01 - série ser escoteiro é: sede perfeitos

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Série Escoteira

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  • 1. SDE PERFEITOS - E. J. ROWLAND SRIE

2. 1Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 SDE PERFEITOS Palestras Sobre a Promessa e a Lei Escoteira 1a. Edio: 2000 exemplares Autor: E. J. Rowland Traduo: Frei Dngelo O. F. M. Capa e Edio: Carlos Alberto F. de Moura Coordenao: Mario Henrique P. Farinon Digitao: Tania Ayres Farinon Ilustraes: Pierre Joubert PUBLICAOAUTORIZADAPELAUEB. Direitos de publicao cedidos Unio dos Escoteiros do Brasil, Regio do Rio Grande do Sul Porto Alegre, RS, 2002 EDIO IMPRESSA PELA DIRETORIA REGIONAL 2001/2003 Diretoria Mario Henrique Peters Farinon Diretoria David Crusius Diretoria Mrcio Sequeira da Silva Diretoria Ronei Castilhos da Silva Diretoria Osvaldo Osmar Schorn Correa EDIO DIGITALDISPONIBILIZADAPELADIRETORIAREGIONAL2004/2006 Diretoria Ronei de Castilhos da Silva Diretoria Neivinha Rieth Diretoria Waldir Sthalscmidt Diretoria Paulo Roberto da Silva Santos Diretoria Leandro Balardin COMITGESTOR Carlos Alberto de Moura Marco Aurlio Romeu Fernandes Mario Henrique Peters Farinon Miguel Cabistani Paulo Lamego Paulo Ramos Paulo Vincius de Castilhos Palma Sigrio Felipe Pinheiro Tania Ayres Farinon 3. 2 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 APRESENTAO Na Pscoa de 1998, de 10 a 12 de abril, um grupo de escotistas e dirigentes reuniram-se, em um stio denominado TAFARA CAMP, tomando para si a incumbncia de suprir a lacuna deixada pela falta de definio do tema das Especialidades, concebeu e criou o que hoje constitui-se no Guia de Especialidades da UEB. O mesmo grupo, na seqncia, participou decisivamente na elaborao dos Guias Escoteiro, Senior e Pioneiro. Visto que este trabalho informal e espontneo estava tendo resultados positivos, e, entendendo que a carncia de instrumentos, principalmente literatura, um grande obstculo ao crescimento do Escotismo, resolvemos assumir como misso disponibilizar instrumentos de apoio aos praticantes do Escotismo no Brasil. Este grupo, que tem sua composio aberta a todos quantos queiram colaborar com esta iniciativa, tambm resolveu adotar o pseudnimo TAFARA para identificar-se e identificar a autoria e origem de todo o material que continuar a produzir. Os instrumentos que TAFARAse prope a produzir, tanto sero originais como os Mapas de Especialidades, de Etapas Escoteiro, de Etapas Senior e de Planejamento, j editados pela Loja Escoteira Nacional, como tambm, tradues, adaptaes, atualizaes, consolidaes, etc., de matrias j produzidas em algum momento, e que, embora sejam teis, no mais esto disponveis nos dias de hoje. O material produzido por TAFARA feito de forma independente. No temos a pretenso de fazermos obras primas, mas instrumentos que possam auxiliar a todos quantos pratiquem Escotismo no Brasil. Esta edio reproduz o original. Em respeito ao autor no fizemos qualquer adaptao ou atualizao de aspectos de programa que j so diferentes, pois so secundrios nesta obra. Este mais um instrumento de apoio a suas atividades. BoaAtividade. Mario Henrique Peters Farinon 4. 3Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 SDE PERFEITOS Palestras Sobre a Promessa e a Lei Escoteira H certo perigo no ensinar a outros o que tm de fazer, se no lhes ensinarmos tambm o porqu e o como devem faz-lo. Se falharmos, os resultados so, muitas vezes, confuso de idias e desalento ante o fracasso. H, tambm, o perigo de ensinar muito a evitar o mal, sem a instruo positiva de como buscar o bem. Isto no cristo, nem escoteiro, nem tampouco ter xito com as pessoas que buscam levar vida intensa e plena. Esperamos que estas palestras, que, por necessidade, tivemos que limitar a alguns aspectos da Lei e da Promessa Escoteira (s vezes tratamos do aspecto mais prtico, embora no do mais bvio), possam estimular muitos a tomar verdadeira atitude frente a estas coisas; e alentar outros a buscar aquilo que quase sempre tem estado fora de seu alcance, o que , sem dvida, um dos pontos mais atraentes do Escotismo. Embora s o autor seja o responsvel por estas palestras, seu verdadeiro inspirador foi Lord Rowallan, cujo entusiasmo na redao de Scouter e em muitos outros escritos inspira-nos sempre o desejo de colimar o melhor e o mais difcil. Esperamos que estas palestras sirvam de alguma utilidade para os Escoteiros-Seniores, Pioneiros e para Escotistas, tanto para si mesmos, como para ensinar a outrem. Muitas destas palestras j foram dadas a Escoteiros-Seniores e a outros, todos rapazes normais, que no parecem aborrecer-se com elas. 5. 4 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 INTRODUO Dizer a algum, simplesmente: Seja Bom, bastante desagradvel, ou, pelo menos, dizer algo vago e sem objetivo. como estando vestidos de branco, se nos recordassem a possibilidade de cairmos na lama. Essa , na realidade, a razo por que muita gente, ao dizer: seja bom, quer com isso significar: evite o mal e no manche a roupa; e assim dizendo nos enfada, pois nada h de estimulante em evitar o mal. Nem sequer um nico dos artigos da Lei Escoteira lhes diz secamente que evitem o mal. E j notaram que Nosso Senhor Jesus Cristo jamais nos disse: Sejam bons, neste sentido de evitar o mal ? O que le disse, foi: Sde Perfeitos, e mais nos honrou dizendo que devamos sempre aspirar ao mais elevado. Se aspiramos ao mais elevado, talvez no o alcancemos jamais nesta vida, contudo certo que poderemos chegar muito mais alto do que se aspirssemos somente a mediocridade. Dois Escoteiros saem a escalar montanhas: um quer subir o monte de 200 metros; o outro o de 1.000 metros. O primeiro chega ao cume e o segundo alcana o meio. Muitas pessoas diro que o primeiro chegou sua meta e teve pleno xito e que o outro, ao parar na metade, fracassou. Mas quem subiu mais alto ? Se no desejarmos o melhor, nunca chegaremos a parte alguma, exceto a sermos piores, talvez. Em uma passagem do Livro do Apocalipse diz o Senhor condenando certa classe de gente: Conheo tuas obras e porque no s nem frio nem quente, mas tbio, estou para vomitar-te de minha boca. O mais perigoso estado de alma a tibieza. Quem mau sabe que o , e pode arrepender-se e corrigir-se. Contudo, uma pessoa sem ideais, que no nem uma coisa nem 6. 5Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 outra, nem muito boa nem muito m, no se muda facilmente, exceto para o mal. Imaginem-se estar em uma escada muito alta. A base est fixa num pntano e a parte de cima se encosta ao cume de uma montanha. Se olharem para baixo, h probabilidades de sentir vertigens e cairo. Se olharem para cima quase certa a chegada ao cimo. O Escotismo, da mesma forma que o Cristianismo, nos ensina a olhar para cima. Nunca nos d a oportunidade de nos sentirmos satisfeitos e de dormirmos sobre nossos lauris. Quem terminou as provas de Novio deseja passar s de Segunda Classe, o de Segunda Classe deseja ser de Primeira Classe, este aspira a ser Escoteiro da Ptria e assim sucessivamente at que chega o tempo de aspirar a Pioneiro. A Lei Escoteira encerra os mais elevados ideais do Escotismo. No nos diz ela que nos esforcemos por ser um pouquinho melhor, seno por sermos perfeitos. A Lei Escoteira no nos diz que sejamos bons limitadamente, mas sim que sejamos o que Cristo pensava quando disse: Sde Perfeitos. A Lei no diz que um Escoteiro deve ser bastante honrado, mas sim: a honradez de um Escoteiro merece sempre absoluta confiana. No diz tampouco que o Escoteiro deve ser amigo de seus amigos, mas de todos. O Escoteiro deve aspirar perfeio: esta a ordem que nos deu o Senhor. Baden Powell nos lanou um timo repto dando-nos a Lei, e como Escoteiros devemos nos orgulhar em aceit-la. Recordemos, portanto, que Cristo no esperava que fossemos totalmente perfeitos nesta vida, mas sim que aspirssemos a isso. Santa Catarina de Sena dizia: Deus no espera um trabalho perfeito, mas um desejo infinito. Deus nos pede que aspiremos sempre o mais alto; que perseveremos em nosso desejo e que no nos angustiemos pelos resultados. Estes, ns os entregamos a le, seguros de que em sua misericrdia nos julgar de modo diferente do que o mundo costuma julgar. Estas palestras sobre a Lei Escoteira no pretendem tornar a vida mais fcil, antes, porm, mais difcil. A Lei e a Promessa so um repto a todo Escoteiro para desejar no a mediocridade, mas a perfeio. Que Deus nos d esse desejo infinito de perfeio e sua Graa para perseverarmos nele. 7. 6 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 1 O Escoteiro tem uma s palavra; sua honra vale mais do que a prpria vida. (Na Inglaterra o 1 artigo diz : O Escoteiro honrado e sua palavra merece absoluta confiana) H trs padres para medirmos a maior parte das coisas que pensamos e fazemos: ms, regulares e boas. O significado da palavra honradez no exceo a essa regra. H rapazes nos quais nunca se pode acreditar: tanto mentem, que nunca se sabe quando esto dizendo a verdade. H rapazes, talvez a maioria, que so regulares: honrados, de uma honradez vulgar. No so, porm, cabalmente leais. Poucos so os rapazes em quem sempre se pode crer, poucos em quem se pode depositar absoluta confiana. Um Escoteiro deve pertencer a este ltimo tipo. No necessrio perder tempo em se discutir o primeiro tipo: o mentiroso. Diremos somente isto: sempre, e em qualquer de suas formas, temos de condenar a mentira. Cuidado, porm, ao se condenar o mentiroso. Nem todas as pessoas tm a mesma facilidade em dizer a verdade, da mesma forma que para muitas pessoas dificlimo no se embebedar. So muitos os que dizem: -me quase impossvel deixar de cometer este pecado.. E esta falta pode ser pior que a mentira, 1Artigo 8. 7Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 especialmente se no nos damos conta de que pecado. Consideremos o que um rapaz de honradez vulgar. Na opinio de muitos escoteiros isto suficiente para cumprir o primeiro artigo da Lei. Este rapaz, provavelmente, falseia sua idade para poder viajar pagando menos ou se esconde para no pagar a passagem. Ora, todo mundo faz. Este jovem mente tambm sobre a sua idade para entrar num hospital em visita a um amigo doente. Isto deve estar direito, porque para fazer uma boa ao. Faz suas aventuras pelas hortas, roubando frutas. Bem, afinal de contas, um rapaz sempre um rapaz. De qualquer forma ainda ter seu castigo, quando o dono das frutas o receber a pauladas. Dir uma mentira para livrar um companheiro de apuros: No venham dizer-me ser bom um escoteiro que permite que seu amigo passe apuros. Em todo caso prefiro ser mentiroso a ser pedante ! Antes de passar adiante, digamos que a mentira sempre um mal, por ser negao da verdade. Por certo h diferentes graus de mentira, uns piores que outros, e s vezes se deve escolher entre dois modos, entre dois males. Tenhamos, porm, cuidado com esta desculpa que no to freqente como desejaramos. Se crem que me equivoco, ao dizer que todos os exemplos que acabo de citar so de atos pouco honrados, num ou noutro grau, evoquem Nosso Senhor e pensem o que teria feito em casos semelhantes. No lhes vou resolver todos estes problemas sem fazer uma reflexo sobre cada desculpa: 1. Nunca se julgue que uma coisa seja boa, porque todos a fazem. Diremos algo mais sobre isto na prxima palestra; 2. Fazer uma boa ao a algum no converte a mentira em verdade. Se no se perturbar a ordem, no importa que se visite um amigo no hospital, porque j no se mais criana. Contudo, a mentira rebaixa sempre o nvel da honradez de quem quer que seja; 3. Muitos se desculpam, dizendo que rapaz sempre rapaz. Esta expresso verdadeiro insulto para os rapazes, pois sugere haver certos graus de comportamento demasiado elevados para eles. Tal coisa no verdade; 4. O fato de que o dono do quintal os est esperando para lhes dar uma surra, no converte o mal em coisa boa. A ameaa de castigo ou o perigo no mudam a m ao em 1a.LEI 1Artigo 9. 8 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 boa. Para isso h mil aes hericas e perigosas que so boas. Admitamos que o caso da mentira, para livrar a outrem, um problema difcil. Recordemos, porm, duas coisas: Muitas vezes causamos maior dano a nossos amigos encobrindo-lhes as faltas e no lhes ajudando a se corrigirem. Deve- se estar certo de que, quando dizemos tir-los de apuros, no sejamos tambm ns que nos queremos salvar. Porque, neste caso, os apuros ultrapassariam a verdade. Pormo-nos em apuros. Esta a frase que nos vai dar a soluo do problema. Aspirar perfeio um meio de nos pormos em apuros, e nada mais que a meta a seguir na Lei Escoteira e no Cristianismo. Nosso Senhor mandou carregssemos nossa Cruz. Ser um cristo praticamente quer dizer por em prtica o Cristianismo, carregar a cruz, sofrer. A cruz parte integrante do uniforme do cristo, como o chapu e a insgnia fazem parte do uniforme do escoteiro. E isto por que ? Porque os ideais de Cristo diferem muito dos ideais do mundo, no entando, o mundo no aprecia que se afirme isto, e se ri e persegue os que querem seguir os ideais de Cristo. Por isso crucificou a Cristo. Se os Escoteiros desejarem ser perfeitamente honrados sofrero por isso. Mas esta a verdadeira meta do primeiro artigo da Lei Escoteira. 1a.LEI 1Artigo 10. 9Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 2 O Escoteiro Leal. (Na Inglaterra o 2 artigo diz : O Escoteiro leal para com o Rei, seus Escotistas, seus pais, seus patres e os seus subordinados.) bastante difcil de se compreender o segundo artigo da Lei Escoteira, muito mais difcil pratic-lo. Ainda que se fale em lealdade Ptria, aos pais, aos chefes e aos subordinados, consider-lo-emos em geral, pois, na realidade, devemos ser leais para com todo mundo. Que quer dizer lealdade ? Usemos o dicionrio. O dicionrio de Oxford diz, definindo lealdade: cumprir as obrigaes do dever. E dever aquilo que cada um tem obrigao de fazer. Por que deve a gente fazer uma coisa ? Porque julga ser bom que se faa. E logo tropeamos em dificuldades. certo que devo obedecer sempre a meus pais primeiro que Tropa ? Qual o critrio a seguir? certo que sempre devo obedecer a um Chefe Escoteiro? Qual o critrio a seguir? certo que sempre devo proteger meus amigos? Deve sempre um homem combater por sua ptria? No primeiro artigo da Lei vimos que se engana quem se contenta com uma honradez medocre, mascarando coisas ms com um certo 2a.LEI 2Artigo 11. 10 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 ar de boas. Contudo, o problema do segundo artigo que, no se aspirando ao mais elevado, pratica-se uma ao menos digna julgando-a boa. Por que ? Dissemos que lealdade significa fazer algo que julgamos ser bom. Julgar, porm, implicar pensar e muita gente no pensa, nem mesmo procura pensar. O resultado no estarem capacitadas para saber se uma coisa boa ou m. Fazem o mal sem o saber e praticam o bem por motivos maus. O poeta T. S. Eliot, em seu poema Assassinio na Catedral, faz o Arcebispo dissertar sobre a mesma idia: A ltima tentao a maior traio: fazer algo de bom por uma m razo. A lealdade significa fazer uma coisa por crer que boa e isso implica pensar. Como decido se uma coisa boa ou no ? Dando-me ao trabalho de pensar sobre ela ? Antes, um conselho. Nunca faam algo porque todo o mundo faz. No uma razo suficiente em si mesma. O nmero de pessoas que pratica uma ao no muda a natureza dela. Se todos os rapazes de um colgio falseiam sua idade, isto no vai converter a mentira em verdade. No o nmero que mcula a ao, a mentira. Por certo, devo assegurar-me se sou a nica pessoa entre muitas que sustenta certa opinio; por outro lado, o fato de ser a nica no seja a causa definitiva de tomar uma deciso final. Muito a mido me aponta a conscincia o que devo fazer: que isto bom, que aquilo mau. Se fico com o brao imvel por muito tempo, este se tornar intil. O mesmo acontecer minha conscincia, se lhe desobedeo e no fao o que me indica. Com o tempo se tornar intil. Minha conscincia, da mesma forma que meu brao, tenho-os para us-los e us-los corretamente. Como resolver problemas mais difceis a respeito dos quais estou incerto ? Que fazer para acertar sempre ? Perguntar s pessoas em quem confio e que so aptas para me aconselhar sobre estas particularidades. Ser-me- fcil seguir a muitos destes conselhos, pois confio na pessoa que mos deu. Veremos que as pessoas que do bons conselhos sempre tm boas razes para tal e no nos foraro, mas deixar-nos-o decidir livremente. Se os conselhos de vrias pessoas diferem entre si, como sabem qual o melhor ? Muitas vezes difcil sab-lo. Contudo, 2Artigo 12. 11Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 lembremos que Deus s nos pede que procuremos conhecer o bem do melhor modo possvel. Se assim fizermos, no nos recriminar le por nos termos enganado, e se, de fato, praticarmos o mal, para ns no ser mal. Esse caso se nos apresenta quando lutamos por nossa ptria. Se um homem pensa que em todas as circunstncias matar um mal, se no perdeu nenhuma oportunidade de se aconselhar sobre esse particular, reforando assim seu critrio, faz bem decidindo-se a no combater.Ao contrrio, outro homem que odeia o matar tanto quanto o primeiro, pode julgar justo faz-lo para defender a ptria, e a deciso de lutar ser boa, em seu caso. Receio que tudo isto seja difcil. Terminaremos com alguns conselhos: 1. no seguir a opinio geral sem aprender a pensar e a pensar bem, por si mesmos; 2. no ser orgulhosos em pedir conselhos a outros e lembrar que as pessoas mais velhas quase sempre tem mais experincia que os jovens; 3. se outra pessoa, depois de fazer esforos para encontrar o certo, tem pontos de vista contrrios aos nossos, no conden-la e no pensar que as diferenas no importam. Admirar sua sinceridade e esperar que ela admire a nossa, estando de acordo em admitir que difere em seus pontos de vista (isto importantssimo em matria de religio); 4. no esperar que o cristianismo lhes dar a soluo rpida de cada problema. Pois, de fato, o cristianismo tem muito que lutar neste mundo e ocasiona muitos problemas; 5. rezar. Mas no esperar uma resposta imediata, como se espera resposta de uma carta. Muito a mide havemos de rezar por uma coisa durante muito tempo, antes de vermos como pouco a pouco se nos vai iluminando o caminho a seguir; 6. se chegarem a uma deciso justa, sustentem-na, sem angstias nem preocupaes. 2Artigo 13. 12 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 3 O Escoteiro est sempre alerta para ajudar o prximo e pratica diariamente uma boa ao. (Na Inglaterra o 3 artigo diz : O dever do Escoteiro ser til e ajudar aos outros.) A nota caracterstica deste artigo da Lei a palavra dever, que s aparece neste terceiro artigo. Baden-Powell deu nfase especial a este artigo com tal palavra. O exrcito de uma nao formado por soldados, porm uns so do corpo de artilharia, outros do corpo de sinaleiros, etc. Os Escoteiros devem seguir os dez artigos da Lei, especializando-se contudo no terceiro. Servir, o lema dos Pioneiros, que so os Escoteiros mais completos, tambm dever essencial de qualquer Escoteiro. O terceiro artigo o que mais se aproxima do cristianismo. Nosso Senhor deu um significado especial palavra Servir na noite em que foi trado. Depois da Ceia disse aos que com le estavam: Estou no meio de vs como quem serve. E logo em seguida lhes demonstrou o que com isso queria dizer. Cingiu-se com uma toalha e lavou os ps dos discpulos dizendo-lhes depois: Dei-vos o exemplo, para que, como diz convosco, assim o faais tambm. O verdadeiro servio o resultado do amor. O benefcio que fazemos com as vistas voltadas para nossa prpria glria no nos de valor algum, mesmo que ajude a outrem. O favor que prestamos, por amor ao prximo, tem um valor muito grande. O bem que realizamos 3Artigo 14. 13Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 3Artigo por amor a Deus de um valor imenso. H algumas frases muito exploradas, pelas quais s vezes nos guiamos, como aquela: A caridade comea em casa. Quase sempre a pem em prtica os que so to egostas que s desejam gastar dinheiro para o prprio bem. Contudo esse ditado a pura verdade no sentido de que: a caridade, o amor (falaremos disto um pouco mais na prxima palestra) comea, ou deve comear por sua casa. Muitos h que passam a maior parte de seu tempo ajudando seu prximo e, ocupados nisso, se esquecem de prestar o mesmo auxlio em casa. Praticam a caridade com os pobres e, em casa, maltratam as pessoas postas a seu servio, ou no socorrem a parentes necessitados. Por isso que a caridade deve comear pela prpria casa. Como Escoteiros devemos aspirar ao mais elevado. Um modo de verificarmos se, na verdade, aspiramos a tal coisa, perguntarmos se a nossa caridade, o nosso servir comea em nossa prpria casa. 15. 14 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 4 O Escoteiro amigo de todos e irmo dos demais Escoteiros. O Escoteiro amigo de todos. Que artigo ! Por certo tudo depende do significado que damos palavra amigo, amizade. Se com isto s pensamos nessa amizade de momento, que fazemos com quem lidamos em nossa vida diria, pessoas que nos agradam, mas que nada nos deixam de indelvel, ento no tem grande significao. Contudo, se por amizade entendemos esse lao de afeto e amor que nos une a certas pessoas, s quais, embora tenham interesses distintos e idades diferentes, nos sentimos unidos por este lao invisvel que nada, nem ningum, pode destruir, nem sequer a morte, ento, de fato, estamos diante de um problema. Esta espcie de amizade no se sente para com muitas pessoas. Como possvel ento que o Escoteiro deve ser amigo de todos ? A chave, creio, ns iremos encontrar na palavra amor, um dos sinais da amizade. Embora parea impossvel ao escoteiro ser amigo de todos, amar a todos no impossvel. Poderiam fazer esta objeo: Se a amizade para com todo mundo impossvel, mais didcil no seria amar a todos ? Isso pior; estou certo de que no poderei amar a todo mundo. No pode ? Pois o prprio Jesus nos disse: Amars a teus inimigos. E se temos de amar a nossos inimigos foroso nos amar a todo mundo. Antes de dizer-mos ser impossvel faz-lo, recordemo- 4Artigo 16. 15Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 nos de que foi Cristo, o prprio Deus, quem nos mandou amar assim. Vamos refletir sobre isto e poremos em prtica o que dissemos sobre julgar as coisas no segundo artigo da Lei. Temos que fazer uma distino: a ordem foi de amarmos a todo mundo, e no de gostarmos de todo mundo. Muita gente pensa que no se pode amar aquilo de que no se gosta. Julgam que amar significa gostar da companhia de uma pessoa, ter afinidades de carter com ela, sentir prazer em quer-la. Esse gostar no o significado cristo de amar. O sentido cristo desta palavra : desejar e fazer o bem a todos os demais. Isso muito diferente de apenas gostar. O amor cristo um ato do esprito e da vontade e no tem necessariamente nada a ver com os sentimentos. Em verdade, na prtica, inclui os sentimentos. O amor humano, pelo contrrio inteiramente um emaranhado de sentimentos. Quando afirmo que o amor cristo um ato do esprito e da vontade, quero dizer que devemos p-lo em prtica desta maneira: Encontro-me com algum que no me agrada. Nada de mal h nisso. Devo logo refletir: No gosto desta pessoa; desagradvel, pouco caricativa, pedante. Contudo foi Deus quem a criou e gostaria que fosse melhor e a ama com infinito amor (reflexo da mente). Farei o possvel para ajud-la com carinho e bondade, e se preciso for, chamando-lhe a ateno sobre seus defeitos e, sobretudo, ajud-la-ei com minhas oraes (ato de vontade). Imaginemos o que teria pensado So Francisco de Assis, quando se acercou dele o leproso: Horrvel. O aspecto, o cheiro deste homem me repugnam... , porm, criatura de Deus e amada por le. Todo mundo o evita. Chegarei a ele e lhe mostrarei, com bondade, que sou um ser humano e sem Ter feito nada por ele, contudo, o ama. E So Francisco de Assis o beija com amor, apesar de grande averso pelo ato. Isso amor cristo. Isso no sempre assim. Por experincia sabemos que quase sempre nos agradam as pessoas a quem amamos. O amor cristo to diferente do amor humano que os primeiros cristos procuraram outra palavra para design-lo. At o tempo de Nosso Senhor Jesus Cristo, amor se designava com a palavra grega eros, que o amor de sentimentos. Essa palavra no nos serve, disseram os primeiros cristos, pois o que temos a dizer muito diferente, algo totalmente novo para o mundo. E escolheram a palavra gape, para exprimir o amor cristo, esse amor que estou tentando explicar-lhes. A traduo desta palavra, no Novo Testamento, algumas 4Artigo 17. 16 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 vezes amor, outras caridade ou compaixo. Lembrem-se, quando lerem o Evangelho, de que as palavras amor e caridade, usadas a, ambas significam a espcie de amor que sentiu So Francisco pelo leproso e que Cristo sentiu pelos soldados que o estavam crucificando. um amor forte do esprito e da vontade, que pode, tambm, estar unido aos sentimentos, porm no necessariamente. Em uma praa de Londres h uma preciosa esttua do deus Eros. Est bem naquele lugar pblico, onde se v toda a espcie de amor. No muito longe dali, numa igreja, h a imagem daquilo que significa gape a figura de Cristo na Cruz. Essa forma de amor que o quarto artigo da Lei Escoteira nos determina, para procurarmos d-lo a todo mundo. muito difcil de adquiri-lo, de fato. Sozinhos no o conseguiremos. um Dom de Deus e devemos pedi-lo em nossas oraes. Para estarmos certo do nosso cumprimento a este artigo da Lei de amar ao prximo, devemos saber, no se nos agradam todos os nossos semelhantes, mas se estamos rezando por eles. O cumprimento deste quarto artigo da Lei Escoteira pode comear pela petio, durante a orao da noite, em favor do amigo da Tropa, ou de outro qualquer que menos nos entusiasme. Se se perseverar no am-lo com o esprito e com a vontade, notar-se- que, pouco a pouco, eles cairo em nosso agrado, ainda que no concordemos com tudo o que dizem e fazem. 4Artigo 18. 17Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 5 O Escoteiro Corts. O dicionrio define cortesia como: Ter as maneiras que convenham corte de um prncipe. Conforme esta definio, embora pensemos que cortesia signifique boas maneiras, creio at que poderiam ser maus costumes, porque as maneiras que convm corte de um prncipe depravado, seguramente, no poderiam ser boas. Na prtica tem sido assim, e corteses de um prncipe bom tem bons costumes, os de um prncipe depravado tem costumes depravados. O comportamento depende dos princpios nos quais cremos. Uma pessoa, ao menos uma que pensa, agir pelos princpios em que cr. Se tais princpios desaparecem, agir logo de outra forma. Se algum acredita firmemente no mandato de Deus de no se separarem os que se uniram em matrimnio, nunca pensar no divrcio. Se no cr nessa ordem, em certas circunstncias, provavelmente se divorciar. de fato desagradvel estarem os mais velhos a dizer que as coisas de hoje no so como as de outrora. Creio, porm, que de fato foram as maneiras e os costumes que se mudaram. Diariamente, nos nibus e trens, se vem pessoas a se empurrar sem considerao. Homem ou rapaz algum se levanta e cede lugar a outra pessoa. Dar passagem a uma senhora pelo lado de dentro do passeio e fazer o mesmo ao se caminhar a seu lado, isso j caiu de moda. Em si mesmas, pode-se admitir no terem estas coisas 5Artigo 19. 18 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 tanta importncia, so, porm, o reflexo de algo mais profundo. Um rapaz que cede o lugar num nibus ou trem, que acompanha a uma senhorita dando-lhe sempre o melhor lugar, provavelmente algum que sabe tratar com o respeito devido as senhoras e pessoas mais velhas. Deixar que outros saiam ou entrem por uma porta antes de ns sinal de que no se egosta. Oferecer a outrem o ltimo doce ou pedao de bolo, demonstra tambm controle sobre si mesmo. Verdade que, se a outra pessoa for corts, as probabilidades so de que no aceitar; contudo isso no diminui a cortesia de nosso oferecimento. Devemos ter algumas razes para cumprirmos este artigo da Lei, para sermos corteses: O comportamento um reflexo daquilo em que acreditamos. Muito importa tal observao. Muitas pessoas conscientes condenaram coisas espantosas que se sucederam na ltima guerra, sem contudo se surpreenderem pela sua consumao; porque, acostumados a considerar o homem como parte de maquinaria, e no como a imagem e semelhana de Deus, parecia- lhes natural fossem eles tratados como mquinas. Voltemos definio de cortesia: as maneira que convm corte de um prncipe. Em que corte servimos ns cristos ? Na corte do prncipe celestial Jesus Cristo. Nossas maneiras e costumes devem ser dignos de sua corte. Seja o nosso comportamento semelhante ao dle e como se estivssemos em sua presena. Recordemos que sempre estamos na sua presena. Eis a o verdadeiro motivo. Qual ser o resultado ? Essa sublime considerao para com o prximo o cunho do verdadeiro cristo e do verdadeiro escoteiro, e contribui sobremaneira para que seja a vida mais suportvel a todos. 5Artigo 20. 19Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 6 O Escoteiro Bom Para os animais e as Plantas. Cremos que nos temos tornado mais compassveis para com os animais desde que Baden Powell nos deu este artigo da Lei. Devemos continuar dando bom exemplo nesse sentido, mas deixemos que este artigo nos d uma lio mais elevada. Por que ser amigo dos animais ? Porque Deus os criou, e se lhes deve a considerao e amor que se deve a tudo que Ele criou. A maioria das pessoas aceita a criao sem pensar muito. O ciclo anual da natureza, o movimento regular da terra, sol, lua e estrelas; a comida e a bebida. Pode ser que a admirem. Contudo compreendem bem que Deus a causa de todo o belo: rvores, flores, animais, crepsculos, mares borrascosos, montanhas, nevadas ? E se pensarmos no corpo humano ? Ver, ouvir, falar, pensar, amar, viver. Como nos escapam todas estas maravilhosas obras de Deus, e que Deus seu autor. Tudo isso foi criado do nada por puro amor. Quantas vezes Lhe agradecemos por isso ? O agradecimento ocupa muito pouco lugar na vida da maioria das pessoas. Quando ramos crianas, nos ensinaram a agradecer por um favor recebido. Quantas vezes, porm, agradecemos a Deus tantos favores, muito maiores que qualquer outro ? Isso no bom escotismo. O escoteiro corts. A ingratido no est certa, pois a gratido nos leva a buscar o que melhor nesta vida, e se buscarmos o bem esqueceremos o mal. 6Artigo 21. 20 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 Ser grato produz felicidade, ser ingrato causa amargura. Aprendemos do sexto artigo da nossa Lei, que nos ensina os bons modos para nos mostrarmos agradecidos ao Criador. Quantas vezes j agradecemos a Deus por nos haver criado, por nos ter dado habilidade em fazer certas coisas; por nos rodear com a formosura da natureza? Muitas vezes, em suas epstolas, nos fala S. Paulo do agradecimento. Aos Efsios pedia-lhes que rendessem graas a Deus Pai por todas as coisas que nos concedera em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. E S. Paulo tinha justos motivos para ser um amargurado. 6Artigo 22. 21Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 7 O Escoteiro Obediente e Disciplinado. (Na Inglaterra o 7 artigo diz: O Escoteiro obedece s ordens dos seus pais, do Guia de Patrulha (monitor) ou do Mestre Escoteiro (Chefe Escoteiro) sem fazer perguntas.) Apesar deste artigo da Lei se referir especialmente obedincia devida aos pais, aos guias de Patrulhas e Chefes Escoteiros, etc., podemos de uma vez bem considerar este problema da obedincia em geral. Muitas pessoas, se so sinceras para consigo mesmas, havero de admitir que s obedecem a duas classes de ordens: quelas que no lhes importa obedecer e quelas que se vem obrigadas a obedecer. bem difcil vencer-se para chegar a obedecer, sem titubear, a todas as ordens que nos vm de fora. Exceto s ms. Todavia, mais difcil vencer-se a si mesmo no obedecer s ordens que saem de nossa conscincia, de nosso interior. O que faz o rapaz vencer-se para obedecer lei Escoteira isso : para ele esta a ordem de fazer o que julga estar bem. Esta autodisciplina e obedincia interna nos do a verdadeira liberdade. Isto no assim, dir-nos- o mundo, , ao contrrio, um sinal de debilidade de carter e nos faz escravos. A verdadeira liberdade fazer o que a gente quer. Ser verdade isso? Vencer-se para obedecer s ordens da 7a.LEI7Artigo 23. 22 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 conscincia no , de modo algum, sinal de fraqueza de carter ; pod- lo- constatar quem quer que haja experimentado faz-lo. Levantar-se logo quando o chamam pela manh; falar sempre a verdade, sem engano ; evitar as ms conversas, isto no dar mostra de carter dbil. Crem vocs que as pessoas que fazem tudo que desejam so realmente livres ?Asseguro-lhes que no. Vejamos como exemplo o fumar. s um exemplo ; no quero com isso condenar a quem fuma. Quem mais livre : aquele que fuma constantemente, sem poder deixar o cigarro, o que fez o voto de no fumar, ou o que pode fumar ou no fumar, sua vontade ? O primeiro tem liberdade para fumar, como, porm, no pode deixar de faz-lo, falta-lhe a liberdade para no fumar. O segundo livre para no fumar ; se fuma, rompe seu voto. O terceiro livre para fazer ambas as coisas, tem autodisciplina, ao menos em relao ao fumo. A pessoa que possui disciplina interior achar fcil a exterior.Com esta disciplina aprendeu algo mais do que controlar a si mesmo. Sabe controlar seus pensamentos, o que muito importante, pois os pensamentos levam s palavras e atos. Ter aprendido a controlar suas palavras e estar livre de um dos piores pecados : falar mal do prximo. Saber controlar seus atos. Poder levantar-se de manh, escalar montanhas ou fazer qualquer outra coisa difcil pelo prazer de faz-la, sem deixar influenciar-se pela opinio do mundo. Como aprender esta autodisciplina interior? Comeando pelas coisas pequenas. Lembremo-nos de comear pelas coisas nfimas. Muitas pessoas se entusiasmam por fazer grandes coisas, porm, se quase sempre fracassam, porque no comearam por aprender a fazer o mais simples. Os grandes pianistas tiveram de aprender as escalas, e os melhores jogadores de tnis aprenderam antes as regras mais elementares do jogo. Recordo-me de uma pessoa muito disciplinada de quem vim a saber o seguinte fato : no exato momento em que soava a campainha para as refeies (era um religioso de um convento), se estivesse escrevendo, depunha imediatamente sua caneta, mesmo no meio de uma palavra. Deve-se exercitar em fazer esta espcie de coisas e aplic-la logo s idias. As tentaes do pensamento devemos expuls- 7Artigo 24. 23Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 las, da mesma forma, no instante em que vierem mente. Naquele exato momento facilmente elas cedem, mais tarde talvez ser muito mais difcil. O momento de decidir se vamos suicidar-nos, atirando-nos de uma ponte, aquele mesmo em que nos vem o mau pensamento, quando ainda estamos longe do lugar e no ao estarmos no ar para cair. Devemos aspirar a uma autodisciplina perfeita. Nunca chegaremos perfeio. Somente Cristo a alcanou, pois fez-se obediente at morte. Foi esta obedincia perfeita de cristo que nos lucrou a vida eterna. Embora no possamos agradecer-lhe suficientemente, o melhor modo seguir seu exemplo. 7Artigo 25. 24 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 8 O Escoteiro Alegre e Sorri nas Dificuldades. (Na Inglaterra o 8 artigo diz: O Escoteiro sorri e assobia em todas as dificuldades.) Da mesma forma que se pode obedecer, pode-se sorrir e cantar. Tambm interior e exteriormente. Assim como a obedincia interior melhor, assim tambm o sorriso e o canto interiores superam os exteriores. Que quer dizer isto ? Consideramos primeiro o sorriso e o canto exteriores. Algum pode controlar-se para sorrir e cantar quando as coisas no vo muito bem, e o efeito causado em ns e nos outros notvel. Uma horrvel manh no acampamento pode converter-se em agradvel, se dois escoteiros procuram estar externamente alegres, ainda que no seja este o sentimento interior. Isso seria magnfico. Todavia melhor seria se o sorriso e o canto fossem reflexo do interior. No quinto artigo de Lei escoteira ressaltamos que o comportamento depende daquilo em que acreditamos. Para que nos ensine o oitavo artigo uma das lies mais teis e importantes da vida ( muita gente a desconhece), consideremos o assunto desde o ponto de vista do que cremos. Para ns isto significa o que cremos como cristos. Como cristos sabemos que Jesus Cristo nos remiu do pecado, ou, mais propriamente, nos proporcionou a oportunidade de nos 8Artigo 26. 25Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 salvarmos, pois para isso mister usarmos esta oportunidade. Como Jesus fez tal coisa? Tornando-se homem, habitando na terra e morrendo na Cruz. E por que somente isso no nos salva ? O pecado a conseqncia de dois grandes erros: a desobedincia e o consentimento dado a um prazer proibido. Cristo praticou com perfeio as duas virtudes opostas: a obedincia e o sofrimento. Na Cruz foi Cristo obediente at a morte e sofreu infinitamente. Deus aceitou esta obedincia e este sofrimento para op-los s desobedincias e prazeres ilcitos de todos os homens. De tal maneira puderam os homens salvar-se. Deus permite que O ajudemos a salvar as almas, tanto as nossas como as de nosso prximo, pelos infinitos mritos do Sangue de Cristo na cruz. A melhor ajuda so nossas oraes. Contudo, a orao no somente oral e mental. Pode ser, tambm, ao. Podemos rezar oral, mentalmente e agindo. Podemos oferecer a deus os atos de cada dia como orao para obtermos certas graas. Nossas alegrias e os sofrimentos de cada dia podem ser outras tantas oraes. Quando, por exemplo, as coisas nos esto saindo s avessas, como sucede quase diariamente ; quando temos dor de cabea ou quando nos morre um parente, podemos oferecer a deus estes sofrimentos, seja isto para sua glria ou sirva para nos alcanar alguma graa especial. Se nos ofendem com uma frase pouco caridosa, digamos logo Meu Deus, aceito esta ofensa e a ofereo em unio com todos os insultos que recebeu Jesus para que eu seja melhor ou ... (qualquer outra graa que precisamos). Se tivermos uma dor de cabea digamos: Meu Deus, aceito esta dor e a ofereo em unio com o que Jesus sofreu na Cruz, para que, por exemplo, meu irmo diga sempre a verdade. Pode ser que parea raro tal coisa, contudo recordemos que a orao tanto pode ser falada, pensada e feita por aes. Sempre ser bom, j que os santos e os bons cristos fazem o mesmo e o recomendam. S. Paulo fala sobre esta orao em sua carta aos Colossenses. Lembremo-nos de que a Cruz foi a melhor orao e foi rezada por uma ao. Que tem isto a ver com o oitavo artigo da Lei escoteira ? O sorrir e o cantar exteriores so bons; melhor ainda tal coisa 8Artigo 27. 26 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 no interior com o prazer ntimo que emana de podermos aproveitar nossos sofrimentos. Esta a razo por que muita gente que sofre tanto, talvez morrendo de cncer, tenha no semblante uma expresso de grande felicidade. Como tudo que difcil, o tempo que nos adquire tudo isto. Sigamos cantando e sorrindo ao comearmos a prtica deste novo mtodo a que nos propomos para aproveitarmos bem os nossos sofrimentos e as alegrias tambm. Comecemos a pratic-lo desde a manh , cedo. Ao despertarmos, ponhamo-nos de joelhos e ofereamos a Deus o dia com todos os seus desgostos e alegrias. muito importante assegurar-se de que a locomotiva est nos trilhos antes de comear uma viagem. 8Artigo 28. 27Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 9 O Escoteiro Econmico e Respeita o Bem Alheio O Escoteiro econmico. No desperdia. O que desperdiar? Algumas vezes isso significa tambm ser avaro de seu dinheiro e tempo. Um avarento que amontoa dinheiro, enquanto sua mulher, seus filhos e ele prprio se acabam de fome, est empregando mal seu dinheiro. O mesmo se d com um esbanjador, porque o gasta todo. Economizar nosso tempo no quer dizer que devemos estar sempre estudando ou fazendo coisas teis . s vezes se emprega melhor o tempo a ler um conto de detetive ou simplesmente a descansar em uma poltrona. Quanto desperdcio h, porm, neste mundo. Quando at em nossa prpria vida. Nunca o saberemos at que ao chegar ao fim volvamos atrs nossos olhares. Empregamos mal nosso dinheiro, seja em esbanj- lo, seja em economiz-lo demais. Usamos mal de nosso tempo estudando pouco ou estudando demais. Jogamos fora nossos gozos e nossas alegrias, servindo-nos deles egoisticamente ou no lhes dando o devido valor. Desperdiamos os dons que deus nos deu: faculdades para direo, msica, lnguas ou para qualquer outra coisa. Desperdiamos boas oportunidades que se nos apresentam: de ajudar a outrem, de um agradecimento, etc. Qual , pois, o critrio para julgarmos, se muitas vezes o que nos parece economia no passa de desperdcio ? 9Artigo 29. 28 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 Se quisermos que uma coisa funcione bem, devemos saber para que ela foi feita e us-la para isso. Vendo sobre a mesa uma faca ou bisturi de cirurgio, no o poderemos usar para cortar o ramo de uma rvore. Se cortarmos o ramo com ele, este se tornar intil ao cirurgio em suas operaes, para o que, realmente foi feito. O mesmo sucede conosco : somente funcionaremos bem; se soubermos para que fomos feitos e se tratarmos de viver de modo a nossa vida atingir os fins para os quais foi criada. Quem me criou ? Para que me criaram ? Deus me criou para que eu o conhecesse, amasse, e servisse aqui na terra e depois pudesse gozar de sua presena no cu. Se creio e compreendo bem isto e vivo de acordo com esta crena, minha vida ter sentido e serei feliz. Tal no quer dizer que no sofrerei na vida. Deus me deu inteligncia, bens, dinheiro e outras coisas mais para que me seja fcil alcanar o objetivo de minha vida. Quando uso destas coisas para conseguir o que Deus quer, no as estou esbanjando. Se as uso para fins diferentes, estou dissipando os dons de Deus. Natural que a cada passo e a tudo que fazemos no vamos perguntar : estou fazendo isto para melhor conhecer, amar e servir a Deus? Contudo, se sei perfeitamente porque Deus me criou e tenho uma inteno geral de viver segundo a vontade de Deus, estarei, pelo menos, na direo certa. s vezes, talvez, a perderei, porm terei cincia de que a perdi e saberei encontr-la. Este o motivo por que devemos examinar, com regularidade, nossa vida, em orao, para vermos que direo levamos. Se notarmos afastamento do caminho reto, devemos agir em seguida : arrepender-nos do passado e fazer novos propsitos para o futuro. Por isso que muitas pessoas sabem como bom separar- se um pouco do mundo, de vez em quando, fazendo um retiro, para estar a ss com Deus e pensar sobre todos os problemas. Triste de se ver o grande nmero de pessoas que no tm a mnima idia por que Deus as criou, e passam pela vida sem fazer algo mais do que procurar o prazer. O prazer acha um lugar em sua vida. uma das coisas que ajudam a fazer a vida mais completa, contudo, no a meta da vida. O prazer um meio, no um fim, e h sempre conflito quando se mesclam meios e fim. 9Artigo 30. 29Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 Quando Baden Powell disse que o propsito do Escotismo era fazer cidados felizes, saudveis e teis, assinalava outra vez o caminho da perfeio. A pessoa perfeita completamente equilibrada: usa sua alma, seu corpo, sua inteligncia para os fins a que Deus a destinou, isto : conhec-Lo, am-Lo e servir-Lhe nesta vida e depois gozar de sua presena no cu. A pessoa que rege sua vida por estas normas nada ou muito pouco esbanjar dela. Para a maioria isto no quer dizer renunciar a todas as diverses, filmes, bailes, livros, mas sim usar de tudo isso moderadamente e como parte de um todo. O todo a vida que devemos viver, o fim exigido pela vontade de deus. Lembremo-nos, contudo, de nada valerem nossas oraes se nossas obras deixam muito a desejar. Tampouco nossa eficincia escoteira nos ser til se nunca oramos. A Deus pertence, integralmente, a nossa vida ; no h nela parte alguma que no seja para oferecer-Lhe. E a melhor maneira de fazer esta oferta vivendo- a o melhor possvel por amor a Ele. um insulto oferecer a Deus coisas mal feitas : igrejas descuidadas, uniformes em desalinho, oraes mal rezadas, acampamentos ruins, etc. Se compreendssemos isto e fizssemos Escotismo para a glria de Deus, seramos melhores escoteiros, de menos estmulos necessitaramos para nos mantermos alerta. Conviria a cada Chefe escoteiro manter, por algum tempo, sua Tropa sem esprito de competio. Cada Patrulha trate de ser eficiente quanto puder, sem se preocupar se melhor ou pior que outra, oferecendo-se a Deus na inteno de que a Tropa e as Patrulhas sejam dignas dEle. Certo estou de que se surpreendero com os resultados obtidos. Para terminar, duas concluses prticas : 1) adquirir o hbito de repetir com freqncia, para si, durante o dia : Meu Deus, executarei este trabalho, no colgio, no escritrio, em casa, no jardim, no asseio pessoal, na Tropa ou em qualquer outro dever, por pequeno que seja, o melhor possvel para Sua Glria ; 2) fazer duas contas. Quanto gasto comigo, por semana ? Quanto dinheiro dou para as Obras de Deus, por semana ? Multiplicar por cinqenta e dois e teremos as cifras anuais. Tais resultados sero de muita utilidade para a orientao de toda nossa vida. 9Artigo 31. 30 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 10 O Escoteiro Limpo de Corpo e Alma. (Na Inglaterra o 10 artigo diz: O Escoteiro limpo em pensamentos, palavras e aes.) O dcimo artigo da Lei escoteira inclui os outros nove. Se o escoteiro cumprir os nove primeiros, estar cumprindo o dcimo; se cumprir o dcimo, estar cumprindo os outros nove. Pode-se ir mais longe. Se o escoteiro puro no pensamento, ser puro nas palavras e obras, porque a mente a fonte das obras e palavras. Se o recipiente limpo, a gua proveniente dele tambm o ser. De fato, toda a lei escoteira est centralizada nessa pureza de pensamento. O dcimo artigo se associa quase sempre pureza referente s coisas sexuais. Quero consider-lo no sentido mais amplo: todos os pensamentos, palavras e obras, porque o total inclui as partes. Se tudo o que pensamos, dizemos e fazemos reto e puro, os pensamentos, aes, especialmente difceis sobre assuntos sexuais, sero tambm retos e puros. um assunto que d margem a muitas consideraes ; contudo, somente daremos algumas sugestes : 1) Compreender que o mais difcil de se cumprir na Lei escoteira o controle dos pensamentos. um problema a ser tratado com energia, do contrrio, em nenhum outro campo, faremos 10Artigo 32. 31Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 progressos, Os maus pensamentos devem ser banidos no mesmo instante em que nos sobrevm. 2) Compreender que h diferena entre a tentao e o pecado. A tentao o convite ao pecado, ao mal; em si, porm, no um mal. Vemos R$ 100,00 sobre a mesa : Eu gostaria de apanh-los. No gostaria tambm voc ? Porque no os apanharei ? a tentao. At a nada de mal. Como os apanharei ? Voc j caiu em tentao, mesmo que no tire o dinheiro. No os apanharei, por no serem meus . Voc venceu a tentao. Os maus pensamentos, que muitas vezes no podemos controlar, acumulam-se em nossa mente. O que fazemos com eles o que importa. Se neles consentimos camos em pecado. Se os vencermos seremos melhores que antes da tentao. Escrevia S. Tiago, em sua epstola : Bem-aventurado o homem que resiste tentao ; porque, quando julgado, receber a coroa da glria. Recordemos : No h tentao que nos ataque e que no seja tambm comum a todos os homens. Isto um grande conslo e nos deve animar a lutar contra a tentao, pelo bem dos demais escoteiros da nossa Tropa ou de nossa Patrulha, que esto passando pelas mesmas dificuldades. Recordemos tambm que Deus no permitir sejamos tentados alm de nossas foras, seno que nos dar, com a prpria tentao, o meio para nos livrarmos dela. Diremos algo mais em nossa prxima palestra. 3) Aprender a disciplinar a mente, como se sugeriu na palestra sobre o stimo artigo da Lei Escoteira. Quando as tentaes se acumulam em nossa mente, pensemos em Nosso Senhor, na Virgem Maria e nos Santos. Rezemos uma breve orao pedindo auxlio. Deus ama-nos, confia em ns, assinalou-nos uma misso a cumprir, se operarmos com Ele. 4) Por fim, irmos, tudo que verdadeiro, justo, honesto, tudo que puro, formoso, pode ser objeto de nossos pensamentos. S. Paulo dava o valor devido aos pensamentos. Mas assim mesmo custa encher a cabea com bons pensamentos, antes que com maus, difcil rodear-se de coisas belas, em vez de feias. 5) Compreender que, para enfrentarmos este problema, a luta vai ser dura e comprida. Seria impossvel a vitria ? Sim, quase impossvel se pretendermos obt-la sem a ajuda daquilo de 10Artigo 33. 32 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 que vamos falar na prxima palestra. Quando tratvamos o primeiro artigo da lei, disse que o Cristianismo aspira, no mediocridade, mas perfeio. No Sermo da montanha, disse Nosso Senhor: bem-aventurados os puros de corao, porque eles vero a Deus. Teria sido melhor a traduo: Bem-aventurados os puros de pensamento, porque eles vero a Deus. Outra vez nos chama a lei Escoteira a aspirarmos ao mesmo fim que Cristo. No diz o dcimo artigo da Lei: O Escoteiro puro em seus pensamentos, palavras e obras ? Este o final do assunto. O escoteiro deve ser puro em seus pensamentos. Os puros de pensamento vero a Deus, conforme a promessa do Senhor. Contemplar-te abertamente e ver Teu rosto, a viso de Tua glria e de Tua graa. 10a.LEI10Artigo 34. 33Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 A Promessa do Escoteiro A Bblia divide-se em Antigo e Novo Testamento. Poucas pessoas sabem por que se usa a palavra Testamento. Testamento significa Aliana ou Pacto e a Bblia a histria de duas alianas entre Deus e o homem: uma delas antes e a outra depois da vinda de Cristo. Considerando bem, extraordinrio que Deus faa pactos com os homens. Muitas pessoas querem tornar-se poderosas para forar os demais a cumprir sua vontade. Deus, contudo, que todo-poderoso, no impe sua vontade ao homem, mas faz pactos com ele. Adverte-nos o que acontecer se no Lhe obedecermos, d- nos, porm, inteira liberdade de obedecer-Lhe e de aceitarmos ou recusarmos suas graas. No Antigo Testamento h muitas referncias s alianas de Deus com os Judeus, os quais Ele havia escolhido para serem os preparadores da vinda de Jesus Cristo ao mundo. H sempre duas partes em uma aliana, no a podemos fazer unilateral, e os pactos entre Deus e os Judeus no Antigo Testamento continham sempre as duas partes: Eu cuidarei de vs e de vs farei um grande povo. E do outro lado: Vs deveis cumprir meus mandamentos. A dramtica histria de uma destas alianas est no captulo 24 do xodo, que um dos livros do Antigo Testamento, no qual se conta como foi aquele pacto selado com sangue. Depois que Deus tinha feito suas promessas e pediu ao povo o que desejava dele, eles prometeram : Tudo o que Deus disse o cumpriremos. Ento, Moses tomou a metade do sangue de um touro e aspergiu o povo, dizendo: Este o sangue da aliana que Deus faz conosco sobre todas estas palavras. APROMESSADOESCOTEIRO 35. 34 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 Quando Jesus veio terra fez um novo Testamento ou aliana, e o chamou Novo, pois desejava que substitusse o Antigo. Na ltima ceia, disse, ao dar o clice a seus discpulos: Bebei dele todos, que este meu sangue do Novo Testamento (Aliana) que ser derramado por muitos para a remisso(perdo) dos pecados. Qual foi a nova aliana que Jesus fez ? Prometeu-nos, entre outras coisas maravilhosas, dar-nos a graa para podermos levar o estado de vida sobre o qual estamos falando nestas palestras da lei Escoteira. Como dissemos na ltima palestra , impossvel sem a ajuda de qu ? Sem a ajuda da graa que Jesus Cristo mereceu para ns com sua morte na Cruz. A Graa, o poder que Jesus nos alcanou na Cruz, o poder que nos permite fazer coisas que de outra forma seriam impossveis. Normalmente nos d Deus a sua graa atravs dos Sacramentos da Igreja, como a Confisso e a Comunho. Os Sacramentos so sinais visveis que podemos ver e tocar e que do nossa alma o poder espiritual a que chamamos graa. H duas partes em toda aliana quais so essas duas partes nesta nova aliana ? Primeiro a nossa: antes, devemos deixar que Deus reine em nossa vida, o que no significa devemos estar sempre a pensar nele, coisa impossvel. Significa, sim, que compreendamos que tudo quanto somos a Ele o devemos e que dEle dependemos. Da segue o nosso dever de relacionar tudo com Ele. Relacionar-nos a Ele significa contar com Ele, dar-Lhe seu devido lugar. Se no rezamos, no estamos fazendo isto. Se nunca falamos com uma pessoa, jamais reconheceremos nossa dependncia a ela, nem nos relacionaremos a ela. Invoquemos a Deus diariamente. Nossa parte da aliana inclui tambm o cumprimento das leis de Deus e da Lei Escoteira . A parte de Deus no pacto que nos dar fora para cumprirmos Sua Lei, outorgando-nos a graa. Deus nos d a graa para usarmos dela. Nenhuma utilidade tem a gasolina no tanque do automvel, a menos que a usemos. Duas palavras de advertncia : 1) mesmo com a graa de Deus no poderemos observar sua lei com perfeio. Cairemos a mide. Lembremos, porm, o que foi dito no princpio: Deus nos pede aspirarmos ao melhor. No nos deve desalentar o fracasso. Deus no pede um trabalho APROMESSADOESCOTEIROAPROMESSADOESCOTEIRO 36. 35Srie Ser Escoteiro ...Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 perfeito, mas um desejo infinito. A graa de Deus nos auxilia no desejo do mais elevado, a nos esforar para isso e nos levanta quando camos e nos faz arrepender de nossas culpas. Se fizermos tudo isso, Deus cuidar do resto. 2) nunca nos compararmos com os demais. possvel que sejamos melhores que os outros. Triste seria se o escoteiro no fosse. Esse, porm, no o caso. Cada um de ns um copo de tamanho diferente e nada mais nos resta a fazer seno encher este copo. No condenemos a um homem por o vermos brio em seis noites da semana. bem possvel que na stima noite esteja se esforando muito para ser sbrio, do que um de ns para combater outras tentaes... Nunca saberemos com certeza o que outra pessoa pensa, nem quanto se esfora para melhorar. O nico que eu conheo perfeitamente a mim mesmo, e o verdadeiro conhecimento de si mesmo ensina a ser humilde. Finalizemos por onde comeamos. A vida crist no consiste em cuidar de ser bom, mas esforar- se por ser perfeito. Sede perfeitos, disse O Senhor . Sede perfeitos, diz-nos a Lei Escoteira. E neste esforo para a perfeio encontraremos a unio com Deus, gradualmente, mas de modo real e maravilhoso, por uma unio que Deus planejou para ns e que Nosso Senhor declarou assim: Sero todos um, como Tu, Pai, ests em Mim e Eu em Ti, para que todos sejam um em ns. Essa a meta da vida crist. Prometo pela minha honra fazer o melhor possvel... Que coisa mais comovedora nossa Lei e nossa Promessa Escoteira, que deseja de ns, no o regular e medocre, e sim o mais elevado e melhor; que nos chama a uma vida mais atrativa, porque muito difcil. Recordemos as palavras que citamos na nossa primeira palestra : Conheo tuas obras e que no s nem frio nem quente, mas porque no s nem frio nem quente, estou para vomitar-te da minha boca. Uns tantos versculos depois, estas palavras : Ao que vencer, f-lo-i sentar-se comigo no trono, assim como eu tambm venci e me assentei com o Pai em seu Trono. APROMESSADOESCOTEIRO 37. 36 Srie Ser Escoteiro ... Volume 1 Produzido pela UEB/RS - Edio Impressa: Gesto 2001/2003 - Edio Digital: Gesto 2004/2006 Sumrio APRESENTAO .................................................... 2 SDE PERFEITOS.................................................. 3 INTRODUO ......................................................... 4 1 Art. O Escoteiro tem uma s palavra; sua honra vale mais do que a prpria vida. .......................... 6 2 Art. O Escoteiro Leal. ..................................... 9 3 Art. O Escoteiro est sempre alerta para ajudar o prximo e pratica diariamente uma boa ao.... 12 4 Art. O Escoteiro amigo de todos e irmo dos demais Escoteiros. ............................................ 14 5 Art. O Escoteiro Corts. .............................. 17 6 Art. O Escoteiro Bom Para os animais e as Plan- tas. ..................................................................... 19 7 Art. O Escoteiro Obediente e Disciplinado. . 21 8 Art. O Escoteiro Alegre e Sorri nas Dificulda- des. .................................................................... 24 9 Art. O Escoteiro Econmico e Respeita o Bem Alheio ................................................................. 27 10 Art. O Escoteiro Limpo de Corpo e Alma......30 A Promessa do Escoteiro ...................................... 33