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01 Ebook Contabilidade de Custos

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Ebook

Contabilidade de Custos

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UNIDADE 1 - Introdução à contabilidade de custos

Determinação de Custos, Despesas e Preços dos Produtos.........................................................................07

Relacionamento entre a Contabilidade de Custos, a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira .23

Síntese ...................................................................................................................................................28

Referências Bibliográficas ........................................................................................................................29

Sumário

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Você já parou para pensar sobre como a contabilidade de custos está presente em todas as ações empresariais do dia a dia? Já ouviu na mídia que as empresas estão reduzindo os seus custos – o que, em muitos casos, é feito por meio de demissões de funcionários? Já se perguntou como os preços dos produtos são calculados ou como os gestores das empresas fazem para tomar decisões sobre lucro, investimentos e outros detalhes relacionados aos objetivos financeiros que desejam?

Esta unidade abordará os conceitos principais que caracterizam o estudo da contabilidade de custos, demonstrará vários assuntos práticos que fazem parte do dia a dia das empresas no tocante ao processo de decisões, tratará de temas como a classificação dos custos, o cálculo de alguns componentes importantes na apuração dos custos empresariais, além de mostrar que a contabilidade de custos não atua sozinha, isolada, no processo empresarial, mas integrada a outros ramos da contabilidade, como o financeiro e o gerencial. Por fim, fará a descrição dos componentes dos custos, como se realiza a sua apuração e a importância da contabilidade de custos para a tomada de decisões e para o controle dos gestores no complexo processo empresarial.

Bons estudos!

Unidade 1Apresentação

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Capítulo 1Introdução à contabilidade de custos

Determinação de Custos, Despesas e Preços dos ProdutosVocê consegue dizer claramente o que são custos e despesas e se há diferenças entre os dois? Sabe o que são custos diretos, indiretos, fixos e variáveis ou como um empresário atribui um preço de venda ao seu produto? Essas são dúvidas pertinentes no escopo da contabilidade de custos, que se propõe a esclarecer todos esses conceitos e a abordar sua aplicação prática no contexto diário das organizações.

Todas as organizações possuem custos, dos mais variados jeitos, formas e aspectos. Não há atividades que não desenvolvam custos. Por isso que é tão importante conhecê-los e saber qual a sua perfeita classificação, como meio para elaborar e interpretar análises que possam servir de aporte a decisões empresariais.

Geralmente, o estudo e a compreensão dos custos envolve o conhecimento de outros conceitos, como os de lucro, receita ou faturamento e preços. Eles precisam trabalhar integrados para o pleno estabelecimento de sua análise, produzindo resultados que sejam coerentes e sensatos para todos os envolvidos nos negócios empresariais, como os próprios empresários, mas também outros agentes, como o governo, os fornecedores, os bancos e os clientes.

Conceitos Fundamentais

Segundo Nascimento (2001), a Contabilidade de Custos é um braço importante da ciência Contabilidade e preocupa-se com a correta determinação dos custos empresariais, com a finalidade de cumprir a enorme legislação governamental que incide sobre as empresas, principalmente nos aspectos tributários, em que a perfeita apuração destes e, consequentemente, das receitas e lucros, é necessária no processo de recolhimento de tributos. Além disso, é uma importante ferramenta gerencial, pois fornece uma gama de informações para que os gestores de qualquer tipo de instituição, com ou sem fins lucrativos, possam tomar decisões.

Você sabe quando a contabilidade de custos começou a se tornar mais relevante? O desenvolvimento da contabilidade de custos obteve o seu grande crescimento após a Revolução Industrial, quando foi criada uma linha específica para a sua apuração, chamada de contabilidade industrial.

NÓS QUEREMOS SABER!

A definição de custos é muito complexa e ampla, pois, dependendo da situação, um fato que pode parecer custo, na verdade, pode ser uma despesa, perda ou investimento. Dessa forma, primeiramente, é muito importante o entendimento dos conceitos fundamentais de custo, despesa, gasto, investimento, perda e desembolso para o aprofundamento da gestão de custos.

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Veja as definições a seguir, segundo Martins (2010).

• Custo: pode ser definido como um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Exemplos: matéria-prima, energia aplicada na produção de bens, salários e encargos do pessoal da produção.

• Despesa: são todos os bens ou serviços consumidos na manutenção de atividades operacionais e na obtenção de receitas, não vinculadas à produção de bens e serviços. Em outras palavras, isso significa: valor gasto com bens e serviços relativos à manutenção da atividade comercial ou de venda da empresa e aos esforços para a obtenção de receitas por meio da venda dos produtos. Resumidamente, despesa é bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas. Exemplos: materiais de escritório, salários da administração, comissão de representante sobre as vendas efetuadas e folha de pagamento do pessoal administrativo (contabilidade, finanças, vendas).

Os custos têm a capacidade de serem atribuídos à produção de um bem ou serviço, enquanto as despesas são de caráter geral, relativas à venda dos produtos produzidos. Na dúvida, reflita: se, hipoteticamente, eliminarmos determinado gasto, a produção ou obtenção de estoques seria diretamente afetada? Se a resposta for afirmativa, trata-se de um custo, pois está vinculado à produção. Caso contrário, temos uma despesa.

NÓS QUEREMOS SABER!

Veja o exemplo de uma padaria que faz pães e roscas. Os gastos com a produção são custos. Entram os insumos (como a farinha de trigo e o leite), as pessoas envolvidas com a produção do pão e da rosca (salário e encargos do padeiro) e os gastos com embalagem, refrigeração, aluguel e despesas com vendas, entre outros. Já as despesas são os gastos que não estão relacionados à produção dos produtos, mas que são necessários para a empresa ou para o seu negócio. São aqueles que não participam do processo de produção. No caso da padaria, as despesas seriam os gastos relacionados a materiais de limpeza e de escritório e taxas de limpeza urbana, aluguel da loja, transporte para entrega, vendedores, entre outros.

• Gastos: são sacrifícios financeiros com os quais uma empresa, uma pessoa ou um governo têm que arcar a fim de atingir seus objetivos (obtenção de um produto ou serviço qualquer), utilizados na obtenção de outros bens ou serviços. Exemplos: gasto com mão de obra (salários e encargos sociais – operadores logísticos e plantonistas), gasto com aquisição de materiais, gasto com energia elétrica (aquisição de serviços de fornecimento de energia), gasto com aluguel de edifício (aquisição de serviços), gasto com reorganização administrativa (serviço), compra de uma casa, compra de bens em geral, etc.

• Investimentos: gasto ativado em função de sua vida útil ou em função de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). Os investimentos são, em sua maioria, as aquisições para o imobilizado, como veículos, máquinas e equipamentos, computadores, etc. Matérias-primas, mercadorias e estoques também são investimentos.

• Perdas: são gastos incorridos de forma anormal, inesperada e involuntária, que não compreendem o processo de rotina da empresa ou organização, ou seja, são considerados como perda aqueles gastos que não são previstos. Exemplos: incêndio, desabamento, atentados, obsolescência de estoques, período relacionado a greves, enchentes, furtos e roubos.

• Desembolso: segundo Assaf Neto (2012), é o pagamento resultante da aquisição

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do bem ou serviço. É interessante ressaltar que o desembolso pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade adquirida. Consiste no pagamento do bem ou serviço, independentemente de quando o produto ou serviço foi ou será consumido. Exemplo: a compra de papel sulfite para o escritório com pagamento à vista. Observe que, nesse instante, houve um gasto e um desembolso, uma vez que tivemos uma obtenção de produto com a entrega ou promessa de entrega de ativos (nesse caso, dinheiro) e a efetiva entrega de ativos (dinheiro), já que o pagamento foi à vista.

Gasto com propaganda e publicidade é custo ou despesa? Aplicando a análise acima, veremos que, ao cortar gastos com publicidade e propaganda, não teríamos alteração na produção de estoques, somente uma possível queda nas vendas. Portanto, trata-se de uma despesa.

NÓS QUEREMOS SABER!

Até agora, você compreendeu os conceitos relacionados ao dinheiro que sai da empresa. Mas e quanto ao montante que entra? Os custos (e a contabilidade de custos) não funcionam se tomados de forma isolada. Um dono de empresa, gestor de uma escola pública, curador de um hospital, diretor de uma grande empresa multinacional, entre outros tantos, nada pode fazer ao receber relatórios que exponham, de maneira coerente, somente os custos. Basicamente, não serve para nada contabilizar todos os custos de qualquer organização de forma isolada, pois estes só são importantes (e muito) quando utilizados juntamente com outros dois conceitos: o lucro do exercício e as fontes de receitas, que complementam essas análises e fornecem subsídios para que as organizações possam atingir seus objetivos.

De acordo com Assaf Neto (2012), as empresas de qualquer setor ou ramo econômico existem para produzir riqueza para os seus acionistas e proprietários, através da produção do lucro, que é obtido após a apuração dos custos e despesas. Isso é prontamente percebido. As empresas que visam ao lucro inserem-se em um mercado, que pode ser local, regional ou até mesmo global, e realizam uma série de processos produtivos e de outras ações empresariais. Para tanto, utilizam várias técnicas administrativas e gerenciais, como forma de produzir e comercializar algum produto ou serviço, entregando-o ao mercado para atender a alguma necessidade ou desejo de determinado público consumidor. Esse público adquirirá esses produtos e serviços, dispondo de recursos financeiros que voltam para essas empresas na forma de faturamento.

Com esses recursos, as empresas deverão cumprir todas as suas obrigações financeiras. A sobra transforma-se em lucro. Desse modo, as organizações empresariais sempre buscarão obter o maior lucro, por meio da redução de custos.

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Figura 1 – Quanto maior a obtenção de valor para um produto ou para uma empresa, menores serão seus cus-tos e, consequentemente, maiores os seus lucros

Fonte: Shutterstock (2015).

Além disso, segundo Hoji (2012), o lucro é o resultado contábil e financeiro que é apurado através de uma série de procedimentos, fórmulas e ferramentas, tanto da contabilidade quanto da área de finanças, em que se determina qual o valor monetário, geralmente em reais (R$), que foi gerado pela empresa com seus negócios em sua atividade. Esse valor financeiro consta da riqueza produzida pela empresa e pode ser repassado aos seus acionistas. Em linhas gerais, é o ganho líquido que a empresa aufere ao final de determinado período de tempo ao produzir riqueza (se tiver lucro) ou reduzi-la (no caso de prejuízos).

Desse modo, o estudo da contabilidade de custos é imprescindível para que se conheça bem cada variável que determina o lucro, que é a diferença entre os valores financeiros referentes a todas as suas receitas ou todos os seus faturamentos e os seus custos totais.

É possível encontrar o lucro de uma empresa pela fórmula:

L = R – C – D,

em que:L = Lucro.R = Receitas totais ou faturamento total.C = Custos totais.D = Despesas.

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Como a contabilidade de custos pode atuar em organizações que não têm por objetivo a lucratividade, como hospitais, ONGs, institutos governamentais, asilos e escolas? Esse tipo de instituição não pode apresentar o lucro líquido em seus relatórios, como no balanço patrimonial e no demonstrativo de resultados do exercício contábil, mas também possui faturamento e, concomitantemente, custos. Portanto, compreender o processo de contabilidade de custos é totalmente pertinente, afinal, o objetivo dessas organizações não é o lucro, mas elas necessitam de capital para conseguir cumprir as suas obrigações financeiras. Elas também precisam administrar os seus custos, que são particularmente semelhantes aos das empresas com fins lucrativos, como os com materiais, as pessoas, os encargos administrativos e tributários, entre outros.

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No mesmo contexto, também é preciso compreender o que são receitas totais, que é todo o montante financeiro que a empresa aufere em determinado período de tempo.

A grande maioria das empresas produz ou comercializa produtos ou serviços, ou ambos, que são entregues para o mercado consumidor que deseja obtê-los. Para isso, desempenham ações para atender a um público que esteja disposto a pagar o preço deles, em ações de compra e venda, que caracterizam as chamadas receitas. Uma receita de vendas é obtida quando a empresa entrega um produto ou um serviço para um consumidor e recebe o valor financeiro (dinheiro), no caso de um pagamento feito à vista, ou então o direito de receber, no caso de uma venda a prazo, correspondente ao valor dado por esse item (preço).

Quando uma empresa comercializa vários produtos diferentes ou quantidades distintas e em grandes volumes, ao longo de um período, ela tem a receita de vendas, que corresponde ao total ganho em dinheiro por essas transações.

De modo geral, as receitas de vendas são apuradas pela fórmula:

R = P x Q,

em que:R = Receitas.P = Preço unitário de venda.Q = Quantidade vendida em certo período.

A empresa negocia os seus produtos e serviços, e a cada um deles é atrelado um preço de venda, com o qual se pode encontrar a receita em determinado período. Assim, se ela tem um item X que custa, cada um, R$ 10,00, e no ano de 2013 vendeu 140.000 unidades, para apurar qual foi a receita, basta aplicar esses valores à fórmula, encontrando-se o total de R$ 1.400.000,00 (140.000 peças vendidas a R$ 10,00 cada).

Se uma empresa comercializar vários produtos diferentes, o cálculo é feito do mesmo modo para cada um deles. Os resultados finais são somados para se encontrar a receita total do período.

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Figura 2 – A diferença entre as receitas totais de uma empresa e os seus custos e despesas determina quanto ela teve de lucro em certo período

Fonte: Shutterstock (2015).

Além disso, as empresas podem ter outras fontes de receitas, como aluguéis, royalties e ganhos no mercado, em aplicações financeiras, em mercados de capitais e investimentos diversos, que precisam ser adicionadas para se encontrar o faturamento total em determinado período.

Classificação e elementos dos custos

Relembre que existem os custos e as despesas e que cada um é aplicado para um tipo de gasto. No entanto, de forma geral, tanto os custos quanto as despesas são fontes de gastos e de diminuição da riqueza da empresa, pois comprometem a produção de lucros e podem atrapalhar os objetivos empresariais.

Para classificar os custos, de acordo com Martins (2010), são utilizadas duas formas de separação. Temos a classificação de acordo com o comportamento em relação ao volume da Atividade e de acordo com o Produto.

1. Quanto ao comportamento em relação ao volume de Atividade

• Custos Fixos

• Custos Variáveis

Vejamos a descrição de cada um deles a seguir.

1) Custos fixos

Os custos fixos são indispensáveis ao funcionamento da empresa. Como exemplo, temos o aluguel da empresa, salários indiretos da empresa, manutenção de equipamentos, assistência técnica da fábrica, seguros, etc. Note que, como o próprio nome diz, esse custo é fixo e não varia de acordo com a quantidade produzida, ou seja, independentemente da quantidade produzida, o custo fixo sempre será o mesmo.

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Valor

25000

0 500 1000 Qtde

Figura 3 – Interpretação geométrica dos custos fixosFonte: Elaboração própria (2015).

2) Custos variáveis

O custo variável, diferente do custo fixo, é aquele cujos valores mudam em função da quantidade produzida ou do volume de vendas da empresa. Em outras palavras, os custos variáveis crescem ou diminuem na direção do volume produzido, como você pode ver no gráfico a seguir. Podemos citar como exemplo os materiais diretos consumidos. Observe que esse custo aparece somente quando a empresa inicia o processo de fabricação de seus produtos.

Valor

1000

2000

0 500 1000 Qtde

Figura 4 – Interpretação geométrica dos custos variáveisFonte: Elaboração própria (2015).

Quanto mais se produz, maior vai ser o volume consumido de matéria-prima,

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consequentemente, o custo variável total.

Exemplificando, suponhamos que a empresa AFA produziu 100.000 unidades de dado produto e teve um custo fixo de R$ 25.000,00. Com base nesses dados, podemos concluir que cada unidade absorve R$ 0,25 (R$ 25.000,00 / 100.000 unidades) de custo fixo. Suponhamos que o custo variável (componentes) totalize R$ 2,00, portanto, nosso produto custa R$ 2,25 para ser produzido. Se produzirmos 125.000 unidades, nosso custo seria de R$ 2,20, assim distribuídos: R$ 2,00 de custo variável e R$ 0,20 de custo fixo (R$ 25.000,00 / 125.000 unidades). Concluímos, assim, que o custo variável unitário é fixo, ou seja, se mantém, enquanto o custo fixo unitário é variável.

A classificação de acordo com o produto refere-se, por exemplo, a fornecedor, cliente, produto, região ou canal de distribuição, logo, classificamos em custos diretos e custos indiretos.

2. Quanto ao Produto

• Custos Diretos

• Custos Indiretos

1) Custos diretos São aqueles apropriados diretamente a cada tipo de produto e são fáceis de mensurar. Ou

seja, aqui entendemos por custo direto o que pode ser imediatamente apropriado a um só tipo de produto ou a um só tipo de serviço. Em termos gerais, os custos diretos são os que podem ser apropriados de forma direta a uma função de acumulação de custos, seja essa função um produto, um serviço, uma ordem de produção, uma atividade ou um órgão da empresa. . Como exemplo, podemos citar matéria-prima direta e mão de obra direta.

2) Custos indiretos

São os custos que não se podem apropriar diretamente a cada tipo de bem ou função de custo no momento de sua ocorrência. Os custos indiretos ocorrem genericamente em um grupo de atividades ou órgãos, ou na empresa em geral, sem possibilidade de apropriação direta a cada uma das funções de acumulação de custos no momento de sua ocorrência. Salientamos que o custo indireto participa de todas ou de várias funções concomitantemente, sem possibilidade de segregação da parcela que está onerando cada uma das funções quando de sua aplicação.

Mas como podemos diferenciar custos diretos de custos indiretos? Vejamos uma situação ilustrativa bem simples. Para diferenciar o custo direto do custo indireto, imaginemos um objeto de custo representado por um tipo de madeira, entre vários outros que a empresa AFA fabrica. O custo da madeira utilizada para fabricá-lo é um custo direto, pois a quantidade e o custo unitário de aquisição são conhecidos e podem ser apurados facilmente. Por consequência, o respectivo valor total da madeira utilizada na sua fabricação pode ser facilmente apropriado ao objeto de custo (aquele tipo de banco), através da requisição emitida especificamente para ser aplicada nele, tornando-a exclusiva daquele objeto de custo.

De outra forma, observe que, quando falamos no custo de energia elétrica para a iluminação da fábrica onde os diferentes bancos são fabricados, nos referimos a um custo indireto, pois, embora a iluminação seja necessária para a fabricação do banco específico produzido (os empregados ocupados na sua fabricação precisam enxergar), não é possível determinar quanto desse custo foi utilizado para o banco produzido, no momento de sua ocorrência.

No próximo quadro, há alguns tipos de componentes de custos, além das despesas, com sua

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classificação em fixos, variáveis, diretos e indiretos:

Classificação

Tipo de custo Valor mensal DespesaCustos Fixo/

Variável

Custos Direto/ Indireto

Comissões de vendedores R$ 80.000,00 X

Salários de fábrica R$ 120.000,00 Variável Direto

Matéria-prima consumida R$ 350.000,00 Variável Direto

Salários de administração R$ 90.000,00 X

Depreciação da fábrica R$ 60.000,00 Fixo Indireto

Seguros da fábrica R$ 10.000,00 Fixo Indireto

Despesas financeiras R$ 50.000,00 X

Honorários da diretoria R$ 40.000,00 X

Materiais diversos – fábrica R$ 15.000,00 Variável Indireto

Energia elétrica – fábrica R$ 85.000,00 Variável Indireto

Manutenção – fábrica R$ 70.000,00 Variável Indireto

Despesas de entrega R$ 45.000,00 X

Correios, telefone e internet R$ 5.000,00 X

Material de consumo do escritório R$ 5.000,00 XQuadro 2 – Exemplos de classificações de componentes de custo

Fonte: Elaboração própria (2015).

Você já se deu conta que, para entender os custos empresariais, é necessário utilizar vários componentes para depois poder apurar os resultados finais? Consegue visualizar quais precisam encontrar primeiro, em um processo de cálculo? Os custos são formados por vários elementos e é importante conhecer cada um deles para elaborar corretamente a sua contabilidade. Os principais são materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação.

Os materiais diretos são a grande maioria dos insumos que são utilizados na fabricação dos vários produtos que as empresas desenvolvem e comercializam. Recebem esse nome por serem classificados como custos diretos, pois são usados na elaboração dos produtos. A sua contabilização é muito simples de ser desenvolvida, pois são eles que constituirão os produtos. Por exemplo: madeira usada na fabricação de móveis; tecidos, na feitura de roupas; aço, na montagem de veículos; farinha de trigo, na produção de pães, entre outros.

Lembre-se de que, para a contabilização dos custos, não são as quantidades dos materiais diretos adquiridos e utilizados na produção que você deve usar, mas, sim, os valores financeiros desembolsados pela empresa, em que as quantidades serão contabilizadas em sistemas à parte. Desse modo, na apuração dos custos com materiais diretos, é importante saber a quantidade que foi utilizada na produção e o valor financeiro correspondente. Também é preciso analisar os seus estoques, pois pode acontecer de certa quantia estar estocada, aguardando o momento para o uso.

Assim, se uma empresa que fabrica calçados de couro adquiriu 100 mantas ao preço de R$ 250,00 cada, o que interessa para a contabilização de custos é o valor total de R$ 25.000,00,

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correspondente às 100 peças. Também é preciso considerar a quantidade utilizada na fabricação dos calçados em determinado momento, pois parte desse material direto pode não ter sido ser utilizada e estar estocada.

O segundo elemento é a mão de obra direta, que corresponde ao valor da remuneração dos funcionários que estejam relacionados diretamente com a fabricação do produto. A contabilização desses custos não deve considerar a remuneração de todos os empregados, mas apenas daqueles que estão vinculados de forma direta à fabricação do produto. Dessa maneira, é necessário que seja analisada a participação de cada um para se construir uma correta contabilização. Do mesmo modo que nos materiais diretos, o cálculo dos custos com mão de obra direta precisa considerar o valor total da remuneração nos períodos de análise e devem ser incluídos todos os componentes, como salários, encargos, benefícios, férias, 13º, adicionais, gratificações e outros que existirem.

Os custos indiretos de fabricação (CIF) podem receber diversos nomes, como custos de manufatura, gastos gerais de fabricação e custos indiretos. Basicamente, compreendem todos os demais custos do processo de produção de uma empresa, desconsiderando-se os com os materiais diretos e com a mão de obra direta. A esse grupo de análise pertencem os materiais indiretos (são utilizados pela organização), a mão de obra indireta (que são todos os custos relacionados às pessoas que desempenham funções, cargos e tarefas em setores ou operações auxiliares de fabricação ou produção), a depreciação das máquinas, equipamentos, veículos e construções e os gastos com a sua manutenção, iluminação e seguros, entre outros, que estejam ligados à produção de um bem ou serviço.

O último passo é o custo dos produtos vendidos (CPV), que compreende todos os demais componentes já descritos. Dessa maneira, para obter o CPV, é preciso conhecer os custos com materiais diretos (CMD), com a mão de obra direta (CMOD) e com os indiretos de fabricação (CIF). Além disso, o CPV também considera os produtos acabados em estoque, pois estes passaram pelo processo de produção, mas ainda não foram comercializados.

Para apurar o custo dos produtos vendidos (CPV), pode-se usar a seguinte fórmula:

CPV = EIPA + CPAP – EFPA + EIPE – EFPA,

em que:CPV = Custo dos produtos vendidos. EIPA = Estoque inicial de produtos acabados. CPAP = Custo da produção acabada no período. EFPA = Estoque final de produtos acabados. EIPE = Estoques iniciais de produtos em elaboração.

Existem diversos mecanismos para calcular e interpretar o custo dos produtos vendidos (CPV). Afinal, ele é constituído de muitos outros componentes, que consideram vários aspectos do setor produtivo e levam em consideração que o processo industrial de fabricação é contínuo e integrado a inúmeros outros. Dessa forma, é preciso conhecer a apuração de alguns componentes importantes para fazer o cálculo correto do CPV.

1) Custo das matérias-primas disponíveis (CMPD): considera o total das matérias-primas que serão utilizadas pela empresa, em um período, na produção. Para esse cálculo, leva-se em conta o valor dos estoques iniciais de matérias-primas (EIMP) com as compras líquidas de matérias-primas (CLMP) no mesmo período. É calculado pela fórmula:

CMPD = EIMP + CLMP

2) Custo das matérias-primas aplicadas (CMPA): retira do custo das matérias-primas

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disponíveis (CMPD) todos os componentes que interfiram no seu cálculo, como os valores de sobras de estoques (EF), de subprodutos acumulados no período (SP) e outros constituintes, como baixas por perecimento, furtos e sinistros (O). É calculado pela fórmula:

CMPA = CMPD – EF – SP – O

3) Custo primário (C. primário): é aquele que considera todos os gastos da empresa com as matérias-primas aplicadas no processo produtivo e também os com a mão de obra direta. É diferente dos custos diretos, que, além desses dois conteúdos, incorporam outros, como embalagens. É obtido pela fórmula:

C. primário = MP + MDO

4) Custo de transformação (CT): é o que compreende os gastos com mão de obra direta e indireta, isto é, os custos de mão de obra total (MOT), juntamente com os gastos gerais de fabricação diretos e indiretos, exceto matéria-prima, ou seja, os gastos gerais de fabricação total (GGFT). É analisado apenas o processo de transformação dos insumos em produtos. Sua fórmula é:

CT = MOT + GGFT

5) Custo de produção do período (CPP): é o que abrange o total de custos da produção em determinado período na empresa. É encontrado através do valor de materiais diretos totais (MDT), juntamente com os custos relacionados à mão de obra total (MOT) e mais os gastos gerais de fabricação total (GGFT). Nesse cálculo, não são considerados os valores em estoque inicial dos produtos em elaboração. É calculado pela fórmula:

CPP = MDT + MOT + GGFT

6) Custo de produção (CP): é obtido por meio do valor do custo de produção de determinado período (CPP) somado aos estoques iniciais dos produtos em elaboração (EIPE). É dado pela seguinte fórmula:

CP = EIPE + CPP

7) Custo da produção acabada no período (CPA): é encontrado através da subtração dos valores do custo de produção (CP) do estoque final dos produtos em elaboração (EFPE). É obtido pela fórmula:

CPA = CP – EFPE

8) Custo dos produtos disponíveis para venda (CPDV): abrange o total dos custos de produtos que a empresa produziu em determinado período. É dado pela fórmula:

CPDV = EIPA + CPA

9) Custo dos produtos vendidos (CPV): é obtido pela diferença entre o custo dos produtos disponíveis para venda (CPDV) e o estoque final de produtos acabados (EFPA). Sempre que você for fazer a apuração do custo dos produtos vendidos (CPV), será necessário desenvolver os cálculos de todos os componentes que o formam. É dado pela fórmula:

CPV = EIPA + CPA - EFPA

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Em alguns casos, como em pequenas empresas, o cálculo do CPP pode ser feito de maneira simplificada, considerando-se como materiais diretos as matérias-primas, e os demais itens alocados como custos indiretos. Assim, tem-se a seguinte fórmula:

CPP = MP + MOD + CIF,

em que:CPP = Custo de produção do período.MP = Matéria-prima.MOD = Mão de obra direta. CIF = Custos indiretos de fabricação.

Veja um exemplo dessas aplicações e o respectivo cálculo do CPV. Imagine uma empresa que tenha efetuado as seguintes operações no período, expostas no quadro abaixo.

Receita de vendas: 280.000

Mão de obra direta: 60.000

Mão de obra indireta: 77.000

Depreciação dos equipamentos: 1.500

Seguros da fábrica: 300

Energia elétrica da fábrica: 1.200

Compras de matéria-prima: 94.000

Materiais consumidos pela fábrica (indiretos): 2.600

ESTOQUES Ano O Ano 1

Matéria-prima 40.000 36.000

Produtos acabados 32.600 24.900Quadro 3 – Resultados da empresa do exemplo

Fonte: Elaboração própria (2015).

Assim, serão calculados os vários componentes para que se encontre o valor do CPV. O primeiro valor a se apurar é o do custo das matérias-primas disponíveis (CMPD). Então, ao usar a fórmula, tem-se:

CMPD = EIMP + CLMPCMPD = 40.000 + 94.000

CMPD = 134.000

O estoque inicial de matérias-primas (EIMP) é mostrado na tabela como sendo o valor desta no ano 0, e as compras líquidas no período foram de 94.000. Assim, aplicando a fórmula, encontra-se que o custo das matérias-primas disponíveis (CMPD) é igual a 134.000.

O próximo valor a ser calculado é o do custo das matérias-primas aplicadas (CMPA), dado pela fórmula:

CMPA = CMPD – EF – V – SP – OCMPA = 134.00 - 36.000

CMPA = 98.000

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O custo das matérias-primas aplicadas (CMPA) considera o CMPD, encontrado anteriormente, e desconta o valor dos estoques finais de matéria-prima e outros componentes, como as perdas. Como, nesse caso, não há nenhuma perda, o cálculo leva em conta apenas o estoque final. Desse modo, obtém-se que o CMPA é igual a 98.000.

O próximo valor a ser calculado é o do custo primário, que é encontrado através da soma da matéria-prima consumida mais a mão de obra direta. Será adotada a seguinte fórmula:

Custo primário = MP + MDOCusto primário = 98.000 + 60.000

Custo primário = 158.000

O cálculo do custo primário leva em conta o valor da matéria-prima a ser utilizada na produção, que já foi calculado através do CMPA, adicionado com os custos totais de mão de obra, ou seja, o valor da mão de obra direta.

O exemplo fornece que o valor da mão de obra direta é de 60.000 e o da indireta é de 77.000. No entanto, usa-se somente o valor da mão de obra direta, que é 60.000. O valor da matéria-prima é fornecido pelo valor do CMPA, que é 98.000. A fazer a soma, acha-se que o custo primário é de 158.000.

O próximo valor é o custo de transformação (CT), que deve ser calculado pela fórmula:

CT = MOT + GGFTCT = (60000 + 77000) + (2600 + 1500 + 1200 + 300)

CT = 142.600

O custo de transformação (CT) considera os gastos com a mão de obra total mais os gerais de fabricação totais, que são os custos indiretos. Desse modo, na composição da mão de obra total, entram os valores da mão de obra direta e indireta e os gastos gerais de fabricação, que são os demais custos indiretos, que no exemplo aparecem como depreciação dos equipamentos, seguros da fábrica, energia elétrica da fábrica e materiais consumidos pela fábrica (indiretos) e têm o valor total igual a 5.600. Depois dos cálculos, obtém-se que o CT é igual a 142.600.

O valor seguinte é o do custo de produção do período (CPP), dado pela fórmula:

CPP = MDT + MOT + GGFTCPP = 98.000 + 137.000 + 5.600

CPP = 236.600

O CPP é calculado pelo valor de materiais diretos totais (MDT), que no caso apresentado é de 98.000, juntamente com os custos relacionados à mão de obra total (MOT), de 137.000, e os gastos gerais de fabricação total (GGFT), que são os custos indiretos, no valor de 5.600. Após a resolução, chega-se a um CPP de 240.600.

Agora, será calculado o custo de produção (CP), que é obtido pela utilização da seguinte fórmula:

CP = EIPA + CPPCP = 32.600 + 240.600

CP = 273.200

Como se chega ao custo de produção (CP) através do valor do custo de produção de determinadoperíodo (CPP), que fora encontrado anteriormente (de 240.600), somado aos estoques iniciais dos produtos acabados (EIPA), dado pelo exemplo, no valor de 32.600, tem-

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se que o CP é igual a 269.200.

Com isso, pode-se calcular o valor do custo da produção acabada no período (CPA), que é encontrado através da subtração dos valores do custo de produção (CP), que é de 269.200, dos do estoque final dos produtos acabados (EFPA), de 24.900. Tem-se que o CPA é igual a 244.300.

CPA = CP – EFPACPA = 269.200 – 24.900

CPA = 244.300

O passo seguinte é calcular o custo dos produtos disponíveis para venda (CPDV), que é encontrado pelo valor total dos custos de produtos que a empresa produziu em determinado período (CPA), de 244.300, já calculado. A esse valor é adicionado o dos estoques iniciais de produtos acabados, que é de 32.600. Assim, o valor do CPDV fica em 276.900.

CPDV = EIPA + CPACPDV = 32.600 + 244.300

CPDV = 276.900

Finalmente, tem-se condições de encontrar o valor do CPV, objetivo de todos esses cálculos. O custo dos produtos vendidos (CPV) é obtido pela diferença entre o custo dos produtos disponíveis para venda (CPDV), que se descobriu ser de 276.900, e o estoque final de produtos acabados, dado pelo exemplo, no valor de 24.900. Assim, o CPV é igual a 256.000.

CPV = (EIPA + CPA) – EFPACPV = (32.600 + 244.300) – 24.900

CPV = 280.900 – 24.900CPV = 252.000

Você já sabe que o conhecimento sobre o estudo dos custos e as suas definições é muito importante, desde que associado aos conceitos de lucros e de receitas totais, para calcular o desempenho de uma empresa. Agora, é hora de estudar como são determinados os preços dos produtos que ela comercializa, essenciais na composição das receitas.

A formação do preço de venda é um conceito de difícil estabelecimento pelos empresários, pois uma série de aspectos relacionados à perfeita apuração dos custos deve ser considerada. Confira algumas formas utilizadas.

1. Preços baseados no mercado consumidor no qual a empresa comercializa os seus

produtos e serviços

Quando acontece a formação dos preços com base no mercado no qual a empresa atua, o processo de custos é feito ao contrário, isto é, a empresa faz uma gestão dos seus custos, pois ela precisa se adaptar ao que o consumidor está disposto a pagar. É um procedimento muito complexo, que necessita de um grande estudo mercadológico para poder determinar o perfil de quem compra seus produtos e compreender suas necessidades e desejos. O trabalho precisa envolver diversos setores além da contabilidade de custos, como as áreas de marketing e vendas, de pesquisa e desenvolvimento e de tecnologia da informação, entre outros.

O que acontece, nesse caso, é que o mercado “dita os preços”. O consumidor, por meio de suas escolhas, determina quanto quer pagar, e as empresas precisam se adaptar. Essa definição se dá pela aceitação ou rejeição de produtos e serviços pelo público comprador, que tem uma faixa considerável de tolerância a alguns preços. Se ultrapassam o limite que ele considera aceitável, deixa de adquiri-lo, substituindo-o por outro ou apenas não comprando.

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Se o consumidor, por exemplo, resolve adquirir tomate e tem a percepção, por razões históricas ou outro fator, de que o preço precisa estar na faixa entre R$ 2,00 e R$ 5,00, e chega ao ponto de venda e o valor está dentro desse parâmetro, ele aceita e compra. No entanto, caso o preço chegue a R$ 8,00, se sentirá prejudicado e não o levará, substituindo-o por outro ou apenas não comprando. Desse modo, o produto não é comercializado, o que força uma redução de preço.

Por isso que é um processo ao contrário, pois a empresa não consegue influenciar muito os preços, que são determinados pelo mercado, e ela precisa se adaptar a quanto o consumidor deseja pagar. Geralmente, essa adaptação é feita pela redução dos custos. A obtenção de receitas é proporcional ao preço pago. Se for baixo, as receitas também serão, mesmo com alto volume de vendas, e o lucro será pequeno, podendo ser até negativo (prejuízo). Então, sobra para a empresa a utilização de uma adequada gestão de custos, para reduzi-los ao máximo possível, em que, mesmo com preços reduzidos, consiga manter a lucratividade desejada.

Figura 5 – No ambiente empresarial atual, no qual a competitividade é muito acirrada entre as empresas, so-mente conseguem alcançar os objetivos empresariais aquelas organizações que exercem a gestão estratégica de

custosFonte: Shutterstock (2015).

2. Preços baseados na concorrência

A formação de preços baseada na concorrência segue a mesma metodologia daquela determinada pelo mercado. A diferença é que a empresa fixa os preços em função dos valores praticados pelos seus concorrentes. Para isso, ela analisa a atuação dos seus rivais e procura imitar os seus preços ou mantê-los próximos. Também envolve a utilização da gestão de custos, pois a empresa precisa adaptar-se à concorrência. Se os custos forem altos, provavelmente não conseguirá acompanhar os adversários e não alcançará os objetivos desejados.

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Figura 6 – Na gestão de custos, é preciso considerar a existência de diversas variáveis, tanto internas quanto externas aos setores da empresa

Fonte: Shutterstock (2014).

3. Preços baseados nos custos totais

É uma metodologia muito utilizada em alguns setores, mas as empresas podem correr grandes riscos se esses custos forem elevados e, consequentemente, os preços forem altos, o que trará perdas na participação no mercado e queda nas vendas. Envolve o perfeito conhecimento dos custos totais dos produtos, em uma ação complexa para se conseguir determinar exatamente esses valores, principalmente se os itens forem muitos. Geralmente, a empresa aloca os custos diretos (que são aqueles relacionados diretamente com a fabricação do produto ou que estejam vinculados a ele) aos seus produtos, que são mais fáceis de mensurar, e depois adota alguns critérios para calcular os demais, como os indiretos, fixos ou variáveis, mais difíceis de definir.

Segundo Ribeiro (2013), os custos diretos, que são os de produção, são aqueles que podem ser apropriados diretamente a cada unidade ou lotes de produto fabricado. É facilmente atribuível ao produto que o consumiu. Salientamos que não necessitam de rateio para serem apropriados aos produtos fabricados, existem medidas objetivas para medir seu consumo em cada produto, como litros, quilos, horas trabalhadas, etc.

De outra forma, de acordo com Nascimento (2001), os custos indiretos são todos os custos que não estão vinculados diretamente ao produto, mas a toda empresa (a todo o conjunto do sistema de produção). Pelas suas características, não podem ser apropriados de forma direta aos produtos por não oferecerem condição de uma medida objetiva (são chamados também de gastos gerais de fabricação ou Overheads), pois são consumidos na empresa, e não no produto. Para serem incorporados (apropriados) aos produtos fabricados, passam por um processo de rateio. Existe certa dificuldade de sua atribuição aos produtos. A apropriação é estimada e muitas vezes arbitrária.

Além disso, segundo Foster (2004), os custos fixos, por sua vez, são indispensáveis ao funcionamento da empresa, porém sem nenhuma relação com o volume da produção. Ou seja, são aqueles cujos valores são os mesmos, qualquer que seja o volume de produção da

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empresa, dentro de um intervalo relevante. Portanto, eles não apresentam qualquer variação em função do nível de produção. Por outro lado, os custos variáveis são aqueles cujos valores se alteram em função do volume produzido, isto é, sempre apresentarão algum grau de variação em função das quantidades produzidas.

Figura 7 – Atingir o alvo do lucro, objetivo de qualquer empresa, depende do preço que ela cobra por seus produtos e de quanto gasta para fazê-los

Fonte: Shutterstock (2014).

As grandes mudanças no mundo nos últimos anos transformaram o mercado de forma geral e aumentaram a competição, que deixou de ser local para se tornar mundial. Agora, organizações de países que estão muito longe da região do consumidor, como as chinesas e indianas, disputam esse mercado com as empresas locais e com outras nacionais. Essa imensa disputa global forçou as organizações a se transformarem, pois o nível de eficiência, eficácia e efetividade necessário para conseguirem competir no mercado passou a ser muito elevado. Além disso, também o avanço tecnológico, com o uso intenso da informática, automatização, internet, sistemas de comunicação e outras tecnologias, que mudam constantemente, forçam as companhias a modificarem sua forma de atuação.

Cada dia mais, as empresas precisam ser melhores, mais eficientes, mais atuantes, com posicionamento estratégico, com visão de todo o sistema (holístico), cooperação entre as organizações, entre outros aspectos, como forma de poder enfrentar essas modificações e atingir os seus objetivos.

O estudo e a análise das ferramentas de contabilidade de custos e a sua correta interpretação e utilização, acarretam um grande diferencial na gestão das empresas perante um mercado altamente competitivo, pois compreender os custos de uma organização, tanto do macroambiente quanto dos produtos, processos ou outro fator de análise, é de suma importância para que elas possam alcançar os seus objetivos.

A partir daí, percebe-se que o estudo é muito amplo, e determinar os custos de uma empresa, de um produto ou de um serviço é uma tarefa não muito simples. Exige dedicação aos detalhes e uma integração da contabilidade de custos com outras ciências – como a matemática e a administração financeira – e com todos os departamentos de qualquer instituição, pois em todos eles existem fontes produtoras de custos.

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Relacionamento entre a Contabilidade de Custos, a Contabilidade Gerencial e a Conta-bilidade FinanceiraVocê sabe relacionar contabilidade de custos, contabilidade gerencial e contabilidade financeira? Acha que existem diferenças entre os três ou acredita que esses três ramos possuem algum tipo de parentesco e podem ser utilizados de forma integrada no processo de tomada de decisões empresariais? Neste tópico, você estudará esses temas e conhecerá as peculiaridades de cada um.

Contabilidade de Custos, Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira

Todos esses ramos são complementares para que se faça uma perfeita análise das informações contábeis e se consiga tomar as decisões de forma acertada, pois cada um deles, isoladamente, não pode processar todas as informações existentes na empresa e fornecer subsídios completos para as análises técnicas. É necessário que haja uma integração entre todas as contabilidades e ainda com outras ciências, como o Direito e a Administração.

Assim, é preciso que a contabilidade de custos desempenhe algumas ações específicas na apuração dos custos, e que essas informações sejam agrupadas e complementadas com outros dados, elaborados e desenvolvidos pelas contabilidades financeira, tributária e gerencial. Para detalhar esses entendimentos, é necessário conhecer alguns conceitos de cada ramo contábil e como cada um pode colaborar para o perfeito trabalho da contabilidade de custos.

A contabilidade financeira foi, talvez, a primeira tentativa de desenvolver estudos para apurar os custos empresariais. Como a maioria das empresas era comercial, ficava um pouco mais facilitado o processo de levantar as informações, pois elas compravam os produtos dos fabricantes e os revendiam, desenvolvendo atividades típicas de comércio. Além disso, também eram apurados os valores em estoques, dividindo as quantidades iniciais, em determinado período, e as que restavam após os processos empresariais, os chamados estoques finais.

Para apurar os custos empresariais, utilizava-se o seguinte raciocínio:

Valores dos estoques antes do processo empresarial (estoques iniciais)

(+) Compras realizadas no período

(–) Valores dos estoques depois do processo empresarial (estoques finais)

(=) Custo das mercadorias vendidasQuadro 4 – Forma de apresentação dos custos em períodos iniciais (Revolução Industrial)

Fonte: Elaboração própria (2015).

Desse modo, a contabilidade financeira analisava os valores dos estoques antes do processo empresarial e adicionava a eles os de compras realizadas no período. Desse resultado, eram descontados os valores dos estoques finais, ou seja, aqueles relacionados aos produtos não utilizados no processo empresarial e que restavam armazenados. A apuração por esse raciocínio era designada de custo das mercadorias vendidas, configurando-se como os custos totais da empresa, com os quais eram elaboradas todas as análises de custos, rentabilidade e lucratividade.

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Após a empresa ter apurado os seus custos totais, eram adicionados os valores das vendas produzidas, tendo-se as receitas da empresa, com as quais se podia calcular o lucro bruto. Dessa maneira, começava a desenvolver-se o chamado Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE), que tinha a seguinte forma inicialmente:

Valores das vendas líquidas

(–) Custo das mercadorias vendidas

Valores dos estoques iniciais (antes do processo empresarial)

(+) Compras realizadas no período

(–) Valores dos estoques finais (depois do processo empresarial)

(=) Lucro bruto

(–) Despesas comerciais

(–) Despesas administrativas

(–) Despesas financeiras

(=) Resultado antes do Imposto de RendaQuadro 5 – Forma de apresentação do Demonstrativo do Resultado do Exercício

Fonte: Elaboração própria (2015).

Dessa forma, as empresas conheciam os valores das suas receitas brutas, que correspondem aos das vendas líquidas, a partir do momento em que os tributos sobre vendas forem abatidos. Pelo cálculo do custo das mercadorias vendidas e também pelo conhecimento dos valores dos estoques iniciais e dos estoques finais, a empresa conseguia apurar o valor do lucro bruto. Também entravam as compras feitas no período, que eram fáceis de mensurar.

Esse era, basicamente, o trabalho da contabilidade financeira, que buscava as informações processadas pela contabilidade de custos e as transformava em análises financeiras, necessárias para a tomada de decisões empresariais.

Perceba que também era preciso levar em consideração os aspectos relacionados às despesas envolvidas no processo de comercialização (vendas) e de gestão da empresa (administrativas e financeiras). Estas foram alocadas como deduções nos valores apurados pelo lucro bruto (despesas e custos), com as quais era produzida a totalização do resultado financeiro antes do Imposto de Renda. Assim era a contribuição da contabilidade financeira, sendo complementar. Enquanto a contabilidade de custos preocupava-se em levantar e apurar os diversos custos envolvidos com o processo empresarial da organização, a contabilidade financeira tinha o papel de buscar essas informações elaboradas e processá-las de forma a subsidiar as devidas análises financeiras estudadas e executadas por cada empresa.

A partir daí, a contabilidade financeira evolui, até chegar ao estágio atual, em que se tem a contabilidade gerencial e a contabilidade de custos.

Com as rápidas mudanças ocorridas no mundo moderno, a alta competitividade entre as empresas, o consumidor mais exigente, os mercados cada vez mais disputados, entre outros aspectos, a função da contabilidade de custos e, consequentemente, da financeira, teve que passar para o gerenciamento dos processos, ou pelo menos conseguir participar dele.

Portanto, a contabilidade de custos, atualmente, é utilizada de forma gerencial e também pela contabilidade financeira, na qual são desenvolvidos inúmeros processos de análises contábeis, usados como ferramentas pelos gestores para tomar decisões e exercer o controle sobre os processos empresariais. Martins (2010) afirma que, com o objetivo de identificar os custos reais

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de produção até sua distribuição final, os sistemas convencionais de contabilidade de custos estão se modificando, de maneira que as empresas possam utilizar uma abordagem integrada para o gerenciamento das informações dos custos.

Falando especificamente sobre o Brasil, por exemplo, existem três vertentes na Contabilidade.

• Contabilidade de Custos: segundo Ribeiro (2013), a contabilidade de custos é um instrumento de controle dinâmico, pois acompanha os fatos internos da empresa e funciona como instrumento de tomada de decisões. Ela tem a função de gerar informações precisas e rápidas para a administração, para a tomada de decisões. Sendo assim, a contabilidade de custos planeja, classifica, aloca, acumula, organiza, registra, analisa, interpreta e relata os custos dos produtos fabricados e vendidos. Uma organização necessita ter uma contabilidade de custos bem estruturada para acompanhar e atingir seus objetivos em um mercado dinâmico e globalizado. Portanto, podemos concluir que toda decisão da empresa envolve, em maior ou menor escala, o fator custo.

• Contabilidade Financeira: segundo Ribeiro (2013), também é denominada de Societária, em função de atender às exigências da Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.A.) e também à legislação fiscal vigente, que é obrigatória a todas as empresas. Leva em consideração o registro (lançamento) e a manutenção (controle) de todos os componentes das demonstrações contábeis elaboradas, de forma a atender às necessidades dos usuários externos, tais como instituições financeiras, investidores, governo, fornecedores, clientes, etc. Proporciona uma visão da situação da empresa como um todo. Além disso, a contabilidade financeira atende aos princípios contábeis e normas brasileiras de contabilidade.

• Contabilidade Gerencial: é um mecanismo facultativo às organizações. Permite que sejam analisados aspectos específicos, que consideram informações úteis e oportunas à tomada de decisão gerencial, visando principalmente a reduzir custos operacionais ou adequar as operações às necessidades do mercado e de informação para os gestores, que são os usuários internos. Salienta-se ainda que, de acordo com Ribeiro (2013), a contabilidade gerencial não está vinculada aos princípios contábeis e normas brasileiras de contabilidade.

Note que, no nosso contexto, a ideia é trabalhar com as informações de âmbito gerencial que devem subsidiar o processo de tomada de decisão dos gestores de forma geral. É interessante ressaltar que uma organização poderia ter a sua Controladoria específica, como, por exemplo, Controladoria de Suprimentos, Controladoria da Manufatura, Controladoria de Vendas/Marketing e Controladoria da Logística.

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Contabilidade deCustos

A contabilidade de custos é um instumento de controle dinâmico, pois acompanha os fatos internos da empresa, e funciona como ferramenta para a tomada de decisão.

ContabilidadeFinanceira

Nasceu para atender às exigências da Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.A).No Brasil, também atende a legislação �scal vigente que é obrigatória a todas as empresas.

ContabilidadeFinanceira

É um mecanismo facultativo às organizações.

Permite que sejam analisados aspectos especí�cos, que consideram informações úteis e oportunas à tomada de decisão gerencial.

Figura 8 – Diferença básica entre custo e despesaFonte: Elaboração própria (2015).

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Esta unidade buscou apresentar as principais noções da contabilidade de custos, como forma de proporcionar a você os conhecimentos iniciais desta disciplina. Foram descritos os elementos de custos, expondo quais os componentes necessários calcular para obter a correta contabilização dos custos e a consequente utilização dessas ferramentas e a sua análise e interpretação, para a tomada de decisões gerenciais. Você também viu o que são custos diretos e indiretos, fixos e variáveis e a sua correta definição, sua separação em uma empresa e a sua apuração no processo de cálculo.

Esta unidade também apresentou alguns exemplos práticos de como se realiza a apuração dos custos, além de detalhar o processo pelo qual se chega ao chamado custo dos produtos vendidos, no qual, através de várias fórmulas e definições de diversos componentes, consegue-se apurar esse importante item no processo de contabilização financeira e gerencial, mas que faz parte do processo da contabilidade de custos.

Também foi mostrada a importância da contabilidade de custos no contexto empresarial e produtivo e a sua integração e relacionamento com outros tipos de contabilidade, como a gerencial e a financeira.

SínteseSíntese

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ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

MARTINS, E. Contabilidade de Custos – Livro-texto. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NASCIMENTO, J. M. do. Custos: planejamento, controle e gestão na economia globalizada. São Paulo: Atlas, 2001.

RIBEIRO, O. M. Contabilidade de Custos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

ReferênciasBibliográficas