1 - estru elet - qoii (apostila de apoio) - 2014-2.pdf

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Química Orgânica II: Prof. Sidney Lima – UFPI 2013-1) 1

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    2. ESTRUTURA E REATIVIDADE

    Orbitais atmicos

    O tomo de carbono tem seis eltrons que segundo a teoria da estrutura

    atmica de Bohr, esto dispostos em rbitas a distncia crescente do ncleo

    (Figura 1). Estas rbitas correspondem a nveis de energia gradualmente

    crescentes. A de energia mais baixa, 1s, acomodando 2 eltrons, a seguinte,

    2s, acomodando tambm dois eltrons e os 2 eltrons restantes do tomo de

    carbono indo ocupar o nvel 2p, que capaz de acomodar um total de 6

    eltrons.

    Figura 1. Modelo de Bohr. Na fsica atmica, o tomo de Bohr um modelo que descreve o tomo como um ncleo pequeno e carregado positivamente cercado por eltrons em rbita circular. O modelo do tomo de Bohr explica bem o comportamento do tomo de hidrognio e do tomo de hlio ionizado, mas insuficiente para tomos com mais de um eltron.

    O modelo de tomo dado pela mecnica quntica o mais moderno e

    complexo, ele baseia-se na forma matemtica da estrutura atmica. A teoria

    quntica afirma que a matria tem propriedades associadas com ondas, razo

    pela qual o modelo de tomo foi baseado nesta teoria. O principio da incerteza

    de Heisenberg, determina que o eltron no possua posio exata na

    eletrosfera, nem velocidade e direo definidas, e a viso da mecnica-

    ondulatria do eltron tornaram necessrio eliminar algo definido com tanta

    preciso como descritos por funes de onda , e as rbitas de Bohr, clssicas

    e exatas, foram substitudas por orbitais atmicos tridimensionais com

    diferentes nveis de energia. O tamanho, forma e orientao destes orbitais

    atmicos, regies em que h mxima probabilidade de se encontrar um eltron

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    correspondem a um nvel de energia quantificado e so delineados por uma

    funo de onda, A, B, C, etc.

    Na verdade, os orbitais so bastantes semelhantes a mapas de contorno

    eletrnico tridimensional, em que 2 determina a probabilidade relativa de

    encontrar um eltron num dado ponto do orbital.

    A teoria dos orbitais moleculares (OM) constitui uma alternativa para se

    ter uma viso da ligao. De acordo com este enfoque, todos os eltrons de

    valncia tm uma influncia na estabilidade da molcula (Eltrons dos nveis

    inferiores tambm podem contribuir para a ligao, mas para muitas molculas

    simples o efeito demasiado pequeno). A teoria do OM considera que os

    orbitais atmicos (OAs) do nvel de valncia deixam de existir quando a

    molcula se forma, sendo substitudos por um novo conjunto de nveis

    energticos que correspondem a novas distribuies da nuvem eletrnica

    (densidade de probabilidade). Esses novos nveis energticos constituem uma

    propriedade da molcula como um todo e so chamados, consequentemente,

    de orbitais moleculares.

    O clculo das propriedades dos orbitais moleculares feito comumente,

    assumindo que os OAs se combinam para formar OM. As funes de onda dos

    OAs so combinados matematicamente para produzir as funes de onda dos

    OM resultantes. O processo remanescente da mistura de orbitais atmicos

    puros para formar orbitais hbridos, exceto que, na formao de OM, OA de

    mais de um tomo so combinados ou misturados. No entanto, como no caso

    da hibridizao, o nmero de orbitais novos formados igual ao nmero de OA

    originrios da combinao.

    Da mesma maneira que nos orbitais atmicos, estamos interessados em

    dois aspectos moleculares:

    1) as formas de suas distribuies espaciais da nuvem eletrnica;

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    2) suas energias relativas.

    O diagrama usual de versus r para o orbital 1s de um tomo A (Figura

    1a) deve, porm, ser modificado para levar em conta a variao de r entre - e

    +, resultando no diagrama mostrado na figura 1b.

    Figura 2. Diagramas de versus r para o orbital 1s.

    Os seis eltrons do tomo de carbono esto acomodados em orbitais

    atmicos de nvel de energia crescente at que todos estejam classificados

    (principio de Auf bau). Onde dois eltrons, com spins emparelhados, iro para

    o orbital 1s, dois para o orbital 2s, no nvel 2p os dois eltrons restantes

    podero acomodar-se no mesmo orbital 2px, ou em orbitais diferentes, 2px e

    2py. A regra de Hund determina que dois eltrons no pode ocupar o mesmo

    orbital, desde que haja outro energeticamente equivalente desocupado. Assim,

    a configurao eletrnica do tomo de carbono no estado fundamental com

    dois eltrons desemparelhado 1s22s22px12py1, com o orbital 2pz desocupado.

    O tomo de carbono no estado excitado (mais alta energia) possui

    configurao eletrnica 1s22s12px12py12pz1, agora com quatro eltrons

    desemparelhados e pode por isso formar quatro ligaes com outros tomos

    ou grupos de tomos. A grande quantidade de energia produzida pela

    formao destas duas novas ligaes contrabalana consideravelmente a

    energia necessria para o desacoplamento inicial 2s2 e promoo de 2s 2p

    ( 406 kJ)

    Hibridizao

    O tomo de carbono combina-se com outros quatro tomos, formando

    entre as ligaes ngulos de 109 28 entre si, isto pode ser explicado com

    base na mistura do orbital 2s e dos trs orbitais atmicos 2p de modo a

    produzir quatro novos orbitais idnticos capazes de formar quatro ligaes mais

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    fortes. Estes novos OA hbridos sp3 so obtidos pelo processo chamado de

    hibridizao (Figura 3.

    Figura 3. Interao do orbital s (hidrognio) com trs orbitais p (carbono), formando 4 orbitais hbridos do tipo sp3

    De modo semelhante, pode-se imaginar que a hibridizao ocorre

    tambm quando o tomo de carbono combina-se com trs outros tomos, no

    eteno, trs orbitais atmicos hbridos sp2 dispostos em ngulos de 120 no

    mesmo plano (hibridizao trigonal plana), e quando o tomo de carbono

    combina-se com dois outros tomos de carbono, etino, so utilizados dois

    orbitais atmicos hbridos sp1 dispostos a ngulos de 180 (hibridizao

    diagonal), em cada caso o orbital s est sempre envolvido, visto que o de

    mais baixo nvel de energia.

    + +

    2s 2px 2py 2pz hibrido sp3

    x

    y

    z

    x

    y

    z

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    LIGAES EM COMPOSTOS DE CARBONO

    Teoria de Ligao de Valncia.

    Uma ligao covalente ocorre quando dois tomos se aproximam

    (distncia tima = comprimento da ligao) de modo que um orbital de um dos

    tomos, ocupado por um eltron, se superpe a um orbital do outro tomo,

    tambm com um eltron.

    A fora da ligao depende do grau de superposio dos orbitais.

    O grau de superposio entre os OA foi calculado e seu valor :

    Orbital Grau de superposio

    s 1,00 p 1,72 sp 1,93 sp2 1,99 sp3 2,00

    Problema 1. A seguir apresentam-se as estruturas do Etino, Eteno e Etano.

    Discuta sobre a diferena entre os ngulos (C-C e C-H) e comprimentos da

    ligao (C-C) para essas estruturas. Justifique com base na hibridizao, fora

    de ligao, carter s, etc. Desenhe uma estrutura tridimensional, mostrando

    interaes dos orbitais p e sua influncia no encurtamento das respectivas

    ligaes centrais sigma

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    Tabela 1. Geometria e Hibridizao em Carbono e Outros Comuns

    a A geometria mostrada predita pela teoria VSEPR, na qual orbitais

    contendo eltrons de valncia so afastados uns dos outros de modo que a

    interao entre eles seja a mnima possvel (ngulo mais prximo de 109.5o).

    Teoria do orbital molecular (OM)

    A teoria do OM constitui numa alternativa para se ter uma viso da

    ligao. De acordo com este enfoque, todos os eltrons de valncia tm uma

    influncia na estabilidade da molcula (eltrons dos nveis inferiores tambm

    podem contribuir para a ligao, mas para muitas molculas simples o efeito

    pequeno). Alm disso, a teoria OM considera que os OA do nvel de valncia

    deixam de existir quando a molcula se forma, sendo substitudos por um novo

    conjunto de nveis energticos que correspondem a novas distribuies da

    nuvem eletrnica. Esses novos nveis energticos constituem uma propriedade

    da molcula como um todo e so chamados, consequentemente de orbitais

    moleculares.

    Observando os OM que so formados quando dois tomos idnticos se

    ligam numa molcula diatmica, usando um enfoque simples, consideremos

    que um OA de um tomo se combina com um OA de um segundo tomo para

    formar dois OM. Para que esse processo seja efetivo, duas condies devem

    ser favorecidas:

    1) os OA devem ter energias comparveis;

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    2) eles devem se sobrepor de maneira significativa.

    Os clculos da mecnica quntica para a combinao dos OA originais

    consistem em:

    1) uma adio das funes de onda do OA;

    2) uma subtrao das funes de onda do OA.

    Quando os dois tomos so diferentes, includo um fator que leva em

    conta o fato de que os dois OAs no contribuem igualmente para a formao

    dos OM. Os resultados, ento, so duas novas funes de onda, uma de

    adio e outra de subtrao. O quadrado da funo de onda para um eltron

    nos d informaes acerca da probabilidade de encontrar este eltron em

    vrias regies do espao. Quando isto feito para um OM, resultam

    informaes sobre a densidade da probabilidade para um eltron ocupando

    aquele OM e, a partir dessas informaes, as superfcies limites

    correspondentes (e tambm os nveis energticos) podem ser encontradas.

    Este mtodo conhecido como a combinao linear de orbitais atmicos, ou

    mtodo LCAO (Linear Combinations Atomic Orbitals) (Figura 2. 1 e Figura 2. 2)

    Figura 2. 1. Formao de orbitais moleculares ligantes e antiligantes pela adio e subtrao de orbitais atmicos.

    Figura 2. 2. Grfico da densidade eletrnica para orbitais

    Densi

    dade e

    letr

    nic

    a

    Posio internuclear

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    1 e 2 (linhas descontinuas) B (linha superior solida) e A (linha

    inferior solida), ao longo do eixo para H2.

    Quando duas funes 1s so adicionadas, elas se reforam entre si por

    toda parte e principalmente na regio entre os dois ncleos. Esta redistribuio

    de densidade eletrnica entre os ncleos ajuda a abaixar a energia potencial

    coulmbica (Figura 3 - linha cheia superior). Como resultado, este orbital tem

    caractersticas ligantes e denomina-se 1s. Quando um orbital atmico

    subtrado do outro, eles se cancelam exatamente entre si em um plano que

    est situado a meio caminho entre os ncleos, produzindo, portanto, um plano

    nodal. A funo de onda molecular de sinal oposto em cada lado deste plano

    nodal (Figura 2b). Quando se eleva a funo de onda ao quadrado (Figura 3 -

    linha cheia inferior), a densidade de probabilidade resultante obviamente

    positiva em todos os lugares, exceto no plano nodal, onde zero. Esta

    deficincia de densidade eletrnica na regio internuclear ajuda a aumentar a

    energia potencial coulmbica do sistema, e o n, na funo de onda, produz

    um aumento na energia cintica do eltron. A energia total ,

    consequentemente, alta, os tomos no esto ligados, e o orbital descrito

    como antiligante.

    Deve-se ter em mente que as representaes dos OM so anlogas s

    representaes dos OA e podem ser interpretadas de duas maneiras

    equivalentes elas mostram:

    1) a(s) regio(es) na(s) qual(is) o eltron passa a maior parte do tempo,

    isto , a(s) regio(es) de maior probabilidade de encontrar-se o eltron ou,

    alternativamente,

    2) a(s) regio(es) na(s) qual(is) a densidade da carga eletrnica alta.

    Na figura 4 so mostradas as superfcies limites de dois orbitais

    moleculares que so formados pela combinao de dois orbitais atmicos 1s.

    Vemos esquerda a sobreposio dos OAs 1s e, direita, os OM resultantes.

    O OM formado pela subtrao de funes de onda OA representado por s*

    (leia: "sigma asterisco"), enquanto o formado pela adio representado por

    s. O contraste entre esses dois OM grande. H um aumento da densidade

    eletrnica de carga entre os ncleos no orbital s, mas um decrscimo na

    mesma regio no orbital s*. Por essa razo, o orbital s chamado orbital

    ligante, e o s*, de orbital antiligante. O primeiro tende a estabilizar a ligao,

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    enquanto o ltimo tende a desestabiliz-la. Ambos so chamados orbitais

    porque esto centrados e so simtricos ao redor do eixo de ligao. Uma

    seco de cada orbital feita perpendicularmente ao eixo de ligao apresenta

    um formato circular.

    Figura 4. Combinao de AO 1s para formar OM .

    Pela combinao linear de um orbital 2s de um tomo A com um orbital

    2s do tomo B, obtemos aproximaes dos orbitais moleculares 2s, Ligante e

    antiligante.

    O processo completamente anlogo quele empregado para 1s e

    1s*. As quantidades N e N* so fatores de normalizao. O orbital 2s* possui

    um plano nodal entre os dois ncleos, antiligante e tem energia maior do que

    o orbital 2s que no possui este plano nodal, e Ligante (Figura 5).

    Figura 5. Formao de orbitais 2s e 2s* pela adio e subtrao de OA 2s.

    Observa-se que h uma superfcie nodal rodeando os ncleos tanto no

    orbital 2s como no orbital 2s*, o que os distingue dos orbital 1s e 1s*. Na

    Figura 6, esto indicados os sinais das funes de onda de acordo com a

    conveno usual. Pode ser observado que os lbulos positivos dos orbitais

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    esto orientados na direo positiva dos eixos, dando-se preferncia para o

    eixo x. Para os orbitais s, o lbulo externo sempre considerado positivo

    (Figura 5).

    Se dois orbitais esto a uma distncia infinita um do outro, a sua

    superposio nula. Quando se aproximam, eles se superpem e formam um

    OM Ligante (superposio positiva) e um OM antiligante (superposio

    negativa).

    Figura 6. Representaes convencional dos orbitais, trs p e cinco d. Os eixos so marcados

    diferentemente para os orbitais dxy, dxz e dyz

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    Figura 7. Sobreposio de orbitais atmicos. Sobreposio entre orbitais atmicos de energias mais prximas mais eficiente que sobreposio entre orbitais de diferentes energias. Os orbitais atmicos devem conter energia suficiente e orientao adequada para melhor sobreposio.

    A Figura 7 mostra que a superposio positiva se corresponder

    combinao de funes de onda de mesmo sinal, e ser negativa se os sinais

    forem opostos.

    Notamos que, na figura 7a, o orbital 2pz da direita tem seu lbulo

    negativo orientado segundo a direo positiva do eixo z, o que significa que ele

    foi multiplicado por menos um. Isso equivale a dizer que, em vez de soma, foi

    feita uma subtrao dos OA, enquanto que a figura 7b mostra uma soma dos

    OA, pois ambos os OA esto orientados na mesma direo do eixo z.

    A combinao de dois orbitais p pode produzir resultados diferentes,

    dependendo de quais orbitais p so usados. Se o eixo x o eixo de ligao,

    ento dois orbitais 2px podem se sobrepor quando eles se aproximarem

    segundo um nico eixo, como mostrado na Figura 8. Os OM resultantes

    constituem, como antes, um orbital ligante (x) com carga eletrnica acumulada

    entre os ncleos e um OM antiligante (x*) com decrscimo de carga entre os

    ncleos.

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    Esses orbitais so tambm classificados como , porque so simtricos

    ao redor do eixo de ligao e so designados x e x* para indicar que

    derivaram de OA px.

    Figura 8. Combinao de OA 2px para formar OM

    Quando orbitais 2py e 2pz se sobrepem para formar OM, eles o fazem

    lado a lado, como apresentado na Figura 9. Em cada caso, o resultado um

    orbital antiligante com quatro lbulos e um orbital ligante com dois lbulos.

    Esses orbitais no so simtricos em relao ao eixo de ligao, em vez disso,

    existem duas regies, em lados opostos ao eixo da ligao, nas quais a

    densidade da nuvem de carga alta. Isto caracterstico de um orbital .

    Observe que, o orbital ligante permite uma alta concentrao da carga

    eletrnica na regio entre os ncleos, enquanto o orbital antiligante mostra uma

    diminuio da densidade de carga nessa regio. (Na realidade, cada orbital

    antiligante tem um plano nodal entre os dois ncleos).

    Figura 9. Combinao de OA 2p na formao de OM .

    Quando OA se combinam, eles passam a compartilhar uma regio do

    espao. Se a superposio entre os orbitais positiva, os lbulos envolvidos se

    fundem e formam um lbulo nico no orbital molecular resultante. Se a

    superposio entre os orbitais negativa, no ocorre a fuso dos lbulos,

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    aparecendo um plano nodal entre eles e a densidade eletrnica na regio

    internuclear diminui.

    Problema 1. Qual a hibridizao e geometria dos tomos carbono e oxignio na 3-

    metil-ciclo-hex-2-en-1-ona

    Energias dos orbitais moleculares

    Um exemplo clssico em estudos a formao da molcula H2 a partir

    dos dois tomos, a uma distncia infinita um do outro. Inicialmente, seus

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    orbitais no se superpem e a energia potencial do sistema considerado igual

    a zero. medida que eles se aproximam, comea a haver interaes entre

    seus orbitais, formando-se um OM Ligante e um OM antiligante. Os eltrons

    ocupam o OM Ligante em que maior a densidade eletrnica na regio

    internuclear.

    Dessa foram, ser favorecida a atrao ncleo-eltron e minimizada a

    repulso ncleo-ncleo, com a consequente diminuio da energia potencial do

    sistema (Figura 11).

    Quanto mais prximos os ncleos dos tomos de hidrognio ficam um

    do outro, tanto mais se superpem os orbitais e menor torna-se a energia. H,

    todavia, um limite para a aproximao, a partir do qual passa a dominar a

    repulso entre os ncleos. Existe, pois, uma separao de equilbrio, que

    denominada comprimento de ligao, ao qual corresponde uma energia

    mnima, a energia de ligao.

    Figura 11. Variao com a separao internuclear, da energia potencial de dois

    tomos de hidrognio.

    Quando dois OA se combinam para formar dois OM, a energia do OM

    ligante sempre menor do que a dos OA, enquanto a energia do OM

    antiligante maior. Nas Figuras 12 e 13 aparecem as relaes de energias

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    entre os OA 1s e os resultantes OM s e s* para o caso de uma molcula

    diatmica homonuclear, na qual os dois tomos so iguais. Na Figura 13,

    esquerda e direita esto os nveis de energia 1s de dois tomos do elemento

    A (identificados com A e A'). No centro, encontram-se os nveis de energia s e

    s* da molcula A A'.

    As linhas tracejadas diagonais mostram que os OM se formaram dos OA

    indicados. A Figura 13 poder ser usada para mostrar a formao dos OM de

    um par de qualquer orbital s (2s, 3s, 4s, etc.). Em cada caso, um orbital

    antiligante e um orbital ligante so formados.

    Figura 12. A idia do orbital molecular

    Figura 13. Energias relativas dos orbitais s em molculas diatmicas homonucleares.

    Consideremos a seguir a formao dos OM de um par de orbitais 2px

    cujos lbulos esto dirigidos para o eixo de ligao, Figura 14, a formao de

    um par de OM, um ligante (x) e um antiligante (x*).

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    Figura 14. Energias relativas dos orbitais x em molculas diatmicas homonucleares

    Observe os OA 2py e 2pz, que se sobrepem lado a lado. Os OM

    formados a partir deles so mostrados na figura 15. A sobreposio py py

    exatamente igual sobreposio pz pz (exceto pela orientao) e assim os

    OM formam dois conjuntos de orbitais de mesma energia, os orbitais y e z

    (ligantes) e os orbitais y* e z* (antiligantes).

    Figura 15. Energias relativas dos orbitais y e z em molculas diatmicas homonucleares

    Preenchimento dos orbitais moleculares

    O procedimento de Aufbau, pelo qual os eltrons so adicionados um a

    um ao diagrama de energia dos OA com o objetivo de construir a configurao

    eletrnica dos tomos, usaremos agora uma tcnica semelhante para

    preencher os nveis energticos do diagrama de OM, para construir a

    configurao eletrnica de molculas diatmicas homonucleares no estado

    fundamental. Os eltrons so adicionados a partir da base do diagrama para

    cima, para os orbitais de maior energia.

    A molcula mais simples a de hidrognio (H2). A Figura 16 mostra,

    esquerda e direita, eltrons colocados em dois tomos de H no-ligados e, no

    meio do diagrama, a molcula de H2 no estado fundamental. Os dois eltrons

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    1s vo constituir um par (spins opostos) no orbital s (ligante) da molcula.

    Este par constitui uma ligao simples. A configurao eletrnica da molcula

    de hidrognio pode ser escrita como: H2 (s)2

    Figura 16. Preenchimento do diagrama OM para H2

    Considerando a molcula Hlio e (He2), que poderia ser formada por

    dois tomos de hlio em que cada um dos quais capaz de fornecer dois

    eltrons para a molcula. O total de quatro eltrons, dois a mais que no H2,

    de maneira que a distribuio no OM ser a da Figura 17. A configurao

    eletrnica no estado fundamental da molcula de He2 dever ser:

    He2: (s)2(s*)2

    Figura 17. Preenchimento do diagrama OM para a molcula hipottica He2.

    Devido ao fato de que o s* (antiligante) est agora preenchido e seu

    efeito desestabilizador cancela o efeito estabilizador do orbital s,. O resultado

    que no h uma fora de atrao entre os tomos de hlio devido ao nmero

    igual de eltrons ligantes e antiligantes e, assim, He2 no existe.

    Na teoria dos OM a ordem de ligao definida como:

    Assim, a ordem de ligao na molcula de H2 :

    Enquanto na molcula hipottica de He2 :

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    Para a molcula de ltio (Li2) e de berlio (Be2), desde que o preenchimento de

    dois OM formados de orbitais 1s est completo, passasse para os dois OM

    formados a partir dos orbitais 2s.

    Resumindo, a teoria dos orbitais moleculares (MO) constitui uma

    alternativa para se ter uma viso da ligao. De acordo com este enfoque,

    todos os eltrons de valncia tm uma influncia na estabilidade da molcula.

    (Eltrons dos nveis inferiores tambm podem contribuir para a ligao, mas

    para muitas molculas simples o efeito demasiado pequeno.) Alm disso, a

    teoria MO considera que os orbitais atmicos, AOs, do nvel de valncia,

    deixam de existir quando a molcula se forma, sendo substitudos por um novo

    conjunto de nveis energticos que correspondem a novas distribuies da

    nuvem eletrnica (densidade de probabilidade). Esses novos nveis energticos

    constituem uma propriedade da molcula como um todo e so chamados,

    conseqentemente de orbitais moleculares.

    A combinao linear de n estados atmicos gera n oribitais moleculares.

    Cada OM construdo atravs da combinao linear dos orbitais

    atmicos (OA) individuais :

    OM ligante = C11 + C22

    OM antiligante =C*11 C*22

    Os coeficientes, C1 e C2, representam a contribuio de cada OA para o

    OM. O quadrado dos valores de "C" so uma medida da populao eletrnica

    na vizinhana do tomo em questo

    (C1)2 + (C2)2 = 1

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    importante ressaltar que clculos tericos utilizando o software

    adequado, por exemplo PC-Spartan (mtodo AM1 semi-emprico), pode nos

    dar entre outros, uma ideia geral da energia, estabilidade e stios mais ou

    menos reativos ou propcios a reatividade em molculas orgnicas. A Figura ---

    -, mostra o diagrama de energia para a ligao C=O. No estado fundamental a

    ligao C=O polarizada. O HOMO-1 corresponde ao sistema PI. Um maior

    valor de coeficiente no HOMO estar de certa forma associado a uma maior

    densidade eletrnica nas vizinhanas do tomo em questo. Um maior valor de

    coeficiente no LUMO estar de certa forma relacionado a uma maior deficincia

    eletrnica nas vizinhanas do tomo em questo.

    Figura ----. Diagrama de energia para a ligao p C-O. O HOMO tem

    contribuio maior dos pares de eltrons do oxignio.

    Propriedade de Ligaes C-C e C-O como Doadoras e Aceptoras

    Considere o diagrama de energia para os orbitais ligantes e antiligantes

    para as ligaes C-C e C-O. A maior eletronegatividade do oxignio faz com

    que a energia dos orbitais ligantes e antiligantes para a ligao C-O sejam

    menores que para a ligao C-C:

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    22

    Ligaes simples carbono-carbono

    A combinao de dois tomos de carbono no etano resulta da

    sobreposio axial de dois orbiatais sp3, um de cada tomo de carbono, para

    formar uma ligao sigma forte entre eles. O comprimento da ligao carbono-

    carbono de 0,154 nm. Uma ligao simples semelhante entre dois tomos de

    carbonos hibridizados sp2, =CH CH=, tem em mdia um comprimento de

    ligao de 0,147 nm e entre tomos de carbono hibridizados sp1, CC, cerca

    de 0,138 nm. Este fato ocorre porque um orbital s e qualquer eltron que nele

    se encontre so mantidos mais prximos e fortemente pelo ncleo do que um

    orbital p e qualquer eltron que nele se encontre. O mesmo efeito ser

    observado com orbitais hbridos medida que aumenta a sua componente s, e

    para dois tomos de carbonos ligados entre si os ncleos so aproximados

    medida que vai de sp3 sp3 sp2 sp2 sp1 sp1.

    Entretanto, no definida uma estrutura nica para o etano, a ligao

    sigma entre os tomos de carbono simtrica em torno de uma linha que une

    os dois ncleos, teoricamente, possvel uma variedade infinita de estruturas

    diferentes definida pela posio dos hidrognios num tomo de carbono,

    relativamente posio dos tomos de hidrognios no outro tomo de carbono.

    De todas as estruturas possveis, os dois extremos so as formas eclipsadas e

    em estrela, conhecidas como projees em perspectiva de Newman.

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    23

    As formas eclipsadas e em estrela a infinita variedade de estruturas

    possveis entre esses extremos, so designadas por conformaes da

    molcula do etano. Conformaes so definidas como diferentes arranjos do

    mesmo grupo de tomos que podem ser convertidos uns nos outros sem

    quebra de quaisquer ligaes.

    A conformao em estrela a mais estvel, os tomos de hidrognios

    nos tomos de carbonos adjacentes esto to afastados quanto possvel uns

    dos outros (0,310 nm) e qualquer interao chamada no-ligante entre eles

    est portanto num mnimo, enquanto que na conformao eclipsada esto num

    mximo de sobreposio (0,230 nm), ligeiramente menos do que a soma dos

    seus raios de van der Waals.

    Ligaes duplas carbono-carbono

    No eteno, cada tomo de carbono esta ligado a trs outros tomos,

    dois hidrognios e um carbono. Formam-se ligaes sigma fortes com estes

    trs tomos pela utilizao de trs orbitais derivados por hibridizao do orbital

    2s e dois orbitais atmicos 2p do tomo de carbono, um tomo normalmente s

    mobiliza tantos orbitais hbridos quantos os tomos ou grupos com os quais

    pode formar ligaes sigma fortes. Os orbitais hbridos sp2 resultantes

    encontram-se todos no mesmo plano e com ngulos de ligao de 120, um

    em relao aos outros (orbitais trigonais planos). Na formao da molcula do

    eteno, dois orbitais sp2 de cada tomo de carbono so visualizados como

    sobrepondo-se aos orbitais 1s de dois tomos de hidrognios para formar

    duas ligaes CH sigma fortes, enquanto que a terceiro orbital sp2 de cada

    tomo de carbono se sobrepe axialmente para formar uma ligao CC sigma

    forte entre eles. Verifica-se experimentalmente que os ngulos das ligaes H

    CH e HCC so de fato 1167 e 1216, respectivamente. O afastamento de

    120 no visto que esto envolvidos diferentes trios de tomos.

    HH

    HHH

    H H

    H H

    H

    H

    H

    HH

    H

    HH

    H

    H

    H

    H

    H

    H

    Eclipisada Em estrela

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    24

    Isto deixa, em cada tomo de carbono, um orbital atmico no

    hibridizado 2p com ngulos retos com o plano contendo os tomos de carbono

    e de hidrognio. Estes dois orbitais 2p paralelos um ao outro, podem sobrepor-

    se resultando na formao de um orbital molecular ligante que se estende

    sobre ambos os tomos de carbonos, situando-se acima e abaixo do plano que

    contm os dois tomos de carbonos e os quatro tomos de hidrognios.

    Este novo orbital molecular ligante (tambm forma um orbital molecular

    antiligante) conhecido como um orbital , e os eltrons que ocupam estes so

    eltrons . A nova ligao que se forma tem efeito de fazer aproximar mais

    os tomos de carbonos C=C, cuja distncia no eteno de 0,133 nm,

    comparada com uma distncia CC de 0,154 nm no etano. A sobreposio

    lateral dos orbitais atmicos p axial que ocorre na formao de uma ligao ,

    a primeira mais fraca do que a ltima. Isto se reflete no fato de a energia de

    uma ligao dupla carbono-carbono, embora superior a de uma ligao

    simples, ser inferior ao dobro desta ltima. Assim a energia da ligao CC no

    etano e de 347 kJ/mol, enquanto que a de C=C no eteno de apenas 598

    kJ/mol.

    A sobreposio lateral dos dois orbitais atmicos 2p, a fora da ligao

    , ser claramente mxima quando os dois tomos de carbonos e os quatros

    tomos de hidrognios forem exatamente coplanares, pois s nesta posio

    que os orbitais p so exatamente paralelos entre si, capazes de um mximo de

    sobreposio. Qualquer deste estado coplanar, por toro em torno da ligao

    que une os dois tomos de carbonos, conduz a reduo da sobreposio , e

    a um decrscimo na fora da ligao .

    Ligaes triplas carbono-carbono

    No etino, cada tomo de carbono est ligado a dois outros tomos, um

    de hidrognio e um carbono. Formam ligaes sigma fortes com estes dois

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    tomos pela utilizao de dois orbitais hbridos derivados por hibridizao do

    orbital 2s e um orbital atmico 2p do tomo de carbono. Os orbitais hbridos

    resultantes sp1 diagonais so co-lineares. Assim na formao da molcula do

    etino, estes orbitais so utilizados para formar ligaes sigma fortes entre o

    tomo de carbono e um tomo de hidrognio, e entre dois tomos de carbonos

    resultando uma molcula linear com dois orbitais atmicos 2p no hbridos com

    ngulos retos entre si em cada um dos tomos de carbonos. Os orbitais

    atmicos, num tomo de carbono, so paralelos aos do outro, e podem

    sobrepor-se com formao de duas ligaes em planos a ngulos retos entre

    si.

    A molcula de etino est efetivamente envolta num cilindro de carga

    negativa. A energia da ligao CC e de 812 kJ/mol, de modo que o

    incremento devido a terceira ligao inferior ao que ocorre quando se passa

    de uma ligao simples para uma dupla. A distncia da ligao CC e de

    0,120 nm de modo que os tomos de carbonos se aproximam mais ainda, aqui

    novamente o decrscimo ao passar de C=C CC inferior ao que ocorre

    quando se passa de CC C=C.

    Ligaes carbono-oxignio e carbono-nitrognio.

    Um tomo de oxignio tem configurao eletrnica 1s22s22px22py12pz1,

    e tambm ele, ao combinar-se com outros tomos, pode ser considerado como

    utilizando orbitais hbridos de modo a formar ligaes mais fortes. Ao combinar-

    se com os tomos de carbono de dois grupos metila, para formar

    metoximetano, CH3OCH3, o tomo de oxignio pode utilizar quatro orbitais

    hbridos sp3 de cada um dos dois tomos de carbonos e as outras duas para

    acomodar os seus dois pares de eltrons desemparelhados. Verifica-se que o

    comprimento da ligao CO 0,142 nm, e a energia da ligao de 360 kJ/mol.

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    O tomo de oxignio tambm pode formar uma ligao dupla com um

    carbono, assim, na propanona, (CH3)2C=O, o tomo de oxignio poderia utilizar

    trs orbitais hbridos sp2, um para formar uma ligao sigma por sobreposio

    com o orbital sp2 do tomo de carbono, e os outros dois para acomodar os dois

    pares de eltrons desemparelhados. Isto deixa um orbital no hibridizado p

    quer no oxignio quer no carbono, e estes podem sobrepor-se entre si

    lateralmente para formar uma ligao .

    O ngulo da ligao CC=O de 120, o comprimento da ligao C=O

    de 0,122 nm e a energia da ligao 750 kJ/mol. O fato de esta ser superior ao

    dobro da energia da ligao CO, enquanto que a energia da ligao C=C

    inferior ao dobro da de CC, em parte, devido ao fato de os pares de eltrons

    desemparelhados no oxignio se encontrarem mais afastados, e por isso mais

    estveis em C=O do que em CO, no havendo circunstncia equivalente com

    o carbono. O fato das ligaes carbono-oxignio, ao contrrio das ligaes

    carbono-carbono, serem polares tambm desempenha seu papel.

    Um tomo de nitrognio, com a configurao eletrnica 1s2 2s2 2px1 2py1

    2pz1, tambm utiliza orbitais hbridos na formao de ligaes simples, CN,

    ligaes duplas, C=N, e nas ligaes triplas CN. Em cada caso uma desses

    orbitais utilizado para acomodar o par de eltrons desemparelhado do

    nitrognio, na formao de ligaes duplas e triplas, so utilizados orbitais p,

    no hbridos, do nitrognio e do carbono. Os comprimentos e energias mdias

    das ligaes so: simples 0,147 nm e 305 kJ/mol, dupla 0,129 nm e 616 kJ/mol

    e na tripla 0,116 nm e 893 kJ/mol.

    Conjugao

    Quando se considera molculas que contm mais de uma ligao

    mltipla, dienos com duas ligaes C=C, verifica-se que compostos em que as

    ligaes so conjugadas (ligaes mltiplas e simples alternadas) so

    ligeiramente mais estveis do que aquelas em que so isoladas.

    Esta estabilidade termodinmica superior de molculas conjugadas

    comprovada pelo fato de apresentar um calor de combusto e um calor de

    hidrogenao inferior ao de duplas isoladas, e tambm na observao geral de

    CH3 CH2 CH2 CH2

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    27

    que ligaes duplas isoladas podem ser induzidas a migrar rapidamente de

    modo a tornarem-se conjugadas.

    A conjugao no est limitada, claro, apenas a ligaes mltiplas

    carbono-carbono.

    Quer com duplas conjugadas ou duplas isoladas, a sobreposio lateral

    dos OA p em tomos de carbonos adjacentes pode conduzir a formao de

    duas ligaes localizadas, e esperar-se-ia que os compostos se

    assemelhassem ao eteno, de fato o que se verifica com duplas isoladas, mas

    com duplas conjugadas apresentam um comportamento diferente devido sua

    maior estabilidade, diferenas de comportamento espectroscpico, e pelo fato

    de sofrer reaes de adio mais rapidamente do que um dieno isolado. No

    entanto, uma observao mais detalhada, mostra que com duplas conjugadas,

    mas no com duplas isoladas, a sobreposio lateral pode ocorrer entre todos

    os quatro orbitais atmicos p em tomos de carbonos adjacentes. Tal

    sobreposio resultar na formao de quatro orbitais moleculares, dois

    ligantes (1 e 2) e dois antiligantes (3 e 4) a sobreposio de n orbitais

    atmicos d origem a n orbitais moleculares.

    anti-ligantes

    ligantes

    eteno butadieno

    OA

    OM

    OA

    OM

    C C

    C C

    Figura ------

    Observa-se, a partir da figura acima, que acomodando os quatro

    eltrons do dieno conjugado em dois orbitais ligantes, conduzir a uma energia

    total para o composto, mais baixa do que por analogia com o eteno

    acomodando-os em duas ligaes localizadas. Os eltrons por estarem

    deslocalizados, esto mantidos pelo conjunto do sistema conjugado em vez de

    serem localizados sobre dois tomos de carbonos em ligaes , como no

    CH3

    O

    CH3

    Base

    Catalisadores

    CH3

    O

    CH3

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    eteno ou em duplas isoladas. A acomodao dos quatro eltrons nos orbitais

    moleculares 1 e 2 resulta na distribuio eletrnica numa nuvem de carga

    numa dada regio da molcula ou nela como um todo.

    A deslocalizao muito envolvida na estabilizao de estados

    excitados de dienos e de polienos, em geral, no abaixamento do nvel de

    energia dos seus estados excitados. O seu efeito reduzir a diferena de

    energia entre os estados fundamental e excitado de molculas conjugadas, por

    comparao com aquelas que contm duplas ligaes isoladas, e esta

    diferena de energia diminui progressivamente medida que aumenta a

    extenso da conjugao. Os dienos simples absorvem na regio do

    ultravioleta, mas medida que aumenta a extenso da conjugao, a absoro

    gradualmente desloca-se para a regio do visvel e o composto torna-se mais

    colorido. Ilustrado pela srie de , -difenilpolienos (C6H5(CH=CH)nC6H5).

    Srie de difenilpolienos (C6H5 (CH = CH)n C6H5)

    Cor

    n = 1 Incolor n = 2-4 Amarelo n = 5 Laranja n = 8 Vermelho

    Filtros Orgnicos e Absoro Solar

    Inserindo no anel uma espcie doadora de eltrons, aumenta-se a

    possibilidade de ressonncia e a estabilidade do anel BENZNICO. Sendo

    mais estvel, a energia dos orbitais ligantes diminui e, conseqentemente, a

    dos antiligantes aumenta, elevando assim a diferena de energia entre os

    orbitais HOMO e LUMO, Figura ------. Por outro lado, a adio de uma espcie

    ELETRORETIRADORA de eltrons ao anel aromtico diminui a estabilidade do

    sistema. Desta forma, a energia dos orbitais ligantes aumenta e a dos

    antiligantes diminui, reduzindo a diferena de energia entre os orbitais HOMO e

    LUMO.

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    Figura -------. Espectro de absoro na regio do Ultravioleta, mostrando o

    deslocamento do comprimento de onda por efeitos eletrnicos.

    Benzeno e aromaticidade

    No incio da qumica orgnica, a palavra aromtico foi utilizada para

    descrever algumas substncias que possuam fragrncias, como o

    Benzaldedo (responsvel pelo aroma das cerejas, pssegos e amndoas), o

    tolueno (blsamo) e o benzeno (do carvo destilado). Entretanto, logo se

    observou que essas substncias denominadas aromticas eram diferentes da

    maioria dos compostos orgnicos em relao ao comportamento qumico.

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    30

    Hoje em dia, usamos a palavra aromtico para nos referir ao benzeno e

    seus derivados estruturais. Assim, os qumicos do sculo XIX estavam corretos

    em relao diferena entre os compostos aromticos e os outros, porm a

    associao de aromaticidade com fragrncia havia se perdido.

    Muitos compostos isolados de fontes naturais so, em parte, aromticos.

    Alm do benzeno, benzaldedo e tolueno, a substncia hormonal estrona e o

    bastante conhecido analgsico morfina tm anis aromticos. Muitas drogas

    sintticas tambm so aromticas, o tranquilizante diazepam um exemplo.

    Foi comprovado que a exposio prolongada ao benzeno causa

    depresso da medula ssea e consequentemente leucopenia (diminuio dos

    glbulos brancos). Dessa forma, o benzeno deve ser manuseado

    cuidadosamente se utilizado como solvente em laboratrio.

    Um dos principais problemas da qumica orgnica elementar a

    estrutura pormenorizada do benzeno. A conhecida estrutura planar da molcula

    implica hibridao sp2 com orbitais atmicos p e ngulos retos em relao ao

    plano do ncleo, em cada um dos seis tomos de carbono.

    A sobreposio poderia ser nas posies 1,2; 3,4; 5,6 ou 1,6; 5,4; 3,2,

    conduzindo a formulaes correspondentes as estruturas de Kekul, mas como

    alternativa todos os orbitais p adjacentes poderiam sobrepor-se, como com

    C

    O

    HCH3

    Benzeno Benzaldedo Tolueno

    OCH3

    H

    HO

    H H

    O

    N CH3

    OH

    HO

    Estrona Morfina

    N

    N

    OCH3

    Cl

    Diazepam (valium)

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    dienos conjugados, resultando na formao de seis orbitais moleculares, trs

    ligantes (1 3) e trs antiligantes (4 6) com nveis de energia.

    O OM ligante de menor energia (1) cclico e engloba todos os seis

    tomos de carbono deslocalizado. Tem um plano nodal no plano do anel, de

    modo que h dois lobos anelares, um acima e outro abaixo do plano do anel, o

    de cima est ilustrado na figura abaixo, onde dois eltrons esto portanto

    acomodados. Os dois OM ligantes seguintes (2 e 3), de igual energia,

    tambm englobam todos os seis tomos de carbono, mas cada um tem ainda

    outro plano nodal, a ngulos retos com o plano do anel, para alm do no plano

    do anel. Cada OM tem quatro lobos como ilustrado na figura abaixo, cada um

    destes OM acomoda mais dois eltrons, perfazendo um total de seis.

    O resultado global uma nuvem eletrnica anelar, acima e abaixo do

    plano do anel.

    Figura 1. Orbitais moleculares do benzeno (Figura adaptada de:

    http://www2.chemistry.msu.edu)

    A influncia desta nuvem de carga negativa com o reagente que atacar

    o benzeno, onde na primeira fase da reao envolve a interao entre o

    eletrfilo que se aproxima e os orbitais deslocalizados, chama-se complexo .

    O comprimento de todas as ligaes carbono-carbono no benzeno

    0,140 nm, fazendo com que o benzeno seja um hexgono regular,

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    32

    comprimento intermedirio entre os valores normais para uma ligao simples

    de 0,154 nm e uma ligao dupla de 0,133 nm. Esta regularidade pode ser

    evidenciada se evitar escrever estruturas de Kekul para o benzeno, uma vez

    que so claramente representaes inadequadas, e usando em vez disso a

    representao abaixo.

    Permanece a questo da estabilidade termodinmica do benzeno. Parte

    desta resulta sem dvida da disposio das trs ligaes trigonais planas em

    torno de cada tomo de carbono no seu ngulo de 120, mas grande parte

    resulta do uso de OM cclicas deslocalizados para acomodar os seis eltrons

    residuais, este um arranjo mais estvel (energia mais baixa) do que

    acomodar os eltrons em trs orbitais moleculares localizados. A maior

    estabilizao do benzeno, resulta do fato do benzeno ser um sistema simtrico

    cclico.

    Uma estimativa aproximada da estabilizao do benzeno (cilcohexa-

    1,3,5-trieno), comparada com estruturas cclicas insaturadas simples, pode ser

    obtida comparando o seu calor de hidrogenao com os do ciclohexeno, do

    ciclohexa-1,3-dieno.

    Em acentuado contraste com o caso do benzeno acima descrito, o calor

    de hidrogenao do cicloctatetraeno e cicloctano de -410 kJ/mol, enquanto

    que o do ciclocteno de -96 kJ/mol.

    +

    +

    +

    H2

    2H2

    3H2

    kJ mol-1

    H = - 232 kJ mol-1

    H = - 208 kJ mol-1

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    O cicloctatetraeno, ao contrrio do benzeno, no existe estabilidade

    caracterstica quando comparado com o polieno cclico hipottico relevante,

    isto , no aromtico. Esta ausncia de carter aromtico realmente de

    surpreender porque a sobreposio de orbital p cclica, tal como no benzeno,

    requereria que fosse plano com um consequente ngulo da ligao CCC de

    135, resultando numa considervel distenso do anel para um conjunto de

    H = - 410 kJ mol-1

    H = - 96 kJ mol-1

    4H2 H2

    Lembre-se!!!

    Uma reao exotrmica uma reao qumica cuja energia transferida de um

    meio interior ao meio exterior, assim aquecendo o ambiente. Um exemplo disso

    a reao de queima de produtos inflamveis, como alcool ou a gasolina, que

    produzem muita energia no contida em seu meio.

    Reao exotrmica: reao qumica que libera calor, sendo, portanto, a energia

    final dos produtos menor que a energia inicial dos reagentes. Disso se conclui

    que a variao de energia negativa.

    Reao Endotrmica: reao qumica que absorve calor, sendo, portanto, a

    energia final dos produtos maior que a energia inicial dos reagentes. Desta forma

    a variao de energia positiva

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    34

    carbonos hibridizados sp2 (ngulo preferencial 120). Essa distenso pode ser

    aliviada por flexo do anel, mas s custa da possibilidade de sobreposio

    global de orbitais p, (por cristalografia de raio-X, o cicloctatetraeno tem uma

    estrutura na forma de banheira, com ligaes CC alternadamente duplas de

    0,133 nm e simples de 0,146 nm)

    Os requisitos necessrios para a ocorrncia de estabilizao e carter

    aromtico, em polienos cclicos so: a) molcula tem que ser plana; b) todos os

    orbitais ligantes completamente preenchidos. Esta condio verifica-se em

    sistemas cclicos com 4n + 2 eltrons (regra de Hckel), e o arranjo que

    ocorre de longe mais vulgarmente em compostos aromticos, por exemplo,

    quando n = 1, isto , o composto tem 6 eletrons , 10 eletrons (n = 2) esto

    presentes no naftaleno, e 14 eletrons (n = 3) no antraceno e fenantraceno.

    Embora estas substncias no sejam monocclicas como o benzeno, e a

    regra de Hckel no deva aplicar-se a elas, a introduo da ligao transanelar

    as torna bi e tricclicas, parecendo causar uma perturbao relativamente

    pequena no que se refere a deslocalizaao dos eltrons sobre o grupo ciclico

    de dez ou quatorze tomos de carbono.

    As estruturas quase-aromticas so aquelas em que a espcie

    cclica estabilizada um on e o ction cicloheptatrienilo (troplio), o nion

    ciclopentadienilo, ambos tm 6 eletrons (n = 1) e ainda mais surpreendente, o

    ction ciclopropenilo que tem 2 eltrons (n = 0).

    Naftaleno Antraceno Fenantreno

    -+ +

    Ction ciclopropenilonion ciclocilcopentadieniloCtion cicloheptatrienilo

    0,133 nm

    0,146 nm

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    35

    Alm disso, a estrutura anelar no tem de ser puramente carbociclica, e

    a piridina, por exemplo, com um tomo de nitrognio no anel e 6 eltrons (n =

    1), encontra-se to estabilizada quanto ao benzeno.

    Antiaromaticity

    Sistemas de anis conjugados contendo 4n eltrons pi (por exemplo, 4,

    8, 12 eltrons, etc) no s no conseguem mostrar todas as propriedades

    aromticas, mas parecem ser menos estveis e mais reativos do que o

    esperado. Como notado abaixo, 1,3,5,7-ciclo-octatetraeno no planar e

    adopta uma conformao em forma de cuba. O composto facilmente

    preparado, e sofre reaes de adio tpicas de alcenos. A hidrogenao

    cataltica da presente tetraeno produz ciclooctano. Exemplos de sistemas com

    8 e 12 eltrons pi so mostrados abaixo, juntamente com um composto

    aromtico semelhante de 10 eltrons pi:

    O hidrocarboneto simples pentalene C8H6 no existe como um

    composto estvel, e o seu derivado hexaphenyl sensvel ao ar. O anlogo

    heptalene 12 eltrons foi preparado, mas tambm extremamente reactivo

    (mais do que ciclooctatetraeno). Por outro lado, azuleno um hidrocarboneto

    10 eltrons estvel, que incorpora as caractersticas estruturais de ambos

    pentalene e heptalene. Azuleno um slido azul cristalino estvel que sofre um

    N

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    36

    certo nmero de reaes tpicas de substituio aromtica. A instabilidade

    inesperada de anulenos de 4n eltrons denominado "antiaromaticity".

    Lembre-se que uma condio importante para que um composto seja

    aromtico que ele apresente seus orbitais p periplanar, para melhor interao

    ou overlap. O Barrelene tem a seguinte conformao:

    Problema 2. Classifique cada um dos seguintes compostos como aromatic, antiaromtico, ou no aromtico.

    Problema 3. Dos seguintes compostos quais (A-J), quais sero considerados aromticos pela aplicao da regra de Hckel?

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    37

    Condies necessrias para a deslocalizao.

    A dificuldade em encontrar uma representao satisfatria para a ligao

    carbono-carbono no benzeno leva-nos a constatar que a maneira, segundo a

    qual normalmente escrevemos as ligaes entre tomos com simples, duplas

    ou triplas, envolvendo dois, quatro e seis eltrons, respectivamente,

    inadequada. Algumas ligaes envolvem outros nmeros, mesmo fracionrios

    de eltrons. o que se pode ver muito claramente no nion etanoato (acetato),

    em que a distncia das duas ligaes carbono-oxignio a mesma,

    envolvendo o mesmo nmero de eltrons.

    Estas dificuldades conduziram conveno de representar molculas

    que no podem ser escritas adequadamente como uma estrutura clssica

    simples por uma combinao de duas ou mais estruturas clssicas, as

    chamadas estruturas cannicas, ligadas por uma seta com duas pontas. O

    modo pelo qual uma destas estruturas pode ser relacionada com outra

    geralmente indicado por meio de setas encurvadas, indicando a cauda da seta

    encurvada de onde que se move um par de eltrons e a ponta da seta o local

    para onde esse par de eltrons se move.

    Nunca de mais acentuar que o nion etanoato no tem duas estruturas

    possveis e alternativas, que so rapidamente interconvertidas, mas uma s

    CH3 C

    O

    O-

    CH3 C

    O

    O-

    CH3 C

    O-

    O

    CH3 C

    O

    O

    -

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    estrutura real, por vezes designada como um hbrido, para as estruturas

    cannicas menos exatas.

    De um modo geral, quanto mais estruturas cannicas puderem ser

    escritas para um dado composto, maior ser a deslocalizao dos eltrons, e

    mais estvel ser o composto. Estas estruturas no devem diferir muito umas

    das outras em contedo energtico, ou ento as de energia mais elevada

    contribuiro to pouco para o hbrido que a sua contribuio se torna

    praticamente irrelevante.

    As estruturas escritas devem todas elas conter o mesmo nmero de

    eltrons emparelhados, e os tomos constituintes devem todos eles ocupar

    essencialmente as mesmas posies relativamente uns aos outros em cada

    estrutura cannica. Se a deslocalizao for significativa, todos os tomos

    ligados a centros insaturados devem situar-se no mesmo plano, ou

    aproximadamente no mesmo plano.

    TAUTOMERISMO

    Tautmeros so compostos diferentes (ismeros) com estruturas diferentes, enquanto

    formas de ressonncia so diferentes representaes de uma simples estrutura. Os

    tautmeros tem seus tomos arranjados diferentemente, enquanto as formas de ressonncia

    diferentem apenas na posio de seus eltrons. Os tautmeros inteconvertem-se por um

    processo de equilbrio, que envolve a transferncia de um tomo de hidrognio do oxignio

    para o carbono e vice-e-versa. Diferentes estruturas de ressonncia so indicadas por uma

    seta de sentido duplo entre elas.

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    39

    Problema 3. Escrever estruturas tautomricas para cada um dos compostos seguintes. O

    nmero de tautmeros que voc deve escrever, alm da estrutura original, mostrado em

    parnteses.

    Problema 4. Em uma publicao, duas estruturas foram representadas como mostrado abaixo e referidas como formas de ressonncia. Estas estruturas so formas de ressonncia? Justifique sua resposta.

    O efeito de ressonncia ao contrrio do efeito indutivo, no se d ao longo das ligaes , mas envolve as ligaes e eltrons em orbitais n, desde que essas ligaes e os eltrons n estejam em orbitais paralelos que possam se conjugar:

    Podemos representar este efeito atravs das formas de ressonncia do composto:

    Problema 5. Quais dos seguintes compostos so tautmeros butan-2-ona e da 2-

    metilciclo-hexanona?

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    40

    QUEBRA E FORMAO DE LIGAES

    Uma ligao covalente entre dois tomos pode sofrer quebra

    essencialmente dos seguintes modos:

    Exemplo de quebra homoltica

    Exemplos de quebra heterolticas

    No primeiro caso, cada tomo separa-se com um eltron, conduzindo a

    formao de entidades altamente reativas chamadas de radicais, que devem

    R + X. .

    R:-

    + X+

    R+

    + X-

    R X..

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    41

    sua reatividade ao eltron desemparelhado, e a esta quebra de ligao d-se o

    nome de fisso homoltica da ligao. No segundo caso, um tomo pode ficar

    com os dois eltrons, no deixando nenhum para o outro tomo da ligao,

    resultando, neste caso, um on negativo e um on positivo. Quando R e X no

    so idnticos, a fisso pode ocorrer de um ou de outro dos modos,

    dependendo se R ou X que retm o par de eltrons. Ambos estes processos

    so designados como fisso heteroltica, sendo o resultado a formao de um

    par inico. A formao de uma ligao covalente pode ocorrer pelo processo

    inverso de qualquer destes processos e, tambm, pelo ataque dos radicais ou

    ons primeiramente formados a outras espcies.

    Esses radicais ou pares inicos formam intermedirios reativos numa

    grande variedade de reaes orgnicas, como se mostrar mais adiante. As

    reaes envolvendo radicais tendem a ocorrer na fase gasosa e em soluo

    em solventes no-polares, catalisadas pela luz ou pela adio de outros

    radicais. As reaes que envolvem pares inicos ocorrem mais rapidamente

    em soluo em solventes, devido a maior facilidade de separao de carga

    nessas condies, e frequentemente devido a estabilizao dos pares inicos

    resultantes atravs da solvatao. Muitos destes intermedirios inicos podem

    ser considerados como transportando a sua carga no tomo de carbono,

    embora o on seja muitas vezes estabilizado por deslocalizao da carga, em

    maior ou menor extenso, sobre outros tomos e carbono, ou tomos de

    elementos diferentes.

    Quando o tomo de carbono tem uma carga positiva, designado como

    on carbnion (carboction), e quando carregado com uma carga negativa

    um carbnion. Embora tais ons possam formar-se e estar presente apenas

    em concentrao pequena, so de mxima importncia no controle das

    reaes em que participam.

    Estes trs tipos, radicais, ons carbnion e carbnions, de modo

    algum esgotam as possibilidades de intermedirios transientes em que o

    carbono o centro ativo, outros incluem as espcies eltron deficientes

    carbenos, R2C:, e benzinos

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    42

    FATORES QUE INFLUENCIAM A DISPONIBILIDADE ELETRNICA.

    Prever quaisquer fatores que influenciem a disponibilidade relativa de

    eltrons (densidade eletrnica) em ligaes ou em tomos num composto deve

    ser considerado a sua reatividade em relao a um reagente particular, uma

    posio de alta densidade eletrnica ser atacada com dificuldade, por

    exemplo, por OH-, enquanto que uma posio de baixa densidade eletrnica

    provvel que seja atacada com facilidade e vice-versa por um reagente

    positivamente carregado.

    Efeitos indutivos

    Numa ligao covalente simples entre tomos diferentes, o par

    eletrnico que forma a ligao sigma nunca partilhado de modo

    absolutamente igual entre os dois tomos, ele tende a ser atrado para o mais

    eletronegativo dos dois tomos. Assim no cloreto de alquila, a densidade

    eletrnica maior, prximo do cloro do que do carbono.

    Se o tomo de carbono ligado ao cloro estiver ele prprio ligado a outros

    tomos de carbono, o efeito pode ser transmitido mais longe.

    O efeito da apropriao parcial de eltrons pelo tomo de cloro da

    ligao carbono-cloro deixa o C1 ligeiramente eltron-deficiente, ele tenta

    retificar esta situao, apropriando-se, por sua vez, de um pouco mais do que a

    sua parte dos eltrons da ligao sigma que o liga a C2, e assim por diante ao

    longo da cadeia. O efeito de C1 em C2 inferior ao de Cl sobre C1, no entanto,

    a transmisso rapidamente se desvanece numa cadeia saturada, sendo

    geralmente muito reduzida para se notar alm do C2.

    A maior parte dos tomos e grupos ligados ao carbono exerce estes

    efeitos indutivos na mesma direo que o cloro, isto , so retiradores de

    eltrons, por serem mais eletronegativos do que o carbono, sendo a principal

    exceo os grupos alquila e eltrons doadores. Embora o efeito seja

    quantitativamente pequeno, responsvel pelo aumento de basicidade que

    C Cl

    H

    H

    H

    +-

    C Cl

    H

    H

    H

    CH3 CH2 CH2 CH2 Cl

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    43

    resulta quando um dos tomos de hidrognio do amonaco substitudo por

    um grupo alquila, pela rpida substituio do anel aromtico no metilbenzeno

    do que no benzeno propriamente dito. Sua influncia sobre a acidez dos

    compostos orgnicos tambm notvel e ser discutido nos prximos

    captulos (ver figuras a e b):

    Todos os efeitos indutivos so polarizaes permanentes no estado

    fundamental da molcula, e manifestam-se nas suas propriedades fsicas, por

    exemplo, momento de dipolo.

    Efeitos mesomricos

    Estes so essencialmente redistribuies de eltrons que podem ocorrer

    em sistemas insaturados, especialmente em sistemas conjugados, via seus

    orbitais . Um exemplo o grupo carbonilo, cujas propriedades no so

    explicadas de modo totalmente satisfatrio pela formulao clssica, nem pelo

    dipolo extremo obtido pela deslocalizaao dos eltrons .

    A estrutura real situa-se entre aquelas, um hbrido resultante das formas

    cannicas.

    Haver tambm um efeito indutivo, mas muito menor do que o efeito

    mesomrico, visto que os eltrons sigmas so muito menos rapidamente

    deslocados do que os eltrons .

    Se o grupo C=O estiver conjugado com C=C, a polarizao acima pode

    ser transmitida mais alm, via eltrons .

    C O

    CH3

    CH3

    C+

    O-

    CH3

    CH3

    + -

    C O

    CH3

    CH3

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    44

    A deslocalizao ocorre de tal modo que resulta num tomo eltron

    deficiente em C3, bem como em C1 tal como num composto carbonlico. A

    diferena entre esta transmisso via sistema conjugado, e o efeito indutivo em

    sistema saturado, que aqui o efeito sofre muito menos atenuao aps

    transmisso, e a polaridade alterna.

    A estabilizao que pode resultar por deslocalizao de uma carga

    positiva ou negativa num nion, via seus orbitais , pode ser um fator

    importante para tornar possvel a formao do on, em primeiro lugar. A

    estabilizao do nion fenxido, por deslocalizao da sua carga via orbitais

    deslocalizados do anel, responsvel pela acidez do fenol.

    Uma deslocalizao aparentemente semelhante pode ocorrer no prprio

    fenol no dissociado, envolvendo um par de eltrons no compartilhado no

    tomo de oxignio, mas isso envolve separao de cargas e ser menos eficaz

    do que a estabilizao do on fenxido, que no envolve separao de cargas.

    Os efeitos mesomricos, tal como os indutivos, so polarizaes

    permanentes no estado fundamental de uma molcula, e manifestam-se nas

    propriedades fsicas dos compostos em que ocorrem. A diferena essencial

    entre efeitos indutivos e mesomricos que os primeiros ocorrem

    essencialmente em grupos ou compostos saturados, e os segundos em

    compostos insaturados e especialmente em compostos conjugados. Os

    primeiros envolvem eltrons de ligaes sigma e os segundos os eltrons em

    ligaes . Os efeitos indutivos so transmitidos apenas a curtas distncias em

    OH OH OH OH

    -

    -

    -

    :+ + +

    CH3 O CH3CH

    +O

    -CH3

    CHO-

    +

    OH

    + H2O

    O-

    O O O

    + H3O+-

    -

    -

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    45

    cadeias saturadas antes de desvanecerem, enquanto que os efeitos

    mesomricos podem ser transmitidos de uma extremidade a outra da molcula

    bastante grande desde que esteja presente conjugao, atravs da qual podem

    ser transmitidos.

    Efeitos variveis com o tempo.

    Os fatores variveis com o tempo, por analogia com os efeitos com os

    efeitos permanentes descritos anteriormente, foram designados por efeitos

    indutomricos e efeitos eletromricos. Quaisquer destes efeitos podem ser

    considerados como polarizabilidades em vez de polaridades, porque a

    distribuio dos eltrons reverte a do estado fundamental da molcula atacada

    se o reagente for removido sem que a reao possa ocorrer. Ou se o estado de

    transio, uma vez atingido, se decompor para dar de novo os materiais de

    partida.

    Estes efeitos variveis, com o tempo, sendo apenas temporrios, no se

    refletiro nas propriedades fsicas dos compostos. Muitas vezes impossvel

    distinguir experimentalmente entre efeitos permanentes e efeitos variveis com

    o tempo, mas nunca de mais acentuar que apesar das dificuldades em

    distinguir que propores de um dado efeito so devidas a fatores permanentes

    e a fatores variveis com o tempo, de fato a aproximao de um reagente pode

    ter um efeito no aumento de reatividade numa molcula reagente, e assim

    promover a reao.

    Hiperconjugao

    A grandeza relativa do efeito indutivo de grupos alquilas verifica-se

    seguir normalmente a ordem:

    (CH3)3 C < (CH3)2 CH < CH3 CH2 < CH3

    Quando os grupos alquilas esto ligados a um sistema insaturado, uma

    ligao dupla ou um grupo benznico, verifica-se que aquela ordem

    perturbada e, no caso de alguns sistemas conjugados, de fato invertida.

    Parece assim que os grupos alquilas so capazes, nessas circunstncias, de

    dar origem a um aumento de densidade eletrnica por um mecanismo diferente

    do efeito indutivo. Este foi explicado como ocorrendo atravs de uma extenso

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    46

    do efeito mesomrico ou de conjugao, ocorrendo a deslocalizao, como

    segue.

    A Figura ----- mostra uma representao da hiperconjugao em alcenos

    pelo mtodo de orbitais moleculares (sigma ligante C-H; pi antiligante C=C) e

    pelo mtodo de ligao de valncia.

    Figura -----. Representao da hiperconjugao em alcenos.

    Este efeito foi designado por hiperconjugao e tem sido utilizado

    com sucesso para explicar vrios fenmenos de outros modos no

    relacionveis. Deve acentuar-se que no se est de fato a sugerir que um

    prton fica livre como mostrado na figura acima, se deslocasse da sua posio

    original uma das condies necessrias para a deslocalizao ocorrer, seria

    contrariada.

    A inverso da ordem esperada (indutiva) de eltron doao para CH3 >

    CH3CH2 > (CH3)2CH > (CH3)3C pode ser explicada com base na

    hiperconjugao ser dependente da presena de hidrognio nos tomos de

    carbono alfa em relao ao sistema insaturado. Esta est claramente num

    mximo com CH3 e no existente com (CH3)C, e da a maior capacidade

    eltron doadora dos grupos CH3 nestas condies.

    C CH2

    H

    H

    H

    C CH2-

    H

    H

    H+

    C H

    H

    H C

    H

    H C

    H

    H C

    H

    HH+

    - -

    -

    H+

    H+

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    47

    A hiperconjugao poderia envolver ligaes CC, bem como ligaes

    CH, e as diferenas em reatividade relativas observadas numa srie de

    compostos pode, de fato, resultar da atuao de efeitos do solvente, bem como

    de efeitos hiperconjugativos.

    A hiperconjugao tambm tem sido usada para explicar a maior

    estabilidade termodinmica de alcenos em que a ligao dupla no terminal,

    comparada com compostos isomricos em que a dupla terminal, onde os

    nove tomos de hidrognio alfa hiperconjugveis, comparados com apenas

    cinco tomos no ismero.

    Isto resulta na formao preferencial de alcenos no terminais, em

    reaes que poderiam conduzir a ambos ou aos seus ismeros terminais por

    introduo da ligao dupla, e a isomerizao bastante rpida do composto

    menos estvel no mais estvel.

    Efeitos estereoqumicos

    At aqui discutimos fatores que podem influenciar a disponibilidade

    relativa de eltrons em ligaes, ou em tomos particulares, num composto e

    assim afetar a reatividade desse composto. A atuao destes fatores pode, no

    entanto, ser modificada ou at mesmo anulada pela influncia de fatores

    esteroqumicos; assim, a deslocalizao efetiva via orbitais s pode ter lugar

    se os orbitais p ou , nos tomos envolvidos na deslocalizaao, puderem

    C CH2

    H

    H

    H

    C CH2

    H

    H

    CH3

    C CH2

    CH3

    CH3

    CH3

    C CH2

    CH3

    CH3

    CH3

    CH2CH3

    CH3C CH3CH3

    CH3

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    48

    tornar-se paralelos ou praticamente paralelos. Se houver impedimento, no

    pode ter uma sobreposio significativa, e a deslocalizaao pode ser inibida.

    Um exemplo dado pela comparao entre o comportamento da N,N-

    dimetilanilina e os seus derivados 2,6-dialquilados. O grupo N,N-Me2, sendo

    eltron doador (devido ao par de eltrons no compartilhado no nitrognio

    interagir com os orbitais deslocalizados no ncleo), ativa o ncleo em relao

    ao ataque pelo ction diaznio PhN2+, em relao ao acoplamento azico,

    conduzindo a substituio na posio para.

    O derivado 2,6-dimetlico no sofre acoplamento nessas condies,

    apesar do fato de os grupos metila que foram introduzidos estarem afastado

    um do outro para que o seu volume interfira diretamente com o ataque a

    posio para. O no acoplamento nesta posio devido aos dois grupos

    metilas, nas posies orto a NMe2, interferindo estereoquimicamente com os

    dois grupos metilas ligados ao nitrognio e impedindo assim que estes se

    situem no mesmo plano do anel benznico. Isto significa que os orbitais p no

    nitrognio e no tomo de carbono do anel ao qual se encontra ligado so

    impedidos de se tornarem paralelos entre si, e a sobreposio assim inibida.

    A interao eletrnica com o anel impedida, e no ocorre transferncia de

    carga.

    O efeito estereoqumico mais comum a obstruo estereoqumica

    clssica, em que o volume dos grupos influencia a reatividade diretamente num

    local do composto, impedindo a aproximao de um reagente do centro

    reacional, introduzindo uma obstruo no estado de transio e no

    promovendo ou inibindo a disponibilidade eletrnica.

    N

    CH3CH3:

    PhN2+

    N+CH3 CH3

    HNNPh

    - H+

    NCH3 CH3

    NNPh

    ..

    ..N

    CH3 CH3

    CH3CH3

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    49

    Deve acentuar-se que tal inibio estereoqumica s um caso extremo,

    e quaisquer fatores que perturbem ou inibam uma orientao particular do

    reagente relativamente um ao outro, no permitindo a sua aproximao

    suficientemente, podem tambm afetar profundamente a velocidade de

    reaes, o que se verifica frequentemente em reaes em sistemas

    biolgicos.

    Problema ----. Um anel de 6 membros contendo um grupo metoxila adota uma

    conformao em que este grupo est na posio equatorial (Equao 1). J o

    2-metoxitetrahidropirano prefere uma conformao em que o grupo metoxila

    ocupa uma posio axial (Equao 2).

    Eq.1 Eq. 2.

    Explique essa diferena e desenhe o diagrama de energia, mostrando os

    orbitais molecular .

    Resposta: O efeito eletrnico estabiliza o grupo mais eletronegativo na posio

    axial, alfa ao oxignio do anel, superando o efeito estreo que desestabiliza o

    mesmo na posio axial, conhecido como efeito anomrico. Ver diagrama

    abaixo:

    Visto que o orbital antiligante CO melhor aceptor de eltrons que o orbital

    antiligante CH, o confrmero com o grupo OMe axial mais estabilizado por

    esta interao (ca 1.2 kcal/mol).

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    50

    TIPOS DE REAGENTES

    Os grupos eletrodoadores e eletroretiradores possuem efeito de tornar

    um local de uma molcula rico ou deficiente em eltrons. Isto vai claramente

    influenciar o tipo de reagente com o qual o composto reagir mais facilmente.

    Uma espcie rica em eltrons, como o nion fenxido,

    tender ser mais facilmente atacada por ctions positivamente carregados

    como C6H5N2+, um ction diaznio, ou por outras espcies que, embora no

    sendo de fato ctions, possuem um tomo ou centro que eltron deficiente,

    por exemplo, o tomo de enxofre do trixido de enxofre na sulfonao.

    Tais reagentes, porque tendem a atacar o substrato numa posio de

    densidade eletrnica elevada, so chamados reagentes eletroflicos ou

    simplesmente eletrfilos.

    Inversamente, um centro eltron deficiente, como o tomo de carbono

    no clorometano,

    O-

    O

    -

    O S

    O

    O

    -

    -

    -

    +++

    CH3 Cl -+

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    51

    ser atacado mais facilmente por nions (carregados negativamente) tais como

    OH-, CN-, etc., ou por outras espcies que, embora no sendo de fato nions,

    possuem um tomo ou centro que rico em eltrons; por exemplo, o tomo de

    nitrognio no amonaco ou em aminas, P3N ou R3N. Estes reagentes tendem

    atacar o substrato numa posio de baixa densidade eletrnica, isto , onde o

    ncleo atmico est alm do seu comportamento normal, so chamados

    reagentes nucleoflicos ou simplesmente nuclefilos.

    Esta diferena de eletrfilo/nuclefilo pode ser considerada como um

    caso especial da ideia cido/base. A definio clssica de cidos e bases que

    os primeiros so doadores de prtons, e os segundos so aceitadores de

    prtons. Esta ideia foi tornada mais geral por Lewis, que definiu cidos como

    compostos preparados para aceitar pares de eletrons, e bases como

    substncias capazes de fornecer esses pares. Isto incluiria certo nmero de

    compostos no anteriormente considerados como cidos e bases, exemplo o

    trifluoreto de boro, que atua como um cido aceitando o par de eletrons do

    nitrognio da trimetilamina para formar o complexo neutro, e , portanto,

    chamado de um cido de Lewis.

    Os eletrfilos e os nuclefilos em reaes orgnicas podem ser

    considerados essencialmente como aceitadores e doadores, respectivamente,

    de pares eletrnicos, de um para outro tomo, mais frequentemente carbono.

    Os eletrfilos e os nuclefilos podem, claro, tambm relacionar-se com

    agentes oxidantes e redutores, pois os ltimos podem considerar-se como

    aceitadores de eltrons e os primeiros como doadores de eltrons. Alguns

    eletrfilos e nuclefilos mais comuns encontram-se listados a seguir.

    Exemplos de:

    Eletrfilos

    Nuclefilos

    H-, BH4

    -, HSO3

    -, HO

    -, RS

    -, CN

    -, RCO2

    -, RCC

    -, (EtCO2)2CH

    -, O:, N:, S:, MgBrR

    -, LiR

    -

    Quando o reagente est marcado com um asterisco, indica o tomo que

    aceita eltrons do substrato, ou doa eltrons ao substrato. No se pode fazer

    necessariamente uma distino clara entre o que constitui o reagente e qual o

    F3B + N(CH3)3: F3B N(CH3)3:- +

    H+, H3O

    +,

    +NO2,

    +NO, PhN2

    +, R

    3C

    +,

    +SO3,

    +CO2,

    +BF3,

    +AlCl3,

    +ICl, Br2, O3

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    substrato, porque embora NO2+, OH-, etc. sejam normalmente considerados

    como reagentes, o carbnion ((EtCO2)2CH-) pode ser o reagente ou substrato

    quando reage, por exemplo, com um haleto de alquila. A reao do primeiro

    com o ltimo um ataque nucleoflico, enquanto que a do segundo com o

    primeiro considerado como um ataque eletroflico, mas qualquer que seja o

    ponto de vista, numa reao, encarado o reagente, a sua natureza essencial

    no est por um momento sequer em dvida.

    Deve-se recordar que as reaes que envolvem radicais como entidades

    reativas so tambm conhecidas. Estas so muito menos susceptveis a

    variaes em densidade eletrnica no substrato do que as reaes que

    envolvem intermedirios polares, mas em geral so mais fortemente afetadas

    pela adio de pequenas quantidades de substncias que ou libertam ou

    removam radicais. Sero consideradas mais adiante.

    TIPOS DE REAES

    H quatro tipos de reaes que os compostos orgnicos podem sofrer.

    a) Reao de deslocamento (substituio);

    b) Reao de adio;

    c) Reao de eliminao;

    d) Rearranjo.

    Em (a) a substituio no carbono que normalmente se refere, mas o

    tomo substitudo pode ser hidrognio ou outro grupo.

    Na substituio eletroflica geralmente o hidrognio deslocado, sendo

    a substituio aromtica clssica um bom exemplo.

    Na substituio nucleofilica frequentemente, um tomo, que no o

    hidrognio, deslocado, porm a substituio nucleoflica do hidrognio

    tambm pode ocorrer.

    H

    +-NO2

    NO2

    + H+

    NC-

    + R Br CN R + Br-

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    A substituio induzida por radicais acontece tambm, e ocorre, por

    exemplo, a halogenao de alcanos.

    As reaes de adio, tambm, podem ser eletroflicas, nucleoflicas ou

    radicalares, dependendo do tipo de espcie que inicia o processo. A adio a

    ligaes duplas carbono-carbono simples normalmente ou induzida por

    eletrfilos ou por radical, exemplo, a adio de HBr, que pode ser iniciada pelo

    ataque de ou H+ ou Br- a ligao dupla.

    Pelo contrrio, as reaes de adio exibidas pela adio dupla carbono

    oxignio, em aldedos e cetonas simples, tm geralmente carter nucleoflico,

    um exemplo a formao, catalisada por base, de cianidrinas em HCN lquido.

    As reaes de eliminao so essencialmente o inverso das reaes de

    adio. O tipo mais comum a perda de hidrognio e de outro tomo ou grupo

    de tomos de carbono adjacentes para dar alcenos.

    Os rearranjos tambm podem ocorrer via intermedirios que so

    essencialmente ctions, nions ou radicais, embora os que envolvem ons

    carbnios, ou outras espcies eltron deficientes, sejam de longe os mais

    comuns. Podem envolver um grande rearranjo do esqueleto carbonado de um

    composto, como na converso de 2,3-dimetilbutan-2,3-diol (pinacol) em 2,2-

    dimetilbutan-3-ona (pinacolona).

    Nestas transformaes a verdadeira etapa do rearranjo , muitas vezes,

    seguida por uma substituio, adio ou eliminao, antes que se obtenha um

    produto final estvel.

    CH3

    CH3

    CH3

    CH3

    HBrCH3

    CH3

    CH3

    CH3 H

    Br

    - H2OCH3

    CH3

    CH3

    CH3OH OH

    CH3CH3

    CH3 O

    CH3

    CH3

    CH3

    CH3 H

    Br

    - HBrCH3

    CH3

    CH3

    CH3

    CH3

    CH3

    CH3

    CH3 H

    OH

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    1O ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO

    1. A teoria dos orbitais moleculares (TOM) surgiu como mais uma ferramenta para explicar a formao

    das ligaes qumicas, assim como, teoria da ligao de valncia, hibridizao. Porm tem suas bases

    amparadas pelas funes de ondas advindas da mecnica quntica a qual ofereceu todo o respaldo para

    essa teoria. Faa uma descrio geral sobre a TOM. Explique o conceito de sobreposio de orbitais

    (relacionando com as suas funes de onda). Porque estes podem formar orbitais ligantes e

    antiligantes? Demonstre atravs de desenho a formao dos orbitais moleculares hbridos sp,

    sp2 e sp3.

    Na teoria dos orbitais moleculares, os eltrons ocupam orbitais chamados orbitais moleculares, que se espalham por toda

    a molcula. Todos os eltrons de valncia esto deslocalizados sobre toda a molcula, isto , no pertence a nenhuma ligao em

    particular. Os orbitais moleculares so sempre construdos a partir da adio (sobreposio ou superposio) de orbitais atmicos

    que pertencem camada de valncia dos tomos da molcula.

    Qualquer orbital molecular formado a partir da superposio dos orbitais atmicos chamado de combinao linear de

    orbitais atmicos, neste estgio no existem eltrons no orbital molecular, que somente uma combinao, no caso a soma, de

    funes de onda. Os dois orbitais atmicos so como ondas centradas em ncleos. Entre os ncleos, as ondas interferem

    construtivamente uma com a outra, no sentido que a amplitude total da funo de onda aumenta onde ocorre superposio.

    O aumento da amplitude na regio internuclear indica que existe uma maior densidade de probabilidade entre os ncleos.

    Como um eltron que ocupa um orbital molecular atrado por ambos os ncleos, ele tem energia menor do que quando est

    confinado ao orbital atmico de um tomo. Alm disso, como o eltron pode ocupar um volume maior do que quando est

    confinado a um nico tomo, ele tambm tem energia cintica mais baixa. O orbital resultante da combinao de orbitais atmicos

    que tm a menor energia total chamado de orbital ligante. Quando n orbitais atmicos se superpem, eles formam n orbitais

    moleculares. A combinao de orbitais atmicos que tem a maior energia total chamada de orbital antiligante. Os orbitais

    moleculares so formados pela combinao de orbitais atmicos: quando os orbitais atmicos interferem construtivamente, formam-

    se orbitais ligantes, e quando interferem destrutivamente, formam orbitais antiligantes. N orbitais atmicos combinam-se para dar

    N orbitais moleculares.

    2. Dois tomos de Hidrognio interagem para formar a molcula H2. Faa um diagrama indicando os orbitais atmicos e moleculares. Mostre a distribuio eletrnica

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    3. Porque os DIENOS CONJUGADOS so mais estveis que os dienos isolados? 4. Sugira uma explicao para as diferenas nos CALORES DE COMBUSTO apresentados abaixo:

    COMPOSTO CALOR DE COMBUSTO (KJ/mol)

    Ciclo-hexeno -120 Ciclo-hexadieno -232 Benzeno -208

    5. D uma explicao para a mudana de colorao observada na srie de ,-DIFENIL-POLIENOS, abaixo:

    C6H5(CH=CH)nC6H5 COR

    n=1 incolor n=2 amarelo n=3 laranja n=4 vermelho

    6. Defina e d exemplos de: a) efeito indutivo d) efeito eletromrico b) efeito mesomrico e) efeito estrico c) efeito indutomrico f) hiperconjugao 7. Escreva as estruturas de ressonncia para: a) fenol b) benzaldedo c) anilina d) nitrobenzeno 8. Pesquise sobre a isomerizao abaixo:

    9. Justifique porque os cidos A e B so difceis de esterificar e o C no.

    10. Embora quase todas as espcies orgnicas estveis tenham tomos de carbono tetravalente, sabe-se que existem espcies que possuem tomos de carbonos trivalentes. Os carboctions so uma destas classes de compostos. a) Qual a relao existente entre um carboction e um composto de boro trivalente como o BF3? b) Quantos eltrons de valncia possuem o tomo de carbono carregando positivamente? c) Que tipo de hibridao deve possuir esse tomo de carbono? d) Qual a geometria do carboction?

    O

    Base

    O

    Me

    CMe

    O OH

    R3COOH

    Me

    CH2Me

    CO OH

    A B C

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    11. Um carbnion uma espcie que tem um carbono trivalente carregado negativamente. a) Qual relao existente entre um carbnion e um composto de nitrognio trivalente como o NH3? b) Quantos eltrons de valncia possuem o tomo de carbono carregado negativamente? c) Que tipo de hibridao deve possuir esse tomo de carbono? d) Qual e a geometria do carbnion? 12. Compostos aromticos sofrem reaes de substituio eletroflica catalisada por cidos de Lewis anidros. Considerando a piridina e o eletrfilo NO2+ mostre qual carbono o mais susceptvel de ataque. Idem para o pirrol.

    13) Discuta sobre a hibridizao e geometria para cada um dos seguintes tomos nas molculas seguintes ou intermedirios. a. CH3 C=N b. phN=C=S C. (CH3)3P 14) Escreva as estruturas de ressonncia para o naftaleno 15) Escreva as formas de ressonncia para os intermedirios na nitrao do Anisol na posio para 16) Usualmente, estruturas de ressonncia so mais importantes quando a carga negativa est sobre o tomo mais eletronegativo e a carga positiva est sobre o tomo mais eletropositivo. Estruturas de ressonncia que apresenta de carga so de mais alta energia e no contribuem to significativamente para o hbrido de ressonncia quanto aquelas estruturas que no apresentam separao de carga.

    muito mais importante do que

    muito mais importante do que Voc acha que a deslocalizao como mostrada abaixo pelas seguintes estruturas de ressonncia importante? Explique por que ou por que no?

    17) Os trs fosfitos abaixo exibem diferentes reatividades frente a eletrfilo (eq 1) (Gorenstein, JACS 1984, 106, 7831). Qual a ordem de reatividade? Explique.

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    18) Para cada dos seguintes pares, indique qual a base mais forte. Para b e d use estruturas de ressonncia para racionalizar a basicidade relativa.

    19) Com base na figura abaixo discuta sobre o efeito do substituinte no anel benzeno

    com relao a energia de estabilizao.

    20. Escreva as estruturas de ressonncia para as seguintes estruturas:

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