06 direito penal iii - lesão corporal

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CRIMES CONTRA A VIDA Prof. Ms. Roger Moko Yabiku Diretor Jurídico da União Cultural e Esportiva Nipo- Brasileira de Sorocaba (Ucens). Jornalista (PUC- Campinas), Advogado (Fadi-Sorocaba), Formado pelo Programa Especial de Formação Pedagógica de Professores de Filosofia (Ceuclar), Pós-Graduado em Comércio Exterior (FGV), Especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal (Unimep) e Mestre em Filosofia Ética (PUC-Campinas). E-mail: [email protected] http://treeofhopes.blogspot.com Facebook: Roger Yabiku

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Page 1: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

CRIMES CONTRA A VIDA

Prof. Ms. Roger Moko Yabiku

Diretor Jurídico da União Cultural e Esportiva Nipo-

Brasileira de Sorocaba (Ucens). Jornalista (PUC-

Campinas), Advogado (Fadi-Sorocaba), Formado pelo

Programa Especial de Formação Pedagógica de

Professores de Filosofia (Ceuclar), Pós-Graduado em

Comércio Exterior (FGV), Especialista em Direito Penal e

Direito Processual Penal (Unimep) e Mestre em Filosofia

Ética (PUC-Campinas).

E-mail: [email protected]

http://treeofhopes.blogspot.com

Facebook: Roger Yabiku

Page 2: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÕES CORPORAIS –

conceitos I

É o dano ocasionado à normalidade funcional do corpo

humano, do ponto de vista anatômico, fisiológico ou

mental. Nada mais é do que ofensa à integridade

corporal ou à saúde de outrem, estando tipificado

no art. 129, CP. Da mesma forma, entende-se

como lesão corporal a agravação de uma situação

já existente. Se o agente queria ofender a

integridade corporal ou saúde do feto, deve

responder por lesão corporal. Há de se demonstrar

que o feto estava vivo.

Page 3: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÕES CORPORAIS –

conceitos II

O fato de ausência de dor ou efusão de sangue não

descaracteriza as lesões corporais, devendo ser

procedida, a diferença entre o delito de lesões

corporais e a contravenção de vias de fato, sob a

luz do princípio da insignificância.

Em consonância com o princípio da lesividade,

principalmente na vertente por ele proposta, que

proíbe a incriminação de uma conduta que não

exceda ao âmbito do próprio autor, conforme

destaca Nilo Batista, que é vedada a autolesão,

não podendo o legislador brasileiro criar figuras

típicas, proibindo automutilações.

Page 4: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÕES CORPORAIS –

conceitos III - Ofensa à integridade física – qualquer alteração

anatômica prejudicial ao corpo humano. É o dano físico

que atinge tecido externo ou interno do corpo humano.

Ex. fraturas, fissuras, cortes, escoriações, luxações,

queimaduras.

Equimose – lesão, rouxidão decorrente do rompimento de

pequenos vasos sanguíneos sob a pele ou sob as

mucosas

Hematomas – espécie de equimose com inchaço, mais

grave

Corte de cabelo da vítima – sem consentimento da vítima

pode ser lesão corporal ou injúria real (intenção de

envergonhar a vítima)

Page 5: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÕES CORPORAIS –

conceitos IV Eritemas não são lesão corporal, pois são mera

vermelhidão passageira da pele, devido a um tapa,

beliscão, etc. Simples provocação de dor não é lesão.

Se o dano à integridade é irrisório, não há lesão, devido

ao princípio da insignificância. Ex. alfinetada

Ofensa à saúde – provocação de perturbações fisiológicas

ou mentais. Perturbação fisiológica - desajuste do

funcionamento de algum órgão ou sistema componente

do corpo humano. Ex. provocação de vômitos,

paralisia, impotência sexual, transmissão intencional de

doença que afete função respiratória ou circulatória,

etc. Perturbação mental – causação de qualquer

desarranjo no funcionamento cerebral. Ex. provocar

convulsões, desmaios, doenças mentais, etc.

Page 6: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÕES CORPORAIS –

conceitos V Há seis modalidades de lesão corporal:

a-) lesão corporal leve – art. 129, caput, CP

b-) lesão corporal grave – art. 129, § 1º, CP

c-) lesão corporal gravíssima – art. 129, § 2º, CP

d-) lesão corporal seguida de morte – art. 129, § 3º,CP

e-) lesão corporal culposa – art. 129, § 6º, CP

A Lei 10.886/2004 foi introduzida uma nova modalidade

de lesão corporal, a violência doméstica,

qualificando o delito se praticado contra

ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou

companheiro, ou com quem conviva ou tenha

convivido.

Page 7: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE I Tipo penal – ofender a integridade corporal ou saúde de

outrem

Núcleo do tipo – ofender é ferir, prejudicar

Elemento subjetivo – dolo direto ou eventual. “Animus

laedendi”

Consumação – ocorrência da lesão na integridade corporal

ou saúde.

Tentativa – possível, quando não consegue executar, por

circunstâncias alheias à sua vontade

Ação penal – pública condicionada à representação

Pena – detenção de 3 meses a um ano

Crime material – descreve conduta e resultado, exigindo

ocorrência do resultado para consumação

Page 8: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE II

Rito – sumaríssimo, pois a pena prevista em lei é

inferior a 2 anos. (Juizado Especial Criminal)

Sujeito ativo – qualquer pessoa

Sujeito passivo – qualquer pessoa que não seja o

próprio agente

Objeto jurídico – integridade física e psíquica

Objeto material – ser humano que sofre a lesão

Meio de execução – crime de forma livre, pois pode ser

praticado por qualquer meio.

Page 9: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE III - Lesão de pequena monta pode tornar o fato atípico,

com aplicação do princípio da insignificância.

- O consentimento da vítima pode ser visto como

excludente de ilicitude (Nucci), para outros, como

Mirabette, não é exclucente de ilicitude, pois a

integridade fisiopsíquica é bem indisponível.

- Via de regra, toda lesão corporal deve ser

comprovada por exame de corpo de delito direto ou

indireto (art. 158, CPP), feito por perito oficial (art.

159, CPP). Excepcionalmente, se os vestígios da

lesão corporal desaparecerem, o exame de corpo

de delito pode ser suprimido por testemunhas (art

167, CPP.

Page 10: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE IV

- Há hipóteses que devem ser aplicadas as penas

dos dois crimes autônoma e cumulativamente, mas

isso só ocorrerá se a lei expressamente fizer

ressalva nesse sentido (injúria real,

constrangimento ilegal, dano qualificado,

resistência, exercício arbitrário das próprias razões,

etc).

Page 11: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE V Estatuto do torcedor pune com reclusão de 1 a 2 anos quem

pratica violência em evento esportivo, nas proximidades do

em dia de jogo, num raio de 5 km, ou em seu trajeto (art. 41-

B, Lei 12.299/2010). Como o texto legal não especifica, o

crime se concretiza independentemente da superveniência de

lesões em terceiros, como, por exemplo, em ônibus, explodir

bomba de fabricação caseira, derrubar alambrado, atirar

garrafa ou pedra em campo, lançar detrito, urina ou fogos de

artifício em outros torcedores, trocar socos e chutes com

outras pessoas. Caso se concretizados em lesões corporais

em terceiros, caberá aos magistrados definirem se estas

absorvem o novo crime ou o contrário, ou se ambos

subsistem em concurso formal ou material. É provável que

prevaleça o entendimento de que o crime mais grave deve

subsistir, de modo que eventual lesão leve fique absorvida,

mas que a lesão grave absorva o delito da nova lei.

Page 12: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE VI

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de

outrem:

Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano.

- O conceito se dá por exclusão – toda lesão que

não for grave, gravíssima e seguida de morte será

leve.

Page 13: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE VII

Crime comum

Crime simples

Crime de ação livre

Crime instantâneo

Crime comissivo ou omissivo

Crime material

Crime de dano

Page 14: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL LEVE VIII

Lesões corporais leves, culposas e grave admitem

suspensão condicional do processo por força do

art. 89, Lei nº 9.099/95, porém, não se aplica aos

crimes de violência doméstica e familiar contra a

mulher, independentemente da pena prevista.

No entanto, se a vítima da violência doméstica for

homem, nada obsta a suspensão condicional do

processo.

Page 15: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE I

Tipo penal – ofender a integridade corporal ou saúde

outrem, resultando em incapacidade para

ocupações habituais por mais de 30 dias, perigo de

vida, debilidade permanente de membro, sentido

ou função ou aceleração de parto;

Núcleo do tipo – ofender é ferir, prejudicar

Elemento subjetivo do tipo – dolo direto ou eventual

Consumação – com a ocorrência da lesão na

integridade corporal ou saúde

Tentativa – possível

Ação penal – pública incondicionada

Pena – reclusão de 1 a 5 anos

Page 16: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE II - Crime material pois o tipo penal descreve a conduta e

o resultado, exigindo para sua consumação a

ocorrência do resultado

- Rito processual – ordinário, pois a pena é do tipo

reclusão superior a dois anos.

- Tipificação como grave – a-) incapacidade para

ocupações habituais por mais de 30 dias –

impossibilidade de exercer atividades lícitas que

realizava de maneira frequente, é preciso de

perícia. b-) perigo de vida – risco de morte com

ferimentos causados. c-) debilidade permanente de

membro, sentido ou função – enfraquecimento

duradouro de membro, sentido ou função

Page 17: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE III d-) aceleração do parto – antecipação do nascimento,

só incide se o agente conhecia a condição da

vítima como gestante.

- Sujeito ativo – qualquer pessoa

- Sujeito passivo – qualquer pessoa que não seja o

próprio agente

- Objeto jurídico – integridade física e psíquica

- Objeto material – ser humano que sofre lesão

- Meio de execução – é crime de forma livre, pois

pode ser praticado por qualquer meio de execução.

Page 18: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE IV Lesão corporal de natureza grave

Art. 129 (...)

§ 1º Se resulta:

I – incapacidade para as ocupações habituais, por

mais de 30 dias;

II – perigo de vida;

III – debilidade permanente de membro, sentido

ou função;

IV – aceleração de parto;

Pena – reclusão, de 1 a 5 anos

Page 19: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE V Incapacidade para as ocupações habituais por mais de

30 dias – atividades rotineiramente desenvolvidas

pelo indivíduo, de cunho lucrativo, ou não. A

incapacidade – física ou psíquica – deve ser real,

extinguindo-se apenas com a retomada pelo

indivíduo de todas as suas ocupações

anteriormente lícitas. Deve a lesão produzida

provocar incapacidade com duração mínima

superior a 30 dias. A contagem do prazo fixado

deve obedecer ao art. 10, CP. A gravidade da lesão

deve ser atestada por exame médico

complementar, realizado logo após o 30º dia,

contado da data do crime (art. 168, § 2º, CPP).

Page 20: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE VI Perigo de vida – probabilidade concreta e iminente de

um resultado letal. Não basta o mero prognóstico –

ou a probabilidade remota e presumida,

condicionada a eventuais complicações; exige-se

perigo real, efetivo e atual. O perigo de vida deve

ser atestado por laudo pericial fundamentado. Cabe

ao perito demonstrar que a lesão provocada deu

lugar a perigo – ainda que breve – para a vida da

vítima.

Page 21: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE VII Debilidade permanente de membro, sentido ou função –

debilidade é o enfraquecimento, redução ou diminuição da

capacidade funcional. Membros são os quatro apêndices do

tronco, abrangendo os membros superiores (braços,

antebraços) e inferiores (coxa, perna, pé). Sentidos são as

faculdades perceptivas do mundo exterior (olfato, audição,

visão, tato e paladar). Função é a atuação específica ou

desempenhada por cada órgão, aparelho ou sistema

(função digestiva, respiratória, secretora, circulatória,

locomotora, sensitiva). A debilidade deve ser permanente,

mas não perpétua. Se a vítima recupera a capacidade

funcional do membro ou sentido por próteses, transplante

ou tratamento reeducativo, não se elimina a gravidade da

lesão.

Page 22: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVE VIII Aceleração de parto – expulsão do feto antes do término

da gestação (parto prematuro), ou mesmo no

tempo normal, ,mas desde que em decorrência do

trauma físico ou moral sofrido. A qualificadora não

se perfaz se o agente desconhecia o estado de

gravidez da mulher. É indispensável que o produto

da concepção sobreviva. Caso contrário configura-

se a hipótese do art. 129, § 2º, V (aborto). Se

queria provocar aborto e causou apenas

antecipação do parto, sobrevivendo a criança,

crime é tentativa de aborto.

Page 23: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA I Tipo penal – ofender a integridade corporal ou saúde de

outrem, resultando incapacidade permanente para

o trabalho, enfermidade incurável, perda ou

inutilização de membro, sentido ou função,

deformidade permanente ou aborto.

Núcleo do tipo – ofender é ferir, prejudicar.

Elemento subjetivo – dolo direto ou eventual. “Animus

laedendi”.

Consumação – lesão da integridade corporal ou da

saúde.

Tentativa – possível

Ação penal – pública incondicionada

Page 24: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA II Pena – reclusão de 2 a 8 anos.

Crime material – tipo descreve conduta e resultado,

exigindo para sua consumação a ocorrência do

resultado.

Rito processual – ordinário, pois a pena é superior a 2

anos.

Tipificação como grave: a-) incapacidade permanente

para o trabalho – não ter aptidão de exercer sua

atividade laborativa remunerada e lícita; b-)

enfermidade incurável – não tem cura pelos meios

médicos atuais; c-) perda ou inutilização de

membro, sentido ou função: fim de membro,

sentido ou função; d-) deformidade permanente;

Page 25: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA III e-) aborto – provocar interrupção da gravidez, só incide

se o agente conhecia a condição da vítima como

gestante.

- Sujeito ativo – qualquer pessoa.

- Sujeito passivo – qualquer pessoa que não seja o

próprio agente;

- Objeto jurídico – integridade física e psíquica.

- Objeto material – ser humano que sofre lesão

- Meio de execução – forma livre, qualquer meio de

execução.

Page 26: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA IV Art. 129 (...)

§ 2º Se resulta:

I – incapacidade permanente para o trabalho;

II – perda ou inutilização de membro, sentido ou

função;

III – deformidade permanente;

V – aborto:

Pena – reclusão, de 2 a 8 anos.

Page 27: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA V Incapacidade permanente para o trabalho –

impossibilidade duradoura para desempenho de

atividades laborais. Não se trata da incapacidade

temporária ou transitória, para as ocupações

habituais, mas daquela que se protrai

indefinidamente no tempo, obstando o exercício de

qualquer atividade profissional remunerada. É

indiferente que a incapacidade seja perpétua,

bastando que se apresente de tal forma grave que

permita um prognóstico seguro, indicativo da sua

permanência.

Page 28: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA VI Enfermidade incurável – é o processo patológico – físico

ou psíquico – em desenvolvimento que afeta a

saúde em geral. Não é necessária certeza no

tocante á incurabilidade (conceito relativo). Basta a

séria probabilidade de inocorrência de cura, com

base nos recursos e no estágio de

desenvolvimento em que se encontra a medicina

da época –atestada por laudo pericial.

Page 29: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA VII Deformidade permanente – dano estético de certa

monta, irreparável, visível e vexatório. É

indispensável que a deformidade seja incurável

pelos meios comuns. Permanência não significa

perpetuidade, porém, não há de falar em

deformidade permanente se a lesão inicial,

aparentemente indelével, resulta naturalmente em

insignificante cicatriz. É preciso que a deformidade

permanente seja atestada por meio de laudo

pericial.

Page 30: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA VIII

Aborto – a lesão corporal é dolosa, e o resultado que

agrava especialmente a pena (aborto) deve ser

imputado ao agente a título de culpa. Se a vontade

do agente se dirige à realização do resultado como

consequência direta da ação (dolo direto), ou

considera como possível ou provável o seu

advento, assumindo o risco de sua produção (dolo

eventual), responde pelo delito de aborto (art. 125),

em concurso formal com a lesão à incolumidade da

mulher grávida. É preciso que o agente tenha

conhecimento da gravidez da vítima. Se ignorava

tal estado – sendo sua ignorância escusável –

exclui-se a qualificadora.

Page 31: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE I

Tipo penal – se a lesão resultar morte e as

circunstâncias evidenciarem que o agente não quis

o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo.

Núcleo do tipo – ofender

Elemento do tipo – dolo direto ou eventual

Consumação – com a morte

Tentativa – impossível

Ação penal – pública incondicionada

Pena - reclusão de 4 a 12 anos

Crime material – descreve conduta e o resultado,

exigindo consumação do resultado

Rito processual – ordinário, pena superior a 2 anos

Page 32: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE II

Sujeito ativo – qualquer pessoa

Sujeito passivo – qualquer pessoa que não seja o

próprio agente

Objeto jurídico – integridade física e psíquica

Objeto material – ser humano que sofre a morte

Característica – é crime preterdoloso, ocorre quando

houver dolo no antecedente e culpa no

consequente.

Meio de execução – forma livre, praticado por qualquer

meio de execução.

Page 33: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE III É crime exclusivamente preterdoloso em que o agente quer

apenas lesionar a vítima e acaba provocando sua morte de

forma não intencional, mas culposa. Se o agente comete

vias de fato (sem intenção de lesionar) e provoca

culposamente a morte da vítima, responde apenas por

homicídio culposo que absorve a contravenção penal.

Se a forma de agressão demonstra que o agente assumiu o risco

de provocar a morte deve ser reconhecido como homicídio

(com dolo eventual) e não as lesões corporais seguidas de

morte. É o que ocorre, por exemplo, quando várias pessoas

atiram litros de gasolina sobre alguém que se encontra

dormindo em local público e nele ateiam fogo, provocando

sua morte. No caso houve homicídio doloso, no mínimo pelo

dolo eventual. As lesões corporais seguidas de morte

constituem delito exclusivamente preterdoloso e, por esse

motivo, não admitem a tentativa.

Page 34: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE IV

Art. 129 (...)

§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam

que o agente não quis o resultado, nem assumiu o

risco de produzi-lo:

Pena – reclusão, de 4 a 12 anos.

Page 35: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE IV Verifica-se quando da ofensa à integridade corporal ou à saúde

de outrem resulta morte e as circunstâncias evidenciam que

o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de

produzi-lo. Trata-se de lesão corporal qualificada pelo

resultado (morte), que opera como condição de maior

punibilidade, estabelecendo a lei uma agravação da pena

para o resultado mais grave causado grave causado no

mínimo por culpa. A lesão corporal seguida de morte é um

misto de dolo e culpa: conjuga o dolo antecedente (lesão

corporal) e a culpa no consequente (morte). A morte,

portanto, deve ter sido provocada por lesão corporal dolosa.

Assim, se culposa a lesão ou se configurada simples vias de

fato (art. 21, LCP), o agente incorre nas penas previstas no

homicídio culposo (art. 121, § 3º, CP).

Page 36: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA I

É causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3, de acordo

com a relevância do motivo, a espécie da emoção

e a injustiça da provocação da vítima. Ocorre diante

das seguintes situações:

1-) relevante valor moral – valor importante de ordem

pessoal. (ex. pai que lesiona estuprador da filha)

2-) relevante valor social – valor importante de ordem

coletiva. (ex. lesionar alguém por piedade, para

abreviar seus sofrimentos)

- Domínio de violenta emoção, após injusta

provocação da vítima – estar sob exaltação de

sentimentos, após injusta provocação da vítima.

Page 37: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA II

Diminuição de pena

Art. 129 (...)

§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de

relevante valor social ou moral, ou sob o domínio

de violenta emoção, logo em seguida a injusta

provocação da vótima, o juiz pode reduzir a pena

de 1/6 a 1/3.

Page 38: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA III

Trata-se de causa especial de diminuição de pena que

determina redução desta em virtude da menor

culpabilidade. A incidência desta é obrigatória,

desde que reconhecidos os pressupostos previstos

no citado dispositivo.

Page 39: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

SUBSTITUIÇÃO DE PENA I

É a possibilidade em que o juiz substitui a pena de

detenção pela de multa.

Requisito – lesão não ser grave

Cabimento: a-) lesões recíprocas; b-) crime praticado

por motivo de relevante valor moral ou social; c-)

crime praticado sob domínio de violenta emoção,

logo após injusta provocação da vítima.

Obs.: No caso de lesões recíprocas, se um deles atuou

em legítima defesa, por exemplo, não se beneficia

o outro com a substituição da pena, pois foram

lícitas as lesões causadas pela vítima.

Page 40: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

SUBSTITUIÇÃO DE PENA II

Art. 129 (...)

§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda

substituir a pena de detenção pela de multa:

I – se ocorre qualquer do hipóteses do parágrafo

anterior;

II – se as lesões são recíprocas.

Page 41: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL CULPOSA I

É cometida por negligência, imprudência ou imperícia.

Ação penal: pública condicionada à representação.

Rito processual: sumaríssimo, pois a pena máxima

prevista em lei é inferior a 2 anos.

Sujeito ativo: qualquer pessoa

Sujeito passivo: qualquer pessoa que não seja o próprio

agente.

Objeto jurídico: integridade física e psíquica

Objeto material: ser humano que sofre a lesão

Page 42: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL CULPOSA II

Art. 129 (...)

§ 6º Se a lesão é culposa:

Pena – detenção, de 2 meses a 1 ano.

Page 43: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL CULPOSA III

Não há distinção para diversos tratamentos entre lesões

leves, graves e gravíssimas. Portanto, se da lesão

advinda da inobservância do cuidado exigível na

vida de relação resulta, por exemplo, debilidade

permanente de membro, sentido ou função,

enfermidade incurável ou deformidade permanente,

tal não implica alteração da pena cominada.

Entretanto, deve o magistrado avaliar a magnitude

da ofensa produzida quando da aplicação concreta

da pena (art. 59, CP).

Page 44: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL CULPOSA IV

A lesão corporal culposa causada na direção de veículo

automotor encontra respaldo no CTB. O art. 303

tipifica a conduta de praticar lesão corporal culposa

na direção de veículo automotor, cominando para a

mesma pena de detenção, de seis meses a dois

anos, cumulada com a suspensão ou proibição de

se obter a permissão ou habilitação para dirigir

veículo automotor. Além da defeituosa redação –

ofensiva ao princípio da legalidade, no particular

aspecto da taxatividade / determinação -, o

dispositivo consigna margens penais

excessivamente elevadas, o que enseja

inconcebível inversão da perspectiva valorativa.

Page 45: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL CULPOSA V

A pena cominada é muito mais severa do que a

abstratamente prevista para a lesão corporal

dolosa – detenção de 3 meses a 1 ano. Nos delitos

culposos, o legislador deve proceder a uma

revaloração das ações, devendo ser cominada

pena menos rigorosa que a atribuída ao delito

doloso correspondente, indicando que se trata de

fato cujo conteúdo do injusto é menor. Ao elaborar

o CTB, o legislador fez o oposto.

Page 46: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

LESÃO CORPORAL CULPOSA V

A pena cominada é muito mais severa do que a

abstratamente prevista para a lesão corporal

dolosa – detenção de 3 meses a 1 ano. Nos delitos

culposos, o legislador deve proceder a uma

revaloração das ações, devendo ser cominada

pena menos rigorosa que a atribuída ao delito

doloso correspondente, indicando que se trata de

fato cujo conteúdo do injusto é menor. Ao elaborar

o CTB, o legislador fez o oposto.

Page 47: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

Causa de aumento de pena I

Aumento de pena doloso – é possível aumentar a pena

de 1/3 se o crime for praticado contra pessoa

menor de 14 anos ou maior de 60, desde que o

agente tenha conhecimento da condição etária da

vítima.

Aumento de pena culposo - o aumento de pena é de

1/3 nos casos de: a-) inobservância de regra

técnica de profissão, arte ou ofício; b-) agente deixa

de prestar socorro imediato à vítima; c-) agente não

procura diminuir as consequências do seu ato; d-)

agente que foge para evitar prisão em flagrante.

Page 48: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

Causa de aumento de pena

Art. 129 (...)

§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3, se ocorrer qualquer das

hipóteses do art. 121, § 4º.

§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.

121.

Page 49: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

Perdão judicial I

Possibilidade de o Estado de deixar de aplicar a pena

nas hipóteses legais. Em relação à lesão corporal,

existe a previsão expressa para concessão do

perdão judicial quando as consequências da

infração atingiram de forma tão grave o agente que

a sanção penal se torna desnecessária.

Art. 129 (...)

§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.

121.

Page 50: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

Perdão judicial II

Possibilidade de o Estado de deixar de aplicar a pena

nas hipóteses legais. Em relação à lesão corporal,

existe a previsão expressa para concessão do

perdão judicial quando as consequências da

infração atingiram de forma tão grave o agente que

a sanção penal se torna desnecessária.

Art. 129 (...)

§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.

121.

Page 51: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

Perdão judicial III

A hipótese de perdão judicial do art. 129, § 8º, é causa

de extinção de punibilidade.

De acordo com a súmula 18 do STJ, a sentença em que

o perdão é concedido é declaratória da extinção de

punibilidade, não subsistindo qualquer outro efeito.

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Violência doméstica I

Tipo penal – ofender a integridade corporal ou saúde de

ascendente, descendente, irmão, cônjuge,

companheiro ou com quem conviva ou tenha

convívio, ou, ainda, prevalecer-se das relações

domésticas de coabitação ou de hospitalidade.

Núcleo do tipo – ofender é ferir, prejudicar

Elemento subjetivo – dolo

Consumação – com a ocorrência na lesão da

integridade corporal ou saúde

Tentativa – possível

Ação penal – pública condicionada à representação

Pena – detenção de 3 meses a 3 anos.

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Violência doméstica II

Crime material – tipo penal descreve conduta e

resultado, exigindo para sua consumação a

ocorrência do resultado

Rito processual – ordinário

Sujeito ativo – qualquer pessoa

Sujeito passivo – ascendente, descendente, irmão,

cônjuge, companheiro ou com quem tenha convívio

ou tenha convivido

Objeto jurídico – integridade física e psíquica

Objeto material – ser humano que sofre lesão

Meio de execução - de forma livre.

Page 54: 06 DIREITO PENAL III - Lesão corporal

Violência doméstica III

Art. 129 (...)

§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente,

descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou

com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,

prevalecendo-se o agente das relações

domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Pena – detenção, de 3 meses a 3 anos.

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se

as circunstâncias são indicadas no § 9º deste

artigo, aumenta-se a pena em 1/3.

§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será

aumentada de 1/3 se o crime for cometido contra

pessoa portadora de deficiência

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Violência doméstica IV

De acordo com a Lei 11.340/2006, com relação à

representação da ofendida, só será admitida

renúncia à representação perante o juiz, em

audiência especialmente designada com tal

finalidade, antes do recebimento da denúncia e

ouvido o Ministério Público (art. 16).