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1 1 INTRODUÇÃO A palavra “surf” começou a ser usada a partir de 1685, derivada da palavra indiana “sufe” que significa o litoral, os navegadores portugueses adquiriram o hábito de usar esta palavra em 1600 e logo se transformou em “surf” (ADVENTURE, 2009). De acordo o Michaelis a palavra surfe significa esporte em que a pessoa, de pé sobre uma prancha, equilibrando-se, desliza na crista de uma onda. Existem diversas teorias sobre a sua origem, acredita-se que tenha surgido há mais de mil anos atrás e começou a ser praticado na África Ocidental e no Peru. No antigo Havaí sua pratica estava ligada às raízes culturais, artísticas e religiosas o que pode ser explicado pelo respeito do povo havaiano pelo mar. Até a família real do Havaí divertia-se nas praias equilibrando-se sobre enormes pranchas de madeira. Na Polinésia, há indícios da pratica deste esporte com pranchas longas. O esporte foi descoberto pelo Capitão James Cook, que avistou a prática esportiva no Havaí, entre 1776 e 1777, Cook fez registro de nativos equilibrados sobre pranchas, deslizando em velocidade sobre ondas de aproximadamente 4 metros de altura nas praias do Havaí. No século XIX, com a colonização americana, o “surf” foi praticamente banido daquela área do Pacífico. Os missionários calvinistas (relacionado ao calvinismo, sistema religioso, instituído por Calvino, reformador protestante francês) proibiram que seus convertidos fiéis se envolvessem numa atividade em que os praticantes deviam ficar seminus. A cultura havaiana desintegrou-se quando o território do Havaí tornou-se parte dos EUA, assim ele quase desaparece. Os primeiros registros do renascimento do esporte foram relatados no inicio do século XX sendo na praia de Waikiki, no Havaí. O reconhecimento mundial aconteceu nos Jogos Olímpicos de Estocolmo em 1912, quando o campeão de natação havaiano Duke Kahanamoku assumiu que era surfista e passou a ser o maior divulgador deste esporte sendo visto como o “pai” do “surf” moderno. Na década de 20, o esporte cresceu nas praias californianas, chegando ao Brasil na década de 30, e em 1940 com a Segunda Guerra e a descoberta de materiais que eram derivados de petróleo, as pranchas se tornam mais resistentes.

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Page 1: 1 INTRODUÇÃO - Flux Experiences · O esporte foi descoberto pelo Capitão James Cook, que avistou a prática esportiva no Havaí, entre 1776 e 1777, Cook fez registro de nativos

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1 INTRODUÇÃO

A palavra “surf” começou a ser usada a partir de 1685, derivada da palavra indiana

“sufe” que significa o litoral, os navegadores portugueses adquiriram o hábito de usar esta

palavra em 1600 e logo se transformou em “surf” (ADVENTURE, 2009).

De acordo o Michaelis a palavra surfe significa esporte em que a pessoa, de pé sobre

uma prancha, equilibrando-se, desliza na crista de uma onda.

Existem diversas teorias sobre a sua origem, acredita-se que tenha surgido há mais de

mil anos atrás e começou a ser praticado na África Ocidental e no Peru. No antigo Havaí

sua pratica estava ligada às raízes culturais, artísticas e religiosas o que pode ser explicado

pelo respeito do povo havaiano pelo mar. Até a família real do Havaí divertia-se nas praias

equilibrando-se sobre enormes pranchas de madeira. Na Polinésia, há indícios da pratica

deste esporte com pranchas longas.

O esporte foi descoberto pelo Capitão James Cook, que avistou a prática esportiva no

Havaí, entre 1776 e 1777, Cook fez registro de nativos equilibrados sobre pranchas,

deslizando em velocidade sobre ondas de aproximadamente 4 metros de altura nas praias

do Havaí.

No século XIX, com a colonização americana, o “surf” foi praticamente banido

daquela área do Pacífico. Os missionários calvinistas (relacionado ao calvinismo, sistema

religioso, instituído por Calvino, reformador protestante francês) proibiram que seus

convertidos fiéis se envolvessem numa atividade em que os praticantes deviam ficar

seminus. A cultura havaiana desintegrou-se quando o território do Havaí tornou-se parte

dos EUA, assim ele quase desaparece.

Os primeiros registros do renascimento do esporte foram relatados no inicio do século

XX sendo na praia de Waikiki, no Havaí.

O reconhecimento mundial aconteceu nos Jogos Olímpicos de Estocolmo em 1912,

quando o campeão de natação havaiano Duke Kahanamoku assumiu que era surfista e

passou a ser o maior divulgador deste esporte sendo visto como o “pai” do “surf”

moderno.

Na década de 20, o esporte cresceu nas praias californianas, chegando ao Brasil na

década de 30, e em 1940 com a Segunda Guerra e a descoberta de materiais que eram

derivados de petróleo, as pranchas se tornam mais resistentes.

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O “surf” tornou-se popular na década de 50 na costa oeste dos Estados Unidos da

América, tornando-se uma “moda” entre os mais jovens, principalmente nas praias da

Califórnia. Durante as décadas de 70 e 80 este esporte espalhou-se pelo mundo, iniciando-

se assim a sua prática ao nível profissional com a organização de campeonatos nos quais

os prêmios são essencialmente monetários.

Atualmente o Brasil é uma das maiores potências mundial, juntamente com os EUA e

Austrália. Em termos de competição, temos campeonatos e atletas de alta qualidade, tanto

nas categorias amadoras e profissionais, masculina e feminina. No ano de 2000 o Brasil

conquistou o título de Campeão Mundial por Equipes, nos Jogos Mundiais de Surfe.

De acordo com o Ibrasurf – Instituto Brasileiro de Surf – é uma das modalidades que

mais cresce no planeta, tanto em número de praticantes como volume de negócios do

mercado.

Na última década, o número de propagandas que vinculam seus produtos com a

imagem do “surf “cresceu consideravelmente e empresas de diversos setores investem no

esporte.

O Brasil é considerado o terceiro país na elite do “surf” internacional e existem

aproximadamente 200 mil surfistas, o mercado tem um faturamento anual de

aproximadamente 1,5 bilhões de reais. É o segundo esporte mais praticado pelos homens

brasileiros, e o mercado de surfwear vende um estilo de vida próprio dos surfistas, com

1600 (hum mil e seiscentos) pontos de venda de surfwear. A procura do esporte pelas

mulheres também vem aumentado significamente no Brasil e com isso elas estão

ganhando respeito e conquistando seu espaço no mundo do esporte. (informação verbal)1.

1 Palestra: Arte e Cultura. Romeu Andreatta. São Paulo. Dia 08 de junho de 2009.

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2 OBJETIVO

Mostrar a sua história no mundo e seu desenvolvimento no Brasil além da sua

importância como esporte, proporcionando mais literatura sobre o assunto.

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3 JUSTIFICATIVA

Este trabalho está sendo realizado devido à carência de literatura relacionada ao

assunto, assim sabendo que o “surf” é um dos esportes que mais cresce no mundo,

entendemos que há necessidade de coletar mais informações sobre o esporte.

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4 METODOLOGIA

Através da pesquisa em livros, revistas, entrevistas, palestras, sites, cursos, vivência

com a prática do esporte, viagens, convívio com pessoas que fazem parte deste meio e

conversa com atletas.

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5 REVISÃO LITERATURA

5.1 História do “Surf”

Existem diversas teorias sobre a origem do “surf”. Segundo Gutenberg (1989),

acredita-se que surgiu há cerca de mil anos atrás. Uma dessas teorias cita que os primeiros

imigrantes do Pacífico foram chamados de polinésios, provavelmente seriam descendentes

de índios peruanos que viajaram pelo oceano, eram ótimos pescadores, marinheiros,

mergulhadores e amantes do mar, por isso é bem provável que os primeiros surfistas

teriam vindo da Oceania e acabaram disseminando este hábito pelo Pacífico Sul. A

necessidade de trabalhar no mar e de tirar o sustento dele fazia com que fossem obrigados

a navegar e por isso construíram embarcações para que fosse possível voltar a terra. Não

se sabe ao certo quando este trabalho virou lazer, mas logo descobriram que poderiam se

divertir deslizando sobre as ondas com tábuas de madeiras. Buscando conquistar o

Pacífico, por volta do século X decidiram buscar novas ilhas, descobrindo assim o Havaí.

Figura 1 - Surfista havaiano em Waikiki no sec.19 Fonte: Reinaldo Dragão (2009)

Alguns relatos narram que o rei Moikeha, do Taiti, foi um dos primeiros a chegar à

ilha, esteve na ilha do Havaí, depois Oahu e finalmente se estabeleceu em Kauai. Casou-

se, teve filhos e passou sua historia adiante (SOUZA, 2004).

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Na antiguidade o esporte era realizado somente pelos reis e seus familiares, a plebe

tinha dificuldade em conseguir a madeira para suas pranchas, além disso, existia um ritual

para cortar a árvore. “Era costume depois de escolher uma arvore adequada para fazer

uma oferta do kumu (peixe) nativo na base da arvore. Depois a arvore era cortada e a prancha bruta moldada. Quando a grande parte do acabamento e moldagem era feita, a prancha era levada para o helau, ou barraca de canoa, onde ela era concluída. Após horas de trabalho cuidadoso, ela era polida há uma grande suavidade. As nozes da arvore kukui foram recolhidas e queimadas e usadas para manchar a prancha que depois foi dedicada com uma oração especial e usada pelos surfistas.” (Tradução nossa). (KAMPION, Drew; BROWN, Bruce, 2003,p.120)

O “surf” era considerado uma festa, havia competições, festivais e até lutas por sua

causa.

Outra versão atribui aos peruanos o início do que mais tarde seria o “surf”. A invenção

teria surgido no Norte do Peru, os peruanos utilizavam uma espécie de canoa feita em

junco que se chamava Cabalito de Totora para irem pescar no mar, na volta da pescaria

eles ficavam em pé na canoa para curtir as ondas (SOUZA, 2004).

Figura 2 – Canoas peruanas feitas por um tipo de junco que cresce nas margens peruanas do Oceano Pacífico e do lago Titicaca. Fonte: Reinaldo Dragão (2009)

De acordo com a cronologia histórica, em 1778 em umas de suas viagens o

aventureiro inglês Capitão James Cook conhece o Havaí pela primeira vez, ele relatou que

viu nativos praticando o esporte, eles utilizavam pranchas mais pesadas chamadas de

“ollo” usadas somente pela nobreza, que chegavam a atingir 17 pés, e pranchas menores

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chamadas de “alaia” usadas pelas pessoas normais, que chegava a 12 pés. Ele disse que

gostou do “surf”, que se tratava de algo relaxante.(LORCH, 1980).

Segundo Gutenberg (1989), a partir disso em 1820, os missionários chegaram às ilhas,

com sua busca por terras e domínios, preocupados em divulgar sua fé e também

espalhando diversos tipos de doenças, cheios de preconceitos pelo modo de vida que os

nativos levavam e condenando aquela atividade, ofereceram civilização aos havaianos, e a

partir disso o progresso quase dizimou a população havaiana, que em 1870 era de 300 mil

e no começo do século XX era em torno de 40 mil. As doenças, o modo de vida dos

brancos, cheio de tensões e necessidades de enriquecimento, entraram em conflito com a

vida tranqüila e alegre daqueles descendentes de polinésios que surfavam por prazer e sem

preocupação, assim entre os séculos XIX e XX, o território do Havaí tornou-se parte dos

EUA, e o “surf” quase desapareceu. “Eles tinham que desistir do surf porque era palidamente ligado

aos ritos do templo, porque era errado apostar. Isso tudo de repente se tornou errado e não encaixaria em seu novo padrão de vida.” (Tradução nossa) KAMPION, Drew; BROWN, BruceE, 2003,p.143)

A construção do Moana Surfrider Hotel em 1901, a divulgação de imagens de “surf”, a

cultura dos beach boys (homens praieiros) e a criação de clubes foram importantes fatores

para sua difusão pelo planeta (informação verbal).2

De acordo com Gutenberg (1989), aos poucos a repressão foi enfraquecendo e em

1907 na Califórnia George Freeth, o principal surfista do Havaí, junto com Jack London,

um famoso escritor havaiano, batalhavam pela continuidade do esporte. Era evidente que

para o “surf” não ser instinto novamente necessitava-se de uma maior divulgação em

outros países. Freth foi convidado para fazer demonstrações em Redondo Beach com o

intuito de promover uma ferrovia entre Los Angeles e Redondo Beach assim Freth

permaneceu na Califórnia, surfando e divulgando o esporte até a sua morte em 1919.

Nessa mesma época surge outro personagem importante que foi o nadador Duke

Kahanamoku, nascido em Honolulu no Havaí em 1890, descendente da realeza, recordista

mundial nos 50, 100 e 200 metros rasos, três vezes medalha de ouro e duas vezes medalha

de prata nas olimpíadas.

De acordo com Gutenberg (1989), Duke foi o mais famoso surfista de todos os

tempos, ele acabou se encarregando da tarefa de espalhar o “surf” aos sete mares, como

Freth pensava.

2 Palestra: A História do mercado do Surf.. Reinaldo “Dragão” Andraus. São Paulo. Dia 11 de maio de 2009.

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Segundo Gutenberg (1989) Duke foi considerado o embaixador do esporte

introduzindo definitivamente nos Estados Unidos e na Austrália em 1915. Duke

costumava construir suas próprias pranchas por onde ele passava porque assim poderia

ensinar a arte de “shapear” (fazer a prancha) aos locais e assim acabava por deixar essas

pranchas por este local para a tradição continuar. Duke participava da equipe de salva

vidas no Havaí, e em 1913 ele conheceu um americano chamado Tom Blake, nascido em

Winscosin um estado que não era banhado pelo mar, quando foi ao Havaí se apaixonou

pelo esporte e acabou indo morar lá, Tom era um cara muito criativo e buscava um

formato ideal para as pranchas, por isso restaurava-as encontradas em museus. Ele foi o

responsável pela diminuição do peso e do tamanho das pranchas. Estas pranchas feitas por

Blake revolucionaram o “surf” havaiano.

Figura 3 – Tom Blake e Duke Kahanamoku. Fonte: http://backtosinglefins.blogspot.com/2009/03/ciclos-hawaiianos.html

Em 1920 Blake construiu uma prancha mais leve e menor, através de furos em

diversos lugares fazendo com que ficasse oca, mas mesmo assim continuava parecida com

as antigas pranchas havaianas.

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Figura 4 – Modelo de pranchas ocas.. Fonte: http://florasurfboards.blogspot.com/2009/01/tom-blake-inventor-da-prancha-oca.html

Por isso acabou arrancando risos dos surfistas, mas depois do bom desempenho em

diversos campeonatos toda a comunidade acabou por adquirir suas pranchas. Através

dessas descobertas Blake juntamente com Duke, foi um dos responsáveis pelo progresso

do “surf” na Califórnia.

Como diz Gutenberg (1989), em meados dos anos 30, Blake além de inventar a

prancha oca resolveu adaptar um novo acessório que permanece até hoje, a quilha, Blake

adaptou uma quilha de alumínio rasa retirada de um barco a motor que não podia ficar

descoberta, pois poderia causar ferimentos, com um pedaço de madeira fez uma adaptação

para cobrir a quilha, dando assim maior estabilidade para que os atletas pudessem realizar

manobras. Mas demorou cerca de 10 anos para que os surfistas realmente utilizassem a

quilha em suas pranchas.

Durante a Segunda Guerra foram desenvolvidos produtos derivados do petróleo, como

a fibra de vidro e a resina de poliéster, assim em 1946 foi construída a primeira prancha de

acrílico.

Segundo Gutenberg (1989), em 1949, Bob Simmons construiu a primeira prancha

inteira de fibra, leve e fácil de carregar, fazendo com que o “surf” se tornasse popular nos

Estados Unidos. Foi nessa época que os surfistas surgiram com um estilo de vida mais

rebelde de ser, devido ao movimento hippie que se alastrava pelo mundo. Acontece o

primeiro boom do “surf”, onde as vendas de pranchas aumentam exponencialmente e

assim o “surf” começa a trilhar um caminho sem volta. Nesta época enquanto o “surf”

progredia na América, na Austrália já era considerado um esporte nacional. Foram os

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nadadores californianos da equipe olímpica americana que introduziram na Austrália o

primeiro modelo de pranchas feitas de fibra de vidro.

Por volta de 1957 começaram os trabalhos com espuma, assim sendo possível fabricar

pranchas práticas e leves, surgem blocos de poliuretano.

Dragão relatou que no ano de 1954 acontece o primeiro campeonato de dimensão

internacional com a utilização de camisas numeradas e com a participação de 500

competidores. Começaram a surgir surfistas campeões, e em 1960 aconteceram diversos

campeonatos, nascendo um espírito mais competitivo no esporte, sendo assim o “surf” se

torna um esporte profissional. Este momento foi marcado pela transformação no mundo

do esporte, surge à primeira revista (surfer) e a partir daí as associações começam a se

estruturar (informação verbal).3

Figura 5 – Utilização de camisas numeradas para identificação no mar nas competições Fonte: Reinaldo Dragão (2009)

De acordo Gutenberg (1989), nesta época surgiram nomes como Joey Cabell, primeiro

vencedor do campeonato mundial, Phil Edwards, que começou a surfar com 13 anos e

inventor de algumas manobras, Nat Young, Ben Aipa, Gerry Lopez e Barry Kanaiaupuni.

Em 1968 foi realizado o primeiro campeonato profissional com uma premiação

significativa no valor de mil dólares, o campeão Mike Doyle foi o pioneiro do “surf”

profissional.

De acordo com Andraus, (2009) “Em 1961 Phill Edwards desafia a onda de Pipeline,

mas o design das pranchas não permite deslizar sobre as ondas, somente descer em linha

reta até a praia.”

Em 1966 é lançado o filme Endless Summer e em 1967 ele chega ao Brasil, mostrando

o verdadeiro espírito do “surf”: a busca pela onda perfeita.

3 Palestra: História do mercado de Surf. Reinaldo “Dragão” Andraus. São Paulo. Dia 11 de maio de 2009.

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Figura 6 – Cartaz do filme Endless Summer. Fonte: https://www.longboardhouse.com/images/Endlesssummer_big.jpg

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5.2 O “surf” no Brasil

Em meados dos anos 30, o esporte manifestou-se no Brasil através da chegada de

turistas, pilotos de companhias aéreas e alguns brasileiros mais privilegiados que teriam

maior acesso as pranchas trazidas em suas viagens. Foi descoberto em 1938 em Santos, no

estado de São Paulo. “Poucas cidades do Brasil viviam a prosperidade de Santos no final

dos anos 30. O porto da Baixada, o mais movimentado do país, fervilhava de comerciantes que despachavam café para os EUA, Europa e os confins do planeta. Os restaurantes viviam apinhados de homens de negócios, o comércio das ruas centrais era promissor e os hotéis viviam cheios de executivos ou mesmo turistas - afinal as viagens de avião eram raras na época e quem vinha ao Brasil, mais precisamente a São Paulo, tinha de pernoitar obrigatoriamente em Santos.” (GUTENBERG, 1989, p.23)

De acordo com Gutenberg (1989) havia um grupo que freqüentava a praia do

Gonzaga, em Santos, no Canal 3, Silvio Malzoni, João Roberto Suplicy Haffers e Osmar

Gonçalves. O pai de Osmar, exportador de café, ia freqüentemente para os Estados Unidos

e trouxe uma revista de mecânica com um artigo sobre como fazer uma prancha de “surf”,

deu a revista a seu filho e este junto com João Roberto decidiram que o “surf” seria o

esporte que iriam praticar. Entre dezembro de 1938 e janeiro de 1939, após muitas

tentativas mal sucedidas, era construída a primeira prancha de madeira no país. Osmar

Gonçalves foi o primeiro surfista do Brasil.

Mais tarde em 1947, alguns comentam que, Luis Carlos Vital, usando uma tábua de

madeira compensada apelidada de DC-4 (maior avião comercial da época), se equilibrava

nas ondas do Arpoador, no Rio de Janeiro. Estas tábuas eram conhecidas como “portas de

igreja”, devido ao seu formato.

Com o passar do tempo, conseguiram aprimorar as pranchas chegando a um modelo

mais evoluído, chamado de “maderite”, foi dado este nome porque era feito de

compensado de madeira.

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5.3 Desenvolvimento no Brasil

De acordo com Gutenberg (1989) em 1950 “Três cariocas da gema, Paulo Lehman,

Paulo Preguiça e Irencyr Beltrão desciam as ondas sobre precárias pranchas de madeira na

praia do Arpoador. Eles surfavam.”

Segundo Gutenberg (1989), nesta mesma época só havia onda nas praias de Ipanema e

Copacabana, em dias de ressaca. Havia um outro grupo de pessoas ligadas ao mar, que

eram mergulhadores e caçadores submarinos: Bruno Hermanny, George Grande,

Domingos Castelo Branco, Rubens Torres, que em dias de muitas ondas e quando a

visibilidade para pesca era ruim, eles se divertiam pegando onda, no começo de “jacaré” e

depois usando pranchas.

O problema daquela época era que as pranchas não tinham flutuação, os surfistas

tinham que empurrar as pranchas para entrar na onda, só chegavam a ficar de pé quando

entravam mesmo na onda. Eles utilizavam o pé-de-pato nesta época e para facilitar ficar

de pé na prancha era cortado na metade.

Em 1957 e 1958 apareceu um grupo de rapazes que foi a semente que deu início ao

surf nacional. Irencyr Beltrão, Arduíno Colassanti e Múcio Palma. De acordo com

Gutenberg (1989), Irencyr foi o protagonista desta parte, foi um inovador, tratava de

adaptar suas madeirites em pranchas, assim foi atrás de um marceneiro que sugeriu que

usasse compensado naval, ele esquentou o bico da prancha, envergou e preparou aquela

que seria a primeira prancha de Irencyr.

Pode-se dizer que Irencyr iniciou uma nova era do “surf”, não era mais preciso utilizar

pés-de-pato cortados. E assim ele passava a sua prancha velha para seus colegas e esses

para outros colegas, com isso o “surf” foi se dispersando. A dificuldade de se guardar um

segredo fez com que o marceneiro que fazia as pranchas para Irencyr fosse descoberto e

logo o local parecia à Califórnia do velho oeste.

A partir de 1963 Irencyr e seu irmão Ciro Beltrão tiveram a idéia de construir suas

próprias pranchas, a oficina deles era a primeira do Rio e também do Brasil, ficava em

Jacarepaguá e eles começaram trabalhando com “madeirite” somente por encomenda.

Também em 1963 surgiram as primeiras surfistas no Arpoador, são elas: Maria Helana

Beltrão e Fernanda Guerra.(DA COSTA, 2005)

De acordo com a Revista Bibliografia da Historia (2009) que cita que em janeiro de

1964 a revista O Cruzeiro anunciou a “sensação” daquele verão: “ a algo de novo sob o

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sol do Arpoador – que, este ano, toma feições de praias havaianas, com rapazes deslizando

na crista das ondas equilibrados sobre pranchas. E o esporte tem nome inglês: ‘surfing’”.

Segundo Da Costa (2005) entre 1964 e 1965 foi criada a Federação Carioca de Surfe,

idealizada por Yllen Kerr, Walter Guerra, Fernanda Guerra e Maria Helena Beltrão, foi

realizado o Primeiro Campeonato de Surfe do Brasil, nas praias da Macumba e Arpoador.

Segundo Lorch (1980) a Federação quase se consolidou, ela só não existiu pela falta de

uma assinatura.

Em 1964 foi criada a ISF (Federação Internacional de Surf), essa associação reuniu

todas as nações do surf e começou a organizar campeonatos mundiais de surf a cada dois

anos, e em 1976 no Havaí a ISF deu início a ISA (Associação Internacional de Surf). A

ISA administra o esporte e trabalha para seu desenvolvimento e dos seus associados,

também para o estabelecimento do esporte em novos locais. A cada dois anos a ISA

mantém os Campeonatos Mundiais de Surfe, também organiza o Campeonato Mundial

Junior de Surfe e sanciona um grande número de competições em todo o mundo. A ISA

promove também um Programa Individual de Bolsas para surfistas que estejam estudando,

para que possam receber uma ajuda para viagens para campeonatos, compra de

equipamentos e apoio a educação. (www.isasurf.org)

Essa geração ficou conhecida como a “Geração Surf”, um grupo de jovens chamados

de surfistas, tendo como uma opção de vida e não uma forma de diversão. Neste mesmo

ano acontece o primeiro Campeonato no estado de São Paulo na praia de Santos. (A vida

vem em ondas... Revista de História da Bibliografia Nacional ano 4, nº 40, janeiro 2009).

Nessa época começaram a usar uma espécie de plástico, e também um tipo de isopor.

No início eles não sabiam com que material cobririam as pranchas, utilizaram epóxi para

revestimento e antes uma camada de resina.

De acordo com Da Costa (2005), foi em 1967 que a primeira loja de surf no Brasil e

promotora de eventos, chamada Magno, realizava seu primeiro Campeonato. E em 1968

surgem nomes como Daniel Friedmann e Carlos Eduardo Soares, considerado o primeiro

surfista a competir no Havaí, responsável pela ultima época de transição do “surf”

brasileiro.

Foi em 1968 e 1969 que os brasileiros começaram a fabricar pranchas com qualidade.

A contribuição de Irencyr e seu irmão foi muito importante. Além de fabricar pranchas,

ele consertava e ensinava aos novos praticantes.

Segundo Lorch (1980), foi nesta época que foram descobertos os locais conhecidos de

hoje. Nesta época se surfava apenas no Arpoador, descobriram a Prainha, Guaratiba e

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Saquarema, que era um vilarejo desconhecido onde se praticava pesca submarina. Em

1971 Associação de Surfe de Ubatuba – ASU – é criada por Paulo Jolly Issa, que

promoveu os Festivais Brasileiros de Surfe de Ubatuba de 1972 a 1987.

Foi em 1971 no Rio de Janeiro que as obras de um projeto de saneamento básico

realizado no Píer de Ipanema precisavam remover grandes quantidades de areia formando

assim dunas nesses locais, alterando o fundo do mar produzindo boas ondas, semelhantes

às de Pipeline, no Havaí. O píer foi uma forma dos brasileiros conhecerem todos os tipos

de ondas (LORCH,1980)

Conforme Lorch (1980) foi em 1977 que Pepê venceu o campeonato de Saquarema

pela segunda vez. Neste ano foi fundada a IPS, “International Professional Surfers”,

associação que organizava e coordenava campeonatos de “surf”, ligando o surfista a

diversos patrocinadores, o Brasil tornou-se parte do circuito mundial.

De acordo com Lorch (1980), a partir deste momento o “surf” ganhava proporções e

se dispersava pelo mundo inteiro, chegando a Região Sul que passou a ser conhecida pelos

surfistas e também as regiões Norte e Nordeste. No Sul apareceram surfistas como: Paulo

Sefton, Caxito e Alemão Caio.

Segundo Lorch (1980), foi em 1978 que o “surf” atinge seu pico, dando um dos

maiores saltos da história, com três campeonatos em um circuito bem organizado, o

campeonato de Saquarema de 1978 teve um alto nível técnico. Cauli foi campeão com um

“surf” uniforme do início até o fim da competição, nomes como: Otávio, Rico, Bocão,

Paulo Tendas, Ianzinho e Foca se destacaram neste campeonato.

Conforme Lorch (1980), Ubatuba teve seu campeonato novamente, com um alto nível

técnico, e Otávio Pacheco foi campeão. Em agosto chegaram os participantes da etapa

brasileira do circuito mundial e a final foi realizada na praia do Diabo, no Rio de Janeiro,

os australianos Cheyne Horan e Peter Townend ficaram em primeiro e segundo lugar.

Foi na década de 70 que os surfistas sofreram um tipo de preconceito negativo devido

a repercussão do movimento “hippie” no mundo e pelo momento de repressão que o país

estava passando. Saiu de cena a “geração surf” para dar lugar aos “surfistas hipongas”

depois “geração cocota”, esta com um comportamento padrão total ligado ao esporte,

fazendo o uso da camisa Hang-ten que tinha dois pés estampados como marca registrada.

Flávio Dias, Alberto Pecegueiro, Nelson Machado e Lívio Bruni Junior conseguiram a IPS

(International Professional Surfers) um maior investimento no “surf” brasileiro. (A vida

vem em ondas... Revista de História da Bibliografia Nacional ano 4, nº 40, janeiro 2009).

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Segundo Da Costa (2005), no início da década de 1980, com a falta da mídia e a

situação econômica no país, o “surf” brasileiro passou por um momento de crise. Na

segunda metade desse momento os campeonatos retornaram com força total, um deles era

o OP no sul do país, assim aumentando a indústria do “surf”, gerando empregos e

apoiando atletas. O pioneiro dessa revolução foi Daniel Zaki Setton que fabricava calções

para o esporte. Com a amizade que tinha com Mandinho e outros amigos ligados ao

“surf”, decidiram fundar a Lighting Bolt, a primeira empresa de surfwear. Só começaram a

patrocinar grandes eventos porque Sydnei Tennucci Junior fundou a OP, após esta fase

novas empresas começaram a surgir no mercado como: Mormaii, Hang Loose, Sundek,

Fico, Town & Country, entre outras, e além da revista Fluir, sagrou-se na mídia outros

meios de comunicação como: o jornal carioca Staff, revista Now e Inside, Surf Nordeste,

Swell, Costa Sul, Hardcore, Surfer, Trip, Quiver, Terapia Intensa e Ação.

De acordo com Da Costa (2005) em 1982 na Praia de Pitangueiras, em Guarujá – São

Paulo aconteceu o Primeiro Campeonato de Surfe Universitário. Em 1983 Romeu

Andreatta junto com Bruno Alves, Claúdio Martins de Andrade, Fernando Mesquita e

Alexandre Andreatta, lançam a primeira revista especializada em “surf”, Fluir em São

Paulo. Em 1985 e 1986 o evento OP Pro substitui o Festival Olimpikus da Praia da

Joaquina, Florianópolis, atraindo cerca de 600 atletas nas diversas categorias. Neste ano

também aconteceu a fundação da Associação Brasileira de Surf Profissional – ABRASP,

no Rio de Janeiro, sob a presidência de Ricardo Bocão.

Em 1987 foi criada a ABRASA (Associação Brasileira de Surf Amador), tendo como

objetivo a padronização de critérios e a coordenação do esporte em todo o Brasil.

Em 1997 foi criada o Instituto Brasileiro de Surf (Ibrasurf) com o objetivo de

desenvolver projetos esportivos, culturais e ambientais que contribui para o

desenvolvimento do esporte e organizando campeonatos universitários, congresso

brasileiro de surf, curso de administração, marketing e gestão de negócios em “surf”, curso

para técnicos e instrutores de “surf” e virada esportiva, entre outros.

Em 1998 no Rio de Janeiro foi fundada a CBS (Confederação Brasileira de Surf),

sucessora legal da ABRASA.

Em 2002 a CBS foi vinculada junto ao Comitê Olímpico Brasileiro, assim fazendo

parte da Família Olímpica. Já em 2003 foi reconhecida pelo Ministério do Esporte como

Entidade de Administração Nacional do Surf, fazendo parte do rol das entidades

desportivas brasileiras registradas naquele órgão federal.

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A CBS é reconhecida pela International Surf Association (ISA) como responsável pelo

surf brasileiro e também esta ligada a Panamerican Surf Association (PASA).

5.4 As conquistas do Brasil

Segundo Da Costa (2005) em 1992 e 1993 a brasileira Andréa Lopes conquistou a

décima segunda posição no ranking internacional, ingressando no grupo das Top 16.

Flavio “Teco” Padaratz foi campeão mundial do circuito qualificatório WQS (World

Qualifyng Surfing), circuito mundial aberto onde competem surfistas do mundo inteiro,

tem cerca de 150 etapas por ano, é classificatório para o WCT (World Championship

Tour) primeira divisão do Circuito Mundial de ‘Surf” em que competem os quarenta e oito

melhores surfistas do mundo, tem cerca de dez etapas por ano, com premiação mínima de

U$ 100.000,00 (cem mil doláres).

A década de 90 marcou uma nova imagem do “surf”, tendo muita criatividade,

agressividade e velocidade nas manobras. O nível técnico dos atletas brasileiros se iguala

ao dos estrangeiros nos circuitos mundiais WCT e WQS.

Conforme Da Costa (2005), em 1995 Guilherme Herdy, Binho Nunes, Pedro Muller,

Peterson Rosa, Piu Pereira, demonstraram a potência do “surf” nacional no evento

Pipeline Masters, no Havaí.

De acordo com Da Costa (2005) foi em 1998 que Brigite Mayer foi campeã brasileira

e fundou-se a Confederação Brasileira de Surf, sediada em Curitiba, Paraná.

No ano de 2000 em Porto de Galinhas, Pernambuco ocorreu o campeonato que é

conhecido como as olimpíadas mundiais do “surf” que acontece a cada dois anos,

chamado de ISA Games, o evento atraiu 413 atletas representando 31 países alem de uma

multidão de espectadores, jornalistas e curiosos. Na disputa o Brasil consegue a vitória em

seis categorias e foi campeão por equipes, “Teco” é considerado o melhor atleta brasileiro

no evento.

De acordo com Da Costa (2005), em 2002 Neco Padaratz conquista a primeira vitória

brasileira no WCT. Com a realização de uma enquete pela Revista Alma Surfe revelando

nomes como: Fábio Gouveia (PR), Flávio Padaratz “Teco” (SC), Victor Ribas (RJ),

Peterson Rosa (PR) e Renan Rocha (SP). A praia de Saquarema retorna ao surfe com a

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realização do Coca-Cola Surfe e deixa marcada a história do WCT levando os melhores

surfistas do mundo para a Praia de Itaúna. Pela primeira vez na história o campeonato é

realizado em apenas três dias com apresentações diárias de 10 horas de surfe, onde foi

distribuído cerca de US$ 250 mil em premiação, e com essas premiações os surfistas são

atraídos para as competições. Aconteceu a festa do nono prêmio da revista Fluir, em

Florianópolis – SC, para homenagear os melhores de 2001: na categoria melhor surfista

quem ganhou foi o catarinense Flávio “Teco” Padaratz, Peterson Rosa em segundo, Fábio

Gouveia em terceiro, Neco Padaratz em quarto e Victor Ribas em quinto colocado. Entre

as mulheres a melhor surfista pelos leitores da revista Fluir foi Andréa Lopes, tetracampeã

brasileira. Jacqueline Silva, atual campeã mundial do WQS, ficou em segundo lugar e Tita

Tavares em terceiro. Picuruta Salazar foi consagrado também como melhor longboard.

Ângela Bauer conquista o título de melhor brasileira de longboard. Aconteceu o Primeiro

Circuito Petrobras de Surfe Feminino, idealizado por Laila Werneck e Pedro Falcão,

presidente da Federação de Surfe do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo Da Costa (2005), em 2003 o Super Surf Praia de Maresias – SP, contou com

a representação de 14 estados e 98 surfistas da elite nacional, cada uma das cinco etapas

com premiação de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) em dinheiro, sendo R$ 60.000,00

(sessenta mil reais) para a categoria masculina e R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para a

categoria feminina, o ganhador do circuito da categoria masculina recebeu também uma

Saveiro 0 km. Jacqueline Silva fica em terceiro lugar no Roxy Pro, na Austrália. Depois da

inédita nota 10 nas ondas de Maldivas e de ter recebido a única nota 10 do US Open of

Surfing – Campeonato aberto de surf dos Estados Unidos – no píer de Huntington Beach,

Raoni Monteiro ganhou seu primeiro titulo do Circuito Mundial. O Brasil tem cinco

surfistas entre os 15 primeiros colocados no WQS. Neco vence o WQS de Fernando de

Noronha. A equipe brasileira Junior conquistou o Tag Team (disputa por equipes) no

Quiksilver ISA World Junior Surfing Championship, em North Beach, Durban, África do

Sul. Neste mesmo ano os dirigentes da CBS – Confederação Brasileira de Surf – foram até

Brasília, para falar sobre o trabalho da entidade de administração do surfe nacional e

solicitar recursos para as equipes brasileiras, escolas de surf e capacitação de seres

humanos.

Em 2008 o carioca Bruno Santos é convidado a participar da Etapa do Campeonato

Mundial – WCT em Teahuppo, no Tahiti e foi campeão quebrando o jejum de seis anos

sem vitórias de um brasileiro. Em 2009 Adriano de Souza, conhecido como mineirinho,

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vence a Etapa do Campeonato Mundial – WCT em Mundaka, na Espanha, quebrando o

jejum de sete anos de um brasileiro que faz parte do Circuito Mundial.

5.5 Como está o esporte na atualidade.

Hoje em dia é encarado como um esporte profissional e altamente benéfico, também é

visto como uma moda, um estilo de vida, massificado e muito explorado pela mídia e

anúncios esportivos. Tem se libertado do estigma que liga a imagem dos surfistas a

marginais, drogados e sem objetivo, sendo o principal precursor o eneacampeão mundial

Kelly Slater.

Atualmente existem federações, associações, escolas de “surf” em todos os cantos com

monitores e treinadores credenciados. As crianças aprendem a surfar com técnica e

acompanhamento especializado, evoluindo com rapidez, rodeados de treinadores,

preparadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas com planos de treino

altamente profissionais. Existem diversos cursos oferecidos sobre o tema, faculdades

como Estácio de Sá, no Rio de Janeiro oferece um curso de graduação de Negócios de

Surf, ministrado pelo surfista Rico de Souza, na Faculdade de Motricidade Humana, de

Portugal foi oferecido em 2008 a 1ª Pós-graduação em Surf.

5.6 Qual a sua importância dentro da Educação Física.

De acordo com Zeni (2002) as variações das condições do mar dependem da

intensidade que será a atividade, assim envolve alguns exercícios básicos, podendo ser

divididos para melhor compreensão e isolamento de suas características neurológicas,

motoras e metabólicas:

1 – Remada para o outside (fundo): surfista deitado sobre a prancha exige uma

resistência predominantemente aeróbica, que deverá atravessar a arrebentação das ondas

antes de chegar ao local ideal para a prática da atividade;

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2 – Remada para entrar na onda: exige do atleta um bom condicionamento aeróbico de

membros superiores para a realização de braçadas fortes e rápidas que permitam adquirir

velocidade suficiente para entrar na onda;

3 – Manobra: exige do atleta um bom condicionamento anaeróbico (sobretudo de

membros inferiores) para realizar manobras explosivas com potência, pressão, agilidade,

precisão e controle.

Por isso percebe-se a importância de um bom condicionamento, principalmente da

parte física para que o atleta suporte a alta intensidade da atividade no curto período de

tempo.

Segundo McCrerey (apud Zeni, 2002), o surfista deve possuir uma alta velocidade de

reação, devido as manobras e situações inesperadas que tem que reagir rapidamente, assim

poderá prevenir-se de não cair da prancha.

Para Snyder (apud Zeni, 2002) atualmente pessoas de várias idades estão surfando, e

algumas treinando para competições, com isso ocorre o aumento de lesões no surf,

principalmente no pescoço, ombros, costas, costelas e joelhos. Por isso necessita-se

desenvolver um treinamento especifico para praticantes da modalidade, com base em

exercícios de força, resistência e flexibilidade, e também de um trabalho que possibilitem

a transferência de habilidades. Alguns elementos importantes durante os treinos de força

são: carga, número de repetições, amplitude do movimento, intervalo e descanso. Nos

treinos de resistência deve-se observar a freqüência, duração, intensidade e tipo de

exercício.

Sabendo que o surf é um esporte de equilíbrio instável, o surfista apoiado numa

superfície móvel e com alterações de forma quase sempre inconstante (a onda), o

equilíbrio então é um condicionamento básico para o surfista. Proporcionando a

descoberta do seu centro de gravidade na posição deitada, remando, sentado e de pé na

prancha. Atualmente procura a execução de manobras fortes e com mudanças de direção

muito rápidas, exigindo do executante uma precisa consciência da posição de seu corpo no

espaço.

Com os conhecimentos adquiridos no curso de Educação Física, o professor tem total

capacidade de analisar, orientar e prescrever um treinamento de forma específica para que

o atleta não só melhore sua condição física geral (melhora da flexibilidade, força,

resistência e equilíbrio), mas que também realize um trabalho compensatório a fim de se

evitar possíveis alterações estruturais e lesões, que podem ser causadas pela repetição ou

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postura excessiva que a modalidade exige. Dessa forma, o atleta terá maiores condições de

atingir seus objetivos de forma rápida, segura e eficiente.

É importante ressaltar que o educador físico deve se especializar em outras técnicas de

trabalho como o treinamento desportivo, fisiologia, treinamento funcional, pilates, yoga,

entre outros, para que seus conhecimentos continuem em constante evolução. (informação

verbal)

5.7 Os campeonatos.

Este é um formato de um circuito mundial masculino, mais conhecido como WCT.

Composto por 48 competidores classificados por outro circuito conhecido como WQS.

É feito para os surfistas classificados um seminário de orientação antes do início do

primeiro campeonato da temporada, onde o comparecimento é obrigatório, sendo que o

não comparecimento gera uma multa. Esses devem assinar um contrato antes do primeiro

evento da temporada, caso isso não ocorra o atleta não receberá a permissão para

competir.

Os campeonatos são realizados em uma data predeterminada havendo uma data de

espera caso não haja onda. Os surfistas devem competir dentro de um formato onde as

baterias da 1ª fase são formadas por 3 competidores com o 1º colocado de cada bateria

avançando direto para a 3ª fase. Enquanto o 2º e o 3º seguem para a 2ª fase ou repescagem

em baterias de homem-a-homem. A 2ª fase é disputada em baterias de 2 atletas com os

vencedores avançando para a 3 ª fase aonde encontraram os vencedores da 1ª fase em

baterias de homem-a-homem até o final do evento. A escolha dos atletas para as baterias é

feita através de sorteio. As baterias são formadas por 2 ou 3 atletas, cada atleta usa uma

camisa (lycra) de cor diferente para a identificação no mar, o tempo de cada bateria é de

20 minutos nas eliminatórias e de 30 minutos nas finais, cada atleta pode pegar no

máximo 15 ondas, sendo consideradas as 2 melhores notas que serão somadas dando o

valor total da nota da onda surfada.

A presença é obrigatória em todos os eventos programados, caso isso não ocorra sem

justificativa será cobrado uma multa. (www.aspsouthamerica.com.br)

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DATA LOCAL EVENTO PRÊMIO VENCEDOR

18/fev a 11/mar Gold Coast -

Austrália

Quiksilver Pro U$ 340.000,00 Joel Parkinson

(AUS)

7 a 18/abr Bells Beach -

Austrália

Rip Curl Pro

U$ 340.000,00 Joel Parkinson

(AUS)

9 a 20/mai Teahuppo -

Tahiti

Billabong Pro

Teahuppo

U$ 340.000,00 Bobby Martinez

(USA)

27/jun a 05/jul Santa Catarina

- Brasil

Hang Loose

Santa Catarina

Pro

U$ 340.000,00 Kelly Slater

(USA)

9 a 19/jul Jeffreys Bay –

Afríca do Sul

Billabong Pro U$ 340.000,00 Joel Parkinson

(AUS)

13 a 19/set Trestles –

Califórnia/EUA

Hurley Pro U$ 405.000,00 Mick Fanning

(AUS)

23/set a 4/out South West

Coast - França

Quiksilver Pro

França

U$ 340.000,00 Mick Fanning

(AUS)

5 a 17/out Mundaka -

Espanha

Billabong Pro U$ 340.000,00 Adriano de Souza

(BRA)

19 a 28/out Peniche -

Portugal

Rip Curl

Search

U$ 340.000,00 Mick Fanning

(AUS)

8 a 20/dez Banzai Pipeline

– Oahu/Hawaii

Billabong

Pipeline

Master

U$ 340.000,00

Figura 7 – Calendário ASP World Tour – WCT/ 2009. Fonte: http://www.aspworldtour.com/2008/schedule.asp?rRat=mwct

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5 CONCLUSÃO

Conclui-se que a história do surf é marcada por várias situações, pois sua prática já

esteve ligada as raízes culturais religiosas até chegar a ser considerado um esporte. Ele foi

se tornando popular no mundo, no Brasil chegou a ser marginalizado, hoje é muito

popular e praticado. Concluímos ainda que se bem organizado por profissionais

capacitados ele pode conseguir se tornar um esporte de grande importância tanto na parte

esportiva quanto na parte social.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 – DA COSTA, L.P. Atlas do esporte no Brasil: atlas do esporte, educação física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de Janeiro: Shape Editora e Produções, 2005. 924 p. 2 – BROWN, B.; KAMPION, D. Stocked a History of surf culture. Utah: Gibbs Smith, 2003. 3 – GUTENBERG, A. A História do Surf. 1ª ed. São Paulo: Editora Azul, 1980. 217 p. 4 – LORCH, C. K. Surfe deslizando sobre as ondas. Rio de Janeiro: editora Guanabara Dois S.A, 1980. 5 – SOUZA, R. Boas ondas. Rio de Janeiro. Ediouro Publicações S. A, 2004. 145 p. 6 – TUBINO, F.M.; GARRIDO, F.A.C.; TUBINO, M.J.G. Dicionário Enciclopédico Tubino de Esporte. 1ª ed. Rio de Janeiro: Senac, 2007. 7 – A vida vem em ondas... Revista de História da Bibliografia Nacional ano 4, nº 40, janeiro 2009. pag 44. 8 – Reinaldo Dragão Andraus, 2009 – Palestra: História do mercado do surf. 11 de maio de 2009. São Paulo, USP. 9 – ZENI, Alexandre Lima. Caracterização das capacidades físicas do surf e fundamentos para a prática. 2002. Monografia (Curso de Bacharelado em esporte) – Escola de educação física e esporte, Departamento de esporte, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002. 10 – www.ibrasurf.com.br acesso em 05 jul 2009. 11 – ADVENTUREindiainfo. Disponível em <http://adventureindiainfo.110mb.com/surfing.htm> (acesso em 17 ago 2009). 12 – Curso de Pós-graduação em Surf. Disponível em <http://www.fmh.utl.pt/fmhsurf/ > (acesso em 10 de out de 2009).

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13 – http://www.cbsurf.com.br/cbsurf//index.php/acoes/institucional acesso em 16 nov 2009 14 – Doutor em Surf. Disponível em <http://www.jornaldepeniche.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=927&Itemid=5> (acesso em 05 de out de 2009). 15 – Gestão de negócios em Surf. Disponível em <http://www.estacio.br/_cursos/politecnico/gestao_negocios_surf/default.asp> (acesso em 05 de out de 2009). 16 – Disponível em <http://splashsurfmag.blogspot.com/2007_07_01_archive.html> (acesso em 10 de out de 2009). 17 – <http://www.isasurf.org/home_history.php> acesso em 19 nov 2009. 18 – Site da ASP. Disponível em <http://www.aspsouthamerica.com.br> (acesso em 20 de out de 2009). 19 – Significado da palavra surfe. Disponível em <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=surfe> (acesso em 10 de julho de 2009).