1-agressividade infantil

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ProfessoraAna Cristina VendraminFormao:Magistrio;Filosofia;Psicopedagogia;Psicologia;Doutorado em Psicologia (em curso)

Experincia profissional:Professora de Ed. Infantil e Ensino Fundamental (anos iniciais);Coordenadora pedaggica;Diretora escolar;Psicopedagoga clnica e institucional;Professora em cursos de especializao;Psicloga clnica.

AGRESSIVIDADE INFANTILCaracterstica normal em fase inicial do desenvolvimento do indivduo. Porm, essa fase, que transitria e passageira, pode refletir suas consequncias em fases posteriores da vida.

MAS, O QUE AGRESSIVIDADE?Definio mais utilizada: sequncia de comportamentos que tem como objetivo ou inteno causar dano a uma pessoa, que podem ser fsicos, psicolgicos ou morais(geralmente os atos agressivos no so a verdadeira expresso de raiva, mas sim desvios de outros sentimentos como mgoa, insegurana, entre outros);

Para Winnicott, a possibilidade do exerccio da agressividade fundamental para esta no degradar em violncia. No entanto, para que isso ocorra, necessrio a existncia de um ambiente que propicie um lugar de reconhecimento e legitimao dos seus aspectos construtivos e destrutivos, e que oferea a possibilidade de reparao dos eventuais danos causados por estes (ANDRADE, 2007 p. 35).

AGRESSIVIDADE:No basta trat-la como sintoma;

preciso tratar o portador da agressividade;

Conhecer o sujeito que agride;

Detectar as causas circulares.TIPOS E FORMAS DE AGRESSIVIDADENo h consenso em relao aos tipos e formas de agressividade;

Diferentes autores apontam diferentes tipos. No entanto, a grande dificuldade consiste na distino entre o que agresso e o que no ;

Mais comuns: agressividade verbal e fsica;

Verbal: usa como recurso as palavras ou expresses verbais;

Fsica: realizada atravs de ataque fsico (tapas, socos, chutes, mordidas);

Costa e Vale (1998) acrescentam ainda a agresso social, que se caracteriza pela excluso do grupo de pares, por ser alvo de rumores desagradveis ou ainda, simplesmente pelo fato de ningum falar com a criana.

POSSVEIS CAUSAS E CONSEQUNCIASCausas:

A personalidade formada a partir das vivncias do indivduo. Seu desenvolvimento e formao se daro atravs da absoro e reflexo de todas as influncias s quais a criana encontra-se exposta;

Baixa tolerncia frustrao (Winnicott, 1982);

Tanto a submisso quanto a frustrao excessiva so graves fatores patognicos que desenvolvero um Eu anormal, insuficiente e perturbador;Modo de os pais tratarem as fases normais do desenvolvimento (desmame, controle dos esfncteres, etc.);

Campos (2004) acredita que tal comportamento advenha da interao gentica com o meio que a criana est inserida, sendo sua atuao particular a cada indivduo;

Pais com postura incoerente e inconstante quanto educao e limites;

Violncia domstica (entre os pais e/ou para com a criana castigos exagerados ou surras) e ainda;

O seu ambiente escolar. Consequncias:

Nem toda criana agressiva apresenta atitudes bvias de agressividade - poder sofrer de forma silenciosa e assim reprimir essa agressividade de modo, muitas vezes, a se afastar do convvio social;

A criana no apresenta tolerncia a qualquer frustrao e responde a tal situao quando contrariada;

Os diferentes caminhos que a agressividade ir percorrer, segundo Maia (2007), dependero do ambiente onde o indivduo est inserido;Essas crianas encontram dificuldades em inserir-se em grupos e passam por falhas acadmicas, podendo encaminhar-se delinquncia, quando adolescentes;

As crianas que convivem em meio a certa carncia afetiva, segundo Bordin e Offord (2000) caracterizam-se por sua marcante falta de esperana, onde seus comportamentos refletem aes ansiosas por resgatar ou encontrar algo que foi bom;

Contribuem para a desorganizao familiar e desequilbrio no relacionamento conjugal fragilizado;

Em crianas maiores, comportamentos incmodos e perturbadores frequentemente encontram-se associados a atividades perigosas;

Nos comportamentos anti-sociais a atenuante reside na persistncia em manter tais atitudes, mesmo face a consequncias negativas;

Muitas vezes a criana demasiado aptica e passiva pode ter encontrando no aparente silncio a nica maneira de expressar que algo a est incomodando.

A IMPORTNCIA DO VNCULOOs psiquiatras infantis, ao examinarem as possveis causas dos transtornos mentais na infncia, percebem que as situaes que predispem a uma incidncia significativamente elevada desses casos acontecem mediante a falta de oportunidade da criana para estabelecer vnculos afetivos;

Podem ocorrer, tambm, pelas prolongadas ou repetidas rupturas de vnculos que j haviam sido estabelecidos;

Na fase adulta, a personalidade psicopata, a depresso, a delinquncia e o suicdio so doenas mentais precedidas por uma elevada incidncia de vnculos afetivos desfeitos durante a infncia (BOLWBY, 1990).

A famlia possui papel essencial na formao emocional dos filhos;

Os pais e a famlia so espelhos para os filhos;PAPEL DA FAMLIARelao conjugal no harmoniosa = famlia conflituosa.AUSNCIA DE AFETO OU DE LIMITES?

AFETO E LIMITESAntdotos contra a agressividade;

Afeto a base da vida... Se o ser humano no est bem emocionalmente, sua ao como ser social est comprometida, sem expresso, sem fora, sem vitalidade;

Limites so restries, fronteiras, termo que ensina que no se pode fazer tudo o que se quer.De acordo com Piaget, o desenvolvimento intelectual possui dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo est o desenvolvimento afetivo.

O DESENVOLVIMENTO AFETIVO na fase dos 0 aos 2 anos, que a criana experimenta o que lhe prprio, aquilo que externo, ou seja, quando ela tem conscincia do "eu;

A presena da me ou de algum adulto de suma importncia para atender as necessidades da criana, fazendo o papel de ego auxiliar;Isto propicia criana diferenciar o que faz parte do seu interior e o que faz do mundo exterior;

No incio da consolidao do eu, se as necessidades da bsicas da criana, quando manifestadas, forem satisfeitas

desenvolve o sentimento de confiana bsica;favorece a aquisio da noo de causalidade temporalidade;ou seja, ela tem condies de confiar no adulto mesmo quando este no estiver presente.Aspectos negativos para o desenvolvimento de uma personalidade segura:pais impacientes, hostis, que no atendem as necessidades da criana.

O que pode gerar:ansiedade, medo, sensao de isolamento e abandono nas crianas.

O aspecto fundamental durante a construo do eu na infncia, est ligado a:um clima emocional estvel, onde a criana tem condies de receber amor e segurana.

A FASE DA BIRRAAs birras podem comear muito cedo e se os pais no souberem lidar com tais situaes, elas podem se estender por muito tempo;

Quando a criana chora muito ou faz birra melhor no intervir, para que aprenda a confortar-se sozinha e para no reforar esse comportamento;Podem ensinar-lhe maneiras de se controlar (um brinquedo, a chupeta, etc.) e quando ela for capaz de o fazer, mostrar-lhe o quanto se orgulham dela; A disciplina e os limites so importantes para a criana;

As causas das birras podem ser lutas internas, isto porque a criana que tem muita vontade de fazer as coisas sozinha, de tomar as suas prprias decises (Fao ou no fao?);

A birra uma tentativa desesperada de lutar contra esses sentimentos embora seja uma batalha perdida.

A partir dos 2 anos, bater e morder podem tornar-se problemticos:

Nesse perodo a criana fica muito excitada, frustrada e descontrola-se, possvel que passe a gritar, bater ou morder;

Quando agride sente-se assustada e as reaes dos adultos podem aumentar sua ansiedade;

Como os adultos podem ajudar a criana a aprender a no bater nem morder?Se perceberem antecipadamente os sinais que levam a criana a bater ou morder podem tentar peg-la e ajud-la a acalmar-se antes dela atacar outra criana (ela acabar por reconhecer os seus prprios sinais de aviso e recuar, antes que seja tarde demais);

Se isto no for possvel, importante manter a calma, pegar a criana no colo, acalmando-a e segurando-a;

Depois devem dizer-lhe que vai ter de ficar sozinha at estar preparada para pedir desculpa e se controlar;

Este breve perodo de isolamento mais eficaz do que as reaes excessivas que podem fazer com que o descontrole da criana lhe parea mais assustador ou lev-la a testar estas respostas, mordendo ainda mais.

TIPOS DE LIMITESDecorrente da educao autoritria: a criana obedece por medo de ser punida, sem atividade reflexiva, podendo cometer novamente a mesma falta;

Decorrente da obedincia por intimidao: no favorece a mudana do modo de pensar, apenas cerceia a ao;

Decorrente da ameaa de retirada do afeto: a criana obedece para no deixar os seus pais tristes, porm no reorganiza o pensar. Ela no aprende a raciocinar diante de outro fato semelhante. Aprende sim, que a qualquer momento, pode perder o amor de seus pais;

O limite elucidativo: decorrente da clareza de comunicao e de raciocnio, educa para a construo da autonomia.

O limite prepara a criana para o entendimento de que ela no o centro do universo, que apesar dela ser amada e respeitada, outras pessoas tambm o so. Dessa forma ela passa a reconhecer que cada pessoa ocupa o seu lugar.O OLHAR DO PROFESSOR PARA O ALUNOProcurar motivar o aluno pela busca do saber;

Evitar confronto com a criana;

Promover o dilogo e valorizar os esforos e conquistas do aluno;

Promover tambm uma reflexo entre os alunos sobre questes que envolvam comportamentos e conflitos;

Ser firme e mostrar autoridade sem ser autoritrio;

Estabelecer vnculo afetivo com os alunos;

Demonstrar claramente que est desapontado com a atitude e no com a criana;

Manter atitudes constantes e coerentes.AFETIVIDADE, AUTOESTIMA E APRENDIZAGEMPiaget (1954) afirma que a afetividade no modifica a estrutura no funcionamento da inteligncia, porm a energia que impulsiona a ao de aprender;

A ao, seja ela qual for, necessita de instrumentos fornecidos pela inteligncia para alcanar um objetivo, uma meta, mas necessrio o desejo, ou seja, algo que mobiliza o sujeito em direo a este objetivo e isso corresponde afetividade (DellAgli e Brenelli, 2006, p.32);Para Wallon afetividade um conceito amplo, que inclui um componente orgnico, corporal, motor, plstico (emoo), um componente cognitivo, representacional (sentimentos) e um componente expressivo (comunicao);

Autores como Piaget, Wallon, Vygotsky e Erickson reafirmam a influncia do meio escolar na construo da individualidade da criana ou no desenvolvimento de toda a personalidade;

Erickson atribui a essa primeira fase do processo de escolarizao os conflitos bsicos de esforo versus inferioridade, tornando-se a escola e os amigos, nesse momento, o centro das relaes mais importantes da vida da criana;

Tais interaes podem resultar para a criana sentimentos tanto de competncia, segurana, como de frustrao, inferioridade, fracasso e incompetncia;

O professor que acredita no potencial de seu aluno, dispensa-lhe maior ateno, demandando maior expectativa acadmica. O professor que tem comportamento contrrio poder promover em seu aluno, baixa expectativa, o que poder influenciar negativamente seu autoconceito e autoestima;

O mesmo vale tambm para os pais.Vygotsky (1994), ao destacar a importncia das interaes sociais, traz a idia da mediao e da internalizao como aspectos fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construo do conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interao entre as pessoas;

Portanto, a partir de sua insero na cultura que a criana, atravs da interao social com as pessoas que a rodeiam, vai se desenvolvendo;Vygotsky destaca a importncia do outro no s no processo de construo do conhecimento, mas tambm de constituio do prprio sujeito e de suas formas de agir;

A relao que caracteriza o ensinar e o aprender ocorre a partir de vnculos e inicia-se na famlia. A base desta relao afetiva, pois atravs de uma forma de comunicao emocional que o beb garante cuidados que necessita; o vnculo afetivo estabelecido entre o adulto e a criana que sustenta a etapa inicial do processo de aprendizagem (Wallon, 1978);

Toda aprendizagem est impregnada de afetividade, j que ocorre a partir das interaes sociais, num processo vincular. Mesmo na aprendizagem escolar, as interaes entre alunos, professores, contedos, livros, escrita, etc., no ocorre puramente no campo cognitivo. Existe uma base afetiva permeando essas relaes.

Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e um vnculo que se estabelece entre ambos. (...) No aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiana e direito de ensinar (Fernndez, 1991, p. 47 e 52).LEITURAS IMPORTANTES:LORETO, O. Di. Origem e modo de construo das molstias da mente (psicopatognese): a psicopatognese que pode estar contida nas relaes familiares. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2004.____________. Posies tardias: contribuies ao estudo do segundo ano de vida. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2007.____________. Casos & causos: acontecidos no tempo das diligncias. So Paulo: All Books, 2009.