, Folha de S. Paulo, 20-5-93)

    O tpico contm a idia-chave, apresentada de forma genrica; a seguir,especifica-se pela repetio da mesma frase "no h acesso Justia", por trsvezes.

    Conforme ministra Othon Garcia, diferentes so as tcnicas de iniciar opargrafo, podendo o tpico frasal conter uma declarao inicial (afirma ou nega,genericamente, alguma coisa); urna definio (diz o que alguma coisa); umadiviso (discrimina as idias a serem desenvolvidas sobre alguma coisa), alm deoutros recursos, dentre eles, a aluso histrica e a interrogao.

    No poema de Toms Antnio Gonzaga, anteriormente citado, os versos deabertura - "Eu, Man1ia, no sou algum vaqueiro, que viva de guardar alheio gado"- urna aluso mitologia greco-romana que conta o fato de ter sido o deus Martepunido por Jpiter, obrigado a exercer a humilhante tarefa de guardar alheio gado.Dirceu - Toms A. Gonzaga - aludindo situao mtica mostra-se mais privile-giado que o deus da guerra.

    5.2.2 Desenvolvimento

    Desenvolver o pargrafo nada mais do que a explanao da idia princi-pal; o agregamento de idias secundrias para melhor enunciar o objetivo reda-cional. o corpo do texto que d a conhecer o assunto e o tema ao receptor.

  • A REDAO 137

    Consoante o objetivo do emissor e o gnero redacional, diferentes so asformas de desenvolver a idia-chave, destacando, entre elas, as seguintes:

    a. Explanao da declarao inicial

    Esta , por certo, a: forma mais usual, mais encontradia de desenvolvimen-to do pargrafo. Cuida-se do mero desdobramento significativo do tpico frasal(afirmativo ou negativo). Tais explicaes ou desenvolvimento formam uma soma-tria de idias secundrias que gravitam em tomo da proposio inicial e a corro-boram.

    Amostra:

    "O direito realidade universal. Onde quer que exista o homem, a exis-te o direito como expresso de vida e de convivncia. exatamente por ser o di-reito fenmeno universal que ele suscetvel de indagao filosfica. A Filosofiano pode cuidar seno daquilo que tenha sentido de universalidade. Esta a razopela qual se faz Filosofia da vida, Filosofia do direito, Filosofia da histria ou Fi-losofia da arte. Falar em vida humana falar tambm em direito, da se eviden-ciando os ttulos existenciais de urna Filosofia jurdica. Na Filosofia do Direito deverefletir-se, pois, a mesma necessidade de especulao do problema jurdico em suasrazes, independentemente de preocupaes imediatas de ordem prtica."

    (Reale, 1965:9)

    b. Contraste

    A tcnica utilizada para desenvolver o pargrafo mostrar diferenas, fir-mar oposies e, assim, demonstrar o posicionamento do emissor diante de im-presses sensoriais, desenrolar de um fato ou emisso de um juzo.

    Conforme ministram Maria Margarida de Andrade e Antonio Henriques emRedaoprtica (1992:75), o contraste pode evidenciar-se de modo explcito ouimplcito.

    Exemplo de contraste implcito:

    "O valor sempre bipolar. A bipolaridade possvel no mundo dos objetosideais, s essencial nos valores, e isto bastaria para no serem confundidos comaqueles. Um tringulo, uma circunferncia so; e a esta maneira de ser nada secontrape. Da esfera dos valores, ao contrrio, inseparvel a bipolaridade, por-que a um valor se contrape um desvalor; ao bom se contrape o mau; ao belo, ofeio; ao nobre, o vil; e o sentido de um exige o do outro. Valores positivos e nega-tivos se conflitam e se implicam em um processo."

    (Reale, 1965:169)

  • 138 o PARGRAFO E A REDAO JURiDICA

    c. Enumerao

    Outra forma de ordenao do desenvolvimento a indicao de fatores efunes de algum objeto (idia-ncleo), podendo, ainda, classific-lo e dividi-lo,indicar a evoluo temporal, as variaes de suas caractersticas, podendo agru-par os elementos por semelhanas e diferenas. Os dois pontos desempenhampapel preponderante nesta forma de desenvolvimento porque sua funo princi-pal indicar a enumerao ou explicao.

    Amostra:

    "Contra a realidade do movimento, Zeno apresenta quatro argumentos.O primeiro demonstra a impossibilidade de um corpo se mover de um ponto paraoutro, pois deveria percorrer antes a metade da distncia e antes a metade dessae assim at o infinito, o que impossvel num tempo finito. O segundo umavariao do mesmo princpio: Aqules, na corrida, nunca alcanar a tartaruga,pois primeiro deveria alcanar o ponto de onde se moveu, mas antes teria queatravessar a metade da distncia de onde est, e assim at o infinito. O terceirodemonstra que a flecha em movimento aparente imvel, pois nunca sai do pon-to inicial. E o quarto que um mesmo ponto, cujo movimento medido uma vezcom referncia a um corpo em repouso e outra vez com referncia a um corpoque se move em sentido contrrio ao primeiro com igual velocidade, percorre nosegundo caso a mesma distncia na metade do tempo que no primeiro caso. Don-de se conclui que a metade do tempo equivale ao inteiro, o que obviamente ab-surdo."

    (Giles, 1979:40)

    d. Exemplificao

    Para muitos, no propriamente uma forma de ordenao das idias, masrecurso utilizado para esclarecer ou reforar uma afirmao.

    Neste passo, assume ela feio didtica e, para tanto, serve-se de expres-ses como: por exemplo (p. ex.), verbi gratia (v. g.), exempli gratia (e. g.), ou me-lhor; assim, entre outras.

    Em demais construes, o exemplo apresenta feio literria, ou seja, ainteno realar a idia por meio de idias esclarecedoras, muitas vezes eluci-dativas do processo metafrico utilizado pelo autor, em funo metalingstica(funciona como verbete).

    Dada a natureza do presente estudo, dar-se- amostra do tipo didtico:

    "De modo muito amplo, pode-se entender por 'governo' o Estado em ao,isto , a ao do Estado. o Estado funcionando. No se confunde com as pesso-as, que, historicamente, o exercem, pois elas passam ou so destitudas da potes-tade governativa, enquanto permanece o governo, sempre em ao, seja qual fora forma que revista. Por isso, 'governo', no sentido prprio, no deve ser confun-

  • A REDAO 8dido com o seu sentido estrito, isto , entendido como o conjunto de pessoas queagem pelo Estado, ou melhor, com os que o governam. O conjunto de meios, es-creve ORlANDO, pelos quais a soberania se traduz em atos, eis corno se deveentender governo. Tal concretizao de soberania exige um conjunto de institui-es, depositrias da potestade governativa (instituies .govematvas), destina-das a exercer e a tornar possvel o governo do Estado. Tm essas instituies, cornotoda instituio jurdica, estabilidade e durabilidade. N9 so temporrias e nemprovisrias, mas permanentes. Devido a permanncia e a estabilidade que desfru-tam, as pessoas, que por elas agem, passam, enquanto elas, ~icam. Governo seminstituies governativas impossvel no Estado moderno. Governo pessoal, nemnas ditaduras modernas h."

    (Gusmo, 1965:211)

    e. Causa-conseqncia

    Arelao causa-conseqncia , por excelncia, o encadeamento lgico doraciocnio. A causa o motivo, a razo, o porqu dos atos humanos. Em relao conduta, a conseqncia o efeito, o resultado.

    Importante se faz a camada vocabular (conectivos, substantivos e verbos)para explicitar a relao causa-conseqncia, como se viu na Parte Iv.

    Tambm, a correlao motivo-efeito, razo-resultado, causa-efeito, podeser obtida pela estrutura interna do texto, nos valores semnticos obtidos comidias que estabelecem a relao.

    Leia-se, atentamente, o fragmento abaixo e verifique-se o efeito das chu-vas e do inverno na vida do homem campesino:

    'Vieram as chuvas. A princpio grossas e fortes, corno chuva de vero edepois finas e incessantes. Era o inverno que apertava o trabalho e os sofrimen-tos. A gua do cu no um convite para o trabalho. urna ordem. Por isso a la-buta era grande. Ao tempo do sol, pode-se ficar por a enganando a prpria fome. aproximao das chuvas, e com elas, abre-se, porm, a terra e planta-se. Masagenta-se a luta contra o mato bravo, na disputa do terreno conquistado."

    (Duarte, 1936:59)

    Veja-se esta outra cena invernal, com a presena do conector causal "por-que":

    "Porque o sol da tarde, indo embora, fazia subir das matas, da guaquieta do lato, do cu que baixava, cinzento, um friozinho cido e cortante, fe-chei as janelas, desci as cortinas e, afinal, ajoelhei-me diante da lareira, descobrique havia uns restos de gravetos no cesto de lenha, um monto de jornais e, noquintal, l fora, urnas razes desentocadas na reformado jardim."

    (Lessa, 1963:155)

  • 140 o PARGRAFO E A RED~O JUIDICA

    Nota: no perca de vista o leitor a relao de contraste oferecida pelacomparao do inverno no campo com o inverno citadino.

    f. Resposta interrogao

    Uma pergunta inicial o recurso, para um desenvolvimento que tem porobjetivo desdobrar o pargrafo. Sirva o exemplo:

    "Ora, diante destas premissas, que devemos entender por interpretao?Dissemos que afala se refere ao uso atual da lngua. Falar dar a entender algu-ma coisa a algum mediante smbolos lingsticos. A fala, portanto, um fen-meno comunicativo. Exige um emissor, um receptor e a troca de mensagens. Ato discurso solitrio e monolgico pressupe o auditrio universal e presumido detodos e qualquer um, ao qual nos dirigimos, por exemplo, quando escrevemos umtexto ou quando articulamos, em silncio, um discurso, ao pensar. Sem o recep-tor, portanto, no h fala. Alm disso, exige-se que o receptor entenda a mensa-gem, isto , seja capaz de repeti-Ia."

    (Ferraz Jr. 1991 :235)

    g. Tempo e espao

    As idias no esto soltas no tempo e no espao, mas so datadas e situa-das. No s no gnero narrativo, mas tambm na descrio e na dissertao, osindicadores de tempo e espao oferecem referenciais para a compreenso da men-sagem.

    possvel escrever usando isoladamente um ou outro critrio.O exemplo que se apresenta abaixo foi colhido do excelente trabalho de

    Magda Soares e Edson Campos (1992:92), demonstrando a ordenao de idiaspelo critrio temporal.

    "O livro foi sempre considerado o baluarte em que poderiam confiar ospessimistas da cultura de massa no momento em que tivessem de salvar do in-cndio a cultura autntica. Todavia, agora, e cada vez mais, esses pessimistas tmrazes de sobra para se desesperar. O livro, ao qual tinham acesso apenas as mi-norias privilegiadas, passa a figurar no cardpio da classe mdia e do proletaria-do. Os ltimos anos marcaram o aparecimento em grande estilo dos livros de bolso,ostensivamente concorrendo com jornais e revistas nas bancas e na disputa dashoras de cio dos leitores. As edies de livros de bolso se multiplicaram. O livro,antes privilgio da gente de esprito e sensibilidade, de repente elevado cate-goria de produto de consumo para a massa, tratado no mesmo nvel do sabo decoco e do sabonete. O livro penetra na drugstore e a cultura equiparada a umcomprimido que se compra para dor de cabea. A cultura veiculada pelo livroadquire ento o aspecto vulgar que faz a ira dos inimigos da cultura de massa: ode tratar com simplicidade coisas por natureza complicadas."

    (Charles R. Wright. Comunicao de massa - pargrafo modificado.)

  • A REDAO

    5.2.3 Concluso

    A concluso o fecho redacional. Uma boa redao termina de forma in-cisiva, dando ao leitor a sensao de ter sido esgotado o plano do autor, lograndoo emissor obter o objetivo pretendido. H, assim, correlao entre introduo econcluso, porque esta ltima resolve a proposta do texto.

    No h, alerte-se, necessidade de uma concluso explcita, auxiliada deexpresses do tipo "concluindo", "finalmente", "em suma" e outras anteriormen-te indicadas no tpico elementos de coeso. Tal recurso mais encontradio nasdissertaes e com grande freqncia no discurso jurdico, porque prepara o es-prito do leitor para assimilar as concluses do autor sobre determinado assunto,constituindo-se, desta sorte, no tema propriamente dito. J nos textos de descri-o e narrao, o final do texto atinge um clmax que se constitui na concluso.

    Leia-se o exemplo abaixo, quando Lgia Fagundes Telles apresenta o de-sengano do pequeno Alonso, ao perder o travesso coznho Biruta, que foi soltona rua pela me do menino, cansada das peraltices do animal de estimao:

    "- Biruta - chamou baixinho. - Biruta ... - repetiu. E desta vez s os l-bios se moveram e no saiu som algum.

    Muito tempo ele ficou ali ajoelhado, imvel, segurando a bola. Depoisapertou-a fortemente contra o peito como se quisesse enterr-Ia no corao."

    (Histrias do desencontro, 1958:36)

    Veja-se, agora, a concluso de um tpico de texto jurdico, anotando o lei-tor a presena do elemento de coeso, ao falar da responsabilidade civil:

    "Em face disso, no se pode deixar de reconhecer, no campo em anlise,a existncia de duas categorias autnomas (a subjetiva e a objetiva), em que cadaqual explica e exerce uma funo prpria da responsabilidade, manifestando-se,de h muito, tendncia a um crescente alargamento do sistema objetivo, em facedas razes j apontadas."

    (Bittar, 1991:176)

    A concluso , pois, o remate das idias desenvolvidas, podendo ser umresumo delas (sntese), apresentar uma proposta e at mesmo constituir-se emconcluso-surpresa.

    Silveira Bueno, em sua Arte de escrever (1961:68), colhe precioso exem-plo que pode ilustrara concluso-proposta, em discurso proferido por Olavo Bilac,no Rio Grande do Sul. Comemorava-se a construo do porto do Rio Grande. Di-zia o "Prncipe dos Poetas", em ardente oratria, da necessidade da construo deuma alma brasileira fincada em valores morais, diante do quadro lgubre da Edu-cao de seu tempo:

    Que fazer, contra a possibilidade do desastre e da runa? - armar o Bra-sil, e defend-lo: e, no campo moral, em maravilhosas propores de vontade, em