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Tema de Capa: Argamassas para a reabilitação / Humidade em construções antigas Ficha Técnica EDITORIAL 2 Argamassas para a reabilitação Funções, constituintes e características (Paulina Faria) Reconhecida pelo Ministério da Cultura como “publicação de manifesto interesse cultural”, ao abrigo da Lei do Mecenato. N.º 35 – Julho/ Agosto/ Setembro 2007 Propriedade e edição: GECoRPA – Grémio das Empresas de Conser- vação e Restauro do Património Arquitectónico Rua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq. 1050 - 170 Lisboa Tel.: 213 542 336, Fax: 213 157 996 http://www.gecorpa.pt E-mail: [email protected] Nipc: 503 980 820 Director: Vítor Cóias Coordenação: Joana Gil Morão Conselho redactorial: João Appleton, João Mascarenhas Mateus, José Aguiar, Miguel Brito Correia, Teresa de Campos Coelho Secretariado: Elsa Fonseca Colaboram neste número: A. Jaime Martins, Alexandra Mendonça, Alfredo Ascenção, Ana Cristina Leite, Ana Sofia Guimarães, André Teixeira, António Pereira Coutinho, Carlos M. Duarte, Carlos Mesquita, Isabel Moitinho de Almeida, Isabel Sereno, Luís Almeida, Luís Pedro Mateus, Marcos Cóias e Silva, Miguel Santos, Nuno Neto, Nuno Teotónio Pereira, Paulina Faria, Paulo Rebelo, Pedro Filipe Gonçalves, Raquel Santos, Tiago Fontes, Vasco Peixoto de Freitas, Vítor Cóias Design gráfico e produção: Talkmedia, Ld.ª Alameda Grupo Desportivo Alcochetense, 133 2890 -110 Alcochete Tel.: 212 348 450, Fax: 210 811 164 E-mail: [email protected] Publicidade: GECoRPA – Grémio das Empresas de Conser- vação e Restauro do Património Arquitectónico Rua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq. 1050-170 Lisboa Tel.: 213 542 336, Fax. 213 157 996 http://www.gecorpa.pt E-mail: [email protected] Impressão: Sogapal Artes Gráficas, Ld.ª Av. dos Cavaleiros, 35 - 35A, Portela da Ajuda 2795-626 Carnaxide Distribuição: VASP, S. A. Depósito legal: 128444/98 Registo no ICS: 122549 ISSN: 1645-4863 Tiragem: 3000 exemplares Periodicidade: Trimestral Os textos assinados são da exclusiva responsabili- dade dos seus autores, pelo que as opiniões expres- sas podem não coincidir com as do GECoRPA. QUADRO DE HONRA 3 EM ANÁLISE 4 Refechamento das juntas Uma operação essencial à boa manutenção das alvenarias não rebocadas (Vítor Cóias) Estudo mineralógico de argamassas antigas Argamassas romanas de Lisboa (Isabel Moitinho de Almeida / Luís Filipe Almeida) TECNOLOGIAS 16 O Preço Anormalmente Baixo No Projecto do Código da Contratação Pública (A. Jaime Martins) AS LEIS DO PATRIMÓNIO 36 Acções de formação profissional Gestão de obras de reabilitação construtiva e estrutural (Marcos Cóias e Silva) NOTÍCIA 37 Estudo preliminar sobre as anomalias existentes no edifício da igreja da Misericórdia de Faro Definição de uma estratégia de intervenção adequada (Carlos Mesquita) PROJECTOS & ESTALEIROS 30 Arquitectura Moderna em Simpósio (Vítor Cóias) LÁ FORA 34 NOTÍCIAS 38 AGENDA 40 VIDA ASSOCIATIVA 42 GECoRPA e a Tecninvest assinam protocolo (Alexandra Mendonça) SERVIÇOS AOS ASSOCIADOS 44 2.º Congresso de Argamassas de Construção (Carlos M. Duarte) DIVULGAÇÃO 41 Alvenobra – Sociedade de Construções, Ld.ª PERFIL DE EMPRESA 45 “Massas” e Argamassas (António Pereira Coutinho) e-pedra e cal 46 LIVRARIA 47 ASSOCIADOS GECoRPA 49 Reabilitação do edificado Novos e importantes instrumentos para o saber-fazer (Nuno Teotónio Pereira) PERSPECTIVAS 52 Capa Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 2007 1 8 28 Intervenção arqueológica na rua do Jardim, Lagos (Raquel Santos / Tiago Fontes / Paulo Rebelo / Nuno Neto) 32 Igreja do Livramento O restauro desejado da Capela-Mor (Luís Pedro Mateus) 14 Teatro romano de Lisboa A importância do estudo das argamassas (Ana Cristina Leite) Revestimentos em castelos portugueses Século XV e XVI (André Teixeira) NOTAS HISTÓRICAS 19 Ventilação da base das paredes como técnica de tratamento da humidade ascensional Uma igreja no norte de Portugal (Vasco Peixoto de Freitas / Isabel Sereno / Alfredo Ascenção / Pedro Filipe Gonçalves / Ana Sofia Guimarães / Miguel Santos) ESTUDO DE CASO 23 INDICE.QXD 04-11-2007 23:04 Page 1

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Tema de Capa:Argamassas para a reabilitação / Humidade em construções antigas

Ficha Técnica EDITORIAL 2

Argamassas para a reabilitaçãoFunções, constituintes e características

(Paulina Faria)

Reconhecida pelo Ministério da Cultura como “publicação de manifesto interesse cultural”,ao abrigo da Lei do Mecenato.

N.º 35 – Julho/ Agosto/ Setembro 2007

Propriedade e edição: GECoRPA – Grémio das Empresas de Conser-vação e Restauro do Património ArquitectónicoRua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq.1050 - 170 LisboaTel.: 213 542 336, Fax: 213 157 996http://www.gecorpa.ptE-mail: [email protected]: 503 980 820Director: Vítor CóiasCoordenação: Joana Gil MorãoConselho redactorial: João Appleton, João Mascarenhas Mateus, José Aguiar,Miguel Brito Correia, Teresa de Campos CoelhoSecretariado: Elsa FonsecaColaboram neste número:A. Jaime Martins, Alexandra Mendonça,Alfredo Ascenção, Ana Cristina Leite, AnaSofia Guimarães, André Teixeira, AntónioPereira Coutinho, Carlos M. Duarte, CarlosMesquita, Isabel Moitinho de Almeida, IsabelSereno, Luís Almeida, Luís Pedro Mateus,Marcos Cóias e Silva, Miguel Santos, NunoNeto, Nuno Teotónio Pereira, Paulina Faria,Paulo Rebelo, Pedro Filipe Gonçalves, RaquelSantos, Tiago Fontes, Vasco Peixoto de Freitas,Vítor CóiasDesign gráfico e produção:Talkmedia, Ld.ªAlameda Grupo Desportivo Alcochetense, 133 2890 -110 AlcocheteTel.: 212 348 450, Fax: 210 811 164E-mail: [email protected]:GECoRPA – Grémio das Empresas de Conser-vação e Restauro do Património ArquitectónicoRua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq.1050-170 LisboaTel.: 213 542 336, Fax. 213 157 996http://www.gecorpa.ptE-mail: [email protected]ão: Sogapal Artes Gráficas, Ld.ªAv. dos Cavaleiros, 35 - 35A, Portela da Ajuda2795-626 CarnaxideDistribuição: VASP, S. A.

Depósito legal: 128444/98Registo no ICS: 122549ISSN: 1645-4863Tiragem: 3000 exemplaresPeriodicidade: Trimestral

Os textos assinados são da exclusiva responsabili-dade dos seus autores, pelo que as opiniões expres-sas podem não coincidir com as do GECoRPA.

QUADRO DE HONRA 3EM ANÁLISE 4

Refechamento das juntasUma operação essencial

à boa manutenção das alvenariasnão rebocadas

(Vítor Cóias)

Estudo mineralógicode argamassas antigas

Argamassas romanas de Lisboa(Isabel Moitinho de Almeida / Luís Filipe Almeida)

TECNOLOGIAS 16

O Preço Anormalmente BaixoNo Projecto do Códigoda Contratação Pública

(A. Jaime Martins)

AS LEIS DO PATRIMÓNIO 36

Acções de formação profissionalGestão de obras

de reabilitação construtiva e estrutural(Marcos Cóias e Silva)

NOTÍCIA 37

Estudo preliminar sobreas anomalias existentes no edifício

da igreja da Misericórdia de FaroDefinição de uma estratégia

de intervenção adequada(Carlos Mesquita)

PROJECTOS & ESTALEIROS 30

Arquitectura Moderna em Simpósio(Vítor Cóias)

LÁ FORA 34

NOTÍCIAS 38

AGENDA 40

VIDA ASSOCIATIVA 42

GECoRPA e a Tecninvestassinam protocolo(Alexandra Mendonça)

SERVIÇOS AOS ASSOCIADOS 44

2.º Congressode Argamassas de Construção

(Carlos M. Duarte)

DIVULGAÇÃO 41

Alvenobra – Sociedadede Construções, Ld.ª

PERFIL DE EMPRESA 45

“Massas” e Argamassas(António Pereira Coutinho)

e-pedra e cal 46

LIVRARIA 47

ASSOCIADOS GECoRPA 49

Reabilitação do edificadoNovos e importantes instrumentos

para o saber-fazer(Nuno Teotónio Pereira)

PERSPECTIVAS 52Capa

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 2007 1

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28Intervenção arqueológicana rua do Jardim, Lagos

(Raquel Santos / Tiago Fontes /Paulo Rebelo / Nuno Neto)

32Igreja do Livramento

O restauro desejado da Capela-Mor(Luís Pedro Mateus)

14Teatro romano de Lisboa

A importância do estudo das argamassas(Ana Cristina Leite)

Revestimentos em castelos portuguesesSéculo XV e XVI

(André Teixeira)

NOTAS HISTÓRICAS 19

Ventilação da base das paredes comotécnica de tratamento

da humidade ascensional Uma igreja no norte de Portugal

(Vasco Peixoto de Freitas / Isabel Sereno / AlfredoAscenção / Pedro Filipe Gonçalves / Ana Sofia

Guimarães / Miguel Santos)

ESTUDO DE CASO 23

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(1) No forno, decorria a reacção química: CaCO3 ? CaO + CO2, por acção do calor resultante da queima da madeira.(2) O calor libertado é devido à reacção exotérmica da cal viva com a água: CaO + H2O ? Ca(OH)2.(3) Por acção do CO2 atmosférico, a cal sofre uma reacção de carbonatação (lenta): Ca (OH)2 + CO2 ? CaCO3 + H2O.(4) http://en.wikipedia.org/wiki/Eddystone_Lighthouse#Smeaton.27s_lighthouse(5) http://ec.europa.eu/enterprise/construction/internal/cpd/cpd.htm(6) http://www.cen.eu/cenorm/businessdomains/businessdomains/construction/index.asp(7) http://www.cstb.fr/bepos/presentations/cstb_bepos.swf

EDITORIAL

Há cerca de 10 000 anos, um construtor de Yiftah'el, na Galileia, concluiu a montagem de um forno carregado compedra calcária e madeira que ardeu durante vários dias1. Deu a operação por terminada quando saía menos fumopela chaminé. Sabia que a seguir tinha de ter cuidado, porque a pedra retirada do forno fervia em contacto com aágua2. Depois de evaporar a água, o construtor dispunha de um material notável: a cal, que misturada com areia lhepermitia preparar uma argamassa. Lentamente3 essa argamassa ia endurecendo, garantindo a ligação entre os mate-riais.

Pedra, lama e madeira sempre estiveram à disposição do Homem no planeta. Com a ajuda de ferramentas rudi-mentares, trabalhou a pedra e a madeira, faltando-lhe apenas as argamassas para unir as pedras, de modo a mantê--las estáveis e resistentes à intempérie. Os Egípcios usaram argamassas e desenvolveram notáveis técnicas de cons-trução. Nabateus, Gregos e Romanos descobriram (e inventaram) novos materiais e novas técnicas. Vitrúvio, nos seus10 livros, escreveu tudo o que se sabia na sua época sobre a construção.

O Homem usou na preparação de argamassas, para além da cal e das areias, outros componentes, que lhes conferi-am novas propriedades: conchas, ossos, gorduras, sangue de animais, cinzas vulcânicas, restos de tijolos e telhas, etc..Os Romanos descobriram que juntando cinzas vulcânicas à mistura, a argamassa ganhava presa mesmo em contac-to com a água, permitindo usá-la na construção junto aos lagos, rios e mar. Séculos decorreram até 1759, quando JohnSmeaton4 (para muitos, o pai da Engenharia Civil) terminou a construção do Farol de Eddystone, usando com sucessocal hidráulica, como um ligante resistente à acção agressiva do mar. Em meados do século passado, surgiram asprimeiras argamassas de origem fabril na Europa. A União Europeia em 1989 publicou a Directiva dos Produtos daConstrução5 e em consequência, as Argamassas Fabris viram reconhecida a sua importância, através de dezenas deNormas Europeias6, obrigatoriedade da Marcação CE e certificação.

A Construção tem de ser sustentável, devendo utilizar produtos de baixo conteúdo energético. Os edifícios estão obri-gados a exigentes regulamentos de construção e, quando em serviço, têm de ser energeticamente eficientes, poden-do vir a ser excedentários na produção de energia (cf. bepos, bâtiments à energie positive7). À semelhança de outros mate-riais (vidro, metais, tintas, isolamentos, etc.) que evoluíram da preparação em obra para as fábricas, também as arga-massas deixam progressivamente de ser produzidas nas condições precárias da obra, passando a ser produtos fabris,regulados por Normas Europeias obrigatórias, formulações estudadas, ensaios, registos, certificação, acompanhadosde Ficha Técnica e Ficha de Segurança.

A reabilitação das construções existentes, parte delas antigas, e, sobretudo, a conservação do património arquitec-tónico, obrigam a recuperar materiais e técnicas de construção entretanto caídas em desuso. Assim, nas argamassas,assiste-se ao retorno à cal aérea e à cal hidráulica como ligantes, mais fáceis de trabalhar e, sobretudo, mais com-patíveis com os materiais antigos em termos das suas propriedades químicas, termo higrométricas e mecânicas.

Compete à I&D encontrar as formulações para os fabricantes produzirem as argamassas.

Argamassas,ano 10 000

Carlos DuartePresidente da APFAC

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EDITORIAL V5.QXD 04-11-2007 23:28 Page 1

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GECoRPA

Do número apreciável de empresas que têm manifestado interesse na conservação do patrimónioarquitectónico português e nas actividades do GECoRPA, foi seleccionado um grupo restrito depatrocinadores da revista Pedra & Cal.Para distinguir essas empresas, particularmente empenhadas no sucesso da revista, foi criado opresente Quadro de Honra.

A Direcção do GECoRPA

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EM ANÁLISETema de Capa

Na situação específica de paredesantigas espessas, para além destestipos de utilizações podem aindaconsiderar-se aplicações de arga-massas ou caldas na consolidaçãode núcleos interiores das paredes. A função principal das argamassas,particularmente ao nível da reabili-tação e da conservação do edificado,é garantir a protecção das alvenariasnas quais são aplicadas, nem quepara isso tenham de funcionar comoelementos sacrificiais. No entanto, esem que essa função de protecçãoseja colocada em causa, pretende-seainda que as argamassas tenham amaior durabilidade possível. É na procura da optimização entretodas as características necessáriaspara o cumprimento destes factoresque reside a maior dificuldade naescolha de uma argamassa.Ao nível da reabilitação, a escolhada argamassa de substituição a apli-

fluência do tipo de suporte nas ca-racterísticas das argamassas regista--se fundamentalmente ao nível damicroestrutura resultante. A porosi-dade do suporte e a maior ou menorsucção que este efectua sobre a arga-massa fresca vai condicionar bas-tante a porosidade final da arga-massa – ao nível da sua compaci-dade, da dimensão dos seus poros eda forma como se interligam. E estesparâmetros são condicionantes paraas características da argamassa. A porosidade da argamassa e inter-conectividade entre os seus porosestão directamente ligadas a fenó-menos de capilaridade que vãoocorrer na argamassa (principal-mente por acessibilidade da água dachuva). Por outro lado, a maior oumenor compacidade da argamassavai condicionar a sua permeabilida-de ao vapor de água. Este factor éextremamente importante, estandodirectamente relacionado com a ca-pacidade da argamassa permitir asecagem e evaporação da água quepenetra por acção directa da chuva,por ascensão capilar nas paredes oupor simples dissipação do vapor deágua criado no interior dos espaços.A compacidade da argamassa estáainda directamente relacionada comas suas resistências mecânicas, par-ticularmente importantes no caso deaplicações no assentamento de alve-narias ou onde seja necessária resis-tência mecânica à acção de sais so-lúveis.

car numa alvenaria tem de estar in-timamente relacionada com as ca-racterísticas desse suporte, por suavez condicionadas pelo tipo e esta-do em que se encontra. A argamas-sa deverá apresentar permeabilida-de ao vapor de água semelhante àdo substrato onde é aplicada, paranão alterar os caminhos de percola-ção do vapor de água nem propiciarcondensações internas da humidaderesultante; não deverá registar re-sistências mecânicas superiores àsdo suporte, de forma a não conduzirao desenvolvimento de tensões quese transmitam à alvenaria e sejamsuperiores à capacidade resistentedesta; deve apresentar deformabili-dade semelhante à da parede onde éaplicada. Mas as características do suporteonde a argamassa fresca é aplicadatambém vão influenciar as da pró-pria argamassa depois de seca. A in-

Argamassas para a reabilitaçãoFunções, constituintes

e características

Utilização esquemática de argamassas de substituição em revestimentos (interiores ou exteriores), norefechamento de juntas e na consolidação de núcleos interiores

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 20074

As argamassas constituem um elemento fundamental das construções. Podem referir-se as suasutilizações no assentamento de alvenarias, no tratamento das respectivas juntas (caso fiquem àvista) e em sistemas de rebocos.

EM AN`LISE P FARIA V3.QXD 04-11-2007 23:32 Page 1

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As condições e as metodologias se-gundo as quais decorrem a aplica-ção e a cura das argamassas vãotambém ser condicionantes para assuas características finais. Algumasargamassas, devido ao tipo de li-gantes que as constituem, necessi-tam de quantidades e condições decura particulares.Argamassas com base em liganteshidráulicos necessitam de umaquantidade de água de amassaduraque garanta a hidratação dos consti-tuintes do ligante; no caso de arga-massas com base em cal aérea (de-vido à elevada superfície específicado ligante conferir às argamassascaracterísticas particularmente boasao nível da trabalhabilidade e aofacto do endurecimento do hidróxi-do de cálcio ocorrer por carbonata-ção), a quantidade de água de amas-sadura e a consistência da argamas-sa fresca terá de ser muito inferior –única forma de lhe assegurar boascaracterísticas.No que respeita às condições de cu-ra, de um modo geral deverá garan-tir-se que a aplicação se faz emcondições atmosféricas moderadas(sem ocorrência de situações extre-mas – muito calor, muito frio e mui-to vento). Em determinadas situa-ções deve recorrer-se à aplicação deprotecções, como sejam o caso desombreamentos. Enquanto nas ar-gamassas com base em ligantes hi-dráulicos a permanência da água énecessária para o desenvolvimentodos compostos hidratados, nas ar-gamassas com base em ligante aéreoé também necessária alguma humi-dade para uma mais rápida acessi-bilidade do dióxido de carbono aolongo da espessura da argamassa eum mais rápido endurecimento. Nocaso de argamassas com base em calaérea e pozolanas, como a reacçãopozolânica – entre o hidróxido decálcio da cal aérea e a sílica e alumi-na amorfas da pozolana, para de-senvolvimento de silicatos e alumi-natos de cálcio hidratados – é umareacção lenta, é também fundamen-tal que a cura se desenvolva em con-

dições de permanência de algumahumidade.Na situação particular de sistemasde reboco com argamassas com baseem cal aérea – e para além da neces-sidade da argamassa fresca ser rea-lizada com pouca quantidade deágua de amassadura e aplicada ener-gicamente contra o suporte para seobterem boas aderência e compaci-dade –, é ainda fundamental que serealize um novo reaperto de cadacamada de argamassa quando ocor-re parte significativa da respectivaretracção de secagem inicial. Essereaperto, realizado sobre a argamas-sa ainda fresca mas já com algumashoras de aplicação, vai melhorar acompacidade da argamassa, que en-tretanto perdeu água por sucção do

suporte e por evaporação, e colma-tar a fendilhação por retracção en-tretanto ocorrida.Do ponto de vista dos seus compo-nentes, as argamassas são basica-mente constituídas por um ou maisligantes, areia e água. As argamas-sas pré-doseadas podem ainda con-ter outros constituintes, nomeada-mente adjuvantes. Estes, devido àreduzida percentagem em que sãoincorporados e à necessidade deconstância e de reprodutibilidade deamassaduras, não são fáceis de uti-lizar correctamente em argamassasrealizadas em obra. As argamassaspodem ainda conter outros agrega-dos ou cargas, como seja o caso depós de pedra ou de resíduos de ma-terial cerâmico, ou ainda adições,

Degradação completa do sistema de revestimento exterior, expondo o suporte

EM ANÁLISETema de Capa

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Amostras de pozolanas e ligantes - à esquerda,material de barro vermelho e em baixo, caulino,sujeitos a tratamentos (térmicos e granulométri-cos); em cima, cal aérea hidratada e à direita,cimento

EM ANÁLISETema de Capa

como sejam o caso das pozolanas.Estas podem ser naturais ou artifici-ais. As naturais são lavas vulcânicasmeteorizadas, sujeitas a tratamentopara redução de granulometria; asartificiais são basicamente materiaiscom alto teor em sílica e/ou alumi-na, que são sujeitos a tratamentostérmicos de forma a estes constitu-intes estarem presentes na formaamorfa (não cristalizada) e por isso,pozolanicamente reactivos. Comopozolanas artificiais podem contar--se algumas argilas, de que o cauli-no (transformado em metacaulinopor tratamento térmico) é o casomais eficiente, e alguns subprodu-tos artificiais (casos das cinzas vo-lantes obtidas pelos despoeiradoresdas centrais termoeléctricas a car-vão mineral, das cinzas de casca dearroz, da sílica de fumo, do barrovermelho). O metacaulino é a pozo-lana talvez mais utilizada na exe-cução de argamassas, enquanto ou-tros casos estão ainda em estudos deviabilidade de utilização, uma vezque vários factores intervêm no tra-tamento com vista à optimização dapozolana artificial propriamente di-ta e da melhor proporção no traçoda argamassa. No entanto, este tipode argamassa tem vindo a ser utiliza-

as características mais eficientes cor-respondentes a cada um dos ligan-tes mas infelizmente obtêm-se tam-bém as suas piores características.As argamassas de cal hidráulica sãooutra possibilidade mas embora onosso país seja um dos poucos ondeexiste produção de cal hidráulicanatural, a sua utilização não temsido muito aproveitada nas últimasdécadas. Na procura de argamassas que se-jam compatíveis com paredes anti-gas mas que simultaneamente pos-sam ter características mais eficien-tes do que estas relativamente a al-guns pontos de vista, têm-se vindo aestudar e desenvolver, a nível na-cional e internacional, argamassasde cal aérea com pozolanas. Como onosso país não possui em territóriocontinental pozolanas naturais, edevido a questões muito actuaisassociadas à sustentabilidade daconstrução e à reciclagem de materi-ais, uma via tem sido o desenvolvi-mento de componentes pozolânicosa partir de subprodutos industriaiscomo referido antes. Este tipo de ar-gamassas pode apresentar resistên-cias mecânicas superiores às das ar-gamassas só de cal aérea mas nãosuperiores às dos suportes de apli-cação, boa permeabilidade ao vaporde água, boa deformabilidade e nãose regista libertação de sais solúveismuito nocivos (condições que garan-tem a necessária protecção das pare-des), apresentando ainda comporta-mento aceitável face à resistência à

do pelo menos desde o período ro-mano e vários exemplos consegui-ram chegar em bom estado aos nos-sos dias.As argamassas são geralmente desig-nadas pelo nome do seu ligante. Emtermos das características típicas dasargamassas em função do respectivoligante apresentam-se, em extremosopostos, as argamassas de cimento eas argamassas de cal aérea. As primeiras registam altas resistên-cias mecânicas e ganho de presanum período curto mas o perigo dodesenvolvimento de tensões exces-sivas face ao suporte e reduzidadeformabilidade. Possuem aindabaixa permeabilidade ao vapor deágua, dificultando a evaporação daágua do interior da construção e li-bertam sais solúveis que podem mi-grar e introduzirem-se nos suportes,potenciando ou ampliando proble-mas devido à acção destrutiva des-ses sais. Quando aplicadas em alve-narias sujeitas ao ataque por sulfa-tos, os aluminatos e silicatos hidra-tados produzidos a partir do cimen-to podem transformar-se em com-postos do tipo dos sulfoaluminatosou sulfossilicatos hidratados, quesão muito destrutivos e podem con-duzir à rotura ou perda de coesãodas argamassas. No extremo oposto, as argamassasde cal aérea possuem elevada per-meabilidade ao vapor de água egrande deformabilidade, que lhesconfere alguma facilidade em acom-panhar, sem fendilhar, os movimen-tos do suporte. No entanto, necessi-tam do contacto com o dióxido decarbono da atmosfera para endure-cerem – por carbonatação – e ambi-entes não saturados em humidade,o que lhes limita alguns tipos de uti-lização, como sejam aplicações emprofundidade. Demoram tambémalgum tempo a adquirir as suas ca-racterísticas mecânicas, o que porvezes as torna pouco compatíveiscom o decurso de obras de reabili-tação actuais. Com as argamassas bastardas de ci-mento e cal aérea procura-se obter

Degradação associada a problemas de ascençãocapilar e aplicação de argamassa de substituiçãodemasiado impermeável ao vapor de água emrevestimento interior

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 20076

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acção de sais solúveis do tipo dos clore-tos e dos sulfatos (condições que propici-am melhorias ao nível da durabilidadedas próprias argamassas).Para além do ligante, a areia utilizadatambém condiciona as característicasdas argamassas. Relativamente à gra-nulometria da areia, esta deve ser poucomonogranular (apresentando uma cur-va granulométrica aberta) e verifica-seque as características associadas à mi-croestrutura da argamassa dependemdo tipo de ligante (aéreo ou hidráulico).De um modo geral, o traço volumétricoligante: agregado deve ser função do vo-lume de vazios desse agregado.Em argamassas de obra normalmenteutilizam-se areias de rio e areias de are-eiro, geralmente da região. A introdu-ção de areia amarela em vez de areia sóde rio não deve exceder 50 por cento dovolume total de agregado, essencialmen-te devido a questões associadas a fenó-menos de retracção e de redução da per-meabilidade ao vapor de água. Comefeito, a areia de areeiro, correntementeconhecida por areia amarela, contémmais finos (argilas) que a areia de rio,naturalmente lavada e geralmente maisrolada. São essencialmente essas argilasque condicionam a alteração de determi-nadas características nas argamassas. Autilização parcial de areia de areeiro pa-rece ser benéfica em termos de reduçãoda quantidade de água de amassaduranecessária para a obtenção de argamas-sas trabalháveis, aumento da sua compa-cidade, incremento das resistências me-cânicas e redução da absorção capilar.

PAULINA FARIA,Eng.ª Civil, Doutorada em Reabilitação doPatrimónio Edificado, Docente na Faculdade de Ciências eTecnologias, Universidade Nova de Lisboa

Tema de Capa

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHenriques, F.; Faria Rodrigues, P. – Argamassas desubstituição na conservação do património. InConstrução Magazine, 16, Abril 2006, p. 38-45.Faria Rodrigues, Paulina - Argamassas de cal aéreae componentes pozolânicos. In Construção, 2004,Porto, FEUP, Dez. 2004, p. 779-784.Faria, P.; Henriques, F.; Rato, V. - Argamassas cor-rentes: influência do tipo de ligante e do agregado.In 2.º Congresso Nacional de Argamassas de Constru-ção. Lisboa, APFAC, Nov. 2007 (submetido).

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CONTEXTO Uma obra de cantaria de pedra com-pacta, perfeitamente aparelhada eassente com perfeição, não necessi-taria de qualquer protecção adicio-nal contra a intempérie, pelo menosem superfícies verticais ou muito in-clinadas. As alvenarias de junta se-ca, são, no entanto, relativamente ra-ras, encontrando-se, sobretudo, emobras de épocas remotas, quandotempo e mão-de-obra barata abun-davam. Em épocas mais recentes,este tipo de aparelho apenas se en-contra em obras de grande prestí-gio, como os palácios e as constru-ções religiosas, ou exigindo grandesolidez, como as fortificações ou asgrandes pontes. Nestas obras, os pa-

ria mas tem de ser renovada perio-dicamente, pois vai-se deteriorandocom o tempo. Constitui, assim, ope-rações de manutenção periódica dasconstruções de alvenaria (fig. 1).

METODOLOGIATal como a execução dos rebocos, orefechamento das juntas deve obe-decer a uma metodologia, a seguircom tanto mais rigor quanto maioro valor da construção enquanto bemcultural.As anomalias eventualmente apre-sentadas pelo elemento a tratar de-vem ser previamente diagnosticadase as características dos materiais empresença avaliadas. Para tal, poderáser necessário recolher amostras paraensaios laboratoriais ou realizar en-saios no local, de preferência não oureduzidamente destrutivos. Com ba-se na avaliação da informação reco-lhida deve ser elaborado um projectode execução, que deve especificar de-talhadamente o modo como serãorealizadas em obra as sucessivasfases do refechamento, bem como osmateriais a utilizar. Se não se utilizar uma argamassa derefechamento pré doseada e forneci-da à obra ensacada e pronta a apli-car – o que é aconselhável em casosde maior exigência – a dosagem pre-conizada no projecto deve ser afina-da em obra, fazendo várias misturascom os constituintes que realmentevão ser utilizados.Finalmente, o trabalho de refechamen-to das juntas deve estar contemplado

drões, por vezes caprichosos, da es-tereotomia, associados a peças decariz ornamental, contribuem parao impacto visual e a imponência dasconstruções. Em alvenarias vulgares surge a ne-cessidade de disposições adicionaispara proteger a obra da acção dosagentes de deterioração – em parti-cular da água – e para assegurar aadequada funcionalidade da cons-trução, sobretudo no que toca à im-permeabilidade face a essa mesmaágua. Tais disposições passam, namaioria dos casos, pela aplicação derebocos, nos quais à função de pro-tecção se associa uma função estéti-ca, que confere a esses revestimen-tos importante papel na apresenta-ção dos edifícios, no qual são coad-juvados pelas pinturas e caiações.Em muitos casos, porém, por razõesestéticas ou funcionais, opta-se porum tipo intermédio de fábrica: asunidades da alvenaria, pedra ou ti-jolo, são assentes com argamassa eos paramentos, pelo menos os exte-riores, não são rebocados, tornando--se necessária, para assegurar a du-rabilidade, a funcionalidade e a es-tética da obra, um outro tipo de ope-ração: o refechamento das juntas.Neste tipo de aparelho a dimensão ea forma da pedra não precisam deser tão regulares e o resultado é umaobra sólida e durável.Tal como o reboco exterior, o refe-chamento de juntas é uma compo-nente de sacrifício, isto é, destina-sea proteger a integridade da alvena-

Refechamento das juntasUma operação essencial

à boa manutenção dasalvenarias não rebocadas

Fig. 1 – Em alvenarias correntes não rebocadas orefechamento das juntas é um trabalho indispen-sável à sua durabilidade

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no plano da qualidade da obra, oqual deverá indicar quais são asinspecções e ensaios a realizar e osregistos a efectuar.

REQUISITOS DAS ARGAMASSASDE REFECHAMENTOA decisão quanto à composição daargamassa a utilizar no refechamen-to de juntas de uma construção anti-ga é uma das mais importantes parao sucesso da intervenção. É, em ge-ral, uma mistura de areia, cal, umapequena quantidade de cimento eágua nas proporções indicadas noprojecto de execução. A nova argamassa deve integrar-seo melhor possível na obra existente,quer na vertente funcional, quer navertente estética. No relatório final do projecto "Old-Renders"1 [1] identificam-se, para aargamassa, dois grupos de requisi-tos: de comportamento e de compa-tibilidade.Consideraram-se requisitos de com-portamento os necessários para con-seguir um bom comportamento dosrevestimentos aplicados sobre pare-des antigas.Distinguem-se os seguintes:a) Não contribuir para acelerar a de-gradação do suporte e das argamas-sas preexistentes (aspectos mecâni-cos, físicos e químicos);b) Capacidade de protecção e con-servação dos elementos que se des-tina a preservar, nomeadamente dasalvenarias;c) Não prejudicar a apresentação vi-sual da arquitectura, nem descarac-terizar o edifício, contribuindo assimpara a manutenção de uma imagemhistórica e esteticamente compatível;d) Durabilidade: proteger e conser-var as alvenarias e a estrutura emanter a imagem do edifício duran-te um período de tempo razoável.Os requisitos de compatibilidadesão, basicamente, os seguintes:e) Reversibilidade;f) Reparabilidade;g) Identidade funcional;

h) Identidade material e tecnológica.O relatório final do projecto Old-Renders quantifica os requisitos mí-nimos das argamassas para reboco epara refechamento de juntas dosedifícios antigos, que se reprodu-zem nos quadros I a III, agrupadosrespectivamente, quanto às caracte-rísticas mecânicas, quanto ao com-portamento às forças desenvol-vidas por retracção restringida equanto ao comportamento em pre-sença da água.

COMPOSIÇÕES DE ARGAMASSASNos estudos realizados no âmbito doatrás referido projecto OldRenders,foram ensaiadas várias composiçõesde argamassas, tendo-se referenciadoduas que satisfizeram os requisitosdos quadros I a III. Essas composi-ções constam do Quadro IV.A estes constituintes podem juntar--se adjuvantes destinados a conferirà argamassa propriedades hidrófu-gas. Em certos casos podem juntar-sepigmentos ou areias ou, mesmo,

EM ANÁLISETema de Capa

Quadro I - Argamassas para edifícios antigosRequisitos mínimos – Características mecânicas

ArgamassaCaracterísticas mecânicas aos 90 dias (MPa)

Rebocoexterior 0,2 - 0,7 0,4 - 2,5 2000-5000 0,1 - 0,3

Refechamentodas juntas 0,4 - 0,8 0,6 - 3 3000-6000 0,1 - 0,5

Rt Rc E

As características mecânicas devem ser semelhantes às das argamassas originais e inferiores às dosuporte

Aderência aos90 dias (MPa)

Quadro II - Argamassas para edifícios antigosRequisitos mínimos - Comportamento às forças desenvolvidas

por retracção restringida aos 90 diasArgamassa Comportamento às forças

desenvolvidas por retracção restringida aos 90 dias

CREF (mm)

Rebocoexterior ourefechamentodas juntas

< 70 > 40 > 1,5 > 0,7

Fmáx (N) G(N.mm) CSAF

Fmáx. deverá ser inferior à resistência à tracção do suporteCSAF – Coef. Segurança à abertura da 1.ª fendaCREF – Coef. Resistência à evolução da fendilhação

Quadro III - Argamassas para edifícios antigosRequisitos mínimos - Comportamento à água

ArgamassaEnsaios clássicos

S(h)

Rebocoexterior <0,08 <12; >8 >0,1 <120

Refechamentodas juntas <0,10 <12; >8 >0,1 <120

Permeância(m)

C(kg/m2.h1/2)

M(h)

A capilaridade e a permeabilidade ao vapor de água devem ser semelhantes às das argamassas originais esuperiores às do suporte

H(mv.h)

< 16 000

< 16 000

Ensaios com humidímetro

Comportamento à água

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EM ANÁLISETema de Capa

argilas, que lhe confiram a coloraçãoadequada à construção e ao local.Tal foi o caso das argamassas utili-zadas no refechamento das ruínasdo palácio de Castelo Rodrigo e daprópria aldeia histórica (fig. 6). A calhidráulica pode, também, ser usadana composição das argamassas derefechamento, em substituição ouem conjunto com o cimento. Ascomposições resultarão, natural-mente, tanto mais lentas quantomenor a dosagem de cimento, o

-se previamente um biocida. As jun-tas serão humedecidas, sem saturara parede (por exemplo, por pulveri-zação), com alguma antecipação àcolocação da argamassa, para per-mitir que a água seja completamen-te absorvida e as superfícies que vãoficar em contacto com a argamassase apresentem uniformemente hu-medecidas. A forma geométrica daface aparente da junta refechada po-de variar (fig. 2) e pode ficar mais oumenos recuada em relação ao para-mento. Para executar as juntas são utilizadasas ferramentas do trolha e algumasoutras mais específicas (figs. 3 e 4)2.Em grandes superfícies, a aplicaçãoda argamassa de refechamento po-de ser feita mecanicamente, utili-zando uma bomba ou uma panelade pressão (fig. 5).

FUNÇÃO ESTRUTURALDO REFECHAMENTO?O refechamento das juntas não temnenhuma função estrutural directa.Tal facto tem sido confirmado porvários autores [2]. É inútil empre-gar, no refechamento, argamassasde elevada resistência. Tal uso pode,até, ter efeitos perversos, na medidaem que contribui para o esmaga-mento superficial das unidades daalvenaria e para a redução da suadurabilidade [3].Encontra-se na literatura desta área,aquilo que se designa por refecha-mento estrutural: trata-se de um casomuito particular do refechamentoem que se inserem nas juntas varõesde aço ou, de preferência, de aço ino-xidável ou material compósito, demodo a aumentar a resistência à fle-xão da alvenaria [4] [5].

REFECHAMENTO DAS JUNTASPARA INJECÇÃO DA ALVENARIAA injecção dos vazios da alvenariacom uma calda de ligante inorgâni-co é uma das formas de aumentar aresistência de uma construção. A in-jecção visa dois efeitos principais:

qual deve ser sempre de baixo teorsalino e, de preferência, branco.

AS OPERAÇÕESDO REFECHAMENTO O Quadro V sumariza as operaçõesque constituem o refechamento dasjuntas.O refechamento é conduzido da ba-se para o topo da parede, fazendo-setodas as operações numa só passa-gem. Se as juntas estiverem coloni-zadas com algas ou líquenes, aplica-

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Quadro V - As fases do refechamento de juntas

Saneamento dasjuntas

Remover a arga-massa deteriora-da; permitiruma boa ligaçãoda argamassa derefechamento

a) Sanear até uma profundidade de 2 a 2,5 vezes alargura da junta (usualmente 1 a 2 cm em juntas detijolos e 2,5 a 5 cm em juntas largas de pedras);b) Não deteriorar os tijolos ou as pedras à volta

Designação Objectivo Cuidados a ter

Preparação daargamassa

Confeccionaruma argamassa,ou prepararuma pré dosea-da, com carac-terísticas apro-priadas

A nova argamassa deve:a) Condizer com a antiga em cor, textura e acabamento;b) Ter menos resistência à compressão (dureza) que otijolo ou a pedra circundante;c) Ter resistência à compressão idêntica à original;d) Ser hidrófuga (repelente da água), embora permeá-vel ao vapor, para deixar a alvenaria "respirar"

Lavagem ouhumidificaçãodas juntas

a) Removerquaisquer detri-tos ou materialsolto após osaneamentob) Humedecer azona de trabalhoantes da apli-cação da novaargamassa

Usar baixa pressão e não encharcar a parede

Preencher asjuntas

Preencher com-pletamente ajunta até aofundo

Encher primeiro as juntas verticais. A seguir enchem--se as juntas horizontais. Utilizar uma colher maisestreita que a junta. Colocar o esparável contra aparede imediatamente abaixo da junta e com a colherde aperto empurrar a argamassa para dentro da junta

Aperto Regularizar ajunta e com-primir a arga-massa derefechamento

a) Utilizar a ferramenta apropriada (deve caber najunta);b) Não fazer nem cedo demais nem tarde demais, apóso preenchimento com argamassa;c) Ao fim do dia, acabar o trabalho em zonas bemdefinidas (cantarias, rebordos, etc.);d) Em tempo quente curar com serapilheira húmidadurante, pelo menos, três dias

Quadro IV - Composições de argamassas para refechamento de juntas

ReferênciaProporções(volume)Constituintes

CACI3 1:0,5:2,5Cimento branco: cal: areia

CAPZ 1:0,5:2,5Cal: pozolana de Cabo Verde: areia

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pouco mais de cimento, a fim deapresentar uma maior resistência(sem prejuízo dos requisitos decompatibilidade acima referidos) epermitir que essa resistência sejaadquirida mais depressa. Duranteesta operação são colocados os tu-bos destinados à injecção, que, nofim, são cortados.A composição das caldas de in-jecção e a realização desta operaçãoobedece, por seu turno, a um con-junto de requisitos próprios.

QUALIDADE E QUALIFICAÇÃOEmbora não seja uma operaçãoparticularmente complexa, o re-fechamento de juntas justifica quesejam aplicados os princípios dagestão da qualidade, através dasua inclusão no plano da qualida-de da obra. A falta de qualidadena execução deste tipo de trabalho

EM ANÁLISETema de Capa

Fig. 2 – Diversos tipos de acabamento da junta:1 - Côncava; 2 - Em "V"; 3 - Em filete; 4 - Em pingadeira

aumento da compacidade da alve-naria através do preenchimento dosseus vazios e aumento da coesão in-terna do material. A injecção deve ser precedida pelo

confinamento do volume a injectar,operação que envolve o refecha-mento de juntas e fendas. Neste ca-so, a composição da argamassa derefechamento deverá incluir um

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pode originar a desvalorizaçãoestética da construção, ou, mesmo,a danificação das unidades, paraalém da redução drástica da dura-bilidade. A cuidadosa selecção daargamassa a utilizar no refecha-mento não basta: é essencial asse-gurar a qualificação dos operáriosque vão executar o trabalho. Afigura profissional mais adequada éa do oficial trolha, que deve eviden-ciar experiência na correcta exe-cução desta operação ou serobjecto de formação específica. Noscasos de maior responsabilidade, co-mo sejam as intervenções em cons-truções com valor enquanto patri-mónio construído a proteger, estesoperários devem estar abrangidospor um sistema de qualificação es-truturado, que assegure que a suaaptidão se mantém ao longo do

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Fig. 3 – Ferramentas utilizadas no refechamento de juntas:1 – Maceta; 2 – Ponteiro; 3 – Colher; 4 – Colher de refechamento;5, 6 – Ganchos ou ferros; 7 – Esparável

Fig. 4 – Ferros utilizados no aperto e acabamento das juntas:1 – Direito; 2 – Convexo; 3 – Em “V”

Map

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Fig. 6 – Resultado final de refechamento das juntas. Fábrica de Sedas Chamim, Macedo deCavaleiros. Porta de Santo António, Almeida

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Fig. 5 – Colocação da argamassa derefechamento utilizando um equipamento

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tempo. Os oficiais executantes deste tipo de tra-balho deverão operar integrados em empresasvocacionadas para a reabilitação construtiva deconstruções antigas, que disponham de pessoalde enquadramento (encarregados) e de direcçãoda obra (engenheiros) suficientemente familia-rizados com trabalhos desta área. Só nestas con-dições é possível obter resultados finais satis-fatórios (fig. 6).

Tema de Capa

REFERÊNCIA NORMATIVAASTM E 2260 – Guide for Repointing (Tuckpointing) HistoricMasonry. ASTM subcommittee E06.24 Building Preservation andRehabilitation Technology

VÍTOR CÓIAS,Engenheiro Civil,Oz, Ld.ª

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS[1] – Veiga, M.R., et al. – Projecto OldRenders – Metodologias para carac-terização e conservação das argamassas de revestimento de edifícios antigos.Lisboa, LNEC-Stap, Outubro de 2001.[2] – Valluzzi, M.R., et al. – Behaviour of multi-leaf masonry wallsstrengthened by different intervention techniques. Historical Cons-tructions 2001. Nov 2001, p. 1023.[3] – Gerns, E.A., Wegener, T.R. – Repointing historic masonry struc-tures. Standardization News. ASTM, Agosto de 2003.[4] – Nanni, A., Tumialan, G. – Fiber-reinforced composites for thestrengthening of masonry structures. Structural Engineering In-ternational, n.º 4/13, Novembro de 2003.[5] – Li, Tong, et al. – Analysis of unreinforced masonry concrete wallsstrengthened with glass fiber-reinforced polymer bars. ACI StructuralJournal 47102 Julho/Agosto de 2005.

OUTRA BIBLIOGRAFIALondon, Mark – Masonry – How to care for old and historic brick and stone.Washington, The Preservation Press, 1988.McAfee, Patrick – Stone Buildings. Dublin, O' Brien Press, 1998.Ashurst, J. & N. – Practical Building Conservation – Vol. 2 – Brick, ter-racotta and earth. English Heritage Technical Handbook. Aldershot,Gower Technical Press Ltd., 1998.

PALAVRAS-CHAVEPARA PESQUISA NA INTERNETEm inglês: pointing (re-pointing, tuck pointing) Em francês: rejointementEm italiano: sigillatura e stilatura dei giuntiEm espanhol: rejuntado.

NOTAS(1) Old Renders: Projecto de investigação e desenvolvimento que decorreudurante os anos 2000/2001, visando as "Metodologias para a Carac-terização e a Conservação das Argamassas de Revestimento de EdifíciosAntigos", numa colaboração entre a Stap e o LNEC, com financiamentoda "Iniciativa Comunitária PME", através da Agência de Inovação, S. A..(2) O sítio Internet http://www.stortz.com/pointing_tools.html contémuma vasta escolha de ferramentas para refechamento de juntas.

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EM ANÁLISETema de Capa

O Teatro Romano de Lisboa, cons-truído, presumivelmente, no séculoI e reconstruído no ano 57 d. C. , navertente sul de uma das colinas dacidade, voltada ao rio Tejo, é um dosmais importantes monumentos des-te período. Não só por ser o únicoteatro romano em Portugal com evi-dências arqueológicas, mas comoum dos testemunhos mais significa-tivos da cidade de Olisipo e conse-quentemente da história de Lisboa edo seu património cultural.Foi descoberto em 1798 durante ostrabalhos de reconstrução da cidadeapós o Terramoto de 1755 e perma-neceu soterrado até meados do sé-culo XX, época em que se iniciaramas intervenções arqueológicas, comdestaque para os trabalhos de Iri-salva Moita (1966/1967) que permi-tiram dar a conhecer uma área sig-nificativa do Teatro (cerca de doisterços da sua totalidade). Foi classi-ficado como Imóvel de Interesse Pú-blico (1967) e está sob a tutela da Câ-mara Municipal de Lisboa, tendo si-do integrado na orgânica da Divisãode Museus e Palácios, desde 1998.Foi precisamente nesta data que de-senvolvemos o projecto Teatro Ro-mano de Lisboa – Programa de Recu-peração e Valorização que visava umaintervenção global e integrada nomonumento, definindo diversas áre-as de actuação desde a valorização ereabilitação da envolvente, inves-tigação histórica e arqueológica, con-servação e restauro das ruínas àcriação de um museu. Este projecto,em curso, está a ser implementadode forma faseada (aplicando o con-

aglomerante mais corrente e um dosmais antigos a ser usado com diver-sas aplicações que vão desde afunção de união de elementos pétre-os à decoração.Os ensaios realizados às amostrasda argamassa de cal do Teatro per-mitiram ao geólogo Rui Brito fazerconstatações diversas das quais des-tacamos, como exemplo, o seguinte:confirmou a atenção particular queos romanos davam à escolha de ma-teriais para o fabrico das argamas-sas, em particular com as areias quenão deviam possuir nenhuma terra,o que de facto não foi detectado nasamostras do Teatro; identificou aspercentagens de componentes dosmateriais das argamassas e a varia-bilidade das mesmas relacionadacom os locais mais ou menos impor-tantes da estrutura arquitectónicado edifício (diferenças entre os de-graus da cavea e o pavimento emopus signinum do hyposcaenium), de-monstrando-se, de facto, o domíniopor parte dos romanos, das técnicasde construção; ou ainda, no campoda função decorativa percebeu-seque as argamassas das colunas têmcomponentes diferentes das arga-massas com função de união de ele-mentos arquitectónicos. Procurou-se também perceber quala origem das areias que entram nacomposição das argamassas, masnão foi possível fazê-lo com a exac-tidão pretendida, ficando-se no cam-po das hipóteses que nos remetempara os depósitos associados ao lei-to principal do rio Tejo e a todosos cursos de água da cidade, ou

ceito de work in progress), estando jáaberto ao público, desde 2000, oMuseu. No âmbito deste programa foramsolicitados, pela primeira vez, váriosestudos geotécnicos, geológicos, mi-cro climáticos e de argamassas.O Estudo Geológico das Argamassas doTeatro Romano da cidade de Lisboa,elaborado por Rui Miguel Brito,incidiu sobre um conjunto deamostras de argamassas de cal re-colhidas nas estruturas construtivasda área da cavea, orchestra, e hypos-caenium, e nos elementos arquitectó-nicos, nomeadamente colunas. Semprejuízo dos objectivos do estudo,os locais de recolha escolhidos fo-ram os de menor, ou nulo, impactoestético. A argamassa de cal é o material

Teatro romano de LisboaA importância do estudo das argamassas

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sedimentos do Miocénico das for-mações areníticas do Tejo e regiãode Lisboa.Os resultados foram particularmen-te importantes no campo da identi-ficação de algumas patologias, ape-nas em situações pontuais, como apresença de colónias de fungos ealgas que deterioraram as argamas-sas, não permitindo que estas con-servassem a plenitude das suas no-táveis propriedades. Não obstante,é possível afirmar que as argamas-sas do Teatro Romano de Lisboa seencontram em boas condições deconservação (para tal muito temcontribuído a cobertura colocadasobre as ruínas do monumento) e adesempenharem as suas funções.Pretendemos com este trabalho, porum lado, conhecer melhor o edifíciona época da sua fundação e eventu-ais momentos de reconstrução, e fa-zer, simultaneamente, um levanta-mento do seu estado de conservação,identificando as patologias associa-das às argamassas, por outro.No imediato foi possível intervircom acções de conservação preven-tiva e curativa (neste último casopontualmente) e mediante as con-clusões dos resultados das análisesminerais e químicas desenvolverum plano com correctas metodolo-gias de intervenção, a aplicar no

âmbito de uma alargada operaçãode Restauro (que culminará comtrabalhos de reconstrução por anas-tilose). Actualmente, com o alargamento daárea escavada do monumento quecolocou a descoberto o muro doPostcaenium (intervenção arqueoló-gica da responsabilidade de LídiaFernandes, técnica do Serviço deArqueologia do Museu da Cidade,CML) prevê-se dar continuidade aoestudo das argamassas, alargando oâmbito a outras análises químicas,associadas a estas novas estruturasdo teatro e aos edifícios de épocasposteriores que se lhe sobrepuseram. Estudos como estes devem, hoje, serconsiderados como ferramentas in-dispensáveis para a investigaçãohistórica e no caso particular doTeatro Romano, para os estudos dehistória de arte e arqueologia, tendocomo consequência directa o facili-tar a identificação dos materiais, asua origem, a sua durabilidade, per-ceber como eram aplicados, descor-tinando eventuais metodologias deconstrução, identificar momentosconstrutivos distinguindo interven-ções em épocas diferenciadas, corro-borar cronologias.Paralelamente, reforçando o que foidito, o estudo geológico e químicode argamassas é indispensável para

ANA CRISTINA LEITE,Chefe de Divisão de Museus e Palácios,Câmara Municipal de Lisboa

planear trabalhos na área da conser-vação preventiva, restauro e reabili-tação do Património.É lugar comum falar na necessidadeda Interdisciplinaridade na investi-gação, mas não é ainda uma práticacorrente, o cruzamento destes estu-dos com recurso às ciências com tra-balhos de história de arte e arqueo-logia que facilitem a interpretaçãodos conjuntos edificados. Mais fre-quente é a sua aplicação no domíniodos trabalhos de reabilitação e con-servação do património, emborafosse desejável a definição de umconjunto de metodologias a aplicar. Consciente da importância da uti-lização destes estudos técnico cientí-ficos, o Museu da Cidade (Divisãode Museus e Palácios) que tem com-petências na área da arqueologia ur-bana, tem vindo a fazer recolhas eanálises de argamassas de diversasestruturas arqueológicas, que sepretende seja feito de forma sis-temática e recorrente, com o objecti-vo de constituir um Arquivo deArgamassas do património históri-co e arqueológico de Lisboa.

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O conhecimento das técnicas deconstrução dos diferentes períodoshistóricos é não só determinante noque toca à compreensão das formasadequadas de restauro, como é tam-bém essencial para a reconstituiçãohistórica das estruturas sociais emétodos de organização e gestão derecursos geológicos envolvidos nasconstruções antigas.Nas intervenções de conservaçãoe/ou restauro de monumentos eedifícios históricos tem sido tradi-cionalmente dada maior atenção àdegradação dos elementos estrutu-rais (pedra, madeira e tijolo) queàs argamassas, que podem sofrer

maiores efeitos da degradação. NoSimpósio do ICCROM de 1981, rea-lizado em Roma, sobre "Argamas-sas, Cimentos e Caldas usadas naConservação de Monumentos His-tóricos", foram assinaladas as conse-quências indesejáveis, resultantesda falta de atenção dada às arga-massas. Como exemplo, refere-se o trabalhode Maravelaki-Kalaitzaki et al.(1)

comparando o comportamento entreargamassas antigas e recentes emmonumentos históricos de Creta. Asargamassas antigas, de elevada qua-lidade e resistência, evidenciam car-bonatação completa e comporta-

Fig. 1 – Localização da amostragem na actualmalha urbana de Lisboa

Estudo mineralógico de argamassas antigasArgamassas romanas

de Lisboa

Quadro I – Enquadramento geoarqueológico das amostras estudadas

Amostra Localização Contexto geológico(substrato miocénico)

Contexto arqueológico Estrutura arqueológica

RDD97 - Sond1 - [023]RDD97 - Sond2 - [207]

Rua dos Douradores "Argilas do Forno doTijolo"

Cetária do período romano.Fábrica de salga de peixe; séc. Iou III d. C?.

Paramento deOpus signinum

CB#1CB#2CB#3CB#4

Casa dos Bicos. Rua dos Bacalhoeiros

"Areias da Quinta doBacalhau"

Cetárias do período romano.Complexo de produção deGarum; séc. I a III d. C.

Paramento deOpus signinum

LGA - parcela 54LGA3

Largo das Alcaçarias "Areolas da Estefânea" Tanque do período romano;séc. I a III d. C.? Funcionalidadedesconhecida. Estruturaposteriormente englobadana construção de uma parede.

Paramento emOpus signinumde parte do muro

PL(SOMM) Palácio dos Condes deLinhares/antiga casaSommer. Rua do Cais de Santarém

"Areolas da Estefânea" Estrutura indefinida, possivel-mente pavimento; períodoromano, encontrada num con-texto do séc. V d. C.

Paramento eparte interior dobloco de Opus signinum

O estudo das argamassas antigas é uma vertente da arqueometria e da geoarqueologia, represen-tando um importante contributo nas intervenções de recuperação e restauro de monumentos eedifícios históricos.

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mento satisfatório no ambiente hú-mido marinho da ilha. Já as arga-

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do alguns trabalhos publicados re-centemente (1 - 7), é possível identificarum conjunto de técnicas adoptadas,incluindo Análise Granulométrica,Microscopia Óptica, Difractometriade raios X, Análise Química, Aná-lise Termogravimétria, Calcimetria,Espectroscopia de Infravermelhos eMicroscopia Electrónica de Varri-mento, complementada por Micro-análise de raio X por Dispersão emEnergias, etc..No âmbito da Licenciatura em Geo-logia Aplicada e do Ambiente, doDepartamento de Geologia da Fa-culdade de Ciências, da Universida-de de Lisboa, foi desenvolvido noano lectivo de 2003/04, com a cola-boração do Serviço de Arqueologiada Divisão de Museus e Palácios daCâmara Municipal de Lisboa, o es-tudo de oito amostras de argamas-sas romanas, colhidas em diversasestruturas arqueológicas de Lisboa(fig. 1). A amostragem incidiu ape-nas num tipo de material (opus sig-ninum) (Quadro I).O protocolo de ensaios adoptadoteve em conta o reduzido volume dematerial disponibilizado, dado tra-tar-se de materiais arqueológicos,que não se pretendia danificar. Sendo as argamassas de opus signi-num constituídas por cal, agregadosminerais e eventualmente tijolomoído, foi necessário separar as di-versas fracções. Assim, depois deobservadas e descritas (fig. 2), asamostras foram desagregadas e se-parada a fracção ligante (< 0,106 mm)das fracções de agregados: areia(0,106 mm a 2 mm) e grosseiros(> 2 mm). Em amostra de mão (fig. 2) é possívelverificar, numa abordagem prévia,que a fracção predominante, cor-respondente aos agregados de maio-res dimensões (grosseiros > 2 mm), éconstituída por partículas angulosasde materiais naturais (calcárioscompactos, geralmente fossilíferos,típicos dos terrenos miocénicos lo-

cais) e artificiais (fragmentos de ele-mentos cerâmicos). A fracção areia épouco importante. O ligante apre-senta cores esbranquiçadas.A observação à lupa dos agregadospermitiu identificar ainda a pre-sença, praticamente em todas asamostras, de fibras, de proveniênciaindeterminada, e de minerais pesa-dos em pequena quantidade (fig. 3).Nas amostras referentes às estru-turas da Casa dos Bicos (CB) foramainda identificados minerais micá-ceos e fragmentos basálticos e degesso.A análise por difractometria deraios-X da fracção < 0,106mm tra-duz a composição mineralógica pre-

Fig. 2 – Fotografias das amostras:a) RDD97 – Sond1-[023];b) RDD97 – Sond2-[207]

a)

b)

a)a)

Fig. 3 – Fotografias de lâmina delgada daamostra LGA3 observada ao microscópiopetrográfico: elementos cerâmicos (EC);cimento carbonatado (Ci); porosidade (P)

b)b)

c)c)

massas utilizadas nas actuais inter-venções de restauro, devido ao ele-vado teor em sais, não satisfazem adesejável compatibilidade. O estudodas argamassas antigas é, assim, umaspecto importante na conservaçãodos monumentos. A escolha dos materiais tem variadode acordo com o período histórico,hábitos sócio-culturais e materiaisda região e com a função específicana estrutura. As argamassas antigas são materiaiscompostos, compreendendo um li-gante aéreo ou hidráulico e agrega-dos que podem reagir com o ligante.Para o estudo completo das arga-massas antigas é fundamental a suacaracterização mineralógica, sedi-mentológica e morfológica, tendoem conta que as argamassas sofre-ram alterações durante a construção,cimentação e envelhecimento.O estudo das argamassas é actual-mente realizado com o recurso a téc-nicas laboratoriais mais ou menossofisticadas, exigindo laboratóriosespecializados e combinação de di-versas técnicas, tradicionalmenteutilizadas em geologia. Consideran-

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uma função semelhante para as es-truturas do Largo das Alcaçarias.A amostra referente à estrutura doPalácio dos Condes de Linhares(PL/SOMM) é caracterizada essen-cialmente por uma granularidadebastante menos calibrada e de maiorabundância de grosseiros, o que po-de ser um indicador de que na ela-boração da argamassa se procurouuma maior resistência ao desgasteacentuado, o que se coaduna com aindicação arqueológica sobre a suafunção de pavimento.

ISABEL MOITINHO DE ALMEIDA, Geóloga, Professora da Faculdade deCiências da Universidade de Lisboa

LUÍS FILIPE ALMEIDA,Geólogo

BIBLIOGRAFIA(1) Maravelaki-Kalaitzaki, P., Bakolas, A. & Mo-ropoulou, A. (2003) – Physico-chemical study ofCretan ancient mortars, Cement and ConcreteResearch 33, 651-661.(2) Silva, A. S. & Reis, M.O.B. (2003) – Caracterizaçãode argamassas antigas, LNEC, Comunicação.(3) Benedetti, D., Valetti, S., Bontempi, E., Piccioli, C.& Depero, L.E. (2004) - Study of ancient mortarsfrom the Roman Villa of Polio Felice in Sorrento(Naples), Applied Physics A 79, 341-345.(4) Bruno, P., Calabrese, D., Di Pierro, M., Genga, A.,Laganara, C., Manigrassi, D.A.P., Traini, A. & Ub-bríaco, P. (2004) – Chemical-physical and minera-logical investigation on ancient mortars from thearchaeological site of Monte Sannace (Bari-South-ern Italy), Thermochimica Acta 418, 131-141.(5) Moropoulou, A., Bakolas, A. & Aggelakopoulou,E. (2004) – Evaluation of pozzolanic activity of na-tural and artificial pozzolans by thermal analysis,Thermochimica Acta 420, 135-140.(6) Bultrini, G., Fragala, I., Ingo, G.M. & Lanza, G.(2006) - Minero-petrographic, thermal and micro-chemical investigation of historical mortars used inCatania (Sicily) during the XVII century A.D.,Applied Physics A 83, 529-536.(7) Marques, S.F., Ribeiro, R.A., Silva, L.M., Ferreira,V.M. & Labrincha, J.A. (2006) – Study of rehabilita-tion mortars: Construction of a knowledge correla-tion matrix, Cement and Concrete Research 36,1894-1902.

A realização de lâminas delgadastorna-se difícil quando as amostrasse desagregam, exigindo a impreg-nação dos provetes. Dadas as di-mensões e características das amos-tras só foi possível realizar três lâmi-nas. A observação por microscopiaóptica de polarização permitiu veri-ficar a composição mineralógica, atextura e o modo como se relacionaa argamassa com os agregados noque se refere à sua dimensão, forma,contacto e orientação.Das três lâminas observadas (fig. 4),correspondentes às amostras daRua dos Douradores e do Largo dasAlcaçarias, foi possível verificar quenos agregados as areias (0,106 mm a2 mm) são claramente menos abun-dantes (<20 %) e que os grosseiros(> 2 mm), têm em geral forma sub-rolada, má calibração, contactos flu-tuantes e não existe orientação pre-ferencial. O conjunto de ensaios realizadospermitiu, numa abordagem prelimi-nar, um melhor enquadramento dascaracterísticas das argamassas uti-lizadas nas estruturas amostradas.A análise dos dados disponíveis nãocontradiz as indicações e as teses jáformuladas pela arqueologia quan-to à funcionalidade das estruturas(Quadro I). As características dos agregados na-turais são semelhantes às dos mate-riais geológicos do substrato mio-cénico, indicando o recurso amatérias-primas locais.As amostras das estruturas do Lar-go das Alcaçarias (LGA) e da Ruados Douradores (RDD) são relativa-mente semelhantes, no que toca àtextura e granularidade o que signi-fica que devem ter sido utilizadascom fins semelhantes. Partindo doprincípio que as estruturas da Ruados Douradores serviam como tan-ques para fins industriais piscícolas,podemos apontar como hipótese

NOTAAgradece-se a colaboração do arqueólogo, Dr.Rodrigo Banha da Silva.

Fig. 4 – Fotografias dos agregados obser-vados à lupa: a) CB#4; b) CB#3; LGA3 –parcela 54. Elementos cerâmicos (EC),fragmentos de quartzito (qz), carbonatos(ca), feldspatos (fd), fragmentos basálticos(ß), cristais de gesso (g); fibra (f)

sente nas argamassas (carbonatos,filossilicatos, quartzo, feldspatos,etc.). A presença de calcite evidenciao processo de carbonatação, porreacção entre a cal e o dióxido decarbono presente na atmosfera. Asamostras da Casa dos Bicos (CB)têm muito mais calcite que as res-tantes amostras, o que poderá repre-sentar maior quantidade de cal naconstituição da argamassa. Já naamostra do Largo das Alcaçaria(LGA3) o quartzo é o elemento maisabundante.

a)a)

b)b)

c)c)

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NOTAS HISTÓRICASTema de Capa

INTRODUÇÃOHá muito que a imagem tradicionaldos castelos portugueses é marcadapela simplicidade das suas formasconstruídas, pelo despojamento doseu espaço interior ou pela austeri-dade do seu aspecto exclusivamentepétreo. Para tal contribuiu, em boamedida, a ampla campanha deobras empreendida pela DGEMN,norteada sobretudo pelo princípioideológico de afirmar estas fortifi-cações como uma evocação dos tem-pos heróicos em que se forjava a na-cionalidade na luta contra caste-lhanos ou muçulmanos, num ambi-ente de severidade ascética. É aqueleúltimo arquétipo que aqui preten-demos abordar, não com o intuitode classificação ou estudo, mas tãosó reflectir sobre a cronologia de umtipo de revestimento que subsisteem alguns destes castelos.Efectivamente, sabemos que emmuitas daquelas intervenções foramremovidos revestimentos existentesnos panos de muralha, tidos comoresultantes da instalação de habita-ções no interior destes recintos, apósa perda da sua função militar inicial.Em certos casos, esta atribuição eracorrecta, observando-se diversas ca-madas originárias de uma urbaniza-ção mais ou menos contemporânea,mas noutros estar-se-ia antes a eli-minar componentes com origem nafundação ou, mais habitualmente,em reformas empreendidas nos fi-nais da Idade Média ou nos iníciosda Idade Moderna. Ressalve-se queeste tipo de "limpezas" teve continui-dade até praticamente aos nossosdias, só passando mais recentemente

Revestimentos em castelos portugueses Séculos XV e XVI

Fig. 1 – Interior da alcáçova de Moura, vendo-se à direita da porta da vila o revestimento e à esquerda asua ausência, determinada por obras de restauro

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Fig. 2 – Torre sudeste do castelo de Portel coberta de revestimento, junto à torre de menagem (1966)

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a merecer outros cuidados, nomea-damente por via da arqueologia daarquitectura.

REVESTIMENTOSEM CASTELOS PORTUGUESESSão numerosos os casos de fortifi-cações em que se observam vestí-gios, por vezes muito escassos e ero-didos, de um tipo de revestimentocomposto por camada de argamassacom grande percentagem de cal,deixando a descoberto motivo circu-lar ou quadrangular. Esta cobertura,habitualmente de cor branca, surgeainda com tom mais amarelado,provavelmente pela variação dascomponentes de fabrico da arga-massa, talvez também pelo grau de

exposição aos agentes erosivos. Tra-ta-se de um tipo de revestimentoque cobriu as superfícies exterior einterior das muralhas e torres de al-guns castelos, em determinado mo-mento da sua história, escondendopor isso a sua alvenaria constituti-va1. Desconhecendo-se a sua funcio-nalidade, foi atribuído, no caso deMoura, a uma decoração reveladorada influência da arquitectura militaritaliana em Portugal2. De facto, este é um dos melhoresexemplos de permanência deste tipode revestimento em monumentosmilitares portugueses, encontrando--se hoje nas duas torres quadran-gulares que limitam o muro divisorentre a alcáçova e a vila fortificada,

no segmento Sul deste muro e, a Esteda cerca da vila, na denominadatorre da Salúquia, de formato ultra--circular. Refira-se que, em 1938,este subsistia ainda em toda aquelamuralha e torres divisórias, bem co-mo noutra torre semi-circular a Su-deste, denominada Torre do Reló-gio; o seu desaparecimento relacio-na-se com o tipo de campanhas de"limpeza" a que fizemos referência,quando foram demolidas tambémmuitas habitações3. A datação desterevestimento é atribuída ao reinadode D. Manuel I, época da últimacampanha de obras neste espaço,mais precisamente aos trabalhosrealizados cerca de 1510 sob di-recção de Francisco de Arruda, mes-tre que se notabilizou na fortificaçãode Azamor em Marrocos, ou na Tor-re de Belém no Reino, expoentes daarquitectura militar deste período4.Nesta jornada foram igualmente in-tervencionados os castelos de Mou-rão e Portel, entregues na mesma em-preitada a Arruda, realizando-se en-tão obras em Mértola, Serpa e Nou-dar5. Preservam-se em alguns destescastelos vestígios deste mesmo re-vestimento: em Mourão, confinado afragmentos do pano de muralhamais abrigados dos agentes erosi-vos; em Portel, sobretudo na torreultra-semicircular sudeste do caste-lo, cobrindo a superfície externa; emSerpa na face exterior do lanço Esteda alcáçova. Com importante obrano reinado de D. João II, prolongan-do-se para o seu sucessor, cite-seainda o caso de Elvas, onde em 1941persistiam estes motivos na torre demenagem e outros sectores, restan-do hoje pequenos segmentos na faceinterior da muralha. Muitos outrosexemplos poderiam citar-se, aliástambém no Norte do país, defortificações que, fortemente inter-vencionadas nos finais de quatrocen-tos ou inícios da centúria seguinte,

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conservam este tipo de revestimen-to, indiciando-se assim uma dataçãoprovisória. A chave para a confir-mação da antiguidade deste ele-mento encontrar-se-á, porém, emMarrocos.

REVESTIMENTOS EMFORTIFICAÇÕES MARROQUINASO Norte de África foi o principalpalco da expansão portuguesa atéao reinado de D. Manuel I, o únicoonde participaram pessoalmente osmonarcas e a alta fidalguia e onde aCoroa empregou os maiores recur-sos. Tal facto, aliado a um perma-nente quotidiano de guerra e a umaconquista de cariz urbana e costeira,determinou que fosse esta a regiãoonde a realeza mais investiu em for-tificações. Assim, praticamente todasas povoações ocupadas pelos portu-gueses no Magreb conservam vastose complexos sistemas defensivos,desenvolvidos entre o século XV emeados do XVI. Tal é o caso de Ar-zila, onde sobretudo após o cerco dorei de Fez de 1508 se desenvolveuum amplo programa de renovação

das suas estruturas militares, sob omando do então mestre de obras doReino, o francês Diogo Boytac, autordo mosteiro dos Jerónimos em Lis-boa. Estas obras implicaram altera-ções muito significativas no disposi-tivo existente, tanto na cava e terrei-ro contíguo, como na cerca e casteloda vila6.Foi precisamente em Arzila que vie-mos a detectar vestígios do mesmotipo de revestimento que havíamosidentificado nos referidos castelosda fronteira portuguesa. Conservam--se trechos deste, formado por arga-massa de tom bege, por vezes escu-recida, com o mesmo motivo cir-cular, nas seguintes secções do pe-rímetro defensivo: torre quadrangu-lar a Noroeste do castelo, entre oFig. 3 – Torre de menagem do castelo de Elvas vista de Oeste, com escassos vestígios do revestimento (1941)

NOTAS HISTÓRICASTema de Capa

Fig. 4 – Torre Noroestedo castelo de Arzila,entre o baluarte da Praiae a porta da Ribeira

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NOTAS HISTÓRICASTema de Capa

baluarte da Praia e a porta da Ri-beira; pano exterior Sul deste recin-to e da vila, entre os baluartes deSanta Cruz e da Vila; já muito erodi-do, no troço de muralha da vila en-tre os baluartes de Tambalalão eAntónio da Fonseca. Note-se que aaplicação deste revestimento subsis-te nas muralhas, tanto na zona supe-rior dos adarves, como na base emtalude, embora neste caso logica-mente mais desgastados.Não nos parece crível que este re-vestimento possa datar de época an-terior à campanha de 1508-09, nemmesmo às acções comprovadamentelevadas a cabo em Arzila em 1498,dada a amplitude dos trabalhos de-senvolvidos sob ordens de Boytac.Fica, pois, a hipótese deste ter sidoaplicado em época posterior, embo-ra no máximo até 1550, quando avila foi abandonada pelos portugue-ses, não sendo convincente que o te-nham feito na sua fugaz reocupaçãode 1576-89.Mas os exemplos marroquinos deutilização deste revestimento não seconfinaram a esta praça, embora só

finais do século XV e primeira me-tade da centúria seguinte, são o ele-mento fundamental de datação paraos castelos nacionais, dada a inques-tionável semelhança do revestimen-to aplicado.Assim, desejamos nesta breve notater dado algum contributo para re-pensar a imagem dos dispositivosmilitares portugueses desta época8,esperando que as futuras interven-ções de conservação tenham emconta e valorizem este elemento.

aqui seja possível observá-los niti-damente. O castelo e a couraça daarruinada Alcácer Ceguer, objectode significativa renovação manueli-na, mostram ainda ténues indícios.Os potentes baluartes de São Cristó-vão e do Raio em Azamor, obras dojá referido Francisco de Arruda e doseu irmão Diogo, desenvolvidas apartir de 1514, evidenciavam-no ain-da em fotografias recentes7, tendo oseu desaparecimento ficado a de-ver-se à cobertura completa com ar-gamassa, realizada recentemente.Em todo o caso, os elementos dispo-níveis apontam com solidez para acronologia anteriormente proposta.

CONSIDERAÇÕES FINAISLonge de pretendermos apresentarteses sobre este tema, julgamos terreunido alguns elementos que pro-vam a antiguidade de um certo tipode revestimento em fortificaçõesportuguesas. As limitadas balizascronológicas de ocupação das men-cionadas praças marroquinas ondeeste foi aplicado, passíveis ainda deredução às obras aqui realizadas em

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) O revestimento de argamassa aqui descrito não seconfunde com o que foi detectado no paço fortifica-do de Evoramonte, e que justificou certamente orestauro dos anos 80, pois este era constituído poruma camada uniforme de cal cinzenta cimentícia,de características bem diferentes da que aqui abor-damos, não se verificando também o motivo circu-lar ou quadrangular referido (Evoramonte: a forta-leza, Lisboa, IPPC, 1989, p. 7).(2) MACIAS, Santiago (1993) – "Moura na BaixaIdade Média: Elementos para um estudo Históricoe Arqueológico", in Arqueologia Medieval, n.º 2. Mér-tola, Campo Arqueológico de Mértola / EdiçõesAfrontamento, p. 127-157.(3) Conforme os processos na DGEMN, DSID, 59-60e 129-132., o revestimento da torre de menagemparece resultar de um restauro contemporâneo.(4) MOREIRA, Rafael (1999) – "A época manuelina".In História das Fortificações Portuguesas no Mundo.Lisboa, Alfa, p. 91-142; DIAS, Pedro (1988) – Aarquitectura manuelina. Porto, Civilização, p. 234 e ss.(5) Vejam-se as cartas ao rei de Nuno Velho, encar-regue de visitar as obras da comarca do Alentejo, de20 de Fevereiro e 14 de Março de 1510, publicadasem VITERBO, Sousa (1988) – Dicionário Histórico eDocumental dos Arquitectos, Engenheiros e Cons-trutores Portugueses. Lisboa, Imprensa Nacional -Casa da Moeda, vol. I, p. 55-58.(6) MOREIRA, Rafael (2001) – "História / Histoire".In Arzila Torre de Menagem / Le Donjon d'Asilah.Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.(7) MOREIRA, Rafael (1999) – "A época manuelina".In op. Cit., p. 135-36.(8) No que respeita ao Oriente fizemo-lo em "A fortifi-cação manuelina de Cananor". In Murphy. Revista deHistória e Teoria da Arquitectura e do Urbanismo, n.º 1.Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra,Março 2006, p. 164-79, estando no prelo As PrimeirasFortalezas do Estado da Índia e a Arquitectura Militar noReinado de D. Manuel I. Lisboa, Centro de Históriade Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa.

ANDRÉ TEIXEIRA,Arqueólogo, CHAM – Centro de Históriade Além-MarUniversidade Nova de Lisboa

Fig. 5 – Muralha Sul do castelo e vila de Arzila, vendo-se à esquerda o baluarte da Vila

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INTRODUÇÃOA humidade ascensional manifesta--se em paredes de construções anti-gas quando estas estão em contactocom água ou com solo húmido, pelofacto dos materiais constituintesapresentarem elevada capilaridadee de não existir um corte hídrico efi-caz. Este fenómeno pode estar asso-ciado a águas freáticas e/ou superfi-ciais.A ascensão capilar progride até quese verifique o equilíbrio entre a eva-poração e a capilaridade. Sempreque se reduzem as condições de

evaporação com a colocação de ummaterial impermeável, como porexemplo azulejos, a altura da ascen-são capilar aumenta até se atingirum novo equilíbrio a uma cota maiselevada.A altura de progressão da humida-de ascensional depende das condi-ções climáticas das ambiências(temperatura e humidade relativa),da insolação, da espessura da pare-de, da porosidade dos materiais eda presença de sais.A secagem dos materiais está de-pendente da concentração de vapor

de água na ambiência (Ca') e da con-centração de água na superfície dosmateriais (Cs'). Nas construções his-tóricas não há grande variação entrea temperatura do ar interior e a tem-peratura da superfície interior dasparedes, pelo que, quando a humi-dade relativa é elevada, a diferençaCs' - Ca' tende para zero, tal como ofluxo de secagem. Na prática, as hu-midades ascensionais atingem a co-ta mais elevada no Inverno, quandoa humidade relativa do ar é maior.Por sua vez, a insolação provoca aelevação da temperatura da face ex-

ESTUDO DE CASOTema de Capa

Ventilação da base das paredes como técnicade tratamento da humidade ascensional

Uma Igrejado norte de Portugal

Fig. 1 – Fachada principal da Igreja de Vilar de Frades

VILAR DE FRADES V2.QXD 03-11-2007 9:42 Page 1

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ESTUDO DE CASOTema de Capa

terior da parede, o que, por termo-migração, conduz a humidade parao interior, condicionando o compor-tamento de fachadas com diferentesorientações.

DESCRIÇÃO SUMÁRIADO EDIFÍCIOA Igreja de Vilar de Frades, tambémdesignada Igreja do Mosteiro deSão Salvador, fica situada em Arei-as de Vilar, no concelho de Barcelos(fig. 1). Este templo está classificadocomo Monumento Nacional. É umimóvel afecto ao Instituto Portu-guês do Património Arquitectónico- IPPAR – desde 1992.O edifício original, que terá sido fun-dado em 566 pelo Bispo S. Martinhode Dume, foi totalmente destruídodurante as invasões muçulmanas. Aigreja foi posteriormente reconstruí-da no séc. XI. A partir do séc. XVIsucederam-se diversas intervençõesde ampliação e de remodelação quealteraram significativamente o tem-plo e a área envolvente.A igreja é confinada a Sul peloclaustro e pelo Mosteiro. O seu inte-rior apresenta uma planta crucifor-

ENQUADRAMENTODA INTERVENÇÃOCom o objectivo de dar continui-dade às anteriores intervenções rea-lizadas pelo IPPAR, nomeadamen-te, a estabilização estrutural da Igre-ja, a realização de um sistema dedrenagem de águas freáticas no pe-rímetro exterior do edifício e no in-terior da nave e a impermeabiliza-ção do pavimento da nave central,aquele Instituto solicitou ao gabi-nete Prof. Eng.º Vasco Peixoto deFreitas, Ld.ª a elaboração de um pa-recer sobre o comportamento face à

me. A nave central é coberta poruma complexa abóbada nervurada.Lateralmente à nave existem diver-sas capelas abobadadas e a Nascen-te situa-se a capela-mor.As paredes exteriores do alçadoNorte da Igreja e da envolvente dacapela-mor são reforçadas por con-trafortes (fig. 2).

CARACTERIZAÇÃO DOS ELEMEN-TOS CONSTRUTIVOS EM ANÁLISEAs paredes exteriores e os con-trafortes são em alvenaria de grani-to. Existe uma diferença de cerca deum metro entre a cota do terrenoque confina as paredes do alçadoNorte e da capela-mor e a cota dopavimento interior, pelo que estasparedes se encontram parcialmenteenterradas (fig. 3).Por razões de segurança, a fundaçãodos quatro contrafortes do alçadoNorte da Igreja foi reforçada. Paratal, foram executados elementos embetão armado que contornam a faceexterior dos contrafortes e parededa Igreja (fig. 4).Os pavimentos interiores são emlajeado de granito.

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Fig. 2 – Aspecto exterior da capela-mor Fig. 3 – Sondagem realizada no exterior dacapela-mor

Fig. 4 – Reforço dos contrafortes do alçado Norte(Fonte: IPPAR)

Fig. 5 – Face interior de uma parededa capela-mor

Fig. 6 – Manchas de humidade no pavimento dacapela com Pia Baptismal

Fig. 7 – Traçado dos sistemas de ventilação dabase das paredes

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humidade da Igreja de Vilar de Fra-des. As preocupações do IPPARcentravam-se nas patologias asso-ciadas à humidade existentes na ca-pela-mor e capelas laterais.A metodologia para os trabalhos dereparação proposta no estudo de

diagnóstico foi posteriormente inte-grada no projecto de execução daempreitada de tratamento de pavi-mentos e paredes face à humidadeque, tal como a anterior intervenção,teve como coordenador de projectoo Arq.º Alfredo Ascensão. A em-

1. Impermeabilização (telas betuminosas); 2. Brita ou godo; 3. Canal de ventilação em betão armado pre-fabricado; 4. Tubos de PVC ( 0 315 mm); 5. Caixa de ventilação; 6. Grelha em aço inox; 7. Ligação àrede de drenagem de águas pluviais

ESTUDO DE CASOTema de Capa

Fig. 8 – Pormenor do canal do sistema exterior de ventilação da base das paredes

Fig. 9 – Contorno exterior da capela-mor após aconclusão do sistema de ventilação exterior

Fig. 10 – Abertura do sistema de ventilação exte-rior da base das paredes

preitada foi realizada pela empresaSTAP – Reparação, Consolidação eModificação de Estruturas, S. A..

O PROBLEMANas visitas realizadas ao edifício ve-rificou-se que existiam "manchas

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ESTUDO DE CASOTema de Capa

verdes" na face interior das paredesda capela-mor, sobretudo até cercade um metro de altura (fig. 5), e queo lajeado dos pavimentos da capela--mor e das capelas laterais, zonasque ainda não haviam sido inter-vencionadas, se encontravam com-pletamente saturados de humidade(fig. 6).

AS CAUSASA humidade existente quer na basedas paredes, quer nos pavimentos,que não foram alvo de intervenção,terá tido origem na ascensão capilar.Na situação em análise verificámosque as condições de evaporação sãodesfavoráveis devido à elevada hu-midade relativa e insuficiente venti-lação no interior da Igreja.Ao executar-se o reforço das funda-ções dos contrafortes foi colocadauma cortina de betão armado emparte da envolvente da Igreja, que foiposteriormente impermeabilizada.

embora seja uma técnica de correc-ção interessante, poderá ser poucoeficaz em paredes de granito degrande espessura devido à hetero-geneidade dos materiais que a cons-tituem. Assim, de modo a aumentara capacidade de secagem das pare-des em contacto com o solo, foi pro-posta a realização de um sistema deventilação na sua base (fig. 7).O sistema de ventilação da base dasparedes visa também compensar oeventual agravamento da ascensãocapilar resultante da impermeabili-zação dos pavimentos em lajeado degranito da capela-mor, das capelaslaterais e do transepto.Na face exterior das paredes da en-volvente foi criado um canal de ven-tilação pela acção do vento, consti-tuído por elementos prefabricadosde betão (fig. 8). Este canal é pon-tualmente aberto ao ar exterior porintermédio de grelhas verticais (figs.9 e 10).O canal contorna as paredes exterio-res e os contrafortes. A realização deuma cortina de betão, para reforçodas fundações do alçado Norte, im-permeabilizou a base das paredesimpossibilitando o tratamento destazona. A ligação entre o canal prefa-bricado em betão e as caixas de ven-tilação com grelha foi realizada comtubos de PVC.Na face interior das paredes foi co-locado um tubo perfurado com umdiâmetro de 200 mm (manilha de be-tão), imediatamente abaixo do lajea-do de granito (figs. 11, 12 e 13). Exis-tem dois subsistemas distintos nointerior da Igreja, ambos com venti-lação forçada.

Embora tenha sido prevista uma dre-nagem periférica exterior ao reforço,a barreira que foi criada condiciona atransferência de humidade.

A INTERVENÇÃO – REALIZAÇÃODE UM SISTEMA DE VENTILAÇÃODA BASE DAS PAREDESExistem diversas técnicas para o tra-tamento de paredes sujeitas aos efei-tos da humidade ascensional. A exe-cução de um corte hídrico atravésda injecção de produtos químicos,

1. Elementos metálicos; 2. Peça prefabricada em betão; 3. Tela de PVC (1 mm); 4. Pedra reacertada; 5. Areia; 6. Tubo de ventilação; 7. Geotêxtil

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Fig. 11 – Pormenores do sistema interior de ventilação da base das paredes

Fig. 12 – Trabalhos de realização do sistema deventilação interior na capela-mor

Fig. 13 – Tubagem perfurada do sistema de ven-tilação interior

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A admissão de ar ao subsistema doalçado Norte é realizada a partir deuma grelha exterior, junto à fachadaPoente do transepto. A exaustão érealizada por um ventilador de ve-locidade variável que entra em fun-cionamento quando a humidade re-lativa no exterior da Igreja é inferiorà existente no interior da conduta deventilação (figs. 14 e 15).No subsistema Sul a admissão é fei-ta por rasgos nos degraus (fig. 16) eno pavimento de duas capelas late-rais. Esses rasgos estão ligados a cai-xas prefabricadas em betão, queconduzem o ar à tubagem de venti-lação ao longo do contorno das ca-pelas. A exaustão realiza-se para oclaustro (fig. 17). Existe extracçãomecânica quando a humidade nointerior da tubagem de ventilação ésuperior à do interior da Igreja.Cada subsistema de ventilação inte-rior da base das paredes (higro-re-gulável) inclui os seguintes equipa-mentos para controlo do dispositivode extracção de ar:n duas sondas de humidade relativae temperatura;n dois transmissores de humidade

relativa e temperatura;n um módulo de controlo;n um sistema de aquisição de dados.

Uma das sondas de cada subsistemafoi colocada no interior da tubagemde ventilação. As restantes foraminstaladas no exterior da fachadaNorte e numa das capelas laterais.As sondas estão ligadas a um mó-dulo de controlo que, comparandoos valores das duas humidades rela-tivas (interior e exterior da tuba-gem), irá ligar ou desligar o disposi-tivo de extracção mecânica do sub-sistema.O sistema de aquisição de dadosdestina-se a armazenar os valoresrecolhidos pelas sondas para moni-torização do funcionamento do sis-tema.

CONCLUSÕESA ventilação da base das paredes,apesar de exigir uma intervenção si-gnificativa para a sua implementa-ção nos edifícios históricos, tem co-mo base uma tecnologia simples.A implementação na Igreja de Vilarde Frades de um sistema de venti-lação da base das paredes, para tra-tamento da humidade ascensional,que incluiu a execução de um canalexterior ventilado naturalmente e acriação de um sistema de ventilaçãopelo interior das paredes associadoa extracção mecânica, com um ven-tilador de velocidade variável hi-gro-regulável, tem conduzido a re-sultados muito satisfatórios.O sistema de ventilação interior dasparedes é actualmente objecto de in-

VASCO PEIXOTO DE FREITAS,Engenheiro,Professor Catedrático da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto,Director do Laboratório de Física dasConstruções

ISABEL SERENO,Arquitecta, IPPAR – Instituto Portuguêsdo Património Arquitectónico

ALFREDO ASCENSÃO,Arquitecto, Alfredo Ascensão & PauloHenriques Arquitectos, Ld.ª

PEDRO FILIPE GONÇALVES,Engenheiro, Prof. Eng.º Vasco Peixoto deFreitas, Ld.ª

ANA SOFIA GUIMARÃES,Engenheira, Laboratório de Física dasConstruções da Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto

MIGUEL SANTOS,Engenheiro, STAP – Reparação, Conso-lidação e Modificação de Estruturas, S. A.

vestigação pelo Laboratório de Físi-ca das Construções da Faculdade deEngenharia da Universidade doPorto, nomeadamente, através damonitorização do seu funcionamen-to, com vista à quantificação do de-sempenho.

ESTUDO DE CASOTema de Capa

BIBLIOGRAFIAFREITAS, V. P.; TORRES, M. I.; ASCENSÃO, A.;GONÇALVES, P. F. Tratamento da humidade ascen-sional na Igreja de Vilar de Frades. Estudos/Pa-trimónio n.º 3, pp. 54-62. IPPAR, 2002.

Fig. 14 – Abertura de extracção do subsistemainterior Norte

Fig. 16 – Rasgo no degrau de uma capela lateralpara admissão ao subsistema interior Sul

Fig. 17 – Equipamentos do subsistema interiorSul

Fig. 15 – Localização dos equipamentos de con-trolo do subsistema interior Norte

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ESTUDO DE CASOTema de Capa

Pretende-se apresentar, com o pre-sente artigo, a intervenção arqueo-lógica levada a cabo no centro his-tórico de Lagos entre Novembro de2005 e Fevereiro de 2006, a cargo daempresa Neoépica, Ld.ª. Com a suadivulgação, acreditamos estar a con-tribuir para o conhecimento e de-senvolvimento da Arqueologia daArquitectura, uma disciplina aindapouco difundida, embora com inú-meras possibilidades, nomeada-mente no campo da arquitectura ci-vil, como é o caso.A intervenção arqueológica foi rea-lizada numa propriedade da empre-sa Santos da Terra Ld.ª, composta,em linhas gerais, por uma casa apa-laçada de dois andares e respectivojardim, encontrando-se ambos cerca-dos por uma série de corpos anexos.Os objectivos dos trabalhos eramaveriguar o potencial arqueológicoe estratigráfico da área e conservarum registo preciso (gráfico e foto-gráfico) de toda a estrutura edifica-da, prevista para demolição. Assimsendo, utilizando os métodos da ar-queologia da arquitectura, foramabertas 41 sondagens parietais (in-ternas e externas) em todos os cor-pos edificados, a fim de perceber asrelações físicas e estruturais entreeles, bem como registar e compreen-

Estruturalmente, foram identifica-dos quatro tipos de aparelhos cons-trutivos, com algumas variantes:alvenaria de pedra, alvenaria detijolo (tijolo burro e tijolo furado),taipa (com blocos de dimensões va-riáveis) e tabique (com enchimentode pedra calcária ou cortiça, ou ain-da com estrutura em ripado de ca-nas entrelaçadas). No capítulo dosrevestimentos, verificou-se a exis-tência de reboco de argamassa decimento, reboco de argamassa de cale areia, estuque e azulejo. Os pisoseram na sua maioria de ladrilho ce-râmico, mas também soalho de ma-deira, mosaico, cimento ou mesmoterra batida, havendo ainda um exem-plo de calçada de seixos. Ao nível dos

der anteriores reconstruções e remo-delações, dando especial atençãoaos diferentes tipos de aparelhosutilizados. Numa segunda fase, pro-cedeu-se à abertura de 12 sonda-gens de diagnóstico ao nível do sub-solo, que procuraram o esclareci-mento de dúvidas levantadas aquan-do da leitura parietal, bem como oesclarecimento da possível existênciade estruturas, ou outros indícios, deépocas anteriores à construção dosedifícios hoje existentes. As sonda-gens parietais permitiram analisarestrutural e evolutivamente os dife-rentes corpos que constituem o quar-teirão; já as sondagens no subsolo le-varam à identificação de vários ele-mentos estruturais pré-existentes.

Intervenção Arqueológicana Rua do Jardim, Lagos

Fig. 1 – Alçado principal

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Fig. 2 – Vista geral do edifício principal e jardim

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tectos, surgiram abóbadas e tectosfalsos. Quanto aos telhados e beira-dos, detectaram-se diversos tipos:telha de canudo com travamento devaladio ou mouriscado e telha emaba e canudo com travamento porencaixe, ambos com telhão nos limi-tes das águas; e beirados em corni-ja ou sub-beira dupla. Há aindadestacar os elementos decorativos,quase exclusivamente relacionados

com o corpo principal do edifício:fingidos em gesso (colunas, capitéis,arcos) e sancas trabalhadas (emmadeira e gesso).A grande maioria das paredes queconstituem os pisos inferiores, querdo corpo da casa principal, quer doscorpos anexos, encontra-se construí-da em alvenaria de pedra arbitrária,unida por argamassa de consistên-cia média ou compacta. Distinto é oaparelho construtivo dos edifíciosdo canto Noroeste do quarteirão, deparedes em taipa com revestimentode pedra ou argamassa. As paredesdivisórias dos edifícios anexos en-contram-se construídas em tijolo outabique, já que se limitam à divisãodos espaços internos, não tendo desuportar o peso quer do telhado,quer de pisos superiores. As pare-des dos pisos superiores da casaprincipal caracterizam-se por seremquase todas construídas em taipa.As paredes divisórias, mais leves efinas, são construídas em tabique outijolo (as mais recentes), descarre-gando directamente sobre o soalhoe não sobre qualquer parede mestra.Em termos evolutivos, com o decur-so dos trabalhos e aplicando os mé-

RAQUEL SANTOS, TIAGO FONTES, PAULO REBELO,NUNO NETO,Arqueólogos,Neoépica, Ld.ª

todos da leitura estratigráfica e aná-lise paramental, foi possível perce-ber que a casa senhorial, construídano pós-terramoto, terá, provavel-mente, seguido a traça anterior, umavez que se nota uma planta típica doséc. XVII, com a existência de espaçosnobres, zona de serviço, armazéns,cisterna, torre e jardim. A estes es-paços foram posteriormente adossa-das outras dependências, ultima-mente ocupadas por diversas famí-lias. Todo este conjunto, devido à pre-cariedade do aparelho construtivo,terá sido alvo de constante manu-tenção e de sucessivas remodelaçõesaté às últimas décadas do século XX.Ao nível do subsolo, foram detecta-dos nas sondagens efectuadas trêssilos, cujo momento de abandonoterá sido nos séculos XIV/XV. Asso-ciados ou cobrindo estas estruturassurgiram pisos, geralmente realiza-dos em argamassa e terra batida,bem como estruturas directamenteimplantadas sobre o substrato ro-choso e claramente anteriores à cons-trução da casa senhorial.

ESTUDO DE CASOTema de Capa

Fig. 5 – Análise evolutiva de uma das dependên-cias do edifício, sendo visível o acrescento de umaparede de alvenaria sobre uma parede em taipaque suportava um antigo telhado

Fig. 4 – Tipos de aparelho construtivo identificados. Da esquerda para a direita e de cima para baixo:tijoleira disposta verticalmente; alvenaria de pedra; alvenaria de tijolo; tabique com enchimento de pedrae terra; taipa; taipa e tabique com enchimento de pedra e argamassa; tabique com ripado de canas

Fig. 3 – Análise de cantarias - levantamento grá-fico e fotográfico

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PROJECTOS & ESTALEIROS

INTRODUÇÃOO estudo em título, de Junho de2005, foi cometido à Oz, Ld.ª pelaSanta Casa da Misericórdia de Faro.Visou a definição duma estratégiade intervenção, de forma sustenta-da, conforme recomendações doparecer elaborado pela Divisão doCentro Histórico da Câmara Mu-nicipal de Faro sobre o estado deconservação do edifício, que sofreuum agravamento acelerado na se-quência da intervenção, levada acabo em 1997, que consistiu na subs-tituição generalizada dos materiaisde revestimento por argamassas debase cimentícia.

METODOLOGIA UTILIZADAPesquisa histórica e informaçãotransmitidaFoi efectuada uma breve pesquisasobre a historicidade do monumen-to, através do Inventário do Patri-mónio Arquitectónico, disponívelno site da extinta Direcção Geral dosEdifícios e Monumentos Nacionais(fig. 1).InspecçãoA inspecção do edifício (figs. 1, 2 e3) foi levada a cabo, fundamental-mente, através de exame visual,tendo em vista, por um lado, a ca-racterização construtiva e, por ou-tro, o registo das origens, sintomas enatureza das anomalias (caracteri-zação e identificação).Ensaios não destrutivos in-situPara melhor caracterização estru-tural ou construtiva e das anoma-lias, realizaram-se alguns ensaios

tamentos diferenciais das fun-dações, cujo estado de actividade sedesconhece.Das anomalias de natureza nãoestrutural, destaca-se, pela sua se-veridade e extensão, a deterioraçãogeneralizada dos materiais de re-vestimento das paredes e tectos,condicionando a normal utilizaçãoda igreja. Destacam-se as manchasextensas de empolamento da cama-da de pintura, nalguns casos, comeflorescências a diferentes níveis eas lacunas, igualmente extensas,acompanhadas pela desagregaçãoprofunda das argamassas de reves-timento.Os elementos de pedra calcária daspilastras e dos arcos apresentam di-versas manchas de humidade exces-siva, nalguns casos com sinais deeflorescências salinas e deposiçãodo pó branco nas juntas horizontaisdos blocos. Em muitos casos, os ele-mentos pétreos apresentam sinaisde desagregação superficial, comperda de material.

não destrutivos simples, nomeada-mente medições da abertura de fis-suras com régua específica, medi-ções expeditas de desaprumos apa-rentes, medições termo-higrométri-cas (fig. 4), medições qualitativas dahumidade superficial das paredes(fig. 5), realização de observaçõesboroscópicas através das descon-tinuidades existentes nas paredes eensaios de percussão para detecçãode descontinuidades superficiais.Face à técnica usada na mediçãoqualitativa da humidade superfi-cial, relacionada com a variação daresistência eléctrica do material, osresultados devem ser entendidoscom algumas reservas, dado que apresença de sais (boa condutibi-lidade eléctrica) tem influência nosresultados das medições.

CONCLUSÕESO edifício da igreja, construído em1583, sofreu algumas intervençõesestruturais importantes na sequên-cia de sismos, em particular os de1755 e de 1856. Desde muito cedo(referência a 1685), foram identifi-cadas anomalias relacionadas com apresença de sais nos elementos daconstrução. Das observações efectuadas no inte-rior da igreja, assinala-se a presençade anomalias de índole estrutural,nomeadamente fissuras nos espaçosdo piso superior e desaprumos daspilastras do coro-alto, que indiciama ocorrência de movimentos impor-tantes, eventualmente relacionadoscom acções sísmicas, ou com assen-

Estudo preliminar sobre as anomaliasexistentes no edifício da igreja

da Misericórdia de FaroDefinição de uma estratégia

de intervenção adequada

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 200730

Fig. 1 – Coro alto, sub-coro, ângulo Sudoeste ebraço Sul da Igreja. Assinalam-se as muitasmanchas extensas de deterioração dos materiaisde revestimentos das paredes e tectos

DG

EMN

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A sintomatologia evidenciada pelaconstrução aponta como origemdas anomalias de índole não estru-tural a humidade excessiva asso-ciada a fenómenos de higroscopi-cidade de sais, provenientes doterreno e dos materiais de base ci-mentícia. A causa principal, maisprovável, residirá na humidade doterreno, supostamente contamina-da com sais solúveis, que ascendenas paredes e colunas do edifício.Apontam-se, ainda, outras fontesde humidade possíveis, nomea-damente, condensações e infiltra-ções fortuitas através da cobertura.

RECOMENDAÇÕES PARA APRO-FUNDAMENTO DO DIAGNÓSTICOPara o esclarecimento das dúvidassobre a actividade das anomalias denatureza estrutural recomendou-sea realização duma monitoragem daabertura das fissuras durante umperíodo suficientemente longo.Para confirmar e complementar odiagnóstico preliminar sobre asanomalias relacionadas com a hu-midade excessiva e com fenóme-nos de higroscopicidade recomen-dou-se, também, a realização de en-saios não destrutivos ou reduzida-mente intrusivos. Basicamente, im-porta avaliar a natureza e concen-tração dos sais solúveis em zonasafectadas e não afectadas a diferen-tes alturas e a diferentes profundi-dades da secção das paredes e dasabóbadas, juntamente com o teorde humidade, de modo a confir-mar a ascenção capilar e a conta-minação por sais.Importa, também, avaliar a varia-ção da temperatura e a da humi-dade relativa a ambientes no inte-rior e no exterior do edifício ao lon-go de um intervalo de tempo sufi-cientemente representativo e avali-ar, também, a distribuição das tem-peraturas superficiais, por exem-plo, através de imagens termográ-ficas. Complementarmente, con-vém, ainda, avaliar a adequabili-dade das condições de impermeabi-lização e drenagem da cobertura.

MEDIDAS CORRECTIVASPOSSÍVEISPara a redução da ascensão dahumidade por capilaridade nas pa-redes podem adoptar-se várias so-luções, devendo atender-se à intru-sividade e à eficácia esperadas. Umasolução, aparentemente eficaz, masintrusiva, consiste na introdução devalas drenantes, com ou sem mate-rial de enchimento, junto das pare-des exteriores, com o objectivo decaptar parte da humidade do ter-reno que ascende através das pare-des. Tendo-se em conta a arqueolo-gia do local, na restante área interiordo edifício poderia ser introduzidauma rede de drenagem, com o mes-mo princípio das valas drenantes,colectando-se a água captada para a

CARLOS MESQUITA,Engenheiro Civil,Oz, Ld.ª

rede pública de águas pluviais. Ou-tras soluções possíveis, provavel-mente menos eficazes, consistem naintrodução de barreiras estanquesou impermeabilizantes.Face à susceptibilidade da construçãoquanto à humidade excessiva, as ar-gamassas de revestimento de base ci-mentícia não são adequadas pelosmotivos conhecidos. As argamassascom ligante de cal, eventualmentemisturada com ligante hidráulico,com reduzido teor salino, são materi-ais com melhor comportamento empresença de sais.

Fig. 2 – Coro alto. Pormenor da parede defachada evidenciando a presença de eflo-rescências

PROJECTOS & ESTALEIROS

Fig. 3 – Anexo da capela-mor. Deposiçãoda areia do reboco devido a desagregaçãointensa

Fig. 4 – Medição da temperatura e humi-dade relativa ambiente

Fig. 5 – Sub-coro. Medição da humidadesuperficial na base do guarda-vento demadeira, indicando superfície muitohúmida

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PROJECTOS & ESTALEIROS

INTRODUÇÃOA localidade do Livramento, noconcelho de Mafra, encerra em sihistórias e tradições religiosas im-portantes, com especial significadopara as populações locais.Nesse contexto de tradição religio-sa, a localidade do Livramento re-cebe no ano de 2007 um dos eventosreligiosos de maior significado paraa população – a chegada da imagemde N.ª Sr.ª da Nazaré, a qual, portradição, permanecerá durante umano no Livramento.Tratando-se de um acontecimentoque apenas se repete de 17 em 17anos, em cada uma das 17 localida-des vizinhas, tem merecido especi-ais atenções na sua preparação.Nesse âmbito, por iniciativa conjun-ta da Junta de Freguesia da Azueirae da Paróquia local, desencadeou-seum conjunto de tarefas de conser-vação e restauro na Igreja do Li-vramento.A intervenção de restauro foi lidera-da pela Monumenta, Ld.ª, tendocomo objectivo central a consoli-dação e restauro de pintura decora-tiva executada a fresco sobre es-tuque, com acabamento a seco, emparedes e tectos da Capela-Mor.

3. Aplicação e nivelamento de ma-terial de preenchimento em fissuras,orifícios e lacunas existentes no es-tuque (fig. 1);4. Fixação da película cromática pul-verolenta;5. Limpeza geral das superfícies;6. Reintegração cromática, de acor-do com o original (figs. 2 e 3).

DIAGNÓSTICO E ESTADO DECONSERVAÇÃO DOS ELEMENTOSAs patologias detectadas nas pare-des e tectos da Capela-Mor resulta-ram essencialmente de deficiênciasno comportamento da estrutura erevestimentos da cobertura, nomea-damente devido a fenómenos defluência natural das madeiras apli-cadas como suporte e de insuficiên-cias notórias ao nível da capacidadede drenagem das águas pluviais ede estanquicidade dos vãos existen-tes nas paredes exteriores. Essas fragilidades traduziram-se so-bretudo no destacamento dos estu-ques do suporte, causado por lava-gem e adulteração do material deaderência – reboco. Também se de-tectaram fendas de origem estrutu-ral no alinhamento de fecho da abó-bada e nas zonas próximas dos vãos.A pintura mural evidenciava depó-sitos de sujidade e poeiras; manchasprovocadas pela humidade e trans-porte de sais para as superfícies, fis-suração (com maior densidade jun-to dos vãos exteriores), bolsas de es-tuque não aderente; zonas em desta-camento e lacunas na película cro-mática.

METODOLOGIADE INTERVENÇÃOPara o restauro dos estuques emparedes e tectos da Capela-Mor,preconizou-se a seguinte metodolo-gia:1. Consolidação de bolsas e zonasem destaque, por meio de injecçõescontroladas, incluindo perfuraçãotransversal selectiva prévia; 2. Remoção de pregos e outros ele-mentos não pertencentes à soluçãooriginal;

Igreja do LivramentoO restauro desejado da Capela-Mor

Fig. 1 – Colmatação de lacunas e preenchimentode fendas existentes (antes da intervenção)

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 200732

LUÍS PEDRO MATEUS,Eng.º Civil, Mestre em Construção,Monumenta, Ld.ª

Fig. 2 – Vista geral da zona de fecho da abóbada,após conclusão da intervenção

Fig. 3 – Pormenor da fase de reintegraçãocromática em abóbadas

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LÁ FORA

Com a presença de participantes decerca de vinte países, o simpósio te-ve como tema principal a arquitec-tura posterior à segunda guerramundial e decorreu no Illinois Ins-titute of Technology (IIT), situadonos subúrbios sul de Chicago.O primeiro dia foi dedicado ao sim-pósio propriamente dito, constituídopor vários painéis de especialistasamericanos e internacionais sobre osvários tópicos em que o seu tema cen-tral se desdobrou. As sessões decor-reram no McCormick Tribune Cam-pus Center1, um edifício notável,construído recentemente com dinhei-ro de doadores privados, e parcial-mente encaixado sob a linha verde dometropolitano de Chicago.O segundo dia foi dedicado a visi-tas. Da parte da manhã ao que sepoderia chamar o "centro histórico"de Chicago. Falar em "centro histó-rico" no caso de Chicago soa umpouco estranho para quem vem dovelho continente, porque o que lá seencontra é uma profusão de "arra-nha-céus". Mas, neste caso, o valorenquanto património arquitectónicoreside precisamente nalguns dessesedifícios construídos na zona cen-tral da cidade antiga, ou "Loop"2,onde todos os grandes empresáriosqueriam ter os seus edifícios deprestígio ou, pelo, menos, os seusescritórios centrais. A visita deteve--se nalguns desses históricos "arra-nha-céus" como o Marquette3 (figs.1 a 3) concluído nos fins do séculoXIX, o Chicago Board of Trade (fig.

mente inundada pelas águas do rioFox, dada a sua localização no leitode cheia, a casa encontra-se restau-rada ao esplendor minimalista idea-lizado pelo seu criador, para deleitedos muitos visitantes que a procu-ram.De volta aos arredores de Chicago, aexcursão terminou com um concer-to de jazz, pela banda de MarleneRosenberg, no Unity Temple4, umadas obras mais conhecidas de FrankLloyd Wright. O terceiro e último dia foi dedicadoa reuniões, que decorreram no re-cém-restaurado, elegantíssimo ehistórico "Crown Hall", tambémdesenhado por Mies van der Rohe(figs. 9 e 10). Elegantíssimo e histó-rico será, sem dúvida, mas o desem-penho energético deixa muito a de-sejar: as paredes, apesar de total-mente de vidro, não asseguram con-dições de iluminação natural, o queobriga a ter as luzes acesas todo odia, e devem estar longe de assegu-rar adequadas condições de isola-mento, o que obriga a uma potentís-sima (presume-se) instalação de cli-matização. Durante o dia em quedecorreram as reuniões os delega-dos tiritaram de frio e houve quemfosse à rua comprar um agasalho!Isto no limiar do Verão. A questãolateral do generalizado esbanjamen-to de energia foi, aliás, uma dasmais comentadas pelos visitanteseuropeus: num dos hotéis utiliza-dos, por exemplo, o salão principal,arrefecido pelo sistema ar condicio-

4) e o edifício Field, dos anos 30, etambém noutros edifícios maisrecentes mas não menos históricos,como os que constituem o DaleyCenter com a sua fachada castanha ea enorme escultura de Picasso, tudoem aço Cor-Ten (fig. 5) e o FederalCenter (fig. 6), construídos já nos anos60 e 70.Da parte da tarde foi visitada a casade Farnsworth (figs. 7 e 8), dese-nhada ao mais ínfimo detalhe porMies van der Rohe (tal como o Fe-deral Center) e construída sob a suasupervisão directa no fim dos anos40, numa propriedade perto da lo-calidade de Plano, não muito longede Chicago. Apesar de frequente-

Arquitectura Modernaem Simpósio

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Fig. 1 – Edifício "Marquette", um dos mais anti-gos edifícios históricos de Chicago (reproduzido dofolheto distribuído aos visitantes)

De 21 a 23 de Junho decorreu, em Chicago, o simpósio internacional "Identification, Advocacy, andProtection of Post-World War II Heritage", em articulação com reuniões de trabalho de duas comis-sões especializadas do ICOMOS: uma dedicada ao património arquitectónico do século XX, aISC20C, e outra às questões de engenharia estrutural, o ISCARSAH.

ENCONTRO EM CHICAGO V3.QXD 03-11-2007 10:33 Page 1

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nado, tem simultaneamente duasgrandes lareiras (verdadeiras) ace-sas vinte e quatro horas por dia!As reuniões do último dia envolve-ram as duas comissões científicas in-ternacionais do ICOMOS, a ISC20C, ea ISCARSAH. Nesta última, a que osignatário pertence, além dos assun-tos de rotina e do relatório do presi-dente, Prof. Pere Roca, de Barcelo-na, a agenda incidiu sobre as regrasde admissão de novos membros,

preparação da Assembleia Geral doICOMOS de 2008 e proposta de acti-vidades para o futuro próximo. Daparte da manhã, as duas comissõesreuniram separadamente e, da parteda tarde, interagiram numa reuniãoplenária. A organização do simpósio e dasreuniões esteve a cargo dos arqui-tectos Gunny Harboe e StephenKelley, do corpo docente do Colégiode Arquitectura do IIT.

VÍTOR CÓIAS,Engenheiro Civil,Oz, Ld.ª

NOTAS(1) Ver em http://en.wikipedia.org/wiki/McCor-mick_Tribune_Campus_Center.(2) A zona circunscrita pelo anel central do metro-politano elevado de Chicago.(3) Ver os vários edifícios em http://www.ci.chi.-il.us/Landmarks.(4) Ver em http://www.unitytemple-utrf.org/ex-plore.html.

LÁ FORA

Fig. 2 – Edifício "Marquette" – Entrada principal nn Fig. 3 – Idem, vestíbulo nn Fig. 4 – Câmarade Comércio de Chicago – Vestíbulo nn Fig. 5 – Edifício Daley Center, com a sua escultura dePicasso, ambos de aço Cor-Ten nn Fig. 6 – O Centro Federal, com o seu "Flamingo" nn Fig. 7 –Casa Farnsworth nn Fig. 8 – Casa Farnsworth - As sucessivas inundações e o ambiente húmi-do não perdoam nn Fig. 9 – Reunião do ISCARSAH, no Crown Center. O frio era “de rachar” eo ar condicionado não se conseguia regular nn Fig. 10 – O Crown Center de Mies van derRohe, e a "foto de família" de uma das comissões

Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4

Fig. 6 Fig. 7

Fig. 8 Fig. 9 Fig. 10

Fig. 5

ENCONTRO EM CHICAGO V3.QXD 04-11-2007 23:59 Page 2

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AS LEIS DO PATRIMÓNIO

O Código da Contratação Pública (deagora em diante CCP) foi aprovadoem Conselho de Ministros no passa-do dia 21 de Setembro. Está previstoentrar em vigor a 01 de Janeiro de2008. A partir dessa data, a contratação debens e serviços, incluindo, emprei-tadas, pelo Estado e por quaisquerpessoas públicas ou privadas, nestecaso, desde que tenham como objectoa satisfação do interesse público, obe-decerá a novas regras e a novos pro-cedimentos.São desta forma revogados os De-cretos-Lei n.ºs 59/99, de 02.03 e197/99, de 08.06 que regularam (ain-da regulam) durante quase uma dé-cada a contratação de empreitadas deobras públicas e a aquisição de bensmóveis e serviços pelo Estado. Enquanto se aguarda pelo texto queserá em definitivo publicado, nãoposso aqui deixar de me referir,desde já, a uma disposição que cons-ta do seu Projecto, a qual é, salvo me-lhor opinião, ofensiva dos princípiosda sã e leal concorrência e da igual-dade entre os concorrentes. Refiro--me ao artigo 64.º do projecto doCCP, sob a epígrafe "preço anormal-mente baixo" que dispõe da seguinteforma:"1 - Quando o preço base do procedi-mento for fixado no caderno deencargos, considera-se que o preçototal resultante de uma proposta éanormalmente baixo quando seja50% inferior àquele (…).3 - Nenhuma proposta pode ser ex-cluída com fundamento no facto dedela constar um preço total normal-mente baixo sem antes ter solicitadoao respectivo concorrente, por es-crito, que, em prazo adequado, presteesclarecimentos sobre os elementosconstitutivos da proposta que con-sidere relevantes para esse efeito.

rá estar a referir ao emprego de mão--de-obra "low cost" (não qualificada),ou, mesmo gratuita (v.g. alunos uni-versitários), ou, à prestação de servi-ços com recurso a equipamentospúblicos comprados com os impostoscobrados aos outros concorrentes.Assim como, não se deverá estar areferir à apresentação de preço anor-malmente baixo à custa da segurançaou do ambiente…Com base no disposto na alínea e), aentidade adjudicante poderá preteriros concorrentes que pagam os seusimpostos em detrimento de um con-corrente que apresenta um preçoanormalmente baixo, por receber umauxílio do Estado. O que o preceitotem de incompreensível é que, nestecaso, o auxílio distorce a concorrênciae a igualdade entre os concorrentes,princípios que uma disposição comoo art.º 64.º visa salvaguardar. Depois,também ficámos a saber que o Estadoconcede auxílios que não são legais,pois, apenas serão de levar em contapela entidade adjudicante para justi-ficar o preço anormalmente baixo os"auxílios legalmente concedidos".

4 - Na análise dos esclarecimentosprestados pelo concorrente, podetomar-se em consideração justifica-ções inerentes, consoante o caso:a) À economia do processo de cons-trução, de fabrico ou de prestação doserviço;b) Às soluções técnicas ou às con-dições excepcionalmente favoráveisque o concorrente comprovadamentedisponha para a execução da pres-tação objecto do contrato a celebrar;c) À originalidade da obra, dos bensou dos serviços propostos;d) Às especificas condições de traba-lho de que beneficia o concorrente;e) À possibilidade de obtenção de umauxílio de Estado pelo concorrente,desde que legalmente concedido.".No n.º 1 do art.º 64.º, o legislador con-fessa a sua total ausência de confian-ça nas entidades adjudicantes (elepróprio) para estabelecer preços base.Daí os 50% de diferença relativamen-te ao preço base. Apraz dizer que,assim sendo, talvez valesse a penainvestir de forma mais séria no pro-jecto/concepção da obra.O n.º 3 mantém o que é óbvio e jáexiste no actual regime: a necessida-de da administração pública funda-mentar por escrito ao concorrente osmotivos pelos quais o pretende ex-cluir, dando-lhe o contraditório emsede de audiência prévia.O contido nas alíneas a), b) e c) donúmero quatro percebe-se e é deaplaudir. Já o mesmo não se podedizer do estipulado nas alíneas d) ee). Efectivamente, deverá o legisladorexplicar aos operadores económicoso que são "específicas condições detrabalho de que beneficia o concor-rente". Dado que, não se vê que nãoestejam abrangidas pela alínea a), téc-nicas ou metodologias de trabalhoespeciais, ao que se estará a referir olegislador na alínea d)? Não se deve-

O Preço Anormalmente BaixoNo Projecto do Código

da Contratação Pública

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A. JAIME MARTINS,Docente UniversitárioAdvogado-sócio de ATMJ – Sociedade deAdvogados; [email protected]

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Quanto às acções de formação exter-nas realizadas no primeiro semestrede 2007, destaca-se o Ciclo deAcções de Formação em Reabi-litação de Estruturas, que decorreuna Ordem dos Engenheiros entreFevereiro e Maio, com uma grandeprocura por parte do público-alvo aque se destinava: engenheiros, ar-quitectos e profissionais ligados àárea da reabilitação. Procurando dar resposta a uma ne-cessidade cada vez mais sentida pe-lo mercado de construção, no senti-do de se habilitarem quadros técni-cos a dirigir actividades no segmen-to da reabilitação construtiva e es-trutural, quer de construções re-centes, quer de construções antigase até mesmo de conservação e res-tauro do Património Arquitectóni-

co, toda a formação ministrada noâmbito do Projecto formativo Ur-banatur tem como lema: "Quem faz,ensina". Todos os formadores pos-suem uma vasta experiência profis-sional nos temas que leccionam. No que concerne às acções de for-mação internas realizadas no pri-meiro semestre deste ano, salien-tam-se duas acções de formação,com a duração de 36 horas cada,destinadas ao público-alvo dos en-carregados e responsáveis de obrado Grupo Stap (nomeadamente, dasempresas Stap e Monumenta), su-bordinadas aos temas da Gestão deObras de Reabilitação Construtiva eEstrutural e da Conservação e Res-tauro do Património Arquitectónicoe Reabilitação de Construções An-tigas.

MARCOS CÓIAS E SILVA,Direcção de Formação,Oz, Ld.ª

Ambas as acções tiveram uma partede formação genérica em comum,com as duas turmas a terem forma-ção em simultâneo. No entanto, aparte de formação específica de ca-da curso decorreu em datas diferen-tes, para as separadas turmas. A formação decorreu em instalaçõescom as melhores condições quantoao espaço, iluminação, temperaturaambiente, acústica e insonorização,tendo sido disponibilizada uma salacom 15 computadores para o temada Informática de Gestão da Obra.As competências adquiridas pelosformandos foram avaliadas atravésda realização de testes escritos.

Aspectos das acções de formação. Ao centro, o módulo de informática de gestão de obras

NOTÍCIA

Acções de formação profissionalGestão de obras

de reabilitação construtivae estrutural

A OZ, Ld.ª tem promovido, desenvolvido e executado várias acções de formação, tanto a nívelinterno, como a nível externo, enquadrando-se no âmbito da Acreditação como entidade formado-ra pelo IQF (Instituto para a Qualidade na Formação, I.P.), que mantém desde Agosto de 2005.

NOTICIA OZ V3.QXD 03-11-2007 10:54 Page 1

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ção. Visa-se, com esta iniciativa, des-tacar, nos vários sectores da economiado País, as PME com os melhores indi-cadores económico-financeiros e comestratégias de crescimento em curso.A Stap orgulha-se de ter sido selec-cionada, em Julho de 2007, para aatribuição do estatuto PME Líder.

NOTÍCIAS

Efeito de estufa - processo através do qualparte da energia recebida do Sol não é irra-diada de volta para o espaço, ficando retidapela atmosfera terrestre

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 200738

Numa iniciativa do IAPMEI e dos cin-co maiores bancos nacionais foi criadoo estatuto PME Líder, uma qualifi-cação destinada a "sinalizar as empre-sas motoras do crescimento econó-mico", segundo o IAPMEI. Além doselo PME Líder, o estatuto confere umconjunto de benefícios financeiros e

O Acordo de Protecção do Climados Autarcas Americanos foi assina-do por mais de 300 "mayors" (presi-dentes de câmara) dos E.U.A., obri-gando-se a cumprir o Protocolo deQuioto, não ratificado pelo governoamericano. Assumem, assim, ocompromisso de reduzir, até 2012,as emissões de gases de efeito deestufa (GEE) em 7 por cento relati-vamente aos níveis de 1990. Noutrainiciativa, as cidades de Nova Ior-que, Los Angeles, Chicago, S. Fran-cisco e Filadélfia juntaram-se a 19das maiores cidades do mundo,assinando, em Agosto do ano passa-do, a Iniciativa Clinton para o Cli-ma, de 2005, que visa estabelecer asbases para a redução das emissões epartilhar recursos a aplicar na re-dução dos consumos de energia.Em Janeiro deste ano foi emitidauma ordem executiva do presidenteBush obrigando as agências federaisa reduzir os consumos de energiaem 3 por cento ao ano, até 2015. NosE.U.A., os edifícios são responsáveispor cerca de metade das emissõesde gases de efeito de estufa, e é so-bre eles que vai incidir grande partedo esforço de redução. Em Portugal, apesar das diferençasno clima, no PIB, e nos hábitos deconsumo, a energia gasta nos edifí-cios representa já cerca de 30 porcento da energia final e tem vindo aaumentar, sobretudo por causa davulgarização da climatização. Atransposição para a legislação por-

tuguesa da directiva n.º 2002/91/CE,que cria o sistema de certificaçãoenergética, contribuirá, num futuropróximo, para corrigir esta tendên-cia. Como, no nosso país, o parqueedificado já é excedentário, o es-forço de redução do consumo deenergia deverá traduzir-se na me-lhoria do desempenho energéticodos edifícios existentes, ou seja, dasua reabilitação energética. Nessesentido, é muito importante o pa-pel que podem desempenhar asautarquias, tal como acontece nosE.U.A..Portugal ratificou o Protocolo deQuioto e assumiu o compromissode não ultrapassar um aumento de27 por cento nas suas emissões deGEE no período de 2008-2012, rela-tivamente aos níveis de 1990. Noentanto, aquela percentagem foi hámuito ultrapassada. Em 2005, asemissões de GEE de Portugal es-tavam já 45 por cento acima dosníveis de 1990.

Stap seleccionada para PME Líder

também condições preferenciais juntodas empresas de 'rating', consultoras eagentes do sistema nacional de inova-

Autarquias, edifíciose efeito de estufa

MestradoErasmus Mundusno Minho

A universidade do Minho, em cola-boração com a Universidade Poli-técnica da Catalunha (Barcelona), aUniversidade de Pádua e a Univer-sidade Técnica de Praga, vão ofere-cer um Mestrado sobre a AnáliseEstrutural de Monumentos e Cons-truções Antigas, com início em Ou-tubro de 2007.Os Mestrados Erasmus Mundus re-presentam uma forma de responderaos desafios que o ensino superioreuropeu, tornando a Europa na re-gião mais competitiva do mundo.Estes mestrados são uma referênciana educação de elevada qualidade,sendo classificados pela ComissãoEuropeia como excepcionais.O Mestrado possui a duração de 12meses, dirigindo-se a engenheiros ci-vis com uma formação de 5 anos. Operíodo de candidatura para obten-ção de uma bolsa do consórcio de-corre até 31 de Maio, decorrendo asrestantes candidaturas até 14 de Se-tembro.Para qualquer esclarecimento pode-rá ser contactado o Secretariado doMestrado, através do telefone (253510 498), fax (253 510 217), email([email protected]) ou portal(http://www.msc-sahc.org/).

NOTICIAS V3.QXD 03-11-2007 10:41 Page 1

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Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 2007 39

Ao longo dos seus 25 anos deexistência, a DBF, Ld.ª atingiu umgrau de qualidade e proficiência ini-gualáveis, apresentando-se com amarca registada LENA® argamas-sas no mercado dos Cimentos Cola eArgamassas.Pioneira na Certificação de Ci-mentos Cola, adquiriu a experiên-cia e a técnica necessárias para, deforma personalizada e altamentequalificada, responder a um mer-cado cada vez mais exigente. Des-te modo, a DBF, Ld.ª coloca aindaà disposição sistemas de silos,permitindo a utilização de arga-massas em granel.A DBF, Ld.ª é sócia-fundadora daAPFAC - Associação Portuguesade Fabricantes de Argamassas deConstrução, colaborando para obom relacionamento entre osassociados, de forma a conjunta-mente promover as argamassasindustriais.

DEPARTAMENTO DE INVESTIGA-ÇÃO E DESENVOLVIMENTODotada da mais recente tecnologia,

a empresa possui ainda um Labo-ratório de Controlo de Qualidade.Argamassas e Cimentos Cola sãofabricados sob a marca registadaLENA® argamassas e certificadoscom a marca CERTIF, que atesta aautenticidade e conformidade dosprodutos relativamente aos requisi-tos exigidos. Toda a matéria-primaseleccionada e todos os produtosacabados em fábrica são sujeitos aum controlo diário e permanente. Asua homogeneidade e conformida-de em relação às fichas técnicas sãoassim garantidas.

VASTA GAMA DE ARGAMASSASTÉCNICASSempre atenta às exigências do mer-cado, a DBF, Ld.ª não se escusou a in-vestimentos. Efectivamente, essa foi aopção que lhe permitiu alargar a ofer-ta de argamassas no mercado portu-

NOTÍCIAS

Diamantino Brás Franco, Ld.ª

25 anos com o objectivo de o servir melhor!guês e estrangeiro e disponibilizarnovos produtos e sistemas constru-tivos, argamassas técnicas por medi-da, novas soluções de revestimento,colagens e reabilitação. Esta foi tam-bém a forma mais eficaz que a em-presa encontrou para inovar e ren-tabilizar os negócios de cada cliente.

EQUIPA TÉCNICO-COMERCIALA DBF, Ld.ª dispõe de uma equipatécnico-comercial que apoia e acom-panha os clientes na prática da uti-lização dos produtos LENA® arga-massas. Esta equipa tem por funçãoprestar apoio e apresentar as soluçõesadequadas à especialidade de cadaprojecto.Para conhecer mais em detalhe osprodutos que temos à sua disposiçãoe as potencialidades que eles ofere-cem, convidamo-lo a consultar oportfólio elaborado expressamente apensar em si e nas suas necessidades,e onde encontrará respostas e suges-tões para as múltiplas aplicações quelhe proporcionam os nossos produ-tos e que irão, certamente simplificare inovar o seu trabalho.

Seminário internacional"Development of innovative anti-seismic systems in the frameworkof the Lessloss and other researchprojects" foi o tema do SeminárioInternacional, que se realizou nopassado dia 30 de Outubro, nasinstalações do LNEC.O Seminário reuniu especialistas na-cionais e europeus em engenhariasísmica e proporcionou uma oportu-nidade para o intercâmbio de conhe-cimentos e experiência sobre os no-vos sistemas de isolamento sísmico.Este Seminário apresentou tambémo projecto LessLoss que reuniu di-versos investigadores e especialistasde mais de quarenta e seis organiza-ções europeias com o objectivo detransferir tecnologia para as partes

interessadas como forma de conse-guir uma efectiva redução dos ris-cos sísmicos na União Europeia.

Informações:Sítio: www.stap.pt

Apresentação da Sessão 1 presidida pelo Eng.º Campos Costa (LNEC) e pelo Prof. Rui Pinho(Universidade de Pavia)

NOTICIAS V3.QXD 03-11-2007 10:42 Page 2

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AGENDA

A Universidade de Coimbra, através do Departamentode Engenharia Civil, acolhe e organiza o CongressoNacional da Construção – 2007, evento que adquiriu já oseu espaço próprio no contexto da troca de experiências,divulgação da investigação e reflexão sobre os semprecrescentes desafios do sector da construção em Portugal.Este congresso, de âmbito nacional, vai debater temas co-mo: Sustentabilidade na construção; Fisíca das constru-ções; Patologia e reabilitação; Instalações; Tecnologias dasconstruções; Gestão de informação na construção;Qualidade na construção; A construção em 2057; Obras eSegurança, higiene e saúde na construção.A Universidade de Coimbra prepara, desde 2005, uma

candidatura a Património Mundial da UNESCO, o quenão deixará de ser mais uma interpelação e motivo deinteresse para todos os participantes.O evento vai realizar-se entre 17 e 19 de Dezembro de2007, no Departamento de Engenharia Civil – FCT daUniversidade de Coimbra, no Pólo II da Universidade,sendo a sua comissão executiva constituída por AntónioTadeu, da FCTUC, Vitor Abrantes, da FEUP e FernandoBranco do IST.Informações:http://www.itecons.uc.pt/construcao2007

Congresso Nacionalda Construção

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 200740

A Conferência sobre o Novo Código de ContrataçãoPública, promovida pela Oz – Diagnóstico, Levanta-mento e Controlo de Qualidade em Estruturas e Fun-dações, Ld.ª em colaboração com a ATMJ - Sociedade deAdvogados, terá lugar no dia 11 de Dezembro, pelas18.30h, na Ordem dos Engenheiros.Informações:www.oz-diagnostico.ptTel.: 213 563 371

Conferência sobre o novocódigo de contratação pública

Esta Conferência Internacional, a realizar no próximo dia22 de Novembro, no auditório do Alto dos Moinhos, temcomo principal objectivo a apresentação e divulgação decasos de boas práticas na melhoria do desempenhoenergético - ambiental às escalas regional e local.Na Sessão I desta conferência, será apresentado por LiviaTirone, Administradora-Delegada Lisboa E-Nova, o do-cumento final da Estratégia Energético - Ambiental paraLisboa, um instrumento essencial de planeamento egestão sustentável da cidade que identifica as oportu-nidades de intervenção, enquadrando as políticas adinamizar no sentido da prossecução das metas dedesempenho energético - ambiental estabelecidas paraLisboa.Os participantes vão ainda tomar conhecimento do pro-grama "Lisboa 2020: Uma Estratégia de Lisboa para aRegião de Lisboa" e conhecer "As Boas Práticas deDesenvolvimento Sustentável na Região de Lyon".Informaçõ[email protected]

Metas de DesempenhoEnergético-AmbientaisPolíticas e Práticasà Escala Regional e Local

No ano em que a Ordem dos Engenheiros - Região Centrocomemora 5 décadas de existência, todos os engenheirosportugueses são convidados a deslocar-se à cidade daFigueira da Foz, no Centro do País, para comemorar essadata e para participar no Dia Nacional do Engenheiro,marcado para 24 de Novembro. Como geralmente acontece, a recepção aos participantes éfeita no dia anterior. O Dia Nacional do Engenheiro é com-posto pela Assembleia Magna, onde serão apresentadas asactividades da Ordem desenvolvidas ao longo do ano ediscutidas as principais problemáticas que, em cadamomento, se colocam a esta Associação Profissional. Para a Sessão Solene está reservada uma homenagem aosmembros que completam 50 anos de inscrição na Ordem,a entrega dos prémios referentes aos melhores estágios decada especialidade de engenharia e a atribuição dos níveisde qualificação profissional de Membro Conselheiro,Membro Sénior e de Especialista.Informações:www.ordemengenheiros.pt/dne

Dia nacionaldos engenheiros

AGENDA V2.QXD 03-11-2007 10:58 Page 1

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Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 2007 41

A APFAC, Associação Portuguesados Fabricantes de Argamassas deConstrução, nasceu em 2001, do em-penhamento activo de várias em-presas fabricantes de Argamassas1. É associada da EMO, EuropeanMortar Industry Organization2,representando Portugal e partici-pando, desde 2002, nas suas Assem-bleias Gerais anuais. Em 2005, a APFAC, reconhecendo aimportância das Argamassas Fabrisna Construção e a existência de I&Dnas Empresas, Laboratórios e Esco-las, organizou o 1.º Congresso Na-cional de Argamassas de Cons-trução.Face à importância deste Congresso,decidiu-se a sua realização bienal.Assim, encontra-se em preparação a2.ª edição do Congresso3, a realizarem Lisboa, em 22 e 23 de Novembrode 2007, com um formato semelhan-te, embora mais ambicioso.Os objectivos do evento são:n reunir fabricantes, utilizadores, in-vestigadores, projectistas, prescrito-res e outros actores do sector de Ar-gamassas para debater as tendênci-as actuais e o desenvolvimento denovos produtos;n proporcionar à investigação portu-guesa (Escolas, Institutos e Empre-sas) a possibilidade de divulgar osseus trabalhos. A Reabilitação foieleita como Tema central do Con-gresso;

n trazer a Portugal especialistas deoutros países para promover a trocade experiências e de conhecimentos.Os temas para as Comunicações sãomuito abrangentes: 1. Arte e História das Argamassas.2. Especificação e selecção de Arga-massas no Projecto de Construções. 3. Fabrico de Argamassas, sua Apli-cação, Durabilidade e Desempenho.Contribuição para a Eficiência Ener-gética das Construções.4. Patologias de Argamassas: Identi-ficação, Causas, Reparação.5. Técnicas de Reabilitação e Con-servação de Construções envolven-do Argamassas.6. Qualidade em Argamassas: Certi-ficação, Normalização e Ensaios.O destaque atribuído à Reabilitaçãodecorre da importância que estaactividade começa a assumir emPortugal. O interesse provocado pelo 2.º Con-gresso pode ser apreciado pelo qua-dro I, que estabelece a comparação

CARLOS M. DUARTE,Presidente da APFACe Coordenador do Congresso

com o 1.º Congresso.Naturalmente, Portugal é o paíscom representação mais expressiva,seguindo-se o Brasil e a Espanha.Os oradores convidados são:n Vítor Cóias (Engenheiro Civil,GECoRPA);n Geoff Allen (Professor na Uni-versidade de Bristol, Reino Unido);n Tommy Bisgaard (Engenheiro,especialista da EMO);n Vanderley John (Professor na Uni-versidade de São Paulo, Brasil).Os oradores convidados, os autorese as suas comunicações permitem--nos antecipar um Congresso deelevado nível científico, que provo-cará muito entusiasmo no meioCientífico e Empresarial (fabrican-tes, projectistas, prescritores e cons-trutores).

BREVE RADIOGRAFIA DO SECTORDE ARGAMASSAS FABRISEm Portugal, em 2006, cerca de 30empresas produziram 1.4 milhõesde toneladas de Argamassas Secas ede Argamassas Estabilizadas (pron-tas a aplicar), de valor estimado aci-ma de 100 milhões de euros.A exportação é muito reduzida, ex-cedendo contudo a importação.Em 2006, os 15 associadas da APFACrepresentaram 71 e 82 por cento domercado (em toneladas e em Euros,respectivamente). Toda a informa-ção em www.apfac.pt.

Quadro I

DIVULGAÇÃOTema de Capa

2.º Congresso deArgamassas de Construção

Indicador 2007 2005Comunicações 64 44Número de autores e co-autores 160 109Número de entidades representadas 60 47Número de países representados 10 8

NOTAS (1) DBF (Lena Argamassas), Ciarga, Maxit, SecilMartingança e Weber.(2) www.euromortar.com.(3) Informação disponível em www.apfac.pt.

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O GECoRPA e a ARESPA vão rea-lizar o 1.º Encontro Ibérico das Em-presas de Conservação e Restaurodo Património Arquitectónico, su-bordinado ao tema "Sucessos e difi-culdades da prática da conservaçãoarquitectónica na península ibérica"a realizar no próximo dia 9 de No-vembro, no Auditório do MuseuNacional de Etnologia, em Lisboa.O presente encontro sobre a activi-dade empresarial na conservação erestauro do património arquitec-tónico na península ibérica, é umainiciativa conjunta da ARESPA(Asociación Española de Empresasde Restauración del Patrimonio His-tórico) e do GECoRPA (Grémio das

Empresas de Conservação e Res-tauro do Património Arquitectó-nico) e insere-se nas actividadescom que o GECoRPA assinala o seu10.º aniversário. O encontro propõe-se abordar, ge-nericamente, a problemática do sec-tor de actividade da conservação erestauro do património arquitec-tónico em Portugal e em Espanha,do ponto de vista das empresas ejustifica-se pela constatação das difi-culdades actualmente vividas nos

PARTICIPE!Envie-nos a sua opinião ou comentário para:

Rua Pedro Nunes, n.º 27,1.º Esq., 1050-170 Lisboa

ou via e-mail: [email protected]

dois países ibéricos, desde a redu-ção do investimento público no sec-tor até à concorrência desleal.Este encontro destina-se a empresári-os e decisores interessados no sectorde actividade da conservação e res-tauro do património arquitectónico,aos gestores e proprietários de edifíci-os históricos e outros bens culturaisimóveis e aos engenheiros, arquitectose outros técnicos envolvidos na con-cepção, planeamento, execução e fis-calização de intervenções de conser-vação do património arquitectónico.Pretende-se que, após esta primeiraedição, este encontro se passe a rea-lizar-se bianualmente, de forma al-ternada, em Portugal e em Espanha.

GECoRPA e ARESPA organizam

1.º Encontro Ibérico das Empresas de Conservaçãoe Restauro do Património Arquitectónico

Formação em reabilitaçãode estruturas

ficidade dosconhecimentosnecessários.A próxima ac-ção de forma-ção deste ci-clo vai realizar-se em 26 e 27 de No-vembro, sob o lema "Reabilitação deConstruções Antigas em Alvenaria eMadeira", tendo lugar nas instalaçõesda ESTIG, em Beja.A Oz é uma entidade acreditada peloIQF - Instituto para a Qualidade eFormação, tendo este ciclo de acçõesde formação contado com a parceriado GECoRPA e o apoio da empresaLança e Filho.

+ informações: Conceição Valente(sã[email protected])

A Oz, em colaboração com a ESTIG(Escola Superior de Tecnologia eGestão) do Instituto Politécnico deBeja, vai realizar um ciclo de acçõesde formação em Reabilitação de Es-truturas.Este ciclo de acções de formação tema coordenação de José Pina Hen-riques, da Oz e de Pedro Lança, daESTIG. Os objectivos gerais definidospassam por habilitar técnicos adstri-tos à área da engenharia e construçãocivil quanto à reparação e reforço deestruturas, quer recentes, em betãoarmado e pré-esforçado, quer antigasem alvenaria e madeira. Os temas dareabilitação revestem-se de particularimportância dada a necessidade cres-cente de técnicos com formação naárea da reabilitação, devido à especi-

Vai realizar-se, em data ainda aanunciar, o seminário "PatrimónioArquitectónico de Origem Portugue-sa em Marrocos - Contributos para asua Conservação", uma organizaçãoconjunta da Direcção do PatrimónioCultural do Ministério da Cultura deMarrocos, do IPPAR e do GECoRPA.O objectivo é promover uma refle-xão sobre a conservação deste pa-trimónio arquitectónico e apresentaros contributos que podem ser dadospelas empresas portuguesas destesector.

GECoRPA organizaSeminário em Marrocos

VIDA ASSOCIATIVA

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 200742

VIDA ASSOCIATIVA.QXD 05-11-2007 0:10 Page 1

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L N RIBEIRO.qxp 04-08-2007 2:39 Page 1

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SERVIÇOS AOS ASSOCIADOS

A TECNINVEST é uma empresa de con-sultoria e investigação em engenharia,planeamento e desenvolvimento, sedea-da em Lisboa, Portugal, que presta ser-viços profissionais nos seguintes do-mínios:Engenharia do Ambiente Diagnósticos e Auditorias Ambientais,Estudos de Impacte Ambiental, Análisede Riscos Industriais, Certificação Am-biental, Controlo de Poluição, Estudos deContaminação, Gestão de Resíduos Só-lidos, Tratamento de Águas Residuais;Projectos Industriais Estudos Técnicos e de Engenharia Base,Engenharia de Detalhe e de Execução,Licenciamento Industrial, Cadernos deEncargos e Avaliação de Propostas,Assistência Técnica à Execução;Gestão da Energia Auditorias Energéticas, Gestão da Ener-gia na Indústria e Serviços, Economia ePlaneamento da Energia;Finanças e Investimentos Projectos e Programas de Investimento,Project Finance, Avaliação de Empresas eNegócios;Gestão Global Planeamento Estratégico, Diagnósti-co/Auditoria de Gestão, Reengenhariae Reestruturação, Diversificação Empre-sarial, Fusões e Aquisições, Joint Ven-tures;Marketing Estudos de Mercado e Marketing, Or-ganização Comercial, Canais de Dis-tribuição;Gestão da Inovação Assessoria à Procura e Transferência deTecnologias, Assistência ao Desenvol-vimento, Planeamento da Inovação;Desenvolvimento Regional Estudos de Desenvolvimento Regional,Planeamento Municipal e Urbano, Es-tudos de Impacte Sócio-Económico.Permitimo-nos destacar, em particular,as seguintes áreas de intervenção emque o Acordo de Cooperação, recente-

com especial ênfase na regulamentaçãoambiental. Nesta área, a Tecninvest éprovavelmente a empresa portuguesacom maior e mais diversificada experi-ência na realização de estudos de im-pacte ambiental, processos de licencia-mento industrial e ambiental, auditoriasambientais e outras intervenções no âm-bito do licenciamento das actividadeseconómicas que, apesar de esforços go-vernamentais de simplificação, desig-nadamente no contexto do programaSIMPLEX, continuam a apresentar difi-culdades processuais que requerem queas empresas utilizem o conselho e osserviços especializados de consultoresexperientes.Saliente-se, ainda, que a Tecninvest estácredenciada pelo Ministério da Econo-mia como Centro de Competência nasseguintes áreas: Planeamento Estraté-gico Empresarial, InternacionalizaçãoEmpresarial, Diagnóstico Empresarial,Tecnologias das Indústrias de Processo,Engenharia do Ambiente, Gestão daEnergia e Gestão da Qualidade.A empresa pertence à Direcção daAPEMETA – Associação Portuguesa deEmpresas de Tecnologias Ambientais eé o sócio português da rede europeia deinvestigação em pequenas e médiasempresas (ENSR – Eureopean Networkof Social and Economic Research, for-merly European Network of SMEResearch), responsável pelo estudo pe-riódico pan-europeu "As PME Eu-ropeias".

mente estabelecido entre o GECoRPA ea Tecninvest, assegura a prestação deserviços em condições mais favoráveis,para os associados do GECoRPA:n Consultoria de subsídios públicos àsempresas e outras organizações, incluin-do subsídios de natureza financeira, fis-cal, em espécie ou outra, englobando no-meadamente, incentivos ao investimento,à internacionalização, à inovação, à inves-tigação e desenvolvimento e a outras áre-as similares, que estejam ou venham a es-tar disponíveis a nível, local, regional, na-cional ou da União Europeia;n Consultoria de ambiente, energética elicenciamento de instalação ou opera-ção de actividades industriais, comerci-ais ou de serviços, incluindo nomeada-mente, licenciamento de construção oucamarário, licenciamento industrial (e deoutra entidade de tutela do Ministérioda Economia) e licenciamento ambien-tal, nos termos da legislação nacional.Os serviços de apoio a candidaturas asubsídios estão orientados fundamen-talmente para os dirigentes empre-sariais, da gestão geral ou financeira, aquem pertence a responsabilidade deminimizar os custos de financiamentodas suas operações de investimento,qualquer que seja a sua natureza. ATecninvest foi já responsável por maisde 200 candidaturas a uma diversíssimagama de sistemas de incentivos, tendoatraído subsídios públicos para as em-presas suas clientes com um valor agre-gado superior a 200 milhões de euros.Os serviços de apoio à tramitação delicenciamentos dirigem-se também aosresponsáveis empresariais, das áreas dagestão geral ou operacional, de forma aajudar estes executivos a minimizar osriscos de incumprimento dos norma-tivos aplicáveis às diversas actividades,

GECoRPA e a Tecninvestassinam protocolo

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 200744

ALEXANDRA MENDONÇA,Directora da Divisão de Planeamentoda Tecninvest

MAIS INFORMAÇÕESTECNINVESTR. Poeta Bocage 6A - E/F1600-581 Lisboa - PortugalTelefone: 217 159 482/3Fax: 217 159 486E-mail: [email protected] www.tecninvest.com

SERVI˙OS ASSOCIADOS2.QXD 03-11-2007 11:32 Page 1

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PERFIL DE EMPRESA

PERFIL EMPRESA V2.QXD 03-11-2007 11:41 Page 1

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e-pedra e calTema de Capa

Desde sempre osconstrutores selec-cionaram e aplica-ram as argamassasmais adequadas pa-ra ligar e revestirmateriais de cons-trução. Eram as maisadequadas mas tam-bém as disponíveispara cada tipo desituação. Embora os estilos de arqui-tectura e os métodos de construçãonas várias civilizações históricasvariem muito, as argamassas nãodiferem substancialmente, quer noseu princípio subjacente, quer nomaterial em si. Todas as culturasancestrais tiveram necessidade deuma amálgama que colasse, ve-dasse, isolasse e impermeabilizasse.Quase todas recorreram a misturasde areia, pedras e cal ou terra, palhae cal ou ainda conchas, cal e areia.Com os tempos modernos emergiuum vastíssimo mercado global deoferta e, hoje, as argamassas apre-sentam-se como uma opção cultu-ral. As marcas apelam a um estilo devida e associam-se a um movimentoecológico em crescimento. A varie-dade de produtos disponíveis éimensa e quando o consumidor selança sem reservas no abismo dainformação disponível na Internet,acaba com uma sensação de verti-gem nauseante e muitas dúvidas.Os donos de obra pretendem saberquais as argamassas mais adequa-das para cada trabalho e, em respos-ta, os empreiteiros apresentam umaintrincada relação de preço/quali-dade, sem critérios fixos nem relaçãode produtos entre várias marcas.Em geral, as marcas apresentam-sena Internet com lapsos de informa-ção sobre a natureza das suas arga-

dúvida sobre aargamassa que lheconvém, terá decontactar a Bleu Li-ne por e-mail, de-clarando que aceitaos termos e condi-ções do formulárioa preencher, sendoo termo que a suadúvida faça parte

da base geral de dúvidas aprovadase a condição que a resposta demorenão menos do que cinco dias úteis. Ainiciativa de responder a dúvidas épor certo meritória mas tendo calcu-lado uma situação prática de dúvidaem obra, necessitaria (pelas minhascontas) de dois meses de esclareci-mentos on-line só para a escolha daargamassa a adquirir.No caso da Fradical (www.fradi-cal.pt), que se dedica à comerciali-zação de uma variedade de produ-tos à base de cal, o site é bastante es-clarecedor quanto à natureza e con-dições de aplicação das argamassase aditivos. Mas ao tentar aceder aoRoteiro de Obras, Reabilitações ou ObrasNovas deparamo-nos com o já habi-tual "Em actualização" e quando seprocura uma justificação aceitávelpara a denominação de "ArgamassaEcológica" (um dos produtos da Fra-dical), não encontramos senão umabreve referência ao facto da calabsorver algum CO2 quando aplica-da, durante a secagem. Tal funda-mentação parece-me insuficiente pa-ra a "massa" que pedem pela ecológi-ca argamassa. Fica ao critério de cadaum porque nestas matérias, como nasjurídicas, a doutrina diverge.

massas. Quem é que testou estas ar-gamassas de nova geração? Qual oseu comportamento com o passardo tempo? Qual o seu valor relati-vo? Se passearmos cem metros peloIST (Instituto Superior Técnico deLisboa) poderemos ouvir, em con-versas de corredor, opiniões funda-mentadas e, no entanto, rigorosa-mente opostas, sobre a mesma arga-massa. O "ruído" é tal que o consu-midor é cercado por dúvidas e, peloseguro, aceita a argamassa que oempreiteiro recomendar.Se o dono da obra se dirigir a um ar-quitecto, o problema agudiza-se.Daí para a frente estabelece-se umeixo de ruptura empreiteiro/arqui-tecto, entre "massas" e argamassas.Deveria existir uma "Pro Teste" demateriais de construção. Assim te-ríamos uma relação entre qualidade ea "massa" exorbitante que nos pedemas marcas pelas suas argamassas.Da consulta que fiz para este nú-mero escolhi duas empresas queexemplificam o que acabo de es-crever:No site da Bleu Line (www.bleu-line.pt), no capítulo de Restauro deMonumentos e Edificações, encontraráoito tipos de argamassas para rebo-co à base de cal. A informação dis-ponível resume-se à referência epreço de cada produto. Em caso de

"Massas" e Argamassas

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ANTÓNIO PEREIRA COUTINHO,Arquitecto

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Livro Branco sobre o futuro das empresas de restauro do património na EuropaAutor: Xavier GreffeO presente estudo põe em evidência as vantagens económicas dos investimentos na conservaçãodos monumentos e edifícios históricos.Xavier Greffe é professor de ciências económicas (economia das artes e da cultura) na universi-dade de Paris I (Panthéon-Sorbonne), onde dirige o departamento de economia e gestão dos pro-dutos culturais.A tradução para a língua portuguesa do Livro Branco justifica-se face à insuficiente percepçãodos decisores e agentes envolvidos quanto à importância, para o tecido empresarial e para aeconomia do país, dos investimentos de conservação do património arquitectónico enquanto ala-vanca na criação de emprego e de novos bens e serviços.

Edição: GECoRPAPreço: € 10,00Código: GE.E.1

LIVRARIA

NOVIDADES Outros títulos à venda na Livraria GECoRPA

Autor: Abel Pinto Edição: Edições Sílabo Preço: € 29,90Código: SIL.M.1

Autores: Vítor Cóias, CatarinaValença Gonçalves (texto); JoãoCarlos Farinha, Marcos Oliveira(ilustrações)Edição: GECoRPAPreço: € 10,00Código: GE.M.1

Manual de Segurança - Construção, Conser-vação e Restauro de Edifícios

Manual de Educação em Património Arquitec-tónico

Autor: João Pedro XavierEdição: FAUPPreço cartonado: € 59,00Preço brochado: € 37,50Código: FAUP.EN.1

Sobre as origens da perspectiva em Portugal

Autor: M. Justino Maciel (Tra-dução do latim, introdução enotas)Edição: IST PressPreço: Edição normal – € 30,00/ Edição especial – € 60,00Código: IST.DOC.1 /IST.DOC.2

Vitrúvio. Tratado de Arquitectura

Autor: Vários AutoresEdição: GECoRPAPreço: € 25,00Código: GE.CDR.4

CD-Rom: Actas do Encontro "Em Defesa doPatrimónio Cultural e Natural: Reabilitar emVez de Construir"

Para saber mais sobre estes e outros livros, consulte a Livraria Virtual em www.gecorpa.pt

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 2007 47

2.º Seminário "A Intervenção no Património. Práticas de Conservação e Rea-bilitação"O Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e aDirecção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, realizaram nos dias 12, 13 e 14 de Outubrode 2005 a segunda edição do seminário sobre "Intervenção no Património - Práticas deConservação e Reabilitação".Com a realização deste seminário as entidades organizadoras pretenderam criar um espaço dedebate sobre a conservação e a reabilitação do património construído. Através do confronto dediferentes abordagens e técnicas, devidamente enquadradas pela apresentação de casos práticosde aplicação, a iniciativa visou contribuir para uma maior sustentabilidade de intervençõesfuturas.Edição: DGEMN / FEUPPreço: € 45,00Código: DG.A.3

Reabilitação Estrutural de Edifícios Antigos - Técnicas Pouco IntrusivasAutor: Vítor CóiasO presente livro foi feito a pensar nos engenheiros, arquitectos e outros profissionais do sector daconstrução envolvidos em intervenções de reabilitação de edifícios antigos. O objectivo é colocarà disposição desses técnicos um conjunto de conhecimentos destinados a facilitar a aquisição,concepção, projecto e fiscalização dessas intervenções, particularmente das que são ditadas porconsiderações estruturais. A ênfase é posta na abordagem pouco intrusiva, isto é, aquela que visapermitir que as obras se façam com o mínimo de alteração do modelo construtivo e estruturaloriginal. Para além dos benefícios em termos da preservação da autenticidade e da integridadetecnológica dos edifícios - particularmente relevante naqueles que constituem património arqui-tectónico - esta abordagem conduz, também, a uma redução dos recursos materiais necessários ea uma minimização do impacto da obra quer sobre o ambiente urbano (menor alteração da tex-

tura urbana, menos escavações, menos transporte de materiais) quer sobre o ambiente natural (menos materiais extraídos,menor gasto de energia, menor produção de entulhos).Ao longo de seis anexos põe-se à disposição do leitor e utente um vasto conjunto de informação complementar: umglossário dos termos utilizados em reabilitação, exemplos de cálculos de verificação estrutural, cartas, declarações e ou-tros textos relevantes para esta área, uma proposta de sistema de classificação das empresas executantes das intervenções,condições técnicas especiais para os cadernos de encargos e fichas com características dos materiais utilizados na reabili-tação. Dada a sua extensão, quatro destes seis anexos são fornecidos em suporte digital, no CD que acompanha este livro.Edição: GECoRPA / ArgumentumPreço: € 45,00 - 10 % desconto – € 40,50Código: GE.M.2

Fundamentos Ambientais do Ordenamento do Território e da PaisagemAutor: Leonel FadigasO ambiente é uma condição essencial do ordenamento sustentável do território e da paisagem efundamento das estratégias, metodologias e processos que o tornam possível. Nomeadamentequanto à gestão racional de recursos e à compatibilização ambiental dos usos do solo previstosnos diferentes instrumentos de planeamento territorial e urbanístico. O território é um recurso e um suporte de vida, em equilíbrio mas também em mudança, cujoordenamento constitui um processo articulado de organizar os habitats humanos, tendo em contaos três pilares fundamentais em que assenta: ambiente, sociedade e economia. A presente obra tem a sua origem nos textos de apoio às aulas de Ambiente e Ordenamento daslicenciaturas em Arquitectura do Planeamento Urbano e Territorial e em Arquitectura da GestãoUrbanística da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. A sua publicação,num contexto mais vasto, é um contributo para o alargamento do debate e reflexão sobre questões

que, pela sua importância para o nosso futuro comum, são assuntos de cidadania e, por isso, não podem ficar circunscritosao universo académico.Edição: Edições SílaboPreço: € 15,00Código: SIL.E.1

LIVRARIA.QXD 05-11-2007 0:17 Page 1

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LIVRARIA

Nota: Os números 0, 1, 2, 4, 5, 6, 7 e 13 da Pedra & Cal encontram-se esgotados, contudo informamos que se encontram reunidos noCD-ROM Pedra & Cal - 5 Anos (1998-2003), à venda na Livraria GECoRPA. Os números 25, 26 e 27 estão de momento indisponíveis.

N.º 33, Jan./Fev./Mar. 2007Preço: € 4,48

Código: P&C.33

N.º 32, Out./Nov./Dez. 2006Preço: € 4,48

Código: P&C.32

N.º 31, Jul./Ago./Set. 2006Preço: € 4,48

Código: P&C.31

N.º 34, Abr./Mai./Jun. 2007Preço: € 4,48

Código: P&C.34

Assinaturaanual da

Pedra & Cal

N.º 19, Julho/Ago./Set. 2003Preço: € 4,48

Código: P&C.19

N.º 17, Jan./Fev./Mar. 2003Preço: € 4,48

Código: P&C.17

N.º 11, Julho/Ago./Set. 2001Preço: € 4,48

Código: P&C.11

N.º 23, Julho/Ago./Set. 2004Preço: € 4,48

Código: P&C.23

Promoçãode 4 números

da Pedra & Calà sua escolha

CD-ROMPedra & Cal

5 Anos (1998 - 2003)

Pedra & Cal n.º 35 Julho . Agosto . Setembro 200748

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ASSOCIADOS GECoRPA

GRUPO IProjecto,

fiscalização e consultoria

GRUPO IILevantamentos,

inspecções e ensaios

GRUPO IIIExecução

dos trabalhosEmpreiteiros

e Subempreiteiros

A. da Costa Lima, Fernando Ho,Francisco Lobo e Pedro Araújo – Arquitectos Associados, Ld.ªProjectos de conservação e restaurodo património arquitectónico.Projectos de reabilitação, recuperaçãoe renovação de construções antigas.Estudos especiais

Betar – Estudos e Projectos de Estabilidade, Ld.ªProjectos de estruturas e fundaçõespara reabilitação, recuperação e renovação de construções antigas e conservação e restauro do património arquitectónico.

LEB – Projectistas, Designers e Consultores em Reabilitação de Construções, Ld.ªProjecto, consultoria e fiscalização na área da reabilitação do património construído.

MC Arquitectos, Ld.ªProjectos de arquitectura.Levantamentos, estudos ediagnóstico.

PENGEST – Planeamento,Engenharia e Gestão, S. A.Projectos de conservação e restaurodo património arquitectónico.Projectos de reabilitação,recuperação e renovação deconstruções antigas. Gestão,Consultadoria e Fiscalização.

OZ – Diagnóstico, Levantamento e Controlo de Qualidade de Estruturas e Fundações, Ld.ªLevantamentos. Inspecções e ensaiosnão destrutivos. Estudo e diagnóstico.

ERA – Arqueologia - Conservação e Gestão do Património, S. A. Conservação e restauro de estruturasarqueológicas e do património arqui-tectónico. Inspecções e ensaios.Levantamentos.

A. Ludgero Castro, Ld.ªConsolidação estrutural. Construçãoe reabilitação de edifícios.Conservação e restauro de bens artís-ticos e artes decorativas: estuques,talha, azulejaria, douramentos e poli-cromias murais.

Alfredo & Carvalhido, Ld.ªConservação e restauro dopatrimónio arquitectónico.Conservação e reabilitação deconstruções antigas.

Alvenobra – Sociedade deConstruções, Ld.ªReabilitação, recuperação e reno-vação de construções antigas.

BEL – Engenharia e Reabilitação de Estruturas, S. A.Conservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação e renovação de CA. Instalações espe-ciais em PA e CA.

Augusto de Oliveira Ferreira & Cª., Ld.ªConservação reabilitação de edifícios.Cantarias e alvenarias. Pinturas.Carpintarias.

Antero Santos & Santos, Ld.ªConservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação e reno-vação de CA. Instalações especiaisem PA e CA.

Amador – Construção Civil e ObrasPúblicas, Ld.ªConservação , restauro e reabilitaçãodo património construído e instalações especiais.

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ASSOCIADOS.QXD 03-11-2007 12:09 Page 1

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ASSOCIADOS GECoRPA

Brera – Sociedade de Construções e Representações, Ld.ªConstrução, conservação reabilitaçãode edifícios.

Construções Borges & Cantante, Ld.ªConstrução de edifícios.Conservação e reabilitação deconstruções antigas.

COPC – Construção Civil, Ld.ªConstrução de edifícios.Conservação e reabilitação deconstruções antigas. Recuperação econsolidação estrutural.

Cruzeta – Escultura e Cantarias,Restauro, Ld.ªConservação e reabilitação deconstruções antigas. Limpeza erestauro de cantarias, alvenarias eestruturas.

L.N. Ribeiro Construções, Ld.ªConstrução e reabilitação.Construção para venda.

GECOLIX – Gabinete de Estudos e Construções, Ld.ªConservação e restauro dopatrimónio arquitectónico.Reabilitação, recuperação erenovação de construções antigas.Instalações especiais em patrimónioarquitectónico e construções antigas.

CVF – Construtora de Vila Franca, Ld.ªConservação de rebocos e estuques.Consolidação estrutural.Carpintarias. Reparação decoberturas.

Edifer Reabilitação, S. A.Construção, conservação ereabilitação de edifícios.

MIU – Gabinete Técnico de Engenharia, Ld.ªConstrução, conservação ereabilitação de edifícios.Conservação e reabilitação depatrimónio arquitectónico.Conservação de rebocos e estuques epinturas.

Monumenta – Conservação e Restauro do PatrimónioArquitectónico, Ld.ªConservação e reabilitação deedifícios. Consolidação estrutural.Conservação de cantarias ealvenarias.

NaEsteira – Sociedade deUrbanização e Construções, Ld.ªConservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PA e CA.

Sofranda – Empresa de Construção Civil, S. A.Conservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PA e CA.

Sociedade de Construções José Moreira, Ld.ªExecução de trabalhosespecializados na área do patrimónioconstruído e instalações especiais.

Quinagre – Construções, S. A.Construção de edifícios.Reabilitação. Consolidaçãoestrutural.

Poliobra – Construções Civis, Ld.ªConstrução e reabilitação deedifícios. Serralharias e pinturas.

Somague – Engenharia S. A.Serviço de Engenharia Global –Obras Públicas e Construção Civil

STAP – Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S. A.Reabilitação de estruturas de betão.Consolidação de fundações.Consolidação estrutural.

Tecnasol FGE – Fundações e Geotecnia, S. A.Fundações e Geotecnia. Conservaçãoe restauro do patrimónioarquitectónico. Conservação ereabilitação de construções antigas.

Somafre – Construções, Ld.ªConstrução, conservação ereabilitação de edifícios. Serralharias.Carpintarias. Pinturas.

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ASSOCIADOS GECoRPA

GRUPO IVFabrico e/ou distribuiçãode produtose materiais

BLAU – Comércio de Produtos eServiços para Construção Civil, Ld.ªDistribuição de produtos e materiaisvocacionados para o PatrimónioArquitectónico e ConstruçõesAntigas.

ONDULINE – Materiais de Construção, S. A.Produção e comercialização demateriais para construção .

Tecnocrete – Materiais e Tecnologias para a ReabilitaçãoEstrutural, Ld.ªProdução e comercialização de materiais para a reabilitação.

Tintas Robbialac, S. A.Produção e comercialização deprodutos de base inorgânica paraaplicações não estruturais.

Para mais informações acerca dos associados GECoRPA, das suas actividades e dos seus contactos, visite a rubrica “associados” no nosso sítio www.gecorpa.pt

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PERSPECTIVAS

O candente tema da reabilitação deedifícios, cuja necessidade e urgên-cia ganharam finalmente um amploconsenso entre nós, ficará marcado,neste ano de 2007, pela publicaçãode duas obras fundamentais, apre-sentadas nos últimos meses. Não ca-be nesta página uma qualquer apre-ciação crítica, ainda que sumária, aestas publicações, mas a importân-cia excepcional do seu aparecimentonão podia dispensar o breve aponta-mento que se segue.Editadas sob a chancela de entida-des com responsabilidades no tema,caracterizam-se, tanto pela amplaabrangência do enquadramento, co-mo pela precisão e detalhe dasmetodologias de intervenção. Sãoassim testemunho de um consisten-te trabalho de investigação desen-volvido no quadro dessas entidadese que, com essa publicação, é postoao serviço da comunidade e dos di-ferentes agentes envolvidos noscomplexos e exigentes processos dereabilitação. Aliás, ambas as publi-cações, para além dos autores e co-ordenadores, beneficiam de nume-rosos contributos de outros investi-gadores que, ao longo do tempo,têm efectuado estudos ligados à te-mática em causa.Trata-se, em primeiro lugar, do"Guia Técnico de Reabilitação Habi-tacional", publicado pelo LNEC epelo INH, e coordenado por J. Vas-concelos Paiva, José Aguiar e AnaPinho. Organizado em dois volu-mes, constitui um reportório siste-mático de técnicas de análise e inter-venção, desde o diagnóstico até às

"Reabilitação Estrutural de EdifíciosAntigos – Alvenaria e Madeira", edesenvolvendo o tema das "técnicaspouco intrusivas", constitui um nãomenos importante contributo para osaber-fazer na área da reabilitação.Com uma interessante introduçãode carácter histórico-técnico sobre oedificado em Lisboa, com especialênfase na reconstrução pombalina,esta publicação, também de grandevolume, distingue-se pela caracteri-zação e descrição exaustiva dos fe-nómenos abordados, ilustrados pordesenhos e imagens extremamenteelucidativas e de grande rigor. Nu-merosos quadros, de grande clarezagráfica, acompanham todo o texto,ajudando a compreender o encadea-mento de fenómenos ligados à cons-trução, por vezes de natureza com-plexa e atravessando diferentes épo-cas. Especial referência deve ser fei-ta à extremamente precisa caracteri-zação das patologias e das formasde intervenção mais adequadas pa-ra as superar.Ambas estas obras, a somar a publi-cações anteriores, como "Reabilita-ção de Edifícios Antigos", 2003, Edi-ções ORION, de João Appleton, e adiversos títulos publicados peloLNEC e também pelo GECoRPA aolongo dos anos, constituem instru-mentos fundamentais para as exi-gentes e multiformes intervençõesque, finalmente, puseram na ordem--do-dia a urgência da reabilitaçãourbana no nosso país.

aplicações práticas – tudo enquadra-do numa observação muito ampla ebem documentada da situação actu-al e orientado por metodologiasconsistentemente estruturadas. Éassim que, enquanto no 1.º volumese aborda largamente o problemano âmbito "da habitação ao terri-tório", com exemplos em todo opaís, o 2.º é dedicado às exigênciasfuncionais e consequentes soluçõesde intervenção. Dispondo de abun-dante documentação fotográfica,permite visualizar desde amplosenquadramentos urbanos até ao de-talhe de patologias construtivas.A outra publicação, da autoria deVítor Cóias, e editada por Argu-mentum e GECoRPA sob o título de

Reabilitação do edificadoNovos e importantes

instrumentospara o saber-fazer

Reabilitação estrutural de edifícios antigos –Vítor Cóias. Disposição dos dispositivosde ligação

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NUNO TEOTÓNIO PEREIRA,Arquitecto

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