01. consignaÇÃo em pagamento
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__________________________________________________________________________________EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA ESTADO DO PARANÁ.
MOLDES S/A, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ/MF sob o nº 222.222.222./0001-01, com sede à rua
Guilherme Nespolo, 1548, Centro, CEP.: 86.312-000, Londrina/PR, por
meio de seu procurador inscrito na OAB/PR 09.2217-11 com endereço
profissional indicado ao rodapé desta2 e que a esta subscreve, vem,
perante este Juízo, propor a seguinte:
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
com escólio nos arts. 890 e seguintes do CPC c/c arts. 334 e seguintes
do CC/2002 e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie, em face
de PLÁSTICO Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF 111.111.111/0001-01 com sede à Rua João Vechi, 5946,
Centro, CEP.: 86.311-000, Curitiba/PR, pelas razões de fato e
fundamentos jurídicos aduzidos.
I – DOS FATOS
1 Instrumento de Mandato anexo.2SRTVS QUADRA 701, BLOCO B, SALA 730 - CENTRO EMPRESARIAL.
CURITIBA-PR - CEP: 86.340-907FONES: (41) 3037 0240 FAX: (41) 3036 6889
e-mail: [email protected] /[email protected]
A Requerida, celebrou contrato com a Requerente,
por meio do qual contratada, desenvolveria um projeto e construiria
moldes para a fabricação de brinquedos plásticos. Ficou acertado que
os moldes estariam à disposição da contratante a partir de 15 de
novembro de 2013, devendo a Requerida providenciar a retirada dos
mesmos no pátio da contratada, ora Requerente a partir desta data. O
preço dos moldes, R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), foi
pago no ato da contratação3.
Ocorre que, na data aprazada a Requerente finaliza a
fabricação dos moldes e disponibiliza sua retirada, entretanto, a
Requerida, se recusou a retirá-los, alegando argumentos implausíveis
quais não possuíam ligação alguma com o contrato celebrado entre às
partes, notificando a Requerente extrajudicialmente4. A conservação
dos moldes pela contratada, Requerente, causa-lhe transtornos
logísticos (estocagem) e, principalmente, pecuniários (manutenção).
Nessa esteira e, sem alternativa, a Requerente
recorre ao Poder Judiciário, para ver sanada sem mácula sua
obrigação.
II – DO DIREITO
II.a – Do Cabimento
Precipuamente, é inconteste que como devedora
assiste direito a Requerente em solver obrigações, sendo para tanto,
amparada pelo ordenamento jurídico, que propugna, justamente, pelo
adimplemento das obrigações, conforme se pode facilmente verificar,
nas seguintes disposições do Código Civil, adiante transcritas:
“Art. 334: Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.”
Art. 335. A consignação tem lugar:(...)II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
Amparada pelo viés legal pugna a Requerente
devidamente pela presente Ação de Consignação em Pagamento,
direito material assegurado na legislação civil, tendo em vista que não
se deram por completas as obrigações.3 Contrato – Anexo.4 Cópia da Notificação Extrajudicial – Anexo.
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II.b – Da Mora da Credora
A credora Plásticos Ltda. deveria ter retirado os
moldes objeto do contrato do pátio da devedora Moldes S/A. Pelo fato
de não ter retirado os moldes, a partir de 15 de novembro de 2005,
Plásticos Ltda. encontrar-se-ia em mora para com a devedora Moldes
S/A., conforme dispõe artigo 394 do Código Civil:
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
No caso sub judice, a credora se recusa a retirar a
coisa devida (artigo 335, inciso II do Código Civil), impondo,
injustificadamente, ônus à devedora. Enquanto a coisa permanecer nas
mãos do devedor, este não estará exonerado dos riscos nela
incidentes, assim como não estará exonerado da própria obrigação.
Isso se deve ao fato de que a mora do credor não exonera
automaticamente a devedora.
Ainda, oportuno é ressaltar, que a mora fica ainda
mais explícita com a notificação extrajudicial enviada à devedora
(artigo 397 do Código Civil). Trata-se de mora accipiendi, que diminui
a responsabilidade do devedor, mas não a afasta, nos termos do artigo
400 do Código Civil.
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
Conforme alerta Sílvio de Salvo Venosa:
“Ocorre, todavia, que em certas situações fáticas a consignação por parte do devedor é a única forma que ele possui para desvencilhar-se da obrigação. Na prática, portanto, a utilidade da consignação, nos termos estatuídos na lei, torna-se necessária. Só assim poderá o devedor, por exemplo, desonerar-se dos riscos pela guarda da coisa5.
Sendo assim, a fim de extinguir a mora, não seria
melhor juízo da Requerente, senão o de consignar o pagamento da
Requerida a credora.
II.c – Do Procedimento da Ação De Consignação
5 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos, 4. ed., São Paulo: Atlas, 2004, Vol. II, p. 247.
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Cumpre anotar os termos do art. 890 do Código de
Processo Civil, no que pertine à possibilidade da presente ação:
“Art. 890: Nos casos previsto em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
Clóvis do Couto e Silva ensina, ainda, que:
“[o]s pressupostos gerais para a consignação em pagamento são, em conseqüência, a existência de dívida líquida e certa, mora do credor, ou ainda, incerteza fundada sobre quem seja o credor. (...) a mora do credor pode ocorrer porque a dívida era quesível e o credor não compareceu no domicílio do devedor na data aprazada6.”.
A credora Plásticos Ltda. encontrava-se em mora
para com a devedora Moldes S/A. porque a dívida era quesível, os
moldes deveriam ter sido retirados do pátio da devedora – e a credora
não compareceu na data aprazada (15 de novembro de 2013).
Proposta a ação de consignação em pagamento e
depositados os moldes, considera-se adimplida e extinta a obrigação
da Requerente, Moldes S/A., exonerando-a, ainda, dos riscos
incidentes sobre a coisa. Isto significa que propondo a presente Ação
de Consignação em Pagamento e depositando a coisa devida, soluciona
de plano o problema da Requerente.
II.d – Dos Efeitos da Consignação
Neste ínterim, deve-se atentar para as disposições
do Código Civil, art, 337, e, outrossim, para as do Código de Processo
Civil, art,891, caput, no intuito de se verificar os efeitos necessários da
presente ação. Nos seguintes termos comandam os Códigos Civil e
Processual Civil:
“Art. 337: O depósito requerer-se-à no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da divida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.”
“Art. 891: Requerer-se à consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente.”
Por derradeiro, destarte se verifica, o depósito tem o
condão de liberar o devedor da dívida e demais riscos, como se
houvesse pago o valor devido diretamente ao credor é o que ora
pugna-se diante este D. Juízo.
6 COUTO E SILVA, Clóvis do. Comentários ao CPC. São Paulo: RT, 1977, vol. XI, tomo I, p. 19.
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III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS
Ante o exposto, requer:
I) A procedência da ação nos termos do art. 897
CPC, com a consequente declaração da extinção da obrigação e desde
logo desconstituída a mora;
II) Consoante o art. 893,I do CPC, o Depósito dos
moldes devidos;
III) A citação da Requerida para retirar os moldes
ou oferecer resposta, no prazo de 15 dias (art. 893, II do CPC);
IV) A condenação em custas e honorários nos termos
do art. 897 do CPC;
V) A pertinente produção de provas amparadas pelo
direito;
Dá-se a causa do valor de R$ 205.000,00 (duzentos e
cinquenta mil reais) consoante art. 259, V do CPC.
Nesses termos, pede-se e espera deferimento.
Curitiba/PR, em 27 de novembro de 2013.
Emanuel Nunes CordeiroOAB/PR – 09.2117-1
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