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1 Lei Maria da Penha a questão da violência contra a mulher Professora Alice Bianchini Doutora em Direito Penal pela PUC/SP Presidente do IPAN Coordenadora dos Cursos de Especialização TeleVirtuais da Anhanguera-Uniderp | Rede LFG

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Page 1: 1 Lei Maria da Penha a questão da violência contra a mulher Professora Alice Bianchini Doutora em Direito Penal pela PUC/SP Presidente do IPAN Coordenadora

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Lei Maria da Penha a questão da violência contra a

mulher

Professora Alice BianchiniDoutora em Direito Penal pela PUC/SP

Presidente do IPANCoordenadora dos Cursos de

Especialização TeleVirtuais da Anhanguera-Uniderp | Rede LFG

Page 2: 1 Lei Maria da Penha a questão da violência contra a mulher Professora Alice Bianchini Doutora em Direito Penal pela PUC/SP Presidente do IPAN Coordenadora

Violência doméstica

No ano de 2001No ano de 2001

2,1 milhões de espancamento por ano

175 mil/mês

5,8 mil/dia

243/hora

4/min

Gustavo Venturi e Marisol Recamán. As mulheres brasileiras no início do século XXI, Fundação

Perseu Abramo. Disponível em www.fpabramo.gov.br

1 espanca-mento a 15

cada segundos

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- De cada 10 homicídios vitimando mulheres, 7 são praticados por homens que possuem vínculo emocional com a mulher (marido, noivo, namorado, pai, irmão, etc.)-quase 1/3 das mulheres brasileiras já sofreram agressão por parte de seus maridos, noivos, namorados. - Mulher fica internada 30 dias. Lesão corporal leve?- mulheres levam de 9 a 10 anos para “denunciar” as agressões- a violência contra a mulher custa ao país 10,5% do PIB (Flávia Piovesan e Sílvia Pimentel)

Violência contra a mulher em números

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Outras informações

- Casa toma 25 horas por semana da mulher. Estudo do IBGE mostra que homens gastam 9,8 horas por semana em tarefas domésticas, como limpeza e cozinha. FSP 18 ago 07, B18.- mulheres recebem salário 30% menor do que o dos homens na América Latina. Notícias uol, 09 ago 07- Mulher chefia quase 30% dos lares do país. FSP 29 set. 07, C1- Homens são mais felizes do que as mulheres. FSP 24 ago 07, A26.

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Violência contra a mulher em números

- Brasil: ameaças concretizadas- Brasil: 2001 – 1 mulher a cada 15 segundos mantém relações sexuais forçadas; 1 a cada 30 praticam atos sexuais que não agradam (Fundação Perseu Abramo)

Relações sexuais forçadas com violência ou grave ameaça pelo marido

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“Discute-se sobre se o marido possa ser sujeito ativo de estupro. Quer-nos parecer que não, pois o estupro pressupõe a cópula ilícita e a prestação sexual é dever recíproco dos cônjuges. Estará, pois, o marido exercitando um seu direito, desde que o faça regularmente. Isto significa que poderá responder pela violência física excessiva que venha a empregar para compelir a esposa à cópula carnal”.

Paulo José da Costa Jr. Direito penal comentado. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: DPJ Editora, 2005, p. 732.

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Pesquisa Ibope  

homens e mulheres reconhecem que a violência contra a mulher, tanto dentro como fora de casa, é o problema que mais preocupa a brasileira na atualidade.

2004 – 50%

2006 – 55%

2009 – 56%

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Existem situações em que o homem pode agredir sua mulher?

16% 16% simsimhomens 19%

mulheres 13%

A mulher deve agüentar a violência para manter a família unida?

11%11% sim sim

“Ele bate, mas ruim com ele, pior sem ele”

20% 20% de acordode acordoCerca de 24% homens

Cerca de 17% mulheres Mais velhos: 32%

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Ibope - Instituto Patrícia Galvão 2006 • Perguntados sobre o que acham que acontece quando a mulher denuncia, 33% dos entrevistados afirmaram que “Quando o marido fica sabendo, ele reage e ela apanha mais”

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Lei n. 11.340/06Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da CF, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;

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Lei n. 11.340/06 dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o CPP, o CP e a LEP; e dá outras providências.

- O Brasil é o 18º país da AL a ter uma lei dessa natureza.- Considerada, pelo UNIFEM – Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher - como uma das 3 mais legislações mais avançadas no mundo | Relatório Global “Progresso das Mulheres no Mundo e 2008/2009

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Lei Maria da Penha

. Forte tendência para a incrementação de estratégias extra-penais de política criminal46 artigos; 4 de caráter criminal

. Preocupação com os dados sociais no momento da implementação de medidas de política criminal (penais ou não-penais)

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“Mecânica, funilaria e pintura Via Costeira. Tá na cara que precisa”

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http://www.observatoriodegenero.gov.br/

Criação de Grupo de Trabalho (GT) para monitorar impactos da crise econômica

internacional na vida das mulheres

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Art. 5º : Formas de violência

Ação ou omissão• morte• lesão• sofrimento físico• sofrimento sexual• sofrimento psicológico• dano moral• dano patrimonial

Page 17: 1 Lei Maria da Penha a questão da violência contra a mulher Professora Alice Bianchini Doutora em Direito Penal pela PUC/SP Presidente do IPAN Coordenadora

Autoridade judiciária

Medidas protetivas de urgência

1. que obrigam o agressor

2. à ofendida

     

Page 18: 1 Lei Maria da Penha a questão da violência contra a mulher Professora Alice Bianchini Doutora em Direito Penal pela PUC/SP Presidente do IPAN Coordenadora

Medidas de prevenção medidas integradas: União, Estados, DF, Municípios, entidades não governamentais estudos e pesquisas com avaliação dos resultados em relação às medidas adotadas DAM campanhas educativas/ programas educacionais preconceitos, estereótipos e discriminações

preocupação com os papéis estereotipados

que legitimem ou exacerbem a violência

indução à submissão, déficit intelectual,

descontrole emocional, ridicularização

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Mitos

Quem fala mais: o homem ou a mulher?Pesquisa do Canadá aponta empate técnicoQuem gasta mais no cartão de crédito?Homens. 26% maisFonte: Instituto Ibope Inteligência (2007)Quem é mais fofoqueiro?Homens. 76 min por diaFonte: OnePoll (2009)Quem fala mais de sexo?Mulheres (5º lugar) Homens (8º lugar)Quem mente mais?HomensFonte: Instituto Gfk - Alemanha

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Cultura machista - subliminar

TJRO – RT 728/632“Não pode a mulher ficar à mercê do marido que, injustificadamenteinjustificadamente, a agride reiteradamente. A absolvição, se decretada, resultará, na mente do infrator, a implícita autorização de novos ataques.”

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Cultura machista - subliminar

TJ/DF – proc. 2006.0919.173.057Agressões como “atitudes covardes de homens que resolvem abandonar seu perfil natural de guardiões do lar para se transformarem em algozes e carrascos cruéis de sua própria companheira.” Des. Sérgio Bittencourt

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TJMS – RESP 2007.023422-4 ITAPORÃ

- “lei travestida de vingança social”

Cultura machista; cultura patriarcal; relações de poder; formas de subjugação; pólos de dominação e de submissão

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Representação e lesão corporal leve

ANTES DA LMP

- Código penal

- Juizados Especiais Criminais – Lei 9.099/95

DEPOIS DA LMP2006- Art. 41. Nos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099/95

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Representação e lesão corporal leve

EXIGE- Referência à representação constante no Art. 16 da Lei Maria da Penha: retratação da representação perante o juiz- a exigência de representação está prevista na parte das disposições finais: nenhum dos dispositivos lá constantes dizem respeito aos Juizados Especiais

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Representação e lesão corporal leve

1) Arts. 60 a 87 (definição de IMPO; parte processual e procedimental)

2)Arts. 88 a 92 (disposições finais)

- art. 88: representação lesão corporal leve e culposa

- art. 89: suspensão condicional do processo

Juizados Especiais Criminais. Juizados Especiais Criminais. Duas partesDuas partes

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Representação e lesão corporal leve

- Exigência de representação para a lesão leve

mulher agredida

deseja a ação criminal

não deseja a ação criminal

- vergonha - medo - proteção da família - dependência econômica - dependência psicológica - crença na “recuperação” do marido - descrédito na

Justiça

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Representação e lesão corporal leveExigência

. mulher que deseja a ação criminal tem que agir, indispondo-se contra o marido agressor. possibilidade de a mulher vir a sofrer coação para se retratar (até o recebimento da denúncia)

Não exigência. exposição da vida íntima/ privada da mulher e da família. conseqüências para o marido que atingem mulher e família

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Cultura machista - ostensiva

"Ora! A desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher -  todos nós sabemos -  mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem"."O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi Homem!". Juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas (MG) Estado laico

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http://www.homenspelofimdaviolencia.com.

br/

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A versão feminina para a origem da vida...

Um dia, no jardim do Éden, Eva disse a Deus:- Deus, tenho um problema!- Qual é o teu problema, Eva?- Deus, sei que me criaste e me deste este maravilhoso jardim e todos estes maravilhosos animais e esta serpente tão graciosa, mas... não sou feliz.

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- Porquê, Eva? - disse a voz lá de cima.- Deus, estou sozinha e não agüento mais comer maçãs.- Bem, Eva, nesse caso, tenho uma solução. Criarei um homem para ti...- O que é um homem, Deus?

A versão feminina para a origem da vida...

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- Um homem será uma criatura defeituosa, com muitos atributos negativos. Mentiroso, arrogante, vaidoso; em resumo, fará da tua vida um inferno. Mas... será maior, mais rápido, e vai caçar e matar animais para ti. Será patético e sentirá prazer em coisas infantis, como lutar e dar pontapés numa bola. Não será muito inteligente e vai precisar do teu conselho para pensar adequadamente.- Parece ótimo - disse Eva com um sorriso irônico.- Porém...

A versão feminina para a origem da vida...

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- Qual é o problema, Deus?- Bem... irás tê-lo com uma condição.- Qual, meu Deus?- Como te disse, será orgulhoso, arrogante e egocêntrico... Assim terás que deixar que ele acredite que eu o fiz primeiro.

A versão feminina para a origem da vida...