01_39_55_arte_e_estetica_da_docencia__conversas_com_nietzsche_e_fouca.pdf

16
ARTE E ESTÉTICA DA DOCÊNCIA: CONVERSAS COM NIETZSCHE E FOUCAULT LOPONTE, Luciana Gruppelli – UFRGS - [email protected] Eixo: Educação e Arte/n. 16 Agência financiadora: Sem financiamento De que é feita a docência presente nas escolas? Do que se alimenta a docência da educação básica? Como se dá a formação docente depois dos cursos de graduação e de licenciaturas? Os saberes acumulados na chamada formação inicial são suficientes para enfrentar as agruras e urgências do cotidiano escolar? A formação pessoal dos docentes os possibilita ver a potência dos “acontecimentos” e belezas que a escola oferece, em meio ao aparente caos? O que a docência espera do saber dos especialistas – sejam eles professores e professoras das universidades, ou certos livros (de auto-ajuda, didáticos etc.) que se configuram como autoridades a quem se deve “bater continência”? Há espaço para criação e invenção na docência? E, ainda, qual o papel da universidade na formação continuada docente? Essas são algumas perguntas que me acompanham há tempos, desde que me aventurei na tarefa árdua e prazerosa da formação docente. Meu foco principal sempre foi a formação em arte, um campo de saber que é de certa forma marginalizado na hierarquia curricular escolar, por vários motivos, que não cabem ser discutidos ou descritos aqui. A experiência com formação docente em arte, principalmente com professoras mulheres, trabalho alimentado pelas produções teóricas de Foucault e Nietzsche, tem me trazido muitos subsídios para pensar na dimensão estética da formação docente além da formação específica em arte. Os dois filósofos alimentam um pensamento sobre arte que vai além do campo de um saber específico, dominado apenas por alguns. Perguntar se, afinal “a vida não poderia ser uma obra de arte”, se não teríamos muito “a aprender com os artistas” ou se podemos pensar que não há separação entre arte e vida, se quisermos ser os “poetas- autores de nossas vidas 1 ” são algumas indagações instigantes que podem impulsionar questões importantes para a formação docente. E aí podemos perguntar: A docência pode ser uma obra de arte? De que forma? É possível uma docência artista? O que a docência pode aprender com os/as artistas? Que ético/estética é possível para a docência na educação básica? 1 Os trechos citados estão presentes nas seguintes referências: Foucault (1995) e Nietzsche (2001).

Upload: ana-paula-rufino

Post on 10-Nov-2015

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • ARTE E ESTTICA DA DOCNCIA: CONVERSAS COM NIETZSCHE E FOUCAULT

    LOPONTE, Luciana Gruppelli UFRGS - [email protected] Eixo: Educao e Arte/n. 16 Agncia financiadora: Sem financiamento

    De que feita a docncia presente nas escolas? Do que se alimenta a docncia da educao bsica? Como se d a formao docente depois dos cursos de graduao e de licenciaturas? Os saberes acumulados na chamada formao inicial so suficientes para enfrentar as agruras e urgncias do cotidiano escolar? A formao pessoal dos docentes os possibilita ver a potncia dos acontecimentos e belezas que a escola oferece, em meio ao aparente caos? O que a docncia espera do saber dos especialistas sejam eles professores e professoras das universidades, ou certos livros (de auto-ajuda, didticos etc.) que se configuram como autoridades a quem se deve bater continncia? H espao para criao e inveno na docncia? E, ainda, qual o papel da universidade na formao continuada docente? Essas so algumas perguntas que me acompanham h tempos, desde que me aventurei na tarefa rdua e prazerosa da formao docente. Meu foco principal sempre foi a formao em arte, um campo de saber que de certa forma marginalizado na hierarquia curricular escolar, por vrios motivos, que no cabem ser discutidos ou descritos aqui. A experincia com formao docente em arte, principalmente com professoras mulheres, trabalho alimentado pelas produes tericas de Foucault e Nietzsche, tem me trazido muitos subsdios para pensar na dimenso esttica da formao docente alm da formao especfica em arte. Os dois filsofos alimentam um pensamento sobre arte que vai alm do campo de um saber especfico, dominado apenas por alguns. Perguntar se, afinal a vida no poderia ser uma obra de arte, se no teramos muito a aprender com os artistas ou se podemos pensar que no h separao entre arte e vida, se quisermos ser os poetas-autores de nossas vidas1 so algumas indagaes instigantes que podem impulsionar questes importantes para a formao docente. E a podemos perguntar: A docncia pode ser uma obra de arte? De que forma? possvel uma docncia artista? O que a docncia pode aprender com os/as artistas? Que tico/esttica possvel para a docncia na educao bsica?

    1 Os trechos citados esto presentes nas seguintes referncias: Foucault (1995) e Nietzsche (2001).

  • 2

    2

    A partir da amplitude dessas indagaes iniciais, posso chegar s perguntas especficas desse projeto de pesquisa: de que modo a arte e a experincia esttica podem alimentar a constituio da docncia na educao bsica? O que professores e professoras da educao bsica, que atuam em nveis de ensino diversos (da Educao Infantil ao Ensino Mdio) e em campos disciplinares diversos e no necessariamente com arte, podem aprender com a arte e a experincia esttica para a sua prpria formao continuada docente? possvel encontrar espaos de criao na docncia da Educao Bsica? difcil contabilizar ou dimensionar o que tenho aprendido nos ltimos anos com experincias e pesquisas em formao docente, mas poderia tentar resumir nas seguintes afirmaes: a importncia de se levar em conta uma dimenso esttica na formao docente (que seja especfica em arte ou no) e a potencialidade que grupos de docentes tm para a formao continuada. Mas o que afinal se espera da formao docente? O que se espera dos cursos de formao inicial e seus programas de Didtica e de Prtica de Ensino? Quem aposta na formao continuada docente? Qual o papel das universidades na formao docente para a educao bsica? E, ainda, o que professores e professoras esperam dos programas de formao? Palestras motivacionais para docentes promovidas por secretarias de educao e alguns livros de auto-ajuda, do tipo como ser um bom professor em dez passos se proliferam2. preciso levar em conta tambm a recente abertura e desregulamentao do mercado de ensino superior brasileiro para cursos aligeirados de formao docente em Licenciaturas diversas, que prometem uma formao rpida com baixo custo, como os quase extintos Normais Superiores. Com a dificuldade de acesso s universidades pblicas e falta de condies de pagamento em universidades particulares srias, estas acabam sendo as nicas opes para docentes em busca de formao. No entanto, estas faculdades ou cursos isolados que chegam aos municpios mais distantes dos grandes centros, baseados em franquias de cursos a distncia, no tm compromisso nenhum com atividades de pesquisa e extenso visando a formao continuada docente, por exemplo.

    2 Ver por exemplo, alguns ttulos encontrados nas livrarias: Como ser um bom professor (Ed. EPU),

    Como ser um professor universitrio inovador (Ed. Artmed), Como vencer na vida sendo professor: depende de voc (Ed.Vozes), Ser professor competncias bsicas...! (Ed. Porto), Como encantar alunos da matrcula ao diploma (Ed. DP&A).

  • 3

    3

    Como ressalta Cunha (2006) o que tem importado hoje para pensar a docncia mais do que propor construtos para uma didtica da inovao, quase sempre de carter prescritivo, mas procurar descrever e compreender teoricamente prticas pedaggicas que assumam pressupostos epistemolgicos rupturantes com a racionalidade dominante (Cunha, 2006, p.488). Da o entendimento da didtica como construo, que mesmo que recorra a um campo de conhecimentos com relativa consolidao, assume a condio de referente e no de prescrio, como continua a afirmar Cunha (2006) (grifos meus).

    Pensar a didtica e formao docente fora do campo da prescrio, vai muitas vezes na contramo das expectativas de docentes e alunos de licenciaturas que buscam ansiosamente respostas salvadoras ou mtodos eficazes de como dar aulas3 em palestras, aulas e manuais: mas, afinal, quando vamos aprender a dar aulas? O discurso timo, mas tens alguma tcnica ou modelo novo de aula para me passar? O que fao na segunda feira pela manh com meus alunos? so perguntas ouvidas freqentemente4.

    Volto a Cunha (2006) para depois partir para as questes filosficas que embasam este projeto de pesquisa:

    Quando o professor elege um contedo e toma decises sobre a abordagem que sobre ele far com seus alunos, est, certamente, condicionado por determinantes externos. Entretanto, esse ato reflete, tambm, a sua prpria cultura, seus valores pessoais, sua relao com o conhecimento, sua formao e experincias de aprendizagem e de ensino. Essa condio o torna protagonista de uma proposta que a sntese de mltiplas relaes e d ao seu fazer uma condio esttica, em que esto presentes a tcnica e a arte, a razo e a sensibilidade. Nem sempre tem toda a certeza de seus pressupostos, assumindo o intuitivo como valor e fazendo-se por ele guiar, mesmo que nessa intuio estejam presentes referentes anteriores que possibilitam sua produo. Essa condio, to cara quanto desejvel para a dimenso humana da docncia, quando no acompanhada de uma reflexo que a sistematize, perde a oportunidade de ser teorizada e, sendo assim, se distancia da constituio de um lastro de conhecimentos profissionais para o professor. Esse hiato responsvel, na maioria das vezes, pelo fato do professor no se reconhecer como

    3 Ver Corazza (1996).

    4 Perguntas como estas so freqentemente ouvidas em palestras e tambm nas aulas de Didtica para

    cursos de Licenciatura. Como professora nas disciplinas Didtica Geral, Organizao curricular, planejamento e avaliao e Teoria do Currculo tenho tido a oportunidade de conviver com alunos de diversas licenciaturas, tais como: Matemtica, Fsica, Qumica, Biologia, Cincias Sociais, Histria, Geografia, Filosofia, Letras, Educao Fsica, Artes Visuais, Teatro, Msica. Na grande maioria, estes alunos no tm experincia alguma de atuao docente e as disciplinas da Faculdade de Educao geram muita expectativa e angstia em relao a seu futuro trabalho como docentes: aqui que vou aprender a ser professor?.

  • 4

    4

    produtor de conhecimentos, fragilizando sua margem de autonomia e reconhecimento profissional. As pesquisas que se vm desenvolvendo sobre as construes da prtica pedaggica dos professores so, nesse sentido, interessante dispositivo de visibilidade dos saberes desenvolvidos pelos docentes e podem contribuir para a teorizao dos mesmos (p.489-490) (grifos meus)

    A longa citao de Cunha justifica-se por fornecer algumas deixas necessrias a apresentao deste trabalho: o reconhecimento de uma condio esttica do saber e fazer docentes e as pesquisas sobre a construo da prtica pedaggica docente como dispositivos de visibilidade dos saberes desenvolvidos por professores e professoras. Embora a perspectiva terica assumida nessa pesquisa parta principalmente das provocaes de Foucault e Nietzsche, creio que isso no deve impedir a conversa com outras produes do campo da formao docente e de didtica que possam ter proximidade com a discusso aqui apresentada.

    Acredito fortemente, a partir das experincias que tenho vivenciado, que grupos de docentes podem ser excelentes potencializadores estticos para a formao5. Esttico aqui entendido de uma forma mais ampla, no se restringindo a algumas atividades artsticas, mas aos modos de vida, a prpria existncia. As relaes intersubjetivas, o compartilhamento de dvidas, medos, angstias, conquistas; a descoberta das possibilidades de criao e inveno de si mesmo e das prticas pedaggicas mediadas por atividades estticas como a escrita, o fazer e apreciao artsticos so alguns elementos importantes para a constituio de uma esttica docente, ou uma docncia artista.

    O atual projeto de pesquisa (em andamento) tem como seus principais objetivos: a criao e o acompanhamento de um grupo de estudos de professores da Educao Bsica de Porto Alegre de diferentes nveis de ensino e reas disciplinares, tendo como eixo condutor a arte (principalmente as produes contemporneas em artes visuais, cinema e literatura) e a experincia esttica; problematizao da constituio de uma dimenso esttica para a formao docente, a partir do acompanhamento das atividades e registros produzidos por um grupo de formao continuada docente, a ser criado durante o projeto; articulao entre o conhecimento produzido durante o projeto, que envolve o aprofundamento terico-filosfico e as experincias em formao continuada docente a serem realizadas, com o debate destas questes nas disciplinas da rea de

    5 A experincia na coordenao de um grupo de estudo de professoras de arte no interior do Rio Grande

    do Sul h mais de sete anos, me fornece amplos subsdios para esta proposta.

  • 5

    5

    Didtica da Faculdade de Educao da universidade, com alunos de diferentes licenciaturas em formao inicial.

    Esttica na formao docente: alguns pressupostos filosficos

    Michel Foucault e Friederich Nietzsche6 podem nos ajudar a pensar na arte de si mesmo na docncia e nas indagaes que fazemos nesta pesquisa: porque a arte seria algo apenas para especialistas ou artistas? A vida (e a docncia) no pode ser uma obra de arte? E por que no aprendermos com os/as artistas a sermos poetas-autores de nossas vidas (e de nossa docncia)? A partir das ressonncias do pensamento desses dois filsofos, posso dizer que a formao docente (em arte ou no) envolve bem mais do que uma busca insana pela professora competente, ou um professor ideal que preencha uma determinada lista de competncias e habilidades pr-determinadas. No h receitas para ser um bom professor ou uma boa professora, h inmeras possibilidades de ser docente. Uma docncia que se faz artista pode ser aquela que assume o seu trabalho como um processo de ir e vir, de rascunhar, rabiscar, voltar a desenhar-se. Um trabalho sobre si mesmo que no se faz sozinho. As relaes intersubjetivas so fundamentais para a formao docente. No h esttica de si mesmo na solido. A formao docente uma ao compartilhada com pares, grupos diversos (dentro ou fora da escola).

    Olhar a docncia esteticamente, como uma obra de arte de alguma forma assumir que a cena docente feita de dificuldades, dissonncias, resistncias, frustraes, erros, acertos, mudanas de rumo, dvidas, incertezas, conquistas, sucessos. E a a docncia pode sim aprender muito com os artistas, parafraseando o filsofo alemo. Nesse processo, acredito na importncia da escrita de si docente (textos, cartas, memoriais, portflios) e das relaes de amizade (grupos de formao docente, relaes intersubjetivas), modos estticos de colocar-se em cena para si mesmo. desse tipo de experincia que feita a tico-esttica docente que persigo neste projeto de pesquisa, uma tica que a forma refletida assumida pela liberdade (Foucault, 2004, p.267). Uma tico-esttica que se produz na relao consigo e com os outros, atravs de prticas

    6 Ver Foucault (1995) e Nietzsche (2001, aforismo 299).

  • 6

    6

    de liberdade como a escrita de si (para si e para os outros) e relaes de amizade. Uma possibilidade, entre tantas de pensar nas possibilidades de uma arte da docncia7.

    As interrogaes ticas que Foucault faz em seus ltimos escritos a partir do profundo estudo sobre os processos de subjetividade na Antigidade nos ajudam a entender do que pode ser feita uma possvel esttica de si docente: um diferir-se permanentemente do que se , um estilo de existncia que se materializa vivamente nos escritos do filsofo. Foucault no escreve, afinal, sobre algo que no diga respeito ao seu prprio presente, e essa a principal herana deixada por Kant, ao responder questo sobre O que so as luzes? A filosofia do presente no recorre aos gregos ou ao cristianismo para extrair dali modelos ou alternativas, ou solues antigas para a atualidade. As provocaes foucaultianas trazem movimento ao pensamento em uma tico-esttica docente, ou no prprio debate sobre formao docente (em arte ou no), que muitas vezes ainda se restringe busca estril por modelos para a docncia, ou em um modelo ao qual precisamos nos submeter ou ao qual devemos nos converter.

    A interrogao tica de Foucault nos provoca a pensar no que somos ns hoje, quais nossas lutas atuais contra a submisso de nossas subjetividades, quais nossas tarefas ticas para os dias presentes. Foucault ensina aos seus leitores, e faz isso no apenas teoricamente, a responsabilidade tica da investigao intelectual, mostrando como podemos ter acesso a novas responsabilidades e como podemos assumi-las coletivamente (Bernauer, 1999, p. 265). A responsabilidade tica da pesquisa em educao , de alguma forma, instaurar movimento nas maneiras cristalizadas do nosso prprio pensamento sobre educao e assumir politicamente os riscos e perigos que esta atitude implica. Acredito que pensar em uma tica docente artista insere-se nesse compromisso poltico. Uma etopotica docente, ou uma tico-esttica para a docncia no implica, ento, pensar em uma docncia idealizada, surgida de forma cristalina e lmpida em um grupo de docentes que se encontram periodicamente para conversar entre amigos ou amigas. No podemos esquecer que a docncia envolve muitas mazelas, que vo desde os baixos salrios, ms condies de trabalho, falta de material, principalmente nas escolas pblicas e ainda a falta e o tempo para boas oportunidades de formao continuada. No h frmulas mgicas para sanar estas questes.

    7 A partir da experincia e pesquisa com um grupo docente, percebi o quanto cada professora encontrou

    uma linha para seu trabalho, mesmo que povoada de incertezas e seguranas provisrias. Mesmo com a concluso da ltima pesquisa e com a minha mudana de universidade, o grupo continuou se reunindo e registrando seu trabalho, consolidando-se como um espao de formao continuada docente.

  • 7

    7

    Encontramos em Foucault formas de pensar em resistncias, em dobras respirveis para nossas subjetividades. E, se escolhemos este companheiro filosfico para inquietar nosso pensamento sobre docncia e arte, no h como esperar um happy end, o que no quer dizer que tudo acabe mal: nada pode acabar, j que no h mais trmino, como no h origem. A originalidade de Foucault entre os grandes pensadores deste sculo consistiu em no converter nossa finitude em fundamento de novas certezas (Veyne, 2005, p. 5).

    Um grupo de docentes em formao no , desta maneira, um ponto de chegada e a tico-esttica que o constitui, uma tica que adjetivo como artista pouco tem a ver com a arte das obras-primas e sua insuspeitada originalidade cristalina. Assemelha-se mais quela arte que se assume como esboo, como rascunho contnuo, como busca de estilo, como experimentao, como resultado rduo e quase infinito de trabalho do artista sobre si mesmo.

    Parafraseando a Nietzsche, acredito que a docncia pode aprender muito com as artistas. De que artistas afinal falava o filsofo no aforismo 299 (O que devemos aprender com os artistas) de A gaia cincia? Enquanto em O nascimento da tragdia Nietzsche voltava seu olhar para a tragdia grega antes de Eurpedes e para a msica de Wagner, em A gaia cincia ele se dirige ao artista de teatro a quem, principalmente, devemos ser gratos por aprendermos a arte de nos pr em cena a ns mesmos. Na trama da constituio desta docncia, a escrita pode se apresentar como uma ferramenta importante. Na escola, h pouco espao para a escrita docente, que escape de uma escrita obrigatria e burocrtica. Em um grupo, ela vai surgindo como exerccio titubeante: mil nadas8, mil memrias, cartas, textos, portflios. Escrita e imagem se fusionam, se complementam poeticamente. Refgios de si mesmas, as escritas completam-se com o olhar de outras docentes. No h solido na escrita de si nem na escrita da prpria docncia. As relaes de amizade que podem se estabelecer em um grupo so, ento, indispensveis nesta trama. A partir da relao entre escrita e amizade, no se mais a mesma. O mesmo se desfaz continuamente. Felizmente.

    Acredito que o trabalho com um grupo docente traz uma outra cor para os processos de formao9. Menos acrobacia, mais aprofundamento das discusses. Menos

    8 Ver Cunha (1997, 2000) e Perrot (2005).

    9 O trabalho com grupos de formao docente tem sido destacado em algumas pesquisas como demonstra

    Damiani, Vellozo e Barros (2004), que apresentam uma reviso das investigaes realizadas no Brasil e em outros pases sobre grupos docentes e trabalhos colaborativos entre professores. Destaco tambm o

  • 8

    8

    solido, mais vnculo entre participantes. Menos monlogo, mais polifonia de vozes. Menos cpia e reproduo, mais inveno e experimentao. Menos verticalidade das verdades, mais horizontalidade das relaes e dos discursos verdadeiros em circulao10.

    Michel Foucault ajuda a compor esta cena, a lanar um olhar mais inquieto sobre ela. O Foucault do poder, mais usualmente utilizado em educao, no d conta da complexidade dos processos educativos (e claro que essa nunca foi uma ambio do filsofo). Assim, no basta apenas dizer que somos subjetivados ou governados por um ou outro mecanismo de poder. Quais as sadas, quais as resistncias, quais os possveis, quais as prticas de liberdade? Nesse sentido, os ltimos ditos e escritos do filsofo so surpreendentes, ainda que sejam pouco explorados no campo da educao e menos ainda na formao docente. A tica e esttica estudadas com profundidade a partir da Antigidade greco-romana, por Foucault, tem muito a dizer e fazer pensar sobre a tica do nosso tempo. O que no quer dizer que, ali, enfim, encontraremos todas as salvadoras respostas (afinal, precisamos delas?). Perseguimos a inquietude de Foucault, e logo o abandonamos, para continuar pensando sobre tica, esttica, poltica, resistncia, amizade, sujeito, arte de si mesmo e sobre a constituio da docncia.

    No poderia a vida de todos se transformar em uma obra de arte?, continua nos perguntando Foucault (1995, p.261). A pergunta ressoa filosoficamente nos nossos modos de pensar e encontra eco nas prprias transformaes da arte contempornea. Se ainda estamos acostumados apenas em ver a arte como quadros emoldurados ou como objetos colecionveis, com estranhamento que nos encontramos com um tipo de arte que desfaz a todo instante nossa pretensa capacidade de determinar o que ou o que pode ser considerado uma produo artstica. A arte contempornea, de algum modo, aproxima arte e vida, vida e obra de arte, fornecendo respostas variadas e inusitadas pergunta foucaultiana: A ausncia de um objeto da galeria claramente identificvel como obra de arte incentiva a noo de que o que ns, observadores, deveramos fazer decidir olhar os fenmenos do mundo de um modo artstico. Assim, estaramos fazendo a ns mesmos a pergunta: Suponhamos que eu olhe para isto como se fosse arte. O que, ento, isto poderia significar para mim?(Archer, 2001, p.95).

    trabalho realizado por Dickel, Colussi, Bragagnolo e Andreolla (2002), com grupos de professores de escolas pblicas de Passo Fundo, RS. 10

    Desenvolvi com mais profundidade estas questes em pesquisas anteriores.

  • 9

    9

    Podemos olhar para a docncia como uma forma de arte? Acredito que sim, respondendo em coro com outros pesquisadores e professores que tem experienciado e poetizado sua prpria docncia na alegria do encontro da sua experincia com outras experincias. A docncia artista aqui conversa de perto com aquela virada radical da concepo tradicional de formao de professores, sobre a qual nos escreve Pereira (1996). Pensar e problematizar uma docncia que aposte na dimenso esttica da sua constituio inscrever-se na tarefa de pensar o outro dentro do prprio pensamento sobre formao docente; arriscar-se a pensar diferentemente do que se pensa, em um exerccio de tenso e criao constante. o que aprendemos com Foucault, Nietzsche e com homens e mulheres artistas.

    A questo da dimenso esttica da formao docente j tem sido objeto de pesquisas no Brasil h algum tempo. As perspectivas tericas abordadas e os enfoques so distintos. Podemos citar, por exemplo, trabalhos tais como Pereira (1996), Martins (1999), Leite, Ostetto (2004), Loponte (2007, 2006, 2006a, 2005), Ostetto (2006), Farina (2006), Telles (2006), Amorim (2007). Na 30 Reunio Anual da ANPED (Associao Nacional de Ps-graduao e Pesquisa em Educao), em 2007, realizou-se uma sesso especial intitulada A dimenso esttica da atuao e da formao docente com o apoio de vrios GTs e GE11. A aprovao da criao do GE de Educao e Arte na ANPED, demonstra o quanto h demanda para a discusso sobre temas que envolvam arte, esttica e educao. No primeiro ano de atividade efetiva do GE, foi apresentado um trabalho encomendado sobre o tema (Arte e Educao Esttica, com o Prof. Dr. Joo Francisco Duarte Jr., da UNICAMP) e um mini-curso (Formao esttica e contemporaneidade, com Cynthia Farina, do CEFET-RS). O Grupo de Estudo recebeu mais de 40 inscries de trabalhos, sendo aceitos 14 para apresentao12.

    H que se destacar tambm recente pesquisa divulgada pelo Ministrio da Cultura do Brasil e IPEA (Instituto de Pesquisa e Econmica. Aplicada) sobre o consumo cultural dos brasileiros. Segundo este levantamento, 70% dos brasileiros nunca visitaram um museu ou foram ao teatro, 60% nunca foram ao cinema e no tm o

    11 A sesso especial teve a participao de Mrcia Maria Strazzacappa Hernandez (UNICAMP); Roberto

    Luis Torres Conduru (UERJ) e Rosa Maria Bueno Fischer (UFRGS), com coordenao de Roslia Duarte (PUC-Rio). Esta sesso especial foi proposta pelo GT de Educao e Comunicao e teve o apoio do GE de Educao e Arte, GT de Didtica, GT de Educao de Crianas de 0 a 6 anos, GT de Formao de Professores e GT de Alfabetizao, Leitura e Escrita. 12

    Ver programao completa do GE de Educao e Arte em 2007 no site http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/index.htm

  • 10

    10

    costume de ler livros, revistas ou jornais. De tudo o que ganhamos, cerca de 3% dedicado a cultura, sendo que 84% desse investimento acontece em casa (tev, rdio, leitura, microcomputador)13. Os dados preliminares da pesquisa revelam um Brasil que pouco tem dado ateno a arte e a cultura ou, que pouco acesso tem a esses bens culturais. A partir de um levantamento amplo como esse possvel presumir o quanto estas estatsticas no so to diferentes quando se fala em formao de professores. Mesmo em uma cidade como Porto Alegre, favorecida culturalmente com exposies de artes visuais, espetculos cnicos e musicais ou mostras de cinema, muitas vezes oferecidos com entrada franca ou a preos acessveis, estudantes de licenciatura, por exemplo, na sua maioria, no costumam freqentar esses espaos culturais14.

    Neste contexto, esta pesquisa reveste-se de maior importncia quando se prope a discutir a formao esttica de docentes, a partir de uma experincia de formao continuada. A presente pesquisa pretende subsidiar cursos, atividades e novas pesquisas que privilegiem a formao esttica e artstica docentes, independente da sua rea de atuao. No entanto, a dimenso esttica desta formao, preciso dizer, no pode se restringir a disciplinas ou cursos que passeiem panoramicamente por tcnicas e atividades artsticas. preciso alimentar esteticamente a docncia com um mergulho em experincias que a desloquem, que a perturbem, que subvertam certo modo linear e contnuo de compreender as diferentes reas disciplinares e suas interfaces com a educao.

    Na atual pesquisa, continuo aprofundando trabalhos anteriores, em que privilegio as interlocues filosficas em tica e esttica de autores como Michel Foucault e Friederich Nietzsche, principalmente a partir de temas como arte e esttica da existncia, relaes de amizade, escritas de si. A pesquisa abre espao tambm para a interface com outras iniciativas e pesquisas que tem se preocupado com a formao docente em parmetros no tradicionais como as que me refiro no decorrer deste projeto. A hiptese principal desta pesquisa de que professores e professoras da educao bsica de campos disciplinares diversos (no necessariamente com atuao em arte) podem potencializar sua formao continuada a partir do trabalho com grupos de formao docente, tendo como foco a arte e a experincia esttica, possibilitando prticas de arte, criao e inveno da prpria docncia.

    13 Ver reportagem O tamanho da tragdia, publicada na revista Aplauso Cultura em revista, n. 86,

    Porto Alegre, 2007. 14

    De acordo com levantamento emprico realizado em turmas de disciplinas da rea de Didtica com alunos de diferentes licenciaturas.

  • 11

    11

    3. Caminhos metodolgicos A universidade pblica , muitas vezes, um sonho distante para muitos docentes que atuam na educao bsica, principalmente pela dificuldade de acesso aos cursos superiores e a falta de oportunidades de formao continuada. Na rede pblica de ensino, nem sempre as secretarias de educao tomam para si a tarefa da formao de seus professores e, muito menos, a prpria escola, com exceo de algumas iniciativas isoladas. Onde se d a formao continuada docente? Quando acontece, , em geral, pelo empenho e vontade pessoal em procurar cursos dos mais diversos, atendendo s necessidades pontuais em cursos de curta durao, palestras e seminrios ou ao aprofundamento de estudos em cursos de Especializao, Mestrado ou Doutorado. Percebo que o que menos acontece a compreenso da formao docente como algo que pode ser compartilhado, experienciado na vivncia e conversao com prticas pedaggicas diversas. H que se ressaltar tambm o quanto a arte e a esttica na escola so percebidas com certo estranhamento por aqueles que no so os chamados especialistas em arte. Olha-se com desconfiana para um conhecimento que parece pertencer somente a alguns e que no to importante quanto as reas disciplinares mais nobres do currculo escolar, ou consideradas mais srias. Por que no unir estas possibilidades em uma experincia de formao docente? Procurando abrir as portas para o projeto e romper as possveis barreiras entre docentes e universidade pblica este projeto prev a oferta de um curso de extenso na Faculdade de Educao, de curta durao que gire em torno do seguinte tema: arte para no-professores de arte ou arte na docncia da educao bsica: para professores de todas as reas do conhecimento, que privilegie o contato com a arte contempornea. A idia problematizar os modos com os quais a maioria de ns conhece arte. Por que nossas referncias em relao s artes visuais, por exemplo, so to antigas ou

    conservadoras esteticamente? O que a arte contempornea pode dar a ver sobre a contemporaneidade? O que a arte contempornea pode dar a ver sobre os processos de formao docente na atualidade? O que a arte contempornea pode problematizar sobre os modos de fazer da docncia na atualidade? Como a arte pode potencializar a docncia como prtica de criao?

    A inteno ter a arte e a experincia esttica como mote para pensar a arte,

    criao e inveno da prpria docncia. No programa do curso, constaro questes bsicas sobre arte (com nfase na arte contempornea), com oportunidade de

  • 12

    12

    experincias prticas de criao artstica e o contato com obras de artistas diversos, aproveitando mostras e exposies que acontecem na cidade de Porto Alegre15. A articulao do curso se dar em torno da constituio de cada participante como docente em formao, levantando questes como: quais as possibilidades de inveno e criao na docncia? O que a arte e a experincia esttica dizem para minha constituio como docente? - entre outras. desejvel tambm que nesta atividade estejam envolvidos alunos de diferentes licenciaturas, que tero a oportunidade de entrar em contato com docentes que j atuam na educao bsica, potencializando seu processo de formao em curso16.

    O registro dessa atividade se dar atravs de filmagens e registros individuais dos participantes, atravs da escrita e criaes plstico-visuais. Finalizada esta etapa, a inteno ser formar um grupo de formao continuada docente com aqueles que desejarem continuar participando do projeto. Na condio de grupo, o compromisso diferente no h a necessidade de obrigatoriedade de presena visando um certificado ou uma avaliao e as relaes intersubjetivas e os vnculos de confiana que se estabelecem que determinam os rumos do trabalho. A pesquisa acontece mais intensamente justamente nesse momento, acompanhando cada etapa da constituio deste grupo docente, seus ritmos e movimentos na constituio de uma possvel esttica da docncia. Como parceiros tericos e, conseqentemente metodolgicos, fornecendo a base filosfica ao projeto esto Michel Foucault e Nietzsche e suas produes tericas sobre tica e esttica. Acredito na produtividade destes autores para colaborar e arejar o pensamento sobre formao docente, mesmo que eles prprios no tenham se debruado (e nem desejado isso) sobre os temas especficos aqui em questo. Esta justamente a tarefa de quem pesquisa: abrir os conceitos, transform-los, de alguma forma danar com eles, produzindo novas possibilidades tericas e metodolgicas, vivendo a a criao no prprio processo de pesquisa. De Foucault, extraio as problematizaes tico-estticas presentes principalmente em seus ltimos escritos que dizem respeito s artes de si, a esttica da existncia, a constituio de subjetividades a partir de algumas tcnicas de si mesmo como a escrita de si e as relaes de amizade. Explorar este Foucault tico que rene

    15 Porto Alegre tem sido palco de inmeras atraes culturais tais como Bienal de Artes Visuais do

    Mercosul, Bienal B, Poa em Cena, feira do Livro, entre outras. 16

    A grande maioria dos estudantes que freqentam as disciplinas de Didtica na minha universidade no tm experincia docente.

  • 13

    13

    de alguma maneira os domnios presentes em toda a sua obra como o saber-poder-si17 tem sido uma tarefa instigante e surpreendente. Neste sentido so importantes a explorao dos temas desenvolvidos nos dois ltimos volumes da sua Histria da Sexualidade O uso dos prazeres e O cuidado de si, e principalmente, o curso A hermenutica do sujeito e os escritos de formatos diversos presentes nos seus Ditos e Escritos. As palavras chaves a a serem rastreadas e problematizadas a partir da anlise do material emprico que emergir dessa experincia de formao docente sero: tica, esttica, artes de si, processos de subjetivao.

    Nietzsche chega ao projeto de pesquisa ao som de marteladas, com seus aforismos provocativos e desestabilizadores da nossa vontade de verdade e de uma insana e infrutfera busca por uma essncia do que somos. Em muitos de seus escritos, a arte aparece com mais importncia do que a cincia e o filsofo pede que vejamos a prpria cincia com a tica do artista. Aqueles que so adversos arte so hostis prpria vida, pois a vida ela mesma aparncia, iluso, arte, perspectivismo e erro. Tudo aparncia, no h verdades a desvelar. E dessa forma que Nietzsche tambm faz uma crtica a moralidade crist que se oculta na crena de uma melhor vida, no anseio pelo repouso, pelo sab dos sabs, ou por um lado-de-l inventado para difamar o lado-de-c. a reedio do velho mito da caverna platnico, o mito das sombras e das luzes verdadeiras, do aparente e do inteligvel e daquele que consegue, enfim, levantar-se da escurido da caverna para descobrir toda a essncia das coisas, todas as luminosas verdades. Scrates (e talvez muitos pedagogos e formadores de professores), talvez seja a encarnao desse homem que nos mostrar todas as luzes, que nos trar o conforto do conhecimento, da racionalidade, da harmonia, do jbilo, a encarnao da prpria racionalidade ocidental moderna, que ainda fustiga nossa pele, que ainda corre em nossas veias, apesar de Nietzsche, de Foucault, dos chamados ps-modernos e das dissonncias contemporneas.

    Se em pesquisas anteriores, tive a oportunidade de aprofundar o estudo sobre Michel Foucault, penso que h necessidade neste projeto de aprofundar mais ainda o estudo sobre as ressonncias nietzschianas nas questes estticas e suas possibilidades para a constituio da docncia. Para isso, urge a tarefa do mergulho na produo terica do filsofo e de seus comentadores, tais como Machado (2001, 2002, 2005), Mos (2005), Dias (2005) e outros, tendo como foco a arte e a experincia esttica.

    17 Ver Veiga-Neto (2003).

  • 14

    14

    As provocaes tericas desses dois autores me possibilitam afirmar que intil procurar por um ponto de chegada da formao docente, ou a um modelo de docncia que ansiosamente aguardamos para vestir ou incorporar. A formao docente lenta e acontece em movimentos e ritmos distintos e singulares. Perseguir e problematizar estes movimentos, que so estticos, artsticos, dissonantes e imprevisveis a partir do acompanhamento de uma experincia docente a principal meta deste projeto de pesquisa.

    Alm do percurso filosfico e artstico que subsidia o projeto ser importante para as nossas anlises o conhecimento de outras pesquisas sobre formao docente em grupos, mesmo que sejam de perspectivas tericas distintas, como por exemplo, as desenvolvidas por Damiani (2004) e Dickel (2002) e tambm as pesquisas que escrutinam as inmeras possibilidades das escritas docentes, como por exemplo Bueno, Catani e Sousa (2002) , Cunha (2000, 1997), Josso (2004), Fischer (2005), Souza (2006) entre outros.

    Ser importante levar em conta tambm, com certeza, a experincia j acumulada em pesquisas anteriores em relao dimenso esttica da docncia, relaes de amizade e escritas de si. As pesquisas realizadas do um subsdio importante quanto s ferramentas tericas e a operacionalizao das anlises, abrindo possibilidade para a inveno de novos caminhos metodolgicos diante dos novos dados empricos que surgiro.

    O tom da anlise, preciso dizer, no ambicionar chegar a um modelo de formao docente passvel de ser repetido, ou que tenha qualquer tom prescritivo. O que se busca o registro de um processo que no tem uma meta emancipatria docente, mas que pretende, a partir de algumas concluses provisrias, provocar e encontrar novas experincias de docncia, menos assujeitadas a modelos externos ao prprio docente.

    Referncias AMORIM, Verussi de Mello. Por uma educao esttica: um enfoque na formao universitria de professores. Campinas: PUC-Campinas, 2007. 144 p. Dissertao (Mestrado em Educao). ARCHER, Michael. Arte contempornea: uma histria concisa. So Paulo: Martins Fontes, 2001. BERNAUER, James. Ms all de la vida y de la muerte. Foucault y la tica despus de Auschwitz. In: BALBIER, E. Et al. Michel Foucault, filsofo. Barcelona: Gedisa, 1999. p.254-275.

  • 15

    15

    CORAZZA, Sandra Mara. Como dar uma aula? Que pergunta esta? In: MORAES, Vera Regina Pires. (org.) Melhoria do ensino e capacitao docente. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1996, p. 57-63. CUNHA, Maria Teresa Santos. Dirios ntimos de professoras: letras que duram. In: MIGNOT, Ana Chrystina Venncio, BASTOS, Maria Helena Cmara, CUNHA, Maria Teresa (orgs.). Refgios do eu: educao, histria, escrita autobiogrfica. Florianpolis: Mulheres, 2000. p. 159-180. _______. Dirios femininos: devassas do eu. In: Seminrio Docncia, Memria e Gnero, GEDOMGE-FEUSP. So Paulo: Pliade, 1997. p. 105-112. CUNHA, Maria Isabel da. A didtica como construo: aprendendo com o fazer e pesquisando com o saber. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDTICA E PRTICA DE ENSINO, Educao Formal e no formal, processos formativos e saberes pedaggicos: desafios para a incluso social. Recife: ENDIPE, 2006. p. 485-503. DAMIANI, Magda Floriana, VELLOZO, Kenia Bica, BARROS, Raquel Rosado. Por que o trabalho colaborativo entre professores importante? Que evidncias h sobre isso? In: ANPED SUL Seminrio de Pesquisa em Educao da Regio Sul, 5, 2004, Curitiba, PR. Anais. Curitiba, PR: Pontifcia Universidade Catlica do Paran, 2004. p. 323. DIAS, Rosa Maria. Nietzsche e a msica. So Paulo: Discurso Editorial; Iju, RS: Uniju, 2005. DICKEL, Adriana, COLUSSI, Rosane, BRAGAGNOLO, Adriana, ANDREOLLA, Neusa. Em um processo de formao continuada, a possibilidade de articulao entre teoria e prtica: reflexes sobre uma experincia compartilhada. In: ANPED SUL Seminrio de Pesquisa em Educao da Regio Sul, 4, 2002, Florianpolis, SC. Anais. Florianpolis: UFSC/NUP/CED, 2002. p.64. FARINA, Cynthia. Pedagogia das afeces: arte atual, corpo e sujeito. Reflexo e Ao, Santa Cruz do Sul, v. 14, n.1, p. 45-53, jan./jun. 2006. _______. Arte, cuerpo y subjetividad. Esttica de la formacin y pedagoga de las afecciones. Tese de Doctorado en Ciencias de la Educacin. Universidad de Barcelona, UB, 2005. _______ . Formacin esttica: un rgimen poltico de lo sensible. Zettel. Arte de pensamiento, Buenos Aires - Argentina, v. 6, p. 07-22, 2005a. FISCHER, Rosa Maria Bueno. Escrita acadmica: arte de assinar o que se l. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.). Caminhos Investigativos III. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. FOUCAULT, Michel. A hermenutica do sujeito. So Paulo: Martins Fontes, 2004. ______. Histria da sexualidade v. 2: O uso dos prazeres. 8.ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998. ______. Sobre a genealogia da tica: uma reviso do trabalho. In: DREYFUS, Hubert e RABINOW, Paul. Michel Foucault, uma trajetria filosfica. Para alm do estruturalismo e da hermenutica. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 1995. p. 253-278. JOSSO, Marie-Christine. Experincias de vida e formao. So Paulo: Cortez, 2004. LEITE, Maria Isabel, OSTETTO, Luciana Esmeralda. Formao de professores: o convite da arte. In: OSTETTO, Luciana E., LEITE, Maria Isabel. Arte, infncia e formao de professores: autoria e transgresso. Campinas, SP: Papirus, 2004. p. 11- 24. LEITE, Maria Isabel (org.) Ata e desata: partilhando uma experincia de formao continuada. Rio de Janeiro: Ravil, 2002.

  • 16

    16

    LOPONTE, Luciana Gruppelli. Arte da docncia em arte: desafios contemporneos. In: OLIVEIRA, Marilda Oliveira de. (Org.). Arte, educao e cultura. Santa Maria, RS: UFSM, 2007, p. 231-249. _______. Docncia artista: arte, gnero e tico-esttica docente. Educao em Revista, Belo Horizonte - MG, n. 43, p. 35-55, 2006. _______. Escritas de si (e para os outros) na docncia em arte. Revista do Centro de Educao da UFSM, v. 31, n.2, p. 295-304, 2006a. ________. Docncia Artista: arte, esttica de si e subjetividades femininas. Tese de Doutorado em Educao, UFRGS, 2005. MACHADO, Roberto (org.). Nietzsche e a polmica sobre O Nascimento da tragdia. Ri o de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. ________. Nietzsche e a verdade. 2 ed. Rio de Janeiro: Graal, 2002. ________. Zaratustra, tragdia nietzschiana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. MARTINS, Mirian Celeste. Arte: o seu encantamento e o seu trabalho na educao de educadores a celebrao de metamorfoses da cigarra e da formiga. So Paulo: USP, 1999. 299 p. Tese (Doutorado em Educao). MOS, Viviane. Nietzsche e a grande poltica da linguagem. Civilizao Brasileira: Rio de Janeiro, 2005. NIETZSCHE, Friederich . O livro do filsofo. So Paulo: Centauro, 2004. ______. O nascimento da tragdia ou helenismo e pessimismo. So Paulo: Companhia das Letras, 2003. ______. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ningum. 12 ed. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2003a. _______. Ecce Homo: Como cheguei a ser o que sou. So Paulo: Martin Claret, 2002. _______. A gaia cincia. So Paulo: Companhia das Letras, 2001. _______. Humano, demasiado humano: um livro para espritos livres. So Paulo; Companhia das Letras, 2000. OSTETTO, Luciana. A arte no itinerrio da formao de professores: acender coisas por dentro. Reflexo e Ao, Santa Cruz do Sul, v. 14, n.1, p. 29-43, jan./jun. 2006. PEREIRA, Marcos Villela. A esttica da professoralidade: um estudo interdisciplinar sobre a subjetividade do professor. So Paulo: PUC/SP, 1996. Tese (Doutorado em Superviso e Currculo). PERROT, Michelle. As mulheres ou os silncios da histria. Bauru, SP: EDUSC, 2005. SOUZA, Elizeu Clementino de. A didtica como iniciao: fabricao de identidades, polticas e prticas de formao de professores. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDTICA E PRTICA DE ENSINO, Polticas educacionais, tecnologias e formao do educador: repercusses sobre a didtica e a prtica de ensino. Recife: ENDIPE, 2006. p. 15-27. SOUZA, Elizeu Clementino de (org.). Autobiografias, histrias de vida e formao: pesquisa e ensino. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006a. SOUZA, Elizeu Clementino de, ABRAHO, Maria Helena Menna Barreto (orgs.) Tempos, narrativas e fices: a inveno de si. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. TELLES, Joo A. Pesquisa educacional com base nas artes: pensando a educao dos professores como experincia esttica. Educao e Pesquisa., set./dez. 2006, vol.32, no.3, p.509-530. VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault e a educao. Belo Horizonte: Autntica, 2003. VEYNE, Paul. O ltimo Foucault e sua moral. Disponvel em www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault Acesso em 05 mar. 2005.