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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila nº 1 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 1 1. Cidadania, direitos humanos e movimentos sociais Direitos civis, políticos e sociais "Alguns pensadores entendem a história da sociedade capitalista como uma história marcada por uma evolução dos direitos do homem, de caráter irreversível. Dentre esses autores, o mais citado nesse sentido tem sido o inglês T. H. Marshall. "Marshall estuda a formação do Estado do Bem-Estar Social - o Welfare State -, considerado, durante parte do século XX, como um exemplo de que o capitalismo - e não o socialismo... era o sistema econômico, político e social ideal, o único capaz de garantir verdadeiramente a prosperidade e uma vida segura, livre e igualitária para todos os seus cidadãos. Realmente, entre o fim da II Guerra Mundial e o início dos anos 1970, os países capitalistas mais avançados, conhecidos como o "Primeiro Mundo", conheceram níveis de progresso e de riqueza antes nunca vistos. E o Estado era o principal responsável em prover a subsistência digna de todos os seus cidadãos, garantindo para todos educação e saúde públicas de qualidade, saneamento, transporte, rede de energia elétrica e, depois de tudo, uma aposentadoria tranqüila. Esse Estado Providência, de pleno emprego, altos salários e plenos direitos para todos os indivíduos, era caracterizado pela democracia como regime de governo, com partidos políticos representativos, inclusive dos trabalhadores - como se apresentavam os partidos identificados com o Estado do Bem-Estar, defensores da social democracia e do trabalhismo. "(...) Mas o Estado do Bem-Estar Social durou apenas cerca de trinta anos! Estes foram chamados depois de os "Trinta Anos Gloriosos" do capitalismo. "Pois bem: Marshall apresentava esse Estado como uma conseqüência natural do progresso capitalista. Um progresso que teria acontecido aos poucos na história, a partir da evolução da organização das sociedades que realizaram a Revolução Industrial. "Tomando a Inglaterra como modelo, Marshall (1967) procurou mostrar que, desde o século XVIII, teria acontecido uma "ampliação progressiva" da cidadania. Primeiro, no séc. XVIII, teriam se constituído os direitos civis, relacionados à liberdade individual e às relações de trabalho. Depois, no séc. XIX, a cidadania passou a compreender os direitos políticos, ou seja, os trabalhadores passaram a ter o direito de participar no exercício do poder político. Por fim, já no séc. XX, o Estado do Bem-Estar inglês significou a conquista dos direitos sociais, no qual todos passaram a ter acesso à distribuição da riqueza produzida no país, através da elaboração de políticas sociais universais." Cidadania: capitalismo ou socialismo? "Karl Marx e Friedrich Engels, os principais teóricos do socialismo científico, mostraram, em diversos trabalhos, que o capitalismo era um sistema baseado numa injustiça estrutural, já que ele era movido por uma brutal exploração da mão-de-obra dos trabalhadores. Assim, portanto, uma verdadeira cidadania somente seria possível se o proletariado superasse o capitalismo, através da Revolução Socialista. Mais adiante, no comunismo, o pleno exercício da cidadania seria estendido a todos os seres humanos." A experiência socialista, levada a cabo no séc. XX, a partir da Revolução Soviética de 1917, não se sustentou. Entre 1989-91, ocorre a queda do socialismo no Leste Europeu e na URSS. Por outro lado, o capitalismo tem se mostrado ainda mais utópico com seu inalcançável lema "liberdade, igualdade e fraternidade". O sistema, que tem por finalidade o lucro egoísta, é incapaz de garantir direitos plenos de cidadania. Produz e reproduz, de forma ampliada, o desemprego, a pobreza, a miséria e as favelas, a fome e as doenças, o analfabetismo, a alienação e a ignorância, a insegurança, a violência e as guerras... "... O capitalismo é estruturalmente um sistema baseado na desigualdade social e na exclusão, dos seus benefícios, da maioria da população. Estamos falando de um sistema global. Assim, podemos dizer que as sociedades capitalistas mais avançadas socialmente - como a Inglaterra citada por Marshall, para exemplificar o Estado do Bem-Estar Social europeu - só puderam garantir aqueles 'trinta anos gloriosos', exatamente porque se tratava de se construir um modelo que pudesse se contrapor à atração exercida pelo progresso econômico da URSS, o desenvolvimento do Primeiro Mundo estava diretamente relacionado à intensa exploração das riquezas naturais e da mão-de-obra barata do Terceiro Mundo (América Latina, África e Ásia) pelas multinacionais americanas, japonesas e européias". (Extraído e adaptado do livro "Sociologia para jovens do século XXI": Oliveira, L. F. & Costa, R. C. R.)

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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila nº 1 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 1

1. Cidadania, direitos humanos e movimentos sociais

Direitos civis, políticos e sociais

"Alguns pensadores entendem a história da sociedade

capitalista como uma história marcada por uma evolução

dos direitos do homem, de caráter irreversível. Dentre esses

autores, o mais citado nesse sentido tem sido o inglês T. H.

Marshall.

"Marshall estuda a formação do Estado do Bem-Estar Social

- o Welfare State -, considerado, durante parte do século

XX, como um exemplo de que o capitalismo - e não o

socialismo... era o sistema econômico, político e social ideal,

o único capaz de garantir verdadeiramente a prosperidade e

uma vida segura, livre e igualitária para todos os seus

cidadãos. Realmente, entre o fim da II Guerra Mundial e o

início dos anos 1970, os países capitalistas mais

avançados, conhecidos como o "Primeiro Mundo",

conheceram níveis de progresso e de riqueza antes nunca

vistos. E o Estado era o principal responsável em prover a

subsistência digna de todos os seus cidadãos, garantindo

para todos educação e saúde públicas de qualidade,

saneamento, transporte, rede de energia elétrica e, depois

de tudo, uma aposentadoria tranqüila. Esse Estado

Providência, de pleno emprego, altos salários e plenos

direitos para todos os indivíduos, era caracterizado pela

democracia como regime de governo, com partidos políticos

representativos, inclusive dos trabalhadores - como se

apresentavam os partidos identificados com o Estado do

Bem-Estar, defensores da social democracia e do

trabalhismo.

"(...) Mas o Estado do Bem-Estar Social durou apenas cerca

de trinta anos! Estes foram chamados depois de os "Trinta

Anos Gloriosos" do capitalismo.

"Pois bem: Marshall apresentava esse Estado como uma

conseqüência natural do progresso capitalista. Um

progresso que teria acontecido aos poucos na história, a

partir da evolução da organização das sociedades que

realizaram a Revolução Industrial.

"Tomando a Inglaterra como modelo, Marshall (1967)

procurou mostrar que, desde o século XVIII, teria acontecido

uma "ampliação progressiva" da cidadania. Primeiro, no séc.

XVIII, teriam se constituído os direitos civis, relacionados à

liberdade individual e às relações de trabalho. Depois, no

séc. XIX, a cidadania passou a compreender os direitos

políticos, ou seja, os trabalhadores passaram a ter o direito

de participar no exercício do poder político. Por fim, já no

séc. XX, o Estado do Bem-Estar inglês significou a

conquista dos direitos sociais, no qual todos passaram a

ter acesso à distribuição da riqueza produzida no país,

através da elaboração de políticas sociais universais."

Cidadania: capitalismo ou socialismo?

"Karl Marx e Friedrich Engels, os principais teóricos do

socialismo científico, mostraram, em diversos trabalhos, que

o capitalismo era um sistema baseado numa injustiça

estrutural, já que ele era movido por uma brutal exploração

da mão-de-obra dos trabalhadores. Assim, portanto, uma

verdadeira cidadania somente seria possível se o

proletariado superasse o capitalismo, através da Revolução

Socialista. Mais adiante, no comunismo, o pleno exercício

da cidadania seria estendido a todos os seres humanos."

A experiência socialista, levada a cabo no séc. XX, a partir

da Revolução Soviética de 1917, não se sustentou. Entre

1989-91, ocorre a queda do socialismo no Leste Europeu e

na URSS. Por outro lado, o capitalismo tem se mostrado

ainda mais utópico com seu inalcançável lema "liberdade,

igualdade e fraternidade". O sistema, que tem por finalidade

o lucro egoísta, é incapaz de garantir direitos plenos de

cidadania. Produz e reproduz, de forma ampliada, o

desemprego, a pobreza, a miséria e as favelas, a fome e as

doenças, o analfabetismo, a alienação e a ignorância, a

insegurança, a violência e as guerras...

"... O capitalismo é estruturalmente um sistema baseado na

desigualdade social e na exclusão, dos seus benefícios, da

maioria da população. Estamos falando de um sistema

global. Assim, podemos dizer que as sociedades capitalistas

mais avançadas socialmente - como a Inglaterra citada por

Marshall, para exemplificar o Estado do Bem-Estar Social

europeu - só puderam garantir aqueles 'trinta anos

gloriosos', exatamente porque se tratava de se construir um

modelo que pudesse se contrapor à atração exercida pelo

progresso econômico da URSS, o desenvolvimento do

Primeiro Mundo estava diretamente relacionado à intensa

exploração das riquezas naturais e da mão-de-obra barata

do Terceiro Mundo (América Latina, África e Ásia) pelas

multinacionais americanas, japonesas e européias".

(Extraído e adaptado do livro "Sociologia para jovens do

século XXI": Oliveira, L. F. & Costa, R. C. R.)

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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila 1 - Prof. Renato Fialho - Página 2

Declaração Universal dos Direitos Humanos Adotada e proclamada pela Assembleia Geral na sua Resolução 217A (III) de 10 de Dezembro de 1948.

Preâmbulo Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos humanos conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem;

Considerando que é essencial a proteção dos direitos humanos através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais;

Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:

A Assembleia Geral

Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

***

Artigo 1º

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2º

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3º

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4º

Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5º

Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6º

Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua personalidade jurídica.

Artigo 7º

Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8º

Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9º

Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila 1 - Prof. Renato Fialho - Página 3

Artigo 10º

Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11º

1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.

2. Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o ato delituoso foi cometido.

Artigo 12º

Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei.

Artigo 13º

1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.

2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14º

1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.

2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15º

1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.

2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16º

1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.

2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.

3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.

Artigo 17º

1. Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade.

2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18º

Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19º

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20º

1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21º

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.

3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22º

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

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Artigo 23º

1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.

3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social.

4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.

Artigo 24º

Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.

Artigo 25º

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.

2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social.

Artigo 26º

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental.

O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.

2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.

3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos filhos.

Artigo 27º

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.

2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28º

Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.

Artigo 29º

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.

2. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.

3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30º

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila 1 - Prof. Renato Fialho - Página 5

Neoliberalismo no Brasil e suas implicações

para os movimentos sociaisTexto de Eraldo Leme Batista

Pretendemos neste texto abordar as questões relativas

ao neoliberalismo e suas implicações para o conjunto da

classe trabalhadora. Entendemos que as ideias

neoliberais expandiram-se pelo mundo tornando-se

referência para muitos governos implantarem políticas

públicas sob este viés ideológico e político, fortalecendo

o mercado e enfraquecendo o Estado enquanto

implementador de políticas públicas.

Segundo Moraes (2001), o neoliberalismo "(...) é uma

corrente de pensamento e uma ideologia, isto é, uma

forma de ver e julgar o mundo social; um movimento

intelectual organizado, que realiza reuniões,

conferências e congressos", além de organizar

publicações, divulgando-as, defendendo, justificando sua

concepção de mundo. Os neoliberais difundiram

amplamente as "políticas adotadas pelos governos

neoconservadores, sobretudo a partir da segunda

metade dos anos 1970, e propagadas pelo mundo a

partir das organizações multilaterais criadas pelo acordo

de Bretton Woods (1945), isto é, o Banco Mundial e o

Fundo Monetário Internacional (FMI)" (Moraes, 2001, p.

10)

Este movimento político e ideológico torna-se forte

diante da crise capitalista ocorrida na década de 1970,

divulgando críticas severas ao Estado de Bem-estar

Social, culpando as teses keynesianas e as experiências

ocorridas na Europa, pós 1945, como responsáveis pela

crise. Este movimento conservador ganha mais força

com as vitórias de governos como os de "(...) Ronald

Reagan, nos EUA (1980), Margareth Thatcher, na

Inglaterra (1979); Yasuhiro Nakasone, no Japão (1982);

e Helmut Kohl, na Alemanha (1982)", que passam a

defender e implementar políticas de redução nos

investimentos em políticas sociais, um Estado sob

controle fiscal, ampliação das políticas de

desregulamentação das leis trabalhistas, ações

autoritárias com o movimento sindical (Heloani, 2003, p.

99).

Na mesma linha de raciocínio, Corrêa (2003), entende

que:

As origens do neoliberalismo remontam à década de 1940,

logo após a Segunda Guerra Mundial, como uma reação

teórica e política contra o Estado intervencionista e de

bem-estar social vigente. O seu surgimento, e posterior

hegemonia mundial, como uma forma de acumulação

flexível do capital e uma ideologia que perdura até os dias

atuais, marcam o fim do modelo industrial fordista e do

modelo político-econômico keynesiano. O modelo fordista

foi gradualmente sendo substituído na esfera econômica

pela terceirização, desregulamentação, predomínio do

capital financeiro, dispersão e fragmentação da produção,

centralização/ velocidade da informação e velocidade das

mudanças tecnológicas. Por sua vez, o modelo keynesiano

do Estado de bem-estar social foi condenado pela política

neoliberal que, em seu lugar, criou o Estado mínimo, a

desregulação do mercado, a competitividade e a

privatização da esfera pública. Temos, portanto, um

modelo econômico e político que no plano da ideologia se

materializa no predomínio do fetichismo da mercadoria;

no plano econômico e social traduz-se no processo

crescente de exclusão social, a partir da exclusão

econômica e social da classe trabalhadora; e no plano das

teorias, na crise da razão (Corrêa, 2003, p. 39).

Em novembro de 1989, ocorre na cidade de Washington

uma reunião com a presença de altos funcionários do

governo norte-americano, funcionários de organismo

financeiros internacionais, como o FMI, Banco Mundial e

BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), com o

objetivo de discutirem assuntos relacionados aos países

latino-americanos. O objetivo desta reunião era "(...)

proceder a uma avaliação das reformas econômicas

empreendidas nos países da região. Para relatar a

experiência de seus países também estiveram presentes

diversos economistas latino-americanos. Às conclusões

dessa reunião é que se daria, subsequentemente, a

denominação informal de Consenso de Washington"

(Batista, 1994, p. 5).

Este encontro também tinha por objetivo definir

orientações para as reformas que deveriam ser

implementadas pelos governos dos países dependentes

deste continente. Serviu também para registrar, ratificar

e apoiar as políticas neoliberais que já estavam sendo

implementadas pelo mundo e para fortalecer as

orientações para os países periféricos implementarem as

mesmas.

Trata-se de uma ideologia que se concretiza, sobretudo,

na estruturação de uma economia voltada somente à

vantagem individual, ou seja, ao lucro e à sua

maximização, situando tudo numa função instrumental e

transformando qualquer ser vivente, até a pessoa

humana, em mercadoria a serviço do lucro. Para Moraes

(2001), a ideologia neoliberal:

(...) prega o desmantelamento das regulações produzidas

pelos Estados nacionais, mas acaba transferindo muitas

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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila 1 - Prof. Renato Fialho - Página 6

dessas regulações (produção de normas, regras e leis)

para uma esfera maior: as organizações multilaterais

como o G7, a OMC, o Banco Mundial, o FMI, dominadas

pelos governos e banqueiros dos países capitalistas

centrais. Durante os séculos XIX e XX, os movimentos

trabalhistas haviam lutado para conquistar o voto, o

direito de organização e, assim, influir sobre a elaboração

de política, elaboração de leis e normas. Agora que

conquistaram esse voto, o espaço em que ele se exerce é

esvaziado em proveito de um espaço maior, mundializado,

onde eles não votam nem opinam (Moraes, 2001, p. 39).

O instrumento privilegiado pelo neoliberalismo para

alcançar a vantagem individual é o mercado livre, onde

não haja intermediações do Estado e exista a única lei da

demanda e da oferta que é o coração do comércio, e onde

tudo possa ser considerado "mercadoria".

Este movimento ideológico parte do pressuposto de que

a instituição por excelência capaz de viabilizar este

projeto é o mercado. Para tanto, é necessário promover a

associação de todos os países sob a égide de um mercado

mundial, o que supõe uma política comercial comum e a

liberalização generalizada de tarifas alfandegárias.

Definimos o neoliberalismo como a hegemonia das

esferas política e econômica da maior liberdade para as

forças de mercado, menor intervenção estatal (Estado

mínimo), desregulamentação, privatização do

patrimônio público, preferência pela propriedade

privada, abertura dos mercados, ênfase na

competitividade internacional e redução da proteção

social.

Com relação a abertura de mercados, por exemplo,

Batista (1994) nos informa que uma das justificativas

para a mesma era a ineficiência do protecionismo, como

obstáculos aos interesses do "consumidor nacional" e

também como impedimento para maior inserção

"competitiva na economia mundial".

Nas teses aclamadas no Consenso de Washington não se

levava em conta o caráter oligopolista do comércio

internacional dominado pelas grandes empresas dos

países centrais:

Nem o fato de que substancial parcela desse comércio já se

faz intrafirmas, entre matrizes e subsidiárias, o que torna

ainda mais difícil o controle das práticas restritivas de

negócio. Nem se toma em consideração como a má

estrutura da distribuição de renda pode afetar a

propensão a importar. Nesse raciocínio, desconsidera-se

também o risco da desindustrialização e do desemprego, o

que, aliás, inevitavelmente reduziria o número dos

consumidores cuja defesa se invoca (Batista, 1994, p. 32).

Constatamos a partir do exposto pelo autor, que, em

linhas gerais, a defesa do Consenso de Washington sobre

a abertura dos mercados tinha por objetivo beneficiar

ainda mais as empresas oligopolistas, pois o

protecionismo, em nenhum momento, foi colocado em

questão.

Corrêa (2003) alerta que é no plano ideológico que se dá

a ofensiva deste movimento. É a partir de ideias

defendidas especialmente por Hayek e Friedman que

ocorreu o crescimento deste movimento ideológico e

político:

a crise do capitalismo é passageira e

conjuntural;

o capitalismo é a única forma possível de

relações econômicas e sociais historicamente

comprovada com a queda do muro de Berlim, o

fim do socialismo real, o fim da história;

a utopia socialista esvaziou-se com o colapso do

socialismo real, varrida para o "lixo da história";

a igualdade leva à servidão humana, e a

liberdade de mercado à prosperidade;

o surgimento da sociedade do conhecimento, o

desaparecimento do proletariado e a

emergência do cognitariado marcam o fim do

trabalho como categoria fundamental;

o advento do pós-modernismo marca o fim da

razão etnocêntrica e totalitária (sobre as

categorias gerais como universalidade,

objetividade, ideologia, verdade) e o surgimento

do subjetivismo narcísio (ênfase na diferença,

alteridade, subjetividade, contingência,

descontinuidade, privado sobre o público,

particularidade e localismo) (Corrêa, 2003, p.

39-40).

Para os neoliberais, o capitalismo é a única possibilidade

de organização societal, principalmente após a queda do

muro de Berlim. A crise do socialismo real, mostrou para

o mundo, segundo os neoliberais, que o socialismo não

se sustenta como proposta de organização da sociedade.

Com a vitória de governos sob orientação neoliberal na

década de 1970 e aumento das crises dos governos

considerados socialistas, a política de disseminação das

teses neoliberais ganha força, principalmente após a

crise do Estado de bem-estar social. Neste período, o FMI

empresta dinheiro para os países endividados com juros

altíssimos, e o Banco Mundial passa a financiar projetos

sociais desde que sejam dentro de suas orientações.

Neste sentido fortalece cada vez mais o discurso da

ampla reforma do Estado, transformando num dos

principais objetivos das políticas públicas dos anos 1980,

principalmente nos países periféricos. Isso posto,

informamos a nossa concordância com as análises

realizadas por Chesnais (1992, p. 265). Para ele, essas

organizações multilaterais foram fundamentais para as

formulações e orientações políticas neoliberais, que

deveriam ser implementadas nos países periféricos.

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A acelerada desregulamentação dos mercados financeiros

"emergentes", instigada pelo FMI e pelo Banco Mundial,

significou a completa submissão desses países ao

neoliberalismo, mas também trouxe consigo mais um

elemento de risco sistêmico, no plano internacional.

Incorporar, ao sistema "incompleto" de mundialização

financeira, países que, antes, tinham sistemas fechados,

com dirigentes pouco experimentados nas sutilezas das

finanças de mercado, acaba resultando na criação de

economias muito frágeis, nas quais certos abalos

financeiros, dominados pelas reações dos investidores

estrangeiros, podem se propagar de forma contagiosa,

atingindo funções essenciais do sistema financeiro e

estendendo-se à esfera da produção e intercâmbio

(Chesnais, 1999, p. 265).

Tornam-se mais constantes novos conceitos, como

empregabilidade, desregulamentação, privatização,

mercado, terceirização, flexibilização dos contratos de

trabalho, administração pública gerencial. Além de novos

conceitos, surge também como forma de dar suporte à

avalanche neoliberal, teorias como a do fim da história,

da "obsolescência" dos clássicos e da "total inutilidade"

de todo pensamento crítico. Dessa forma, a priori, o

pensamento crítico é tido como não instrumental, não

diretamente aplicável ao "mundo prático" (Heloani,

2003).

Entendemos, assim como Heloani (2003, p. 101), que o

"neoliberalismo propõe a 'despolitização' radical das

relações sociais, em que qualquer regulação política de

mercado (quer por via do Estado ou de outras

instituições) é já a princípio repelida".

Ao analisar o neoliberalismo e suas implicações para o

mundo do trabalho, Antunes (2009) observa que este

movimento combateu radicalmente o sindicalismo de

esquerda, desmontou os direitos sociais:

(...) com a enorme expansão do neoliberalismo a partir de

fins de 70 e consequente crise Welfare State, deu-se um

processo de regressão da própria social democracia que

passou a atuar de maneira muito próxima da agenda

neoliberal. O neoliberalismo passou a ditar o ideário e o

programa a serem implementados pelos países

capitalistas, inicialmente no centro e logo depois nos

países subordinados, contemplando reestruturação

produtiva, privatização acelerada, enxugamento do

Estado, políticas fiscal e monetária sintonizadas com os

mecanismos mundiais de hegemonia do capital, como o

FMI e o BIRD, desmontagem dos direitos sociais dos

trabalhadores, combate cerrado ao sindicalismo de

esquerda, propagação de um subjetivismo e um

individualismo exacerbados, dos quais a cultura 'pós-

moderna' é expressão, animosidade direta contra

qualquer proposta socialista contrária aos valores e

interesses do capital (Antunes, 2009, p. 187).

As políticas neoliberais estimularam os processos de

reestruturação produtiva, ampliando o desemprego, os

processos de terceirização e também as diversas formas

de trabalhos temporários, fragmentados, despossuídos

de direitos e precários. Verificamos a face destrutiva do

capital diante da demolição das "forças produtivas, do

espaço ambiental e particularmente à força viva do

trabalho" (Antunes, 2005, p. 75).

Entendemos que a proliferação das políticas neoliberais

na década de 90 no Brasil teve por objetivo

desregulamentar o mercado de trabalho, flexibilizar as

leis trabalhistas, controlar os sindicatos, fragilizar a

organização sindical diante das mudanças de orientação

do Estado brasileiro, principalmente diante da repressão

sobre as mobilizações dos trabalhadores como ocorreu

em 1995, com a forte repressão do governo FHC sobre os

trabalhadores petroleiros.

Neoliberalismo na América Latina e

os movimentos sociais (alguns trechos do texto)

Neste tópico iremos analisar a questão do

neoliberalismo na América Latina e a resistência dos

movimentos sociais. Um dos setores afetados pelas

políticas neoliberais foi a educação, e iremos observar

destas políticas neoliberais não se deu sem resistências,

protestos e mobilizações dos profissionais deste setor.

Barreto e Leher (2003), por exemplo, nos informam que

a participação de uma "pequena intelligentsia crítica"

contribuiu decisivamente para a elaboração dos

congressos nacionais de educação e também na

"elaboração de um Plano Nacional de Educação da

sociedade brasileira, bem como no Fórum Mundial de

Educação" (Barreto e Leher, 2003, p. 55).

[...] A partir de suas pesquisas, esses autores observam

que mesmo sob dificuldades dos limites impostos "por

uma correlação de força em que os trabalhadores são o

pólo mais frágil, de oferecer resistência, às custas de

greves difíceis, fortemente reprimidas pelos governos

regionais e locais", e apontam ainda a necessidade e

importância da resistência contra as políticas

neoliberais.

[...] Uma questão importante destacada pelos autores é a

visão de classe, entendimento de classe, ou seja:

(...) Não serão os educadores que isoladamente, reverterão

o quadro de heteronomia cultural vigente (...) é preciso

enfatizar que somente o conjunto da classe-que-vive-do-

trabalho pode reverter o substrato da heteronomia que é a

condição capitalista dependente do país. Enquanto as

malhas do capital continuar a estrangular a esfera

pública em benefício do deslocamento da riqueza

socialmente produzida para os donos do poder, as

mudanças serão muito restritas (Barreto e Leher, 2003, p.

56)

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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila 1 - Prof. Renato Fialho - Página 8

Mesmo sob estas considerações, os autores observam a

importância desta luta, pois é resgate da luta docente e

contribui para fortalecer a categoria. Os educadores não

podem se subordinar a essa lógica, à agenda neoliberal;

precisam lutar, resistir ao avanço desta ideologia e as

políticas implementadas pelo governo federal.

[...] Segundo Antunes (2005), tem aumentado em todo

planeta manifestações contra o neoliberalismo e contra

toda e qualquer forma de exclusão social. Este autor cita

algumas organizações no Brasil, como o Grito dos

Excluídos, a luta pela terra e principalmente o Fórum

Social Mundial, que teve suas primeiras atividades em

Porto Alegre (Brasil) e que são demonstrações claras de

resistência e busca de alternativas ao sistema vigente.

Muitos foram os debates, as deliberações e

principalmente o compromisso de fazer avançar a luta

pela justiça, inclusão social, mudanças nos rumos da

sociedade global. Antunes (2005) considera importante

o fato de ter se estabelecido uma articulação entre

milhares de movimentos sociais e organizações

comprometidas com as bandeiras de mudanças deste

mundo, sob o lema "Um outro mundo é possível".

[...] Este autor entende ainda que as lutas sociais devem

ser articuladas cada vez mais a uma luta de amplitude

internacional. Esta luta mundial deve ter como objetivo

se contrapor ao movimento do capital internacional...

Extraído do Livro: 'Movimentos sociais, trabalho associado e educação

para além do capital', Rodrigues, Fabiana C.; Novaes Henrique T.;

Batista, Eraldo L. (orgs.), vol. 2.

Nota: Por questão de espaço, foram suprimidas as Referências

bibliográficas.

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SOCIOLOGIA - 2º ANO - Apostila 1 - Prof. Renato Fialho - Página 9

Elitismo e democracia

Trecho de texto extraído do livro "Teoria das Elites",

de Cristina Buarque de Hollanda. Rio: Editora Zahar, 2011.

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