1--h- rv - =1 '1j:y - sistema de...

112
1--H- rv - =1 '1J:Y - ···- . ·-·-···-------··· -·· - ---------- ·----------·-··------·----- .. ------------····-·---------- ··-----··---------- -·----1---·---- ···-· FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL Dissertação de Mestrado OBTENÇÃO DE QUELANTES ATRAVÉS DA OXIDAÇÃO ENZIMÁTICA DE LIGNINA DE BAGAÇO DE CANA Mauro Alfredo Soto Oviedo Lorena -SP-Brasil Outubro-1998

Upload: vuongcong

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

1--H- rv - =1 '1J:Y - ···- . ·-·-···-------··· -·· - ---------- ·----------·-··------·----- .. ------------····-·---------- ··-----·-··---------- -·----1---·---- ···-·

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL

Dissertação de Mestrado

OBTENÇÃO DE QUELANTES ATRAVÉS DA OXIDAÇÃO

ENZIMÁTICA DE LIGNINA DE BAGAÇO DE CANA

Mauro Alfredo Soto Oviedo

Lorena -SP-Brasil

Outubro-1998

Page 2: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL

Dissertação de Mestrado

OBTENÇÃO DE QUELANTES ATRAVÉS DA OXIDAÇÃO

ENZIMÁTICA DE LIGNINA DE BAGAÇO DE CANA

Mauro Alfredo Soto Oviedo

Lorena -SP-Brasil

Outubro-1998

Page 3: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL

OBTENÇÃO DE QUELANTES ATRAVÉS DA OXIDAÇÃO

ENZIMÁTICA DE LIGNINA DE BAGAÇO DE CANA

Este exemplar corresponde a versão final da dissertação de mestrado aprovada pela banca examinadora

lJ't~ ~l~J. Dr. Adilson Robertó Gonçalves

(orientador e presidente da banca)

Lorena -SP-Brasil

Outubro-1998

Page 4: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

---- --------------------- . --·---- --·----- - -----·. - . - ·-··

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Adilson R. Gonçalves pela orientação e a discussão dos resultados

desta tese.

À Ora. Angela Machuca Herrera, pelas sugestões e discussões desta tese.

Aos Drs. André Ferraz, André Cotrim e Flávio Teixeira da Silva pelo auxílio e

sugestões apresentadas durante a realização deste trabalho.

Aos amigos e colegas de curso Jussara, José Moreira, José Carlos, Luane,

Hellen, Ana María, Márcia, Marta, Carmen, Ernesto, Andersen, Régis e Ely,

pela amizade, apoio e convivência fraterna.

Aos demais funcionários do Departamento de Biotecnologia.

À CAPES e FAPESP pela bolsa e apoio financeiro concedidos.

Page 5: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

CONTÉÓDO

Lista de tabelas....................................................................................... v

Lista de figuras........................................................................................ viii

Resumo................................................................................................... xii

Abstract.................................................................................................... xiii

1.-INTRODUÇÃO..................................................................................... 1

li.- OBJETIVOS....................................................................................... 15

11. 1. -Objetivos específicos........................................................................ 15

Ili.- MATERIAIS E MÉTODOS................................................................. 16

111.1.-Ligninas estudadas no presente trabalho....................................... 16

111.1.a.- Lignina Acetosolv de bagaço de cana.................................... 16

111.1.b.- Lignina de explosão a vapor de bagaço de cana.................... 16

111.2.- Determinação da atividade enzimática da fenolase por métodos

padrão........................................................................................... 17

111.3.- Estudo da atividade enzimática em meio tampão aquoso:dioxano 18

111.4.- Estudo preliminar da oxidação de lignina Acetosolv pela fenolase 18

111.5.- Estudo preliminar da oxidação de lignina Acetosolv pela fenolase

em presença de glicerol e oxigênio................................ 19

111.6.- Oxidação enzimática da lignina Acetosolv em presença de polióis 19

Ili. 7.- Estudo por planejamento fatorial.................................................... 19

111.8.-Análise e caracterização das ligninas e dos produtos de oxidação 20

111.8.1.- Distribuição da massa molar................................................... 20

111.8.1.1.- Calibração da coluna cromatográfica de GPC..................... 21

111.8.1.2.- Cálculo dos valores de Mn, Mw e D (dispersidade).......... 21

111.9.- Quantificação das capacidades de quelação da ligflina oxidada

por cromatografia de permeação em gel...................................... 22

ii

__ j

Page 6: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

111.1 O.- Características Espectrais............................................................ 23

111.10.1.- Espectrocopia de UV-visível................................................. 23

111.10.2.- Espectroscopia de infravermelho.......................................... 23

111.10.2.1.- Método de análise por componentes principais (PCA)...... 24

111.11.- Caracterização química das ligninas............................................ 24

111.11.1.- Determinação de grupos hidroxilas totais............................. 24

111.11.2.- Determinação de hidroxilas fenólicas................................... 25

111.11.3.- Determinação de hidroxilas alifáticas.................................... 26

111.11.4.- Determinação de metoxilas................................................... 26

111.11.5.- Determinação de carbonilas................................................. 27

IV.- RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................ 29

IV.A- Estudo do poder de retenção de Cu2+ pela lignina........................ 29

IV.A 1.- Quantificação de íons Cu2+ ligados à lignina.......................... 29

IV.A2.- Estudo da oxidação de lignina pela fenolase......................... 33

IV.A2.1.- Estudo preliminar da oxidação da lignina pela fenolase

em fase homogênea........................................................... 33

IV.A2.2.- Estudo preliminar da oxidação de lignina Acetosolv pela

fenolase empresença de glicerol e oxigênio...................... 37

IV.A.3.- Estudo da capacidade de quelação das ligninas Acetosolv

oxidadas............................................................................. 38

IV.A4.- Estudo da massa molar média das ligninas original e

oxidadas com fenol ase....................................................... 40

IV.AS.- Estudo dos efeitos de polióis na oxidação da lignina pela

fenolase.............................................................................. 45

IV. 8. - Estudo da oxidação com base em um planejamento

experimental....................................................................... 50

IV.8.1.- Estudo das reações de oxidação das ligninas Acetosolv e

de explosão a vapor conforme o planejamento fatorial 24-1

fracionário............................................................................... 50

IV.8.2.- Influência das condições de reação na distribuição de

massas molares das ligninas Acetosolv e de explosão a

vapor........................................................................................ 56

iii

Page 7: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

IV.B.3.- Influência das condições de reação de oxidação no poder

deretenção de Cu2+ pelas ligninas Acetosolv e de explosão

a vapor oxidadas.................................................................... 59

IV.B.4.- Espectrocopia de infravermelho............................................. 66

IV.C.- Estudos das características químicas das ligninas Acetosolv

e de explosão a vapor............................................................ 78

V.- CONCLUSÕES.................................................................................. 85

VI.- REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................. 87

iv

Page 8: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

····---·-------··--~-~--···-····---------·----·--·------- . . . . . ------~-------------------

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão a vapor, precipitada com dois tipos diferentes de ácido 12

Tabela 2: Níveis das variáveis usadas no planejamento experimental para a oxidação das ligninas Acetosolv e de explosão a vapor... 20

Tabela 3: Matriz de planejamento fatorial fracionário 24-1....................... 20

Tabela 4: Áreas sob a curva do cromatograma obtido para a retenção de íons Cu2+ para diferentes ligninas, obtidas a partir do trabalho de GONÇALVES et ai., 1997........................................... 32

Tabela 5: Concentrações de íons Cu2+ retido pelas diferentes ligninas analisadas por GPC...................................................................... 32

Tabela 6: Parâmetros de oxidação e capacidade de retenção das lignina Acetosolv oxidadas............................................................ 39

Tabela 7: Valores de massa molar média em massa (Mw ), massa molar média em número ( Mn ) e dispersidade (O) das ligninas ... 43

..,_ -. ,._

Tabela 8: Porcentagem de lignina que apresenta uma determinada faixa de massa molar . 44

Tabela 9: Concentrações de íons Cu2+ retido pelas diferentes ligninas analisadas por GPC........................................ .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Tabela 1 O: Valores da massa molar média em massa ( Mw ), massa molar média em número ( Mn) e dispersidade (O) das ligninas Acetosolv oxidadas....................................................................... 50

Ta bela 11 : Matriz de planejamento fatorial fracionário e respostas obtidas (rendimento, massa molar e poder quelante) das reações de oxidação da lignina Acetosolv com fenolase.............. 51

Tabela 12: Matriz de planejamento fatorial fracionário e respostas obtidas (rendimento, massa molar e poder quelante) das reações de oxidação da lignina de explosão a vapor com fenolase........................................................................................ 52

Tabela 13: Efeitos das variáveis testadas no rendimento de oxidação da lignina Acetosolv pela fenolase, calculados a partir dos dados mostrados na tabela 11...................................................... 53

V

Page 9: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

------· -- - -----··---------------------------

Tabela 14: Efeitos das variáveis testadas no rendimento de oxidação da lignina de explosão a vapor pela fenolase, calculados a partir dos dados mostrados na tabela 12...................................... 54

Tabela 15: Tabela de ANOVA para análise de regressão dos dados experimentais mostrados na tabela 12......................................... 56

Tabela 16: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina Acetosolv pela fenolase em relação às massas molares, calculados a partir da tabela 11.................................................... 58

Tabela 17: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina de explosão a vapor oxidada pela fenolase em relação às massas molares, calculados a partir dos dados mostrados na tabela 12.................................................................................................. 59

Tabela 18: Estudo de complexação molar (mol de quelante/ mole de Cu2+).............................................................................................. 61

Tabela 19: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina Acetosolv pela fenolase em relação ao poder quelante, calculados a partir dos dados mostrados na tabela 11................. 62

Tabela 20: Tabela de ANOVA para análise de regressão dos dados experimentais mostrados na tabela 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Tabela 21: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina de explosão a vapor pela fenolase em relação ao poder quelante, calculados a partir dos dados mostrados na tabela 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Tabela 22: Tabela de ANOVA para análise de regressão dos dados experimentais mostrados na tabela 12......................................... 66

Tabela 23: Atribuição das bandas apresentadas no infravermelho pelas ligninas originais e oxidadas............................................... 67

Tabela 24: Absorbâncias relativas das bandas em 1653 e 1716 crn' para as ligninas Acetosolv............................................................ 70

Tabela 25: Absorbâncias relativas das bandas em 1680 e 1691 crn' para as ligninas de explosão a vapor........................................... 71

Tabela 26: Porcentagem da variância explicada por PCA nos espectros de FTIR das ligninas Acetosolv.................................... 72

Tabela 27: Porcentagem da variância explicada por PCA nos espectros de FTIR das ligninas de explosão a vapor................... 72

vi

Page 10: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 28: Análise dos grupos funcionais presentes na lignina Acetosolv (ensaio 5) e lignina de explosão a vapor (ensaio 5).... 79

vii

Page 11: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

-------------------------------------------

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema representativo de um complexo de derivado do aldeído salicílico com íon metálico M..... ... .. .. . . .. . . . . .. ... .. . . . ... .. ... . ..... 1

Figura 2: Estrutura da lignina de abeto (Picea abies) proposta por Adler (1977), destacando-se alguns tipos de ligações existentes 4

Figura 3: Esquema representativo da constituição e separação dos materiais lignocelulósicos............................................................. 5

Figura 4: Produtos químicos obtidos a partir da lignina (GOLDSTEIN, 1981 )............................................................................................. 7

Figura 5: Representação de alguns tipos de produtos obtidos da oxidação ([O]) e hidrólise (H+) da lignina.................. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Figura 6: Oxidação de fenóis pelas polifenoloxidases (Burton, 1994).... 10

Figura 7: Mecanismo de oxidação pela polifenoloxidase (Solomon e Lowery, 1993)....... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Figura 8: Esquema representativo da camada de hidratação da enzima em meio orgânico com baixo conteúdo de água........................... 13

Figura 9 : Curva de calibração para a determinação dos íons Cu2+ ligados à lignina................. .. . . . . .. . . . .. .. . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . . 30

Figura 1 O: Cromatograma da lignina Acetosolv original. Coluna Sephadex G-10 de 60 x 1,1 cm, eluída com tampão Tris-NaCI pH 8 a 0,5 ml min-1................................................................... .... 31

Figura 11: ln[absorbância] em função do tempo de reação para os diferentes comprimentos de onda estudados, no intervalo de O a 2 h................................................................................................. 36

Figura 12: ln[absorbância] em função do tempo de reação para os diferente comprimentos de onda estudados, no intervalo de 3 a 4 h................................................................................................. 36

Figura 13: ln[absorbância] em função do tempo de reação para os diferentes comprimentos de onda estudados, no intervalo de 2 a 3 h................................................................................................. 37

Figura 14: Espectro de UV para a lignina Acetosolv oxidada com fenolase e oxigênio em ausência (A) e em presença de glicerol

viii

Page 12: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

(8). Espectro feito a partir de uma soluções de 0,2 gL·1 em ácido acético galcial. . 38

Figura 15: Cromatograma de retenção do Cu2+ pela lignina Acetosolv oxidada com fenolase em presença de oxigênio. Coluna Sephadex G-10, eluída com tampão Tris-NaCI pH 8 a 0,5 ml rnin" . 39

Figura 16: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv original (lignina 1 ). Coluna de Sephadex G-50, eluída com NaOH 0,5 M a 0,5 ml min" . 41

Figura 17: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv oxidada com fenolase em presença de ar (lignina 6). Coluna de Sephadex G-50, eluída com NaOH 0,5 M a 0,5

L . -1 m m1n . 41

Figura 18: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv oxidada com fenolase em presença de oxigênio (lignina 7). Coluna de Sephadex G-50, eluída com NaOH 0,5 M a 0,5 ml min" . 42

Figura 19: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv oxidada com fenolase em presença de oxigênio e glicerol (lignina 8). Coluna de Sephadex G-50, eluída com NaOH 0,5 M a 0,5 ml rnin" . 42

Figura 20: Cromatograma de retenção do Cu2+ pela lignina oxidada em presença de fenolase, oxigênio e glicerol. Coluna Sepadex G-10, (52 x 1,2 cm) eluída com tampão Tris-NaCI pH 8 a 0,5 ml

. -1 46 m1n .

Figura 21: Cromatograma de retenção do Cu2+ pela lignina oxidada em presença de fenolase, oxigênio e polietilenoglicol. Coluna de Sephadex G-10, (52 cm x 1,2 cm) eluída com tampão Tris- NaCI pH 8 a 0,5 ml min-1.............................................................. 47

Figura 22: a) desnaturação da enzima em meio orgânico e b) Efeito do poli oi na estabilização da enzima................................................. 48

Figura 23: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv oxidada em presença de glicerol (lignina 9). Coluna de Sephadex G-50, (57 x 1,8 cm) eluída com NaOH a 0,4 ml

. -1 49 m1n .

Figura 24: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv oxidada em presença de polietilenoglicol (lignina 1 O).

ix

Page 13: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Coluna de Sephadex G-50, (57 x 1,8 cm) eluída com NaOH a 0,4 ml min·1.... .•. . . . . .. . .. .. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . .. .. .. .. 49

Figura 25: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolvensaio 2 ( +, -, -, +)....................................................... 57

Figura 26: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina de explosão a vapor ensaio 6 ( +, -, +, -)........................................... 57

Figura 27: Espectro de infravermelho da lignina Acetosolv original. Espectro obtido a partir de pastilhas de KBr................................. 68

Figura 28: Espectro de infravermelho da lignína Acetosolv oxidada (ensaio 4: +, +, -, -). Espectro obtido a partir de pastilhas de KBr 68

Figura 29: Espectro de infravermelho da lignina de explosão a vapor original. Espectro obtido a partir de pastilhas de KBr................... 69

Figura 30: Espectro de infravermelho da lignina de explosão a vapor oxidada (ensaio 4: +, +, -, -). Espectro obtido a partir de pastilhas de KBr............................................................................ 69

Figura 31: Gráfico de CP2 em função de CP1 para as ligninas Acetosolv original (a, b e c) e oxidadas (ensaios 1 a 8)............... 74

Figura 32: Gráfico de CP3 em função de CP1 para as ligninas Acetosolv original (a, b e c) e oxidadas (ensaios 1 a 8)............... 74

Figura 33: Gráfico de CP3 e CP2 em função de CP1 para as ligninas Acetosolv original {a, b e c) e oxidadas (ensaios 1 a 8)............... 75

, Figura 34: Loading de CP1 e CP2 dos espectros de FTIR em função do comprimento de onda para as ligninas Acetosolv.................... 76

Figura 35: Gráfico de CP3 em função de CP1 para as ligninas de explosão a vapor original (a, b e c) e oxidadas (ensaios 1 a 8).... 77

Figura 36: Gráfico de CP3 e CP2 em função de CP1 para as ligninas de explosão a vapor original (a, b e c) e oxidadas (ensaios 1 a 8)................................................................................................... 77

Figura 37: Loading de CP1 e CP2 dos espectros de FTIR em função do comprimento de onda para as ligninas de explosão a vapor... 78

Figura 38: Espectro UV diferencial da lignina Acetosolv original. Espectro feito a partir de uma solução com 0,056 gl·1 em dioxano/água 50%........................................................................ 80

X

Page 14: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Figura 39: Curva titulométrica da determinação do teor de carbonila da lignina de explosão a vapor ensaio 5............................................ 81

Fifura 40: Espectro de UV da lignina Acetosolv e de explosão a vapor original. Espectros feitos a partir de uma solução de 0,03 gl-1

em dioxano/água 50%................................................................... 83

xi

Page 15: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

OBTENÇÃO DE QUELANTES ATRAVÉS DA OXIDAÇÃO ENZIMÁTICA DE LIGNINA DE BAGAÇO DE CANA. Mauro A. Soto Oviedo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial, Departamento de Biotecnologia, Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Orientador: Dr. Adilson R. Gonçalves (CP 116, 12600-000, Lorena, SP, Brasil). Banca examinadora: Dr. André L. Ferraz e Dr. Sergio P. Campana. Outubro de 1998.

Resumo

Ligninas de bagaço de cana obtidas por polpação Acetosolv e explosão a vapor foram oxidadas pela fenolase a fim de se obter quelantes. A oxidação foi realizada de acordo com um planejamento fatorial fracionário 24-1, onde as variáveis estudadas foram quantidade de enzima (X1), tempo de reação (X2), concentração de estabilizante (XJ) e concentração de oxidante (Xi). Os quelantes obtidos foram avaliados quanto ao poder de retenção de íons Cu2+ através de análise por cromatografia de permeação em gel. As ligninas oxidadas obtidas foram caracterizadas por técnicas espectroscópicas, determinação de grupos funcionais e distribuição de massa molar.

Um modelo não linear utilizando-se um método de estimativa quasi-Newton foi proposto considerando-se as variáveis que apresentaram efeitos no poder de retenção de Cu2+ (y) para as ligninas Acetosolv e de explosão a vapor, equação 1 e equação 2, respectivamente.

y = (293,33 ± 14, 16) + (-17,63 ± 8,67) X1 + (-44,38 ± 8,67) X2 + (-30,88 ± 8,67) XJ +(-17, 13 ± 8,67) X1 Xi+ (-76,96 ± 16,61) X/ (eq.1)

y = (204,00± 8,56) + (-24,75 ± 5,24) X1 + (-39,25 ± 5,24) X2 + (30,25 ± 5,24) X1X2 +(29,00 ± 5,24) X1 XJ + (74,75 ± 10,03) X/ (eq.2)

A porcentagem de variância explicada indica que os modelos propostos permitem descrever a região experimental analisada com 95% de confiança.

A análise por componentes principais dos espectros de infravermelho das ligninas originais e oxidadas indica que existem diferenças nos espectros entre essas

' ligninas. As ligninas oxidadas podem ser agrupadas de acordo com diferenças na concentração de estabilizante utilizado na reação de oxidação com fenolase. O mesmo fato foi observado nas ligninas de explosão a vapor oxidadas, embora elas não possam ser agrupadas de forma definitiva, já que suas características espectrocópicas dependem das condições da reação de oxidação.

O teor de grupos carbonilas das ligninas oxidadas é maior que o apresentado pelas lignina Acetosolv e de explosão a vapor originais. Esse aumento deve-se à ação catalítica da enzima (cresolase e catecolase) que leva a um incremento dos grupos carbonilas e hidroxilas na lignina, levando conseqüentemente a um aumento da retenção dos íons Cu2+.

Todas as ligninas oxidadas apresentam um perfil bimodal de distribuição de massas molares, onde a área de cada fração varia em função do nível das variáveis testadas. A massa molar média das ligninas oxidadas é menor e em alguns casos próxima à das ligninas originais, tanto para a lignina Acetosolv como de explosão a vapor.

xii

Page 16: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

OBTENTION OF CHELATING AGENTS THROUGH THE ENZVMATIC OXIDATION OF SUGARCANE BAGASSE LIGNIN. Mauro A Soto Oviedo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial, Departamento de Biotecnologia, Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Orientador: Dr. Adilson R. Gonçalves (CP 116, 12600-000, Lorena, SP, Brasil). Banca examinadora: Dr. André L Ferraz e Dr. Sergio P. Campana. Outubro de 1998.

Abstract

Sugarcane bagasse Lignins obtained by Acetosolv pulping and steam- explosion were oxidized by phenolase to obtain chelating agents. The oxidation was carried in accordance with a 24-1 fractional factorial design where the variables studied were quantity of enzyme (X1), reaction time(X2), stabilizer concentration (XJ) and oxidizer concentration (~). The chelating agents obtained were evaluated through gel permeation chromatography regarding their ability to retain Cu2• ions. The lignins obtained were characterized by spectroscopic techniques, evaluation of functional groups and molecular weight distribution.

A non-linear using quasi-Newton estimate was proposed considering the variables that affected the ability of the Acetosolv and steam-explosion lignins to retain Cu2 + íons ( y) (equations 1 and 2, respectively).

y = (293.33 ± 14.16) + (-17.63 ± 8.67) X1 + (-44.38 ± 8.67) X2 + (-30.88 ± 8.67) XJ +(-17.13 ± 8.67) X1 x, + (-76.96 ± 16.61) X/ (eq.1)

y = (204.00± 8.56) + (-24.75 ± 5.24) X1 + (-39.25 ± 5.24) X2 + (30.25 ± 5.24) X1X2 +(29.00 ± 5.24) X1 XJ + (74.75 ± 10.03) X/ (eq. 2)

- -_.,.,

The percentage of explained variance indicates that the models proposed make it possible to describe the experimental region analyzed with 95% confidence.

The principal component analysis of FTIR spectra of the original and oxidized lignins indicate spectral differences between these lignins. The oxidized lignins can be grouped together according to differences in the concentration of the stabilizer used in 'the oxidation with phenolase. This also happens to steam-explosion lignins, although they can not be grouped definitively, since their spectral characteristics depend on the reactions conditions.

The quantity of carbonyl groups of oxidized lignins is higher than that exhibited by the original Acetosolv and steam-explosion lignins. This increase in quantity is due to the catalytic action of the enzyme (cresolase and cathecolase), which leads to an increase in the carbonyl and hydroxyl groups in the lignins, and consequently to an increase in the ability to retain Cu2• ions.

Ali the oxidized lignins present a bimodal profile of molecular weight distribution, where the area of each fraction change as a function of the leveis of the variables studied. The average molecular weight of oxidized lignins is smaller than or near to that of the original Acetosolv and steam-explosion lignins.

xiii

Page 17: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

1.- INTRODUÇÃO

Nos últimos anos os agentes quelantes têm sido extensamente

investigados visando uma aplicação tecnológica, devido a seu comportamento

como seqüestrantes de íons metálicos presentes em soluções aquosas

(LEVINE, 1986; LO e CHEN, 1990; GECKELER e VOLCHEK, 1996). Entende-

se por quelante a substância que provoca a formação de compostos anelares

através da coordenação de sítios presentes na molécula dessa substância com

íons metálicos.

Dentre as substâncias que apresentam uma alta capacidade quelante

destacam-se as que possuem grupos funcionais com alta densidade

eletrônica, tais como ácidos carboxílicos, compostos carbonilados, aminas,

tióis, compostos hidroxilados e substâncias contendo anéis aromáticos. Esses

compostos possuem átomos coordenantes de íons metálicos como o oxigênio,

nitrogênio e enxofre (GECKELER et ai., 1980; GECKELER et ai., 1988;

GECKELER e VOLCHEK, 1996), como exemplificado na figura 1 para um

derivado do aldeído salicílico como quelante.

o, 2+ M =o/

Figura 1: Esquema representativo de um complexo de derivado do aldeído

salicílico com íon metálico (M).

Há um crescente interesse da comunidade científica internacional em

relação ao uso de quelantes em questões ambientais. Através de técnicas

como a precipitação e a floculação é possível a utilização desses

seqüestrantes na descontaminação de certos efluentes industriais contendo

íons metálicos pesados como Hg2+, Pb2+, Cd2+ e Cu2+ entre outros. Além disso,

1

Page 18: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

os quelantes podem ser utilizados na recuperação e reaproveitamento dos

íons metálicos mais nobres.

O processo de quelação é governado por diferentes fatores tais como a

natureza da estrutura molecular do quelante, o tipo e número de grupos

quelantes, fatores estéricos e volume dinâmico adquirido pela macromolécula.

Em quetantes do tipo resina há ainda a possibilidade de formação de ligações

cruzadas entre cadeias lineares vizinhas, o que torna o processo de quelação

ainda mais complexo. A macromolécula do quelante a ser usada na remoção

de metais pode estar em solução ou na forma de uma suspensão,

caracterizando um processo de extração líquido-líquido ou sólido-líquido,

respectivamente.

Uma das características essenciais dos complexos [macromolécula-íon]

é sua constante de estabilidade. Exemplificando-se para o caso de Cu2+ em

presença de um ligante neutro L têm-se os seguintes equilíbrios envolvidos:

+2 K1 +2 Cu + L ~ Cul

+2 K2 +2 Cul + L ~ Cul

2 +2 K3 +2

Cul + L ~ Cul 2 3

+2 K. +2 Cul + L ~ Cul

3 4

sendo K1, K2, K3 e K4 as constantes de estabilidade em cada etapa.

(eq. 1)

(eq. 2)

(eq. 3)

(eq. 4)

No caso de macromoléculas, as constantes não podem ser

determinadas já que o mecanismo da formação do complexo entre o íon Cu2+ e

a macromolécula não é por etapas, existindo um equilíbrio quase

exclusivamente entre [ CuL4t2 e íons Cu2+ (equação 5). Para esse tipo de

equilíbrio tem-se uma constante de estabilidade efetiva (Ket ) definida pela

equação 6.

Ket Cu+2 + 4 L ~ [ CuL/2] (eq. 5)

2

Page 19: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Ket =~~~~~~~~~~~~~ ([Cuo] - [CuL4t2) · ( y[Lo I 4] - [CuL4t2)

(eq. 6)

sendo : [Cuo]= concentração inicial de íons Cu2·,

[Lo] = concentração da macromolécula, e

y = fração máxima de ligantes presentes na macromolécula

A constante de estabilidade Ket é, nesse caso, um parâmetro efetivo e

não pode ser comparada com as outras quatro constantes. Isso porque Ket

depende da composição e da conformação da macromolécula, da força iônica

da solução e da temperatura, fatores que podem influenciar na concentração

de centros ligantes da macromolécula (KIRSH et ai., 1974; WALSH et ai.,

1983).

Um dos compostos orgânicos que apresenta a vantagem de possuir

uma alta quantidade de grupos funcionais e as condições anteriormente

mencionadas é a lignina. A lignina é uma macromolécula heterogênea natural,

opticamente inativa, formada por unidades p-propilfenólicas Cs-C3 interligadas

por diversas ligações covalentes aril-éter, aril-aril e carbono-carbono, como

mostrado na figura 2 para a lignina de abeto (Picea abies).

3

Page 20: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

HC

HOC~H lp_5 ']\

HC ~ 1 1 OC H3

HC-- O

u3coJ$ "•fº" 0--CH

1

o

HCOH

,@ H 3co I

HC-----0 1

HCOH C:O

H3CO~OCH3 OH OH

[o-e]

Figura 2: Estrutura da lignina de abeto (Picea abies) proposta por ADLER

(1977), destacando-se alguns tipos de ligações existentes.

Depois da celulose, a lignina é o composto orgânico mais abundante

dentre os materiais lignocelulósicos. Ela possui uma função estrutural no

complexo celular da parede de plantas superiores, agindo como uma cola que

confere coesão ao conjunto de células. A quantidade de lignina varia entre as

diferentes espécies de plantas superiores e também entre plantas da mesma

espécie (FENGEL e WEGENER, 1989). A produção em larga escala de lignina

está restrita à indústria de polpa, sendo que a lignina é obtida como resíduo,

mas quase totalmente queimada na própria indústria para produzir energia.

4

Page 21: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Outra fonte de lignina em larga escala ainda não explorada

adequadamente são os resíduos agrícolas denominados genericamente por

materiais lignocelulósicos. No Brasil um desses resíduos de maior produção é

o bagaço de cana, com uma quantidade estimada de 5 a 12 milhões de

toneladas de bagaço por ano (SURGI, 1988; MOLINA et ai., 1995). Esse

bagaço é utilizado na obtenção de compósitos (LEÃO et ai., 1997), como

suplemento em rações (LACORTE et ai., 1986), na obtenção de energia para a

própria usina de açúcar e álcool (ARMAS e BIANCHI, 1990), na obtenção de

xilitol (SENE, 1996) e em outros setores de menor importância. Mesmo assim,

as usinas de álcool produzem um grande excedente de bagaço de cana, o que

causa sérios problemas de estocagem, além do impacto ao meio ambiente.

As características do bagaço de cana, composição e disponibilidade têm

impulsionado diferentes grupos de pesquisas a desenvolver tecnologias

alternativas que busquem seu aproveitamento, principalmente aquelas que

envolvem processos biotecnológicos, a fim de produzir compostos químicos,

como ácidos orgânicos, furfural, fenóis e outros compostos aromáticos, de

maior valor econômico que a biomassa bruta (CAPEK-MÉNARD et ai., 1992).

A otimização da utilização dos diferentes componentes dos materiais

lignocelulósicos requer sua separação seletiva. Isso implica na ruptura do

complexo [lignina-carboidrato] e na remoção de cada fração por técnicas de

pré-tratamento e deslignificação, como é esquematizado na figura 3.

PROCESSOS

TÉRMICO OU QUÍMICO

ººº ººº +

+ •• • • ••• ••• LIGNINA MATERIAL LIGNOCELULÓSICO

CELULOSE (FIBRAS) POLIOSES

Figura 3: Esquema representativo da constituição e separação dos materiais

lignocelulósicos.

Os processos de separação dos componentes de materiais

lignocelulósicos podem ser térmicos, químicos, físicos, biológicos ou uma

5

Page 22: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

combinação desses, o que dependerá do grau de separação requerido e do

fim proposto (CLARK et ai., 1989; CAPEK-MÉNARD et ai., 1992; KOKTA e

AHMED, 1992; HEITNER et ai., 1993; FERRAZ et ai., 1998).

Os tratamentos químicos em meio básico tendem a extrair e solubilizar

as polioses e a lignina, separando-as da celulose. Em meio ácido, a tendência

é a hidrólise e a solubilização dos polissacarídeos. Diversas opções de pré-

tratamento têm sido propostas, incluindo extração alcalina, oxidação, hidrólise

ácida e extração com solventes orgânicos (WOOD e SADDLER, 1988;

McDOUGALL et ai., 1993).

Devido ao seu caráter alifático e principalmente aromático, a lignina

pode servir como uma fonte de reagentes químicos, os quais são agora

obtidos do petróleo e do gás natural. Uma produção em grande escala de

produtos de baixa massa molar a partir da lignina, em competição com os

produtos petroquímicos, é restrita devido a questões econômicas e

tecnológicas. Para a degradação de ligninas a compostos aromáticos e

alifáticos simples são necessários processos com elevada demanda de

energia, obtendo-se produtos químicos puros com baixos rendimentos,

representados de forma esquemática na figura 4 (GOLDSTEIN, 1981 ).

6

Page 23: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

vanilina

ácido vanílico

siringaldeído

fenol

guaiacol

2, 6-dimetoxifenol

t

fenóis

ácidos carboxílicos

alcatrão

oxidação hidrólise alcalina fusão alcalina

t

componentes de resinas

Pirólise

/ ~ 400-SO<Jle

fenóis fenol

óleo ___.. benzeno

alcatrão

monóxido de carbono ~ gaseificação ....- __. hidrogenólise

hidrogênio

adesivos agentes dispersantes e emulsificantes

700-IOOó'C

fenóis gás de síntese

eteno

benzeno

metano

monóxido de carbono

semi-coque carvão vegetal

Figura 4: Produtos químicos obtidos a partir da lignina (GOLDSTEIN, 1981).

Alguns grupos de pesquisa têm estudado o uso de lignossulfonatos e

, lignina modificada quimicamente como agentes quelantes de íons metálicos,

obtendo resultados promissores na quelação de íons Cu2• na faixa de pH entre

2 e 6, com uma porcentagem de retenção maior que 80 % (CHANG e ALLAN,

1971; COTRIM et ai., 1995). Outro grupo de pesquisa tem estudado o poder de

retenção de íons metálicos como Pb2+ e Cd2+, utilizando lignina fórmica (obtida

por polpação de madeira de eucalipto com ácido fórmico) funcionalizada com

grupos -CH2COOH, obtendo-se resultados promissores (GÓMEZ et ai., 1997).

A modificação química através da oxidação propicia a incorporação de grupos

carbonil bastante efetivos como grupos de coordenação com íons metálicos,

como mostrado de forma esquemática na figura 5.

7

Page 24: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

H2~-0-Lignina

HOCH 1

CH30~ 0-Lignina

[O] -:

COOH

(g}OCH3 OUgrina

HO~-CH2-0-Lignina

©10CH3 OH

Figura 5: Representação de alguns tipos de produtos obtidos da oxidação ([O])

e hidrólise (H+) da lignina.

·•. -· - Neste trabalho uma das ligninas a ser modificada é a obtida do bagaço

de cana pela técnica de explosão a vapor. Essa técnica é conhecida como

polpação de alto rendimento por explosão, utilizada para a produção de polpas

de madeiras duras, de madeiras moles e de gramíneas, como o bagaço de

' cana. Usualmente o material é impregnado com ácidos, bases ou solventes

orgânicos, introduzido num reator de alta pressão sob vapor de água a

temperaturas entre 180 e 200ºC e em seguida submetido a uma

descompressão súbita (TOMASEC e KOKTA, 1991; KOKTA e AHMED, 1992;

HEITNER et ai., 1993). Em uma modificação do processo, o bagaço de cana é

pré-tratado por explosão a vapor em um sistema auto-catalisado sem a adição

de ácidos ou bases. A lignina é obtida em uma etapa posterior por extração

alcalina e precipitada com ácido mineral (SILVA, 1995).

Outra lignina a ser utilizada é a obtida pelo processo Acetosolv, que

consiste no cozimento de bagaço de cana com ácido acético 93 % e pequenas

quantidades de HCI como catalisador, seguido de extração com ácido acético

a quente, para solubilizar a lignina, que é recuperada por precipitação em

8

Page 25: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

água quente (BENAR, 1992). Ambas as técnicas de obtenção de lignina de

bagaço de cana têm sido estudadas e otimizadas em nosso grupo de pesquisa

(FERRAZ et ai., 1992; SILVA, 1995; URBANO et ai., 1996ª).

A oxidação química do licor de polpação Acetosolv de bagaço de cana

havia sido iniciada com resultados promissores em nosso grupo de pesquisa,

obtendo-se como produtos macromoléculas com um maior número de grupos

carbonílicos na lignina (URBANO et ai., 1995; URBANO et ai., 1996b).

Com o objetivo de promover uma oxidação mais seletiva da lignina de

bagaço de cana, aproveitando-se o caráter aromático (grupos fenólicos) da

lignina e ao mesmo tempo introduzindo-se grupos funcionais oxigenados mais

polares (principalmente grupos carbonílicos e carboxílicos) para melhorar as

propriedades quelantes da lignina, iniciou-se um estudo da oxidação

enzimática em meio aquoso utilizando a enzima polifenoloxidase, obtendo-se

resultados promissores (GONÇALVES et ai., 1996).

As polifenoloxidases são enzimas heterogêneas que podem ser

encontradas em várias partes das células de fungos, bactérias e plantas,

podendo estar ligadas às membranas de organelas ou solúveis dentro do

complexo celular (ROBB e LONTIE, 1984; BURTON, 1994). Na maioria dos

casos, a enzima encontra-se em mais de uma forma ativa e muitas dessas

formas são poliméricas. A heterogeneidade ou multiplicidade de formas

observadas nas polifenoloxidases é decorrente de vários graus de agregação

de subunidades de diferentes massas molares (BURTON, 1994). Para a

polifenoloxidase de batata tem-se uma multiplicidade de formas, originada da

agregação de duas, quatro, oito e dezesseis subunidades com diferentes

massas molares (MAYER e HAREL, 1979). As polifenoloxidases são

monooxigenases que contêm cobre e que catalisam duas reações (KERTESZ

e ZITO, 1965):

1) a inserção de um oxrqerno na posição orto em relação à hidroxila

existente no fenol ( orto-hidroxilação de fenóis ), que é conhecida como

atividade cresolase (figura 6) e,

9

Page 26: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

ü) a oxidação de o-difenóis à respectiva quinona, que é conhecida como

atividade catecolase (figura 6).

OH OH o

6 º2 ~00 +H 2 o 1/20 2 &º. H20 .-. ..

polifeaoloxidase polífenoloxidase atividade cresolase atividade catecolase

Figura 6: Oxidação de fenóis pelas polifenoloxidases (BURTON, 1994).

Os nomes tirosinase, fenoloxidase, polifenolase e fenolase são também

comumente utilizados com o mesmo significado de polifenoloxidase (BURTON,

1994). A classificação das polifenoloxidases é ambígua. As enzimas que

exibem atividade monofenoloxidase são classificadas como EC 1.14.18.1,

porém as que apresentam atividade catecoloxidase como EC 1.10.3.2. A

classificação de todas as monooxigenases que contêm cobre e são aceptoras

de dois elétrons é EC 1.14.18.1 (BURTON, 1994).

Uma elucidação ainda não completa da estrutura da polifenoloxidase

tem sido reportada, devido a dificuldades inerentes de purificação das multi-

subunidades e da multiplicidade que a enzima apresenta. A composição e a

, seqüência de aminoácidos para a tirosinase de Neurospora e Streptomyces

têm sido publicadas (LERCH, 1982; HUBBER et ai., 1985; LERCH et ai., 1986;

BURTON, 1994). Devido à ausência de cristais suficientemente puros para

cristalografia de raios-X a estrutura do estado sólido da proteína permanece

indefinida.

A polifenoloxidase é uma enzima pertencente ao grupo de proteínas de

cobre tipo Ili. Essas proteínas são caracterizadas por dois íons cobre anti-

ferromagneticamente acoplados, situados no sítio ativo e capazes de unir

dioxigênio para formar um complexo dicobre(ll)-dioxigênio (SOLOMON et ai.,

1992; SOLOMON e LOWERY, 1993; BURTON, 1994) (figura 7). Foi sugerido

que o substrato fenólico se coordena inicialmente pela posição axial

perpendicular ao plano do sítio ativo, doando a densidade eletrônica para o

10

Page 27: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

orbital molecular não ocupado de menor energia (LUMO) da unidade dicobre-

dioxigênio (1 ), o qual é perpendicular ao plano formado pelas ligações

oxigênio-oxigênio e cobre-oxigênio. A transferência inicial de oxigênio para a

posição orlo do anel fenólico leva à formação do derivado catecol (2). A

transferência de elétrons do derivado catecol para os átomos de cobre origina

os sítios deóxi e libera o-quinona (3). Os sítios deóxi se coordenam com 02

molecular regenerando o sítio catalític

o da enzima (figura 7).

H-~

tel e ... o ... pro "" ~cu2+···' 1 .,,,, eu2+ proteína proteina/ ····, ,,111 <proteína '•1 Q,•'

proteína , cu1+

proteína/ 1 + < proteína Cu

proteína >º< o o proteína / \ / proteína

t · >eu eu pro ema '-. / <, proteína

º' 2

/

Q o o

3

Figura 7: Mecanismo de oxidação de fenol pela polifenoloxidase

(SOLOMON e LOWERY, 1993).

11

Page 28: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

A inserção de um grupo hidroxila em posição orto a uma hidroxila já

existente é uma reação praticamente exclusiva dessa enzima. Este é, portanto,

o motivo principal da escolha da polifenoloxidase.

O progresso no campo da enzimologia em meio não-aquoso tem

revelado que a versatilidade do uso de biocatalisadores em meio orgânico é

uma atrativa via para a produção de o-quinonas, utilizando polifenoloxidase

em meio orgânico com baixa porcentagem de água (KAZANDJIAN e

KLIBANOV, 1985; DODDEMA, 1988; VULFSON et ai., 1991; DORDICK, 1992;

NARAYAN e KLIBANOV, 1993; BURTON et ai., 1993; BURTON e DUNCAN,

1995). Devido à maior solubilidade da lignina de bagaço de cana em solventes

orgânicos como mostrado na tabela 1 (SILVA et ai., 1992), é de interesse

realizar um estudo da oxidação enzimática num meio orgânico com baixa

porcentagem de água.

Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão a

vapor, precipitada com dois tipos diferentes de ácido.

Solvente Solubilidade da lignina (g L-1 )

Acetona 7 Acetona: água (3: 1 ) 21

Acetona: água (4:1) 21

Dioxano 13

Dioxano: tampão fosfato

(pH 6,6) 3:1 10

Etanol (95 %) 6

Etanol Absoluto 5

lsopropanol 2

Metanol 9

N'N-Dimetilsulfóxido 22

Piridina 20

Tolueno <1

12

Page 29: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Existem evidências que sugerem que a enzima em solução aquosa é

totalmente hidratada, após ser rodeada por algumas camadas de água. A

dimensão da espessura da camada de água está sujeita a especulação. Uma

hipótese é que a enzima requer apenas uma pequena camada hidratante que

atue como componente primário de seu microambiente. Essa camada atua

como um compatibilizador entre a superfície da enzima e o meio reacional.

Baseado nesse argumento, na biocatálise em fase orgânica deveria ser

possível manter uma enzima totalmente hidratada e ativa conservando uma

pequena proporção de água no meio reacional. A vantagem obtida com o uso

de solventes orgânicos inclui o aumento da solubilidade de substratos e

reagentes hidrófobos, o que é de relevância no caso de certos fenóis

substituídos - substratos potenciais da polifenoloxidase (LAANE et ai., 1987;

DORDICK et ai., 1987; ESTRADA et ai., 1991; POPP et ai., 1991; GORMAN e

DORDICK, 1992; KE etal., 1998ª; LEE etal., 1998; KE etal., 1998b) (figura 8).

.,---:- ... MEIO ORGÂNICO

CAMADA DE ÁGUA

Figura 8: Esquema representativo da camada de hidratação da enzima em

meio orgânico com baixo conteúdo de água.

Além da viabilidade do uso de misturas aquosas de solventes orgânicos,

há um vasto estudo da termoestabilidade da polifenoloxidase, incluindo

13

Page 30: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

imobilização da enzima, modificação química e a inclusão de aditivos, a fim de

se manter sua atividade catalítica (VOLKIN et ai., 1991; VULFSON et ai., 1991;

DORDICK, 1992; ESTRADA et ai., 1993; BURTON e DUCAN, 1995).

Substâncias como polióis, glicerol, eritrol e etilenoglicol têm sido estudadas

como aditivos protetores da enzima. Essas substâncias podem afetar a

estrutura macromolecular da enzima por interação direta com a macromolécula

ou por ação indireta através de efeitos na estrutura e propriedades do solvente

ou por uma combinação de ambos mecanismos. Dessa forma, a relevância da

concentração do aditivo como agente protetor depende na natureza do aditivo,

sendo que o efeito protetor diminui quando o número de átomos de carbono

aumenta (ESTRADA et ai., 1993).

14

Page 31: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

li.- OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo a oxidação de ligninas de bagaço

de cana, obtidas por explosão a vapor e por polpação pelo processo

Acetosolv, utilizando-se a enzima fenolase. Foram obtidas macromoléculas

com um elevado número de grupos oxigenados que foram testadas quanto à

eficiência de quelação de íons Cu(II) em solução.

11.1.- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Estudo da atividade da fenolase sobre as ligninas de bagaço de cana em

meio orgânico.

- Determinação das condições ótimas de oxidação das ligninas pela fenolase.

- Realização das reações de oxidação correspondentes ao planejamento

fatorial 2 4-1 para as ligninas Acetosolv e explosão a vapor.

- Quantificação da retenção dos íons metálicos Cu2+ pelas ligninas oxidadas

através de cromatografia por permeação em gel.

- Estudo por espectroscopia de infravermelho das ligninas oxidadas através da

técnica de análise dos componentes principais (PCA).

- Determinação da distribuição de massa molar das ligninas originais e

oxidadas através de cromatografia por permeação em gel.

- Caracterização química e espectroscópica (UV, FT-IR) das ligninas oxidadas.

15

Page 32: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

111.- MATERIAIS E MÉTODOS

111.1.- Ligninas estudadas no presente trabalho

111.1.a.- Lignina Acetosolv de bagaço de cana

A lignina Acetosolv de bagaço de cana já estava disponível em nosso

laboratório. Essa lignina foi obtida por processo de polpação Acetosolv pela

técnica otimizada por BENAR (1992). O bagaço de cana seco foi misturado

com ácido acético 93 % e O, 11 % de HCI e o sistema mantido sob refluxo a

11 SºC por 2 h. Posteriormente, a suspensão foi filtrada em funil de Büchner

para separar a polpa do licor de cozimento. A polpa foi prensada e lavada com

ácido acético glacial até que esse não mais apresentasse coloração.

Ao licor concentrado adicionou-se água a 80ºC lentamente e sob

agitação. O precipitado (lignina Acetosolv) foi filtrado em funil de Büchner e

lavado exaustivamente com água a 80ºC, seguido de secagem ao ar por 24 h e

secagem em estufa a 60ºC.

111.1.b.- Lignina de explosão a vapor de bagaço de cana

A lignina de explosão a vapor de bagaço de cana também estava

,disponível em nosso laboratório. Essa lignina foi obtida pela técnica otimizada

por SILVA (1995). O pré-tratamento do bagaço de cana em escala piloto é

realizado em um reator revestido de aço inox 316, com capacidade para 240 l.

Foram transferidos para o reator de explosão a vapor, previamente aquecido à

temperatura de operação, 1 O kg de bagaço de cana (base seca) pesado com

precisão de 0,05 kg. O reator foi fechado e o vapor injetado até que o reator

atingisse a temperatura de 190ºC. Após 15 min a válvula de entrada de vapor

foi fechada e a válvula de saída do reator foi aberta subitamente através do

controle automático. O bagaço ejetado para o ciclone, em função da

descompressão do reator, foi removido para um tambor de 100 l, e depois

transferido para uma centrifuga semi-contínua, marca MINERALMAQ. Os

solúveis impregnados no bagaço pré-tratado foram separados por

16

Page 33: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

centrifugação e o bagaço pré-tratado foi lavado com água e centrifugado

novamente. Esta operação foi repetida 5 vezes. Após esse procedimento o

bagaço pré-tratado foi abundantemente lavado com água, durante a operação

de centrifugação, até a água de lavagem tornar-se incolor. O bagaço pré-

tratado foi armazenado em sacos de polietileno, que foram fechados e

estocados em geladeira até serem usados nas reações de deslignificação.

As reações de deslignificação do bagaço de cana em escala piloto

foram realizadas em um reator revestido de aço inox 316, com capacidade

para 300 L. Uma massa de 1 O kg de bagaço de cana pré-tratado, base seca,

medida com precisão de 0,05 kg, foi transportada para o reator, contendo

200 L de uma solução de NaOH 1 % pré-aquecida à temperatura de 1 OOºC. A

mistura permaneceu a 1 OOºC durante 1 h sob agitação de 100 rpm. Após a

deslignificação, o resíduo celulósico foi separado do licor em uma centrífuga

semi-contínua marca MINERALMAQ. O resíduo celulósico foi retirado da

centrífuga, ressuspendido em água (50 L) e então centrifugado novamente.

Essa operação foi repetida mais duas vezes com 50 L e 30 L de água. Os

licores contendo a lignina (280 L) foram transferidos para uma doma de 500 L

e a lignina foi precipitada através da adição de HCI concentrado, em porções

de O, 1 L até que o meio atingisse pH 2. O ácido foi adicionado lentamente sob

agitação de forma a evitar a elevação da temperatura. Após a decantação, a

lignina precipitada foi separada do licor em um filtro-prensa marca PEGE-28

'com placas de 0,015 m3, usando filtros de polipropileno nº 4021-T, da REMAE.

A lignina retirada no filtro foi lavada até que a água de lavagem saísse com pH

entre 4 e 5. A lignina obtida foi seca a 60ºC em uma estufa de ventilação

forçada até apresentar massa constante.

- --....

111.2.- Determinação da atividade enzimática da fenolase por métodos

padrão

Foi utilizada enzima comercial da Sigma, obtida a partir de extratos de

batata e que recebe o nome de fenolase EC 1.10.3.1. A preparação comercial

contém 570 unidades por mg de sólido, sendo 1 unidade definida como a

17

Page 34: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

variação de 0,01 unidade de absorbância a 265 nm produzida por minuto,

usando ácido clorogênico como substrato (SIGMA, 1996). A preparação

comercial contém 60% de proteína (0,877 mg de sólido) e foi solubilizada em

25 mL de tampão fosfato 50 mmol L·1 a pH 7,5 (solução A).

Para medição da atividade da fenolase, 1 mL da solução A foi misturada

com 0, 1 mmoll," (concentração final) de ácido clorogênico (ácido(3-[3,4-

diidroxicinamato]-1,3,4,5-tetraidroxicicloexanocarboxílico)) e 50 mrnoll," de

tampão fosfato pH 7,5 até completar um volume final de 2 ml . A atividade

também foi determinada nas mesmas condições anteriores, porém em pH 7,0.

Essa atividade foi expressa como a variação (aumento) da absorbância por

minuto de acordo com a definição da Sigma.

111.3.- Estudo da atividade enzimática em meio tampão aquoso: dioxano

O estudo da atividade da fenolase foi realizado em uma solução de

tampão fosfato pH 7,0:1,4-dioxano, 3:1 (v/v), utilizando-se como substrato

ácido clorogênico para uma concentração final de O, 1 mmol L·1 e 1 ml da

solução A (solução enzima em tampão), sendo o volume final de 2 ml. A

absorbância em função do tempo foi medida em 265 nm .

r 111.4.- Estudo preliminar da oxidação de lignina Acetosolv pela fenolase

Na oxidação da lignina pela fenolase foram utilizados 30 mg de lignina e

1 mL da solução A (enzima em solução tampão pH 7,5) com uma razão de

tampão fosfato (pH 7,0):dioxano, 3:1 (v/v) e um volume final de 3 ml. O

experimento foi realizado em um tubo de ensaio a uma temperatura de 28ºC

por 4 h aberto ao ar. A lignina oxidada foi precipitada com 32 ml de HCI O, 1 N sob agitação mecânica e a mistura foi centrifugada a 8000 rpm por 20 min. A

lignina oxidada obtida (lignina 2) foi seca em estufa a 60ºC por 6 h. O

rendimento da reação de oxidação (em %), foi obtido pela diferença entre a

massa da lignina original e a massa da lignina obtida após oxidação

enzimática, dividida pela massa da lignina original multiplicado por 100%.

. 18

Page 35: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

111.5.- Estudo preliminar da oxidação de lignina Acetosolv pela fenolase

em presença de glicerol e oxigênio

A oxidação da lignina foi realizada com a fenolase em tampão fosfato

(pH 7, O): 1,4-dioxano, 3: 1 (v/v) no volume total de 3 ml. Utilizaram-se 30 mg

de lignina, 0,0210 mg de enzima (1 ml da solução A, ver parte 111.2) e 30 ml

min" de 02 na ausência (lignina 3) e na presença de 1 % (m/v) de glicerol

(lignina 4). Os experimentos foram realizados a 25ºC por 4 h. As ligninas

oxidadas obtidas foram tratadas posteriormente como está descrito na seção

111.4.

111.6.- Oxidação enzimática da lignina Acetosolv em presença de polióis

A oxidação da lignina Acetosolv de bagaço de cana foi realizada com

fenolase em tampão fosfato (pH 7,0): 1,4-dioxano, 3:1 (v/v) no volume total de

3 ml. Utilizaram-se 30 mg de lignina, 0,0210 mg de enzima, 0,1% de glicerol

ou O, 1 % de polietilenoglicol (massa molar de 10000 g/mol) e 30 ml mín" de

02. Os experimentos foram realizados a 25ºC por 4 h. As ligninas oxidadas

foram precipitadas com 32 ml de HCI O, 1 N sob agitação mecânica e a mistura

foi centrifugada a 8000 rpm por 20 min. A lignina oxidada obtida foi seca em

estufa a 60ºC por 6 h e caracterizada quanto ao poder de retenção de Cu2+.

Ili. 7.- Estudo por planejamento fatorial

Foram realizadas reações de oxidação de acordo com um planejamento

fatorial experimental 24-1 com um ponto central em triplicada. Na tabela 2 são

apresentados os níveis das variáveis usadas no planejamento experimental

para a oxidação das ligninas Acetosolv e de explosão a vapor. Na tabela 3

apresenta-se a matriz do planejamento fatorial fracionário.

19

Page 36: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 2: Níveis das variáveis usadas no planejamento experimental para a

oxidação das ligninas Acetosolv e de explosão a vapor.

Fator nível (-) nível(+) ponto central

1.- Quantidade de

enzima 0,0105 mg 0,0210 mg 0,0158 mg

2.- Tempo de reação 60 min 240 min 150 min

3.- Concentração de

estabilizante

4.- Concentração

de oxidante (02)

21 % 100 % 61 %

Tabela 3: Matriz de planejamento fatorial fracionário 24-1

Ensaio X1 Xi X3 X4 1 2 + + 3 + + 4 + + 5 + + 6 + + 7 + + 8 + + + +

pto central (a) o o o o pto central (b) o o o o pto central ( c) o o o o

onde: X1, X2, XJ, e Xi representam os valores codificados das variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração de oxidante, respectivamente.

111.8.- Análise e caracterização das ligninas e dos produtos de oxidação

111.8.1.- Distribuição da massa molar

A distribuição de massa molar foi determinada utilizando-se uma coluna

cromatográfica de vidro de 57 cm x 1,8 cm recheada com Sephadex G-50.

20

Page 37: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Como fase móvel foi utilizada uma solução de NaOH 0,5 mol L-1 a um fluxo de -1

0,5 ml min . As amostras foram injetadas no topo da coluna (500 µL de uma

solução de 1 g L-1 em NaOH 0,04 mol L-1 ). Foram coletadas frações de 4,5 ml

e a absorbância de cada fração em 280 nm ( comprimento de onda de

absorção máxima da lignina) foi medida em um espectrofotômetro UV-Visível

CINTRA 20. A coluna cromatográfica foi previamente calibrada com uma série

de padrões de proteínas (albumina de 66000 Da, anidrase carbônica de 29000

Da, citocromo C de 12400 Da e aprotinina de 6500 Da).

111.8.1.1.- Calibração da coluna cromatográfica de GPC

A coluna de cromatografia foi calibrada com proteínas de massa molar

conhecida. As proteínas foram aplicadas na coluna nas mesmas condições da

amostra. O volume de eluição das proteínas foi transformado em um valor que

é independente do tamanho da coluna (Kd) conforme a equação 7.

Kd=--- (eq. 7)

onde: -Vel = volume de eluição, -Vo = volume de exclusão total determinado com azul de dextrana de

2000000 Da, e -Vac = volume de permeação total determinado com acetona

111.8.1.2.- Cálculo dos valores de Mn, Mw e D (dispersidade)

Os cromatogramas obtidos foram integrados em frações de 4,5 ml

utilizando-se uma planilha de cálculo feita no programa EXCEL 5.0. Os valores

de Mw (massa molar média em massa), Mn (massa molar média em número)

e Mw I Mn ( dispersidade, D) foram calculados pelas equações 8, 9 e 1 O,

respectivamente.

21

Page 38: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

LaiXM Mw= (eq. 8)

z, s,

Mn= (eq. 9) Lai/ M

D =Mw/Mn (eq. 10)

onde: - ai = área do cromatograma sob uma fração "i" - Mi = massa molar da fração "i" obtida por interpolação na curva de

calibração.

A fração de lignina em determinadas faixas de massa molar foi também

calculada usando-se a mesma planilha.

111.9.- Quantificação das capacidades de quelação das ligninas oxidadas

por Cromatografia de Permeação em Gel

A quantificação dos complexos solúveis foi efetuada em uma coluna de

vidro de 60 cm x 1, 1 cm preenchida com uma suspensão de Sephadex G-1 O

,(fase estacionária) em tampão Tris com Cu2+ (fase móvel) (DEACON e

SMYTH, 1993). A fase móvel foi composta de 0,58 g de NaCI, 1,21 g de Tris

(hidroximetilamino metano) e 0,128 g de CuCb x 2 H20 em 800 ml. A solução

foi titulada com HCI 0,05 mol L"1 até pH 8,0 e completada para 1 L com água

destilada. As amostras foram preparadas contendo 17 mg de lignina original ou

oxidada em 10 ml de uma solução 0,04 mol L"1 de NaOH. 500 µL dessa

solução foram injetadas no topo da coluna. Foram coletadas frações de 1 ml

durante a eluisão e um volume exato de 500 µL de cada fração foi adicionado

a 5 ml de dietilditiocarbamato de sódio (O, 1019 g para 100 ml) e avolumado a

25 ml com água destilada. A formação do complexo foi acompanhada pelo

desenvolvimento de cor, a que permitiu sua quantificação em um

22

Page 39: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

espectrofotômetro UV-Visível CINTRA 20 por medidas da absorbância em um

comprimento de onda de 440 nm.

Esse mesmo estudo da capacidade de quelação por CPG foi realizado

para agentes quelantes mais simpless: EDTA (ácido etilenodiaminotetracético),

hidroquinona (1,4-benzenodiol) e catecol (1,2-benzenodiol). As amostras foram

preparadas contendo 11,5 mg de agente quelante em 10 ml de uma solução

0,04 mol L-1 de NaOH. O poder quelante foi medido como foi descrito

anteriormente para as ligninas.

Previamente foi realizada uma curva de calibração usando-se 6

soluções padrões de Cu2+ de diferentes concentrações. 500 µL de cada

solução foram injetadas no topo da coluna. Foram coletadas frações de 1 ml

durante a eluição e um volume exato de 500 µL de cada fração foi adicionado

a 5 ml de dietilditiocarbamato de sódio (O, 1019 g para 100 ml) e avolumado a

25 ml com água destilada. A formação do complexo foi acompanhada pelo

desenvolvimento de cor, a que permitiu sua quantificação como descrito

anteriormente para as ligninas.

111.10.- Características Espectrais

,111.10.1.-Espectroscopia de UV-visível

Foram obtidos espectros na região do UV-visível das ligninas original e

oxidadas em um espectrofotômetro UV-Visível CINTRA 20.

111.10.2.- Espectroscopia no infravermelho

Foram preparadas pastilhas contendo 1,5 mg de lignina (original e

oxidada) e 300 mg de KBr, compactadas a 10 kgf/cm2 sob vácuo. A seguir foi

obtido o espectro de infravermelho na região de 4000 a 400 cm" em um

espectrofotômetro FTIR Nicolet 520. A linha base dos espectros foi corrigida

utilizando-se uma linha poligonal com zeros em 361 O, 2705, 703 e 401 cm'.

23

Page 40: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Os espectros foram normalizados em relação à absorbância a 1514 cm",

correspondente à absorção de anéis aromáticos, e analisados por

componentes principais (PCA).

111.10.2.1.- Método de Análise por Componentes Principais (PCA)

Os espectros de FTIR foram analisados como um conjunto de dados

formados por uma coluna correspondente aos números de onda e outra coluna

com os respectivos valores de absorbância. A matriz consistia de valores de

intensidade de absorção medidos a cada 4 cm", fornecidos pelo

espectrofotômetro FTIR. Os espectros normalizados foram digitalizados e

analisados pelos softwares de análise multivariada BIOTEC e FAEN

desenvolvidos por BRUNS (1994). De cada espectro foi utilizada a região de

702 a 1900 cm" (impressão digital), contendo 622 variáveis.

111.11. Caracterização Química das Ligninas

111.11.1.- Determinação de Grupos Hidroxilas Totais

A determinação de teor de hidroxilas totais foi realizada através de uma

modificação do método descrito por BARNET et ai. (1992), que baseia-se na

acetilação das ligninas pelo anidrido acético e posterior dosagem do ácido

acético residual.

Em um tubo com tampa foram adicionados 0,03 g de lignina seca e

0,24 ml de reagente piridina/anidrido acético 3: 1 O (v/v). O reagente foi

previamente tratado com um fluxo de nitrogênio durante 1 O min. A mistura foi

colocada em estufa a 65ºC por 12 h. Após este período, a mistura reacional foi

transferida para um erlenmeyer com adição de 15 ml de acetona e 15 ml de

água destilada. Esta mistura foi deixada à temperatura ambiente por 1 h para

total destruição do anidrido acético residual.

O ácido acético formado foi titulado com uma solução padrão de

hidróxido de sódio O, 1 mol L-1, usando-se fenolftaleína como indicador.

24

Page 41: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Este procedimento foi efetuado sem a presença de lignina para a

obtenção do branco.

O teor de hidroxilas totais foi determinado pela equação 13.

% OH total= [ (V1 - V2) X e X 1.7] I ma (eq. 13)

onde: - % OH tota1 = porcentagem de hidroxilas totais, - V1 = volume de NaOH consumido pelo branco (ml}, -V1 = volume de NaOH consumido pela amostra com lignina (ml), - C = concentração de NaOH (mol L-1), e - ma = massa da amostra de lignina (g).

111.11.2.- Determinação de Hidroxilas Fenólicas

Este método consiste da varredura de um espectro da solução de

lignina em meio básico contra a mesma solução em meio ácido em um

espectrofotômetro de duplo feixe. A determinação de OH fenólico é feita

baseando-se na absortividade média de compostos modelo de lignina

conforme decrito por WEXLER (1964).

Uma solução estoque foi preparada pesando-se aproximadamente 0,2 g

de lignina que foi dissolvido em 50 ml de dioxano 96%. A solução estoque foi

diluída 1 O vezes com dioxano/água 1: 1 (v/v) e ajustada a pH 13 com NaOH

1 mol L·1 . Um branco foi feito na mesma diluição, porém em pH 1, ajustado

pela adição de ácido clorídrico 1 mol L·1 . A varredura foi realizada utilizando-

se um espectrofotômetro FTIR Cintra 20. O teor de hidroxilas fenólicas foi

calculado pela equação 14:

% OH fenólico = ( ~ Abs 250 nm x O, 192 )/ Clignina (eq.14)

onde: - % OH fenólico = porcentagem de hidroxilas fenólicas, - ~ Abs 2sonm= Absorbância da solução em 250 nm, subtraída da

absorbância relativa à linha base do espectro, - O, 192 = relação de porcentagem de OH fenólico por absortividade

em 250 nm (L 9·1 cm"), determinada para vários compostos modelos (WEXLER, 1964), e

- Crignina = concentração da solução de lignina (g L-1).

25

Page 42: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

111.11.3.- Determinação de Hidroxilas Alifãticas

As hidroxilas alifáticas foram determinadas pela diferença entre as

hidroxilas totais e fenólicas.

111.11.4.- Determinação de Metoxilas

O teor de metoxilas foi determinado de acordo com a metodologia

descrita por FERRAZ et ai. (1997). Cerca de 8 mg de lignina foram pesados

diretamente em tubo de vidro de 3 ml com tampa de rosca de septo de

silicone. A essa amostra foram adicionados 0,25 ml de ácido iodídrico 47%

(m/m). A mistura foi aquecida a 125 ºC em banho de óleo de silicone por

30 min. Após o término da reação, os frascos foram resfriados em gelo por 1 O

min. Em seguida foram adicionados, através dos septos, 0,9 ml de CHC'3 e

1,0 ml de água, com o auxílio de uma seringa. Os frascos foram agitados e

abertos para a adição de O, 1 ml de 2-iodopropano [4% (v/v) em CHC'3],

utilizado como padrão interno. Os frascos foram rapidamente fechados e

agitados. A fase de clorofórmio foi analisada por cromatografia gasosa en um

cromatrógrafo CG mod. 3537 equipado com detector de ionização de chama e

integrador MINIGRATOR. Como fase estacionária foi usada uma coluna

CG 2193 (30% Carbowax 1500 em chromosorb W; 1,5 m x 3,18 mm). Como

fase móvel foi utilizado N2 a 27,9 ml rnin".

O fator de resposta para o CH31 foi obtido a partir da equação 15 com

padrões analíticos em concentrações entre 1 e 20 g L1 , mantendo-se

constante a concentração do padrão interno (CH3CHICH3) a 6,0 g L·1.

McH31 I MPrl = f x A CH31 I Aprl (eq.15)

onde: - McH31

- MPrl

-AcHEI

-Aprl

= massa de iodeto de metila (g), = massa de iodeto de propila (g), = área do pico do iodeto de metila, e = área do pico do iodeto de propila.

26

Page 43: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Através do gráfico da razão das massas em função da razão das áreas

foi possível obter o valor de f, utilizado para calcular a porcentagem de

metoxila através da equação 16.

% OCH3 = [ (0,22) x (AcH31 I Ap,) x f Mp,J / M lig (eq.16)

onde: - %ocH3 = porcentagem de metoxilas, - M ,;9 = massa de lignina (g), - M P1 = massa de iodeto de propila (g), - A cH31 = área do pico do iodeto de meti la (g), -Ap1 = área do pico do iodeto de propila (g), e - f = fator de resposta para CH3I

O método para a determinação das metoxilas foi aferido com 3-metoxi-

4-hidroxibenzaldeído (vanilina, usado como composto modelo para lignina), no

qual a porcentagem de metoxilas teórico é de 20%. Os resultados

experimentais revelaram um teor de 23,08%, com um desvio relativo de 15,4%.

Esse desvio foi considerado dentro de limites aceitáveis para a finalidade

desse trabalho.

111.11.5.- Determinação de Carbonilas

O teor de carbonilas foi determinado conforme descrito por GIERER e

LENZ (1965). A 200 mg de lignina foram adicionados 20 ml de etanol 95% e o

pH ajustado em 4,0 com HCI O, 1 mol L"1•

Uma solução de cloreto de hidroxilamônio (2,0 mmol diluídos em 40 ml

de etanol 80%) foi preparada separadamente e o pH ajustado em 4,0.

As duas soluções foram termostatizadas a 40 ± 1 ºC, misturadas e

mantidas a essa temperatura, com agitação constante, durante todo o tempo

de reação. O pH da reação foi mantido em 4,0 pela adição de uma solução

padrão de NaOH 0,02 mol L"1 , utilizando-se um controlador automático de pH,

New Brunswick Scientific Co. INC Model Nº PH 40.

A reação foi acompanhada por um período de 24 h e o volume de NaOH

consumido foi determinado, de acordo com a equação 17.

27

Page 44: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

%cARBONILA = [ CNaOH x VNaOH x 28 x 100 ]/ m LS (eq.17)

onde: - CNaOH

-VNaOH

-28

= concentração de NaOH (mal L-1 ),

= volume de NaOH consumido (L), = massa molar da carbonila, e = massa de lignina seca (g)

A metodologia empregada na determinação das carbonilas também foi

testada com 3-metoxi-4-hidroxibenzaldeído (vanilina), com porcentagem de

carbonilas igual a 19,8 %. Os resultados experimentais revelaram um teor de

20%, com um desvio relativo de O, 1 %. Esse desvio foi considerado dentro de

limites aceitáveis para a finalidade desse trabalho.

28

Page 45: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

IV.- RESULTADOS E DISCUSSÃO

A parte inicial do presente trabalho envolveu o estabelecimento do

método de quantificação de íons Cu2+ ligados à lignina por Cromatografia de

Permeação em Gel. Na segunda parte foram avaliadas as variáveis estudadas

no planejamento fatorial 24-1 para a reação de oxidação da lignina Acetosolv e

de explosão a vapor pela fenolase. Na seção seguinte centrou-se na

caracterização química das ligninas oxidadas que apresentaram um maior

poder de retenção de íons Cu+2.

IV.A.-Estudo do poder de retenção de Cu2+ pela lignina

IV.A.1.- Quantificação de íons Cu2+ ligados à lignina

Para quantificação por Cromatografia de Permeação em Gel de íons

Cu2+ ligados à lignina, primeiramente obteve-se uma curva de calibração que

relacionou a quantidade de íons Cu2+ de amostras padrão com as diferentes

áreas sob a curva apresentada no cromatograma. O segundo passo foi a

quantificação do poder de quelação de ligninas oxidadas mediante diferentes

condições obtidas em outro trabalho (GONÇALVES et. ai, 1997), a fim de se

observar a reprodutibilidade do método.

Na obtenção da curva de calibração foram usadas 6 soluções de Cu2+

de diferentes concentrações e a curva de calibração obtida é apresentada na

figura 9. O cromatograma apresenta apenas o pico positivo que corresponde

ao acréscimo de íons Cu2+ na coluna. A área do pico é proporcional à

concentração de Cu2+.

As amostras de ligninas de bagaço de cana obtidas através do processo

de polpação Acetosolv e oxidadas sob diferentes condições (GONÇALVES et.

ai, 1997) foram analisadas quanto ao seu poder de quelação de íons Cu2+ por

cromatografia de permeação em gel (GPC) e um exemplo do cromatograma

obtido para a lignina Acetosolv original é mostrado na figura 1 O. O

... -· -

29

Page 46: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

cromatograma mostra a variação da concentração de Cu2• em função do

volume de eluição. Pode-se constatar que a linha base até 20 ml permaneceu

constante e que posteriormente há um notável aumento da concentração de

Cu2·, com máximo em 26 ml, seguido de uma deficiência, com mímino em

34 ml, até voltar a ser constante após 42 ml. Essa alteração deve-se à ação

quelante da lignina, sendo o pico positivo correspondente ao cobre que é

quelado pela lignina oriundo da fase móvel e o pico negativo refere-se à

deficiência de Cu2• na fase móvel. Após a saída da fração eficiente de Cu2•, a

concentração de Cu2• na coluna permanece constante.

400 íii 350 l'CI 'i:

'"' 3X) .:: :s 250 .. l'CI CII 200 GI 't:I

150 l'CI 't:I 'E 100 a l'CI 50 GI .. < o

o

y = 1,2401x + 103,12 R2 = 0,9918

50 100 150 200

Concentração de Cu 2•(ppm) 250

Figura 9: Curva de calibração para a determinação dos íons Cu2• ligados à

lignina.

30

Page 47: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

225----~~~~~~~~~~~~~~~~ Ê 200 a. ,S: 175

., •••• • • - ~ o

CII ,, ,g 100

l!' 75 e 50 g o 25 o

150 ..... _ ........... .......... ·.--~. 125

...... . ..... •• • • • •• .....

Figura 10: Cromatograma da lignina Acetosolv original. Coluna Sephadex G-10

de 60 x 1, 1 cm, eluída com tampão Tris-NaCI pH 8 a 0,5 ml rnín".

10 50 60

Teoricamente as áreas das partes positiva e nagativa deveriam ser

iguais. Foi tomada como mais representativa a área sob a curva positiva, uma

vez que essa corresponde ao complexo formado. Também foi verificado que a

parte negativa sofre influência da curva anterior, correspondente ao produto da

quelação do Cu2+, como mostrado pelos maiores valores de desvio padrão

(tabela 4).

Com base na calibração da coluna de Sephadex G-10 com as diferentes

soluções padrão de Cu2+, foi estimada a concentração de íons Cu2+ que é

retida pelas ligninas oxidadas ( obtidas do trabalho de GONÇALVES et ai., 1997) e pela lignina Acetosolv original a partir da área do pico positivo do

cromatograma mostrado na tabela 5.

20 30 40 o Volume (ml)

31

Page 48: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 4: Áreas sob a curva do cromatograma obtido para a retenção de íons

Cu2+ para diferentes ligninas, obtidas a partir do trabalho de

GONÇALVES et ai., 1997.

Lignina

1

2

3

4

5

Area sob a curva Area sob a curva

do pico positivo do pico negativo (unidades arbitrárias) unidades arbitrárias)

396 ± 4 412 ± 13

407 366

300 ± 4 394 ± 96

103 ± 5 75 ± 17

534 519

Tabela 5: Concentrações de íons Cu2+ retido pelas diferentes ligninas

analisadas por GPC.

Lignina Parâmetros de oxidação Aumento dos Área sob a curva Retenção de Cu2+ (mg

Paraldeído Catalisador HBr grupos carbonilos (unidades de Cu2+ /g de lignina)

(mmol) (mmol) (mmol) (%) a arbitrárias)

1 Lignina Acetosolv original 392,95 132,2

2 o 7.5 37.5 7.5 406,83 138,5

3 75 7.5 37.5 21.6 303,17 287,0b

4 o 15.0 75.0 11.6 106,45 1,5

5 75 15.0 75.0 16.4 533,79 196,Sb

Catalisador= Co(OAc)2'Mn(OAc)2 (9:1) (a) = com respeito à lignina 1, determinado por FT-IR (GONÇALVES et ai., 1997) (b) = o valor para a retenção de Cu2+ foi calculado em relação à parte solúvel da lignina

oxidada obtida (sendo cerca de 50 o/o da lignina solúvel).

Os resultados são coerentes pois com um aumento no número de

grupos carbonil tem-se um incremento na retenção de íons Cu2+ (ligninas 1 e

3). Os grupos carbonil são um dos responsáveis pela quelação de íons

metálicos, como foi mostrado na figura 1. Cabe destacar que para a lignina 4 e

5 tem-se uma diminuição do poder de quelação devido, provavelmente, à

32

Page 49: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

incorporação do próprio catalisador utilizado na oxidação da lignina, uma vez

que a quantidade utilizada foi o dobro das demais. Ao realizar-se um estudo da

reprodutibilidade dos valores obtidos para o cálculo das áreas sob a curva

(pico positivo) apresentada pelas diferentes ligninas, obteve-se um desvio

padrão de 4 % para as análises em triplicata.

IV.A.2.- Estudo da oxidação de lignina pela fenolase

IV.A.2.1.- Estudo preliminar da oxidação da lignina pela fenolase em fase

homogênea

A água constitui, em muitos casos, um solvente pouco apropriado para a

indústria química, isso porque muitos compostos orgânicos de interesse

comercial são pouco solúveis e freqüentemente instáveis em solução aquosa,

devido a desfavoráveis equilíbrios de reação. Por isso, nos últimos anos houve

um crescente interesse para o desenvolvimento de processos catalíticos em

solventes orgânicos.

Os sistemas monofásicos estão formados pela enzima presente na água

e um solvente orgânico miscível. Em geral, os solventes miscíveis com água,

isto é, com alto grau de hidrofilicidade interagem com a enzima e provocam

uma diminuição da atividade enzimática. Isso é mais intenso à medida que a

concentração do solvente orgânico aumenta (KLIBANOV, 1986; LAANE et et.,

1987 e ZACK et ai., 1990).

Em vários trabalhos tem-se estudado a hidroxilação aromática de fenóis

usando-se uma polifenoloxidase (tirosinase) adsorvida sobre pérolas de vidro,

as quais foram suspensas em clorofórmio para oxidar os substratos às

quinonas correspondentes, que podem ser posteriormente reduzidas aos

compostos hidroxilados com ácido ascórbico. Desta forma, foram obtidas

quantidades consideráveis de 4-metilcatecol a partir de p-cresol. Esta reação é

impossível de realizar-se em solução aquosa, devido a polifenoloxidase ser

rapidamente inativada durante a reação de hidroxilação, provavelmente pela

inibição por parte de um polímero que as o-quinonas formam quando

·• -· -

33

Page 50: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

encontram-se em fase aquosa. Os solventes orgânicos anidros não permitem

que as quinonas polimerizem e inativem a enzima (KAZANDJAN et ai. , 1985 e

DORDICK, 1989).

Neste trabalho, para a oxidação enzimática da lignina de bagaço de

cana foi utilizada a fenolase, já que seus substratos potenciais são os

compostos aromáticos como os polifenóis, utilizando-se uma fase homogênea

composta de água/dioxano na razão 3: 1, fase na qual a lignina é completamente solúvel.

No estudo da atividade enzimática apresentada pela fenolase em meio

tampão fosfato pH 7,5 e tampão fosfato pH 7,0 os valores de atividade foram

235,8 U e de 425 U, respectivamente. As atividades apresentadas foram

menores que a reportada no produto comercial. Isto pode ser devido às

diferentes condições da reação, como exemplo a temperatura da reação e a

concentração de substrato, além de possíveis problemas na armazenagem.

Uma vez que a enzima apresentou maior atividade em tampão fosfato pH 7,0,

esse foi utilizado no estudo da oxidação da lignina. O valor da atividade da

fenolase apresentada em tampão fosfato pH 7,0 foi mantido como referência

para o estudo da atividade da enzima em meio orgânico.

A atividade enzimática da fenolase em tampão fosfato

(pH 7,0):1,4-dioxano (3:1) é de 20 U (oxidação de ácido clorogênico), que

corresponde a aproximadamente 5% do valor de referência. Essa queda na

atividade é devida à presença de solvente orgânico no meio da reação, o que

pode levar a uma diminuição da afinidade da enzima pelo substrato (ácido

clorogênico), por afetar as interações enzima-substrato. A conformação da

molécula da enzima em solução está determinada por complexas interações

que ocorrem tanto no interior da proteína como na superfície, principalmente

ligações hidrogênio, ligações de dissulfeto, interações eletrostáticas e

interações de Van der Waals. Essas complexas interações afetam a

conformação e a estabilidade da enzima no meio estudado. Quando as

proteínas encontram-se em um ambiente aquoso, a solvatação de seus

resíduos carregados tende a ser máxima, e em conseqüência, sua estabilidade

aumenta. Em um ambiente hidrofóbico, as pontes salinas são muito instáveis e

os pares iônicos deverão estabilizar-se com suas cargas eletrostáticas

34

Page 51: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

complementares, dentro do ambiente polar da proteína. Além disso, as

interações não covalentes, determinantes na estabilidade da estrutura terciária

da enzima, alcançarão um novo equilíbrio no solvente orgânico, o que resulta

na perda da atividade catalítica (ARNOLD, 1990 e ILLANES e BARBERIS,

1994).

Em um ensaio preliminar, a oxidação da lignina de bagaço de cana

( obtida do processo Acetosolv) foi realizada com fenolase em uma mistura

tampão fosfato (pH 7,0):dioxano 3:1. Para isso utilizou-se 0,0210 mg da

enzima (1 ml da solução A, parte Ili.A) para 30 mg de lignina em um volume

total de 3 ml.

Espectros de absorção na região UV das amostras foram obtidos a cada

30 min para um tempo total de 4 h. Observou-se que as absorbâncias a 215,

250, 300 e 350 nm aumentaram até 2 h com uma diminuição até 3 h, seguida

de um novo aumento até 4 h. Para um estudo da cinética da reação de

oxidação da lignina pela fenolase, realizou-se um ajuste dos dados de

absorbância obtida em função do tempo de reação. Entre O e 2 h e entre 3 e

4 h obtém-se uma relação logarítmica mostrando que a reação é de pseudo-

primeira ordem (figuras 11 e 12). Entre 2 e 3 h não há uma relação que possa

ser expressa por meio de uma equação simples (figura 13). Por UV não se

pode avaliar exatamente como é a cinética da oxidação enzimática e como ela

varia ao longo da reação.

35

Page 52: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

o 0,5 1,5

1 (1) y = 0,5205x - 0,5984

R2 =0,9973

2 (2) y = 0,4545x - 1,179 R2=0,9968

3 (3) y = 0,4716x - 1,6

4 R2=0,997

(4) y=0,4466x-1,5512 R2=0,9973

2 • 215 nm •250 nm

A 300 nm -350 nm

0,5

o -;;- ü Jã -0,5 .a ... o .! -1 ..!!!. .5 -1,5

Tempo (h)

Figura 11: ln(absorbância] em função do tempo de reação para os diferentes

comprimento de onda estudados, no intervalo de O a 2 h.

0,5 (1) y = 0,8333x - 3,0905 IIJ

~; R2 = 1 u o (2) y = 0,7304x - 3,4156 e

<IIJ .a -0,5 R2 = 0,9888 .. o (3) li) -1

~4 y = 0,7435x - 3,8503 .a

IIJ R2 = 0,9894 .5 -1,5 (4)

-2 y = 0,6942x - 3,6816

2 3 4 5 R2 = 0,9866

Tempo (h) • 215 nm • 250 nm

"300 nm -350nm

Figura 12: ln[absorbância] em função do tempo de reação para os diferentes

comprimento de onda estudados, no intervalo de 3 a 4 h.

36

Page 53: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

2

l .215nm •250nm I • 1

-350nm I 1,5 J ~300 nm 1

"' ·u • e: '"' .e ... 1 o .. .e • e(

• • 0,5 ... • • • o

o 2 3 4 Tempo (h)

Figura 13: Absorbância em função do tempo de reação para os diferentes

comprimento de onda estudados, no intervalo de 2 a 3 h.

IV.A.2.2.- Estudo preliminar da oxidação de lignina Acetosolv pela

fenolase em presença de glicerol e oxigênio

- -_.,,,

O aspecto das diferentes ligninas obtidas foi similar e, posteriormente à

precipitação em HCI, o sólido obtido é denominado lignina oxidada. O aumento

da quantidade de ligações a, ~-insaturadas e a-carbonilfenólicas na estrutura

da lignina foi medido pelas absorbâncias no UV a 280 nm e 310 nm (figura 14).

A oxidação da lignina Acetosolv com fenolase em presença de glicerol gerou

uma lignina com absorção maior nessas duas regiões, quando comparada com

a oxidação sem glicerol. O glicerol exerce um efeito estabilizante sobre a

enzima que permanece na forma ativa por um período de tempo maior.

37

Page 54: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

0.8

0.7

0.6

l'IS 0.5 ü e .c,s 0.4 .CI .... o

UI 0.3 .CI < 0.2

0.1

o 225

· - . - - - · Lig. oxid.( A)

--Lig. oxid. (8)

250 275 300 325 350 375

Comprimento de onda {nm)

Figura 14 : Espectro de UV para a lignina Acetosolv oxidada com fenolase e

oxigêno em ausência (A) e em presença de glicerol (8). Espectro

feito a partir de soluções de 0,2 g L-1 em ácido acético glacial.

IV.A.3.- Estudo da capacidade de quelação das ligninas Acetosolv

oxidadas

A capacidade quelante das ligninas Acetosolv, original e oxidadas

enzimaticamente nesta parte preliminar do trabalho, foi determinada pela

quantidade de íons Cu2+ unidos à lignina. A quantificação foi realizada por

cromatografia de permeação em gel. Os cromatogramas mostram um idêntico

comportamento entre si, diferenciando-se somente na área sob a curva

apresentada pelos picos. Na figura 15 mostra-se o cromatograma obtido para

uma dessas ligninas com o mesmo perfil discutido anteriormente.

Utilizando-se a curva de calibração obtida a partir de soluções padrão

de Cu2+ de diferentes concentrações (figura 9), foram obtidos os resultados

sobre a capacidade de quelação apresentada pelas ligninas estudadas

(tabela 6).

38

Page 55: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Ê 250 D. S: 200 - :r o 150 GI

"CI o 100 ,cu u, Ili ...

50 - e GI u e o o o o

..... • • • ......... . ······· • • • ...

Figura 15: Cromatograma de retenção do Cu2+ pela lignina Acetosolv oxidada

com fenolase em presença de oxigênio. Coluna de Sephadex

G-10, eluída com tampão Tris-NaCI pH 8,0 a 0,5 ml mín".

30 40 50

Tabela 6 : Parâmetros de oxidação e capacidade de retenção das ligninas

Acetosolv oxidadas.

Lignina Enzima Oxigênio Glicerol Rendimento Capacidade quelante

(mg) (mL mín") (% m v·1) (%) (mg de cu2• I g de lignina)

1 lignina Acetosolv original 95.0 132 6 0,0210 95.0 155 7 0,0210 30 96.0 229 8 0,0210 30 1,0 96.0 279

10 20 Tempo de eluição (min)

Todas as ligninas estudadas apresentam uma alta retenção dos íons

Cu2+, sendo que a utilização de oxigênio na oxidação levou a um incremento

no poder de quelação de 48% (ligninas 6 e 7). Isso foi devido à atividade

catecolase apresentada pela polifenoloxidase em presença de oxigêno que

leva à formação de o-quinonas nas estruturas fenólicas da lignina. Grupos

carbonilados apresentam uma alta densidade eletrônica, e portanto uma alta

capacidade de quelação dos íons Cu2+. Ao se comparar as capacidades de

quelação da lignina oxidada em presença de oxigênio e glicerol (lignina 8) com

39

Page 56: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

as demais, tem-se que seu poder de retenção dos íons Cu2+ foi o maior. Como

foi evidenciado pela absorção no UV a ação do glicerol presente no meio de

oxidação tem um efeito de proteção da estrutura ativa da enzima, isto porque a

enzima está em um meio com alta porcentagem de solvente orgânico, o qual

pode causar uma mudança da estrutura quaternária da enzima, perdendo seu

efeito catalítico. Por outro lado, a medida da atividade enzimática na presença

de glicerol apresentou um valor baixo (1 O U). Com esse valor, o glicerol não

deveria exercer o efeito desejado, o que não foi demonstrado, pois nessas

condições (lignina 8), o poder de retenção dos íons Cu2+ alcançou um valor

máximo de 279 mg de Cu2+/g de lignina. Acreditamos que, para ocorrer a

estabilidade da enzima, as interações são mais complexas, envolvendo o

glicerol e o próprio substrato.

O rendimento em lignina oxidada foi próximo a 100% para todos os

experimentos (tabela 6), mostrando que apenas uma pequena fração de

lignina é perdida como compostos solúveis de baixa massa molar.

IV.A.4.- Estudo da massa molar média das ligninas original e oxidadas

com fenolase

Para a determinação das massas molares das ligninas oxidadas, a

coluna cromatográfica utilizada foi calibrada com proteínas de massas molares

conhecidas. As proteínas foram escolhidas como uma alternativa para a

calibração, pois em solução aquosa elas são globulares, presumivelmente,

como a lignina. Em adição, elas são solúveis em soluções alcalinas, o que não

acontece com os poliestirenos (FORSS et ai. 1988). A curva de calibração

obtida é apresentada na equação 18:

log M = -2,99 Kd + 4,75

r2 = 0,998

(eq.18)

A distribuição da massa molar da lignina Acetosolv original é mostrada

na figura 16, na qual se observa uma pequena fração ( < O, 1 % ) que eluiu com

valores de Kd inferiores ao limite de exclusão do sistema de coluna (valores de

40

Page 57: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Kd «O). Entretanto, foi observado um nítido padrão bimodal para a eluição das

ligninas obtidas após a oxidação enzimática. Nas figura 17, 18 e 19 mostram-

se os cromatogramas da eluição por exclusão molar das ligninas Acetosolv

oxidadas com fenolase nas diferentes condições de reação.

0.35 ,-... 0.3 s e 0.25 o 00 N 0.2 "-"

c,:s ·g 0.15 <C,:S .e 0.1 ... o "' .e 0.05 <

o -0.5 o 0.5 1.5 2

Kd

Figura 16: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv

original (lignina 1 ). Coluna de Sephadex G-50, eluída com

NaOH 0,5 M a 0,5 ml rnin".

0.25 -- E 0.2 i: o 00 c-..:i 0.15 '-' ~ ·13

(tã 0.1 .e e <ll 0.05 .e -<

o -0.5 o 0.5 1.5

Kd

Figura 17: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv

oxidada com fenolase em presença de ar (lignina 6). Coluna de

Sephadex G-50, aluída com NaOH 0,5 M a 0,5 ml rnín".

41

Page 58: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

0.16 - 0.14 E e: 0.12 o

00 0.1 N '-' ~ 0.08 ºõ

<fã 0.06 ./:) ... o 0.04 Cll ./:)

< 0.02 o -0.5 o 0.5 1 1.5

Kd

Figura 18: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv

oxidada com fenolase em presença de oxigênio (lignina 7).

Coluna de Sephadex G-50, eluída com NaOH 0,5 M a

0,5 ml min",

0.16 ,-... 0.14 E e:: 0.12 o 00 0.1 N '-" ~ 0.08 ·5 e:: 0.06 (~ -e 0.04 o e,:,

..o 0.02 -< o -0.5 o 0.5 1 1.5

Kd

Figura 19: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv

oxidada com fenolase em presença de oxigênio e glicerol

(lignina 8). Coluna de Sephadex G-50, aluída com NaOH 0,5 M a

0,5 ml mín".

42

Page 59: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

A massa molar média em massa ( Mw ), massa molar média em número

( Mn) e dispersidade (D) das ligninas foram calculadas utilizando-se uma

curva de calibração obtida com padrões de proteínas e os resultados são

mostrados na tabela 7.

Tabela 7 : Valores de massa molar média em massa (Mw), massa molar

média em número ( Mn) e dispersidade (D) das ligninas.

Lignina Mw Mn D

(Da) (Da)

1 5175 3707 1,39

6 1122 211 5,32

7 1906 190 10,04

8 2419 314 7,70

Valores de Mw diferentes foram obtidos para as ligninas oxidadas

em diferentes condições. Todas as ligninas oxidadas apresentam valores de

Mw menores que a lignina original, indicando uma inibição de reações de

polimerização que aumentariam a massa molar. Outra explicação é a

, diminuição da agregação entre as moléculas de lignina após a ação

enzimática. A lignina que foi oxidada com fenolase em presença de ar (lignina

6) apresentou o menor valor de Mw . Essa lignina também apresentou um

baixo poder de retenção dos íons Cu2+, provavelmente devido ao baixo número

de grupos hidroxila e carbonila incorporados na macromolécula da lignina. A

lignina oxidada com fenolase em presença de oxigênio e glicerol (lignina 8)

apresenta o dobro do valor da Mw que a lignina 6, conduzindo a um aumento

na capacidade de retenção dos íons Cu2+ em mais de 100% (tabela 6),

comparando-se com a lignina original. Esse resultado mostra que a enzima

permaneceu ativa por mais tempo, o que pode ser atribuído à ação do

estabilizante adicionado ao meio de reação. Tal efeito levaria, à maior

incorporação de hidroxilas vicinais e também favoreceria a oxidação para

43

Page 60: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

quinonas. Por outro lado, haveria uma maior chance de polimerização das

quinonas, aumentando-se a massa molar.

Os resultados também mostram que as ligninas obtidas após a oxidação

enzimática apresentam uma dispersidade muito maior em comparação à

lignina original.

Através do estudo das frações de massa molar da lignina, pode-se

observar melhor as diferenças entre as ligninas oxidadas com fenolase e a

lignina original. Tem-se que as ligninas oxidadas apresentam uma fração

abundante de massa molar menor que 1000 Da, ausente na lignina Acetosolv

original (tabela 8) o que mostra que a lignina original estaria sofrendo

hidrólise. Isso poderia ser devido ao rompimento das ligações etér 13-0-4 entre

unidades p-propilfenólicas, uma das ligações mais comuns na lignina. Por

outro lado, a hidrólise da lignina é feita normalmente em condições mais

drásticas, em meio mais ácido. Aproximadamente 85% da lignina Acetosolv

original apresenta uma fração de Mw entre 2000 e 10000 Da, enquanto que as

ligninas oxidadas presentam de 8 a 26% dentro da mesma fração de Mw.

Tabela 8: Porcentagem de lignina que apresenta uma determinada faixa de

massa molar.

lignina (%)

Fração de Mw (Da) 1 6 7 8

< 1000 0,00 77,93 65,59 53,54

1000-2000 5,78 10,91 14,74 11,87

2000-4000 40,76 5,61 7,05 14,68

4000-10000 44,37 2,63 8,63 11,02

>10000 9,08 2,92 3,99 6,09

Ao aumentar a porcentagem de frações com Mw entre 2000 a 10000 Da

(ligninas 6, 7 e 8), tem-se um aumento da capacidade de retenção dos íon

Cu2+. A lignina possui uma estrutura globular em função das várias ligações

de hidrogênio dentro da molécula (JURASEK, 1997). Ao ser introduzidos

44

Page 61: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

grupos hidroxilas vicinais, diminui a interação entre as unidades devido à

ligação de hidrogênio entre esses grupos hidroxilas vicinais. Presumivelmente

há uma distorção da estrutura tridimensional da lignina, aumentando seu

volume hidrodinâmico, que é a grandeza efetivamente medida na

cromatografia por exclusão molar. Assim, os maiores valores de Mw

correspondem na verdade à distorção na macromolécula de lignina, em função

da incorporação de grupos polares. As possíveis reações de polimerização

anteriormente mencionadas são evitadas e, como conseqüência, há o aumento

do poder quelante.

IV.A.5.- Estudo dos efeitos de polióis na oxidação da lignina Acetosolv

pela fenolase

A aplicação de enzimas na análise e na produção de substâncias

químicas tem sido estimulada. Uma das limitações para uma aplicação ainda

mais extensa é que as enzimas podem ser desnaturadas por pequenas

mudanças do meio tais como temperatura, pressão, pH, força iônica e natureza

do solvente.

O desenvolvimento de técnicas para manter a estabilidade das enzimas

é um dos principais objetivos de estudo nessa área e foi abordado em nosso

trabalho através da adição de polióis. A seleção do aditivo depende da

natureza da enzima, mas o aumento na estabilidade da enzima é

freqüentemente observado pela adição de açúcares ou polióis (MATSUMOTO

et ai., 1997). Os polióis são os solventes aquosos menos desnaturantes e

contribuem significativamente para a manutenção da conformação nativa da

enzima.

A fim de aumentar a estabilidade da enzima nos solventes utilizados, foi

estudado o efeito da adição de glicerol ou de polietilenoglicol na reação de

oxidação da lignina pela fenolase. Uma forma de se observar o efeito ~o poliol

utilizado é quantificar o poder de quelação apresentado pela lignina oxidada.

Com uma maior estabilidade da enzima deverá ocorrer uma maior oxidação da

lignina e, portanto, um maior número de grupos carbonila serão introduzidos, o

45

Page 62: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

que deverá aumentar a capacidade de retenção de íons Cu2+. Outra forma

seria a medida da atividade enzimática na presença do poliol. Como discutido

no item IV.A.3 isso foi feito e a ação estabilizante do glicerol não pôde ser

confirmada. Além disso, o substrato utilizado (ácido clorogênico) é totalmente

diferente da lignina, impedindo um estudo real da atividade.

Os cromatogramas das ligninas oxidadas mostram muita semelhança,

diferenciando-se somente quanto às áreas dos picos. Nas figuras 20 e 21

mostram-se os cromatogramas obtidos para essas ligninas. Como já discutido,

o pico positivo corresponde à quelação dos íons Cu2+ pela lignina e o pico

· negativo é devido à ausência de íons Cu2+ na fase móvel, produto do

desbalanço na concentração do íon pela quelação.

240-.--~~~~~~~~~~~ Ê §: 200 .\ :::: .. - 160 • ::::, . ~ 120 ~·~., o ~ 80 jg 5l 40 u e o u

. ... .... • •• • • ••

0+-~~~+-~~~~~~~ o 20 40 60

Figura 20: Cromatograma de retenção do Cu2+ pela lignina oxidada em

presença de fenolase, oxigênio e gicerol. Coluna de Sephadex

G-10 (52 cm x 1,2 cm), eluída com tampão Tris-NaCI pH 8,0 a

0,5 mL mín".

Tempo de eluição (min)

46

Page 63: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

220

:i' 190 .-... o 160 QI • • ,, - ....... ,, • r·· o E 130 • 1(11 ~ e,. ~ f- 100 ., e QI ~ u 70 e o o 40

o 20 40 60 Tempo de eluição (min)

Figura 21: Cromatograma de retenção do Cu2+ pela lignina oxidada em

presença de fenolase, oxigênio e polietilenoglicol. Coluna de

Sephadex G-10, eluída com tampão Tris-NaCI pH 8,0 a

0,5 ml rnin".

A partir da curva de calibração obtida com soluções padrão de Cu2+ de

diferentes concentrações, foram obtidos os resultados de capacidade de

quelação das ligninas estudadas e os resulltados estão mostrados na tabela 9.

Tabela 9: Concentrações de íons Cu2+ retidos pelas diferentes ligninas

analisadas por GPC.

Lignina fenol ase 02 poliol Retenção de Cu2+

(mg) (mL min') (0,1% rnv') (mg de Cu2+ I g de lignina)

1 lignina Acetosolv original 132 9 0,0210 30 glicerol 279

10 0,0210 30 polietilenoglicol 154

A lignina Acetosolv original apresenta uma capacidade quelante de

132 mg de Cu2+/g de lignina. A oxidação da lignina usando-se fenolase, 02 e

um poliol melhorou a capacidade de quelação apresentada pela lignina,

mostrando que o poliol aumenta a estabilidade da fenolase na fase

homogênea de reação, composta por cerca de 25 % de solvente orgânico. As

ligninas oxidadas em presença de polietilenoglicol e glicerol apresentaram

47

Page 64: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

aumentos de 17% e de 111 % na capacidade de retenção de íons Cu2+, em

relação à lignina Acetosolv original, respectivamente. A diferença entre os

polióis usados deve-se ao número de carbonos na cadeia. Isso leva a uma

mudança na interação do poliol com a enzima. Uma vez que o glicerol é de

menor massa molar, existe uma maior interação com a enzima mantendo por

maior tempo sua estrutura quaternária (ver figura 22). Além disso, a alta

viscosidade do polietilenoglicol leva a sua incapacidade de dissolver

substratos de baixa polaridade e suas moléculas possuem altas propriedades

nucleofílicas (ILLANES e BARBERIS, 1994).

a b

- tampão fosfato

solvente orgânico

Figura 22: a) Desnaturação da enzima em meio orgânico

b) Efeito do poliol na estabilização da enzima

O rendimento em lignina oxidada foi maior que 90% para todos os

experimentos, mostrando-se que apenas uma pequena fração de lignina é

perdida como compostos de baixa massa molar.

As ligninas foram caracterizadas quanto à distribuição da massa molar.

Nas figuras 23 e 24 mostram-se os cromatogramas da eluição por exclusão

molar das ligninas oxidadas em presença de glicerol e polietilenoglicol,

respectivamente.

Nos cromatogramas pode-se observar que há uma fração que elui com

valores de Kd inferiores ao limite de exclusão do sistema de coluna (valores de

Kd <O). Entretanto, foi observado um padrão bimodal para a eluição das

ligninas obtidas após a oxidação enzimática

48

Page 65: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Os valores de massa molar média em massa (Mw ), massa molar média

em número ( Mn) e dispersidade (D) das ligninas entre Kd O e 1 são mostrados

na tabela 10.

Ê 0,16 e - o co N C'IS 'ü e CIS e o U) ..Q

~ ......... llt----+~~~--t-~~~-t------1 ... ~ -0,5 o 0,5

Kd

1,5

Figura 23: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv

oxidada em presença de glicerol (lignina 9). Coluna Sephadex G-50

(57 x 1 ,8 cm) eluída com NaOH 0,5 M a 0,4 ml min".

Ê .s o co N CV 'ü E

<CV .a ... o Ili .a <

-0,5 o 1 1,5 0,5

Kd

Figura 24: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv

oxidada em presença de polietilenoglicol (lignina 1 O). Coluna

Sephadex G-50 (57 x 1 ,8 cm) eluída com NaOH 0,5 M a 0,4 ml mín",

49

Page 66: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 1 O: Valores da massa molar média em massa ( Mw ), massa molar

média em número ( Mn) e dispersidade (D) das ligninas Acetosolv

oxidadas.

Amostra Mw (Da) Mn (Da) D

1 5175 3707 1,39 9 2419 314 7,70 10 3350 438 7,65

* 1 = lignina Acetosolv original 9= lignina Acetosolv oxidada com fenolase em presença de 02 e glicerol

1 O= lignina Acetosolv oxidada com fenol ase em presença de 02 e polietilenoglicol

Valores de Mw diferentes foram obtidos para as ligninas oxidadas, o

que depende das características da reação de oxidação. Ambas ligninas

apresentam valores de Mw menores que a lignina original, indicando uma

inibição das reações de polimerização que aumentariam a massa molar.

Ao relacionar as propriedades quelantes das ligninas com a massa

molar média em massa tem-se que a capacidade de retenção de Cu2+

aumentou com a diminuição da massa molar do poliol utilizado na

estabilização da enzima. Essa diminuição da massa molar das ligninas

Acetosolv oxidadas deve-se provavelmente à perda da agregação das

macromoléculas de lignina devido à diminuição da tensão superficial pela , presença do poliol.

IV.B.- Estudo da oxidação com base em um planejamento experimental

IV.B.1.-Estudo das reações de oxidação das ligninas Acetosolv e de

explosão a vapor conforme o planejamento fatorial fracionário 24-1

Para se determinar a influência das variáveis quantidade de enzima,

tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração de oxidante,

no rendimento da reação de oxidação, massa molar e poder quelante das

ligninas Acetosolv e de explosão a vapor, foram realizadas reações de

50

Page 67: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

oxidação de acordo com um planejamento fatorial experimental 24-1 com ponto

central em triplicada. Nas tabelas 11 e 12 são apresentadas as respostas

obtidas para as ligninas oxidadas Acetosolv e de explosão a vapor,

respectivamente.

Tabela 11: Matriz de planejamento fatorial fracionário e respostas obtidas

(rendimento, massa molar e poder quelante) das reações de

oxidação da lignina Acetosolv com fenolase.

ensaio X1 X2 X3 Xi Rend. Massa Molar Poder de retenção de cu2•

(%) (Da) (mg cu" / g lignina)

1 96 1800 274 2 + + 83 2440 275 3 + + 91 1860 234 4 + + 80 1270 206 5 + + 86 1510 285 6 + + 79 1190 209 7 + + 73 1500 143 8 + + + + 92 1450 105

Pto ctrl(a) o o o o 86 2810 312 Pto ctrl(b) o o o o 84 3150 306 Pto ctrl(c) o o o o 78 3100 262

onde: X1, X2, ~. e Xt representam os valores codificados das variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração de oxidante, respectivamente.

51

Page 68: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 12: Matriz de planejamento fatorial fracionário e respostas obtidas

(rendimento, massa molar e poder quelante) das reações de

oxidação da lignina de explosão a vapor com fenolase.

ensaio X1 X2 X3 Xi Rend. Massa Molar Poder de retenção de Cu2 ..

(%) (Da) (mg Cu2 .. / g lignina)

1 87 4180 385 2 + + 80 3090 222 3 + + 83 4280 259 4 + + 65 3710 207 5 + + 83 3730 361 6 + + 87 3730 304 7 + + 77 3700 209 8 + + + + 78 3950 283

Pto ctrl(a) o o o o 81 3330 199 Pto ctrl(b) o o o o 84 2830 206 Pto ctrl(c) o o o o 84 3100 207

onde: X1, X2, ~. e ~ representam os valores codificados das variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração de oxidante, respectivamente.

Os rendimentos obtidos nas reações de oxidação das ligninas foram

elevados, maiores que 65%, mostrando-se que uma fração de lignina é

perdida como compostos de baixa massa molar solúveis na fase homogênea.

Através da análise estatística é possível observar os efeitos principais e

as respectivas interações das variáveis estudadas no rendimento de oxidação

da lignina Acetosolv. Essas respostas são mostradas na tabela 13.

O desvio padrão (e) foi estimado através das replicatas autênticas para

o ponto central ( efeitos mostrados na tabela 11) sendo igual a 4, 16. Segundo

BARROS NETO et ai. (1995), para um nível de 95 % de confiança, somente

são considerados significativos os efeitos cujos valores forem maiores que (t, x

o), onde t, é o valor do teste t para v graus de liberdade. Portanto, uma vez

que o valor do teste t para 2 graus de liberdade (t2) ao nível de 95 % de

confiança é 4,30265 (BARROS NETO et ai., 1995), pode-se concluir que

somente os efeitos maiores que 17, 90 são significativos. Dessa forma,

52

Page 69: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

nenhuma das variáveis estudadas apresenta um efeito significativo no

rendimento das reações de oxidação, para um nível de 95 % de confiança.

Esse fato é devido aos altos rendimentos obtidos nas reações de oxidação.

Pelas respostas apresentadas anteriormente (tabela 11) não foi possível

obter um modelo linear para descrever o comportamento da região

experimental analisada.

Tabela 13: Efeitos das variáveis testadas no rendimento de oxidação da lignina

Acetosolv pela fenolase, calculados a partir dos dados mostrados

na tabela 11 .

variável efeito estimado

Média 84,36 ± 1,25

1 -3,0

2 -2,0

3 -5,0

4 6,0

12+34 7,0

13+24 9,0

14+23 2,0

(*) 1, 2, 3 e 4 correspondem respectivamente às variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração do oxidante.

Esse mesmo estudo foi realizado para a oxidação da lignina de

explosão a vapor. O cálculo dos efeitos principais e suas respectivas

interações foram estudadas. Essas respostas foram calculadas através dos

dados da tabela 12 e são mostrados na tabela 14.

53

Page 70: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 14: Efeitos das variáveis testadas no rendimento da oxidação da lignina

de explosão a vapor pela fenolase, calculados a partir dos dados

mostrados na tabela 12.

variável efeito estimado

Média 80,82 ± 0,52

1 -5,0

2 -8,5

3 2,5

4 2,0

12+34 -3,5

13+24 7,5

14+23 1,0

(*) 1, 2, 3 e 4 correspondem às variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração do oxidante, respectivamente.

O desvio padrão (o) foi estimado a partir das replicatas do ponto central

para os efeitos mostrados na tabela 12 e foi igual a 1, 73. O valor do teste t

para 2 graus de liberdade (t2) ao nível de 95% de confiança é 4,30265, pode-

se concluir que somente os efeitos, em módulo, maiores que 7,44 são

~ignificativos. Dessa forma, somente o efeito principal da variável de tempo de

reação é significativo ao nível de 95% de confiança. Além disso, a interação

entre as variáveis quantidade de enzima e concentração de estabilizante mais

a interação entre tempo de reação e concentração de oxidante, também é

importante. Essas duas últimas variáveis influem diretamente na quantidade de

enzima que encontra-se ativa, isso devido à manutenção de sua estrutura

quaternária.

Um modelo não linear utilizando-se um método de estimativa quasi-

Newton, foi ajustado aos dados da tabela 12, considerando-se as variáveis que

apresentaram efeitos no rendimento da reação de oxidação da lignina de

explosão a vapor. A equação 19 apresenta o modelo ajustado aos dados da

tabela 12.

54

Page 71: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

y = (83,0 ± 1,38) + (-2,5 ± 0,84) X1 + (-4,25 ± 0,84) X2 + (-1,75 ± 0,84) X1 X2 +

(3,75 ± 0,84) X1 X3 + (-3,0 ± 1,61) X/ (eq.19)

onde: y = é o rendimento da reação de oxidação da lignina estimado, X1 = variável quantidade de enzima, X2 = variável tempo de reação,e ~ = concentração de estabilizante.

A tabela 15 apresenta a análise de variância para o modelo não linear

proposto na equação 19. Um modelo matemático é satisfatório para descrever

a superfície estudada quando ele apresenta alta regressão ao mesmo tempo

que a falta de ajuste não seja significativa, ao nível de confiança estipulado

(BARROS NETO et ai. (1995). Uma maneira para testar a regressão e a falta

de ajuste é através da comparação entre a MOR/ MOr e a MO fai I MO ep com o

valor do teste de Fisher para os mesmos números de graus de liberdade.

Assim, quanto maior for a diferença entre o valor de MOR I MOr e o valor do

teste F, com 95% de confiança, mais significativa é a regressão. Do mesmo

modo quanto menor o valor de MO fai I MO ep em relação ao teste F menor será

a falta de ajuste para o modelo. Portanto, pode-se observar na tabela 15 que o

valor da relação entre a média quadrática devido a regressão (MOR) e a média

quadrática dos resíduos (MOr) deixados pelo modelo (12,32) é maior que o ' valor limite para o teste F ao nível de 95% de confiança para o mesmo número

de graus de liberdade (Fs;s = 5,05). O valor da relação entre a média

quadrática da falta de ajuste (MO raj) e a média quadrática devido ao erro puro

(MO ep) é 2,50 e é muito menor que o valor limite para o teste F no nível de

95% de confiança (F3;2 = 19, 16). Esses valores mostram que a regressão

apresentada pelo modelo foi significativa e que não existe uma falta de ajuste.

Esses resultados, somados à porcentagem de variância explicada (86,03%)

indicam que o modelo não-linear proposto na equação 19 é adequado para

descrever a região experimental analisada.

55

Page 72: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 15: Tabela de ANOVA para análise de regressão dos dados

experimentais mostrados na tabela 12.

fonte de soma graus de média Fcrítico com variação quadrática liberdade quadrática relação 95% de

(MQ) confiança

Regressão 351, 1364 5 70,23 12,32 5,05

resíduos 28,50 5 5,70

falta de ajuste 22,50 3 7,50 2,50 19,16

erro puro 6,0 2 3,00

total 408, 1364 10

% variação explicada 86,03%

% máx. variação explicável 98,53%

IV.8.2.- Influência das condições de reação na distribuição de massas

molares das ligninas Acetosolv e de explosão a vapor

Foram obtidos cromatogramas de permeação em gel para cada lignina

oxidada obtida nos diferentes níveis das variáveis quantidade de enzima,

tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração do oxidante. A

análise desses cromatogramas mostra que de maneira geral todas as ligninas

obtidas apresentaram um perfil bimodal de distribuição de massas molares e

também composta por uma fração eluída no volume de exclusão, e outra

eluída dentro do volume de permeação da coluna cromatográfica. O estudo

dos cromatogramas mostra que as áreas dessas duas frações variam em

função do nível das variáveis testadas.

Devido à impossibilidade de se calcular a massa molar média das

frações eluídas no volume de exclusão da coluna, os cromatogramas foram

divididos em fração de alta massa molar, composta pelos fragmentos excluídos

pela coluna (área próxima a Kd igual a O), e fração de massa molar

intermediária, composta pelas moléculas eluídas no volume de permeação

(área com Kd de O a 1 ). Como exemplo são mostrados cromatogramas para a

56

Page 73: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

lignina Acetosolv oxidada (ensaio 2 e tabela 11) e para lígnína de explosão a

vapor oxidada (ensaio 6 e tabela 12), figuras 25 e 26, respectivamente.

0,25

Ê s. e:, OQ N ftl 'ü e 2 .. o u, .e -e

1,5 -0,5 o 0,5

Kd

Figura 25: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina Acetosolv

ensaio 2 (+, - , - , +).

Ê .;. o ~ .. ü e ~ g !

-0,5 o 1,5

Figura 26: Cromatograma de eluição por exclusão molar da lignina de

explosão a vapor ensaio 6 ( + , - , + , -).

0,5 Kd

57

Page 74: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Um estudo estatístico foi realizado com respeito às massas molares

( Mw) obtidas em cada sistema, lignina Acetosolv e de explosão a vapor. Na

tabela 16 são mostrados os efeitos principais das variáveis estudadas e suas

interações para a lignina Acetosolv, calculadas a partir dos dados mostrados

na tabela 11 .

Tabela 16: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina Acetosolv

pela fenolase em relação às massas molares, calculados a partir

da tabela 11.

variável efeito estimado

média 2007 ± 55,35

1 -80

2 -215

3 -430

4 375

12+34 -240 •, _, -. ,....

13+24 -105

14+23 340

(*) 1, 2, 3 e 4 correspondem às variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração do oxidante, respectivamente.

O desvio padrão (o) foi estimado a partir das replicatas do ponto central

para os efeitos mostrados na tabela 15 e foi igual a 183,57. O valor do teste t

para 2 graus de liberdade (t2) ao nível de 95% de confiança é 4,30265 e pode-

sa concluir que somente os efeitos em módulo maiores a 789,84 são

significativos. Dessa forma, nenhuma das variáveis estudadas tem efeito de

forma significativa no valor de Mw das ligninas Acetosolv oxidadas, para um

nível de 95% de confiança, na região experimental analisada.

Para o estudo estatístico da Mw das ligninas de explosão a vapor

oxidadas, na tabela 17 são mostrados os efeitos principais das variáveis

analisadas e suas interações, calculadas a partir dos dados mostrados na

tabela 12.

58

Page 75: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 17: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina de explosão a

vapor oxidada pela fenolase em relação às massas molares,

calculados a partir dos dados mostrados na tabela 12.

variável efeito estimado

média 3062,72

1 -352,5

2 227,5

3 -37,5

4 -67,5

12+34 192,5

13+24 477,5

14+23 -132,5

(*) 1, 2, 3 e 4 correspondem as variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração de oxidante, respectivamente.

O desvio padrão (e) foi estimado a partir das replicatas do ponto central,

para os efeitos mostrados na tabela 17 e foi igual a 250,26. O valor do teste t

para 2 graus de liberdade (t2) ao nível de 95% de confiança é 4,30265 e pode-

se concluir que somente os efeitos em módulo maiores a 1076, 78 são

significativos. Dessa forma, nenhuma das variáveis estudadas tem efeito de

forma significativa no valor de Mw das ligninas de explosão a vapor oxidadas

para um nível de 95% de confiança, na região experimental analisada.

IV.8.3.-lnfluência das condições de reação de oxidação no poder de

retenção de Cu2+ pelas ligninas Acetosolv e de explosão a vapor

oxidadas

O poder de retenção de Cu2+ pelas ligninas Acetosolv e ligninas de

explosão a vapor oxidadas estão nas tabelas 11 e 12, respectivamente.

A capacidade quelante das ligninas oxidadas, tanto para as Acetosolv

como as de explosão a vapor, é dependente das condições da reação de

oxidação. Para as ligninas Acetosolv obtém-se um máximo de poder de

59

Page 76: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

retenção de Cu2+ para as ligninas do ensaio 5 e do ponto central. Ligninas de

explosão a vapor apresentam um máximo no poder quelante para as ligninas

do ensaio 1 e do ensaio 5. Essas ligninas apresentariam uma alta quantidade

de grupos quelantes como carbonilas e hidroxilas, formando complexos com o

íon metálico Cu2+. Os volumes hidrodinâmicas apresentados pelos complexos

[lignina-Cu2+] na fase móvel do sistema cromatográfico para ambos tipos de

ligninas são iguais, pois o volume de exclusão de ambos complexos é idêntico,

pois são totalmente excluídos na coluna G-10.

Com o objetivo de se comparar os poderes de retenção de Cu2+ das

ligninas estudadas com quelantes mais simples, realizou-se um estudo do

poder quelante de Cu2+ apresentado pela hidroquinona e EDTA

( etilenodiaminatetracetato de sódio). Para a hidroquinona obteve-se uma

capacidade quelante de 129 mg de Cu2+/g de hidroquinona e para o EDTA de

240 mg de Cu2+/g de EDTA. Esses resultados estão dentro da região de

respostas obtidas para ambos os tipos de ligninas estudadas. Destaca-se que

o poder de quelação das ligninas do ensaio 5 para ambos os sistemas é

comparável ao valor apresentado pelo EDTA, que é um dos melhores agentes

quelantes de íons metálicos utilizados industrialmente.

No estudo da relação da complexação molar (mol de Cu2+/ mol de

quelante) tem-se que o EDTA apresenta o maior valor, devido ao seu alto

poder de retenção de íons Cu2+ (tabela 18). Cabe destacar que o sistema não

' se encontra em equilíbrio, propiciando-se a formação de complexos com um

íon Cu2+ e mais de uma molécula de EDT A A hidroquinona por apresentar os

grupos hidroxilas em posição para possui uma relação mol de Cu2+/ mol de

quelante muito baixa. Isso é devido à alta ionização da hidroquinona em pH

elevado. Tem-se então que, por átomo de cobre, existem 4 moléculas de

hidroquinona formando um complexo provavelmente quadrado planar. O

catecol apresenta um valor intermediário entre os dois agentes quelantes

mencionados anteriormente, devido ao fato deste possuir os grupos hidroxilas

em posição orlo, permitindo a formação de pontes de hidrogênio

intramolecular. Esse tipo de ligação é provavelmente mais forte que a ligação

com o íon metálico. As ligninas oxidadas apresentam um valor maior para a

relação mol de Cu2+ / mol de quelante que a hidroquinona e menor que o

60

Page 77: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

EDTA, dependendo das condições de oxidação. Os valores apresentados são

estimados, pois para essa determinação utilizou-se a massa molar das

unidades Cs das ligninas originais determinadas em outros trabalhos. Cabe

destacar que pelos valores apresentados, as ligninas oxidadas podem ser

usadas como agentes quelantes de íons metálicos.

Tabela 18: Estudo da complexação molar (molde quelante/ molde Cu2+}.

Massa molar

Agente quelante mg de Cu2+ /g de quelante (g/mol) mol de quelante/ mol de Cu2+

Hidroquinona 129,10 110, 11 4,5

EDTA 239,92 372,24 0,7

Catecol 733,58 110, 11 0,8

Lig. Acetosolv

original 132,20 180 ª 2,7

Lig. Acetosolv

oxidada 104,85 - 311,57 180 b 1,1 - 3,3

Lig. de explosão

a vapor original 32,92 183 e 10

Lig. de explosão

a vapor oxidada 199,25 - 384,70 183 b 0,9-1,7

a) massa molar de uma unidade C9 da lignina Acetosolv (GONÇALVES, 1995) b) massa molar não determinada. Utilizou-se a massa molar de uma unidade Cg da lignina

original, só para efeito comparativo. e) massa molar de uma unidade Cg da lignina de explosão a vapor (SOUZA, 1994)

Para o estudo estatístico do planejamento experimental da lignina

Acetosolv, os cálculos dos efeitos principais das variáveis e suas respectivas

interações sobre o poder quelante foram realizados através dos dados

experimentais da tabela 11 e são mostrados na tabela 19.

61

Page 78: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 19: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina Acetosolv

pela fenolase em relação ao poder quelante, calculados a partir

dos dados mostrados na tabela 11 .

variável efeito estimado

média 237,36 ± 8,23

1 -35,25

2 -88,75

3 -61,75

4 16,75

12+34 2,25

13+24 -21,75

14+23 -34,25

(*) 1, 2, 3 e 4 correspondem às variáveis quantidade de enzima, tempo de reação, concentração de estabilizante e concentração do oxidante, respectivamente.

O desvio padrão (e) foi estimado a partir das replicatas do ponto central

e para os efeitos mostrados na tabela 18 foi igual a 27,30. O valor do teste t

para 2 graus de liberdade (t2) ao nível de 95% de confiança é 4,30265; pode-

se concluir que somente os efeitos em módulo maiores que 117,46 são

significativos. Dessa forma nenhuma das variáveis tem efeito significativo ao

nível de 95% de confiança, no poder de retenção de Cu2+ pelas ligninas

Acetosolv oxidadas, para um modelo linear.

Um modelo não linear utilizando-se um método de estimativa quasi-

Newton, foi ajustado aos dados da tabela 19, considerando algumas variáveis

que afetariam o poder de retenção de Cu2+ da lignina Acetosolv oxidada. A

equação 20 apresenta o modelo ajustado aos dados da tabela 18.

y = (293,33 ± 14, 16) + (-17,63 ± 8,67) X1 + (-44,38 ± 8,67) X2 + (-30,88 ± 8,67) N +(-17, 13 ± 8,67) X1 Xi+ (-76,96 ± 16,61) X/ (eq.20)

62

Page 79: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

= é o poder de retenção de Cu2+ da lignina Acetosolv estimado, = variável quantidade de enzima, = variável tempo de reação, = concentração de estabilizante.e = concentração de oxidante.

A tabela 20 apresenta a análise de variância para o modelo não linear

proposto na equação 20. Observa-se na tabela 20 que o valor da relação entre

a média quadrática devido a regressão (MQR) e a média quadrática dos

resíduos (MOr) deixados pelo modelo (13,67) é maior que o valor limite para o

teste F ao nível de 95% de confiança para o mesmo número de graus de

liberdade (Fe.s = 5,05 ). O valor da relação entre a média quadrática da falta de

ajuste (MQ raj) e a média quadrática devido ao erro puro (MQ ep) é 0,68 e menor

que o valor limite para o tete F ao nível de 95% de confinça (F3;2 = 19, 16).

Esses valores mostram que a regressão apresentada pelo modelo foi

significativa e que não existe uma falta de ajuste. Esses resultados, somados à

porcentagem de variância explicada (87,24%) indicam que o modelo não linear

proposto na equação 20 é adequado para descrever a região experimental

analisada. Dessa forma as variáveis quantidade de enzima, tempo de reação,

concentração de estabilizante e as interações entre tempo de reação e

concentração de oxidante têm efeito significativo ao nível de 87,24% de

variância explicada e 96,84% de variância explicável, no poder de retenção de

Cu2+ pelas ligninas Acetosolv oxidadas.

O poder de retenção de Cu2+ pelas ligninas de explosão a vapor

oxidadas, e as variáveis estudadas são mostrados na tabela 12. Para o estudo

estatístico o cálculo dos efeitos principais destas variáveis e suas respectivas

interações foram realizados através dos dados da tabela 12 e são mostrados

na tabela 21.

63

Page 80: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 20: Tabela de ANOVA para análise de regressão dos dados

experimentais mostrados na tabela 11 .

fonte de soma graus de média Fcrítico com

variação quadrática liberdade quadrática relação 95% de

(MQ) confiança

Regressão 41132,54 5 8226,51 13,67 5,05

resíduos 3008,04 5 601,60

falta de ajuste 1517,37 3 505,79 0,68 19, 16

erro puro 1490,67 2 745,33

total 47148,62 10

o/o variação explicada 87,24%

o/o máx. variação explicável 96,84%

Tabela 21: Efeitos das variáveis testadas na oxidação da lignina de explosão a

vapor pela fenolase em relação ao poder quelante, calculados a

partir dos dados mostrados na tabela 11.

variável efeito estimado

média 258,36 ± 1,31

1 -49,50

2 -78,50

3 21,00

4 5,00

12+34 60,30

13+24 58,00

14+23 -8,00

(*) 1, 2, 3 e 4 correspondem às variáveis quantidade de enzima, tempo de reação,

concentração de estabilizante e concentração do oxidante, respectivamente.

O desvio padrão (o) foi estimado a partir das replicatas do ponto central,

para os efeitos mostrados na tabela 21 e foi igual a 4,36. O valor do teste t

para 2 graus de liberdade (h) ao nível de 95% de confiança é 4,30265; pode-

64

Page 81: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

se concluir que somente os efeitos em módulo maiores a 18, 76 são

significativos. Dessa forma as variáveis quantidade de enzima, tempo de

reação, concentração de estabilizante e as interações entre elas têm efeito

significativo ao nível de 95% de confiança, no poder de retenção de Cu2+ pelas

ligninas de explosão a vapor oxidadas.

Um modelo não linear utilizando-se um método de estimação quasi-

Newton, a equação 21 apresenta o modelo ajustado aos dados da tabela 21.

y = (204,00± 8,56) + (-24,75 ± 5,24) X1 + (-39,25 ± 5,24) X2 + (30,25 ± 5,24) X1X2

+(29,00 ± 5,24) X1 ~ + (74,75 ± 10,03) X/ (eq.21)

onde: y = é o poder de retenção de Cu2+ da lignina de explosão a vapor

estimado, = variável quantidade de enzima, = variável tempo de reação,e = concentração de estabilizante.

A tabela 22 apresenta a análise de variância para o modelo não linear

proposto na equação 21. Observa-se na tabela 22 que o valor da relação entre

a média quadrática devido a regressão (MQR) e a média quadrática dos

resíduos (MOr) deixados pelo modelo (39,59) é muito maior que o valor limite

, para o teste F ao nível de 95% de confiança para o mesmo número de graus

de liberdade (Fs.s = 5,05 ). O valor da relação entre a média quadrática da falta

de ajuste (MQ raj) e a média quadrática devido ao erro puro (MQ ep) é 18,60 e

menor que o valor limite para o tete F ao nível de 95% de confiança (F3 ;2 = 19, 16). Esses valores mostram que a regressão apresentada pelo modelo é

significativa e que não existem evidências claras de uma falta de ajuste. Esses

resultados, somados à porcentagem de variância explicada (95, 19%) indicam

que o modelo não linear proposto na equação 21 é adequado para descrever a

região experimental analisada.

65

Page 82: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 22: Tabela de ANOVA para análise de regressão dos dados

experimentais mostrados na tabela 12.

fonte de soma graus de média Fcrítico com variação quadrática liberdade quadrática relação 95% de

(MQ) confiança

Regressão 43464,49 5 8692,90 39,59 5,05 resíduos 1098,00 5 219,60

falta de ajuste 1060,00 3 353,33. 18,60 19, 16 erro puro 38,00 2 19,00

total 45660,49 10

o/o varação explicada 95,19% o/o máx. Varação explicável 99,92%

IV.B.4.-Espectroscopia no infravermelho

Os espectros de infravermelho das lignina Acetosolv e de explosão a

vapor, originais e oxidadas, apresentam as absorções típicas de ligninas do

tipo HGS (guaiacil-siringil-p-hidroxicumaril). Esse tipo de lignina apresenta

uma banda próxima a 1170 cm", atribuída a vibrações de C-0 em ésteres, que

não é definida em ligninas tipo G (guaiacil) e GS (guaiacil-siringil). Além disso,

. apresenta uma banda bem definida a 834 cm" atribuída a vibrações de C-H de

anéis aromáticos fora do plano e duas bandas de aproximadamente igual

intensidade a 1500 e 1600 cm". Os espectros somente apresentam diferenças

quanto à intensidade da absorbância. A atribuição das bandas é mostrada na

tabela 23 e foi feita de acordo com FAIX (1991 ).

66

Page 83: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 23: Atribuição das bandas apresentadas no infravermelho pelas

ligninas originais e oxidadas.

Número de onda Origem da banda

3429 a 3040 estiramento de OH

1703

deformação axial de C-H

deformação axial de C=O não conjugado

3030 a 2960

1690 e 1679

1599 e 1513

deformação axial de C=O conjugado

1463

1424

1381

1328

vibrações de C-C de anel aromático

deformação assimétrica de C-H

vibração de aromáticos

vibração de C-H alifático

vibração de anel siringil e anéis guaiacil condensados

1266 estiramento C-0 em anel do tipo guaiacil

1172 estiramento C-0 em éster conjugado

1032

947

deformação de C-H aromático

deformação de C=C fora do plano

Como exemplo mostram-se os espectros obtidos para as ligninas

Acetosolv original, Acetosolv ensaio 4, de explosão a vapor original e de

explosão a vapor ensaio 4 (figuras 27, 28, 29 e 30, respectivamente).

67

Page 84: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

1,50 1,30 1, 10 0,90 0,70 0,50 0,30 0,10

-0,10 -030 1--~r--~-r--~-,-~-r-~~~~~----r-~--,

' 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1 000 500 o número de onda (crrr')

Figura 27: Espectro de infravermelho da lignina Acetosolv original. Espectro

obtido a partir de pastilhas de KBr.

(U 'õ e ~ o 1/l .e (U

1,40

1,20

1,00

0,80

0,60

0,40

0,20

0,00

-0,20 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 O

Figura 28: Espectro de infravermelho da lignina Acetosolv oxidada ( ensaio 4:

+;+;-;-). Espectro obtido a partir de pastilhas de KBr.

número de onda (crrr')

68

Page 85: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

0,00

-0,20 r--.----.---,----,----,,-----,------,-----,

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 O

·~ 0,80 e ~ 0,60 o ~ 0.40 m

1,20

1,00

0,20

número de onda (crrr")

Figura 29: Espectro de infravermelho da lignina de explosão a vapor original.

Espectro obtido a partir de pastilhas de KBr.

1,50 1,30 1,10 0,90 0,70 0,50 0,30 0,10

-0,10 -0,30

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 O

número de onda (cm ')

Figura 30: Espectro de infravermelho da lignina de explosão a vapor oxidada

(ensaio 4: +;+;-;-). Espectro obtido a partir de pastilhas de KBr.

Inicialmente foi feito o estudo da variação da absorbância em 1653 cm"

e 1716 crn', correspondentes à absorção de ligações C=O conjugadas e não

conjugadas, respectivamente. Os valores apresentados são relacionados à

absorbância em 1514 cm". Para a lignina Acetosolv (tabela 24) observa-se

69

Page 86: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

que os valores obtidos com a triplicata da amostra original apresentam um

desvio padrão de 4,3 % e, portanto, não é possível uma comparação absoluta

com as ligninas oxidadas. Ao se realizar esse estudo para a lignina de

'explosão a vapor, observa-se que não houve tendência de aumento ou

diminuição das absorções das ligações C=O conjugadas ou não conjugadas,

região de 1680 a 1691 cm" (ver tabela 25).

Tabela 24: Absorbâncias relativas das bandas em 1653 e 1716 cm" para as

ligninas Acetosolv.

Amostra A1ss3 I A1s14 A111s/A1s14

fig. original (1) 0,4798 0,7791

lig. original (2) 0,4862 0,7689

lig. original (3) 0,4511 0,7662

lig. oxidada 1 (-; - ; - ; -) 0,3916 0,7414

lig. oxidada 2 (+ ; - ; - ; +) 0,4358 0,7502

lig. oxidada 3 (-; +; - ; +) 0,4264 0,7543

lig. oxidada 4 (+; +; - ; -) 0,4210 0,7444

lig. oxidada 5 (-; - ; +; +) 0,4465 0,7609

lig. oxidada 6 (+ ; - ; + ; -) 0,4554 0,7562

lig. oxidada 7 (-; + ; + ; -) 0,4519 0,7443

lig. oxidada 8 (+; +; +; +) 0,4678 0,7503

70

Page 87: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 25: Absorbâncias relativas das bandas em 1680 e 1691 cm" para as

ligninas de explosão a vapor.

Amostra A16ao I A1s14 A1591 I A1s14

lig. original (1) 0,5133 0,5594

lig. original (2) 0,5049 0,5238

lig. original (3) 0,4691 0,4947

lig. oxidada 1 (-; -; -; -) 0,5142 0,5578

lig. oxidada 2 (+ ; - ; - ; +) 0,4910 0,5352

lig. oxidada 3 (-; +; - ; +) 0,5082 0,5509

lig. oxidada 4 (+ ; + ; - ; -) 0,5019 0,5474

lig. oxidada 5 (-; - ; +; +) 0,5052 0,5387

lig. oxidada 6 (+ ; - ; + ; -) 0,4987 0,5368

lig. oxidada 7 (-; +; +; -) 0,4643 0,5131

lig. oxidada 8 (+ ; +; + ; +) 0,4811 0,5283

O tratamento de dados espectrais por análise de componentes

· principais é uma necessidade básica em espectros FTIR de ligninas, pois as

diferenças espectrais observadas são basicamente pequenas mudanças nas

intensidades de absorção de algumas bandas. Essas mudanças de

intensidade não podem ser analisadas de forma qualitativa e, através de

técnicas estatísticas de análise multivariada, pode-se obter equações

empíricas que relacionem dados de espectroscopia de FTIR com a quantidade

de grupos funcionais que mais variam nas ligninas oxidadas sob diferentes

condições.

A modelagem utilizando-se a técnica de PCA mostrou que apenas os

dois primeiros componentes principais explicam mais de 90 % da variância

total dos espectros para os dois conjuntos de ligninas estudados (lignina

71

Page 88: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Acetosolv e lignina de explosão a vapor), como é mostrado nas tabelas 26 e

27, respectivamente.

Tabela 26: Porcentagem da variância explicada por PCA nos espectros de

FTIR das ligninas Acetosolv.

Componente principal Variância(%)

1

2

3

4

5

71,0

20,0

3,9

2,5

0,2

Tabela 27: Porcentagem da variância explicada por PCA nos espectros de

FTIR das ligninas de explosão a vapor.

Componente principal Variância (%) - - 1 78,9

2 15,4

3 2,8

4 1,3

5 0,7

6 0,4

Após a redução no número de variáveis consideradas por PCA, os

valores de "score" calculados para cada componente principal foram

graficados. Através desses gráficos é possível agrupar as ligninas.

Para as ligninas Acetosolv pode-se observar na figura 31 que ao

graficar CP1 em função de CP2, a lignina Acetosolv original, grupo A

(amostras a, b e e), apresenta características espectroscópicas diferentes de

todas as ligninas Acetosolv oxidadas. As ligninas Acetosolv oxidadas podem

ser separadas em dois grupos (8 e C) que se diferenciam pela concentração

de estabilizante (tabela 11) utilizado na oxidação. O grupo B é formado pelas

72

Page 89: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

ligninas oxidadas com uma variável 3 (concentração de estabilizante) no nível

(-) e as do grupo C pelas ligninas oxidadas com uma variável 3 no nível(+).

Na figura 32 apresenta-se o gráfico de CP 1 em função de CP3, e pode-

se observar também a possibilidade de se agrupar as amostras. O grupo A

(lignina Acetosolv original) apresenta características espectrais diferentes de

todas as ligninas oxidadas, e as ligninas oxidadas obtidas também apresentam

características diferentes entre si, separando-se em dois grupos B e C, agora

devido à variável 2 (tempo de reação). O grupo B é formado pelas ligninas

oxidadas com uma variável 2 nível(+) e o grupo C pelas ligninas oxidadas com

uma variável 2 nível (-). Esses resultados mostram que a concentração do

estabilizante e o tempo de reação são importantes na oxidação da lignina

Acetosolv e corroboram os resultados preliminares obtidos na análise de

variação de Mw . A quantidade de estabilizante determina a quantidade de

enzima ativa durante a reação de oxidação, e o tempo de oxidação determina

a extensão das reações de oxidação que ocorrem na lignina.

Na figura 33 (gráfico de CP1 e CP2 em função de CP3), observa-se a

separação conjunta das ligninas originais (a, b e e) das ligninas oxidadas, e a

separação entre as ligninas oxidadas devido à variável 3 utilizada na oxidação.

A variável 3 ( concentração de estabilizante) proporciona uma separação maior

que a variável 2 (tempo de reação). Isso é visto pela escala de CP2 o CP3 nas

. figuras 31 e 32, e de forma mais evidente na figura 33.

73

Page 90: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

A

Figura 31: Gráfico de CP2 em função de CP1 para as ligninas Acetosolv

original (a, b e e) e oxidadas (ensaios 1 a 8).

-0,2

Figura 32: Gráfico de CP3 em função de CP1 para as ligninas Acetosolv

original (a, b e e) e oxidadas ( ensaios 1 a 8).

-0,6

CP3

A

-0,6 • b

-0,4

•e -0,2

74

Page 91: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Figura 33: Gráfico dos CP3 e CP2 em função de CP1 para as ligninas

Acetosolv original (a, b e c) e oxidadas ( ensaios 1 a 8).

A técnica de PCA também fornece como resposta os "loadings" (pesos)

dos componentes principais como uma função do comprimento de onda dos

espectros. Na figura 34 mostra-se o gráfico dos loadings de CP1 e CP2 em

função do comprimento de onda para as ligninas Acetosolv. Pode-se observar

que as maiores diferenças nos valores dos scores vem da região entre 1600 a

1700 cm", tanto para CP1 como para CP2. Essa região correspondente à

, absorbância das ligações C=O, corroborando a tendência observada no

estudo das absorções das bandas individuais (tabela 24 ).

75

Page 92: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

0,20 CP2

0,15

0,10 e, .5 "C 0,05 a:s o ..J

0,00

-0,05

-0,10

número de onda (em")

Figura 34: Loadings de CP1 e CP2 dos espectros de FTIR em função do

comprimento de onda para as ligninas Acetosolv.

Para as ligninas de explosão a vapor pode-se observar na figura 35 que

ao se graficar CP3 em função de CP1 a lignina original, grupo A (amostras a, b

e e), apresenta características diferentes das ligninas oxidadas, e que essas

últimas são diferentes entre si, dependendo das condições de oxidação, mas

não podem ser agrupadas de forma definida. Na figura 36 (gráfico de PC 1 e

PC2 em função de PC3) é possível observar um resultado semelhante para

essas ligninas de explosão a vapor oxidadas.

76

Page 93: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

CP3

0,15 1 A

6 •• 0,1 4 • 2

0,05 • CP1

-1,5 -0,5 -0,05 0,5

-0,1 • 7 -0,15 • 5

-0,2

-0,25 ·ª

Figura 35: Gráfico de CP3 em função de CP1 para as ligninas de explosão a

vapor original (a, b e c) e oxidadas ( ensaios 1 a 8).

o.t o

Figura 36: Gráfico de CP3 e CP2 em função de CP1 para as ligninas de

explosão a vapor original {a, b e c) e oxidadas (ensaios 1 a 8).

77

Page 94: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Para as ligninas de explosão a vapor, ao se graficar os loadings de CP1

e CP2 em função do comprimento de onda (figura 37), observa-se que o CP2

na região entre 1600 e 1700 cm" (C=O) apresenta maior contribuição na

diferenciação das ligninas. Observa-se também que o CP1 apresenta uma

maior contribuição na diferenciação das ligninas na região entre 1000 e 1200

cm", correspondente a ligações C-0.

0,20

0,15

Ili cn 0,10 .5 ,:, 1'11

.S? 0,05

-0,05

-0,10

número de onda (cm")

Figura 37: Loadings de CP1 e CP2 dos espectros de FTIR em função de

comprimento de onda para as ligninas de explosão a vapor.

IV.C.- Estudo das características químicas das ligninas Acetosolv e de

explosão a vapor

Realizou-se a caracterização química das ligninas Acetosolv e de

explosão a vapor originais e das ligninas do ensaio 5 do planejamento fatorial,

que apresentaram um maior poder de retenção de Cu2+. Os resultados obtidos

são mostrados na tabela 28.

78

Page 95: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Tabela 28: Análise dos grupos funcionais presentes na lignina Acetosolv

( ensaio 5) e lignina de explosão a vapor ( ensaio 5).

Grupos funcionais

Amostra % OHTatais % OHtenólicos % OHa1ifáticos % C=O % OCH3

Lig. Acetosolv 8,8 ± 0,2 1,75 ± 0,07 7,0 ± 0,3 4,3 ± 0,3 10,5 ± 0,6

original

Lig. Acetosolv 8,9 ± 0,8 1,53 ± 0,07 7,4 ± 0,8 5,7 ± 0,5 12,5 ± 0,2

ensaio 5

Lig. Expl. 12,2 ± 0,9

vapor original

Lig. Expl. 8, 1 ± 0,5

vapor ensaio 5

1,27 ± 0,04 10,9± 0,9 2,5 ± 0,7 12,8 ± 0,6

0,9 ± O, 1 7,2± 0,6 4,3 ± 0,5 9,26 ± 0,09

O conteúdo de hidroxilas fenólicas e hidroxilas totais encontrados em

lignina de gramíneas é de 1,7-1,9% e 11,9-12,8%, respectivamente (FAIX,

1992). A lignina de bagaço de cana pré-tratado por explosão a vapor

apresenta para hidroxilas totais um valor igual a 12,2%, mas valores pouco

mais altos que a média foram obtidos para hidroxilas fenólicas (2,0%). O alto

teor de hidroxilas fenólicas encontrado na lignina de explosão a vapor foi

explicado pela clivagem das ligações éter ~-0-aril após o tratamento de

, explosão a vapor (SILVA, 1995). A lignina Acetosolv possui teores mais baixos

de OH em função, provavelmente, do método de obtenção (catálise com HCI)

que leva à condensação e formação de ligações etér entre as unidades

p-propilfenólicas. O valor de hidroxilas totais obtido para a lignina de explosão

a vapor do ensaio 5 foi de 8, 1 % e o valor de hidroxilas fenólicas foi de 0,9%,

sendo menor que o apresentado pela lignina original (1,27%). A diminuição

das hidroxilas totais e fenólicas nas ligninas oxidadas é devido à oxidação

enzimática da lignina no meio homogêneo composto de água:dioxano (3: 1 ).

Neste meio a enzima utilizada (fenolase) apresenta uma atividade cresolase e

catecolase levando à formação das respectivas quinonas, diminuindo o teor de

OH com aumento de carbonilas. Entretanto, é importante considerar que o teor

de hidroxilas fenólicas para compostos aromáticos, determinado pelo método

79

Page 96: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

UV diferencial fornece valores inferiores àqueles obtidos por métodos

titulométricos. A título de exemplo, na figura 38 mostra-se o espectro de UV

diferencial para a lignina Acetosolv ensaio 5. Isso tem sido atribuído à

presença de hidroxilas fenólicas não ionizáveis em pH 13, as quais não são

detectadas pelo método UV diferencial (GOLDSCHIMID, 1977). Não foi

utilizado o método titulométrico pois há facilmente a formação de colóides da

lignina que se depositam na membrana do eletrodo. Cabe destacar-se que

esse erro torna-se pequeno à medida que passa o tempo, devido à

solubilização total dos colóides de lignina por aumento do pH. Mesmo assim,

esse erro é maior em comparação com o método UV diferencial. O método

titulométrico ainda é utilizado no laboratório a fim de se comparar os

resultados obtidos na determinação das hidroxilas aromáticas. Não foi possível

a determinação em função da quantidade insuficiente de amostras das ligninas

oxidadas, já que esse método consiste na titulação condutométrica da lignina

com hidróxido de lítio, sendo necessária uma quantidade total de lignina entre

200 e 300 mg.

1

0.8 (ti 0.6 ·c:s e: 0.4 <(ti .o ..... 0.2 o (/) .o <( o

-0.2 -0.4

225 275 325 375 Comprimento de onda (nm)

Figura 38: Espectro UV diferencial da lignina Acetosolv ensaio 5. Espectro

feito a partir de uma solução com 0,056 g L-1 em dioxano/água

50%.

80

Page 97: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

Na análise dos grupos carbonilas das ligninas estudadas, observou-se

que para ambas ligninas oxidadas, lignina Acetosolv ensaio 5 e lignina de

explosão a vapor ensaio 5, tem-se um teor de carbonilas maior que as ligninas

originais. Para a lignina Acetosolv oxidada, o aumento foi de 36% em

comparação à original, e para a lignina oxidada de explosão a vapor foi de

72%, em comparação à original.

O aumento dos grupos carbonilas deve-se à ação de oxidação pela

fenolase sobre as ligninas, devido à atividade catalítica da enzima, cresolase e

catecolase, discutida anteriormente. O alto valor de grupos carbonilas é

refletido também no alto poder de retenção de íons Cu2+ apresentado por

essas ligninas oxidadas, confirmando os resultados obtidos. Como exemplo,

na figura 39 mostra-se a curva titulométrica da determinação do teor de

carbonila da lignina de explosão a vapor ensaio 5.

14 :-

::J' 12 E ~ 10 / N o ci , I 8 o <O 6

, z Q) -o Q) 4 E ::::, o 2 >

o o 5 10 15

Tempo (hrs)

Figura 39: Curva titulométrica da determinação do teor de carbonila da lignina

de explosão a vapor ensaio 5.

No estudo da porcentagem de grupos metoxilas nas ligninas Acetosolv,

obteve-se que a lignina oxidada do ensaio 5 apresenta 12,5% de metoxilas,

valor maior que o da lignina original (10,5%). Não há uma explicação clara

81

Page 98: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

para esse fato, mas algumas hipóteses podem sem traçadas. Podem ocorrer

reações de hidrólise no momento de realizar-se a precipitação da lignina

Acetosolv em HCI O, 1 mol Lº1, após a reação de oxidação enzimática. Essas

reações de hidrólise aconteceriam nas unidades ésteres do ácido p-cumárico

das ligninas, formando-se macromoléculas de lignina de menor massa molar.

Desta forma, não existiria um aumento dos grupos metoxilas após a oxidação

enzimática, e sim que a lignina possui uma menor massa molar que leva a um

aumento da porcentagem desses grupos. Realmente, o valor de Mw para a

lignina do experimento 5 é menos de 30% do valor da lignina Acetosolv

original ( comparar tabelas 7 e 11 ). Outra evidência pode ser observada no

espectro de UV das ligninas Acetosolv e de explosão a vapor original, onde

sob as mesmas concentrações tem-se uma absorbância a 310 nm de 0,748

para a lignina Acetosolv original, maior que a apresentada pela lignina de

explosão a vapor, que é de 0,572 para o mesmo comprimento de onda (Figura

40). Essa absorbância a 31 O nm deve-se à presença de a-carbonilas ou a-13

insaturações na estrutura dessas ligninas (FERNANDEZ et a/., 1990). Isso

indica que a lignina Acetosolv apresenta uma maior quantidade de unidades

ésteres do ácido p-cumárico que podem ser hidrolisados em comparação à

lignina de explosão a vapor.

82

Page 99: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

--- Lig.Acet.orig. ---Lig.Stm.expl. orig. 0.8

Cll ·c3 0.6 e: <Cll .e .... o (/) 0.4 .e e:,::

0.2

o 250 275 300 325 375 350 400

Comprimento de onda (nm)

Figura 40: Espectro de UV da lignina Acetosolv e de explosão a vapor original.

Espectros feitos a partir de uma solução de 0,03 g L"1 em

dioxano/água 50%.

Para a lignina de explosão a vapor oxidada (ensaio 5) obteve-se uma

porcentagem de metoxilas de 9,26%. Esse valor é inferior ao valor obtido para

a lignina de explosão a vapor original (12,8%).

Dentre as enzimas oxidativas, além da fenolase, há outros tipos de

enzima que mostram a capacidade de catalisar a oxidação de compostos

fenólicos. Uma dessas é uma oxidorredutase denominada lacase que

necessita de oxigênio bimolecular para sua ativação (KARAM e NICELL,

1997). Essa enzima cria um radical na hidroxila fenólica, que é estabilizado por

deslocalização no anel aromático (ROY-ARCANO e ARCHIBALD, 1991). Essa

espécie, na presença de 02 ou H20, leva à formação de CH30H e da

correspondente quinona, o que pode levar a uma diminuição da quantidade de

metoxilas na lignina de explosão a vapor, após a oxidação enzimática. Esse

tipo de ação catalítica não tem sido relatado para a fenolase, não havendo

uma explicação plausível para a diminuição do porcentagem de metoxilas na

lignina de explosão a vapor ( ensaio 5). Pode-se postular que essa diminuição

83

Page 100: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

poderia ser possível pela precipitação seletiva de macromoléculas de lignina

que contêm uma alta porcentagem de unidades guaiacil e p-hidroxicumaril,

após a oxidação enzimática.

84

Page 101: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

V.- CONCLUSÕES

O desenvolvimento desse trabalho permitiu avaliar o poder de retenção

de íons Cu+2 apresentado por ligninas Acetosolv e de explosão a vapor

oxidadas pela fenolase. A oxidação com fenolase foi possível pela presença de

estruturas fenólicas na lignina, permitindo a ação da fenolase. Nas ligninas

oxidadas foram constatados aumentos na quantidade de grupos carbonilas e

hidroxilas, e estes produtos apresentaram uma alta interação com íons

metálicos Cu+2, formando complexos estáveis. Esse é um fato inovador, pois

tanto oxidantes inorgânicos como outras enzimas oxidativas não possuem

esse tipo de ação.

As conclusões pontuais geradas no trabalho são apresentadas a seguir:

- O método de cromatografia de permeação em gel, utilizado para a

quantificação de Cu+2 complexado à lignina, é adequado para os fins

propostos. Os resultados obtidos apresentam alta reprodutibilidade com desvio

padrão de 4%.

- A presença de poliol (glicerol ou polietilenoglicol) é fundamental para a

oxidação da lignina pela fenolase, nas condições experimentais estudadas. O

poliol tem um efeito estabilizante sobre a enzima, que permanece na forma

ativa por um período de tempo maior na presença da lignina. Em relação à

lignina Acetosolv original, as ligninas oxidadas em presença de

polietilenoglicol e glicerol apresentaram aumentos de 17% e 111 % na

capacidade de retenção de íons Cu2\ respectivamente.

- Os rendimentos obtidos nas reações de oxidação das ligninas Acetosolv e de

explosão a vapor foram altos, maiores que 65%, mostrando que uma fração

pequena de lignina é perdida como compostos de baixa massa molar, solúveis

na fase homogênea. No estudo estatístico do planejamento fatorial dos

experimentos de oxidação da lignina Acetosolv, observou-se que nenhuma das

85

Page 102: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

variáveis estudadas apresentam um efeito significativo no rendimento das

reações de oxidação. Para a oxidação da lignina de explosão a vapor

observou-se que os efeitos da variável tempo de reação, além das interações

quantidade de enzima-tempo de reação e concentração de estabilizante -

concentração de oxidante, foram significativos ao nível de confiança de 95%

na região experimental estudada.

- No estudo da massa molar média das ligninas obtidas, mostra-se que, de

maneira geral, todas as ligninas obtidas apresentam um perfil bimodal de

distribuição de massas molares. O estudo estatístico do planejamento mostrou

que nenhuma das variáveis estudadas tem efeito significativo no valor da

massa molar média em massa, para ambas as ligninas, dentro da região

experimental analisada.

- No estudo do poder de retenção de íons Cu+2 apresentado por ligninas

Acetosolv e de explosão a vapor, tem-se que a capacidade quelante das

ligninas é dependente das condições de reação de oxidação. Para ambos os

sistemas obteve-se pelo menos uma das ligninas oxidadas com um poder de

retenção de íons Cu+2 comparável ao EDTA, um dos melhores agentes

quelantes utlizados industrialmente. Um modelo não linear foi proposto para

ambos sistemas a partir dos resultados do planejamento fatorial fracionário.

- O estudo dos espectros de infravermelho por análise dos componentes

principais, das ligninas Acetosolv e de explosão a vapor, permite classificar as

ligninas em diferentes grupos, de acordo com suas características

espectroscópicas.

- O teor de grupos hidroxilas totais e fenólicas, para as ligninas oxidadas

Acetosolv e de explosão a vapor, foi menor que o apresentado pelas ligninas

originais. O teor de carbonilas apresentado nas ligninas oxidadas foi maior em

ambos os sistemas comparados com as ligninas originais, devido à reação de

oxidação pela fenolase. O aumento das carbonilas nas ligninas leva a um

incremento do poder de retenção de íons Cu+2.

86

Page 103: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

VI.- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADLER, E. Wood Science and Technology, v. 11, p. 169-218, 1977.

ARMAS, C. M., BIANCHI, E. Aporte energético da indústria em usina Sucro-

Alcooleira- Viabilidade Econômica. STAB, Açúcar, Álcool e Subprodutos,

Piracicaba, v. 8, n. 5/6, p. 41- 45, 1990.

ARNOLD, F. H. Engineering Enzymes for Non-Aqueous Solvents, Tibtech, v. 8,

p.244-249, 1990.

BARNEIT, C., LOFERSKI, K., WARTMAN, C. Experimental procedures

routinely applied in the wood chemistry laboratory. Madison: Department of

Forest Products, 1982.

BARROS NETO, B.; SCARMINIO, 1. S.; BRUNS, R. E. Planejamento e

otimização de experimentos. Campinas: Editora da UNICAMP, 1995.

BENAR, P. Polpação acetosolv de bagaço de cana e madeira de Eucalipto,

Campinas, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Química,

1992.(Dissertação de Mestrado).

BENAR, P.; MANDELLI, D.; FERREIRA, M.; SCHUCHARDT, U. ;GONÇALVES,

A.R. Hidroxymethylation of Lígnins a Kinetic Study. Journal Wood

Chemistry Technology , 1998, no prelo.

BRUNS, R.E. Implantação e Aplicações de Metodologia Quimiométrica no

CEBIQ/FAENQUIL. Projeto FAPESP (1994). Processo 94/2280-8.

SURGI, R. Este Bagaço não é de Jogar fora. A Granja, v. 44, n. 484, p. 16-26,

1988.

BURTON, S. G. Biocatalysis with polyphenol oxidase. Catalysis Today, v. 22,

p. 459-487, 1994.

87

Page 104: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

BURTON, S. G., DUNCAN, J. R. Activation of mushroom polyphenol oxidase in

medium organic by the detergent SOS. Biotechnology Letters, v. 17, n. 6, p.

627-630, 1995.

BURTON, S. G., DUNCAN, J. R., KAYE, P. T., ROSE P. O. Activity of

mushroom polyphenol oxidase in organic medium. Biotechnology and

Bioengineering, v. 42, p. 938-944, 1993.

CAPEK-MÉNARD, E., JOLLIEZ, P., CHONET, E., WAYMAN, M., DOAN, K.

Pretreatment of waste paper for increased ethanol yields. Biotechnology

Letters, v. 14, p. 985-988, 1992.

CHANG, K. M., ALLAN, G. G. Oxidation. ln: SARKANEN, K. V., LUDWIG,

C.H.(Eds.). Lignins-ocurrence, formation, structure and reactions, New

York: Wiley lnterscience, 1971, p. 433- 485.

CLARK, T. A., MACKIE, K. L., DARE, P. H., McDONAL, A. G. Steam explosion

of the softwood Pinus radiata with sulphur dioxide addition, li. Process

characterisation. Journal of Wood Chemistry and Technology, v. 9, n. 2, p.

135-166, 1989.

COTRIM, A. R., FERRAZ, A., SILVA, T. F. Chelating agents through oxidation

of sugar cane bagasse lignin, ln: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON

WOOD ANO PULPING CHEMISTRY 8, Helsinky, Finlândia, 06-09

jul..Anais. p. 313-319, 1995.

COTRIM, A.; FERRAZ, A.L.; GONÇALVES, AR e BRUNS, R.E. ldentifying the

Origin of Lignins and Monitoring their Structural Change by Means of FTIR-

PCA and SINCA, Bioresource Technology , 1998, no prelo.

DEACON, M., SMYTH, M. R. Chromatographic separations of metal chelates

present in commercial fertilizer, 1. Development of a Gel Permeation

Chromatographic Separation Method for the identification of metal chelates

in commercial fertilizers. Journal of Chromatography A, v. 657, p. 69-76,

1993.

88

Page 105: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

DODDEMA, H. J. Site-specific hidroxylation of aromtic compounds by

polyphenol oxidase in organic solvents and in water. Biotechnology and

Bioengineering, v. 32, p. 716-718, 1988.

DORDICK, J. S., MARLETIA, M. A, KLIBANOV, A M. Polymerization of

phenol catalyzed by peroxidase in nonaqueous medium. Biotechnology

and Bioengineering, v. 30, p, 31-36, 1987.

DORDICK, J. S. Enymatic catalysis in monophasic organic solvents, Enzyme

Microbiology Technololy, v. 11, p. 194-211, 1989.

DORDICK, J. S. Designing enzymes for use in organic solvents, Biotechnology

Progress, v. 8, p. 259-267, 1992.

ESTRADA, P.; SANCHEZ-MUNIZ, R.; ACEBAL, C.; ARCHE, R.; CASTILLÓN,

M. P. Characterization and optimization of immobilized polyphenol oxidase

in low-water organic solvents. Biotechnology and Applied Biochemistry, v.

14, p, 12-20, 1991.

ESTRADA, P.; BAROTO, W.; CASTILLON, M. P.; ACEBAL, C.; ARCHE, R.

T emperature effects on polyphenol oxidase activity in organic solvents with

low water content. Journal of Chemical Technology and Biotechnology, v.

56, p. 59-65, 1993.

FAIX, O. Classification of Lignins from Different Botanical Origins by FT-IR

Spectroscopy. Holzforschung, 45, 21-27, 1991.

FAIX, O., GRUNWALD, C.; BEINHOFF, O. Determination of phenolic hydroxyl

group content of milled wood lignin (MWLs) from different botanical origins

using selective aminolysis, FTIR, 1 H-NMR and UV spectroscopy.

Holzforschung, v. 46, p. 425-432, 1992.

FENGEL, D., WEGENER, G. Wood chemistry, ultrastruture, reactions Berlin:

Walter de Gruyter, 1989.

FERNANDEZ, N., MORCK, R., JOHNSRUD, S., KRINGSTAD,K. Carbon-13

NMR study on lignin from bagasse. Holzforschung, v. 44, p.35-38, 1990.

89

Page 106: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

FERRAZ, A., SOUZA, J. A., SILVA, F. T.Characterization of lignins used as

matrix in controlled-release formulations: stem explosion sugar cane

bagase and Kraft Eucalyptus lignins. ln: BRAZILIAN SYMPOSIUM ON

THE CHEMISTRY AS LIGNINS ANO OTHER WOOD COMPONENTS,

2.,Campinas, 02-04 set., proceedings v. 3, p. 173-177, 1992.

FERRAZ, A; CHRISTOV, L. e AKHTAR, M. Fungai Pretreatment for

Organolsolv Pulping and Dissolving Pulp Production. ln: Environmentally

Friendly Technologies for the Pulp an Paper lndustry. Edited by Raymond

A. Young and Masood Akhtar, Jonh Wiley & Sons, lnc, pp. 421-433, 1998.

FERRAZ, A.,SOUZA, A., SILVA, F. T., GONÇALVES, A., BRUNS, R., COTRIM,

A. Controlled of 2,4-D from granule matrix formulations based on six

lignins. Jounal of Agricultura! and Food Chemistry, v. 45, p. 1001-1005,

1997.

FORSS, K., KOKKONNEN, R., SAGFORS, P. Determination of the molar mass

distribution of lignins by gel permeation chromatography. ACS Sympsium

SER., V. 397, p. 124-133, 1988.

GECKELER, K., LANGE, G., EBERHARDT, H., BAYER, E. Preparation and

application of water-soluble polymer-metal complexes. Pure and Applied

Chemistry, v. 52, p. 1883-1905, 1980.

GECKELER, K., BAYER, E., SHKINEV, V. M., SPIVAKOV, B. Y. New method

for anion exchange using soluble polymers. Naturwissenschaften, v. 75, n.

4, p. 198-199, 1988.

GECKELER, K. E.,VOLCHEK, K. Remova! of hazardous substances from water

using ultrafiltration in conjunction with soluble polymers. Environment

Science and Technology, v. 30, p. 725-734, 1996.

GIERER, J., LENZ, B. Reaction of lignin during sulphate cooking: Part 6:

Formation of 1,2-glicol groups in milled wood lignin treatment with 2 N

sodium hydroxide at 170ºC. Svensk Papperstid, v. 68, p. 334-338, 1965.

90

Page 107: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

GOLDSHIMD, O. Ultraviolet spectra in: Lignin-occurrence, formation, structure

and reaction. K. V. Sarkanen e L. H. Ludwind. (ed), New York, Wiley/

lnterscience, 1977.

GOLDSTEIN, 1. S. "Organic Chemical from Biomass", CRC Press, Boca Raton

(ed.), 1981.

GOMEZ, P. E., HECHENLEITNER, W., PETERNELE, W. S. Adsorption of

Cd(II) and Pb(II) onto Functionalized Formic Lignin from Sugar Cane

Bagasse. FIFTH BRAZILIAN SYMPOSIUM ON THE CHEMISTRY AS

LIGNINS ANO OTHER WOOD COMPONENTS, Curitiba, 31 de agost. a 05

setp., Proceedings, p. 108, 1997.

GONÇALVES, A R., Oxidação de lignina e modelos de lignina com oxigênio

molecular em meio ácido. Campinas, Universidade Estadual de Campinas,

Instituto de Química, 1995.(Tese de Doutorado).

GONÇALVES, A R., NASCIMENTO, L. R. P., COTRIM, A R., SILVA, F. T.,

Oxidação do licor polpação acetosolv utilizando polifenoloxidase de extrato

de batatas. ln: SEMINÁRIO DE HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE

BIOMASSAS, 5., Maringá PR. 9-13 dez. 1996.

GONÇALVES, A R.; URBANO, M. P.; COTRIM, A R.; SILVA, F. T. Oxidation

of lignin-containing liquor From acetosolv pulping of sugar-cane bagasse.

ln: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON WOOD ANO PULPING

CHEMISTRY 9, Montréal. 09-12 jun., p. 14-1/14-3, 1997.

GORMAN, L. A S., DORDICK, J. S. Organic solvents strip water off enzimas.

Biotechnology and Bioengineering, v. 39, p. 392-397, 1992.

HEITNER, C., ARGYROPOULOS, D. S., MILES, K. 8., KARNIS, A; KERR, R.

B. Alkaline sulfite ultra-high-yield pulping of Aspen chips, a comparison of

Steam explosion and conventional chemimechamical pulping. Journal of

Pulp and Paper Science, v. 19, p. 158-170, 1993.

91

Page 108: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

HUBBER, M., HINTERMANN, G, LERCH, K. Biochemistry, v. 24, p. 6038,

1985.

ILLANES, A e BARBERIS, S. Catálisis Enzimática en Fase Orgánica. En:

Serie de Biología Biotecnologia de Enzimas. Ed. Universitarias de

Valparaiso de la Universidad Católica de Valparaiso, Valparaiso-Chile,

1994.

JURASEK, L. Molecular modelling of fibre walls. ln: INTERNATIONAL

SYMPOSIUM ON WOOD ANO PULPING CHEMISTRY, 9, Montréal,

Québec, 9 -12 de junho. Procceding. p. E5-1 - E5-4, 1997.

KAZANDJIAN, R. Z., KLIBANOV, A M. Regioselective oxidation of phenol

catalized by polyphenol oxidase in chloroform. Journal of the American

Chemical Society, v. 107, p. 5448-5450, 1985.

KARAM, J. e NICELL, A Potential applications of enzyme in waste treatment.

Journal of Technology and Biotechnology, v. 69, p. 141-153, 1997.

KE, T., KLIBANOV, A M. On Enzymatic in Organic Solvents as a Function of

Enzyme History. Biotechnology and Bioengineering, v 57, n 6, p.746-750,

1998ª.

, KE, T., TIDOR, B., KLIBANOV, A M. Molecular-Modeling Calculations of

Enzymatic Enantioselectivity Taking Hydratation into Account.

Biotechnology and Bioengineering, v 57, n 6, p.741-745, 1998b.

KERTESZ, D. and ZITO, R. Biochemica et Biophysica Acta, v. 96, p. 447,

1965.

KIRSH, Y. E., KOVNER, Y., KOKORIN, K. 1., ZAMARAEV, V.; CHERNYAR, Y.;

KABANOV, V. Physico-chemical properties of the copper (ll)-poly-4-

vinilpyridine complexas. European Polymer Journal, v.1 O, p. 671-678,

1974.

KLIBANOV, A M. Enzyme that work in organic solvents, Chemtech, june, p.

354-359, 1986.

92

Page 109: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

KOKTA, B. V, AHMED, A. Feasibility of explosion pulping of bagasse. Cellulose

Chemistry and Technology, v. 26, p. 107-123, 1992.

LAANE, C., BOEREN, S., VOS, K., VEEGER, C. Rules for optimization of

biocatalysís in organic solvents. Biotechnology and Bioengineering, v. 30,

p. 81-87, 1987.

LACORTE, M. C. G., SURGI, R., LACORTE, A. J. F. Bagaço de cana

hdrolizado já utilizado em larga escala em confinamento. STAB- Açúcar,

Álcool e Subprodutos, v. 5, n. 2, p. 43- 52, 1986.

LEE, C., Ru, M. T., HAAKE, M., DORDICK, J. S., REIMER, J., CLARK, D. S.

Multinuclear NMR Study of Enzyme Hydration in an Organic Solvent.

Biotechnology and Bioengineeríng, v 57, n 6, p.686-693, 1998.

LEÃO, A. L; CARVALHO, F. X e FROLLINI, E. Lígnocellulosic-Plastics

Composites, São Paulo: UNESP/USP, 1997.

LERCH, K. Joumal of Biological Chemistry, v. 257, n. 11, p. 6414, 1982. ..: -. -

LERCH, K., HUBER, M., SCHNEIDER, H., DREXEL, R., LINZEN, 8. lnorganíc

Biochemístry, v. 26, p. 213, 1986.

LEVINE, N. M. Remova! of heavy metais from water. (Ed) ln: Schwoyer, W. L.

K, Polyelectrolytes for water and wastewater treatment. 2. ed. New York:

CRC Press, 1986. p. 47-59.

LO, K. S. L., CHEN, Y. H. Extracting heavy metais from municipal and industrial

sludges. Science of the Total Envíronment, v. 90, p. 99-116, 1990.

MATSUMOTO, M.; Kída K. e Kondo K. Effects of Polyols and Organic Solvents

on Thermostabílity of Lípase. Journal Chemistry Technology and

Biotechnology, 70, 188-192, 1997.

MAYER, A. M. e HAREL, E. Polyphenol oxídases in plants. Phytochemistry, v.

18, p. 193-215, 1979.

93

Page 110: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

McDOUGALL, G. L., MORRISON, 1. M., STEWART, D., WEYERS, J.D.B.,

HILLMAN, J. R. Plant fibres: botany, chemistry and processing for industrial

use. Journal Science and Food Agriculture, v. 62. p. 1-20, 1993.

MOLINA, J.W. F, RIPOU, T. C., GERALDI, R. N., AMARAL, J.R. Aspectos

econômicos e operacionais do enfardamento de resíduo de colheita de

cana-de-açúcar para aproveitamento energético. STAB-Açúcar, Álcool e

Subprodutos, v. 13, n. 5, p. 28-31, 1995.

NARAYAN, V. S., KLIBANOV, A. M. Are wate-immiscibility and apolarity of the

solvent relevant to enzyme efficiency?. Biotechnology and Bioengineering,

v.41, p. 390-393, 1993.

POPP, J. L., KIRK, T. K., DORDICK, J. S. lncorporation of p-Cresol into lignins

via copolymerization in nonaqueous media. Enzyme and Microbial

Technology, v. 30, n. 12, p. 964-968, 1991.

ROBB, D. A., LONTIE, R. Copper proteins and copper enzymes. Boca Raton:

CRC Press, v. 2, 1984.

ROY-ARCANO, L. e ARCHIBALD, S. Direct dechlorination of chlorophenolic

compounds by laccase from Trametes (Coriolus) versicolor. Enzyme and

Microbial Technology, v. 13, p. 194-197, 1991.

SENE, L. Adaptação e Reciclagem da Levadura Candida guilliermondi FTI

20037 no Hidrolisado Hemicelulósico de Bagaço de Cana de Açúcar para

a Obtenção de Xilitol. Lorena: Faculdade de Engenharia Química de

Lorena, Departamento de Biotecnologia Industrial, 1996 (Dissertação de

Mestrado).

SIGMA CHEMICAL COMPANY, BioChemical organic compounds for research

and diagnostic reagents, T 7755, 1996.

SILVA, F. T., FERRAZ, A., COTRIM, A. R. The use agricultura! waste products

in tropical crop production and protection in light soils. Lorena:FAENQUIL,

1992. Third Periodic Progress Report, Appendix Part 3.

94

Page 111: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

SILVA, F. T.Obtenção de insumos químicos a partir do aproveitamento integral

do bagaço de cana. Campinas: Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Química, 1995 (Tese de Doutorado).

SOLOMON, E. 1., BALDWIN M. J., LOWERY M. D. Chemistry Reviews, v. 92,

p. 521, 1992.

SOLOMON, E. 1., LOWERY, M. D. Science, v. 259, p. 1575, 1993.

SOUZA, J. A Utilização de lignina para obtenção de formulações de liberação

controlada de 2,4-D, Campinas, Universidade Estadual de Campinas,

Instituto de Engenharia Química, 1994 (Dissertação de Mestrado).

TOMASEC, M., KOKTA, B. V. Steam explosion pulping: effects of temperature

and pressure on paper properties at constant pulp yield and ionic content.

Tappi Journal, p. 119-125, 1991.

URBANO, M. P., GONÇALVES, A R., SILVA, F. T., FERRAZ, A L., COTRIM,

A R. Oxidação do licor de pulpação acetosolv de bagaço de cana,

Resumos do Ili Simpósio de iniciação científica de São Paulo, USP, v. 2, p.

438, 1995.

URBANO, M. P., GONÇALVES, A R., COTRIM, A R., SILVA, F. T. Controle

de qualidade na obtenção em batelada de licores de polpação Acetosolv

de bagaço de cana. ln: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 36.,

São Paulo-SP, 01 a 05 set. 1996ª.Resumos São Paulo, Associação

Brasil ira de Química, 1996 ª.

URBANO, M. P., GONÇALVES, A R., SILVA, F. T., FERRAZ, A L, COTRIM,

A R. Oxidação do licor de polpação acetosolv de bagaço de cana. ln:

SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 3., São Paulo-SP, USP, v. 2, p

438, 1996b.

VOLKIN, D. B., STANBLI, A, LANGER, R., KLIBANOV, A M. Enzyme

thermoinactivation in anhydrous organic solvents. Biotechnology and

Bioengeneering, v. 37, p. 843-853, 1991.

95

Page 112: 1--H- rv - =1 '1J:Y - Sistema de Autenticaçãosistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/1998/BID98005OCR.pdf · Tabela 1: Solubilidade da lignina de bagaço de cana obtida por explosão

VULFSON, E. N., AHMED, G., GILL, 1., KOZLOV, 1. A, GOODENOUGH, P. W.;

LAW, B. A Alterations to the catalytic properties of polyphenol oxidase in

detergentless microemulsions and water-organic solvent mixtures.

Biotechnology Letters, v. 13, n. 2, p. 91-96, 19f31.

WALSH, D. J., CROSBY, P., DALTON, R. F. Metal specific hidroxyoxine ion-

exchange resins. Polymer, v. 24, p. 423-427, 1983.

WEXLER, A S.Characterization of lignosulfonates by ultraviolet spectrometry:

direct and different spectrograms. Analytical Chemistry., v. 36. p 213-221,

1964.

WOOD, T. M., SADDLER. J. N. lncreasing the availability of cellulase in

biomass materiais. Methods in Enzymology, v. 160, p. 3-11, 1988.

ZACK, A.; KLIBANOV, A. M. The effect of water on enzyme action in organic

media. Journal Biology Chemistry, v. 263, p. 8017-8021, 1990.

I n11n11111111111 00 lOOOOTl 50

96