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www.consultormunicipal.adv.br Rua Comendador Manuel Azevedo Falcão, 112, Niterói, RJ CEP 24.358-390 Tel: (21) 2709-8329; 2619-4161 A informática no controle do ISS de Bancos A duras penas os gestores da Administração Pública Municipal tentam modernizar a máquina administrativa, abandonando de vez o jurássico período de controles com fichinhas de cartolina e de arquivos abarrotados de processos carcomidos pelo tempo. Ingressar na era da informática é uma verdadeira revolução cultural a provocar mudanças nos costumes e nas rotinas dos servidores, a maioria, como sempre, recalcitrante e arredia a qualquer processo de evolução. Tal comportamento é normal em todos os seres humanos ou não. Por isso, a modernização custa dinheiro em novas tecnologias e, também, na capacitação do pessoal diante do novo horizonte que se descortina à sua frente. De nada adianta um belo e sofisticado controle informatizado se o pessoal interno não se motiva a aplicá-lo. Aliás, adquirir novas ferramentas de software não é tão complicado se comparado à reeducação do pessoal para usar a tecnologia oferecida. Para simplificar: todo processo de modernização tem que prever investimentos em treinamento e motivação do quadro de servidores. Caso contrário, instala-se um elefante branco na repartição e ninguém sabe o que fazer com ele. Aliás, já foi dito que é fácil matar um elefante; o difícil é remover o cadáver. Mas, o objetivo deste artigo se resume na obtenção de novos sistemas de controle, mais precisamente, na área de fiscalização do ISS de instituições financeiras. Diversas empresas de informática oferecem atrativas ferramentas que auxiliam o Fisco Municipal no controle, lançamento e cobrança dos tributos. São poucas as prefeituras que preferem investir no desenvolvimento interno de sistemas, com o uso de pessoal próprio. A maioria prefere adquirir o produto pronto de uma empresa. A razão é simples: a inexistência interna de técnicos capazes de desenvolverem sistemas sofisticados; e o tempo necessário de desenvolvimento. Uma ferramenta informatizada que surgiu há alguns anos no mercado trata do ISS de Bancos. Atualmente, algumas empresas oferecem esse sistema cujo objetivo maior é o de dar celeridade no levantamento dos serviços prestados pelos Bancos. Na prática, um Fiscal leva uns três meses para auditar os balancetes de doze meses do Banco. E mesmo assim se o Agente for rápido e já ter experiência na fiscalização de Bancos. Já a maioria dos sistemas existentes efetua o levantamento de forma imediata ou no mês seguinte ao do balancete. Enquanto o Fiscal organiza o levantamento em planilha (geralmente Excel), digitando as receitas conta por conta, mês a mês, o sistema obtém as informações pela Internet, fornecidas pela matriz do Banco ou por captura dos dados informados pelo aplicativo do Banco Central denominado “ESTBAN – Estatística Bancária por Município”.

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  • www.consultormunicipal.adv.br Rua Comendador Manuel Azevedo Falco, 112, Niteri, RJ

    CEP 24.358-390 Tel: (21) 2709-8329; 2619-4161

    A informtica no controle do ISS de Bancos

    A duras penas os gestores da Administrao Pblica Municipal tentam modernizar a mquina administrativa, abandonando de vez o jurssico perodo de controles com fichinhas de cartolina e de arquivos abarrotados de processos carcomidos pelo tempo. Ingressar na era da informtica uma verdadeira revoluo cultural a provocar mudanas nos costumes e nas rotinas dos servidores, a maioria, como sempre, recalcitrante e arredia a qualquer processo de evoluo. Tal comportamento normal em todos os seres humanos ou no.

    Por isso, a modernizao custa dinheiro em novas tecnologias e, tambm, na capacitao do pessoal diante do novo horizonte que se descortina sua frente. De nada adianta um belo e sofisticado controle informatizado se o pessoal interno no se motiva a aplic-lo. Alis, adquirir novas ferramentas de software no to complicado se comparado reeducao do pessoal para usar a tecnologia oferecida. Para simplificar: todo processo de modernizao tem que prever investimentos em treinamento e motivao do quadro de servidores. Caso contrrio, instala-se um elefante branco na repartio e ningum sabe o que fazer com ele. Alis, j foi dito que fcil matar um elefante; o difcil remover o cadver.

    Mas, o objetivo deste artigo se resume na obteno de novos sistemas de controle, mais precisamente, na rea de fiscalizao do ISS de instituies financeiras. Diversas empresas de informtica oferecem atrativas ferramentas que auxiliam o Fisco Municipal no controle, lanamento e cobrana dos tributos. So poucas as prefeituras que preferem investir no desenvolvimento interno de sistemas, com o uso de pessoal prprio. A maioria prefere adquirir o produto pronto de uma empresa. A razo simples: a inexistncia interna de tcnicos capazes de desenvolverem sistemas sofisticados; e o tempo necessrio de desenvolvimento.

    Uma ferramenta informatizada que surgiu h alguns anos no mercado trata do ISS de Bancos. Atualmente, algumas empresas oferecem esse sistema cujo objetivo maior o de dar celeridade no levantamento dos servios prestados pelos Bancos. Na prtica, um Fiscal leva uns trs meses para auditar os balancetes de doze meses do Banco. E mesmo assim se o Agente for rpido e j ter experincia na fiscalizao de Bancos. J a maioria dos sistemas existentes efetua o levantamento de forma imediata ou no ms seguinte ao do balancete.

    Enquanto o Fiscal organiza o levantamento em planilha (geralmente Excel), digitando as receitas conta por conta, ms a ms, o sistema obtm as informaes pela Internet, fornecidas pela matriz do Banco ou por captura dos dados informados pelo aplicativo do Banco Central denominado ESTBAN Estatstica Bancria por Municpio.

  • www.consultormunicipal.adv.br Rua Comendador Manuel Azevedo Falco, 112, Niteri, RJ

    CEP 24.358-390 Tel: (21) 2709-8329; 2619-4161

    Alguns sistemas que recebem informaes diretamente da matriz do Banco costumam exigir o detalhamento das contas conforme o plano de contas COSIF (formato contbil obrigatrio pelo Banco Central). O detalhamento exigido vai at o 4 e 5 dgito do COSIF, assim explicado:

    1 dgito = Grupo 2 dgito = Subgrupo; 3 dgito = Desdobramento do subgrupo; 4 e 5 dgitos = Ttulos Contbeis.

    Os sistemas, em geral, no tratam dos 6 e 7 dgitos (Subttulos Contbeis) porque os Bancos so relativamente livres para us-los, desde que essas contas faam realmente parte do Grupo, Subgrupo e Ttulo correspondentes.

    Um exemplo: COSIF 7.1.7.10.00-6 Seria: 7 = Grupo de Contas (Contas de Resultado Credoras); 1 = Subgrupo (Receitas Operacionais); 7 = Desdobramento do Grupo (Rendas de Prestao de Servios); 10 = Ttulos Contbeis (Rendas de Administrao de Fundos de Investimento).

    Os dois dgitos seguintes (subttulos contbeis) so usados de acordo com a contabilidade de cada Banco. Neste sentido, os sistemas de fiscalizao de Bancos solicitam informaes de receitas das contas identificadas at o Ttulo Contbil, determinando que o Banco apresente todas as contas deste Ttulo.

    Outro exemplo: COSIF 7.1.9.70.00-4 Outras Receitas Operacionais Rendas de Garantias Prestadas. Como se v, os dois dgitos referentes aos subttulos contbeis ficam por conta da informao do Banco.

    A questo seria saber se o Banco informou todas as contas (subttulos contbeis) constantes daquele Ttulo Contbil requerido. Por isso, o sistema tambm pede o valor total creditado em cada Ttulo Contbil, batendo esse valor com o somatrio dos subttulos apresentados.

    Alguns sistemas requisitam ao Banco os saldos das contas por sequncia numrica, do seguinte modo e como exemplo: Contas 7.1.7: 7.1.7.10; 7.1.7.15; 7.1.7.20; 7.1.7.25;

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    e assim por diante. Observa-se que a sequncia avana com interstcio de cinco a cinco nos Ttulos Contbeis (com algumas excees), indo at 7.1.7.99 (Rendas de Outros Servios).

    H, porm, alguns sistemas que levantam os valores de acordo com a apresentao do ESTBAN do Banco Central. Essas informaes esto disponibilizadas na Internet, para qualquer interessado. Basta entrar no endereo http://www4.bcb.gov.br/fis/cosif/estban.asp .

    O ESTBAN apresenta os resultados das agncias bancrias por Municpio e sempre de acordo com o fornecido pelos prprios Bancos. Por isso, a responsabilidade pela informao no do Banco Central, mas da Instituio Financeira.

    Todavia, o ESTBAN apresenta nmeros totais e as receitas englobadas somente at o Grupo e Subgrupo (7.1.). Ou seja, no efetua o desdobramento necessrio para a fiscalizao. Em outras palavras, pouco ou nada serve para apurao do ISS. A coluna CS da planilha registra a receita das Contas Credoras, mas no desdobradas. Ali esto misturadas rendas de emprstimos e financiamentos e rendas de servios.

    Deste modo, o ESTBAN no serve para pontuar a natureza dos servios prestados. E os Fiscais sabem que necessrio identificar servio por servio quando fiscalizam Bancos. Caso contrrio, o lanamento ser impugnado de pronto. Os advogados dos Bancos adoram impugnar, ainda mais quando esto com a razo.

    No dizer, portanto, que o Banco Central disponibiliza informaes bancrias para que os Municpios tenham condies de cobrar o ISS. Nem para os Municpios e nem para empresas de informtica, como algumas costumam alardear. E se o sistema baseado nas informaes do ESTBAN, tais informaes so insuficientes ao lanamento do imposto.

    E finalmente, importante esclarecer que sistema nenhum aumenta receita tributria. Trata-se apenas de uma ferramenta, extremamente til, verdade, mas aumentar receita sempre depender da ao humana, do trabalho fiscal. Ela municia e o Fiscal atira. Por diversas vezes, so ouvidas reclamaes de gestores que adquiriram sistemas e a receita permaneceu estvel. Em tais casos, duas hipteses podem ter ocorrido: ou o Banco j recolhia o devido (aos olhos dele), ou no h Agente Fiscal treinado para fiscalizar Bancos. A segunda hiptese a mais comum.

    Roberto A. Tauil Julho de 2014.