1º caderno - a madeira como material de engenharia...

66
1º Caderno 1 INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO NAVAL EM MADEIRA E SEUS COMPÓSITOS 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA NAVAL ÓSCAR MOTA Engenheiro construtor naval ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS www.aim.pt [email protected] apoios 1º Caderno 2 INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO NAVAL EM MADEIRA E SEUS COMPÓSITOS 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA NAVAL NOTA DE ACTUALIZAÇÃO Sendo este trabalho de 2004, o pedido da sua publicação em "site" apropriado levou-nos a fazer uma rápida revisão, para tentar eliminar algumas gralhas. Há, porém, uma novidade que é preciso assinalar: a da publicação da notável série de normas ISO 12215 aplicáveis a embarcações abaixo dos 24m (com ênfase nas embarcações de recreio), que contém indicações muito úteis sobre embarcações com cascos em contraplacado e/ou moldados a frio. O destaque vai para a norma EN ISO 12215-3:2002 (Ed. 1) - Embarcações pequenas. Construção do casco e escantilhões. Parte 3: Materiais: Aço, ligas de alumínio, madeira, outros materiais. Para projecto de embarcações e sua construção, são do maior interesse, mesmo para embarcações de madeira, as normas preliminares prEN ISO 12215-5 e prEN ISO 12215-6, embora mais complexas do que as regras elaboradas pela RINAVE. Quanto às listagens de normas que se encontram nos anexos 1 a 5, carecem de actualizaçã,o mas a sua alteração levar-nos-ia a uma profunda remodelação do trabalho, que não está prevista para agora. Óscar Mota Setembro de 2006

Upload: others

Post on 10-Dec-2020

1 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 1

INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO NAVAL EM MADEIRA E SEUS COMPÓSITOS

1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA

NAVAL

ÓSCAR MOTA Engenheiro construtor naval

ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS www.aim.pt

[email protected]

apoios

1º Caderno 2

INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO NAVAL EM MADEIRA E SEUS COMPÓSITOS

1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE

ENGENHARIA NAVAL NOTA DE ACTUALIZAÇÃO

Sendo este trabalho de 2004, o pedido da sua publicação em "site" apropriado levou-nos a fazer uma rápida revisão, para tentar eliminar algumas gralhas.

Há, porém, uma novidade que é preciso assinalar: a da publicação da notável série de normas ISO 12215 aplicáveis a embarcações abaixo dos 24m (com ênfase nas embarcações de recreio), que contém indicações muito úteis sobre embarcações com cascos em contraplacado e/ou moldados a frio.

O destaque vai para a norma EN ISO 12215-3:2002 (Ed. 1) - Embarcações pequenas. Construção do casco e escantilhões. Parte 3: Materiais: Aço, ligas de alumínio, madeira, outros materiais.

Para projecto de embarcações e sua construção, são do maior interesse, mesmo para embarcações de madeira, as normas preliminares prEN ISO 12215-5 e prEN ISO 12215-6, embora mais complexas do que as regras elaboradas pela RINAVE.

Quanto às listagens de normas que se encontram nos anexos 1 a 5, carecem de actualizaçã,o mas a sua alteração levar-nos-ia a uma profunda remodelação do trabalho, que não está prevista para agora.

Óscar Mota

Setembro de 2006

Page 2: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 3

PREÂMBULO O longo declínio da construção naval tradicional em madeira data da década de 60, com aceleração recente.

Para tal contribuíram sobretudo a estagnação tecnológica, a vulgarização da construção em plástico reforçado e em liga de alumínio e, nos últimos anos, a retracção do mercado tradicional de embarcações de pesca.

Entretanto a construção com contraplacado marítimo e vigas lameladas foi-se expandindo lá fora, como consequência do aparecimento de preservadores e colas de grande qualidade e facilidade de aplicação. Resultou um material leve e muito resistente, imbatível nas aplicações em que é importante a relação qualidade/preço, como sejam as embarcações de recreio e algumas da indústria marítimo-turística. Com o acréscimo das vantagens ambientais.

Tudo isto foi reconhecido pela Direcção Geral da Empresa, estando na origem de uma Parceria de Iniciativa Pública entre aquela Direcção Geral e e a Associação das Indústrias Marítimas, em execução no âmbito do Programa de Incentivos à Modernização da Economia (PRIME).

Nasceu assim o Projecto ICOM - “Inovação na construção naval em madeira”.

Pretende-se, sobretudo, dotar os construtores tradicionais de navios de madeira de:

o Regras de projecto e construção de aplicação relativamente fácil, elaborados pela RINAVE - Registro Internacional de Navios S.A., incentivando a utilização de contraplacados e lamelados;

o Um código de boas práticas que permitam a inovação tecnológica, a melhoria da organização e a construção de embarcações mais competitivas.

Como objectivos secundários considerámos:

1º Caderno 4

o Dotar a Inspecção de Navios de um conjunto de regras que facilite a aplicação do Decreto – Lei nº 248/2000 de 3 de Outubro aos navios de madeira;

o Facilitar aos projectistas e construtores o cumprimento da Directiva 94/25/CE de 16 de Junho relativa às embarcações de recreio entre 2,5 e 24m;

o Incentivar o acesso dos construtores nacionais ao mercado das embarcações de recreio em madeira.

Note-se que existem ainda talvez uns 20 estaleiros navais trabalhando a madeira, dos quais pelo menos 10 são construtores.

Tem-se dito que a principal razão de sobrevivência destas empresas tem sido o baixo custo dos cascos, o que seria consequência, sobretudo, dos baixos salários.

Curiosamente tem sido esquecido um factor positivo de grande importância: as estruturas empresariais são extremamente leves, detendo as empresas apenas o "core business": o trabalho da construção em madeira. Tudo o resto é feito em subempreitadas, que em navios de certa dimensão podem chegar a ser seis ou oito.

As vantagens das novas tecnologias de construção são de vária ordem:

o Drástica redução do peso dos cascos (inferior a metade do actual, nas embarcações de pesca);

o Redução do desperdício, pelo uso em larga escala de contraplacados marítimos e perfis fabricados (lamelados);

o Grande oportunidade de melhorar na prática a tecnologia dos estaleiros de madeira e atrair pessoal mais jovem;

o Aumento da competitividade dos estaleiros de madeira;

o Abertura aos mercados emergentes do recreio e do turismo.

Podemos encarar várias destas vantagens sob a óptica ambiental:

Page 3: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 5

o A montante: grande diminuição de energia na preparação das matérias primas (quando comparadas com o aço, alumínio ou plásticos); acresce que a madeira é um recurso renovável;

o Durante a construção: não só o peso em obra é menor como o desperdício é também muito reduzido (a construção tradicional é obrigada a desaproveitar cerca de 2/3 da madeira adquirida);

o A jusante: como o peso do casco é da ordem de grandeza dos construídos em alumínio e em polímeros reforçado com fibras (PRF), e muito inferior ao das construções em madeira tradicional ou em aço, no conjunto resultam potências propulsoras e consumos de combustível sensivelmente menores.

Mas o necessário salto no projecto e na produção começa pela revisão dos conceitos tradicionais sobre a madeira como material de engenharia naval, o que constitui o objectivo do 1º Caderno.

Já o 2º Caderno é essencialmente prático e de aplicação, sobretudo, pelos estaleiros navais.

Nele acenaremos também às alterações de organização e gestão, sem as quais as mudanças tecnológicas não terão lugar ou serão aproveitadas de modo muito imperfeito.

Terá ainda a preocupação de incentivar a aplicação da normalização nacional e internacional na indústria, e não deixaremos de acrescentar procedimentos simples visando, de uma forma integrada, a qualidade, o ambiente e a segurança.

Óscar Mota

Setembro de 2004

1º Caderno 6

ÍNDICE

Nº Título Página Preâmbulo 1 Índice 4

Cap. 1 Propriedades da madeira 5 1.1 Propriedades físico-químicas 5 1.2 Parâmetros mecânicos e ensaios 17

Cap. 2 As colas e os preservadores 21 2.1 As colas 21 2.2 Os preservadores 24

Cap. 3 Os compósitos 29 3.1 Tipos de compósitos 29 3.2 Os contraplacados 30

Cap. 4 Normalização 36 4.1 Normalização da madeira 36 4.2 Normas para navios de madeira 49

Cap. 5 Características mecânicas 52 Cap. 6 Regulamentos e legislação 60

6.1 Introdução 60 6.2 Legislação nacional 64 6.3 Legislação estrangeira 75 6.4 Regras de Sociedades de Classificação 86 6.5 Publicações portuguesas interessantes 94

Referências 97 Anexos 105

1 Normas do IPQ sobre madeira 105 2 Normas do IPQ sobre embarcações 112 3 Normas do IPQ sobre navios 116 4 Principais normas BS sobre madeira 119 5 Principais normas BS sobre embarcações

(“small craft”) 123

Page 4: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 7

CAPÍTULO 1

PROPRIEDADES DA MADEIRA A última década assistiu a uma mudança que, sem exagero, se pode classificar como radical, na maneira de tratar a madeira em termos estruturais.

Nenhum regulamento poderá, hoje em dia, ignorar essa evolução, que vamos tentar expor em termos simples.

Antes, porém, vamos recordar algumas propriedades.

1.1. Propriedades físico-químicas

1.1.1. Composição

A madeira é um material poroso, anisotrópico e com irregularidades estruturais (sobretudo nós e fibras torcidas).

Os troncos são formados por anéis concêntricos, correspondendo cada anel ao crescimento de um ano.

Podemos considerar que a madeira é ortotrópica (caso particular de anisotropia), isto é, tem propriedades mecânicas independentes e únicas nas direcções de 3 eixos ortogonais: longitudinal ou axial, radial e tangencial.

O eixo longitudinal é paralelo às fibras, o radial é perpendicular aos anéis de crescimento e o tangencial é perpendicular às fibras mas tangencial aos anéis de crescimento.

Um corte transversal revela, com instrumentos ópticos adequados, a existência de células que se dispõem longitudinalmente. Podemos dizer que as células são tubos com paredes perfuradas e que, após o corte, se esvaziam do seu citoplasma, podendo ficar apenas cheias de ar ou encher-se com água. Podem permanecer, no entanto, inclusões de resina, óleos e cristais (sobretudo sais de cálcio).

A parede das células é um material compósito natural, com uma natureza fibrilar (sobretudo celulose) envolvida por um cimento molecular complexo, onde avulta a lenhina.

1º Caderno 8

Fig. 1/1 – Eixos ortogonais da madeira

A composição química molecular média é:

Lenhina 30% Celulose 45% Hemicelulose 15% Produtos solúveis 5% Minerais 5% O que se vê à vista desarmada num corte transversal de um tronco, são uma parte exterior ou casca e uma interior ou lenho. Neste, com maior ou menor dificuldade, distinguem-se também duas regiões:

o O cerne ou coração – parte interior, mais dura e compacta, constituída exclusivamente por células mortas, em geral - mas não sempre -, com boa resistência ao apodrecimento;

o O borne, alburno ou sâmago – parte exterior, com células vivas e mortas e que nunca é resistente ao apodrecimento, desde que as condições exteriores sejam propícias.

Quanto à composição elementar podemos considerar:

Page 5: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 9

Carbono 50% Hidrogénio 6% Oxigénio 43% Azoto 0,2% Cinzas 0,7%

Entre os combustíveis naturais a madeira sobressai pela elevada relação oxigénio/carbono. Como se pode verificar acima, mais de 90% da madeira é constituída por carbono e oxigénio.

A composição elementar varia pouco de espécie para espécie, sendo muito mais importante a variação de massa volúmica.

ANEL ANUAL Claro – inicial ou da Primavera Escuro – final ou do Outono

Medula

Nó (ramo)

Casca

Borne

Cerne

Fig. 1/2 Corte num tronco de uma resinosa (pseudotuga)

1º Caderno 10

1.1.2. Teor de água e massa volúmica

Para referenciar a maior ou menor quantidade de água contida na madeira, preferimos falar em teor de água (H) em vez de humidade, porque:

o Causa alguma estranheza falar num valor da humidade superior a 100%, como veremos adiante;

o Teor de água é a designação usada na norma NP-615 (1973) – "Madeiras – determinação da retracção".

Recordemos que, em relação ao ar temos, pelo menos, dois conceitos de humidade:

o Humidade absoluta, que é a massa de vapor de água contida num determinado volume de ar (habitualmente expressa em kg de H2O por m3 de ar normal); no nosso clima, este valor é, habitualmente, bastante maior no Verão do que no Inverno;

o Humidade relativa, que é a relação entre a massa de vapor de água contida num determinado volume de ar e a massa de saturação, para a mesma temperatura e pressão; habitualmente é maior no Inverno do que no Verão; é este o conceito de humidade em linguagem comum e, como é óbvio, não pode exceder o valor de 100%.

Já a ficha técnica do LNETI, "Madeira para construção – Humidade da madeira" (1997) usa, aparentemente, a palavra "humidade" quando não está em jogo uma definição quantitativa e a expressão "teor de água" quando lida com valores numéricos ou com a sua expressão em fórmula. O mesmo sucede com outros autores.

O teor de água é um factor importantíssimo a ter em conta na resistência mecânica da madeira, maior ou menor facilidade de degradação, facilidade e resistência da colagem, etc..

É expresso em percentagem, em peso, de água em relação à madeira seca,

H = (peso húmido – peso seco) / peso seco

Page 6: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 11

Nas árvores pode variar entre 30 e 200%1; neste último caso, o peso de um tronco, por exemplo, seria constituído por 2/3 de água e 1/3 de matéria lenhosa (anidra).

O fenómeno da retenção da água não pode ser bem compreendido se não considerarmos que pode assumir duas formas:

o como líquido ou vapor, contido nos vazios das células e nas cavidades intercelulares, ou seja a água livre;

o com ligações químicas às paredes das células, ou seja a água de embebição.

Na madeira verde as paredes das células estão, em princípio, totalmente embebidas, podendo as cavidades (vazios intercelulares) conter maior ou menor quantidade de água. A partir de um teor de água de 30% (ponto aproximado de saturação das fibras) o volume da madeira não aumenta

A massa volúmica ρ de referência de uma espécie é convencional, considerando-se frequentemente a de madeira com teor de água H = 12%.

Para qualquer tipo de madeira a massa volúmica aumenta pouco com o teor de água, até à saturação das fibras; a diferença é maior para as madeiras mais leves.

A partir da saturação, o aumento do teor de água reflecte-se directamente (em percentagem) na massa volúmica, em virtude de não haver variação de volume mas apenas aumento de peso.

A variação da massa volúmica entre a condição de madeira anidra e a de saturação das fibras (cerca de 30% de teor de água, como já vimos), é relativamente complexa. Para uma determinada peça de madeira, calcular o aumento de massa com o teor de água é simples:

MH= M0(1+H) kg

sendo H o teor de água, e MH e M0 respectivamente a massa com o teor de água

1 Na nossa nomenclatura é indiferente escrever, por exemplo, H=0,3 ou H=30%

1º Caderno 12

H e anidra.

Querendo considerar como referência a massa volúmica correspondente a 12% de teor de água, podemos fazer:

MH= M0,12(1+H-0,12) kg

Para a variação de volume podemos considerar

VH=V0,12(1+k) m3

Sendo ρH a massa volúmica com o teor de água H entre 0 e 0,30, obtivemos2

k=(0,083+3,5*10-4(ρ0,12-336))*(H-0,12)/0,3

ρH=MH/VH=ρ0,12(1+H-0,12)/(1+k) kg/m3

Por exemplo, para ρ0,12=500 kg/m3 , para um teor de água de 25% e para a madeira anidra teremos, respectivamente:

ρ0,25 = 500 (1+0,13)/(1+0,108)=510 kg/m3

ρ0=500*0,88/0,894=492 kg/m3

A madeira mais leve que se conhece é a balsa, com cerca de 160 kg/m3, enquanto a mais pesada, que saibamos, é o gáiaco ou pau santo (lignum vitae), que pode atingir 1200 kg/m3.

Quando tanto as paredes como as cavidades das células estão cheias, estamos em presença do conteúdo máximo, ou seja da madeira saturada.

A massa volúmica das paredes das células secas é 1540 kg/m3. Sendo ρ0 a massa volúmica da madeira seca, resulta:

Hmax = (1540 – ρ0) / 1,54 ρ0

2 Partimos de um gráfico da Refª 95 que fornece a densidade em função do teor de água, para os diversos valores de densidade da madeira verde. Simplesmente, aqui a densidade ("specific gravity") é considerada como a relação entre o peso da madeira anidra e o volume com os diversos teores de água. Tal parece ter pouco sentido como conceito físico, mas tem utilidade comercial.

Page 7: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 13

Assim, o teor de água máximo de uma madeira com massa volúmica de 300 kg/m3 quando seca, é de 268 %, enquanto para madeira de massa volúmica seca de 900 kg/m3 este valor desce para 44%. Para uma massa volúmica seca de 500 kg/m3, próxima da maior parte das madeiras comuns, teremos Hmax = 135%;

A madeira afunda-se quando contem um teor de água superior a

Hafunda = (1000 – ρ0) / ρ0

No caso de ρ0 = 500 temos Hafunda = 100%, valor que será curioso comparar com o máximo, acima calculado, de 135%.

A madeira em serviço está sujeita a variações de teor de água longa duração (sazonais) e de curta duração (diárias). Estas variações podem ser retardadas, mas não evitadas, por revestimentos como pinturas e envernizamentos. O teor de equilíbrio da madeira depende da temperatura e humidade relativa do ar.

Vejamos um exemplo: o equilíbrio com 12% de teor de água da madeira corresponde o a uma humidade relativa do ar de 65% para uma temperatura

ambiente de 200C, ou o a uma humidade do ar de 75% para uma temperatura ambiente de

650C.

Conforme se vê, a dependência da humidade relativa é muito grande, existindo tabelas e gráficos (ver Refª 95) para determinação do teor de água de equilíbrio.

Na Fig. 1.3 apresentamos a curva de variação de teor de água em função da humidade relativa do ar, para uma temperatura ambiente de 210C.

Quanto às variações de dimensões com o teor de água (retracção e expansão ou inchamento), vejamos em resumo o que se passa:

o A madeira é dimensionalmente estável quando o teor de água é maior do que o ponto de saturação das fibras (cerca de 30%), como já atrás vimos;

1º Caderno 14

Fig. 1.3 – Absorção de água a 210 C de temperatura do ar

o Abaixo daquele ponto, a madeira retrai-se quando perde água e dilata quando aumenta a sua humidade; as retracções e dilatações não são iguais em todas as direcções, devido à anisotropia da madeira, de onde resultam empenos (torsões, fendas), etc.;

o A variação dimensional é máxima na direcção do crescimento anual dos anéis (tangencialmente, portanto), pouco mais de metade perpendicularmente aos anéis (radialmente) e muito pequena na direcção das fibras (isto é, longitudinalmente);

o Valores máximos típicos entre o ponto de saturação (30%) e a madeira anidra (0%) são uma retracção de 7% tangencialmente, 5% radialmente e 0,2% longitudinalmente. Para o pinho bravo os valores médios são, respectivamente, 8,5%, 4,7% e 0,7%, de onde resulta uma retracção volumétrica entre a condição de saturação das fibras e a madeira anidra de 14,4%.

o No contraplacado as dimensões longitudinal e transversal são muito pouco afectadas pelo teor de água, mas a espessura sofre variações da ordem de grandeza da retracção tangencial.

o A resistência mecânica é consideravelmente afectada pelo teor de água, e se considerarmos que os valores tabelados – que adiante veremos -, correspondem a um teor de água de 12%, as reduções para o ponto de saturação são da ordem dos 50% para a rotura à flexão e 30% para o módulo de elasticidade à flexão.

Teor

de

hum

idad

e da

m

adei

ra

Humidade relativa do ar (em %)

Page 8: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 15

Figura 1.4 – Distorsões típicas de tábuas, barrotes e peças redondas, devidas à secagem (a retracção tangencial é cerca do dobro da radial)

1.1.3. Resistência à degradação Como sabemos, a madeira seca ou constantemente imersa não apodrece (a degradação da madeira imersa existe mas é muitíssimo lenta, podendo durar séculos).

O ataque é feito por

o fungos (desde os bolores, aos que apresentam cogumelos de consideráveis dimensões),

o insectos xilófagos, sobretudo carunchos vários, o xilófagos marinhos, que vivem na água salgada, o que inclui

pequenos crustáceos (limnórias) e moluscos (teredo ou taredo), o bactérias, de acção muitíssimo lenta.

1º Caderno 16

A resistência depende muito da espécie de madeira, da zona dos troncos (o borne tem, em geral, muito menos resistência do que o cerne3), do teor de humidade, da temperatura e da ventilação.

Secar a madeira e ventilá-la são as regras de ouro. Para a ventilação existem responsabilidades tanto do projectista como do construtor.

De qualquer modo, o uso de preservadores é quase sempre imprescindível, tema que desenvolveremos no parágrafo 3.2.

1.1.4. Propriedades térmicas

o Condutividade

É variável entre 0,1 e 1,4 W/(m.K), o que podemos comparar com os valores de 216 para o alumínio, 45 para o aço, 0,9 para o betão e 0.036 para a lã mineral.

o Calor específico – Para a madeira seca podemos considerar, em kJ/kg.K e com t em graus K,

c = 0,1031 + 0,00386 t

o que daria para 200 C, 0,30 kcal/kg .

o Difusividade térmica

Esta característica está ligada à sensação de frio ou calor ao toque e é a relação entre a condutividade térmica e o produto da densidade pelo calor específico. Um valor típico é o de 0,161 x 10-6

m2/s, sendo 80 vezes maior para o aço, o que não surpreenderá, e 4 vezes maior para a lã mineral, o que é surpreendente. Isto quer dizer que a absorção de calor da massa que a rodeia é, para a lã mineral, 4 vezes mais rápida do que para a madeira.

o Temperatura de ignição

3 A diferença de durabilidade entre o borne e o cerne varia de espécie para espécie. No caso da câmbala, segundo a EN 350-2 e no respeitante à resistência aos fungos, o borne é considerado “não durável” e o cerne “durável a muito durável”. A pouca consideração por esta diferença tem tido consequências dramáticas em construção naval.

Page 9: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 17

Para que a ignição tenha lugar, é necessária não só uma temperatura elevada mas também uma quantidade suficiente de oxigénio.

Exposta a uma chama nua, a madeira inflama se estiver a uma temperatura entre 3000 C e 4000, mas o fenómeno é complexo.

o Resistência ao fogo

O carácter isolante da madeira – e da carbonização superficial -, constituem um importante contributo para a resistência ao fogo. O Volume II do Eurocódigo 5 (importante norma europeia de que adiante falaremos), é dedicado inteiramente às precauções estruturais contra incêndio e ao cálculo da resistência.

Quando se usa madeira maciça, a resistência ao fogo pode ser superior à do aço, não só na transmissão das temperaturas elevadas como na capacidade de evitar o colapso de estruturas. A madeira lamelada-colada com fenol ou resorcinol apresenta características pelo menos equivalentes à maciça.

O mesmo não sucede, porém, com madeira de pequena espessura, que poderá requerer a impregnação com um produto retardador de fogo (em geral sais inorgânicos); alternativamente, são também usadas pinturas retardadoras de fogo.

A impregnação anti-incêndio traz sempre redução de características mecânicas, mas essa redução é bastante variável com o produto usado.

1.1.5. Resistividade eléctrica

É muitíssimo dependente do teor de humidade, podendo passar dos 1015

Ω.m da madeira seca em estufa para 103 Ω.m com humidade de 30%.

Podemos comparar com o valor da ordem de 1010 Ω.m para diversos materiais refractários.

1.1.6. Corrosão de metais e tratamentos químicos

A celulose é um polímero formado por moléculas de açúcares ligados em cadeias longas. Parte destes açúcares está combinada com radicais

1º Caderno 18

ácidos acéticos na forma de sais orgânicos, que combinados com a água (hidrólise) dão origem a radicais hidróxidos e ácido acético.

X – O.CO.CH3 + H2O X – OH + CH3COOH Nota - X representa o açúcar

Nesta reacção de equilíbrio tem tendência a prevalecer o lado direito, mas o ácido acético formado volatiliza-se de modo que a reacção vai continuando (para cada tipo de madeira a velocidade de formação do ácido depende do conteúdo de humidade e da temperatura).

Resulta que a madeira é sempre ácida, não sendo a formação de ácido afectada por preservadores da madeira. Já a secagem em autoclave é favorável à formação de ácido, em relação à secagem natural.

Esta acidez provoca a corrosão das cavilhas e parafusos metálicos das embarcações, em grau variável com o metal em causa. Pode ser largamente ampliada, como todos sabemos, na madeira embebida em água salgada.

Os tratamentos químicos utilizados na madeira têm por objectivo melhorar a resistência ao fogo e ao apodrecimento.

O primeiro tipo de tratamento traz sempre redução de características mecânicas, mas essa redução é bastante variável com o produto usado.

Os preservadores à base de sais de cobre-crómio-arsénio, muito bons sob os pontos de vista tanto de resistência ao fogo como fungicidas, aumentam a corrosão dos metais sendo-lhes, por isso, adicionados por vezes inibidores.

Os preservadores oleosos que já citámos não trazem redução de resistência (não reagem quimicamente com as paredes das células), a menos de temperaturas muito altas.

Preservadores à base de boro não provocam corrosão, mas a formação de compostos alcalinos pode, a longo prazo, degradar a madeira.

Entre as madeiras com maior conteúdo de ácido acético livre conta-se o carvalho, cujas capacidade corrosiva das cavilhas de aço é bem conhecida pelos nossos construtores navais.

Page 10: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 19

Particularmente interessante porque contrárias ao senso comum são duas conclusões do estudo citado na Ref. 17:

o O tanino do carvalho é um inibidor de corrosão, possivelmente devido à absorção de oxigénio;

o O zinco é fortemente atacado pelo ácido acético da madeira (quase tanto como o aço);

Como a experiência demonstra a clara vantagem da zincagem das cavilhas, tal resultará possivelmente da resistência do zinco à corrosão electrolítica em água do mar.

Já a corrosão do aço e do próprio zinco nas cavilhas usadas em peças de carvalho, resulta claramente da quantidade de ácido acético livre e não do tanino como é crença comum.

1.2. Parâmetros mecânicos e ensaios

1.2.1. Os parâmetros mais importantes

Os parâmetros mecânicos mais importantes são:

o Massa volúmica o Retracção (radial, tangencial, volumétrica) o Flexão estática o Tracção paralela e perpendicular ás fibras, ou seja, axial e

transversal o Compressão paralela e perpendicular ás fibras, ou seja, axial e

transversal o Corte

Como é sabido, estes parâmetros variam de espécie para espécie, dentro de cada espécie variam de região para região, dentro de uma região variam de árvore para árvore, e dentro de cada árvore variam ao longo das secções e do comprimento das árvores. Se acrescentarmos que variam ainda com a humidade e com a duração das cargas aplicáveis, fixamos com ideia da dificuldade da tarefa de normalizar os parâmetros acima apontados, para efeitos de cálculo de estruturas

1º Caderno 20

Alguns destes parâmetros constam de ensaios cujos resultados apresentamos mais adiante, mas outros se poderiam juntar:

o Dureza (medida pela resistência à penetração de uma esfera de raio e material normalizados);

o Flexão por impacto (capacidade de absorção de choques que provocam tensões superiores ao limite de proporcionalidade);

o Coeficientes de Poisson, que são relações entre as deformações perpendiculares às forças aplicadas e as deformações nas direcções das próprias forças; os valores variam muito, mas podemos dizer que são da ordem de 1/3 na maior parte dos casos e para os coeficientes em que a força é tangencial ou radial; quando a direcção da força é longitudinal, a relação passa para menos de 1/10;

o Velocidade de propagação do som – é função do módulo de elasticidade e da densidade; como ordem de grandeza podemos pensar em 4000 m/s na direcção longitudinal e 1000 m/s na transversal

Particular destaque merecem os efeitos da duração das cargas nas deformações, devido ao fenómeno da fluência: a madeira tem um comportamento visco-elástico, que se traduz no aumento das deformações com o tempo, no caso de uma solicitação prolongada ou permanente.

É necessário entender como e quanto é que a madeira se deforma, para verdadeiramente se ter o sentido da sua aplicação.

Vejamos alguns acenos:

o A rotura com uma carga instantânea tem valor consideravelmente superior ao que se obtém com cargas com actuação continuada (ver o que adiante se diz acerca do Eurocódigo 5).

o No início da aplicação da carga a madeira pode deformar-se elasticamente com rapidez, mas se a carga é mantida durante muito tempo a deformação aumenta muito lentamente – é a referida

Page 11: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 21

fluência da madeira -, até atingir aproximadamente o dobro da deformação inicial, podendo até ceder; retirando a carga, a deformação elástica é imediatamente recuperada, mas da deformação lenta apenas metade é recuperada com rapidez.

o Numa embarcação a estabilização tem lugar num período da ordem dos três meses, e em termos de cálculo podemos considerar que se traduz numa redução do módulo de elasticidade.

Note-se que a questão da duração das cargas tem talvez sofrido menos atenção nos polímeros reforçados com fibras (PRF), mas é também muito importante.

1.2.2. Os sistemas de ensaios

Pelo que já dissemos, não constituirá surpresa existir mais que uma maneira de conduzir e apresentar os ensaios de resistência e elasticidade:

o Sistema que podemos chamar clássico, com ensaios realizados com pequenos provetes isentos de defeitos. Uma vez que tais provetes não podiam ser considerados representativos das condições na obra (apesar das preocupações e normas quanto à escolha da madeira), “carregava-se” no coeficiente de segurança, que ia de 5 a 12 em relação à ruptura, contra 1,5 a 3 para o aço. Note-se que, no caso deste material, o coeficiente destina-se, essencialmente, a cobrir a diferença entre as solicitações previstas e as reais, os defeitos de construção e a degradação do material com o tempo.

o Sistema que utiliza peças para ensaios mais próximas do real. Aqui o dimensionamento é feito por tensões limite, com solicitações cuidadosamente calculadas de modo a evitar a necessidade de coeficientes de segurança (não é bem assim, mas pelo menos os coeficientes são muito menores); é o caso do Eurocódigo 5 (NP ENV 1995-1-1:1998) e, talvez ainda mais, da BS 5268:Part 2 - “Structural use of timber”.

1º Caderno 22

No Capítulo 5 desenvolveremos este tema e apresentaremos valores de tensões e módulos de elasticidade mais importantes para a madeira e outros materiais habitualmente empregados em construção naval.

Page 12: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 23

CAPÍTULO 2 AS COLAS E OS PRESERVADORES

As colas e os preservadores são matérias primas intimamente associadas à utilização da madeira, razão pela qual as apresentamos antes de introduzir os compósitos e a normalização.

2.1. As colas

O princípio guia das colagens em construção naval é que devem ser tão resistentes que, com qualquer tipo de solicitações, deve ceder primeiro a madeira e só depois a cola.

A importância das colas em construção naval tem vindo a aumentar e por isso desenvolveremos mais este assunto no 2º Caderno.

A resistência da colagem depende

o do tipo de cola, o do projecto das juntas ou superfícies a colar, o da sua correcta aplicação (regras dos construtores e das

Sociedades de Classificação de navios).

As juntas estruturais devem, evidentemente, resistir à imersão em água salgada.

São, para este fim, utilizadas três tipos de colas:

o Resorcinol (resorcina-formol, resorcina-formol-fenol) – para qualquer tipo de ligação, incluindo para partes da estrutura que possam estar em contacto prolongado com a água;

o Ureia-formol modificado – apenas se o contacto com a água não for contínuo e o local estiver bem ventilado (superestruturas, por exemplo);

o Resinas epóxidas – utilizáveis em qualquer situação.

Em certos tipos de cascos, como sejam os que utilizam contraplacados e costados ripados ou faixeados, todos os conjuntos são colados. A qualidade das colas condiciona enormemente a homogeneidade e solidez da construção.

1º Caderno 24

Com qualquer tipo de cola, a sua aplicação deve ser feita seguindo escrupulosamente as regras dos fabricantes, designadamente quanto a misturas, pressão de aplicação, temperatura e tempo de colagem.

As colas de ureia-formol são de preço relativamente baixo, podem ser empregadas dentro de uma larga gama de temperaturas (10 a 1100 C e mesmo mais) e a sua velocidade de presa pode ser regulada entre poucos segundos e algumas horas. Os produtos de base são a ureia CO (NH2)2 e o formol (H CHO).

Encontrámos exemplos práticos e bem sucedidos de aplicação da cola de poliuretano, mas os próprios fabricantes têm relutância em recomendá-la oficialmente para uso marítimo.

A resorcina é um difenol, ao qual é adicionado formol e, por vezes, fenol (com o objectivo principal baixar o preço do produto). As colas à base de resorcina – formadeído eram as colas mais utilizadas antes do aparecimento das colas de resina epóxida, pela sua excelente resistência à água e ao calor, além de grande resistência química e durabilidade.

Têm dois constituintes, uma resina vermelho escura – e esta cor é um dos seus inconvenientes – e um pó branco. A vida da mistura, para uma temperatura de 200 C é de 2 a 3 horas.

As superfícies a unir devem estar perfeitamente em contacto (bem aplainadas, se forem planas), mas para madeiras duras pode haver necessidade de as lixar previamente. O teor de água da madeira deve ser entre 12 e 18%.

A cola é aplicada sobre as duas superfícies e deverá ser aplicada uma pressão de 7 a 14 Kg/cm2 durante um certo tempo que depende da temperatura (4 horas para 200 C).

Durante a colagem dá-se a evaporação do solvente e portanto uma contracção.

As colas epóxidas são usadas há 25 anos nos Estados Unidos e talvez há 20 na Europa. Praticamente todos os seus utilizadores consideram que elas vieram dar nova vida à construção em madeira.

Page 13: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 25

São constituídas por uma resina e um endurecedor. Podem ser preparadas para colagem a frio (3 a 50 C), à temperatura ambiente (3 a 50 C) ou a quente (mais de 1000 C). O tempo de colagem é de algumas horas, embora possa ser reduzido com o tipo de endurecedor. O seu preço é relativamente elevado, e talvez por isso os seus grandes defensores são os construtores de embarcações de recreio. Existem muitas formulações, e uma das suas grandes vantagens é a compatibilidade com a resina epóxida usada em revestimentos de cascos de madeira com uma fina camada de PRF.

Eis algumas das vantagens apontadas:

o Condições de aplicação

Para aplicar o resorcinol em boas condições, a madeira deve ter 12 a 18% de teor de água, como já dissemos O poliuretano requer um intervalo de 6 a 14%. Para o epóxido, que não contem água, valores entre 6 e 25% são satisfatórios.

Ainda mais importante é a pressão de contacto: 7 a 14kg/cm2

são necessários para o resorcinol e o poliuretano, enquanto o simples encosto é suficiente para o epóxido. Acresce a vantagem adicional de uma menor preparação das superfícies a colar.

A ligação a PRF e a metais é muito mais fácil com epóxido.

Compatibilidade com resina de laminagem - Aqui a vantagem é óbvia.

o Resistência da ligação - A tensão limite de corte (paralelo às fibras) está entre cerca de 50 kg/cm2 para as madeiras mais comuns e um pouco mais de 100 kg/cm2 para as madeiras tropicais mais resistentes. Para as colas epóxidas está compreendida entre os 120 e os 150 kg/cm2, desde que bem executadas. Isto quer dizer que a madeira cederá antes da cola.

o Estanqueidade - Existe uma considerável variedade de produtos epóxidos que permitem, por exemplo no caso do costado ripado, não

1º Caderno 26

só embeber as ripas como preencher as juntas entre elas, sem necessidade de aplicar qualquer massa de calafetagem4 .

o Colagens em T - Só são possíveis com cola epóxida (desde que o raio do filete de colagem, semelhante a um filete de soldadura, seja adequado); as aplicações típicas são contraplacado com espessuras entre 6 e 10mm.

o Grandes reparações e restauração de embarcações de madeira - A cola epóxida tem de ser aplicada com alguns cuidados, para evitar o aparecimento de zonas muito rígidas em relação às restantes, e consequente concentração de esforços, mas as suas possibilidades de aplicação não têm paralelo com quaisquer outras colas.

o Extensão da aplicação - Podemos dizer que cola e resinas epóxidas podem ser utilizadas em todas as construções de madeira. Cremos que tal não oferecerá dúvidas em relação a pequenas embarcações, e quanto a navios, cremos que o maior terá sido a barca de três mastros Tenacious, uma construção concluída no ano 2000, do Jubilee Sailing Trust, com 213' de comprimento, apoiada pelo famoso construtor e fabricante do West System Epoxy, e projectada por Tony Castro. A construção lamelada-colada do mesmo navio incluiu, por exemplo, a prefabricação de 114 vaus, 69 pares de balizas, 300 esquadros, 54 secções de pavimentos. A sobrequilha foi laminada no lugar. O casco de madeira foi laminado com 5 camadas: duas longitudinais com tabuado de 25mm e três diagonais de 8mm de espessura. Exteriormente foram ainda aplicadas 5 camadas de fibra de vidro laminada com epóxido.

4 As ripas podem ser côncavas/convexas, trapezoidais (com lados maiores e menores desencontrados em duas ripas sucessivas), com linguetas macho e fêmea ou simplesmente rectangul ares. Esta era a solução simples utilizada no estaleiro canadiano que visitámos, sem inconvenientes.

Page 14: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 27

2.2. Os preservadores

O essencial em construção naval é que a madeira seja bem tratada inicialmente (com as boas práticas tradicionais ou, de preferência, com boa secagem e preservação em auto-clave) e seja mantida com um bom tratamento superficial e bem arejada. Nestas condições pode durar muitos decénios ou mesmo séculos.

A madeira seca ou constantemente imersa não apodrece (a degradação da madeira imersa existe mas é muitíssimo lenta, com limite da ordem dos séculos).

Já vimos no parágrafo 2.1.3 que o ataque à madeira pode ser feito por fungos, insectos xilófagos5, xilófagos marinhos e bactérias (de acção muito lenta).

A partir do primeiro terço do século XX aparecem o pentaclorofenol e os sais de cobre e arsénio e cádmio. Mais tarde são introduzidos os compostos orgânicos de estanho.

Muitos destes produtos estão proibidos ou em vias de proibição, o que ajudou à difusão de compostos de boro, não tóxicos para seres humanos, que se apresentam comercialmente em estado sólido, líquido ou pastoso. Está a ser muito utilizado, principalmente na recuperação de navios históricos, o.

São tradicionalmente considerados três tipos de preservadores:

o Oleosos;

o Em solução aquosa;

o Em solução orgânica.

Entre os preservadores oleosos estão os tratamentos tradicionais com óleo de peixe, óleo lubrificante "queimado" e creosote.

Vejamos algumas das suas propriedades:

5 Xilófago quer dizer simplesmente que se alimenta de madeira.

1º Caderno 28

o Não trazem redução de resistência mecânica (não reagem quimicamente com as paredes das células), a menos de temperaturas muito altas;

o Repelem a água e portanto não se dissolvem nesta e não lixiviam. De certo modo protegem os metais em contacto;

o Têm razoável eficácia na construção clássica desde que bem aplicados (sobretudo em madeira seca ou com não mais de 15% de humidade).

Dos preservadores em solução aquosa, os mais famosos são os sais de cobre, crómio e arsénio (CCA), que aplicados em auto-clave se combinam quimicamente com a madeira e são insolúveis na água. Presentemente a sua aplicação tem limites por razões ecológicas.

À mesma categoria pertencem os sais de boro, tais como o octoborato tetrahidrato dissódico, aplicados sobretudo na restauração de navios históricos. Não são tóxicos mas a sua disseminação supõe-se requerer um grande teor de humidade (mais de 50%) e são facilmente lixiviáveis, pelo que não são aplicados no exterior dos cascos. Mesmo no interior o seu requisito de humidade é contrário à regra de ventilação e conflitua com a boa prática de manter a humidade abaixo dos 18% para evitar o aparecimento de fungos. Estão em curso, no INETI, investigações para conciliar a disseminação do produto com a manutenção da humidade da madeira abaixo dos 18%.

De uma forma geral, os preservadores à base de água conduzem a uma redução de características mecânicas e podem atacar os ligadores metálicos o que, naturalmente, têm que ser posto em contraposição às vantagens em evitar o apodrecimento.

Quanto aos preservadores em base orgânica, consistem em soluções de fungicidas e insecticidas em solventes orgânicos de base oleosa. Julgamos serem os preservadores em maior expansão, quer como primeira camada protectora da madeira nua (é o caso do "xylamon" muito usado na Galiza) ou incorporado em tintas anti-vegetativas (é o caso dos justamente famosos TBT ou tributilestanho, recentemente proibidos na União Europeia).

Page 15: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 29

Uma sistematização das espécies e usos de preservadores encontra-se na BS 1282:1999, da qual adaptámos alguns conceitos:

a) Quanto aos tipos de preservadores

(1) Os oleosos são, em geral, destilados de alcatrão, com um ponto de ebulição entre os 200 e os 400 0C. O seu nome genérico é creosote.

São praticamente insolúveis na água e resistentes à lixiviação, reduzem muito a absorção de água pela madeira e as deformações resultantes de variações do teor de água. Tudo isto os torna particularmente adequados para exposição às intempéries.

(2) Os preservadores com base aquosa consistem em misturas de compostos inorgânicos (nomeadamente sais), dissolvidas na água. Quando impregnam a madeira, ocorrem alterações químicas que os tornam insolúveis na água; isto torna-os adequados também para uso externo. Depois da aplicação do produto a madeira deve ser molhada novamente, para que ocorra a reacção citada.

Os compostos mais usados são uma mistura de sais de cobre, cádmio e arsénio (cujo conjunto é conhecido por CCA).

Os preservadores à base de compostos de boro têm a vantagem de permitirem a aplicação posterior de pintura ou cola. A sua desvantagem é não serem fixados na madeira e, portanto, lixiviarem em madeira molhada; por esse motivo não são recomendados para exposições desabrigadas do tempo.

(3) Os preservadores de base orgânica são formados por soluções de um ou mais fungicida ou insecticida num solvente orgânico, em geral um distilado do petróleo (como aguarrás). Muitos destes compostos são resistentes à lixiviação mas têm perdas por evaporação.

b) Quanto à quantidade de preservador requerido

Pode ser calculado a partir de outras normas BS de acordo com a aplicação e os riscos de utilização. Pode chegar-se ao cálculo da quantidade apropriada para 60 anos de serviço.

c) Aplicação dos preservadores

Entre as preciosas indicações da norma referimos apenas algumas respeitantes à humidade:

- É essencial que o teor de água da madeira seja o adequado para o tipo de tratamento pretendido;

1º Caderno 30

- Para a difusão dos compostos de boro é importante que a madeira seja verde e o teor de água superior a 50%.

- Para outros tratamentos o teor de água deve ser inferior a 28%6.

- Todas as operações de maquinagem da madeira devem ser realizadas antes da preservação.

Sobre as classes de durabilidade da madeira e resistência a ataques consultem-se as EN 335-1 e 2, a 350-2 e a 4261.

Em relação à conservação da madeira podemos então estabelecer as seguintes regras básicas: o Secar a madeira, de preferência em auto-clave, e aplicar um

preservador atendendo a:

espécie da madeira (se forem muito oleosas ou resinosas, podem requerer a aplicação de um solvente);

sistema de construção (tanto quanto sabemos, com construção colada e embebida por epóxido exterior e interiormente, não são usados preservadores);

sistema de pintura.

o Criar condições de ventilação (de preferência natural) e de facilidade de inspecção a bordo.

o Inspeccionar periodicamente o casco, interna e externamente.

o Aplicar preservadores interiormente, sempre que as inspecções revelem a existência de insectos xilófagos ou fungos

6 Que já sabemos ser o valor aproximado de saturação das fibras.

Page 16: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 31

CAPÍTULO 3 OS COMPÓSITOS 3.1. Tipos de compósitos

Quando falamos de compósitos de madeira, temos três categorias muito distintas de materiais:

a) Produtos obtidos a partir da fragmentação da madeira – em partículas, fibras, escamas ou folheados (veneers) - e da sua reconstituição utilizando resinas ou outras colas: placas, contraplacados, termolaminados, etc; são os derivados da madeira.

b) Produtos lamelados-colados, que são peças maciças construídas a partir de lamelas (tábuas) de madeira relativamente estreitas em relação ao comprimento, e que são coladas longitudinalmente. As fibras das lamelas são paralelas.

c) Produtos obtidos da madeira sólida ou seus derivados - que fazem o papel de miolo da sanduíche – e cobrindo-a com mantas ou tecidos de plástico reforçado com fibras (PRF).

É óbvio que as propriedades dos lamelados-colados e dos derivados variam muito menos que as das madeiras sólidas e que podem ser alteradas pelo dimensionamento, combinação, reorganização e estratificação das partículas, das fibras e das folhas.

Em muitas das aplicações em interiores – aplicações não estruturais - interessa menos a resistência mecânica em termos de resistência à compressão, á tracção, ao corte ou á flexão, do que a rigidez, que é dada, fundamentalmente, pela espessura.

Já na construção do casco, embora a rigidez também tenha importância – e é uma vantagem da construção em madeira em relação ao PRF puro ou aos metais (aço ou alumínio) – as outras características mecânicas assumem carácter preponderante.

Vale a pena, por isso, apresentar uma comparação entre as características mecânicas destes tipos de materiais, o que faremos mais adiante.

1º Caderno 32

Para a sua compreensão teremos de acenar à normalização respeitante à madeira e aos seus compósitos, mas interessa-nos aqui desenvolver sobretudo o tema dos contraplacados.

3.2. Os contraplacados

A relutância de muitos construtores quanto à utilização de contraplacado resulta principalmente de dois factores:

Experiências infelizes (sobretudo em superestruturas), com contraplacados de má qualidade para construção naval;

Fraca divulgação tecnológica das características a que deve obedecer um bom contraplacado para uso marítimo e das tecnologias da sua aplicação; nesta falta de conhecimentos incluímos fabricantes, projectistas e construtores.

3.2.1. A qualidade

Os contraplacados são obtidos pela colagem entre si de folhas (camadas) de madeira, obtidas em geral por "desenrolamento" dos troncos (mas podem também ser "fatiadas") e com espessuras da ordem de 1 a 1,5 mm.

As camadas vizinhas têm grão cruzado a 900.

Os principais factores condicionantes da qualidade dos contraplacados são:

As colas

O número de camadas

As espécies de madeira

Interessa-nos aqui referir que as únicas normas existentes especificamente sobre contraplacado marítimo são as BS 1088-1:2003 – Marine plywood – Requirements e BS 1088-2:2003 – Marine plywood – Determination of bonding quality using the knife test que em 30 de Julho de 2003 vieram substituir velhas normas de 1966.

As colas para contraplacados marítimos podem ser, de acordo com a norma BS 1088-1:2033, de dois tipos:

Page 17: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 33

Resinas fenólicas;

Resina de melamina – formaldeído contendo suficiente resorcinol (ou outro fenol) para cumprimento satisfatório dos testes indicados na norma.

No entanto, tanto construtores europeus como americanos utilizam frequentemente contraplacados que, embora com colas resistentes à água (sem isso nada feito), não cumprem todos os requisitos da norma, considerados excessivos. A solução mais prudente será exigir ao fornecedor o certificado de uma sociedade de classificação, para uso marítimo e em contacto com a água do mar ou rio.

O número de camadas dos contraplacados é sempre ímpar (o que significa que as camadas exteriores têm as fibras orientadas paralelamente) devendo ser, segundo a BS 1088-1:2003:

Igual ou maior que três para espessuras iguais ou menores que 6,5 mm;

Igual ou maior que cinco para espessuras superiores a 6,5 mm;

O contraplacado marítimo pode ser de duas qualidades:

"Normal", se destinado a contacto frequente ou permanente com água salgada (classes de risco 4 e 5 da EN 335-3);

"Leve", se o contacto com a água for ocasional ou, no caso de contacto prolongado, se o contraplacado for protegido; este pormenor é importante, pois permite a utilização deste tipo de contraplacado nos cascos desde que aquele seja coberto, por exemplo com uma camada de PRF.

As madeiras com que são fabricados estes contraplacados são também definidas na mesma BS 1088-1:2003:

Para o contraplacado marítimo "normal" a massa volúmica da madeira deve ser maior que 500 kg/m3 e a sua durabilidade deve ser da classe 3 ou superior (número mais baixo), da norma EN 350-2;

1º Caderno 34

Para o contraplacado marítimo "leve" a massa volúmica da madeira pode ser menor ou igual a 500 kg/m3 mas a sua durabilidade deve ser da classe 4 ou superior (número mais baixo), da norma EN 350-2;

Fig. 3/1 – Contraplacados de folhosa

Fig. 3/2 – Contraplacados de resinosa

Recordamos a propósito a já citada BS 1282:1999 sobre "Preservadores da madeira – Guia para a sua escolha, uso e aplicação" (tradução nossa), onde estão também indicadas as classes de durabilidade da EN 350-2: classes 1, 2, 3, 4 e 5 a que correspondem, respectivamente, as descrições muito durável, durável, moderadamente durável, ligeiramente durável e não durável.

A norma BS 1088-2:2003 indica os ensaios a executar para a atribuição da classificação "marítimo" ao contraplacado. Trata-se, basicamente, de imergir as amostras em água a ferver durante 72 horas ou em vapor durante 24 ou 12 horas (consoante a pressão da autoclave) e depois tentar separar as camadas com uma faca especial. São, portanto, ensaios muito exigentes; realizámos ensaios com contraplacados de um fabricante nacional que deram resultados satisfatórios.

Page 18: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 35

3.2.2. Resistência do contraplacado

O contraplacado é, no entender dos seus defensores encomiásticos (Refª15) “mais sólido que o poliéster, melhor isolador do que o aço, mais leve que o alumínio, mais fácil de reparar que qualquer outro material utilizado em construção naval, de mais simples aquisição, preparação e utilização, barato e fácil de manter”.

A partir das Tabelas 1 e 2 do Capítulo 5, podemos esclarecer o que querem dizer estes e outros entusiastas do contraplacado, fazendo algumas considerações muito simples sobre a construção de painéis (casos do forro e anteparas, naturalmente).

Afectaremos os valores da resistência dos contraplacados extraídos da norma inglesa BS 5289 pelos coeficientes 0,7 para as tensões e 0,9 para o módulo de elasticidade devido à exposição marinha. Notemos que os valores da BS 5289 são já muito exigentes para a madeira seca, como se poderá verificar comparando valores daquela norma para a madeira maciça, com os da EN 339 para as mesmas espécies.

Recordemos, entretanto, que: o As flechas dos painéis são inversamente proporcionais ao produto

do módulo de elasticidade E pelo momento de inércia J da tira unitária; este é, por sua vez, proporcional ao cubo da espessura t;

o As tensões de flexão são inversamente proporcionais ao módulo de resistência W e, portanto, ao quadrado de t.

Chamaremos m às massas volúmicas e σ às tensões de segurança. Os pesos das tiras unitárias dos painéis são, pois, proporcionais a mt.

Nas fórmulas usaremos o índice 1 para representar o contraplacado e o índice 2 para representar qualquer outro material.

(1) Comparação em igualdade de peso p

Os valores t são inversamente proporcionais ao m respectivo

p = m2 t2 = m1 t1 ; t2 / t1 = m1 / m2

o Relação das flechas f

1º Caderno 36

f2 / f1 = E1 J1 /E2 J2 = E1 t13 / E2 t2

3 = E1 m23 / E2 m1

3

PRF/Contraplacado 5,5 x 14403 / 5,2 x 6103 = 13,9/1

Aço/Contraplacado 5,5 x 78303 / 200 x 6103 = 58,2/1

Liga Al/Contraplacado 5,5 x 27103 / 69 x 6103 = 7,0/1

Conclusão: a rigidez do contraplacado é muito maior, sendo óbvia a sua vantagem nos casos em que o critério de dimensionamento seja as deformações.

o Relação das tensões de flexão σ

σ2 / σ1 = t12 / t2

2 = m22 / m1

2

PRF/Contraplacado 14402 / 6102 = 5,6/1

Aço/Contraplacado 78302 / 6102 = 164,8/1

Liga Al/Contraplacado 27102 / 6102 = 19,7/1

Conclusão: as tensões no contraplacado são muito menores, mas este não é, por si mesmo, um indicador importante.

(2) Comparação de pesos, em igualdade de momentos flectores e com os materiais trabalhando às tensões limite

M = σ1 W1 = σ2 W2 ; σ1 t12 = σ2 t2

2 ; (t1 / t2 ) = (σ2 / σ1 )1/2

p2 / p1 = (t2 / t1 ) (m2 / m1 ) = (σ1 / σ2 )1/2 (m2 / m1 )

PRF/Contraplacado ( 7,7/38)1/2 (1440/610) = 1,1/1

Aço/Contraplacado ( 7,7/230)1/2 (7830/610) = 2,4/1

Liga Al/Contraplacado ( 7,7/125)1/2 (2710/610) = 1,1/1

Conclusão: mesmo com uma hipótese de tensões limite desfavorável para o contraplacado, em igualdade de solicitação o peso da estrutura deste material é igual ou ligeiramente inferior ao das estruturas em PRF (fibra de vidro/poliester) e em alumínio e consideravelmente inferior ao das estruturas em aço.

3.2.3. Outras características

Page 19: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 37

a) Resistência ao choque – O parâmetro característico considerado é a velocidade v de propagação das tensões

v = k (E/m)1/2

As relações PRF/contraplacado, alumínio/contraplacado e aço/contraplacado são, respectivamente, 0,7, 1,6 e 1,6 (desfavoráveis, portanto, para os metais).

b) Fadiga – O contraplacado é menos sensível que os metais (não são detectáveis fenómenos de fadiga, qualquer que seja o número de ciclos, para tensões inferiores a 30% da tensão de ruptura.

c) Isolamento térmico – É bem conhecida a vantagem em relação aos metais. Em relação ao PRF a vantagem resulta da maior espessura (o que não é verdade para a construção em sanduíche).

1º Caderno 38

CAPÍTULO 4 NORMALIZAÇÃO

No parágrafo 2.2 já apresentámos os parâmetros mecânicos mais importantes da madeira e os sistemas de ensaios.

Nos parágrafos 5.1 e 5.2 aprofundaremos estes pontos e trataremos da normalização da madeira com base nas normas nacionais e em normas europeias que não têm ainda tradução, mas que serão necessariamente vertidas em breve para português.

Veremos algumas normas inglesas sem correspondência europeia, pelo menos por enquanto.

Pelo que já dissemos é fácil entender que a preparação, tradução e publicação de normas de madeira está numa fase de evolução constante e rápida. Daí também que algumas das considerações sobre normas existentes que abaixo fazemos, possam necessitar de actualização.

4.1. Normalização da madeira

4.1.1. As mudanças

A última década assistiu a uma mudança que, sem exagero, se pode classificar como radical, na maneira de tratar a madeira em termos estruturais.

Nenhum regulamento poderá, hoje em dia, ignorar essa evolução, que vamos tentar expor em termos simples.

Têm sido usadas, pelo menos, duas maneiras de conduzir e apresentar os ensaios de resistência e elasticidade. Chamar-lhes-emos:

o Sistema clássico

o Sistema do Eurocódigo 5.

Existem mais de 60 normas portuguesas relativas a madeira, mas excluindo algumas de reduzido interesse para o nosso trabalho, restam pouco menos de 50 que constam do Anexo 1.

Page 20: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 39

Dessas,

o 14 dizem respeito a preservadores

o 10, todas de 1973, são relativas a ensaios de características mecânicas;

As modernas normas europeias sobre ensaios não têm ainda, como veremos adiante, correspondentes nacionais.

Nos Anexos 2 e 3 encontramos listagens de normas portuguesas e europeias respeitantes, respectivamente, a embarcações e a navios. Tal corresponde a uma nomenclatura que não é a usual na legislação marítima portuguesa, onde a designação embarcações engloba e substitui a de navios. Pensamos que se trata de uma questão de tradução do inglês; nas normas do Instituto Português de Qualidade (IPQ) a designação navios corresponderá a "ships" e embarcações a "small craft".

Nos Anexos 4 e 5 listámos as normas inglesas sobre madeira para nós mais importantes (de um total de 277) e sobre embarcações.

4.1.2. Sistema clássico

Os valores característicos da madeira, e sobretudo a sua resistência mecânica, eram determinados por ensaios laboratoriais sobre provetes pequenos, isentos de imperfeições e com o mesmo valor de humidade, condições muito importante para não se terem dispersões excessivas de valores.

A distribuição destes podia ser modelada como gaussiana, sendo calculado o valor médio. Encurtando aqui razões, podemos apontar um exemplo: 98% das peças tinha um valor de resistência não era inferior a 80% dessa média. Portanto este factor, essencialmente a variabilidade da madeira de árvore para árvore, impunha um factor de segurança (relativamente pequeno) de 1/0,8 = 1,25 se quiséssemos garantir que 98% das peças tinham resistência igual ou superior à média.

A dispersão na madeira de obra era muitíssimo maior. Considerando ainda a dificuldade na previsão exacta das cargas, “carregava-se” no

1º Caderno 40

coeficiente de segurança, que ia de 5 a 12 em relação à rotura, contra 1,5 a 3 para o aço (note-se que, no caso deste material, o coeficiente se destina, principalmente, a cobrir a diferença entre as solicitações previstas e as reais). Este assunto é extensamente tratado na Memória nº 179 do LNEC por Tomás Mateus – "Bases para o dimensionamento de estruturas em madeira" (Refª 55)

Na Tabela 4.1 colocámos alguns valores de tensão de flexão estática adaptados dessa Memória.

Algumas explicações sobre essa tabela:

σ(1%) é a tensão de rotura satisfeita por 1-1%=99% das peças;

Os valores das tensões básicas levam em conta a "actuação das cargas ao longo do tempo" e resultam da multiplicação das tensões pelo factor 9/16, ou seja, 56%; cremos que este factor só será aplicável em cargas de longa duração, devendo ser maior para cargas temporárias;

As tensões de segurança levam em conta a redução de resistência "ocasionada pela presença de defeitos, especialmente os nós, o fio torcido ou o fio diagonal, e as fendas”; foram calculadas na obra citada multiplicando as tensões básicas pelos factores de 0,75 para a madeira escolhida, e 0,60 para a madeira sã;

Para o pinho seleccionado, e feita a comparação entre a tensão média de rotura com 12% de teor de água e a tensão de segurança em estruturas ao ar livre, o coeficiente de segurança para a madeira seleccionada e de 1ª categoria é de 96,0/8,8 = 10,9. Se atendermos às dúvidas sobre os valores exactos das solicitações, não será nada exagerado um coeficiente de segurança global de 12 (em relação, portanto, aos valores médios obtidos em ensaios com provetes de madeira seleccionada, isentos de defeitos e com teor de água de 12%).

Page 21: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 41

Pinho seleccionado

Pinho comum

Tensão média de rotura, com 12% de teor de água

96,0 79,4

σ(1%) , com 12% de teor de água 51,5 42,1 σ(1%) , com 18% de teor de água 38,2 31,4 σ(1%) , com 24% de teor de água 24,9 20,4 Tensão básica em estruturas abrigadas 21,4 17,4 Tensão básica em estruturas ao ar livre 13,9 11,4 Tensão segurança, estrut. abrigadas 12,7 a 10,8 10,8 a 8,8 Tensão segur. em estruturas ao ar livre 8,8 a 6,9 6,9 a 5,9

Tabela 4.1 – Tensões de flexão em N/mm2 de pinho bravo ("pinus pinaster")

O valor do coeficiente de segurança global poderá ser reduzido com um melhor conhecimento das condições particulares, caso a caso, sendo a sistematização dessas considerações o ponto fulcral do método que vamos expor a seguir.

4.1.3. Sistema do Eurocódigo 5

a) A Directiva dos produtos de construção

O aparecimento dos Eurocódigos resulta mais de razões políticas e económicas do que técnicas: a necessidade de liberalizar a troca de produtos de construção no mercado da União Europeia.

Embora com subsequentes alterações, o documento fundamental é a Directiva 89/106/CEE do Conselho de 21 de Dezembro de 1988 (transcrita para direito interno pelo Decreto-Lei nº113/93 de 10 de Abril), apelidada de "Directiva dos produtos de construção".

Alguns pontos desta directiva merecem transcrição, para compreensão dos princípios subjacentes aos Eurocódigos:

i. Considerandos

o Uma norma harmonizada é uma especificação técnica (norma europeia ou documento harmonizado) adoptado pelo Comité

1º Caderno 42

Europeu de Normalização ou pelo Comité Europeu de Normalização Electrotécnica (CENELE);

o Presume-se que um produto está apto a ser utilizado se estiver conforme com uma norma harmonizada reconhecida a nível comunitário;

o No caso de produtos cujas normas europeias não possam ser estabelecidas em prazos razoáveis, a respectiva aptidão para o uso pode ser comprovada por recurso às aprovações técnicas europeias com base em directrizes comuns;

o É necessário assegurar a conformidade dos produtos com as normas harmonizadas e com as aprovações técnicas não harmonizadas;

ii. Texto

o A directiva aplica-se a produtos de construção;

o Estabelecem-se no seu Anexo I, sob a forma de objectivos, os requisitos essenciais aplicáveis às obras, susceptíveis de influenciar as características técnicas de um produto;

o O certificado de conformidade de um produto pressupõe: que o fabricante dispõe de um sistema de controlo da

produção, ou que, no caso de determinados produtos, para além do

sistema de controlo da produção, tem lugar a intervenção de um organismo de certificação aprovado na apreciação e na vigilância do controlo da produção ou do próprio produto.

o A declaração de conformidade (do fabricante) ou o certificado de conformidade autorizam o fabricante ou o seu mandatário estabelecido na Comunidade, a apor a correspondente marca CE no próprio produto.

o É criado um Comité Permanente de Construção composto por um representante da Comissão e dois representantes de cada Estado-membro.

Page 22: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 43

iii. Anexo I – Requisitos essenciais

Dizem respeito a

o Resistência mecânica e estabilidade o Segurança contra incêndios o Higiene, saúde e ambiente o Segurança na utilização o Protecção contra o ruído o Economia de energia e retenção de calor

iv. Anexo II – Aprovação técnica europeia

v. Anexo III – Certificado de conformidade com especificações técnicas

vi. Anexo IV – Aprovação de laboratórios de ensaio e dos organismos de inspecção e certificação

Como se vê, trata-se de uma directiva seminal, visando estabelecer e assegurar as Regras do Mercado Interior Europeu para materiais de construção. Entre os quais está, é claro, a madeira.

Podemos indicar aqui quais são as Comissões Técnicas do Centro Europeu de Normalização relacionadas com a madeira:

o CEN/TC 38 – Durabilidade da madeira e produtos derivados o CEN/TC 112 – Painéis à base de madeira o CEN/TC 124 – Estruturas em madeira o CEN/TC 175 – Madeira maciça redonda, serrada ou aparelhada o CEN/TC 193 – Colas o CEN/TC 250 – Eurocódigos estruturais

b) Normas para ensaios e atribuição de classes de resistência

No sistema do Eurocódigo 5, os ensaios - e aqui está a diferença fundamental em relação aos ensaios clássicos -, são feitos em peças de maiores dimensões e com maiores ou menores irregularidades e defeitos, portanto muito mais próximas das aplicações reais.

1º Caderno 44

Na base da assignação das características de resistência a uma espécie de madeira está a norma

o NP EN 1912 2000 – Madeira para estruturas; Classes de resistência; atribuição de classes de qualidade e espécies.

Pensamos que já estaremos em condições de perceber a necessidade das "referências normativas" a seguir enumeradas, ainda sem versão portuguesa:

o EN 338 "Structural timber – Strength Classes" o EN 384 "Structural timber – Determination of characteristic

values of mechanical properties and density" o EN 518 "Structural timber – Grading – Requirements for visual

strength grading standards" o EN 519 "Structural timber – Grading – Requirements for

machine strength graded timber and grading machines"

Na NP EN 1912 2000 é citada também, mas a título informativo, a NP 4305:1995 – Madeira serrada de pinheiro bravo para estruturas – Classificação visual.

A parte essencial da EN 1912 é a atribuição de classes de qualidade (segundo as normas de diversos países, no nosso caso a NP 4305:1995 – Madeira serrada de pinheiro bravo para estruturas – Classificação visual) de resinosas e folhosas às classes de resistência (EN 338).

Assim, a única espécie portuguesa constante na EN 1912 (mas países como a Itália, a Espanha, a Bélgica e a Grécia estão ainda ausentes), é o pinho bravo com a classe de qualidade E, à qual é atribuída a classe de resistência C18. A esta pertencem também, por exemplo, o espruce europeu e americano (sitka spruce), a casquinha, a pseudotuga (douglas fir, só algumas classes) e o pitespine.

Note-se que a Ficha LNEC M2 – “Pinho bravo para estruturas”, de Janeiro 1997, que expressamente permite o dimensionamento de estruturas de pinho de acordo com o Eurocódigo 5, apresenta duas classes de madeira de pinho bravo: classe E e classe EE. Voltaremos a este ponto, depois de algumas clarificações sobre aquela norma.

Page 23: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 45

c) Eurocódigo 5 (Norma NP ENV 1995-1-2-2000)

Comecemos pela 1ª parte, cuja designação completa é “Eurocódigo 5: Projecto de estruturas de madeira – Parte 1.1: Regras gerais e regras para edifícios”.

Realcemos alguns capítulos:

o Campo de aplicação – O Eurocódigo 5 aplica-se ao projecto de estruturas de madeira (maciça redonda, serrada ou aparelhada) ou de madeira lamelada-colada

o Definições e símbolos – muito importante por conter conceitos originais em normas

o Referências – São citadas um número considerável de normas o Bases para dimensionamento

Estados–limite e situações de projecto Acções Propriedades dos materiais

o Regras de dimensionamento o Ligações

Apesar da designação pomposa, a norma referida é na realidade uma “pré-norma”, sobretudo porque faltam ainda muitas “normas de apoio harmonizadas”.

O Eurocódigo aplica-se a estruturas realizadas em madeira (madeira maciça - redonda, serrada ou aparelhada -, e madeira lamelada/colada) ou em derivados de madeira, ligados por colagem ou por ligadores.

As referências são impressionantes, com um total de 43 normas ou pré-normas, das quais:

16 dizem respeito a madeira maciça 3 a contraplacado 8 a derivados de madeira 6 a colas e lamelados-colados 4 a durabilidade e tratamentos 6 a matérias diversas

1º Caderno 46

As espécies são ordenadas em classes de qualidade às quais são assignadas classes de resistência.

Os chamados "valores característicos" da resistência Xk correspondem ao quantilho de 5% da distribuição estatística (ver caixa), sendo a força dos ensaios aplicada durante 5 minutos.

Os cálculos são feitos em relação aos estados limites7 (últimos e de utilização) e a s situações de projecto incluem situações persistentes, transitórias e acidentais, com combinações regulamentadas.

O valor de cálculo Xd de uma propriedade da madeira (como a resistência à tracção ou à flexão) é definido por

Xd = kmod Xk /yM

sendo o YM um coeficiente parcial de segurança, com o valor de 1,3 para

a madeira e derivados, o kmod dependente da duração das acções e do teor de água dos

materiais, com o valor mínimo de 0,5 e máximo de 1,1 para a madeira.

Estamos, na realidade, em presença de um coeficiente de segurança de 1,3 / 0,5 no caso pior, ou seja de 2,6. Tal mostra bem que outras precauções foram tomadas na determinação do valor característico.

O tratamento das solicitações, aqui designadas por acções (forças e deformações), é objecto de definições muito completas e cuidadosas, de interesse sobretudo pelo estabelecimento de regras sobre a sua combinação e pela assignação de coeficientes correspondentes à duração.

7 Os estados limites são estados para além dos quais a estrutura deixa de satisfazer as exigências de projecto, classificando-se em

o estados limites últimos (colapso) o estados limites de utilização (para além dos quais as condições de

utilização deixam de ser satisfeitas)

Page 24: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 47

A distribuição logarítmico-normal

A determinação dos valores característicos das propriedades mecânicas e da densidade da madeira é coberta por duas normas europeias: a EN 384 para a madeira estrutural e a EN 1058 para painéis:

o A primeira apresenta um método simples de determinação do quantilho de 5%: este é simplesmente o valor obtido no ensaio que tem 5% dos valores totais mais baixos;

o Na segunda são indicados com bastante precisão as dimensões das peças a ensaiar e o seu número; a determinação do quantilho é feita em função do valor médio dos ensaios, do número destes e do desvio padrão.

É geralmente reconhecido que a distribuição das características mecânicas da madeira nos ensaios obedece a uma lei logarítmica-normal ou log-normal, cujo aspecto é o de uma versão "torcida" (skewed) da distribuição normal ou gaussiana. É, aliás, a distribuição imposta na norma EN 385:1995 para determinação do quantilho de 5% da resistência de "finger jointed structural timber"8. Como se trata de uma questão fundamental para percebermos a filosofia dos valores característicos, vamos desenvolver este tema. Uma distribuição log-normal ocorre quando o logaritmo natural da variável tem uma distribuição normal. Chamando ƒ à frequência, µ ao valor médio e σ ao desvio padrão, temos:

Distribuição normal - ƒ µ,σ2 (x) = (1/(σ(2π)1/2 ) e – (x-µ)^2/2σ^2

Distribuição log-normal - - ƒ µ,σ2 (x) = (1/( xσ(2π)1/2 ) e – (ln(x)-µ)^2/2σ^2

Para dar uma ideia mais física da diferença, vejamos o caso em que o valor característico do parâmetro ensaiado (e que corresponda, portanto, a um valor acumulado de 5%) tenha, por exemplo, 50% do valor médio. Digamos que µ =100 e valor característico c = 50. Tal acontece se:

8 Esta mesma distribuição é comum em fenómenos biológicos.

1º Caderno 48

o No caso de distribuição normal, o desvio padrão for cerca de 30, o que significa que no intervalo

(100-30) < x < (100+30) está contido 68,2% do valor acumulado de x;

o No caso de distribuição log-normal, o desvio padrão for cerca de 0,42 o que significa que no intervalo

inv ln (4,604-0,42) < x < inv ln (4,604+0,42) estará contido 68,2% do valor acumulado de x. Note-se que 4,604 é o logaritmo natural do valor médio 100.

Por outras palavras: o Com distribuição normal, o intervalo (µ – σ) , (µ + σ) ao qual

corresponde 68,2% da área da função ƒ (x) está compreendido entre x1 = 70 e x2 = 130; é, portanto,

x2 – x1 = 60 o Com distribuição log-normal, o intervalo (µ – σ) , (µ + σ) ao qual

corresponde 68,2% da área da função ƒ (x) está compreendido entre x1 = 65,4 e x2 = 151,4; é, pois,

x2 – x1 = 86

sendo x1 bastante mais próximo do valor médio 100 do que x2.

FUNÇÃO LOG-NORMAL

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Resistência (N/10.mm2)

Freq

uênc

iaMédia

Característica

Page 25: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 49

As acções são classificadas de acordo com a sua variação no tempo e no espaço.

o Variação no tempo: acções permanentes, variáveis (com 4 classes) ou acidentais;

o Variação no espaço: acções fixas ou acções livres.

Pensamos que esta metodologia se poderá aplicar a embarcações, classificando como acções livres as resultantes das ondas (que não têm contrapartida em estruturas terrestres).

Podemos agora voltar à resistência à flexão do pinho bravo. Classe EE Classe E Valores característicos segundo a ficha LNEC M2

35,0 18,0

Valor característico segundo a NP EN 1912 (classe C18)

18,0

Valor de cálculo, considerando acções permanente e sem limite quanto à humidade (superior a 85%)

13,5 6,9

Tabela 4.2 – Tensões de flexão em N/mm2 de pinho bravo ("pinus pinaster"), aplicando o sistema de do Eurocódigo 5

Note-se que a classe E se situa, numa aproximação grosseira, entre o pinho seleccionado e o pinho comum da Tabela 5.1

ii A 2ª parte do Eurocódigo 5 intitula-se “Verificação da resistência ao fogo” identifica as diferenças ou os requisitos suplementares das estruturas, em relação ao cálculo à temperatura ambiente.

Quanto ao seu campo de aplicação relevamos:

o Respeita apenas a métodos passivos de protecção contra incêndio; o Aplica-se a estruturas de edifícios onde seja necessário:

Evitar o seu colapso prematuro, Limitar a propagação do fogo

1. 1º Caderno 50

4.1.4. Normas inglesas

Fizemos investigações sobre normas de diversos países da UE, mas só apresentaremos aqui as British Standards (BS) por serem muito completas.

Já falámos das BS 1088-1 e 2:2003, respeitantes aos ensaios dos contraplacados marítimos e em anexos apresentamos algumas listagens.

Mas destacamos especialmente a BS 5268 – 2 – "Structural use of timber – Code of practice for permissible stress design, materials and workmanship".

Esta norma tem 7 partes e é, em boa medida, a antecessora do Eurocódigo 5, nomeadamente no método de cálculo por tensões limites e na atribuição de classes de características mecânicas às diferentes espécies.

É, porém, muito mais completa e de utilização prática do que o Eurocódigo 5, sem prescindir de um grande rigor, em termos de ciência das construções, das suas definições e metodologia.

Do seu âmbito, extraímos:

o A BS 5268 é um guia para a utilização estrutural da madeira maciça, contraplacado, lamelados colados e paineis de aglomerados, em peças em carga. Inclui recomendações sobre a qualidade, tensões admissíveis e factores de modificação aplicáveis a estes materiais quando usados como peças simples ou como parte de componentes agregados, ou ainda como parte de estruturas incorporando outros materiais.

o Inclui ainda recomendações sobre o projecto de uniões pregadas, com parafusos (de enroscar e de porcas), com outros ligadores e coladas. Além disso inclui recomendações sobre testes para avaliar a resistência de conjuntos estruturais, e conselhos sobre métodos de trabalho, tratamentos que podem ser aplicados, inspecção e manutenção. Ficam de fora os métodos de construção ditos tradicionais que não são, no entanto, recusados a priori.

Page 26: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 51

o É interessante referir que na Secção 3 – Madeira lamelada-colada, são apresentados coeficientes de aumento da tensão de cálculo em função do número de lamelas. Como exemplo, a tensão de cálculo à flexão, para uma peça com 7 lamelas, sofre um aumento de 39% em relação à madeira maciça, o que significa uma correspondente redução de largura e de peso. A redução poderá ainda ser consideravelmente maior no caso de o peso da estrutura ser uma parte importante das acções que gravam sobre a peça.

o A Secção 4 trata longamente de contraplacado. A tensão de cálculo (para acções de longa duração) de um contraplacado inglês de folhosas de 19mm de espessura e 9 folhas, é de 11,0 N/mm2 , o mesmo valor se aplicando a contraplacado sueco de resinosas com 16mm de espessura e 5 folhas. Considerando um factor de 0,7 para levar em conta uma wet exposure, passamos para 7,7 N/mm2.

o Entre as prescrições do Secção 6, Uniões, encontram-se as respeitantes a ligações madeira maciça/contraplacado, quer pregadas quer aparafusadas.

o Para as estruturas coladas são admitidas, para estruturas marítimas, as colas resorcinol - formaldeído, fenol – formaldeído e fenol - resorcinol – formaldeído.

As tensões de utilização do contraplacado indicadas na Tabela 5.3 foram tiradas da BS 5268 e correspondem a british plywood:sanded com a espessura de 19 mm.

No Anexo 4 apresentamos uma listagem das mais interessantes, que tem ainda a vantagem de apresentar projectos em curso.

4.2. Normas para navios de madeira

4.2.1. Normalização nacional

A normalização nacional sobre embarcações inclui apenas normas europeias (ver Anexos 2 e 3) e nenhuma delas é específica de embarcações de madeira. São no entanto, na sua maioria, aplicáveis também a estas.

1º Caderno 52

4.2.2. Normalização inglesa

As normas para small craft fazem parte do Anexo 5 e dividimo-las segundo uma destrinça mais ou menos clássica, para facilidade de busca. Apenas a correspondente à ISO 12215-3 contem elementos específicos da construção em madeira, mas destas normas trataremos a seguir.

4.2.3. Normas ISO

Vejamos como está organizada a ISO para lidar com normas de embarcações:

o As comissões, são duas:

TC 188 – "Small craft" (embarcações abaixo de 24m)

TC 8 – "Ships and marine technology"

o As sub-comissões, são 29 na TC 188 e 11 na TC 8; estas sub-comissões ocupam-se de:

Normas (49 na TC 188 e 174 na TC 8)

Projectos de normas (47 na TC 188 e 15 na TC 8)

Os maiores esforços têm sido, ultimamente, para as embarcações abaixo dos 24m, a fim permitir a cabal implementação da Directiva 94/25 CE de 16 de Junho.

As normas e projectos de normas ISO 12215 – 1 a 6 – "Small craft – Hull construction and scantlings"9 são, de algum modo, o coroar dos esforços da TC 188. São aplicáveis a embarcações de recreio abaixo dos 24m mas extensíveis, após especial consideração das condições de serviço, a embarcações comerciais.

Vejamos algumas das suas exigências:

o A realização de inspecções e ensaios de resistência da madeira, citando 26 normas ISO;

9 Aplicáveis a embarcações de recreio abaixo dos 24m mas extensíveis, após especial consideração das condições de serviço, a embarcações comerciais

Page 27: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 53

o A elaboração de um manual do armador que, entre outras coisas, deverá indicar as possíveis reduções de propriedades mecânicas da madeira com o calor;

o A apresentação de uma ficha com

Nome botânico e comercial da madeira; Densidade média e teor de água correspondente; Propriedades mecânicas e normas de ensaio correspondentes; Teor de água da madeira quando fornecida e método de

secagem.

o No caso de materiais compósitos, várias indicações

Características e requisitos das resinas e dos tecidos sintéticos impregnados;

Compatibilidade com as madeiras utilizadas.

Outras indicações das normas:

o Uma lista de 15 espécies de madeira e a sua classe de durabilidade (numerada de 1 a 4);

o Requisitos para o contraplacado, embora não haja normas europeias ou ISO para definir o contraplacado marítimo, como já sabemos;

o Requisitos para o tabuado lamelado10 (veneers) em construção moldada.

10 Tábuas com não mais de 5mm de espessura.

1º Caderno 54

CAPÍTULO 5 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

A indicação dos parâmetros mais importantes foi já incluída no Capítulo 2.

Nas tabelas que seguem, a vários tipos de madeira juntámos outros materiais utilizados na construção de cascos: aço, liga de alumínio e PRF (escolhemos o material mais comum, o poliester reforçado com fibra de vidro).

Para a madeira e derivados são indicadas três classes de valores:

o Os que têm indicação da norma EN 338 correspondem aos conceitos do Eurocódigo 5;

Os que têm indicação BS 5268 correspondem aos conceitos desta mesma norma;

Os restantes correspondem a médias de ensaios convencionais (provetes pequenos e sem defeitos), com algumas adaptações.

Para a madeira lamelada colada copiaram-se também valores de um excelente catálogo técnico de uma empresa francesa (Refª 10), grande construtora de edificações neste tipo de material.

Para aplicações concretas, e consideradas as simplificações aqui introduzidas para mera apreensão dos conceitos, é imprescindível a consulta das publicações de origem, indicadas nas referências.

Page 28: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 55

Tabela 5.1 – Tensões de ruptura e massa volúmica

N/mm2 kg/m3 M

atér

ia p

rim

a

Tipo

de

tens

ão

Flex

ão e

stát

ica

Tr

acçã

o pa

rale

la à

s fi

bras

Trac

ção

perp

endi

cula

r às

fib

ras

Com

pres

são

par

alel

a às

fi

bras

Co

mpr

essã

o

Perp

endi

cula

r às

fib

ras

Cort

e pa

rale

lo à

s fi

bras

M

assa

vol

úmic

a

Materiais para comparação

Aço macio (1) Rotura 430 430 430 430 430 430 7830 Idem Segurança 230 230 230 230 230 230 Liga de Al (1) Rotura 260 260 260 260 260 260 2710 Idem Segurança 125 125 125 125 125 125 PRF (2) (3) Rotura 152 152 152 117 117 62 1440 Idem Segurança 38 38 38 30 30 16 Madeira maciça Pinho bravo Viana Valor médio

(sem defeitos) 132 2,5 57,8 565

Pinho bravo comum, 12% teor de água

Valor médio (sem defeitos)

79 46 7,4 8,1

Idem Valor satisfeito por 99%

42 26,5 2,5 4,7

Idem Segurança, ao ar livre

6,9/ 5,9

4,9/3,9

1,5/ 1,3

0,6

Pinho bravo seleccionado, 12% teor de água

Valor médio (sem defeitos)

96,0 56 8,8 9,8

Idem Valor satisfeito por 99% (7)

51,5 34 3,1 5,7

Idem Segurança, ao ar livre

8,8 6,4 1,5 0,8

1º Caderno 56

Pinho bravo selecc.do, 12% teor de água, classe E

Valor característico

18 10,8 0,46 18 6,9 2,0 580

Idem Valor médio EN 338

460

Pinho bravo selec.do, 12% teor de água, classe EE

Valor característico

35 21 0,49 24,7 7,3 3,4 610

Idem Valor médio EN 338

490

Pinho manso Valor médio (sem defeitos)

95 2,2 37 550

Carvalho roble, alvarinho

Idem 135 3,8 50,5 710

Carvalho negral Idem 137 3,8 55,4 745 Eucalipto comum Idem 168 4,4 63,7 850 Eucalipto rostrado

Idem 126 3,0 47,5 885

Eucalipto comum Idem 127,5 3,4 49,1 13,7 750/ 850

Casquinha (Redwood)

Idem 69 1,7 42 1,5 400

Casquinha (Redwood) classe T1

Valor característico

18 11 0,3 18 4,8 2,0 320

Casquinha (Redwood) classe T1

Valor médio EN 338

380

Idem, classe SS Valor característico

24 14 0,4 21 5,3 3,0 350

Casquinha (Redwood)

Valor médio EN 338

420

Câmbala (Milicia regia)

Valor médio (sem defeitos)

98,5 2,1 47,3 9,0 580

Page 29: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 57

Câmbala (Milicia regia) classe D 40

Valor característico

40 24 0,6 26 8,8 3,8 590

Idem Valor médio EN 338

700

Contraplacados Contraplacado BS 5268 (4)

Segur.ça (valor interpolado)

11,0 6,7 7,0 7,7 2,9 610

Eucalipto, Jomar 15 mm, para exterior

Valor médio 75 900

Resinosas, Wisa, 15 mm

Valor caract.co EN 1058

22,9 10,5 7,5 17,5 12,5 7.0 400

Idem Valor médio EN 1058

460

Lamelados-colados

Lamelado-colado homogéneo

Característica EN 338

11,4/ 17,1

7,9/ 12,4

11,4/

14,8

2,6/ 3,4

1,3/ 2,0

440/ 560

Lamel.-colado Redwood classe SS (BS 5268) (4)

Segur.ça (valor interpolado)

10,4 6,3 8,2 2,9 1,44 590

Lamelado-colado Câmbala classe SS (BS 5268) (4)

Segur.ça (valor interpolado)

13,9 8,3 9,0 3,5 3,0 590/ 760

CIS Madera (5) Rotura 125,3 CIS Madera (5) Percentil 5% 101,5 CIS Madera (6) Rotura 103,4

1º Caderno 58

Notas da Tabela 5.1 Geral - O conceito de paralelo ou perpendicular às fibras só é aplicável à madeira e PRF (em alguns casos)

(1) Polímero reforçado com fibras - Resina de poliéster reforçada com manta ou projecção de fibra de vidro a 30% em peso; note-se que, ao contrário da madeira e dos metais, o PRF tem módulos de elasticidade um pouco diferentes para a tracção, compressão e flexão, mesmo com a fibra de vidro aplicada em manta ou por projecção.

(2) Corte interlaminar 17,3 N/mm2 (3) Valores médios referidos à milicia excelsa, mais pesada e mais

resistente do que a milicia regia. (4) A BS 5268 aponta para consideráveis aumentos de tensão de

segurança em relação às madeiras de origem; no caso da flexão e para uma qualidade média, o aumento está entre 26% (4 lamelas) e 52% (20 lamelas).

(5) Trata-se de experiências com 3 lamelas de 24mm x 86mm, coladas; não cremos que se possa aqui falar de valores característicos (como aparece na refª), pois se trata de provetes limpos e não normalizados

(6) Idem, mas a lamela central apresenta uma finger joint. Vemos que esta reduziu 17% a resistência à flexão e 6% ao módulo de elasticidade.

(7) O conceito é definido a pág. 135 da edição de 2000 da ref. 40. Corresponde a uma probabilidade de rotura de 1%, valor aparentemente muito mais rigoroso que o do Eurocódigo 5. Simplesmente neste os provetes não são "limpos e isentos de defeitos", como nos ensaios da ref. 40. Ainda segundo esta publicação teríamos, aproximadamente,

σ1% = σmédio – 2,33xdesvio padrão O desvio padrão variaria entre um máximo de 19 N/mm2 (20% do valor médio) para a flexão e um mínimo de 1,8 N/mm2 (18% do valor médio) para o corte.

Page 30: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 59

Tabela 5.2 – Módulos de elasticidade

Valores em 103 N/mm2 Matéria prima Tracção

(paralelo às fibras)

Flexão (paralela às fibras)

Compressão (paralela às fibras)

Compressão (perpendic. às fibras)

Materiais para comparação Aço macio 200 200 200 200 Liga de alumínio 69 69 69 69 PRF (1) 6,35 5,2 6,0 6,0 Madeira maciça Pinho bravo selecc.do, 12% teor de água, classe E

8,0 8,0 8,0 0,40

Pinho bravo selecc.do, 12% teor de água, classe EE

9,4 9,4 9,4 0,45

Eucalipto comum 17,5 17,5 17,5 Casquinha (Redwood) 9,25 - classe GS (EN 338) 5,4 5,4 5,4 0,27 - classe SS (EN 338) 7,4 7,4 7,4 0,37 - classe SS (BS 5628 8,2 8,2 8,2 Câmbala (Milicia regia) (3) 11,3 - classe HS (EN 338) 9,4 9,4 9,4 0,75 - classe HS (BS 5628) 8,9 8,9 8,9 Contraplacados Contraplacado BS 5268 (4) 6,1 6,1 6,1 6,7 Eucalipto, Jomar 15 mm, para exter. 13 Resinosas, Wisa, 15 mm 6,9 7,7 6,9 6,1 Lamelados-colados Lamelado-colado homogéneo (EN338)

11,6 a 14,7 11,6 a 14,7

11,6 a 14,7 0,72 a 0,91

Lamelado-colado Redwood classe SS (BS 5268)

7,4 7,4 7,4

Lamelado-colado Câmbala classe SS (BS 5268)

8,0 8,0 8,0

CIS Madera (5) – médio 22,7 CIS Madera (5) - percentil 5% 16,1 CIS Madera (6) - médio 21,4 Notas - Ver Tabela 5.1

1º Caderno 60

Algumas conclusões elementares da Tabela 5.2:

o Se ligarmos, na mesma viga ou painel, aço ou alumínio com madeira, esta não é posta em carga, visto o seu módulo de elasticidade ser muito mais pequeno (o caso do eucalipto é um pouco diferente).

o Já se, nas mesmas condições, ligarmos madeira e PRF – na prática, se revestirmos madeira com PRF -, os dois materiais trabalham com tensões parecidas (entrando em conta, no caso de trabalho à flexão e ao corte, com a distância ao eixo neutro). A semelhança de módulos de elasticidade é particularmente notável entre o PRF e o contraplacado ou, dito por outras palavras, a utilização conjunta dos dois materiais é simples de calcular, pois são igualmente solicitados (também aqui devemos fazer uma excepção para o eucalipto).

A última conclusão tem mais importância do que pode parecer à primeira vista, pois mostra ser errado revestir madeira com PRF, dado o preço deste, para reforço daquela. Há, no entanto, condições em que esse revestimento é muito importante:

o Revestimento ligeiro para isolar a madeira (que tem de estar suficientemente seca antes da operação), evitando a absorção de humidade (embora não a 100%) e a actividade de agentes biológicos de destruição. No caso de um casco o ideal será isolar interiormente e exteriormente. No entanto, por razões de custo pode considerar-se apenas conveniente isolar exteriormente, tendo sempre o habitual cuidado de evitar o contacto prolongado do interior com água doce e ventilar (nunca é de mais insistir neste ponto). Esta solução pode ser vantajosa não só pela redução de custo, mas também porque no caso de alguma falha na barreira exterior a humidade não fica retida no casco.

o Reforço local e executado a bordo de uma viga apodrecida sem necessidade de a substituir (o que por vezes poderia ser muito mais caro); deverá ter-se em atenção que o PRF deverá ser dimensionado para absorver a carga total, considerando que a madeira

Page 31: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 61

deteriorada faz os papeis de molde e de alma numa construção em sanduíche. Este ponto evidente é por vezes esquecido.

o Outros casos - mas já não se trata bem de revestir a madeira mas sim de a usar para reforçar uma estrutura em PRF -, são os de empregar a madeira para resistir a esforços de corte onde estes forem particularmente violentos (em locais de forças muito concentrados, como é o caso de fixes de motores e extremos de vigas).

1º Caderno 62

CAPÍTULO 6

REGULAMENTOS E LEGISLAÇÃO

6.1. Introdução

Vamos fazer uma introdução sobre a regulamentação das construções por temos verificado que existem alguns mal entendidos sobre a extensão do papel regulador do Estado.

Ao contrário do que sucede com outras áreas de engenharia, existe muita relutância, da parte dos governos em geral, em legislar sobre a parte estrutural da construção dos navios.

Em contrapartida, existe regulamentação abundante sobre outros componentes da segurança: sistemas de comunicações, meios de salvação, meios contra incêndio, auxiliares de navegação e dispositivos de segurança dos trabalhadores do mar. A doutrina e os textos desta regulamentação resultam frequentemente de convenções da IMO (Organização Marítima Internacional) e da ILO (Organização Internacional do trabalho).

A recente regulamentação da União Europeia insere-se nesta linha, com diferenças que teremos ocasião de referir.

É às Sociedades de Classificação de Navios que, tradicionalmente, tem cabido a publicação de regras visando a segurança estrutural dos cascos, das instalações de máquinas e da instalação eléctrica e, nos últimos anos, a estabilidade.

A sua autoridade principal vem-lhe do seu reconhecimento pelas seguradoras (sem seguro os navios não vão para o mar) e também, em larga medida, do reconhecimento pelas autoridades governamentais. Em relação a estas podemos dizer que o reconhecimento explicitado em lei varia muito de país para país (fundamentalmente consoante o seu grau de desenvolvimento, mas não só), e há também um reconhecimento implícito que, na prática, abranda muito as precauções de fiscalização

Page 32: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 63

em relação aos navios classificados11. A Directiva 94/57/CE de 22 de Novembro aponta o caminho embora de forma rebuscada e, em Portugal, o Decreto-Lei nº 115/96 que transpõe a Directiva, não ajuda a esclarecer, bem pelo contrário. Voltaremos ao assunto.

A Figura 6.1 mostra o esquema habitual de classificação dos navios e da sua renovação periódica.

Ficam, porém, de fora do sistema, os navios de dimensões relativamente pequenas, digamos abaixo dos 24m de comprimento, porque frequentemente não são classificados. Tal sucede, essencialmente, por causa do custo da classificação ser mais gravoso, em termos relativos, para pequenas embarcações12.

Aqui as Administrações têm maiores cautelas, mas tanto elas como os projectistas socorrem-se das regras das Sociedades de Classificação para a verificação dos escantilhões do casco.

Para certas embarcações – é o caso da pesca - abaixo dos 12m de comprimento, a nossa Administração, e outras, houveram por bem publicar regulamentos nacionais por as regras das Sociedades de Classificação em geral não as cobrirem (se não eram classificadas, não valia a pena perder tempo e dinheiro a preparar as regras).

11 O termo classificação é usado para navios com o mesmo sentido da certificação de produtos. O processo é complexo porque abrange projecto, matérias primas e equipamentos e construção propriamente dita. Não admira, por isso, que tenha um custo dificilmente suportável – em geral – pelos armadores dos pequenos navios. Naturalmente que há argumentos em contrário, mas não podemos alargar-nos aqui demasiado. 12 Acresce que a segurança estrutural dos cascos é, por via de regra, bastante maior que a dos navios de maiores dimensões, sobretudo porque a resistência ao choque (encalhes e pancadas contra o cais ou contra outros navios) sobreleva a resistência ao mar ondoso (estamos a simplificar).

1º Caderno 64

Figura 6.1 – Classificação de navios

Proj

ecto

de

cons

truç

ão

Apr

ovaç

ão

equi

pam

ento

s Ce

rtificad

o de

class

e

Equipa

men

tos

e mat

eriais p

ara

cons

truç

ão

Equipa

men

tos

e mat

eriais

apro

vado

s

Proj

ecto

ap

rova

do

Apr

ovaç

ão d

o pr

ojec

to

Fisc

alizaç

ão

da c

onst

ruçã

o

Regu

lamen

tos

Insp

ecçõ

es

Téc

nico

s Re

gulamen

tos

Insp

ecçõ

es

Técn

icos

Regu

lamen

tos

Soft

war

e Té

cnicos

Reno

vaçã

o do

ce

rtificad

o Ava

rias

e r

epar

açõe

s an

terior

es

Trab

alho

s an

terior

es d

e clas

sifica

ção co

ntínua

Obs

erva

ções

do

cert

ificad

o de

clas

se

List

a de

re

para

ções

e

subs

titu

içõe

s

Fisc

alizaç

ão

da

repa

raçã

o In

spec

ções

Regu

lamen

tos

Técn

icos

Re

gulamen

tos

Insp

ecçõ

es

Técn

icos

Page 33: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 65

Relevemos que o caso dos navios de guerra é diferente, pois costumam ser calculados directamente a partir da ciência das construções e das solicitações provocadas pelo mar da zona onde vão operar. No entanto, esta regra não é absoluta e com a progressiva sofisticação das regras das Sociedades de Classificação já é comum serem os escantilhões calculados em boa parte a partir dos programas de cálculo fornecidos pelas próprias Sociedades de Classificação. Está em fase de consolidação uma outra modalidade: promulgação de regras específicas para navios de guerra, elaboradas com o apoio das marinhas militares.

Assinalemos também que ainda é relativamente difícil fazer buscas na internet sobre a legislação nacional pertinente, pois em geral nem sequer as designações e números dos diplomas legais estão disponíveis (com a notável excepção da Direcção Geral de Pescas). O melhor site nacional sobre legislação marítima (áreas de recreio e marítimo-turística) é particular.

A situação com outros países e União Europeia é diferente:

o Os títulos da legislação inglesa são facilmente acessíveis, mas não são possíveis downloads da legislação excepto em fase de discussão; é notável o sistema de discussão pública dos regulamentos, com impactes ambientais e contribuições individuais para a discussão (muito numerosas) on line. A aquisição dos diplomas é fácil.

o O processo de busca da legislação francesa é um tanto difícil, mas os diplomas legais estão disponíveis para download.

o A legislação canadiana é de fácil acesso.

o Em relação aos Estados Unidos temos um magnífico site da Coast Guard e a possibilidade mais trabalhosa de acesso às Federal Regulations.

1º Caderno 66

o O acesso à legislação e outros documentos da União Europeia é simples e eficaz, com downloads13.

6.2. Legislação Nacional

6.2.1. Generalidades

É relativamente reduzida a legislação com interesse específico para o nosso trabalho, mesmo considerando que ele não se restringe ao campo estrutural. No entanto, para se ter uma ideia da complexidade da legislação em geral, bastará dizer que o número total de diplomas de interesse directo para a pesca e a aquacultura deverá estar próximo da centena e meia. A necessidade de uma colectânea ou colectâneas parece óbvia.

Enunciemos os diplomas legislativos principais:

o Embarcações de pesca

» Segurança Decreto-Lei nº 248/2000 de 3 de Outubro – aplicável a navios

de pesca de comprimento igual ou superior a 24 m Decreto-Lei nº 306/2001 de 6 de Dezembro – apresenta

alterações ao diploma anterior Portaria nº 1436/2001 de 21 de Dezembro – apresenta medidas

de segurança específicas para certas regiões Decreto-Lei nº 199/98 de 10 de Julho – aplicável a embarcações

de pesca de comprimento entre perpendiculares inferior a 12 m Decreto-Lei nº 266/2000 de 10 de Outubro - apresenta

alterações ao diploma anterior

» Medidas hígio-sanitárias Decreto-Lei nº 116/97 – prescrições mínimas de segurança e

saúde no trabalho a bordo dos navios de pesca

13 É curioso que a mesma legislação europeia é acessível no site do nosso Ministério da Justiça, mas mediante pagamento. Tanto quanto pudemos verificar, em Portugal, nas áreas que nos interessam só a legislação ambiental e a de segurança industrial estão disponíveis, sem pagamentos, na internet.

Page 34: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 67

Portaria nº 356/98 de 24 de Junho – idem Decreto-Lei nº 375/98 de 24 de Novembro – fixa as condições

sanitárias de produção e colocação no mercado de produtos de pesca

Ofício-circular nº 9 da Direcção geral das Pescas e Agricultura – parte do diploma anterior e descrimina requisitos consoante o tipo de preparação e conservação do pescado

- Características dos navios de pesca Regulamento nº 2930/86 do Conselho, de 22 de Setembro -

definições Regulamento nº 3259/94 do Conselho, de 22 de Dezembro -

definições

o Actividade marítimo-turística

Decreto-Lei nº 21/2002 de 31 de Janeiro

o Embarcações de recreio

Decreto – Lei nº 96/97 de 24 de Abril – diploma de certo modo revolucionário, embora não tanto quanto uma leitura não muito profunda fará supor;

Portaria nº 276/97 de 24 de Abril – regulamenta o diploma anterior

Decreto-Lei nº 567/99 de 23 de Dezembro – regulamento da Náutica de Recreio (refunde o Decreto-Lei nº 3222/95 de 9 de Dezembro)

6.2.2. Embarcações de pesca

a) Segurança

(1) Embarcações acima de 24 m

O documento base é o Decreto-Lei nº 248/2000 de 3 de Outubro, com as alterações e acréscimos inseridas no Decreto-Lei nº 306/2001 de 6 de Dezembro e na Portaria nº 1436/2001 de 21 de Dezembro.

O primeiro destes documentos baseia-se na Directiva 97/70/CE do Conselho de 11 de Dezembro que, por sua vez, tem como referência a

1º Caderno 68

chamada Convenção de Torremolinos de 1977, que ainda não entrou em vigor, e na Directiva nº 1999/19/CE de 18 de Março, que altera a anterior.

Trata-se de uma regulamentação muito extensa, da qual relevamos os seguintes pontos:

o Artº 6º - Normas de projecto, construção e manutenção

"As norma de projecto, construção e manutenção do casco, máquinas principais e auxiliares e instalações eléctricas e de automação aplicáveis às embarcações de pesca são as regras utilizadas pelo Instituto Marítimo Portuário ou por organismo reconhecido, conforme o artigo 5º do Decreto-Lei nº 115/96 de 6 de Agosto".

Este transpõe para ordem interna a Directiva nº 94/57/CE de 22 de Novembro, que favorece claramente as grandes Sociedades de Classificação. Curiosamente, o Decreto-Lei citado não inclui a doutrina do nº 3 do Artº 4º da Directiva, que entreabriu a porta à inclusão da Rinave entre os organismos reconhecidos, permitindo a entrada desta através de uma disposição pouco clara do Artº 7º.

O IPTM segue, em geral, as das Sociedades de Classificação reconhecidas.

Somente que, para projecto e construção de cascos em madeira não existem regras em vigor. Daí estar ainda a ser ainda utilizado e o "Règlement pour la construction et la classification des navires de pêche en bois" do Bureau Veritas, de 196314.

Justifica-se, assim, parte dos objectivos do Projecto ICOM indicados no Preâmbulo (elaboração, pela Rinave, de regras para projecto e construção de embarcações de madeira).

14 Não é muito claro se estas regras estão em vigor ou não, pois se por um lado estão incluídas na lista de publicações em vigor, por outro fomos informados por escrito que não havia regras em vigor aplicáveis a embarcações de madeira.

Page 35: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 69

o Capítulo V – Protecção contra incêndios, detecção, extinção e combate a incêndios

"Parte C – Medidas de segurança contra incêndios aplicáveis a navios de comprimento igual ou superior a 24m15 mas inferior a 60m Regra 28 – Protecção estrutural contra incêndio 1 - O casco, superstruturas, anteparas estruturais, pavimentos e casotas devem ser construídos de materiais incombustíveis. A Administração pode autorizar uma construção de materiais combustíveis desde que obedeça às prescrições da presente regra e às prescrições suplementares relativas à extinção de incêndio do nº 3 da regra 40".

Nos números 2 a 7 as disposições obrigatórias variam consoante se trate de casco com materiais incombustíveis e combustíveis, conforme se indica na Tabela 6.1

Na Tabela 6.2 indicam-se sucintamente as características contra incêndios de diversos tipos de pavimentos e anteparas, para boa compreensão do quadro anterior.

15 No texto original da Convenção de Torremolinos este valor era de 45m, mas a alteração para 24m consta da Directiva nº 97/79/CE de 11 de Dezembro, que não repete o texto da Convenção, limitando-se a indicar as suas alterações. Parecia lógico que o Decreto-Lei nº 248/2000 publicasse o texto da Convenção com as correcções introduzidas, mas tal não sucedeu. Vem primeiro o texto, de difícil leitura por ser muito longo e não ter um índice, e aparecem depois as alterações, também de trabalhoso enquadramento.

1º Caderno 70

Nº Elemento estrutural Casco de materiais combustíveis

Casco de materiais incombustíveis

1 Pavimentos e anteparas que separem locais de máquinas dos locais habitados e locais de serviço ou postos de postos de segurança

Classe F ou B-15

Em geral classe A-60 mas em certas condições A-30, ou A-0 em geral

2 Anteparas limite dos locais de máquinas

Devem impedir a passagem de fumo, na medida do possível

Sem requisitos

3 Pavimentos e anteparas que separem postos de segurança de locais habitados

Classe F Sem requisitos

4 Anteparas de corredores que sirvam locais habitados, locais de serviço e postos de segurança

Classe F Classe B-15

5 Troncos das escadas interiores que sirvam locais habitados, locais de serviço e postos de segurança

Classe F Classe B-15

6 Anteparas e pavimentos limite dos locais que contenham uma fonte de energia de emergência

Classe F ou B-15

Classe A

7 Anteparas e pavimentos que separem cozinhas de locais habitados, locais de serviço ou postos de segurança

Classe F ou B-15

Classe A ou B-15 (esta só em certos casos)

8 Anteparas e pavimentos que separem paióis de tintas paióis de luzes e outros paióis com materiais muito inflamáveis, de locais habitados, locais de serviço ou postos de segurança

Classe F ou B-15

Classe A

Tabela 6.1 – Diferenças nos requisitos contra incêndio entre cascos construídos em materiais combustíveis e incombustíveis

Page 36: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 71

. Designação Características Material incombustível

Não arde nem emite vapores inflamáveis em quantidade suficiente para se inflamar espontaneamente quando é aquecido a uma temperatura de cerca de 750o C

Divisórias da classe A

o Construídas em aço ou equivalente o Impedem a passagem de fumo e chamas durante uma

prova de fogo de 1 hora o Isoladas de modo a impedir que a temperatura da face

não exposta suba mais de 139o C em média e 180o C em qualquer ponto, acima do valor inicial durante um período determinado: 60, 30, 15 ou 0 minutos (assim, teremos A-60, A-30, etc.)

Divisórias da classe B

o Construídas em material incombustível, com excepção de certos folheados combustíveis

o Impedem a passagem de fumo e chamas durante uma prova de fogo de 1/2 hora

o Isoladas de modo a impedir que a temperatura da face não exposta suba mais de 139o C em média e 225o C em qualquer ponto, acima do valor inicial durante um período determinado: 15 ou 0 minutos (assim, teremos B-15 e B-0)

Divisórias da classe F

o Impedem a passagem de fumo e chamas durante uma prova de fogo de 1/2 hora

o Isoladas de modo a impedir que a temperatura da face não exposta suba mais de 139o C em média e 225o C em qualquer ponto, acima do valor inicial durante 1/2 hora

Tabela 6.2 - Características contra incêndios de diversos tipos de pavimentos e anteparas

(2) Embarcações abaixo de 12 m

No Decreto-Lei nº 199/98 de 10 de Julho é considerado, no nº 2 do Artº 5º, que as estruturas devem satisfazer o dimensionamento indicado nos apêndices 1 e 2 ou, em alternativa, as regras de um organismo de inspecção legalmente reconhecido. Não existem regras das sociedades de classificação aplicáveis para embarcações em madeira.

1º Caderno 72

A primeira parte do Apêndice nº 1 refere-se precisamente a embarcações de madeira, mas sobre a qualidade destas apenas é dito que

“Os escantilhões indicados nas tabelas estão de acordo com as madeiras normalmente utilizadas na construção deste tipo de embarcações.”

É estranho que um regulamento datado de 1998 seja tão pouco esclarecedor, sendo talvez considerado que o sobredimensionamento incluído nas regras permite uma grande latitude na escolha das madeiras.

De qualquer modo, em termos teóricos o regulamento está “atrasado” de mais de 30 anos, no que respeita à madeira.

Uma vantagem com algum interesse dos cascos de madeira no respeitante à reserva de flutuabilidade é que, de acordo com este regulamento, pode ser calculada retirando o peso do casco.

A segunda parte do mesmo apêndice apresenta o dimensionamento de embarcações construídas em polímero reforçado com fibra de vidro.

Não é apontado o tipo de resina, mas é indicado que a percentagem de vidro deve situar-se entre 35 e 45%16. Estes valores parecem-nos irrealistas para os construtores de pequenas embarcações de pesca (seria mais aconselhável um valor de 30%).

No Capítulo 6 – Prevenção e extinção de incêndios, não estão incluídas precauções estruturais. (3) Embarcações entre 12 e 24 m

16 É curioso que é fornecido o dimensionamento de anteparas em contraplacado e acrescido que “as anteparas construídas noutro tipo de material devem ter resistência equivalente”. Não sendo de qualquer modo acenado ao tipo e resistência de contraplacado, como é que se pode falar de resistência equivalente?

Page 37: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 73

Não existe, entre nós, regulamentação aplicável, mas está em fase final de preparação um "Regulamento sobre construção e modificação das embarcações de pesca de comprimento entre perpendiculares igual ou superior a 12m e inferior a 24m".

A versão que conhecemos, e que poderá não ser a final, é pouco precisa em relação a estruturas, pois limita-se a indicar que a resistência e construção do casco e superstruturas devem permitir resistir a todas as condições previsíveis de serviço a que a embarcação se destina, não fazendo referência a quaisquer regulamentos. No entanto, no Apêndice 1 são indicados os escantilhões para embarcações em aço, estruturados em forma mais moderna do que a utilizada para embarcações abaixo dos 12m.

Considerações sobre cascos em madeira aparecem nas disposições sobre protecção contra incêndio, semelhantes às indicadas no livro da FAO/ILO/IMCO (em revisão), oficiosamente seguido e aplicável, exactamente, a embarcações entre 12 e 24 m:

"Voluntary guidelines for the design, construction and equipment of small fishing vessels"

Em relação a estruturas, limita-se a dizer que

A vessel built and maintained in conformity with the applicable rules of a classification society or any other body recognized by the competent authority may be considered to be adequate in this respect.

Está expresso que os termos empregados no capítulo da protecção contra incêndio devem ser interpretados de acordo com a Convenção de Torremolinos.

No entanto, em vez de considerar duas categoria de materiais de casco, combustível e incombustível, considera três:

o Não combustível,

o Plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV)

o Madeira. 1º Caderno 74

Os requisitos contra incêndios incluem uma precaução não prevista na referida Convenção (nem no Decreto-Lei 248/2000):

"5.4.1. Os rufos da casa das máquinas e os vaus que suportam a parte do convés que coroa a casa das máquinas, devem ser construídas em aço, onde tal seja razoavelmente prático."

b) Medidas hígio-sanitárias

A legislação aplicável não contem medidas específicas para embarcações com casco em madeira.

É de muito interesse o Ofício-circular nº 9 da Direcção Geral de Pescas, por fazer uma selecção dos preceitos aplicáveis, ordenados por tipo de pesca.

c) Definição de características

Os dois regulamentos comunitários citados a seguir são importantes sobretudo por definirem características fundamentais para obtenção de autorizações e apoios comunitários.

o Regulamento nº 2930/86 do Conselho, de 22 de Setembro Define dimensões e arqueação

o Regulamento nº 3259/94 do Conselho, de 22 de Dezembro Altera e detalha as disposições do Regulamento nº 2930/86, passando a existir três categorias de navios de pesca no tocante à determinação da arqueação, em função do seu comprimento fora a fora:

o acima dos 24 m o entre 15 e 24 o abaixo de 15

Tem interesse verificar que a medida intermédia, abaixo dos 24 m, aparece aqui como sendo 15, enquanto, para alguns efeitos (equipamento de salvação e radiocomunicações), é 17 m nas "Voluntary guidelines for the design, construction and equipment of small fishing vessels" atrás citadas e 12 m na legislação nacional.

Page 38: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 75

Veremos mais adiante que os 15 m estão, possivelmente, em vias de se consolidarem como a medida intermédia definidora de imposições construtivas e de equipamento.

6.2.3. Actividade marítimo-turística

Este tipo de actividade começa a ser um segmento de mercado de bastante interesse para os estaleiros navais de construção em madeira.

O Decreto-Lei nº 21/2002 de 31 de Janeiro revoga legislação anterior.

Não há qualquer distinção relativa ao material do casco, mas consideramos de realçar os seguintes pontos:

o A actividade marítimo-turística engloba as seguintes modalidades:

Passeios marítimo-turísticos

Aluguer de embarcações com ou sem tripulações

Serviços de táxi

Pesca turística

Outros serviços, com a embarcação atracada ou fundeada (sem meios de locomoção ou com estes selados)

o Podem ser utilizadas embarcações de recreio, mas não podem embarcar mais de 12 pessoas, incluindo a tripulação;

o É obrigatório um seguro de responsabilidade civil, definido extensamente no Anexo III do Decreto-Lei.

6.2.4. Embarcações de recreio

Este assunto será tratado com mais profundidade no 2º Caderno, pelo que aqui nos limitamos a fazer uma breve apresentação.

O Decreto-Lei nº 96/97 de 24 de Abril relativo a embarcações de recreio com menos de 24m transpõe para direito interno a Directiva nº 94/25/CE, do Parlamento e do Conselho, de 16 de Junho, e é complementado pela Portaria nº 276/97 de 24 de Abril.

1º Caderno 76

A Directiva 2003/44 de 26 de Agosto,para aqui de pouco interesse, ainda não foi transposta para direito interno.

Procura-se aplicar a filosofia geral da marcação CE, havendo algum afastamento dos procedimentos tradicionais de inspecção da construção de navios, mas menos do que se poderia supor, se considerarmos que cabe aos “organismos notificados” parte do papel das Sociedades de Classificação, que largamente dominam o universo desses organismos. O único "organismo notificado" pelo Governo português é a Rinave, mas qualquer organismo notificado num país da União Europeia pode exercer essa actividade nos restantes.

A pretendida simplificação de procedimentos está longe de estar consolidada, pelo menos em diversos países.

O projecto é em larga medida baseado em normas harmonizadas, mas para os cálculos estruturais elas são claramente insuficientes.

Nestas condições, o projectista pode o limitar-se a copiar ou a adaptar estruturas de outras

embarcações semelhantes, o seguir regras de uma Sociedades de Classificação (o mais

comum, seguro e económico), o fazer cálculos directos (é o que já dissemos que, noutro

contexto, se faz com os navios de guerra).

O organismo notificado, perante a documentação técnica que lhe é fornecida, terá de fazer a verificação (módulo B do Anexo V da Portaria 276/97) também a partir da sua experiência (casos mais simples), dos cálculos directos que lhe são apresentados, ou, uma vez mais, das regras emitidas por uma Sociedades de Classificação.

Mas mesmo as recentes regras (de 2002) do Germanischer Lloyd para cascos de madeira de iates são insuficientes para o cálculo estrutural de embarcações de recreio de madeira em lamelado-colado e contraplacado.

Notemos que a doutrina da Portaria nº 276/97, no respeitante ao auto-controlo dos construtores, tem muito de aplicável aos estaleiros

Page 39: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 77

construtores de embarcações de madeira em geral, porque se trata de boas regras de organização e construção, e é imprescindível se os construtores quiserem atacar o mercado do recreio.

6.3. Legislação estrangeira

6.3.1. Generalidades

Fazemos referência à legislação estrangeira por duas razões:

o Pode esclarecer alguns pontos menos detalhados na legislação nacional;

o Pode ser importante no caso de exportação.

Depois de diligências diversas, acabámos por nos concentrar em quatro países:

o França, pela possibilidade de obtenção de legislação completa sobre pescas, embora as buscas na internet só tenham sido bem sucedidas pelo apoio das próprias autoridades;

o Reino Unido pela boa organização dos sites na internet e facilidade de obtenção de alguns elementos, embora a legislação não esteja disponível para download; no entanto, a legislação em fase de aprovação está disponível, juntamente com o teor das perguntas e respostas e das sugestões de alterações.

o Estados Unidos porque, embora usem conceitos de legislação bastante diferentes dos europeus, com mais ou menos esforço pode-se aceder à legislação federal; a Coast Guard tem um site excelente para saber o estado da normalização sobre navios a nível da ISO e algumas publicações interessantes, nomeadamente sobre reparação de embarcações de madeira .

o Canadá, pela facilidade de acesso. 6.3.2. França

A regulamentação sobre a segurança dos navios está repartida por 6 volumes, dos quais nos interessam os seguintes:

1º Caderno 78

o Volume 4 – Embarcações de recreio

o Volume 5 – Embarcações de pesca

a) Embarcações de pesca

A existência de índices detalhados é uma boa prática que os nossos legisladores bem poderiam adoptar para legislação complexa. (1) Comprimento inferior a 12m

Da aprovação de planos, muito claramente expressa, relevamos:

"Artigo 227-1.04-3 - Escantilhões – A estrutura e os escantilhões são examinados segundo o regulamento pertinente em vigor de uma Sociedades de Classificação reconhecida."

A intervenção de uma Sociedades de Classificação reconhecida pode ser exigida pelo chefe do centro de segurança para efeitos de aprovação de desenhos e da inspecção da construção.

As inspecções dos cascos de navios novos ou em exercício, são expressas também com muita clareza.

Não existem condicionamentos contra incêndio para navios com casco de madeira.

(2) Comprimento entre 12 e 24m

As definições de material combustível e as classes de anteparas quanto à resistência ao fogo são as que já vimos para a Convenção de Torremolinos (Decreto-Lei 248/2000 de 3 de Outubro); algumas definições são mais precisas.

No respeitante à solidez e modo de construção do casco (Artigo 226-2.02), respigámos:

o O casco, as superstruturas fechadas, rufos, etc., são construídos e inspeccionados de acordo com as regras de uma Sociedades de Classificação reconhecida.

As referências específicas a cascos de madeira são muito poucas, mas identificámos:

Page 40: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 79

o O dimensionamento de aberturas de resbordo para navios em madeira e sem ponte coberta;

o A obrigatoriedade da antepara de colisão não estar a mais de 3 m da perpendicular a vante, em navios de madeira que não se afastem mais de 200 milhas de um porto.

As anteparas estanques do tipo B e C são obrigatoriamente constituídas por materiais incombustíveis (de definição igual à da Convenção de Torremolinos).

(3) Comprimento maior 24 m

A edição do diploma legal é de Abril de 2000 e a última alteração de 5 de Maio de 2002.

A estrutura do documento é igual à do Decreto-Lei nº 248/2000 de 3 de Outubro, com a vantagem de integrar as alterações à Convenção introduzidas pela Directiva 97/79/CE de 11 de Dezembro e não ter erros de numeração. Curiosamente, a Directiva não é citada.

b) Embarcações de recreio

A legislação de segurança francesa para embarcações abaixo de 25 m (e não 24 m como seria de esperar), contem muitas diferenças em relação á nossa, não fazendo sequer menção da Directiva 94/25 CE de 16 de Junho.

Apenas no nº 4 do Artº 224-1 é indicado (em itálico) o material de armamento e de segurança que devem ter a bordo as embarcações com a marca CE e que aproveitamos para a elaboração Tabela 6.3.

Quanto às zonas de navegação, podemos ver a correspondência entre a classificação francesa e a classificação nacional no mesmo quadro.

Não são incluídas indicações sobre estrutura do casco, mas para poder ser registada, uma embarcação tem de ser previamente aprovada pelo ministro da marinha mercante no caso de uma série, ou pelo chefe do centro de segurança dos navios no caso de construção individual ou por amador. As aprovações requerem envio de documentação e visitas de inspecção.

1º Caderno 80

Portugal - Regulamento da Náutica de Recreio (DL 567/99 de 23 de Dezembro

França - Artº 224-1.02 do regulamento

Registo Classificação Categoria de navegação

Catª de concepção

Tipo ER A

Navegação oceânica 1ª Categoria A

Tipo ER B

Navegação ao largo – até 200 mi de um porto de abrigo

2ª Categoria - até 200 mi de um abrigo

B

Tipo ER C1

Navegação costeira – até 60 mi de um porto e 25 mi da costa

3ª Categoria – até 60 mi de um abrigo

B

Tipo ER C2

Navegação costeira restrita – até 20 mi de um porto e 6 mi da costa

4ª Categoria – até 20 mi de um abrigo

C

Tipo ER D

Navegação em águas abrigadas – até 3 mi de um porto se à vela ou a motor e até 1 mi se a remos

5ª Categoria – até 5 mi de um abrigo

C

6ª Categoria – até 2 mi de um abrigo

D

Tabela 6.3 – Categorias de embarcações de recreio em Portugal e em França

Entre os numerosos documentos e planos necessários para aprovação, apenas dois contêm escantilhões:

o Secção mestra o Ligação da ponte ao casco

A "Divisão 225" da legislação é aplicável a embarcações de recreio, entre 10 e 25 m, de “utilização colectiva” (com passageiros a pagar). O número máximo de pessoas a bordo é determinado caso a caso.

Page 41: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 81

6.3.3. Reino Unido

Interessam-nos essencialmente três entidades: o "Maritime and Coastguard Agency" (MCA) – que trata de

embarcações em geral; o "Sea Fish Industry Authority" (Sea Fish) – com amplos interesses

em relação às pescas; o "Department of Trade and Industry" (DTI) – com ligação apenas às

embarcações de recreio.

a) "Maritime and Coast Guard Agency"

São particularmente relevantes as publicações respeitantes a navios de pesca e os códigos de boas práticas para pequenas embarcações.

Um exemplo representativo é o

o "Code of safe working practice for the construction and use of 15 metre (LOA) to less than 24 metre (RL) Fishing Vessels"

Está muito bem organizado (com o inevitável índice e referência a outras publicações aplicáveis).

Vamos destacar alguns pontos:

i Autoridade certificadora

São postos em pé de igualdade o MCA e as Sociedades de Classificação reconhecidas (seis, da Europa Ocidental) mais a "Sea Fish Industry Authority";

Compete à autoridade certificadora, entre outras coisas, a aprovação do projecto e a inspecção da construção.

ii Recursos em caso de divergência com o resultado de uma inspecção:

Tem três estádios:

1º Inspector principal regional (embarcações de pesca) 2º Chefe das operações marítimas da MCA 3º Árbitro nomeado por acordo entre o armador e a MCA

1º Caderno 82

iii Os materiais de construção poderão ser a madeira , PRF, liga de alumínio, aço ou suas combinações

iv É bem visível a preocupação em inserir referências às normas ISO, EN e IEC aplicáveis. Por vezes, cremos que na ausência daquelas, é feita referência a normas BS

v Na protecção estrutural contra incêndios são consideradas duas categorias de materiais:

o Aço ou material equivalente – exigidas anteparas da classe A em casas de máquinas (A-30) e em cozinhas (A-15); B-15 noutros locais

o Materiais combustíveis – requeridas anteparas das classes F e B-15)

vi Mar limpo

o É, de uma forma geral, exigido o cumprimento da lei, sendo o armador responsável por que o mestre receba informação adequada e actualizada sobre a prevenção da poluição na sua área de operação.

o São expressos com algum detalhe os requisitos para prevenir a poluição do mar, o que implica que o navio:

tenha um tanque para águas de esgoto, para descarga para instalações portuárias;

tenha modo de reter o lixo a bordo até poder descarregá-lo para terra;

cumpra a regulamentação aplicável para evitar a poluição por óleos.

vii São bastante cuidadas as instruções a ter a bordo quanto a estabilidade

Merece uma referência especial uma publicação associada a este "Code of practice", que é o

o "Regulatory impact assessment"

Page 42: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 83

Habituados como estamos a avaliações de impacte virados sobretudo para o ambiente e para os biotas, relegando tantas vezes para segundo plano o impacte social, é agradável deparar com um estudo cujo objectivo é:

o "Reduzir o nível de acidentes dando força de lei a um Código de Boas Práticas que melhore e actualize normas de segurança para embarcações de 15 m (comprimento fora a fora) a 24 m (comprimento de registo), introduzindo uma focagem mais cuidada nas áreas – chave de risco."

A média de mortes anual de pescadores no Reino Unido é de 20, das quais 6, ou seja 30%, em embarcações de 15 a 24 m (estas embarcações representam cerca de 10% da frota total). Consideradas 4 opções para a redução dos acidentes, foi adoptada a da elaboração do código.

Vejamos sucintamente benefícios e custos da sua existência, porque o mesmo raciocínio poderia ser aplicado ao caso nacional:

o Benefícios

Redução de acidentes e de vidas perdidas;

Redução das inspecções periódicas – e seu custo global - usando a auto-regulação e a auto-avaliação já empregadas com sucesso em embarcações menores;

Mudança do limiar das inspecções obrigatórias de 12 para 15 m, o que, ao mesmo tempo, abre o caminho para a normalização em preparação pela UE;

Redução do esforço de busca e salvamento, com custos muito consideráveis, como consequência da redução de acidentes.

o Custos

Aumento do custo de equipamentos, compensado pela redução de despesa com inspecções.

1º Caderno 84

b) "Sea fish industry authority" (Sea Fish)

Ao contrário da MCA, e como se prova por ser considerada autoridade certificadora por esta agência governamental, possui capacidade de elaboração dos seus próprios regulamentos sobre estruturas do casco.

O seu lema é "Serving the UK Seafood Industry" e no seu site encontram-se requintadas receitas de peixe.

As "Rules for the construction of wooden fishing vessels of less than 24.4 metres registered length", tal como as correspondentes para o PRF, aço e liga de alumínio, são muito práticas e de aplicação simples.

O livro é de 1987, mas é claramente antiquado em relação às "Rules for the construction and certification of vessels less than 15 metres" do Det Norske Veritas de 1983, que veremos adiante.

Não contém fórmulas para dimensionamento, mas apenas tabelas de cálculo em função do numeral (produto das três dimensões principais).

As referências a contraplacados e lamelados ocupam poucas linhas, que se podem até reproduzir aqui:

o O contraplacado deve ser do tipo marítimo, de acordo com a norma BS 1088. As bainhas devem ser convenientemente seladas. O contraplacado usado nos porões de peixe deve ser tratado com um preservador aprovado.

o As colas usadas na construção devem permitir o enchimento de irregularidades (gap filling), ser dos tipos resorcinol ou fenólico e cumprir a BS 1204.

o A construção lamelada pode ser usada sempre que especificamente aprovada.

o As lamelas devem ser de madeira seca em estufa, ligada com colas resorcinol e adequadamente curada antes de ser trabalhada

Tem um razoável número de desenhos construtivos e conselhos úteis de construção.

Page 43: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 85

c) "Department of trade and Industry"

A publicação "Recreational Craft – Guidance notes on United Kingdom Regulations", de Fev. 2000, destina-se a auxiliar os fabricantes de embarcações de recreio e seus componentes a compreender as consequências da legislação derivada da Directiva 94/25. São particularmente interessantes para a boa compreensão da doutrina da Directiva:

o Apêndice 2 – Fluxograma dos procedimentos de avaliação de conformidade,

o Apêndice 3, que relaciona as cláusulas da Directiva com as correspondentes normas EN e ISO e com normas a ser harmonizadas.

Têm também interesse as "Guidelines for Organisations seeking Notified Body status to undertake inspection and certification of recreational craft", de Jan. 2000, viradas, naturalmente, para as empresas que desejarem adquirir o estatuto de organismo notificado, mas que permitem também aos construtores uma melhor visão dos mecanismos de inspecção e certificação. 6.3.4. União Europeia

As directivas mais importantes para o nosso trabalho foram já transcritas para direito interno e foram tratadas no capítulo dedicado à legislação nacional.

Notemos a existência de um regulamento, aplicável portanto sem transcrição para direito interno: “Regulamento 1381/87 da Comissão de 20 de Maio de 1987, relativo à marcação e documentação de navios de pesca".

Merecem menção alguns documentos sobre embarcações de recreio, por serem bastante recentes e ainda não transcritas para direito interno:

o Comunicação da Comissão no âmbito de aplicação da Directiva 94/25/CE de 16 de Junho de 1994 (2002/C 235/03) de 1 Out. 2002 – Normas europeias harmonizadas a título da Directiva;

1º Caderno 86

o Directiva 2003/44 de 26 de Agosto - Altera a Directiva 94/25 CE .

Acenemos a algumas das alterações propostas no último documento:

o Módulos de inspecção das embarcações das diversas categorias

o Emissões de gases de escape

o Emissões sonoras

o Altura indicativa de vagas e intensidade do vento para as diversas “categorias de concepção” das embarcações

o Prevenção de descargas e instalações destinadas a facilitar a entrega dos resíduos em terra

o Profundas alterações (que não vão no sentido da simplificação) de

Documentação técnica a fornecer pelo construtor

Declaração escrita de conformidade

Garantia de qualidade de produção17

Há também acréscimos:

o Requisitos de emissões de escape dos motores de propulsão

o Requisitos essenciais em matéria de emissões sonoras (matéria particularmente delicada e complexa)

o Requisitos adicionais do controlo interno de fabrico e ensaios

Quanto à Comunicação 2002/C 235/03, atente-se que poderá passar facilmente despercebido, mesmo a Organismos Sectoriais de Normalização, mas tem um grande alcance. Nele são enumeradas as "normas europeias harmonizadas" respeitantes a "embarcações

17 Este problema será tratado com cuidado no 2º Caderno, pois o sucesso da introdução de novas tecnologias passa claramente por um salto na qualidade e, sobretudo, na garantia de qualidade. Tal é convergente com as prescrições aqui acenadas sobre o “Sistema de qualidade” dos construtores das embarcações de recreio, convergência feliz porque ajuda à adaptação das indústrias tradicionais aos requisitos do segmento de mercado das embarcações de recreio

Page 44: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 87

pequenas". Três delas dizem respeito a materiais do casco e escantilhões (ISO 12215:2002) e outras tantas à avaliação e classificação da estabilidade e da flutuabilidade (ISO 12207:2002).

Em relação à ISO 12215:2002, note-se a indicação da qualidade requerida para a madeira, e ainda as Partes 3 e 4:

o Parte 3 - A documentação a fornecer pelo vendedor da madeira ao construtor da embarcação terá de incluir:

A designação botânica e a designação comercial da madeira;

A densidade média para um determinado teor de água;

As características mecânicas médias, de acordo com as normas nacionais ou internacionais apropriadas;

As condições de humidade da madeira na entrega.

o Parte 4 - As regras para armazenamento da madeira são simples mas fundamentais. Outras duas regras simples mas, lamentavelmente, por vezes esquecidas:

Não deverá ser possível a acumulação da água doce sem ser drenada;

Todas as peças da embarcação devem ser acessíveis a ventilação natural.

Infelizmente a Parte 5 da norma, ”Pressões de projecto, tensões de projecto, determinação de escantilhões”, que é a tecnicamente mais interessante, não apresenta critérios para determinação das tensões aceitáveis em embarcações de madeira. No entanto, por comparação com as tensões para PRF, aço e liga de alumínio apresentadas no Capítulo 5, é possível chegar a valores razoáveis.

É semelhante o que se passa com a Parte 6, “Arranjos estruturais e pormenores”.

6.3.5. Canadá

1º Caderno 88

Releva-se, sobretudo, a facilidade de busca e download da legislação. Não cremos que valha a pena aprofundar o seu estudo, face ao acervo europeu, mas relevemos serem relativamente originais as "Small fishing vessels inspection regulations".

6.3.6. Estados-Unidos

Aqui a busca da legislação é bastante mais complexa, mas consegue-se obter praticamente tudo o que se quer.

Entre as publicações da "Coast Guard" merecem particular relevo:

o "MSC Guidelines for Review of Structural Plans for Wooden Vessels", pela doutrina que encerram;

o "Guidance on Inspection, Repair and Maintenance of Wooden Hulls".

Esta última publicação, que cremos única no género, contem preciosos ensinamentos que utilizaremos no 2º Caderno.

6.4. Regras das Sociedades de Classificação18

6.4.1. Sociedades reconhecidas

Algumas das mais importantes Sociedades de Classificação a nível mundial e reconhecidas19 em Portugal são:

o American Bureau of Shipping (Estados Unidos da América)

18 A designação mais habitual é "regulamentos" e não "regras". Ao conjunto das publicações do Bureau Veritas é dado o nome em francês de "règlements" e não "règles", mas na versão inglesa do mesmo conjunto a designação é "rules" e não "regulations". A preferência pela designação "regras" resulta de querermos evitar confusões – e até ferir susceptibilidades – reservando os "regulamentos" para disposições com força legal. 19 As prerrogativas das Sociedades de Classificação são exaradas no Decreto-Lei 115/96 de 6 de Agosto, mas desde 1928 (annus mirabilis da legislação nacional sobre a marinha de comércio) que estão bem definidos os seus privilégios relativamente a projecto de navios, inspecção da sua construção e aplicação das convenções internacionais.

Page 45: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 89

o Bureau Veritas (França) o Det Norske Veritas (Noruega) o Germanischer Lloyd (Alemanha) o Lloyd’s Register of Shipping (Inglaterra) o Nippon Kiokai (Japão) o Registro Italiano Navale (Itália)

A esta lista podemos juntar a portuguesa:

o Rinave, Registro Internacional Naval

É extraordinário o acervo de tecnologia que estas Sociedades concentram, de que se pode ajuizar consultando as listas das suas publicações.

Até há pouco não existiam regras para construção em madeira em vigor, mas o Germanisher Lloyd publicou em 2002 regras relativamente sucintas para cascos de madeira de embarcações de recreio.

Vamos passar em revista algumas publicações, sobretudo na medida em que tratam da madeira, e principalmente do contraplacado e dos lamelados-colados.

6.4.2. Publicações entre 1962 e 1996

a) É curioso que o “Règlement pour la construction et la classification des navires de pêche en bois” do Bureau Veritas, de 1963, ainda faça parte da lista de publicações, embora informações verbais e escritas apontem para o contrário. Trata-se de regras que fizeram época e são ainda utilizada entre nós, mas são claramente de outra geração, aplicável apenas a madeira maciça e com os escantilhões do casco em tabelas, em função apenas do numeral. As ligações são feitas sobretudo, embora não exclusivamente, por cavilhas.

A qualidade das madeiras é definida para madeiras utilizadas em França. É quase uma ironia que nunca tenham sido estabelecidas, de forma razoável, as equivalências com madeiras nacionais, não obstante a larga utilização destas regras.

1º Caderno 90

b) As “Rules 1970 for the construction and cassification of wooden ships” do Det Norske Veritas nunca chegaram a ter grande expansão, mas contêm princípios inovadores para a época, pela inclusão de regras para lamelados e contraplacados, cuja utilização, porém, não era prevista para o forro do casco. Do seu âmbito fazem parte embarcações com o produto das dimensões principais até 1020 m3 , incluindo embarcações de pesca.

Eis algumas vantagens aí apresentadas de dimensionamento dos lamelados sobre a madeira maciça:

o A secção de cada uma das balizas duplas de madeira maciça devia ter módulo de resistência superior em 50% à das balizas (simples) de lamelado;

o As escoas que não fossem em lamelado teriam a secção acrescida de 50%;

o O forro interior não era exigido para navios até 25m com balizas em lamelado;

o A secção dos vaus e diversas vigas era acrescida de 30% para madeira maciça.

Os escantilhões principais, com algumas excepções, continuam a ser determinados em função do numeral (além do espaçamento dos suportes, claro).

b) O Lloyd’s Register of Shipping publicou em 1983 as “Rules and regulations for the classification of yachts and small craft”. Não se aplicavam a embarcações de pesca, mas continham prescrições para cascos metálicos, em PRF (muito bem apresentadas) e madeira (estas não estão em vigor).

Vejamos algumas comparações entre a madeira maciça, os lamelados e os contraplacados nestas regras:

Nas balizas (simples) as secções em madeira maciça são superiores em cerca de 1/3 às lameladas;

Page 46: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 91

A redução de secção dos vaus lamelados é de 15% em relação aos maciços

O forro em contraplacado ou em lamelado pode ter uma redução até 25% em relação ao forro em madeira maciça.

Note-se que as secções de vigas de madeira maciça neste regulamento são já reduzidas, pensamos que, pelo menos em parte, pela larga utilização de ligações aparafusadas.

O contraplacado é definido com a inevitável referência à BS 1088, à espécie de madeira e à sua densidade. Esta última característica, aliás, é relevante também para o dimensionamento de lamelados e madeira maciça.

Elementos longitudinais e forro são função do comprimento do navio e os elementos transversais são função do pontal. Em todos os casos a distância entre reforços é também, forçosamente, outro elemento fundamental a ter em consideração.

c) Também em 1983 o Det Norske Veritas emitiu as “Rules for the

construction and certification of vessels less than 15 metres”, que não tiveram a divulgação que pensamos que mereciam e não estão em vigor. As regras tiveram a cooperação dos restantes países escandinavos e da Islândia.

São aplicáveis tanto a embarcações de recreio como comerciais, de pesca e de passageiros, e com cascos em PRF, aço, alumínio ou madeira.

São claramente expressos e detalhados os conceitos de:

Aprovação por tipo de embarcação – protótipo testado e verificada a sua concordância com as regras;

Certificação de tipo – as embarcações estão sujeitas a inspecções aleatórias;

Certificação da embarcação – acarreta inspecção individual.

1º Caderno 92

O dimensionamento das embarcações de madeira merece que nos detenhamos um pouco mais, pois os seus conceitos são claramente mais evoluídos do que os anteriormente apresentados, aproximando-se já dos usados com PRF e cascos metálicos.

A resistência da madeira e a sua utilização específica são definidas, não em função da espécie arbórea, mas da sua densidade com 15% de humidade20.

O dimensionamento das vigas é feito pelo seu módulo de resistência sem forro associado, e depende da densidade da madeira, da pressão exterior (definida noutra secção das regras), da sua curvatura e do espaçamento entre vigas sucessivas.

Como era de esperar há reduções consideráveis no dimensionamento de vigas lameladas em relação às construídas em madeira maciça.

Quanto à espessura do forro exterior, temos: o A relação de espessuras contraplacado/tabuado maciço é 0,375

(com um mínimo de 6mm para o fundo e 4mm para o costado); o A mesma relação é válida na comparação entre forro lamelado e

tabuado maciço (com um mínimo de espessura de 4mm).

6.4.3. Publicações após 1996

Estas publicações são já uma reacção à directiva 94/25 de 16 de Junho, sobre embarcações de recreio.

a) Det Norske Veritas

20 Embora com todas as reservas que a variabilidade de características de espécie para espécie e de árvore para árvore impõem, Tomás Mateus, na ref. 40, apresenta a relação R=kDn , em que R é a característica, D a densidade e k e n são constantes para cada tipo de característica. A variação de n é entre 1 e 1,25 pelo que, as correcções de escantilhões em função da densidade expostas nas regras e que aqui não reproduzimos, estão dentro dos tradicionais 5% de variação.

Page 47: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 93

São notáveis as "Tentative rules for certification and classification of boats" de Dezembro 1997, embora não contemplem embarcações de madeira.

O grande interesse desta publicação é englobar os requisitos da Directiva 94/25 de 16 de Junho (já tratados no cap. 2.4.a) e transcritos para direito interno pelo Decreto-Lei 96/97 de 24 de Abril, como então dissemos).

A publicação faz ainda a ponte entre a certificação requerida pela Directiva e a classificação tradicional das Sociedades de Classificação, com um grande número de conceitos inovadores e clarificadores, que aqui adaptamos com a devida vénia:

(1) Certificação é usada dentro do sistema de classificação, para verificar a conformidade com os requisitos das regras nas fases de projecto e de construção, pela aplicação de um módulo ou uma combinação de módulos de certificação como especificado na Parte 1 Cap. 1 e Cap. 2 das regras (correspondem aos módulos da Directiva 94/25 de 16 de Junho).

(2) Classificação é o sistema estabelecido para certificar a segurança e o standard de qualidade durante a vida de uma embarcação individual

o A classificação assigna a uma embarcação uma notação especial de classe, definida pelos requisitos das Regras identificando a segurança e o standard de qualidade respeitantes ao serviço, equipamento e condições de uso;

o A classificação envolve um compromisso pelo proprietário de operar o navio dentro das condições especificadas pela Sociedade e de se submeter a um sistema de inspecções periódicas durante a fase de operação da embarcação;

o A Sociedade emite certificados de classificação baseados em certificados emitidos de acordo com diversos módulos de certificação:

1º Caderno 94

o Para embarcações que não sejam possuidoras dos referidos módulos de certificação, o procedimento para obtenção do certificado de classificação é diferente.

(3) A defesa da necessidade de certificados está bem exposta (obviamente na defesa dos interesses do DNV) e vamos aqui enumerar apenas as entidades em causa, que têm de comum o interesse na qualidade e segurança das embarcações:

o Proprietários o Autoridades nacionais o Entidades ligadas à construção

Estaleiros construtores Subempreiteiros Fabricantes de materiais e equipamentos

o Entidades financeiras Seguradoras Instituições de crédito

o Fretadores e afretadores

(4) A indicação das condições de serviço e das bases teóricas para avaliação do estado do mar constituem, por si mesmas, um grande serviço prestado aos projectistas que queiram inovar.

(5) Notações de serviço e de tipo

o Em relação às embarcações de recreio, há duas notações aplicáveis:

Embarcação de recreio – para a certificação Iate – para a classificação

o Outras notações aplicáveis para a classificação são: Salva-vidas Barcaça Rebocador Carga Pesca Passageiros

Page 48: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 95

o Complementarmente, são assignadas as seguintes condições de serviço:

Oceânico “Offshore” Costeiro Navegação interior Águas abrigadas

(6) As cargas de projecto são aplicáveis a embarcações abaixo dos

24m21, e são consideradas como satisfazendo as diversas categorias de projecto definidas na Directiva 94/25. Um quase axioma, geralmente reconhecido mas raramente expresso é que, para embarcações abaixo dos 24m, os requisitos da viga–navio são satisfeitos pela simples satisfação dos requisitos de resistência locais.

(7) Um bom exemplo da compatibilização entre as regras da Sociedades de Classificação e a Directiva comunitária á dada pela Parte 4 Capº1. As asserções resultantes da Directiva estão escritas em itálico, o que facilita a compreensão do que é mera explanação da Directiva do que representa uma explicação ou cálculo adicional mas interpretativo das determinações da Directiva.

A leitura destas regras valida uma opinião que já expressamos:

o A Directiva 94/25 de 16 de Junho sobre embarcações de recreio com menos de 24m não pode prescindir, para ser aplicada, de um corpo de regras, sobretudo para cálculo de estruturas, que hoje em dia só se encontra no acervo das Sociedades de Classificação.

Essa mesma leitura parece-nos, porém, permitir ainda uma outra conclusão:

21 O DNV, como outras Sociedades de Classificação, tem uma notações de classe aplicáveis a Navios, Unidades Offshore e a Embarcações de Alta Velocidade e Leves, que nada têm a ver com as notações aqui consideradas.

1º Caderno 96

o Haverá tendência para aproximar o conceito de certificação, tal como resulta da directiva 94/25 de 16 de Junho, do de classificação, prerrogativa das Sociedades de Classificação, conforme as normas EN e ISO relativas a embarcações se forem generalizando e alargando o seu âmbito.

b) Germanisher Lloyd

Esta Sociedade publicou em 2002 um conjunto de regras que inclui embarcações de recreio com casco de madeira, o que é tratado de forma clássica e sucinta, excepto pelos requisitos das colas usadas em estruturas.

6.5. Publicações portuguesas interessantes

Deixamos algumas referências sobre edições de interesse para os mais estudiosos, tentando sobretudo colmatar o desconhecimento de muitos profissionais de construção naval de importantes publicações nacionais.

Dividimo-las em publicações sobre madeira e sobre navios (de madeira).

Na Bibliografia encontra-se também um bom número de publicações estrangeiras de muito interesse.

6.5.1. Publicações sobe madeira

a) Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)

Do acervo de publicações do LNEC destacamos:

o "Bases para o dimensionamento de estruturas de madeira – Memória nº 179" – Tomás Mateus, 1961 – Já foi citada, sendo muito importante dentro do que chamámos o sistema clássico de normalização, mas o seu interesse não se esgota aí.

o Fichas de madeira para construção – São um trabalho fundamental para quem lide com madeiras para estruturas em Portugal. Destacamos aqui, porque as utilizámos neste trabalho:

"M1- Especificação de madeiras para estruturas" – Saporiti Machado, Helena Cruz, Lina Nunes, Gilda Monteiro, Janeiro

Page 49: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 97

1997 – Define classes de qualidade e de resistência, listando as propriedades de diversas destas;

"M2 – Pinho bravo para estruturas" – Helena Cruz, Saporiti Machado, Manuela Rodrigues, Gilda Monteiro, Janeiro 1997 – É a visão moderna (a que chamámos do Eurocódigo 5) do pinho bravo.

b) Direcção Geral de Florestas

Em 1997 foi publicada uma obra de grande fôlego, "Madeiras portuguesas – Estrutura anatómica, propriedades, utilizações", Vol I e II – Albino de Carvalho, imprescindível para quem quiser conhecer e distinguir as nossas espécies.

Em finais de 2001 foram postas à discussão pública dois programas:

o Programa Estratégico da fileira de pinheiro bravo,

o Programa Estratégico de folhosas produtoras de madeira nobre,

Em nenhum destes documentos está prevista a utilização na construção naval das madeiras em causa.

Em relação ao pinheiro bravo, destacamos alguns objectivos:

o Eliminação do défice de madeira (cerca de 150 mil m3 por ano) e generalização da gestão florestal profissionalizada;

o Promoção do uso da madeira;

o Restruturação das indústrias de serração, carpintaria e mobiliário.

Trata-se de objectivos que se conjugam com os do ICOM.

Em relação às folhosas, o programa centra-se nas seguintes espécies:

Carvalho–alvarinho (Quercus robur) Carvalho-americano (Quercus rubra) Castanheiro (Castanea spp.) Cerejeira brava (Prunus avium) Nogueira-preta (Juglans nigra)

1º Caderno 98

Os objectivos parecem menos claros em relação a estas espécies, mas pretende-se atingir, dentro de 20 anos, 200 mil hectares de floresta de folhosas produtoras de madeira nobre, ou seja, cerca de 25% de aumento em relação ao valor actual.

b) Publicações sobre navios de madeira

Os livros são poucos e antigos, evidentemente virados para a construção naval tradicional:

o "Construção naval, Volumes II e III"22- Estanislau de Barros (engenheiro naval e mecânico da Armada) e Ferreira de Freitas (desenhador naval chefe do Arsenal de Marinha), 1904 – O 2º Caderno tem ainda um certo interesse não só pela nomenclatura como pelas precauções quanto à preservação da madeira. Na altura da sua publicação a obra era inovadora quanto à construção naval em aço.

o "A construção do navio de madeira" – Raúl César Ferreira (engenheiro naval e mecânico da Armada), 1932 – Para além do interesse histórico (que inclui dimensionamento de peças segundo as regras de diversas Sociedades de Classificação), assinalem-se mais uma vez as precauções com a preparação e conservação da madeira.

o "Manual de construção do navio de madeira" – Edmundo Castanheira, 1991 – Está na linha do livro de César Ferreira.

22 Faz parte de uma colecção, Manual do Operário – Biblioteca de Instrução Profissional, do início do século XX, que incluía seis "matérias": elementos gerais, mecânica, construção civil, construção naval, indicações práticas e nomenclatura de ofícios, descrição de indústrias. A colecção teve o Grande Prémio da Exposição Nacional do Rio de Janeiro de 1908. Da redacção faziam parte Tomás Bordalo Pinheiro (o iniciador da biblioteca) e mais quatro elementos, dos quais dois foram oficiais da Armada ilustres: Henrique Lopes de Mendonça e Guilherme Ivens Ferraz. Aliás, dos 24 colaboradores, 8 estavam ligados à Armada.

Page 50: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 99

Referências Nota – Foram eliminadas da lista as referências 19, 20, 22 e 85 a 89

Nº Autores Título

1 Albino de Carvalho, 1997

Madeiras portuguesas – Estrutura anatómica, propriedades, utilizações, Vol I e II

2 Bureau Veritas 1963 Règlement pour la construction et la classification des navires de pêche en bois

3 CIS Madera (Galiza) O Manual da madeira do eucalipto branco

4 Com. Nationale pour le Développement du Bois, 1996

Séquences bois

5 D.W. Chalmers, 1988 The properties and uses of marine structural materials – Marine Structures 1

6 Det Norske Veritas, 1970

Rules for the construction and classification of wooden ships

7 Det Norske Veritas, 1983

Rules for the construction and classification of vessels less than 15m

8 Det Norske Veritas, 1997

Tentative rules for certification and classification of boats

9 Det Norske Veritas, 1997

Rules for classification of high speed and light craft

10 Direcção Geral de Florestas, 1992

Programa estratégico da fileira de pinheiro bravo

11 Direcção Geral de Florestas, 1992

Programa estratégico de folhosas produtoras de madeira nobre

1º Caderno 100

12 FAO/ILO/IMO Voluntary guidelines for the design, construction and equipment of small fishing vessels

13 Finnish Forest Industries Federation

Handbook of finnish plywood

14 Garnier, Kurkowski, 1991

Réussir par la qualité

15 Gérard Elbez, 2002 Le collage du bois

16 Germanischer Lloyd, 2002

Rules for classification and construction – Wood, wooden hulls

17 GOUBIE Présentation de l’entreprise – Bois lamellé collé

18 GOUBIE Présentation de l’entreprise – Bois lamellé collé

21 Indústrias JOMAR – Madeiras e Derivados

Soluções em painéis técnicos para cofragem

23 Jean-Luc Gourmelen, Laurent Charpentier, Eric Vibart, 2002

Le bois moderne est arrivé (revista Voiles)

24 Jomar Soluções em painéis técnicos para cofragem

25 José Saporiti Machado, 1999

Madeiras de folhosas e resinosas, nomenclatura comercial (LNEC)

26 L. Rodel,1997 Guide de la sécurité contre l'incendie et l'explosion – Industries du bois et de l'ameublement

27 Legislação canadiana Small Fishing Vessels Inspection Regulations

Page 51: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 101

28 Legislação francesa Navires de pêche de longueur inférieure à 12m

29 Legislação francesa Navires de pêche de longueur égale ou supérieure à 12m et inférieure à 24m

30 Legislação francesa Navires de plaisance à utilisation collective d'une longueur égale ou supérieure à 10m

31 Legislação francesa Sécurité de navires – Règlements de l'Union Européenne

32 Legislação nacional Decreto-Lei nº 115/96 de

33 Legislação nacional Decreto-Lei nº 96/97 de 24 de Abril – Segurança das embarcações de recreio com casco entre 2,5 e 24m

34 Legislação nacional Portaria nº276/97 de 24 de Abril – Regulamenta o DL nº 96/97

35 Legislação nacional Decreto-Lei nº 248/2000 de 3 de Outubro – Segurança de navios de pesca de comprimento igual ou superior a 24m

36 Legislação nacional Decreto-Lei nº 306/2001 de 6 de Dezembro – Altera o DL nº 248/2000

37 Legislação nacional Decreto-Lei nº 199/98 de 10 de Julho - Segurança de navios de pesca de comprimento entre perpendiculares inferior a 12m

38 Legislação nacional Decreto-Lei nº 266/2000 de 10 de Outubro – Altera o DL nº 199/98

39 Legislação nacional Decreto-Lei nº 116/97 de 12 de Maio – Prescrições mínimas de segurança e saúde no trabalho a bordo de navios de

1º Caderno 102

pesca

40 Legislação nacional Portaria nº 356/98 de 24 de Junho – Regulamenta o DL nº 116/97

41 Legislação nacional Decreto-lei nº 21/2002 de 31 de Janeiro – Actividade marítimo-turística

42 Legislação nacional Decreto-lei nº 567/99 de 23 de Dezembro – Regulamento da náutica de recreio

43 Lina Nunes, 1998 Preservação de madeiras para construção: Situação actual e perspectivas futuras

44 Lloyd's Register of Shipping, 1983

Rules and regulations for the classification of yachts and small craft

45 LNEC - Helena Cruz, Manuela Rodrigues, 1997

Humidade na madeira

46 LNEC - Helena Cruz, Saporiti Machado, Manuela Rodrigues, Gilda Monteiro, 1997

Pinho bravo para estruturas

47 LNEC - J.E. Barreiro dos Reis, Manuela Farinha, Dario Reimão, 1997

Vocabulário dos termos utilizados em preservação de madeira

48 LNEC - José Saporiti Machado, 1999

Madeiras de folhosas e resinosas, nomenclatura comercial

49 LNEC - Lina Nunes, 1998

Preservação de madeiras para construção: Situação actual e perspectivas futuras

Page 52: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 103

50 LNEC - Saporiti Machado, 1999

Madeira de folhosas e resinosas, nomenclatura oficial

51 LNEC - Saporiti Machado, Gilda Monteiro, 1997

Câmbala

52 LNEC - Saporiti Machado, Gilda Monteiro, 1997

Eucalipto comum

53 LNEC – Saporiti Machado, Gilda Monteiro, 1997

Casquinha

54 LNEC - Saporiti Machado, Helena Cruz, Lina Nunes, Gilda Monteiro, 1997

Especificação de madeira para estruturas

55 LNEC -Tomás Mateus, 1961

Bases para o dimensionamento de estruturas de madeira – Memória nº179

56 National Physical Laboratory, UK

Corrosion of metals by wood

57 Norma BS 1088-2:2003

Marine plywood – Part 2: Determination of bonding quality using the knife test

58 Norma BS 10882-1:2003

Marine plywood – Part 1: Requirements

59 Norma BS 1282:1999

Wood preservatives – Guidance on choice, use and application

60 Norma BS 5268: Part 2: 1996 e 2002

Structural use of timber – Part 2. Code of practice for permissible stress design, material and workmanship

61 Norma EN 338:195 Structural timber – Strength classes

62 Norma EN 384:1995 Structural timber – determination of

1º Caderno 104

characteristic values of mechanical properties and density

63 Norma EN 385:1995 Finger-jointed structural timber – Performance requirements and minimum production requirements

64 Norma EN 518 Structural timber – Grading – Requirements for visual strength grading standards

65 Norma EN 519 Structural timber – Grading – Requirements for machine strength grading timber and grading machines

66 Norma ENV 1099:1997

Plywood – Biological durability – Guidance for the assessment of plywood for use in different hazard classes

67 Norma ISO 12207: 2002 1 a3

Avaliação e classificação da estabilidade e flutuabilidade das embarcações

68 Norma ISO 12215: 2002 1 a 6

Small craft – Hull construction and scantlings

69 Norma NP 180:1962 Anomalias e defeitos da madeira

70 Norma NP 4305:1995

Madeira serrada de pinheiro bravo para estruturas. Classificação visual

71 Norma NP EN 1194:2002

Estruturas de madeira lamelada- colada. Classes de resistência e determinação dos valores característicos.

72 Norma NP EN 1912: 2000

Madeira para estruturas – Classes de resistência –Atribuição de classes de qualidade e espécies

Page 53: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 105

73 Norma NP EN 1912: 2000

Madeira para estruturas – Classes de resistência –Atribuição de classes de qualidade e espécies

74 Norma NP ENV 1995-1-1

Eurocódigo 5: Projecto de estruturas de madeira Parte 1.1: Regras gerais e regras para edifícios

75 Odone Belluzzi, 1960 Scienza delle costruzioni. Vol. III

76 Patrice Chanrion e Alain Davesne

"La valorisation des produits connexes du bois"

77 Patrick Racher e outros, 1996

Structures en bois aux états limites – Introduction à l'Eurocode 5 – Step 1 – Matériaux et Bases de calcul

78 Patrick Racher e outros, 1996

Structures en bois aux étsts limites – Introduction à l'Eurocode 5 – Step 2 – Calcul de Structure

79 Publicações oficiais inglesas

Update on the requirements for small commercial vessels

80 Publicações oficiais inglesas

Regulatory impact assessment

81 Publicações oficiais inglesas

Code of safe working practice for the construction of 15m to less than 24m fishing vessels

82 Raúl César Ferreira, 1932

A construção do navio de madeira

83 Reuel B. Parker, 1990

The new cold-molded boatbuilding

84 Robbialac Portuguesa, 1965

Manual de pintura Vol. II

90 Schauman Wood, 2002

Manual del contrachapado finlandés

91 Syndicat national des constructeurs

Charpentes en bois lamellé-collé – Guide pratique de concepcion et de

1º Caderno 106

de charpentes en bois lamellé-collé, 2000

mise en oeuvre

92 Tintas Robbialac, 1991

Os inimigos da madeira

93 U.S. Coast Guard MSC Guidelines for Review of Structural Plans for Wooden Vessels

94 U.S. Coast Guard Guidance on Inspection, Repair and Maintenance of Wooden Hulls

95 U.S. Department of Agriculture – Forest Service (1999)

Wood Handbook – Wood as an Engineering Material

96 União Europeia, 1986

Regulamento nº 2930/86 do Conselho, de 22 de Setembro – Define dimensões e arqueação

97 União Europeia, 1987

Regulamento 1381/87 da Comissão de 20 de Maio – Marcação e documentação de navios de pesca

98 União Europeia, 1989

Directiva 89/106/CEE de 21 de Dezembro – Directiva dos produtos de construção

99 União Europeia, 1994

Regulamento nº 3259/94 do Conselho, de 22 de Dezembro – Categorias de navios de pesca

100 União Europeia, 1994

Directiva 94/25/CE de 16 de Junho - Embarcações de recreio

101 União Europeia, 2003

Directiva 2003/44 de 26 de Agosto - Embarcações de recreio

Page 54: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 107

ANEXO 1 NORMAS DO IPQ SOBRE MADEIRA

NP 180:1962 (1ª Edição) pp.21 - C 140 /CT 14 Anomalias e defeitos da madeira - Preço: 21 EUR NP 480:1983 (2ª Edição) pp.3 - C 140 /CT 14 Madeira serrada de resinosas. Dimensões. Termos e definições - Preço: 3.5 EUR NP 481:1983 (2ª Edição) pp.1 - C 140 /CT 14 Madeira serrada de resinosas. Dimensões. Métodos de medição - Preço: 3.5 EUR NP 614:1973 (1ª Edição) pp.- C 140 /CT 14 Madeiras. Determinação do teor em água - Preço: 3.5 EUR NP 615:1973 (1ª Edição) pp.5 - C 140 /CT 14 Madeiras. Determinação da retracção - Preço: 7 EUR NP 616:1973 (1ª Edição) pp.2 - C 140 /CT 14 Madeiras. Determinação da massa volúmica - Preço: 3.5 EUR NP 617:1973 (1ª Edição) pp.2 - C 140 /CT 14 Madeiras. Determinação da dureza - Preço: 3.5 EUR NP 618:1973 (1ª Edição) pp.3 - C 140 /CT 14 Madeiras. Ensaio de compressão axial - Preço: 3.5 EUR NP 619:1973 (1ª Edição) pp.3 - C 140 /CT 14 Madeiras. Ensaio de flexão estática - Preço: 3.5 EUR NP 620:1973 (1ª Edição) pp.2 - C 140 /CT 14 Madeiras. Ensaio de flexão dinâmica - Preço: 3.5 EUR

1º Caderno 108

NP 621:1973 (1ª Edição) pp.3 - C 140 /CT 14 Madeiras. Ensaio de tracção transversal - Preço: 3.5 EUR NP 622:1973 (1ª Edição) pp.3 - C 140 /CT 14 Madeiras. Ensaio de fendimento - Preço: 3.5 EUR NP 623:1973 (1ª Edição) pp.3 - C 140 /CT 14 Madeiras. Ensaio de corte - Preço: 3.5 EUR NP 678:1968 (1ª Edição) pp.2 - C 30 /CT 3 Tintas e vernizes. Painéis de madeira para ensaios - Preço: 3.5 EUR NP 890:1972 (1ª Edição) pp.4 - C 140 /CT 14 Madeiras de resinosas. Nomenclatura comercial - Preço: 3.5 EUR NP 1881:1982 (1ª Edição) pp.4 - C 140 /CT 14 Madeiras redondas. Métodos de medição - Preço: 3.5 EUR NP 2080:1985 (1ª Edição) pp.23 - C 140 /CT 14 Preservação de madeiras. Tratamento de madeiras para construção - Preço: 21 EUR NP 3229:1988 (1ª Edição) pp.6 - C 140 /CT 14 Madeiras redondas de resinosas. Classificação por qualidade - Preço: 7 EUR NP 4305:1995 (1ª Edição) pp.11 - C 140 /CT 14 Madeira serrada de pinheiro bravo para estruturas. Classificação visual - Preço: 10.5 EUR NP EN 21:1991 (1ª Edição) pp.20 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação do limite de eficácia contra Anobium punctatum (De Geer) por transferência larvar (Método laboratorial) - Preço: 17.5 EUR

Page 55: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 109

NP EN 21:1991 (1ª Edição) /Errata Set:1993 pp.1 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação do limite de eficácia contra Anobium punctatum (De Geer) por transferência larvar (Método laboratorial) NP EN 46:1989 (1ª Edição) pp.22 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação da eficácia preventiva contra as larvas recentemente eclodidas de "hylotrupes bajulus" (Linnaeus) (Método laboratorial) - Preço: 21 EUR NP EN 46:1989 (1ª Edição) /Errata Set.:1993 pp.1 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação da eficácia preventiva contra as larvas recentemente eclodidas de "hylotrupes bajulus" (Linnaeus) (Método laboratorial) NP EN 47:1991 (1ª Edição) pp.22 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação do limite de eficácia contra larvas de Hylotrupes bajulus (Linnaeus) (Método laboratorial) - Preço: 21 EUR NP EN 47:1991 (1ª Edição) /Errata Set.:1993 pp.1 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação do limite de eficácia contra larvas de Hylotrupes bajulus (Linnaeus) (Método laboratorial) NP EN 48:1991 (1ª Edição) pp.25 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação da eficácia curativa contra larvas de Anobium punctatum (De Geer) (Método laboratorial) CORRESPONDÊNCIA: EN 48:1988 IDT - Preço: 24.5 EUR NP EN 48:1991 (1ª Edição) /Errata Set.:1993 pp.1 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras Determinação da eficácia curativa contra larvas de Anobium punctatum (De Geer) (Método laboratorial) NP EN 73:1991 (1ª Edição) pp.10 - C 140 /CT 14

1º Caderno 110

Produtos preservadores de madeiras Prova de envelhecimento acelerado de madeiras tratadas antes dos ensaios biológicos Prova de evaporação CORRESPONDÊNCIA: EN 73:1988 IDT - Preço: 10.5 EUR NP EN 117:1992 (1ª Edição) pp.18 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras. Determinação do limite de eficácia contra "Reticulitermes santonensis" de Feytaud. (Método laboratorial) CORRESPONDÊNCIA: EN 117:1989 IDT; EN 117:1989 /AC 1:1990 IDT - Preço: 17.5 EUR NP EN 118:1992 (1ª Edição) pp.17 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeiras. Determinação da eficácia preventiva contra Reticulitermes santonensis de Feytaud (Método laboratorial) CORRESPONDÊNCIA: EN 118:1990 IDT - Preço: 17.5 EUR NP EN 152-1:1993 (1ª Edição) pp.29 - C 140 /CT 14 Métodos de ensaio dos produtos preservadores de madeiras. Método laboratorial para determinação da eficácia preventiva de um tratamento de madeira aplicada contra o azulamento. Parte 1: Aplicação por pincelagem CORRESPONDÊNCIA: EN 152-1:1988 IDT - Preço: 28 EUR NP EN 212:1988 (1ª Edição) pp.15 - C 140 /CT 14 Produtos preservadores de madeira. Guia de amostragem e preparação para análise de produtos preservadores de madeira tratada CORRESPONDÊNCIA: EN 212:1986 IDT - Preço: 14 EUR NP EN 252:1992 (1ª Edição) pp.17 - C 140 /CT 14 Ensaio de campo para determinação da eficácia protectora de um produto preservador de madeiras em contacto com o solo

Page 56: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 111

CORRESPONDÊNCIA: EN 252:1989 IDT; EN 252:1989 /AC 1:1989 IDT - Preço: 17.5 EUR NP EN 335-1:1994 (1ª Edição) pp.11 - C 140 /CT 14 Durabilidade da madeira e de produtos derivados. Definição das classes de risco de ataque biológico. Parte 1: Generalidades CORRESPONDÊNCIA: EN 335-1:1992 IDT; EN 335-1:1992 IDT - Preço: 10.5 EUR NP EN 335-2:1994 (1ª Edição) pp.12 - C 140 /CT 14 Durabilidade da madeira e de produtos derivados. Definição das classes de risco de ataque biológico. Parte 2: Aplicação à madeira maciça CORRESPONDÊNCIA: EN 335-2:1992 IDT - Preço: 10.5 EUR NP EN 382-1:1996 (1ª Edição) pp.9 - C 140 /CT 14 Placas de fibras de madeira. Determinação da absorção superficial. Parte 1: Método de ensaio para placas de fibras obtidas por processo seco CORRESPONDÊNCIA: EN 382-1:1993 IDT - Preço: 10.5 EUR NP EN 460:1995 (1ª Edição) pp.12 - C 140 /CT 14 Durabilidade da madeira e de produtos derivados. Durabilidade natural da madeira maciça. Guia de exigências de durabilidade das madeiras na sua utilização segundo as classes de risco CORRESPONDÊNCIA: EN 460:1994 IDT - Preço: 10.5 EUR NP EN 848-2:2000 (1ª Edição) pp.39 - C 400 /CT 40 Segurança de máquinas para o trabalho da madeira Máquinas de fresar sobre uma face com ferramenta rotativa Parte 2: Fresadora monoárvore de alimentação manual/mecanizada CORRESPONDÊNCIA: EN 848-2:1998 IDT - Preço: 35 EUR NP EN 859:2000 (1ª Edição) pp.56 - C 400 /CT 40

1º Caderno 112

Segurança de máquinas para trabalhar madeira Máquinas de aplainar com avanço manual CORRESPONDÊNCIA: EN 859:1997 IDT - Preço: 45 EUR NP EN 861:2000 (1ª Edição) pp.61 - C 400 /CT 40 Segurança de máquinas para trabalhar madeira Máquinas combinadas de aplainar e desengrossar CORRESPONDÊNCIA: EN 861:1997 IDT - Preço: 50 EUR NP EN 927-1:1997 (1ª Edição) pp.15 - C 30 /CT 3 Tintas e vernizes. Produtos de pintura e esquemas de pintura para madeira em exteriores. Parte 1: Classificação e selecção CORRESPONDÊNCIA: EN 927-1:1996 IDT Preço: 14 EUR NP EN 1193:2000 (1ª Edição) pp.17 - C 140 /CT 14 Estruturas de madeira Madeira para estruturas e madeira lamelada-colada Determinação da resistência ao corte e das propriedades mecânicas perpendiculares ao fio CORRESPONDÊNCIA: EN 1193:1997 IDT - Preço: 17.5 EUR NP EN 1195:2000 (1ª Edição) pp.16 - 091 Estruturas de madeira Métodos de ensaio Desempenho de pavimentos estruturais CORRESPONDÊNCIA: EN 1195:1997 IDT - Preço: 14 EUR NP EN 1912:2000 (1ª Edição) pp.18 - C 140 /CT 14 Madeira para estruturas Classes de resistência Atribuição de classes de qualidade e espécies CORRESPONDÊNCIA: EN 1912:1998 IDT - Preço: 17.5 EUR NP ENV 1995-1-1:1998 (1ª Edição) pp.173 - C 1150 /CT 115 Eurocódigo 5: Projecto de estruturas de madeira Parte 1-1: Regras gerais e regras para edifícios CORRESPONDÊNCIA: ENV 1995-1-1:1993 IDT - Preço: 50 EUR

Page 57: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 113

NP ENV 1995-1-2:2000 (1ª Edição) pp.52 - C 1150 /CT 115 Eurocódigo 5: Projecto de estruturas de madeira Parte 1-2: Regras gerais Verificação da resistência ao fogo CORRESPONDÊNCIA: ENV 1995-1-2:1994 IDT - Preço: 42.5 EUR

1º Caderno 114

ANEXO 2

NORMAS DO IPQ SOBRE EMBARCAÇÕES

NP EN 526:1996 (1ª Edição) pp.10 C 680 /CT 68 Embarcações de navegação interior. Pranchas de embarque de comprimento não excedendo 8 m. Requisitos, tipos CORRESPONDÊNCIA: EN 526:1993 IDT Preço: 10.5 EUR NP EN 711:1998 (1ª Edição) pp.13 C 680 /CT 68 Embarcações de navegação interior. Balaustradas para pavimentos. Requisitos, tipos CORRESPONDÊNCIA: EN 711:1995 IDT Preço: 14 EUR NP EN 790:2000 (1ª Edição) pp.11 C 680 /CT 68 Embarcações de navegação interior Escadas inclinadas com ângulos de 45º a 60º Requisitos, tipos CORRESPONDÊNCIA: EN 790:1994 IDT Preço: 10.5 EUR NP EN 929:1996 (1ª Edição) pp.11 C 680 /CT 68 Embarcações de navegação interior. Barcaças empurradas. Sistemas de fixação de mastros de sinais desmontáveis CORRESPONDÊNCIA: EN 929:1993 IDT Preço: 10.5 EUR NP EN 1095:2000 (1ª Edição) pp.22 C 420 /CT 42 Arneses de convés e cabos de segurança para uso em embarcações de

Page 58: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 115

recreio Requisitos de segurança e métodos de ensaio CORRESPONDÊNCIA: EN 1095:1998 IDT Preço: 21 EUR NP EN 28846:1996 (1ª Edição) pp.12 C 680 /CT 68 Embarcações de recreio. Aparelhagem eléctrica. Protecção contra a ignição de gases inflamáveis envolventes (ISO 8846:1990) CORRESPONDÊNCIA: EN 28846:1993 IDT Preço: 10.5 EUR NP EN 28848:1996 (1ª Edição) pp.16 C 680 /CT 68 Embarcações de recreio. Sistemas de governo remoto (ISO 8848:1990) CORRESPONDÊNCIA: EN 28848:1993 IDT Preço: 14 EUR NP EN 28849:1996 (1ª Edição) pp.8 C 680 /CT 68 Embarcações de recreio Bombas de esgoto eléctricas (ISO 8849:1990) CORRESPONDÊNCIA: EN 28849:1993 IDT Preço: 7 EUR NP EN 29775:1996 (1ª Edição) pp.16 C 680 /CT 68 Embarcações de recreio. Sistemas de governo remoto para motores fora de borda únicos de potência compreendida entre 15 kW e 40 kW (ISO 9775:1990) CORRESPONDÊNCIA: EN 29775:1993 IDT Preço: 14 EUR NP EN ISO 4566:1998 (1ª Edição) pp.8 C 680 /CT 68 Embarcações de recreio com motor interior. Extremidades de veios propulsores e cubos de hélice de conicidade de 1:10 (ISO 4566:1992)

1º Caderno 116

CORRESPONDÊNCIA: EN ISO 4566:1995 IDT Preço: 7 EUR NP EN ISO 9093-1:2000 (1ª Edição) pp.11 C 680 /CT 68 Embarcações pequenas Válvulas e acessórios de passagem do casco Parte 1: Construção metálica (ISO 9093-1:1994) CORRESPONDÊNCIA: EN ISO 9093-1:1997 IDT Preço: 10.5 EUR NP EN ISO 10087:1998 (1ª Edição) pp.9 C 680 /CT 68 Embarcações pequenas. Identificação do casco. Sistema de codificação (ISO 10087:1995) CORRESPONDÊNCIA: EN ISO 10087:1996 IDT Preço: 10.5 EUR

NP EN ISO 10240:1999 (1ª Edição) pp.19 025 Embarcações pequenas Manual do proprietário (ISO 10240:1995) CORRESPONDÊNCIA: EN ISO 10240:1996 IDT Preço: 17.5 EUR

NP EN ISO 11105:2000 (1ª Edição) pp.15 C 680 /CT 68 Embarcações pequenas Ventilação de compartimentos de motores a gasolina e/ou tanques de combustível (ISO 11105:1997) CORRESPONDÊNCIA: EN ISO 11105:1997 IDT Preço: 14 EUR

EN 60092-507:2000 Electrical installations in ships Part 507: Pleasure craft (IEC 60092-507:2000) Instalações eléctricas em navios Parte 507: Embarcações de recreio CORRESPONDÊNCIA: IEC 60092-507:2000 IDT

Page 59: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 117

EN 60936-2:1999 Maritime navigation and radiocommunication equipment and systems - Radar Part 2: Shipborne radar for high-speed craft (HSC) - Methods of testing and required test results Equipamento e sistemas de navegação e de radiocomunicação marítimas - Radar Parte 2: Radar de navegação para embarcações de grande velocidade (HSC) - Métodos de ensaio e resultados exigidos CORRESPONDÊNCIA: IEC 60936-2:1998 IDT

EN ISO 9093-2:2002 Small craft- Seacocks and through-hull fittings Part 2: Non-metallic Embarcações pequenas Válvulas e acessórios de passagem do casco Parte 2: Construção não-metálica

EN ISO 12215-2:2002 Small craft Hull construction and scantlings Part 2: Materials: Core materials for sandwich construction, embedded materials (ISO 12215-2:2002) Embarcações pequenas Construção do casco e escantilhões Parte 2: Materiais: Materiais do núcleo para construção em sanduíche, materiais embutidos (ISO 12215-2:2002)

EN ISO 12215-3:2002 Small craft Hull construction and scantlings Part 3: Materials: Steel, aluminium alloys, wood, other materials (ISO 12215-3:2002) Embarcações pequenas Construção do casco e escantilhões Parte 3:Materiais: Aço, ligas de alumínio, madeira, outros materiais (ISO 12215-3:2002)

EN ISO 12215-4:2002 Small craft Hull construction and scantlings Part 4: Workshop and manufacturing (ISO 12215-4:2002) Embarcações pequenas Construção do casco e escantilhões Parte 4:Unidade fabril e produção (ISO 12215-4:2002)

1º Caderno 118

ANEXO 3 NORMAS DO IPQ SOBRE NAVIOS

NP 569:1982 (2ª Edição) pp.2 C 30 /CT 3 Tintas. Primário anticorrosivo para fundos de navios de ferro. Tipo aluminado. Características Preço: 3.5 EUR NP 683:1974 (1ª Edição) pp.3 C 30 /CT 3 Tintas de fundo de navios antivegetativas. Pesquisa de mercúrio e determinação do teor em mercúrio do pigmento NP 685:1974 (1ª Edição) pp.3 C 30 /CT 3 Tintas de fundo de navios antivegetativas. Determinação dos teores em cobre e em ferro do pigmento Preço: 3.5 EUR EN 60092-507:2000 Electrical installations in ships Part 507: Pleasure craft (IEC 60092-507:2000) Instalações eléctricas em navios Parte 507: Embarcações de recreio CORRESPONDÊNCIA: IEC 60092-507:2000 IDT EN 60721-3-6:1993 Classification of environmental conditions Part 3: Classification of groups of environmental parameters and their severities Section 6: Ship environment Classificaçao das condições ambientais Parte 3: Classificação dos grupos de agentes ambientais e das suas severidades. Ambiente dos navios CORRESPONDÊNCIA: IEC 60721-3-6:1987 IDT; IEC 60721-3-6:1987 /A 1:1991 IDT

Page 60: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 119

EN 60721-3-6:1993 /A2:1997 Classification of environmental conditions Part 3: Classification of groups of environmental parameters and their severities Section 6: Ship environment Classificação das condições ambientais Parte 3: Classificação dos grupos de agentes ambientais e das suas severidades. Ambiente dos navios CORRESPONDÊNCIA: IEC 60721-3-6:1987 /A 2:1996 IDT EN 61110:1992 System Omega and differential Omega receivers for ships. Operational and performance requirements. Methods of testing and required test results Receptores dos sistemas omega e omega diferencial para navios. Exigências operacionais e de funcionamento, métodos de ensaio e resultados exigidos CORRESPONDÊNCIA: IEC 61110:1992 IDT EN 61162-400:2002 Maritime navigation and radiocommunication equipment and systems - Digital interfaces Part 400: Multiple talkers and multiple listeners - Ship systems interconnection - Introduction and general principles (IEC 61162-400:2001) Equipamento e sistemas de navegação e de radiocomunicação marítimas - Interfaces digitais Parte 400: Múltiplos emissores e múltiplos receptores - Interconexão de sistemas de navios - Introdução e princípios gerais CORRESPONDÊNCIA: IEC 61162-400:2001 IDT EN 61162-401:2002 Maritime navigation and radiocommunication equipment and systems - Digital interfaces Part 401: Multiple talkers and multiple listeners - Ship systems interconnection - Application profile (IEC 61162-401:2001)

1º Caderno 120

Equipamento e sistemas de navegação e de radiocomunicação marítimas - Interfaces digitais Parte 401: Múltiplos emissores e múltiplos receptores - Interconexão de sistemas de navios - Perfil de aplicação CORRESPONDÊNCIA: IEC 61162-401:2001 IDT EN 61162-410:2002 Maritime navigation and radiocommunication equipment and systems - Digital interfaces Part 410: Multiple talkers and multiple listeners - Ship systems interconnection - Transport profile requirements and basic transport profile (IEC 61162-410:2001) Equipamento e sistemas de navegação e de radiocomunicação marítimas - Interfaces digitais Parte 410: Múltiplos emissores e múltiplos receptores - Interconexão de sistemas de navios - Eequisitos de perfil de transporte e perfil de transporte básico CORRESPONDÊNCIA: IEC 61162-410:2001 IDT

EN 61162-420:2002 Maritime navigation and radiocommunication equipment and systems - Digital interfaces Part 420: Multiple talkers and multiple listeners - Ship systems interconnection - Companion standard requirements and basic companion standards (IEC 61162-420:2001) Equipamento e sistemas de navegação e de radiocomunicação marítimas - Interfaces digitais Parte 420: Múltiplos emissores e múltiplos receptores - Interconexão de sistemas de navios - Requisitos de normas de acompanhamento e normas de acompanhamento básicos CORRESPONDÊNCIA: IEC 61162-420:2001 IDT

EN 61996:2000 Maritime navegation and radiocommunication equipment and systems - Shipborne viyage data recorder (VDE) - Performance requirements - Methods of testing and required test results (IEC 61996:2000) Equipamento e sistemas de navegação e de radiocomunicação marítimas - Gravador de dados de viagem a bordo de navios (VDR) –

Page 61: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 121

ANEXO 4 NORMAS E PROJECTOS DE NORMAS BS SOBRE MADEIRA,

MAIS INTERESSANTES PARA O PROJECTO ICOM

BS Number Status Title Non-member

price (£) 00/108835 DC

Current, Draft for Public Comment

prEN 14080Timber structures. Glued laminated timber. Requirements

20,00

00/121004 DC

Current, Draft for Public Comment

Adhesives. Synthetic, one-part, for wood. General purpose

20,00

01/101465 DC

Current Draft for Public Comment

prEN 387Glued laminated timber. Large finger joints. Performance requirements and minimum production requirements. prEN 391. Glued laminated timber. Delamination test of glue lines

20,00

96/105122 DC

Current, Draft for Public Comment

prEN 12512Timber structures. Test methods. Cyclic testing of joints made with mechanical fasteners

13,50

BS 1088 & 4079:1966

Current, Work In Hand

Specifications for plywood for marine craft

66,00

BS 1282:1999

Current Wood preservatives. Guidance on choice, use and application

36,00

BS Current Wood preservation. 50,00

1º Caderno 122

4261:1999 Vocabulary BS 5268-2:1996

Current, Work In Hand

Structural use of timber. Code of practice for permissible stress design, materials and workmanship

138,00

BS 5268-4.2:1990

Current, Propose For Confirmation

Structural use of timber. Fire resistance of timber structures. Recommendations for calculating fire resistance of timber stud walls and joisted floor constructions

66,00

BS 5268-5:1989

Current, Confirmed

Structural use of timber. Code of practice for the preservative treatment of structural timber

50,00

BS 5589:1989

Current, Confirmed

Code of practice for preservation of timber

80,00

BS 6349-4:1994

Current Maritime structures. Code of practice for design of fendering and mooring systems

94,00

BS 6446:1997

Current Specification for manufacture of glued structural components of timber and wood based panels

50,00

BS 99/711652

Current, Draft for Public Comment

DCSpecifications for wood screws (metric series)

20,00

BS EN 1194:1999

Current Timber structures. Glued laminated timber. Strength classes and determination of characteristic values

36,00

Page 62: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 123

BS EN 12490:1999

Current Durability of wood and wood-based products. Preservative-treated solid wood. Determination of the penetration and retention of creosote in treated wood

36,00

BS EN 275:1992

Current Wood preservatives. Determination of the protective effectiveness against marine borers

50,00

BS EN 301:1992

Current Adhesives, phenolic and aminoplastic, for load-bearing timber structures: classification and performance requirements

26,00

BS EN 351-1:1996

Current Durability of wood and wood-based products. Preservative-treated solid wood. Classification of preservative penetration and retention

50,00

BS EN 912:2000

Current Timber fasteners. Specifications for connections for timber

80,00

BS MA 40-2:1975

Current, Confirmed

Specification for marine guardrails, stanchions, etc. Gates and portable guardrail sections for merchant ships (excluding passenger ships)

20,00

DD ENV 1099:1998

Current Plywood. Biological durability. Guidance for the assessment of plywood for use in different hazard classes

26,00

DD ENV Current, Glued laminated timber. 26,00

1º Caderno 124

387:1999 Work In Hand

Large finger joints. Performance requirements and minimum production requirements

EN 12765:2001

Current Classification of thermosetting wood adhesives for non-structural applications

36,00

EN 312-5:1997

Current Particleboards. Specifications. Requirements for load-bearing boards for use in humid conditions

36,00

EN 312-7:1997

Current Particleboards. Specifications. Requirements for heavy-duty load-bearing boards for use in humid conditions

36,00

EN 385:1995

Current, Work In Hand

Finger jointed structural timber. Performance requirements and minimum production requirements

36,00

EN 386:1995

Current, Work In Hand

Glued laminated timber. Performance requirements and minimum production requirements

50,00

PP 7312:1998

* Current Extracts from British Standards for students of structural design

25,00

Page 63: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 125

ANEXO 5 NORMAS E PROJECTOS DE NORMAS BS SOBRE EMBARCAÇÕES (“SMALL CRAFT”), MAIS INTERESSANTES PARA O PROJECTO

ICOM Classificação funcional das normas:

1. Arquitectura naval 2. Casco 3. Máquinas principais e propulsão 4. Auxiliares e encanamentos 5. Electricidade 6. Aprestamento 7. Diversos

Class Standard Number/ Title / Status / Member Price / Non-

Member Price 1 BS EN ISO 10087:1996Small craft. Hull identification. Coding

system Current£18.00£36.00 1 BS EN ISO 10240:1996Small craft. Owner's manual Current

£25.00£50.00 1 BS EN ISO 11591:2001Small craft, engine driven. Field of

vision from helm position Current £25.00£50.00 1 BS EN ISO 11812:2002Small craft. Watertight cockpits and

quick-draining cockpits Current £47.00£94.00 1 BS EN ISO 14946:2001Small craft. Maximum load

capacityCurrent£18.00£36.00 1 86/77032 DCDefinition of the length overall of monohulled

small craft (ISO/DIS 8666)Current, Draft for Public Comment£3.75£7.50

1 90/80295 DCSmall craft. Hull length. Measurement (ISO/DIS 8666/DAM)Current, Draft for Public Comment£5.00£10.00

1 95/704294 DCSmall craft. Personal watercraft. Construction and system installation requirements (ISO/DIS 13590)Current, Draft for Public Comment£6.50£13.00

1 96/718338 DCSmall craft. Stability and bouyancy. Methods of

1º Caderno 126

assessment and categorization. Part 3. Boats of up to and including 6 m length of hull (ISO/CD 12217-3)Current, Draft for Public Comment£6.75£13.50

1 97/713938 DCSmall craft. Stability and buoyancy. Methods of assessment and categorization. Part 2. Sailing boats over 6m length of hull (ISO/CD 12217-2)Current, Draft for Public Comment£7.50£15.00

1 99/713903 DCISO/DIS 12217-1. Small craft. Stability and buoyancy assessment and categorization. Part 1. Non-sailing boats of hull length greater than or equal to 6 m Current, Draft for Public Comment £10.00£20.00

1 99/715109 DCISO/DIS 12217-2. Small craft. Stability and buoyancy assessment and categorization. Part 2. Sailing boats of hull length greater than or equal to 6 m Current, Draft for Public Comment £10.00 £20.00

1 00/704866 DCISO/DIS 12217-3. Small craft. Stability and buoyancy assessment and categorization. Part 3. Boats of hull length less than 6mCurrent, Draft for Public Comment£10.00£20.00

1 00/709901 DCBS EN ISO 8666. Small craft. Principal data Current, Draft for Public Comment£10.00£20.00

2 BS EN ISO 12215-1:2000Small craft. Hull construction and

scantlings. Materials. Thermosetting resins, glass-fibre reinforcement, reference laminateCurrent£25.00£50.00

2 00/715269 DCISO/DIS 12215-2. Small craft. Hull construction and scantlings. Part 2. Materials: core materials for sandwich construction, embedded materials Current, Draft for Public Comment £10.00 £20.00

2 00/715270 DCISO/DIS 12215-3. Small craft. Hull construction and scantlings. Part 3. Materials: steel, aluminium alloys, wood, other materials Current, Draft for Public Comment£10.00£20.00

2 00/715271 DCISO/DIS 12215-4. Small craft. Hull construction and scantlings. Part 4. Workshop and

Page 64: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 127

manufacturing Current, Draft for Public Comment £10.00 £20.00

2 00/715272 DCISO/DIS 12215-6. Small craft. Hull construction and scantlings. Part 6. Structural arrangements and details Current, Draft for Public Comment £10.00£20.00

2 00/717312 DCprEN ISO 12215-5. Small craft. Hull construction and scantlings. Part 5. Design pressures, design stresses, scantling determination (ISO/DIS 12215-5)Current, Draft for Public Comment £10.00 £20.00

3 BS EN ISO 4566:1995 Small craft with inboard engine.

Propeller shaft ends and bosses with 1:10 taperCurrent£13.00£26.00

3 BS EN ISO 8665:1996Small craft. Marine propulsion engines and systems. Power measurements and declarationsCurrent£18.00£36.00

3 BS EN ISO 11105:1997Small craft. Ventilation of petrol engine and/or petrol tank compartments Current£18.00£36.00

3 BS EN ISO 11547:1996Small craft. Start-in-gear protectionCurrent£13.00£26.00

3 BS EN ISO 11592:2001Small craft less than 8 m length of hull. Determination of maximum propulsion power ratingCurrent£25.00£50.00

3 BS ISO 13592:1998Small craft. Backfire flame control for petrol enginesCurrent£18.00£36.00

3 BS EN ISO 15584:2001Small craft. Inboard petrol engines. Engine-mounted fuel and electrical components Current£25.00£50.00

3 96/711209 DCSmall craft. Backfire flame control for petrol engines (ISO/DIS 13592)Current, Draft for Public Comment£6.75£13.50

3 99/704670 DCISO/CD 16147. Small craft. Inboard-mounted diesel engine fuel and electrical systems components Current, Draft for Public Comment£10.00£20.00

1º Caderno 128

3 00/716396 DCprEN ISO 16147. Small craft. Inboard diesel engines. Engine-mounted fuel and electrical components (ISO/DIS 16147)Current, Draft for Public Comment£10.00£20.00

4 BS EN ISO 7840:1995 Small craft. Fire resistant fuel

hosesCurrent£18.00£36.00 4 BS EN ISO 8099:2001Small craft. Toilet waste retention

systemsCurrent£25.00£50.00 4 BS EN ISO 8469:1995Small craft. Non-fire-resistant fuel

hosesCurrent£18.00£36.00 4 BS EN ISO 9093-1:1998Small craft. Seacocks and through-

hull fittings. Metallic Current £18.00£36.00 4 BS EN ISO 10088:2001Small craft. Permanently installed fuel

systems and fixed fuel tanksCurrent£33.00£66.00 4 BS EN ISO 10239:2000 Small craft. Liquified petroleum gas

(LPG) systems Current£34.00£68.00 4 BS EN ISO 10592:1995Small craft. Hydraulic steering

systemsCurrent£18.00£36.00 4 BS ISO 13591:1997Small craft. Portable fuel systems for

outboard motors Current£18.00£36.00 4 BS EN ISO 13929:2001Small craft. Steering gear. Geared link

systemsCurrent£25.00£50.00 4 BS EN 28848:1993Small craft. Remote steering

systemsCurrent£25.00£50.00 4 BS EN 28849:1993, ISO 8849:1990Small craft. Electrically

operated bilge-pumpsCurrent, Work In Hand£13.00£26.00 4 BS EN 29775:1993Small craft. Remote steering systems for

single outboard motors of 15 kW to 40 kW powerCurrent£25.00£50.00

4 92/78698 DCSmall craft. Waste water retention and treatment. Part 1. Toilet retention systems (ISO/DIS 8099-1)Current, Draft for Public Comment£6.00£12.00

4 97/719523 DCSmall craft. Remote steering systems for inboard mini jet boats (ISO/CD 15652)Current, Draft for

Page 65: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 129

Public Comment£7.50£15.0097/719524 DCSmall craft. Stability and buoyancy. Methods of assessment and categorization. Part 1. Non-sailing boats over 6 m length of hullCurrent, Draft for Public Comment£7.50£15.00

4 98/713823 DCISO/DIS 8847. Small craft. Steering gear. Wire rope and pulley systemsCurrent, Draft for Public Comment£10.00£20.00

4 99/704671 DCISO/CD 15083. Small craft. Bilge pumping system Current, Draft for Public Comment£10.00£20.00

4 00/715835 DCISO/DIS 9093-2. Small craft. Seacocks and through-hull fittings. Part 2: Non-metallic Current, Draft for Public Comment £10.00£20.00

4 00/716397 DCprEN ISO 8849. Small craft. Electrically operated bilge pumps (ISO/DIS 8849)Current, Draft for Public Comment£10.00£20.00

5 BS EN ISO 10133:2001Small craft. Electrical systems. Extra-

low-voltage d.c. installationsCurrent£33.00£66.00 5 BS EN ISO 13297:2001Small craft. Electrical systems.

Alternating current installations Current £33.00£66.00 5 BS EN 28846:1993Small craft. Electrical devices. Protection

against ignition of surrounding flammable gasesCurrent£18.00£36.00

5 91/83728 DCSmall craft. Electrical equipment. Extra low voltage electrical installations (ISO/DIS 10133)Current, Draft for Public Comment£5.00£10.00

5 00/717313 DCISO/DIS 10134. Small craft. Electrical devices. Lightning protection Current, Draft for Public Comment £10.00£20.00

6 BS 7160:1990, EN 24565:1989, ISO 4565:1986 Specification

for anchor chains for small craft Current, Confirmed£13.00£26.00

6 BS 7163:1990, EN 28847:1989, ISO 8847:1987Specification for wire rope and pulley steering systems on small craft

1º Caderno 130

Current, Obsolescent£13.00£26.00 6 BS EN ISO 9097:1995Small craft. Electric fans

Current£13.00£26.00 6 90/77224 DCSmall craft. Inflatable liferafts. Part 1. General

requirements (ISO/DIS 9650-1)Current, Draft for Public Comment£5.00£10.00

6 90/77225 DCSmall craft. Inflatable liferafts. Part 2. Materials (ISO/DIS 9650-2)Current, Draft for Public Comment£5.00£10.00

6 94/714897 DCSmall craft. Windows, portlights, hatches, deadlights and doors. Strength and tightness requirements (ISO/DIS 12216)Current, Draft for Public Comment£9.00£18.00

6 96/713411 DCSmall craft. Magnetic compasses (ISO/DIS 14227)Current, Draft for Public Comment£6.75£13.50

6 96/713456 DCSmall craft. Liquid fuelled galley stoves (ISO/CD 14895)Current, Draft for Public Comment£6.75£13.50

6 99/713904 DCISO/DIS 14945. Small craft. Builder's plate Current, Draft for Public Comment £10.00 £20.00

6 01/561688 DCISO/DIS 12401. Small craft. Deck safety harness and safety line for use on recreational craft. Safety requirements and test methods Current, Draft for Public Comment £10.00 £20.00 01/710250 DCBS EN ISO 15083. Small craft. Bilge pumping system Current, Draft for Public Comment £10.00 £20.00

7 BS EN ISO 14509:2001Small craft. Measurement of airborne

sound emitted by powered recreational craftCurrent£33.00£66.00

7 91/83729 DCSmall craft. Fire protection. Part 1. Craft with a hull length up to and including 15 m (ISO/DIS 9094-1) Current, Draft for Public Comment£5.00£10.00

7 96/702527 DCSmall craft. Fire protection. Part 1. Craft with a hull length of up to and including 15 m (ISO/DIS 9094-1.2)

Page 66: 1º CADERNO - A MADEIRA COMO MATERIAL DE ENGENHARIA …webs.cetmar.org/carpinteriaderibeira.org/html/Doc/ICaderno.pdf · ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS MARÍTIMAS a.i.maritimas@mail.telepac.pt

1º Caderno 131

(ISO/CEN parallel enquiry)Current, Draft for Public Comment£6.50£13.00

7 00/715836 DCISO/DIS 9094-2. Small craft. Fire protection. Part 2: Craft with a hull length of over 15mCurrent, Draft for Public Comment £10.00£20.00

7 00/716395 DCprEN ISO 15085. Small craft. Man-overboard prevention and recovery (ISO/DIS 15085) Current, Draft for Public Comment £10.00£20.00