01 apostila economia pol saude 2014 7

39
ii Sumário 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1 1.1 EMENTA 1 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL 1 1.3 OBJETIVOS 1 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1 1.5 METODOLOGIA 2 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 2 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 2 CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR 3 2. TEORIA DO CONSUMIDOR 4 2.1 CONCEITO 4 2.2 LEI DA DEMANDA 4 2.2.1 RELAÇÃO ENTRE QUANTIDADE DEMANDADA E PREÇO DO BEM 5 2.2.2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA 5 2.3 OFERTA DE MERCADO 6 2.4 EQUILÍBRIO DE MERCADO 7 3. TEORIA DA PRODUÇÃO 8 3.1 CONCEITOS BÁSICOS 8 3.1.1 PRODUÇÃO 8 3.1.2 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO 8 3.2 ANÁLISE DE CURTO PRAZO 9 3.3 A ANÁLISE DE LONGO PRAZO 10 3.3.1 ECONOMIA DE ESCALA OU RENDIMENTO DE ESCALA 10 4. ESTRUTURAS DE MERCADO 11 4.1 CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA 11 4.2 MONOPÓLIO 13 4.2.1 DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS 15 4.3 OLIGOPÓLIO 15 4.3.1 COORDENAÇÃO DE PREÇOS 16 4.3.2 BARREIRAS À ENTRADA 17 4.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA 18 5. PRODUTO INTERNO BRUTO 19

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Apostila Economia

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Page 1: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

ii

Sumário

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1

1.1 EMENTA 1

1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL 1

1.3 OBJETIVOS 1

1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1

1.5 METODOLOGIA 2

1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 2

1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 2

CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR 3

2. TEORIA DO CONSUMIDOR 4

2.1 CONCEITO 4

2.2 LEI DA DEMANDA 4

2.2.1 RELAÇÃO ENTRE QUANTIDADE DEMANDADA E PREÇO DO BEM 5

2.2.2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA 5

2.3 OFERTA DE MERCADO 6

2.4 EQUILÍBRIO DE MERCADO 7

3. TEORIA DA PRODUÇÃO 8

3.1 CONCEITOS BÁSICOS 8

3.1.1 PRODUÇÃO 8

3.1.2 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO 8

3.2 ANÁLISE DE CURTO PRAZO 9

3.3 A ANÁLISE DE LONGO PRAZO 10

3.3.1 ECONOMIA DE ESCALA OU RENDIMENTO DE ESCALA 10

4. ESTRUTURAS DE MERCADO 11

4.1 CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA 11

4.2 MONOPÓLIO 13

4.2.1 DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS 15

4.3 OLIGOPÓLIO 15

4.3.1 COORDENAÇÃO DE PREÇOS 16

4.3.2 BARREIRAS À ENTRADA 17

4.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA 18

5. PRODUTO INTERNO BRUTO 19

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iii

6. ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO 21

6.1 ORÇAMENTO PÚBLICO 21

6.2 RESULTADO FISCAL 21

6.3 FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO 21

6.3.1 EMISSÃO MONETÁRIA 22

6.3.2 EMISSÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS 22

6.4 DÍVIDA PÚBLICA INTERNA 23

6.5 POLÍTICA FISCAL 23

7. MOEDAS E BANCOS 24

7.1 MOEDA 24

7.1.1 HISTÓRICO 24

7.1.2 FUNÇÕES DA MOEDA 24

7.2 BANCOS 25

7.2.1 SISTEMA BANCÁRIO 25

7.2.2 EFEITO MULTIPLICADOR 25

7.3 POLÍTICA MONETÁRIA 26

7.3.1 OPEN MARKET 26

7.3.2 ENCAIXE COMPULSÓRIO 26

7.3.3 TAXA DE REDESCONTO 26

8. INFLAÇÃO 27

8.1 TEORIAS 27

8.2 O SISTEMA DE METAS DE INFLAÇÃO 29

9. FINANÇAS INTERNACIONAIS 30

9.1 BALANÇO DE PAGAMENTOS 30

9.2 OS REGIMES CAMBIAIS 30

9.2.1 FIXO CONVENCIONAL 31

9.2.2 BANDAS CAMBIAIS 31

9.2.3 FLUTUAÇÃO ADMINISTRADA 31

9.2.4 FLUTUAÇÃO PURA 31

10. O SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL 32

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

1

1. Programa da disciplina

1.1 Ementa

Sistema Econômico e Políticas de Saúde. Balanço de Pagamentos. Regimes

Cambiais. Medidas de Desempenho da Economia. Políticas Econômicas. As Taxas de

Juros no Brasil e no Exterior. Conseqüências Econômicas devido ao envelhecimento

da população brasileira e a redução da taxa de natalidade.

1.2 Carga horária total

24 horas-aula

1.3 Objetivos

- Identificar os fatores que afetam o comportamento dos consumidores

- Investigar as variáveis determinantes da oferta

- Identificar e analisar as estruturas de mercado nas quais se inserem as empresas

- Conhecer os principais elementos que compõem as finanças do Estado

- Analisar o papel da moeda e a função do sistema bancário no financiamento do

setor privado e do setor público

- Entender o fenômeno da inflação, examinar seus efeitos e analisar as políticas de

estabilização.

- Apresentar os principais conceitos que compõem o referencial analítico das

finanças internacionais.

-Apresentar e analisar os principais indicadores econômicos relativos ao setor de

saúde suplementar no Brasil

1.4 Conteúdo programático

Teoria do Consumidor. Teoria da Produção. Estruturas de Mercado. Financiamento

do setor público. Taxa de juros. Inflação e políticas de estabilização. Balanço de

Pagamentos. Regimes cambiais. O setor de saúde suplementar no Brasil.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

2

1.5 Metodologia

Aulas expositivas. Apresentação de estudos de caso. Dinâmica de grupo para a

discussão de fatos estilizados.

1.6 Critérios de avaliação

Prova escrita (individual)

1.7 Bibliografia recomendada

BESANKO, David, BRAEUTIGAM, Ronald R. Microeconomia-Uma abordagem

Completa. Rio de Janeiro:Livros Técnicos e Científicos Editora S.A , 2004.

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

FRANCO, G. H. (1998). “A inserção externa e o desenvolvimento”. Revista de

Economia Política, Vol. 18, nº 3, Jul-Set.

KENNEDY, Peter E. Economia em contexto. São Paulo: Saraiva, 2004.

MILES, David e SCOTT, Andrew. Macroeconomia - Compreendendo a riqueza das

nações. São Paulo: Saraiva, 2005.

MANKIW, N.G. Introdução à Economia- Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio de

Janeiro: Elsevier, 2001.

OCKÉ-REIS ET AL. 2006) O Mercado de Planos de Saúde: Uma criação do Estado.

Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, 10 (1), 157-185, jan./mar.

2006

PINHO, Benevides, SANDOVAL DE VASCONCELOS, Marco Antonio (orgs) Manual de

Economia. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 1997.

VASCONCELLOS, Marco Antonio S. de, GARCIA. Manuel Enriquez. Fundamentos de

Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

VIEIRA , M. M. F., VILARINHO, P. F. (2004) O Campo da Saúde Suplementar no

Brasil. Revista Ciências da Administração. Florianópolis: V6, n. 11. p.9-34. Jan./jul.

2004

Page 5: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

3

Curriculum vitae do professor

Mauro Rochlin é Doutor em Economia (Universidade Federal do Rio de Janeiro),

Mestre em Relações Internacionais (PUC-RJ) e Bacharel em Ciências Econômicas

(UFRJ). Atuou como Diretor Financeiro em empresas privadas nos setores têxtil-

vestuário, publicitário e de produção áudio-visual. Foi Coordenador do curso de

Economia da Universidade Candido Mendes (até 2007), Pesquisador do Instituto de

Economia Aplicada (até 2009) e Diretor de Desenvolvimento e Integração da

Universidade Candido Mendes (até 2009). Atualmente é Diretor Financeiro de

Empresa Privada e professor da FGV e do IBMEC-RJ.

Page 6: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

4

2. Teoria do Consumidor

2.1 Conceito

Os fundamentos da análise da demanda têm por base o conceito subjetivo de

utilidade. O conceito utilidade, em economia, designa o grau de satisfação que o

consumidor atribui aos bens e serviços que podem ser adquiridos no mercado.

Utilidade, portanto, é um atributo que os bens econômicos possuem de satisfazer o

consumidor.

A origem do conceito reside nos trabalhos seminais de Jevons e Walras, cuja

Teoria do Valor-Utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma a partir da

sua demanda. Isto é, o valor de um bem é determinado a partir da satisfação que

esse bem representa para o consumidor. O estudo da demanda, objeto desta

seção, baseia-se nessa teoria.

A teoria utilitarista considera que a utilidade total de um bem tende a aumentar

à medida que aumenta a quantidade consumida desse bem. Entretanto, a utilidade

marginal - que é a satisfação que o consumidor obtém ao adquirir uma unidade

adicional de um bem - é decrescente uma vez que a satisfação do consumidor

decresce à medida que ele adquire unidades adicionais do bem.

O exemplo clássico que ilustra o conceito é o chamado paradoxo da água e do

diamante. Por que a água, um bem essencial, é tão barata, e o diamante, um bem

supérfluo, é tão caro? A resposta é que a água tem elevada utilidade total, mas

reduzida utilidade marginal (por ser abundante), e o diamante, por ser escasso,

tem elevada utilidade marginal e total.

2.2 Lei da Demanda

A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado

bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em um determinado período

de tempo.

A demanda por um bem não depende só do preço do bem, mas também de

outras variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço dos

outros bens, a renda do consumidor e os gostos e preferências do consumidor. A

Page 7: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

5

hipótese coeteris paribus é o recurso que se utiliza para se estudar a influência

dessas variáveis, ou seja, considera-se que enquanto uma variável atua, as demais

permanecem constantes.

2.2.1 Relação entre quantidade demandada e preço do bem

Há uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada,

coeteris paribus. Isso porque, quando o preço de um bem cai, este fica mais barato

em relação a seus concorrentes, fazendo com que os consumidores fiquem mais

propensos a adquirí-lo. Essa relação pode ser observada a partir da construção da

curva de procura do bem. A curva de procura abaixo mostra a relação entre a

procura de um bem e o preço desse mesmo bem.

Matematicamente, a relação pode ser descrita pela chamada função demanda:

Qd = f(P); onde:

Qd = quantidade procurada de um determinado bem ou serviço, por período de

tempo;

P = preço do bem ou serviço.

A expressão acima significa que a quantidade demandada é uma função f do

preço P.

2.2.2 Elasticidade-preço da demanda

É a forma com que se expressa, em economia, a sensibilidade da demanda a

variações nos preços. Em outras palavras, é a variação percentual na quantidade

procurada de um bem X, em resposta a uma variação percentual em seu preço,

coeteris paribus.

-Demanda elástica: caso em que a variação percentual da quantidade

demandada é maior do que a variação percentual do preço.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

6

-Demanda inelástica: caso em que a variação percentual no preço acarreta uma

variação percentual relativamente menor na quantidade procurada.

2.3 Oferta de mercado

A oferta pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que os

produtores desejam vender por unidade de tempo. Do mesmo modo que a

demanda, a oferta depende de vários fatores, além do preço do produto. Dentre

eles, citamos: os demais preços, o preço dos fatores de produção e a tecnologia.

A chamada Lei Geral da Oferta mostra que há uma relação direta entre

quantidade ofertada e o nível de preços, coeteris paribus. Seguindo a lei, podemos

indicar uma escala de oferta de um bem X. Ou seja, dada uma série de preços,

quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:

Preço Quantidade ofertada

1,00 1.000

3,00 5.000

6,00 9.000

8,00 11.000

10,00 13.000

A escala também pode ser expressa graficamente como a seguir:

Matematicamente, a função da oferta pode ser expressa da seguinte forma:

Qo = f(P); onde:

Qo = quantidade ofertada de um bem ou serviço, por período de tempo;

P = preço do bem ou serviço

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

7

A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem é

devido ao fato de que, coeteris paribus, um aumento no preço do bem incentiva as

empresas a aumentar sua produção, de modo a aumentar sua receita.

2.4 Equilíbrio de mercado

A interseção das curvas de oferta e de demanda determina o preço e a

quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço no mercado. Ou seja, na interseção

das duas curvas temos o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos

produtores e dos consumidores simultaneamente

Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela indicada pelo ponto de

equilíbrio E, ocorrerá uma situação que pode ser descrita como escassez de oferta

ou excesso de demanda. Nesse caso, as quantidades ofertadas serão inferiores as

quantidades procuradas. Isso acarretará uma competição dos consumidores pelos

produtos, o que provocará uma elevação dos preços. Esse movimento vai se

estender até que o equilíbrio seja restabelecido.

De forma análoga, se a quantidade ofertada se situar acima do ponto de

equilíbrio, haverá uma situação de excesso de oferta. Isso acarretará a formação de

estoques não-planejados por parte dos produtores, que reagirão diminuindo preços.

Também nesse caso o movimento nos preços se estenderá até que o equilíbrio seja

restabelecido.

Assim, não havendo impedimentos para a livre movimentação dos preços,

haverá uma tendência natural para que o sistema volte ao ponto de equilíbrio. No

entanto, para que isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem do

governo nem de setores com poder de mercado, que geralmente dificultam o livre

movimento das forças de mercado.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

8

3. Teoria da Produção

3.1 Conceitos básicos

3.1.1 Produção

É o processo de transformação dos fatores de produção utilizados pela empresa

em produtos a serem comercializados no mercado. Nesse processo são combinados

diferentes fatores de produção de modo a se produzir o bem ou produto final. As

formas através das quais as empresas combinam os fatores constituem os

chamados métodos de produção.

A escolha de um dado método de produção vai depender de sua eficiência. Um

método é tecnicamente eficiente se, comparado a outros métodos, utiliza menor

quantidade de fatores para produzir uma quantidade equivalente do produto.

3.1.2 Função de Produção

A função de produção identifica a forma de resolver os problemas técnicos da

produção, por meio da apresentação das combinações de fatores que podem ser

utilizados para o desenvolvimento do processo produtivo. Ela pode ser conceituada

como a relação que mostra a quantidade obtida do produto, a partir da quantidade

utilizada dos fatores de produção.

È importante sublinhar que, a função de produção assim definida admite sempre

que o empresário esteja utilizando a maneira mais eficiente de combinar os fatores

e, conseqüentemente, obterá maior quantidade produzida do produto. Ou seja, a

questão da melhor técnica passa ao largo do debate econômico, supondo-se já

resolvida pela área de engenharia.

A função de produção pode ser expressa analiticamente da seguinte maneira:

q = f {x1, x2, x3,..., xn}

Onde:

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

9

q é a quantidade produzida do bem ou serviço, num determinado período de

tempo; x1, x2, x3,..., xn, identificam as quantidades utilizados de diversos fatores

de produção; f indica que q é uma função da quantidade de insumos utilizados

Fatores Fixos e Fatores Variáveis de Produção - Curto prazo e Longo prazo

- Fatores variáveis- São aqueles cujas quantidades utilizadas variam à medida

que a quantidade produzida varia. Exemplos: matérias-primas e mão-de-obra

- Fatores fixos- São aqueles cujas quantidades não variam quando a produção

varia. Exemplo: o tamanho (a planta industrial) da empresa.

-Curto Prazo- É definido como o período de tempo em que ao menos um fator

se mantém fixo.

-Longo prazo- É o período de tempo em que todos os fatores podem sofrer

variação.

3.2 Análise de curto prazo

Suponhamos uma função de produção simplificada, com apenas dois fatores

(um fixo e um variável):

q = f (N, K)

onde:

q=quantidade;

N = mão-de-obra (fator variável)

K = capital fixo (fator fixo)

Nesse caso, para que a quantidade produzida possa variar, é necessário que

haja variação na quantidade utilizada do fator variável. Assim, a função de

produção pode ser expressa como:

q = f (N)

Assim observada, a função de produção ajuda a entender alguns conceitos

básicos da Teoria da Produção aplicáveis a análise da firma. São eles:

-Produto Total: É a quantidade do produto obtida a partir da utilização do fator

variável, mantendo-se fixa a quantidade dos demais fatores.

-Produtividade média do fator: É o resultado do quociente da quantidade total

produzida pela quantidade utilizada do fator.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

10

-Produtividade marginal do fator: É a relação entre as variações do produto

total e as variações da quantidade utilizada do fator.

3.3 A análise de longo prazo

A análise de longo prazo pressupõe que todos os fatores de produção são

variáveis. Assim, a possibilidade de que o tamanho da empresa também possa

variar, dá origem ao conceito de economia de escala.

3.3.1 Economia de escala ou rendimento de escala

O conceito de economia de escala diz respeito à queda do custo total médio em

resposta a um aumento da produção. Pode-se apontar como causa geradora das

economias de escala a maior especialização no trabalho quando a empresa cresce.

O caso da fábrica de alfinetes apontado por Adam Smith é o exemplo clássico de

como a especialização gera rendimentos de escala

As economias de escala ocorrem quando a variação na quantidade do produto

total é mais do que proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de

produção. Por exemplo, elevando-se a utilização dos fatores em 20%, a produção

total aumenta 30%.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

11

4. Estruturas de mercado

A Teoria Neoclássica supõe que o mercado tende a encontrar o equilíbrio. Essa

suposição traz implícita a noção de que os mercados são competitivos, não havendo

interferências que impeçam a livre movimentação de preços. Entretanto, formas

diversas dos ambientes de competição são encontradas no mercado.

Este capítulo discute as formas que o mercado pode assumir com vistas à

organização da concorrência. Essas formas ou estruturas de mercado dependem

basicamente de três fatores:

a) Do número de empresas que participam do mercado

b) Do tipo de produto (similares ou diferenciados)

c) Da existência de barreiras à entrada no mercado

Apresentaremos, a seguir, as estruturas de mercado que a teoria tem focalizado

como objeto de análise.

4.1 Concorrência Pura ou Perfeita

É o tipo de estrutura em que um número muito grande de empresas atua, de tal

maneira que a oferta encontra-se muito pulverizada e que, por isso, nenhuma

empresa isoladamente consegue modificar os níveis de oferta e,

conseqüentemente, o preço de equilíbrio.

Nesse tipo de mercado devem prevalecer, ainda, as seguintes premissas:

-Produtos homogêneos: não existe diferenciação entre produtos ofertados pelas

empresas concorrentes;

-É livre a entrada de empresas no mercado

-Há pleno conhecimento das informações relativas ao mercado (nível de oferta,

preços, etc)

Uma característica fundamental dessa estrutura é que, no longo prazo, não

existem lucros extraordinários (em que as receitas superam os custos), mas apenas

os chamados lucros normais, que correspondem ao custo de oportunidade do

emprego do capital.

Page 14: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

12

Em concorrência perfeita, como há pleno conhecimento de informações, e como

não existem bloqueios à entrada de concorrentes, se existirem lucros

extraordinários, isso atrairá novas empresas para o mercado. Com o aumento do

número de empresas, haverá um aumento na oferta de mercado, o que fará os

preços recuarem. Dessa forma, será restabelecida a situação de lucro normal,

cessando a entrada de novas empresas no mercado.

Esquema de empresa em concorrência perfeita

quantidade

receita

total custo total lucro

receita

marginal

custo

marginal

0 0 3 -3 6 2

1 6 5 1 6 3

2 12 8 4 6 4

3 18 12 6 6 5

4 24 17 7 6 6

5 30 23 7 6 7

6 36 30 6 6 8

7 42 38 4 6 9

8 48 47 1 6

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

13

Curva de uma empresa em concorrência perfeita

4.2 Monopólio

É a estrutura de mercado onde apenas uma empresa detém a totalidade da

oferta de mercado. Neste caso, portanto, não há concorrência. O produto da

empresa monopolista não se defronta com produtos substitutos-próximos. Assim,

ou os consumidores aceitam as condições impostas pelo produtor ou deixam de

consumir o produto.

Como o monopolista não enfrenta a concorrência de outras empresas, podendo

regular a oferta total de mercado, ele tem grande influência sobre o preço. Assim, a

sua marcação de preço possibilita que a sua receita marginal supere o seu custo

marginal, garantindo lucros extraordinários. A capacidade de gerar lucros extras

decorre do poder de mercado que a empresa detém.

Page 16: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

14

Para que o monopolista permaneça com a exclusividade da oferta de mercado, é

necessário que haja barreiras intransponíveis à entrada de potenciais concorrentes.

As principais fontes de barreiras à entrada são as seguintes:

-Monopólio natural: ocorre quando o mercado, por suas próprias características,

impõe a instalação de grandes unidades produtivas, que operam com elevadíssimas

economias de escala. Nessa situação a empresa pode operar com preços

relativamente baixos, inviabilizando a entrada de concorrentes. Exemplo: empresa

fornecedora de água encanada; empresa fornecedora de gás encanado.

-Patentes ou legislação restritiva: restrições decorrentes de legislação estabelecem

fortes bloqueios à entrada de novos participantes. Exemplo: patentes farmacêuticas

-Controle de fonte de matéria-prima: a empresa detém o fornecimento exclusivo da

matéria-prima necessária a produção.

Page 17: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

15

4.2.1 Discriminação de preços

O monopolista usufrui do poder de marcar preços diferentes em diferentes

segmentos de mercado. Aproveitando-se do fato de ser o único ofertante, o

monopolista pode verificar aqueles segmentos de mercado em que a elasticidade –

preço da demanda é menor, para então ali praticar preços mais elevados. .

4.3 Oligopólio

É a estrutura em que um número reduzido de empresas detém parcela

expressiva da oferta de mercado.

O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, havendo vários exemplos

de grupos nacionais e estrangeiros que dominam indústrias inteiras. Os setores

automobilístico, químico, farmacêutico, de papel e celulose, de bebidas, de

cigarros, siderúrgico, bancário, de transporte aéreo e rodoviário, e vários outros,

compõem a lista de exemplos.

A existência de economias de escala é um dos principais fatores que possibilita

a formação de oligopólios. As empresas oligopolistas, por regularem a oferta de

mercado, têm expressivo poder de mercado, conseguindo interferir na formação de

preços. Como a curva de demanda do oligopólio é negativamente inclinada, as

empresas podem restringir a oferta de mercado, de modo a aumentar seus preços.

Esquema de um duopólio sem coordenação

Quantidade Preço (R$) Lucro (R$)

0 120 0

10 110 1100

20 100 2000

30 90 2700

40 80 3200

50 70 3500

60 60 3600

70 50 3500

80 40 3200

90 30 2700

100 20 2000

110 10 1100

120 0 0

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

16

4.3.1 Coordenação de preços

As empresas oligopolistas buscam, por vezes, coordenar suas estratégias de

modo a conseguir exercer maior influência sobre os preços. Apesar da legislação

dos países coibirem esse tipo de coordenação, as empresas se utilizam de métodos

tácitos de coordenação. A coordenação, se bem sucedida, pode garantir a obtenção

de lucros de monopólio para o conjunto das empresas.

A coordenação de preços pode ser feita de forma explícita ou de forma tácita. O

cartel dos produtores de petróleo, por exemplo, por ser um instituto supra-

nacional, constituído por governos nacionais, não enfrenta restrições de ordem

legal. Já a atuação de empresas com vistas à formação de cartéis é, regra geral,

considerada prática ilegal pela legislação dos países.

A literatura econômica considera que a coordenação de preços implícita ou

tácita é prática não incomum das empresas oligopolistas. As principais estratégias

de coordenação tácita são as seguintes:

-Liderança de preços: a empresa líder adota um preço que garante lucros extra-

normais e este preço é seguido pelas demais

-Liderança barométrica: a empresa com os custos médios mais “representativos do

conjunto das empresas do setor define o preço a ser praticado pelo oligopólio.

-Mark-up padrão: as empresas utilizam um mesmo fator multiplicador dos custos

para definir seus preços.

Na verdade, em oligopólio, mesmo sem coordenação, as empresas podem

praticar preços que lhes garantam lucros extraordinários, pois as barreiras à

entrada limitam a concorrência.

Alguns fatores, além da legislação, podem dificultar a coordenação das

empresas oligopolísticas. São eles:

- Heterogeneidade de produtos

- Grande número de concorrentes

- Estruturas de custos

- Mudanças nas condições de mercado (necessidade de “aprendizagem” do

preço comum)

- Encomendas maciças e infreqüentes

- Baixa concentração

Nessa estrutura de mercado, existem fortes barreiras à entrada de novas

empresas. As empresas estabelecidas se utilizam de várias estratégias de forma a

evitar a entrada de novos concorrentes. Uma estratégia muito comum é a prática

do chamado preço-limite. Através da prática de um preço que não representa um

atrativo para os concorrentes, por só maximizar os lucros do produtor no longo

prazo, os oligopolistas mantêm eventuais concorrentes afastados.

Page 19: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

17

Por fim, é importante ressaltar que a concorrência via preços é muito reduzida

em oligopólio. As empresas oligopolistas evitam se confrontar em batalhas de

preço, preferindo preservar suas margens de lucro. Os embates se concentram na

esfera da publicidade.

4.3.2 Barreiras à entrada

a) Barreiras estruturais:

Podemos distinguir 5 elementos - presentes na estrutura da indústria - que

podem se constituir em fontes de barreiras estruturais à entrada de novos

competidores no mercado. São eles:

1-Vantagens absolutas de custo

2-Preferências do consumidor

3-Economias de escala

4-Altos investimentos requeridos

5-Presença de custos irrecuperáveis (aumento da capacidade instalada e

publicidade)

b) Barreiras estratégicas

Podemos apontar, basicamente, duas modalidades de estratégias que as

empresas podem adotar de modo a afastar a presença de concorrentes:

1-Estratégia do preço-limite

A estratégia do preço-limite se constitui em uma prática comercial da

empresa e está respaldada em vantagens de custos. Através da prática de um

preço que não representa um atrativo para os concorrentes, por só maximizar os

lucros do produtor no longo prazo, os oligopolistas mantêm eventuais concorrentes

afastados.

2) Investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) como barreira estratégica

As empresas também podem intensificar seus investimentos na área de

Pesquisa e Desenvolvimento de modo a estabelecer uma vantagem sobre seus

concorrentes. O investimento pode resultar na criação de uma vantagem

tecnológica em relação a seus concorrentes. A vantagem pode se configurar tanto

em termos de custos (processo) como em termos de diferenciação (produto)

Page 20: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

18

4.4 Concorrência monopolística

Concorrência monopolística é um conceito que, a primeira vista, parece ser um

paradoxo. Concorrência, de um lado, e monopólio, de outro, sugerem ambientes

empresariais diametralmente opostos. Entretanto, sendo a diferenciação de

produtos o conceito central dessa estrutura, fica mais fácil se entender a dinâmica

de funcionamento da mesma.

Trata-se de uma estrutura com um número relativamente elevado de empresas.

Nessa situação, o poder de mercado do produtor fica comprometido pela presença

de produtos que são substitutos-próximos Contudo, como os produtores ofertam

um produto que embute a diferenciação, a curva de demanda dos seus produtos é

negativamente inclinada.

A diferenciação de produto, que confere algum poder de mercado ao produtor,

não se revela somente através de características funcionais do bem. Aspectos tais

como: marca, embalagem e conceituação do produto também são relevantes como

atributos concorrenciais.

Page 21: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

19

5. Produto Interno Bruto

Macroeconomia é como os economistas se referem ao estudo do que determina

o nível de atividade econômica – o PIB – no curto prazo. Desde a década de 1930,

a partir da obra do economista inglês John Maynard Keynes, o foco da análise

econômica migrou da esfera microeconômica (consumidores, empresas e

setoreseconômicos) para a esfera macroeconômica (o sistema econômico como um

todo). Um dos aspectos econômicos mais importantes que Keynes ressaltou foi o de

que o comportamento do conjunto da economia pode ser diferente daquilo que é

planejado, isoladamente, por cada agente econômico. O que seria uma postura

racional do ponto de vista de cada empresa, não resultaria, necessariamente,

naquilo que seria um resultado desejável do ponto de vista coletivo. Neste

contexto, a Macroeconomia surge como importante área de investigação. Ela vai

servir para explicar o comportamento agregado da economia, isto é, o processo de

crescimento econômico e seus componentes. O fato de que a oferta e a demanda

não crescem de forma sincrônica, como evidenciou a crise da década de 30, e a

constatação de que o Estado pode desempenhar um papel anti-cíclico (por vezes

estratégico) diante de crises econômicas foram fatores decisivos para focalizar na

macroeconomia o cerne do debate econômico.

No que diz respeito ao crescimento econômico no curto prazo, a despeito de

divergências de ordem teórico-metodológicas, há entre os economistas um relativo

consenso acerca da eficácia da chamada política macroeconômica. A idéia é que as

políticas monetária, cambial e fiscal, ao impactar, respectivamente, a taxa de juros,

a taxa de câmbio e os gastos do governo, podem influenciar o crescimento do PIB e

a inflação.

Para melhor entendermos a relação (indireta) entre a política macroeconômica,

a inflação e o PIB é importante expor, inicialmente, como é efetuada a mensuração

do PIB. A geração de riqueza pode ser medida por diferentes óticas, o que permite

identificar melhor o comportamento de certos sub-conjuntos de bens e/ou de

agentes econômicos. Duas abordagens que tem destaque no Sistema de Contas

Nacionais são as óticas do Produto e da Demanda. No primeiro caso, se identifica os

setores econômicos responsáveis pela criação da riqueza do país. Ou seja, essa

metodologia nos permite identificar como a produção se distribui setorialmente, se

verificando a contribuição da agricultura, pecuária, mineração, indústria e serviços.

No segundo caso, a metodologia organiza a apuração do PIB a partir da alocação da

renda dos agentes econômicos. Ou seja, o cálculo apresenta como se distribui a

demanda dos diferentes agentes econômicos, vista de forma agregada.

Por conta da importância que a política macroeconômica tem assumido nas

últimas décadas, o esquema abaixo aponta sucintamente os efeitos mais gerais de

cada uma das políticas que a constituem:

Page 22: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

20

- Política monetária: É o conjunto de ações do governo voltado para controlar a

oferta de moeda e as taxa de juros. O objetivo é impactar a chamada ‘demanda

agregada’ e assim influenciar PIB e inflação.

Diz-se que uma política monetária é “restritiva” quando sua condução objetiva a

elevação da taxa de juros. Supõe-se que, com a elevação da taxa de juros, haverá

um desestímulo ao consumo. Neste caso, o objetivo final é um controle maior sobre

a inflação. Em contrapartida, devemos considerar que uma política monetária

‘expansiva’ visa essencialmente reduzir a taxa de juros, favorecendo o consumo,

tendo por objetivo final o crescimento do PIB (e do emprego).

- Política fiscal: Refere-se à ação do governo com relação aos seus gastos

líquidos e também ao direcionamento desses gastos. O montante do gasto líquido e

a sua natureza (custeio ou investimento) podem contribuir (ou não) para expansão

da demanda agregada, afetando a atividade econômica e o nível de inflação.

Políticas fiscais ‘expansionistas’ turbinam o gasto público, aquecendo o consumo. O

efeito colateral é a pressão sobre os preços. Políticas ‘contracionistas’ reduzem o

gasto público, pressionando menos os preços. O efeito colateral é o

desaquecimento do consumo.

- Política cambial: refere-se às ações do governo que visam impactar a

formação da taxa de câmbio. A idéia é que o governo dispõe de instrumentos

administrativos e financeiros que podem pressionar a formação da taxa de câmbio.

Com isso, a oferta de exportações e importações pode ser afetada, o que, em

ultima analise, impacta o PIB e a inflação. Diferentes formatos institucionais – diz-

se ‘regimes cambiais’ - podem orientar as ações do governo na área cambial. De

todo modo, o objetivo de todos é estabelecer a taxa de câmbio que melhor atenda

os objetivos da política econômica.

Page 23: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

21

6. Economia do Setor Público

6.1 Orçamento Público

O orçamento público é o instrumento legal e a ferramenta operacional

que serve ao planejamento e execução das Finanças Públicas. Ele consiste na

estimativa das receitas públicas e na fixação das despesas públicas.

6.2 Resultado Fiscal

- Resultado Primário: É a diferença entre a receita apurada e a despesa

incorrida, excluindo-se as despesas financeiras. Diz-se superávit primário ou fiscal,

quando a receita excede a despesa. Quando a despesa é maior do que a receita

registra-se um déficit primário ou fiscal. Não se inclui no Resultado Fiscal o valor

relativo aos juros pagos pelo governo por conta do serviço da dívida pública. .

– Resultado Nominal: Compreende o Resultado Fiscal e o valor dos juros

da dívida pública. É o resultado mais abrangente das contas do governo. Pode ser

expresso por um superávit ou por um déficit nominal.

6.3 Financiamento do Setor Público

O pagamento do déficit público pode ser viabilizado através do recurso a

duas fontes de financiamento: a emissão de moeda e a contratação de dívida

pública. Ou seja, o governo pode cobrir seus déficits orçamentários a partir da

colocação de moeda no mercado ou a partir da venda de títulos públicos para

investidores.

Page 24: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

22

6.3.1 Emissão monetária

- Criação de moeda com aumento do meio circulante. O aumento do estoque

de moeda em proporção maior do que o aumento da quantidade de bens e serviços

é causa da inflação.

6.3.2 Emissão de títulos públicos

- Venda de títulos da dívida pública interna no mercado financeiro. Um título

público é um compromisso financeiro assumido pelo Estado. É o instrumento

através qual o Estado se compromete a resgatar o compromisso financeiro nele

indicado, respeitando o valor, a forma de reajuste desse valor e o prazo de

pagamento nele determinado. A venda de títulos públicos é feita através de leilões

públicos, conforme indicado abaixo.

- Leilão de títulos públicos

i) Mercado primário

- Mercado que funciona sob a forma de leilão, no qual os títulos públicos são

negociados pela primeira vez. No leilão primário apenas o Banco Central atua,

oferecendo títulos públicos que são vendidos pela primeira vez aos eventuais

interessados. É a chamada emissão primária de títulos públicos.

ii) Mercado aberto

- Mercado que funciona sob a forma de leilão, no qual os títulos públicos, já

emitidos anteriormente, são vendidos e comprados por diferentes agentes

econômicos. É a principal instância de negociação de títulos, regulando a oferta de

moeda na economia e definindo a taxa de juros de curto prazo.

- Operações overnight

- São operações de compra e venda de títulos públicos, financiados

diariamente por instituições financeiras compradoras dos títulos.

- Modalidades de títulos: por tipo de reajuste

– Títulos com reajuste pré-fixado: títulos cujas taxas de juros são

fixadas por ocasião da emissão.

– Títulos com reajuste pós-fixado: títulos cujo reajuste depende da

variação de outro indicador.

Page 25: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

23

6.4 Dívida Pública Interna

- É o estoque de títulos públicos domésticos em mãos do mercado.

-Rolagem da dívida

É a venda primária de títulos públicos realizada com o objetivo de financiar o

pagamento de títulos a vencer.

- Serviço da dívida:

É o montante de juros pagos pelo Estado por conta da aplicação de uma

taxa de juros ao estoque da dívida pública.

6.5 Política fiscal

A política fiscal é a política através da qual o governo define uma dada

estratégia em termos de alocação de recursos públicos. A política fiscal diz respeito

tanto à relação quantitativa entre despesas e receitas públicas como ao

direcionamento que o gasto público deve ter. Por exemplo, se, e em quanto, o

gasto público deve exceder a receita (ou o inverso), e que setores, programas e

projetos devem receber recursos orçamentários.

Atualmente, no Brasil, o governo está comprometido (voluntariamente) com

uma política fiscal de obtenção de superávits primários. Ou seja, o governo busca,

através da condução de sua política fiscal, obter receitas fiscais em proporção maior

do que o seu gasto fiscal, resultado esse que exclui os pagamentos dos juros da

dívida pública. O objetivo é gerar uma “poupança” suficiente para reduzir a relação

dívida pública / PIB, e assim diminuir a percepção de risco do mercado em relação

ao pagamento da dívida.

Page 26: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

24

7. Moedas e Bancos

7.1 Moeda

7.1.1 Histórico

A divisão do trabalho acompanhada da troca de mercadorias é um aspecto

central da vida em sociedade. A troca possibilita aos indivíduos obter bens que

eventualmente não produzem, abrindo espaço à especialização. Graças à

especialização, aumenta a produtividade e a eficiência econômica e, em decorrência

disso, maiores níveis de bem estar são alcançados. A moeda é um bem que

possibilita a troca, dispensando a presença de outros bens. A moeda, portanto, é

um elemento que favorece o aumento do bem estar. Ao potencializar a troca,

possibilitando a especialização, a moeda impulsiona a eficiência, gerando bem

estar.

Sal, conchas, metais nobres, entre outros bens, já fizeram, em épocas

passadas, o papel de moeda. Durabilidade, divisibilidade, portabilidade,

homogeneidade e fácil reconhecimento são atributos que moldaram a aceitação de

diferentes moedas.

O ouro, a prata e outros metais, por apresentarem essas qualidades, são

elementos que, ao longo da história, se destacaram fazendo o papel de moeda.

Recibos de depósito feitos em ouro no Tesouro, por sua intensa circulação, também

se prestaram ao uso como moeda. Esses recibos, cujo lastro era o metal precioso

que ele representava, é o precursor das notas de dinheiro, tal qual hoje as

conhecemos.

O dinheiro atualmente não possui lastro em metais preciosos. A moeda,

hoje, tem valor devido às suas características fiduciárias. É a confiabilidade de

quem as emite que lhes empresta valor.

7.1.2 Funções da moeda

Uma “boa” moeda é aquela que desempenha a contento três funções: meio

de troca, unidade de conta e reserva de valor. Quanto melhor o desempenho

dessas funções, maior é a aceitação da moeda.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

25

7.2 Bancos

7.2.1 Sistema bancário

Os bancos são instituições que, basicamente, captam depósitos do público e

emprestam fundos para indivíduos e empresas. Eles são os intermediários

financeiros entre os agentes superavitários e os agentes deficitários.

O sistema bancário é constituído pelo conjunto das instituições financeiras

que operam a captação e o empréstimo de fundos financeiros. Ele funciona de

modo que essas instituições também trocam fundos entre si. Este mercado – o

chamado mercado interbancário – estabelece diariamente o custo do dinheiro – o

valor da taxa de juros – a partir da oscilação nos movimentos de oferta e

demanda por moeda. Em vista disso, os bancos só aceitam captar recursos

pagando taxas abaixo daquelas praticada no mercado interbancário. Da mesma

forma, os bancos buscam aplicar fundos recebendo uma taxa de remuneração

superior aquela praticada no mercado interbancário. Sendo assim, a taxa de juros

do mercado interbancário tende a ser a taxa de juros básica da economia.

7.2.2 Efeito multiplicador

Os bancos, ao captarem recursos do público e emprestarem esses recursos a

terceiros, multiplicam o total de moeda da economia. Isso porque a atividade

bancária faz operar o seguinte mecanismo: os bancos, após reservarem parte dos

valores captados do público – o chamado encaixe bancário -, emprestam aos

demandantes de crédito os recursos depositados. O público, por sua vez, utiliza

apenas parte dos recursos recebidos, retornando a outra parte aos bancos. Isso é

feito sob a forma de novos depósitos. Na sequência, esses depósitos, por se

constituírem em uma nova captação, são emprestados ao público, que, mais uma

vez, deposita parte desses empréstimos nos bancos. Assim, a atividade bancária,

ao disponibilizar, através do crédito, recursos financeiros para o público, multiplica

a quantidade de moeda emitida pelo governo, fazendo aumentar a oferta de moeda

na economia.

Matematicamente, podemos descrever o efeito multiplicador da seguinte forma:

EF = 1/r; onde;

EF = Efeito multiplicador

R = taxa de encaixe

Page 28: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

26

7.3 Política monetária

Ao regular a quantidade de moeda na economia, o Banco Central impacta

diretamente a demanda agregada, afetando os preços. A política monetária dispõe,

basicamente, de três instrumentos para regular a taxa de juros da economia. São

eles:

7.3.1 Open Market

O open market, ou o chamado mercado aberto, é a instância do mercado

financeiro onde são negociados os títulos da dívida pública. Se o governo buscar

aumentar a quantidade de moeda na economia, ele irá recomprar seus próprios

títulos, expandindo, assim, o meio circulante. Caso ele se decida a reduzir a oferta

de moeda na economia, ele irá vender títulos representativos da sua dívida,

enxugando a liquidez do mercado de moeda. Esses movimentos de compra e venda

de títulos, portanto, regulam a quantidade de moeda na economia, impactando a

taxa de juros.

7.3.2 Encaixe compulsório

O encaixe compulsório é a parcela dos depósitos bancários que os bancos

têm que obrigatoriamente recolher aos cofres do Banco Central. Como visto

anteriormente, o encaixe, ao estabelecer a proporção dos depósitos que pode ser

utilizada para empréstimos, define a magnitude do efeito multiplicador. Dessa

forma, o encaixe afeta diretamente a oferta de moeda, impactando a taxa de juros.

7.3.3 Taxa de redesconto

A taxa de redesconto é a taxa cobrada dos bancos por conta do uso de

recursos do Banco Central quando estes não conseguem cumprir o encaixe

compulsório. A taxa de redesconto normalmente é uma taxa punitiva de modo que

os bancos evitem utilizar esse mecanismo ao invés de recorrerem ao mercado

interbancário.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

27

8. Inflação

Inflação é a alta contínua e generalizada dos preços. Na Alemanha, em

janeiro de 1921, um jornal custava alguns poucos marcos. Menos de dois anos

depois, o mesmo jornal custava algumas dezenas de milhões de marcos. Todos os

demais preços da economia haviam aumentado da mesma forma. O episódio é um

dos mais espetaculares exemplos históricos de inflação, um aumento no nível geral

de preços na economia.

O que provoca a inflação? Nos casos de inflação persistente, a causa é quase

sempre a mesma: o aumento na oferta de moeda. Quando um governo emite

moeda de forma imoderada, seu valor cai. Na Alemanha da década de 1920, a alta

de preços acompanhou o aumento na emissão de moeda. Nos EUA da década de

1990, uma taxa de inflação relativamente mais baixa esteve associada a um

crescimento lento da quantidade de moeda.

Para efeito da compreensão do fenômeno inflacionário, é importante

distinguir entre o aumento generalizado e persistente do nível de preços e uma

mudança de preços relativos. No segundo caso, alguns preços sobem ao mesmo

tempo em que alguns preços caem, sem haver necessariamente mudanças nos

níveis de preços. Ocorre, portanto, uma variação relativa de preços, o que é

bastante diferente de inflação.

8.1 Teorias

A inflação é um fenômeno cuja explicação implicou a formulação de

diferentes teorias. Apontamos, em seguida, algumas delas:

a) A inflação como fenômeno monetário.

A chamada Teoria Quantitativa da Moeda descreve a inflação como um

fenômeno meramente monetário. Para a teoria, a relação entre os preços e a

quantidade de moeda pode ser descrita a partir da equação:

MV = PT, onde;

M = Estoque de moeda,

V = Velocidade-renda de circulação da moeda,

P = Nível de preços,

T = Quantidade de bens e serviços,

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

28

Assim, havendo aumento do estoque de moeda (emissão monetária) em

proporção maior do que o aumento na quantidade produzida de bens e serviços, e

mantida inalterada a velocidade-renda de circulação da moeda, haverá,

necessariamente, aumento do nível de preços.

b) A visão estruturalista

A visão estruturalista entende que a inflação é um fenômeno que reflete

condições estruturais da economia. Assim, problemas relacionados a hiatos de

produto, conflitos distributivos e distorções nos preços relativos seriam

responsáveis pela eclosão de processos inflacionários.

c) Inflação de demanda

A emergência de um processo de alta de preços como resultado de um

descasamento entre oferta e demanda dá origem a essa teoria. A noção aqui é de

que a demanda, premida por um fator exógeno – por exemplo, um aumento de

renda determinado institucionalmente -, pode superar a oferta, pressionando os

preços.

A alta do salário mínimo por ocasião da decretação do Plano Cruzado, por

exemplo, pode ser apontada como um dos fatores responsáveis pelo excessivo

aquecimento da demanda à época, o que pressionou os preços, contribuindo para o

fracasso do congelamento de preços.

d) Inflação de custos

A ocorrência de um choque de custos – um aumento abrupto nos preços de

um insumo (o petróleo, por exemplo) que tenha importância estratégica na

formação dos demais preços da economia – pode desencadear uma alta de preços,

culminando na eclosão de um processo inflacionário.

Exemplos de choques de custos, as altas expressivas no preço do petróleo,

em 1973 e em 1979, provocaram aumento da inflação em vários países.

e) Inflação inercial

A presença de mecanismos de indexação de preços e salários na economia é

vista como um fator que pode replicar uma alta de preços ocorrida no passado.

Assim, mecanismos de reajustes automáticos de preços podem se constituir em

fatores reprodutores da alta de preços, contribuindo para a persistência (e

aceleração) do processo inflacionário.

O reajuste mensal de salários, mecanismo em vigor até a instituição do

Plano Real, pode ser apontado como exemplo de dispositivo que replicava a alta de

preços ocorrida no passado, e que contribuía para a manutenção da inflação.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

29

8.2 O sistema de metas de inflação

O regime de metas de inflação é a estratégia atualmente estabelecida pelo

governo de modo a manter uma política de permanente combate à inflação. Pelo

seu papel central na condução da política econômica nos últimos dez anos, vejamos

mais detidamente os fundamentos que sustentam o arcabouço do regime de metas

de inflação.

O modus operandi do regime se caracteriza, basicamente, pela presença de

três elementos.

1) O regime de IT (inflation targeting) é um modelo de política

macroeconômica em que a autoridade monetária reconhece que a estabilidade de

preços é o principal objetivo de longo prazo da política monetária. Anúncios

públicos de metas de inflação são divulgados, servindo como principais referências

de condução dessa política.

2) No regime de IT, o principal instrumento da política macroeconômica é a

política monetária. A política fiscal não é reputada como um instrumento

macroeconômico eficiente, pois a política monetária é vista como a política

dominante, conduzindo a uma subordinação da política fiscal.

3) A política monetária deve ser conduzida por um banco central

independente. Através de uma operacionalização independente da política

monetária evitam-se as chamadas inconsistências intertemporais.

A taxa de juros é vista, portanto, como o principal instrumento de política

monetária. É através da regulação da taxa de juros que a autoridade monetária

consegue impactar a demanda agregada, buscando, assim, afetar o movimento dos

preços.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

30

9. Finanças Internacionais

9.1 Balanço de Pagamentos

O balanço de pagamento é a ferramenta que contabiliza as operações de entrada e

saída de divisas de um país em relação ao resto do mundo. O balanço é constituído

de quatro grandes contas: balança comercial, balança de serviços, transferências

unilaterais e movimento de capital ou conta de capital.

A Balança Comercial é o instrumento de registro das operações de importação e de

exportação de mercadorias de um país, por período de tempo. A Balança de

Serviços compreende um conjunto de contas que não se referem ao trânsito de

mercadorias, mas, basicamente, a contas de natureza financeira. As principais

contas são da Balança de Serviços são: transportes, seguros, viagens

internacionais, royalties (como pagamento pelo uso de marcas e patentes),

despesas administrativas, aluguel, projetos, rendas de capitais (juros, lucros e

dividendos). Na conta Transferências Unilaterais são registradas todas as

transferências que não envolvem contrapartida de mercadorias ou serviço, como,

por exemplo, remessas de emigrantes, bolsas de estudos pagas para estudantes

que realizam cursos no exterior, doações a organizações e despesas do governo

com embaixadas no exterior.

Na Conta de Capital são registrados os investimentos de longo prazo ou capital de

risco, empréstimos, financiamentos e amortizações recebidas, menos os valores

enviados ao exterior em operações da mesma natureza das supracitadas.

A obtenção de superávit na conta de capital deve ser analisada com atenção, dado

que no futuro os recursos recebidos terão que ser devolvidos (caso dos

empréstimos e financiamentos), ou parcialmente repatriado (caso dos

investimentos onde ocorre a possibilidade de remessa de lucros e dividendos à

matriz no exterior).

9.2 Os regimes cambiais

A taxa cambial pode ser determinada, basicamente, de duas maneiras. A

primeira delas consiste na adoção de um regime de câmbio fixo, no qual o banco

central mantém a taxa do câmbio em um patamar previamente definido. Isso é

conseguido por meio da administração das reservas internacionais. O governo

Page 33: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

31

utiliza as divisas para estabelecer a cotação escolhida. A segunda maneira consiste

na adoção de um regime de câmbio flutuante, caso em que o mercado determina a

taxa de câmbio através da oferta e demanda por divisas. Regimes intermediários

combinam elementos dos dois casos extremos.

Abaixo estão descritos os principais regimes cambiais, apresentados de

acordo com a classificação do FMI, em ordem decrescente de rigidez monetária.

9.2.1 Fixo convencional

Neste caso, o Banco Central vende e compra moeda estrangeira, de forma a

manter uma dada taxa de câmbio. A taxa a ser mantida deve ser aquela anunciada pelo

próprio Banco Central. Neste sistema o banco central se compromete a ofertar moeda

ao nível que assegure que a taxa de câmbio de equilíbrio se igualará à taxa de câmbio

anunciada. Isso significa que a oferta de moeda se ajustará automaticamente, ao nível

necessário que garanta o equilíbrio. Por causa disso diz se que a política monetária

torna-se passiva.

9.2.2 Bandas cambiais

O regime de bandas cambiais é caracterizado como um regime de

ancoragem, dotado de uma faixa de variação cambial estreita. As bandas são

ajustáveis, porém as autoridades só podem intervir na taxa de câmbio dentro de

uma faixa de variação muito pequena. Um exemplo desse regime é o sistema que

foi adotado no âmbito do Acordo de Bretton-Woods, que vigorou de 1944 a 1973.

Neste o regime cambial as taxas de câmbio eram fixas, porém com uma faixa de

variação de mais ou menos 1%, até 1971, e mais ou menos 2,25% até 1973.

9.2.3 Flutuação Administrada

Este tipo de regime é também conhecido como flutuação suja. Podemos

dizer que esse regime foi adotado pelos países industrializado a partir da dissolução

do Sistema Monetário de Bretton Woods. Neste regime as autoridades

governamentais podem intervir para prevenir agudas flutuações de curto prazo.

Ocorrem intervenções no mercado cambial de forma esporádica e não anunciada.

9.2.4 Flutuação pura

O regime de taxas de câmbio flutuantes é aquele que não utiliza nenhuma

política cambial. A defesa desse regime é influenciada por Milton Friedman,

segundo o qual, dada a intensidade de mudanças nas transações internacionais,

tanto por meio de choques reais como nominais, é fundamental a adoção de

regimes de taxas de câmbio flexíveis. A liberdade cambial permitiria ao mercado

traduzir, através dos sinais emitidos pelos preços, as reais condições de oferta e

demanda. Decorrência disso é a ausência do governo do mercado cambial.

Page 34: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

32

10. O setor de saúde suplementar no

Brasil

O setor de saúde suplementar sofreu profundas transformações econômicas

e institucionais nos últimos quinze anos. Em primeiro lugar, se alterou

substancialmente o quadro econômico mais geral. A presença cada vez mais forte

de grandes conglomerados financeiros marca uma profunda mudança do perfil das

operadoras que atuam no setor. Em segundo lugar, mudou substancialmente a

regulação do setor, afetando diretamente a operação das empresas de saúde

suplementar.

A Tabela 1 indica que, atualmente, há 1.268 operadoras ativas contra 1.814

em 2003. Chama a atenção o número de operadoras fechadas, que já somaram

mais de 500 nos últimos dez anos. A explicação para tal fato pode estar relacionada

à alteração da estrutura de risco das operadoras, introduzida pela Lei nº 9.656/98.

Dada a necessidade de ofertar um pacote mínimo de serviços, as operadoras não

puderam mais criar grupos de usuários com distintos graus de cobertura. Ademais,

doenças pré-existentes e outras de custo elevado, como câncer e AIDS, não

puderam mais ser excluídas. Isto acarretou um significativo aumento de custo,

tanto pelo lado operacional quanto pela necessidade de manter uma provisão de

capital mais elevada para garantir a continuidade do serviço Além disso, a ANS

criou uma série de normas relativas ao funcionamento das operadoras, por

exemplo, a exigência de garantias financeiras (RDC nº 77/2001).

Page 35: 01 Apostila Economia Pol Saude 2014 7

Economia e Políticas de Saúde no Brasil

33

Dados Gerais

Tabela 1 - Beneficiários de planos privados de saúde, por cobertura assistencial

(Brasil - 2003-2013)

Ano

Beneficiários em planos privados de

assistência

médica com ou sem odontologia

Beneficiários em planos privados

exclusivamenOododte

odontológicos

Dez/03 32.074.667 4.325.568

Dez/04 33.840.716 5.312.915

Dez/05 35.441.349 6.204.404

Dez/06 37.248.388 7.349.643

Dez/07 39.316.313 9.164.386

Dez/08 41.468.019 11.061.362

Dez/09 42.600.401 13.287.899

Dez/10 45.055.273 14.550.324

Dez/11 46.387.975 17.021.128

Dez/12 48.064.157 19.171.857

Dez/13 50.270.398 20.740.761

Fonte: Sistema de Informações de Beneficiários/ANS/MS - 12/2013

A tabela 1 mostra um forte crescimento no número de beneficiários. O

aumento foi de 56% nos últimos dez anos com destaque para o crescimento do

segmento de planos exclusivamente odontológicos (560%).

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

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Tabela 2 - Taxa de crescimento (%) do número de beneficiários em relação a

dezembro do ano anterior (Brasil - 2003-2013)

Ano

Beneficiários em planos privados de

assistência

médica com ou sem odontologia

Beneficiários em planos

privados

exclusivamente

odontológicos

Dez/2003 1,8% 17,6%

Dez/2004 5,5% 22,8%

Dez/2005 4,7% 16,8%

Dez/2006 5,1% 18,5%

Dez/2007 5,6% 24,7%

Dez/2008 5,5% 20,7%

Dez/2009 2,7% 20,1%

Dez/2010 5,8% 9,5%

Dez/2011 3,0% 17,0%

Dez/2012 3,6% 12,6%

Dez/2013 4,6% 8,2%

Fonte: Sistema de Informações de Beneficiários/ANS/MS - 12/2013

A tabela 2 mostra um declínio na taxa de crescimento no último triênio. Apesar da

taxa ainda se encontrar em patamar elevado, o crescimento perdeu dinamismo. De

uma taxa média tri-anual de 5,1% no período 2003-2005, o crescimento

desacelerou para 3,5% no período 2011-2013. Não obstante isso, o crescimento

da base de beneficiários tem ultrapassado, com muita folga, o crescimento

vegetativo da população.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

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Tabela 3 - Taxa de cobertura (%) por planos privados de saúde (Brasil - 2003-

2013)

Ano

Beneficiários em planos privados de

assistência

médica com ou sem odontologia

Beneficiários em planos

privados

exclusivammente

odontológicos

Dez/2003 18,1% 2,4%

Dez/2004 18,9% 3,0%

Dez/2005 19,2% 3,4%

Dez/2006 19,9% 3,9%

Dez/2007 20,8% 4,8%

Dez/2008 21,9% 5,8%

Dez/2009 22,2% 6,9%

Dez/2010 23,6% 7,6%

Dez/2011 24,1% 8,8%

Dez/2012 24,8% 9,9%

Dez/2013 25,9% 10,7%

Fontes: Sistema de Informações de Beneficiários/ANS/MS - 12/2013 e População –

IBGE/Datasus/2012

Nota: Taxa de cobertura refere-se a percentual da população coberta por plano

privado de saúde.

O aumento da taxa de cobertura tem garantido o forte ritmo de crescimento do

setor. Por ser relativamente baixa, quando comparada aos países desenvolvidos, a

taxa revela o potencial de crescimento do setor.

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

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Tabela 4- Operadoras em atividade com beneficiários (Brasil – 2003-2013)

Ano

Operadoras

médico-

hospitalares

Operadoras

exclusivamente

odontológicas

Operadoras com

registro ativo com

beneficiários

Dez/2003 1.345 469 1.814

Dez/2004 1.302 449 1.751

Dez/2005 1.242 415 1.657

Dez/2006 1.197 413 1.610

Dez/2007 1.168 408 1.576

Dez/2008 1.118 403 1.521

Dez/2009 1.086 390 1.476

Dez/2010 1.043 366 1.409

Dez/2011 1.005 363 1.368

Dez/2012 963 360 1.323

Dez/2013 922 346 1.268

Fonte: Cadastro de Operadoras/ANS/MS – 12/2013 e Sistema de Informações de

Beneficiários/ANS/MS – 12/2013

A queda no número de operadoras - de 1.814, em 2003, para, 1.268 em 2013,

como mostra a tabela 4 – antes de indicar uma crise no setor, revela um acelerado

processo de“oligopolização”. Como aponta a tabela 5, apenas sete operadoras

(0,6% do total) concentram a cobertura de cerca de 20% do total de beneficiários

Tabela 5 maiores operadoras (2013)

Maiores operadoras

Empresa

Número de

beneficiários

Amil 3.964.147

Odontoprev 2.585.878

Sul América 786.320

Unimed BH 770.328

Bradesco Saúde 751.946

Unimed RJ 695.356

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Economia e Políticas de Saúde no Brasil

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Tabela 5 Receita de contraprestações das operadoras (em reais) (Brasil - 2003-

2013)

Ano Receita total do

setor

Receita das

operadoras

médico-hospitalares

Receita das operadoras

exclusivamente

odontológicas

2003 28.743.350.681 28.242.917.411 500.433.270

2004 32.629.463.596 32.030.434.177 599.029.419

2005 37.270.298.624 36.526.946.141 743.352.483

2006 42.626.301.968 41.716.015.955 910.286.013

2007 52.205.736.556 51.123.324.695 1.082.411.861

2008 60.684.481.736 59.507.021.234 1.177.460.502

2009 65.810.267.086 64.468.880.292 1.341.386.794

2010 74.597.997.366 72.918.834.837 1.679.162.529

2011 84.656.605.739 82.611.569.740 2.045.035.999

2012 95.416.775.194 93.122.140.250 2.294.634.944

2013 110.469.154.421 108.036.482.134 2.432.672.287

Fontes: DIOPS/ANS/MS - 07/05/2014 e FIP - 12/2006