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A UTILIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS COMPLEXOS EM PME: ESTUDO DE CASO
Liliana Antunes Andrade Mestre em Auditoria Empresarial e Pública pelo Instituto Politécnico de Coimbra
email: [email protected]
Carlos Barros
Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra Instituto Politécnico de Coimbra
Quinta Agrícola – Bencanta, 3040-316 Coimbra, Portugal Teléfono: +351-239802000 Fax: +351-239445445
e-mail: [email protected]
Área temática: A11 - Auditoria Palavras-chave: procedimentos analíticos, processo de revisão analítica, PME. Metodologia de investigação: M2 - Case Study
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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A UTILIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS COMPLEXOS EM PME: ESTUDO DE CASO
RESUMO: A importância crescente atribuída aos procedimentos analíticos de auditoria, associada à harmonização das normas de auditoria prevista para o espaço europeu, obrigando assim o nosso país à adopção de uma norma específica sobre este tipo de procedimentos, constituiu o cenário que nos motivou a aprofundar a utilização dos procedimentos analíticos complexos através de um estudo de caso. Procurou-se demonstrar o modo de uso e a utilidade prática de dois tipos de procedimentos analíticos no âmbito da auditoria a uma PME: testes de razoabilidade e análise de regressão. Do estudo realizado, pôde-se concluir que, apesar das características limitativas das PME, o aproveitamento das potencialidades dos referidos procedimentos analíticos neste tipo de empresas, se aplicados correcta e convenientemente, pode ser bastante proveitoso para a eficiência e eficácia do trabalho de auditoria, atendendo, nomeadamente, à redução do consumo de recursos proporcionada pela sua utilização. Palavras-chave: procedimentos analíticos, processo de revisão analítica, PME.
ABSTRACT The increasing emphasis on analytical audit procedures associated with the harmonization of auditing standards expected for the European space, thus forcing our country to adopt a specific standard on this type of procedure, was the scenario that motivated us to further develop the use complex analytical procedures using a case study. Tried to demonstrate how to use and practical utility of two types of analytical procedures in the audit of an SME: tests of reasonableness and regression analysis. From the study, it was concluded that despite the limiting characteristics of SMEs in the potential of such analytical procedures in this type of business, if applied correctly and properly, can be very useful for the efficiency and effectiveness of the audit work, with particular regard to reducing the consumption of resources provided for their use. Keywords: analytical procedures, analytical review process, small and medium sized entities
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
O crescimento da complexidade organizacional tem vindo a tornar cada vez mais
importante a fiabilidade da informação financeira, pelo que a auditoria financeira
assume actualmente um papel fundamental na confiança dos mercados. Por outro lado,
com a ocorrência de inúmeros escândalos financeiros que abalaram a profissão de
auditoria sentiu-se necessidade de atribuir uma maior credibilidade a esta profissão,
aumentando a sua qualidade e, em simultâneo, buscando menores custos.
É neste contexto, em que se torna importante que a auditoria encontre respostas
adequadas para continuar a desempenhar um papel importante na fiabilidade da
informação e meios que permitam ao auditor conciliar eficácia com eficiência no
sentido de aumentar a qualidade do seu trabalho ao menor custo possível, que os
procedimentos analíticos surgem como uma ferramenta de potencialidades a aproveitar.
A problemática associada ao conflito entre eficiência e eficácia de um trabalho de
auditoria decorre do facto de existir escassez de recursos, quer ao nível do tempo de
execução, quer ao nível da qualidade e tempestividade da informação disponível para o
auditor externo. Neste âmbito, os procedimentos analíticos têm como finalidade auxiliar
o auditor na definição da natureza, profundidade e extensão dos outros procedimentos
de auditoria, direccionando-o para as áreas de risco acrescido e permitindo-lhe
desenvolver testes substantivos de auditoria menos extensos e, porventura, menos
tempestivos, para além de servirem cada vez mais como fonte de recolha de evidência.
Desta forma, este tipo de procedimentos contribui para a realização de auditorias mais
eficazes e eficientes.
De facto, nos últimos anos, tem-se verificado uma crescente ênfase na eficiência da
auditoria, percepção e experiência da utilidade dos procedimentos analíticos em todas as
fases de auditoria às demonstrações financeiras. A origem desse interesse é, segundo
Biggs et al. (1999: p. 42), a crença de que os procedimentos analíticos são uma forma
de obter provas de auditoria a baixo custo que podem ser eficazes na identificação de
distorções nas demonstrações financeiras. Estes autores entendem que, com o aumento
da pressão competitiva sobre os auditores, a profissão tem respondido através da
promulgação de normas que exigem a aplicação de procedimentos analíticos durante as
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fases de planeamento, execução e revisão final da auditoria, com o objectivo de
melhorar a sua eficácia e a eficiência.
São vários os factores que influenciam a utilização dos procedimentos analíticos. A
disponibilidade e a fiabilidade da informação, o conhecimento do negócio do cliente, o
volume de transacções, entre outros factores, dependem, em parte, do tamanho e da
complexidade da empresa alvo de auditoria.
Ora, ao observar-se o mundo empresarial, e em especial a organização empresarial do
nosso país, verifica-se a existência de um número significativo de PME (Pequenas e
Médias Empresas). Este tipo de empresas apresenta características que lhes são muito
próprias e que as distinguem das restantes empresas, devendo-se tal distinção à forma
simples como a sua estrutura se encontra desenvolvida e ao seu reduzido tamanho.
Assim, na realização de auditorias a PME, os profissionais deste ramo, terão de ter em
atenção as considerações especiais relativas à prática de auditoria neste tipo de
empresas.
1.2. Objectivos
A nível europeu, os procedimentos analíticos são tratados na Norma Internacional de
Auditoria (NIA) / International Standard of Auditing (ISA) 520, desenvolvida pela
IFAC; nos EUA, para além da Statements on Auditing Standards (SAS) 56 (AICPA,
1988), o AICPA tem um grupo de trabalho que se ocupa especificamente sobre os
procedimentos analíticos, tendo publicado em 2008 um manual sobre o tema (Audit
Guide: Analytical Procedures) mas, em Portugal, ainda não existe nenhuma Directriz de
Revisão e Auditoria (DRA) acerca desta temática.
Contudo, a revisão da 8ª Directiva efectuada em 2006 prevê, segundo Freire (2006: p.
94), a harmonização das normas de auditoria no espaço europeu, obrigando assim o
nosso país à adopção de uma norma específica sobre procedimentos analíticos,
representada actualmente pela ISA 520.
Estes factores, associados à importância crescente atribuída aos procedimentos
analíticos de auditoria, constituíram o cenário que nos motivou a aprofundar utilização
de procedimentos analíticos designados de complexos (testes de razoabilidade e análise
de regressão; por contraposição aos procedimentos analíticos simples: análise de
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tendências e de rácios), no tipo de empresas de maior representatividade no tecido
empresarial português, as PME.
Para o efeito efectuámos um estudo de caso baseado num caso real de aplicação de
procedimentos analíticos a uma PME, cliente de uma Sociedade de Revisores Oficiais
de Contas (SROC). O estudo de caso permite-nos percepcionar de uma forma muito
próxima as etapas necessárias e respectivas dificuldades inerentes à utilização de
procedimentos analíticos e, com base na literatura, propor memorandos de aplicação dos
procedimentos analíticos objecto de estudo que facilitem a sua aplicação pelos
auditores, dado a literatura considerar, de forma extensiva, que os procedimentos
analíticos complexos produzem resultados mais fiáveis do que os simples.
1.3. Estrutura
Depois de contextualizado o trabalho expomos os conceitos e tipologias utilizados com
base na revisão da literatura efectuada (Capítulo 2). No Capítulo 3, tratamos dos
objectivos e metodologia utilizada. Após a apresentação e desenvolvimento do estudo
de caso, no Capítulo 4, esboça-se a discussão e conclusões.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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2. REVISÃO DA LITERATURA: CONCEITOS E TIPOLOGIAS
Nos termos da Norma Internacional de Auditoria (ISA) 520 – Procedimentos
Analíticos, o IFAC (2009: §4) define estes procedimentos como “avaliações de
informação financeira por meio de análises de relacionamentos plausíveis entre dados
tanto de informação financeira como de informação não financeira. Os procedimentos
analíticos também abrangem a investigação que for necessária de flutuações ou
relacionamentos identificados que sejam inconsistentes com outra informação relevante
ou que difiram de valores esperados por uma quantia significativa”1.
O AICPA (2008: p.7) enquadra os procedimentos analíticos de auditoria em quatro
diferentes tipos, segundo a sua natureza, apontando para uma ordenação por ordem
crescente de complexidade:
− Análise de tendências;
− Análise de rácios;
− Testes de razoabilidade;
− Análise de regressão.
Tendo em consideração que os procedimentos analíticos destacados pelo AICPA
apresentam um carácter geral, isto é, não estão subdivididos, mas sim agrupados de uma
forma geral, utilizaremos no presente trabalho esta tipificação dos procedimentos
analíticos.
O estudo de caso apresentado desenrola-se no contexto de uma PME2 com o objectivo
de demonstrar a forma como as características inerentes a este tipo de empresas afectam
não só o tipo de procedimentos analíticos a utilizar como também a sua utilização nas
diferentes fases do processo de auditoria.
Relativamente às características qualitativas das PME, Silva (2010; p. 9) refere que
existe um certo consenso acerca das características que estas apresentam que, de um 1 Outras definições em AICPA (2008: p. 1), SAS 56 (AICPA, 1988) e Bedard e Maroney (1999: p. 1).
2 O conceito de PME está estabelecido no ordenamento jurídico português através do Decreto-Lei
n.º372/2007, de acordo com a definição dada pela Comissão Europeia na sua Recomendação 2003/361/CE, e obedece aos seguintes critérios quantitativos gerais, isto é, independentemente do tipo de sector em causa: número de empregados inferior a 250 e volume de negócios anual inferior ou igual a 50 milhões de euros ou valor do balanço total anual inferior ou igual a 43 milhões de euros.
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modo geral, compreendem: limitações no controlo interno, implementação tecnológica
insuficiente, concentração/domínio por parte de um proprietário gerente, limitações na
informação disponível, fácil obtenção do conhecimento do negócio do cliente, fácil
acesso aos activos da empresa por parte dos seus funcionários e inexistência de um
eficaz órgão de gestão independente.
O processo de revisão analítica consiste no planeamento, execução e elaboração de
conclusões a partir de procedimentos analíticos e é constituído, segundo o Audit Guide
do AICPA (2008: p.5), por quatro fases fundamentais, tal como se segue:
− Formação das expectativas (fase I);
− Identificação das diferenças (fase II);
− Investigação das diferenças (fase III); e
− Avaliação dos resultados (fase IV).
Resumidamente, Knechel (2000: p.271) apresenta o processo de execução dos
procedimentos analíticos da seguinte forma:
− O auditor começa por seleccionar uma medida de interesse que poderá ser o
risco, uma conta ou um atributo de um processo;
− Seguidamente gera expectativas sobre esse item e compara-as com os resultados
actuais;
− Se as expectativas e os resultados actuais forem significativamente diferentes, o
auditor deve tentar obter explicações para essas variações não usuais;
− Caso as explicações não satisfaçam o auditor, este poderá concluir pela
existência de riscos associados com o item examinado, o que poderá afectar o
decurso do processo de auditoria planeado.
No mesmo sentido, um modelo desenvolvido por Hirst e Koonce (1996) descreve o
desempenho dos procedimentos analíticos em cinco componentes: o desenvolvimento
da expectativa, a geração da explicação, a busca de informações e a avaliação da
explicação, tomada de decisão e documentação.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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No quadro seguinte procede-se ao relacionamento entre as fases do processo de
execução dos procedimentos analíticos e os quatro tipos de procedimentos analíticos
assinalados pelo AICPA.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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Fases do Processo de Revisão Analítica
Tipo de Procedimento Analítico
Testes de Razoabilidade Análise de Regressão
Fase I: Formação de expectativas
Período de tempo
- Um único período contabilístico - Eficaz em períodos de instabilidade
- Vários períodos contabilísticos - Eficaz em períodos de instabilidade
Expectativa implícita ou explícita
Expectativa explícita (tem em conta os factores que afectam o saldo da conta)
Expectativa explícita (tem em conta os factores que afectam o saldo da conta) - Mede a precisão da expectativa
Factores que afectam a precisão da expectativa
Natureza da conta
- Relaciona apenas duas variáveis - Permite a utilização de dados financeiros, não financeiros ou ambos
- Permite a inclusão de várias variáveis/indicadores; - Permite a utilização de dados financeiros, não financeiros, ou ambos
Nível de desagregação dos dados
Dados agregados/ desagregados Dados desagregados
Fiabilidade dos dados
Possibilita a inclusão de dados externos
Possibilita a inclusão de dados externos
Fase II: Identificação das diferenças - Comparação dos valores previstos com os valores registados na contabilidade e identificação de flutuações anormais - Definição da quantia aceitável sem investigação adicional
Fase III: Investigação das diferenças
- Análise das causas das diferenças - Indagações ao órgão de gestão para obter justificações para as diferenças identificadas - Realização de procedimentos adicionais de auditoria que corroborem as justificações obtidas
Fase IV: Avaliação dos Resultados
- Avaliação da relevância das diferenças encontradas e das justificações obtidas dessas diferenças - Avaliação do impacto nas DF das diferenças não justificadas - Formulação de uma opinião
Quadro 1: Comparação dos quatro tipos de procedimentos analíticos nas fases do processo de revisão analítica
Fonte: Elaboração própria
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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As características dos procedimentos analíticos e do processo inerente à sua aplicação
estrutura o Capítulo 4 onde se desenvolvem estes aspectos no âmbito do estudo de caso.
Os diversos tipos de procedimentos analíticos proporcionam diferentes tipos de segurança e
influenciam de forma desigual a revisão analítica, o que, consequentemente, provoca
impactos distintos no processo global de auditoria.
As características das PME, nomeadamente as limitações ao modo como o controlo,
supervisão e processamento da informação é realizado e a disponibilidade, a fiabilidade e o
nível de detalhe da informação, entre outros, são também um importante factor de influência
das fases do processo de revisão analítica, pelo que o auditor deverá ter em consideração essas
características na aplicação dos procedimentos analíticos neste tipo de empresa.
Feito o enquadramento dos conceitos e tipologias utilizados à luz da literatura relevante,
importa, no capítulo seguinte, identificar o objectivo e método de investigação.
3. OBJECTIVO E MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
A relevância dos procedimentos analíticos na execução de auditorias financeiras tem crescido
significativamente desde os anos 70 (Hirst e Koonce, 1996). Smith, Psaros e Holmes (1999)
explicam tal incremento pelas seguintes razões: crescente utilização de sistemas de
informação, quer pelos auditores, quer pelos seus clientes; maior ênfase na eficiência da
auditoria; percepção e experiência da utilidade dos procedimentos analíticos em todas as fases
de auditoria.
O objectivo do presente trabalho consiste em fornecer evidência sobre a utilização prática de
dois tipos de procedimentos analíticos geralmente classificados como complexos: testes de
razoabilidade e análise de regressão em auditorias a PME.
A escolha da metodologia de estudo de caso é considerada adequada para o objectivo
proposto dado a mesma ser amplamente utilizada em áreas de investigação diversas,
nomeadamente organizacionais e de administração (Yin, 1994), permitindo ao investigador
concentrar-se numa situação específica e identificar, ou tentar identificar, os diversos
processos interactivos em curso (Bell, 1997). Pretendendo-se aprofundar as etapas inerentes à
aplicação dos procedimentos analíticos designados de complexos, consideramos que a
aplicação prática dos mesmo, em ambiente natural, na auditoria a uma PME, bem como a
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descrição das diversas fases de execução dos mesmo, nos permitirá alcançar os objectivos
propostos.
A selecção da empresa auditada onde os procedimentos foram efectuados teve por base razões
de conveniência de acesso aos dados, sendo a recolha destes efectuada com base em dados
financeiros e não financeiros, entrevistas ao pessoal técnico relacionado com as áreas em
causa, nomeadamente ao Técnico Oficial de Contas. Ainda que à metodologia utilizada sejam
apontadas fortes limitações relacionadas com a generalização dos resultados (Yin, 1994;
Major e Vieira, 2009), afigura-se profícua a análise do caso em causa pelas necessárias
semelhanças dos problemas que se pretendem examinar.
Assim, e seguindo de perto a estrutura do Audit Guide do AICPA (2008), serão apresentados
exemplos práticos para os dois tipos de procedimentos analíticos referidos: testes de
razoabilidade e análise de regressão, acompanhando simultaneamente as etapas do processo
de revisão analítica inerente à sua utilização: formulação da expectativa, identificação e
investigação das diferenças e avaliação dos resultados obtidos.
4. ESTUDO DE CASO
4.1. Enquadramento da empresa e da natureza da conta/asserção a testar
4.1.1. Caracterização da empresa
Para o desenvolvimento do trabalho torna-se fundamental fazer uma breve caracterização da
empresa que será objecto da aplicação dos procedimentos analíticos, nomeadamente dos
factores que podem ter influência nos resultados obtidos da sua utilização.
A sociedade Jimpor S.A.3 tem como objecto social a comercialização de janelas basculantes,
escadas e móveis de cozinha, correspondente ao sector de actividade com o CAE 47523.
A empresa tem 6 lojas de atendimento ao público localizadas no Centro e Norte do país:
Pombal, Lisboa, Coimbra, Viseu, Vila Real e Gaia. A localização de uma loja é baseada em
vários factores, tais como a concorrência e a envolvente económica do local. A loja de
Pombal é considerada como estando em local favorável dado tratar-se da sede da empresa,
assim como a de Lisboa, por se tratar da capital do país. Estas duas lojas também prestam
serviços de montagem dos produtos comercializados.
3 Alguns dados foram alterados com vista a manter o anonimato da empresa.
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A localização geográfica da loja e o facto de esta prestar ou não serviços, são factores
relevantes que afectam o volume de transacções e, por conseguinte, o número de empregados.
4.1.2. Natureza da conta/asserção a testar
São três os factores relevantes que afectam a formação da expectativa na realização de um
procedimento analítico: a natureza da conta/asserção, as características da informação,
nomeadamente a fiabilidade dos dados e o seu nível de desagregação, e a precisão da
expectativa.
Para efeitos da realização deste trabalho, vamos assumir que a natureza da conta/asserção é
um dado constante na formação da expectativa para todos os exemplos apresentados.
Assim, a conta/rubrica que será objecto de teste é as vendas e prestações de serviços, sendo a
asserção a ser validada a da ocorrência/existência da receita. De acordo com Cosserat (2004),
citado por Albuquerque et al. (2008), a asserção da ocorrência (asserção relativa a classes de
transacções e eventos relativos ao período sob auditoria) consiste em confirmar se as vendas
registadas e divulgadas respeitam a transacções de bens ou prestações de serviços
efectivamente ocorridas no período, se os recebimentos registados correspondem, de facto, a
recebimentos de clientes ocorridos no período e se as deduções às vendas respeitam a
descontos devidamente autorizados, devoluções de clientes e outros créditos correctamente
processados no período. A asserção da existência (asserção relativa a saldos de contas no final
do período) consiste em confirmar se o saldo devedor da conta de clientes à data do balanço
diz respeito a valores a receber de terceiros relativos às vendas.
O objectivo da auditoria a esta área consiste, portanto, em avaliar se as vendas e prestações de
serviços não se encontram sobreavaliadas, ou seja, se não existe nenhuma distorção
materialmente relevante nas demonstrações financeiras relacionada com o volume de
negócios. Em anexo a este trabalho, apresentamos as demonstrações financeiras da Jimpor
S.A. (Anexo 1 – Balanço e Anexo 2 – Demonstração dos Resultados).
Para formular a expectativa em relação à previsão das vendas, o auditor pode considerar
vários factores, tais como:
− As vendas do ano anterior;
− A localização (favorável ou não);
− O tipo de produtos vendidos e serviços prestados;
− O número de empregados por loja e o número total de horas trabalhadas;
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− A rotatividade dos stocks;
− Factores externos, tais como, a estabilidade do meio ambiente;
− Dados estatísticos, como por exemplo, o índice de construção, entre outros.
Nos exemplos que se seguem estes factores não serão utilizados na totalidade, no entanto,
conforme já foi afirmado anteriormente, quanto mais factores o auditor usar na formação da
expectativa, maior será a sua precisão.
No quadro seguinte é fornecida a informação das vendas da empresa relativas ao ano corrente
e ao ano anterior, que será utilizada ao longo do trabalho.
Quadro 2: Vendas das lojas da Jimpor S.A.
Fonte: Elaboração própria
Estes dados servirão de base para a aplicação dos dois tipos de procedimentos analíticos que
se segue.
4.2. Testes de razoabilidade
De acordo com Whittington (2009: p.2-18), os testes de razoabilidade consistem no
desenvolvimento de uma expectativa explícita através da análise de saldos de contas num
único período contabilístico, assim como das respectivas mudanças desses saldos utilizando,
para tal, dados financeiros, dados não financeiros ou ambos. Este autor entende que este tipo
de procedimentos depende "on the auditor's knowledge of the relationships between amounts
including factors that affect the account balances". Em acrescento, o AICPA (2008: p.8)
refere que o auditor “uses that knowledge to develop assumptions for each of the key factors
(for example, industry and economic factors) to estimate the account balance”. Assim, se o
auditor obtiver um bom conhecimento dos factores que afectam o saldo de uma conta, então o
teste de razoabilidade poderá revelar-se bastante eficaz (Whittington, 2009: p.2-18).
LojaVendas do ano
corrente (€)
Vendas do ano
anterior (€)
Variação
(€)
Variação
(%)
Pombal 1.926.787 1.991.448 -64.661 -3,2%
Lisboa 398.857 390.685 8.172 2,1%
Coimbra 32.321 23.612 8.709 36,9%
Viseu 5.107 94.149 -89.042 -94,6%
Vila Real 104.242 98.654 5.589 5,7%
Gaia 188.308 205.740 -17.432 -8,5%
Total 2.655.621 2.804.287 -148.666 -5,3%
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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O auditor deve, portanto, analisar de forma cautelosa todos os factores que possam exercer
um impacto significativo sobre o saldo da conta para o qual pretende desenvolver a
expectativa quando pretende aplicar um teste de razoabilidade, tal como defendido por
Beasley e Carcello (2008: p.271).
Resumidamente, “reasonableness tests use information to develop an explicit prediction of
the account balance. The auditor develops assumptions for each of the key factors (e.g.
industry and economic factors) to estimate the account balance” (Hayes et al., 2005; p.328).
4.2.1. Formação da expectativa
4.2.1.1. Características dos dados
No exemplo que se segue, serão utilizados, inicialmente, os dados das vendas e do número de
empregados agregados e posteriormente os dados desagregados por loja.
No que concerne à fiabilidade dos dados, os dados foram fornecidos pelo órgão de gestão. A
média de vendas por empregado do sector de actividade da empresa foi obtida do site da
Associação Empresarial de Portugal (AEP), que publica informação por sectores
empresariais. Os dados obtidos correspondem às vendas e ao número de empregados de 1.661
empresas do mesmo sector de actividade. Os dados das vendas do ano corrente não foram
auditados, mas os dados das vendas por empregado podem ser verificados pelo auditor para
garantir a fiabilidade dos dados.
4.2.1.2. Precisão da expectativa
O indicador seleccionado para a realização do teste de razoabilidade é o número de
empregados por loja.
Para realizar o teste de razoabilidade às vendas do ano corrente, usando a informação obtida,
o auditor calcula o valor médio de vendas por empregado e compara-o com a média do sector.
Se o auditor desejar obter, da aplicação deste procedimento analítico, um nível de segurança
baixo (caso seja utilizado na fase do planeamento, por exemplo) torna-se apropriado usar os
dados agregados, no entanto ele pode obter um nível de segurança elevado através da
formação de uma expectativa mais precisa, o que será possível usando os dados desagregados
por loja.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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Atendendo ao facto dos dados fornecidos pela AEP reflectirem apenas informação relativa a
empresas/lojas com empregados, será apropriado para o auditor isolar os dados das lojas sem
empregados da sua análise (que é o caso das lojas de Coimbra e Viseu).
Assim, o auditor começa por calcular a média de vendas por empregado das restantes lojas e,
de seguida, compara os resultados obtidos com a média do sector calculada a partir dos dados
fornecidos pela AEP. Os resultados encontram-se evidenciados no quadro seguinte.
Quadro 3: Teste de razoabilidade aplicado às vendas da Jimpor S.A. utilizando dados agregados
Fonte: Elaboração própria
Após ter calculado a média de vendas por empregado do sector, o auditor pode realizar o
procedimento analítico utilizando os dados desagregados por loja, cuja informação é
apresentada no quadro seguinte.
Vendas Nº empregados
Total de vendas e nº de empregados do
ano corrente da empresa2.655.621 € 25
Vendas das lojas sem empregados
(Coimbra e Viseu) (37.427 €)
Total de vendas e nº de empregados das
lojas com empregados2.618.194 €
Média de vendas da empresa por
empregado
2.693.049 € =
25 104.728 €
Total de vendas e nº de empregados do
sector*1.527.037.666 € 11.751
Média de vendas do sector por
empregado
1.527.037.666 € =
11.751129.950 €
Total de vendas esperadas 129.950 € x 25 = 3.248.740 €
Diferença (€) 630.546 €
Diferença (%) 19,4%
* Valor fornecido pela AEP
Valor de vendas registado da empresa (das
lojas com empregados)(2.618.194 €)
Sector
Empresa
Comparação com a
expectactiva
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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Quadro 4: Teste de razoabilidade aplicado às vendas da Jimpor S.A. utilizando dados desagregados
Fonte: Elaboração própria
Os dados fornecidos por este quadro servirão de base para a aplicação do passo seguinte.
4.2.2. Identificação das diferenças
Na fase da identificação das diferenças, o auditor compara os valores esperados com os
valores contabilizados. Neste exemplo, o procedimento analítico consiste, como já vimos, na
comparação da média de vendas por empregado registadas no ano corrente com a média de
vendas por empregado do sector.
De seguida, o auditor compara as diferenças identificadas com o montante definido para a
diferença aceitável sem investigação adicional. Pressupondo que o limite estabelecido para a
diferença aceitável é de 20%, qualquer variação superior a este limite deve ser considerada
como uma diferença inesperada a ser investigada. Se o auditor aceitar a diferença de 19,4%
calculada no primeiro teste de razoabilidade (Quadro 3), baseado nos dados agregados, o
saldo da conta de vendas apresentado na Demonstração dos Resultados é aceite sem
investigação adicional. No entanto, se o auditor considerar os resultados do segundo teste de
razoabilidade, que é mais preciso por utilizar informação desagregada por loja (Quadro 4), o
auditor identifica a necessidade de investigação adicional para as lojas de Pombal (22%) e
Gaia (27,5%).
4.2.3. Investigação e avaliação dos resultados
Relativamente ao segundo teste de razoabilidade, baseado nos dados desagregados, o auditor
deve proceder à investigação das causas que justificam as diferenças inesperadas identificadas
para as lojas de Pombal e Gaia. Se acreditar que essas diferenças podem ser causadas por
Loja
Vendas do
ano
corrente (€)
Número
empregados
Vendas p/
empregado
(€)
Média de vendas
p/ empregado
do sector
Diferença
(€)
Diferença
(%)
Pombal 1.926.787 19 101.410 129.950 -28.540 -22,0%
Lisboa 398.857 3 132.952 129.950 3.002 2,3%
Vila Real 104.242 1 104.242 129.950 -25.708 -19,8%
Gaia 188.308 2 94.154 129.950 -35.796 -27,5%
Total 2.618.194 25 104.728 129.950 -25.222 -19,4%
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
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factores não considerados no desenvolvimento da expectativa (como por exemplo, a
quantidade de metros quadrados das lojas), deve avaliar o custo-benefício do
desenvolvimento de uma expectativa mais precisa ou equacionar o tipo de testes substantivos
adicionais que poderão ser efectuados para a investigação das diferenças. Mais uma vez, as
indagações ao órgão de gestão poderão ajudar o auditor na determinação das causas dessas
diferenças, devendo as respostas obtidas ser corroboradas com outro tipo de evidência,
conforme tem sido referido.
Os resultados de uma expectativa mais precisa ou a realização de testes substantivos
adicionais para as duas lojas podem proporcionar ao auditor uma base de conclusão acerca da
existência de distorções materialmente relevantes.
4.2.4. Conclusão
Os testes de razoabilidade são um tipo de procedimento analítico pouco utilizado pelos
auditores (Ameen e Strawser, 1994; Barros, 2010). Este exemplo, para além de demonstrar e
ilustrar o modo de execução deste método, clarifica também a forma como o uso simultâneo
de informação financeira e informação não financeira, assim como o uso simultâneo de dados
obtidos internamente e dados obtidos de fontes externas, associado ao desenvolvimento de
uma expectativa bastante precisa através da utilização de dados desagregados, podem ser úteis
na obtenção de resultados fiáveis e na identificação de potenciais erros, nomeadamente
quando corroborados com outro tipo de evidência.
No quadro seguinte é apresentado um memorando sobre o processo de aplicação dos testes de
razoabilidade às vendas, com o objectivo de servir de ferramenta de apoio aos auditores na
realização deste tipo de procedimento analítico.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
18
Fases do Processo de Revisão Analítica
Memorando sobre Procedimentos Analíticos
Teste de razoabilidade aplicado às vendas
Fase I:
Formação da expectativa
1. Natureza da conta/asserção e variável de comparação: - Conta de vendas e prestações de serviços;
- Asserção da existência/ocorrência;
- Variável de comparação: número de empregados por loja;
2. Fiabilidade dos dados: - Dados das vendas fornecidos pelo órgão de gestão;
- Dados do ano corrente não auditados;
- Média de vendas por empregado do sector de actividade da empresa (CAE 47523) fornecida pela Associação Empresarial de Portugal (dados referentes a 1.661 empresas do mesmo sector de actividade);
3. Precisão da expectativa:
a) Utilização dos dados agregados das vendas e do número de empregados da empresa;
b) Cálculo do valor médio das vendas do sector por empregado;
c) Cálculo do valor esperado das vendas da empresa, multiplicando o valor médio do sector pelo número de empregados da empresa;
d) Desagregação dos dados por loja para obter uma expectativa mais precisa;
e) Cálculo do valor esperado das vendas por empregado para cada loja;
Fase II:
Identificação das diferenças
1. Comparação do valor esperado das vendas resultante da formulação da expectativa com o valor efectivamente registado;
2. Identificação das diferenças superiores ao nível de materialidade fixado;
3. Utilizando os dados agregados, o valor das vendas é aceite sem investigação adicional dado que a diferença global obtida entre o valor esperado das vendas e o valor registado não ultrapassa o limite de materialidade;
4. Utilizando os dados desagregados, as lojas de Pombal e Gaia são identificadas para investigação adicional, dado que a diferença entre o valor esperado das vendas para essas lojas e o valor registado ultrapassa o limite de materialidade;
Fase III:
Investigação das diferenças
1. Investigação das possíveis causas para as diferenças identificadas para as lojas de Pombal e Gaia;
2. Consideração de novos factores para o desenvolvimento de uma expectativa mais precisa;
3. Realização de indagações ao órgão de gestão para obter justificações para as diferenças identificadas;
4. Realização de procedimentos de auditoria adicionais para corroborar as justificações obtidas;
Fase IV:
Avaliação dos resultados
1. Avaliação da relevância das diferenças encontradas e das justificações obtidas dessas diferenças;
2. Avaliação do impacto nas DF das diferenças não justificadas; 3. Formulação de uma opinião sobre o resultado do procedimento analítico.
Quadro 5: Memorando sobre a aplicação dos testes de razoabilidade às vendas
Fonte: Elaboração própria
4.3. Análise de Regressão
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
19
Lanza (1999: p.1) define a análise de regressão como uma técnica estatística utilizada para
identificar relacionamentos estáveis entre uma variável de interesse (variável dependente) e
uma ou mais variáveis (variáveis independentes).
A análise de regressão pode, segundo este autor, ser usada para:
− Prever um valor futuro para a variável dependente, com base nos valores passados das
variáveis dependentes e independentes;
− Avaliar a razoabilidade do valor da variável dependente, com base nos valores das
variáveis independentes de um período de auditoria;
− Avaliar o impacto de uma variável dependente, com base nas mudanças das variáveis
independentes.
No exemplo que se segue, o objectivo específico ao usar a análise de regressão consiste em
avaliar a razoabilidade do valor das vendas para cada loja, mais especificamente, testar as
asserções da existência e plenitude das vendas e identificar potenciais sobrevalorizações das
vendas para determinar qual ou quais as lojas que devem ser alvo de investigação inicial.
Para este tipo de análise, o método mais adequado será a regressão linear múltipla. Com este
método pretende-se relacionar uma variável � com diversas variáveis independentes ��, ��,
…, �� através do modelo linear:
� = � + ���� + ���� + ⋯ + ����
Knechel (2001: p. 302) explica que nesta equação, � é a variável que desejamos prever, �� é a
variável que podemos observar para nos auxiliar na nossa previsão e � é o parâmetro da
regressão que define a relação entre �� e �.
De acordo com este autor, o ponto de partida da análise de regressão linear deve ser o estudo
da existência (ou não) de uma relação linear entre as variáveis. O autor defende ainda que este
método deve ser mais usado para contas que têm um relacionamento previsível através de
outras variáveis, dado que um modelo que se baseia em relacionamentos lógicos é mais fácil
de compreender e interpretar (como é o caso da conta de vendas). Para ilustrar esta opinião, o
autor refere que o auditor “might feel that sales revenue is related to the phases of the moon
but it would be difficult to make a logical argument that such a relationship exists” (Knechel,
2001; p. 304).
Por outro lado, o autor entende que o auditor deve assegurar que o modelo estimado é estável,
ou seja que não muda com o tempo, uma vez que se o relacionamento subjacente a �� e �
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
20
mudar, as previsões baseadas em relacionamento anteriores não serão adequadas para o
período corrente, podendo produzir resultados enganosos.
4.3.1. Formação da expectativa
4.3.1.1. Definição das variáveis
O primeiro passo no processo de desenvolvimento de um modelo de regressão é decidir qual a
variável que o auditor vai estimar (variável dependente) e as variáveis que servirão de base
para a previsão (variáveis independentes).
A variável dependente será, neste caso, as vendas para cada uma das seis lojas.
Para seleccionar as variáveis independentes o auditor considera os factores/indicadores que
entende serem mais relevantes e úteis na definição das vendas, podendo utilizar tanto dados
da empresa como dados obtidos de fonte externa.
Ora, as variáveis independentes seleccionadas são:
− O valor dos inventários;
− Os gastos com o pessoal;
− O número de alojamentos por localização geográfica. Estes dados foram extraídos do
site do INE e referem-se aos Censos de 2011;
− A localização da loja. Esta variável é inserida como binária: sendo “0” se a loja se
situar numa localização favorável e “1” se a loja se situar numa localização
desfavorável. Entende-se por localização favorável a sede da empresa (Pombal) e a
capital do país (Lisboa) e desfavorável as restantes localidades (Coimbra, Viseu, Vila
Real e Gaia).
Os dados das variáveis, utilizados para o cálculo da regressão, são evidenciados no quadro
seguinte.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
21
Quadro 6: Variáveis da Jimpor S.A utilizadas para o modelo de regressão linear
Fonte: Elaboração própria
Importa referir que, tal como indicado pelo AICPA (2008: p.34), a definição das variáveis
independentes depende do julgamento do auditor e do seu conhecimento do negócio da
empresa e do meio envolvente em que esta opera, pelo que neste modelo poderiam ter sido
adicionadas outro tipo de variáveis.
4.3.1.2. Cálculo do modelo de regressão
Para o cálculo da regressão em questão foi usado o Microsoft Excel, versão 2010, cujos
passos passamos a explicar. Começa-se por seleccionar o item Análise de Dados no menu
Dados. Em seguida, selecciona-se a ferramenta Regressão e preencher a caixa de diálogo
exibida, ou seja: selecciona-se os intervalos da folha de cálculo do Excel correspondentes à
variável dependente (intervalo Y) e às quatro variáveis independentes (intervalo X),
selecciona-se a opção Rótulos e Residuais e escolhe-se o destino para o output.
O output resultante da introdução dos dados das variáveis, intitulado “Sumário dos
Resultados”, é apresentado no quadro seguinte.
Variável
dependente
Vendas Inventários Gastos c/ Pessoal Nº Alojamentos Localização
1 Pombal 1.926.787 343.559 338.339 34.199 0
2 Lisboa 398.857 71.027 94.563 1.486.927 0
3 Coimbra 32.321 4.735 31.200 79.665 1
4 Viseu 5.107 2.105 6.662 54.115 1
5 Vila Real 104.242 18.941 9.668 30.035 1
6 Gaia 188.308 33.146 18.449 141.705 1
2.655.621 473.513 498.881 1.826.646 -
Variáveis independentes
Loja
Total
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
22
Quadro 7: Sumário dos resultados do modelo de regressão linear
Fonte: Elaboração própria
SUMÁRIO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,999997142
Quadrado de R 0,999994284
Quadrado de R ajustado 0,999971419
Erro-padrão 3.960
Observações 6
ANOVA
gl SQ MQ F F de significância
Regressão 4 2,74359E+12 6,85897E+11 43735,57391 0,00358626
Residual 1 15682821,72 15682821,72
Total 5 2,7436E+12
Coeficientes Erro-padrão Stat t valor P 95% inferior 95% superior Inferior 95,0% Superior 95,0%
Interceptar -100.197,64 50.510,63 -1,98 0,30 -741.996,05 541.600,76 -741.996,05 541.600,76
Inventários 5,58 0,13 43,57 0,01 3,96 7,21 3,96 7,21
Gastos c/ Pessoal 0,32 0,17 1,91 0,31 -1,79 2,42 -1,79 2,42
Nº Alojamentos 0,05 0,03 1,92 0,31 -0,27 0,37 -0,27 0,37
Localização 91.493,80 46.292,59 1,98 0,30 -496.709,38 679.696,98 -496.709,38 679.696,98
RESULTADO RESIDUAL
Observação Previsto Vendas Residuais
1 1.926.866 -79
2 398.778 79
3 31.470 851
4 7.792 -2.685
5 101.585 2.657
6 189.130 -822
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
23
O valor previsto das vendas pode ser calculado manualmente, com base nos coeficientes
obtidos do modelo da regressão, da seguinte forma:
Vendas = -100.197,64 + 5,58 x Inventários
+ 0,32 x Gastos c/ Pessoal
+ 0,05 x Nº Alojamentos
+ 91.493,80 x Localização
Aplicando, este modelo à loja de Vila Real, por exemplo, obtém-se:
Vendas = -100.197,64 + 5,58 x 18.941
+ 0,32 x 9.668
+ 0,05 x 30.035
+ 91.493,80 x 1
= 101.585
Assim, resulta que a previsão da regressão para as vendas da loja de Vila Real é de €
101.585, conforme se pode confirmar no Quadro 7, na tabela referente ao “Resultado
Residual”, na coluna “Previsto Vendas”. Ao comparar este valor com o valor actual das
vendas dessa loja (€ 104.242) obtém-se uma diferença positiva de € 2.657, que é
evidenciada na tabela anteriormente referida, na coluna “Residuais”. Esta diferença é a
medida em a loja de Vila Real difere das outras lojas, baseando-se num modelo de
regressão derivado dos dados de 6 lojas.
De referir que um número negativo na coluna “residuais” significa subvalorização das
vendas e um número positivo significa sobrevalorização das vendas.
A etapa da formação da expectativa termina com a avaliação do modelo de regressão
obtido, que é feita a seguir.
4.3.1.3. Avaliação do modelo de regressão
A avaliação da precisão do modelo de regressão é efectuada considerando três medidas
estatísticas que são fornecidas pelo output da regressão (Quadro 7): o coeficiente de
determinação Quadrado de R, o t statistic e o Erro-padrão .
A interpretação destas medidas é feita com o auxílio do Audit Guide do AICPA (2008).
O coeficiente de determinação é um número entre 0 e 1, e mede o grau em que uma
mudança na variável dependente pode ser estimada através de mudanças nas variáveis
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
24
independentes. Conforme se pode observar no Quadro 7, o coeficiente de determinação
é excelente dado que é muito próximo de 1 (0,999), o que traduz um bom modelo.
O t statistic mede o grau em que cada variável independente tem um relacionamento
plausível com a variável dependente. De acordo com o AICPA (2008), a interpretação
do valor do t statistic depende do julgamento do auditor, muitos auditores entendem que
o t statistic deve ser superior a 1,3, o que traduz aproximadamente 80% do nível de
segurança, sendo o valor ideal superior a 2. Deste modo, podemos fazer a seguinte
avaliação do valor do t statistic, isto é, do relacionamento entre as variáveis
independentes e a variável dependente: elevado para a variável “Inventários” (43,57) e
razoável para as variáveis “Gastos c/ Pessoal” (1,91), “NºAlojamentos” (1,92) e
“Localização” (1,98), dado que o valor do t statistic é superior a 1,3.
O erro-padrão é uma medida de precisão das estimativas da regressão. Mede a
dispersão dos valores actuais em relação aos valores previstos pelo modelo. Aqui, mais
uma vez, a avaliação da precisão do modelo é uma questão de julgamento do auditor,
mas segundo o AICPA (2008), o limite normalmente utilizado pelos auditores é de 75%
do valor da materialidade planeada. Neste caso, o erro-padrão é de 3.960. Ora,
pressupondo que o limite de materialidade estabelecido para a conta de vendas é de €
26.000 (1% das vendas), o valor do erro-padrão é muito inferior a 75% do limite de
materialidade, o que proporciona ao auditor mais segurança no uso da regressão.
Em suma, tendo em conta os valores das três medidas estatísticas, o auditor avalia a
precisão do modelo de regressão como boa.
4.3.2. Identificação, investigação e avaliação
Para testar as asserções da existência e plenitude das vendas, o auditor começa por
identificar as lojas com valores “residuais” mais elevados, ou seja, as lojas cujas
diferenças entre os valores actuais das vendas e os valores previstos são maiores. Neste
caso, como o auditor pretende identificar potenciais sobrevalorizações das vendas,
importa seleccionar as lojas com valores residuais positivos, ou seja, aquelas para as
quais a regressão prevê um volume de vendas inferior ao actual. Normalmente, o
auditor selecciona as lojas cujos valores residuais são superiores ao erro-padrão. Tendo
em conta que não existem lojas com valores residuais superiores ao erro-padrão, o
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
25
auditor poderá concluir, com um nível de segurança razoável, que as vendas não se
encontram sobreavaliadas.
No entanto, analisando os valores residuais para as quatro variáveis independentes,
verifica-se que a loja de Vila Real é a que apresenta um valor residual positivo (€ 2.657)
mais próximo do erro-padrão. Apesar do valor residual ser inferior ao erro-padrão, o
auditor pode optar por seleccionar essa loja para investigação adicional. O objectivo
dessa investigação adicional é conseguir obter explicações para o facto das vendas
actuais da loja de Vila Real serem superiores às vendas previstas em € 2.657. Uma
análise mais detalhada baseada nos factores de previsão pode ajudar o auditor a explicar
as causas desta diferença. Por exemplo, o aumento das vendas da loja de Vila Real pode
ser justificado pelo aumento da construção/venda de apartamentos nessa cidade. Perante
esta situação, o auditor deve ponderar incluir no modelo de regressão a variável
independente “Índice de construção por localização geográfica”, como forma de
garantir que o aumento das vendas da loja de Vila Real resulta de uma formação da
expectativa menos precisa e não de um erro no registo das vendas. As explicações
obtidas dessa análise detalhada deverão, de seguida, ser corroboradas através de
indagações ao órgão de gestão, podendo por vezes surgir novas explicações para a
diferença identificada.
4.3.3. Conclusão
A análise de regressão, quando usada correctamente, através da inclusão de variáveis
independentes significativas para o modelo de regressão, mostra-se uma ferramenta
bastante útil para o auditor.
Por um lado, quando usada como procedimento analítico substantivo, conforme ilustra
este exemplo, permite avaliar de forma eficaz a razoabilidade do saldo de uma conta,
permitindo desenvolver uma expectativa explícita, precisa e matematicamente objectiva
e fornecer medidas directas e quantitativas da precisão dessa expectativa. Assim, pode
proporcionar ao auditor uma segurança razoável acerca da existência ou não de erros ou
distorções materialmente relevantes na conta testada, servindo, desta forma, como fonte
de evidência de auditoria.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
26
Por outro lado, se for usada na fase do planeamento, a análise de regressão também
pode ser extremamente útil na avaliação de áreas de potenciais riscos, através da
previsão de saldos de contas com base nos dados de anos anteriores.
A análise de regressão, sendo um dos procedimentos analíticos de maior complexidade
é pouco utilizado pelos auditores (Ameen e Strawser, 1994; Barros, 2010), o que, e em
concordância com diversos autores, tais como Costa (2007), se justifica não só pelas
competências elevadas de matemática e informática que a aplicação deste método exige
da equipa de auditoria, como também pela relação custo/beneficio que decorre da sua
utilização, sobretudo em auditorias a PME.
Procedemos, de igual forma, à elaboração de um memorando sobre a aplicação da
análise de regressão às vendas, no sentido de servir de guia prático para auditores na
realização deste tipo de procedimento analítico.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
27
Fases do Processo de Revisão Analítica
Memorando sobre Procedimentos Analíticos
Análise de Regressão aplicada às vendas
Fase I:
Formação da expectativa
1. Natureza da conta/asserção: - Conta de vendas e prestações de serviços;
- O objectivo consiste em avaliar se as vendas estão sobreavaliadas;
2. Definição das variáveis: - Variável dependente: vendas das 6 lojas;
- Variáveis independentes: valor dos inventários, gastos com o pessoal, número de alojamentos por localização geográfica, localização da loja;
3. Cálculo do modelo de regressão linear: - Introdução dos dados das variáveis para cada loja no Microsoft Excel;
- Obtenção do output da regressão (“sumário dos resultados”);
4. Avaliação do modelo com base em 3 medidas estatísticas: - O coeficiente de determinação Quadrado de R: mede o grau em que uma mudança na variável dependente pode ser estimada através de mudanças nas variáveis independentes; quanto mais de próximo de 1 for o seu valor, melhor será o modelo;
- O t statistic: mede o grau em que cada variável independente tem um relacionamento plausível com a variável dependente; a interpretação do valor depende do julgamento do auditor mas normalmente o seu valor deve ser superior a 1,3;
- O Erro-padrão: mede a dispersão dos valores actuais em relação aos valores previstos pelo modelo; o limite normalmente utilizado é de 75% do valor da materialidade, mas depende do julgamento do auditor;
- A precisão do modelo de regressão calculado foi avaliada como boa;
Fase II:
Identificação das diferenças
1. Comparação dos valores previstos pelo modelo (“residuais”) com os valores registados das vendas para cada loja;
2. Identificação das lojas cujos valores residuais são superiores ao erro-padrão para investigação adicional;
Fase III:
Investigação das diferenças
1. Caso existam lojas com valores residuais superiores ao erro-padrão, deve-se averiguar a causa dessas diferenças;
2. Indagar o órgão de gestão para obter justificações para as diferenças identificadas;
3. Realização de procedimentos de auditoria adicionais para corroborar as justificações obtidas;
Fase IV:
Avaliação dos resultados
1. Avaliação da relevância das diferenças encontradas e das justificações obtidas dessas diferenças;
2. Avaliação do impacto nas DF das diferenças não justificadas;
3. Caso não existam lojas com valores residuais superiores ao erro-padrão, pode-se concluir, com um nível de segurança razoável, que as vendas não se encontram sobreavaliadas.
Quadro 8: Memorando sobre a aplicação da análise de regressão às vendas
Fonte: Elaboração própria
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
28
5. CONCLUSÃO
Os dois tipos de procedimentos de analíticos estudados, testes de razoabilidade e análise
de regressão, apresentam características próprias que podem influenciar de diferente
forma o processo de revisão analítica inerente à sua utilização, sendo ambos
classificados na categoria de procedimentos analíticos complexos.
Em auditoria a PME é relevante que o auditor tenha em consideração as características
inerentes a este tipo de empresas ao ponderar a aplicação de procedimentos analíticos.
De facto, o modo como o controlo, supervisão e processamento da informação é
realizado, assim como a disponibilidade, a fiabilidade e o nível de detalhe da
informação utilizada, podem, de um modo geral, constituir limitações à eficácia de tais
procedimentos.
Independentemente da fase do processo de auditoria, a decisão de aplicação dos
procedimentos analíticos quando se está perante auditorias a PME, deve ser bem
ponderada, pois o conjunto de limitações que estas apresentam pode, por vezes, induzir
o auditor a desenvolver conclusões erradas da sua utilização. No uso de procedimentos
analíticos como procedimentos substantivos, em especial, mesmo quando os resultados
obtidos da sua utilização sejam favoráveis, a sua aplicação deve ser sempre
acompanhada de testes de detalhe, de forma a garantir a eficácia do procedimento
analítico.
Os procedimentos analíticos apresentam importantes potencialidades que devem ser
aproveitadas pelo auditor. Contudo, a sua eficácia encontra-se dependente de diversos
factores que devem ser tidos em consideração aquando da sua aplicação, atendendo,
nomeadamente, à fase do processo de auditoria em que são aplicados.
Através da aplicação das técnicas de revisão analítica aos dados de uma PME
demonstrou-se, para cada um dos dois tipos de procedimentos analíticos estudados, a
sua forma de utilização e a sua utilidade prática, no sentido de servir como guia prático
e como ferramenta de apoio a auditores.
Face à escassa utilização em Portugal deste tipo de procedimentos de auditoria,
associada muitas vezes à falta de orientação prática dos normativos nacionais, mas
também a alguma resistência à mudança, torna-se fundamental que os profissionais
estejam preparados para a adopção obrigatória das normas internacionais de auditoria,
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
29
prevista pela 8ª Directiva, que implicará a adopção de uma norma específica sobre
procedimentos analíticos, representada actualmente pela ISA 520.
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
30
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A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
32
ANEXO 1
BALANÇO DA JIMPOR S.A.
7
6
13
10
14
14
4
16
16
16
16
8;9;14
14
14
8;9;14
14
Total do capital próprio e do passivo 2.877.746,43 2.799.224,97
1.388.377,69 1.343.902,61
Total do passivo 1.649.341,83 1.658.674,80
Financiamentos obtidos 338.698,83 23.650,38
Outras contas a pagar 251.142,21 321.419,37
Adiantamentos de clientes 22.813,69 37.117,64
Estado e outros entes públicos 69.352,90 70.126,07
Passivo corrente
Fornecedores 706.370,06 891.589,15
Financiamentos obtidos 260.964,14 314.772,19
260.964,14 314.772,19
Passivo
Passivo não corrente
Resultado líquido do período 87.854,43 -35.759,01
Total do capital próprio 1.228.404,60 1.140.550,17
Resultados transitados 5.012,51 5.012,51
Reservas legais 58.800,00 58.800,00
Outras reservas 526.737,66 562.496,67
Capital próprio
Capital realizado 550.000,00 550.000,00
Total do activo 2.877.746,43 2.799.224,97
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Caixa e depósitos bancários 17.524,78 37.954,23
1.135.737,26 1.097.617,06
Outras contas a receber 21.211,18 25.380,17
Diferimentos 10.950,51 2.477,31
Clientes 607.685,35 411.736,40
Estado e outros entes públicos 4.852,47
Activo corrente
Inventários 473.512,97 620.068,95
Activos por impostos diferidos 326,93 28.062,00
1.742.009,17 1.701.607,91
Activos fixos tangíveis 1.731.556,53 1.657.943,72
Activos intangíveis 10.125,71 15.602,19
ACTIVO
Activo não corrente
RUBRICAS NOTASDATAS
2010 2009
A Utilização de Procedimentos Analíticos Complexos em PME: Estudo de Caso
33
ANEXO 2
DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DA JIMPOR S.A.
11
10
16
15
14
6;7
9
13
RENDIMENTOS E GASTOS NOTASPERÍODOS
2010 2009
Vendas e serviços prestados 2.655.621 2.804.287
Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (1.735.470) (1.787.139)
Fornecimentos e serviços externos (317.788) (463.568)
Gastos com o pessoal (498.881) (581.161)
Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões) (1.572) (9.142)
Outros rendimentos e ganhos 138.676 115.619
Outros gastos e perdas (18.531) (11.711)
Resultado antes de depreciações,gastos de financiamento e impostos 222.055 67.184
Gastos/reversões de depreciação e de amortização (87.531) (80.321)
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 134.524 (13.137)
Juros e gastos similares suportados (11.729) (18.110)
Resultado antes de impostos 122.795 (31.248)
Imposto sobre o rendimento do período (34.940) (4.512)
Resultado líquido do período 87.854 (35.759)