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Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento GETÚLIO VARGAS DO NASCIMENTO JÚNIOR Aplicação do laser de arsenieto de gálio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de acupuntura em mulheres com Síndrome da Tensão Pré -Menstrual - SPM São José dos Campos, SP 2007

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  • Universidade do Vale do Paraba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

    GETLIO VARGAS DO NASCIMENTO JNIOR

    Aplicao do laser de arsenieto de glio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de

    acupuntura em mulheres com Sndrome da Tenso Pr-Menstrual - SPM

    So Jos dos Campos, SP

    2007

  • GETLIO VARGAS DO NASCIMENTO JNIOR

    Aplicao do laser de arsenieto de glio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de

    acupuntura em mulheres com Sndrome da Tenso Pr-Menstrual - SPM

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia da Universidade do Vale do Paraba, como complementao dos crditos necessrios para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Biomdica.

    Orientador: Prof Dr. Flvio Aimbire Soares de Carvalho Co-Orientador: Prof Dr. Renato Amaro Zangaro

    So Jos dos Campos, SP.

    2007

  • N I 9 5 n

    Nascimento Jnior. Getulio Vargas doApticao do Laser De Arsenieto De Glio (Gas) 904 nm llm

    Pontos f)r: LJnr Protocolo De Acuprrntura Para Alivio De Dor EMelhora Da Qualidadc De Vida E De Son De Mulhcres CotnSndrontc da'fenso Pr-Menstrual / Getlio Varga-s do NascimentoJnior. So Jtrs dos Cantpos: lJnivap, 207.

    I diso laser" color

    Dissertao apresentada ao llrograma de Ps-Ciraduao em Boengenharia do Instituto de Pesquisa eDesenvolvimento da Universidade do Vale do Parabq 2007.

    l. Tenso pr-Menstrual 2. l,aser .. Acupuntura 4. Dor 5. Sono. -5'Fisoterapia l. Llarvalho. Flvio Aimbire Soares de, Orientador ll.Zngaro. Renato Amaro, Co-orientador llL'|"tulo

    C D U : 6 1 5 . 8 1 4 . 1

    Autorizoo cxclusivarcnts para fins acarJmico$ c cicrlticos. a rcproduo total ouparcial ilesta disscrtao, por processo fotocopiailores ou transmisso clctrnica,, desde que

    citada a firnte.

    Assinatura do aluno:

    Data:

    Jnior

  • GETULIO VARGAS DO NASCIMENTO JUNIOR

    ..APLICAO DO LASER DE ARSENIETO DE GLIO (GaAs) 904nm EMPONTOS DE UM PROTOCOLO DE ACUPUI\TURA PARA ALUO DE

    DOR E MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA E DE SONO DEMULHERES COM SXONOME DA TENSO PRE-MENSTRUAL - SPM"

    Dissertao aprovada como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Engenharia

    Biomdica, do Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e

    Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraba, So Jos dos Campos, SP, pela seguinte

    banca examinadora:

    Prof. Dr. RENATO AMARO ZUC.I,RO (UNIPTOf. DT. FLUO AIMBIRE SOARES DE CARVALHProf. Dr. CARLOS MARCELO PASTRE (I-INESP)

    Prof. Dr. Marcos Tadeu Tavares Pacheco

    Diretor do IP&D - UniVap

    So Jos dos Campos, 20 de dezembro de 2007 .

  • DEDICATRIA

    A Deus, pelo eterno dom do aprendizado.

    Aos meus pais, Getlio e Ftima pelo carinho, amor, dedicao e ateno, sempre

    incondicionais... Vencemos mais essa.

    minha irm Natlia, pela cumplicidade.

    Adria, pelo amor e companheirismo de uma vida. Essa vitria tambm tem muito do seu

    suor.

    Lavnia, luz da minha vida e a coisa mais perfeita que Deus me deu. Foi mais por voc do

    que por mim.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof Dr. Luiz Vicente Franco de Oliveira, pelos ensinamentos e pelo conhecimento

    incomensurvel que me guiaram na execuo deste trabalho.

    Ao Prof. Dr. Flvio Aimbire, pela pacincia, colaborao e amizade.

    Ao UNESC CENTRO UNIVERSITRIO DO ESPRITO SANTO, pela disponibilidade tanto

    do espao quanto dos aparelhos para que fosse possvel a realizao desta pesquisa.

    A meus queridos amigos de curso, Rodrigo, Ana Kssia, Maura, Juliana, Josiane, Ticiane,

    Vanessa, Felipe, Luciano, Rafael, Claudinei e Giovana pela loucura de fazer um mestrado.

    Aos meus alunos, eternos colaboradores, pelo incentivo e pela cumplicidade.

    As voluntrias que se disponibilizaram em contribuir para a realizao da pesquisa e a todos

    que direta ou indiretamente contriburam para este trabalho.

  • RESUMO

    APLICAO DO LASER DE ARSENIETO DE GLIO (GaAs) 904 NM EM PONTOS DE UM PROTOCOLO DE ACUPUNTURA EM MULHERES COM SNDROME DA TENSO PR-MENSTRUAL

    O seguinte trabalho apresenta um estudo sobre a Sndrome da Tenso Pr-Mentrual (SPM), que acomete grande nmero de mulheres em todo o mundo. Sua ocorrncia gera fatores lgicos, podendo ocasionar desta maneira um quadro sindrmico que possa impedir em algum perodo do ciclo menstrual as mulheres de desenvolver suas funes dirias, alm de poder desencadear distrbios do sono. O objetivo proposto neste trabalho consiste na comparao dos efeitos do laser GaAs a 904 nm na diminuio do quadro lgico e na melhora da qualidade de vida e de sono de pacientes com SPM quando aplicado em pontos de um protocolo de acupuntura. O estudo foi realizado em trs ciclos menstruais consecutivos, de forma individua l, no incio dos sintomas at o primeiro dia de fluxo menstrual, em 30 pacientes divididas em dois grupos: o grupo A tratado apenas com agulhas de acupuntura, de acordo com um protocolo proposto, todos os dias do incio dos sintomas at o primeiro dia de fluxo menstrual, e o grupo B, tratado com laser sobre os mesmos pontos do protocolo de acupuntura da mesma forma que no grupo A. Os resultados foram verificados pela avaliao de dor subjetiva pela Escala Visual Analgica (EVA), pelo Questionrio de Dor de Macgill, pelo Questionrio SF-36 e pela escala de Sonolncia de Epworth proposta no perodo pr e ps tratamento, durante os trs ciclos estudados. Houve melhora do quadro de dor e na qualidade de vida dos dois grupos, sendo que o grupo B obteve um melhor resultado quando comparado ao grupo A, e ambos os grupos no obtiveram resultados significativos nas alteraes do sono. Dessa forma possvel concluir que o tratamento protocolado de acupuntura significante e vlido, e que o Laser pode ser utilizado sobre os pontos do protocolo de acupuntura ,obtendo inclusive melhores resultados. Palavras-chave: Laser, acupuntura, sndrome pr -mentrual, sono.

  • ABSTRACT

    APPLICATION OF THE GALLIUM ARSENIDE LASER (GaAs) 904 nm IN POINTS OF A PROTOCOL OF ACUPUNCTURE IN WOMEN WITH SYNDROME OF PRE-PERIOD TENSION

    The following work presents a study on the Syndrome of Pre-Period Tension that affects a great number of women in the whole world. Its occurrence generates algic factors, and can lead to cause a syndromic picture that can hinder the women to develop its daily functions in some period of the menstrual cycle besides unchaining riots of sleep. The objective considered in this work consists of the comparison of the effect of the GaAs laser the 904 nm in the reduction of the algic picture and the improvement of the quality of life and sleep of patients with the syndrome when applied in points of an acupuncture protocol. The study was carried through in three consecutive menstrual cycles, in an individual way, in the beginning of the symptoms until the first day of menstrual flow, in 30 patients divided in two groups: Group A was dealt only with acupuncture needles, according to the protocol proposal, every day, in the beginning of the symptoms until the first day of menstrual flow, and Group B, dealt with laser on the same points of the protocol of acupuncture in the same way that in the group A. The results were verified through the subjective evaluation of pain for Analogic Visual Scale (EVA), the Questionnaire of Pain of Macgill, Questionnaire SF-36 and the scale of Sleepiness of Epworth proposal in the pre and post treatment period, during the three studied cycles. There was improvement in the picture of pain and in the quality of life of the two groups, considering that group B got better result than group A, and both groups didnt have significant results in sleep alterations. Based on this it is possible to conclude that the acupuncture treatment protocol is significant and valid, and that the Laser can be used on the points of the acupuncture protocol, getting better results.

    Keywords: Laser, acupuncture, Syndrome of Pre-Period Tension, sleep

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 Locais mais Comuns da Endometriose ............................................................23

    FIGURA 2 Tai Tji Yin e Yang...........................................................................................32

    FIGURA 3 Apresentao das Formas Yin e Yang .............................................................32

    FIGURA 4 Apresentao do Yin e Yang no Ciclo do Dia .................................................33

    FIGURA 5 Ciclo dos Cinco Elementos ...............................................................................37

    FIGURA 6 ngulos de Puntura...........................................................................................46

    FIGURA 7 Mapa dos Meridianos Corporais.......................................................................53

    FIGURA 8 Espectro Eletromagntico .................................................................................61

    FIGURA 9 Representao da Penetrao de Algumas Radiaes Infravermelhas e

    Visveis na Pele........................................................................................................................64

    FIGURA 10 Ponto Fgado 3 ................................................................................................67

    FIGURA 11 Ponto Vaso Concepo 6 ou Ren Mai 6 ........................................................68

    FIGURA 12 Ponto Vescula Biliar 34 ................................................................................68

    FIGURA 13 Ponto Estmago 29 Viso Anatmica .........................................................69

    FIGURA 14 Ponto Bao/Pncreas 10 .................................................................................69

    FIGURA 15 Ponto Bao/Pncreas 6 (Mar do Yin) Viso Anatmica ............................70

    FIGURA 16 Escala Visual Analgica .................................................................................72

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 Yin/Yang ...........................................................................................................33

    TABELA 2 Zang Fu ............................................................................................................41

    TABELA 3 Pontos de Acupuntura ......................................................................................50

    TABELA 4 Recursos Fisioterpicos Utilizados no Tratamento da SPM ..........................58

    TABELA 5 Exerccios Fsicos Realizados no Tratamento de Pacientes com SPM ..........59

    TABELA 6 Profundidade de Penetrao do Infravermelho...............................................64

    TABELA 7 Caractersticas das Pacientes Tratadas nos Dois Grupos................................80

    TABELA 8 Nmero de Sesses Realizadas em Cada Paciente Durante o Tratamento....81

    TABELA 9 Resultado da Anlise de Dor Atravs do Emprego de Escala Visual Analgica

    de Pacientes Tratadas com Acupuntura e com Laser ............................................................81

    TABELA 10 Descritores da Dor, Segundo o Questionrio de Macgill, em Pacientes

    Tratadas com Acupuntura e com Laser Antes e Aps o Tratamento, Durante 3 Ciclos

    Mentruais ................................................................................................................................82

    TABELA 11 ndice de Dor, Segundo o Questionrio de Macgill, em Pacientes Tratadas

    com Acupuntura e com Laser Antes e Aps o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais....83

    TABELA 12 SF-36 ndice de Qualidade de Vida em Pacientes Tratadas com

    Acupuntura e com Laser Antes e Aps o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais............85

    TABELA 13 Resultado da Escala de Sonolncia de Epworth Antes e Aps o Tratamento,

    Durante 3 Ciclos Mentruais....................................................................................................88

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    MTC - Medicina Tradicional Chinesa

    GaAs Arsenieto de Glio

    SPM Sndrome Pr-Menstrual

    DIU Dispositivo Intra Uterino

    REM Rapid Eyes Moviment (Movimento Rpido dos Olhos)

    NREM No Rapid Eyes Moviment (Nenhum Movimento Rpido dos Olhos)

    R Rins

    BP Bao/Pncreas

    F Fgado

    C Corao

    P Pulmo

    CS Pericrdio

    B Bexiga

    E Estmago

    VB Vescula Biliar

    ID Intestino Delgado

    IG Intestino Grosso

    TA Triplo Aquecedor

    VC Vaso da Concepo

    VG Vaso Governador

    PSC Propagated Sensation along the Channel sensao propagada ao longo do meridiano

    TENS Transcutaneous Eletrical Neuronal Stimulated Estimulao eltrica neuronal

    transcutnea

    EMG eletromiografia

  • EEG eletroencefalografia

    LASER Light Amplificated Stimulated Excitation radiation - Luz Amplificada por Emisso

    Estimulada de Radiao

    Nm nanmetros

    J/cm2 joules por centmetro quadrado

    Mm milmetros

    DNA cido Desoxirribonuclico

    RNA cido Ribonuclico

    AMPc Monofosfato Cclico de Adenosina

    F3 Terceiro ponto do meridiano do fgado

    VC6 Sexto ponto do meridiano do vaso da concepo

    VB34 Trigsimo quarto ponto do meridiano da vescula biliar

    E29 Vigsimo nono ponto do meridiano do estmago

    BP10 Dcimo ponto do meridiano do Bao/Pncreas

    BP6 Sexto ponto do meridiano do Bao/Pncreas

    SF 36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey

    EVA Escala Visual Analgica

    ESE Escala de Sonolncia de Epworth

    UNESC Centro Universitrio do Esprito Santo

    UNIVAP Universidade do Vale do Paraba

    CEP Comit de tica e Pesquisa

    GABA cido gama-amino-butrico

    DE Densidade de Energia

    LBP Laser de Baixa Potncia

  • SUMRIO

    1 INTRODUO................................................................................................................15

    2 SNDROME DA TENSO PR-MENSTRUAL (SPM) ...............................................17

    2.1 Histrico...................................................................................................................17

    2.2 Conceito atual e Incidncia ....................................................................................17

    2.3 Classificao ...........................................................................................................18

    2.3.1 Dismenorria primria ...........................................................................................19

    2.3.1.1 Teoria das vasopressinas ..............................................................................20

    2.3.1.2 Teoria das prostaglandinas ...........................................................................20

    2.3.1.3 Leucotrienos .................................................................................................21

    2.3.1.4 Prostaciclina .................................................................................................21

    2.5.1.5 Dificuldade do escoamento do fluxo menstrual...........................................21

    2.5.1.6 Fisiopatologia da disminorria primria.......................................................22

    2.3.2 Dismenorria secundria ......................................................................................22

    2.4 A SPM e os distrbios do sono ...............................................................................25

    2.5 A SPM e o impacto na qualidade de vida .............................................................26

    3 ACUPUNTURA NA SPM ...............................................................................................28

    3.1 Medicina Tradicional Chinesa (MTC)..................................................................28

    3.2 Histrico...................................................................................................................28

    3.3 Acupuntura .............................................................................................................29

    3.4 Pensamento Chins e Ocidental ............................................................................30

    3.5 Bases da MTC .........................................................................................................31

    3.5.1 Teoria do Yin/Yang ...............................................................................................31

    3.5.2 Teoria dos cinco elementos ...................................................................................34

    3.5.3 As substncias........................................................................................................38

    3.5.3.1 O Qi..............................................................................................................39

    3.5.3.2 O Shuen........................................................................................................39

    3.5.3.3 O Xue............................................................................................................40

  • 3.5.3.4 O Jing............................................................................................................40

    3.5.3.5 O Jin Ye........................................................................................................40

    3.6 O Zang Fu................................................................................................................40

    3.6.1 Os rgos (Zang) e seus acoplados (Fu) ................................................................42

    3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang) .............................................................42

    3.6.1.2 Bao/Pncreas (Pi) e Estmago (Wei) .........................................................42

    3.6.1.3 Fgado (Gan) e Vescula Biliar (Dan) ..........................................................43

    3.6.1.4 Corao (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang) ........................................44

    3.6.1.5 Pulmo (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang) ...............................................44

    3.6.1.6 Pericrdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao) ...................................44

    3.7 Tcnicas de Puntura ...............................................................................................45

    3.8 Unidades de Medida ...............................................................................................47

    3.9 Agulhas de Acupunura ...........................................................................................48

    3.10 Pontos de Acupuntura ............................................................................................49

    3.10.1 Pontos regulares .....................................................................................................50

    3.10.2 Pontos extras ..........................................................................................................50

    3.10.3 Pontos dolorosos (Ashi).........................................................................................50

    3.11 Meridianos Energticos ..........................................................................................51

    3.12 Dismenorria na viso da MTC.............................................................................53

    4 TRATAMENTOS.............................................................................................................56

    4.1 Tratamentos farmacolgicos..................................................................................56

    4.2 Tratamentos fisioterpicos .....................................................................................58

    5 O LASER DE ARSENIETO DE GLIO A 904 nm.......................................................60

    5.1 O Laser ...................................................................................................................60

    5.2 Princpios bsicos ...................................................................................................60

    5.2 Interaes com os tecidos biolgicos ....................................................................62

    5.2 Absoro e penetrao das radiaes infravermelhas ........................................63

  • 6 TRATAMENTO DA DISMENORRIA COM A UTILIZAO DOS PROTOCOLOS

    DE ACUPUNTURA ................................................................................................................66

    6.1 Pontos protocolados para o tratamento da dismenorria ..................................66

    7 QUESTIONRIOS PARA AVALIAO DA QUALIDADE DE VIDA NA SPM......71

    7.1 SF-36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey................71

    7.2 Questionrio de dor da McGill..............................................................................71

    7.3 Escala de Sonolncia de Epworth..........................................................................72

    7.4 Escala Visual Analgica (EVA) .............................................................................72

    8 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................73

    9 OBJETIVO DO ESTUDO...............................................................................................74

    10 METODOLOGIA.............................................................................................................75

    10.1 Seleo das voluntrias...........................................................................................75

    10.2 Termo de consentimento livre e informado ..........................................................75

    10.3 Procedimento de coleta dos dados .........................................................................76

    10.4 Avaliao da dor e da qualidade de vida e de sono das voluntrias ..................76

    10.5 O protocolo de tratamento .....................................................................................76

    11 TRATAMENTO ESTATSTICO................................................................................78

    12 RESULTADOS E DISCUSSO .................................................................................79

    13 CONCLUSO..............................................................................................................90

    REFERNCIAS ......................................................................................................................91

    ANEXO A - QUESTIONRIO SF-36 PESQUISA EM SADE........................................101

    ANEXO B - QUESTIONRIO DE DOR DE MCGILL......................................................105

    ANEXO C ESCALA DE SONOLNCIA DE EPWORTH...............................................106

    ANEXO D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO.........................107

    ANEXO E AUTORIZAO DO CEP...............................................................................109

  • 15

    1 INTRODUO

    Nos ltimos anos, pesquisas tm demonstrado que as radiaes softlaser GaAs possuem

    efeito antiinflamatrio, analgsico, estimulante celular e modulador do tecido conjuntivo na

    regenerao e na cicatrizao de diferentes tecidos (ABERGEL et al, 1984; CRUAES,

    1984; WANDERER, 1991; SCHMITT et al, 1993).,

    O laser de baixa potncia possui efeitos fotoqumicos, fotofsicos e fotobiolgicos que

    podem ser divididos em duas etapas: em curto prazo, as respostas teciduais podem ser

    visualizadas minutos aps a aplicao do laser e, em longo prazo, onde os efeitos so

    observados em um perodo de horas ou dias aps a irradiao (BRASILEIRO et al, 2004).

    Assim sendo, as principais respostas encontradas aps a irradiao laser so a

    diminuio do processo inflamatrio, atravs da inibio de fatores quimiotticos, da

    modulao dos nveis de vrias prostaglandinas, da analgesia devido ao aumento do nvel de

    endorfinas (opiides, GABA e bradicinina), aumento do limiar da dor, aumento da

    microcirculao local no sistema linftico, aumento da fagocitose e proliferao de

    fibroblastos, originando uma elevao em at quatro vezes a snteses de colgeno e a

    epitelizao (SAY et al, 2003, BRASILEIRO, 2004).

    A terapia pela acupuntura consiste em buscar alivio para as dores, para prevenir doenas

    atravs da insero de agulhas promovendo a funo dos canais de energia e regular as

    funes energticas dos rgos internos e do sangue do corpo (FOCKS, 2008).

    Conforme a medicina chinesa o corpo humano considerado um micro universo

    dividido em 14 trajetos longitudinais, que so os meridianos. Cada meridiano apresenta trajeto

    definido, longitudinal, e nmero determinado de pontos em cada meridiano. Os pontos so

    distribudos simetricamente entre o lado direito e o esquerdo do corpo, exceto o Ren-Mai e o

    Du-Mai, cada ponto tem denominao chinesa prpria. O estmulo da acupuntura obedece aos

    estmulos nervosos, uma vez que a maior parte das inseres localiza-se nas proximidades dos

    nervos perifricos (YAMAMURA, 2003).

    Estudos populacionais tm mostrado diferentes prevalncias da Sndrome da Tenso

    Pr-Mestrual (SPM), que variam entre 5 e 35%, conforme os critrios utilizados e o local

    onde se realizam. (DEUSTER, 1999)

  • 16

    No Brasil, estudos em servios mostram a prevalncia da SPM entre 8% e 86%

    dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatrio de

    ginecologia, os sintomas pr-menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave

    (43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansao (71%), depresso e cefalia (62%, cada), sendo

    que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associao de sintomas fsicos e

    psquicos. (SILVA, 2006)

    Deste modo, utilizamos o laser GaAs 904 nm em pontos de acupuntura para verificar

    uma melhora no quadro de dor e na qualidade de vida e de sono em mulheres com SPM,

    comparando-o ao uso das agulhas de acupuntura, verificando qual tcnica a mais apropriada

    para a referida disfuno.

  • 17

    2 SNDROME DA TENSO PR-MESTRUAL

    2.1 HISTRICO

    H dez sculos antes de Cristo j existiam relatos que a perda de sangue pelo canal

    vaginal est associada a sintomas de dor. A expresso dismenorria surgiu do grego

    significando a dificuldade de escoamento do fluxo menstrual (VIANA, 2001; VALADARES

    2006)

    J h alguns sculos a menstruao um ponto bastante discutido dentre os estudos

    realizados sobre a mulher. Pontos importantes eram ressaltados e de certa forma decifrados

    como, por exemplo, o carter peridico e mensal do ciclo menstrual, que foi facilmente

    correlacionado com as fases da lua, sendo assim observada ento a regularidade menstrual

    mensal. Porm, um ponto era considerado um mistrio para os estudiosos e mdicos da poca:

    a questo do sangramento durante esse perodo. Mdicos da poca acreditavam que o

    sangramento se desse para concluso de um processo de desintoxicao, porem vrios mitos e

    conotaes negativas foram ligados a este processo, sendo que esses pensamentos sem

    fundamentos variavam desde magias a pressgios de m sorte (SPEROFF, 1995).

    Acreditava-se que as mulheres neste perodo tornavam o vinho azedo, as sementes

    secas, o ferro e o bronze oxidavam-se, a lmina de ao perdia o fio e as abelhas abandonavam

    a colmia ao seu toque. Existem contos tambm que estas partiam agulhas, quebrava vidros e

    paravam relgios, e em quase todo o mundo as mulheres eram afastadas e isoladas da

    produo de alimentos (VIANA, 2001).

    2.2 CONCEITO ATUAL E INCIDNCIA

    Na atualidade para um grande numero de mulheres, o inicio do fluxo menstrual um

    fato regular, previsvel e tambm individual e constante para estas, pois geralmente dura algo

    em torno de 27 a 32 dias. Porm, algumas mulheres sentem em algum estagio de sua vida,

    irregularidades e/ou incmodos ligados com a sua menstruao. Dentre esses problemas esto

  • 18

    a oligomenorria, a polimenorria, a menorragia, a hipomenorria, a epimenorria, a

    amenorria, e a disfuno mais comum e citada que a dismenorria. O termo dismenorria

    serve como compreenso a qualquer distrbio que gere dor no perodo menstrual (POLDEN,

    MANTLE, 2002).

    A dismenorria chega a atingir aproximadamente 50% das mulheres adultas, e em

    adolescentes esses numero chega a 72%. Dentre as mulheres adultas que apresentam este

    distrbio, 5 a 10% sofrem de uma limitao de suas funes e atividades dirias normais por

    um perodo de at trs dias por ms graas sintomatologia sofrida. Com esta limitao a

    capacidade normal de trabalho e de estudo ficam tambm comprometidas. Essa interrupo

    nas atividades da mulher acaba gerando um dficit econmico, onde o que parece ser de

    pequena importncia acaba sendo discutvel e relevante. Estima-se que somente nos Estados

    Unidos anualmente sejam perdidos cerca de 600 milhes de horas de trabalho, estes

    decorrentes dos sintomas das alteraes menstruais, levando a uma perda de

    aproximadamente 2 bilhes de dlares, o que faz com que o assunto se torne importante nos

    centros de sade publica (ALDRIGHI, 2005).

    A dismenorria um dos casos mdicos mais comuns na ginecologia. Esta se descreve

    por uma dor aguda e intensa e tem como caracterstica o inicio sbito, o aumento abrupto e a

    durao curta. Essa dor pode ser cclica, e quando se refere dor que ocorre com uma

    associao definida ao ciclo menstrual, sendo que o fenmeno cclico mais comum

    propriamente a dismenorria ou menstruao dolorosa como tambm descrita. Quando essa

    dor tem durao maior que seis meses, esta considerada dor plvica crnica, j possuindo

    outro carter levado mais pela dismenorria congestiva (BEREK, 1998)

    2.3 CLASSIFICAO

    A dismenorria pode ser classificada em dismenorria primaria e dismenorria

    secundria (CONCEIO, 2005).

  • 19

    2.3.1 Dismenorria Primaria

    A dismenorria primria ocorre na ausncia de qualquer doena plvica detectvel. Esta

    se apresenta como um quadro sindrmico que se manifesta no decorrer da menstruao e que

    quando atinge sua forma completa, se caracteriza por clicas uterinas, nuseas, vmitos,

    cefalia, clicas intestinais, diarria e dificuldades respiratrias. A condio clinica

    fundamental so as clicas uterinas que esto presentes em quase todos os casos,

    (CONCEIO 2005).

    Tantas so as hipteses levantadas para tentativa de explicao das causas da

    dismenorria primria que esta sndrome chegou a ser denominada de doena das teorias. As

    clicas uterinas comumente apresentam-se associadas a outras manifestaes clnicas de

    diversos setores do organismo, principalmente do aparelho digestivo, levando a nusea e

    vmitos. Alteraes do nvel de substncias qumicas durante o perodo menstrual foram

    detectadas e pesquisas foram iniciadas para detectar qual poderia ser a substncia que teria

    ao no s nas manifestaes uterinas, mas tambm nas manifestaes sistmicas da

    sndrome. As investigaes comearam a levar em conta que essa substncia deveria estar

    relacionada s modificaes endometriais, pois mulheres afetadas por dismenorria primria

    apresentam ciclos menstruais ovulatrios e, consequentemente, seus endomtrios so

    secretores por ocasio da menstruao. Pesquisas clnicas desenvolvidas nos anos 70

    evidenciaram que a prostaglandina F2alfa (PGF2alfa), os leucotrienos e a prostaciclina,

    substncias produzidas pelo endomtrio secretor, comprovadamente participam na

    fisiopatologia dos distrbios desta sndrome. Estudos comprovaram que essas substncias

    somente causam o seu efeito negativo quando o material resultante da desagregao

    endometrial permanece retido no interior da cavidade uterina por um tempo maior do que o

    normal. A partir desta verificao surgiram teorias explicando a ao destas substncias em

    atuao s manifestaes. Dentre estas a teoria da vasopressina, a das prostaglandinas, a dos

    leucotrienos e das prostaciclinas foram as mais aceitas e discutidas no meio cientifico. A

    dificuldade e os obstculos para o escoamento normal do material menstrual foi levado em

    considerao, pois a partir deste que se inicia o processo negativo de algumas destas

    substncias, (PIATO, 2002).

  • 20

    2.3.1.1 Teoria das vasopressinas

    A teoria das vasopressinas foi relatada por Warren e Hawker em 1967, que foram os

    primeiros a descrever a atuao da vasopressina induzindo contraes uterinas disrtmicas e

    dolorosas. Coutinho e Lopes em 1968 aprofundaram o estudo mostrando que este efeito

    intensificado na presena de progesterona. Durante o perodo menstrual os nveis de

    vasopressina circulantes tendem a aumentar, e esse aumento da vasopressina associado

    progesterona presente, leva aos sintomas decorrentes a dismenorria primria a serem

    intensificados (CONCEIO, 2005).

    2.3.1.2 Teoria das prostaglandinas

    A teoria das prostaglandinas diz que estas so sintetizadas no endomtrio e que

    provocam contratilidade uterina aumentada levando isquemia e decorrentemente dor. Esta

    ocorre de forma que as prostaglandinas so derivadas de um acido graxo, o cido

    araquidnico, este sendo convertido em endoperxidos e por hidrlise em prostaglandinas E2

    e F2alfa. A concentrao destas prostaglandinas so maiores no sangue menstrual de mulheres

    com dismenorria primria e ao final da fase secretora do ciclo menstrual, sendo que este fato

    promove instabilidade dos lisossomos das clulas endometriais, consequentemente liberando

    enzimas como a fosfolipase-A que tem atuao na membrana celular. Deste modo, o cido

    araquidnico que o precursor da sntese de prostaglandinas tambm liberado. As

    prostaglandinas ento so as responsveis pelas contraes uterinas alteradas (CONCEIO,

    2005).

    Existe um aumento de trs vezes na concentrao destas prostaglandinas no endomtrio

    na fase ltea em relao fase folicular. Este aumento ainda maior durante os dias do fluxo

    menstrual. A maior parte desta formao se d nas primeiras 48 horas, sendo este o pico dos

    sintomas sofridos pela mulher. Ylikorka e Dawood (1978) mostraram que o endomtrio

    secretor em mulheres normais possui media de 2,5 ng/mg de prostaglandina F2alfa

    (PGF2alfa), enquanto em mulheres que sofrem de dismenorria esse numero chega a 18,5

    ng/mg. Roth-Brandl estabeleceu uma ligao direta de que a PGF2alfa esta ligada aos

    distrbios sistmicos da SPM, pois os resultados de pesquisas no qual era feito a

  • 21

    administrao da substncia PGF2alfa atravs de infuso venosa gota-a-gota em mulheres

    fora do perodo menstrual, reproduziu as mesmas manifestaes clnicas de uma mulher que

    sofre do distrbio durante o perodo menstrual (OLIVEIRA, 2001).

    2.3.1.3 Leucotrienos

    Os leucotrienos so compostos sintetizados pelo endomtrio, atravs de atividade da via

    5-lipoxigenase. Da mesma forma da PGF2alfa, os leucotrienos provocam aumento da

    contratilidade uterina. Demers et al (1985) e de Ress et al (1987) citados por PIATO 2002,

    admitem que os leucotrienos seriam responsveis por parte dos casos de dismenorria

    primria graas a sua ao contrtil da musculatura lisa uterina, a qual leva a gerao de

    clicas uterinas. O fato da ao contrtil dos leucotrienos explicaria a refratariedade ao

    tratamento com inibidores de prostaglandinas em algumas pacientes (PIATO 2002).

    2.3.1.4 Prostaciclina

    As prostaciclinas so substancia tambm sintetizadas pelas clulas do endomtrio

    secretor e apresentam capacidade de provocar relaxamento de fibras musculares das camadas

    lisas do endomtrio. Desempenha seu papel na etiologia da dismenorria primria quando se

    apresenta rebaixada no organismo, pois uma vez diminuda no consegue inibir a ao

    exercida pela PGF2alfa, deixando-a atuar sem ser antagonizada. (PIATO 2002).

    2.3.1.5 Dificuldade para escoamento do fluxo menstrual

    Na poca de Hipcrates o material menstrual j era discutido e levantavam-se hipteses

    que a sua reteno na cavidade uterina seria o responsvel pelas clicas menstruais. Com o

    passar dos anos vrios procedimentos foram destinados a aumentar o calibre do canal

    cervical, proporcionando assim eliminao mais rpida do material menstrual. Um estudo do

  • 22

    tono do istmo uterino realizado por Mann 1969 citado por PIATO 2002, em mulheres afetadas

    por dismenorria primria foi realizado com finalidade de verificar a freqncia de hipertonia

    nesta regio. Foi ento verificado no estudo, que 85% das mulheres apresentavam istmos

    hipertnicos dificultando assim no escoamento normal do fluxo menstrual. Outros fatores que

    vem sendo responsabilizados pela dificuldade no escoamento do material menstrual so a

    estenose do canal cervical, hiperflexo entre o corpo e o colo do tero e sinquias do canal

    cervical (PIATO 2002).

    2.3.1.6 Fisiopatologia da dismenorria primria

    Pela presena de um obstculo impedindo um rpido escoamento do material menstrual,

    as substncias qumicas existentes no mesmo so absorvidas atravs dos vasos endometriais

    rotos e passam assim para a circulao sangunea. A PGF2alfa e uma destas substncias que

    podem ser absorvidas graas ao no escoamento normal do produto menstrual. Essas

    substncias ocasionam alteraes ao atingir desde o miomtrio e as fibras musculares lisas do

    intestino, ao aparelho digestivo e respiratrio, levando ento ao aparecimento dos sintomas da

    dismenorria primria. Um dos fatores que ocasionam as clicas uterinas a isquemia

    miometrial, ocasionada pela contrao exagerada do miomtrio. Estudos realizados por Filler

    e Hall 1970 citados por ALDRIGHI 2005, verificaram a freqncia e intensidade das

    contraes uterinas. Em mulheres com dismenorria primria a intensidade de contrao

    chegou de 150mmHg a 300mmHg enquanto em mulheres sem as caractersticas da sndrome

    a intensidade foi de 120mmHg. A intensidade de contrao foi levada como fator causador

    das dores pelas clicas uterinas. Outro fator que tem participao nas dores em clicas a

    prostaglandina F2alfa, pois a substncia torna as fibras do miomtrio mais sensveis a ao da

    bradicinina (ALDRIGHI 2005).

    2.3.2 Dismenorria Secundaria

    A dismenorria secundria no reflete ligao direta com a idade de inicio dos sintomas,

    pois esta ocorre anos aps o inicio da menarca e se apresenta pela presena de uma dor

  • 23

    menstrual cclica em associao com uma patologia plvica subjacente. Tem como

    caracterstica a presena de dor que ocorre geralmente fora da menstruao sendo esta uma

    dor plvica iniciada uma a duas semanas antes da menstruao persistindo at alguns dias

    aps a cessao da hemorragia. Geralmente acomete mulheres com mais de 20 anos, com

    exceo de mulheres que apresentem malformaes uterinas, criando obstrues no normal

    fluxo desde os primeiros ciclos menstruais. Esta se d devido a vrias patologias plvicas

    sendo que a principal delas e a endometriose seguida por adenomiose e pela colocao de

    dispositivos intra-uterinos (HALBE, 2003).

    A Endometriose a segunda maior geradora de dor plvica cclica nas mulheres.

    caracterizada pela presena de tecido endometrial que se prolifera de forma incorreta em

    locais fora da cavidade endometrial. Os espaos acometidos, mas comumente so: o fundo do

    saco de Douglas (regio atrs do tero), o septo reto-vaginal (tecido que se situa entre o reto e

    a vagina), trompas, ovrios, superfcie do reto, ligamentos do tero, bexiga e parede da plvis.

    Associada a endometriose a dispareunia (intercurso doloroso) e a disquezia (dor com

    movimentos intestinais) geralmente elevam ainda mais a dor durante o perodo pr-menstrual

    e tem como sinais e sintomas o abdmen doloroso a palpao mais comumente nos

    quadrantes inferiores (PALO, 2002).

    Figura 1 Locais mais comuns da endometriose

    Fonte:http://www.astrazeneca.com.br/azws006/site/paciente/compreende_doenca/gineco/endometriose.

    asp acesso em 23 de outubro de 2007

  • 24

    A Adenomiose, tambm conhecida como endometriose interna como a presena de

    glndulas endometriais e estromas localizados no miomtrio de forma profunda. Sua

    incidncia oscila entre 10 a 20%, porm alguns autores apresentam nmeros ainda mais

    elevados. Tende a ser mais freqente em pacientes com idade acima de 40 anos e multparas.

    Ainda existem outras situaes menos freqentes, mas que tambm devem ser levadas em

    considerao, pois podem levar aos mesmos sintomas de dor plvica cclica e dismenorria

    (VIANA, 2001).

    As pacientes com adenomiose no perodo pr-menstrual sofrem de sensao de peso

    plvico e fortes dores associadas sensao de presso. O exame mais confivel e que

    possibilita a realizao de um correto diagnstico o ultra-som, que ao ser realizado apresenta

    de forma visual o tero simetricamente aumentado de volume e por vezes amolecido, sendo

    que a melhor realizao do exame ocorre no perodo prximo a menstruao, ou seja, no

    perodo pr-menstrual. Quanto maior for o comprometimento da parede posterior do tero, ou

    este se localizar em posio de retroverso uterina, maior ser o quadro lgico da mulher,

    associado ento a dores lombares e presso retal. Pontos como formao de massa plvica

    concomitante (anomalias mullerianas), usurias de DIU (Dispositivo Intra Uterino), fatores

    emocionais e qualquer obstruo ou obstculo para o escoamento do material menstrual

    dentre outros, se tornam pontos importantes que devem ser considerados de grande relevncia

    para se realizar o diagnstico de forma correta (OLIVEIRA, 2001).

    O DIU um dos mtodos contraceptivos mais eficazes disponveis nos dias de hoje. A

    China o pais que apresenta maior utilizao do mtodo sendo que 50% das usurias de

    mtodos contraceptivos utilizam o DIU. 70% da utilizao de todas as usurias de DIU no

    mundo se encontram na China. O DIU apresenta alguns efeitos adversos sendo que os mais

    comuns aps sua insero so o sangramento e a dor plvica. Os dispositivos no medicados e

    os de cobre levam ao aumento do sangramento menstrual em ate 55% dos casos,

    provavelmente pela ao dilatadora endometrial. Dispositivos com progesterona causam um

    processo de decidualizao do endomtrio, provocando diminuio do sangramento menstrual

    (diminuio de 90% do fluxo em 1 ano). A dor ocorre devido ao aumento da liberao de

    prostaglandinas pelo endomtrio. O uso de inibidores de prostaglandinas leva a diminuio da

    dor e do sangramento (MONTENEGRO 2005).

    Dentre os diversos sintomas causados pela dismenorria as dores nas costas e a dor

    abdominal levam a um grande sofrimento durante o perodo menstrual especialmente quando

  • 25

    esta se manifesta j de uma forma crnica. A dor nas costas de instalao gradual tem uma

    ligao direta com a rea ginecolgica e se d na regio localizada sobre a metade superior do

    sacro e pode se estender lateralmente para glteos e superiormente para regio lombar. A dor

    abdominal aparece de forma anterior podendo ser aumentada pela presso. Raramente se

    estende sobre a espinha ilaca spero-anterior e quando de origem uterina ela pode irradiar-se

    para regio medial das coxas (POLDEN, 2002).

    2.4 A SPM E OS DISTRBIOS DO SONO

    Durante o perodo de sono normalmente ocorrem de 4 a 5 ciclos bifsicos, com durao

    de 90 a 100 minutos. O ciclo de sono composto pelo sono REM (movimento rpido dos

    olhos), e o sono NREM, aquele que no apresenta tais movimentos. O sono NREM

    constitudo por estgios (1, 2, 3, 4) ao longo dos quais as ondas cerebrais vo

    progressivamente diminuindo a freqncia e aumentando a amplitude. Os estgios 3 e 4 de

    sono so denominados sono de ondas lentas (DEMENT, 1998)

    Um estudo realizado confirmou o adiantamento de fase em relao ao sono no oscilador

    circadiano que regula o fim da secreo noturna de melatonina em oito pacientes com SPM,

    comparadas com mulheres controle. Dando seqncia investigao, os autores propuseram-

    se a corrigir o distrbio circadiano com a utilizao de fototerapia (luz de alta intensidade =

    2,500 lux; 2 horas de exposio). Assim, seis pacientes com SPM foram submetidas a

    fototerapia, administrada pela manh ou noite, durante a semana pr-menstrual de dois

    ciclos menstruais. Esse procedimento adianta ou atrasa os ritmos circadianos,

    respectivamente. Ento, esperou-se que o tratamento noturno resultasse na correo do

    distrbio circadiano de adiantamento de fase, implicando tambm na melhora do humor.

    Como esperado, os resultados mostraram que somente a fototerapia noite foi eficaz na

    reduo da sintomatologia (PARRY e col, 1990; PARRY e col, 1994).

    A latncia para o sono REM, considerada um marcador de ritmos biolgicos, tambm

    tem sido investigada durante as fases do ciclo menstrual. Relatos de uma reduo pequena,

    porm significante, durante a fase ltea, em comparao com a fase folicular, reforaram a

    proposio de uma correlao entre posio de fase e estado clnico: as mulheres que

    apresentaram reduo na latncia para o sono REM durante a fase pr-menstrual mostraram-

  • 26

    se sintomticas durante o ms de estudo (n=3), ao contrrio daquelas cujas medidas foram

    normais (n=2) (PARRY e col, 1989; LEE e col, 1990; SEVERINO, 1993)

    2.5 A SPM E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA

    Tradicionalmente, o conceito de qualidade de vida era delegado a filsofos e poetas: no

    entanto, atualmente existe crescente interesse de mdicos e pesquisadores em transform-lo

    numa medida quantitativa que possa ser usada em ensaios clnicos e modelos econmicos e

    que os resultados obtidos possam ser comparados entre diversas populaes e at mesmo

    entre diversas patologias (BOWLING; BRAZIER, 1995).

    Qualidade de vida a percepo do indivduo de sua posio na vida no contexto da

    cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relao aos seus objetivos, expectativas,

    padres e preocupaes (CICONELLI, 2003).

    A avaliao da qualidade de vida ou do impacto das doenas pode ser feita atravs de

    questionrios padronizados, nos quais so designados escores para as vrias questes

    envolvidas. Estes instrumentos podem ser classificados em genricos e especficos. So

    questionrios genricos aqueles desenvolvidos com a finalidade de refletir o impacto de uma

    doena sobre a vida de pacientes em uma ampla variedade de populao. Avaliam aspectos

    relativos funo, disfuno e ao desconforto fsico e emocional (CICONELLI, 2003).

    So especficos aqueles capazes de avaliar de forma individual, determinados aspectos

    da qualidade de vida, proporcionando uma maior capacidade de detectar melhora ou piora do

    aspecto especfico em estudo. Sua principal caracterstica seu potencial de ser sensvel s

    alteraes aps uma determinada interveno (YUNUS, 1992).

    No Brasil, estudos em servios mostram a prevalncia da SPM entre 8% e 86%

    dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatrio de

    ginecologia, os sintomas pr-menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave

    (43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansao (71%), depresso e cefalia (62%, cada), sendo

    que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associao de sintomas fsicos e

    psquicos. (DIEGOLI e col, 1994; NOGUEIRA, 1998)

  • 27

    Os sintomas emocionais mais evidentes da SPM so: tristeza, raiva, irritabilidade,

    nervosismo, confuso, isolamento social e cansao; e os sintomas fsicos foram: mastalgia,

    distenso abdominal, cefalia, inchao em mos e pernas, aumento de peso e dores articulares

    ou musculares. De acordo com os critrios propostos no DSM-IV8 considera-se como SPM a

    presena de cinco dos sintomas acima, sendo que entre esses, pelo menos um deles deveria ser

    tristeza, raiva, nervosismo ou irritabilidade, acompanhado de dificuldades no relacionamento

    em casa, falta ao trabalho ou escola, o que justifica a perda de qualidade de vida das

    acometidas pela SPM (FREEMAN, 2003)

  • 28

    3 ACUPUNTURA NA SPM

    3.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)

    A acupuntura uma tcnica das vrias da medicina chinesa. Sua denominao vem do

    latim acus= agulha e puntura= picada, denominao esta que foi introduzida no ocidente

    pelos jesutas aps retornarem da China. A tcnica da acupuntura se d pela insero de

    agulhas em determinados pontos corporais privilegiados, presentes em caminhos energticos

    conhecidos como meridianos, estes tendo o poder de restabelecer o equilbrio energtico

    corporal, e atravs deste reequilbrio evitar e tratar doenas (MANN, 1994).

    3.2 HISTRICO

    Mesmo sem documentos que comprovem a origem da tcnica, estima-se que esta seja

    muito remota, desenvolvendo-se h aproximadamente 3000 anos antes de Cristo. O primeiro

    nome guardado pela tradio foi o Fu Hi (2953 a.C.) fundador da civilizao chinesa. Fu Hi

    foi apontado como o criador dos 8 hexagramas do livro das mutaes I-Ching. Os

    conhecimentos foram sendo repassados de forma oral de dinastia por dinastia ate chegarem a

    dinastia Chou (1122 a 256 a.C.) onde foi achado uma obra escrita entre 500 300 a.C., obra

    esta sem autor conhecido. Estima-se que tenha sido desenvolvida por vrios mdicos, porm

    sua autoria foi atribuda ao lendrio Hungdi Neijing. O livro se subdivide em duas partes: Su

    Wen (questes simples) e Ling Shu (eixo espiritual). Este ainda descreve toda a base da

    medicina chinesa como a teoria do Yin-Yang, os cinco elementos e Zang Fu. Graas poca

    de origem, o livro possui uma linguagem de difcil interpretao onde ocorrem mistura de

    princpios filosficos e teraputicos e especulaes folclricas e msticas (MANN, 1994)

    A acupuntura foi ganhando referncias onde ento a tcnica comeou a ser conhecida

    tambm fora da China. Durante o sculo V d.C., a acupuntura fo i veiculada para a Coria e,

    dois sculos aps para o Japo. Com o passar do tempo os conceitos da medicina chinesa

    comearam a ser entendidos e traduzidos alcanando paises como Alemanha e Frana

    durante o sculo XVII. Atualmente a acupuntura muito difundida em todo o mundo sendo

  • 29

    ensinada e praticada em diversos paises. A tcnica chegou ao Brasil atravs de imigrantes

    orientais da China e do Japo estes que se estabeleceram principalmente no sul e sudeste do

    pas, porm a tcnica se engrandeceu no Brasil aps a chegada do professor Frederico Spaeht

    que vindo da Europa na dcada de 50 trazia os conhecimentos da acupuntura, e com isso,

    fazendo grande clientela em pouco tempo. Graas a sua fama pela tima obteno dos seus

    resultados, chamou a ateno da classe mdica para a tcnica. Os atendimentos com a

    utilizao da tcnica de acupuntura no necessitam de grande estruturao de ambiente e vo

    desde clnicas privadas a ambientes universitrios sendo que no Brasil a tcnica reconhecida

    como especialidade mdica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995, e trs anos mais

    tarde pela Associao Medica Brasileira. (PAI, 2004)

    3.3 ACUPUNTURA

    A acupuntura um importante procedimento que compe a medicina tradicional

    chinesa (MTC). Mesmo sendo um dos mais importantes procedimentos da MTC o seu uso

    quando associado a outras tcnicas se torna ainda mais eficaz. A utilizao de recursos

    trmicos durante o processo de puntura uma das vrias associaes que podem ser feitas

    durante um tratamento. Uma das utilizaes deste recurso trmico e atravs da queima do p

    de uma planta chamada Artemsia vulgaris ou sinensis, sendo que esta tcnica conhecida

    como moxabusto. A tcnica da acupuntura tem a finalidade de levar a preveno e o

    tratamento de doenas apenas punturando certos pontos privilegiados do corpo utilizando um

    equipamento bastante simples, que a agulha fina. Graas a sua eficcia e ao baixo custo do

    equipamento, esta tcnica se tornou extremamente popular na China a milhares de anos. O

    inicio do desenvolvimento da arte compe um longo processo histrico que foi baseado na

    experincia de sculos do povo trabalhador chins na luta contra as doenas. As primeiras

    realizaes de tratamento atravs de acupuntura foram realizadas com agulhas talhadas em

    pedras. Com o desenvolvimento da sociedade humana e a sada da era da pedra e entrada na

    era do bronze e do ferro, agulhas foram elaboradas com a utilizao destes metais,

    substituindo assim as agulhas de pedra. Com a continuidade do desenvolvimento da sociedade

    os instrumentos de puntura se aprimoraram, levando assim ao refinamento das tcnicas de

    acupuntura. (AUTEROCHE, 1996).

  • 30

    3.4 PENSAMENTO CHINS E OCIDENTAL

    A atividade vital de um homem tem uma estreita semelhana com a energia do cu.

    Ao se tratar da doena, deve-se seguir a lei a disciplina do cu e da terra seno a

    atividade vital do paciente pode ser prejudicada ocorrendo imediatamente uma

    calamidade, (QIBO citado por WANG, 2001).

    A grande dificuldade para os estudantes ocidentais da MTC est na enorme diferena

    dos padres de pensamento do oriente. Poucos profissionais ocidentais conseguem lidar com

    o modo de pensar da tcnica na sua forma original, no considerando os conceitos abstratos e

    filosficos da tcnica. Muitos estudantes de MTC adotam uma postura mental ocidental e

    tentam criar relaes e explicaes ocidentais com os conceitos chineses, resultando assim no

    no entendimento da tcnica na sua forma real. Quanto mais o profissional deixar de lado os

    conceitos ocidentais e aproximar-se dos conceitos orientais, maior ser a obteno de

    resultados devido ao entendimento real filosfico da tcnica. Geralmente os pensamentos

    ocidentais no tendem a procurar padres globais, nem tende a olhar o todo ou partes de um

    todo. Em termos relativos, o pensamento ocidental tende a ser redutivo e analtico, ao passo

    que o pensamento chins tende a ser sinttico e intuitivo. Enquanto a cincia do ocidente tenta

    reduzir os fenmenos aos componentes lineares de causa e efeito o chins experimenta uma

    sntese de combinaes de fenmenos. A medicina ocidental tende a isolar um nico fator

    causador, ou seja, reduzir ao mais simples possvel, enquanto a MTC trata o individuo como

    um todo, tratando ento as disfunes e no somente o paciente. O pensamento ocidental

    ento considera os extremos de um aspecto, porm no pensamento chins entre os extremos

    existe uma continuidade de transformaes. Mesmo os pensamentos do ocidente e do oriente

    tendendo cada um ao seu raciocnio, estes apresentam entrelaamentos mostrando elementos

    comuns entre essas duas culturas. Cada um dos sistemas apresenta suas virtudes e fraquezas, e

    ambos tendo se desenvolvido dentro da rea especifica do conhecimento humano levam a

    uma forma de tratamento visando sempre a recuperao do paciente, mesmo um tendo a

    forma mais intuitiva de agir e o outro a forma mais racional. A cultura e o modo de pensar de

    ambas as medicinas devem ser consideradas, porm para a prtica da MTC, no se pode

    querer conciliar muito os conhecimentos seno, estes levam a confuses e malefcios na hora

    do entendimento e pratica do tratamento tradicional chins, (ROSS 1994).

  • 31

    3.5 BASE DA MTC

    A concepo filosfica chinesa a base de todo o seu entendimento. A explicao e o

    entendimento de como estes visam a globalidade de integrao natureza-ser humano e os

    fundamentos do universo se baseiam em trs pilares bsicos: a teoria do Yin/Yang, dos cinco

    movimentos e dos Zang Fu (rgos e vsceras), (YAMAMURA, 2003).

    3.5.1 Teoria do Yin/Yang

    A Teoria do Yin-Yang foi criada na ve lha China e possui seus conceitos bsicos

    presentes no mais antigo livro originrio do extremo oriente: o livro primordial. A base da

    teoria se d pelas mutaes constantes encontrada nas coisas e seres do universo, sendo esta a

    regra bsica para sua coexistncia. Atravs deste pensamento observa-se uma alternncia de

    oposio e complementao entre diversos fatores e acontecimentos do dia a dia

    (AUTEROCHE 1992).

    O Yin e o Yang so tanto estgios opostos de um ciclo como estados de agregao.

    esta contradio interna que leva a constituio da fora motriz de toda a modificao,

    desenvolvimento e deteriorao das coisas. Nada totalmente Yin ou totalmente Yang. A

    oposio relativa e no absoluta, pois tudo contm a semente do seu oposto. A teoria do Yin

    e do Yang considera o mundo como um todo sendo resultado da unidade contraditria destes

    dois princpios, o Yin e o Yang. (AUTEROCHE 1992).

    Tome o Yin-Yang do cu e da terra para fazer uma analogia com o Yin-Yang do

    corpo humano: Quando o Yin e o Yang da terra se combinam viram chuva; quando

    a energia vital e o sangue de um homem se unem, fazem suar; por isso o suor de um

    homem e chamado de chuva. A energia yang circula pelo corpo todo e a energia do

    vento se espalha pela terra, por isso a energia do homem e chamada de vento do cu

    e da terra. A energia do temperamento violento num homem como o ribombar de

    um trovo e a energia em contra corrente se parece com a ascenso do yang, (QIBO

    citado por WANG, 2001).

    A observao mais antiga do fenmeno Yin-Yang deve ter se originado atravs dos

    camponeses em observao a alternncia cclica entre o dia e a noite. Desta maneira o dia

  • 32

    corresponde ao Yang e a noite ao Yin. O passar do dia demonstra essa alternncia, o dia

    pertence ao Yang, porm ao alcanar seu pico ao meio dia, o Yin dentro dele, comea

    gradualmente a se manifestar, e este vai se manifestando at se apresentar em total,

    estabelecendo assim noite (Yin). Aps chegar ao seu pico na meia noite o Yang presente

    tambm dentro do Yin comea a se restabelecer retomando ento novamente sua presena ate

    ser novamente substitudo. Esse processo demonstra a alternncia cclica e contnua dos dois

    elementos. Cada fenmeno pode pertencer ao Yin ou ao Yang, porm sempre existir uma

    semente do estagio oposto em si. A partir deste ponto de vista, Yin e Yang so dois estgios

    de um movimento cclico, sendo que um interfere constantemente no outro levando assim ao

    um movimento cclico e constante (MACIOCIA, 1996).

    Figura 2 -Tai Tji Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 3)

    Figura 3 - Apresentao das formas Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p.5 )

  • 33

    Figura 4 - Apresentao do Yin-Yang no ciclo do dia Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 5)

    Embora o Yin e o Yang sejam foras opostas, estes tambm so interdependentes, pois

    um no pode existir sem o outro. Tudo contm as foras opostas que so mutuamente

    exclusivas, mas que ao mesmo tempo dependem uma da outra. No pode haver atividade sem

    descanso, energia sem matria, contrao sem expanso e dia sem a noite (ROSS, 1994).

    Tabela 1 - Yin-Yang

    Yang Yin

    Luminosidade Escurido

    Sol Lua

    Brilho Sombra

    Atividade Descanso

    Cu Terra

    Redondo Plano

    Tempo Espao

    Leste Oeste

    Sul Norte

    Esquerda Direita Fonte: Maciocia (1996).

  • 34

    Para ocorrer o equilbrio corporal, os nveis energticos de Yin e Yang devem estar

    tambm em constante equilbrio. Se um modifica sua proporo de existncia,

    consequentemente altera a existncia do seu oposto. O consumo de Yin leva a um ganho de

    Yang enquanto o consumo de Yang leva a um ganho de Yin. A alterao no estado de

    equilbrio entre estas duas foras que leva a um enfraquecimento do organismo, levando a

    uma predisposio e instalao de alguma doena. Certas circunstncias e em certos estgios

    energticos de desenvolvimento, a energia Yin e a energia Yang podem transformar-se em

    seu oposto, processo esse conhecido como intertransformao. Quando um certo limite

    alcanado, uma mudana no seu sentido oposto inevitvel, fator este demonstrado pelo

    exemplo da chegada do calor da primavera quando o inverno apresenta seu clmax ou o frio

    do outono que se apresenta quando o calor do vero atingiu o mximo. Em exemplo clnico

    uma febre alta, que pode levar a uma baixa sbita de temperatura corporal, palidez e

    extremidades frias mostrando a mudana de carter energtico de Yang (febre) para Yin (frio)

    (YAMAMURA, 2003).

    3.5.2 Teoria dos cinco elementos

    O segundo pilar da filosofia e da MTC a teoria dos cinco elementos ou 5 movimentos.

    A concepo dos cinco elementos tem como base a evoluo dos fenmenos naturais,

    mostrando a dominao de vrios aspectos que compem a natureza. Essa teoria um antigo

    conceito filosfico que explica a composio e os fenmenos fsicos do universo, porm foi

    utilizada pela MTC para expor a unidade do corpo humano e o mundo natural, tambm

    apresentando o inter-relacionamento fisiolgico e patolgico energtico no corpo. O termo

    Wu Xing, que significa Wu cinco e Xing fase, refere-se a 5 princpios do universo

    simbolizados por 5 elementos, sendo eles: Madeira, Fogo, Terra, Metal e gua. Cada

    elemento possui sua caracterstica prpria e se encontram em constante movimento de

    gerao e dominncia entre si, constituindo ento o que foi denominado de cinco movimentos,

    (YAMAMURA, 2003).

    gua e Fogo, o que bebe e come o povo. Metal e Madeira, o que ele produz.

    Terra o que gera os dez mil seres, o que til ao homem, registros no livro Shang

    Shu Da Chuan citados por Auteroche 1992.

  • 35

    Auteroche (1996) diz que cada elemento possui seu movimento sendo estes

    movimentos:

    Movimento da gua: Caracteriza fenmenos naturais de retrao, profundidade,

    frio, declnio, queda e eliminao. o ponto de partida e de chegada da

    transmutao dos movimentos. Tem caractersticas Yin, pois pesada, parada,

    de to pesada escorre, flui, cai, no tem forma prpria, conforma-se quilo que a

    contm. A gua presente nos rins que so o celeiro da vida se apresenta em

    aproximadamente 80% do corpo humano. Quando nos sentimos letrgicos, sem

    vontade, sem determinao, desanimados, desistindo diante da menor

    dificuldade, apresentando medo da vida e das pessoas e com o frio tomando

    conta do nosso corpo e uma angustia e sensao de sufoco como se o fluxo da

    vida estivesse cercado de obstculos e paredes ao nosso redor, quer dizer que

    estamos mal de gua. O seu sabor representado pelo salgado e tende a emoo

    do medo (HIRSCH, 2003).

    Movimento Madeira: Representa o aspecto de crescimento, movimento,

    florescimento, sntese. o movimento de energia vital, pois tem o poder de

    subir, crescer, abrir caminho para obter lugar ao sol, da mesma forma que uma

    rvore brota na primavera. O ser humano e dessa forma, nossos ps se firmam na

    terra e mantemos a postura ereta e crescemos durante a vida. Qualquer distrbio

    ligado a articulaes, msculos e membros mostra um desequilbrio de madeira.

    Tem como representao o sabor cido, e a sua emoo a raiva, (HIRSCH

    2003).

    Movimento Fogo: Se caracteriza por todos os fenmenos naturais de ascenso,

    desenvolvimento, expanso e atividade. A sua energia vital exuberante como o

    sol do meio dia, que tambm est presente em ns, irradiando calor humano

    atravs de sentimentos e produzindo alegria. Qualquer problema envolvendo a

    troca de calor humano revela desequilbrio em fogo. O fogo leve e solto, e

    desta maneira tende a caracterstica Yang. A euforia, hiperexcitao, lngua

    embolada no conseguindo falar de uma maneira compreensvel so

    caractersticas que o corao esta desregulado. Para os chineses, corao e mente

    so a mesma coisa, pois os pensamentos so movimentos do corao e se este se

    encontra em equilbrio tudo regido por boa vontade e bons sentimentos.

  • 36

    Apresenta o sabor amargo como o de padro caracterstico. Sua emoo a

    euforia, hiperexcitao, (YAMAMURA, 2003).

    Movimento da Terra: Os fenmenos naturais que se traduzem por transformao,

    mudanas, so caractersticos do movimento da terra. A terra o cho onde

    pisamos, sendo nossa base, nosso sustento, nossa fonte de extrao de fora, a

    energia vital tende a passar por essa fase com estabilidade de centralizao antes

    de voltar ao movimento. No nosso ser a terra esta relacionada com o centro do

    nosso corpo, sendo o centro da atividade mental que gera idias, opinies e

    capacidade de reflexo. o centro que nos envolve, a carne que reveste nossos

    msculos e que nos d a aparncia e identidade corporal. Terra em harmonia faz

    a pessoa alcanar o estado de paz consigo mesma. Boca, lbios e tudo que est

    envolvido com o comer tambm est envolvido com a terra. Tende ao sabor doce

    e sua emoo negativa quando desarmonizada a preocupao (CARNEIRO,

    2003).

    Movimento do Metal: Caracteriza-se pelos processos naturais de purificao, de

    seleo, de anlise e de limpeza. No outono as folhas secas caem, as castanhas e

    sementes vo para os celeiros garantir as refeies do inverno. O metal em ns

    representa a eterna colheita. A energia vital nesse movimento e descendente,

    pesada e tende a purificar e limpar, assimilando o essencial e descartando o

    intil. Tudo o que consideramos de precioso designado ao metal. O pulmo e o

    intestino grosso que so os rgos metal demonstram essa obteno do essencial

    e liberao do intil, pois estes realizam a captao do ar e o esvaziamento do

    intestino respectivamente ao qual sem esse trabalho no existiria vida. O sabor

    atribudo ao metal o picante e a sua emoo tende a ser a melancolia e a

    depresso (AUTEROCHE, 1996).

    Os cinco movimentos de acordo com suas caractersticas prprias e naturais que

    apresentam guardam entre si uma inter-relao que permite posicion- los adquirindo assim

    um processo designado pelo critrio de gerao. O movimento da gua gera o movimento

    madeira, este alimentando o movimento fogo, a qual gera o movimento terra. A terra por sua

    vez leva ao movimento metal que gera o movimento gua (YAMAMURA, 2003).

  • 37

    Figura 5 - Ciclo dos 5 elementos.

    Fonte: http://www.espacodealternativas.blogspot.com/2007/06/o-que-mtc.html

    acesso em: 28 de outubro de 2007.

    Os cinco movimentos executam uma produo recproca que significa que estes se

    produzem mutuamente favorecendo tambm ao seu crescimento respectivo. Quando esta

    produo se encontra em harmonia todo o ser tambm est em harmonia. Alm da produo

    recproca existe tambm a dominao recproca. O elemento a qual esta sendo produzido

    domina o seu antecessor mantendo o padro de produo atravs de sua restrio. O processo

    de produo e dominao recproca so processos inseparveis, pois sem produo no h

    aparecimento e desenvolvimento das coisas, mas sem dominao no se pode manter as

    transformaes e o desenvolvimento em uma produo equilibrada. Na produo h restrio

    e na restrio h produo. Porm esse acontecimento harmnico pode ser alterado por

    situaes anormais de crescimento e transformao dos elementos, sendo essas as relaes

    conhecidas como Cheng e Wu. Cheng aproveita-se do fraco e tem o sentido de agredir

    enquanto Wu significa ultrajar pela sua fora aquilo que fraco. Na relao Cheng o elemento

    domina o outro de modo excessivo, ultrapassando o grau normal de regulao, levando a uma

    falta de coordenao normal entre dois elementos. Na relao Wu a dominao mtua fez-se

    em corrente contrria, sendo um reverso do controle onde leva o nome de contra

  • 38

    dominao, sendo considerada tambm pela falta de coordenao entre dois elementos

    (CHONGHUO, 1993).

    A relao dos elementos com o corpo humano se estende, pois cada elemento possui um

    rgo com suas caractersticas, a qual ento foi designada uma relao. Graas s

    propriedades de cada um dos elementos, podem-se explicar as particularidades de cada

    atividade fisiolgica destes rgos (YAMAMURA, 2003).

    Fgado: Tem a funo de drenar e de ser regulador, na natureza a madeira produz

    e faz crescer, tendo ento relao direta com a funo do rgo. Portanto o

    fgado pertence madeira.

    Corao: rgo que corresponde a movimento e aquecimento graas ao Yang

    que faz a funo de aquecer. Na natureza o Fogo exerce a mesma funo,

    levando ento o corao a pertencer ao fogo.

    Bao: Origem dos nascimentos e transformaes, sendo que esta mesma funo

    e exercida na natureza pela terra, levando o bao a pertencer a terra.

    Pulmo: Com sua funo de purificar e fazer descer tem grande correspondncia

    com o metal, pois a natureza do metal a sua pureza. Eis porque o pulmo

    pertence ao metal.

    Rins: Tem a funo de controle da gua. A natureza da gua umedecer,

    portanto os rins pertencem a gua (AUTEROCHE, 1992; HIRSCH, 2003).

    3.5.3 As substncias

    O cu tem 3 tesouros; o sol, a lua e as estrelas, a terra possui 3 tesouros; a gua, o

    fogo e a terra; a existncia humana e iluminada por 3 tesouros; Jing, Qi e Shen. A

    aplicao correta dos 3 tesouros liberta-nos para a eternidade., She Zheng Cong

    Mai citado por MANN (1994).

    Na MTC existem substncias essenciais a vida. Dentre essas substncias 5 so

    consideradas substncias bsicas da medicina chinesa. O conhecimento dessas substncias

    primordial, pois todos os estudos subseqentes dependem do seu total entendimento (ROSS,

    1994).

  • 39

    A traduo destas substncias uma grande responsabilidade, pois muitas vezes a

    complexidade da lngua chinesa induz erros de traduo. A traduo ser feita de forma que

    sempre ser tentado elucidar os determinados conceitos na sua forma mais original. Na

    medicina ocidental tudo enfatizado na estrutura anatmico-fisilogica, inclusive o estudo de

    estruturas e compostos da bioqumica como sangue e linfa. Na MTC pouco se preocupa a

    estrutura, a histologia ou a composio qumica, o importante sim so as funes e relaes

    apresentadas entre elas, chamadas de inter-relacionamentos de substncias (MANN, 1994).

    3.5.3.1 O Qi

    O Qi a energia, concepo integrada matria. Na concepo chinesa a matria e a

    energia so uma manifestao contnua de um aspecto, a composio do universo, levando a

    estabelecer atributos tanto energticos quanto materiais ao Qi. Para o chins s existe uma

    energia que a matria fundamental que constitui o universo, e tudo no mundo resultado de

    seus movimentos e transformaes. Tanto o microcosmo como o macrocosmo so formados

    por somente uma energia : o Qi (AUTEROCHE, 1992).

    3.5.3.2 O Shen

    O Shen o esprito, a mente, algo integrado ao corpo ou ao espiritual em integrao a

    matria. O termo esprito na traduo ocidental algo oposto a matria, mas no contexto da

    MTC este apresenta aspectos materiais. O Shen est presente no brilho dos olhos e este

    responsvel pela habilidade de pensar, raciocinar e discernir. Na MTC a conscincia no

    reside tanto no crebro, mas sim no corao, por isso diz-se que o Shen tem sua moradia ao

    lado do corao. o Shen que faz com que cada pessoa seja um individuo nico. Este

    originalmente vem dos pais, e aps o nascimento o meio ambiente, atos, pensamentos e estilos

    de vida influenciam no Shen (MANN, 1994).

  • 40

    3.5.3.3 O Xue

    O Xue o sangue, mas algo que extrapola o conceito ocidental em seus parmetros

    preciosos de bioqumica e de histologia. Embora o Xue e sangue partilhem alguns atributos

    comuns, fundamentalmente, o Xue um conceito diferente, mais amplo e funcional (MANN,

    1994).

    3.5.3.4 O Jing

    O Jing considerado a essncia. Este conceito e puramente chins e em tentativa de

    traduo a um conceito moderno e considerado o cdigo gentico (por ser derivado dos pais).

    Mas este possui uma aplicabilidade funcional e energtica no corpo. dividido em Jing pr-

    natal e Jing ps-natal. O Jing pr-natal e derivado dos pais e fornecido no momento da

    concepo, j o Jing ps-natal formado pela frao purificada da transformao de produtos

    dos alimentos e bebidas (ROSS, 1994).

    3.5.3.5 O Jin Ye

    O Jin Ye so os lquidos corporais. Estes englobam a totalidade dos lquidos normais do

    corpo. Abrangem as diferentes formas lquidas como lquidos do estmago, articulaes,

    intestino e os lquidos excretados por alguns rgos tais como lgrimas, remelas, suor, urina e

    saliva (AUTEROCHE, 1992).

    3.6 ZANG FU

    O termo Zang = rgos e Fu = Vsceras formam o mago central da MTC. Situam-se no

    centro da estrutura organizacional do corpo. A concepo da MTC sobre os rgos internos

    diferente daquela do ocidente sendo que para entendimento deste conceito e necessrio aderir

    aos conceitos e padres do pensamento chins e no misturar estes conceitos com qualquer

  • 41

    outro sistema. No passado houve uma considervel confuso sobre a compreenso dos termos

    chineses para rgos e vsceras, pois a traduo para termos ocidentais era realizada sendo

    que esta no cabe aos termos utilizados nos Zang Fu (ROSS, 1994).

    A funo dos Zang Fu a de receber alimentos, ar e bebidas do ambiente externo

    transformando estas em substncias a qual vo circular pelo corpo e pela superfcie deste,

    mantendo uma integrao harmoniosa entre corpo e ambiente externo (MANN, 1982).

    Os rgos (Zang), no possuem comunicao direta com o meio exterior, tem a funo

    de armazenar a essncia dos alimentos, que proporcionam o dinamismo fsico, visceral e

    mental. So estruturas geradoras e transformadoras de energia e de Shen (conscincia) que

    constitui no exterior, a manifestao da energia interior. J as vsceras (Fu) constituem

    estruturas tubulares e ocas, sendo estes mais externos. Tem funo de receber, transformar e

    assimilar os alimentos. Promove tambm eliminao de dejetos e so englobadas por um

    elemento altamente energtico: o Yang do Yang (YAMAMURA, 2003).

    Os aspectos energticos dos Zang Fu, so responsveis pela integridade do corpo.

    Estando estes em harmonia energtica todo o desempenho funcional se manter em

    normalidade. Os cinco Zang Xin (corao), Fei (pulmo), Pi (bao/pncreas), Gan (fgado),

    e Shen (rins), so o corao da medicina chinesa e so mais importantes do que os seis

    sistemas Fu. A percepo dos padres de doena dos cinco sistemas Zang formam o tema

    central de diagnstico e de tratamento da MTC Cada rgo possui uma vscera como

    acoplado criando 6 pares de acoplados, o Xin Bao (pericrdio) foi acrescentado aos cinco

    Zang representando o invlucro externo que tem a funo de proteger o corao

    (YAMAMURA, 2003).

    Tabela 2 Zang Fu

    Palavras

    Chinesas

    Zang

    Aproximao

    portuguesa

    Abreviao

    Palavras

    Chinesas

    Fu

    Aproximao

    portuguesa

    Abreviao

    Shen Rins R Pang Guang Bexiga B

    Pi Bao/Pncreas BP Wei Estmago E

    Gan Fgado F Dan Vescula Biliar VB

    Xin Corao C Xiao Chang Intestino Delgado ID

    Fei Pulmo P Da Chang Intestino Grosso IG

    Xin Bao Pericrdio CS San Jiao Triplo Aquecedor TA

    Fonte ROSS (1994).

  • 42

    3.6.1 Os rgos (Zang) e seus acoplados (Fu)

    Os acoplamentos dos sistemas tm importncia clnica considervel, sendo que cada um

    exerce uma determinada funo e tem grande importncia na promoo da normalidade

    energtica corporal (ROSS, 2003).

    3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang)

    Os estudos sobre Zang Fu iniciam-se com o estudo dos rins, pois este o rgo raiz da

    vida, do Qi e base do Yin e Yang e da gua e fogo no corpo (AUTEROCHE, 1992).

    Os rins possuem as determinadas funes:

    Armazenam a essncia ou a energia ancestral (Jing)

    a- Controlam o nascimento, crescimento, desenvolvimento e reproduo

    b- Controlam os ossos

    Base do Yang e do Yin

    Controlam a gua

    Controlam a recepo do Qi

    Abrem-se nos ouvidos e manifestam-se nos cabelos. Controlam os orifcios

    inferiores. Fonte: ROSS 1994

    A bexiga exerce a funo de armazenar e transformar previamente os lquidos do corpo

    para serem excretados pela urina. A funo da bexiga depende do Qi dos rins e se este estiver

    deficiente pode gerar uma enurese, incontinncia urinaria e outros fatores que envolvam

    lquidos corporais (CARNEIRO, 2003).

    3.6.1.2 Bao/Pncreas (Pi) e Estmago (Wei)

    O bao e considerado um importante rgo no ponto de vista energtico chins, pois o

    Qi do bao considerado a base da vida ps-Natal depois do Qi do Rim que base da

    energia pr-natal (ROSS, 1994).

  • 43

    As funes do bao/pncreas so:

    Regular a transformao e o transporte

    Regular a parte carnosa dos msculos e membros

    Governar o sangue

    Manter os rgos fixos

    Abre-se na boca e manifesta-se nos lbios

    Metaboliza a umidade e a mucosidade. Fonte: (ROSS 1994)

    O estmago como acoplado tem a funo de receber a comida e bebida e possui

    caractersticas Yang sendo que sua energia Qi tende a descender. Quando sua energia ascende

    ocorre, por exemplo, o vmito, demonstrando assim como a inverso do fluxo energtico cria

    uma desarmonia corporal, este tendo que sempre seguir sua funo normal e destinada

    (MANN, 1994).

    3.6.1.3 Fgado (Gan) e Vescula Biliar (Dan)

    O fgado possui importantes funes na MTC sendo que este e o grande harmonizador

    corporal graas ao desempenho das seguintes funes:

    Harmoniza o livre fluxo de Qi

    Armazena o sangue

    Harmoniza os tendes e ligamentos

    Abre-se nos olhos e manifesta-se nas unhas. Fonte: (ROSS 1994)

    A Vescula Biliar armazena a bile produzida pelo fgado, soltando-a periodicamente de

    modo que ela desa para o intestino delgado (Xiao Chang) para ajudar na digesto. O fgado e

    a vescula biliar esto intimamente ligados de modo que difcil separ- los em suas funes e

    nas suas desarmonias, sendo assim as desarmonias da vescula biliar esto ligadas

    intimamente ao fgado e vice-versa (CARNEIRO, 2003).

  • 44

    3.6.1.4 Corao (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang)

    O corao tem a funo de comandar os vasos sanguneos (Xue Mai), armazenar o Shen

    (Esprito vital), e sua abertura esta na lngua apresentando sua manifestao na face.

    protegido dos ataques nocivos pelo invlucro do corao (Xin Bao Luo) (AUTEROCHE,

    1992).

    O Intestino Delgado tem a funo de receber, separar, absorver e encaminhar os

    alimentos. Uma vez que apresente uma disfuno nessa vscera alteraes no movimento

    intestinal podem surgir graas a perda da normalidade energtica corrente nesse acoplado

    (AUTEROCHE, 1992).

    3.6.1.5 Pulmo (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang)

    O pulmo (rgo impar para os chineses) mesmo sendo um Zang, o que mais possui

    contato com o meio externo. Possui importantes funes como a formao de Qi atravs da

    respirao alm de:

    Harmonizar o Qi e controlar a respirao

    Funes de difuso e descida (distribuio de energia excesso vai para o rim)

    Circula e harmoniza as vias das guas

    Abre-se no nariz e manifesta-se nos plos. Comanda a garganta.

    Fonte: (ROSS 1994)

    O Intestino Grosso recebe a frao impura dos alimentos do intestino delgado

    movimentando-os para baixo. Tambm exerce a funo de absorver a gua e eliminar o

    restante das fezes (ROSS, 1994).

    3.6.1.6 Pericrdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao)

    considerado Zang de importncia relativa tanto na teoria quanto na prtica, sendo

    considerado o protetor externo do corao (escudo do corao), protegendo este contra

  • 45

    invaso de fatores patognicos. O corao que considerado o imperador dos rgos,

    inviolvel torna o pericrdio (Xin Bao), ministro que protege o imperador contra danos e cuja

    funo e de guiar as pessoas nos seus prazeres e alegrias. O triplo aquecedor o sexto Fu e

    integra todos os canais do corpo e participa das transformaes que ocorrem nos trs

    aquecedores. de difcil interpretao e observado de forma errnea, porm realiza grande

    papel nas funes das estruturas corporais (CARNEIRO, 2003).

    3.7 TCNICAS DE PUNTURA

    A tcnica da acupuntura realizada quando ocorre a aplicao de agulhas em pontos

    privilegiados do corpo. Para que a realizao da tcnica seja bem sucedida necessrio que a

    aplicao destas agulhas sejam exercidas de forma correta e com o paciente em uma posio

    confortvel e relaxada. Na maioria dos casos o posicionamento apropriado pode evitar

    complicaes e problemas na introduo das agulhas. O paciente normalmente tratado em

    decbito dorsal ou em decbito ventral, porm este tambm pode ser tratado em decbito

    lateral. Se o tratamento for destinado a duas zonas que necessitem de duplo posicionamento, e

    realizado primeiro o tratamento de uma zona e aps a retirada das agulhas realizada a

    continuidade do tratamento. A agulha e segurada entre o polegar e o indicador, e a ponta do

    dedo mdio apia a agulha e ajuda na introduo desta. A mo a qual no esta segurando a

    agulha considerada segunda mo, pode agarrar ou esticar a rea em que a agulha ser

    introduzida facilitando assim o processo de puntura (LIAN, 2005).

    A introduo da agulha pode ser realizada com o auxilio de um tubo ao qual colocado

    sobre o ponto que se deseja punturar. O tubo deve ter o tamanho a qual deixe a agulha

    sobressair apenas por alguns milmetros, com esse procedimento a agulha e inserida atravs

    de uma batida pequena na sua base. A profundidade de introduo das agulhas e variante,

    dependendo da localizao anatmica do ponto. As profundidades indicadas para determinado

    ponto tambm so variadas, dependendo por exemple da massa corporal e do tamanho deste

    paciente. A introduo em relao ao distrbio deve ser considerada. Dores agudas ou

    moderadas necessitam apenas de introduo superficial enquanto dores crnicas e paralisias

    tendem a necessitar de introdues mais profundas. O conhecimento anatmico e topogrfico

  • 46

    essencial na acupuntura. A introduo da agulha possui vrios ngulos sendo que a escolha

    destes ngulos depende do efeito pretendido e da rea punturada (PAI, 2004).

    Figura 6 ngulos de puntura - Fonte: (LIAN 2005)

    Introduo perpendicular: a introduo perpendicular a mais comum aplicao

    e normalmente aplicada em reas musculares e adiposas do corpo. A agulha

    inserida em um ngulo de 90 graus em relao a linha cutnea;

    Introduo oblqua: A agulha inserida em um ngulo de 30-50 graus, sendo que

    esta mais utilizada onde o tecido mole mais fino. Utilizada tambm no trax

    em regio pulmonar a fim de evitar pneumotrax, afastando assim a agulha da

    pleura. Utilizada tambm em reas da cabea sempre com intuito de evitar

    leses;

    Introduo transversal: Nessa introduo a agulha inserida no corpo num

    ngulo de 5-15 graus em relao a superfcie cutnea. Esse mtodo aplicado

    em reas com tecido mole muito fino como, por exemplo, reas do crnio.

    (LIAN, 2005).

    Com a localizao correta do ponto, e a correta introduo da agulha, o paciente

    experimenta uma sensao caracterstica, essa sensao e conhecida com sensao do De Qi

    (energia dequi). Essa sensao se difere da dor da introduo da puntura, sendo ento descrita

    como uma sensao de peso, formigamento, dormncia, ou choque. O acupunturista capaz

    de perceber essa sensao somente atravs do seu toque na agulha, essa sensao e conhecida

    pelo acupunturista como o fisgar do peixe. Durante a insero a agulha passa por diversas

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    camadas teciduais (pele, camada subcutnea, msculos, vasos, peri steo). No meio do

    msculo, h vrias camadas musculares, tecnicamente nos feixes musculares e nas camadas

    teciduais e que esto presentes os vrios De Qi (PAI, 2004)

    Quando essa sensao se estende ao longo do canal, chama-se esse fenmeno de PSC

    (Propagated Sensation along the Channel sensao propagada ao longo do meridiano),

    sensao esta no presente em todos os pontos de acupuntura e varia em termos inter e intra-

    individuais. A manipulao deve ser realizada aps a insero da agulha e atravs da

    manipulao obtido sensao de De Qi. Porm, em alguns casos, a sensao obtida

    apenas com o aprofundamento da agulha. O tipo de manipulao no conceito chins depende

    da avaliao da doena. Em estados de plenitude so utilizados mtodos de sedao (Xie), e

    em estados de vazio so utilizadas mtodos de tonificao (Bu). Estes mtodos variam com a

    freqncia na rotao e no retirar e introduzir a agulha (LIAN, 2005).

    A manipulao das agulhas se d pelo simples movimento de rotao, cerca de trs

    voltas no cabo da agulha j seriam suficientes para criar a estimulao, operao esta repetida

    de 10 em 10 minutos com durao media de 5 segundos cada vez (PAI, 2004)

    No conceito chins existem outros mtodos que favorecem ou bloqueiam a circulao

    energtica como a introduo desta a favor ou contra o canal energtico a qual esta sendo

    trabalhado. O mtodo de respirao tambm utilizado, diz que se inserida a agulha no

    momento da expirao e esta for levemente puxada no momento da inspirao isso seria

    configurado um mtodo de tonificao e para exercer o mtodo de sedao somente inverteria

    a ordem de insero e retirada da agulha conforme a respirao (AUTEROCHE, 1996).

    3.8 UNIDADES DE MEDIDAS

    Para um melhor entendimento das dimenses criadas na acupuntura, as unidades de

    medidas devem ser conhecidas. O corpo no medido em unidades absolutas, mas sim em

    unidades relativas e proporcionais para cada paciente. As distncias so determinadas por

    referncias antomo-topogrficas sendo que a unidade bsica de medida na acupuntura o

    cun. O cun e obtido atravs da medida dos dedos da mo do paciente. A somatria da largura

    do indicador com o dedo mdio ao nvel da articulao interfalangiana de 1,5 cun. A medida

    de 1.0 cun pode ser obtida atravs da largura do polegar ao nvel da articulao interfalngica,

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    ou atravs da medida entre as duas dobras da falange media do dedo mdio este se

    encontrando em contato com a ponta do polegar. Atravs destas medidas possvel localizar

    pontos e canais em todo o corpo do paciente (LIAN, 2005).

    3.9 AGULHAS DE ACUPUNTURA

    A agulha utilizada pelos acupunturistas a extrapolao aperfeioada da stima agulha

    das 9 agulhas antigas, cada uma destas 9 agulhas antigas possuem um nome e uma forma

    diferente.

    1 - Agulha Chan (flecha), possui 1,6 cun de comprimento, e tem sua utilizao nas

    perturbaes externas que penetram no corpo, esta possui uma ponta em forma de

    flecha e utilizada no nvel da pele.

    2 - Agulha Yuan (cilndrica), 1,6 cun de comprimento, serve para massagens

    superficiais