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UnIt Universidade Tiradentes Universidade Tiradentes Processo PENAL EMENTA ALUNO: RODRIGO CARDOSO TEIXEIRA CHAVES Exemplo de IMPEDIMENTO: Juiz hoje que atua no processo, passa no concurso para delegado, ele é impedido de atuar no processo (CAUSA NULIDADE ABSOLUTA) ILEGITIMIDADE NOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES (crimes de estupro) a vítima comparece acompanhada da avó, quando deveria estar acompanhada de seus legítimos representante ( GENITORES), , sendo que no curso do processo a genitora comparece e RATIFICA os termos , e providências adotadas pela vó, sendo SANADO a irregularidade. Como sanar as regularidades? Para o STF, o verdadeiro representante legal é aquele que de quem economicamente depende o menor. (Então no caso se a menor mora com o tio, não há irregularidade). Qual o momento de ARGUIÇÃO (NULIDADE RELATIVA – PENA DE PRECLUSÃO) ?????????, POIS A NULIDADE ABSOLUTA NÃO ESTÁ SUJEITA DE PRECLUSÃO, MESMO DEPOIS DE SENTENÇA CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO). Mesmo que a parte argua nulidade relativa, e o juiz reconhecer q não houve prejuízo, não tem preclusão. Segundo o ARTIGO 571: Art. 571 - As nulidades deverão ser argüidas: I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o art. 406; II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular (aqueles juizes que não são do tribunal de juri, isto é juizes de crimes dolosos contra a vida, tentados ou sumidos) e dos processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 500; Prof.

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UnIt Universidade Tiradentes Universidade Tiradentes

Processo PENAL EMENTA

ALUNO: RODRIGO CARDOSO TEIXEIRA CHAVES

Exemplo de IMPEDIMENTO:

Juiz hoje que atua no processo, passa no concurso para delegado, ele é impedido de atuar no processo (CAUSA NULIDADE ABSOLUTA)

ILEGITIMIDADE

NOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES (crimes de estupro) a vítima comparece acompanhada da avó, quando deveria estar acompanhada de seus legítimos representante ( GENITORES), , sendo que no curso do processo a genitora comparece e RATIFICA os termos , e providências adotadas pela vó, sendo SANADO a irregularidade.

Como sanar as regularidades? Para o STF, o verdadeiro representante legal é aquele que de quem economicamente depende o menor. (Então no caso se a menor mora com o tio, não há irregularidade).

Qual o momento de ARGUIÇÃO (NULIDADE RELATIVA – PENA DE PRECLUSÃO) ?????????, POIS A NULIDADE ABSOLUTA NÃO ESTÁ SUJEITA DE PRECLUSÃO, MESMO DEPOIS DE SENTENÇA CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO).

Mesmo que a parte argua nulidade relativa, e o juiz reconhecer q não houve prejuízo, não tem preclusão.

Segundo o ARTIGO 571:

Art. 571 - As nulidades deverão ser argüidas:

I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o art. 406;

II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular (aqueles juizes que não são do tribunal de juri, isto é juizes de crimes dolosos contra a vida, tentados ou sumidos) e dos processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 500;

III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;

IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de aberta a audiência;

V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes (art. 447);

Vl - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;

Vll - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;

VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.

DIFERENTE DO PROCESSO CIVIL, O JUIZ DO PROCESSO PENAL PODE ARGUIR DE OFÍCIO DE ACORDO COM A REGRA DO ARTIGO 251 DO CPP.

A ARGUIÇÃO PODE SER AGUIDA PELAS PARTES FORMAIS – Acusação,

Prof.

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Se a citação recai sobre pessoa incerta e a pessoa certa vai a juízo para tomar ciência – houve SANABILIDADE.A hipótese em que o juiz deve recorrer de ofício, mas a parte interpõe o recurso voluntário, então artigo 564 , 3 N ,

Inquérito – colheita de informação –não é processo, (No inquérito o delegado pode ouvir 5 como 50 testemunhas, no processo não).

No inquérito os atos que são praticados no inquérito são renovados em juízo, se tiver alguma irregularidade o juiz sana.Pode iniciar-se por requerimento da vítima, pelo auto de prisão em flagrante, pelo juiz de ofício, ou pelo ministério público.

DOS RECURSOS

CONCEITO GENERALIDADES

É o meio pelo qual se provoca o reexame de uma decisão Os recursos se acham intimamente ligados ao duplo grau de jurisdição É um instrumento que se materializa o duplo grau de jurisdiçãoo (só se caracteriza duplo grau quando se

recorre do primeiro para o segundo) quando a ação já é proposta no 2 grau (caso específicos das acoes penais originarias para quem é autoridade (prerrogativa de função ) não tem duplo grau porque já nasce em 2 grau (ajuizada diretamente nos tribunais). EX: dos mensalões.

Quando a decisão de um tribunal federal for ofensiva cabe recurso extraordinário ao STJ (o supremo está em 2 grau).

Lei processual penal (no espaço e no tempo) não retroage , a lei que retroage é a Lei Penal (para beneficiar o réu –

O recurso é uma necessidade de ordem psicológica.

Juízo AQUO = órgão a de qual se recorre (justiça inferior) Juízo AD QUEM = órgão para qual se recorre - justiça superior

(Toda vez que se recorre, o recurso será examinado por uma estância superior, com exceção dos embargos declaratório, pois o órgão que proferiu a decisão será ele mesmo que irá julgar o recurso, não havendo transcendência para outro órgão.

FUDAMENTO

Se as decisões fossem proferidas por deuses ou semi-deuses trariam a nota da infalibilidade, porém a justiça é falha, sujeita a erros. (FALIBILIDADE DOS RECURSOS)

Se não houver uma decisão que tenha contrariado interesses não há necessidade de recurso, tendo o pressuposto lógico do recurso uma DECISÃO QUE TENHA CONTRARIADO O INTERESSE, TENDO COMO REQUISITO FUNDAMENTAL A SUCUBENCIA (LESIVIDADE, GRAVAME, PREJUÍZO, DESCONFORMIDADE ENTRE O QUE FOI PEDIDO E O QUE FOI DADO, EX: a defesa pede absolvição e o juiz condena)

Sucumbencia no sentido técnico é quando a decisão não expressa juridicamente o que a parte esperava – Ex: ele pode ser sucumbência porque a decisão não se concede condenar novamente um réu

PRESSUPOSTOS LÓGICO E FUNDAMENTAL

CLASSIFICAÇÃO DAS SEMÂNTICAS

SE CLASSIFICA EM:

ÚNICA

MULTIPLA : APRESENTE SUBDIVISÃO,

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PARALELA OU RECÍPROCA: lesividade tem interesses idênticos (os dois foram condenados e os dois recorrem para obterem absolvição)

DIRETA OU REFLEXA : lesividade tem interesses opostos ( o juiz condena um e absolve o outro – então o MP recorre para condenar e a Defesa para ABSOLVER)

TOTAL OU PARCIAL:

PRESSUPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS

1) Recorre a parte cujo recurso que esteja previsto em lei (PREVISÃO LEGAL) – Autorização legal Se não existe essa previsão a decisão é IRRECORÍVEL. SÓ CABE A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE SE HOUVE MÁ FÉ.

2) A TEMPESTIVIDADE

TODO RECURSO DEE SER INTERPOSTO NO PRAZO FIXADO E LEI SOB PENA DE NÃO RECEBIMENTO.EMBARGOS DECLARATÓRIOS ( ARTIGO 619 CPEMBARGOS INFRIGENTES 10 DIAS ( CARTA TESTEMUNHÁVEL ARITGO 640RECURSO ESPECIAL, EXTRAORDINÁRIO – 15 DIAS ( ARTIGO 26 DA LEI 8038/90)

OS PRAZOS SÃO FATAIS, CONTÍNUOS E PEREMPTÓRIOS, NÃO SE INTERROMPENDO POR FERIAS FERIADOS ETC. ( SEGUNDO SUMULA 310 DO SUPREMO – PRAZO INICIADO NA SEXTA FEIRA)

QUANDO O REU FOR INTIMADO POR PRECAORIA POR MANDADO OU CARTA DE ORDEM O PRAZO É A PARTIR DA INTIMAÇÃO. (SUMULA 710 DO SUPREMO)

3) OBSERVÂNCIAS DAS FORMALIDADES LEGAIS

A parte ao recorrer deve primeiramente observar se o recurso se acha previsto em lei e qual o prazo para a sua interposição. Por último verifica-se qual a forma de recorrer (segundo a regra do artigo 578 CPP: o Recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante) (RECURSO POR TERMO é o recurso oral , feito por audiência, e o juiz pede para por consignar no tempo para que fique o registro, onde somente o RECURSO EM SENTIDO ESTRITO E APELAÇÃO cabem esse recurso.

4) MOTIVAÇÃO:=> Todo recurso deve ser motivado, recurso sem motivação é recurso INÉPTO – o recorrente deve exteriorizar as suas razões sob pena de ofensa ao princípio da ampla defesa. Se o defensor é constituído e recorre e não coloca as razões fere os princípios da ampa defesa

Apenas dois deles o recorrente pode se valer da forma por termo nos autos, trata-se do recurso em sentido estrito e da apelação. O que é RECORRER POR TERMOS NOS AUTOS – é aquele feito em audiência ou sessão – ORAL – para que fique memória nos autos.Somente em duas hipóteses pode ser oferecido memoriais: 1-quando a causa apresentar complexidade (Tipo, vários réus, advogados diferentes e cada um com uma tese). 2 – no caso do juiz ter proferido diligencias.ALEGACOES FINAIS ESCRITAS = MEMORIAIS

PRESSUPOSTOS RECURSAIS SUBJETIVOS

1 – INTERESSE

recorre a parte com interesse manifesto pela reforma ou modificação da decisão nos termos do parágrafo único do artigo 577 CPP.

2 – LEGITIMIDADE

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pertinência subjetiva dos recursos A lei enumera no caput do artigo 577 quem tem legitimidade para recorrer.

SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO OS RECURSOS SE CLASSIFICAM:

EXTRAORDINÁRIO

ESPECIAL

ORDINÁRIOS

A Própria CF classifica quando cabe o extraordinário e o especial.O Rol constitui números clausosSomente será cabido nas hipóteses expressamente previstas na CF (ROL TAXATIVO), não se configurando no caso concreto o cabimento extraordinário ou especial por exclusão admite-se os ordinário.O Código classifica os recursos em VOLUNTÁRIO e NECESSÁRIOS.VOLUNTÁRIO= recurso da parte, advém de sua vontade como o próprio nome indica.NECESSÁRIO= recurso de ofício , é uma obrigação que a lei impõe ao juiz de submeter sua decisão ao duplo grau de jurisdição. O JUIZ SÓ RECORRE DE OFÍCIO nas hipóteses estabelecidas em lei. No processo penal o juiz deve recorrer de ofícios seguintes hipóteses: 1) DA DECISÃO CONCESSIVA DE HABEAS CORPUS 2) DA DECISÃO DE ABSOLVER SUMARIAMENTE O RÉU DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO JURI.3) DA DECISÃO CONCEDER REABILITAÇÃO.4) DA DECISÃO DE DETERMINAR O ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO NOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR.

QUAL A NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO DE OFÍCIO

PARA A DOUTRINA: CONDIÇÃO DE EFICÁCIA DA SENTENÇA.PARA O SUPREMO: DECISÃO QUE SE SUBMETE AO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

PARA O CÓDIGO O RECURSO TEM DOIS EFEITOS: SUSPENSIVO E DEVOLUTIVO

EM REGRA TODO RECURSO TEM EFEITO DEVOLUTIVO (PORQUE O REEXAME É TRANSFERIDO PARA OUTRO ÓRGÃO).

O recurso tem efeito suspensivo quando a lei determinar. SUSPENSIVO: PORQUE A DECISÃO FICA PARALIZADA , SOBRESTADA, ENQUANTO

AGUARDA O JULGAMENTO DO REU NÃO EXISTE EFEITO SUSPENSIVO DE EFEITO ABSOLUTÓRIA. PARA A DOUTRINA O RECURSO TEM MAIS DOIS EFEITOS:

- REGRESSIVO: quando o reexame ficar a cargo do próprio órgão prolator. (Ex: embargos declaratórios)

- MISTO: quando inicialmente o reexame é levado a efeito pelo órgão a quo e em seguida pelo órgão ad quem (EX: recurso em sentido estrito)

UNIRRECORRIBILIDADE ou SINGULARIDADE é um pressuposto segundo o qual toda decisão, somente poderá ser combatida por um recurso. Mesmo assim o recurso adequado.

Quando a decisão do Tribunal comportar recurso extraordinário e especial. (nas hipóteses de que a decisão do tribunal é ofensiva a constituição federal...etc.)

ME: PARA RESPONDER AS QUESTOES DIGITADAS PERGUNTAS E RESPOSTAS NO DIA DA PROVA

1) ESTABELECE A DIFERENÇA ENTRE ATO NULO E ATO IRREGULAR2) QUAL A DIFERENÇA ENTRE NULIDADE ABSOLUTA E ATO JURIDICAMENTE

INEXISTENTE3) A INOBSERVÂNCIA DE UMA FORMALIDADE GERA NULIDADE ABSOLUTA OU

RELATIVA? JUSTIFIQUE

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4) EM SE TRATANDO DE NULIDADE O QUE SIGNIFICA O PRINCÍPIO DA CONSEQUENCIALIDADE.

5) SE O JUIZ DEVERIA RECORRER DE OFÍCIO E NÃO RECORRE, NEM A PARTE INTERPÕE O RECURSO VOUNTÁRIO A NULIDADE SERÁ ABSOLUTA OU RELATIVA . POR QUÊ?

6) SE OCORRER NULIDADE NO CURSO DE INSTRUCÃO EM PROCESSO DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL , EM QUE MOMENTO DEVERÁ SER AGUIDA SOB PENA DE PRECLUSÃO.

7) DE QUE MODO HAVERÁ DE QUE MODO HAVERÁ SANABILIDADE QUANDO OCORRER UMA DAS HIPÓTESES DO ARTIGO 572?

8) EM QUE MOMENTO O JUIZ DEVERÁ ARGUIR A NULIDADE?9) QUANDO O INQUÉRITO É INICIADO PELO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE E NÃO

SE HAJA REVESTIDO DE SUAS FORMALIDADES LEGAIS, HAVERÁ OU NÃO NULIDADE? JUSTIFIQUE

10) O QUE SIGNIFICA SUCUMBÊNCIA NO SENTIDO TÉCNICO11) SE O DEFENSOR CONSTITUIDO RECORRE E NÃO OFERECE RAZÕES COMO DEVERÁ

PROCEDER O JUIZ?12) SE O REU FOR INTIMADO POR PRECATÓRIA, QUANDO COMEÇA A CORRER O PRAZO

PARA RECURSO. 13) PARA O SUPREMO, QUAL A NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO DE OFÍCIO.14) MENCIONE DUAS HIPÓTESES EM QUE O JUIZ DEVE RECORRER DE OFÍCIO15) EM QUE HIPÓTESE O JUIZ PODE SE VALER DO PRINCIPIO DA FUNGIBILIDADE ?16) POR QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO É UM RECURSO INOMINADO?17) EM QUE HIPÓTESE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO PODERÁ SER INTERPOSTO NO

PRAZO DE 20 DIAS?18) EM QUE HIPÓTESE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO SERÁ JULGADO PELO

PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL?19) MENCIONE APENAS UMA HIPÓTESE EM QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

SERIA JULGADO PELO JUIZ.20) NO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO QUANDO O JUIZ SE RETRATA E A DECISÃO DE

REFORMA NÃO COUBER RECURSO, COMO DEVERÁ PROCEDER A PARTE PREJUDICADA?

21) QUANDO O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO DARÁ LUGAR AO AGRAVO EM EXECUÇÃO

22) 3 SÃO OS REUS NO MESMO PROCESSO, FINDA A PROVA O JUIZ IMPRONUCIA 2 DOIS PRONUNCIANDO O 3 TERCEIRO. SOMENTE A DEFESA RECORRE, POR QUÊ . NESTA HIPÓTESE O RECURSO SE PROCESSA NOS AUTOS OU SUBIRÁ PARA INSTRUMENTO

23) MENCIONE 2 DUAS HIPÓTESES EM QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO

24) MENCIONE APENAS UMA HIPÓTESE EM QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO LIMITADO.

25) 3 TRÊS SÃO OS RÉUS NO MESMO PROCESSO, CONCLUIDA A INSTRUÇÃO, O JUIZ PRONUCIA DOIS, IMPRONUNCIANDO O 3 TERCEIRO. SOMENTE O MP RECORRE . NESSA HIPÓTESE O RECURSO SE PROCESSA NOS AUTOS OU SUBIRÁ EM SEPARADO?

DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

CONSIDERAÇÕES

O Recurso em sentido estrito é uma recurso próprio para combater decisão de natureza processual, decisão interlocutória, decisão segundo a qual o juiz não esgota seu ofício jurisdicional, podendo revê-la, admite-se juízo de retratação.

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O recurso em sentido estrito é um recurso tecnicamente inominado – ( A taxatividade – o entendimento predominante do rol no artigo

É taxativa e enumeração do Artigo 584?= Sim., mesmo predominante o entendimento de ser taxativo, caberá recurso em sentido estrito , exemplo : da decisão de não receber a denuncia, cabe o aditamento – então essa é a questão que não está taxativa no rol, mesmo assim cabe recurso em sentido estrito apesar de prevalescer a taxatividade do recurso. A depender da hipótese, o recurso em sentido estrito se processa nos autos ou sobe separado, quando sobe separado , é através de instrumento: traslado das peças (cópia, xerox,) das peças indicadas pelo próprio recorrente. Quando o juiz recebe o recurso, pela sua forma de despachar, ele já diz ao cartório se é nos autos ou em separado. J.Conclusos, venham-me os autos conclusos – Aí o recurso vai A.Conclusos ( alvoada –venham-me em conclusão – xerocopiar as peças do recorrente para forma o instrumento – o instrumento sobe – seria a materialização)O legislador diz no artigo 583:

Art. 583 - Subirão nos próprios autos os recursos:

I - quando interpostos de oficio;

II - nos casos do art. 581, I, III, IV, Vl, Vlll e X;

III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo.

Parágrafo único - O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.

Ex: dois são os réus no mesmo processo, crime de júri, ambos são pronunciados, um recorre outro não – nessa hipótese não se pode processar nos autos , porque prejudicaria um dos réus. Nessa hipótese sobem os autos de um que recorreu e do outro ia pra júri.O recurso em sentido estrito deverá ser interposto no prazo de 05 dias conforme a regra do artigo 586 do código. O recorrente deverá oferecer suas razões no prazo de 02 dias, segundo a regra do artigo 588.

Art. 588 - Dentro de 2 (dois) dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.

Parágrafo único - Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.

O recorrido tem o mesmo prazo de 02 dias para as contrarrazões Com a resposta do recorrido ou sem ela, o juiz tem 02 dias para dizer se mantém ou se reforma a sua decisão.Se ele reforma, isto é, se ele se retrata, a parte prejudicada no prazo de 05 dias poderá recorrer, não havendo necessidade de novas razões, nem podendo o juiz mais uma vez retratar-se.

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A retratação é admissível apenas UMA VEZ, conforme o artigo 589

Art. 589 - Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de 2 (dois) dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.

Parágrafo único - Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.

Quando é que a decisão de reforma cabe recurso? R= quando a hipótese tiver prevista no artigo 581 , se não é irrecorrível.É o próprio juiz que sentenciou que recebe os recursos – é ele que manda intimar a parte recorrente das razões e contrarrazões e ele que determina a subida dos autos ao egrégio tribunal.No exemplo de se tratar de agravo de instrumento, ele é interposto diretamente no tribunal, porém tem que comunicar ao juiz no prazo de 03 dias. (para o juiz nao ficar alheio ao que está acontecendo a lei manda isso).A correição parcial tb tem que comunicar ao juiz que está sendo processado perante o tribunal

O recurso em sentido estrito sobe nos próprios autos ou em separado?

Processamento do recurso em sentido estrito

A quem é endereçado o recurso em sentido estrito?

Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos nos. V, X e XIV

Parágrafo único - O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de Apelação

Tribunal de apelação: tribunal de justiça, tribunal regional federal, tribunal regional eleitoral.

Do recurso em sentido estrito (RESE): conceito: é cabível contra algumas decisões interlocutórias (CPP, art. 581). Excepcionalmente também contra decisões de mérito (sentenças). Exemplo: RESE contra absolvição sumária nos crimes de competência do júri.

O rol do art. 581 é taxativo, porém esse recurso também está previsto em leis especiais. De outro lado, em casos excepcionais a jurisprudência admite a interpretação extensiva (a lei prevê, v.g., o RESE para o caso de haver rejeição da peça acusatória; no caso de rejeição de aditamento à peça acusatória, por interpretação extensiva, também cabe o RESE).

Características: deve ser interposto no prazo de 5 dias. Exceção: art. 581, XIV, que tem o prazo de 20 dias (RESE contra a lista geral dos jurados). Quem conhece e julga esse recurso é o Presidente do TJ.

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Se indeferido o processamento do RESE: cabe carta testemunhável.

Em regra, se processa em instrumento (autuação apartada). Excepcionalmente nos autos principais (art. 583 do CPP: por exemplo: quando a denúncia foi rejeitada).

Aspectos procedimentais

O escrivão forma o instrumento (logo após a interposição do recurso). Ele copia as principais peças dos autos. É recurso motivado. O prazo para oferecer razões e contra-razões é de dois dias. Não cabe apresentação de razões em 2.o grau. Isso só é possível em relação à apelação.

O juiz pode sustentar ou reformar a decisão (isso decorre do efeito regressivo desse recurso). Se reformar, cabe novo recurso pela parte prejudicada (se previsto em lei). Fala-se em efeito regressivo para exprimir essa possibilidade de o juiz voltar atrás em sua decisão. O RESE não tem efeito suspensivo, em regra. Exceções: art. 584, § 1.o, do CPP (julgamento de perda da fiança, que denegar a apelação ou a julgar deserta etc.).

Hipóteses de cabimento

(a) quando o juiz não recebe a denúncia ou queixa (não receber tem o mesmo efeito da rejeição). Se recebe, em tese cabe habeas corpus. A Lei de Imprensa determina que se o juiz rejeitar a denúncia ou a queixa cabe apelação. A mesma solução foi dada pela Lei dos Juizados Criminais. Em caso de rejeição parcial cabe recurso em sentido estrito. Rejeitada a peça acusatória, no momento de se processar o RESE, deve-se intimar o denunciado (Súmula 707 do STF). Ele tem interesse na causa. Se o Tribunal receber a peça acusatória, dispensa-se qualquer outro ato de recebimento pelo juiz de primeiro grau (Súmula 709 do STF);

(b) quando o juiz se dá por incompetente. Quando o juiz se dá por competente não cabe recurso nenhum. Eventualmente HC, quando se trata de incompetência patente. Por extensão: quando o juiz desclassifica o crime do júri (na fase final do iudicium accusationis) cabe RESE;

(c) quando o juiz julga procedente as exceções, salvo a de suspeição do juiz (aliás, não é o juiz que julga esta última, sim, o Tribunal);

(d) quando o juiz pronuncia ou impronuncia o réu (recurso pro et contra). Em caso de absolvição sumária também cabe recurso em sentido estrito e recurso ex officio. Se o juiz desclassificar o crime, também é cabível o recurso em sentido estrito;

(e) quando o juiz profere qualquer decisão relacionada com a fiança (quando concede, quando nega, quando cassa etc.);

(f) quando o juiz indefere prisão preventiva. Se defere, cabe habeas corpus;(g) quando o juiz concede liberdade provisória. Se o juiz indefere a liberdade provisória cabe

habeas corpus. Se o juiz concede, o assistente do MP não pode recorrer;

(h) quando o juiz julgar extinta a punibilidade ou indeferir o pedido de extinção da punibilidade;

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(i) quando o juiz concede ou denega o habeas corpus. Da concessão de habeas corpus cabe recurso ex officio;

(j) quando o juiz anula o processo;(l) quando julga deserta a apelação;(m) quando o juiz suspende o processo; (n) quando julga o incidente de falsidade;

Todas as hipóteses do art. 581 que se relacionam com a execução penal (decisões sobre a execução do sursis, do livramento condicional etc.) admitem na atualidade o agravo em execução previsto na LEP (que segue o rito do RESE).

A vítima pode interpor recurso em sentido estrito? Sim, pode, nas seguintes hipóteses: (a) impronúncia;(b) extinção da punibilidade.

Nos dois casos acima, a vítima só poderá interpor o recurso se o Ministério Público não recorreu, pois seu recurso é subsidiário. Prazo: 5 dias, se habilitada como assistente do MP; 15 dias, se não habilitada. Prazo contado do transcurso do prazo do MP.

Negado seguimento ao RESE, cabe carta testemunhável.

Da apelação:

Características: a apelação permite o reexame da matéria fática, das provas assim como dos pontos jurídicos. Prazo: 5 dias. Depois há outro prazo para arrazoar: oito dias.

Quando é cabível? Em regra quando há decisão de mérito (art. 593 do CPP): ela está prevista no CPP e também em leis especiais.

Apelação contra decisão do juiz singular: Hipóteses de cabimento

(a) sentença condenatória ou absolutória;

(b) decisões definitivas ou com força de definitivas das quais não caiba recurso em sentido estrito. Exemplo: quando o juiz julga algum incidente processual: restituição de coisas por exemplo. A apelação, nesse caso, é supletiva;

(c) quando julga o mérito de algum pedido do qual não caiba recurso em sentido estrito: reabilitação v.g.

Existe decisão definitiva não apelável? Sim, existe, se dá nos casos de competência originária dos tribunais. Essa é a posição do STF. O tema é polêmico. O STF, Primeira Turma, no HC 84.420-PR, assegurou o duplo grau de jurisdição no âmbito criminal. Mesmo que o juiz decrete a prisão do condenado, ainda assim, com ela ou sem ela, a apelação deve subir, por força da Convenção

Americana de Direitos Humanos (art. 8o. 2, “h”). Quando aos casos de competência originária, o tema deveria ser cuidado nos regimentos internos (que deveriam prever o recurso de apelação).

Decisão que arquiva inquérito policial não admite recurso, em regra (exceções: crime contra a

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economia popular; jogo do bicho). Decisão que concede reabilitação criminal: cabe apelação e recurso ex officio. É perfeitamente possível a apelação em favor de réu revel, salvo se o juiz determinar a prisão para apelar.

A apelação contra juiz singular é de fundamentação livre (o recorrente pode invocar qualquer fundamento). Distinta é a apelação contra as decisões do júri (que é de fundamentação vinculada, isto é, o recorrente tem que invocar um dos fundamentos dados pela lei). Por força do princípio da asserção, um desses fundamentos deve ser invocado, sob pena de não conhecimento do recurso. Cabe novo recurso dentro do prazo para invocar um outro fundamento? Sim, sem problema (princípio da suplementariedade dos recursos).

Apelação contra decisão do Tribunal do Júri

É apelação com fundamentação vinculada porque só cabe nas hipóteses estritamente previstas em lei. O efeito devolutivo, nesse caso, limita-se à fundamentação dada (Súmula 713 do STF).

Hipóteses de cabimento

(a) quando houver nulidade posterior à pronúncia;(b) quando a sentença do juiz for contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; (c) quando houver erro ou injustiça na aplicação da pena;

(d) quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária às provas dos autos. Sob esse fundamento só é possível uma única apelação, seja por parte do réu, seja por parte do MP ou, supletivamente, da vítima. Quando há duas versões e os jurados optaram por uma delas, não cabe a apelação.

Nesses casos indicados, o juízo emitido pelo Tribunal será rescindente ou rescisório?

Nas três primeiras hipóteses, se o Tribunal der provimento ao recurso, rescinde a decisão e seu acórdão substitui o julgamento de primeiro grau. Há aqui juízo rescindente (rescinde a decisão anterior) e rescisório (seu acórdão substitui o julgamento precedente).

Na quarta hipótese, se o Tribunal der provimento ao recurso, ele cassa a decisão anterior e determina novo julgamento. Há juízo rescindente, mas não rescisório. Nesse caso a decisão do Tribunal não pode substituir a dos jurados. Se no segundo julgamento os jurados mantiverem a decisão anterior, respeita-se a soberania dos veredictos. De se notar que a determinação de novo júri não restaura automaticamente a prisão anteriormente decretada. Toda prisão exige fundamentação específica.

O Tribunal pode afastar qualificadora reconhecida pelo Júri? Não pode. Se for o caso, o Tribunal manda a novo julgamento. Há aqui juízo rescindente, mas não rescisório.

O Tribunal pode reconhecer qualificadora afastada pelo Júri? Não pode, é matéria dos jurados. Se for o caso, o Tribunal manda a novo júri (juízo rescindente, não rescisório).

Princípio da consunção (art. 593, § 4.o, CPP): quando for cabível a apelação, não é possível a utilização do recurso em sentido estrito (ainda que se queira apelar só de parte da sentença). Exemplo: dois crimes: condenação em um deles e extinção da punibilidade do outro. Contra a

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extinção da punibilidade caberia RESE, porém, como é cabível apelação (porque houve uma condenação), só é possível a utilização dela.

Em caso de ação pública, pode a vítima apelar? Excepcionalmente sim (art. 598, CPP). Não importa se a vítima está habilitada ou não. É uma apelação supletiva ou subsidiária. Isso significa que a vítima só pode apelar se o MP não apelou.

Se o MP apelar apenas de uma parte da sentença, a vítima pode apelar quanto a outra parte (supletivamente).

A vítima pode apelar para agravar a pena? Há divergência na doutrina e jurisprudência. Predomina o entendimento positivo.

Prazo para a vítima apelar: (a) vítima não habilitada: 15 dias, contados do transcurso do prazo para o MP (Súmula 448 do STF); (b) vítima habilitada: 5 dias (embora haja polêmica). Se a vítima foi intimada antes do MP, o prazo conta-se do decurso do prazo para o MP apelar. Já se a vítima foi intimada depois do transcurso do prazo para o MP apelar, o prazo conta-se a partir da intimação.

Aspectos procedimentais

1.) O recurso é dirigido ao Tribunal competente, mas o juízo a quo cuida da verificação dos requisitos de admissibilidade. Se o juiz não receber a apelação cabe recurso em sentido estrito. Se o juiz também não receber o recurso em sentido estrito cabe carta testemunhável.

2.) É um recurso motivado, ou seja, conta com razões e contra-razões. Prazo: as razões e contra- razões devem ser apresentadas em 8 dias. Se as razões e contra-razões forem apresentadas fora do prazo, é mera irregularidade, pois com ou sem elas o recurso sobe para o Tribunal (art. 601, CPP).

As razões podem ser apresentadas em 2.a Instância (art. 600, § 4.o, CPP). Isso só é possível em favor da defesa. Jamais o MP (de primeiro grau) pode apresentar razões em segunda instância.

Falta de contra-razões da defesa anula o processo? Sim, anula (mas há controvérsia). Saliente-se, de outro lado, que o MP pode apelar em favor do réu.

A apelação, em regra, sobe nos autos principais. Excepcionalmente em autos copiados (CPP, art. 601, § 1.o: vários réus e um deles não apelou, por exemplo).

Tramitação da apelação em 2o Grau

A apelação pode ser ordinária (art. 613, CPP) ou sumária (CPP, art. 610).Apelação ordinária: vale para os crimes punidos com reclusão. Ordem procedimental:

1.) Vista ao MP;2.) Parecer do MP;3.) sorteio do relator; 4.) conclusão ao relator; 5.) conclusão ao revisor; 6.) julgamento.

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Apelação sumária: não existe revisor. Vale para os demais crimes, ou seja, para as infrações que não sejam punidas com reclusão. Segue o mesmo procedimento da apelação ordinária, mas não tem revisor.

A defesa tem direito de opinar em 2.o grau? Tem. Ela manifesta por meio de memoriais ou por sustentação oral. Ou por meio de ambos.

A intimação da data do julgamento é indispensável (Súmula 431 do STF), salvo quando se trata de habeas corpus.

O Tribunal pode converter o julgamento em diligência. Por exemplo: quando quer ouvir testemunhas.

A decisão é proferida por maioria de votos (ou por unanimidade). Votos divergentes: prevalece o intermediário.

Efeitos da apelação

1.) Efeito extrínseco: evita a coisa julgada;

2.) Efeito devolutivo: a apelação devolve ao Tribunal o conhecimento da matéria recorrida. Essa devolução pode ser total ou parcial. Disso decorre que temos a apelação plena e a apelação parcial (art. 599, CPP): tantum devolutum quantum apellatum;

3.) Efeito suspensivo: se a sentença for absolutória não tem efeito suspensivo. Não cabe mandado de segurança para se alcançar esse efeito. Se a sentença for condenatória, a apelação tem efeito suspensivo, salvo no que se refere à prisão, ou seja, se o juiz mandar prender o réu imediatamente, será preso independentemente da sua apelação.

A regra é o recolhimento do réu a prisão para poder apelar. Exceção: quando o réu tem o direito de livrar-se solto; quando presta fiança; quando for primário e de bons antecedentes ou, agora, consoante a jurisprudência, quando permaneceu solto durante o processo.

4.) Efeito extensivo ou extensão subjetiva do recurso (art. 580): caso de co-autoria. Apelação fundada em motivos objetivos: estende-se a todos (Ex.: reconhecimento de atipicidade). Apelação fundada em motivos pessoais: só vale para o recorrente (Ex.: prescrição em razão da idade que só favorece o réu com menos de 21 anos).

Execução provisória da sentença: sim, é possível, quando o MP não apelou (Súmulas 716 e 717 do STF). Se o juiz concedeu o regime semi-aberto e o MP não apelou, sim, só o condenado, nada impede que a sentença seja executada de imediato (mesmo pendente de julgamento o recurso).

Reformatio in pejus (art. 617, CPP): quando a apelação é exclusiva do réu, o Tribunal não pode agravar a sua situação. Fundamentos: o Tribunal não pode proceder de ofício contra o réu; ademais, houve trânsito em julgado para o MP. E se o Tribunal viola essa regra? Nulidade absoluta. Nem sequer nulidade absoluta o Tribunal pode reconhecer contra o réu (Súmula 160 do STF), salvo quando se trata de recurso ex officio.

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Outras regras relevantes: não existe mutatio libelli em segunda instância; na emendatio libelli o tribunal não pode agravar a situação do réu; crime hediondo e o juiz fixa regime inicialmente fechado: impossível correção pelo Tribunal, se a sentença que concedeu progressão transitou em julgado. Ninguém pode corrigir isso (nem tribunal, nem juízo das execuções), sob pena de se incorrer na proibição da reformatio in pejus.

Reformatio in pejus indireta: anulada uma sentença condenatória em recurso exclusivo do réu, pode o juiz fixar pena maior? Não, não pode. Se pudesse o réu estaria sendo prejudicado (indiretamente) por um recurso dele.

Réu submetido a novo Júri, pode o juiz fixar pena maior? Há polêmica. A melhor posição diz que se o Ministério Público concordou com a pena anterior, o juiz não pode aplicar pena maior, mas desde que o resultado do julgamento seja o mesmo.

Reformatio in mellius: o Tribunal pode de ofício melhorar a situação do réu? O tema é polêmico. O STF diz que não. Os demais Tribunais dizem sim. Para o concurso devemos dizer que sim. Duas regras:

1.) O Tribunal pode conceder ao réu algo mais favorável do que ele pediu;2.) o Tribunal pode, no recurso exclusivo da acusação, melhorar a situação do réu.

Do protesto por novo júri

Arts. 607 e 608 do CPPConceito: é o recurso que permite novo julgamento pelo Tribunal do Júri. Só no âmbito dos crimes

de competência do júri é que esse recurso é admitido.

Hipótese de cabimento: cabe quando a pena aplicada decorrente de crime da competência do Tribunal do Júri for igual ou superior a 20 anos.

Tratando-se de concurso material de crimes, as penas não podem ser somadas para se interpor o protesto por novo júri. Exemplo: dois homicídios em concurso material, pena de quinze anos para cada um: não é possível o protesto por novo júri (porque as penas não podem ser somadas). Crimes conexos: as penas não podem ser somadas. Exemplo: pelo homicídio fixa-se 17 anos. Por outro crime (estupro, por exemplo) mais 6 anos. Não cabe protesto por novo júri (porque as penas não podem ser somadas). Em suma: somente quando o crime do júri chega a 20 anos é que se permite o protesto por novo júri.

Se a pena atingir 20 anos por força de concurso formal (perfeito ou imperfeito) ou crime continuado é cabível este recurso. Exemplo: dois homicídios, em continuidade delitiva. Se a pena final chegar a 20 anos, é possível o protesto por novo júri.

Não importa se a pena foi fixada em 1.o ou 2.o grau. Está revogado o § 1.o do Art. 607 do CPP (que não admitia protesto por novo júri em caso de pena fixada em segunda instância). Lei revogadora do parágrafo citado: Lei 263, de 23.02.48 (que revogou o art. 606 do CPP, que dava sustentação para o referido § 1.o).

Réu condenado a 19 anos, 11 meses e alguns dias de prisão: pode apelar para pedir aumento

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de pena? Não há previsão legal. Consoante o CPP não pode. Mas pelo princípio da razoabilidade (que é constitucional) seria possível.

Características

1.) É recurso exclusivo da defesa (interposição: pelo réu ou pelo defensor; oral ou por escrito);2.) prazo: 5 dias, contados do julgamento;3.) é recurso dirigido ao juiz presidente do Tribunal do Júri (mesmo quando a pena de 20 anos ou

mais for fixada pelo Tribunal);4.) não possui razões;5.) só é cabível uma única vez (princípio da unicidade);6.) efeito: cassa o julgamento anterior e permite novo julgamento; ademais, inviabiliza outro

recurso, quando o crime é único. Crime único: primeiro ingressa-se com apelação; depois com protesto por novo júri: este invalida a apelação (princípio da variabilidade dos recursos);

7.) não existe protesto por novo júri em julgamento originário de Tribunal.

Se o juiz não recebe o protesto por novo júri cabe Carta Testemunhável.

Em caso de crime conexo podem ser interpostos apelação e protesto por novo júri. Nesta hipótese a apelação aguarda o novo julgamento. Só será processada depois. Se o réu não apelar quanto ao crime conexo, faz-se coisa julgada. Por força da regra da suplementariedade dos recursos, pode o réu ingressar primeiro com apelação e depois com protesto por novo júri. Ambos serão admitidos em relação a cada crime.

Caso o Ministério Público tenha concordado com a pena anterior o juiz no novo julgamento não poderá fixar pena maior, desde que este julgamento seja idêntico ao anterior.

O jurado que participou do julgamento anterior não pode participar do novo julgamento (Súmula 206 do STF). O juiz presidente pode ser o mesmo.

Embargos infringentes ou de nulidade

Art. 609, parágrafo único, do CPP

Diferença entre embargos infringentes e embargos de nulidade: os embargos infringentes referem- se ao mérito da causa. Referem-se ao ius puniendi. Os embargos de nulidade referem-se a matéria processual, que conduz a uma nulidade de um ato ou do processo.

Requisitos

(a) Só cabe embargos infringentes ou de nulidade contra decisão de Tribunais de segunda instância (ou contra Tribunal que funciona como órgão de segunda instância. Exemplo: STF é segunda instância nos crimes políticos);

(b) decisão proferida em apelação, recurso em sentido estrito ou agravo em execução. Não cabe embargos infringentes em decisão que julga revisão criminal ou HC;

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(c) decisão não unânime;(d) decisão desfavorável ao réu (dois a um contra o réu, v.g.); (e) Que haja um voto vencido em favor do réu.

Extensão dos embargos infringentes ou de nulidade: Os embargos não podem extrapolar os limites do voto vencido. Se o voto vencido é parcial, os embargos também serão parciais. Os embargos acham-se, em suma, limitados pelo teor do voto vencido.

Características

(a) É recurso exclusivo do réu;

(b) interposição: tanto o réu quanto o seu defensor podem interpô-lo (mas cuida-se de recurso facultativo, isto é, não é obrigatório, nem sequer para o defensor dativo);

(c) prazo: 10 dias, contados da publicação do acórdão;(d) o recurso deve vir acompanhado das razões;(e) competência para julgamento: depende de cada Regimento Interno. Em São Paulo, v.g., toda

Câmara do TJ é composta por 5 juizes. Os embargos infringentes ou de nulidade são julgados pela mesma Câmara, em sua composição plena. Mas isso pode ser diferente em cada Estado. No RJ, por exemplo, quem julga embargos infringentes é outra Câmara (distinta da que julgou o recurso anterior);

(f) permite a retratação (quem votou contra o réu pode agora votar favoravelmente);(g) havendo empate, prevalece a decisão mais favorável ao réu;(h) tem efeito suspensivo;(i) não confundir embargos infringentes com embargos de divergência. Estes só existem em

Tribunais superiores, só cabem no STJ e STF, quando a decisão de uma Turma diverge de outra ou do Plenário.

Crimes conexos: nada impede a interposição de dois recursos: RE ou REsp contra a decisão proferida em um crime e embargos infringentes quanto ao outro (visto que nesta parte a decisão não foi unânime).

Embargos infringentes no STF: somente é cabível em caso de decisão não unânime do Plenário ou da Turma, em ROC, desfavorável ao réu, e desde que se trate de crime político (RISTF, art. 333, V) (STF, RHC (AgRg-EI) 79.788-MG, Moreira Alves, j. 07.11.2001, Informativo STF n. 249, de 05 a 09.11.2001, p. 1).

Embargos de declaração nos tribunais

Arts. 619 e 620 do CPP

Hipótese de cabimento: os embargos de declaração em segunda instância são cabíveis contra os acórdãos proferidos pelos Tribunais (pelo Pleno, pelas Câmaras ou pelas Turmas). Quando? Quando o acórdão for omisso, obscuro, ambíguo ou contraditório. É possível embargos contra o acórdão, não contra a ementa. Na verdade, esses embargos cabem em quaisquer decisões dos tribunais. Havendo indeferimento liminar de tais embargos, cabe agravo regimental.

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Prazo: 2 dias, contados da publicação do acórdão.

Legitimidade para interposição: qualquer parte pode interpor os embargos de declaração.

Finalidade: visa a esclarecer o acórdão. Às vezes a finalidade é alterar o sentido da decisão (fala-se então em embargos de declaração com efeitos infringentes). Exemplo: em casos de contradição (entre o dispositivo e a fundamentação). Normalmente não se ouve a parte contrária (inaudita altera parte). Exceção: quando se vislumbra que o recurso pode mudar o sentido da decisão. Impossível tais embargos para simples reexame de provas ou de fatos.

Julgamento: é da competência do mesmo órgão que decidiu a causa.Os embargos interrompem o prazo para outro recurso? Sim. Exceção: Lei dos Juizados, onde os

embargos apenas suspendem o prazo.

Cabe embargos de declaração para se prequestionar alguma matéria que servirá de suporte para o RE ou REsp (Súmula 356 do STF). De outro lado, nada impede a interposição de embargos de declaração contra o acórdão proferido nos embargos de declaração.

Da carta testemunhável

Arts. 639 e seguintes do CPP

Finalidade: visa a promover o andamento de outro recurso que não foi recebido ou que foi paralisado. É, portanto, um recurso subsidiário (ou supletivo). Existe para fazer tramitar outro recurso. A origem do nome desse recurso remonta-se ao velho Direito português (houve época em que a parte fazia com que a interposição do recurso fosse presenciada por testemunhas).

Hipóteses de cabimento: cabe carta testemunhável apenas quando não foi recebido ou não teve andamento (a) recurso em sentido estrito, (b) protesto por novo júri ou (c) agravo em execução.

Aspectos processuais e procedimentais

(a) É um recurso dirigido ao escrivão ou diretor do cartório;(b) prazo: 48 horas (conta-se minuto a minuto). Na prática, conta-se como prazo de 2 dias;(c) não tem efeito suspensivo (art. 646, CPP);(d) o escrivão elabora o instrumento. Em seguida vêm as razões e as contra-razões. Ato seguinte,

os autos vão ao juiz, que pode retratar-se. Se não se retratar, o recurso sobe ao Tribunal;(e) Se a carta estiver bem instruída, o Tribunal pode julgar a Carta Testemunhável bem como o

Recurso que estava paralisado (art. 644, CPP).

Da correição parcial: corrigente: é quem entra com a correição parcial. Corrigido: é o juízo contra o qual se entra com a correição parcial. Em alguns Estados a correição parcial é conhecida como Reclamação.

Natureza jurídica: é um recurso de natureza jurisdicional. No Estado de São Paulo está

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previsto no Código Judiciário de São Paulo. O STF já disse que é constitucional. Os Estados prevêem esse recurso normalmente no Regimento Interno do TJ. É recurso residual ou subsidiário. No âmbito da Justiça Federal há muita polêmica sobre esse recurso. Alguns entendem que ele teria natureza administrativa. Cuida-se, entretanto, de entendimento minoritário. É um verdadeiro recurso (no âmbito do processo penal), não é um sucedâneo recursal.

Hipóteses de cabimento: cabe contra a decisão do juiz que implica inversão tumultuária ou abuso de poder. Exemplo: juiz marca oitiva das testemunhas de defesa antes das de acusação. Ingressar com mandado de segurança no lugar da correição parcial é impossível, visto que o mandado de segurança é o recurso residual de todo o sistema processual penal.

Finalidade: corrigir o ato tumultuário ou erro ou abuso do juiz.

Legitimidade para interposição: a correição parcial pode ser interposta por qualquer parte.

Procedimento: há duas correntes:(a) Segue o procedimento do agravo de instrumento do CPC;(b) segue o procedimento do recurso em sentido estrito do CPP. Atualmente tem predominado a

segunda corrente na jurisprudência. Admite-se juízo de retratação, portanto.

Julgamento: é julgado pelo órgão competente de 2.a Instância. Não tem efeito suspensivo.

É cabível durante a fase de inquérito policial (porém, não contra ato da Autoridade Policial, sim, contra ato do juiz. Exemplo: rejeita sem nenhuma razão a devolução do inquérito policial para novas diligências).

Comprovado abuso do juiz, pode ele ser punido na própria correição parcial? Não, não pode. O juiz não é punido na própria correição parcial. Encaminha-se cópia de tudo ao Conselho Superior da Magistratura, que tomará as providências cabíveis contra o juiz.

Dos agravos no processo penal: modalidades de agravos no processo penal (são cinco no total):

Agravo de instrumento: cabe contra decisão que indefere o processamento de Recurso Extraordinário ou Especial. Prazo: 5 dias. Quem julga? O Ministro relator do caso.

Agravo inominado (art. 625, § 3.o, CPP): cabe contra decisão que indefere liminarmente revisão. Casos de competência originária dos Tribunais: cabe agravo contra as decisões do relator (Lei

8.038/90).

Agravos regimentais: estão previstos nos regimentos internos dos Tribunais.

Agravo em execução: está contemplado no art. 197 da LEP. Prazo: 5 dias. Cabe contra decisão do juiz das execuções. Legitimidade: réu ou defensor. Segue o procedimento do recurso em sentido estrito. Não tem efeito suspensivo. Exceção: agravo contra decisão que libera ou

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desinterna quem cumpria medida de segurança. Impossível o uso do mandado de segurança para se alcançar o efeito suspensivo quando o recurso não o possui.

Do recurso extraordinário (RE): é interposto no Tribunal a quo mas é dirigido ao STF. Está regido pela Lei 8.038/90.

Finalidade: manter a supremacia da CF.

Pressuposto lógico: só cabe contra decisão judicial (que julga o mérito da causa ou extingue o processo). Nunca cabe contra decisão administrativa. Decisão em única ou última instância: ambas admitem o RE (CF, art. 102, III). Qualquer decisão judicial admite o RE (a que julga o mérito ou a que julga questão processual).

Hipóteses de cabimento: estão elencadas (as causas de pedir) no art. 102 da CF. Cabe Recurso Extraordinário:

(a) quando a decisão contraria dispositivo da Constituição Federal (tem que ser contrariedade direta; contrariedade indireta ou reflexa não autoriza o RE). Súmula 283: “É inadmissível o RE quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles”;

(b) quando a decisão declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

(c) quando a decisão julga válida lei ou ato de governo local contestado em face da CF (governo municipal ou estadual; Executivo, Legislativo ou Judiciário). Ou quando a decisão julga válida lei local contestada em face de lei federal (EC 45/2004).

O RE é recurso de fundamentação vinculada? Sim, porque o recorrente tem que invocar (no recurso) um dos fundamentos constitucionais indicados. Deve-se indicar no recurso uma das hipóteses de cabimento (princípio da asserção).

Requisitos do Recurso Extraordinário

1.) existência de uma decisão judicial. Cabe Recurso Extraordinário contra decisão de 1.o grau? É possível. Cabe contra as Turmas Recursais dos Juizados. Habeas corpus contra Turmas Recursais? Era de competência do STF, hoje a competência é do TJ (Tribunal de Justiça). Cabe RE contra decisão proferida em revisão criminal? Há polêmica. Predomina o entendimento positivo.

2.) esgotamento dos recursos ordinários (ou da via ordinária) (Súmula 281 do STF);

3.) existência de uma questão jurídica constitucional. Não cabe Recurso Extraordinário para discutir matéria fática. Também não cabe Recurso Extraordinário para reexame de provas (Súmula 279 do STF);

4.) prequestionamento da questão constitucional. Prequestionar significa questionar ou discutir a questão constitucional antes da interposição do RE. A questão deve ser discutida no acórdão recorrido (Súmula 282). Não é preciso indicar o dispositivo constitucional violado, sim, é necessário abordar o tema constitucional. Se houve omissão no acórdão, deve-se entrar com

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Embargos de Declaração (Súmula 356 do STF). Sem eles, não cabe RE.

Argüição de relevância: acabou com a CF de 88. Antes de 1988 o recorrente necessitava argüir a relevância da matéria discutida. E ficava por conta do relatar admitir ou não o recurso. Isso acabou. Agora, com a EC n. 45/2004, o quinto requisito do RE é a demonstração da repercussão geral da matéria questionada.

Repercussão geral: o Plenário do STF, em 20.06.07, ao julgar o AI (Agravo de Instrumento) 664.567 colocou fim a uma grande polêmica: a exigência ou não da repercussão geral também nos recursos extraordinários em matéria criminal.

Esse novo requisito, como se sabe, adveio com a EC 45/04, que acrescentou o § 3o ao artigo 102, da CF, inovando o ordenamento jurídico no que diz respeito ao cabimento do recurso extraordinário. Tal dispositivo impõe ao recorrente o ônus de demonstrar a "repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso".

Essa novidade, no entanto, exigia regulamentação, que se deu com a edição da Lei 11.418/06, que entrou em vigor em 18/02/2007.

O recurso extraordinário, doravante, somente será admitido se a matéria constitucional discutida apresentar-se altamente relevante para a sociedade e para a nação.

Após a edição da Lei 11.418/06, uma das discussões geradas versava sobre a exigência da repercussão geral nos recursos criminais. O problema se relaciona com o fato de essa lei ter regulamentado o instituto apenas em sede de processo civil, inserindo-o no CPC , nos artigos 543-A e 543-B.

Em razão da omissão legislativa, formou-se uma corrente defensora da não aplicabilidade do requisito da repercussão geral nos recursos de natureza criminal. Para os seus adeptos, o § 3o do artigo 102 da CF é norma de eficácia limitada, o que evidencia a necessidade de regulamentação infraconstitucional, aferida apenas na esfera processual civil.

Não foi esse o posicionamento adotado pelo STF. Segundo o relator do caso em análise, Ministro Sepúlveda Pertence, o recurso extraordinário criminal efetivamente possui um regime jurídico diferenciado, mas, tais peculiaridades não interferem na sua disciplina constitucional.

Nessa esteira, ficou pacificado que a repercussão geral deve ser compreendida como um requisito de admissibilidade comum de todos os recursos extraordinários, seja matéria cível, criminal, eleitoral, trabalhista etc.

Filiamos-nos a essa posição que, inegavelmente, melhor se coaduna com os propósitos do recurso extraordinário. Assim, apesar de a alteração trazida pela Lei 11.418/06 apenas se referir formalmente ao CPC, a regulamentação que dela se extrai deve ser aplicada aos demais ramos do direito, vez que a repercussão geral integra o núcleo de disciplina de todos os recursos extraordinários.

A única ressalva a ser feita é em relação ao marco temporal para o início de sua exigência. Há de se observar que a Lei 11.418/06 trouxe como condição para a aplicação do instituto a

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edição de normas regimentais pelo Supremo Tribunal Federal, o que apenas se deu com a publicação da Emenda Regimental 21, em vigência desde 03 de maio desse ano. Portanto, somente é possível vincular a admissibilidade do recurso extraordinário ao cumprimento da repercussão geral a partir dessa data, exigência essa que claramente não alcança os recursos anteriores.

Efeito do Recurso Extraordinário: o RE só tem efeito devolutivo – Lei 8.038/90, art. 27, § 2.o (não tem efeito suspensivo). O RE não suspende a execução imediata de eventual mandado de prisão determinado pelo Tribunal a quo. Mas o RISTF prevê a possibilidade de medida cautelar que permite excepcionalmente dar efeito suspensivo ao RE.

Aspectos processuais e procedimentais

Legitimidade: qualquer parte pode interpor Recurso Extraordinário, inclusive o assistente do MP, mas somente nas hipóteses em que ele pode recorrer (Súmula 210 do STF). O assistente não pode recorrer extraordinariamente da decisão que concede o HC (Súmula 208). Tampouco cabe mandado de segurança. O MP pode interpor RE em favor do réu? Sim. O PGJ pode delegar a interposição do RE a um Procurador de Justiça? Sim. O réu pessoalmente não pode ingressar com RE (salvo se for advogado).

Prazo: 15 dias, contados da publicação do acórdão recorrido (para o MP, 15 dias após a cientificação pessoal). Perdeu sentido a Súmula 602 do STF (que falava em prazo de 10 dias). Interposição por fax: é possível (juntando-se o original em 5 dias – Lei 9.800/99).

O Recurso é interposto junto ao Presidente do Tribunal recorrido. Só é cabível no Protocolo do Tribunal a quo. Processa-se em traslado. Deve conter as razões (Súmula 284 do STF: “É inadmissível o RE quando a deficiência na sua fundamentação não permite a exata compreensão da controvérsia”). Em seguida vêm as contra-razões (prazo de 15 dias). Depois o juízo de admissibilidade. O primeiro juízo de admissibilidade é feito pelo Presidente do Tribunal recorrido. Se o Presidente indefere o recurso, cabe Agravo de Instrumento (prazo de 5 dias).

Quem julga o Recurso Extraordinário é uma das Turmas do STF ou o Ministro isoladamente. A decisão do STF substitui o acórdão recorrido (Súmula 456).

Se a decisão de uma Turma conflita com a decisão de outra Turma ou com decisão do Plenário cabe Embargos de Divergência (prazo de 15 dias).

Se o juiz não cumpre a decisão do STF cabe reclamação ao STF (RISTF, art. 156). A reclamação é medida que visa a fazer cumprir o julgado do STF (cf. Lei 8.038/90, art. 13). Procedimento da reclamação: interposição, requisição de informação do órgão que está descumprindo a decisão do STF, vista ao MP e julgamento.

Ao STF ainda é possível a interposição de Recurso Ordinário ou Recurso Ordinário Constitucional (ROC), quando algum Tribunal Superior denega HC em única instância. Também é cabível esse recurso no caso de crimes políticos. Na hipótese de denegação de HC, o interessado pode ingressar com ROC ou HC substitutivo.

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Do recurso especial (REsp): é o recurso dirigido ao STJ e está regido pela Lei 8.038/90. O STJ é órgão de cúpula da Justiça comum (que compreende a Justiça Federal e as Justiças Estaduais).

Finalidade: uniformizar a aplicação da lei federal (é distinto do RE que visa manter a supremacia da CF). Só se discute matéria infraconstitucional no REsp.

Pressuposto lógico: existência de uma decisão de Tribunal da Justiça comum. Decisão em única ou última instância: ambas admitem o REsp. Não cabe contra decisões de Turmas Recursais (Súmula 203 do STJ). Não cabe contra decisões de Justiças especializadas (trabalho e militar).

Hipóteses de cabimento: art. 105 da CF. O REsp é cabível:

(a) quando a decisão contraria tratado ou lei federal ou nega-lhes vigência. Súmula 400 do STF: se a decisão deu interpretação razoável, não cabe o REsp.

(b) quando a decisão julga válido ato de governo local que contraria Lei Federal (governo local: estadual ou municipal; Executivo, Legislativo ou Judiciário);

(c) quando houver divergência jurisprudencial entre Tribunais diferentes (Súmula 13 do STJ). É preciso comprovar a divergência, com transcrição dos trechos conflitivos (Súmula 291 do STF).

É recurso de fundamentação vinculada? Sim, pois o recorrente deve invocar um dos fundamentos constitucionais, por força da teoria da asserção.

Não cabe o REsp quando a orientação uniforme do STJ já se firmou no sentido da decisão recorrida (Súmula 286 do STF e 83 do STJ).

Requisitos do Recurso Especial

1.) existência de uma decisão de um Tribunal da Justiça Comum;2.) esgotamento das vias ordinárias (Súmula 281 do STF e 207 e 211 do STJ);3.) existência de uma questão jurídica federal (não questão municipal ou estadual). Não cabe REsp

para discutir matéria fática. Também não cabe para reexame de provas (Súmula 7 do STJ);4.) prequestionamento da questão federal. A questão deve ser discutida previamente no acórdão

recorrido. Se houver omissão no acórdão, deve-se entrar com Embargos de Declaração.

Argüição de relevância: não existe. Isso era exigido no RE até 1988. Com a CF de desapareceu. Não há necessidade no REsp de se demonstrar a repercussão geral da matéria discutida.

Efeito do Recurso Especial: só tem o efeito devolutivo. Não tem efeito suspensivo. Executa-se imediatamente eventual mandado de prisão. Mas o RISTJ prevê medida cautelar para dar excepcionalmente efeito suspensivo ao REsp.

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Aspectos processuais e procedimentaisLegitimidade: qualquer parte pode interpor Recurso Extraordinário, inclusive o assistente do MP

pode, mas somente nas hipóteses em que ele pode recorrer. Prazo: 15 dias.

O Recurso é interposto junto ao Presidente do Tribunal Recorrido. Por fax? Pode. Deve conter as razões. Em seguida vêm as contra-razões. Depois o juízo de admissibilidade. O primeiro juízo de admissibilidade é feito pelo Presidente do Tribunal recorrido. Se o Presidente indefere o recurso, cabe Agravo de Instrumento (prazo de 5 dias).

Quem julga o Recurso Especial é uma das Turmas do STJ ou o Ministro relator isoladamente.

Se a decisão de uma Turma conflita com a decisão da outra Turma ou com o Plenário ou com a Seção cabe Embargos de Divergência.

A decisão no Recurso Especial não requer maioria absoluta, basta maioria simples (decisão de Setembro de 1997). O STF disse que o art. 181 do Regimento Interno do STJ é inconstitucional porque previa maioria absoluta.

Recurso extraordinário e especial ao mesmo tempo: quando cabíveis Recurso Extraordinário e Recurso Especial devem ser interpostos em petições diferentes. O Recurso Especial é julgado em primeiro lugar, salvo se o Recurso Extraordinário for prejudicial. Exemplo: nulidade do processo em razão de violação de preceito constitucional.

Ao STJ cabe ROC (Recurso Ordinário Constitucional) quando qualquer tribunal da Justiça comum denega HC. O interessado, nesse caso, pode ingressar com o ROC ou com HC substitutivo.

PONTO 10, item "i": Recursos no Processo Penal

George Marmelstein Lima

1. CONCEITO. Recurso é a providência imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, consistente em um meio e se obter nova apreciação da decisão ou situação processual, com o fim de corrigi-la, modificá-la ou confirmá-la.

2. FUNDAMENTOS. Os recursos estão fundamentados na necessidade psicológica do vencido, na falibilidade humana, no combate ao arbítrio.

3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS.

3.1. OBJETIVOS. São eles: a) cabimento; b) adequação; c) tempestividade; d) regularidade; e) inexistência de fato impeditivo ou extintivo.

a) cabimento: o recurso deve estar previsto em lei. Logo, de nada adianta interpor um recurso que inexiste no direito processual penal, como, por exemplo, o agravo de instrumento.

b) adequação: o recurso deve ser adequado à decisão que se quer impugnar, pois cada decisão a lei prevê um recurso adequado. Apesar disto, por força do princípio da fungibilidade dos recursos, também chamada de teoria do recurso indiferente, a interposição equivocada de um recurso pelo outro não impede o seu reconhecimento desde que oferecido dentro prazo correto e conquanto que não haja má-fé do recorrente. Neste

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sentido, o art. 579, do CPP, ao dispor que, “salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro”. Além da inexistência da má-fé, a jurisprudência tem exigido que o recorrente não incorra em erro grosseiro e obedeça ao prazo do recurso correto.Aplica-se também o princípio da unirrecorribilidade das decisões, segundo o qual para cada decisão só existe um único recurso adequado. Esse princípio é mitigado por algumas exceções legais, em que é possível o cabimento simultâneo de dois recursos da mesma decisão, por exemplo: protesto por novo júri, pelo crime doloso contra a vida, e apelação pelo crime conexo; interposição simultânea de recurso extraordinário, ao Supremo Tribunal Federal, e de recurso especial, ao Superior Tribunal de Justiça. Finalmente, há o princípio da variabilidade dos recursos, que permite desistir-se de um para interpor outro, desde que no prazo. Vale lembrar que o Ministério Público não pode desistir dos recursos por ele interpostos.

c) tempestividade: a interposição do recurso deve ser feita dentro do prazo previsto em lei. De regra, no processo penal, o prazo para a interposição dos recursos é de cinco dias. Entretanto, há outros prazos. Assim, o recurso em sentido estrito deve ser interposto no prazo de cinco dias; o recurso em sentido estrito, previsto no inc. XIV, do art. 581 (para incluir ou excluir jurado da lista geral), deve ser interposto dentro do prazo de vinte dias (CPP, art. 586, parágrafo único); o protesto por novo júri, no prazo de cinco dias; os embargos infringentes ou de nulidade, no prazo de dez dias; os embargos declaratórios, dentro de dois dias; a carta testemunhável, em 48 horas; o recurso extraordinário ou especial, dentro de quinze dias; o agravo de instrumento de despacho denegatório de recurso extraordinário ou especial, no prazo de cinco dias; o recurso ordinário constitucional, em cinco dias; a apelação, em cinco dias, ou, nos crimes de competência dos Juizados Especiais Criminais, no prazo de dez dias, já acompanhada das respectivas razões.

Os defensores públicos, em ambas as instâncias, devem ser intimados pessoalmente e gozam de prazo em dobro para interpor recurso.

É irrelevante a ordem em que são intimados da sentença defensor e réu, pois o prazo para recorrer só tem início após a última intimação.

Os prazos contam-se da intimação (excluindo-se o dia do começo) e não da juntada do mandado aos autos. Porém, no caso de carta precatória, o prazo é contado a partir da juntada da carta aos autos do processo.

d) regularidade: o recurso deve preencher as formalidades legais para ser recebido. Como regra geral, admite-se a interposição de recurso por petição ou por termo nos autos (verbalmente). Em alguns casos, só se admite a interposição por petição: embargos infringentes, embargos declaratórios, carta testemunhável, recurso extraordinário, recurso especial, correição parcial.

Outra formalidade inerente ao recurso é a motivação, isto é, apresentação das razões, sem as quais pode se operar a nulidade. A apresentação tardia das razões constitui mera irregularidade, sem qualquer conseqüência processual. Mesmo no caso da apelação, em que o CPP prevê a sua subida “com ou sem as razões”, prevalece o entendimento da necessidade imperiosa da apresentação das razões.

O protesto por novo júri seria uma exceção à obrigatoriedade da motivação, não havendo necessidade de razões.

e) fatos impeditivos: são aqueles que impedem a interposição do recurso ou o seu recebimento, e, portanto, surgem antes de o recurso ser interposto, como a renúncia ao direito de recorrer e o recolhimento do réu à prisão, nos casos em que a lei exige.

Quanto à renúncia, havendo divergência entre a vontade do réu e a do defensor, a despeito da discussão em torno de saber qual prevalecerá, entende-se que deve prevalecer a vontade de quem quer recorrer.

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No que toca à obrigatoriedade de o réu recolher-se à prisão para poder recorrer, dispõe o art. 594 do CPP que o réu “não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto”. O dispositivo deve ser aplicado e interpretado com cautelas, em face do princípio constitucional da presunção de inocência. Entendia-se que a fuga do réu caracterizaria fato impeditivo do recurso. O STJ já entendeu que “não se pode condicionar o exercício do direito constitucional – ampla defesa e duplo grau de jurisdição – ao cumprimento de cautela processual. Impossibilidade de não receber a apelação, ou declará-la deserta porque o réu está foragido”. Porém, sumulou o entendimento de que "a exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência." (sumula 09, STJ).

Assim, com a nova ordem constitucional, o art. 594 deve ser reinterpretado, não se admitindo mais a prisão processual antes do trânsito em julgado da condenação sem que estejam presentes os requisitos da prisão cautelar.

Informativos do Supremo:

Por seis votos contra cinco, o Pleno entendeu que a regra do art. 594 do CPP - "o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão,(...)" - continua em vigor, não tendo sido revogada pela http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=presun%E7%E3o+e+inoc%EAncia&u=/ - h0 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=presun%E7%E3o+e+inoc%EAncia&u=/ - h2 presunção de http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=presun%E7%E3o+e+inoc%EAncia&u=/ - h1 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=presun%E7%E3o+e+inoc%EAncia&u=/ - h3 inocência do art. 5º, LVII, da CF - que, segundo a maioria, concerne à disciplina do ônus da prova -, nem pela aprovação, em 28.05.92, por decreto-legislativo do Congresso Nacional, do Pacto de S. Jose, da Costa Rica. Ficaram vencidos os Ministros Maurício Corrêa, Francisco Rezek, Ma rco Aurélio , Ilmar Galvão e Sepúlveda Pertence. HC 72.366-SP, rel. Min. Néri da Silveira, sessão de 13.09.95. O § 2º do art. 2º da Lei dos Crimes Hediondos ("Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h2 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs? d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h4apelar em http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h3 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs? d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h5liberdade.") deve ser observado tanto para conceder o direito de http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h4 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h6 apelar em http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h5 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h7 liberdade como para neg á-lo, uma vez que todas as decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas (CF, art. 93, IX). Com esse entendimento, a Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para assegurar ao paciente, preso em flagrante e condenado como incurso nos arts. 13 e 14 d a Lei de Tóxicos (Lei 6.368/76), o direito de aguardar em http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h6 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs? d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h8liberdade o julgamento da apelação por falta de fundamentação da sentença quanto à manutenção da custódia - na sentença constava apenas: "não se afiguram presentes motivos que autorizem a soltur a dos réus (Lei 8.072/90, art. 2º, § 2º)". Vencido o Min. Néri da Silveira, que indeferia a ordem por entender que a regra geral nos crimes hediondos é a de que o réu apela preso e que o § 2º do art. 2º da Lei 8.072/90 apenas abriu a possibilidade de o r éu eventualmente http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h7 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h9 apelar em http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h8 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h10 liberdade se o juiz fundamentadamente excluir tal regra. Tendo em vista que a Lei 9.035/95 ao dispor sobre os meios operacionais para a prevenção e repressão de crimes resultantes de ações de quadrilha ou bando determina em seu art. 9º que "o réu não poderá http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h1 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h3 apelar em

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http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h2 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h4 liberdade nos crimes previsto s nesta lei", conseqüentemente, não tem o réu direito a http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h3 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h5 liberdade provisória. Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que se pretendia ver reconhecido o direito do réu ao referido benefício até o trânsito em julgado da co ndenação po r ser ele primário, de bons antecedentes e por estar sendo processado por crimes afiançáveis (receptação dolosa e quadrilha: CP, arts. 180 e 288). HC 75.583-RN, rel. Min. Moreira Alves, 9.9.97. Tratando-se de réu condenado por tráfico, a regra geral é a de que não pode ele http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h1 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h3 apelar sem recolher-se à prisão (Lei 6386/76, art. 35); a apelação em http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h2 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs? d=INFO&s1=apelar+e+liberdade&u=/ - h4liberdade é excepcional e depende de decisão judicial fundamentada (Lei 8072/90, art. 2º, § 2º). Possibilidade que, todavia, não existe em se tratando de recursos destituídos de efeito suspensivo, como são os r ecursos especial e extraordinário. Precedente: HC 73657-SP (v. Informativo 43). HC 74.828-MG, rel. Min. Maurício Corrêa, 25.2.97.

A súmula 393 do STF prescreve que “para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão”.

f) fatos extintivos: são os fatos supervenientes à interposição do recurso, que impedem seu conhecimento (desistência e deserção).

O Ministério Público não pode desistir dos recurso interpostos. O defensor só pode faze-lo se tiver poderes especiais.

A deserção pode ocorrer da falta de preparo (pagamento das custas processuais) ou da fuga, logo após interposto o recurso. Quanto a este último aspecto, o art. 595 do CPP determina que “se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada deserta a apelação”. Neste caso, a recaptura não torna sem efeito a deserção. A deserção não se aplica ao recurso em sentido estrito. No caso de apelação do MP no interesse do réu, a fuga deste não implica deserção.

Verificada a fuga do preso depois de haver apelado, a apelação será declarada deserta, impossibilitando, assim, o prosseguimento do recurso, ainda que depois se apresente ou seja capturado. A deserção tem caráter definitivo e irrevogável. É automática. Incidirá ainda quando o réu seja capturado antes do julgamento da apelação (no sentido do texto: Habeas Corpus nº 71.769-1-SP, Rel. Min. Moreira Alves, STF, DJU, 17-03-95, p. 5790).

3.2. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS. São eles: interesse jurídico e legitimidade para recorrer.

a) interesse jurídico: “não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão” (art. 577, parágrafo único, do CPP).

O MP pode recorrer da sentença condenatória em favor do réu, na qualidade de custos legis. No entanto, há quem entenda que, se o representante ministerial pede, nas alegações finais, a condenação e o juiz acolhendo integralmente esse pedido, condena o réu, faltaria interesse para o recurso em favor do condenado. O Supremo Tribunal Federal, contudo, já decidiu que a liberdade de convicção do promotor de justiça está acima da regra do interesse recursal e do princípio da unidade do ministério público.

Não há uniformidade quanto ao interesse de recorrer do réu, em caso de sentença absolutória, a fim de mudar o fundamento da absolvição. A meu ver, há, sim, interesse em, por exemplo, modificar os fundamentos de “absolvição por insuficiência de provas” para “estar provada a inexistência do fato”. Nesse sentido: “O entendimento majoritário no

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âmbito da doutrina é pela admissibilidade do recurso na absolvição por falta de provas quando o ilícito puder gerar indenização (Julio Mirabete, Processo Penal, p. 585; Tourinho Filho, Processo Penal, vol. 4, p. 235)”.

b) legitimidade: o recurso deve coincidir com a posição processual da parte.

O MP é parte ilegítima para apelar da sentença absolutória na ação penal exclusivamente privada, pois o querelante pode dispor como quiser da ação, perdoando do ofensor ou simplesmente conformando-se com o decreto absolutório. Entretanto, o MP tem legitimidade para apelar em favor do réu, seja a ação pública ou privada, na qualidade de fiscal da lei.

O assistente da acusação somente tem legitimidade recursal supletiva, de modo que se a apelação do MP for ampla, ou seja, contra toda a decisão, a daquele não será conhecida.

A apelação interposta por réu leigo deve ser conhecida, porque ele é parte legítima para recorrer.

4. FORMALIDADES DA IMPETRAÇÃO

Poderão ser interpostos por termo a apelação, o recurso em sentido estrito e o protesto por novo júri. Somente por petição deverão ser interpostos o recurso extraordinário, o recurso especial, os embargos infringentes e declaratórios, a correição parcial e a carta testemunhável. A explanação dos motviso não é necessária no momento da interposição, apenas quando do oferecimento das razões, salvo nos casos da Lei 9.099/95, em que a apelação deverá vir acompanhada das respectivas razões. O STF, recentemente, decidiu que: Revela-se insuscetível de conhecimento o http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h3 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs? d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h5recurso de apelação cujas razões são apresentadas fora do prazo a que se refere o art. 82, § 1º, da Lei nº 9.099/95, pois, no sistema dos Juizados Especiais Criminais, a legislação estabelece um só prazo - que é de dez (10) dias - para recorrer e para arrazoar.na perspectiva do Estatuto dos Juizados Especiais, não basta à parte, em sede http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h6 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h8 penal, somente manifestar a intenção de recorrer. Mais do que isso, impõe-se-lhe o ônus de produzir, dentro do prazo legal e juntamente com a petição recursal, as razões justificadoras da pretendida reforma da sentença que impugna. Doutrina.

5. Remessa ex officio. No processo penal, as hipóteses de recurso necessário (duplo grau obrigatório) são as seguintes: das decisões que concederem o hábeas corpus; das sentenças de absolvição sumária no júri; das sentenças que concederem a reabilitação criminal; do despacho que determinar o arquivamento e das sentenças absolutória no caso dos crimes contra a economia popular. Embora haja quem entenda que as hipóteses de remessa de ofício (lembre-se que não se trata propriamente de recurso), não foram recepcionadas pela Constituição, que atribui ao Ministério Público a privativa titularidade do exercício da ação penal pública, o STF tem entendido que “O art. 411 do CPP, que prevê o cabimento de http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+of%EDcio&u=/ - h1 http://gemini.stf.gov.br/cgi- bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+of%EDcio&u=/ - h3recurso de http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+of%EDcio&u=/ - h2 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+of %EDcio&u=/ - h4ofício da decisão que absolver desde logo o réu, não foi revogado pelo art. 129, I, da CF ("São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei)”.6. Juízo de Admissibilidade: No recurso de apelação, a prelibação compete tanto ao juiz apelado quanto ao tribunal competente para julgar o apelo. No recurso em sentido estrito, no agravo em execução e na carta testemunhável, na existe juízo de prelibação em primeira instância, pois o juiz ou o escrivão estarão obrigados a receber e processar o recurso, ainda que não preenchido algum pressuposto recursal.

7. EFEITOS DOS RECURSOS.

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a) Devolutivo: é comum a todos os recursos. Consiste em tranferir à instância superior o conhecimento de determinada questão. Os embargos declaratórios são recursos ditos iterativos, pois o reexame da matéria é devolvido ao próprio órgão recorrido. Outros, só devolvem a questão para o órgão jurisdicional ad quem, como, por exemplo, a apelação (recursos reiterativos). Há, também, os mistos, nos quais a questão é reexaminada pelo próprio órgão recorrido e pelo órgão de instância superior, como é o caso do recurso em sentido estrito e do agravo em execução.

b) Suspensivo: o recurso funciona como condição suspensiva da eficácia da decisão, que não pode ser executada até que ocorra o julgamento final. No silencia da lei, o recurso não tem efeito suspensivo. A apelação da sentença absolutória não tem efeito suspensivo; a da sentença condenatória, somente terá se o réu for primário e possuidor de bons antecedentes. O recurso em sentido estrito da sentença de pronúncia suspende a realização do júri, mas não impede a prisão provisória, se o pronunciado for reincidente ou tiver maus antencedentes.

c) Extensivo: No caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos demais.

Deferido habeas corpus para assegurar ao paciente - que, condenado pela primeira instância, não apelou - o direito de aguardar em liberdade o julgamento da apelação interposta apenas pelos outros dois co-réus. Sustentava-se a interpretação extensiva do art. 580 do CPP, tendo em vista a unicidade do crime ["No caso de concurso de agentes (Código http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h0 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h2 Penal, art. 25), a decisão do http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h1 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h3 recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros."]. O Min. Nelson Jobim, relator, entendeu tratar-se, na espécie, de situação equivalente à do litisconsorte unitário, previsto no art. 509 do Código de http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h2 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h4 Processo Civil, de modo que o efeito suspensivo atribuído às apelações interpostas pelos co-réus se estende ao paciente que não apelou. HC deferido para invalidar a certidão de trânsito em julgado referente ao paciente, assegurando-lhe o direito de não sofrer a execução da sentença http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h3 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h5 penal condenatória, enquanto pender de julgamento o http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h4 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs? d=INFO&s1=recurso+e+processo+e+penal&u=/ - h6recurso de apelação interposto pelos co-réus. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio que deferia a ordem em maior extensão para que o paciente aguardasse em liberdade até o trânsito em julgado da sentença condenatória. Em caso de recurso, a decisão do tribunal só pode estender-se ao co-réu que não apelou nos seguintes casos: inexistência material do fato, atipicidade do fato ou este não constituir crime, e causa de extinção de punibilidade que não seja de caráter pessoal.

d) Regressivo, iterativo ou diferido: é o feito que possibilita o juízo de retratação por parte do órgão recorrido, possibilitando, assim, ao prolator da decisão, a possibilidade de alterá-la ou revogá-la parcial ou inteiramente.

QUADRO GERAL DOS RECURSOS

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decisões recorríveis

Art. 593. Caberá apelação no prazo de cinco (5) dias:I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição;II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no capítulo anterior;

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: ...

Operações básicas:

1.° sentença condenatória ou absolutória: apelação (art. 593, I);2.° outras, do juiz singular, deve-se conferir os casos expressos no art. 581;3.° não estando previsto o RSE, se a decisão for definitiva (interlocutória mista ou terminativa sem julgamento de mérito), caberá a apelação (art. 593, II);4.° se a decisão for interlocutória simples, eventualmente, poderá caber correição parcial, MS ou HC;5.° não cabendo, a decisão será irrecorrível, podendo ser argüida por ocasião da apelação, em preliminar.

8. Espécies de Recursos:

8.1. recursos propriamente ditos: apelação (arts. 593—606), recurso em sentido estrito (arts. 581—592), agravos (Leis n.o 8.038/90, 7.210/84 etc.), carta testemunhável (arts. 639—646), embargos infringentes (arts. 609, par. único), embargos de declaração (arts. 619—620), protesto por novo júri (arts. 607—608), correição parcial (Leis n.o 1.533/51, 5.010/66 etc.), recurso extraordinário (CF, art. 102, III; Lei n.° 8.038/90), recurso especial (CF, art. 105, III; Lei n.° 8.038/90)

8.2. ações de desconstituição ou de impugnação. revisão criminal (arts. 621—631), habeas corpus (arts. 647—667), mandado de segurança (Lei n.° 1.533/51)

9. APELAÇÃO:

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Conceito. É o recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a segunda instância, com o fim de que se proceda ai reexame da matéria, com a conseqüente modificação parcial ou total da decisão. São apeláveis todas as decisões do juiz singular, exceto as interlocutórias simples e aquelas das quais caiba o recurso em sentido estrito.

É um recurso residual, que só pode ser interposto se não houver previsão expressa de cabimento de recurso em sentido estrito para a hipótese. Porém, a apelação goza de primazia em relação ao recurso em sentido estrito, de modo que se a lei prever expressamente o cabimento deste último recurso com relação a uma parte da decisão e a apelação do restante, prevalecerá a apelação, que funcionará como único recurso oponível. Exemplo: da sentença condenatória sempre cabe apelação, acordo com o CPP, não havendo possibilidade do recurso em sentido estrito, ante a falta de previsão expressa neste sentido. No entanto, no caso de decisão denegatória do sursis, é previsto o recurso em sentido estrito. Portanto, se na sentença condenatória, houvesse a denegação do benefício, ficaria a dúvida: cabe apelação contra o mérito da decisão, e recurso em sentido estrito da parte denegatória da suspensão condicional da pena? Haveria dois recursos para a mesma decisão? Resposta: não, pois a apelação, neste caso, goza de primazia. Caberá somente apelação contra qualquer parte da decisão condenatória.

Aplica-se ao Processo Penal a parêmia tantum devolutum quantum appellatum. O juízo ad quem não pode julgar ultra nem extra petitum, mas tão somente a matéria que lhe foi devolvida pelo recurso da parte, não podendo ir além de acolher o pedido ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. No entanto, pelo princípio do favor rei, o tribunal tem liberdade para apreciar a sentença, mesmo na parte não guerreada, desde que seja para favorecer o réu.

Momento processual em que o apelante deve limitar os termos da apelação. O MP deve fixar os limites do apelo na petição de interposição (“a extensão da apelação se mede pela petição de sua interposição e não pelas razões do recurso, de modo que a promotoria pública, como ocorreu no caso, se apela sem estabelecer restrições, não pode, posteriormente, nas razões, restringir a apelação”, STF). No caso da defesa, os limites também serão fixados na interposição, havendo, porém, entendimento em sentido oposto, sustentando que é nas razões que o apelante melhor refletiu contra o que deseja apelar.

O STF passou a entender que o defensor dativo não está obrigado a apelar.

Apelação subsidiária do apelo oficial. Na ação penal pública, se o MP não interpõe a apelação no qüinqüíndio legal, o ofendido ou seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão poderão apelar, ainda que não se tenham habilitado como assistentes, desde que o façam dentro do prazo de quinze dias, a contar do dia em que terminar o do MP.

Apelação do assistente. Prazo: cinco dias, se habilitado, contados da data da intimação; quinze, caso não esteja habilitado, a contar do vencimento do prazo para o MP. Porém, se o assistente habilitado for intimado antes do MP, neste caso, o prazo (de cinco dias) começará a contar do trânsito em julgado para o Ministério Público, e não da intimação.

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Assim, se o Ministério Público não o fizer no tempo e modo devidos, o assistente da acusação pode apelar da sentença tanto absolutória quanto da condenatória com o fito de aumentar a pena. Se o Ministério Público também apelou de forma mais ampla, pedindo, além da modificação da pena, a anulação do julgamento, seu recurso tem precedência sobre o da defesa, por tornar prejudicado este último na hipótese de provimento. O co-réu absolvido não pode intervir como assistente para apelar pleiteando a condenação do outro co-réu, uma vez que o art. 270 do CPP veda a pretensão. “Por ter sido incluído na denúncia como responsável por uma das atividades delituosas objeto de apuração do presente, a única posição que o acusado pode ocupar é de defesa. Ainda que absolvido em primeiro grau, tal fato não faz desaparecer a condição de réu, o que impede seu retorno aos autos como assistente à acusação. Esta intervenção é exclusiva do ofendido. Apelo não conhecido” (TJRGS, ACr. 694115734, Terceira Câmara Criminal, Rel. Des. Moacir Danilo Rodrigues, 20-10-94).

Por derradeiro, apesar de a lei não fazer expressa referência às contra-razões de recurso da Defesa, a doutrina é pacífica de que esse é um direito indeclinável do assistente, que para tanto deverá ser intimado, mesmo porque elas estariam incluídas entre os articulados mencionados no art. 271 do CPP.

Súmulas do STF sobre o recurso do assistente:

SÚMULA Nº 210 - O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts.584, parágrafo 1º, e 598 do CPP.

SÚMULA Nº 448 - O prazo para o assistente recorrer supletivamente começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público.

Renúncia e desistência. O defensor dativo não pode desistir do recurso, pois para tanto necessitaria de poderes especiais. Contudo, não está obrigado a apelar, em face do princípio da voluntariedade dos recursos.

Hipóteses de cabimento da apelação. - de toda sentença condenatória cabe apelação;- de quase todas as sentenças absolutórias cabe apelação, salvo a absolvição sumária, hipótese em que caberá o “recurso” oficial e o recurso em sentido estrito;- das sentenças definitivas que, julgando o mérito, põem fim à relação jurídica processual ou ao procedimento, sem, contudo, absolver ou condenar o acusado (decisões definitivas em sentido estrito ou terminativas de mérito). Obs. Por expressa disposição legal, o recurso em sentido estrito é o adequado para atacar a sentença que declara extinta a punibilidade.- das decisões com força de definitivas (interlocutórias mistas), ou seja, aquelas que põem fim a uma fase do procedimento (não terminativas) ou ao processo (terminativas), sem julgar o mérito. Algumas hipóteses de decisões dessas espécies comportam o recurso em sentido estrito (e.g. sentença de pronúncia, impronúncia e rejeição da denúncia ou queixa). Quanto à rejeição da denúncia, no Juizados Especiais Criminais, o recurso cabível é a apelação. Da mesma forma, nos JEC’s, caberá apelação das sentenças homologatória e não homologatória da transação penal, e sentença homologatória da suspensão condicional do processo.

Regra para saber se o caso é de recurso em sentido estrito ou de apelação: caberá apelação contra todas as decisões definitivas ou com força de definitivas, desde que a lei não preveja expressamente recurso em sentido estrito. A apelação é recurso residual.

As decisões interlocutórias simples são irrecorríveis (e.g. recebimento da denúncia ou queixa), salvo previsão expressa de recurso em sentido estrito (e.g. decisão que concede liberdade provisória).

Apelação das decisões do júri. A apelação das decisões do Júri tem caráter restrito, pois não devolve à superior instância o conhecimento pleno da questão, por força da garantia

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constitucional da soberania dos veredictos. Interposta a apelação por um dos motivos legais, o tribunal fica circunscrito a eles, não podendo ampliar seu campo de análise.

São cabíveis nas seguintes hipóteses:a) nulidade posterior à pronúncia;b) sentença do juiz-presidente contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos jurados;c) quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;d) quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos. Neste caso, só cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual das partes tenha apelado, é uma vez para qualquer das duas. Obs. No caso de condenação por crimes conexos, o tribunal, em grau de recurso, pode anular o julgamento com relação a um, mantendo a decisão no que toca aos outros delitos.

Prazo da apelação. Em regra, é de cinco dias a contar da intimação. No caso de intimação por edital, o prazo começa a correr a partir do escoamento do prazo do edital, que será de sessenta dias, se imposta pena inferior a um ano, e de noventa dias, se igual ou superior a um ano. No caso de intimação por precatória, o prazo começa a fluir da data da juntada aos autos.

No caso do réu, devem ser intimados ele e seu defensor, iniciando-se o prazo após a última intimação.

Processamento da apelação. a) a apelação é interposta por termo ou petição, admitindo-se, ainda, a interposição por telex ou fax.b) interposta a apelação, as razões devem ser oferecidas dentro do prazo de oito dias, se for crime, e três dias, se for contravenção penal, salvo nos crimes de competência do juizado especial criminal, quando as razões deverão ser apresentadas no ato de interposição.c) é obrigatória a intimação do apelante para que passe a correr o prazo para o oferecimento das razões de apelação.d) se houver assistente, este arrazoará no prazo de três dias, após o MP.e) se a ação penal for movida pelo ofendido, o MP oferecerá suas razões, em seguida, pelo prazo de três dias.f) o advogado do apelante pode retirar os autos fora do cartório para arrazoar o apelo, porém, se houver mais de um réu, o prazo será comum e correrá em cartório. O MP tem sempre vista dos autos fora de cartório.g) se o apelante desejar, poderá suas razões em segunda instância, perante o juízo ad quem. O assistente da acusação não tem esta faculdade.h) com as razões ou contra-razões, podem ser juntados documentos novos.i) o MP não pode desistir do recurso, nem restringir seu âmbito nas razões, segundo entendimento doutrinário. Há posicionamento em sentido contrário.j) a defesa também não pode mudar a fundamentação do apelo nas razões de recurso.l) inexiste juízo de retratação na apelação.m) se houver mais de um réu, e não houverem sido todos julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover a extração do traslado dos autos, para remessa a superior instância.n) há quem entenda que os autos não podem subir sem as razões seja do MP seja do defensor do acusado.o) a apresentação tardia de razões de apelação não impede o conhecimento do recurso.p) o defensor está obrigado a oferecer contra-razões, sob pena de nulidade.

Liberdade provisória. “A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional de presunção de inocência”- súmula 9 do STJ.

A apelação da sentença absolutória não tem efeito suspensivo, de modo que o réu, se estiver preso, deverá ser colocado imediatamente em liberdade.

Segundo entendimento jurisprudencial majoritário, a apelação da sentença condenatória só tem efeito suspensivo se o réu for primário e tiver bons antecedentes, e assim ficar

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estabelecido na sentença (“não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto”). Se o réu, por ocasião da sentença condenatória, encontrava-se preso em razão do flagrante delito ou preventiva, não pode apelar em liberdade, ainda que primário e portador de bons antecedentes.

Efeitos da apelação.a) devolutivo: tantum devolutum quanto appellatum;b) suspensivo: somente nas condenatórias em que o réu for primário e de bons antencedentes;c) regressivo: não há; na apelação inexiste o juízo de retratação;d) extensivo:’o co-réu que não apelou beneficia-se do recurso na parte que lhe for comum.

Reformatio in pejus. É vedada. O tribunal não pode agravar a pena quando só o réu tiver apelado. Súmula 160 do STF: “é nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício”. Assim, a menos que a acusação recorra pedindo o reconhecimento da nulidade, o tribunal não poderá decretá-la ex officio em prejuízo do réu, nem mesmo se a nulidade for absoluta.

Reformatio in pejus indireta. Anulada a sentença condenatória em recurso exclusivo da defesa, não pode ser prolatada nova decisão mais gravosa do que a anulada. Por exemplo: réu condenado a um ano de reclusão apela e obtém a nulidade da sentença; a nova decisão poderá impor-lhe, no máximo, a pena de um ano, pois do contrário o réu estaria sendo prejudicado indiretamente pelo seu recurso. Trata-se de hipótese excepcional em que o ato nulo produz efeitos (no caso, o efeito de limitar a pena na nova decisão). A regra, porém, não tem aplicação para limitar a soberania do Tribunal do Júri, uma vez que a lei que proíbe o reformatio in pejus não pode prevalecer sobre o princípio constitucional da soberania de veredictos. Assim, anulado o Júri, em novo julgamento, os jurados poderão proferir qualquer decisão, ainda que mais gravosa ao acusado (e.g. conhecer uma qualificadora que não havia sido conhecida anteriormente).

Obs. No caso de a sentença condenatória ter sido anulada em virtude de recurso da defesa, mas, pelo vício da incompetência absoluta, a jurisprudência não tem aceito a regra da proibição da reformatio in pejus indireta, uma vez que o vício é de tal gravidade que não se poderia, em hipótese alguma, admitir que uma sentença proferida por juiz absolutamente incompetente, tivesse o condão de limitar a pena na nova decisão.

Reformatio in mellius. Não há qualquer óbice em que o Tribunal julgue extra petita, desde que em favor do réu.

10. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.

Conceito. Recurso mediante o qual se procede ao reexame de uma decisão nas matérias especificadas em lei, possibilitando ao próprio juiz recorrido uma nova apreciação da questão, antes da remessa dos autos à segunda instância.

Cabimento. O elenco legal das hipóteses de cabimento não admite ampliação, embora possa haver interpretação extensiva e até a analogia.

São hipóteses legais de cabimento do recurso em sentido estrito:

a) da sentença que rejeitar a denúncia ou queixa. Do recebimento, em regra, não cabe qualquer recurso, apenas a impetração de habeas corpus. Porém, no caso dos crimes previstos na Lei de Imprensa cabe recurso em sentido estrito da decisão que receber a denúncia ou queixa e apelação da que as rejeitar. No caso das infrações penais de competência do juizado especial criminal, não cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, mas apelação.

b) da decisão que concluir pela incompetência do juízo. Da decisão que concluir pela competência não cabe qualquer recurso, mas apenas habeas corpus.

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c) da decisão que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição. São cinco as exceções previstas no CPP: suspeição, incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada. As exceções devem ser opostas no prazo da defesa prévia, atuando-se em apartado, sem suspender, em regra, o andamento da ação penal. Se o juiz rejeitar qualquer das exceções, não caberá recurso. Somente no caso de exceção de suspeição, se o juiz vier a acolher a exceção, não caberá qualquer recurso. Deve o juiz dar-se espontaneamente por suspeito. Porém, não aceitando a suspeição, mandará autuar em apartado a petição, dará a sua resposta em três dias, podendo oferecer testemunhas e, em seguida, remeterá os autos ao tribunal.

d) da decisão que pronunciar ou impronunciar o réu.

e) da decisão que conceder, negar, arbitrar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar prisão em flagrante. Não cabe recurso da decisão que decretar a prisão preventiva ou indeferir pedido de liberdade provisória ou relaxamento de prisão. A decisão que revoga a prisão preventiva, por excesso de prazo, não equivale à concessão de liberdade provisória, logo, também é irrecorrível.

f) da decisão que absolver sumariamente o réu. A absolvição sumária ocorre em face de prova inequívoca da existência de causa de exclusão da ilicitude e prova da existência de causa excludente da culpabilidade (absolvição própria). Se for reconhecida a prática de infração penal, mas também a inimputabilidade do agente por doença mental, haverá absolvição sumária com imposição de medida de segurança (absolvição imprópria), e, nesse caso, o acusado também terá interesse em recorrer.

g) da decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor. Ocorre a quebra da fiança: quando o réu, legalmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer injustificadamente; quando este mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante; se o acusado ausentar-se sem prévia permissão por mais de oito dias de sua residência; quando na vigência da fiança, praticar outra infração penal. Traz como conseqüências: a perda de metade de seu valor, a proibição de nova fiança no mesmo processo, a revelia do acusado e o seu recolhimento à prisão. A decisão que decretar a quebra ou perda da fiança é de competência exclusiva do juiz. O recurso em sentido estrito, no caso do perdimento da fiança, terá efeito suspensivo; no de quabramento, suspenderá unicamente a perda de metade de seu valor, não impedindo os demais efeitos.

h) da decisão que julgar extinta a punibilidade do acusado. São casos de extinção de punibilidade, segundo o art. 107, do CP: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial deste Código; VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

i) da decisão que indeferir pedido de extinção de punibilidade.

j) da decisão que conceder ou denegar ordem de habeas corpus. Trata-se, no caso, de decisão de primeira instância. Na hipótese de concessão, é necessária também a remessa de ofício. Decisão denegatória proferida em única ou última instância, pelos TRF’s e TJ’s, caberá recurso ordinário ao STJ. Sendo a decisão denegatória proferida pelos Tribunais Superiores, caberá recurso ordinário ao STF.

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l) da decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena. O dispositivo não tem nenhuma aplicação. Se a decisão encontrar-se embutida na sentença, caberá apelação. Após o trânsito em julgado da condenação, caberá agravo em execução.

m) da decisão que conceder, negar ou revogar o livramento condicional. O dispositivo também está revogado. Cabe, no caso, agravo em execução.

n) da decisão que anular, no todo ou em parte.

o) da decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral. O prazo, neste caso, será de vinte dias.

p) da decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta.

q) da decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial. Lembra-se que, suspenso o processo criminal, para aguardar a solução da prejudicial, fica também suspensa a prescrição da pretensão punitiva.

r) da decisão que ordenar a unificação de penas: revogado. Cabe agravo em execução.

s) da que decidir o incidente de falsidade.

t) da decisão que impuser medida de segurança depois de transitar em julgado a sentença, ou que a mantiver, substituir ou revogar: revogado. Cabe agravo em execução.

u) da decisão que converter a multa em detenção ou prisão simples: também revogado. Art. 51 do CP: “Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição”.

Visão Global do Cabimento:

decisões definitivas e terminativas

decretação de extinção de punibilidade (VIII)absolvição sumária (VI)impronúncia (IV)não recebimento de denúncia ou queixa (I)concessiva ou negativa de habeas corpus (X)acolhimento de exceções (III)denegação de apelação (XV) decisões interlocutórias mistasprisão ou liberdade (IV, V, VII e XI)não reconhecimento de extinção de punibilidade (IX)conversão de multa em detenção ou prisão (XXIV) decisões interlocutórias simples

pronúncia (IV)declaração de incompetência do juízo (II e III)anulação de processo (XIII)inclusão ou exclusão de jurado na lista geral (XIV)suspensão do processo (XVI)incidente de falsidade (XVIII)

incisos desusados por cabimento do agravo da LEP, art. 197

sursis [!] ou livramento condicional (XI e XII)unificação de penas (XVII)medida de segurança (XIXXXIII)

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PROCESSAMENTO DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. O recurso em sentido estrito subirá nos próprios autos nos casos arrolados pelo art. 581, incisos I (rejeição de denúncia ou queixa), III (decisão que julgar procedente as exceções, salvo a de suspeição), IV (que pronunciar ou impronunciar o réu), VI (absolvição sumária), VIII (que julga extinta a punibilidade) e X (que conceder ou denegar ordem de habeas corpus).

Interposto o recurso, dentro do prazo de dois dias, o recorrente deverá oferecer suas razões, sendo indispensável a intimação, sem a qual não começa a correr o prazo, segundo entendimento jurisprudencial. A falta do oferecimento das razões não impede a subida do recurso. Não existe no recurso em sentido estrito a possibilidade de arrazoar em segunda instância.

Efeito regressivo: recebendo os autos, o juiz, dentro de dois dias, reformará ou sustentará a sua decisão, mandando instruir o recurso com as cópias que lhe parecerem necessárias. A falta de manifestação do juiz importa em nulidade, devendo o tribunal devolver os autos para esta providência.

Não ocorre a deserção no caso de fuga do réu logo após a interposição do recurso em sentido estrito, ao contrário do ocorre com a apelação.

11. PROTESTO POR NOVO JÚRI.

Conceito. Consiste no pedido de realização de novo Júri, sempre que, em razão de um único crime, tiver sido imposta pena de reclusão igual ou superior a vinte anos. É apreciado pelo próprio juízo a quo, não havendo necessidade de subida à instância superior.

Características: a) é um recurso exclusivo da defesa; b) é desnecessária a fundamentação (razões); c) só pode ser utilizado uma vez.

Finalidade. Desconstituir o julgamento anterior, com a realização de outro, em lugar do primeiro.

Procedimento: semelhante ao da apelação.

Pressupostos. a) sentença condenatória; b) pena de reclusão; c) pena igual ou superior a vinte anos; d) pena imposta por um único crime. No caso de a pena igualar ou exceder a vinte anos, em decorrência do concurso material, não cabe o protesto por novo júri, pois o total decorreu da soma das penas impostas por mais de um crime. Tratando-se de concurso formal e crime continuado, caberá protesto por novo Júri, uma vez que, no primeiro caso, considera-se tenha havido uma única ação, da qual derivaram dois ou mais crimes, e, na segunda hipótese, a despeito da pluralidade de condutas, presume-se ficticiamente a existência de uma unidade delituosa. No caso de concurso formal imperfeito, não é possível o protesto, segundo entendimento majoritário, pois, tendo o agente desejado produzir todos os resultados, não se pode falar em unidade real ou ficta. Subjetivamente, há uma pluralidade de comportamentos e, por esta razão, o legislador manda somar as penas do mesmo modo que no concurso material.f) pena imposta pelo juiz-presidente, ou seja, em primeira instância. Não se admite o protesto, se a pena de foi imposta em grau de apelação. O protesto por novo júri não impedirá a interposição da apelação quando, pela mesma sentença, o réu tiver condenado por outro crime, em que não caiba protesto. Obs. Se a defesa esperar a realização do novo Júri, para só depois apresentar a apelação do crime conexo, perderá o prazo para fazê-lo. Se o réu apela pelo mérito, ao invés de protestar por novo júri, nada impede que o tribunal conheça da apelação como protesto. A fuga do réu, logo após o protesto por novo júri, não acarreta deserção, como ocorre com a apelação.

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Reformatio in pejus indireta. No novo julgamento, os jurados estarão livres para decidir, uma vez que a proibição da reformatio in pejus, direta ou indireta, é de natureza infraconstitucional, não podendo se sobrepujar ao princípio constitucional da soberania dos veredictos. No entanto, o juiz-presidente não pode aplicar pena maior, se a decisão for mantida pelo novo conselho de sentença. Por exemplo: no primeiro júri, o réu é acusado de homicídio triplamente qualificado, vindo a ser condenado somente em duas qualificadoras. Concedido o protesto, no segundo julgamento, os jurados poderão escolher soberanamente todas as três qualificadoras, não estando limitados à primeira decisão. No entanto, caso seja repetida a mesma votação, o juiz-presidente não poderá impor pena mais grave, pois a ele se aplica a vedação legal.

Súmula 206 do STF: “é nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo”.

12. CARTA TESTEMUNHÁVEL

Conceito. Recurso que tem por fim provocar o reexame de decisão que denegar ou impedir o seguimento de recurso em sentido estrito, do agravo em execução e, para alguns, do protesto por novo júri. Há quem entenda não caber a carta testemunhável no protesto por novo júri, uma vez que este recurso não sobe para a segunda instância, já que é apreciado pelo próprio juízo a quo, o que frustraria a função precípua da carta. Por expressa disposição legal, o recurso em sentido estrito é o adequado para atacar as decisões que negam subida à apelação. Da mesma forma, o agravo de instrumento é o recurso cabível em caso de despacho denegatório do recurso extraordinário ou especial. Denegação de embargos infringentes e embargos de nulidade: cabe agravo regimental.

Procedimento. A carta testemunhável deve ser requerida dentro de quarenta e oito horas, após a ciência do despacho que denegar o recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento. Formado o instrumento, no caso do recurso em sentido estrito, o recorrente será intimado para oferecer suas razões dentro do prazo de dois dias, e, em seguida, será intimado o recorrido para oferecer suas contra-razões, dentro do mesmo prazo, possibilitando-se, após, o juízo de retratação por parte do juiz que denegou o recurso.

13. CORREIÇÃO PARCIAL

Conceito. Providência aministrativo-judiciária contra despachos do juiz que importem em inversão tumultuária do processo, sempre que não houver recurso específico previsto em lei.

Natureza jurídica. Para boa parte da doutrina é recurso. Para outra, é simples medida administrativa.

Objeto. Corrigir o erro cometido pelo juiz em ato processual, que provoque inversão tumultuária do processo (error in procedendo). Não é adequada a correição quando se pretende impugnar error in judicando, ou seja, quando seu objeto versar sobre decisão que envolve matéria de mérito.

14. EMBARGOS INFRINGENTES

Conceito. Recurso oponível contra decisão não unânime de segunda instância, desde que favorável ao réu. É exclusivo da defesa.

Prazo. Dez dias.

Cabimento. Só podem ser opostos no caso de recurso em sentido estrito e apelação. Não cabem na revisão criminal, nem no julgamento do pedido de desaforamento, vez que estes não são recursos. Não cabe em sede de habeas corpus. Admite-se o cabimento no caso de carta testemunhável contra denegação de recurso em sentido estrito. Não podem ser interpostos pelo próprio acusado, sem a assistência de advogado. Os embargos de nulidade

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são os embargos infringentes, quando a questão é estritamente processual, decidindo-se se o processo será ou não anulado.

NO STF: cabem embargos infringentes no STF da decisão não unânime do Plenário ou da Turma que: julgar procedente a ação penal; improcedente a revisão criminal; for desfavorável ao réu, em recurso criminal ordinário.

NO STJ: não existem.

15. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Conceito. Recurso interposto para o mesmo órgão prolator da decisão, dentro do prazo de dois dias, no caso de ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão da sentença. A Lei 9.099/95 substitui o termo ambigüidade por dúvida.

Prazo. Dois dias perante o juiz prolator da decisão ou, no caso dos tribunais, enderaçados ao próprio relator do acórdão embargado. No caso dos JEC’s, o prazo de interposição dos embargos será de cinco dias.

Efeito infringente: atualmente, a jurisprudência, majoritariamente (inclusive do STF), entende ser possível atribuir efeito modificativo aos embargos de declaração. Neste caso, torna-se fundamental, em cumprimento ao princípio do contraditório, intimar a parte contrária, a fim de possibilitar-lhe contraditar o embargante.

16. REVISÃO CRIMINAL

Conceito. Ação pena rescisória promovida originariamente perante o tribunal competente, para que, nos casos expressamente previstos em lei, seja efetuado o reexame de um processo já encerrado por decisão transitada em julgado.

Legitimidade. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou mediante representação por procurador legalmente habilitado (advogado inscrito na OAB, na havendo necessidade de poderes especiais). Entendeu o STF que o réu tem capacidade para formular em nome próprio pedido de http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=revis%E3o+adj+criminal&u=/ - h0 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=revis%E3o+adj+criminal&u=/ - h2 revisão criminal, nos termos do art. 623 do CPP, que não foi derrogado pelo art. 1º, I, da L. 8.906, de 04.07.94 (Estatuto da Advocacia).

No caso de morte do réu, a revisão poderá ser movida pelo seu cônjuge, descendente, ascendente ou irmão.

Entende-se que o MP não é parte legítima para requerer revisão criminal. Poderá impetrar habeas corpus.

No caso de falecimento do réu após a revisão, o presidente do Tribunal competente deverá nomear curador para dar prosseguimento à ação. Trata-se de hipótese de substituição processual que dispensa a iniciativa dos familiares do réu.

Prazo. Após o trânsito em julgado, a qualquer tempo.

Cabimento. Segundo entendimento majoritário, as hipóteses elencadas no CPP de cabimento da revisão criminal são taxativas. São elas:a) quando a sentença condenatória for contrária a texto expresso da lei. A revisão criminal é meio inadequado para a aplicação da lei posterior que deixar de considerar o fato como crime (abolitio criminis), uma vez que a competência é do juiz da execução de primeira instÂncia, evitando-se seja suprimido um grau de jurisdição (súmula 611 do STF).b) quando a sentença condenatória for contrária à evidência dos autos.c) quando a sentença condenatória se fundar em provas comprovadamente falsas. d) quando surgirem novas provas da inocência do condenado.e) quando surgirem novas provas de circunstâncias que autorize a diminuição da pena.

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Súmula 393 do STF: “para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão”.

Obs. No caso de revisão criminal contra condenação manifestamente contrária à prova dos autos, proferida pelo júri popular, o tribunal deve julgar diretamente o mérito, absolvendo o peticionário, se for o caso. De nada adiantaria simplesmente anular o júri e remeter o acusado a novo julgamento, porque, mantida a condenação pelos novos jurados, o problema persistiria sem que a revisão pudesse solucioná-lo. Portanto, dado que o princípio da soberania dos veredictos não é absoluto e a prevalência dos princípios da plenitude de defesa, do devido processo legal (incompatível com condenações absurdas) e da verdade real, deverão ser proferidos os juízos rescindente e rescisório.

Admissibilidade. Além dos casos de sentenças condenatórias, cabe revisão criminal das sentenças absolutórias impróprias, onde há imposição de medida de segurança. Porém, não cabe de sentença de pronúncia. Da sentença penal estrangeira não cabe revisão criminal, pois, quando de sua homologação pelo STF, este não ingressa no mérito, limitando-se a verificar os aspectos meramente formais (prelibação).

A decisão da revisão pode absolver o réu, reduzir a pena ou anular o processo. Efeitos da absolvição – restabelece todos os direitos perdidos em virtude da condenação. Quando se tratar de absolvição imprópria, deve o tribunal impor medida de segurança.

Obs. Contra o despacho que rejeita liminarmente a revisão criminal, cabe agravo.

17. HABEAS CORPUS

Conceito. Remédio judicial-constitucional que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder.

Espécies. Liberatório ou repressivo e preventivo.

Legitimidade ativa. Poder ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente de habilitação legal ou representação de advogado (dispensada a formalidade de procuração). Atente-se, porém, que “embora o réu tenha capacidade para formular pedido de habeas corpus, não é de se reconhecer a ele http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=INFO&s1=capacidade+adj+postulat%F3ria&u=/ - h1 http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs? d=INFO&s1=capacidade+adj+postulat%F3ria&u=/ - h3capacidade postulatória para impetrar ação de reclamação (RISTF, art. 156) para garantir a autoridade da decisão concessiva de habeas corpus que não estaria sendo cumprida pelo tribunal apontado coator, uma vez tratar-se de atividade privativa de advogado”(STF).

Admissibilidade. É inadmissível a impetração de habeas corpus durante o estado de sítio. A vedação se dirige apenas contra o mérito da decisão do executor da medida, podendo ser impetrado o remédio se a coação tiver emanado de autoridade incompetente, ou em desacordo com as formalidades legais. Não cabe contra a transgressão militar disciplinar. Não cabe contra dosimetria da pena de multa, uma vez que esta não pode mais se converter em pena privativa de liberdade.

Cabimento. a) justa causa.b) quando alguém estiver preso por mais tempo do que a lei determina. O processo de réu preso deve estar encerrado dentro do prazo de oitenta e um dias. A jurisprudência tem entendido que esse prazo só é contado até o encerramento da instrução criminal, não ocorrendo excesso de prazo se o processo já se encontrar na fase dos arts. 499 e 500 do CPP. Tratando-se de crime da competência do Júri, pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução (súmula 21 do STJ). Do mesmo modo, encerrada a instrução criminal fica superada a alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo (súmula 52 do STJ). Finalmente, não constitui

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constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução provocado pela defesa (súmula 64 do STJ).c) quando quem ordenar a coação não tiver competência pra fazê-lo.d) quando houver cessado o motivo que autorizou a coação.e) quando não se admitir a fiança, nos casos em que a lei prevê.f) quando o processo for manifestamente nulo.g) quando já estiver extinta a punibilidade do agente.

Recursos. Cabe recurso em sentido estrito da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus. Cabe recurso oficial da concessão.

Quando não estiver em jogo a liberdade de locomoção, é cabível o mandado de segurança em matéria criminal, tem o MP legitimidade para impetração. Porém, não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.

Quadro Geral de Competência do HC:

competência para apreciação de habeas corpus impetrados contra decisões da justiça criminal comum (federal ou estadual)

STF STJ TRF’s e TJ’s

quando o coator for tribunal superior;quando o coator ou o paciente estiver sujeito à jurisdição do STF (CF, art. 102, I, i)

coator: TRF ou TJ;paciente: governador de Estado, desembargadores, TCE, juízes de TRF, procurador do MPU com atuação em tribunal (CF, art. 105, I, c)

coator: juiz federal

Mesmo após o advento da Emenda Constitucional nº 22/99, subsiste íntegra a competência originária do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar habeas corpus impetrado contra decisão emanada de Turma Recursal vinculada ao sistema dos Juizados Especiais. Precedentes.

18. RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Não há grandes diferenças para o Recurso Extraordinário em matéria cível. Veja-se, porém, que o prazo para a interposição do agravo de instrumento contra decisão que nega seguimento ao Recurso Extraordinário ou Especial, em matéria penal, é de cinco dias e não de dez dias.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: ...III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:a) contrariar dispositivo desta Constituição;b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

19. RECURSO ESPECIAL

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: ...III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;

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c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

20. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

20.1. AO STF

Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:II - julgar, em recurso ordinário:a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;b) o crime político.

A competência, no caso do crime político, ressalte-se, estende-se ao processamento e julgamento dos demais recursos (interlocutórios) proferidos nos processos de crimes políticos. Assim, contra as decisões proferidas pelos Juízes Federais de primeira instância caberá o recurso pertinente ao STF.

20.2. AO STJ

Art. 105 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça:II - julgar, em recurso ordinário:a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

AS DECISÕES QUE COMPORTAM RECURSO EM SENTIDO ESTRITO:

EFEITOS

Com o advento da lei 7810/84 (lei de execução penal), muitas das hipóteses constantes no artigo 581, se acham revogadas em consequência ao recurso em sentido estrito deu lugar ao agravo em execução, que somente será cabível quando houver sentença condenatória com transito em julgado – transitada em julgado.O recurso em sentido estrito, inicialmente tem efeito regressivo porque a decisão volta a ser reexaminada pelo órgão prolator. Quando o recurso é encaminhado para o tribunal para novo reexame, configura-se o efeito misto, posto que a decisão agora vai ser reexaminada pelo órgão ad quem.

Apenas em duas hipóteses o recurso em sentido estrito tem efeito suspensivo:1) perda de fiança2) quando o juiz denegar apelação ou a julgar deserta.Nessas duas hipóteses, enquanto o recurso não for julgado, a decisão não poderá ser executada.

Em outras duas hipóteses o recurso em sentido estrito tem efeito SUSPENSIVO LIMITADA:

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1) Na DECISÃO DE PRONÚNCIA : suspende-se tão somente o julgamento, não impedido que o juiz decrete a preventiva ou outra medida cautelar.

2) A decisão que julga quebrada a fiança: o recorrente nao pode se insurgir contra a integralidade do valor arbitrado mas apenas metade dele, no instante em que o juiz julga quebrada a fiança automaticamente se perde metade do valor arbitrada.

O recurso será RECURSO EVETUM LITES quando cabível apenas em uma situação prevista em lei.

Art. 581 - Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

I - que não receber a denúncia ou a queixa;

II - que concluir pela incompetência do juízo;

III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;

IV - que pronunciar ou impronunciar o réu;

V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;

Vl - que absolver o réu, nos casos do art. 411;

VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;

VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;

IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;

X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;Xl - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;Xll - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;Xlll - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;

XVII - que decidir sobre a unificação de penas;

XVIII - que decidir o incidente de falsidade;

XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;

XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;

XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;

XXII - que revogar a medida de segurança;

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XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;

XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.

DO RECURSO DE APELAÇÃO

NOÇÕES:

É o recurso próprio para combater decisão definitiva, segundo a qual o juiz esgota o seu ofício jurisdicional, não podendo mais revê-la, qualquer mudança em seu conteúdo fica a cargo do tribunal, salvo as hipóteses previstas no artigo 463 do cpc.

Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:1

I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo;

II - por meio de embargos de declaração.

QUAIS AS DECISÕES QUE COMPORTAM O RECURSO DE APELO?

ABSOLUTÓRIA ou CONDENATÓRIA do juiz singular ou do tribunal do júriApelação contra decisão do tribunal do júri de fundamentação vinculação cabível somente nas hipóteses expressas na lei.

Art. 593 - Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;

II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; ( NATUREZA RESIDUAL, isto é, primeiro adimiti-se o recurso em sentido estrito, não cabendo, cabe-se apelação)

Ex.: quando o juiz de ofício acolhe a exceção de coisa julgada ele está extinguindo o processo , a relação processual, não está condenando ou absolvendo, apenas encerrado a relação processual ( ELA É APELATIVA)

Ex: quando o juiz rejeita a

Quando o juiz homologa o laudo no incidente de insanidade mental é uma decisão

1 Redação dada pela Lei nº 11.232, de 22.12.05

Redação anterior: Art. 463 - Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional, só podendo alterá-la:

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com força definitive, como nao conta no aritgo 581, é apelável.

QUANDO É QUE SABE SE CABE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO OU APELAÇÃO: RESP.: SE A HIPÓTESE ESTIVER PRESENTE NO ARTIGO 581 = RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, SE NÃO TIVER: APELAÇÃO

III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;

c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;

d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Apelação é um recurso de procedimento de prazos Os prazos das razões só começam a contar a partir da intimação do oficial de justiça.

Nem toda absolutória ou condenatória comporta o recurso de apelo, quando se trata de ação penal originária para quem tem prerrogativa de função havendo absolvição ou condenação o recurso próprio a depender da hipótese será o especial ou o extraordinário. Se o juiz denegar o recurso de apelo, configurando-se exame de admissibilidade negativo a parte poderá se valer do recurso em sentido estrito com fundamento do artigo 581 XV do CPP

A lei processual penal não faz restrições quanto a juntada de documentos, salvo a hipótese do artigo 479 do CPP

SE O JUIZ DENEGAR O RECURSO DE APELO. QUE PROVIDÊNCIA PODERÁ SER TOMADA?

QUANDO DA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO NAS RAZÕES OU CONTRARRAZÕES PODEM SER JUNTADOS DOCUMENTOS?

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ASSUNTOS DA PROVA – 4 QUESTÕES: SOBRE NULIDADES, RECURSOS, E RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

APELAÇÃO E RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Como veremos a seguir, o ReSE e a Apelação possuem muitas coisas em comum. Contudo, não há risco quanto à

escolha errada da peça, pois a aplicação de ambas está bem delimitada pela legislação.

APELAÇÃO

A apelação está prevista nos artigos:

a) 593 do Código de Processo Penal;

b) 76 e 82 da Lei número 9.099/95;

c) 32, 44, 47 e 57 da Lei número 5.250/67.

A Apelação do artigo 593 do CPP

O inciso I não enseja maiores esclarecimentos, pois a redação do CPP é clara:

Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:

I – das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;

Ou seja, todas as decisões condenatórias ou absolutórias ensejam a apelação. Isso vale para todos os crimes,

inclusive aqueles da legislação especial penal (Maria da Penha, Drogas etc). Fácil, né? Entretanto, vale frisar que a

condenação recorrível pode ser aquela que acolhe somente uma parte da denúncia.

Por exemplo: Francisco foi denunciado por estupro e atentado violento ao pudor. Na sentença, o juiz o absolveu do

estupro, mas o condenou por atentado violento ao pudor. Dessa sentença, cabe Apelação.

Já o inciso II amplia o cabimento da apelação:

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II – das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no

Capítulo anterior;

Em miúdos: todas as decisões que põem fim ao processo, salvo aquelas em que a peça cabível é o ReSE, podem

ser recorridas por meio de Apelação.

Frise-se que o ReSE só é cabível naquelas hipóteses previstas no artigo 581 do Código de Processo Penal, bem

como naquelas citadas nos artigos 294, parágrafo único, do CTB, e 516 do CPPM. Portanto, a Apelação é residual –

ou seja, aplicável somente naqueles casos não amparados pelo ReSE.

Ademais, as decisões interlocutórias mistas também desafiam o recurso de Apelação, pois põem fim ao objeto da

discussão:

Exemplo: sentença que julga o pedido de restituição de coisas apreendidas.

Por fim, temos o inciso III, que traz o cabimento da Apelação contra as sentenças do Tribunal do Júri.

Como sabemos, a decisão do Tribunal do Júri é soberana. Portanto, caso o réu seja condenado, não é possível

pedir a sua absolvição por meio de Apelação.

Entretanto, o processo pode estar contaminado por vícios. Por isso, a decisão do Júri é recorrível.

No inciso III, alínea “a”, o CPP traz a hipótese de nulidade posterior à pronúncia. Após a sentença que pronuncia o

réu, caso ocorra uma das nulidades previstas no artigo 564 do CPP, o apelante deve pedir a anulação de todos os

atos processuais ocorridos desde o vício – inclusive a sessão de julgamento.

Na alínea “b”, o CPP trata de decisão do juiz presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados.

Por exemplo: o Júri reconhece certo quesito. Contudo, na sentença, o magistrado deixa de considerá-lo. Para a

correção, cabe Apelação. Por não haver ofensa à soberania do veredicto, não há razão para um novo Júri, devendo

a Câmara, ou Turma Criminal, corrigir o erro.

Na alínea “c”, o CPP traz o erro ou injustiça na aplicação da pena ou medida de segurança.

Exemplo: o juiz, ao fixar a pena, o faz de forma diversa à decisão dos jurados, ou contrária à legislação. Dessa

sentença, cabe Apelação, devendo ser a pena alterada por quem julgar o recurso. Portanto, também não fere a

soberania do Júri.

Por fim, temos a letra “d”, em que os jurados julgam de forma contrária às provas dos autos.

Exemplo: ficou claro, no processo, que o crime foi cometido em legítima defesa. Entretanto, os jurados condenam

o réu. Dessa decisão, também cabe Apelação. Todavia, o apelante deve pedir um novo julgamento.

A Apelação também está prevista na Lei 9.099 de 1995, nas seguintes hipóteses:

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1. Decisão que rejeita a denúncia ou queixa;

2. Sentença que aplica a transação penal.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Como já dito, o cabimento do ReSE é facilmente identificável, pois a legislação traz um rol taxativo.

O ReSE está previsto nos artigos:

a) 581 do CPP,

b) 294 do CTB,

c) 516 do CPPM,

d) 44 da Lei de Imprensa,

e) 6º da Lei número 1.581/51,

f) 2º do Decreto-lei número 201/76.

Portanto, não há qualquer dificuldade em identificar as hipóteses em que devemos utilizar o ReSE. Contudo, há um

ponto importante a ser levado em consideração.

No artigo 581, há diversos incisos que tratam sobre as decisões proferidas pelo juiz da Vara das Execuções, já na

fase de cumprimento da pena.

Lembre disso: JAMAIS utilize o ReSE para recorrer de uma decisão do juiz da Vara das Execuções. Se o problema

trouxer uma decisão deste magistrado, utilize o Agravo em Execução (art. 197 da LEP).

Ademais, tratando-se de decisão definitiva, verifique se é cabível o Recurso em Sentido Estrito. Não sendo, utilize

a Apelação.

Tanto a Apelação, quanto o ReSE, possuem o mesmo prazo para interposição: 5 dias. Ambas as peças são

ajuizadas da seguinte forma: interposição, endereçada ao juiz que proferiu a decisão recorrida, e razões,

endereçadas ao Tribunal competente.

Todavia, cuidado: no ReSE, o juiz pode reformar a sua própria decisão. Na Apelação, não.

DIREITO PROCESSUAL PENALPROCEDIMENTOS, NULIDADES E RECURSOS

PROCEDIMENTOS

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PROCEDIMENTO – é o modo pelo qual o processo anda, a parte visível do processo.

- COMUNS – é a regra geral; aplicáveis sempre que não houver disposição em contrário.

ORDINÁRIO – aplica-se aos crimes apenados com reclusão para os quais não exista rito especial (arts. 394 a 405 e 498 a 502, CPP).

SUMÁRIO – aplica-se aos crimes apenados com detenção, cuja pena máxima seja superior a 2 anos, para os quais não haja previsão legal de rito especial (art. 539, CPP e art. 120, I, CF).

- ESPECIAIS – é a exceção.

- previstos no CPP:

- crimes de competência do Júri popular (arts. 406 a 497).

- crimes falimentares (arts. 503 a 512).

- crimes funcionais (arts. 513 a 518).

- crimes contra a honra (arts.519 a 523) – somente se aplica aos previstos no CP, uma vez que aqueles descritos na Lei de Imprensa, Código Penal Militar e Código Eleitoral existem outros ritos especiais.

- crimes de propriedade imaterial (arts. 524 a 530).

- previstos em outras leis:

- economia popular (Lei n° 1.521/51).

- abuso de autoridade (Lei n° 4.898/65).

- imprensa (Lei n° 5.250/67).

- tóxicos (Lei n° 6.368/76).

- falimentares (Decreto-lei n° 7.661/45).

- juizados especiais criminais (Lei n° 9.099/95) – após o advento da Lei n° 10.259/2001, passaram a ser consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo: todas as contravenções penais (independente da pena e do procedimento); todos os crimes com pena máxima não superior a 2 anos (independentemente do procedimento e ainda que cumulativa ou alternativamente seja prevista também a multa) e todas as infrações penais punidas tão-somente com multa (independentemente do procedimento)

* para o CPP o procedimento do Júri é comum; e o procedimento sumário é especial.

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PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO (crimes apenados com reclusão para os quais não exista procedimento especial)

DENÚNCIA OU QUEIXA(5 dias - réu preso / 15 dias - réu solto)

(art. 394)

RECEBIMENTO PELO JUIZ

(dá início efetivo a ação penal e constitui causa interruptiva do prazo prescricional)(se o juiz rejeitar, a acusação pode interpor RESE - art. 581, I)(se o juiz receber, a defesa pode interpor HC)

(recebida a denúncia ou queixa, “designará dia e hora para o interrogatório, ordenando a citação do réu e a notificação do MP e, se for o caso, do querelante ou do assistente” / embora a lei não diga expressamente qual o prazo que deve ser observado para o interrogatório, estabeleceu-se na doutrina e jurisprudência que deve ser ele ouvido o quanto antes; tem se considerado com sendo de 8 dias o prazo, quando se tratar de réu preso; deve-se levar em conta, porém, que na hipótese de réu solto, são necessárias diligências às vezes demoradas, como a expedição de precatória ou edital para a citação, o que torna impossível a obediência de tais prazos, além das dificuldades normais quanto ao acúmulo de serviços nas varas e comarcas, da preferência para os processos de réu preso etc.; são hipóteses de rejeição: atipicidade do fato, existência de causa extintiva da punibilidade, ilegitimidade de parte e falta de condição da ação - não presentes estas, o juiz deve recebê-la, já que se trata, em verdade, de mero juízo de admissibilidade).

CITAÇÃO

(é o ato processual que tem por finalidade dar conhecimento ao réu da existência da ação penal, do teor da acusação, bem como cientificá-lo da data marcada para o interrogatório e da possibilidade de providenciar sua defesa; a sua falta constitui causa de nulidade

absoluta do processo)

- real – por mandado; carta precatória; carta rogatória; carta de ordem ou requisição. - ficta – por edital.

SUSPENSÃO DO PROCESSO: quando o réu, citado por edital, não comparece na data designada para o interrogatório e não constitui advogado, haverá a suspensão do processo; durante este período, o juiz poderá determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes; ficará suspenso o decurso do lapso prescricional.

REVELIA: é decretada nas seguintes hipóteses: se o réu for citado pessoalmente e, sem motivo justificado, não comparecer na data designada para seu interrogatório; se o réu for intimado pessoalmente para qualquer ato processual e, sem motivo justificado, deixar de comparecer a este; se o réu mudar de residência sem comunicar o novo endereço ao juízo; o único efeito é fazer com que o réu não mais seja intimado dos atos processuais posteriores; ela será revogada se o réu, posteriormente, voltar a acompanhar os atos processuais.

INTERROGATÓRIO

(é o ato pelo qual o acusado esclarece sua identidade, narra todas as circunstâncias do fato e motivos que possam destruir o valor das provas contra ele apuradas; discute-se para saber se é ato de defesa ou meio de prova, tendo mais adeptos a opinião que o considera ambas as coisas; a presença do defensor é facultativa, já que não pode normalmente intervir nesse ato processual, razão por que a sua ausência não constitui nulidade do processo)

DIREITO DO ACUSADO AO SILÊNCIO NO INTERROGATÓRIO: o acusado tem direito absoluto de não responder em interrogatório; esse direito é fundamentalmente baseado no instinto de conservação do indivíduo, e inclui o direito de não denunciar seus próximos ou parentes e ainda o de simular alienação mental (procedimento incorreto de defesa, segundo alguns autores); o acusado não tem nenhuma obrigação de dizer a verdade ao juiz.

CONFISSÃO: reconhecimento por uma das partes de fatos que a prejudicam; admissão de fatos contrários aos próprios interesses; aceitação dos fatos imputados.

IRRETRATABILIDADE DA CONFISSÃO: em matéria penal a confissão é retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto; em matéria civil, a confissão é, de regra, irretratável, mas pode ser revogada quando emanar de erro, dolo ou coação.

INDIVISIBILIDADE DA CONFISSÃO: em matéria penal a confissão é divisível, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto; em matéria civil a confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável; cindir-se-á, todavia, quando o confitente lhe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.

TORTURA: dor, terror, angústia, pavor, suplício, tormento, aflição, maus tratos, privação, obsediar, sofrimento físico ou moral profundo e desnecessário; tudo o que é feito sobre o físico ou a mente sem o consentimento do indivíduo, para que ele deponha contra si próprio, é tortura; a narco-análise (soro da verdade) também é considerada tortura; a Lei nº 9.455/97 definiu como crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa ou em razão de discriminação racial ou religiosa; configura-se também, como tortura, segundo a referida lei, submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo; ainda é capitulável como tortura a submissão de pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

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DEFESA PRÉVIA

(ela é facultativa; o réu ou seu defensor, poderá, logo após o interrogatório ou no prazo de 3 dias, oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas, com rol de até 8; a finalidade da defesa prévia é apenas a de dizer o réu o que pretende provar, qual a sua tese de defesa, mas o silêncio é mais interessante para a defesa, que poderá manifestar-se sobre o mérito após a produção da prova; nesta deve ser argüida, sob pena de preclusão, a nulidade por incompetência do Juízo, e oferecidas as exceções, bem como requerer as diligências que julgar convenientes)

AUDIÊNCIA DE TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO

(testemunhas arroladas pelo MP, pelo acusador particular ou assistente de acusação)(20 dias – réu preso)

(40 dias – réu solto)

============== FINAL DA PROVA ACUSATÓRIA (INSTRUÇÃO CRIMINAL) ==============

AUDIÊNCIA DE TESTEMUNHAS DE DEFESA

(testemunhas arroladas pelo réu; testemunhas do acusado)(20 dias – réu preso)(40 dias – réu solto)

PEDIDO DE DILIGÊNCIAS

(fase em que a acusação e depois a defesa podem requerer diligências, com o prazo de 24 horas para cada parte - art. 499; findos os prazo, os autos vão conclusos para o juiz tomar conhecimento e deferir ou indeferir os requerimentos; caso haja deferimento, o juiz determinará a realização da diligência solicitada; realizadas as diligências, ou caso nenhuma tenha sido requerida, o juiz abrirá vista dos autos para que as partes ofereçam as alegações finais)

ALEGAÇÕES FINAIS(razão que cada parte expõe oralmente ou por escrito depois de encerrada a instrução do processo; o prazo é de 3 dias; primeiro para a acusação e depois para a defesa - art. 500; é o momento ideal para o defensor fazer a defesa do réu)

SENTENÇA

(art. 502)(terminada a fase das alegações finais, os autos irão conclusos para o juiz proferir a sentença; o prazo é de 10 dias; em vez de sentenciar, o juiz poderá converter o julgamento em diligência para sanar eventuais nulidades ou para determinar a produção de qualquer prova que entenda relevante para o esclarecimento da verdade real; após a efetivação de tal diligência, o juiz sentenciará; a sentença é uma decisão de mérito, que julga o mérito)

FORMALIDADES DA SENTENÇA:

1ª) relatório - nomes das partes e exposição das alegações da acusação e da defesa, bem como aponta os atos processuais e quaisquer incidentes que tenham ocorrido durante o tramitar da ação.

2ª) motivação ou fundamentação – o juiz aponta as razões que o levarão a condenar ou absolver o acusado; ele expõe o seu raciocínio.

3ª) conclusão (dispositivo) – o juiz declara a procedência ou improcedência da ação penal, indicando os artigos de lei aplicados e, finalmente, colocando a data e sua assinatura.

“EMENDATIO LIBELI” – o MP descreve certo fato e o classifica na denúncia com sendo “estelionato”; o juiz, ao sentenciar, entende que o fato descrito na denúncia foi efetivamente provado em juízo, mas que tal conduta constitui “furto mediante fraude”.

“MUTATIO LIBELI” – o MP descreve certo fato; o juiz, ao sentenciar, entende que o fato descrito na denúncia é diverso.

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- sem aditamento – quando o reconhecimento da nova circunstância não contida na inicial implicar pena igual ou de menor gravidade - ex.: denúncia descreve “receptação dolosa” e o juiz entende ser “receptação culposa”; o juiz baixa os autos para que a defesa se manifeste em um prazo de 8 dias e, se quiser, produza prova, podendo arrolar até 3 testemunhas.

- com aditamento – quando o reconhecimento da nova circunstância não contida na inicial implicar pena mais grave - ex.: denúncia descreve uma subtração praticada sem violência ou grave ameaça (furto) e o juiz durante a instrução comprova haver agressão (roubo); o juiz baixa os autos para que o MP possa aditar a denúncia ou a queixa em um prazo de 3 dias, sendo feito o aditamento pelo MP, os autos irão para a defesa por um prazo de 3 dias para que produza prova, podendo arrolar até 3 testemunhas.

PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA: considera-se publicada no instante em que é entregue pelo juiz ao escrivão; este lavrará nos autos um termo de publicação da sentença, certificando a data em que ocorreu.

INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

COISA JULGADA: não havendo recurso contra a sentença ou sendo negado provimento ao recurso contra ele interposto, diz-se que a sentença transitou em julgado; ela se torna imutável, não podendo ser novamente discutida a matéria nela tratada, exceto: no caso de revisão criminal, quando após a sentença condenatória surgirem novas provas a favor do condenado (é vedada a revisão criminal “pro societate” - contra o sentenciado); nas hipóteses de anistia, indulto ou unificação de penas quando a sentença é condenatória; por HC quando houver nulidade absoluta do processo.

RECURSO(em sentido amplo, é um remédio, isto é, um meio de proteger um direito: ações, recursos processuais ou administrativos, exceções, contestações, reconvenção, medidas cautelares; em sentido restrito, é a provocação de um novo exame da decisão pela mesma autoridade ou outra superior)

PROCEDIMENTO SUMÁRIO (crimes apenados com detenção, cuja pena máxima seja superior a 2 anos, para os quais não exista

procedimento especial)

DENÚNCIA OU QUEIXA

RECEBIMENTO PELO JUIZ

CITAÇÃO

INTERROGATÓRIO

DEFESA PRÉVIA

AUDIÊNCIA DE TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO

(em número máximo de 5)

SANEAMENTO DE NULIDADES E DILIGÊNCIAS

(visa sanar eventuais nulidades ou ordenar a realização de diligências necessárias à descoberta da verdade real, quer tenham sido requeridas, quer não; caso não haja nenhuma nulidade a ser sanada, o juiz sequer profere o despacho saneador, não havendo nisso qualquer prejuízo para as partes)

AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO

TESTEMUNHAS DE DEFESA: após o despacho saneador, caso ocorra, será designada nova audiência para um dos 8 dias seguintes e, na data marcada o juiz inicialmente ouvirá as testemunhas de defesa, em número máximo de 5; após esta oitiva, se o juiz reconhecer a necessidade de acareação, reconhecimento ou outra diligência, marcará para um dos 5 dias seguintes a continuação da audiência, determinando as providências que o caso exigir.

DEBATES ORAIS: na mesma audiência, após a oitiva das testemunhas de defesa, o juiz dará a palavra , sucessivamente, ao MP e à defesa, que poderão apresentar suas alegações verbalmente por 20 minutos, prorrogáveis, a critério do juiz, por mais 10.

SENTENÇA: após os debates orais, o juiz proferirá sentença na própria audiência, já saindo as partes intimadas, ou, se não se julgar habilitado a proferir a decisão, ordenará que os autos lhe sejam imediatamente conclusos e, no prazo de 5 dias, dará a sentença.

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RECURSO

Obs.: até a “audiência de testemunhas de acusação” o procedimento sumário é idêntico ao procedimento ordinário, a única diferença é que neste o número de testemunhas é 8 e naquele é 5; o “saneamento de nulidades e diligências” e a “audiência de julgamento” são etapas peculiares do procedimento sumário.

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

- após o advento da Lei n° 10.259/2001, passaram a ser consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo: todas as contravenções penais (independente da pena e do procedimento); todos os crimes com pena máxima não superior a 2 anos (independentemente do procedimento e ainda que cumulativa ou alternativamente seja prevista também a multa) e todas as infrações penais punidas tão-somente com multa (independentemente do procedimento) - ex.: “constrangimento ilegal”, “violação de domicílio”, “desobediência”, “dano simples”, “ameaça”, “lesão corporal de natureza leve”, “desacato”, “resistência”, “lesão corporal culposa na direção de veículo automotor”, “fuga do local do acidente”, “porte ilegal de arma”, “porte ilegal de substância entorpecente”, “incêndio culposo” etc.

FASE POLICIAL

TERMO DE OCORRÊNCIA e REMESSA AO JUIZADO

FASE PRELIMINAR

COMPOSIÇÃO DOS DANOS e EVENTUAL PROPOSTA DE PENA (proposta de pena aceita sentença execução)

PROPOSTA DE PENA INEXISTENTE OU NÃO ACEITA

(requerimento, pelo MP, de remessa ao juízo comum, nos casos complexos)

FASE DO SUMARÍSSIMO

DENÚNCIA ORAL E SUA REDUÇÃO A TERMO

(entrega de cópia da denúncia ao réu presente, o que equivale à citação)

================================================================================

========

MP PROPÕE A SUSPENSÃO DO PROCESSO

(caso o réu aceita: recebimento da denúncia suspensão do processo retomada do processo no caso de revogação ou extinção do processo e da pena, não havendo revogação

========================================================================================

MP NÃO PROPÕE A SUSPENSÃO DO PROCESSO OU O RÉU NÃO ACEITA A SUSPENSÃO PROPOSTA

CITAÇÃO POR MANDADO DO RÉU NÃO PRESENTE

(caso o réu não for encontrado, deve remeter ao juízo comum)

PROPOSTA DE PENA E COMPOSIÇÃO DOS DANOS SE NESTA ALTURA AINDA NÃO SE CONSEGUIU TRATAR DO ASSUNTO

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AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

PALAVRA À DEFESA

RECEBIMENTO DA DENÚNCIA

OUVIDA DA VÍTIMA

TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO

TESTEMUNHAS DE DEFESA

INTERROGATÓRIO

DEBATES ORAIS

SENTENÇA

RECURSO

(eventual APELAÇÃO em 10 dias, que poderá ser julgada por 3 juízes de 1ª instância)

PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI

ASPECTOS GERAIS: o Tribunal do Júri é um órgão de 1ª instância (ou 1° grau), da Justiça Comum (Estadual ou Federal); as normas que tratam da instalação do Tribunal do Júri são normas de organização judiciária, e não normas processuais propriamente ditas; é composto de 1 juiz de direito, que é o seu presidente, e de 21 jurados, sorteados entre os alistados; em cada sessão, dentre os 21 jurados, sorteiam-se 7 para formar o conselho de sentença; ao Júri compete o julgamento dos crimes dolosos contra a vida (tentados ou consumados), mas a CF permite que lei ordinária venha a ampliar eventualmente essa competência; no caso de conexão entre estes crimes e outra espécie de crime, prevalece a competência do Júri; as decisões do Júri são soberanas, no sentido de não poderem ser modificadas no mérito, em grau de recurso, por juízes superiores; a estes cabe apenas a anulação, por vício processual, ou, apenas por uma vez, determinar novo julgamento, no caso de decisão manifestamente contrária à prova dos autos.

ORGANIZAÇÃO DO JÚRI: todo ano o juiz-presidente deve elaborar uma lista de 80 a 300 pessoas (nas comarca ou nos termos de menor população) e 300 a 500 pessoas (no DF e nas comarcas com mais de 100.000 habitantes), para servirem como jurados, anotando-se os nomes dos alistados em cartões, depositados numa urna gera; estas pessoas devem ser maiores de 21 anos, os maiores de 70 anos são isentos; a lista deve ser publicada em novembro, seguindo-se nova publicação na segunda quinzena de dezembro (é definitiva); na época apropriada, havendo processo em pauta, são sorteados 21 jurados, tirados os nomes da urna geral, que são convocados para a reunião, mediante edital e intimações pessoais; o sorteio faz-se a portas abertas e um menor de 18 anos tirará da urna geral as cédulas com os nomes dos jurados; os nomes dos 21 sorteados são recolhidos em outra urna menor, chamada urna do sorteio; forma-se, assim, o Tribunal do Júri, com o juiz-presidente e 21 jurados; o serviço do Júri é obrigatório e os jurados, dentro de suas funções, como juízes leigos, têm as mesmas responsabilidades dos juízes de direito; o exercício efetivo de jurado constitui serviço público relevante, estabelece presunção de idoneidade moral, assegura prisão provisória especial em caso de crime comum, bem como preferência, em igualdade de condições, nas concorrências públicas.

FASES:

- 1ª FASE OU “ SUMÁRIO DE CULPA ” – dá se o exame de admissibilidade da acusação (“judicium accusationis”) - vai do recebimento da denúncia até à pronúncia e se desenvolve de modo quase igual ao procedimento comum ordinário, as diferenças são apenas: no rito ordinário, após as testemunhas vem o prazo de 24 horas para o requerimento de diligências (art. 499), ao passo que no rito do Júri salta-se diretamente para as alegações (art. 406); no rito ordinário o prazo para alegações é de 3 dias (art. 500), no Júri é de 5 dias (art. 406); divergem as características da sentença de um e de outro rito.

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sentenças:- pronúncia – é dada quando parecer sustentável uma acusação em plenário, por existir prova de fato típico e indícios de que o réu seja o autor (art. 408); ela afirma a admissibilidade ou a viabilidade da acusação; após ela o processo não prossegue enquanto o réu não for intimado (art. 413); pode a pronúncia ser alterada, pelo advento de circunstância que modifique a classificação do delito (art. 416); nela o juiz determinará a prisão do réu (prisão por pronúncia), salvo se não houver motivo que autorize a prisão preventiva ou se couber fiança (art. 408 e §§ c.c. art. 310, § único, do CPP); dela cabe RESE (art. 581); o recurso da acusação ficará sobrestado até que o réu seja intimado da pronúncia (art. 413).- impronúncia – é dada quando não houver prova do fato típico e indícios de que o réu seja o seu autor; enquanto não extinta a punibilidade, poderá ser instaurado novo processo, havendo provas novas (art. 409, § único).- absolvição sumária – é dada quando houver certeza da existência de circunstância que exclua o crime (ex.: legítima defesa), ou isente o réu de pena (ex.: inimputabilidade); nesta o juiz deve recorrer de ofício de sua decisão (art. 411).- desclassificação – é dada quando se concluir que o crime não é doloso contra a vida, mas de espécie diversa, de competência do juiz singular.

========================================================================denúncia

recebimento

citação

interrogatório

defesa prévia

testemunhas

alegações finais (5 dias)

impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação pronúncia

não há Júri há Júri

=========================================================================

- 2ª FASE: dá se o exame do mérito (“judicium causae”).

a) PERÍODO DO LIBELO – transitada em julgado a pronúncia, deve o Promotor de Justiça, ou o acusador particular, no caso de queixa, oferecer o libelo crime acusatório, expondo de modo articulado a acusação a ser proferida em plenário e indicando testemunhas, até o máximo de 5 havendo mais de um crime, deverá o libelo ser dividido em séries, um para cada crime; se houver mais de um réu, deverá ser elaborado um libelo para cada réu o libelo equivale a uma reiteração da acusação, desta vez dentro dos termos da pronúncia; não pode o libelo afastar-se do que foi fixado na pronúncia; qualificadora não reconhecida pela pronúncia não pode ser mencionada no libelo em seguida, tem o réu oportunidade para oferecer a contrariedade ao libelo, se quiser, com a indicação de até 5 testemunhas; a contrariedade pode ser feita por negação geral na indicação das testemunhas, no libelo e na contrariedade, é útil, conforme o caso, que se declare imprescindível a sua inquirição em plenário; sem essa cautela, a eventual ausência da testemunha não será motivo para adiamento (art. 455) podem as partes, nesta fase, requerer diligências, justificações e perícias tomadas todas as providências e sanadas eventuais nulidades, será o processo considerado preparado, com a sua inclusão na pauta dos julgamentos.

=====================libelo

contrariedade ao libelo

diligência

saneamento das nulidades

inclusão na pauta do Júri

=====================

b) SESSÃO PLENÁRIA – na reunião do Júri o juiz-presidente confere as 21 cédulas da urna do sorteio e manda que o escrivão faça a chamada; comparecendo menos de 15 jurados, o julgamento é adiado para o dia seguinte; havendo 15 jurados presentes, o juiz-presidente declara instalada a sessão são sorteados suplentes para completar o número de 21 jurados para o próximo julgamento em pauta; os faltosos, além de incorrerem nas sanções legais, não participam

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mais da reunião; até o momento da chamada podem os jurados apresentar escusas fundadas em motivo relevante (art. 443, § 2°) depois da chamada e resolvidas as escusas, a urna é novamente conferida e fechada, desta vez apenas com os nome dos jurados que irão funcionar feito isso, o juiz anuncia o processo em julgamento e manda que se apregoem as partes e as testemunhas o réu é chamado à frente do juiz, que lhe pergunta o nome, a idade e se tem advogado se o réu, estando solto, não comparecer, pode ser revogada a sua liberdade provisória, para a efetivação do julgamento, salvo se se tratar de crime afiançável (infanticídio e o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento), caso em que o julgamento pode ser feito à revelia se se tratar de réu preso, não haverá julgamento sem sua apresentação; de todo modo, não há Júri sem a presença do réu, a não ser na rara hipótese de ser o crime afiançável se o réu, nesta altura, estiver sem advogado, o juiz lhe nomeará defensor dativo, adiando o julgamento; o mesmo será feito se o réu for menor e não tiver curador, ou se o advogado constituído não comparecer; na data marcada funcionará o advogado dativo, se novamente o constituído não comparecer as testemunhas são recolhidas a lugar onde não possam ouvir os depoimentos e os debates, separadas as de acusação das de defesa a falta de testemunha não será motivo para adiamento, salvo se a parte tiver requerido a sua intimação em caráter imprescindível; proceder-se-á, entretanto, ao julgamento se a testemunha não tiver sido encontrada no local indicado se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz suspenderá os trabalhos e mandará trazê-la pelo Oficial de Justiça, ou adiará o julgamento para o primeiro dia útil desimpedido, ordenando a sua condução ou requisitando à autoridade policial a sua apresentação (art. 455, § 1°); sem prejuízo de imposição de multa e processo de desobediência (art. 453), conforme o caso após o recebimento das testemunhas, o juiz confere novamente a urna com as cédulas dos jurados presentes e anuncia o sorteio de 7 deles para o conselho de sentença deve o juiz advertir os presentes sobre impedimentos e suspeições (art. 458 e 462), bem como sobre a proibição de jurados se comunicarem com outrem ou manifestarem sua opinião sobre o processo (art. 458, § 1°) a lei não veda a comunicação dos jurados entre si, desde que devidamente fiscalizada pelo juiz e sobre assuntos que não se prendam ao julgamento (RT 427/351) durante o sorteio, a defesa e, depois dela, a acusação poderão recusar jurados sorteados, até 3 cada uma, sem dar os motivos da recusa (“recusas peremptórias”); além das 3 recusas imotivadas, podem as partes argüir também eventuais impedimentos ou suspeições, sem limites formando o conselho de sentença com 7 jurados sorteados, o juiz fará a eles a exortação do artigo 464 do CPP (“em nome da lei, concito-vos a examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão, de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça” – os jurados, nominalmente chamados pelo juiz, responderão: “assim o prometo”), seguindo-se o compromisso os trabalhos iniciam-se com o interrogatório do réu e em seguida o juiz, sem manifestar a sua opinião, faz um relatório do processo terminado o relatório, podem as partes e os jurados requerer que o escrivão faça a leitura de peças do processo; sempre que possível, cópias das peças principais são dadas aos jurados em seguida, ouvem-se as testemunhas, primeiro as de acusação, sendo as mesmas inquiridas pelo juiz, pelas partes e pelos jurados, na ordem dada pelos artigos 467 e 468; os depoimentos devem ser reduzidos a escrito (art. 469) predomina o entendimento de que as partes e os jurados podem inquirir diretamente a testemunha, sem intermediação do juiz; não há nulidade, porém, se as perguntas forem feitas por intermédio do juiz a testemunha não é dispensada até o fim dos debates, pois ela poderá ser novamente inquirida, se necessário, até em acareação concluída a inquirição das testemunhas, passa-se para os debates o Promotor de Justiça lerá o libelo e os dispositivos da lei penal em que o réu se achar incurso, e produzirá a acusação (art. 471); em seguida, terá a palavra o defensor; duas horas cada um, ou três, se houver mais de um réu encerrada a defesa, pode a acusação falar novamente, na réplica, se quiser, por meia hora, ou uma hora, havendo mais de um réu; a defesa, por sua vez, tendo havido réplica, passa a ter o direito de tréplica, por tempo igual; sem réplica, não há o direito de tréplica (RT 464/409) quanto aos apartes, trata-se de prática não vedada expressamente pelo CPP, desde que não tumultuem os trabalhos, cabendo ao juiz a manutenção da ordem o aparte subtrai tempo pertencente à parte contrária; seu abuso, portanto, pode configurar nulidade, por cerceamento de defesa ou de acusação durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura de documento que não tiver sido comunicado à parte contrária, com antecedência, pelo menos, de 3 dias, compreendida nessa proibição a leitura de jornais ou qualquer escrito cujo conteúdo versar sobre matéria de fato constante do processo (art. 475) a proibição não alcança artigos e livros de doutrina (RT 634/300), ou a exposição de quadros sinóticos; nem a leitura de jornal sobre a violência em geral (RT 642/287, 645/281) a defesa em plenário deve ser efetiva; se o juiz entender que o réu está indefeso, poderá dissolver o conselho, nomeando outro defensor e marcando novo dia para julgamento (art. 497, V) (RT 637/252, 590/388) terminados os debates, o juiz indaga os jurados sobre eventuais dúvidas, esclarecendo-as (art. 478) em seguida o juiz terminará a elaboração dos quesitos, caso não tenha concluído sua redação durante os debates; lerá os quesitos aos presentes, explicando seu significado (art. 479) passa-se depois para a sala secreta, onde se procederá à votação dos quesitos, assegurado o sigilo do voto ficam na sala secreta o juiz, os jurados, os acusadores, os defensores, o escrivão e 2 oficiais de justiça; acusação e defesa não mais podem manifestar-se, salvo para apresentar alguma reclamação, que será registrada na ata; em regra, na sala secreta, o juiz explica novamente o significado dos quesitos ao ler e explicar os quesitos, o juiz deve evitar a todo custo que os jurados sejam influenciados por tais esclarecimentos; as dúvidas devem ser solucionadas com a consulta aos autos (art. 476) e brevíssimas explicações são absolutamente inconvenientes e perigosas as exemplificações; também não convém que o juiz indique qual a pena que aplicará, se reconhecida esta ou aquela tese, sob pena de causar a nulidade do julgamento (acórdão in Justitia 154/183) conforme a votação dada aos quesitos, os jurados estarão condenando ou absolvendo o réu; surgindo contradição nas respostas, o juiz procederá a nova votação; a sentença será elaborada pelo juiz-presidente de acordo com a votação dos jurados os jurados, pela votação, decidem sobre o crime e sobre a autoria; o juiz togado decide sobre a fixação da pena elaborada a sentença, voltam todos para o plenário e ali dá-se a publicação da mesma, as portas abertas se o Júri tiver desclassificado a infração para outra de competência do juiz togado, proferirá ele também, em seguida, a sentença (art. 492, § 2°) o escrivão lavrará a ata do julgamento, assinada pelo juiz e pelas partes havendo tempo e disposição, podem ser feitos ainda outros julgamentos no mesmo dia, ou seja, na mesma sessão, e pelo mesmo conselho, se as partes aceitarem, prestando-se, de cada vez, novo compromisso (art. 463).

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- quesitos: o juiz elabora os quesitos com base no libelo e nas teses da acusação e da defesa, dentro das hipóteses legais; as principais causas de nulidade dos quesitos são a falta de clareza, a contradição entre os quesitos, ou a formulação dos quesitos em ordem diversa da estabelecida no artigo 484 e outros dispositivos legais; caracterizam a falta de clareza e pergunta confusa, a pergunta formulada de modo negativo, ou a colocação de duas perguntas num quesito só; é defeituoso o quesito negativo (o réu não quis o resultado?), pois geralmente não se entende depois a resposta (RT 685/303).

- desaforamento: o julgamento do Júri pode ser transferido para outra comarca próxima, mediante desaforamento; o que se transfere é apenas o julgamento em plenário (2ª fase-B) e não o processo; justificam o desaforamento a ordem pública, a dúvida sobre a imparcialidade dos jurados, a segurança do réu (art. 424), ou a demora do julgamento, por mais de 21 ano após o recebimento do libelo (art. 424, § único); o desaforamento deve ser requerido ao tribunal competente para a apelação, por qualquer das partes, após a pronúncia; o juiz também pode representar ao tribunal nesse sentido, salvo no caso do artigo 424 § único (demora no julgamento).

=============================instalação da sessão com 15 jurados no mínimo

anúncio do processo e pregão

réu diz se tem advogado

testemunhas são recolhidas

advertência aos jurados sobre impedimentos

sorteio e compromisso de 7 jurados

interrogatório

relatório e leitura de peças

testemunhas de acusação

testemunhas de defesa

debates

réplica (acusação) – tréplica (defesa)

consulta aos jurados sobre dúvidas

formulação dos quesitos

sala secreta

votação dos quesitos

sentença

volta à sala pública proclamação da sentença

=============================

SENTENÇA

CONCEITO: é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa.

CLASSIFICAÇÃO DAS DECISÕES, OU SENTENÇAS EM SENTIDO AMPLO:

- interlocutórias simples – são as que dirimem questões emergentes relativas à regularidade ou marcha do processo, exigindo um pronunciamento decisório sem penetrar no mérito da causa - ex.: recebimento da denúncia ou queixa; decretação da prisão preventiva; concessão de fiança etc. - em regra essas decisões não comportam recursos, salvo disposição expressa em contrário (como a do art. 581), mas são normalmente atacáveis por outros remédios, como o HC, o mandado de segurança e a correição parcial; distinguem-se elas dos meros “despachos”, referem-se à movimentação material do processo (ex.: designação de audiência, juntada de documentos, vista dos autos às partes etc.), e que também podem ser atacados por via de correição parcial quando tumultuarem o andamento do feito, como pode ocorrer, por exemplo, quando se inverte a produção da prova testemunhal.

- interlocutórias mistas (ou decisões com força definitiva) – são as que encerram ou uma etapa do procedimento (são chamadas de não terminativas - ex.: pronúncia, que encerra a instrução perante o juiz, remetendo os autos ao Tribunal do Júri) ou a própria relação processual (são chamadas de terminativas -

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ex.: nos casos de rejeição de denúncia, de decisão pela ilegitimidade de parte), sem o julgamento do mérito da causa;

- definitivas (ou sentenças em sentido próprio) – são as que solucionam, a lide, julgando mérito da causa.

- condenatórias – quando acolhem, ao menos em parte, a pretensão punitiva.

- absolutórias – quando não dão acolhida ao pedido de condenação.- próprias – não acolhem a pretensão punitiva, liberando o acusado de qualquer sanção.- impróprias – não acolhem a pretensão punitiva, mas reconhecem a prática da infração penal e infligem ao réu medida de segurança.

- terminativas de mérito (ou definitivas em sentido estrito) – se julga o mérito, se define o juízo, mas não se condena nem absolve o acusado (ex.: declaração da extinção da punibilidade).

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ sentença suicida – há uma contradição entre a parte dispositiva e a fundamentação, e que são nulas ou podem ser corrigidas por embargos de declaração.

- sentença vazia – decisões definitivas passíveis de anulação por falta de fundamentação.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REQUISITOS FORMAIS DA SENTENÇA:

- relatório (ou exposição, ou histórico) – é um resumo do processo - art. 381, I e II, CPP.- fundamentação (ou motivação) – é uma análise dos fatos e do direito - art. 381, III, CPP. - dispositivo (ou decisão final, ou conclusão) – o juiz julga o acusado em decorrência do raciocínio lógico desenvolvido durante a motivação em que “dispõe” no processo - art. 381, IV e V.

- a sentença deve ser completa, ou seja, deve o juiz examinar toda a matéria articulada pela acusação e pela defesa.- é nula a sentença que deixa de considerar todos os fatos articulados na denúncia contra o réu, pois, nesse caso não haverá, a rigor, sentença com relação ao fato ou fatos não apreciados no decisório, com a conseqüente supressão de um grau de jurisdição na hipótese de recurso (sentença citra-petita).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DE SENTENÇA DE 1° GRAU: cabíveis quando na sentença houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão; o prazo é de 2 dias.

EFEITOS:

- esgotamento do poder jurisdicional do magistrado que a prolatou.; não pode mais praticar ato jurisdicional, a não ser a correção de erros materiais (art. 382), e, evidentemente, lhe está proibido de anular a própria sentença.- saída do juiz da relação processual pois, se transita ela em julgado, a relação se extingue.

RECLASSIFICAÇÃO DO DELITO:

- “emendatio libelli” (erro da denúncia ou queixa na classificação do delito - art. 383) – o juiz faz a correção independentemente de qualquer diligência (mesmo aplicando pena mais grave).

- “mutatio libelli-I” (surgimento de circunstância elementar nova pena igual ou menor - art. 384, caput) – o juiz baixa o processo para a defesa falar.

- “mutatio libelli-II” (surgimento de circunstância elementar nova pena mais grave - art. 384, § único) – o juiz baixa o processo para aditamento da denúncia ou queixa subsidiária, e para conseqüente defesa.

NULIDADES

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TEORIA GERAL

CONCEITO: é uma sanção existente com o objetivo de compelir o juiz e as partes a observarem a matriz legal.

ESPÉCIES:

- inexistência – ocorre quando tamanha é a desconformidade do ato com o modelo legal que ele é considerado um não-ato; ausente estará um elemento que o direito considera essencial para que o ato tenha validade no mundo jurídico; não se opera, em relação ao ato inexistente, a preclusão e, por nada ser, não pode ser convalidado - ex.: sentença proferida por quem não é juiz ou por juiz que já não tem jurisdição no momento da prática do ato, ou ainda, a aparente sentença em que não há dispositivo.

- nulidade absoluta – dá se quando constatada a atipicidade do ato em relação a norma ou princípio processual de índole constitucional ou norma infraconstitucional garantidora de interesse público; apesar de constituir vício grave, depende de ato judicial que a reconheça, uma vez que os atos processuais mostram-se eficazes até que outros os desfaçam; não exige a argüição em momento certo e determinado para que tenha lugar o reconhecimento de sua existência, podendo, inclusive, ser decretada de ofício pelo juiz - ex.: sentença proferida pelo juiz penal comum, quando a competência era da justiça militar.

- nulidade relativa – ocorre na hipótese de violação de exigência imposta no interesse das partes por norma infraconstitucional; depende de ato judicial que a reconheça, uma vez que os atos processuais mostram-se eficazes até que outros os desfaçam; para que seja reconhecida, o interessado deve comprovar a ocorrência de prejuízo e argüi-la no momento oportuno, sob pena de convalidação; em regra, não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz - ex.; ausência de intimação da defesa acerca da expedição de carta precatória para colheita de testemunho.

- irregularidade – é o vício consistente na inobservância de regramento legal (infraconstitucional), que não acarreta qualquer prejuízo ao processo ou às partes - ex.: ausência de leitura do libelo no julgamento do júri ou a falta de compromisso da testemunha antes do depoimento.

PRINCÍPIOS INFORMADORES DO SISTEMA DAS NULIDADES

- princípio da instrumentalidade das formas – não haverá nulidade se o ato, ainda que praticado de forma diversa daquela prevista em lei, atingir sua finalidade.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Art. 566 – Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.

Art. 572 - As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- princípio do prejuízo – não basta a imperfeição do ato, pois para haver nulidade é mister que haja efeitos prejudiciais ao processo ou às partes.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Art. 563 - Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- princípio da causalidade (ou conseqüencialidade) – a invalidade de um ato implica nulidade daqueles que dele dependam ou sejam conseqüência.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Art. 573 - Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados.

§ 1º - A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- princípio da conservação dos atos processuais – consubstancia-se na não-contaminação dos atos que não dependam do ato viciado, por motivos de economia processual.

- princípio do interesse – consiste na impossibilidade de a parte invocar em seu favor o reconhecimento de nulidade a que deu causa ou para a qual tenha concorrido, ou se refere a formalidade cuja observância só a parte adversa interesse; refere-se às nulidades relativas, porquanto as absolutas podem ser reconhecidas de ofício.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Art. 565 - Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO – consubstanciado na possibilidade de o ato imperfeito não ser declarado inválido, caso sobrevenha evento em que a lei atribua caráter sanatório; aplica-se, em regra,

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somente às nulidades relativas, já que as absolutas não estão sujeitas, salvo algumas hipóteses, a convalidação.

- a preclusão temporal da faculdade de alegar a nulidade relativa enseja a convalidação do ato viciado, de modo que, se a eiva não for alegada oportunamente, considerar-se-á sanada. O Código elenca, em seu artigo 571, a oportunidade processual em que devem ser argüidas as nulidades, sob pena de convalescimento:

- as da instrução criminal dos processos da competência do júri, na fase do artigo 406 (alegações finais);- as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos processos especiais na fase do artigo 500 (alegações finais);- as do processo sumário, no prazo da defesa prévia, ou, se ocorridas após esse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;- as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes;- as ocorridas após a sentença, nas razões de recurso (em preliminar), ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;- as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.

- a preclusão lógica, que se opera em razão da prática de conduta incompatível com o desejo de ver reconhecido o ato como nulo, também pode ensejar a convalidação (art. 572, III).

- outras causas de convalidação previstas no Código:

- as omissões da denúncia ou da queixa, da representação e do ato de prisão em flagrante poderão ser supridas a todo tempo, antes da sentença final (art. 569).- o comparecimento do interessado, ainda que com a finalidade exclusiva de argüir a nulidade da citação, notificação ou intimação, substituirá o ato de comunicação, afastando a irregularidade; deve o juiz, no entanto, ordenar a suspensão ou adiamento do ato se verificar que a irregularidade pode prejudicar direito da parte.

- além dessas hipóteses, ocorre a convalidação das nulidades como fenômeno da coisa julgada, salvo se se tratar de nulidade absoluta que aproveite à defesa, caso em que será possível a desconstituição do julgado.

NULIDADES EM ESPÉCIE:-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Art. 564 - A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- incompetência do juiz – pode se dar em razão de defeito de hierarquia (juízo de 1° grau ou competência originária dos tribunais), de foro (territorial) ou em razão da matéria (juízos especializados); a competência territorial induz à nulidade relativa (prevalece o interesse das partes, devendo ser argüida em momento oportuno, ou seja, no prazo da defesa prévia, por via da competente exceção, sob pena de convalidação da eiva e prorrogação da competência; em regra, não podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz; anulará somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente), as demais à nulidade absoluta (é possível de reconhecimento a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo juiz, e insusceptível de convalidação).

- suspeição do juiz – juiz impedido.

- suborno do juiz – abrange a concussão, a corrupção e a prevaricação.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

II - por ilegitimidade de parte;------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ilegitimidade “ad causam” – constitui nulidade absoluta - ex.: oferecimento de denúncia pelo MP em caso de crime de ação penal privada (ilegitimidade ativa) ou propositura de ação penal contra menor de 18 anos (ilegitimidade passiva).

- ilegitimidade “ad processum” – constitui nulidade relativa, pois poderá ser a todo tempo sanada, desde que antes de esgotado o prazo decadencial, mediante ratificação dos atos processuais - ex.: vítima menor de 18 anos que ajuíza ação sem estar representada (falta de capacidade postulatória).------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

III - por falta das fórmulas (requisito essencial – ex.: descrição do fato criminoso e a identificação do acusado) ou dos termos (peças) seguintes:

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a) a denúncia ou a queixa e a representação (condição de procedibilidade) – acarretam a nulidade absoluta do processo.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- constituem meras irregularidades da peça inicial, sanáveis até a sentença: erro do endereçamento; erro na capitulação jurídica; ausência de pedido de citação; ausência de indicação do rito a ser observado; falta de assinatura do promotor de justiça; erro na qualificação, desde que possível sua identificação física.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

b) o exame do corpo de delito, direto ou indireto, nos crimes que deixam vestígios, se essa falta não for suprida pelo depoimento de testemunhas – acarreta a nulidade absoluta.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- há nulidade sempre que, presentes os vestígios do crime, não se procede ao exame de corpo de delito; mas se eles desapareceram, não haverá necessidade – ex.: um homem assassinado e sepultado, não pode vingar o processo sem que se faça a exumação e a competente necropsia, mas se no homicídio o corpo precipitou-se no oceano, não tendo sido encontrado, a prova testemunhal supre aquela perícia.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos – acarreta a nulidade absoluta.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Súmula 352 do STF: “não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve assistência de defensor dativo”.

- Súmula 523 do STF: “no processo penal, a falta de defensor constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

d) a intervenção do MP em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública – acarreta a nulidade relativa.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- recusando o promotor de justiça a intervir no feito, os autos devem ser encaminhados ao Procurador-Geral da Justiça.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa – acarreta a nulidade absoluta.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- o comparecimento espontâneo do acusado a juízo substitui o ato citatório, de modo que não haverá invalidação.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri – acarreta a nulidade absoluta.

g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- o julgamento pelo júri só poderá ser realizado sem a presença física do acusado na hipótese de crime afiançável e desde que o réu tenha sido intimado da data do julgamento; em se tratando de crime inafiançável, não haverá julgamento sem a sua presença; a falta de intimação sempre implicará nulidade absoluta.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei – constitui nulidade relativa, que deve ser argüida logo após anunciado o julgamento e apregoadas as partes, sob pena de preclusão.

i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri – acarreta a nulidade absoluta.

j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade – acarreta a nulidade absoluta.

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k) os quesitos e as respectivas respostas – acarreta a nulidade absoluta.

l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento – acarreta a nulidade absoluta.

m) a sentença (ou qualquer de seus requisitos essenciais) – acarreta a nulidade absoluta.

n) o recurso de oficio (deveria chamar-se “revisão obrigatória”, já que o juiz não detém capacidade

postulatória, ou seja, não pode recorrer), nos casos em que a lei o tenha estabelecido – a ausência de remessa à instância superior não acarreta qualquer nulidade, apenas impede que a decisão transite em julgado (Súmula 423 do STF).

o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso – causa prejuízo às partes, que ficam privadas do direito de recorrer; não

haverá nulidade da sentença ou decisão, mas, tão-somente, dos atos que dela decorrem, sendo esta absoluta.

p) nos Tribunais, o quorum legal para o julgamento (número mínimo de juízes, desembargadores ou ministros) – acarreta a nulidade absoluta.

IV - por omissão de formalidade (correto seria “requisito”) que constitua elemento essencial (deveria suprimir

a expressão “essencial”).

§ único - Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas – acarreta a nulidade absoluta.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

SÚMULAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:

155 – é relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha.

156 – é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório.

160 – é nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no recurso de acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

162 – é absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes.

206 – é nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.

351 – é nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.

352 – não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve a assistência de defensor dativo.

361 – no processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão.

366 – não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

523 – no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

564 – a ausência de fundamentação do despacho de recebimento de denúncia por crime falimentar enseja nulidade processual, salvo se já houver sentença condenatória.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

RECURSOS

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TEORIA GERAL

CONCEITO: é o meio processual voluntário ou obrigatório de impugnação de uma decisão, utilizado antes da preclusão, apto a propiciar um resultado mais vantajoso na mesma relação jurídica processual, decorrente de reforma, invalidação, esclarecimento ou confirmação; é o pedido de reexame e reforma de uma decisão judicial.

RAZÕES: a falibilidade humana e o inconformismo natural daquele que é vencido e deseja submeter o caso ao conhecimento de outro órgão jurisdicional; ele instrumentaliza o princípio do “duplo grau de jurisdição”.

FINALIDADE: o reexame de uma decisão por órgão jurisdicional de superior instância (apelação, RESE etc.) ou pelo mesmo órgão que a prolatou (embargos de declaração, protesto por novo júri, RESE no juízo de retratação etc.).

CLASSIFICAÇÃO:

- quanto à fonte:- constitucionais – são aqueles previstos no próprio texto da CF (ex.: HC, recurso especial, recurso extraordinário etc.).- legais – são aqueles previstos no CPP (ex.: apelação, RESE, protesto por novo júri, embargos de declaração, infringentes ou de nulidade, revisão criminal, carta testemunhável etc.) ou em leis especiais (ex.: agravo em execução etc.).- regimentais – são aqueles previstos no regimento interno dos tribunais (ex.: agravo regimental).

- quanto à iniciativa:- voluntários – são aqueles em que a interposição do recurso fica a critério exclusivo da parte que se sente prejudicada pela decisão do juiz; é a regra no processo penal.- necessários (ou “de ofício” ou anômalos) – em determinadas hipóteses, o legislador estabelece que o juiz deve recorrer de sua própria decisão, sem a necessidade de ter havido impugnação por qualquer das partes; se não for interposto à decisão não transitará em julgado (ex.: da sentença que concede HC; da sentença que absolve sumariamente o réu; da decisão que arquiva IP ou da sentença que absolve o réu acusado de crime contra a economia popular ou contra a saúde pública).

- quanto aos motivos:- ordinários – são aqueles que não exigem qualquer requisito específico para a interposição, bastando, pois, o mero inconformismo da parte que se julga lesada pela decisão (ex.: apelação, RESE etc.).- extraordinários – são aqueles que exigem requisitos específicos para a interposição - ex.: recurso extraordinário (que a matéria seja constitucional), recurso especial (que tenha sido negada vigência a lei federal), protesto por novo júri (condenação a pena igual ou superior a 20 anos) etc.

PRESSUPOSTOS:

- objetivos:- previsão legal (ou cabimento).- observância das formalidades legais – a apelação, o RESE e o protesto por novo júri devem ser interpostos por petição ou por termo; o recurso extraordinário, o recurso especial, os embargos infringentes, os embargos de declaração, a carta testemunhável, o HC e a correição parcial só podem ser interpostos por petição; outra formalidade que deve ser observada é o recolhimento do réu à prisão, quando a decisão assim o determinar. - tempestividade – deve ser interposto dentro do prazo previsto na lei; não se computa no prazo o dia do começo, mas inclui-se o do término; os prazos são peremptórios e a perda implica o não-recebimento do recurso; prazos: 15 dias (recurso extraordinário e especial), 10 dias (embargos infringentes e de nulidade), 05 dias (apelação, RESE, protesto por novo júri, correição parcial), 02 dias (embargos de declaração), 48 horas (carta testemunhável), não há prazo (revisão criminal, HC); os defensores públicos ou quem exerça suas funções o prazo é o dobro.

- subjetivos:

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- legitimidade – o MP, o querelante, o réu/querelado, seu defensor ou procurador, o assistente de acusação e o curador do réu menor de 21 anos, mas há algumas hipóteses especiais.- interesse do recorrente – interesse na reforma ou modificação da decisão; está ligado à idéia de sucumbência e prejuízo, ou seja, daquele que não obteve com a decisão judicial tudo aquilo que pretendia.

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE (OU JUÍZO DE PRELIBAÇÃO): os recursos, em regra, são interpostos perante o juízo de 1ª instância (prolatou a decisão), este deverá verificar apenas a presença dos pressupostos recursais (juízo de admissibilidade pelo juiz “a quo”); se entender presentes todos os pressupostos, o juiz recebe o recurso, manda processá-lo e, ao final, remete-o ao tribunal; estando ausentes algum dos pressupostos, o juiz não recebe o recurso; o tribunal (juiz “ad quem”), antes de julgar o mérito do recurso, deve também analisar se estão presentes os pressupostos recursais (novo juízo de admissibilidade); estando ausentes qualquer dos pressupostos não conhecerá o recurso, mas se estiverem todos eles presentes, conhecerá deste e julgará o mérito, dando ou negando provimento ao recurso (juízo de delibação).

EXTINÇÃO NORMAL DOS RECURSOS: dá-se com o julgamento do mérito pelo tribunal “ad quem”.

EXTINÇÃO ANORMAL DOS RECURSOS:

- desistência – ocorre quando, após a interposição e o recebimento do recurso pelo juízo “a quo”, o autor do recurso desiste formalmente do seu prosseguimento; o MP não pode desistir.- deserção – ocorre quando o réu foge da prisão depois de haver apelado.- falta de preparo – não-pagamento das despesas referentes ao recurso.

EFEITOS DOS RECURSOS:

- devolutivo – a interposição reabre a possibilidade de análise da questão combatida no recurso, através de um novo julgamento.- suspensivo – a interposição impede a eficácia (aplicabilidade) da decisão recorrida; a regra no processo penal é a não-existência deste efeito, sendo assim, um recurso terá tal efeito quando a lei expressamente o declarar.- regressivo – a interposição faz com que o próprio juiz prolator da decisão tenha de reapreciar a matéria, mantendo-o ou reformando-a, total ou parcialmente; poucos possuem este efeito, como o RESE.- extensivo – havendo dois ou mais réus, com idêntica situação processual e fática, se apenas um deles recorrer e obtiver qualquer benefício, será o mesmo estendido aos demais que não recorreram.

“REFORMATIO IN PEJUS” (pior): havendo recurso apenas por parte da defesa, o tribunal não pode proferir decisão que torne mais gravosa sua situação, ainda que haja erro evidente na sentença, como, por ex., pena fixada abaixo do mínimo legal; exceção: havendo anulação de julgamento do júri, no novo plenário os jurados poderão reconhecer crime mais grave.

“REFORMATIO IN MELLIUS” (melhor): havendo recurso apenas por parte da acusação, o tribunal pode proferir decisão mais benéfica em relação àquela constante da sentença – ex.: réu condenado à pena de 1 ano de reclusão; MP apela visando aumentar a pena; o tribunal pode absolver o acusado por entender que não existem provas suficientes.

DOS RECURSOS EM ESPÉCIE

- RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

- objeto: em regra, é cabível contra decisões interlocutórias; em determinados casos, é cabível contra decisões definitivas, com força de definitivas e terminativas.

- hipóteses de cabimento:------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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Art. 581 - Caberá recurso, no sentido estrito (da decisão, despacho ou sentença):I – da decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa (quando recebe, cabe HC; quando não receber em crime de imprensa, cabe apelação; quando não recebe em infração de competência do JEC será cabível apelação para a Turma Recursal; quando não recebe em crimes de competência originária dos tribunais, cabe agravo regimental).II – da decisão que concluir pela incompetência do juízo (julgador reconhece espontaneamente sua incompetência para julgar o feito, sem que tenha havido oposição de exceção pelas partes - inc. III);III – da decisão que julgar procedentes as exceções (de coisa julgada, de ilegitimidade de parte, de litispendência e de incompetência), salvo a de suspeição (quando rejeita, é irrecorrível, podendo ser objeto de HC ou alegada em preliminar de apelação);IV – da decisão que pronunciar ou impronunciar o réu;V – da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante (a decisão que decreta a prisão preventiva, a que indefere pedido de relaxamento do flagrante e a que não concede a liberdade provisória, são irrecorríveis, podendo ser objeto de impugnação por via do HC);VI – da sentença que absolver sumariamente o réu (art. 411 - quando se convencer da existência de circunstância que exclua o crime ou isente de pena o réu - arts. 17, 18, 19, 22 e 24, § 1º, do CP; recorrendo, de ofício, da sua decisão);VII – da decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;VIII – da decisão que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;IX – da decisão que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;X – da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;XIII – da decisão que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;XIV – da decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;XV – da decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta;XVI – da decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;XVII – da decisão que decidir sobre a unificação de penas;XVIII – da decisão que decidir o incidente de falsidade;

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- prazo para interposição: 5 dias, a contar da intimação da decisão; em relação à decisão que impronuncia o acusado, a interposição de recurso pelo ofendido ou seus sucessores, ainda que não habilitados como assistentes, dar-se-á no prazo de 15 dias, a partir da data do trânsito em julgado da decisão para o MP; por sua vez, é de 20 dias o prazo para interposição do recurso contra a decisão que incluir jurado na lista geral ou desta excluir.

- procedimento: interposição perante o juízo prolator através de petição ou termo o cartório criminal junta no processo vai para o juízo prolator da decisão (1ª instância) verificar se estão presentes os pressupostos recursais (juízo de admissibilidade pelo juiz “a quo”), estando presentes deverá recebê-lo, caso contrário não caso receber, deve abrir vista ao recorrente para oferecer, em 2 dias, suas razões e, em seguida, à parte contrária, por igual prazo, para oferecer contra-razões / caso não receber, contra essa decisão o recorrente pode interpor carta testemunhável juízo de retratação (mantêm a decisão ou reforma a decisão) mantida a decisão ou reformada parcialmente, ele é remetido ao Tribunal competente para julgamento / caso a decisão for reformada no total, a parte contrária poderá, por simples petição, dela recorrer, desde que cabível a interposição do recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la juízo de admissibilidade pelo tribunal “ad quem” julga o mérito do recurso, dando ou negando provimento ao recurso (juízo de delibação).

- efeitos: devolutivo (devolução do julgamento da matéria ao 2° grau de jurisdição) e regressivo (possibilidade de o próprio juiz reapreciar a decisão recorrida - juízo de retratação).

- APELAÇÃO

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- finalidade: levar à 2ª instância o julgamento da matéria decidida pelo juiz de 1° grau, em regra, em sentenças definitivas ou com força de definitivas.

- características:

- é recurso amplo – porque pode devolver ao tribunal o julgamento pleno da matéria objeto da decisão;- é instrumento residual – interponível somente nos casos em que não houver previsão expressa de cabimento de RESE.- é recurso preferível – cabível a apelação, não poderá ser interposto RESE contra parte da decisão;- é plena (recurso dirigi-se contra a decisão em sua totalidade) ou parcial (recurso visa impugnar somente parte da decisão) – tem aplicação o princípio do “tantum devolutum quantum appellatum”, segundo o qual só poderá ser objeto de julgamento pelo tribunal a matéria que lhe foi entregue pelo recurso da parte;- é principal (quando interposta pelo MP) e subsidiária ou supletiva (quando, esgotado o prazo recursal para o MP, o ofendido, habilitado ou não como assistente, interpuser o recurso);

- é ordinária ou sumária, de acordo com o procedimento a ser observado em 2ª instância.

- hipóteses de cabimento nas decisões do juiz singular (art. 593, CPP):---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular, desde que não cabível o RESE.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- hipóteses de cabimento nas decisões do tribunal do júri (art. 593, CPP):---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------I – quando ocorrer nulidade posterior à pronúncia;II – quando a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;III – quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;IV – quando for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- prazo para interposição: 5 dias, a contar da intimação da sentença (cientificar réu e defensor); no caso de intimação ficta (60 dias, nas hipóteses de pena inferior a 1 ano, e 90 dias, se a pena for superior a 1 ano); conta-se o prazo da data da audiência ou sessão em que foi proferida a sentença, se a parte esteve presente em tal ato; o prazo para o assistente habilitado recorrer supletivamente é, também, de 5 dias; o ofendido ou sucessor não habilitado terão o prazo de 15 dias, contados da data em que se encerrou o prazo para o MP; nos processos de competência do Juizado Especial Criminal (rito sumaríssimo) é de 10 dias, devendo ser interposta por petição e acompanhada das razões de inconformismo.

- procedimento: interposição - 5 dias o cartório criminal junta no processo vai para o juízo prolator da decisão (1ª instância) verificar se estão presentes os pressupostos recursais (juízo de admissibilidade pelo juiz “a quo”), estando presentes deverá recebê-lo, caso contrário não caso receber, deve abrir vista ao recorrente para oferecer, em 8 dias (3 dias nas contravenções penais), suas razões e, em seguida, à parte contrária, por igual prazo, para oferecer contra-razões / caso não receber, contra essa decisão o recorrente pode interpor RESE) / havendo assistente, manifestar-se-á, em 3 dias, após o MP; no caso de ação penal privada, o MP apresentará suas contra-razões em 3 dias, sempre após o querelante; na hipótese de apelação simultânea, por parte do MP e do réu, será o feito arrazoado pelo primeiro e depois aberto o prazo em dobro para o acusado, que apresentará contra-razões e razões, após o que retornarão os autos ao órgão ministerial, para responder o recurso da parte contrária; é facultada ao apelante a apresentação das razões recursais em 2ª instância, desde que assim requeira na oportunidade da interposição; a lei não proíbe que o MP arrazoe a apelação na superior instância (o promotor deverá obter prévia autorização do Procurador-Geral de Justiça, uma vez que, nesse caso, o oferecimento das razões incumbirá ao chefe da instituição / a apresentação das razões e das contra-razões são facultativas (MP – mostra se inaplicável o preceito, uma vez que não pode desistir do recurso e a ausência de sua intervenção em todos os termos da ação pública constitui nulidade; defesa – em atenção ao princípio da ampla defesa, deve o acusado necessariamente apresentar as razões ou contra-razões; se não apresentar no prazo legal, é intimada a parte para que constitua novo advogado - 10 dias, caso não constituir será nomeado um advogado dativo para fazê-la); o simples atraso na apresentação das razões e das contra-razões constitui mera

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irregularidade remessa dos autos ao tribunal competente para julgamento juízo de admissibilidade pelo tribunal “ad quem” julga o mérito do recurso, dando ou negando provimento ao recurso (juízo de delibação).

- efeitos: devolutivo (devolução do julgamento da matéria ao 2° grau de jurisdição).

- EMBARGOS INFRINGENTES (matéria de mérito) E DE NULIDADE (matéria processual)

- conceito: são recursos exclusivos da defesa e oponíveis contra a decisão (em apelação e RESE) não unânime de órgão de 2ª instância que causar algum gravame ao acusado (desfavorável ao réu).

- prazo para oposição: 10 dias, da publicação no DOE.

- procedimento: oposição - 10 dias (petição acompanhada pelas razões e dirigida ao relator do acórdão embargado) presentes os pressupostos legais, o relator, determinará o processamento será definido novo relator e revisor que não tenham tomado parte da decisão embargada para impugnação dos embargos, a secretaria do tribunal abrirá vista dos autos ao querelante e ao assistente, se houver manifestação do Procurador-Geral da Justiça autos vão conclusos ao relator, que apresentará relatório e o passará ao revisor julgamento (votarão o novo relator e o revisor, bem como os outros integrantes da câmara - 3, em regra, que haviam tomado parte no julgamento anterior, os quais poderão manter ou modificar seus votos) nova decisão (ainda que não unânime, não será cabível novos embargos infringentes).

- PROTESTO POR NOVO JÚRI

- características:

- é recurso exclusivo da defesa;- não há necessidade de apontar-se erro ou injustiça, na decisão impugnada, mostrando-se, portanto, desnecessária a fundamentação;- é dirigido ao juiz-presidente do Tribunal do Júri;- pode ser utilizado uma única vez;- os jurados que serviram no primeiro julgamento não poderão participar do segundo;- pressupostos:

- aplicada pena de reclusão igual ou superior a 20 anos referente a um único crime;- a pena tiver sido fixada em 1ª instância.

- prazo para interposição: 5 dias.

- procedimento: interposição - 5 dias (por termo nos autos ou por petição), mostrando-se desnecessárias as razões o juiz-presidente analisará os pressupostos recursais e proferirá decisão sobre a admissibilidade do recurso decidindo pela admissibilidade, designará data para o novo julgamento (se for negado, será cabível a carta testemunhável).

- REVISÃO CRIMINAL

- conceito: é instrumento processual exclusivo da defesa que visa rescindir uma sentença penal condenatória transitada em julgado.

- natureza jurídica: apesar do CPP haver tratado da revisão criminal no título destinado ao regramento dos recursos, prevalece o entendimento segundo o qual tem ela a natureza de ação penal de conhecimento de caráter desconstitutivo; ela é ação contra sentença, pois desencadeia nova relação jurídica processual.

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- prazo para interposição: não há prazo.

- legitimidade: próprio réu ou por procurador legalmente habilitado, bem como, no caso de falecimento do acusado, por cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

- pressupostos e oportunidade: deverá obedecer às condições de exercício das ações em geral (legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido); pressupõe a existência de sentença condenatória ou absolutória imprópria transitada em julgado.

- hipóteses de cabimento (art. 621, CPP): ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------I – quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;II – quando a sentença condenatória fundar-se em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;III – quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstâncias que determine ou autorize diminuição da pena.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- procedimento: interessado dirigirá requerimento ao presidente do tribunal competente o pedido será distribuído a um relator que não tenha proferido decisão em qualquer fase do processo o relator poderá indeferir liminarmente o pedido, se o julgar insuficientemente instruído e entender inconveniente para o interesse da justiça o apensamento aos autos principais, cabendo recurso nos termos do que preceituar o regimento interno não havendo indeferimento liminar, os autos irão ao órgão de 2ª instância do MP, que oferecerá parecer em 10 dias os autos retornarão ao relator, que apresentará relatório em 10 dias e, após, ao revisor, que terá prazo idêntico para análise; pedirá, por fim, designação de data para julgamento a decisão será tomada pelo órgão competente.

- efeitos: se julgada procedente, poderá acarretar a alteração da classificação da infração, a absolvição do réu, a modificação da pena (redução) ou a anulação do processo; se julgada improcedente, só poderá ser repetida se fundada em novos motivos.

- CARTA TESTEMUNHÁVEL

- conceito: é instrumento a ser utilizado pelo interessado para que a instância superior conheça e examine recurso interposto contra determinada decisão.

- natureza jurídica: apesar do CPP haver tratado da revisão criminal no título destinado ao regramento dos recurso, prevalece o entendimento segundo o qual é mero remédio ou instrumento para conhecimento de outro recurso.

- hipóteses de cabimento (art. 639, CPP):---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- da decisão que não receber o recurso na fase do juízo de admissibilidade;- da decisão que admitido o recurso, obstar à sua expedição e seguimento ao juízo “ad quem”.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- prazo para interposição: 48 horas.

- processamento: interposição mediante petição dirigida ao escrivão, devendo indicar quais as peças que serão extraídas dos autos, para formação da carta extraída e autuada a carta, seguirá, em 1° grau, o rito do RESE, abrindo-se conclusão ao juiz para decisão de manutenção ou retratação (efeito regressivo) no tribunal, a carta ganhará o procedimento do recurso denegado.

- efeitos: não tem efeito suspensivo; se for provido o pedido inserto na carta, o tribunal receberá o recurso denegado pelo juiz, ou determinará o seguimento do recurso já recebido.

- CORREIÇÃO PARCIAL

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- conceito: é instrumento de impugnação de decisões que importem em inversão tumultuária de atos do processo e em relação às quais não haja previsão de recurso específico.

- natureza jurídica: há divergência, para alguns, trata-se de providência administrativo-disciplinar, destinada a provocar a tomada de medidas censórias contra o juiz, que, secundariamente, produz efeitos no processo; outra corrente afirma que, nada obstante originariamente a correição ostentasse caráter disciplinar, não se pode, atualmente, negar-lhe a natureza de recurso, uma vez que tem por finalidade a reforma pelos tribunais de decisão que tenha provocado tumulto processual.

- legitimidade: o acusado, o MP ou o querelante, bem como o assistente de acusação.

- hipóteses de cabimento:---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- quando o juiz não remeter os autos de IP já findo à polícia para a realização das diligências requeridas pelo Promotor de Justiça;- quando o juiz, nada obstante haver promoção de arquivamento lançada no IP, determinar o retorno dos autos à polícia, para prosseguimento das investigações;- de decisão que indeferir a oitiva de testemunha tempestivamente arrolada;- da decisão que, por ocasião do recebimento da denúncia, altera a classificação jurídica da infração etc.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- prazo para interposição: 5 dias.

- processamento: interposição mediante petição dirigida ao tribunal competente e conterá a exposição do fato e do direito, bem assim as razões do pedido de reforma; será instruída com cópia da decisão impugnada, da certidão de intimação do recorrente e das procurações outorgadas aos advogados o relator, a pedido do interessado, poderá conferir efeito suspensivo à correição, bem como requisitar informações ao juiz e, após, determinará a intimação da parte adversa, para que apresente resposta diretamente ao tribunal a correição será julgada, desde que não tenha havido reforma da decisão pelo juiz no juízo de retratação, hipótese em que o recurso restará prejudicado.

- EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

- conceito: é dirigido ao órgão prolator da decisão, quando nela houver ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão; cabível tanto da decisão de 1° grau (embarguinhos), hipótese em que serão dirigidos ao juiz, como de decisões de órgãos colegiados (2° grau), caso em que serão dirigidos ao relator do acórdão.

- natureza jurídica: parte da doutrina afirma, acertadamente, que têm natureza recursal, já que nada mais são do que meio voluntário de pedir a reparação de um gravame decorrente de obscuridade, ambigüidade, omissão ou contradição do julgado; pondera-se, por outro lado, que, uma vez que não possuem caráter infringente (não ensejam a modificação substancial da decisão), pois se destinam a esclarecimentos ou pequenas correções, não constituem recurso, porém meio de integração da sentença ou acórdão.

- hipóteses de cabimento: se a decisão for obscura (quando não clara, ininteligível em maior ou menor grau), ambígua (se uma parte da sentença permitir duas ou mais interpretações, de forma a não se entender qual a intenção do magistrado), omissa (quando o julgador silencia sobre matéria que deveria apreciar) ou contraditória (se alguma das proposições nela insertas não se harmoniza com outra).

- legitimidade: o acusado, o MP ou querelante e o assistente de acusação.

- prazo para oposição: 2 dias, contados da intimação; 05 dias (Juizado Especial Criminal).- processamento: oposição mediante requerimento que indique, fundamentadamente, os pontos em que a decisão necessita de complemento ou esclarecimento, endereçado ao juiz ou relator ao recebê-los, o relator os submeterá à apreciação do órgão que proferiu a decisão, independentemente de manifestação da parte contrária ou do revisor (em 1° grau, também é desnecessária a manifestação da parte contrária) se providos, o tribunal ou o juiz corrigirá ou completará a decisão embargada.

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- efeitos: opostos os embargos, não continuam a correr os prazos para interposição de outros recursos; tratando-se de embargos meramente protelatórios, assim declarados pelo julgador, o prazo para interposição de outro recurso não sofrerá interrupção.

- HABEAS CORPUS

- conceito: é instrumento que se destina a garantir exclusivamente o direito de locomoção (liberdade de ir e vir).

“conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (art. 5°, LXVIII, da CF).

- natureza jurídica: embora tenha sido regulamentado pelo Código como recurso, é uma ação penal popular constitucional voltada à proteção do direito de liberdade de locomoção.

- espécies:

- liberatório (corretivo ou repressivo) – quando se pretende a restituição da liberdade de alguém que já se acha com esse direito violado;- preventivo – quando se pretende evitar que a coação se efetive, desde que haja fundado receio de que se consume.

- legitimidade:

- ativa – pode ser impetrado por qualquer pessoa (que tenha interesse de agir), em seu favor ou de outrem, independentemente de representação de advogado – denominado de impetrante.- passiva – aquele que exerce a violência, coação ou ameaça – denominado de coator (ou autoridade coatora).

- hipóteses de cabimento (art. 648, CPP - enumeração exemplificativa):--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------I – quando não houver justa causa;II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza;VI – quando o processo for manifestamente nulo;VII – quando extinta a punibilidade.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

- competência: exs.: o juiz de 1° grau julgará HC em que figurar como coator um delegado de polícia; o juiz de 2° grau julgará HC em que figurar como coator o juiz de 1° grau ou o promotor de justiça etc.

- processamento em 1ª instância: petição o juiz, após analisar o pedido liminar, determinará, caso entenda necessário e se estiver preso o paciente, que seja ele apresentado seguir-se-á a requisição de informações da autoridade coatora, assinando-se prazo para apresentação após, o juiz poderá determinar a realização de diligências, decidindo em 24 horas.

- efeitos e recursos: se concedida a ordem de HC, determinar-se-á a imediata soltura do paciente, se preso estiver; caso se cuide de pedido preventivo, será expedido salvo-conduto; na hipótese de o pedido voltar-se parar anulação de processo ou trancamento de IP ou processo, será expedida ordem nesse sentido, renovando-se os atos processuais no primeiro caso; quando não há concessão, diz-se que a ordem foi denegada; se se verificar que a violência ou ameaça à liberdade de locomoção já havia cessado por ocasião do julgamento, o pedido será julgado prejudicado; da decisão de 1° grau que conceder ou denegar a ordem de HC cabe RESE; se concedida a ordem, a revisão pela superior instância é obrigatória.

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- processamento no tribunal: petição apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma que estiver reunida ou que primeiro tiver de reunir-se se a petição obedecer aos requisitos legais, o presidente, entendendo necessário, requisitará da autoridade coatora informações por escrito (se ausentes os requisitos legais da petição, o presidente mandará supri-los) pode o presidente entender que é caso de indeferimento liminar do HC, situação em que não determinará o suprimento de eventuais irregularidades e levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito recebidas as informações, ou dispensadas, o HC será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte a decisão será tomada por maioria de votos; havendo empate, caberá ao presidente decidir, desde que não tenha participado da votação; na hipótese contrária, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.

- MANDADO DE SEGURANÇA NA JUSTIÇA CRIMINAL

- considerações gerais: embora seja uma ação constitucional de natureza civil, pode ser utilizado, em determinadas hipóteses, contra ato jurisdicional penal.

“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público” (art. 5°, LXIX, da CF).

- legitimidade:

- ativa – o titular do direito líquido e certo violado ou ameaçado, havendo necessidade de o impetrante fazer representar-se por advogado habilitado; o promotor de justiça é parte legítima para impetrá-lo contra ato jurisdicional, inclusive perante os tribunais.- passiva – autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

- competência: é definida de acordo com a categoria da autoridade coatora, bem assim em razão de sua sede funcional; no caso do MS voltar-se contra decisão judicial, competente será o tribunal incumbido de julgar os recursos relativos à causa; a competência para julgar os MS contra ato jurisdicional do Juizado Especial Criminal é do tribunal de 2ª instância e não da turma recursal.

- prazo para impetração: 120 dias, a contar da cientificação acerca do teor do ato impugnado (exclui o dia inicial); ele é decadencial, insusceptível de interrupção ou suspensão.

- procedimento: impetração, se urgente, por via de telegrama, radiograma, fac-símile etc. o juiz ou relator poderá, ao despachar a inicial, caso haja pedido de liminar, determinar a suspensão do ato, se presentes o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora” a autoridade coatora será notificada para prestar informações no prazo de 10 dias (idêntico prazo será conferido ao litisconsorte necessário, que deverá ser citado, para oferecer contestação) prestadas ou não as informações, os autos irão ao MP, que se manifestará em 5 dias o juiz decidirá no prazo de 5 dias.

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Elaborada por ROBERTO CESCHIN, bacharel em “Ciências Jurídicas e Sociais” pela “Faculdade de Direito da Fundação de Ensino Octávio Bastos - FEOB” e “Administração” pelas “Faculdades Associadas de Ensino - FAE”, ambas situadas na Cidade de São João da Boa Vista-SP, com base na coleção de livros “Sinópses Jurídicas”, da Editora Saraiva.

E-MAIL: [email protected] / [email protected] / [email protected] / [email protected]

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1- Estabeleça a diferença entre ato nulo e ato irregular.R: Ato Nulo: É o ato que produz efeitos enquanto não sofrer a sanção da ineficácia. Não admite sanabilidade. A qualidade de defeito determina o tipo de invalidade, no sentido de que define um regime próprio de decretação. E essa qualidade depende do tipo de exigência legal que foi descumprida. Se a exigência é imposta pela lei em função do interesse público, a situação é de nulidade absoluta. Se a exigência descumprida é imposta pela lei no interesse da parte, há nulidade relativa. No caso de nulidade absoluta não é possível convalidar o ato. Já a nulidade relativa admite convalescimento.Os Atos Irregulares, por sua vez, são infrações superficiais, não chegando a contaminar a forma legal, a ponto de merecer renovação. São convalidados pelo simples prosseguimento do processo, embora devam ser evitados. Ex.: ausência de entrega de cópia de pronúncia aos jurados. Embora seja ato imposto pelo art. 472, parágrafo único, do CPP, é natural que se trate de uma situação não comprometedora da regular instrução, uma vez que os jurados podem ser cientificados da acusação durante a manifestação do promotor e ter noção do alcance da pronúncia durante o julgamento. Enfim, atinge-se o objetivo previsto na norma por outros meios. Irregularidade: quer dizer que o vício é leve, podendo ser esquecido, continuando-se a instrução regularmente, sem refazimento.

2- Qual a diferença entre nulidade absoluta e ato juridicamente inexistente?

R: Nulidades Absolutas - Serão aquelas proclamadas pelo próprio magistrado, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes das partes, porque produtoras de nítidas infrações ao interesse público na produção do devido processo legal. Por exemplo, as violações aos princípios fundamentais do processo penal, tais como o juiz natural, o do contraditório e o da ampla defesa, o da imparcialidade do juiz etc.

Refere-se ao processo penal enquanto função jurisdicional, o que irá contaminar todos os interesses dos litigantes no processo, o que impossibilita qualquer forma de condução deste.

Seguindo a linha de pensamento de Guilherme de Souza Nucci, "... existem atos processuais que, por violarem tão grotescamente a lei, são considerados necessitam de decisão judicial para invalidá-los. Ex.: audiência presidida por promotor de justiça ou por advogado. Como partes que são no processo, não possuindo poder jurisdicional, é ato considerado inexistente. Deve logicamente, ser integralmente revogado."

A grande diferença entre os atos inexistentes e os atos nulos, que estes são muito bem capazes de produzir efeitos se não anulados, assim como implicam em diversas conseqüências processuais, enquanto o outro não produz nenhum tipo de efeito.

3- A inobservância de uma formalidade gera nulidade absoluta ou relativa? Justifique.R: Depende, pois deparamo-nos com a classificação das formalidades, quais sejam: essências e secundarias.A omissão de uma formalidade essencial gera nulidade Absoluta.Já a omissão em uma formalidade secundária, gera nulidade Relativa. Remetemo-nos aos ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci, conceituando as nulidades relativas como sendo “aquelas que somente serão reconhecidas caso arguidas pela parte interessada, demonstrando o prejuízo sofrido pela inobservância da formalidade legal prevista para o ato realizado. Ex. o defensor não foi intimado da expedição de carta precatória para inquirição de testemunha de defesa, cujos esclarecimentos referiam-se apenas a alguns parcos aspectos as conduta social do réu, tendo havido a nomeação de defensor demonstração de prejuízo, mantém-se a validade do ato incapaz de gerar sua renovação, vale dizer embora irregular a colheita do depoimento, sem a presença do defensor constituído, nenhum mal resultou ao acusado, até pelo fato de a testemunha quase nada ter esclarecido”.Porém o legislador nos apresentou uma exceção para o caso em testilha:Art. 564.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:·....IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.

Art. 572.  As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:

        I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;

        II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;

        III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

Frise-se, só admite-se sanabilidade as nulidades relativas, as hipóteses previstas no artigo supracitado perfaz as exceções.

4 - De que modo haverá sanabilidade para as hipóteses do artigo 572 do CPP?R: Art. 564.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:... III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:...d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública;

No caso de ação subsidiária da pública em que, o MP deixa de propor em tempo hábil e, o ofendido “toma seu lugar” e oferece queixa-crime, sanando o vício. Caso o MP ofereça a ação e no curso do processo deixe de praticar atos processuais, é caso de nulidade absoluta.

e) ... (segunda parte) e os prazos concedidos à acusação e à defesa;

Ao longo da instrução, vários prazos para manifestações e produção de provas são concedidos às partes. Deixar de fazê-lo pode implicar um cerceamento de acusação ou de defesa, resultando em nulidade relativa, ou seja, reconhece-se o vício, refazendo o ato somente se houver prejuízo demonstrado. Como decorrência natural da aplicação da garantia constitucional da ampla defesa, sempre que o defensor constituído do acusado renunciar é obrigatória a sua intimação para eleger outro de confiança, antes que o juiz possa nomear-lhe um dativo. Portanto o mesmo deve ocorrer em grau de recurso. É o teor da súmula 708 do STF: “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi devidamente intimado para constituir outro”.

...

g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo tribunal do júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia;Após a edição da lei 11.689/2008, não mais se exige a presença do réu em julgamentos realizados pelo júri. Ele tem direito ao comparecimento, mas não a obrigação. Portanto, a nulidade absoluta haveria se a sessão transcorresse, sem que tivesse havido a intimação do réu, comunicando-o da data e hora de julgamento. Ainda assim, não

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tendo havido a intimação, porém, se ele comparecer, sana-se a falha.h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;Não mais se arrolam testemunhas no libelo e na contrariedade, peças suprimidas pela Lei 11.689/2008. Porém, continua havendo a possibilidade de se indicar testemunhas a serem ouvidas em plenário (art.422,CPP).Não tendo havido a intimação solicitada pelas partes, o julgamento pelo júri está prejudicado. Nova sessão deve ser agendada, caso alguma das testemunhas falte. Entretanto, se todas comparecerem, mesmo que não intimadas, o julgamento pode realizar-se. Por outro lado, se a despeito de não intimadas e sem terem comparecido, a sessão ocorrer, configura-se nulidade relativa, ou seja, anula-se desde que as partes reclamem, demonstrando prejuízo.IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.Os atos processuais são realizados conforme a forma prevista em lei. Se algum ato for praticado, desrespeitada a forma legal, desde que se trate de formalidade essencial à sua existência e validade, a nulidade deve ser reconhecida. Entretanto, trata-se de nulidade relativa, que somente reconhece havendo prejuízo para alguma das partes. Exemplo: o mandado de citação deve ser expedido contendo o nome do juiz, o nome do querelante, nas ações iniciadas por queixa, o nome do réu, a sua residência, o fim da citação, o prazo para apresentação da defesa escrita, a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz (art.352). Faltando no mandado o prazo da apresentação da defesa (dez dias), pode provocar a ausência da peça defensiva, gerando nulidade. Entretanto, caso o réu ofereça a defesa no prazo legal, porque se informou com outras pessoas ou com seu defensor a respeito, sana-se o defeito.

Art. 570.  A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou oda parte.Art. 572.  As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:

I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;

*preclusão

II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;

III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

5 - Se o juiz deveria recorrer de ofício e não recorre, mas a parte interpõe o recurso voluntário. A nulidade será absoluta ou relativa, por quê?R: Nulidade relativa. Pois o ato atingiu seus efeitos. Diante da relevância da matéria, impõe a lei que a decisão seja submetida à dupla analise, havendo somente uma decisão não se produz coisa julgada, como preceitua a Súmula 423 do STF:

6 - Se ocorrer nulidade no curso de instrução de competência do Tribunal, em que momento deverá ser arguida, sob pena de preclusão?

R: Da instrução dos processos de competência dos tribunais, a nulidade deverá ser arguida no prazo das alegações finais.

7 - Se ocorrer nulidade durante os debates em Plenário, em que momento deverá ser arguida, sob pena de preclusão?

R: Dos debates em plenário ou em sessão do tribunal, deverá ser arguida a nulidade logo depois que ocorrerem.

8 - Em se tratando de nulidade o que significa o princípio da consequencialidade?

R: Significa dizer que declarada à nulidade de um ato processual, os atos que dele dependam diretamente, ou seja,consequências também serãoanuladas. Esta dependência não é cronológica, e sim, lógica. Não é todo ato posterior que será anulado. Este princípio assemelha-se à ideia de prova ilícita por derivação.

CPP, Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados.

§ 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependamou sejaconsequência.

§ 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende

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9 - Quando o inquérito é iniciado de auto de prisão em flagrante e não se achar revestido de suas formalidades legais haverá ou não nulidade?

R: Não. Porque o inquérito é uma peça administrativa da delegacia de policia e não processual, preceitua Nucci que “NÃO CABE NULIDADE, POIS, SE ALGUM ELEMENTO DE PROVA FOR PRODUZIDO EM DESACORDO COMO PRECEITUA A LEI, O JUIZ MANDA DURANTE A INSTUÇÃO, OU ANTES, DELA - QUE SEJA REFEITO”. Sendo assim, quando o Inquérito Policial se inicia pelo auto de prisão em flagrante não esta revestido em suas formalidades e perde sua eficácia – relaxamento de prisão.

10 - O que significa sucumbência no sentido técnico?

R: Em um processo judicial, quando o juiz elabora uma sentença, a parte que não teve sua tutela jurisdicional deferida, ou seja, que "perdeu a ação" deve arcar com as custas judiciais e a sucumbência. A última representa o pagamento dos honorários devidos ao advogado da outra parte.

11 - Como deverá proceder o juiz se o defensor constituído recorrer e não oferecer razões?R: Diante de um dos pressupostos recursais objetivos, temos o pressuposto recursal objetivo – Motivação, no qual encere que todo recurso deve ser motivado. Neste caso se o defensor constituído recorre e não oferece as razões, o juiz manda intimar o réu para constituir outro.

12 - Mencione duas modalidades de recurso em que se admitem a forma de recorrer nos termos dos autosR: Recurso em sentido estrito e apelação.

13 - Quando o réu for intimado por precatória quando começa a correr o prazo para recurso?R: Segundo o disposto da Sumula 710 do STF, o prazo começa a contar da Intimação.Súmula 710 do STF - No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.14 - Mencione duas hipóteses em que o juiz deve recorrer de ofícioR: 1ª - na decisão concessiva de Habeas Corpus2ª- na decisão concessiva de reabilitação15 - Para a doutrina qual a natureza jurídica do recurso de oficio.

R: É considerada de forma majoritária como mera condição de eficácia da sentença e não como de natureza recursal, porque segundo afirma renomada doutrina, de recurso não se trata. TOURINHO FILHO distingue os recursos voluntários e os necessários. Em relação aos necessários deve o Juiz interpor recurso necessariamente, denomina o recurso de ofício com sendo recurso necessário, pois sendo o recurso o resultado de um inconformismo, evidentemente o recurso necessário não poderia ser considerado recurso, pois o Juiz não ficaria inconformado com sua própria decisão. Mas acrescenta que ele tem o dever de recorrer de ofício por ser o recurso de ofício uma providência, uma medida com previsão legal em situações excepcionais. Ratifica, portanto, a natureza de condição de eficácia da decisão, tanto assim que a súmula 423 do STF dispõe que não transita em julgado a sentença que haja omitido o recurso ex officio.

16 – Por que o recurso em sentido estrito é um recurso inominado?

R: É inominado porque é uma modalidade de recurso que guarda características semelhantes ao recurso

de apelação. No caso do processo penal, a expressão “estrito” se dá porque há, em contrapartida, um

recurso amplo que é a Apelação.

17 – Em que hipótese o recurso em sentido estrito será interposto no prazo de 20 (vinte)

dias?

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R: Na hipótese contida no art. 581, XIV do CPP que incluir jurado na lista geral ou desta excluir,

quando da publicação da lista qualquer pessoa pode interpor recurso em sentido estrito prazo acima

questionado.

18 – No recurso em sentido estrito quando o juiz se retrata e a decisão de reforma não couber

recurso como deverá proceder a parte prejudicada?

R: No caso de uma decisão irrecorrível, é cabível o habeas corpus, se houver constrangimento ilegal

na liberdade de locomoção do indivíduo. Em contrapartida, não havendo lesão à liberdade do

individuo, esta ilegalidade será corrigida com a impetração de um Mandado de Segurança.

19 – Em que hipótese o recurso em sentido estrito dará lugar ao agravo em execução?

R: Quando houver sentença condenatória com transito em julgado, o recurso cabível é o agravo em

execução. Portanto, estando o processo na vara de execução penal para cumprimento da pena o

sentenciado fará qualquer requerimento de seu interesse ao juiz da Vara de Execução Penal. Se o

requerimento for desatendido, portanto, rejeitada a pretensão o sentenciado poderá fazer uso do

agravo em execução.

20 – Em que hipótese o recurso em sentido estrito terá efeito suspensivo?

R: O efeito suspensivo é a exceção e não a regra. Para tanto, o recurso em sentido estrito não deve

suspender o curso do seu feito com exceção das hipóteses em que há perda de fiança e denegação

ou julgamento de deserção da apelação.

21 – Em que hipótese o recurso em sentido estrito terá efeito suspensivo limitado?

R: 1ª – na decisão de pronuncia o efeito suspensivo é limitado porque fica suspenso apenas o

julgamento, não impedindo que o juiz decrete a preventiva ou outra medida cautelar;

2ª – a decisão que julga quebrada a fiança porque nessa hipótese o recorrente não discute a integralidade do valor da fiança, mas apenas metade do valor arbitrado.

22 - Quando o recurso em sentido estrito será considerado secundum eventum litis?R: Quando a lei prevê o cabimento de recurso em apenas uma situação.Ex: só cabe recurso da decisão que recebe pronúncia

23 - Em que hipótese o recurso em sentido estrito será julgado pelo presidente do TRF?R: Da decisão de incluir ou excluir jurado da listra geral: anualmente será organizada uma lista geral de jurados pelo juiz-presidente da qual serão sorteados vinte cinco jurados para comparecerem a sessão periódica.

24 - Diga uma hipótese em que o recurso em sentido estrito será julgado pelo juiz?R: Da decisão de conceder ou negar a ordem de “habeas corpus” o dispositivo refere-se à decisão do juiz de primeira instância, da qual, na hipótese de concessão, cabe também recurso ex officio.

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25 - Três são os réus no mesmo processo. Finda a prova o juiz impronúncia 2 pronunciando o terceiro. Somente a defesa recorre. Nessa hipótese o recurso será processado nos autos ou subira por instrumento. Por quê?R: Subira por instrumento. Quando não subir nos próprios autos, haverá necessidade de confecção do instrumento, mediante trasladadas peças principais do processo. No caso da pronuncia de um dos co-reus, o recurso subira por instrumento se os demais se conformaram com a decisão ou ainda não tiver sido intimado.

MEDIDA EFICIÊNCIA DE PROCESSO PENAL IV

1) Estabeleça a diferença entre ato nulo e ato irregular.

Ato nulo é aquele que sofre a sanção de nulidade, não produz efeito até que se seja convalidado, e se

isso não for possível nunca produzirá efeitos, subdivide-se em a) nulidade relativa e b) nulidade

absoluta. O ato irregular consiste no vício, defeito, ele é nulo, mas não sofreu a sanção de nulidade

produzindo todos os efeitos que dele decorre.

2) Qual a diferença entre nulidade absoluta e ato juridicamente inexistente?

A nulidade absoluta é um vício de muita gravidade, decorrente de violação de normas de ordem

pública, ou seja, normas que de forma direta ou indireta afetam garantias tuteladas pela constituição,

em decorrência podem ser arguidas em qualquer momento do processo e se depois de sentença

condenatória, por meio do habeas corpus ou ação revisional. O ato juridicamente inexistente é um não

ato, não produz qualquer eficácia e, portanto, independe de decisão judicial declarando sua nulidade,

item necessário na nulidade absoluta.

3) A inobservância de uma formalidade gera nulidade absoluta ou relativa? Justifique.

Depende, quando se tratar de formalidade essências contidas no artigo 564, I, II, III, salvo as exceções

do inciso III, d segunda parte, e segunda parte, g, h e n, a nulidade é absoluta. As exceções do inciso

III são sanadas com base no artigo 572CPP e demais formalidades que possam ser retificadas são de

nulidade relativa.

4) Em se tratando em nulidade o que significa o principio da consequencialidade?

A declaração de nulidade de um ato, causará a dos atos que dele diretamente dependam, ou seja

consequência.

5) Se o juiz deveria recorrer de oficio e não recorre nem a parte interpõe o recurso voluntario, a

nulidade será absoluta ou relativa? Por quê?

Segundo TOURINHO, a falta de interposição de recurso de ofício e do voluntário, não gera nulidade

da sentença, nem muito menos do processo, apenas não transita em julgado, assim os efeitos

principais e secundários, não revestem-se de imutabilidade. Considera interposto ex lege.

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6) Se ocorrer nulidade no curso de instrução em processo de competência do tribunal, em que

momento devera ser arguida a nulidade sob pena de preclusão?

Na audiência de instrução e julgamento com base no artigo 400 c/c 610 CPP.

7) De que modo haverá sanabilidade quando ocorrer uma das hipóteses do art. 572 do CPP?

1- Se não forem arguidas em tempo oportuno;

2-Se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim;

3-Se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceitado os seus efeitos.

8) Em que momento o juiz deverá arguir a nulidade?

No momento em que tiver conhecimento da imperfeição do ato, deve o juiz determinar as diligências

necessárias visando afastar do processo às impurezas, renovando, ou sanando os vícios processuais.

9) Quando o inquérito é iniciado pelo ato de prisão em fragrante e não se acha revestido de suas

formalidades legais, haverá ou não nulidade. Justifique.

Não há o que se discutir nulidade no inquérito policial, ele é um procedimento de investigação

informativo que serve como base para a denúncia. Todos os atos do inquérito são repetitivos no

processo.

10-) O que significa sucumbência no sentido técnico?

Significa que a decisão não atendeu á expectativa juridicamente possível.

11) Se o defensor constituído recorre e não oferece razoes, como deverá agir o juiz?

A petição recursal é considerada inepta não preenchendo os requisitos de admissibilidade. As

exceções são o recurso de apelação e protesto por novo júri.

12) Se o réu for intimado por precatória quando começa o prazo do recurso?

A partir da intimação (súmula 710 do STF.)

13) Para o supremo qual a natureza jurídica dos recursos?

São dois entendimentos.

1º Doutrina- Condição de eficácia da sentença.

2º Supremo- Decisão que se submete ao duplo grau de jurisdição.

14-) Mencione duas hipóteses em que o juiz deve recorrer de oficio?

Primeira hipótese: da decisão concessiva de habeas corpus.

Segunda hipótese- da decisão que absorver sumariamente o réu nos crimes da competência do júri.

15-) Em que hipótese o juiz pode valer-se do principio da fungibilidade?

Quando dentro do prazo do recurso cabível é interposto um recurso diferente, o juiz com base no

princípio da fungibilidade o aceita como se fosse o correto.

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16) Por que o recurso em sentido estrito é um recurso inominado?

Sendo o recurso, em sentido em sentido amplo, qualquer meio de defesa e, em sentido estrito, é

remédio jurídico-processual pelo qual se provoca o reexame de uma decisão, todos os recursos

são em sentido estrito, com denominações variadas. Esse em apreço ficou sem denominação.

17) Em que hipótese o recurso em sentido estrito poderá ser interposto no prazo de 20 dias?

Da decisão que incluir jurado na lista geral ou desta excluir, será contado da data de publicação

definitiva da lista de jurados.

18) Em que hipótese o recurso em sentido estrito será julgado pelo presidente do TRF?

Da decisão que incluir jurado na lista geral ou desta excluir, 581, XIV, em se tratando de júri

federal.

19) Mencione apenas uma hipótese em que o recurso em sentido estrito seria julgado pelo juiz.

No momento em que recebe o recurso em sentido estrito o juiz vai então reexaminar sua decisão

podendo mantê-la ou se retratar.

20) No recurso em sentido estrito quando o juiz se retrata e a decisão de reforma não couber

recurso com deverá proceder a parte prejudicada?

A parte em eventual Apelação poderá, poderá como preliminar, insistir no reconhecimento da

nulidade.

21) Quando o recurso em sentido estrito dará lugar ao agravo em execução?

Quando houver sentença condenatória transitada em julgado.

22) Três são os réus no mesmo processo, finda a prova, o juiz impronuncia dois, pronunciando o

terceiro. Somente a defesa recorre. Nessa hipótese o recurso se processa nos autos ou subirá por

instrumento? Por quê?

O recurso se processará nos autos e serão remetidos ao tribunal, pois não prejudicará o

andamento do processo, visto que dois foram impronunciados e o recorrente fica suspenso o

julgamento com a interposição do recurso.

23) Mencione duas hipóteses em que o RESE terá efeito suspensivo.

1- Perda de fiança; 2- denegar apelação ou julgar deserto.

(24) Mencione apenas uma hipótese em que o RESE terá efeito suspensivo limitado.

Decisão de pronúncia ( suspende o julgamento).

25) Três são os réus no mesmo processo, concluída a instrução o juiz pronuncia dois,

impronunciando o terceiro. Somente o MP recorre. Nessa hipótese o RESE se processa nos autos

ou subirá em separado? Por quê?

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O recurso subirá em separado, transladando as peças que devem instruir o recurso. Não se

processará nos próprios autos, pois prejudicará o andamento do processo, visto dois réus

pronunciados.

UNIVERSIDADE TIRADENTESDIREITO NOTURNO

JACQUELINE FLORÊNCIO VIEIRALAÍS DE AZEVEDO FREIRE

RODRIGO CARDOSO TEIXEIRA CHAVESSOFIA MARIANE MARTINS

QUESTIONÁRIO

1)     ESTABELECE A DIFERENÇA ENTRE ATO NULO E ATO IRREGULAR

A grande diferença entre ato nulo e o ato irregular é que estes são infrações superficiais que não chegam a

contaminar a forma legal do processo, a ponto de merecer tal intervenção, pois são convalidados pelo

prosseguimento do processo (não sofreu ineficácia, mas, atingiu seu fim). Enquanto o outro é capaz de produzir

efeitos caso seja anulado, assim como implica em diversas consequências processuais (este, por sua vez, já sofreu

ineficácia).

Logo, o ato irregular é o ato atípico que não sofreu a sanção de nulidade e atingiu os seus fins.

Enquanto o nulo é um ato atípico que sofreu a sanção de ineficácia, ou nulidade.

2)     QUAL A DIFERENÇA ENTRE NULIDADE ABSOLUTA E ATO JURIDICAMENTE INEXISTENTE?

O Ato juridicamente inexistente não produz efeito jurídico, portanto, não existe a necessidade de intervenção do

Estado. O ato processual não convalesce jamais, não havendo prazo para que seja declarado inexistente.

Já a nulidade absoluta produz efeito jurídico, necessitando assim, da intervenção estatal.

3)     A INOBSERVÂNCIA DE UMA FORMALIDADE GERA NULIDADE ABSOLUTA OU RELATIVA? JUSTIFIQUE.

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Verifica-se a nulidade absoluta quando há a inobservância de atos considerados essenciais previstos no art

564 do CPP. E, ocorre a nulidade relativa quando observados os atos não essenciais, previstos nos inciso III, d e e,

segunda parte, e, finalmente, g e h desse mesmo inciso.

Quando o legislador permite a sanabilidade na hipótese de ''omissão de formalidade que constitua elemento essencial

do ato'', há de se entender, não se tratar de formalidade que desfigure o ato essencial. Se o for, a nulidade é insanável.

4)     EM SE TRATANDO DE NULIDADE, O QUE SIGNIFICA O PRINCÍPIO DA CONSEQUENCIALIDADE?

Em relação ao princípio da causalidade ou consequencialidade, o art 573, §1º e §2º do CPP, a nulidade de um ato,

uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam, ou seja, consequência.

Portanto, se um ato é nulo, os demais que dele dependam também perecerão. 

5)    SE O JUIZ DEVERIA RECORRER DE OFÍCIO E NÃO RECORRE, NEM A PARTE INTERPÕE O

RECURSO VOUNTÁRIO, A NULIDADE SERÁ ABSOLUTA OU RELATIVA ? POR QUÊ?

Quando o juiz deveria recorrer de oficio e não recorre e a parte não interpõe o recurso voluntário, não há o

que se falar em nulidade de sentença e, muito menos, do processo.

Apenas a decisão não transita em julgado, e, assim, os efeitos que ela produz, sejam principais ou

secundários, não adquirem a qualidade de imutabilidade, como podemos perceber na Sumula 423 do STF que diz:

"Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege"

6)     SE OCORRER NULIDADE NO CURSO DE INSTRUCÃO EM PROCESSO DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL, EM QUE MOMENTO DEVERÁ SER ARGUIDA SOB PENA DE PRECLUSÃO?No caso de ocorrer a nulidade no curso da instrução, a nulidade deverá ser arguida nos debates orais (ritos finais). PROFESSOR:QUANDO DO OFERECIMENTO DAS ALEGAÇÕES FINAIS.

7)     DE QUE MODO HAVERÁ  SANABILIDADE QUANDO OCORRER UMA DAS HIPÓTESES DO

ARTIGO 572 do CPP?

Tratando da nulidade relativa atinente a atos não essenciais ou mesmo àqueles elencados no art. 572, dá-se

convalescimento:

a) pela não arguição oportuno tempore (art. 571);

b) se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos;

c) se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim. (art. 572)

A regra do art. 572 do CPP, não se aplica apenas aos casos que enumera. Por extensão, também aos atos

acidentais. Se um ato considerado essencial, é sanável se praticado por outra forma, houver a consecução de sua

finalidade (art. 572 II), quanto mais se tratando de ato acidental ou secundário. 

Verificado o art. 572, se não houver a arguição tempestiva da nulidade relativa, esta será considerada sanada,

passando então ao ato que se encontrava contaminado a surtir seus regulares efeitos de natureza processual, bem

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como aqueles outros a ele ligados por dependência. Entretanto, tais nulidades somente serão sanadas pela preclusão

caso não influam na apuração da verdade real ou decisão da causa. 

8)     EM QUE MOMENTO O JUIZ DEVERÁ ARGUIR A NULIDADE?

As nulidades relativas devem ser arguidas no momento oportuno já as nulidades absolutas não precisam de

provocação; o próprio juiz pode reconhecer de ofício, poderá ser reconhecida a qualquer tempo e em qualquer grau

de jurisdição, salvo a Súmula 160 do STF que diz: "É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade

não arguida no recurso da acusação, ressalvado os casos de recurso de ofício.''PROFESSOR: ATÉ ANTES DE

PROLATAR A SENTENÇA.

9)     QUANDO O INQUÉRITO É INICIADO PELO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE E NÃO SE ACHA REVESTIDO DE SUAS FORMALIDADES LEGAIS, HAVERÁ OU NÃO NULIDADE? JUSTIFIQUE

Não sendo o inquérito policial ato de manifestação do Poder Jurisdicional, mas mero procedimento

informativo destinado à formação da opinitio delicti do titular da ação penal, os vícios por acaso existentes nessa

fase não acarretam nulidades processuais, isto é, não atingem a fase seguinte da persecução penal: a ação penal.

A irregularidade poderá, no entanto, gerar a invalidade e a ineficácia do ato inquinado, como, por exemplo,

do auto de prisão em flagrante, do reconhecimento pessoal, ou, ainda da busca e apreensão.

Não pode se falar em nulidade dos atos investigatórios realizados fora da circunscrição da autoridade

policial, até porque, para a maioria da doutrina o inquérito é mera peça de informação, cujos vícios, segundo Capez ,

não contaminam a ação penal.

Não poderá então haver arguição de nulidade no inquérito policial, haja vista, ele ter natureza processual e

ser uma peça administrativa.

PROFESSOR: NÃO HÁ NULIDADE E PROVOCA O RELAXAMENTO DA PRISÃO.

10)   O QUE SIGNIFICA SUCUMBÊNCIA NO SENTIDO TÉCNICO?

A sucumbência se traduz em lesividade, gravame e prejuízo. É quando há a desconformidade do que foi

pedido e do que foi feito. Em seu sentido técnico, é quando a decisão não expressa juridicamente o que a parte

esperava. (PROFESSOR)

11)   SE O DEFENSOR CONSTITUIDO RECORRE E NÃO OFERECE RAZÕES COMO DEVERÁ

PROCEDER O JUIZ?

A motivação é um dos pressupostos recursais objetivos do recurso, ou seja, todo recurso deve ser motivado,

recurso sem motivação é recurso INÉPTO – o recorrente deve exteriorizar as suas razões sob pena de ofensa ao

princípio da ampla defesa.

 A falta de contra-razões, no caso, implica falta de defesa, pelo que a nulidade é induvidosa, assim, para

evitá-la, deverá o Juiz, a quem cabe prover à regularidade do processo (art. 251), notificar o Defensor para

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providenciá-las. Se se tratar de Defensor constituído, far-se-á a notificação do réu para substituí-lo.

.12)   SE O RÉU FOR INTIMADO POR PRECATÓRIA, QUANDO COMEÇA A CORRER O PRAZO PARA RECURSO?

Quando há a intimação do réu por precatória, o prazo para recurso começa a ocorrer a partir da intimação, como é verificado na Súmula 710 do STF que ressalta: 

    "No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem."

13)   PARA O SUPREMO, QUAL A NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO DE OFÍCIO?

Para o STF, a natureza jurídica do Recurso "Ex Officio" revela que se trata, na verdade, de decisão que o legislador submete a duplo grau de jurisdição, e não de recurso em sentido próprio e técnico.

14)   MENCIONE DUAS HIPÓTESES EM QUE O JUIZ DEVE RECORRER DE OFÍCIO.

PROFESSOR: QUANDO O PRETOR JULGAR PEDIDO DE FIANÇA OU HABEAS CORPUS

15)   EM QUE HIPÓTESE O JUIZ PODE SE VALER DO PRINCIPIO DA FUNGIBILIDADE ?

Dispõe o art. 579 do CPP que ''salvo hipótese de má fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um

recurso por outro. '' 

E, assim tem se decidido na jurisprudência, admitindo-se o recurso interposto por outro em caso de

equívoco, onde não houver má fé. Reconhecendo o juiz, desde logo, a impropriedade do recurso interposto pela

parte, deve mandar processá-lo, de acordo com o rito cabível. 

Quando o reconhecimento do equívoco ocorrer junto ao juízo ad quem, este deverá se for o caso, converter o

julgamento em diligência para que se proceda de acordo com o que dispõe a lei.

Em suma, o princípio da fungibilidade só tem incidência quando ficar evidente a inexistência de má fé,

tempestividade e equívoco da parte ao impetrar um recurso por outro.

16) POR QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO É UM RECURSO INOMINADO?

Na verdade, o Recurso em Sentido Estrito é um recurso inominado, tendo em vista que todos os recursos previstos no Código de Processo Penal têm nomenclatura própria como, por exemplo, apelação, protesto por novo júri, embargos, etc., apesar de possuírem sentido estrito, posto que objetivam sempre o reexame da decisão proferida.

17) EM QUE HIPÓTESE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO PODERÁ SER INTERPOSTO NO PRAZO DE 20 DIAS?

Tratando-se do caso previsto no inciso XIV (inclusão ou exclusão de jurado, na lista geral), do Artigo 581, o prazo

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será de vinte dias, contados da data da publicação definitiva da lista de jurados, na segunda quinzena de dezembro,

nos termos do § único do Artigo 439. PROFESSOR: QUANDO TIVER INCLUSÃO OU EXCLUSÃO NA

LISTA DE JURADOS EM JURI NA JUSTIÇA FEDERAL-

18) EM QUE HIPÓTESE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO SERÁ JULGADO PELO PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL?

 No caso do inciso XIV do Artigo 581, o recurso em sentido estrito será dirigido ao Presidente do Tribunal de Justiça, mas, em se tratando de Júri Federal, será endereçado ao Presidente do Tribunal Regional Federal competente. Mirabete entende que, se a fiança for arbitrada, concedida ou negada pela Autoridade Policial, o recurso em sentido estrito será interposto perante a Autoridade Policial e endereçada ao juiz.

19) MENCIONE APENAS UMA HIPÓTESE EM QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO SERIA JULGADO PELO JUIZ.

Proferindo o magistrado decisão de impronúncia em relação ao crime doloso contra a vida, não pode se manifestar,

desde logo, com referência ao crime conexo que não possua essa natureza. Relativamente a este, deverá, pois,

aguardar o trânsito em julgado da sentença de impronúncia para somente depois julgá-lo, se for o competente, ou

então remetê-lo à apreciação do juiz que o seja. Nessa hipótese, portanto, o delito conexo não será julgado pelo

Tribunal Popular, mas sim pelo juiz singular.

20) NO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO QUANDO O JUIZ SE RETRATA E A DECISÃO DE REFORMA NÃO COUBER RECURSO, COMO DEVERÁ PROCEDER A PARTE PREJUDICADA?

Se não estiverem explicitadas as hipóteses previstas no artigo 581 do CPP, não caberá recurso em sentido estrito, devendo a parte prejudicada impetrar uma apelação. Segundo o artigo 593, caberá apelação no prazo de 5 (c inco) dias:

I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;

II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular ( NATUREZA RESIDUAL, isto é, primeiro adimiti-se o recurso em sentido estrito, não cabendo, cabe-se apelação)

21) QUANDO O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO DARÁ LUGAR AO AGRAVO EM EXECUÇÃO?

Com o advento da lei 7810/84 (lei de execução penal), muitas das hipóteses constantes no artigo 581, se

acham revogadas em consequência ao recurso em sentido estrito deu lugar ao agravo em execução, que somente será

cabível quando houver sentença condenatória com transito em julgado.

 

22) 3 SÃO OS REUS NO MESMO PROCESSO, FINDA A PROVA O JUIZ IMPRONUCIA DOIS E

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PRONUNCIANDO O TERCEIRO,SENDO QUE SOMENTE A DEFESA RECORRE. NESTA HIPÓTESE O RECURSO SE PROCESSA NOS AUTOS OU SUBIRÁ PARA INSTRUMENTO? POR QUÊ?

Nessa hipótese não se pode processar nos autos, porque prejudicaria um dos réus. Devendo os autos, da

parte da defesa subirem e do outro vai a júri. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou

mais réus quaisquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.

 

23) MENCIONE 2 DUAS HIPÓTESES EM QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO.

Há o efeito suspensivo do recurso em sentido estrito nos seguintes casos:

julgue perdida a fiança;

denegue a apelação ou a julgue deserta. Art. 584 do CPP.

24) MENCIONE APENAS UMA HIPÓTESE EM QUE O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO TERÁ EFEITO SUSPENSIVO LIMITADO.

O recurso em sentido estrito terá efeito suspensivo limitado Quando:

Da Decisão de Pronúncia (suspende-se somente o julgamento do réu pelo Júri), mas se o juiz achar que deve decretar a

prisão preventiva do réu poderá fazê-lo, se fosse suspensivo absoluto, não poderia fazê-lo.

25) 3 TRÊS SÃO OS RÉUS NO MESMO PROCESSO, CONCLUIDA A INSTRUÇÃO, O JUIZ PRONUCIA DOIS, IMPRONUNCIANDO O 3 TERCEIRO. SOMENTE O MP RECORRE. NESSA HIPÓTESE O RECURSO SE PROCESSA NOS AUTOS OU SUBIRÁ EM SEPARADO?

O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.

O PROCESSO SUBIRÁ POR INSTRUMENTO PORQUE O PRECESSO VAI TRAMITAR NORMALMENTE ENTRE OS REUS PRONUNCIADOS.