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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos Noções de Direito Constitucional A Opção Certa Para a Sua Realização 1 1 CONSTITUIÇÃO. 1.1 CONCEITO, CLASSIFICAÇÕES, PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. Constituição - conceito O conceito de Constituição é ditado de diferentes formas entre vários juristas brasileiros: Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros – "é o conjunto de normas, reunidas numa lei, concernente à forma do poder, ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua atuação, proclamando e garantindo os direitos individuais e sociais"; Celso Bastos – "um complexo de normas jurídicas fundamentais, escritas ou não, capaz de traçar as linhas-mestras de um dado ordenamento jurídico. Constituição, nesta acepção, é definida a partir do objeto de suas noras, vale dizer, a partir do assunto tratado por suas disposições normativas"; José Afonso da Silva – "um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua ação. Em síntese, a Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado". Analisando todas as definições de Constituição chegaremos ao mesmo ponto: Constituição é a organização jurídica fundamental do Estado. Ela é o ápice de uma pirâmide onde as demais normas só possuem validade se forem fundamentadas no texto constitucional. A Constituição estrutura o Estado, organiza seus órgãos, o modo pelo qual esses órgãos adquirem poderes e os limites de tais poderes. Define também o regime político e disciplina atividades sócio-econômicas do Estado, seus fundamentos e princípios. Não podemos esquecer que a Constituição assegura, sobretudo, os direitos e as garantias fundamentais das pessoas. Podemos dizer que a Constituição possui três características básicas: a supremacia (Lei Fundamental, constitui-se na própria soberania do Estado); a supralegalidade (criada pelo Poder Constituinte Originário, de onde deriva as demais normas) e imutabilidade relativa (a norma constitucional necessita de um processo mais complexo para ser modificada). Dentro da Constituição nós encontramos regras materialmente constitucionais e formalmente constitucionais. Regras Materialmente Constitucionais – organizam o Estado. São regras que se relacionam com o "Poder" e tratam de matéria constitucional, independente de estar ou não no texto da Constituição. Ex.: Lei Complementar 64/90. Regras Formalmente Constitucionais – são todas as normas contidas no texto constitucional. Ex.: Artigo 182 da CF de 1980. Todas as regras constitucionais, independente se material ou formal, possuem grau máximo na hierarquia jurídica e o grau de rigidez também é o mesmo entre elas. Taciana Cristina Smania CONSTITUIÇÃO A experiência histórica do século XX confirmou o estado como instituição predominante nas sociedades humanas. Seu principal instrumento, a constituição, é a fonte por excelência da teoria jurídica. Lei máxima, que encerra as normas superiores da ordenação jurídica de uma nação, a constituição define desde a forma do estado e do governo até o complexo normativo e costumeiro referente ao poder político organizado e aos direitos dos cidadãos. Todos os estados, seja qual for sua forma de governo, desde que ajam de acordo com certas normas fundamentais e possuam ordenamento jurídico, têm constituição. As constituições podem ser escritas, como a brasileira, expressa num documento único e definido, ou consuetudinárias, como a do Reino Unido, que se baseia num conjunto de documentos, estatutos e práticas tradicionais aceitas pela sociedade. Teorias tradicionais. Desde a Grécia clássica, desenvolveu-se no Ocidente europeu a convicção de que a comunidade política deve ser governada por lei embasada no direito natural. Foi Aristóteles, a partir do estudo e classificação das diferentes formas de governo, quem desenvolveu o conceito de constituição. Para ele havia três formas legítimas de organização política: monarquia, ou governo de um só homem; aristocracia, ou governo dos melhores; e democracia, governo de todos os cidadãos. As formas ilegítimas que correspondem a cada uma das formas legítimas seriam, respectivamente, tirania, oligarquia e demagogia. O melhor sistema de governo seria o que combinasse elementos das três formas legítimas, de modo que todos assegurassem seus direitos e aceitassem seus deveres, em nome do bem comum. Outro princípio aristotélico afirma que os governantes são obrigados a prestar contas aos governados e que todos os homens são iguais perante a lei. Esse princípio se aplicava, na antiga Grécia, apenas aos homens livres e não aos escravos. O aprimoramento da lei foi a maior contribuição de Roma à civilização ocidental. Para os dirigentes romanos, a organização do estado correspondia a uma lei racional, que refletia a organização do mundo. A partir do momento em que se transformou na religião predominante do Ocidente, o cristianismo defendeu uma concepção monárquica de governo. Nos últimos anos do Império Romano, santo Agostinho postulava que as constituições terrenas deviam, na medida do possível, corresponder ao modelo da "cidade de Deus" e concentrar o poder num único soberano. Segundo essa tese, que se firmou durante a Idade Média e deu sustentação ao absolutismo monárquico, o monarca recebia o mandato de Deus. Os fundamentos teóricos do constitucionalismo moderno nasceram das teorias sobre o contrato social, defendidas no século XVII por Thomas Hobbes e John Locke, e no século seguinte por Jean-Jacques Rousseau. De acordo com essas teorias, os indivíduos cediam, mediante um contrato social, parte da liberdade absoluta que caracteriza o "estado de natureza" pré-social, em troca da segurança proporcionada por um governo aceito por todos. Fundamentos constitucionais Princípios básicos. Para cumprir suas funções, a constituição deve harmonizar o princípio da estabilidade, na forma e no procedimento, com o da flexibilidade, para adaptar-se às mudanças sociais, econômicas e tecnológicas inevitáveis na vida de uma nação. Também deve prever alguma forma de controle e prestação de contas do governo perante outros órgãos do estado e determinar claramente as áreas de competência dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Os princípios constitucionais podem agrupar-se, como é o caso da constituição brasileira, em duas categorias: estrutural e funcional. Os primeiros, como os que definem a federação e a república, são juridicamente inalteráveis e não podem ser abolidos por emenda constitucional; os princípios que se enquadram na categoria funcional, como os que dizem respeito ao regime (no caso brasileiro, democracia representativa) e ao sistema de governo (bicameralismo, presidencialismo e controle judicial) podem ser modificados por reforma da constituição. A inobservância de qualquer desses princípios, ou de outros deles decorrentes, está expressamente referida na constituição brasileira como motivo de intervenção federal nos estados. As constituições podem ser flexíveis ou rígidas, conforme a maior ou menor facilidade com que podem ser modificadas. As constituições flexíveis, como a britânica, são modificadas por meio de procedimentos legislativos normais; as constituições rígidas modificam-se mediante procedimentos complexos, nos quais geralmente se exige maioria parlamentar qualificada. Federação. A organização federal é o primeiro princípio fundamental abordado pela constituição brasileira. Pressupõe a união indissolúvel de estados autônomos e a existência de municípios também autônomos,

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    Noes de Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 1

    1 CONSTITUIO. 1.1 CONCEITO, CLASSIFICAES, PRINCPIOS FUNDAMENTAIS.

    Constituio - conceito O conceito de Constituio ditado de diferentes formas entre vrios

    juristas brasileiros:

    Antnio Paulo Cachapuz de Medeiros " o conjunto de normas, reunidas numa lei, concernente forma do poder, ao estabelecimento de seus rgos, aos limites de sua atuao, proclamando e garantindo os direitos individuais e sociais";

    Celso Bastos "um complexo de normas jurdicas fundamentais, escritas ou no, capaz de traar as linhas-mestras de um dado ordenamento jurdico. Constituio, nesta acepo, definida a partir do objeto de suas noras, vale dizer, a partir do assunto tratado por suas disposies normativas";

    Jos Afonso da Silva "um sistema de normas jurdicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisio e o exerccio do poder, o estabelecimento de seus rgos e os limites de sua ao. Em sntese, a Constituio o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado".

    Analisando todas as definies de Constituio chegaremos ao mesmo ponto: Constituio a organizao jurdica fundamental do Estado. Ela o pice de uma pirmide onde as demais normas s possuem validade se forem fundamentadas no texto constitucional. A Constituio estrutura o Estado, organiza seus rgos, o modo pelo qual esses rgos adquirem poderes e os limites de tais poderes. Define tambm o regime poltico e disciplina atividades scio-econmicas do Estado, seus fundamentos e princpios. No podemos esquecer que a Constituio assegura, sobretudo, os direitos e as garantias fundamentais das pessoas.

    Podemos dizer que a Constituio possui trs caractersticas bsicas: a supremacia (Lei Fundamental, constitui-se na prpria soberania do Estado); a supralegalidade (criada pelo Poder Constituinte Originrio, de onde deriva as demais normas) e imutabilidade relativa (a norma constitucional necessita de um processo mais complexo para ser modificada).

    Dentro da Constituio ns encontramos regras materialmente constitucionais e formalmente constitucionais.

    Regras Materialmente Constitucionais organizam o Estado. So regras que se relacionam com o "Poder" e tratam de matria constitucional, independente de estar ou no no texto da Constituio. Ex.: Lei Complementar 64/90.

    Regras Formalmente Constitucionais so todas as normas contidas no texto constitucional. Ex.: Artigo 182 da CF de 1980.

    Todas as regras constitucionais, independente se material ou formal, possuem grau mximo na hierarquia jurdica e o grau de rigidez tambm o mesmo entre elas. Taciana Cristina Smania

    CONSTITUIO

    A experincia histrica do sculo XX confirmou o estado como instituio predominante nas sociedades humanas. Seu principal instrumento, a constituio, a fonte por excelncia da teoria jurdica.

    Lei mxima, que encerra as normas superiores da ordenao jurdica de uma nao, a constituio define desde a forma do estado e do governo at o complexo normativo e costumeiro referente ao poder poltico organizado e aos direitos dos cidados. Todos os estados, seja qual for sua forma de governo, desde que ajam de acordo com certas normas

    fundamentais e possuam ordenamento jurdico, tm constituio. As constituies podem ser escritas, como a brasileira, expressa num documento nico e definido, ou consuetudinrias, como a do Reino Unido, que se baseia num conjunto de documentos, estatutos e prticas tradicionais aceitas pela sociedade.

    Teorias tradicionais. Desde a Grcia clssica, desenvolveu-se no Ocidente europeu a convico de que a comunidade poltica deve ser governada por lei embasada no direito natural. Foi Aristteles, a partir do estudo e classificao das diferentes formas de governo, quem desenvolveu o conceito de constituio. Para ele havia trs formas legtimas de organizao poltica: monarquia, ou governo de um s homem; aristocracia, ou governo dos melhores; e democracia, governo de todos os cidados. As formas ilegtimas que correspondem a cada uma das formas legtimas seriam, respectivamente, tirania, oligarquia e demagogia. O melhor sistema de governo seria o que combinasse elementos das trs formas legtimas, de modo que todos assegurassem seus direitos e aceitassem seus deveres, em nome do bem comum. Outro princpio aristotlico afirma que os governantes so obrigados a prestar contas aos governados e que todos os homens so iguais perante a lei. Esse princpio se aplicava, na antiga Grcia, apenas aos homens livres e no aos escravos.

    O aprimoramento da lei foi a maior contribuio de Roma civilizao ocidental. Para os dirigentes romanos, a organizao do estado correspondia a uma lei racional, que refletia a organizao do mundo.

    A partir do momento em que se transformou na religio predominante do Ocidente, o cristianismo defendeu uma concepo monrquica de governo. Nos ltimos anos do Imprio Romano, santo Agostinho postulava que as constituies terrenas deviam, na medida do possvel, corresponder ao modelo da "cidade de Deus" e concentrar o poder num nico soberano. Segundo essa tese, que se firmou durante a Idade Mdia e deu sustentao ao absolutismo monrquico, o monarca recebia o mandato de Deus.

    Os fundamentos tericos do constitucionalismo moderno nasceram das teorias sobre o contrato social, defendidas no sculo XVII por Thomas Hobbes e John Locke, e no sculo seguinte por Jean-Jacques Rousseau. De acordo com essas teorias, os indivduos cediam, mediante um contrato social, parte da liberdade absoluta que caracteriza o "estado de natureza" pr-social, em troca da segurana proporcionada por um governo aceito por todos.

    Fundamentos constitucionais

    Princpios bsicos. Para cumprir suas funes, a constituio deve harmonizar o princpio da estabilidade, na forma e no procedimento, com o da flexibilidade, para adaptar-se s mudanas sociais, econmicas e tecnolgicas inevitveis na vida de uma nao. Tambm deve prever alguma forma de controle e prestao de contas do governo perante outros rgos do estado e determinar claramente as reas de competncia dos poderes legislativo, executivo e judicirio.

    Os princpios constitucionais podem agrupar-se, como o caso da constituio brasileira, em duas categorias: estrutural e funcional. Os primeiros, como os que definem a federao e a repblica, so juridicamente inalterveis e no podem ser abolidos por emenda constitucional; os princpios que se enquadram na categoria funcional, como os que dizem respeito ao regime (no caso brasileiro, democracia representativa) e ao sistema de governo (bicameralismo, presidencialismo e controle judicial) podem ser modificados por reforma da constituio. A inobservncia de qualquer desses princpios, ou de outros deles decorrentes, est expressamente referida na constituio brasileira como motivo de interveno federal nos estados.

    As constituies podem ser flexveis ou rgidas, conforme a maior ou menor facilidade com que podem ser modificadas. As constituies flexveis, como a britnica, so modificadas por meio de procedimentos legislativos normais; as constituies rgidas modificam-se mediante procedimentos complexos, nos quais geralmente se exige maioria parlamentar qualificada.

    Federao. A organizao federal o primeiro princpio fundamental abordado pela constituio brasileira. Pressupe a unio indissolvel de estados autnomos e a existncia de municpios tambm autnomos,

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    peculiaridade que distingue a federao brasileira da americana, por exemplo, na qual a questo da autonomia municipal deixada livre regulao dos estados federados. Verifica-se assim que no Brasil a federao se exprime juridicamente pelo desdobramento da personalidade estatal nacional na trplice ordem de pessoas jurdicas de direito pblico constitucional: Unio, estados e municpios. O Distrito Federal, sede do governo da Unio, tem carter especial.

    A autonomia dos estados se expressa: (1) pelos princpios decorrentes do governo prprio e da administrao prpria, com desdobramentos, nos respectivos mbitos regionais, dos poderes executivo, legislativo e judicirio; (2) pelo princpio dos poderes reservados, por fora do qual todos os poderes no conferidos expressa ou necessariamente Unio ou aos municpios competem ao estado federado.

    O princpio da autonomia municipal, cujo desrespeito acarreta a interveno federal, mais restrito que o da autonomia estadual e exprime-se: (1) pela eleio direta do prefeito, vice-prefeito e vereadores; e (2) pela existncia de administrao prpria, autnoma, no que concerne ao interesse peculiar do municpio.

    Repblica. O princpio da forma republicana, cujo desrespeito tambm motiva interveno, desdobra-se, no sistema brasileiro, em trs proposies: (1) temporariedade das funes eletivas, cuja durao, nos estados e municpios, limitada das funes correspondentes no plano federal; (2) inelegibilidade dos ocupantes de cargos do poder executivo para o perodo imediato; e (3) responsabilidade pela administrao, com obrigatria prestao de contas.

    Democracia representativa. Pela definio constitucional, democracia o regime em que todo poder emana do povo e em seu nome exercido. O princpio fundamental da representao est assegurado pela adoo de: (1) sufrgio universal e direto; (2) votao secreta e (3) representao proporcional dos partidos.

    Sistema bicameral. O princpio do bicameralismo, ou sistema bicameral, diz respeito estruturao do poder legislativo em dois rgos diferentes. Por exemplo, a Cmara dos Comuns e a Cmara dos Lordes, no Reino Unido; o Bundestag (cmara baixa) e o Bundesrat (cmara alta), na Alemanha; o Senado e a Cmara dos Representantes, nos Estados Unidos; e o Senado Federal e a Cmara dos Deputados, no Brasil. A composio das duas cmaras sempre diferente em relao ao nmero de membros que as integram, extenso de seus poderes e, em alguns casos, no sistema de recrutamento, como na Cmara dos Lordes, em que muitas cadeiras so hereditrias.

    Sistema presidencial. O presidencialismo o sistema de governo republicano que se assenta na rigorosa separao de poderes e atribui ao presidente da repblica grande parte da funo governamental e a plenitude do poder executivo. Nesse sistema, o presidente coopera na legislao, orienta a poltica interna e internacional, assume a gesto superior das finanas do estado, exerce o comando supremo das foras armadas e escolhe livremente os ministros e assessores, que o auxiliam no desempenho das respectivas funes, dentro dos programas, diretrizes e ordens presidenciais. O sistema presidencialista vigente em muitos pases baseia-se em linhas gerais no padro dos Estados Unidos, com variantes que no alteram as caractersticas que o definem.

    Sistema de controle judicial. Devido organizao federal e consequente supremacia da constituio da repblica sobre as dos estados, bem como prevalncia das normas constitucionais sobre a legislao ordinria, atribui-se ao poder judicirio, concomitantemente com a funo de julgar, a de controlar a constitucionalidade das leis. Alm disso, como as constituies geralmente asseguram que a lei no pode deixar de apreciar nenhuma leso do direito individual, compete tambm ao judicirio o controle contencioso dos atos das autoridades.

    Uma lei comum pode entrar em choque com algum artigo da constituio. Por isso, necessrio que exista um rgo de controle da constitucionalidade das leis, que entra em ao antes de sua promulgao, como na Frana, ou depois, como no Brasil, onde o Supremo Tribunal Federal pode pronunciar-se por iniciativa prpria ou quando solicitado.

    Liberdades pblicas. Conjunto de direitos inalienveis do cidado, independentes do arbtrio das autoridades, as liberdades pblicas so garantidas pelas constituies modernas, principalmente as seguintes:

    liberdade religiosa; liberdade de imprensa e de manifestao do pensamento; liberdade de associao, poltica ou no, e de reunir-se em praa pblica, sem armas; inviolabilidade de domiclio e de correspondncia; garantia contra priso arbitrria, confisco e expropriao; liberdade de locomover-se dentro do territrio nacional e liberdade de sair do pas. Todas essas prerrogativas do cidado so chamadas direitos individuais. Seu conjunto constitui a liberdade (no singular), caracterstica do estado de direito, oposto ao estado policial e autoritrio. As liberdades (no plural) so prerrogativas no da pessoa, mas de grupos, classes e entidades.

    Matrias regulamentadas. No que tange a sua formulao escrita, as constituies do sculo XIX tendiam a ser breves e conter apenas as normas fundamentais. A partir da primeira guerra mundial, o texto constitucional passou a incluir princpios referentes a temas sociais, econmicos e polticos, antes regulados por leis ordinrias.

    Nas constituies modernas, geralmente as matrias regulamentadas so: (1) soberania nacional, lngua, bandeira e foras armadas; (2) direitos, deveres e liberdades dos cidados; (3) princpios reguladores da poltica social e da economia; (4) relaes internacionais; (5) composio e estatuto do governo e suas relaes com as cmaras legislativas; (6) poder judicirio; (7) organizao territorial do estado; (8) tribunal constitucional ou rgo similar; e (9) procedimento para a reforma constitucional.

    A constituio geralmente elaborada por uma Assembleia constituinte e por ela decretada e promulgada. Quando entra em vigor por deciso do governante, diz-se que outorgada; o caso das constituies brasileiras de 1824, outorgada por D. Pedro I; de 1937, que instituiu o Estado Novo; e de 1967, imposta pelo governo militar. Historicamente, as constituies outorgadas pelo monarca absoluto no exerccio do poder, mesmo com aprovao da representao popular, denominam-se cartas.

    Constituies brasileiras

    A primeira constituio do Brasil foi outorgada pelo imperador D. Pedro I, depois de dissolvida a Assembleia Geral Constituinte, no tumultuado perodo que se seguiu independncia. Datada de 24 de fevereiro de 1824, seu projeto se deve, em boa parte, a Jos Joaquim Carneiro de Campos, depois marqus de Caravelas, mas indubitvel que nele tambm colaborou o jovem imperador. Em linhas gerais, assemelha-se ao projeto que se discutia na Constituinte, de Antnio Carlos Ribeiro de Andrada: calcavam-se ambos na constituio espanhola de 1812. Tinha de particular a figura do poder moderador, exercido pelo monarca.

    No perodo da Regncia, operou-se importante reforma constitucional por meio do instrumento denominado Ato Adicional, de 12 de agosto de 1834, que criava as Assembleias Legislativas Provinciais. Seguiu-se a lei de Interpretao ao Ato Adicional, de 12 de maio de 1840. Em 20 de julho de 1847, um decreto imperial consagrou o regime parlamentarista e o cargo de presidente do Conselho de Ministros.

    Proclamada a repblica, em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca decretou a lei de Organizao do Governo Provisrio da Repblica dos Estados Unidos do Brasil, de autoria de Rui Barbosa, ento ministro da Fazenda e primeiro vice-chefe do governo. De Rui Barbosa so ainda as principais emendas ao projeto de constituio, elaborado pela chamada Comisso dos Cinco, que teve como presidente Joaquim Saldanha Marinho. Reunido o Congresso Constituinte, a primeira constituio republicana foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Consagrava o princpio do unionismo (predomnio da Unio sobre os estados) e adotava o recurso do habeas-corpus, garantia outorgada em favor de quem sofreu ou pode sofrer coao ou violncia por parte do poder pblico.

    De cunho acentuadamente presidencialista, a constituio de 1891 foi reformada ao tempo do governo Artur Bernardes, em 1926, para fortalecer ainda mais o poder executivo. O quatrinio que se seguiu foi interrompido pela revoluo de 1930, que levou ao poder Getlio Vargas, chefe da Aliana Liberal e candidato derrotado s eleies de 1o de maro, denunciadas como fraudulentas. Em 11 de novembro de 1930, Vargas decretou a lei de Organizao do Governo Provisrio.

    A segunda constituio republicana data de 16 de julho de 1934. Eleito pela Assembleia Constituinte para um mandato de quatro anos, a expirar em 1938, Vargas deu um golpe de estado e outorgou a constituio de

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    1937, que instituiu o Estado Novo. Essa constituio ampliava os poderes do poder executivo e acolhia direitos de famlia e os direitos educao e cultura.

    A terceira constituio republicana, de 18 de setembro de 1946, encerrou a ditadura de Vargas e consagrou o restabelecimento da democracia no pas, conciliando diferentes tendncias polticas. O legislativo voltou a funcionar e o uso da propriedade foi condicionado ao bem-estar social.

    A constituio de 1946 instituiu o salrio mnimo, o direito de greve e o ensino gratuito. A idade mnima para o exerccio do voto baixou de 21 para 18 anos. Essa constituio foi emendada em 1961 para instituir o parlamentarismo, durante a crise deflagrada pela renncia do presidente Jnio Quadros, mas a emenda foi revogada em janeiro de 1963.

    O governo militar instaurado em 1964 procurou legitimar o autoritarismo por meio de sucessivos atos institucionais, que desfiguraram progressivamente a constituio. S em 1967, porm, ela seria formalmente substituda. Resultado do projeto preparado por uma comisso de juristas, convocados pelo presidente Castelo Branco, e alterado pelo ministro da Justia, Carlos Medeiros Silva, a nova constituio foi aprovada pelo Congresso, convocado para esse fim pelo Ato Adicional de 7 de dezembro de 1966.

    A constituio de 1967 acabou com a eleio direta para presidente da repblica e criou, para eleg-lo, um colgio eleitoral. Com ela foram suspensas as garantias dos juzes e aprofundou-se a interveno da Unio na economia dos estados. Novas medidas, particularmente o Ato Institucional n 5, foram alterando essa constituio at que, na crise deflagrada pela doena do presidente Costa e Silva, uma junta militar assumiu o poder e baixou, em 17 de outubro de 1969, a Emenda no 1, em substituio ao projeto que o presidente pretendia apresentar. Tratava-se, na prtica, de uma nova constituio, que reforou ainda mais o poder executivo ao instituir as medidas de emergncia e o estado de emergncia.

    A constituio de 1969 esvaziou-se com o progressivo esfacelamento do regime militar. Em 1987, o presidente Jos Sarney, eleito ainda pelo voto indireto, convocou a nova Assembleia Nacional Constituinte. A constituio por ela projetada, promulgada em 5 de outubro de 1988, devolveu os poderes do legislativo e deu-lhe novas atribuies em matria de poltica econmico-financeira, oramento, poltica nuclear e poltica de comunicaes. Criou tambm novos direitos individuais, coletivos e sociais e ampliou particularmente os direitos do trabalhador. Encyclopdia Britannica do Brasil Publicaes Ltda.

    Presidencialismo

    Adotado sob formas variadas em muitos pases, o presidencialismo tem como base doutrinria a teoria poltica de separao e controle recproco dos poderes, de Montesquieu, que pode ser resumida na sentena do autor: "O poder deve limitar o poder."

    Presidencialismo o sistema de governo no qual os poderes, funes e deveres de chefe de governo e de chefe de estado se renem numa s pessoa e no qual o executivo, legislativo e judicirio so poderes independentes entre si que funcionam em harmonia. Eleito pelo voto direto ou por colgio eleitoral, para mandato com perodo determinado em lei constitucional, o presidente no se subordina ao Parlamento nem pode nele interferir. Entre suas atribuies esto a de liderar a vida poltica da nao, representar o pas interna e externamente, comandar as foras armadas, firmar tratados, encaminhar projetos de lei ao Congresso, responder pela administrao e pelas decises nos setores do executivo e escolher os ministros de estado.

    O sistema presidencialista de governo foi criado nos Estados Unidos pela constituio de 1787. Para limitar o poder do governo e garantir a liberdade dos cidados, os constituintes rejeitaram o modelo parlamentar britnico e estabeleceram a separao total do legislativo, executivo e judicirio, com um sistema de pesos e contrapesos no qual cada poder fiscaliza e contrabalana os demais, sem predomnio de nenhum deles. O presidente americano eleito por um colgio eleitoral, para um mandato de quatro anos, com direito a concorrer uma vez reeleio. O presidente no precisa ter maioria no Congresso, mas em todas as questes de poltica geral que envolvem a legislao ou gastos de verbas deve negociar com os parlamentares para fazer aprovar seus projetos.

    Nas eleies presidenciais americanas, o eleitor participa de todas as etapas do processo: escolhe o candidato de cada partido nas eleies primrias, elege o colgio eleitoral de cada estado e vota nos candidatos vencedores nas primrias no dia das eleies nacionais gerais. O colgio eleitoral, que escolhe o presidente, se compe de delegados dos cinquenta estados da nao. Cada estado elege um nmero de delegados equivalente representao que tem nas duas casas do Congresso. Parlamentares eleitos no podem ser delegados. A eleio praticamente direta porque os delegados respeitam a vontade manifesta pelo voto popular, embora haja exemplos de maioria mais expressiva no colgio eleitoral do que no voto direto, como na eleio de Abraham Lincoln em 1860.

    Em outras naes, o presidencialismo divergiu em muitos aspectos do modelo americano. Nos pases europeus em que a forma de governo republicana e o sistema parlamentarista, o presidente eleito para um mandato estabelecido por lei e ocupa a posio de chefe de estado, enquanto o primeiro-ministro exerce a funo de chefe de governo. As atribuies do presidente se assemelham s dos monarcas constitucionais. Na Sua o poder executivo exercido pelo Conselho Federal, colegiado de sete membros eleitos para um perodo de quatro anos pela Assembleia Federal, que a cada ano elege um deles para o exerccio da presidncia. Na Amrica Latina, a tendncia histrica tem sido o fortalecimento do executivo sem equilbrio entre os poderes, o que levou com frequncia muitas naes a ditaduras que prescindiam no s do legislativo e do judicirio como da prpria participao popular.

    No Brasil, o presidencialismo estabelecido na constituio republicana de 1891 passou por mudanas profundas, ocasionadas por conflitos polticos, revoltas regionais civis, rebelies militares e inquietao econmica decorrente da grave crise financeira mundial de 1929. A revoluo de 1930 deu incio ao "presidencialismo forte" de Getlio Vargas, que se prolongou at 1945. Nas duas dcadas seguintes, o presidencialismo pautou-se pela constituio de 1946, com voto direto e popular. A interveno militar de 1964 interrompeu o ciclo, substitudo pela presidncia dos generais, que se revezaram no poder pelo voto indireto do Congresso, transformado em colgio eleitoral. Com a constituio de 1988, o presidencialismo recuperou caractersticas prximas s do sistema americano, com o fortalecimento do legislativo e do judicirio. Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicaes Ltda.

    A Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988 a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parmetro de validade a todas as demais espcies normativas, situando-se no topo da pirmide normativa. a stima a reger o Brasil desde a sua Independncia.

    Histrico

    Desde 1964 estava o Brasil sob o regime da ditadura militar, e desde 1967 (particularmente subjugado s alteraes decorrentes dos Atos Institucionais) sob uma constituio imposta pelo governo.

    O sistema de exceo, em que as garantias individuais e sociais eram

    diminudas (ou mesmo ignoradas), e cuja finalidade era garantir os interesses da ditadura (internalizado em conceitos como segurana nacional, restrio das garantias fundamentais, etc.) fez crescer, durante o processo de abertura poltica, o anseio por dotar o Brasil de uma nova Constituio, defensora dos valores democrticos. Anseio este que se tornou necessidade aps o fim da ditadura militar e a redemocratizao do Brasil, a partir de 1985.

    Ideologias manifestas na Constituio

    Independentemente das controvrsias de cunho poltico, a Constituio Federal de 1988 assegurou diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos direitos fundamentais, permitindo a participao do Poder Judicirio sempre que houver leso ou ameaa de leso a direitos.

    Para demonstrar a mudana que estava havendo no sistema governamental brasileiro, que sara de um regime autoritrio recentemente, a constituio de 1988 qualificou como crimes inafianveis a tortura e as

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    aes armadas contra o estado democrtico e a ordem constitucional, criando assim dispositivos constitucionais para bloquear golpes de quaisquer natureza.

    Com a nova constituio, o direito maior de um cidado que vive em uma democracia foi conquistado: foi determinada a eleio direta para os cargos de Presidente da Repblica, Governador de Estado (e do Distrito Federal), Prefeito, Deputado (Federal, Estadual e Distrital), Senador e Vereador. A nova Constituio tambm previu uma maior responsabilidade fiscal. Ela ainda ampliou os poderes do Congresso Nacional, tornando o Brasil um pas mais democrtico.

    Pela primeira vez uma Constituio brasileira define a funo social da propriedade privada urbana, prevendo a existncia de instrumentos urbansticos que, interferindo no direito de propriedade (que a partir de agora no mais seria considerado inviolvel), teriam por objetivo romper com a lgica da especulao imobiliria. A definio e regulamentao de tais instrumentos, porm, deu-se apenas com a promulgao do Estatuto da Cidade em 2001.

    Estrutura A Constituio de 1988 est dividida em 10 ttulos (o prembulo no

    conta como ttulo). As temticas de cada ttulo so: Prembulo - introduz o texto constitucional. De acordo com a

    doutrina majoritria, o prembulo no possui fora de lei. Princpios Fundamentais - anuncia sob quais princpios ser dirigida

    a Repblica Federativa do Brasil. Direitos e Garantias Individuais - elenca uma srie de direitos e

    garantias individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade e polticos. As garantias ali inseridas (muitas delas inexistentes em Constituies anteriores) representaram um marco na histria brasileira.

    Organizao do Estado - define o pacto federativo, alinhavando as atribuies de cada ente da federao (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios). Tambm define situaes excepcionais de interveno nos entes federativos, alm de versar sobre administrao pblica e servidores pblicos.

    Organizao dos Poderes - define a organizao e atribuies de cada poder (Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judicirio), bem como de seus agentes envolvidos. Tambm define os processos legislativos (inclusive para emendar a Constituio).

    Defesa do Estado e das Instituies - trata do Estado de Defesa, Estado de Stio, das Foras Armadas e das Polcias.

    Tributao e Oramento - define limitaes ao poder de tributar do Estado, organiza o sistema tributrio e detalha os tipos de tributos e a quem cabe cobr-los. Trata ainda da repartio das receitas e de normas para a elaborao do oramento pblico.

    Ordem Econmica e Financeira - regula a atividade econmica e tambm eventuais intervenes do Estado na economia. Discorre ainda sobre as normas de poltica urbana, poltica agrcola e poltica fundiria.

    Ordem Social - trata da Seguridade Social (incluindo Previdncia Social), Sade, Assistncia Social, Educao, Cultura, Desporto, Meios de Comunicao Social, Cincia e Tecnologia, Meio Ambiente, Famlia, alm de dar ateno especial aos seguintes segmentos: crianas, jovens, idosos e populaes indgenas.

    Disposies Gerais - artigos esparsos versando sobre temticas variadas e que no foram inseridas em outros ttulos em geral por tratarem de assuntos muito especficos.

    Disposies Transitrias - faz a transio entre a Constituio anterior e a nova. Tambm esto includos dispositivos de durao determinada.

    Caractersticas Rigidez - No facilmente alterada a Constituio exige um

    processo legislativo mais elaborado, consensual e solene para a elaborao de emendas constitucionais de que o processo comum exigido para todas as demais espcies normativas legais.

    Emendas Constitucionais Art. 60. A Constituio poder ser emendada mediante proposta:

    I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal;

    II - do Presidente da Repblica; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades

    da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

    1 - A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio.

    2 - A proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros.

    3 - A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem.

    4 - No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir:

    I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e peridico; III - a separao dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. 5 - A matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida

    por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa.

    O artigo 60 da constituio estabelece as regras que regem o processo de criao e aprovao de emendas constitucionais. Uma emenda pode ser proposta pelo Congresso Nacional(um tero da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal), pelo Presidente da Repblica ou por mais da metade das Assembleias Legislativas dos governos estaduais. Uma emenda aprovada somente se trs quintos da Cmara dos Deputados e do Senado Federal aprovarem a proposta, em dois turnos de votao.

    As emendas constitucionais devem ser elaboradas respeitando certas limitaes. H limitaes materiais (conhecidas como clusulas ptreas, art. 60, 4), limitaes circunstanciais (art.60, 1), limitaes formais ou procedimentais (art. 60, I, II, III, 3), e ainda h uma forma definida de deliberao (art. 60, 2) e promulgao (art. 60, 3).

    Implicitamente, considera-se que o art. 60 da Constituio inaltervel pois alteraes neste artigo permitiriam uma reviso completa da Constituio. Nos casos no abordados pelo art. 60 possvel propor emendas. Os rgos competentes para submeter emendas so: a Cmara dos Deputados, o Senado Federal, o Presidente da Repblica e de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

    Os direitos fundamentais, previstos nos incisos do art. 5, tambm no comportam Emendas que lhes diminuam o contedo ou mbito de aplicao.

    Emendas Constitucionais de Reviso

    Art. 3. A reviso constitucional ser realizada aps cinco anos, contados da promulgao da Constituio, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sesso unicameral.

    A emenda constitucional de reviso, conforme o art 3 da ADCT (Ato das Disposies Constitucionais Transitrias), alm de possuir implicitamente as mesmas limitaes materiais e circunstanciais, e os mesmos sujeitos legitimados que o procedimento comum de emenda constitucional, tambm possua limitao temporal - apenas uma reviso constitucional foi prevista, anos aps a promulgao, sendo realizada em 1993. No entanto, ao contrrio das emendas comuns, ela tinha um procedimento de deliberao parlamentar mais simples para reformar o texto constitucional pela maioria absoluta dos parlamentares, em sesso unicameral e promulgao dada pela Mesa do Congresso Nacional.

    Remdios Constitucionais

    A Constituio de 1988 incluiu dentre outros direitos, aes e garantias, os denominados "Remdios Constitucionais"[5]. Por Remdios Constitucionais entende-se as garantias constitucionais, ou seja, instrumentos jurdicos para tornar efetivo o exerccio dos direitos constitucionais.

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    Noes de Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 5

    Os Remdios Constitucionais previstos no art. 5 da CF/88 so: Habeas Data - sua finalidade garantir ao particular o acesso s

    informaes que dizem ao seu respeito constantes do registro de banco de dados de entidades governamentais ou de carter pblico ou correo destes dados, quando o particular no preferir fazer por processo sigiloso, administrativo ou judicial (art. 5, LXXII, da CF).

    Ao Popular - objetiva anular ato lesivo ao patrimnio pblico e punir seus responsveis art. 5, LXXIII, da CF e Lei n. 4.171/65).

    Habeas Corpus - instrumento tradicionalssimo de garantia de direito, assegura a reparao ou preveno do direito de ir e vir, constrangido por ilegalidade ou por abuso de poder (art. 5, LXVIII, da CF).

    Mandado de Segurana - usado de modo individual (art. 5, LXIX, da CF). Tem por fim proteger direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data.

    Mandado de Segurana Coletivo - usado de modo coletivo (art. 5, LXX, da CF). Tem por finalidade proteger o direito de partidos polticos, organismos sindicais, entidades de classe e associao legalmente constitudas em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

    Mandado de Injuno - usado para viabilizar o exerccio de um direito constitucionalmente previsto e que depende de regulamentao (art. 5, LXXI, da CF).

    Poltica Urbana e Transferncias de Recursos Entre outros elementos inovadores, esta Constituio destaca-se das

    demais na medida em que pela primeira vez estabelece um captulo sobre poltica urbana, expresso nos artigos 182 e 183. At ento, nenhuma outra Constituio definia o municpio como ente federativo: a partir desta, o municpio passava efetivamente a constituir uma das esferas de poder e a ela era dada uma autonomia e atribuies inditas at ento.

    Com isso Constituio de 1988 favoreceu os Estados e Municpios, transferindo-lhes a maior parte dos recursos, porm sem a correspondente transferncia de encargos e responsabilidades. O Governo Federal continuou com os mesmos custos e com fonte de receita bastante diminudas. Metade do imposto de renda (IR) e do imposto sobre produtos industrializados (IPI) - os principais da Unio - foi automaticamente distribuda aos Estados e Municpios. Alm disso, cinco outros tributos foram transferidos para a base de clculo do Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS). Ao mesmo tempo, os constituintes ampliaram as funes do Governo Federal.

    Assim, a Carta de 88 promoveu desequilbrios graves no campo fiscal, que tm repercutido nos recursos para programas sociais ao induzir a Unio a buscar receitas no partilhveis com os Estados e Municpios, contribuindo para o agravamento da ineficincia e da iniquilidade do sistema tributrio e do predomnio de impostos indiretos e contribuies. Consequentemente houve uma crescente carga sobre tributos tais como o imposto sobre operaes financeiras (IOF), contribuio de fim social (FINSOCIAL), contribuio social sobre o lucro lquido (CSLL), entre outros.

    Poderes do Estado Executivo, Legislativo e Judicirio

    Antonio Carlos Olivieri Para evitar a cassao de seu mandato, o ento deputado federal Jos

    Dirceu, ex-Ministro chefe da Casa Civil, entrou com diversos recursos no Supremo Tribunal Federal que conseguiram adiar o seu julgamento definitivo, a ser feito por seus pares ou colegas, no Congresso Nacional.

    Nas ltimas semanas de novembro de 2005, as decises do STF, que foram favorveis a Dirceu, acabaram gerando um atrito entre a Cmara dos Deputados e o Supremo, isto , entre o poder Legislativo e o poder Judicirio. O Legislativo acusou o Judicirio de intrometer-se em assuntos seus, o que feriria a independncia que a Constituio brasileira estabelece entre os trs poderes da Repblica.

    Na verdade, a questo complexa e, como lembra a "Folha de S. Paulo" em editorial de 28/11/2005, " da essncia da democracia que os Poderes interfiram uns nos outros, pondo em movimentao um sistema de freios e contrapesos concebido para moderar excessos e assegurar direitos. A to propalada independncia dos Poderes no deve ser confundida com autonomia plena".

    Trs Poderes A existncia de trs Poderes e a ideia que haja um equilbrio entre eles,

    de modo que cada um dos trs exera um certo controle sobre os outros

    sem dvida uma caracterstica das democracias modernas. A noo da separao dos poderes foi intuda por Aristteles, ainda na Antiguidade, mas foi aplicada pela primeira vez na Inglaterra, em 1653. Sua formulao definitiva, porm, foi estabelecida por Montesquieu, na obra "O Esprito das Leis", publicada em 1748, e cujo subttulo "Da relao que as leis devem ter com a constituio de cada governo, com os costumes, com o clima, com a religio, com o comrcio, etc."

    " preciso que, pela disposio das coisas, o poder retenha o poder", afirma Montesquieu, propondo que os poderes executivo, legislativo e judicirio sejam divididos entre pessoas diferentes. Com isso, o filsofo francs estabelecia uma teoria a partir da prtica que verificara na Inglaterra, onde morou por dois anos. A influncia da obra de Montesquieu pode ser medida pelo fato de a tripartio de poderes ter se tornado a regra em todos os pases democrticos modernos e contemporneos.

    Executivo e Legislativo Posto isto, cabe agora identificar melhor cada um desses poderes e

    esclarecer as suas funes. Em primeiro lugar, pode-se citar o poder Executivo que, em sentido estrito, o prprio Governo. No caso brasileiro - uma repblica presidencialista - o poder Executivo constitudo pelo Presidente da Repblica, supremo mandatrio da nao, e por seus auxiliares diretos, os Ministros de Estado.

    O poder Executivo exerce principalmente a funo administrativa, gerenciando os negcios do Estado, aplicando a lei e zelando pelo seu cumprimento. Alm disso, o Executivo tambm exerce, em tese de modo limitado, a atividade legislativa atravs da edio de medidas provisrias com fora de lei e da criao de regulamentos para o cumprimento das leis. No entanto, desde o fim da ditadura militar, em 1985, os presidentes brasileiros demonstram uma tendncia a abusar das medidas provisrias para fazer leis de seus interesses, quando estas s deveriam ser editadas, de acordo com a Constituio, "em caso de urgncia e necessidade extraordinria".

    Ora, fazer leis ou legislar a funo bsica do poder Legislativo, isto , o Congresso Nacional. Composto pelo Senado e pela Cmara dos Deputados, o Congresso tambm fiscaliza as contas do Executivo, por meio de Tribunais de Contas que so seus rgos auxiliares, bem como investiga autoridades pblicas, por meio de Comisses Parlamentares de Inquritos (CPIs). Ao Senado federal cabe ainda processar e julgar o presidente, o vice-presidente da Repblica e os ministros de Estado no caso de crimes de responsabilidade, aps a autorizao da Cmara dos Deputados para instaurar o processo.

    O poder Judicirio J o poder Judicirio tem, com exclusividade, o poder de aplicar a lei

    nos casos concretos submetidos sua apreciao. Nesse sentido, cabe aos juzes garantir o livre e pleno debate da questo que ope duas ou mais partes numa disputa cuja natureza pode variar - ser familiar, comercial, criminal, constitucional, etc. -, permitindo que todos os que sero afetados pela deciso da Justia expor suas razes e argumentos.

    A Constituio da Repblica Federativa do Brasil em seu Ttulo 4o - Da Organizao dos Poderes estabelece minuciosamente todas as questes a esse respeito e, apesar da linguagem nem sempre ser muito simples ou acessvel, deve ser consultada por quem quiser conhecer pormenorizadamente o papel daqueles que nos governam. Chefe de Estado e de Governo

    O poder Executivo se constitui do conjunto de rgos e autoridades pblicas que a Constituio da Repblica Federativa do Brasil regulamenta entre seus 76 e 91 e aos quais atribui a funo essencial de administrar o pas. O principal representante do Executivo o presidente da Repblica, que desempenha o papel de chefe de Estado e de Governo. Mas em que se diferenciam essas duas chefias?

    Em pases de regime parlamentarista, como o Reino Unido, os cargos pertencem a duas pessoas distintas: o monarca, que o chefe de Estado, e o Primeiro-ministro, que o chefe de Governo. Ao monarca, seja rainha ou rei, cumpre representar a Nao tanto para seus habitantes, quanto perante os outros pases do mundo. J ao Primeiro-ministro, cabe a administrao do pas propriamente dita.

    Presidencialismo Nos pases de regime presidencialista, como o nosso caso, o

    presidente da Repblica acumula as duas funes. Para tanto, ele conta com o auxlio de seus ministros e dos secretrios de Estado. Entre as principais atribuies do presidente do Brasil, podem-se citar:

    Nomear e demitir os ministros de Estado;

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    Noes de Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 6

    Exercer com o auxlio dos ministros de Estado, a direo superior da administrao federal;

    Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua execuo;

    Vetar projetos de lei, total ou parcialmente, ou solicitar sua considerao ao Congresso Nacional;

    Manter relaes com pases estrangeiros e acreditar seus representantes diplomticos;

    Decretar o estado de defesa, o estado de stio e a interveno federal, nos termos da Constituio;

    Remeter ao Congresso o plano de governo, o plano plurianual de investimentos, assim como a prestao anual das contas relativas ao exerccio anterior;

    Exercer o comando supremo das Foras Armadas e nomear os comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, promover seus oficiais-generais e nome-los para outros cargos.

    Como se pode ver, so grandes os poderes que o presidente concentra em suas mos, mas no custa lembrar que, para exerc-los numa democracia, preciso ocorrer uma srie de negociaes polticas entre o Executivo e o poder Legislativo, que constitudo pelo Congresso Nacional, formado pelo Senado Federal e a Cmara dos Deputados.

    Discutir e negociar Na prtica, para dar os rumos que pretende nao, o presidente

    precisa obter o apoio da maioria do Congresso e, para formar essa maioria, que a poltica se exercita: preciso discutir e negociar com deputados e senadores, levando em conta os diversos interesses que eles representam, at chegar a consensos que possibilitem ou no a execuo dos diversos atos governamentais.

    Nesse sentido, a poltica um verdadeiro jogo de xadrez, em que o presidente da Repblica, como qualquer jogador, deve saber no s movimentar as suas peas, como tentar prever o movimento das de seu adversrio. Para tanto, preciso muito preparo e ainda talento: a poltica tambm uma arte.

    Cotidiano poltico e participao Isso d ao cotidiano poltico um aspecto emocional e apaixonante que

    faz do seu acompanhamento uma atividade que pode ser to agradvel quanto assistir a uma partida de futebol ou a uma novela, com uma diferena fundamental: do resultado da partida os do desenlace do enredo dependem diversos aspectos da vida de todos os cidados do pas.

    Portanto, os cidados no devem se comportar com a passividade caracterstica dos simples espectadores. Ao contrrio, devem conhecer as regras do jogo e saber que podem se manifestar de diversas formas para interferir em seu resultado. Deixando esse tpico registrado, melhor retornar ao poder Executivo, para tratar do segundo cargo na sua hierarquia da Repblica.

    Vice-presidente O vice-presidente tem como sua principal funo substituir o

    presidente, nas situaes em que este se encontre impedido, o que pode se dar por motivos como viagem, doena e at morte, ou ainda mediante o impeachment. Alm disso, o vice pode ser convidado pelo presidente da Repblica para exercer misses especiais.

    No primeiro mandato do presidente Luiz Incio Lula da Silva, por exemplo, o vice-presidente Jos Alencar foi chamado a exercer o cargo de ministro da Defesa, que acumulou com a vice-presidncia entre 2004 e 2006.

    O segundo cargo da Repblica tambm eletivo, porm, como a experincia mostrou que o vice deveria apresentar a mesma tendncia poltica do presidente, optou-se por um sistema em que a eleio do presidente implica automaticamente a do vice-presidente por ele registrado. Deputados e Senadores nos representam

    Se voc visitar o portal da Cmara dos Deputados na internet, vai encontrar as seguintes consideraes sobre o papel que essa entidade exerce na vida poltica nacional:

    O poder Legislativo cumpre papel imprescindvel perante a sociedade do Pas, visto que desempenha trs funes primordiais para a consolidao da democracia: representar o povo brasileiro, legislar sobre os assuntos de interesse nacional e fiscalizar a aplicao dos recursos pblicos. [...] a Cmara dos Deputados compe-se de representantes de todos os Estados e do Distrito Federal, o que resulta em um parlamento com diversidade de ideias, revelando-se uma casa legislativa plural, a servio da sociedade brasileira.

    A primeira observao a fazer que a Cmara um dos rgos do poder Legislativo, que juntamente com um segundo rgo, o Senado Federal, compem o Congresso Nacional. Alm deles, tambm integra o mesmo poder o Tribunal de Contas da Unio (TCU), que presta assessoria Cmara e ao Senado, especialmente no mbito do uso do dinheiro pblico.

    Independentemente dessa ltima entidade, importante ressaltar que nosso Congresso dito bicameral, justamente por ser composto por duas cmaras (ou assembleias), a dos Deputados, que tambm pode ser chamada de Cmara Baixa, e o Senado, ou Cmara Alta, sem que exista nessas expresses nenhum juzo de valor.

    Diversidade e pluralidade do Congresso A diferena que, enquanto o Senado constitui-se de representantes

    dos Estados ou Unidades da Federao, a Cmara formada por representantes do povo. Por isso, ela fundamentalmente "plural" e marcada pela "diversidade de ideias". Afinal, a populao do pas, naturalmente, marcada por uma grande diversidade social, econmica, tnica, de gnero (masculino e feminino), religiosa, etc.

    E a Cmara deve conter representantes desses diferentes grupos. No entanto, no se pode esquecer que a perfeio est no plano do ideal, no que se refere s realidades humanas. No mundo real, essa perfeio no existe nem pode existir, at porque - bom lembrar -, a noo de perfeio implica uma coisa acabada e o mundo no acabou (pelo menos por enquanto), de modo que ele est sempre se fazendo e refazendo.

    Isso no significa que a perfeio no deve ser desejada ou procurada. Muito pelo contrrio, essa busca (sem fim) que pode aperfeioar a civilizao e tornar melhor a vida em sociedade.

    Defasagens e distores Porm, as instituies polticas ou jurdicas, como qualquer instituio,

    no do conta de acompanhar com a mesma rapidez as transformaes que ocorrem na vida social, de modo que o prprio desenrolar do tempo gera defasagens entre as instituies e a realidade.

    Quer um exemplo bem claro? O relacionamento extraconjugal - isto , o fato de uma mulher ter uma relao amorosa ou sexual fora do casamento, sem o conhecimento do marido - era considerado um crime pelo artigo 240 do Cdigo penal brasileiro, que data de 1940.

    Esse artigo foi revogado em 2005, uma vez que para a sociedade contempornea a relao extraconjugal perdeu o carter "criminoso" que tinha para a sociedade brasileira de 65 anos atrs. Alm disso, a condio social da mulher mudou ao longo dessas sete dcadas e ela adquiriu direitos legais iguais aos do homem.

    Poltica sujeita a distores Por isso, enquanto representao da sociedade brasileira, a Cmara

    dos Deputados apresenta uma srie de distores que, embora devam ser corrigidas, so inerentes aos parlamentos do mundo inteiro, em maior ou menor grau. A poltica, atividade humana por excelncia, assim: sujeita a diversas distores e correes de rumo.

    Ou seja, as distores no devem causar espanto nem escndalo. S no podem ser motivo de resignao e conformismo. Lutar por alteraes e transformaes, por mais difceis que estas possam parecer, faz parte do jogo poltico. quando percebe os erros, as distores, as defasagens existentes nas suas instituies, que a populao ou parte dela comea a se manifestar, exercendo seu direito de exigir mudanas.

    Representatividade no Brasil Por outro lado, na nossa Cmara dos Deputados h distores que no

    so to "naturais" assim. O historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de So Carlos (SP), por exemplo, ressalta que muito grande o nmero de deputados. "Temos uma das maiores Cmaras do mundo", diz ele. "Os Estados Unidos, com uma populao 60% maior que a nossa, tem 435 deputados. A ndia, cuja populao quatro vezes maior do que a nossa, tem uma Cmara Baixa com 545 membros", acrescenta.

    Alm de grande, a Cmara dos Deputados do Brasil desproporcional quanto representao da populao de cada Estado. A legislao em vigor fixa o nmero de deputados federais em 513, sendo que nenhum Estado pode ter menos de oito ou mais de 70 representantes, de acordo com o tamanho de sua populao (veja quadro).

    Agora note o problema que isso gera: Roraima tem cerca de 390 mil habitantes, 233 mil eleitores e 8 deputados; So Paulo tem cerca de 40 milhes de habitantes, 28 milhes de eleitores e 70 deputados. Divida o eleitorado pelo nmero de deputados e voc vai ver que um deputado de Roraima precisa de 29 mil votos para se eleger. Em So Paulo, ao

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    Noes de Direito Constitucional A Opo Certa Para a Sua Realizao 7

    contrrio, o candidato precisa de 400 mil votos. Faa uma nova diviso, de 400 mil por 29 mil, e voc chegar

    concluso de que um voto de Roraima equivale a cerca de 14 votos paulistas - o que um contra-senso, pois, de acordo com a lgica um voto s pode equivaler a um voto, independentemente do Estado onde ele esteja sendo dado (vale esclarecer que os dois Estados foram tomados como exemplo por apresentarem, respectivamente, o menor e o maior eleitorado do pas.)

    Por fim, quanto representatividade, as coisas na Cmara esto no seguinte p: embora concentrem 62% do eleitorado do pas, o Sul e o Sudeste tm apenas 48% do total dos deputados. J o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste, com 38% do eleitorado, tm 52% das cadeiras da Cmara.

    Problemas e solues O que importa que uma distoro de representatividade como essa

    no interessa sociedade brasileira, de quem a prpria Cmara diz em seu site estar a servio. Sendo assim, voc pode se perguntar a quem isso interessa e as respostas que voc vai obter dependero completamente do posicionamento poltico de quem vai d-las.

    Voc tambm pode se perguntar se o problema tem soluo e ele com certeza tem, apesar de sua complexidade. Para resolv-lo, os prprios representantes do povo vo ter que realizar vrios debates no Congresso nacional, at chegar a um consenso e reformar a legislao que rege o assunto. Talvez, eles s venham a fazer isso quando o eleitorado pression-los, mas assim mesmo que funcionam as coisas num regime democrtico.

    Estrutura Normativa Da Constituio Elementos da constituio: 1) Elementos orgnicos ou organizacionais: organizam o estado e os

    poderes constitudos. 2) Elementos limitativos limitam o poder direitos e garantias

    fundamentais. 3) Elementos scio-ideolgicos - princpios da ordem econmica e

    social 4) Elementos de estabilizao constitucional supremacia da CF

    (controle de constitucionalidade) e soluo de conflitos constitucionais 5) Elementos formais de aplicabilidade so regras que dizem

    respeito a aplicabilidade de outras regras (ex. prembulo, disposies transitrias)

    Classificao Das Constituies

    1) Quanto ao contedo: a) Constituio formal: regras formalmente constitucionais, o texto

    votado pela Assembleia Constituinte, so todas as regras formalmente constitucionais = esto inseridas no texto constitucional.

    b) Constituio material: regras materialmente constitucionais, o

    conjunto de regras de matria de natureza constitucional, isto , as relacionadas ao poder, quer esteja no texto constitucional ou fora dele. O conceito de Constituio material transcende o conceito de Constituio formal, ela ao mesmo tempo, menor que a formal e mais que esta = nem todas as normas do texto so constituio material e h normas fora do texto que so materialmente constitucionais.

    Regras de matria constitucional so as regras que dizem respeito ao

    poder, portanto, so as que cuidam da organizao do Estado e dos poderes constitudos, modo de aquisio e exerccio do poder, as garantias e direitos fundamentais, elementos scio-ideolgicos, etc.

    Nem todas as regras que esto na Constituio so regras

    materialmente constitucionais. Pelo simples fato de estarem na Constituio elas so formalmente constitucional. As regras formalmente constitucionais so chamadas por alguns autores de lei constitucional, como se fosse uma lei na constituio.

    2) Quanto forma: a) Escrita: pode ser: sinttica (Constituio dos Estados Unidos) e

    analtica (expansiva, a Constituio do Brasil). A cincia poltica recomenda que as constituies sejam sintticas e no expansivas como a brasileira.

    b) No escrita: a constituio cuja as normas no constam de um documento nico e solene, mas se baseie principalmente nos costumes, na jurisprudncia e em convenes e em textos constitucionais esparsos.

    3) Quanto ao modo de elaborao: a) Dogmtica: Constituio sistematizada em um texto nico,

    elaborado reflexivamente por um rgo constituinte = escrita. a que consagra certos dogmas da cincia poltica e do Direito dominantes no momento. um texto nico, consolidado. Esta consolidao pode ser elaborada por uma pessoa (ser outorgada, ex. na monarquia) ou por uma Assembleia Constituinte (ser promulgada, ex. nos sistemas representativos, Presidencialismo e Parlamentarismo). As constituies dogmticas podem ser: ortodoxa (quando segue uma s linha de raciocnio, tem um nico pensamento) e ecltica (no h um fio condutor, temos dispositivos completamente antagnicos em razo da divergncia que existiam entre os parlamentares, j que cada um visava os seus prprios interesses. - uma dogmtica que mistura tudo).

    b) Histrica: sempre no escrita e resultante de lenta formao

    histrica, do lento evoluir das tradies, dos fatos scio-polticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organizao de determinado Estado. Como exemplo de Constituio no escrita e histrica temos a Constituio do Estado chamado Reino Unido da Gr Bretanha e da Irlanda do Norte, sendo que a Gr Bretanha formada pela Inglaterra, Irlanda e Esccia. A Inglaterra tem uma constituio no escrita, apesar de ter normas materialmente constitucionais que so escritas. Portanto, a Constituio no escrita , em parte escrita, tendo como caracterstica diferenciadora que os seus textos escritos no esto reunidos, no codificado, so textos esparsos e se eternizam no tempo, denominados Atos do Parlamento (ex. Magna Carta - datada de 1215)

    A escrita sempre dogmtica. A no escrita sempre histrica. 4) Quanto a sua origem ou processo de positivao: a) Promulgada: aquela em que o processo de positivao decorre de

    conveno, so votadas, originam de um rgo constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de elabor-las. Ex.: Constituio de 1891, 1934, 1946, 1988.Tambm chamada de populares, democrticas.A expresso democrtica no deve ser utilizada como sinnimo de Constituio promulgada, no denominao correta. O simples fato de ser promulgada no significa que seja democrtica. (Democracia = vontade da maioria, consenso). A constituio outorgada tambm pode ser democrtica, se a maioria concordar com ela.

    b) Outorgada: aquela em que o processo de positivao decorre de ato

    de fora, so impostas, decorrem do sistema autoritrio. So as elaboradas sem a participao do povo. Ex.: Constituio de 1824, 1937, 1967, 1969.

    Prxima a esta modalidade de constituio encontramos tambm uma referncia histrica, a chamada Constituio Cesarista ou mistificada = no propriamente outorgada, mas tampouco promulgada, ainda que criada com a participao popular. Formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador, ex. plebiscitos napolenicos ou por um ditador, ex. plebiscito de Pinochet, no Chile. A participao popular, nesses casos, no democrtica, pois visa somente ratificar a vontade do detentor do poder, sendo assim pode ser considerado um tipo de outorga (so impostas e ratificada pelo povo por meio de plebiscito para dar aparncia de legtima).

    c) Pactuadas: so aquelas em que os poderosos pactuavam um texto

    constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215. OBS: A expresso Carta Constitucional usada hoje pelo STF para

    caracterizar as constituies outorgadas. Portanto, no mais sinnimo de constituio.

    5) Quanto estabilidade ou mutabilidade: a) Imutvel: constituies onde se veda qualquer alterao,

    constituindo-se relquias histricas imutabilidade absoluta. b) Rgida: permite que a constituio seja mudada mas, depende de

    um procedimento solene que o de Emenda Constitucional que exige 3/5 dos membros do Congresso Nacional para que seja aprovada. A rigidez

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    caracterizada por um processo de aprovao mais formal e solene do que o processo de aprovao de lei ordinria, que exige a maioria simples.

    c) Flexvel: o procedimento de modificao no tem qualquer diferena

    do procedimento comum de lei ordinria Alguns autores a denominam de Constituio Plstica, o que arriscado porque pode ter diversos significados. Ex.: as constituies no escritas, na sua parte escrita elas so flexveis

    d) Semi-rgida: aquela em que o processo de modificao s rgido

    na parte materialmente constitucional e flexvel na parte formalmente constitucional.

    A estabilidade das constituies no deve ser absoluta, no pode significar imutabilidade. Deve-se assegurar certa estabilidade constitucional, certa permanncia e durabilidade das instituies, mas sem prejuzo da constante, tanto quanto possvel, perfeita adaptao das constituies s exigncias do progresso, da evoluo e do bem-estar social.

    6) Quanto sua funo (funo que a Constituio desenvolve no

    Estado): As trs categorias no so excludentes, uma Constituio pode ser

    enquadrada em mais de uma delas, salvo a balano e a dirigente que se excluem.

    a) Garantia: tem a concepo clssica de Constituio, reestrutura o Estado e estabelece as garantias dos indivduos, isto , estabelece limitaes ao poder

    b) Balano: foi bem definida por F. Lassale na antiga URSS. A

    constituio um reflexo da realidade, devendo representar o Balano da evoluo do Estado, o reflexo das foras sociais que estruturam o Poder ( o chamado conceito sociolgico dado por Lassale). CF DO SER. Seu contedo se contrape dirigente. Nesta base foi criada a constituio sovitica o que se projetou para os Estados que seguiam a sua concepo. Para eles a constituio tinha que mostrar a realidade social, como se fosse uma fotografia = mostrar como , portanto, a constituio do SER.

    EX.: A UNRSS teve trs constituies, descrevendo trs fases diferentes do Estado. A primeira em 1924 que a constituio do proletariado, a segunda em 1936 chamada dos operrios e a ltima em 1971 que foi a constituio do povo. A cada constituio era feito um novo balano da evoluo do Estado = tirada uma nova fotografia da situao atual. Estas consideraes tm somente efeito histrico, porque a prpria URSS no existe mais.

    c) Dirigente: A constituio no apenas organiza o poder como tambm

    preordena a atuao governamental por meio de programas vinculantes. CF DO DEVER SER Esta constituio diz como deve ser as coisas e no como realmente . Numa constituio dirigente h duas diretrizes polticas para que seja possvel organizar o Estado e preordenar a atuao governamental, que so: permanente (so as que constam da prpria constituio) e contingente (so os Estatutos partidrios).

    Nos Estados desenvolvidos segue-se o Estatuto partidrio como regras

    de atuao do poder, sempre obedecendo as normas da constituio que diretrizes permanentes. Os estatutos de qualquer dos partidos, cada um a seu modo devem obedecer sempre a constituio. Nos pases em que temos dois grandes partidos a escolha das metas de governo feita pelo eleitorado e efetivamente tem grande importncia, j que os partidos tem planos de governo preestabelecidos - eles tem um estatuto partidrio a ser seguido. Para ns os partidos no passam de legendas, os nossos estatutos no so aplicados no tendo a sua real importncia - aqui uma baguna s, cada um faz o que quer.

    7) Quanto relao entre as normas constitucionais e a realidade

    poltica (positividade real aplicao ): a) normativa: a dinmica do poder se submete efetivamente

    regulamentao normativa. Nesta modalidade a constituio obedecida na ntegra, como ocorre com a constituio americana;

    b) nominalista: esta modalidade fica entre a constituio normativa que seguida na ntegra e a semntica que no passa de mero disfarce de um estado autoritrio.Esta constituio aparece quando um Estado passa de

    um Estado autoritrio para um Estado de direito, o caso da nossa constituio de 1988. A Constituio de 1988 nasceu normativa, havia uma expectativa de que passssemos da constituio nominalista para uma constituio normativa. Na realidade isto no est ocorrendo, pelo contrrio, a classe poltica, em especial, vem descumprindo absurdamente a constituio.

    c) semntica: mero disfarce de um Estado autoritrio. Eduardo Silva

    Alves.

    Dos Princpios Fundamentais

    1. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS Os princpios constitucionais so aqueles que guardam os valores

    fundamentais da ordem jurdica. Isto s possvel na medida em que estes no objetivam regular situaes especficas, mas sim desejam lanar a sua fora sobre todo o mundo jurdico. Alcanam os princpios esta meta proporo que perdem o seu carter de preciso de contedo, isto , conforme vo perdendo densidade semntica, eles ascendem a uma posio que lhes permite sobressair, pairando sobre uma rea muito mais ampla do que uma norma estabelecedora de preceitos. Portanto, o que o princpio perde em carga normativa ganha como fora valorativa a espraiar-se por cima de um sem-nmero de outras normas.

    O reflexo mais imediato disto o carter de sistema que os princpios

    impem Constituio. Sem eles a Constituio se pareceria mais com um aglomerado de normas que s teriam em comum o fato de estarem juntas no mesmo diploma jurdico, do que com um todo sistemtico e congruente. Desta forma, por mais que certas normas constitucionais demonstrem estar em contradio, esta aparente contradio deve ser minimizada pela fora catalisadora dos princpios.

    Outra funo muito importante dos princpios servir como critrio de

    interpretao das normas constitucionais, seja ao legislador ordinrio, no momento de criao das normas infraconstitucionais, seja aos juzes, no momento de aplicao do direito, seja aos prprios cidados, no momento da realizao de seus direitos.

    Em resumo, so os princpios constitucionais aqueles valores

    albergados pelo Texto Maior a fim de dar sistematizao ao documento constitucional, de servir como critrio de interpretao e finalmente, o que mais importante, espraiar os seus valores, pulveriz-los sobre todo o mundo jurdico.

    1.1. Repblica A repblica no incio teve um sentido bastante preciso; tratava-se de

    um regime que se opunha monarquia. Nesta, tudo pertencia ao rei, que governava de maneira absoluta e irresponsvel. Alm disto, caracterstica das monarquias a vitaliciedade do governante e, via de regra, a transferncia do poder por fora de laos hereditrios. A repblica surgiu, portanto, em oposio ao regime monrquico, uma vez que retirava o poder das mos do rei passando-o nao. No h que se pensar, no entanto, que o povo passou, efetiva e diretamente, a governar, muito embora esta seja a primeira ideia de repblica, ou seja, a coisa do povo.

    Hoje, no entanto, o conceito de repblica perdeu muito de seu

    contedo. Isto se deu na medida em que as monarquias foram cedendo parcelas de seus poderes at contemporaneamente encontrarem-se quase que totalmente destitudas de qualquer prerrogativa de mando efetivo. As monarquias da Europa ocidental em nada diferenciam-se de suas vizinhas Repblicas, exceo da figura decorativa do monarca que nominalmente exerce as funes de chefe de Estado. Assim, em termos de regimes polticos, os conceitos de monarquia e repblica esto bastante esvaziados. Talvez por esta razo a nova Constituio reforce o seu significado falando de Estado Democrtico de Direito e ainda enumerando alguns fundamentos de nossa Repblica. Resumindo, ao termos que interpretar o princpio republicano, devemos ter em mente, funda-mentalmente, a necessidade da alternncia no poder, por certo sua caracterstica mais acentuada.

    1.2. Federao

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    Ao lado do termo Repblica, inserto no art. 1.0 da Constituio de 1988, encontra-se a palavra Federativa, ou seja, o Brasil adere forma Federativa de Estado.

    1.2.1. Histrico A ideia moderna de Federao surge em 1787, na Conveno de

    Philadelphia, onde as treze ex-colnias inglesas resolveram dispor de parcela de suas soberanias, tornando-se autnomas, e constituir um novo Estado, este sim soberano. Assim, a Constituio de 1787, que deu surgimento aos Estados Unidos da Amrica, criou tambm uma nova forma de Estado, o federativo.

    No Brasil, embora as coisas tenham ocorrido um pouco s avessas, a

    forma federativa surgiu em 15 de novembro de 1889, junto com a Repblica, por fora do Decreto n. 1. Dizemos por que s avessas: na experincia norte-americana, tnhamos treze pases independentes, que, atravs de um acordo, cederam parcela de seu poder ao novo ente que surgiu, resguardando assim muito do que antes era seu. No caso brasileiro, ao invs de diversos Estados, tnhamos um s; o Brasil todo respondia ao domnio do imperador. Depois de proclamada a Repblica e a Federao que se viu a necessidade de criarem-se os Estados-Membros, aos quais delegaram-se algumas competncias. Esta talvez seja uma das razes pelas quais o Brasil nunca chegou a ter uma verdadeira Federao, onde os Estados alcanam autonomia real.

    Outro dado para o qual se deve alertar no novo Texto o fato de ele ter

    includo o municpio como componente da Federao. Como sabemos o municpio uma realidade em nossa histria. Mesmo antes de existir o pas Brasil j tnhamos municpios, os quais eram importantes locus de poder. Inclusive tendo a Constituio do Imprio que passar pelo crivo das Cmaras municipais para que chegasse a ser aprovada. Portanto, corrige o constituinte, ao incluir o municpio como componente da Federao brasileira, o erro das Constituies anteriores.

    1.2.2. Princpio Federativo A federao a forma de Estado pela qual se objetiva distribuir o

    poder, preservando a autonomia dos entes polticos que a compem. No entanto, nem sempre alcana-se uma racional distribuio do poder; nestes casos d-se ou um engrandecimento da Unio ou um excesso de poder regionalmente concentrado, o que pode ser prejudicial se este poder estiver nas mos das oligarquias locais. O acerto da Constituio, quando dispe sobre a Federao, estar diretamente vinculado a uma racional diviso de competncia entre, no caso brasileiro, Unio, Estados e Municpios; tal diviso para alcanar logro poderia ter como regra principal a seguinte: nada ser exercido por um poder mais amplo quando puder ser exercido pelo poder local, afinal os cidados moram nos Municpios e no na Unio.

    Portanto deve o princpio federativo informar o legislador

    infraconstitucional que est obrigado a acatar tal princpio na elaborao das leis ordinrias, bem como os intrpretes da Constituio, a comear pelos membros do Poder Judicirio.

    1.2.3. Caractersticas da Federao Poderamos, aqui, elencar inmeras caractersticas da Federao;

    abordaremos, entretanto, apenas aquelas que se nos demonstram mais importantes:

    1.) uma descentralizao poltico-administrativa constitucionalmente prevista;

    2.) uma Constituio rgida que no permita a alterao da repartio

    de competncias por intermdio de legislao ordinria. Se assim fosse possvel, estaramos num Estado unitrio, politicamente descentralizado;

    3.) existncia de um rgo que dite a vontade dos membros da

    Federao; no caso brasileiro temos o Senado, no qual renem-se os representantes dos Estados-Membros;

    4.) autonomia financeira, constitucionalmente prevista, para que os

    entes federados no fiquem na dependncia do Poder Central; 5.) a existncia de um rgo constitucional encarregado do controle da

    constitucionalidade das leis, para que no haja invaso de competncias.

    Quanto diviso de competncias, que talvez seja o tema mais relevante no tratamento da Federao, ser abordada oportunamente quando tratarmos da Federao brasileira.

    1.3. Estado Democrtico de Direito em boa hora que a Constituio acolhe estes dois princpios: o

    Democrtico e o do Estado de Direito. Pois, como visto, o princpio republicano, por si s, no se tem demonstrado capaz de resguardar a soberania popular, a submisso do administrador vontade da lei, em resumo, no tem conseguido preservar o princpio democrtico nem o do Estado de Direito.

    Antes, porm, de analisarmos estes preceitos, uma questo nos salta

    aos olhos: estabeleceu a Constituio dois princpios ou na realidade o Estado Democrtico e o Estado de Direito significam a mesma coisa? Daremos esta resposta atravs das seguintes palavras de Canotilho e Vital Moreira: Este conceito bastante complexo, e as suas duas componentes ou seja, a componente do Estado de direito e do Estado democrtico no podem ser separadas uma da outra. O Estado de direito democrtico e s sendo-o que de direito; o Estado democrtico Estado de direito e s sendo-o que Estado de direito (Constituio da Repblica Portuguesa anotada, 2. ed., Coimbra Ed., 1984, v. 1, p. 73). Esta ntima ligao poderia fazer-nos crer que se trata da mesma coisa, no entanto, os autores complementam o pensamento da seguinte maneira:

    Esta ligao material das duas componentes no impede a

    considerao especfica de cada uma delas, mas o sentido de uma no pode ficar condicionado e ser qualificado em funo do sentido da outra (Constituio, cit., p. 73). Conclumos, ento, tratar-se de um conceito hbrido, e para que possamos melhor compreend-lo, necessitamos percorrer, preliminarmente, cada um deles.

    O Estado de Direito, mais do que um conceito jurdico, um conceito

    poltico que vem tona no final do sculo XVIII, incio do sculo XIX. Ele fruto dos movimentos burgueses revolucionrios, que quele momento se opunham ao absolutismo, ao Estado de Polcia. Surge como ideia fora de um movimento que tinha por objetivo subjugar os governantes vontade legal, porm, no de qualquer lei. Como sabemos, os movimentos burgueses romperam com a estrutura feudal que dominava o continente europeu; assim os novos governos deveriam submeter-se tambm a novas leis, originadas de um processo novo onde a vontade da classe emergente estivesse consignada. Mas o fato de o Estado passar a se submeter lei no era suficiente. Era necessrio dar-lhe outra dimenso, outro aspecto. Assim, passa o Estado a ter suas tarefas limitadas basicamente manuteno da ordem, proteo da liberdade e da propriedade individual. E a ideia de um Estado mnimo que de forma alguma interviesse na vida dos indivduos, a no ser para o cumprimento de suas funes bsicas; fora isso deveriam viger as regras do mercado, assim como a livre contratao.

    Como no poderia deixar de ser, este Estado formalista recebeu

    inmeras crticas na medida em que permitiu quase que um absolutismo do contrato, da propriedade privada, da livre empresa. Era necessrio redinamizar este Estado, lanar-lhe outros fins; no que se desconsiderassem aqueles alcanados, afinal eles significaram o fim do arbtrio, mas cumprir outras tarefas, principalmente sociais, era imprescindvel.

    Desencadeia-se, ento, um processo de democratizao do Estado; os

    movimentos polticos do final do sculo XIX, incio do XX, transformam o velho e formal Estado de Direito num Estado Democrtico, onde alm da mera submisso lei deveria haver a submisso vontade popular e aos fins propostos pelos cidados. Assim, o conceito de Estado Democrtico no um conceito formal, tcnico, onde se dispe um conjunto de regras relativas escolha dos dirigentes polticos. A democracia, pelo contrrio, algo dinmico, em constante aperfeioamento, sendo vlido dizer que nunca foi plenamente alcanada. Diferentemente do Estado de Direito que, no dizer de Otto Mayer, o direito administrativo bem ordenado no Estado Democrtico importa saber a que normas o Estado e o prprio cidado esto submetidos. Portanto, no entendimento de Estado Democrtico devem ser levados em conta o perseguir certos fins, guiando-se por certos valores, o que no ocorre de forma to explcita no Estado de Direito, que se resume em submeter-se s leis, sejam elas quais forem.

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    2. FUNDAMENTOS DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL A Constituio traz como fundamentos do Estado brasileiro a

    soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, a crena nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo poltico. Esses fundamentos devem ser entendidos como o embasamento do Estado; seus valores primordiais, imediatos, que em momento algum podem ser colocados de lado.

    Soberania a qualidade que cerca o poder do Estado. Entre os

    romanos era denominada suprema potestas, imperium. Indica o poder de mando em ltima instncia, numa sociedade poltica. O advento do Estado moderno coincide, precisamente, com o momento em que foi possvel, num mesmo territrio, haver um nico poder com autoridade originria. A soberania se constitui na supremacia do poder dentro da ordem interna e no fato de, perante a ordem externa, s encontrar Estados de igual poder. Esta situao a consagrao, na ordem interna, do princpio da subordinao, com o Estado no pice da pirmide, e, na ordem internacional, do princpio da coordenao.

    Ter, portanto, a soberania como fundamento do Estado brasileiro

    significa que dentro do nosso territrio no se admitir fora outra que no a dos poderes juridicamente constitudos, no podendo qualquer agente estranho Nao intervir nos seus negcios. No entanto, o princpio da soberania fortemente corrodo pelo avano da ordem jurdica internacional. A todo instante reproduzem-se tratados, conferncias, convenes, que procuram traar as diretrizes para uma convivncia pacfica e para uma colaborao permanente entre os Estados. Os mltiplos problemas do mundo moderno, alimentao, energia, poluio, guerra nuclear, represso ao crime organizado, ultrapassam as barreiras do Estado, impondo-lhe. desde logo, uma interdependncia de fato.

    pergunta de que se o termo soberania ainda til para qualificar o

    poder ilimitado do Estado, deve ser dada uma resposta condicionada. Estar caduco o conceito se por ele entendermos uma quantidade certa de poder que no possa sofrer contraste ou restrio. Ser termo atual se com ele estivermos significando uma qualidade ou atributo da ordem jurdica estatal. Neste sentido, ela a ordem interna ainda soberana, porque, embora exercida com limitaes, no foi igualada por nenhuma ordem de direito interna, nem superada por nenhuma outra externa.

    Portanto, se insistiu o constituinte no uso do termo soberania, deve-

    mos ter em mente o seu contedo bastante diverso daquele empregado nos sculos XVIII e XIX.

    A cidadania, tambm fundamento de nosso Estado, um conceito que

    deflui do prprio princpio do Estado Democrtico de Direito, podendo-se, desta forma, dizer que o legislador constituinte foi pleonstico ao institu-lo. No entanto, ressaltar a importncia da cidadania nunca demais, pois o exerccio desta prerrogativa fundamental. Sem ela, sem a participao poltica do indivduo nos negcios do Estado e mesmo em outras reas do interesse pblico, no h que se falar em democracia.

    Embora dignidade tenha um contedo moral, parece que a

    preocupao do legislador constituinte foi mais de ordem material, ou seja, a de proporcionar s pessoas condies para uma vida digna, principalmente no que tange ao fator econmico. Por outro lado, o termo dignidade da pessoa visa a condenar prticas como a tortura, sob todas as suas modalidades, o racismo e outras humilhaes to comuns no dia-a-dia de nosso pas. Este foi, sem dvida, um acerto do constituinte, pois coloca a pessoa humana como fim ltimo de nossa sociedade e no como simples meio para alcanar certos objetivos, como, por exemplo, o econmico.

    Quanto aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, destaca-se,

    em primeiro lugar, que o trabalho deve obrigatoriamente ter seu valor reconhecido; e de que forma? Atravs da justa remunerao e de condies razoveis para seu desenvolvimento. Por outro lado, o livre empreendedor, aquele que se arriscou lanando-se no duro jogo do mercado, tambm tem que ter seu valor reconhecido, no podendo ser massacrado pelas mos quase sempre pesadas do Estado.

    Por fim, fundamento de nosso Estado o pluralismo poltico. A

    democracia impe formas plurais de organizao da sociedade, desde a multiplicidade de partidos at a variedade de igrejas, escolas, empresas, sindicatos, organizaes culturais, enfim, de organizaes e ideias que tm

    viso e interesses distintos daqueles adotados pelo Estado. Desta forma, o pluralismo a possibilidade de oposio e controle do Estado.

    3. TRIPARTIO DOS PODERES Tambm arrola-se entre os princpios fundamentais a chamada

    tripartio dos poderes, que poderia ter sido melhor chamada de tripartio de funes, uma vez que o poder ao povo pertence. O Legislativo, o Executivo e o Judicirio so meras funes desempenhadas pelo Estado, que exerce o poder em nome do povo.

    O trao importante da teoria elaborada por Montesquieu no foi o de

    identificar estas trs funes, pois elas j haviam sido abordadas por Aristteles, mas o de demonstrar que tal diviso possibilitaria um maior controle do poder que se encontra nas mos do Estado. A ideia de um sistema de freios e contrapesos, onde cada rgo exera as suas competncias e tambm controle o outro, que garantiu o sucesso da teoria de Montesquieu.

    Hoje, no entanto, a diviso rgida destas funes j est superada,

    pois, no Estado contemporneo, cada um destes rgos obrigado a realizar atividades que tipicamente no seriam suas.

    Ao contemplar tal princpio o constituinte teve por objetivo tirante as

    funes atpicas previstas pela prpria Constituio no permitir que um dos poderes se arrogue o direito de interferir nas competncias alheias, portanto no permitindo, por exemplo, que o executivo passe a legislar e tambm a julgar ou que o legislativo que tem por competncia a produo normativa aplique a lei ao caso concreto.

    Alm destes conceitos bsicos, outros sero trazidos quando

    entrarmos no estudo da organizao dos poderes propriamente ditos. 4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS A ideia de objetivos no pode ser confundida com a de fundamentos,

    muito embora, algumas vezes, isto possa ocorrer. Os fundamentos so inerentes ao Estado, fazem parte de sua estrutura. Quanto aos objetivos, estes consistem em algo exterior que deve ser perseguido. Portanto, a Repblica Federativa do Brasil tem por meta irrecusvel construir uma sociedade livre, justa e solidria; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.

    5. O BRASIL NA ORDEM INTERNACIONAL Apesar da importncia que tm alcanado as relaes internacionais

    privadas, os Estados ainda so seus agentes mais importantes. O incremento da comunidade internacional e a cada vez maior interdependncia entre os Estados tm gerado, tambm, um incremento do sistema normativo internacional. Talvez seja esta a razo pela qual o constituinte preocupou-se em trazer os princpios fundamentais que regero nossas relaes internacionais, Constituio.

    O primeiro destes princpios o da independncia nacional, que

    poderia resumir-se no poder de autodeterminao do Estado brasileiro. E interessante notar que ao prever tal dispositivo o Brasil no o fez olhando apenas para si mesmo, uma vez que previu o princpio da no-interveno, o que significa admitir a independncia das outras naes. No que tange autodeterminao dos povos, algumas vezes se faz confuso. Embora a ordem internacional reinante repouse sobre a noo de soberania do Estado, o constituinte pretendeu indicar que nossa poltica internacional respeita tambm, ao lado da independncia estatal, a autodeterminao dos povos especficos. Isto se d pelo fato de que muitas vezes um povo no independente, mas se submete a imposies de outros povos. Era o caso das colnias. Porm, aps a Segunda Guerra Mundial, o conceito perdeu bastante valor, uma vez que aquelas colnias tornaram-se independentes. No entanto, importante notar que ainda hoje, na prpria Europa, povos h que no conseguiram sua independncia, caso do Povo Basco, que vive em constante conflito com o Estado espanhol.

    Alm destes princpios que tm por objetivo o respeito independncia

    nacional e das outras naes e povos, o Brasil adere luta pelos direitos humanos, luta esta multissecular. Assim fica obrigado a dar guarida, por

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    exemplo, Declarao Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia Geral da ONU, em 10 de dezembro de 1948; e por consequncia fica tambm obrigado a repudiar toda violao a estes direitos. No mesmo passo impe-se o repdio ao terrorismo e ao racismo. A concesso de asilo poltico tambm encontra-se arrolada no art. 4.

    Numa terceira ordem de princpios temos a soluo pacfica dos

    conflitos e a defesa da paz, do que resulta a excluso da guerra, como medida razovel para a deciso de conflitos; porm, no faz o Texto qualquer meno a uma hierarquia na procura dos meios pacficos que devero ser trilhados na busca da paz. E sabido que h uma variedade destes, a comear dos jurisdicionais, que compreendem o recurso Corte Internacional de Justia e arbitragem, at os no-jurisdicionais, que implicam os bons ofcios, na conciliao e na mediao.

    Outro princpio proclamado pelo Texto diz respeito cooperao entre

    os povos para o progresso da humanidade. Este dispositivo parece-nos estar predominantemente voltado ao intercmbio de conhecimento cientfico.

    APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: NORMAS DE

    EFICCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA. NORMAS PROGRAMTICAS Quanto a aplicabilidade imediata ou no, podemos classificar as

    normas constitucionais em: a) normas constitucionais de eficcia jurdica plena: so aquelas

    de aplicabilidade imediata, direta, integral, independentemente de legislao posterior para sua inteira operatividade.

    b) normas constitucionais de eficcia jurdica contida: so aquelas

    que tm aplicabilidade imediata, integral, plena, mas que podem ter o seu alcance reduzido pela atividade do legislador infraconstitucional. So tambm chamadas de normas de eficcia redutvel ou restringvel.

    c) normas constitucionais de eficcia limitada: so aquelas que

    dependem da emisso de uma normatividade futura, em que o legislador ordinrio, integrando-lhes a eficcia, mediante lei ordinria, lhes d capacidade de execuo, em termos de regulamentao daqueles interesses visados.

    Subdividem-se em: I) normas de princpio institutivo, que so aquelas que dependem

    de lei para dar corpo s instituies, pessoas e rgos previstos na Constituio. Ex.: art. 18, 3.

    II) normas de princpio programtico, que so as que estabelecem

    programas a serem desenvolvidos mediante legislao integrativa da vontade constituinte. Ex.: art. 205.

    APLICAO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS PLENA CONTIDA

    LIMITADA Com respeito s normas constitucionais importante definirmos a sua

    importncia dentro do ordenamento jurdico, principalmente a sua superioridade em relao s demais normas. A supremacia da norma se faz necessria para que tenhamos segurana e estabilidade no seio da sociedade, mediante esta superioridade e imutabilidade.

    Assim torna-se necessrio o chamado controle de constitucionalidade, que a principal funo dos rgos jurisdicionais.

    O controle da constitucionalidade surge para impedir a subsistncia da eficcia da norma contrria Constituio, pressupondo, necessariamente, a ideia de supremacia constitucional, pois na existncia de uma sequncia normativa, onde a Constituio a norma-origem, encontra o legislador seu limite, devendo obedecer forma prevista e ao contedo anteposto. Por isso, ato normativo contrrio ao texto constitucional ser considerado presumidamente constitucional at que por meio de mecanismos previstos constitucionalmente se declare sua inconstitucionalidade e, consequentemente, a retirada de sua eficcia, ou executoriedade.

    Diante dessa superioridade da norma constitucional, ou ainda, da sua rigidez , surge a problemtica de reforma emenda ou reviso, porque a

    norma precisa atender aos anseios da sociedade, acompanhar os desenvolvimentos sociais pois do contrrio perderia sua essncia. Entretanto tais modificaes devem seguir certas formalidades que a prpria constituio prev.

    Da decorrem do princpio da supremacia constitucional a reforma e o controle da constitucionalidade.

    CLASSIFICAO E EFICCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Todas as normas constitucionais so dotadas de juridicidade. A

    Constituio no contm conselhos, exortaes, regras morais, ou seja, normas de carter no-jurdico. Deveras, por serem jurdicas, todas as normas da Constituio surtem efeitos jurdicos; o que varia o seu grau de eficcia.

    Ainda por serem jurdicas, que as normas constitucionais se inserem

    na classificao geral das normas jurdicas (como, v.g., normas primrias e normas secundrias; normas imperativas e normas facultativas; normas gerais e normas especiais).

    No obstante, interessa-nos examinar a classificao das normas

    constitucionais segundo critrios prprios do Direito Constitucional, levando-se em conta, principalmente, a sua eficcia.

    Marcelo Rebelo de Sousa distingue as normas constitucionais, quanto

    ao objeto, em normas substantivas e normas adjetivas de garantia. A norma substantiva configura o esqueleto jurdica poltico do modelo

    de sociedade nsito na Constituio, enquanto que as normas adjetivas ou de garantia surgem como acessrios daquelas e visam promover o seu cumprimento, atravs de meios preventivos ou repressivos.

    As normas substantivas compreendem as normas materiais de fundo

    (regulam matria constitucional relativa aos fins do Estado e sua estrutura, com particular relevo para a estrutura econmica e os direitos fundamentais dos cidados), as normas orgnicas ou de competncia (tratam da organizao do poder poltico e estabelecem a competncia dos rgos que o compem), e as normas processuais ou deforma, que dispem sobre o processo de formao e expresso da vontade poltica (normas referentes ao processo de reviso constitucional e normas relativas aos processos de atuao dos rgos constitudos).