07 factores de patogenicidade nas bacterias 2012.13
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Fatores de patogenicidade nas bactérias
Teresa Marques
FCM – UNL
2012
Conceitos
Infeção – Entrada e/ou multiplicação de um microrganismo
potencialmente patogénico no organismo humano, levando a uma resposta imunológica
Doença – sinais e sintomas que resultam da infeção. Dependem dos tecidos atingidos, da lesão e/ou perda de função e da resposta inflamatória sistémica.
Tempo de incubação – tempo necessário para que a ação da bactéria e/ou resposta do hospedeiro causem desconforto (sinais, sintomas)
Patogenicidade - capacidade de causar doença – a ação dos microrganismos faz-se, lesando tecidos e órgãos. Bactérias patogénicas e bactérias patogénicas oportunistas
Virulência – características que contribuem para o grau de patogenicidade: depende de “determinantes genéticos” que se expressam em determinadas condições.
Mecanismos de patogenicidade das bactérias
Entrada no organismo humano
Aderência - colonização
Multiplicação e Poder invasivo – aumento ± rápido do número de microrganismos; produtos resultantes do metabolismo bacteriano: enzimas, ácidos
Toxicidade – produção de toxinas ou outros produtos que lesem os tecidos
Imunopatogenicidade – resposta imunológica e inflamatória excessivas
“Fuga” aos diferentes mecanismos defesas do hospedeiro (cápsula, etc.)
Resistência aos antibióticos (Sim? Não?)
Porta de entrada no corpo humano
Ingestão - Salmonella spp, Vibrio spp
Inalação - Mycobacterium spp, Legionella spp, Bordetella pertussis
Solução de continuidade na pele -S. aureus, S. epidermidis
Traumatismo (necrose de tecidos) - Clostridium tetani
Picada de agulha - Staphylococcus aureus
Picada de artrópode - Yersinia pestis
Transmissão sexual - Neisseria gonorrhoeae, Treponema pallidum
Colonização
Importância da porta de entrada
Tropismo para células, tecidos ou órgãos
Aderência às mucosas, pele e tecidos profundos: especificidade das adesinas ou pili (microrganismo)/recetores (em células do hospedeiro). Constituição de biofilmes
Fatores de aderência
ADESINAS
1) Polipeptídicas
- Fímbrias ou pili , importantes nos Gram negativos tipo 1 – E. coli (cistite) tipo P – E. coli (pielonefrite) tipo 4 – V. cholerae
2) Polissacarídicas - Ácidos teicóicos nos Gram positivos
Staphylococcus spp e Streptococcus spp
- Cápsula; Slime; Biofilme
Streptococcus pneumoniae (c), Neisseria spp (c),Staphylococcus epidermidis (s),
Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia cepacia (b),Streptococcus mutans (b)
Poder invasivo
Mecanismos extracelulares O microrganismo adere, rompe as barreiras e dissemina-se no
hospedeiro, ficando no exterior das células, segregando enzimas que vão lesar outras células ou tecidos
Ex: S. aureus e S. pyogenes
Mecanismos intracelulares O microrganismo sobrevive e replica-se em células epiteliais e
endoteliais do hospedeiro ou mesmo em macrófagos e neutrófilos.
Ex: Legionella spp, Coxiella burnetti, Chlamydia trachomatis, Neisseria meningitidis e N. gonorrhoeae
Poder invasivo
Velocidade de multiplicação
Mobilidade
Proteínas com atividade enzimática
Hialuronidase, coagulase, mucinase,
desoxiribonuclease, lecitinase,
hemolisina, fibrinolisina
Toxicidade
TOXINAS – componentes ou produtos libertados por bactérias que destroem tecidos ou ativam processos biológicos deletérios para o hospedeiro
Endotoxinas (shock tóxico)
- lipopolissacáridos, termoestáveis
- componente da parede celular de Gram negativos* (LPS:
lípido A+polissacárido O) e de Gram positivos (peptidoglicano, ácidos
teicóicos)
- libertam-se quando da morte celular
Exotoxinas
- proteínas, termolábeis, citolíticas
- libertam-se durante a fase exponencial de crescimento
- efeito específico
Caracterização das exotoxinas
Especificidade para células ou tecidos
Enterotoxinas (E. coli, S. aureus, V.cholerae)
Neurotoxinas (C. botulinum, C. tetani)
Efeitos biológicos “major”
Toxina esfoliativa (S. aureus)
Toxina eritrogénica (S. pyogenes)
Importância das exotoxinas em algumas doenças
Organism Exotoxin Tissue damaged Action Disease
Clostridium tetani Tetanus toxin (plasmid) Neurones Spastic paralysis Tetanus
Clostridium perfringens α-toxin Erythrocytes, platelets,
leukocytes, endothelium
Cell lysis Gas gangrene
Clostridium botulinum Neurotoxin (phage) Nerve-muscle junction Flaccid paralysis Botulism
Corynebacterium
diphtheriae
Diphtheria toxin (phage) Throat, heart, peripheral
nerve
Inhibits protein synthesis Diphtheria
Shigella dysenteriae Enterotoxin Intestinal mucosa Destroys mucosal cells Dysentery
E. coli Enterotoxin Intestinal epithelium
Fluid loss from intestinal
cells
Gastroenteritis
Vibrio cholerae Enterotoxin (cromos.) Cholera
Staphylococcus aureus α-haemolysin Red and white cells (via
cytokines)
Hemolysis Abscesses
Leucocidin Leukocytes Destroys leukocytes
Enterotoxins* Intestinal cells Induces vomiting,
diarrhea
Food poisoning
TSST1 T cells Release of cytotoxins Toxic shock syndrome
Epidermolytic Epidermis Destroys skin
desmosomal proteins
Scalded skin syndrome
Bordetella pertussis Pertussis toxin Trachea Kills epithelium Whooping cough
Pseudomonas aeruginosa Exotoxin A Cells Cell lysis Various infections
Outros mecanismos de patogenicidade
Imunopatogenicidade
Ação de Ac anti-proteína M do S. pyogenes sobre proteínas semelhantes existentes no tecido cardíaco (“doenças imunológicas”)
Estratégias de “fuga” à resposta imunológica e/ou terapêutica
Variação antigénica
Inibição da fagocitose
Inibição da fusão fago-lisossoma
Formação de biofilmes*
Biofilme
Perspetivas futuras
Determinação rápida das sequências
genómicas dos microrganismos que codificam fatores de virulência, em particular, mecanismos
de resistência a antimicrobianos
Mycobacterium multirresistentes, CMV resistentes aos antivíricos mais usados, MRSA,
Acinetobacter multirresistentes e outros