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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA RAFAEL MARTINS FRANCO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Uberlândia-MG 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE GEOGRAFIA

RAFAEL MARTINS FRANCO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Uberlândia-MG 2008

1

RAFAEL MARTINS FRANCO

ENGEO ASSESSORIA E CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA

Relatório de estágio supervisionado

apresentado ao Instituto de Geografia da

Universidade Federal de Uberlândia

como requisito final para obtenção do

título de bacharel em Geografia.

Orientadora: Prof. Dra. Vânia Silvia

Rosolen

Uberlândia 2008

2

RAFAEL MARTINS FRANCO

Relatório de estágio supervisionado

apresentado ao Instituto de Geografia da

Universidade Federal de Uberlândia

como requisito final para obtenção do

título de bacharel em Geografia.

Banca Examinadora

____________________________________________________

Prof. Dr. Adriano Rodrigues dos Santos – IG /UFU

____________________________________________________ Prof. Dra. Ângela Maria Soares – Engeo

____________________________________________________ Prof. Dra. Vânia Sílvia Rosolen – IG /UFU

Uberlândia 2008

3

Agradecimentos

À minha família que sempre me apoiou nas minhas escolhas acadêmicas e profissionais. Meus pais, Cláudio e Solange, que sempre me ajudaram nos meus trabalhos de campo e viagens pelo Brasil, e me passaram todo o carinho e incentivo pra seguir em frente! Meus irmãos, Lucas e Maíra, que por algum motivo escolheram estudar as mesmas coisas que eu e que com certeza serão meus parceiros pra vida toda. A todo o pessoal da Engeo, principalmente à Ângela, pessoa maravilhosa, sempre disposta a ajudar a todos e a transmitir seus conhecimentos incondicionalmente. À Vânia Rosolen, minha orientadora, professora exemplar, querida por todos e que me ajudou muito desde o momento que a conheci. A toda Sagamanidade da Geografia, meus grandes amigos, em especial Max e Tiguileza, meus companheiros de aventuras e parceiros de trabalho. À Larissa que sempre me cobrou resultados e me ajudou muito nos meus trabalhos e estudos durante o período de graduação e durante nossa convivência. Muito Obrigado a todos!

4

Sumário

1. INTRODUÇÃO 5

2. OBJETIVOS 5

3. JUSTIFICATIVA 6

4. O SERVIÇO DE CONSULTORIA AMBIENTAL 6

5. A EMPRESA 7

6. DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO 7

7. ATIVIDADES EXECUTADAS 8

7.1 - Caracterizações ambientais para criação RPPNs 9

7.1.1 - Caracterização Ambiental da Fazenda Pequizeiro 12

7.1.2 - Caracterização Ambiental da Fazenda São Miguel 49

7.2 - Inventário Florestal e Caracterização de Meio Biótico 76

7.3 - Projeto Técnico de Reconstituição de Flora 89

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 116

9 REFERÊNCIAS 116

5

1- Introdução: O estágio supervisionado para conclusão do curso de bacharelado em Geografia, como

alternativa à monografia, é uma forma concreta do aluno adquirir experiência prática em

alguma área de atuação do profissional geógrafo.

Este relatório tem como finalidade descrever o período de estágio na empresa Engeo –

Assessoria e Consultoria Ambiental Ltda., realizado entre março e junho de 2008 sob

supervisão da Doutora Ângela Maria Soares, sócia-proprietária, e sob a orientação da

Professora Doutora Vânia Silvia Rosolen do Instituto de Geografia-UFU.

O tema escolhido para o estágio foi a Consultoria Ambiental nos seus diversos aspectos,

mas com um enfoque na prática do diagnóstico ambiental, elemento chave para a

realização de qualquer licenciamento ambiental ou atividade relacionada ao meio

ambiente.

Durante o estágio, o aluno tem a possibilidade de compreender melhor alguns assuntos

tratados durante o curso de bacharelado em geografia além de poder aplicar os

conhecimentos adquiridos em sala de aula.

2-Objetivos:

2.1 - Objetivo Geral:

Permitir que o estagiário entre em contato com sua área de atuação adquirindo

experiência e aplicando seus conhecimentos em geografia em uma empresa atuante no

mercado.

2.2 –Objetivos específicos:

- Participar ativamente de alguns trabalhos relacionados à consultoria ambiental pela

empresa: diagnósticos ambientais para criação de reservas, licenciamento ambiental,

PCA/RCA, dentre outros.

- Participar dos processos burocráticos junto aos órgãos ambientais.

6

- Conhecer a legislação ambiental pertinente aos serviços realizados

- Adquirir experiência de campo com equipes multidisciplinares

- Elaborar relatórios técnicos

- Aplicar os conhecimentos adquiridos no curso de geografia e entender melhor sobre a

atuação do geógrafo e suas atribuições.

3- Justificativa:

Para a obtenção do título de bacharel em geografia na Universidade Federal de

Uberlândia, pode-se optar entre o desenvolvimento de um trabalho de monografia ou a

realização de um estágio supervisionado em empresas que trabalhem com algum tema

relacionado à ciência geográfica. A segunda opção permite que o estudante estabeleça

uma relação mais próxima com a realidade de trabalho do geógrafo, aplicando técnicas

estudadas durante o curso. Além disso, este contato com a empresa pode vir a ser uma

oportunidade de um primeiro emprego nesta área.

O título de bacharel em geografia permite que o profissional se registre no órgão

competente, garantindo assim o exercício legal da profissão de acordo com o sistema

CONFEA-CREA.

4 - O serviço de Consultoria e Assessoria Ambiental:

A consultoria ambiental é uma atividade que cresceu muito em um curto período de

tempo na cidade de Uberlândia. Devido à legislação ambiental cada vez mais rigorosa,

este serviço se torna necessário para qualquer empreendimento que gere ou possa gerar

algum impacto sobre os recursos naturais.

São várias as modalidades de serviço que esse mercado engloba, e são vários os tipos de

profissionais que atuam na execução destes serviços.

7

5 - A empresa

A empresa escolhida para a realização do estágio foi a Engeo Assessoria e Consultoria

Ambiental Ltda., localizada na Rua Nelson de Oliveira, 524, sala 1, bairro Santa Mônica

– Uberlândia/MG. Trata-se de uma empresa de pequeno porte que atua a mais de cinco

anos no mercado, principalmente as regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Foi

criada pela Doutora Ângela Maria Soares, geógrafa, e o engenheiro Marcos Antônio

Costa e Silva. Atende empresas, prefeituras, produtores rurais e qualquer

empreendimento potencialmente poluidor ou impactante e que necessite de alguma

regularização ambiental ou adequação à legislação. Oferece assessoria técnica em

gestão ambiental, elaboração de projetos e otimização de processos visando o

desenvolvimento sustentável. Dentre os serviços oferecidos pela empresa podemos

citar:

• processos de Licenciamento Ambiental, Urbano, Industrial e Rural;

• projetos de recuperação de áreas degradadas;

• tratamento de efluentes líquidos;

• gerenciamento de resíduos sólidos industriais;

• projetos para controle de emissões atmosféricas;

• diagnósticos ambientais;

• avaliação de risco ambiental;

• estudos de viabilidade técnico-econômica;

• outorgas de uso dos recursos hídricos.

5.1 - Equipe Técnica:

A Engeo conta com uma equipe multidisciplinar de prestadores de serviço: geógrafos,

geólogos, biólogos, engenheiros civis, engenheiros químicos, agrônomos, veterinários

etc.

6- Desenvolvimento do estágio

O estágio supervisionado é regulamentado pela Lei n.º 6.494 de 07/12/77, pelo Decreto

n.º 87.497 de 18/08/82 e pela Resolução n.º 04/85 do Conselho Universitário da UFU.

8

Para sua realização é necessário que se firme um convênio entre a empresa e a

universidade de acordo com as normas do Núcleo de Estágio da UFU. É preciso

também que todas as partes assinem um termo de compromisso, que define a data de

início e término do estágio dentre outras normas.

Foi elaborado um plano de estágio que definiu os objetivos e atividades a serem

realizadas na empresa. Este documento foi aprovado pela Supervisora do estágio e pela

orientadora e após, encaminhado à coordenação do curso de Geografia da UFU.

O estágio realizado na Engeo – Assessoria e Consultoria Ambiental teve como tema

principal o licenciamento ambiental. O objetivo do estágio foi compreender e dominar

os processos e técnicas para a realização de Licenciamento Ambiental.

O enfoque das atividades foi na caracterização ambiental de propriedades rurais para

criação de RPPNs - Reserva Particular do Patrimônio Natural que servirão como

reservas legais de outras propriedades. Também foi realizado um inventário florestal

simplificado e um PTRF – Projeto Técnico de Reconstituição de Flora. Embora não

tenha sido o objetivo do estágio, como forma de aprendizado, participei também em

algumas atividades de outorga de uso da água, o que forneceu um breve conhecimento

do funcionamento desses processos.

Para a realização de todos esses serviços, foram necessárias várias visitas a campo,

análise de dados, revisões bibliográficas, consulta à legislação e aos órgãos ambientais,

elaboração de relatórios dentre outras atividades que ajudaram a enriquecer meus

conhecimentos na área ambiental.

Todos os campos e relatórios dos serviços prestados foram realizados em equipe,

incluindo geógrafos, biólogo, mateiros e estagiários.

7- Atividades executadas

Segue abaixo a descrição das atividades realizadas no período do estágio

supervisionado:

9

7.1 - Caracterizações ambientais para criação RPP6s

Os relatórios técnicos aqui apresentados correspondem às caracterizações ambientais

dos meios físico e biótico de áreas de vegetação nativa em duas propriedades rurais, as

quais se destinam à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs

para compensação de áreas de Reserva Legal das mesmas.

Legislação Ambiental – Reserva Legal

A Lei Estadual nº 14.309/02, a qual dispõe sobre a política florestal e de proteção à

biodiversidade no Estado de Minas Gerais, em seu capítulo segundo (Das Áreas de

Produção e Produtivas com Restrição de Uso), seção terceira (Da Reserva Legal), relata

sobre a função ambiental e condições de delimitação para a Reserva Legal, a saber:

“Seção III

Da Reserva Legal

Art. 14 – Considera-se reserva legal a área localizada no interior

de uma propriedade ou posse rural, ressalvada a de preservação

permanente, representativa do ambiente natural da região e

necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à

conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à

conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e

flora nativas, equivalente a, no mínimo, 20% (vinte por cento) da

área total da propriedade.

§ 1° – A implantação da área de reserva legal compatibilizará a

conservação dos recursos naturais e o uso econômico da

propriedade.

§ 2° – Fica condicionada à autorização do órgão competente a

intervenção em área de reserva legal com cobertura vegetal

nativa, onde não serão permitidos o corte raso, a alteração do uso

do solo e a exploração com fins comerciais, ressalvados os casos

de sistemas agroflorestais e o de ecoturismo.

§ 3° – A autorização a que se refere o §2° somente será concedida

em área de proteção ambiental mediante previsão no plano de

manejo.

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§ 4° – A área destinada à composição de reserva legal poderá ser

agrupada em uma só porção em condomínio ou em comum entre

os adquirentes.

Art. 15 - 7a propriedade rural destinada à produção, será

admitido pelo órgão ambiental competente o cômputo das áreas de

vegetação nativa existentes em área de preservação permanente

no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique

conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo e quando

a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e

reserva legal exceder a:

I - 50% (cinqüenta por cento) da propriedade rural com área

superior a 50 ha (cinqüenta hectares), quando localizada no

Polígono das Secas, e igual ou superior a 30 ha (trinta hectares),

nas demais regiões do Estado;

II - 25% (vinte e cinco por cento) da propriedade rural com área

igual ou inferior a 50 ha (cinqüenta hectares), quando localizada

no Polígono das Secas, e igual ou inferior a 30 ha (trinta

hectares), nas demais regiões do Estado.

Parágrafo único - 7as propriedades rurais a que se refere o inciso

II do deste artigo, a critério da autoridade competente, poderão

ser computados, para efeito da fixação de até 50% (cinqüenta por

cento) do percentual de reserva legal, além da cobertura vegetal

nativa, os maciços arbóreos frutíferos, ornamentais ou industriais

mistos ou as áreas ocupadas por sistemas agroflorestais.

Art. 16 – A reserva legal será demarcada a critério da autoridade

competente, preferencialmente em terreno contínuo e com

cobertura vegetal nativa.

§ 1° – Respeitadas as peculiaridades locais e o uso econômico da

propriedade, a reserva legal será demarcada em continuidade a

outras áreas protegidas, evitando-se a fragmentação dos

remanescentes da vegetação nativa e mantendo-se os corredores

necessários ao abrigo e ao deslocamento da fauna silvestre.

§ 2° – A área de reserva legal será averbada, à margem do

registro do imóvel, no cartório de registro de imóveis competente,

sendo vedada a alteração de sua destinação nos casos de

transmissão a qualquer título.

§ 3° – 7o caso de desmembramento da propriedade, a qualquer

título, a área da reserva legal será parcelada na forma e na

proporção do desmembramento da área total, sendo vedada a

alteração de sua destinação.

§ 4° – O proprietário ou o usuário da propriedade poderá relocar

a área da reserva legal, mediante plano aprovado pela autoridade

11

competente, observadas as limitações e resguardadas as

especificações previstas nesta lei ...”

Além disso, relata sobre a averbação de área de Reserva Legal em outra

propriedade rural com um dos procedimentos para recompor a Reserva Legal de sua

propriedade rural, a saber:

“... Art. 17 – O proprietário rural fica obrigado, se necessário, a

recompor, em sua propriedade, a área de reserva legal, podendo

optar entre os seguintes procedimentos:

I – plantio em parcelas anuais ou implantação e manejo de

sistemas agroflorestais;

II – isolamento total da área correspondente à complementação da

reserva legal e adoção das técnicas adequadas à condução de sua

regeneração;

III – aquisição e incorporação à propriedade rural de gleba

contígua, com área correspondente à da reserva legal a ser

recomposta, condicionada a vistoria e aprovação do órgão

competente;

IV – compensação da área de reserva legal por outra área

equivalente em importância ecológica e extensão, desde que

pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma

microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento;

V – aquisição de gleba não contígua, na mesma bacia hidrográfica, e instituição de Reserva Particular do Patrimônio �atural – RPP� –, condicionada à vistoria e aprovação do órgão competente;

VI – aquisição, em comum com outros proprietários, de gleba não

contígua e instituição de RPP7, cuja área corresponda à área

total da reserva legal de todos os condôminos ou co-proprietários,

condicionada a vistoria e aprovação do órgão competente;

VII - aquisição de cota de Certificado de Recomposição de

Reserva Legal - CRRL - de Reserva Particular de Recomposição

Ambiental - RPRA -, em quantidade correspondente à área de

reserva legal a ser reconstituída, mediante autorização do órgão

competente.

(Inciso acrescentado pelo art. 7º da Lei nº 15027, de

19/1/2004.)...”

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A presente situação refere-se à escolha do inciso V, como o procedimento a ser seguido,

ou seja, averbação de área de Reserva Legal na mesma bacia hidrográfica e instituição

de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

7.1.1 - Caracterização Ambiental da Fazenda Pequizeiro, distrito de Brejo do

Amparo – Januária – MG.

- Localização geográfica

A “Fazenda Pequizeiro” está localizada no município de Januária/MG (Figura 1),

distrito de Brejo do Amparo, num local denominado “Vereda São José”. Tem como

ponto central a coordenada geográfica: 14º 55’ 53,8” S, 45º 22’ 28,6” W. As altitudes

variam de 700 a 750 metros.

- Área total da propriedade

A Fazenda Pequizeiro ocupa uma área de aproximadamente 475 hectares.

13

Figura 1

14

Meio Físico - Clima

O clima regional é característico da Savana do Centro-Oeste, em condições sub-úmidas.

As temperaturas médias anuais são altas, em torno de 23ºC. As máximas absolutas

atingem 37 a 40ºC, mesmo no topo das chapadas. As médias das mínimas ficam entre

16ºC e 19ºC, mas as mínimas absolutas chegam próximas a 0ºC (RADAMBRASIL,

1982).

O regime de chuvas é tropical, com duas estações bem marcadas. O período seco inicia-

se em maio e se prolonga até setembro/outubro. As chuvas concentram-se no verão:

mais de 80% caem de novembro a março. Os registros de pluviosidade na região

indicam chuvas da ordem de 1.400mm anuais (dados registrados no município da

Chapada Gaúcha), crescendo para oeste e decrescendo no rumo do rio São Francisco, a

leste.

A tabela 1, abaixo, mostra a precipitação pluviométrica (mm) entre os anos de 1989 e

1999 registrada pela Cooperativa Agropecuária Pioneira (COOAPI) na Chapada

Gaúcha:

Tabela 1 – Registros de pluviosidade entre 1989 e 1999 no município da Chapada Gaúcha – Entorno do

Parque Nacional Grande Sertão Veredas

Ano Meses Total

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

89/90 0 0 37 135 223 194 120 198 118 84 0 0 1109

90/91 15 54 8 57 170 153 335 360 329 106 0 0 1587

91/92 0 0 14 41 354 470 529 545 15 34 16 0 2018

92/93 0 11 92 106 358 442 128 212 24 29 30 0 1432

93/94 0 0 84 52 53 128 403 149 333 97 0 50 1349

94/95 0 0 0 14 236 187 136 225 249 81 20 0 1148

95/96 0 0 0 77 415 308 92 106 115 95 0 0 1208

96/97 0 8 10 206 221 216 221 47 349 182 40 45 1545

97/98 0 0 50 112 164 278 282 279 40 67 0 0 1272

15

98/99 0 0 0 121 419 295 109 41 264 59 0 0 1308

Média 1,5 7,3 29,5 92,1 261,3 267,1 235,5 216,2 183,6 83,4 10,6 9,5 1397,6

Fonte: Cooperativa Agropecuária Pioneira (COOAPI), 1999.

O declínio da umidade relativa do ar, entre maio e setembro, é um dos aspectos

climáticos mais marcantes da área, permanecendo abaixo de 70% e, muitas vezes,

abaixo dos 35%.

A situação dos elementos climáticos obedece à dinâmica da atmosfera na região,

traduzida pela alternância entre períodos secos e chuvosos. Durante o inverno austral, de

maio a setembro, é praticamente constante o domínio de ventos alísios, de NE e E,

responsáveis pelo regime de seca e estabilidade, com céu claro e dias ensolarados. As

esporádicas massas polares que conseguem alcançar a área provocam chuvas frontais e

respondem pelo declínio da temperatura.

De novembro a março, há domínio absoluto da corrente Equatorial Continental, que

forma as linhas de instabilidade. As chuvas são constantes e só há o retorno da alta

tropical em ocasiões especiais, trazendo seca e estabilidade.

O balanço hídrico é claramente sazonal, com estações bem contrastadas, típicas do

cerrado. Após 5 meses de deficiência hídrica (maio a setembro), o mês de outubro é

quase sempre caracterizado pelo reinício das chuvas, permitindo o reequilíbrio em

relação à demanda ambiental.

A partir de dezembro, com os solos arenosos atingindo sua capacidade máxima de

estocagem de água e com a manutenção dos níveis elevados de chuvas, passa a haver

excedente hídrico. O escoamento superficial eleva-se bruscamente, desencadeando

processos de erosão superficial, transporte de sedimentos e deposição nas vertentes e

calhas fluviais. Entre dezembro e janeiro, a estação chuvosa atinge seu apogeu, podendo

ocorrer o transbordamento dos rios.

O excesso de água no solo persiste até março. Em abril e maio há decréscimo da

disponibilidade de água, porém sem deficiência; esta se inicia em junho e estende-se até

16

outubro, sendo mais acentuada entre junho e agosto, período em que praticamente não

ocorre precipitação.

- Geomorfologia

A região integra a unidade geomorfológica regionalmente denominada Planaltos do São

Francisco (CETEC, 1981) ou Planalto do Divisor São Francisco – Tocantins

(RADAMBRASIL, 1982), constituída por extensas superfícies tabulares com

capeamento sedimentar e amplas depressões, onde se alojam drenagens coletoras. O

relevo é caracterizado por chapadas predominantemente areníticas, cobertas por

vegetação do tipo cerrado e recortadas por cabeceiras de drenagens pouco profundas,

que constituem as veredas.

No entorno da área de estudo pode-se evidenciar a presença de 3 domínios

geomorfológicos, representativos dos processos atuantes na evolução da paisagem,

sendo eles:

a) residual: relevos tabulares instalados sobre o arenito Urucuia, remanescentes na

chapada e no morro Três Irmãos (cotas entre 860 e 880m, aproximadamente);

b) erosional: encostas e relevos aplainados a suavemente ondulados, dominantes na

maior parte, em vales amplos instalados sobre as formações Urucuia e Três Marias

(cotas entre 700 e 860m, aproximadamente);

c) deposicional: planícies aluvionares formadas por entulhamento do eixo dos vales

principais, como os dos rios Preto e Carinhanha (cotas entre 670 e 700m).

A erosão ativa é bastante evidente nos 3 domínios, favorecida pela fragilidade dos solos

arenosos, porosos e friáveis (facilmente desagregáveis), pela ocorrência de chuvas

torrenciais e pelas coberturas vegetais ralas que dominam a região.

17

Figura 2 - Voçoroca presente na área de estudo Fonte: ENGEO 2008

Como dito, as linhas de ferricretes e silcretes desenvolvidas nos arenitos contribuem

para a sustentação, ainda que precária, dos rebordos nítidos da chapada. A erosão

remontante (escavação ascendente) manifesta-se de 2 maneiras, atestando o equilíbrio

metaestável do relevo, sob acentuada dissecação:

a) nas formas recortadas que assinalam suas vertentes, como nas cabeceiras do rio

Preto

b) na exposição de saprolitos arenosos avermelhados, exumados nas bordas da

chapada em locais desprovidos de cobertura vegetal.

Embora confundidos com latossolos em estudos anteriores (RADAMBRASIL, 1982,

dentre outros), esses saprolitos correspondem a arenitos muito intemperizados, não

caracterizando solos maduros. Representam, na verdade, os horizontes inferiores do

intemperismo laterítico atuante sobre o arenito Urucuia.

Sua exposição, nas bordas da chapada, deve-se à ocorrência de movimentos de massa,

18

com remoção local da vegetação e do material de cobertura, que permanece amplamente

preservado no interior dela como areias inconsolidadas. Os saprolitos são relativamente

coesos e impermeáveis, o que os torna menos suscetíveis à erosão e, ao mesmo tempo,

dificulta o desenvolvimento de cobertura vegetal, configurando cicatrizes na borda da

chapada.

A ocupação tradicional da região é esparsa e adaptada à distribuição dos recursos

hídricos, aqui caracteristicamente irregular no tempo e no espaço. Limitam-se ao

aproveitamento dos vales úmidos, através da agricultura de subsistência e pecuária

extensiva, em escala modesta. Ainda assim, constata-se a aceleração do processo

erosivo em diversos locais, devido à prática de queimadas e à abertura de estradas,

sobretudo antes da criação do Parque Grande Sertão Veredas, em 1989 situado a

sudoeste da área estudada.

Nas encostas, a erosão ativa manifesta-se em voçorocas (cavidades profundas, por vezes

ramificadas) e ravinamentos sobre solos arenosos, desencadeadas ao longo de estradas e

caminhos, outrora abertos sem cuidados técnicos. Como se sabe, tais solos são

altamente suscetíveis à escavação por águas que escoam na superfície, na interface solo-

rocha e também no subsolo.

A cobertura vegetal original, ainda que rala, atenua o impacto da água das chuvas e

permite considerável infiltração, favorecida por sua porosidade e permeabilidade

elevadas. A fragilidade é assim minimizada e o subsolo passa a atuar como bom

reservatório de água. Todavia, quando a vegetação original é removida para a prática

agrícola ou obras diversas, o solo passa a receber todo o impacto das chuvas, tornando o

escoamento superficial mais rápido que a capacidade de infiltração.

Sobre a formação Três Marias observa-se generalizado ravinamento e exposição dos

estratos, visto que os solos pedregosos rasos e a vegetação rala que a caracterizam não

oferecem proteção efetiva contra a erosão. Predominam perfis de solo truncados, na

forma de um horizonte delgado de fragmentos angulosos laterizados, diretamente

assentado sobre as rochas intemperizadas.

Isso atesta a suscetibilidade da área à intensa dissecação, em vista de sua constituição

19

rochosa (RADAMBRASIL, 1982). A aceleração dos processos erosivos por atividades

antrópicas pode acarretar ampla degradação e merece ser criteriosamente equacionada,

incluindo ações corretivas nos locais já afetados e ações preventivas nos locais onde se

identifica uma propensão.

As áreas inundáveis realçadas por veredas ou matas de galeria, com lagoas e meandros

abandonados, atestam a acumulação aluvionar ativa ao longo do rio Carinhanha, do rio

Preto e no baixo curso de seus afluentes. Os cursos d’água sobre a formação Três

Marias apresentam-se condicionados a fraturas, com desníveis acentuados e pequenas

cachoeiras na passagem por estratos de arcóseos mais espessos e resistentes, como nas

cabeceiras do ribeirão Mato Grande.

Figura 3 - Visão panorâmica de vereda presente na área de estudo. Fonte: ENGEO 2008.

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Figura 4 - Ravinamento presente no Arenito Urucuia. Fonte: ENGEO 2008.

- Geologia

A porção noroeste de Minas Gerais é coberta por seqüências sedimentares mapeadas em

escala ampla e atribuídas, na literatura geológica (RADAMBRASIL, 1982; Inda et al.,

1984; Pedrosa-Soares et al., 1994, dentre outros), às seguintes unidades: formações

Paraopeba e Três Marias, do grupo Bambuí, de idade neoproterozóica; formações

Areado e Urucuia, do Cretáceo; coberturas detríticas e depósitos aluvionares

quaternários.

O reconhecimento efetuado na área pretendida para a implementação da RPPN e seu

entorno permitiu uma melhor caracterização das unidades presentes e a conseqüente

revisão da estratigrafia local. Na verdade, os terrenos antes referidos à formação

Areado, logo ao sul do Parque, são compostos por rochas deformadas, características da

formação Três Marias, dominante a oeste.

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Parte dos terrenos atribuídos ao arenito Urucuia pode também representar sedimentos

pretéritos (Três Marias ou mesmo Santa Fé), parcialmente recobertos por areias

inconsolidadas provenientes da erosão a montante. No entanto, essa definição depende

de estudos complementares.

Ao atual estágio de conhecimentos, distinguem-se 3 unidades geológicas, relativamente

homogêneas na área estudada: a formação Três Marias, a formação Urucuia e os

aluviões que margeiam os principais cursos d’água. Não foram constatados terraços

aluvionares ou mesmo coberturas detrito-lateríticas expressivas, usualmente assinalados

na região. A descrição adiante fornece os critérios e interpretações considerados no

levantamento.

Formação Três Marias

A formação Três Marias é a unidade superior do grupo Bambuí, do Proterozóico

superior, que recobre o cráton do São Francisco em grande extensão. É composta por

arcóseos e arenitos arcoseanos (sedimentos arenosos imaturos, formados por grãos de

quartzo e proporções significativas de feldspato), siltitos (sedimentos formados por

silte, ou seja, grãos de tamanho intermediário entre argila e areia) e intercalações de

conglomerados (sedimentos formados por seixos).

As estruturas sedimentares reconhecidas regionalmente indicam deposição em ambiente

marinho plataformal, dominado por tempestades (Pedrosa-Soares et al., 1994). Sua

espessura é bastante variável, desde 250 até mais de 1.000m (Inda et al., 1984).

Os arcóseos e siltitos predominam nas cabeceiras do ribeirão Mato Grande aflorando em

terrenos suavemente ondulados, recobertos por solos pedregosos rasos e vegetação rala.

As linhas das camadas mais resistentes (arcóseos mais espessos) formam pequenas

saliências escalonadas, visíveis na superfície e em fotografias aéreas.

São rochas cinza-esverdeadas quando frescas, assumindo tons róseos e alaranjados

quando intemperizadas (degradadas junto à superfície por processos químicos e físicos).

Apresentam estratos e laminações (camadas delgadas) horizontalizados, localmente

afetados por dobramentos anticlinais e falhas inversas conjugadas, estruturas típicas da

22

deformação compressional que afetou a faixa Brasília e se refletiu sobre o cráton, há

cerca de 600 Ma.

Formação Urucuia

Os sedimentos da formação Urucuia predominam nas porções elevadas da região,

assentados sobre as rochas precedentes em discordância angular (descontinuidade

estratigráfica, indicativa de episódio erosivo entre as unidades). Correspondem ao

chapadão da serra Geral de Goiás, ou simplesmente Gerais, divisor de águas das bacias

dos rios Tocantins e São Francisco (RADAMBRASIL, 1982). Sua idade é atribuída ao

Cretáceo superior.

Constituem um pacote com espessura inferior a 200m, formado por arenitos finos a

médios, homogêneos, geralmente argilosos e avermelhados (ferruginosos). Sua base é

assinalada regionalmente por um horizonte de conglomerados com seixos de quartzo,

quartzito e arenito argiloso (Pedrosa-Soares et al., 1994). As estruturas sedimentares,

descritas em outras áreas, indicam deposição em ambientes fluviais e eólicos (por ação

dos ventos), sob clima desértico.

Figura 5 - Nível conglomerático intercalado no arenito Urucuia. Fonte: ENGEO 2008.

23

Por extensão, infere-se sua presença nas porções rebaixadas cobertas por solos

francamente arenosos. Todavia, em alguns locais erodidos, a presença de solos

avermelhados a amarelados, mais argilosos, permite suspeitar da existência de rochas

mais antigas. De qualquer forma, podem representar os estratos inferiores do próprio

arenito Urucuia (IBAMA/FUNATURA 2003).

Os trechos mais íngremes nas bordas da chapada são caracterizados pela presença de

blocos maciços de ferricretes (pseudolateritas) e silcretes – cangas compostas por

fragmentos de quartzo e de arenito, dispostos aleatoriamente e cimentados

(aglutinados), respectivamente, por hidróxidos de ferro e por sílica. Os blocos de canga

podem ser observados em diversos locais ao longo das estradas existentes ao sul do

Parque, coincidentes com pequenos desníveis no terreno. São formações superficiais

típicas de climas tropicais, desenvolvidas por cimentação de sedimentos preexistentes à

meia-encosta, onde o fluxo do lençol freático é mais acentuado e propicia, em condições

oxidantes, a precipitação dos óxidos dissolvidos pela água do subsolo.

Figura 6 -Exemplar de silcrete presentes na área de estudo. Fonte: ENGEO 2008

24

Figura 7 -Exemplo de conglomerado presente na Formação Urucuia. Fonte; ENGEO 2008

As cangas exercem papel primordial na sustentação do relevo residual. Acima delas

aparecem saprolitos (rochas muito intemperizadas) derivados do arenito avermelhado,

relativamente coesos e pouco permeáveis. Estão expostos em alguns locais pela

remoção da cobertura arenosa, caracteristicamente inconsolidada e permeável, que

domina a paisagem na chapada.

Aluviões quaternários

Os aluviões existentes na região representam pacotes arenosos inconsolidados,

depositados ao longo das drenagens coletoras e resultantes da erosão do arenito Urucuia

a montante. São particularmente notáveis às margens do rio Preto e do rio Carinhanha ,

bem como no baixo curso do ribeirão Mato Grande e do riacho Santa Rita.

Alcançam larguras em torno de 800 a 1.000m e espessuras superiores a 6m, abrigando

canais meandrantes e lagoas típicas da dinâmica fluvial que propiciou sua deposição e

contínuo retrabalhamento (erosão, transporte e redeposição), durante as estações

chuvosas. Distinguem-se dos colúvios arenosos adjacentes por suas estruturas

características, tais como estratificação cruzada, canais truncados e granulometria

25

decrescente da base para o topo.

São formados dominantemente por areias quartzosas puras, indicativas do

selecionamento e classificação ocorridos durante o transporte e o retrabalhamento

(carreamento das argilas e preservação dos fragmentos mais grosseiros). Os seixos

porventura herdados dos conglomerados Urucuia tendem a acumular-se na base dos

pacotes e nos canais ativos.

Figura 8 - Tipologia de solo presente em áreas de aluvião. Fonte: ENGEO 2008.

- Solos

Os levantamentos do RADAMBRASIL (Brasil, 1982), apontam Areia Quartzosa como

a classe de solo predominante no Parque, com uma extensão pequena de Latossolo

Vermelho Amarelo na porção sudoeste nas cabeceiras dos rios Mato Grande e Preto

(FUNATURA/IBAMA, 2003). Latossolo Vermelho Amarelo predomina em toda

extensão na fronteira sudeste e no entorno do Parque Grande Sertão Veredas, na

26

chapada Gaúcha, utilizado intensivamente para agricultura com calagem, adubação e

uso de agrotóxicos. As Areias Quartzosas são desenvolvidas de arenitos da Formação

Urucuia ou de sedimentos arenosos do Terciário-Quaternário. As análises de perfis de

solos da região feitos pelo RADAMBRASIL (Brasil, 1982) caracterizam estes solos

como deficientes em nutrientes essenciais e moderadamente ácidos. Os Latossolos,

também provenientes dos arenitos da formação Urucuia, são de textura média e

localizam-se na Chapada Central do Planalto do Divisor São Francisco Tocantins.

Alguns desses solos são altamente dessaturados com baixo teor de ferro (menor que

1%), relação Al2O3/Fe2O3 maior que 15 e coloração no matiz 10YR com valores

maiores que 5 e croma igual ou menor que 4 (Brasil, 1982). O perfil 11 de Latossolo

Vermelho Amarelo descrito pelo RADAMBRASIL (Brasil, 1982) representa a unidade

LVa 6 presente na parte sudoeste do Parque. As análises químicas apresentadas para

este perfil comprovam os baixos teores de nutrientes, matéria orgânica e nutrientes

essenciais nestes solos.

Figura 9 - Presença de solo hidromórfico na área de vereda. Fonte: ENGEO 2008.

A tabela 2, abaixo, mostra o percentual de área ocupada por unidade de mapeamento de

solos dentro da área do Parque Grande Sertão Veredas a sudoeste da área de estudo:

27

Tabela 2 - Percentual de área ocupada por unidade de mapeamento de solos

Unidade de Mapeamento

de Solo

Área

(ha)

%

AQd4 - Associação de Areia Quartzosas Distróficas com

Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico

64.352 77,20

Ae2 – Solos Aluviais Eutróficos com Solos Hidromórficos

Indiscriminados

7.248 8,70

Rd5 – Associações de Solos Litólicos Distróficos com Areias

Quartzosas Distróficas

3.537 4,20

LVd9 - Associação de Latossolo Vermelho Amarelo

Distrófico Álico com Areias Quartzosas

1.442 1,70

LVd1 - Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico Álico

743 0,90

Rd2 - Associações de Solos Litólicos Distróficos com

Cambissolo Distrófico Álico

5.070 6,10

Cd2 - Cambissolo Distrófico Álico com Solos Litólicos

Distróficos

962 1,20

TOTAL 83.353 100,00

Fonte: FUNATURA/IBAMA 2003

A análise dos mapas de classes de altitude e de declividade e de hidrografia aponta uma

correlação estreita entre as formações geológicas, os domínios geomorfológicos e as

classes de solos. Areia Quartzosa predomina na região de maneira geral abaixo de 750

m, com declividade menor que 10o, no domínio erosional. Solos hidromórficos ocorrem

nas margens dos cursos de água nas altitudes mais baixas e declividade menor que 5o

no domínio deposicional. Estas informações corroboram com as observações realizadas

no campo.

28

Figura 10 - Latossolo vermelho observado no entorno da área de estudo. Fonte: ENGEO 2008.

Meio biótico

- Metodologia

A avaliação da fauna e flora da região foi realizada percorrendo transectos lineares ao

longo da propriedade e seu entorno, identificando as fitofisionomias e as principais

espécies da flora do local. Margens dos cursos d’água e áreas de veredas também foram

percorridas quando possível. Algumas espécies da fauna, quando vistos foram

identificados

A identificação do material botânico foi realizada em campo, e quando esse

procedimento não foi possível, foram tiradas fotos de alta resolução e com grande

riqueza de detalhes para comparação com fotografias de exemplares disponíveis na

literatura botânica especializada. Alguns ramos vegetais foram coletados para posterior

identificação em laboratório

29

- Flora

O cerrado

A vegetação predominante nas áreas caracterizadas é o cerrado, com

representações de algumas de suas fitofisionomias. Este bioma faz parte dos 25 hotspots

mundiais, perdendo somente para a Mata Atlântica, que ocupa o primeiro lugar de

ameaça. Esse bioma se estende por cerca de dois milhões de km2, representando 22%

do território nacional. Apesar de ser um bioma com alto índice de endemismo, o

Cerrado apresenta apenas 2,2% de áreas legalmente protegidas, o que pode representar

ameaças à biodiversidade, pois parte das espécies endêmicas ou ameaçadas não se

encontram dentro das áreas destinadas à conservação (KLINK & MACHADO, 2005).

- Caracterização florística local

O cerrado sentido restrito típico e o cerrado rupestre são as feições predominantes no

local. Nos limites da propriedade encontramos também grandes extensões de Veredas

circundadas por Campo Limpo Úmido.

No entorno da propriedade e nas Veredas podemos observar a presença de espécies

exóticas e invasoras, tais como gramíneas de pasto, cana-de-açúcar e bananeiras (figuras

11 e 12).

- Fitofisionomia Cerrado Sentido Restrito

De acordo com Ribeiro & Walter (1998) e CEMIG (1992, 2001) o Cerrado sentido

restrito caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com

ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com evidências de queimadas. Os

arbustos e subarbustos encontram-se espalhados. Na época chuvosa os estratos

subarbustivo e herbáceo tornam-se exuberantes devido ao seu rápido crescimento.

30

Figura 11 – Bananeiras em meio à Vereda no entorno da Faz. Pequizeiro, Januária-MG.

Autor: Franco, 2008

Figura 12 – Gramíneas exóticas em meio à Vereda no entorno da Faz. Pequizeiro, Januária-MG.

Autor: Franco, 2008

31

Os troncos das plantas lenhosas, em geral, possuem cascas com cortiça grossa, fendida

ou sulcada, e as gemas apicais de muitas espécies são protegidas por densa pilosidade.

As folhas, em geral, são rígidas e coriáceas. Esses caracteres fornecem aspectos de

adaptação a condições de seca (xeromorfismo) (Ribeiro & Walter, 1998).

A maioria das árvores do bioma Cerrado tem raízes extensas que buscam a água

presente nas profundezas do solo, e suas folhas são sempre verdes, mesmo no auge da

seca; suas cascas grossas e corticentas protegem os troncos da ação do fogo. A

vegetação rasteira apresenta xilopódios, bulbos, rizomas e gemas subterrâneas que

resistem dormentes mesmo quando toda a parte aérea da planta desaparece, devido ao

fogo ou corte, rebrotando com as primeiras chuvas de primavera, geralmente em

setembro (Proença et al., 2000).

Grande parte dos solos da vegetação de Cerrado sentido restrito pertence às classes

Latossolo Vermelho-Escuro, Latossolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Roxo. Apesar

das boas características físicas, são solos forte ou moderadamente ácidos (pH entre 4,5 e

5,5), com carência generalizada de nutrientes essenciais, principalmente o fósforo e o

nitrogênio. Com freqüência apresentam altas taxas de alumínio. O teor de matéria

orgânica varia de médio a baixo. A fitofisionomia pode também ocorrer em

Cambissolos, Areias Quartzosas, Litossolos, Plintossolos Pétricos ou Solos

Hidromórficos. Quando a vegetação nativa de Cerrado é retirada, a área fica susceptível

a problemas de erosão, o que é mais grave sobre Areias Quartzosas (Ribeiro & Walter,

1998).

De acordo com Ribeiro & Walter (1998) vários fatores parecem influir n densidade

arbórea do Cerrado sentido restrito, tais como, condições edáficas, pH, saturação de

alumínio, fertilidade, condições hídricas, profundidade do solo, freqüência de

queimadas e ações antrópicas. Os reflexos desses fatores aparecem na estrutura, na

distribuição espacial dos indivíduos lenhosos e na composição florística da vegetação.

De acordo com Ribeiro & Walter (1998), como espécies arbóreas mais freqüentes na

fitofisionomia de Cerrado sentido restrito podem-se destacar as seguintes: Acosmium

dasycarpum (amargosinha), Annona crassiflora (araticum), Astronium fraxinifolium

(Gonçalo-alves), Brosimum gaudichaudii (mama-cadela), Bowdichia virgiloides

32

(sucupira-preta), Byrsonima coccolobifolia (murici-de-flor-rósea), B. verbascifolia

(murici-de-flor-amarela), B. crassa (murici), Caryocar brasiliense (pequi), Connarus

suberosus (galinha-choca), Curatella americana (lixeira), Dimorphandra mollis

(faveiro), Erythroxylum suberosum (mercúrio-do-campo), Hancornia speciosa

(mangaba), Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado), Kielmeyera coriacea (pau-

santo), Lafoensia pacari (pacari), Machaerium acutifolium (jacarandá), Pouteria

ramiflora (curriola), Qualea grandiflora (pau-terra-de-folha-larga), Q. multiflora (pau-

terra-liso), Q. parviflora (pau-terra-roxo), Roupala montana (carne-de-vaca), Salvertia

convallariaeodora (bate-caixa), Tabebuia aurea (ipê-amarelo), T. ochracea (ipê-

amarelo), Tocoyena formosa (jenipapo-do-cerrado), Anacardium occidentale (cajueiro),

Diospyros híspida (olho-de-boi), Enterolobium ellipticum (vinhático-cascudo), Guapira

opposita (Maria-mole), Miconia ferruginata (sabiazeira), Ouratea hexasperma (cabeça-

de-negro), Piptocarpha rotundifolia (coração-de-negro), Platymenia reticulata

(vinhático), Salacia crassifolia (bacupari), Schefflera macrocarpa (mandiocão-do-

cerrado), Simarouba versicolor (simaruba), Sclerolobium aureum (carvoeiro), Vochysia

elliptica e V. rufa (pau-doce).

Figura 13 - Vegetação típica da Fitofisionomia Cerrado Sentido Restrito

Autor: Franco, 2008

De acordo com Ribeiro & Walter (1998), as espécies arbustivas mais freqüentes são:

Casearia sylvestris (erva-de-teiú), Cissampelos ovalifolia, Davilla elliptica (lixeirinha),

Duguetia furfuracea, Manihot spp., Palicourea rigida (bate-caixa), Parinari obtusifolia

33

(fruto-de-ema), Protium obovatum (breu-do-cerrado), Syagrus flexuosa (coco-do-

campo), Syagrus petraea (coco-de-vassoura), Vellozia squamata (canela-de-ema) e

Zeyheria digitalis (bolsa-de-pastor). Dentre as herbáceas menciona-se: Axonopus

barbigerus, Echinolaena inflexa (capim-flexinha), Loudetiopsis chrysotrix, Mesosetum

loliiforme, Paspalum spp., Schizachirium tenerum e Trachypogon spp.

- Fitofisionomia Cerrado Rupestre

De acordo com Ribeiro & Walter (1998), devido à complexidade dos fatores

condicionantes, originam-se subdivisões fisionômicas distintas do Cerrado sentido

restrito, sendo as principais: o Cerrado Denso, o Cerrado Típico e o Cerrado Ralo, além

do Cerrado Rupestre. As três primeiras refletem variações na forma dos agrupamentos e

espaçamento entre os indivíduos lenhosos, seguindo um gradiente de densidade

decrescente do Cerrado Denso ao Cerrado Ralo. A composição florística inclui

basicamente as espécies características anteriormente citadas. Já o Cerrado Rupestre

diferencia-se dos três subtipos anteriores pelo substrato, tipicamente em solos rasos com

presença de afloramentos de rocha, e por apresentar outras espécies características,

adaptadas a esse ambiente.

O Cerrado Rupestre é um subtipo de vegetação arbóreo-arbustivo que ocorre em

ambientes rupestres (litólicos ou rochosos). Possui cobertura arbórea variável de 5% a

20%, altura média de 2 a 4 metros, e estrato arbustivo-herbáceo destacado. Pode ocorrer

em trechos contínuos, mas geralmente aparece em mosaicos, incluído em outros tipos

de vegetação. Embora possua estrutura semelhante ao Cerrado Ralo, o substrato é um

critério de fácil diferenciação, pois comporta pouco solo entre afloramentos de rocha.

Os solos, litólicos, são originados da decomposição de arenitos e quartzitos, pobres em

nutrientes, ácidos e apresentam baixos teores de matéria orgânica (Ribeiro & Walter,

1998).

34

Figura 14 – Vegetação típica de Cerrado Rupestre, com destaque para Vellozia sp. (Canela-de-

ema), espécie muito presente nesta fitofisionomia. Autor: Franco, 2008

No Cerrado Rupestre os indivíduos arbóreos concentram-se nas fendas entre as rochas,

e a densidade é variável e dependente do volume de solo. Há casos em que as árvores

podem dominar a paisagem, enquanto em outros a flora arbustivo-herbácea pode

predominar, mas ainda assim com árvores presentes.

A flora do Cerrado Rupestre apresenta alguns elementos florísticos também presentes

no Campo Rupestre, destacando-se no estrato subarbustivo-herbáceo algumas espécies

das famílias Asteraceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Eriocaulaceae, Melastomataceae,

Myrtaceae, Rubiaceae, Velloziaceae, dentre outras. No estrato arbóreo-arbustivo são

comuns as espécies Chamaecrista orbiculata, Lychnophora ericoides (arnica),

7orantea spp., Schefflera vinosa (mandiocão), Sipolisia lanuginosa (veludo) e

Wunderlichia crulsiana. Também são freqüentes nessa fisionomia algumas espécies já

mencionadas como Davilla elliptica, Kielmeyera rubriflora, Qualea parviflora e

Pouteria ramiflora, além de Ferdinadusa elliptica, Miconia albicans, Terminalia

fagifolia e Vochysia petraea.

35

- Veredas

Trata-se da fisionomia onde ocorre o buriti Mauritia flexuosa, em meio a agrupamentos

mais ou menos densos de espécies arbustivo-herbáceas. Em alguns locais é comum,

também, a presença da buritirana Mauritiella armata. As veredas são circundadas por

campos limpos (figura 4) e, normalmente, ocorrem em fundos de vales ao longo de

cursos d’água ou em áreas de nascentes. Ocorrem em solos hidromórficos, saturados

durante a maior parte do ano. Os buritis possuem altura média variando de 12 a 25

metros. No Parque Nacional Grande Sertão Veredas, o ambiente vereda ocorre como

um complexo englobando tanto áreas com fisionomia típica onde as camadas

graminosas e arbóreas ocorrem juntas assim como áreas onde apenas o estrato

graminoso domina, geralmente ao redor das chamadas lagoas. A vegetação ao redor da

lagoa consiste principalmente de plantas herbáceas, especialmente as graminóides

(Poaceae, Cyperaceae, Xyridaceae).

Figura 15 – Vereda circundada por Campo Limpo, Brejo do Amparo, Januária-MG

Autor: Franco, 2008

36

- Campo Limpo

Tipo de fitofisionomia herbácea, com poucos arbustos e nenhuma árvore. É comumente

encontrada junto às veredas, olhos d’água e em encostas e chapadas. Pode ser

classificado em Campo Limpo Seco, quando ocorre em áreas onde o lençol freático é

profundo e Campo Limpo Úmido, quando o lençol freático é superficial.

As áreas de Campo limpo úmido, normalmente são ricas em espécies ornamentais que

são comercializadas pelas comunidades regionais, sendo utilizadas na forma de arranjos

florais secos, como por exemplo: Rhynchospora speciosa (Estrelona), Paepalanthus

elongathus (Palipalã-do-brejo), Lagenocarpus rigidus (Capim-arroz), Lavoisiera bergii

(Pinheirinho-roxo) e Xyris paradisíaca (Pirecão ).

A Tabela 3 apresenta a listagem de espécies vegetais registradas no local. Foram

registradas 66 espécies vegetais, pertencentes a 55 gêneros e 30 famílias. A família

botânica mais representativa foi a Fabaceae (14 espécies), seguida por Vochysiaceae (5

espécies) e Rubiacea (4 espécies).

37 FAMÍLIA ESPÉCIE HÁBITO 6OME POPULAR

Amaranthaceae Gomphrena sp. Herbáceo Para-tudo

Anacardiaceae Anacardium occidentale Arbóreo Cajuí

Astronium fraxinifolium Arbóreo Gonçalo-Alves

Anonaceae Annona crassiflora Arbóreo Araticum

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Arbóreo Pimenta-de-macaco

Xylopia emarginata Mart. Arbóreo Embira

Apocynaceae Hancornia speciosa Gomes Arbóreo Mangaba

Himatanthus obovatus Arbustivo Pau-de-Leite

Bignoniaceae Tabebuia aurea Arbóreo Caraíba

Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Arbóreo Ipê-do-cerrado

Zeyhera digitalis Arbustiva Bolsa-de-pastor

Bombacaceae Eriotheca pubescens Arbóreo Painera

Bromeliaceae Ananas ananasoides Herbáceo Abacaxi-do-cerrado

Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess. Arbóreo Pequi

Cecropiaceae Cecropia pachystachia Tréc Arbóreo Embaúba

Clusiaceae Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. Arbustivo Pau-santo

Combretaceae Buchenavia tomentosa Eichl. Arbóreo Mirindiba

Compositae Piptocarpha rotundifolia Arbóreo Cinzeiro

38

Dilleniaceae Curatella americana L. Arbustivo Lixeira, ou Sambaíba

Davilla elliptica A. St.-Hil. Herbáceo Sambaibinha

Ebenaceae Diospyros burchellii DC. Arbóreo

Fabaceae

Bauhinia forficata Link Arbustivo Pata-de-vaca

Bowdichia virgilioides Kunth Arbóreo Sucupira-preta

Chamaecrista desvauxii Arbustivo Capim reis

Chamaecrista orbiculata (Benth.) H.S Arbustivo

Crotalaria sp. Herbáceo

Dalbergia miscolobium Benth. Arbóreo Caviúna-do-cerrado

Dimorphandra mollis Benth. Arbóreo Fava-de-Arara

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Arbóreo Jatobá-do-cerrado

Machaerium opacum Vogel Arbóreo Jacarandá-do-cerrado

Mimosa decorticans Harms ex Glaz. Herbáceo Angiquinho

Plathymenia reticulata Arbóreo Vinhático

Pterodon pubescens (Benth.) Benth. Arbóreo Sucupira-branca

Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Arbóreo Barbatimão

Sclerolobium aureum (Tul.) Benth. Arbóreo Carvoeiro

Loranthaceae Phthirusa ovata (Pohl) Eichl. Trepadeira Erva-de-passarinho

Lythraceae Lafoensia pacari A. St.-Hil. Arbóreo Mangaba-brava

39

Malpighiaceae Banisteriopsis campestris (A. Juss.) Little Herbáceo

Byrsonima coccolobifolia Kunth Arbustivo Murici-de-flor-rósea

Byrsonima verbascifolia (L.) DC. Arbustivo Murici-de-flor-amarela

Melastomataceae Miconia albicans Arbustivo Folha-branca

Miconia ferruginata DC. Arbustivo Pixirica-do-campo

Miconia sp.

Moraceae Brosimum gaudichaudii Arbóreo Mamacadela

Myrtaceae

Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg Arbustivo Gabiroba

Eugenia dysenterica DC. Arbustivo Cagaiteira

Psidium sp. Arbóreo Araçá

Nyctaginaceae 7eea theifera Oerst. Arbustivo Capa-rosa

Orchidaceae Herbáceo Orquídea terrestre

Palmae Mauritia flexuosa L. f. Arbóreo Buriti

Mauritiella armata Arbóreo Buritirana

Poaceae Loudetiopsis chrysothrix (7ees) Herbáceo Brinco-de-Princesa

Rubiaceae Alibertia edulis L. Rich Arbóreo Marmelada

Palicourea coriacea Arbustivo Congonha-do-campo

Palicourea rigida Kunth Arbustivo Chapéu-de-couro

Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. Arbustivo Jenipapo-do-cerrado

40

Tabela 3. Listagem de espécies vegetais registradas, Brejo do Amparo, Januá

Sapindaceae Magonia pubescens St. Hil. Arbóreo Tinguí

Matayba guianensis Aubl. Arbóreo Camboatá

Sapotaceae Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Arbóreo Leiteiro-preto

Pouteria torta (Mart.) Radlk. Arbustivo Bacupari

Velloziaceae Vellozia squamata Pohl Arbustiva Canela-de-ema

Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. Arbóreo Pau-terra-de-folha-larga

Qualea multiflora Mart. Arbustivo Pau-terra

Qualea parviflora Mart. Arbustivo Pau-terra-de-flor-miúda

Salvertia convallarieodora A. St.-Hil. Arbustivo Colher-de-vaqueiro

Vochysia elliptica Mart. Arbustivo Folha-gorda

Figura 16 – Fotografia de exemplar vegetal de Kielmeyera coriacea (Pau-Santo) com fruto, Brejo do

Amparo, Januária – MG. Autor: Franco, 2008

Figura 17– Fotografia de exemplar de Byrsonima verbascifolia (Mucici-de-flor-amarela) com

flor e fruto, Brejo do Amparo, Januária-MG. Autor: Franco, 2008

Figura 18 – Fotografia de exemplar de Chamaecrista desvauxii (Capim reis) florido, Brejo do

Amparo, Januária-MG. Autor: Franco, 2008

Figura 19 – Fotografia de exemplar de Gomphrena sp. (Para-tudo) florida, Brejo do Amparo,

Januária-MG. Autor: Franco, 2008

- Fauna:

O cerrado apresenta grande diversidade de espécies animais em todas suas formações.

Toda esta riqueza de ambientes, com vários recursos ecológicos, abriga comunidades de

animais, com diversas espécies e uma grande abundância de indivíduos, alguns com

adaptações especializadas para explorar recursos específicos de cada um desses habitats.

No ambiente do Cerrado são conhecidas, até o momento, 1.575 espécies animais,

formando o segundo maior conjunto animal do planeta. Cerca de 50 das 100 espécies

de mamíferos (pertencentes a cerca de 67 gêneros) estão no cerrado. Apresenta também

837 espécies de aves; 150 de anfíbios, das quais 45 são endêmicas; 120 espécies de

répteis, das quais 45 endêmicas.

Devido à ação intensiva do homem e a suas atividades, o cerrado passou por grandes

modificações, alterando os diversos habitats, e conseqüentemente apresentando

espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira, o macaco, a anta, o lobo-

guará, o pato-mergulhão, o falcão-de-peito-vermelho, o tatu-bola, o tatu-canastra, o

cervo, o cachorro-vinagre, a onça-pintada, a ariranha e a lontra.

Metodologia

A identificação de exemplares da fauna se deu através de quatro categorias de registro:

Observação direta: quando a presença da espécie é registrada pelo seu avistamento.

Observação indireta: quando é encontrado algum indício da presença do animal no

local, com carcaça, pegadas, fezes, abrigos, vocalizações, etc.

Informação: quando a espécie é citada por moradores e usuários do local, por

entrevistas, utilizando-se de fotos e desenhos de animais.

Provável ocorrência: é a união das informações adquiridas com as entrevistas e com o

levantamento bibliográfico, considerando os tipos de ambiente existentes no local e seu

estado de preservação.

Este registro da fauna local trata-se apenas de uma amostragem que relata as principais

espécies com maior incidência e as espécies ameaçadas que ainda são encontradas na

região.

Nas tabelas 4, 5 e 6 estão registradas as principais espécies de animais divididas por

classe:

Tabela 4 – Lista de espécies da Avifauna local

Espécie �ome popular

Amazona aestiva Papagaio

Rhea americana Ema

7othura maculosa Codorna

Ara arauna Arara canindé

Brotogeris versicolorus Periquito

Aratinga aurea Periquito-estrela

Polyborus plancus Carcará

Cariama cristata Siriema

Colaptes campestris Pica-pau-do-campo

Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta

Crax fasciolata Mutum

Crotophaga ani Anu-preto

Cyanocorax cristatellus Gralha-do-cerrado

Emberizoides herbicola Canário-do-brejo Euphonia chlorotica Vivi

Falco sparverius Quiri-quiri

Furnarius rufus João-de-barro

Galbula ruficauda Bico-agulha

Guira guira Anu-branco

Gnorimopsar chopi Pássaro-preto

Melanerpes candidus Pica-pau-branco

7yctibius griseus Urutau

Oryzoborus angolensis Curió

Philohydor lictor Bem-te-vizinho

Piaya cayana Alma-de-gato

Pitangus sulphuratus Bem-te-vi

Ramphastos toco Tucano

Reinarda squamata Andorinhão-do-buriti

Eupetomena macroura Beija-flor-tesoura

Anthracothorax nigricollis Beija-flor

Rhynchotus rufescens Perdiz

Sarcoramphus papa Urubu-Rei

Buteo magnirostris Gavião-carijó

Cathartes aura Urubu-cabeça-vermelha

Cathartes burrovianus Urubu-cabeça-amarela

Scardafella squammata Fogo-pagou

Sicalis flaveola Canário-da-terra

Speotito cunicularia Coruja-buraqueira

Sporophila nigricollis Papa-capim

Theristicus caudatus Curicaca

Tyrannus melancholicus Suiriri

Tyrannus savana Tesoura

Turdus fumigatus Sabiá-da-mata

Turdus rufiventris Sabiá-Laranjeira

Vanellus chilensis Quero-quero

Volatinia jacarina Tiziu

Zonotrichia capensis Tico-Tico

Tabela 5 – Lista de espécies da Mastofauna local

Espécie �ome popular

Agouti paca Paca

Gracilinanus agilis Catita-arborícola

Monodelphis domestica Catita-terrestre

Oxymycterus roberti Rato-da-vereda

Galea spixii Preá

Alouatta caraya Bugio

Cerdocyon thous Raposa

7asua nasua Quati

Eira barbara Irara

Callithrix penicillata Sagui

Cavia aperea Preá

Mazama gouazoubira Catingueiro

Ozotoceros bezoarticus Veado-campeiro

Tayassu pecari Queixada

Tayassu tajacu Cateto

Cerdocyon thous Cachorro-do-mato-comum

Chrysocyon brachyurus Lobo-guará

Leopardus pardalis Jaguatirica

Leopardus tigrinus Gato-do-mato

Puma concolor Suçuarana

Conepatus semistriatus Cangambá, Jaritataca

Carolia perspicillata Morcego

Vampyrops lineatus Morcego

Dasypus novemcinctus Tatu-Galinha

Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira

Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim

Sylvilagus brasiliensis Tapeti

Didelphis albiventris Gambá

Philander opossum Cuíca

Dasyprocta agouti Cutia

Tapirus terrestris Anta

Chaetomys subspinosus Ouriço-caxeiro

Dusicyon vetulus Raposa-do-campo

Figura 20 – Fotografia de pegadas de Chrysocyon brachyurus ( Lobo-Guará), Brejo do

Amparo, Januária-MG. Autor: Franco, 2008

Tabela 6 - Lista de espécies da Herpetofauna local

Espécie 6ome popular

Phrynops geoffroanus Cágado

Amphisbaena alba Cobra-de-duas-cabeças

Boa constrictor Jibóia

Erythrolamprus aesculapii Falsa-coral

Spilotes pullatus Caninana

Bothrops alternatus Urutu-cruzeiro

Bothrops moojeni Jararaca

Bothrops itapetiningae Jararaquinha-do-cerrado

Bothrops neuwiedi Jararaca-de-rabo-branco

Crotalus durissus Cascavél

Drymarchon corais Papa-pinto

Liophis reginae Cobra-Verde

Phylodrias nattereri Cobra-Cipó

Micrurus frontalis Cobra-coral

Iguana iguana Iguana

Tropidurus torquatus Calango

Cnemidophorus ocellifer Calango

Tupinambis merianae Teiú

Ameiva ameiva Calango-verde

Scinax sp. Perereca

Phylomedusa hypocondriales Perereca-Verde

Bufo paracnemis Sapo-Cururu

Bufo sp. Sapo

Além dessas três classes de fauna, foram observadas algumas espécies de abelhas

nativas de gênero Melípona, que são importantes indicadores de qualidade ambiental.

Além destas, podemos encontrar na região outras espécies como Tetragonisca

angustula (jataí), Nannotrigona testaceicornis (Iraí), Trigona spinipes (arapuá), Trigona

hyalinata (abelha-cachorra), Trigona truculenta (Sanharão) Tetragona clavipes (borá),

dentre outras.

Considerações:

As incursões em campo para a realização deste trabalho foram um tanto quanto

complicadas. Encontramos muitas dificuldades para nos deslocarmos de um lugar a

outro. Os terrenos alagadiços pela presença das veredas dificultaram nosso acesso à

propriedade em questão.

As prospecções geográficas e biológicas foram realizadas com uma equipe composta de

dois geógrafos, um biólogo/geógrafo e um mateiro. Foram recolhidas todas as

informações observáveis no trajeto percorrido.

Essas caracterizações são de extrema importância no processo de criação de uma

reserva natural, pois são estas informações que explicitarão a relevância ambiental e

ecológica do lugar.

7.1.2 - Caracterização Ambiental da Fazenda São Miguel – Coromandel – MG

- Localização geográfica

A “Fazenda São Miguel” está localizada no município de Coromandel/MG (Figura 1),

numa região denominada “Serra da Fazendinha”. Tem como ponto central as

coordenadas geográficas: 18º 18’ 56,5” S, 47º 10’ 50,9” W. As altitudes variam de 870

a 960 metros.

- Área total da propriedade rural

A Fazenda São Miguel ocupa uma área de aproximadamente 60 hectares (Figura 21).

Proprietário:

Área Total:

Município:

Fazenda:

Data:

Estado:

Escala:

Levantamento: Nilson Peres Caixeta. Renato Alves FurtadoDesenhista:

Legenda

ÁREA REMANESCENTE CERCA

ESTRADA

CÓRREGO

DIVISA-CONFRONTANTES

BENFEITORIAS

14.40.81 ha

Proprietário:José Justino da Rocha

CPF n°: 431.480.506-49

LINHA CLASSIFICATÓRIA

LINHA DIVISÓRIA

GROTA

1

Coordenadas Planas Sistema U T M

Origem das coordenadas:

Coordenadas Geodésicas do ponto:

Latitude =

Longitude =

Elipsóide:

Sistema de Coordenadas

18°18'39.16632"

47°10'52.07606"

SAD 69

Matrícula:

ÁREA RPPN33.00.00 ha

ÁREA RPPN07.50.00 ha

ÁREA REMANESCENTE 105.68.07 ha

F

igura 21 – P

lanta da propriedade

Meio Físico

- Clima e hidrografia

O Clima da área é o tropical, caracterizado pela presença de invernos secos e verões

chuvosos, Aw de Köppen. As chuvas são concentradas de outubro a março e a

temperatura média do mês mais frio é superior a 18°C. A média pluviométrica é da

ordem de 1.500 mm/ano.

No Triângulo Mineiro e Alto Paranaiba, a distribuição das chuvas é o elemento mais

significativo para a definição do clima. A estiagem nos meses de inverno e a

concentração das chuvas nos meses de verão são as marcas mais eloqüentes da

existência de um clima tropical (FELTRAN FILHO, 1997).

Sem dúvida o ritmo das chuvas comanda a dinâmica morfogenética destas paisagens no

Alto Paranaíba, determinando a maior ou menor atuação dos processos erosivos

provocados pelo escoamento pluvial em lençol ou concentrado em forma de sulcos,

ravinas e excepcionalmente escorregamentos de massa.

Assim, o ritmo hidrológico favorece o processo de erosão laminar nas encostas

desnudas de vegetação, ou com cobertura incipiente, como no caso dos campos

rupestres, tendo como conseqüência, além da lavagem superficial do solo, o acúmulo de

sedimentos transportados pelas enxurradas nos leitos dos canais fluviais. Por outro lado,

quando ocorre a concentração da água da chuva favorece o desenvolvimento das ravinas

e voçorocas nas vertentes.

A rede hidrográfica local é composta por pequenos cursos d’água temporários,

formados a partir das ravinas do alto da serra que se estendem vertente abaixo, até

formar grotas e vales encaixados, onde afloram água. Mais a jusante, a medida que

essas grotas e vales se aprofundam, formam-se cursos d’água permanentes que descem

a Serra. O córrego que recebe esses tributários que nascem na propriedade é o córrego

da Vidilina, afluente direto do Rio Paranaíba.

Figura 22 – Vales encaixados que se formam no alto da Serra da Fazendinha, dando origem aos afloramentos do lençol freático. Autor: Dantas, 2008

Figura 23 – Afloramentos de água do lençol freático que dão origem aos cursos d’água na Serra da

Fazendinha – Coromandel/MG. Autor: Dantas, 2008

Figura 24 – Rede hidrográfica local: carta topográfica Coromandel – Folha SE.23-Y-A-II

Figura 25 – Vista do córrego da Vindilina ao fundo, feita a partir da propriedade. Autor: Dantas, 2008

- Solos

Nesta região a maior parte dos solos são pouco desenvolvidos: predominam os

Cambissolos e os Neossolos Litólicos (EMBRAPA, 1999). Os Cambissolos ocorrem

nesta área e sua principal característica refere-se ao horizonte B incipiente. Apresentam

um horizonte subsuperficial constituído por minerais primários, muitos fragmentos de

rocha semidecomposta, teores elevados de silte. Os cambissolos desenvolvidos a partir

de filitos, metasiltitos e quartzitos são distróficos com baixa fertilidade e ocorrem

associados ao cerrado e campos rupestres.

Os Neossolos são solos rasos, associados aos afloramentos de rocha. São pouco

desenvolvidos, com horizonte A diretamente sobre a rocha ou sobre o horizonte C

pouco espesso. Na área analisada estão associados aos campos.

Praticamente toda a área é composta por esses solos pedregosos, apresentando alta

permeabilidade, o que permite a rápida infiltração da água. Com isso, o lençol freático

mostra-se bastante próximo à superfície, aflorando facilmente nos vales e grotas,

formando assim cursos d’água temporários. Isso mostra a proximidade do nível de base

à superfície.

Figura 26 – Neossolo Litólico presente em praticamente toda a extensão da propriedade. Autor: Dantas,

2008

- Geologia

A Geologia da área está representada pelas rochas da Formação Cubatão, do Grupo Ibiá,

caracterizada por metadiamictitos e quartzitos.

Com base nos estudos de PEREIRA (1994), diretamente sobreposto aos ritmitos de

filitos e quartzitos do Grupo Canastra, com marcada discordância erosiva, repousam os

paraconglomerados da base do Grupo Ibiá, englobados na Formação Cubatão.

Trata-se de uma rocha com abundante matriz de composição metapelito-carbonatada, na

qual flutuam fragmentos de diferentes tamanhos, formas e litologias.

Estes fragmentos variam desde grânulos até matacões com mais de 1m de comprimento

ao longo de seu eixo maior. Aqueles constituídos por litologias mais resistentes

mostram formas de baixa esfericidade, facetados e até mesmo, forma pentagonal.

Outros de menor competência encontram-se deformados juntamente com a matriz,

mostrando formas alongadas. Alguns seixos de quartzitos apresentam estrias.

Fragmentos de quartzo e quartzito são predominantes, mas ocorrem, também, aqueles

derivados de rochas graníticas, rochas básicas, filito, calcário, chert e formação ferrífera.

Não se observa estratificação bem definida, no entanto, pode-se definir bandas métricas

com maior ou menor concentração de seixos e uma redução no tamanho destes, no

contato entre bandas. Localmente, identificam-se corpos alongados de quartzitos, com

poucos metros de extensão vertical e horizontal.

Em direção ao topo do pacote, ocorre diminuição no tamanho e na quantidade de seixos

contidos na matriz, indicando uma passagem gradacional para a unidade superior do

Grupo Ibiá.

A matriz da rocha é constituída por clorita, sericita/ muscovita, carbonato e quartzo de

granulometria fina, exibindo fenoclastos de quartzo, plagioclásico, feldspato-potássico,

calcita, chert, quartzito e calcário. Os clastos de feldspatos apresentam-se sericitizados e

alguns clastos de plagioclásio estão saussuritizados. Os minerais acessórios são opacos,

zircão, turmalina e rutilo, geralmente detríticos. Algumas vezes são observados cristais

euédricos, neo-formados, de pirita e turmalina.

O metamofismo indicado pela paragênese sericita/muscovita + clorita + quartzo +

turmalina + pirita, é do tipo regional de baixo grau, na fácies xisto verde, zona da

clorita.

Figuras 27, 28, 29 e 30 – Fragmentos e afloramentos de rocha da Formação Cubatão na área da

propriedade. Autor: Dantas, 2008.

- Geomorfologia

A propriedade situa-se numa região chamada “Serra da Fazendinha”. Esta compreende

um dobramento composto por rochas metamórficas do grupo Cubatão, formação Ibiá.

A Serra da Fazendinha estende-se no sentido SW-NE, erguendo-se de uma altitude

próxima aos 800 metros até atingir uma cota máxima próxima aos 990 metros de

altitude. O relevo apresenta-se intensamente dissecado, com elevado grau de

entalhamento dos vales. A declividade é elevada, de 15% a 35% nos topos, aumentando

sua inclinação a medida que desce a vertente. As vertentes apresentam formas convexas,

formando diversos espigões a medida que os cursos d’água se formam ao longo da

serra.

A propriedade encontra-se na crista da serra, estendendo-se por cerca de 900 metros

vertente abaixo, com sua face voltada para NW. Várias grotas se formam no alto da

serra, inclusive dentro da propriedade. Estas dão uma característica de relevo

intensamente dissecado com elevada declividade.

Figuras 31 e 32 – Vista do alto da Serra da Fazendinha a partir da propriedade, evidenciando as formas

de relevo intensamente dissecado. Autor: Dantas, 2008.

Figura 33– Imagem do Satélite Landsat 5 TM mostrando as características de relevo dissecado na Serra

da Fazendinha – Coromandel/MG.

Figura 34 – Mapa do relevo regional obtido através das imagens SRTM/NASA

Meio Biótico

As metodologias para caracterização de fauna e flora locais foram as mesmas utilizadas

na fazenda Pequizeiro (página 23)

- Flora:

- Caracterização florística local

O campo cerrado e o cerrado rupestre são as feições predominantes no local. Nos

limites inferiores da propriedade, perto de cursos d’água, observa-se também a presença

de matas ciliares.

Fitofisionomia Campo Cerrado

O campo cerrado é uma vegetação campestre, com predomínio de gramíneas, pequenas

árvores e arbustos bastante esparsos entre si, as árvores geralmente ficam isoladas

(figura 35). Transição entre campo e demais tipos de vegetação ou às vezes resultantes

da degradação do cerrado. Prejudicada na estação seca pelos incêndios anuais

provocados pelo homem.

Figura 35 - Vista panorâmica da vegetação de Campo Cerrado. Autor: Franco, 2008.

Fitofisionomia Cerrado Rupestre

Descrição fitofisionômica (vide página 28).

Matas de Galeria

As matas de galeria são formações florestais que acompanham os rios de pequeno porte

e córregos dos planaltos do Brasil Central. São chamadas assim por formarem

corredores fechados (galerias) sobre o curso de água. São encontradas geralmente nos

fundos dos vales ou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de água ainda não

escavaram um canal definitivo. Esse tipo de formação florestal mantém

permanentemente as folhas (perenifólia), não apresentando queda significativa das

folhas durante a estação seca. Quase sempre é circundada por faixas de vegetação não

Figura36 – Vegetação típica da fitofisionomia de Cerrado Rupestre, com destaque para Salvertia

convallarieodora (Colher-de-Vaqueiro) florida. Autor: Franco, 2008.

florestal em ambas as margens, e em geral ocorre uma transição brusca com formações

savânicas e campestres. A transição é quase imperceptível quando ocorre com Matas

Ciliares, Matas Secas ou mesmo Cerradões, o que é mais raro, muito embora pela

composição florística seja possível diferenciá-las.

A altura média do estrato arbóreo varia entre 20 e 30 metros, apresentando uma

superposição das copas, que fornecem cobertura arbórea de 70 a 95%. No seu interior a

umidade relativa é alta mesmo na época mais seca do ano. A presença de árvores com

pequenas sapopemas ou saliências nas raízes é freqüente, principalmente nos locais

mais úmidos. É comum haver grande número de espécies epífitas (plantas que utilizam

as árvores como suporte para o seu crescimento, mas que não se alimentam destas; não

devendo, portanto, ser confundidas com as plantas parasitas), principalmente orquídeas,

em quantidade superior à que ocorre nas demais formações florestais do Cerrado.

Os solos são geralmente Cambissolos, Plintossolos, Argissolos, Gleissolos ou

Neossolos, podendo mesmo ocorrer Latossolos semelhantes aos das áreas de cerrado

(sentido amplo) adjacentes. Neste último caso, devido à posição topográfica, os

Latossolos apresentam maior fertilidade, devido ao carreamento de material das áreas

adjacentes e da matéria orgânica oriunda da própria vegetação. Não obstante, os solos

da Mata podem apresentar acidez maior que a encontrada naquelas áreas.

De acordo com características ambientais como a topografia e variações na altura do

lençol freático ao longo do ano, com conseqüências na florística, a Mata de Galeria

pode ser separada em dois subtipos: Mata de Galeria não-Inundável e Mata de Galeria

Inundável. É situação comum que uma Mata apresente não somente um desses padrões

ao longo de todo o curso d’água, de modo que são encontrados trechos inundáveis em

uma Mata que, no geral, se classifica como não-Inundável e vice-versa.

Algumas espécies podem ser encontradas indistintamente tanto na Mata de Galeria não-

Inundável quanto na Mata de Galeria Inundável; ou em trechos com estas

características. São espécies indiferentes aos níveis de inundação do solo. Entre estas

cita-se: Protium heptaphyllum (breu, almécega), Psychotria carthagenensis (erva-de-

gralha), Schefflera morototoni (morototó), Styrax camporum (cuia-do-brejo), Symplocos

nitens (congonha), Tapirira guianensis (pau-pombo, pombeiro) e Virola sebifera

(virola, bicuíba). Protium heptaphyllum e Tapirira guianensis, em particular, podem

apresentar grande importância em termos que quantidade de indivíduos nos dois

subtipos de Mata de Galeria.

A Tabela 7 apresenta a listagem de espécies vegetais registradas no local ou de provável

ocorrência. Foram anotadas 48 espécies vegetais, pertencentes a 42 gêneros e 21

famílias. A família botânica mais representativa é a Fabaceae (12 espécies), seguida por

Vochysiaceae (5 espécies), Malpighiaceae (4 espécies) e Rubiacea (4 espécies).

FAMÍLIA ESPÉCIE HÁBITO 6OME POPULAR

Anonaceae Annona crassiflora Arbóreo Araticum

Apocynaceae Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Arbóreo Pimenta-de-macaco

Hancornia speciosa Gomes Arbóreo Mangaba

Asteraceae Chresta sphaerocephala DC. Herbáceo João-bobo

Bignoniaceae Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Arbóreo Ipê-do-cerrado

Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess. Arbóreo Pequi

Clusiaceae Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. Arbustivo Pau-santo

Dilleniaceae Curatella americana L. Arbustivo Lixeira, ou Sambaíba

Davilla elliptica A. St.-Hil. Herbáceo Sambaibinha

Fabaceae

Bauhinia forficata Link Arbustivo Pata-de-vaca

Bowdichia virgilioides Kunth Arbóreo Sucupira-preta

Chamaecrista orbiculata (Benth.) H.S. Irwin & Barneby Arbustivo

Crotalaria sp. Herbáceo

Dalbergia miscolobium Benth. Arbóreo Caviúna-do-cerrado

Dimorphandra mollis Benth. Arbóreo Fava-de-Arara

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Arbóreo Jatobá-do-cerrado

Machaerium opacum Vogel Arbóreo Jacarandá-do-cerrado

Mimosa decorticans Harms ex Glaz. Herbáceo Angiquinho

Pterodon pubescens (Benth.) Benth. Arbóreo Sucupira-branca

Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Arbóreo Barbatimão

Sclerolobium aureum (Tul.) Benth. Arbóreo Carvoeiro

Lythraceae Lafoensia pacari A. St.-Hil. Arbóreo Mangaba-brava

Malpighiaceae Banisteriopsis campestris (A. Juss.) Little Herbáceo

Byrsonima coccolobifolia Kunth Arbustivo Murici-de-flor-rósea

Byrsonima verbascifolia (L.) DC. Arbustivo Murici-de-flor-amarela

Peixotoa cordistipula A. Juss. Herbáceo

Melastomataceae Miconia ferruginata DC. Arbustivo

Miconia sp.

Moraceae Brosimum gaudichaudii Arbóreo Mamacadela

Myrtaceae

Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg Arbustivo Gabiroba

Eugenia dysenterica DC. Arbustivo Cagaiteira

Psidium sp. Arbóreo Araçá

Nyctaginaceae 7eea theifera Oerst. Arbustivo Capa-rosa

Poaceae Loudetiopsis chrysothrix (Nees) Herbáceo Brinco-de-Princesa

Rubiaceae Alibertia edulis L. Rich Arbóreo Marmelada

Palicourea coriacea Arbustivo Congonha-do-campo

Palicourea rigida Kunth Arbustivo Gritadeira

Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. Arbustivo Jenipapo-do-cerrado

Tabela 7. Listagem de espécies vegetais registradas e de provável ocorrência na região.

Sapotaceae Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Arbóreo Leiteiro-preto

Pouteria torta (Mart.) Radlk. Arbustivo Bacupari

Styracaceae Styrax ferrugineus Nees & Mart. Arbóreo Pindaíba

Urticaceae Urera caracasana Herbáceo Urtigão, Cansanção

Velloziaceae Vellozia sp. Herbáceo Canela-de-ema

Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. Arbóreo Pau-terra-de-folha-larga

Qualea multiflora Mart. Arbustivo

Qualea parviflora Mart. Arbustivo Pau-terra-de-flor-miúda

Salvertia convallarieodora A. St.-Hil. Arbustivo Colher-de-vaqueiro

Vochysia elliptica Mart. Arbustivo Folha-gorda

Figura 37 – Fotografia de exemplar vegetal de Kielmeyera coriacea (Pau-Santo), na fazenda São Miguel,

Coromandel, MG. Autor: Franco, 2008.

Figura 38 – Fotografia de exemplar de Caryocar brasiliense (Pequi), na fazenda São Miguel,

Coromandel, MG. Autor: Franco, 2008.

Figura 39 – Fotografia de exemplar de Vellozia sp (Canela-de-ema), na fazenda São Miguel,

Coromandel, MG. Autor: Franco, 2008.

Figura 40 – Fotografia de exemplar de Alibertia edulis (Marmelada), na fazenda São Miguel,

Coromandel, MG. Autor: Franco, 2008.

Figura 41 – Fotografia de exemplar de Loudetiopsis chrysothrix (Brinco-de-princesa), na fazenda São

Miguel, Coromandel, MG. Autor: Franco, 2008.

Fauna:

Nas tabelas 8, 9 e 10 estão registradas as principais espécies de animais divididas por

classe:

Tabela 8– Lista de espécies da Avifauna local

Espécie 6ome popular

Amazona aestiva Papagaio

Ara arauna Arara canindé

Aratinga aurea Periquito-estrela

Polyborus plancus Carcará

Cariama cristata Siriema

Colaptes campestris Pica-pau-do-campo

Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta

Crax fasciolata Mutum

Crotophaga ani Anu-preto

Cyanocorax cristatellus Gralha-do-cerrado

Euphonia chlorotica Vivi

Falco sparverius Quiri-quiri

Furnarius rufus João-de-barro

Galbula ruficauda Bico-agulha

Guira guira Anu-branco

Gnorimopsar chopi Pássaro-preto

Melanerpes candidus Pica-pau-branco

7yctibius griseus Urutau

Oryzoborus angolensis Curió

Philohydor lictor Bem-te-vizinho

Piaya cayana Alma-de-gato

Pitangus sulphuratus Bem-te-vi

Ramphastos toco Tucano

Sarcoramphus papa Urubu-Rei

Scardafella squammata Fogo-pagou

Sicalis flaveola Canário-da-terra

Speotito cunicularia Coruja-buraqueira

Sporophila nigricollis Papa-capim

Theristicus caudatus Curicaca

Tyrannus melancholicus Suiriri

Tyrannus savana Tesoura

Turdus fumigatus Sabiá-da-mata

Turdus rufiventris Sabiá-Laranjeira

Vanellus chilensis Quero-quero

Zonotrichia capensis Tico-Tico

Tabela 9 – Lista de espécies da Mastofauna local

Espécie 6ome popular

Agouti paca Paca

Callithrix penicillata Sagui

Cavia aperea Preá

Mazama gouazoubira Catingueiro

Ozotoceros bezoarticus Veado-campeiro

Tayassu pecari Queixada

Tayassu tajacu Cateto

Cerdocyon thous Cachorro-do-mato-comum

Chrysocyon brachyurus Lobo-guará

Puma concolor Suçuarana

Conepatus semistriatus Cangambá, Jaritataca

Carolia perspicillata morcego

Desmodus rotundus vampiro comum

Dasypus novemcinctus Tatu-Galinha

Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira

Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim

Sylvilagus brasiliensis Tapeti

Didelphis albiventris Gambá

Philander opossum Cuíca

Dasyprocta agouti Cutia

Chaetomys subspinosus Ouriço-caxeiro

Dusicyon vetulus Raposa-do-campo

Tabela 10 - Lista de espécies da Herpetofauna local

Espécie 6ome popular

Phrynops geoffroanus Cágado

Amphisbaena alba Cobra-de-duas-cabeças

Boa constrictor Jibóia

Erythrolamprus aesculapii Falsa-coral

Spilotes pullatus Caninana

Bothrops alternatus Urutu-cruzeiro

Bothrops moojeni Jararaca

Bothrops itapetiningae Jararaquinha-do-cerrado

Bothrops neuwiedi Jararaca-de-rabo-branco

Crotalus durissus Cascavél

Micrurus frontalis Cobra-coral

Tropidurus torquatus Calango

Cnemidophorus ocellifer Calango

Tupinambis merianae Teiú

Ameiva ameiva Calango-verde

Bufo sp. Sapo-cururu

Além dessas três classes de fauna, foram observadas algumas espécies de abelhas

nativas de gênero Melípona, que são importantes indicadores de qualidade ambiental. A

exemplo disso podemos citar a mandaçaia-do-chão (Melípona quinquefasciata), espécie

avistada no local, que está cada vez mais rara no cerrado de Minas Gerais. Além destas,

podemos encontrar na região outras espécies como Tetragonisca angustula (jataí),

Nannotrigona testaceicornis (Irai), Trigona spinipes (arapuá), Trigona hyalinata (abelha-

cachorra), Tetrágona clavipes (borá), dentre outras.

- Considerações sobre o cerrado

Apesar de ainda incompletamente conhecida, a fauna e flora do Cerrado é riquíssima.

Tomando uma atitude conservadora, poderíamos estimar a flora do bioma do cerrado

como sendo constituída por cerca de 3.000 espécies, sendo 1.000 delas do estrato

arbóreo-arbustivo e 2.000 do herbáceo-subarbustivo.

Em termos de riqueza de espécies, esta flora deve ser superada apenas pelas florestas

amazônicas e pelas florestas atlânticas. Outra característica sua é a heterogeneidade de

sua distribuição, havendo espécies mais típicas dos Cerrados da região norte, outras da

região centro-oeste, outras da região sudeste etc. Por esta razão, unidades de

conservação, com áreas significativas, devem ser criadas e mantidas nas mais diversas

regiões do Domínio do Cerrado, a fim de garantir a preservação do maior número de

espécies da flora deste Bioma, bem como da fauna a ela associada.

A fauna do Bioma do Cerrado é pouco conhecida, particularmente a dos Invertebrados.

Seguramente ela é muito rica, destacando-se naturalmente o grupo dos Insetos. Quanto

aos Vertebrados, o que se conhece são, em geral, listas das espécies mais

freqüentemente encontradas em áreas de Cerrado, pouco se sabendo da História Natural

desses animais, do tamanho de suas populações, de sua dinâmica etc. Só muito

recentemente estão surgindo alguns trabalhos científicos, dissertações e teses sobre estes

assuntos.

Nessa perspectiva, pouco se conhece a respeito da fauna e flora da região de

Coromandel. Não existe até hoje nenhum levantamento de detalhe nesta localidade, o

que se faz necessário inclusive para a conservação ambiental e aproveitamento de suas

potencialidades.

- Potencialidades e fragilidades

No geral, todas as áreas caracterizadas apresentam boa qualidade ambiental. Trata-se de

áreas com revestimento vegetal nativo considerável, além de constituírem importantes

refúgios para a fauna silvestre da região.

As potencialidades dessas áreas estão relacionadas com a vegetação conservada que se

constitui ambiente de grande diversidade de fauna e reserva de recursos naturais.

São áreas onde a ocupação antrópica não é recomendável, já que as características dos

solos e das formas de relevos fazem com que sejam consideradas impróprias para as

atividades agropecuárias. Suas fragilidades estão relacionadas ao próprio equilíbrio

muito tênue das encostas, solos e cobertura vegetal e que pela atividade antrópica pode

levar à aceleração dos processos erosivos, diminuição da biodiversidade e dos recursos

hídricos, bem como à contaminação da água superficial. No caso específico da fazenda

Pequizeiro em Januária, as veredas ali existentes provavelmente fazem ligação com o

Parque Nacional Grande Sertão Veredas, localizado muito próximo da propriedade.

Assim essas formações vegetais são muito importantes como corredores de

biodiversidade para a fauna e manutenção do funcionamento hídrico local.

Em termos de produtividade agrícola e pecuária, as propriedades estudadas apresentam

índices baixos devido às restrições acima apresentadas. Dessa forma, foi recomendado a

transformação dessas áreas em reservas ambientais, especificamente em RPPN (Reserva

Particular do Patrimônio Natural), assim como as áreas contíguas.

A Lei 14.309/02, em seu artigo 17º, inciso V, prevê a compensação de Reserva Legal

assim determinada: “aquisição de gleba não contígua, na mesma bacia hidrográfica e

instituição e de Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN), condicionada à

vistoria e aprovação do órgão competente”. Essa lei criou possibilidades para os

produtores que não tinham área suficiente na propriedade para reserva legal, ou que já

estavam produzindo em toda área da fazenda, de adquirir uma gleba necessária para a

Reserva Legal em outro local, desde que dentro da mesma bacia hidrográfica e que

apresentasse uma boa qualidade ambiental e de preferência nas mesmas condições

ambientais da fazenda.

Partindo desses princípios a área aqui qualificada como Fazenda São Miguel, se

enquadra dentro das tais exigências legais. Deve-se ressaltar que as áreas da média e

alta bacia do Paranaíba apresentam um conjunto de paisagens de serras, espigões e

encostas com declividades acentuadas, solos finos, pedregosos, cascalhentos com uma

morfogênese acentuada. É uma paisagem relativamente sensível que deve ser

preservada e, portanto a criação de Unidades de conservação nesta região se constitui

numa boa medida para proteger esse Meio Ambiente.

7.2 -Inventário Florestal e Caracterização do Meio Biótico – Córrego São José -

Ituiutaba – MG.

- Apresentação:

O presente estudo trata-se da caracterização do meio biótico e inventário simplificado

das espécies arbóreas no trecho do Córrego São José, município de Ituiutaba, Minas

Gerais onde serão realizadas as obras de canalização do mesmo.

- Caracterização Geral da Área:

As margens do córrego São José, constituem uma área que se encontra extremamente

antropizada. A maior parte do trecho em questão está ocupada por residências em estado

precário de conservação. A erosão acentuada compromete a estrutura de muitas casas

que foram construídas muito próximas ao canal. Ao longo desse trecho foram

identificados vários problemas como deposição de lixo e entulho, assoreamento e

poluição das águas.

Figura 42 – Residência na margem do Córrego em local degradado. Autor: Franco, 2008.

A vegetação natural é praticamente inexistente, representada por poucos indivíduos

próprios de mata ciliar. As espécies arbóreas estão distribuídas esparsamente e nenhuma

formação florestal foi identificada. A predominância de espécies como a mamona

(Ricinus communis) em praticamente toda extensão do córrego, é um forte indicador de

degradação ambiental (figura 2).

Figura 43 – Predominância da mamona (Ricinus communis) na margem do córrego São José. Autor:

Franco, 2008.

Metodologia

O diagnóstico ambiental no córrego São José o ocorreu no mês de abril de 2008 por

meio de uma visita técnica de aproximadamente 4 horas. Foram realizadas a

caracterização da fauna e flora por meio de observação direta e entrevistas informais

com os moradores locais.

Vegetação:

O levantamento qualitativo e quantitativo da vegetação foi efetuado percorrendo

transectos lineares nas margens do córrego ao longo dos 579m do trecho a ser

canalizado. Nesse percurso foram coletados os dados das espécies com DAP (diâmetro

a altura do peito) maior ou igual a 5 cm. Os parâmetros determinados foram: DAP,

altura comercial e total e identificação botânica.

Figura 44 – Margem do córrego São José com poucas espécies arbóreas. Autor: Franco, 2008.

Figura 45 – Vegetação degradada na margem do córrego São José. Autor: Franco, 2008.

A altura comercial é medida até o fuste da árvore, ou seja, até a primeira bifurcação

principal do tronco. As alturas foram estimadas por dois membros da equipe e obtida a

média pra cada árvore. A identificação das espécies foi feita em campo, sendo que

exemplares de somente cinco espécies foram coletas para posterior identificação.

Foram registradas 47 árvores de 20 espécies diferentes divididas em 15 famílias. Todas

elas com DAP acima de 5 cm. Acredita-se que essa amostragem represente

aproximadamente 60% dos indivíduos da área total. Essa estimativa não pôde ser mais

precisa devido a dificuldade de acesso das áreas e a impossibilidade de aplicação de

métodos utilizando parcelas.

TABELA 11 - Lista de espécies ocorrentes no espaço amostral das margens do córrego São José.

6ome Vulgar

6ome Científico Família 6º de indivíduos

Altura Comercial

Cajueiro Anacardium

occidentale

Anacardiaceae 3 3 m

Mangueira Mangifera indica Anacardiaceae 10 2m Fruta-do- Annona Annonaceae 1 1m

Conde squamosa

Jasmim Plumeria rubra Apocynaceae 1 2m Palmeira-Imperial

Roystonea

oleracea

Arecaceae 1 12m

Ipê-rosa Tabebuia

heptaphylla

Bignoniaceae 1 2m

Manguba Pseudobombax

munguba

Bombacaceae 2 1,5m

Paineira-rosa Chorisia

speciosa

Bombacaceae 3 4m

Embaúba Cecropia

pachystachya

Cecropiaceae 4 4,5m

Oiti Licania

tomentosa

Chrysobalanaceae 6 1,5m

Sete-copas Terminalia

catappa

Combretaceae 2 2m

Angico Anadenanthera

sp.

Fabaceae 2 2m

Pata-de-Vaca Bauhinia sp Fabaceae 1 2,5 Bálsamo Myrocarpus

frondosus

Fabaceae 1 3m

Tamarindo Tamarindus

indica

Fabaceae 1 1m

Abacateiro Persea

americana

Lauraceae 1 3m

Acerola Malpighia

glabra

Malpighiaceae 1 1m

Jaca Artocarpus

heterophyllus

Moraceae 2 3,5m

Goiabeira Psidium guajava Myrtaceae 3 1,5m Genipapo Genipa

americana

Rubiaceae 1 4m

TABELA 12 – DAP e Volume médio dos indivíduos de cada espécie arbórea.

6ome Vulgar 6ome Científico DAP médio (cm)

Desvio Padrão Vcc (m3)

Cajueiro Anacardium

occidentale

16,4 9,4 0,063

Mangueira Mangifera

indica

45,4 19,2 0,320

Fruta-do-Conde

Annona

squamosa

12,7 - 0,013

Jasmim Plumeria rubra 14,6 - 0,033 Palmeira-Imperial

Roystonea

oleracea

43 - 1,740

Ipê-rosa Tabebuia

heptaphylla

26,1 - 0,036

Manguba Pseudobombax

munguba

24,5 - 0,022

Paineira-rosa Chorisia

speciosa

24,4 2,73 0,190

Embaúba

Cecropia

pachystachya

30,7

18,4

0,110

Oiti Licania

tomentosa

16,8 5,9 0,033

Sete-copas Terminalia

catappa

29,7 3,2 0,140

Angico Anadenanthera

sp.

19,1 6,8 0,057

Pata-de-Vaca Bauhinia sp 15,3 - 0,046 Bálsamo Myrocarpus

frondosus

30,2 - 0,210

Tamarindo Tamarindus

indica

70 - 0,380

Abacateiro Persea

americana

32,1 - 0,260

Acerola Malpighia

glabra

6,4 - 0,003

Jaca Artocarpus

heterophyllus

47,1 12,2 0,610

Goiabeira Psidium guajava 18,8 3,9 0,042 Genipapo Genipa

americana

35,7 - 0,400

DAP = diâmetro a altura do peito Vcc = volume com casca Obs: Das espécies listadas somente as sublinhadas são nativas do cerrado.

Na tabela 11, para altura comercial, quando o número de indivíduos foi diferente de 1,

foi calculada a média.

Os valores dos DAPs foram obtidos dividindo as circunferências a altura do peito de

cada árvore pelo valor de π arredondado (3,14 ). Assim foi tirada a média dos DAPs

para cada espécie.

Os volumes de madeira para cada espécie foram obtidos do raio, que é a metade do

diâmetro através das fórmulas πR2 multiplicado pela altura comercial, onde π =3,14 e

R é o raio da média das circunferências.

Ao analisar as tabelas acima podemos verificar que a área possui pouco potencial de

aproveitamento de madeira, visto que a maioria das espécies são plantas frutíferas e

baixo valor comercial. Além disso a maioria do local está dominado por espécies

arbustivas, herbáceas ou gramíneas. As espécies mais abundantes são a mamona

(Ricinus communis) e o bambú (Bambusa vulgaris). São encontradas também muitas

hortaliças e leguminosas que são cultivadas pelos moradores locais.

Figura 46 – Foto de uma Mangueira, principal espécie arbórea encontrada nas margens do córrego São

José. Autor: Franco, 2008.

As principais espécies cultivadas nas margens do córrego para consumo são: manga,

banana, mandioca, goiaba, caju, limão, laranja, quiabo, tomate, mamão, cana-de-açúcar,

maracujá, milho, guariroba, fumo e bucha.

O presente inventário tem o objetivo de passar uma noção geral das espécies arbóreas

presentes nas margens do córrego São José. Levantamentos mais detalhados não podem

ser realizados devido ao difícil acesso à margem do córrego em vários locais, onde as

casas chegam muito próximas ao leito ou a erosão do solo atingiu um estágio avançado.

Desse modo também não foi possível aplicar o método de amostragem através de

parcelas. O recomendado para áreas pequenas como esta seria um inventário de pré-

exploração florestal, onde todos os indivíduos são mensurados. Mas nesse caso

específico, isto se torna inviável pelo baixo valor comercial das espécies arbóreas.

Fauna:

Com exceção de algumas aves e insetos, não foram visualizadas espécies da fauna

nativa da região nos locais visitados. Apesar disso foram listados algumas espécies

através de entrevistas com moradores ou levantamentos anteriores.

Avifauna

Tabela 13. Listagem de espécies de aves registradas no córrego São José, Ituiutaba (MG)

Espécie Nome Popular

Butorides striatus Socozinho

Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta

Mesembrinibis cayennensis Corocoró

Vanellus chilensis Quero- quero

Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno

Elanoides forficatus Gavião tesoura

Elanus leucurus Gavião-branco

Rupornis magnirostris Gavião-carijó

Polyborus plancus Carcará

Falco sparverius

Cariama cristata Seriema

Aramides saracura Saracura

Columbina picui

Claravis pretiosa

Columba livia Pomba-doméstica

Columbina talpacoti Rolinha-caldo-de-feijão

Scardafella squamata Fogo-pagou

Zenaida auriculata Avoante

Crotophaga ani Anu-preto

Guira guira Anu-branco

Gallus gallus domesticus Galinha-doméstica

Coereba flaveola Cambacica

Gnorimopsar chopi Pássaro-preto

Molothrus bonariensis Chopim

Sicalis flaveola Canário da terra

Sporophila caerulescens

Sporophila leucoptera

Sporophila lineola Bigodinho

Sporophila nigricollis Baiano

Thraupis sayaca Sanhaço de mamoeiro

Volatinia jacarina Tiziu

Furnarius rufus João-de-barro

Phacellodomus ruber João-graveteiro

Turdus amaurochalinus Sabiá-poca

Turdus leucomelas Sabiá-barranco

Passer domesticus Pardal

Herpsilochmus longirostris Chororozinho

Thamnophilus doliatus Choca-barrada

Troglodytes aedon Curruíra

Camptostoma obsoletum Risadinha

Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela

Fluvicola nengeta Lavadeira-mascarada

Machetornis rixosus Suiriri-cavaleiro

Megarrynchus pitangua Nei-nei

Myiarchus ferox Maria-cavaleira

Myiozetetis cayanensis Bentevizinho-ferrugem

Pitangus sulphuratus Bem-te-vi

Tyrannus melancholicus Suiriri

Cyclarhis gujanensis Pitiguari

7otiochelion cyanoleuca

Phaeoprogne tapera

Stegildopterix ruficollis

Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio

Tachycineta leucorrhoa Andorinha-de-sobrebranco

Chlorostilbon aureoventris Beija-flor-de-bicovermelho

Eupetomena macroura Beija-flor-tesoura

Anthracotorax nigricollis

Colaptes campestris Pica-pau-do-campo

Melanerpes candidus Pica-pau-branco

Galbula ruficauda Ariramba-de-cauda-ruiva

Aratinga aurea Periquito-estrela

Aratinga leucopthalmus Periquitão-maracanã

Brotogeris chiriri Periquito-de-encontroamarelo

Ramphastos toco Tucano-toco

Speotyto cunilaria Coruja-buraqueira

Mastofauna

Em relação a mastofauna foram observados somente animais domésticos no entorno do

córrego. Registramos a presença de cavalos, vacas, cachorros, gatos e ratos. Em

entrevista com moradores foi relatada a presença ocasional de gambás e tatus.

Herpetofauna

Em levantamentos anteriores foram registradas três espécies de répteis associadas ao

córrego São José. Pode-se destacar a presença do cágado (Phrynops geoffroanus), o

qual apresenta ampla distribuição geográfica, abrangendo desde a Argentina até a

Colômbia, na vertente leste dos Andes.

Segundo Brites (2002), esta espécie é comum em rios poluídos do Brasil, podendo ser

vista com facilidade ao longo do rio Uberabinha, no município de Uberlândia, em

concentrações de indivíduos, principalmente nas áreas urbanizadas e na presença de

esgotos doméstico e industrial. Esta concentração é ocasionada pela atração aos

alimentos provenientes dos esgotos, uma vez que a espécie possui hábito alimentar

onívoro. As outras espécies registradas foram o calango-verde (Ameiva ameiva) e o

Calango-de-muro (Tropidurus torquatus).

Plano de Utilização Pretendida - Objetivos e Justificativas do desmatamento:

O objetivo do desmatamento das margens do trecho Sul do córrego São José é viabilizar

as obras de canalização do mesmo. Este projeto visa à melhoria da qualidade de vida da

população do entorno desse córrego, pois o mesmo se encontra em estágio avançado de

degradação ambiental. Ao longo desse trecho foram identificados vários problemas,

como deposição de lixo e entulho, assoreamento e poluição das águas. A erosão

acentuada compromete a estrutura de muitas casas que foram construídas muito

próximas ao canal.

Do ponto de vista ambiental, o desmate dessa área não afetará em nada na

biodiversidade da região, pois trata-se de um pequeno trecho com predominância de

vegetação exótica, na sua maioria arbustiva e que contribui para a proliferação de

pragas.

- Destino do material explorado:

A madeira retirada nas margens do córrego São José será doada para a população que

mora no local, para utilização doméstica. O restante do material que não tem utilização,

será encaminhado para o aterro sanitário do município.

- Volume a ser explorado:

A tabela abaixo demonstra o volume de madeira médio por espécie, que foi levantado

no inventário florestal. Esse volume representa aproximadamente 60% do total da área a

ser explorada.

6ome Vulgar 6ome Científico 6º de indivíduos

Volume (m3)

Cajueiro Anacardium

occidentale

3 0,19

Mangueira Mangifera

indica

10 3,2

Fruta-do-Conde

Annona

squamosa

1 0,013

Jasmim Plumeria rubra 1 0,033 Palmeira-Imperial

Roystonea

oleracea

1 1,740

Ipê-rosa Tabebuia

heptaphylla

1 0,036

Manguba Pseudobombax

munguba

2 0,044

Paineira-rosa Chorisia

speciosa

3 0,570

Embaúba

Cecropia

pachystachya

4 0,440

Oiti Licania

tomentosa

6 0,200

Sete-copas Terminalia

catappa

2 0,280

Angico Anadenanthera

sp.

2 0,114

Pata-de-Vaca Bauhinia sp 1 0,046 Bálsamo Myrocarpus

frondosus

1 0,210

Tamarindo Tamarindus

indica

1 0,380

Abacateiro Persea

americana

1 0,260

Acerola Malpighia

glabra

1 0,003

Jaca Artocarpus

heterophyllus

2 1,22

Goiabeira Psidium guajava 3 0,126 Genipapo Genipa

americana

1 0,400

Total 9,505

Considerando os valores acima, a estimativa de madeira explorável da área é de 15,842

m3.

Considerações:

As obras de canalização do córrego São José se apresentaram como uma alternativa

para a solução dos problemas e irregularidades ao longo do mesmo. Esse tipo de medida

pode ser visto como uma forma mais fácil e imediata para tentar melhorar a situação

atual do rio e da população que vive em suas margens. A revitalização do córrego e seus

afluentes seria uma solução a médio e longo prazo, que resolveria de forma definitiva e

ecologicamente correta a situação de degradação que este vem sofrendo ao longo dos

anos.

7.3 - Projeto Técnico de Reconstituição de Flora – Faz. Rio das Pedras –

Uberlândia – MG

- Caracterização da área:

- Identificação:

- Fazenda Rio das Pedras - Mandala

- Localidade: Zona rural

- Uberlândia – MG

- Área total da propriedade: 50.96.50 ha

- Área a ser reconstituída: 04.74 há

– Localização e Acesso:

UBERLÂNDIA

TUPACIGUARA

ARAPORÃ

MONTE ALEGRE

BR - 365

BR-MG-180

XAPETUPA

CLOQUI DE LOCALIZAÇÃO

FAZENDA RIO DAS PEDRAS (FAZ. MANDALA) PROP: MESSIAS FELIX DE OLIVEIRA

DISTÂNCIASUBERLÂNDIA/ENTRADA = 24 KmBR/FAZENDA = 6,965 Km.

Acesso a estrada de terra:1 km antes do Posto Rio das Pedras (desativado)

FAZENDA RIODAS PEDRAS

POSTO R. DASPEDRAS(DESATIVADO)

GRANJA

Figuras 47 e 48 – Localização e croqui de acesso à Fazenda Rio das Pedras / Fazenda Mandala –

Uberlândia – MG. Fonte: ENGEO, 2008

- Objetivos

- Geral

Reconstituição de mata nativa do Cerrado em área de Reserva legal da Fazenda Rio das

Pedras – Mandala localizada no município de Uberlândia, Minas Gerais.

- Específicos

- Caracterizar o meio físico e biótico da área a ser revegetada;

- Definir as metodologias ideais para cada área a ser reconstituída;

- Definir as melhores espécies para plantio em cada área.

- Indicar ações para que o maciço florestal se estabeleça e perpetue no local.

Caracterização edáfica, hídrica e climática

Aspectos edáficos

O Município de Uberlândia é limitado pelas coordenadas geográficas: 18°30’ de latitude

sul e 47°50’ de longitude oeste de Greenwich. Essa área insere-se nas Chapadas

Sedimentares da Região do Triângulo Mineiro, as quais foram esculturadas em rochas

sedimentares, sobretudo do Grupo Bauru, representadas principalmente pelos arenitos

das Formações Marília, Adamantina e Uberaba, e da Formação Botucatu do Grupo São

Bento. Algumas de suas bordas são mantidas pelo arenito com cimentação carbonática

ou silicosa. Outra pelos derrames basálticos da Formação Serra Geral do Grupo São

Bento. Os entalhes mais profundos feitos pelos grandes rios, como o Paranaíba e o

Araguari, atingem o embasamento do Pré-Cambriano, representado principalmente

pelos xistos do Grupo Araxá.

O relevo do Município de Uberlândia faz parte de um conjunto global de formas

denominado por AB’SABER (1971) Domínio dos Chapadões Tropicais do Brasil

Central. Esse relevo vem sendo elaborado desde o Terciário e durante o Quaternário

pelos processos morfoclimáticos, os quais propiciam extensas pediplanações,

pedimentação, laterização e dissecação, levando o relevo a possuir as formas atuais.

Os Latossolos Vermelho-escuros álicos associados às áreas geológicas do Grupo Bauru

(Formações Adamantina, Uberaba e Marília) predominam no Triângulo Mineiro e

município de Uberlândia (EMBRAPA, 1982; BACCARO, 1990), coincidindo

genericamente com a área de relevo dissecado.

A maior parte dos solos da propriedade se enquadra na categoria dos Latossolos. O

Latossolo Vermelho Escuro predomina nas áreas a serem revegetadas.

Aspectos hidrográficos

A Fazenda Mandala é drenada pelo Córrego Mateirinha. Trata-se de um curso d’água

protegido por uma mata de galeria bem preservada. Nas margens desse curso d’água

encontram-se processos erosivos de ravinamento em estágio avançado o que pode

causar o assoreamento deste curso d’água

Aspectos climáticos

DEL GROSSI (1993) classificou o clima de Uberlândia, como Tropical de Altitude ou

Cwa, conforme classificação de Köppen. Com temperatura média de 18º C nos meses

de junho e julho e de 22º C em dezembro e janeiro.

O município de Uberlândia apresenta sua dinâmica atmosférica controlada pelos

sistemas intertropicais e polares. As massas de ar Equatorial Continental (Ec), Tropical

Continental (Tc) e Tropical Atlântica (Ta), são as dominantes, porém a massa Polar

periodicamente invade o continente sul-americano. Esses sistemas de circulação

ocasionam um clima alternadamente seco e úmido (ROSA et al., 1991).

As médias anuais das chuvas variam de 1.000 a 2.000 mm, com mais de 80% das

chuvas concentradas no verão, entre novembro e março. Durante o inverno ocorre uma

estação seca de 4 a 7 meses, entre abril e outubro, resultando num grande déficit hídrico

neste período (LIMA, 1996).

O anticiclone tropical do Atlântico Sul é responsável pela formação da massa Tropical

Atlântica (Ta), que por sua vez ocasiona escassez de chuva na região sudeste, no

período de maio a outubro quando as poucas chuvas são frontais, ocasionadas pelas

frentes frias das invasões de massas Polares. Os meses menos chuvosos são junho e

julho (inverno), com totais pluviométricos mensais médios de 12,1mm e 17,0mm,

respectivamente.

Inventário qualitativo da fauna e flora

Fauna

O cerrado apresenta grande diversidade de espécies animais em todas suas formações.

Toda esta riqueza de ambientes, com vários recursos ecológicos, abriga comunidades de

animais, com diversas espécies e uma grande abundância de indivíduos, alguns com

adaptações especializadas para explorar recursos específicos de cada um desses habitats.

Devido ação intensiva do homem e a suas atividades, o cerrado do Triângulo Mineiro

passou por grandes modificações, alterando os diversos habitats, e conseqüentemente

apresentando espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira, o macaco-

prego, a anta, o lobo-guará, o pato-mergulhão, o falcão-de-peito-vermelho, o tatu-bola,

o tatu-canastra, o cervo, o cachorro-vinagre, a onça-pintada, a ariranha e a lontra.

Nas Tabelas abaixo estão registradas as principais espécies de animais possivelmente

encontradas na região divididas por classe:

Tabela 14 – Lista de espécies da Avifauna

Espécie 6ome popular

Amazona aestiva Papagaio

Ara arauna Arara canindé

Aratinga aurea Periquito-estrela

Polyborus plancus Carcará

Cariama cristata Siriema

Colaptes campestris Pica-pau-do-campo

Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta

Crotophaga ani Anu-preto

Cyanocorax cristatellus Gralha-do-cerrado

Euphonia chlorotica Vivi

Falco sparverius Quiri-quiri

Furnarius rufus João-de-barro

Galbula ruficauda Bico-agulha

Guira guira Anu-branco

Gnorimopsar chopi Pássaro-preto

Melanerpes candidus Pica-pau-branco

7yctibius griseus Urutau

Oryzoborus angolensis Curió

Philohydor lictor Bem-te-vizinho

Piaya cayana Alma-de-gato

Pitangus sulphuratus Bem-te-vi

Ramphastos toco Tucano

Sarcoramphus papa Urubu-Rei

Scardafella squammata Fogo-pagou

Sicalis flaveola Canário-da-terra

Speotito cunicularia Coruja-buraqueira

Sporophila nigricollis Papa-capim

Theristicus caudatus Curicaca

Tyrannus melancholicus Suiriri

Tyrannus savana Tesoura

Turdus fumigatus Sabiá-da-mata

Turdus rufiventris Sabiá-Laranjeira

Vanellus chilensis Quero-quero

Zonotrichia capensis Tico-Tico

Tabela 15 – Lista de espécies da Mastofauna

Espécie �ome popular

Agouti paca Paca

Callithrix penicillata Sagui

Cavia aperea Preá

Mazama gouazoubira Catingueiro

Tayassu pecari Queixada

Tayassu tajacu Cateto

Cerdocyon thous Cachorro-do-mato-comum

Conepatus semistriatus Cangambá, Jaritataca

Carolia perspicillata Morcego

Desmodus rotundus Vampiro comum

Dasypus novemcinctus Tatu-Galinha

Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira

Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim

Sylvilagus brasiliensis Tapeti

Didelphis albiventris Gambá

Philander opossum Cuíca

Dasyprocta agouti Cutia

Chaetomys subspinosus Ouriço-caxeiro

Dusicyon vetulus Raposa-do-campo

Tabela 16- Lista de espécies da Herpetofauna

Espécie 6ome popular

Phrynops geoffroanus Cágado

Amphisbaena alba Cobra-de-duas-cabeças

Erythrolamprus aesculapii Falsa-coral

Spilotes pullatus Caninana

Bothrops alternatus Urutu-cruzeiro

Bothrops moojeni Jararaca

Bothrops itapetiningae Jararaquinha-do-cerrado

Bothrops neuwiedi Jararaca-de-rabo-branco

Crotalus durissus Cascavél

Micrurus frontalis Cobra-coral

Tropidurus torquatus Calango

Cnemidophorus ocellifer Calango

Tupinambis merianae Teiú

Ameiva ameiva Calango-verde

Flora

A Fazenda Rio das Pedras está inserida no bioma Cerrado. Esta vegetação apresenta

diversos tipos fisionômicos como as matas mesofítica ciliar ou de galeria e de encosta;

as xeromórficas (Cerradão); as formações savânicas, como o campo cerrado e campo

sujo; e as formações campestres representadas pelos campos limpos e pelos campos

úmidos (veredas e brejos).

Dentre os maciços florestais identificados na propriedade podem-se destacar as matas

de galeria das áreas de preservação permanente do Córrego Mateirinha e duas reservas

de Cerrado Sentido Restrito que ocupam uma área de 05.46 ha.

Nas áreas onde serão realizadas a reconstituição da flora nativa estão ocupadas por

gramíneas que servem de pasto para o gado.

As áreas de preservação permanente que confrontam com a área a ser reconstituída se

encontram bem preservadas e com grande diversidade de espécies vegetais.

Tabela 17 – Espécies vegetais nativas que podem ser encontradas na Fazenda Rio das Pedras.

6ome Popular 6ome Científico Angico Piptadenia sp

Aroeira Astronium urundeuva

Assa-Peixe Vernona ferruginea

Araticum Annona crassiflora Mart. Barbatimão Stryphnodendron sp.

Baru Dipterix sp.

Cagaiteira Eugenia dysenterica

Caju Anacardium sp.

Camboatá Matayba guianensis

Caqui do Mato Diospyros brasiliensis

Capitão do Campo Terminalia argentea

Caviúna Dalbergia violacea

Goiabinha ou Araçá-do-campo Psidium cinereum Imbaúba Cecropia sp.

Ipê Tabebuia aurea

Jacarandá-do-cerrado Machaerium opacum

Jatobá Hymenaea stigonocarpa

Lixeira Curatella americana L.

Lobeira Solanum sp.

Mama Cadela Brosimum gaudichaudii

Mangabeira Hancornia speciosa

Murici Byrsonima sp.

Pau D´Óleo Copaifera langisdorfii Desf. Paina do Campo Bombax pubescens

Pau=Santo Kyelmeyera coriacea

Pau- terra Qualea grandiflora

Pau Terrinha Qualea multiflora Mart. Pequi Caryocar brasiliensis Camb

Pimenta de Macaco Xylopia aromatica

Rosa do Cerrado Kielmeyra rubriflora

Sucupira Branca Pterodon polygalaeflorus

Sucupira Preta Bowdichia virgilioides

Tinguí-do-Cerrado Magonia pubescens

Importância

Em vista dos aspectos fisiográficos, o cerrado atraiu muita atenção para a agricultura, o

que lhe tornou uma região de grande produção de grãos como a soja e agropastoril, com

a ótima adaptação dos gados zebu, nelore, entre outros. E com o crescimento da cidade

de Uberlândia aumentou também a busca por entretenimento e lazer, levando à

construção de complexos turísticos e de lazer. Em virtude disso, a vegetação natural foi

retirada e os solos ficaram desprotegidos, favorecendo a instalação dos processos

erosivos, devido à falta de cobertura vegetal, seja ela gramínea ou herbácea. Nesse

sentido, faz-se muito pouco pela preservação e conservação das matas nativas – a não

ser nas áreas demarcadas como reservas bio-ecológicas. Outra exploração ativa é a

mineral, cujo principal reflexo é a grande devastação do ambiente. Dessa forma, os

governos, tanto federal, estadual ou municipal, deverão tomar decisões imediatas quanto

à proteção do meio natural, pois deve ocorrer, sim, a exploração pastoril, agrícola e

mineral dessa região, porém não se deve esquecer que para a efetiva existência dessas

economias o ambiente deverá ser prudentemente conservado.

Alterações no meio ambiente

- Danos físicos: edáficos e hídricos

O Bioma Cerrado ocupa em torno de 25% do território nacional, e abriga uma grande

diversidade biológica. A extensão original do Cerrado, incluindo as áreas de transição,

também chamadas "áreas de contato" entre Cerrado e outros tipos de vegetação,

chegaria a 2,2 milhões de quilômetros quadrados (IBGE, 1993; Pereira-Jr., 1992),

abrangendo o Planalto Central e cobrindo grande parte dos Estados de Tocantins, Goiás,

Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Maranhão e Piauí, e partes menores

dos Estados de São Paulo, Bahia, Pará, Paraná, Sergipe, Amazonas, Roraima, Amapá e

Rondônia.

Os tipos de vegetação apresentam gradiente de biomassa, o qual está intimamente

relacionado com as características do solo. A forma de menor biomassa é chamada

Campo Limpo, e na seqüência crescente o Campo Sujo, Campo Cerrado, Cerrado

strictu sensu e Cerradão. As formas do Cerrado (latu sensu) se apresentam com uma

vasta gama de características fisionômicas e estruturais, gradativas entre as condições

ecológicas mais próximas de um campo ou savana tropical úmida e de uma floresta

tropical sazonal úmida, há, portanto, em certos casos, a necessidade de uma divisão

arbitrária entre elas para fazer a classificação dos tipos (Coutinho, 1990).

Os valores médios de precipitação total anual variam entre 1.400 e 1.700 mm, e a

temperatura média anual oscila entre 18º e 22º C. A região tem como uma de suas

características principais a presença de dois períodos climáticos bem definidos: a)

estação das chuvas, quando ocorre mais de 90% da precipitação; e b) estação da seca,

com ausência quase total das chuvas e baixa umidade relativa. Os solos são geralmente

profundos e bem drenados, de baixa fertilidade, como os Latossolos e as Areias

Quartzosas; que necessitam de correção e adubação para o uso agrícola.

Por outro lado apresentam boas características físicas, geralmente com relevo plano a

suave ondulado, o que facilita o emprego de práticas agrícolas mecanizadas (Espinoza

et al., 1982; Azevedo e Adámoli, 1988).

A ocupação da região dos Cerrados tem levado a problemas ambientais devido a não

utilização de tecnologias adequadas e também devido à grande extensão territorial das

ocupações. O desmatamento indiscriminado e as queimadas causam problemas como a

perda de solos por erosão, poluição hídrica e atmosférica, e perda de biodiversidade. Em

vista destes impactos ambientais surge a necessidade de conhecer e controlar os

processos de conversão desta vegetação pelas atividades humanas (Mantovani &

Pereira, 1998).

- Danos biológicos: fauna e flora

A grande diversidade de espécies de animais e plantas do Cerrado está associada com a

não menos desprezível diversidade de ambientes. Enquanto que a estratificação vertical

(existência de várias ‘camadas’ de ambientes) da Amazônia ou a Mata Atlântica

proporciona oportunidades diversas para o estabelecimento das espécies, no Cerrado a

heterogeneidade espacial (a variação dos ecossistemas ao longo do espaço) seria um

fator determinante para a ocorrência de um variado numero de espécies. Os ambientes

do Cerrado variam significativamente no sentido horizontal, sendo que áreas

campestres, capões de mata, florestas e áreas brejosas podem existir em uma mesma

região (Machado et al., 2004).

Com toda essa variação de ambientes, as espécies de animais e plantas apresentam

grande associação com os ecossistemas locais, podendo ser encontrados vários

exemplos de espécies muito ligadas aos ambientes naturais.

- DO PROJETO TÉC6ICO DE RECO6STITUIÇÃO DA FLORA (PTRF)

1. Justificativas de locação do PTRF

Para se fazer um reflorestamento com o objetivo de recuperar uma área

perturbada e/ou degradada, faz-se necessário o emprego de técnicas adequadas. O

reflorestamento utilizando-se espécies autóctones (nativas da região) requer

primeiramente a avaliação detalhada das condições do local quanto ao

comprometimento dos recursos para que se possa traçar a melhor estratégia da ação.

Desta avaliação depende a seleção das espécies, as práticas de preparo do solo, a

correção, a adubação, a determinação do espaçamento, a manutenção e o manejo da

vegetação. Mesmo depois de um intenso preparo é importante ressaltar que as espécies

se desenvolvem de diferentes formas dependendo do local, pois existe interação entre o

genótipo e o ambiente, o que origina comportamento diferenciado, devendo assim ser

evitada a extrapolação de resultados de crescimento de um local para o outro.

A área escolhida para a reconstituição da flora faz divisa com uma área de preservação

permanente. Assim, o maciço florestal a ser formado no local, irá criar um corredor

ecológico importante que servirá de passagem e abrigo para as espécies da fauna.

Reconstituição da Flora

O processo de regeneração pode se dar por intermédio de:

- manejo da regeneração natural1;

- plantios de enriquecimento;

1 É um processo normal, característico de cada espécie, em perfeita sintonia com as condições ambientais e do meio. A dinâmica natural permitiu a perpetuação de todas as espécies vegetais durante os tempos. As espécies foram extintas naturalmente em virtude de alterações graduais do ambiente durante milhares de anos (Seitz, 1994).

- plantios mistos de espécies arbóreas.

Para o presente trabalho serão realizadas práticas de plantios de espécies arbóreas e

arbustivas nativas.

Em áreas onde a mata foi cortada ou queimada para implantação de culturas e/ou

pastagens, o banco de sementes muitas vezes torna-se depauperado ou ausente,

perdendo a principal fonte de recuperação natural de ambientes degradados. Nesses

casos, o processo de recuperação pode ser acelerado com a semeadura ou o plantio de

mudas de espécies desejáveis das fitofisionomias de Cerrado, dando prioridade às

pioneiras que fornecerão condições para o estabelecimento de outras espécies não-

pioneiras.

Definição da área a ser reconstituída

O espaço a ser reconstituído compreende uma área de 4,74 ha que constituirá parte da

Reserva Legal da Fazenda Rio das Pedras. Esta área encontra-se com uma cobertura

vegetal de gramíneas de pastagem e encontra-se próxima a áreas de vegetação nativa

abundante. Esse fato favorece a dispersão de sementes de um local para o outro

aumentando a eficiência da regeneração da flora.

Formas de reconstituição:

- Reflorestamento

O termo reflorestamento tem sido utilizado para todo o tipo de implantação de florestas,

porém não é correto falar em reflorestamento em uma área que nunca foi coberta por

floresta. Por isso o termo aplica-se apenas à implantação de florestas em áreas

naturalmente florestais que, por ação antrópica ou natural perderam suas características.

Chama-se florestamento a implantação de florestas em áreas que não eram florestadas

naturalmente.

Os objetivos do reflorestamento podem ser comerciais (produção de produtos

madeireiros e não-madeireiros) ou ambientais (recuperação de áreas degradadas,

melhoria da qualidade da água, etc.).

Assim, o presente PTRF realizará o reflorestamento de área destinada a averbação de

Reserva Legal localizado na Fazenda Mandala, caracterizada pela vegetação nativa de

cerrado, com o intuito de reconstituir a vegetação visando à manutenção hídrica, edáfica

e faunística da fazenda.

- Regeneração natural

Através da regeneração natural, as florestas apresentam capacidade de se recuperarem

de distúrbios naturais ou antrópicos. Quando uma determinada área de floresta sofre um

distúrbio como a abertura natural de uma clareira, um desmatamento ou um incêndio, a

sucessão secundária se encarrega de promover a colonização da área aberta e conduzir a

vegetação através de uma série de estádios sucessionais, caracterizados por grupos de

plantas que vão se substituindo ao longo do tempo, modificando as condições

ecológicas locais até chegar a uma comunidade bem estruturada e mais estável.

Os fatores que condicionam a dinâmica natural podem ser agrupados em três grupos de

acordo com a fase da regeneração natural, a saber:

1) fatores que determinam a disponibilidade de sementes/propágulos no

local a ocupar: produção de sementes/propágulos (floração, polinização,

maturação etc.); dispersão das sementes (ventos, pássaros, roedores,

formigas etc.); presença de predadores (pássaros, macacos); sanidade das

sementes (insetos, fungos etc.);

2) fatores que afetam a germinação: umidade do substrato; temperatura;

inibidores bioquímicos (alelopatia); predadores (formigas, pássaros,

roedores etc.);

3) fatores que afetam o crescimento inicial: luz; água; nutrientes;

predadores (formigas, lagartos, herbívoros, etc.); fungos patógenos;

micorrizas (Seitz (1994) e Kageyama (1990).

Estes fatores devem estar em níveis apropriados para garantir o surgimento de uma nova

planta.

Como regra básica, a regeneração natural em áreas degradadas é uma sucessão

secundária, que possui dinâmica bem definida, tanto com relação ao papel de cada

espécie nas fases gerais, como em relação ao espaço temporal de cada fase. A

aceleração do processo é possível, mas nessas circunstâncias, normalmente será

processada a regeneração artificial, com seus distintos graus de interferência no

processo natural (Seitz, 1994; Kageyama, 1990).

Espécies indicadas

As espécies vegetais indicadas para plantio de espécies arbóreas e arbustivas em área de

revegetação que constituirá a Reserva Legal da Fazenda Santa Genoveva são

classificadas como pioneiras e/ou secundárias, clímax e frutíferas. As espécies vegetais

indicadas estão ordenadas de acordo com seu grupo ecológico2.

- Espécies pioneiras

A Tabela 18 apresenta listagem de espécies vegetais pioneiras indicadas para o processo

de regeneração de vegetação de Cerrado para constituição de área de reserva legal.

Tabela 18. Listagem de espécies vegetais pioneiras sugeridas para recuperação de Cerrado

Família Espécie 6ome popular Hábito

Cecropiaceae Cecropia pachystachya Trécul Embaúba Arbóreo

Euphorbiaceae Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.

Sm. & Downs Branquilho; Leiteiro Arbóreo

Fabaceae Centrolobium robustum (Vell.) Mart. ex

Benth. Araribá Arbóreo

2 É a estratégia diferenciável das espécies dentro da dinâmica de sucessão florestal. Está relacionado ao comportamento das espécies em relação à exposição à luz, podendo ser classificadas conforme alguns critérios em: pioneiras (P), secundárias (S) e clímax (C) (Adaptado de Nappo et al., 1999).

Hymenaea courbaril L. Jatobá; Farinheira; Imbiúva Arbóreo

Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. Rabo-de-bugio; Embira-de-

sapo Arbóreo

Melastomataceae Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. Capiroroquinha Arbustivo

Rutaceae Zanthoxylum hasslerianum (Chodat)

Pirani Mamica-de-porca Arbóreo

Solanaceae Solanum inaequale Vell. Cuivira Arbustivo

Ulmaceae Trema micrantha (L.) Blume Grandiúva Arbóreo

Verbenaceae Cytharexyllum myrianthum Cham. Pau-viola; Tucaneira;

Pombeiro Arbóreo

- Espécies secundárias

A Tabela 19 apresenta listagem de espécies vegetais secundárias indicadas para o

processo de regeneração de vegetação de Cerrado para constituição de área de reserva

legal.

Tabela 19. Listagem de espécies vegetais secundárias sugeridas para revegetação de Cerrado.

Família Espécie 6ome popular Hábito

Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira-pimenteira Arbóreo

Tapirira guianensis Aubl. Peito-de-pombo; Tapiriri Arbóreo

Bignoniaceae Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo Ipê-roxo; Piúva Arbóreo

Bombacaceae Chorisia speciosa A. St.-Hil. Paineira; Paineira-rosa Arbóreo

Fabaceae Enterolobium contortisiliquum (Vell.)

Morong

Chimbúva; Tamboril; Orelha-de-

negro Arbóreo

Inga edulis Mart. Ingá Arbóreo

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Canafístula; Canela-de-veado Arbóreo

Schizolobium parahyba (Vell.) S.F.

Blake Guapuruvu; Faveira Arbóreo

Lecythidaceae Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Jequitibá-rosa; Pau-de-cachimbo Arbóreo

Meliaceae Cedrela fissilis Vell. Cedro; Capiúva Arbóreo

Rutaceae Balfourodendron riedelianum (Engl.)

Engl. Pau-marfim; Farinha-seca; Guatambú Arbóreo

Sterculiaceae Guazuma ulmifolia Lam. Mutambo; Cabeça-de-negro Arbóreo

- Espécies clímax

A Tabela 20 apresenta listagem de espécies vegetais climácicas indicadas para o

processo de regeneração de vegetação de Cerrado para constituição de área de reserva

legal.

Tabela 20. Listagem de espécies vegetais climácicas sugeridas para revegetação de Cerrado.

Família Espécie 6ome popular Hábito

Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. Guanandi; Pindaíva Arbóreo

Fabaceae Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan Angico; Guarapiraca Arbóreo

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr. Grápia Arbóreo

Poecilanthe parviflora Benth. Pau-ferro; Coração-de-

negro Arbóreo

Rosaceae Prunus brasiliensis (Cham. & Schltdl.) Dietrich Pessegueiro-bravo Arbóreo

Rubiaceae Genipa americana L. Jenipapo; Jenipá Arbóreo

- Espécies frutíferas

A Tabela 21 apresenta listagem de espécies vegetais frutíferas indicadas para a

reconstituição de Cerrado. Tal listagem foi elaborada a partir de dados existentes sobre

espécies vegetais que atraem aves, as quais atuam como dispersoras de sementes de

muitas espécies vegetais do bioma Cerrado e têm papel fundamental para a regeneração

natural de ambientes.

Tabela 21. Espécies vegetais frutíferas sugeridas para revegetação de de Cerrado.

Família Espécie 6ome popular Hábito

Anacardiaceae Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Aroeira-brava Arbustivo

Annonaceae Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Pimenta-de-macaco Arbóreo

Caricaceae Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. Jaracatiá Arbóreo

Euphorbiaceae Pera obovata (Klotzsch) Baill. Pau-de-tamanco; tabocuva Arbustivo

Fabaceae Copaifera langsdorffii Desf. Capaíba; Pau-de-óleo Arbóreo

Flacourtiaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga Arbóreo

Lauraceae Nectandra lanceolata Nees Canela-amarela Arbóreo

Ocotea puberula (Rich.) Nees Canela-pimenta; Guaicá Arbóreo

Magnoliaceae Michelia champaca L. Magnólia-amarela Arbóreo

Malpighiaceae Malpighia glabra L. Acerola Arbustivo

Moraceae Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Mart. Figueira Arbóreo

Morus nigra L. Amoreira Arbustivo

Myristicaceae Virola oleifera (Schott) A.C. Sm. Bicuíba Arbóreo

Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez Capororoca Arbustivo

Myrtaceae Eugenia uniflora L. Pitanga Arbustivo

Myrciaria jaboticaba (Vell.) O. Berg Jaboticaba-sabará Arbustivo

Psidium cattleianum Sabine Araçá Arbustivo

Sapindaceae Matayba elaeagnoides Radlk. Camboatã; Mataíba Arbustivo

Styracaceae Styrax camporum Pohl Benjoeiro Arbustivo

Vochysiaceae Salvertia convallariodora A. St.-Hil. Colher-de-vaqueiro Arbustivo

- Implantação:

- limpeza

Como a área objeto da intervenção do presente PTRF consiste de área coberta com

gramíneas utilizada como pastagens há bastante tempo, é indicado que seja realizada

limpeza envolvendo capina manual ou limpeza mecanizada, a fim de que sejam

retiradas as gramíneas estabelecidas no local após o abandono da área, com o intuito de

diminuir a mato-competição após o plantio, favorecendo, assim, o desenvolvimento das

mudas plantadas.

- combate à formiga

Para se conduzir a recomposição florestal é necessário observar a presença de formigas

e cupins no local do plantio, pois estas, no estágio inicial de implantação, podem causar

danos trágicos e até mesmo a morte de mudas, comprometendo assim os objetivos do

projeto de recomposição da flora. As formigas geralmente encontradas são as

cortadeiras, Atta sp (saúvas) e Acromyrmex sp (quenquén), e estas são combatidas com

pós secos, gases iscas e líquidos termonebulizáveis. O combate a cupins deve ser

realizado mediante a imersão do torrão das mudas em calda com cupinicida à base de

fepropriel na proporção de 150g por 200 litros de água por hectare. O uso de produto

químico é vigenciado por legislação federal e estadual sendo obrigatório o uso de EPIs

(Equipamento de Proteção Individual) e do receituário por profissional habilitado.

Devido à competição por água, nutrientes, luz e espaço físico, a presença de gramíneas

e ervas invasoras causa diminuição do ritmo de crescimento das mudas recém plantadas.

O controle de ervas daninhas será realizado inicialmente com a aplicação de herbicidas

pós-emergentes a base de glifosato3 em área total e posteriormente mediante capina com

ferramentas manuais (enxadas) e coroamento das mudas plantadas com raio de 80 cm.

- preparo do solo

O preparo do solo tem como função melhorar suas condições, favorecendo o sistema de

raiz, sendo este associado ao fornecimento de água e nutrientes. A formação do

povoamento florestal está diretamente ligada à eficácia do preparo do solo.

O solo da área a ser reflorestada é o Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico e há muito

tempo não recebe nenhuma plantação, estando apenas recoberto por gramíneas.

- espaçamento e alinhamento

A combinação de grupos ecológicos em plantio simultâneo com espécies pioneiras e

espécies não-pioneiras (secundárias e climácicas) em arranjo pré-estabelecido visa

favorecer condições para que as mesmas se estabeleçam.

3 O glifosato (N-(fosfonometil) glicina, C3H8NO5P) é um herbicida sistêmico não-seletivo (mata qualquer tipo de planta) desenvolvido para matar ervas, principalmente perenes. O herbicida é absorvido pelas folhas das plantas, não por suas raízes.

Para o melhor desenvolvimento das mudas de espécies arbóreas deve ser feito o preparo

do solo mediante coroamento no espaçamento de 3m x 3m. Este espaçamento visa

proporcionar a reabilitação da área o mais rápido possível, propiciando condições para

que a regeneração natural a partir de espécies oriundas de fragmentos de vegetação

nativa circunvizinho possa também ocorrer.

O arranjo a ser utilizado poderá ser o do plantio em quinquôncio4 (Barbosa, 1993)

(Figura 49) ou o plantio em linhas (Gandolfi & Rodrigues, 1996) (Figura 50) tendo

como referência o sistema baseado em sucessão florestal5.

Figura 49: Arranjo de plantio em quinquôncio. P = espécie primária; S = espécie secundária; C =

espécie climácica.

4 Onde cada muda de espécie climácica é circundada por quatro mudas de espécies secundárias e estas circundadas por espécies pioneiras. 5 É um processo de modificação progressiva na proporção e composição dos indivíduos de uma comunidade vegetal até que esta atinja um estado de equilíbrio dinâmico com o ambiente. As modificações são causadas por alterações das condições abióticas e bióticas decorrentes de atividades dos próprios componentes da comunidade ou devido a fatores externos, com conseqüências na probabilidade de estabelecimento e sobrevivência de cada espécie (Meguro, 1994).

Figura 50. Arranjo de plantio em linhas. NP = espécie não-pioneira; P = espécie pioneira.

- coveamento e adubação

As covas devem ter dimensões de 15cm x 15cm x 25cm (comprimento, largura e

profundidade). Considerando que a área em questão esta há muito tempo sem nenhum

cultivo e também as espécies indicadas são na sua maioria autóctones (nativas do

cerrado) adaptadas para o ambiente em questão, não é necessária nenhuma correção

drástica do solo, apenas alguns cuidados básicos com o pH e com a fosfatagem.

Para a correção do pH é recomendado o calcário dolomítico na proporção de 150g/cova.

Para melhorar a fertilidade do solo é recomendada uma fosfatagem com fosfato natural

a 222,4 kg/ha, ou seja, 150 g/cova e uma adubação nitrogenada com sulfato de amônia a

33,36 kg/ha, ou seja, 50g/cova.

- plantio

O plantio deve ser realizado no período chuvoso, quando o solo na profundidade na qual

será colocada a muda já tiver umidade suficiente para favorecer o pegamento das

mudas. Quando for feito o plantio, caso o tempo não esteja muito favorável é necessário

que as mudas sejam irrigadas.

É recomendado o espaçamento de 3m x 3m, o qual representa o total de 1.111 mudas

por hectare, que no total da área (04.74.00 ha) representam 5.267 mudas.

- coroamento

O coroamento poderá ser feito manualmente com enxada a um raio aproximado de 80

cm da planta.

- tratos culturais

A manutenção consiste basicamente nas seguintes práticas de controle:

� controle de pragas (principalmente formigas cortadeiras);

� controle de mato-competição;

� controle de erosão;

� prevenção de incêndios.

Deve-se minimizar ao máximo o efeito do mato-competição no crescimento de mudas

plantadas, ou seja, deve-se evitar a presença de plantas invasoras nas proximidades das

mudas, haja vista a importância destas no recobrimento do solo.

Com relação às formigas, devem ser efetuadas vistorias rotineiras para evitar danos

excessivos.

Quanto à erosão, a mesma deve ser atenuada e, se for necessário devem ser construídas

curvas de nível ou sistemas de terraceamento.

O risco de incêndios pode ser minimizado pela vigilância constante no período de

estiagem.

No final do primeiro ano, durante o período chuvoso, deve-se realizar adubação em

cobertura utilizando 20g de sulfato de amônia por cova. O sucesso de um projeto de

plantio de espécies nativas depende essencialmente da aplicação correta das técnicas de

implantação bem como da manutenção do reflorestamento.

- replantio

Caso haja mortalidade igual ou superior a 10% das mudas ou mortalidade concentrada

em reboleira, deve ser feito o replantio em até 60 dias após o plantio inicial. Assim, é

importante que sejam destinadas cerca de 1.000 mudas para reposição, caso hajam

perdas após o plantio.

- panorama futuro esperado

De acordo com as características locais, o solo, o clima, o relevo, a seleção de espécies e

as adequações silviculturais adotadas, espera-se que a formação de cobertura vegetal se

estabeleça, tornando-se auto-sustentável ao longo do processo de sucessão natural.

- práticas conservacionistas de preservação de recursos edáficos e hídricos

A fim de que sejam executadas ações conservacionistas de preservação de recurso

edáficos e hídricos, propõe-se que o trecho de Reserva Legal a ser revegetado seja

cercado com arame, a fim de que possa ser impedido o acesso de animais ruminantes, os

quais oferecem riscos ao estabelecimento das mudas plantadas.

Cronograma de execução física

Etapa 1 – Implantação do Projeto

A Tabela 22 apresenta as atividades a serem desenvolvidas durante a etapa de

implantação e manutenção do presente PTRF. O ideal é fazer a programação de plantio

com um ano de antecedência, para que se tenha tempo de escolher bons viveiros e

acompanhar o desenvolvimento das mudas.

A implantação do PTRF será feita em uma única etapa, com início no próximo período

úmido (Dezembro/2008).

Tabela 22. Relação de atividades a serem desenvolvidas durante a etapa de implantação do PTRF,

Fazenda Mandala, município de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

Anos / meses

Atividades

2008/9

D J F M

Controle de Formigas x x x x

Aplicação de herbicida x

Subsolagem x x

Coveamento x x

Aplicação de Adubo x

Aplicação de Cupinicida x x

Plantio x x

Replantio

Etapa 2 – Manutenção do Projeto

A Tabela 23 apresenta as atividades a serem desenvolvidas durante etapa de

manutenção do presente PTRF.

Tabela 23. Relação de atividades a serem desenvolvidas durante a manutenção anual do PTRF, Fazenda Rio

das Pedras (as atividades são as mesmas para os anos subseqüentes – 2009/2010, 2010/2011), município de

Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

Meses / Atividades 2008/9

D J F M A M J J A S O 6 D

Controle de Formigas x x x x x x x x x x x x x

Adubação x x x

Coroamento x x x

Monitoramento x x x

Orçamento

Na Tabela 24 são listados os custos previstos para executar todas as etapas do Projeto

Técnico de Recomposição da Flora (PTRF) desta área de 40.740 m². As mudas deverão

ser compradas pelo proprietário rural nos viveiros do IEF ou em outros viveiros

credenciados pelo referido órgão ambiental. Cada muda custa cerca de R$ 1,08. Sendo

5.267 mudas a quantia proposta para utilização na fase de plantio do presente PTRF,

adicionado a cerca de 1.000 para a fase de replantio, caso seja necessário, tem-se que o

total geral de mudas é de 6.267 mudas, o que custará cerca de R$ 6768,36.

Tabela 24. Custos operacionais durante as etapas necessárias à execução do PTRF, na Fazenda Rio das Pedras,

município de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

ATIVIDADES MÃO-DE-OBRA MUDAS E I6SUMOS AGRÍCOLAS

Horas R$/h Total Especificação Quanti- dade Valor

Preparação do Solo 1ª Capina Manual 50 R$ 2,50 R$ 125,00 Coveamento 170 R$ 2,40 R$ 408,00 Adubação na cova

60 R$ 2,40 R$

144,00 Calcário 1630 Kg R$ 2.618,72

Sulf. amônia 396 Kg R$

123,76

Fosfato 2.720 Kg R$

1.137,46 Sub-total R$ 677,00 R$ 3,880,92 Sub-total geral R$ 4.547,92

Implantação do Projeto – previsão para as três etapas Marcação 36 R$ 2,40 R$ 86,40 Combate às formigas

70 R$ 2,40 R$

168,00 Formicida 72 Kg R$ 576,00 Distribuição de mudas

70 R$ 2,40 R$

168,00 Repasse no Combate às formigas 24 R$ 2,40 R$ 57,60 Formicida 12Kg R$ 96,00 Plantio de mudas

50 R$ 2,40 R$

120,00 Mudas 5.267 R$ 5.688,00 Replantio de mudas

24 R$ 2,40 R$ 57,60 Mudas 1.000 R$

1,008,00 2ª Capina Manual

50 R$ 2,50 R$

125,00 Sub-total R$ 782.60 R$ 7.368,00 Sub-total geral R$ 8.150,60

Manutenção – anual Ronda no Combate às 24 R$ 2,40 R$ 57,60 Formicida 12 Kg R$ 96,00

formigas 3ª Capina Manual

50 R$ 2,50 R$

125,00 Monitoramento / Avaliação

24 R$ 50,00 R$

1.200,00 Sub-total

R$

1.382,60 R$ 96,00 Sub-total geral

R$

1.478,60

Metodologia de avaliação de resultados

- Relatório semestral de acompanhamento do PTRF

Depois da implantação do projeto deverão ser realizados em intervalos trimestrais o

monitoramento e a avaliação por pelo menos até o primeiro ano de implantação. Essa

avaliação deverá ser feita considerando a porcentagem de sobrevivência por espécies e

por grupo ecológico, crescimento em altura por espécie, aspecto fitossanitário,

regeneração natural, formação e diferenciação de estratos, intensidade de ocorrência de

pragas e infestação de espécies indesejáveis e presença da fauna.

Estes dados serão levantados e avaliados por profissional habilitado, relatando as

avaliações e os resultados obtidos, bem como prescrevendo medidas auxiliares, e ou

corretivas para adequação do projeto aos objetivos propostos.

Assim, deverão ser apresentados ao órgão ambiental competente, a saber, o IEF –

Instituto Estadual de Florestas, relatórios semestrais a partir da data de início do plantio,

apontando os aspectos supra citados.

Considerações:

Para que a recuperação ambiental de uma área qualquer seja realizada com sucesso, o

seu PTRF deve ser seguido à risca. O constante monitoramento torna-se muito

importante devido à ação de fatores externos e às vezes inesperados durante o período

de regeneração da vegetação. Esta área especificamente tem uma vantagem muito

relevante, que é o fato de se localizar próximo a áreas de vegetação nativa considerável,

e formar um corredor ecológico de biodiversidade ligando duas outras matas. Desse

modo a correta condução do projeto tende ao total sucesso e conseqüente revitalização

de uma significativa parcela de vegetação de cerrado.

8- Considerações Finais

A principal finalidade do estágio supervisionado é a inserção do estagiário no mercado

de trabalho. A execução de trabalhos que demandam conhecimentos técnicos e

específicos sobre meio ambiente possibilita avaliar o preparo do aluno no âmbito do

curso de bacharelado e a qualidade da formação do profissional geógrafo.

Nos trabalhos realizados durante o estágio, algumas demandas do mercado não podem

ser supridas apenas com os conhecimentos adquiridos durante o curso de graduação.

Cabe ao aluno a busca de conhecimentos específicos na área em que deseja atuar e o

esforço contínuo para a atualização de seus conceitos.

9- Referências Bibliográficas

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