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Universidade do Vale do Paraba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
GETLIO VARGAS DO NASCIMENTO JNIOR
Aplicao do laser de arsenieto de glio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de
acupuntura em mulheres com Sndrome da Tenso Pr-Menstrual - SPM
So Jos dos Campos, SP
2007
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GETLIO VARGAS DO NASCIMENTO JNIOR
Aplicao do laser de arsenieto de glio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de
acupuntura em mulheres com Sndrome da Tenso Pr-Menstrual - SPM
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia da Universidade do Vale do Paraba, como complementao dos crditos necessrios para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Biomdica.
Orientador: Prof Dr. Flvio Aimbire Soares de Carvalho Co-Orientador: Prof Dr. Renato Amaro Zangaro
So Jos dos Campos, SP.
2007
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N I 9 5 n
Nascimento Jnior. Getulio Vargas doApticao do Laser De Arsenieto De Glio (Gas) 904 nm llm
Pontos f)r: LJnr Protocolo De Acuprrntura Para Alivio De Dor EMelhora Da Qualidadc De Vida E De Son De Mulhcres CotnSndrontc da'fenso Pr-Menstrual / Getlio Varga-s do NascimentoJnior. So Jtrs dos Cantpos: lJnivap, 207.
I diso laser" color
Dissertao apresentada ao llrograma de Ps-Ciraduao em Boengenharia do Instituto de Pesquisa eDesenvolvimento da Universidade do Vale do Parabq 2007.
l. Tenso pr-Menstrual 2. l,aser .. Acupuntura 4. Dor 5. Sono. -5'Fisoterapia l. Llarvalho. Flvio Aimbire Soares de, Orientador ll.Zngaro. Renato Amaro, Co-orientador llL'|"tulo
C D U : 6 1 5 . 8 1 4 . 1
Autorizoo cxclusivarcnts para fins acarJmico$ c cicrlticos. a rcproduo total ouparcial ilesta disscrtao, por processo fotocopiailores ou transmisso clctrnica,, desde que
citada a firnte.
Assinatura do aluno:
Data:
Jnior
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GETULIO VARGAS DO NASCIMENTO JUNIOR
..APLICAO DO LASER DE ARSENIETO DE GLIO (GaAs) 904nm EMPONTOS DE UM PROTOCOLO DE ACUPUI\TURA PARA ALUO DE
DOR E MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA E DE SONO DEMULHERES COM SXONOME DA TENSO PRE-MENSTRUAL - SPM"
Dissertao aprovada como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Engenharia
Biomdica, do Programa de Ps-Graduao em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraba, So Jos dos Campos, SP, pela seguinte
banca examinadora:
Prof. Dr. RENATO AMARO ZUC.I,RO (UNIPTOf. DT. FLUO AIMBIRE SOARES DE CARVALHProf. Dr. CARLOS MARCELO PASTRE (I-INESP)
Prof. Dr. Marcos Tadeu Tavares Pacheco
Diretor do IP&D - UniVap
So Jos dos Campos, 20 de dezembro de 2007 .
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DEDICATRIA
A Deus, pelo eterno dom do aprendizado.
Aos meus pais, Getlio e Ftima pelo carinho, amor, dedicao e ateno, sempre
incondicionais... Vencemos mais essa.
minha irm Natlia, pela cumplicidade.
Adria, pelo amor e companheirismo de uma vida. Essa vitria tambm tem muito do seu
suor.
Lavnia, luz da minha vida e a coisa mais perfeita que Deus me deu. Foi mais por voc do
que por mim.
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof Dr. Luiz Vicente Franco de Oliveira, pelos ensinamentos e pelo conhecimento
incomensurvel que me guiaram na execuo deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Flvio Aimbire, pela pacincia, colaborao e amizade.
Ao UNESC CENTRO UNIVERSITRIO DO ESPRITO SANTO, pela disponibilidade tanto
do espao quanto dos aparelhos para que fosse possvel a realizao desta pesquisa.
A meus queridos amigos de curso, Rodrigo, Ana Kssia, Maura, Juliana, Josiane, Ticiane,
Vanessa, Felipe, Luciano, Rafael, Claudinei e Giovana pela loucura de fazer um mestrado.
Aos meus alunos, eternos colaboradores, pelo incentivo e pela cumplicidade.
As voluntrias que se disponibilizaram em contribuir para a realizao da pesquisa e a todos
que direta ou indiretamente contriburam para este trabalho.
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RESUMO
APLICAO DO LASER DE ARSENIETO DE GLIO (GaAs) 904 NM EM PONTOS DE UM PROTOCOLO DE ACUPUNTURA EM MULHERES COM SNDROME DA TENSO PR-MENSTRUAL
O seguinte trabalho apresenta um estudo sobre a Sndrome da Tenso Pr-Mentrual (SPM), que acomete grande nmero de mulheres em todo o mundo. Sua ocorrncia gera fatores lgicos, podendo ocasionar desta maneira um quadro sindrmico que possa impedir em algum perodo do ciclo menstrual as mulheres de desenvolver suas funes dirias, alm de poder desencadear distrbios do sono. O objetivo proposto neste trabalho consiste na comparao dos efeitos do laser GaAs a 904 nm na diminuio do quadro lgico e na melhora da qualidade de vida e de sono de pacientes com SPM quando aplicado em pontos de um protocolo de acupuntura. O estudo foi realizado em trs ciclos menstruais consecutivos, de forma individua l, no incio dos sintomas at o primeiro dia de fluxo menstrual, em 30 pacientes divididas em dois grupos: o grupo A tratado apenas com agulhas de acupuntura, de acordo com um protocolo proposto, todos os dias do incio dos sintomas at o primeiro dia de fluxo menstrual, e o grupo B, tratado com laser sobre os mesmos pontos do protocolo de acupuntura da mesma forma que no grupo A. Os resultados foram verificados pela avaliao de dor subjetiva pela Escala Visual Analgica (EVA), pelo Questionrio de Dor de Macgill, pelo Questionrio SF-36 e pela escala de Sonolncia de Epworth proposta no perodo pr e ps tratamento, durante os trs ciclos estudados. Houve melhora do quadro de dor e na qualidade de vida dos dois grupos, sendo que o grupo B obteve um melhor resultado quando comparado ao grupo A, e ambos os grupos no obtiveram resultados significativos nas alteraes do sono. Dessa forma possvel concluir que o tratamento protocolado de acupuntura significante e vlido, e que o Laser pode ser utilizado sobre os pontos do protocolo de acupuntura ,obtendo inclusive melhores resultados. Palavras-chave: Laser, acupuntura, sndrome pr -mentrual, sono.
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ABSTRACT
APPLICATION OF THE GALLIUM ARSENIDE LASER (GaAs) 904 nm IN POINTS OF A PROTOCOL OF ACUPUNCTURE IN WOMEN WITH SYNDROME OF PRE-PERIOD TENSION
The following work presents a study on the Syndrome of Pre-Period Tension that affects a great number of women in the whole world. Its occurrence generates algic factors, and can lead to cause a syndromic picture that can hinder the women to develop its daily functions in some period of the menstrual cycle besides unchaining riots of sleep. The objective considered in this work consists of the comparison of the effect of the GaAs laser the 904 nm in the reduction of the algic picture and the improvement of the quality of life and sleep of patients with the syndrome when applied in points of an acupuncture protocol. The study was carried through in three consecutive menstrual cycles, in an individual way, in the beginning of the symptoms until the first day of menstrual flow, in 30 patients divided in two groups: Group A was dealt only with acupuncture needles, according to the protocol proposal, every day, in the beginning of the symptoms until the first day of menstrual flow, and Group B, dealt with laser on the same points of the protocol of acupuncture in the same way that in the group A. The results were verified through the subjective evaluation of pain for Analogic Visual Scale (EVA), the Questionnaire of Pain of Macgill, Questionnaire SF-36 and the scale of Sleepiness of Epworth proposal in the pre and post treatment period, during the three studied cycles. There was improvement in the picture of pain and in the quality of life of the two groups, considering that group B got better result than group A, and both groups didnt have significant results in sleep alterations. Based on this it is possible to conclude that the acupuncture treatment protocol is significant and valid, and that the Laser can be used on the points of the acupuncture protocol, getting better results.
Keywords: Laser, acupuncture, Syndrome of Pre-Period Tension, sleep
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Locais mais Comuns da Endometriose ............................................................23
FIGURA 2 Tai Tji Yin e Yang...........................................................................................32
FIGURA 3 Apresentao das Formas Yin e Yang .............................................................32
FIGURA 4 Apresentao do Yin e Yang no Ciclo do Dia .................................................33
FIGURA 5 Ciclo dos Cinco Elementos ...............................................................................37
FIGURA 6 ngulos de Puntura...........................................................................................46
FIGURA 7 Mapa dos Meridianos Corporais.......................................................................53
FIGURA 8 Espectro Eletromagntico .................................................................................61
FIGURA 9 Representao da Penetrao de Algumas Radiaes Infravermelhas e
Visveis na Pele........................................................................................................................64
FIGURA 10 Ponto Fgado 3 ................................................................................................67
FIGURA 11 Ponto Vaso Concepo 6 ou Ren Mai 6 ........................................................68
FIGURA 12 Ponto Vescula Biliar 34 ................................................................................68
FIGURA 13 Ponto Estmago 29 Viso Anatmica .........................................................69
FIGURA 14 Ponto Bao/Pncreas 10 .................................................................................69
FIGURA 15 Ponto Bao/Pncreas 6 (Mar do Yin) Viso Anatmica ............................70
FIGURA 16 Escala Visual Analgica .................................................................................72
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Yin/Yang ...........................................................................................................33
TABELA 2 Zang Fu ............................................................................................................41
TABELA 3 Pontos de Acupuntura ......................................................................................50
TABELA 4 Recursos Fisioterpicos Utilizados no Tratamento da SPM ..........................58
TABELA 5 Exerccios Fsicos Realizados no Tratamento de Pacientes com SPM ..........59
TABELA 6 Profundidade de Penetrao do Infravermelho...............................................64
TABELA 7 Caractersticas das Pacientes Tratadas nos Dois Grupos................................80
TABELA 8 Nmero de Sesses Realizadas em Cada Paciente Durante o Tratamento....81
TABELA 9 Resultado da Anlise de Dor Atravs do Emprego de Escala Visual Analgica
de Pacientes Tratadas com Acupuntura e com Laser ............................................................81
TABELA 10 Descritores da Dor, Segundo o Questionrio de Macgill, em Pacientes
Tratadas com Acupuntura e com Laser Antes e Aps o Tratamento, Durante 3 Ciclos
Mentruais ................................................................................................................................82
TABELA 11 ndice de Dor, Segundo o Questionrio de Macgill, em Pacientes Tratadas
com Acupuntura e com Laser Antes e Aps o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais....83
TABELA 12 SF-36 ndice de Qualidade de Vida em Pacientes Tratadas com
Acupuntura e com Laser Antes e Aps o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais............85
TABELA 13 Resultado da Escala de Sonolncia de Epworth Antes e Aps o Tratamento,
Durante 3 Ciclos Mentruais....................................................................................................88
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LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS
MTC - Medicina Tradicional Chinesa
GaAs Arsenieto de Glio
SPM Sndrome Pr-Menstrual
DIU Dispositivo Intra Uterino
REM Rapid Eyes Moviment (Movimento Rpido dos Olhos)
NREM No Rapid Eyes Moviment (Nenhum Movimento Rpido dos Olhos)
R Rins
BP Bao/Pncreas
F Fgado
C Corao
P Pulmo
CS Pericrdio
B Bexiga
E Estmago
VB Vescula Biliar
ID Intestino Delgado
IG Intestino Grosso
TA Triplo Aquecedor
VC Vaso da Concepo
VG Vaso Governador
PSC Propagated Sensation along the Channel sensao propagada ao longo do meridiano
TENS Transcutaneous Eletrical Neuronal Stimulated Estimulao eltrica neuronal
transcutnea
EMG eletromiografia
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EEG eletroencefalografia
LASER Light Amplificated Stimulated Excitation radiation - Luz Amplificada por Emisso
Estimulada de Radiao
Nm nanmetros
J/cm2 joules por centmetro quadrado
Mm milmetros
DNA cido Desoxirribonuclico
RNA cido Ribonuclico
AMPc Monofosfato Cclico de Adenosina
F3 Terceiro ponto do meridiano do fgado
VC6 Sexto ponto do meridiano do vaso da concepo
VB34 Trigsimo quarto ponto do meridiano da vescula biliar
E29 Vigsimo nono ponto do meridiano do estmago
BP10 Dcimo ponto do meridiano do Bao/Pncreas
BP6 Sexto ponto do meridiano do Bao/Pncreas
SF 36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey
EVA Escala Visual Analgica
ESE Escala de Sonolncia de Epworth
UNESC Centro Universitrio do Esprito Santo
UNIVAP Universidade do Vale do Paraba
CEP Comit de tica e Pesquisa
GABA cido gama-amino-butrico
DE Densidade de Energia
LBP Laser de Baixa Potncia
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SUMRIO
1 INTRODUO................................................................................................................15
2 SNDROME DA TENSO PR-MENSTRUAL (SPM) ...............................................17
2.1 Histrico...................................................................................................................17
2.2 Conceito atual e Incidncia ....................................................................................17
2.3 Classificao ...........................................................................................................18
2.3.1 Dismenorria primria ...........................................................................................19
2.3.1.1 Teoria das vasopressinas ..............................................................................20
2.3.1.2 Teoria das prostaglandinas ...........................................................................20
2.3.1.3 Leucotrienos .................................................................................................21
2.3.1.4 Prostaciclina .................................................................................................21
2.5.1.5 Dificuldade do escoamento do fluxo menstrual...........................................21
2.5.1.6 Fisiopatologia da disminorria primria.......................................................22
2.3.2 Dismenorria secundria ......................................................................................22
2.4 A SPM e os distrbios do sono ...............................................................................25
2.5 A SPM e o impacto na qualidade de vida .............................................................26
3 ACUPUNTURA NA SPM ...............................................................................................28
3.1 Medicina Tradicional Chinesa (MTC)..................................................................28
3.2 Histrico...................................................................................................................28
3.3 Acupuntura .............................................................................................................29
3.4 Pensamento Chins e Ocidental ............................................................................30
3.5 Bases da MTC .........................................................................................................31
3.5.1 Teoria do Yin/Yang ...............................................................................................31
3.5.2 Teoria dos cinco elementos ...................................................................................34
3.5.3 As substncias........................................................................................................38
3.5.3.1 O Qi..............................................................................................................39
3.5.3.2 O Shuen........................................................................................................39
3.5.3.3 O Xue............................................................................................................40
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3.5.3.4 O Jing............................................................................................................40
3.5.3.5 O Jin Ye........................................................................................................40
3.6 O Zang Fu................................................................................................................40
3.6.1 Os rgos (Zang) e seus acoplados (Fu) ................................................................42
3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang) .............................................................42
3.6.1.2 Bao/Pncreas (Pi) e Estmago (Wei) .........................................................42
3.6.1.3 Fgado (Gan) e Vescula Biliar (Dan) ..........................................................43
3.6.1.4 Corao (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang) ........................................44
3.6.1.5 Pulmo (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang) ...............................................44
3.6.1.6 Pericrdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao) ...................................44
3.7 Tcnicas de Puntura ...............................................................................................45
3.8 Unidades de Medida ...............................................................................................47
3.9 Agulhas de Acupunura ...........................................................................................48
3.10 Pontos de Acupuntura ............................................................................................49
3.10.1 Pontos regulares .....................................................................................................50
3.10.2 Pontos extras ..........................................................................................................50
3.10.3 Pontos dolorosos (Ashi).........................................................................................50
3.11 Meridianos Energticos ..........................................................................................51
3.12 Dismenorria na viso da MTC.............................................................................53
4 TRATAMENTOS.............................................................................................................56
4.1 Tratamentos farmacolgicos..................................................................................56
4.2 Tratamentos fisioterpicos .....................................................................................58
5 O LASER DE ARSENIETO DE GLIO A 904 nm.......................................................60
5.1 O Laser ...................................................................................................................60
5.2 Princpios bsicos ...................................................................................................60
5.2 Interaes com os tecidos biolgicos ....................................................................62
5.2 Absoro e penetrao das radiaes infravermelhas ........................................63
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6 TRATAMENTO DA DISMENORRIA COM A UTILIZAO DOS PROTOCOLOS
DE ACUPUNTURA ................................................................................................................66
6.1 Pontos protocolados para o tratamento da dismenorria ..................................66
7 QUESTIONRIOS PARA AVALIAO DA QUALIDADE DE VIDA NA SPM......71
7.1 SF-36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey................71
7.2 Questionrio de dor da McGill..............................................................................71
7.3 Escala de Sonolncia de Epworth..........................................................................72
7.4 Escala Visual Analgica (EVA) .............................................................................72
8 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................73
9 OBJETIVO DO ESTUDO...............................................................................................74
10 METODOLOGIA.............................................................................................................75
10.1 Seleo das voluntrias...........................................................................................75
10.2 Termo de consentimento livre e informado ..........................................................75
10.3 Procedimento de coleta dos dados .........................................................................76
10.4 Avaliao da dor e da qualidade de vida e de sono das voluntrias ..................76
10.5 O protocolo de tratamento .....................................................................................76
11 TRATAMENTO ESTATSTICO................................................................................78
12 RESULTADOS E DISCUSSO .................................................................................79
13 CONCLUSO..............................................................................................................90
REFERNCIAS ......................................................................................................................91
ANEXO A - QUESTIONRIO SF-36 PESQUISA EM SADE........................................101
ANEXO B - QUESTIONRIO DE DOR DE MCGILL......................................................105
ANEXO C ESCALA DE SONOLNCIA DE EPWORTH...............................................106
ANEXO D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO.........................107
ANEXO E AUTORIZAO DO CEP...............................................................................109
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1 INTRODUO
Nos ltimos anos, pesquisas tm demonstrado que as radiaes softlaser GaAs possuem
efeito antiinflamatrio, analgsico, estimulante celular e modulador do tecido conjuntivo na
regenerao e na cicatrizao de diferentes tecidos (ABERGEL et al, 1984; CRUAES,
1984; WANDERER, 1991; SCHMITT et al, 1993).,
O laser de baixa potncia possui efeitos fotoqumicos, fotofsicos e fotobiolgicos que
podem ser divididos em duas etapas: em curto prazo, as respostas teciduais podem ser
visualizadas minutos aps a aplicao do laser e, em longo prazo, onde os efeitos so
observados em um perodo de horas ou dias aps a irradiao (BRASILEIRO et al, 2004).
Assim sendo, as principais respostas encontradas aps a irradiao laser so a
diminuio do processo inflamatrio, atravs da inibio de fatores quimiotticos, da
modulao dos nveis de vrias prostaglandinas, da analgesia devido ao aumento do nvel de
endorfinas (opiides, GABA e bradicinina), aumento do limiar da dor, aumento da
microcirculao local no sistema linftico, aumento da fagocitose e proliferao de
fibroblastos, originando uma elevao em at quatro vezes a snteses de colgeno e a
epitelizao (SAY et al, 2003, BRASILEIRO, 2004).
A terapia pela acupuntura consiste em buscar alivio para as dores, para prevenir doenas
atravs da insero de agulhas promovendo a funo dos canais de energia e regular as
funes energticas dos rgos internos e do sangue do corpo (FOCKS, 2008).
Conforme a medicina chinesa o corpo humano considerado um micro universo
dividido em 14 trajetos longitudinais, que so os meridianos. Cada meridiano apresenta trajeto
definido, longitudinal, e nmero determinado de pontos em cada meridiano. Os pontos so
distribudos simetricamente entre o lado direito e o esquerdo do corpo, exceto o Ren-Mai e o
Du-Mai, cada ponto tem denominao chinesa prpria. O estmulo da acupuntura obedece aos
estmulos nervosos, uma vez que a maior parte das inseres localiza-se nas proximidades dos
nervos perifricos (YAMAMURA, 2003).
Estudos populacionais tm mostrado diferentes prevalncias da Sndrome da Tenso
Pr-Mestrual (SPM), que variam entre 5 e 35%, conforme os critrios utilizados e o local
onde se realizam. (DEUSTER, 1999)
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16
No Brasil, estudos em servios mostram a prevalncia da SPM entre 8% e 86%
dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatrio de
ginecologia, os sintomas pr-menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave
(43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansao (71%), depresso e cefalia (62%, cada), sendo
que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associao de sintomas fsicos e
psquicos. (SILVA, 2006)
Deste modo, utilizamos o laser GaAs 904 nm em pontos de acupuntura para verificar
uma melhora no quadro de dor e na qualidade de vida e de sono em mulheres com SPM,
comparando-o ao uso das agulhas de acupuntura, verificando qual tcnica a mais apropriada
para a referida disfuno.
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17
2 SNDROME DA TENSO PR-MESTRUAL
2.1 HISTRICO
H dez sculos antes de Cristo j existiam relatos que a perda de sangue pelo canal
vaginal est associada a sintomas de dor. A expresso dismenorria surgiu do grego
significando a dificuldade de escoamento do fluxo menstrual (VIANA, 2001; VALADARES
2006)
J h alguns sculos a menstruao um ponto bastante discutido dentre os estudos
realizados sobre a mulher. Pontos importantes eram ressaltados e de certa forma decifrados
como, por exemplo, o carter peridico e mensal do ciclo menstrual, que foi facilmente
correlacionado com as fases da lua, sendo assim observada ento a regularidade menstrual
mensal. Porm, um ponto era considerado um mistrio para os estudiosos e mdicos da poca:
a questo do sangramento durante esse perodo. Mdicos da poca acreditavam que o
sangramento se desse para concluso de um processo de desintoxicao, porem vrios mitos e
conotaes negativas foram ligados a este processo, sendo que esses pensamentos sem
fundamentos variavam desde magias a pressgios de m sorte (SPEROFF, 1995).
Acreditava-se que as mulheres neste perodo tornavam o vinho azedo, as sementes
secas, o ferro e o bronze oxidavam-se, a lmina de ao perdia o fio e as abelhas abandonavam
a colmia ao seu toque. Existem contos tambm que estas partiam agulhas, quebrava vidros e
paravam relgios, e em quase todo o mundo as mulheres eram afastadas e isoladas da
produo de alimentos (VIANA, 2001).
2.2 CONCEITO ATUAL E INCIDNCIA
Na atualidade para um grande numero de mulheres, o inicio do fluxo menstrual um
fato regular, previsvel e tambm individual e constante para estas, pois geralmente dura algo
em torno de 27 a 32 dias. Porm, algumas mulheres sentem em algum estagio de sua vida,
irregularidades e/ou incmodos ligados com a sua menstruao. Dentre esses problemas esto
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18
a oligomenorria, a polimenorria, a menorragia, a hipomenorria, a epimenorria, a
amenorria, e a disfuno mais comum e citada que a dismenorria. O termo dismenorria
serve como compreenso a qualquer distrbio que gere dor no perodo menstrual (POLDEN,
MANTLE, 2002).
A dismenorria chega a atingir aproximadamente 50% das mulheres adultas, e em
adolescentes esses numero chega a 72%. Dentre as mulheres adultas que apresentam este
distrbio, 5 a 10% sofrem de uma limitao de suas funes e atividades dirias normais por
um perodo de at trs dias por ms graas sintomatologia sofrida. Com esta limitao a
capacidade normal de trabalho e de estudo ficam tambm comprometidas. Essa interrupo
nas atividades da mulher acaba gerando um dficit econmico, onde o que parece ser de
pequena importncia acaba sendo discutvel e relevante. Estima-se que somente nos Estados
Unidos anualmente sejam perdidos cerca de 600 milhes de horas de trabalho, estes
decorrentes dos sintomas das alteraes menstruais, levando a uma perda de
aproximadamente 2 bilhes de dlares, o que faz com que o assunto se torne importante nos
centros de sade publica (ALDRIGHI, 2005).
A dismenorria um dos casos mdicos mais comuns na ginecologia. Esta se descreve
por uma dor aguda e intensa e tem como caracterstica o inicio sbito, o aumento abrupto e a
durao curta. Essa dor pode ser cclica, e quando se refere dor que ocorre com uma
associao definida ao ciclo menstrual, sendo que o fenmeno cclico mais comum
propriamente a dismenorria ou menstruao dolorosa como tambm descrita. Quando essa
dor tem durao maior que seis meses, esta considerada dor plvica crnica, j possuindo
outro carter levado mais pela dismenorria congestiva (BEREK, 1998)
2.3 CLASSIFICAO
A dismenorria pode ser classificada em dismenorria primaria e dismenorria
secundria (CONCEIO, 2005).
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19
2.3.1 Dismenorria Primaria
A dismenorria primria ocorre na ausncia de qualquer doena plvica detectvel. Esta
se apresenta como um quadro sindrmico que se manifesta no decorrer da menstruao e que
quando atinge sua forma completa, se caracteriza por clicas uterinas, nuseas, vmitos,
cefalia, clicas intestinais, diarria e dificuldades respiratrias. A condio clinica
fundamental so as clicas uterinas que esto presentes em quase todos os casos,
(CONCEIO 2005).
Tantas so as hipteses levantadas para tentativa de explicao das causas da
dismenorria primria que esta sndrome chegou a ser denominada de doena das teorias. As
clicas uterinas comumente apresentam-se associadas a outras manifestaes clnicas de
diversos setores do organismo, principalmente do aparelho digestivo, levando a nusea e
vmitos. Alteraes do nvel de substncias qumicas durante o perodo menstrual foram
detectadas e pesquisas foram iniciadas para detectar qual poderia ser a substncia que teria
ao no s nas manifestaes uterinas, mas tambm nas manifestaes sistmicas da
sndrome. As investigaes comearam a levar em conta que essa substncia deveria estar
relacionada s modificaes endometriais, pois mulheres afetadas por dismenorria primria
apresentam ciclos menstruais ovulatrios e, consequentemente, seus endomtrios so
secretores por ocasio da menstruao. Pesquisas clnicas desenvolvidas nos anos 70
evidenciaram que a prostaglandina F2alfa (PGF2alfa), os leucotrienos e a prostaciclina,
substncias produzidas pelo endomtrio secretor, comprovadamente participam na
fisiopatologia dos distrbios desta sndrome. Estudos comprovaram que essas substncias
somente causam o seu efeito negativo quando o material resultante da desagregao
endometrial permanece retido no interior da cavidade uterina por um tempo maior do que o
normal. A partir desta verificao surgiram teorias explicando a ao destas substncias em
atuao s manifestaes. Dentre estas a teoria da vasopressina, a das prostaglandinas, a dos
leucotrienos e das prostaciclinas foram as mais aceitas e discutidas no meio cientifico. A
dificuldade e os obstculos para o escoamento normal do material menstrual foi levado em
considerao, pois a partir deste que se inicia o processo negativo de algumas destas
substncias, (PIATO, 2002).
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20
2.3.1.1 Teoria das vasopressinas
A teoria das vasopressinas foi relatada por Warren e Hawker em 1967, que foram os
primeiros a descrever a atuao da vasopressina induzindo contraes uterinas disrtmicas e
dolorosas. Coutinho e Lopes em 1968 aprofundaram o estudo mostrando que este efeito
intensificado na presena de progesterona. Durante o perodo menstrual os nveis de
vasopressina circulantes tendem a aumentar, e esse aumento da vasopressina associado
progesterona presente, leva aos sintomas decorrentes a dismenorria primria a serem
intensificados (CONCEIO, 2005).
2.3.1.2 Teoria das prostaglandinas
A teoria das prostaglandinas diz que estas so sintetizadas no endomtrio e que
provocam contratilidade uterina aumentada levando isquemia e decorrentemente dor. Esta
ocorre de forma que as prostaglandinas so derivadas de um acido graxo, o cido
araquidnico, este sendo convertido em endoperxidos e por hidrlise em prostaglandinas E2
e F2alfa. A concentrao destas prostaglandinas so maiores no sangue menstrual de mulheres
com dismenorria primria e ao final da fase secretora do ciclo menstrual, sendo que este fato
promove instabilidade dos lisossomos das clulas endometriais, consequentemente liberando
enzimas como a fosfolipase-A que tem atuao na membrana celular. Deste modo, o cido
araquidnico que o precursor da sntese de prostaglandinas tambm liberado. As
prostaglandinas ento so as responsveis pelas contraes uterinas alteradas (CONCEIO,
2005).
Existe um aumento de trs vezes na concentrao destas prostaglandinas no endomtrio
na fase ltea em relao fase folicular. Este aumento ainda maior durante os dias do fluxo
menstrual. A maior parte desta formao se d nas primeiras 48 horas, sendo este o pico dos
sintomas sofridos pela mulher. Ylikorka e Dawood (1978) mostraram que o endomtrio
secretor em mulheres normais possui media de 2,5 ng/mg de prostaglandina F2alfa
(PGF2alfa), enquanto em mulheres que sofrem de dismenorria esse numero chega a 18,5
ng/mg. Roth-Brandl estabeleceu uma ligao direta de que a PGF2alfa esta ligada aos
distrbios sistmicos da SPM, pois os resultados de pesquisas no qual era feito a
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21
administrao da substncia PGF2alfa atravs de infuso venosa gota-a-gota em mulheres
fora do perodo menstrual, reproduziu as mesmas manifestaes clnicas de uma mulher que
sofre do distrbio durante o perodo menstrual (OLIVEIRA, 2001).
2.3.1.3 Leucotrienos
Os leucotrienos so compostos sintetizados pelo endomtrio, atravs de atividade da via
5-lipoxigenase. Da mesma forma da PGF2alfa, os leucotrienos provocam aumento da
contratilidade uterina. Demers et al (1985) e de Ress et al (1987) citados por PIATO 2002,
admitem que os leucotrienos seriam responsveis por parte dos casos de dismenorria
primria graas a sua ao contrtil da musculatura lisa uterina, a qual leva a gerao de
clicas uterinas. O fato da ao contrtil dos leucotrienos explicaria a refratariedade ao
tratamento com inibidores de prostaglandinas em algumas pacientes (PIATO 2002).
2.3.1.4 Prostaciclina
As prostaciclinas so substancia tambm sintetizadas pelas clulas do endomtrio
secretor e apresentam capacidade de provocar relaxamento de fibras musculares das camadas
lisas do endomtrio. Desempenha seu papel na etiologia da dismenorria primria quando se
apresenta rebaixada no organismo, pois uma vez diminuda no consegue inibir a ao
exercida pela PGF2alfa, deixando-a atuar sem ser antagonizada. (PIATO 2002).
2.3.1.5 Dificuldade para escoamento do fluxo menstrual
Na poca de Hipcrates o material menstrual j era discutido e levantavam-se hipteses
que a sua reteno na cavidade uterina seria o responsvel pelas clicas menstruais. Com o
passar dos anos vrios procedimentos foram destinados a aumentar o calibre do canal
cervical, proporcionando assim eliminao mais rpida do material menstrual. Um estudo do
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22
tono do istmo uterino realizado por Mann 1969 citado por PIATO 2002, em mulheres afetadas
por dismenorria primria foi realizado com finalidade de verificar a freqncia de hipertonia
nesta regio. Foi ento verificado no estudo, que 85% das mulheres apresentavam istmos
hipertnicos dificultando assim no escoamento normal do fluxo menstrual. Outros fatores que
vem sendo responsabilizados pela dificuldade no escoamento do material menstrual so a
estenose do canal cervical, hiperflexo entre o corpo e o colo do tero e sinquias do canal
cervical (PIATO 2002).
2.3.1.6 Fisiopatologia da dismenorria primria
Pela presena de um obstculo impedindo um rpido escoamento do material menstrual,
as substncias qumicas existentes no mesmo so absorvidas atravs dos vasos endometriais
rotos e passam assim para a circulao sangunea. A PGF2alfa e uma destas substncias que
podem ser absorvidas graas ao no escoamento normal do produto menstrual. Essas
substncias ocasionam alteraes ao atingir desde o miomtrio e as fibras musculares lisas do
intestino, ao aparelho digestivo e respiratrio, levando ento ao aparecimento dos sintomas da
dismenorria primria. Um dos fatores que ocasionam as clicas uterinas a isquemia
miometrial, ocasionada pela contrao exagerada do miomtrio. Estudos realizados por Filler
e Hall 1970 citados por ALDRIGHI 2005, verificaram a freqncia e intensidade das
contraes uterinas. Em mulheres com dismenorria primria a intensidade de contrao
chegou de 150mmHg a 300mmHg enquanto em mulheres sem as caractersticas da sndrome
a intensidade foi de 120mmHg. A intensidade de contrao foi levada como fator causador
das dores pelas clicas uterinas. Outro fator que tem participao nas dores em clicas a
prostaglandina F2alfa, pois a substncia torna as fibras do miomtrio mais sensveis a ao da
bradicinina (ALDRIGHI 2005).
2.3.2 Dismenorria Secundaria
A dismenorria secundria no reflete ligao direta com a idade de inicio dos sintomas,
pois esta ocorre anos aps o inicio da menarca e se apresenta pela presena de uma dor
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menstrual cclica em associao com uma patologia plvica subjacente. Tem como
caracterstica a presena de dor que ocorre geralmente fora da menstruao sendo esta uma
dor plvica iniciada uma a duas semanas antes da menstruao persistindo at alguns dias
aps a cessao da hemorragia. Geralmente acomete mulheres com mais de 20 anos, com
exceo de mulheres que apresentem malformaes uterinas, criando obstrues no normal
fluxo desde os primeiros ciclos menstruais. Esta se d devido a vrias patologias plvicas
sendo que a principal delas e a endometriose seguida por adenomiose e pela colocao de
dispositivos intra-uterinos (HALBE, 2003).
A Endometriose a segunda maior geradora de dor plvica cclica nas mulheres.
caracterizada pela presena de tecido endometrial que se prolifera de forma incorreta em
locais fora da cavidade endometrial. Os espaos acometidos, mas comumente so: o fundo do
saco de Douglas (regio atrs do tero), o septo reto-vaginal (tecido que se situa entre o reto e
a vagina), trompas, ovrios, superfcie do reto, ligamentos do tero, bexiga e parede da plvis.
Associada a endometriose a dispareunia (intercurso doloroso) e a disquezia (dor com
movimentos intestinais) geralmente elevam ainda mais a dor durante o perodo pr-menstrual
e tem como sinais e sintomas o abdmen doloroso a palpao mais comumente nos
quadrantes inferiores (PALO, 2002).
Figura 1 Locais mais comuns da endometriose
Fonte:http://www.astrazeneca.com.br/azws006/site/paciente/compreende_doenca/gineco/endometriose.
asp acesso em 23 de outubro de 2007
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A Adenomiose, tambm conhecida como endometriose interna como a presena de
glndulas endometriais e estromas localizados no miomtrio de forma profunda. Sua
incidncia oscila entre 10 a 20%, porm alguns autores apresentam nmeros ainda mais
elevados. Tende a ser mais freqente em pacientes com idade acima de 40 anos e multparas.
Ainda existem outras situaes menos freqentes, mas que tambm devem ser levadas em
considerao, pois podem levar aos mesmos sintomas de dor plvica cclica e dismenorria
(VIANA, 2001).
As pacientes com adenomiose no perodo pr-menstrual sofrem de sensao de peso
plvico e fortes dores associadas sensao de presso. O exame mais confivel e que
possibilita a realizao de um correto diagnstico o ultra-som, que ao ser realizado apresenta
de forma visual o tero simetricamente aumentado de volume e por vezes amolecido, sendo
que a melhor realizao do exame ocorre no perodo prximo a menstruao, ou seja, no
perodo pr-menstrual. Quanto maior for o comprometimento da parede posterior do tero, ou
este se localizar em posio de retroverso uterina, maior ser o quadro lgico da mulher,
associado ento a dores lombares e presso retal. Pontos como formao de massa plvica
concomitante (anomalias mullerianas), usurias de DIU (Dispositivo Intra Uterino), fatores
emocionais e qualquer obstruo ou obstculo para o escoamento do material menstrual
dentre outros, se tornam pontos importantes que devem ser considerados de grande relevncia
para se realizar o diagnstico de forma correta (OLIVEIRA, 2001).
O DIU um dos mtodos contraceptivos mais eficazes disponveis nos dias de hoje. A
China o pais que apresenta maior utilizao do mtodo sendo que 50% das usurias de
mtodos contraceptivos utilizam o DIU. 70% da utilizao de todas as usurias de DIU no
mundo se encontram na China. O DIU apresenta alguns efeitos adversos sendo que os mais
comuns aps sua insero so o sangramento e a dor plvica. Os dispositivos no medicados e
os de cobre levam ao aumento do sangramento menstrual em ate 55% dos casos,
provavelmente pela ao dilatadora endometrial. Dispositivos com progesterona causam um
processo de decidualizao do endomtrio, provocando diminuio do sangramento menstrual
(diminuio de 90% do fluxo em 1 ano). A dor ocorre devido ao aumento da liberao de
prostaglandinas pelo endomtrio. O uso de inibidores de prostaglandinas leva a diminuio da
dor e do sangramento (MONTENEGRO 2005).
Dentre os diversos sintomas causados pela dismenorria as dores nas costas e a dor
abdominal levam a um grande sofrimento durante o perodo menstrual especialmente quando
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25
esta se manifesta j de uma forma crnica. A dor nas costas de instalao gradual tem uma
ligao direta com a rea ginecolgica e se d na regio localizada sobre a metade superior do
sacro e pode se estender lateralmente para glteos e superiormente para regio lombar. A dor
abdominal aparece de forma anterior podendo ser aumentada pela presso. Raramente se
estende sobre a espinha ilaca spero-anterior e quando de origem uterina ela pode irradiar-se
para regio medial das coxas (POLDEN, 2002).
2.4 A SPM E OS DISTRBIOS DO SONO
Durante o perodo de sono normalmente ocorrem de 4 a 5 ciclos bifsicos, com durao
de 90 a 100 minutos. O ciclo de sono composto pelo sono REM (movimento rpido dos
olhos), e o sono NREM, aquele que no apresenta tais movimentos. O sono NREM
constitudo por estgios (1, 2, 3, 4) ao longo dos quais as ondas cerebrais vo
progressivamente diminuindo a freqncia e aumentando a amplitude. Os estgios 3 e 4 de
sono so denominados sono de ondas lentas (DEMENT, 1998)
Um estudo realizado confirmou o adiantamento de fase em relao ao sono no oscilador
circadiano que regula o fim da secreo noturna de melatonina em oito pacientes com SPM,
comparadas com mulheres controle. Dando seqncia investigao, os autores propuseram-
se a corrigir o distrbio circadiano com a utilizao de fototerapia (luz de alta intensidade =
2,500 lux; 2 horas de exposio). Assim, seis pacientes com SPM foram submetidas a
fototerapia, administrada pela manh ou noite, durante a semana pr-menstrual de dois
ciclos menstruais. Esse procedimento adianta ou atrasa os ritmos circadianos,
respectivamente. Ento, esperou-se que o tratamento noturno resultasse na correo do
distrbio circadiano de adiantamento de fase, implicando tambm na melhora do humor.
Como esperado, os resultados mostraram que somente a fototerapia noite foi eficaz na
reduo da sintomatologia (PARRY e col, 1990; PARRY e col, 1994).
A latncia para o sono REM, considerada um marcador de ritmos biolgicos, tambm
tem sido investigada durante as fases do ciclo menstrual. Relatos de uma reduo pequena,
porm significante, durante a fase ltea, em comparao com a fase folicular, reforaram a
proposio de uma correlao entre posio de fase e estado clnico: as mulheres que
apresentaram reduo na latncia para o sono REM durante a fase pr-menstrual mostraram-
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26
se sintomticas durante o ms de estudo (n=3), ao contrrio daquelas cujas medidas foram
normais (n=2) (PARRY e col, 1989; LEE e col, 1990; SEVERINO, 1993)
2.5 A SPM E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA
Tradicionalmente, o conceito de qualidade de vida era delegado a filsofos e poetas: no
entanto, atualmente existe crescente interesse de mdicos e pesquisadores em transform-lo
numa medida quantitativa que possa ser usada em ensaios clnicos e modelos econmicos e
que os resultados obtidos possam ser comparados entre diversas populaes e at mesmo
entre diversas patologias (BOWLING; BRAZIER, 1995).
Qualidade de vida a percepo do indivduo de sua posio na vida no contexto da
cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relao aos seus objetivos, expectativas,
padres e preocupaes (CICONELLI, 2003).
A avaliao da qualidade de vida ou do impacto das doenas pode ser feita atravs de
questionrios padronizados, nos quais so designados escores para as vrias questes
envolvidas. Estes instrumentos podem ser classificados em genricos e especficos. So
questionrios genricos aqueles desenvolvidos com a finalidade de refletir o impacto de uma
doena sobre a vida de pacientes em uma ampla variedade de populao. Avaliam aspectos
relativos funo, disfuno e ao desconforto fsico e emocional (CICONELLI, 2003).
So especficos aqueles capazes de avaliar de forma individual, determinados aspectos
da qualidade de vida, proporcionando uma maior capacidade de detectar melhora ou piora do
aspecto especfico em estudo. Sua principal caracterstica seu potencial de ser sensvel s
alteraes aps uma determinada interveno (YUNUS, 1992).
No Brasil, estudos em servios mostram a prevalncia da SPM entre 8% e 86%
dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatrio de
ginecologia, os sintomas pr-menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave
(43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansao (71%), depresso e cefalia (62%, cada), sendo
que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associao de sintomas fsicos e
psquicos. (DIEGOLI e col, 1994; NOGUEIRA, 1998)
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Os sintomas emocionais mais evidentes da SPM so: tristeza, raiva, irritabilidade,
nervosismo, confuso, isolamento social e cansao; e os sintomas fsicos foram: mastalgia,
distenso abdominal, cefalia, inchao em mos e pernas, aumento de peso e dores articulares
ou musculares. De acordo com os critrios propostos no DSM-IV8 considera-se como SPM a
presena de cinco dos sintomas acima, sendo que entre esses, pelo menos um deles deveria ser
tristeza, raiva, nervosismo ou irritabilidade, acompanhado de dificuldades no relacionamento
em casa, falta ao trabalho ou escola, o que justifica a perda de qualidade de vida das
acometidas pela SPM (FREEMAN, 2003)
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3 ACUPUNTURA NA SPM
3.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)
A acupuntura uma tcnica das vrias da medicina chinesa. Sua denominao vem do
latim acus= agulha e puntura= picada, denominao esta que foi introduzida no ocidente
pelos jesutas aps retornarem da China. A tcnica da acupuntura se d pela insero de
agulhas em determinados pontos corporais privilegiados, presentes em caminhos energticos
conhecidos como meridianos, estes tendo o poder de restabelecer o equilbrio energtico
corporal, e atravs deste reequilbrio evitar e tratar doenas (MANN, 1994).
3.2 HISTRICO
Mesmo sem documentos que comprovem a origem da tcnica, estima-se que esta seja
muito remota, desenvolvendo-se h aproximadamente 3000 anos antes de Cristo. O primeiro
nome guardado pela tradio foi o Fu Hi (2953 a.C.) fundador da civilizao chinesa. Fu Hi
foi apontado como o criador dos 8 hexagramas do livro das mutaes I-Ching. Os
conhecimentos foram sendo repassados de forma oral de dinastia por dinastia ate chegarem a
dinastia Chou (1122 a 256 a.C.) onde foi achado uma obra escrita entre 500 300 a.C., obra
esta sem autor conhecido. Estima-se que tenha sido desenvolvida por vrios mdicos, porm
sua autoria foi atribuda ao lendrio Hungdi Neijing. O livro se subdivide em duas partes: Su
Wen (questes simples) e Ling Shu (eixo espiritual). Este ainda descreve toda a base da
medicina chinesa como a teoria do Yin-Yang, os cinco elementos e Zang Fu. Graas poca
de origem, o livro possui uma linguagem de difcil interpretao onde ocorrem mistura de
princpios filosficos e teraputicos e especulaes folclricas e msticas (MANN, 1994)
A acupuntura foi ganhando referncias onde ento a tcnica comeou a ser conhecida
tambm fora da China. Durante o sculo V d.C., a acupuntura fo i veiculada para a Coria e,
dois sculos aps para o Japo. Com o passar do tempo os conceitos da medicina chinesa
comearam a ser entendidos e traduzidos alcanando paises como Alemanha e Frana
durante o sculo XVII. Atualmente a acupuntura muito difundida em todo o mundo sendo
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ensinada e praticada em diversos paises. A tcnica chegou ao Brasil atravs de imigrantes
orientais da China e do Japo estes que se estabeleceram principalmente no sul e sudeste do
pas, porm a tcnica se engrandeceu no Brasil aps a chegada do professor Frederico Spaeht
que vindo da Europa na dcada de 50 trazia os conhecimentos da acupuntura, e com isso,
fazendo grande clientela em pouco tempo. Graas a sua fama pela tima obteno dos seus
resultados, chamou a ateno da classe mdica para a tcnica. Os atendimentos com a
utilizao da tcnica de acupuntura no necessitam de grande estruturao de ambiente e vo
desde clnicas privadas a ambientes universitrios sendo que no Brasil a tcnica reconhecida
como especialidade mdica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995, e trs anos mais
tarde pela Associao Medica Brasileira. (PAI, 2004)
3.3 ACUPUNTURA
A acupuntura um importante procedimento que compe a medicina tradicional
chinesa (MTC). Mesmo sendo um dos mais importantes procedimentos da MTC o seu uso
quando associado a outras tcnicas se torna ainda mais eficaz. A utilizao de recursos
trmicos durante o processo de puntura uma das vrias associaes que podem ser feitas
durante um tratamento. Uma das utilizaes deste recurso trmico e atravs da queima do p
de uma planta chamada Artemsia vulgaris ou sinensis, sendo que esta tcnica conhecida
como moxabusto. A tcnica da acupuntura tem a finalidade de levar a preveno e o
tratamento de doenas apenas punturando certos pontos privilegiados do corpo utilizando um
equipamento bastante simples, que a agulha fina. Graas a sua eficcia e ao baixo custo do
equipamento, esta tcnica se tornou extremamente popular na China a milhares de anos. O
inicio do desenvolvimento da arte compe um longo processo histrico que foi baseado na
experincia de sculos do povo trabalhador chins na luta contra as doenas. As primeiras
realizaes de tratamento atravs de acupuntura foram realizadas com agulhas talhadas em
pedras. Com o desenvolvimento da sociedade humana e a sada da era da pedra e entrada na
era do bronze e do ferro, agulhas foram elaboradas com a utilizao destes metais,
substituindo assim as agulhas de pedra. Com a continuidade do desenvolvimento da sociedade
os instrumentos de puntura se aprimoraram, levando assim ao refinamento das tcnicas de
acupuntura. (AUTEROCHE, 1996).
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30
3.4 PENSAMENTO CHINS E OCIDENTAL
A atividade vital de um homem tem uma estreita semelhana com a energia do cu.
Ao se tratar da doena, deve-se seguir a lei a disciplina do cu e da terra seno a
atividade vital do paciente pode ser prejudicada ocorrendo imediatamente uma
calamidade, (QIBO citado por WANG, 2001).
A grande dificuldade para os estudantes ocidentais da MTC est na enorme diferena
dos padres de pensamento do oriente. Poucos profissionais ocidentais conseguem lidar com
o modo de pensar da tcnica na sua forma original, no considerando os conceitos abstratos e
filosficos da tcnica. Muitos estudantes de MTC adotam uma postura mental ocidental e
tentam criar relaes e explicaes ocidentais com os conceitos chineses, resultando assim no
no entendimento da tcnica na sua forma real. Quanto mais o profissional deixar de lado os
conceitos ocidentais e aproximar-se dos conceitos orientais, maior ser a obteno de
resultados devido ao entendimento real filosfico da tcnica. Geralmente os pensamentos
ocidentais no tendem a procurar padres globais, nem tende a olhar o todo ou partes de um
todo. Em termos relativos, o pensamento ocidental tende a ser redutivo e analtico, ao passo
que o pensamento chins tende a ser sinttico e intuitivo. Enquanto a cincia do ocidente tenta
reduzir os fenmenos aos componentes lineares de causa e efeito o chins experimenta uma
sntese de combinaes de fenmenos. A medicina ocidental tende a isolar um nico fator
causador, ou seja, reduzir ao mais simples possvel, enquanto a MTC trata o individuo como
um todo, tratando ento as disfunes e no somente o paciente. O pensamento ocidental
ento considera os extremos de um aspecto, porm no pensamento chins entre os extremos
existe uma continuidade de transformaes. Mesmo os pensamentos do ocidente e do oriente
tendendo cada um ao seu raciocnio, estes apresentam entrelaamentos mostrando elementos
comuns entre essas duas culturas. Cada um dos sistemas apresenta suas virtudes e fraquezas, e
ambos tendo se desenvolvido dentro da rea especifica do conhecimento humano levam a
uma forma de tratamento visando sempre a recuperao do paciente, mesmo um tendo a
forma mais intuitiva de agir e o outro a forma mais racional. A cultura e o modo de pensar de
ambas as medicinas devem ser consideradas, porm para a prtica da MTC, no se pode
querer conciliar muito os conhecimentos seno, estes levam a confuses e malefcios na hora
do entendimento e pratica do tratamento tradicional chins, (ROSS 1994).
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31
3.5 BASE DA MTC
A concepo filosfica chinesa a base de todo o seu entendimento. A explicao e o
entendimento de como estes visam a globalidade de integrao natureza-ser humano e os
fundamentos do universo se baseiam em trs pilares bsicos: a teoria do Yin/Yang, dos cinco
movimentos e dos Zang Fu (rgos e vsceras), (YAMAMURA, 2003).
3.5.1 Teoria do Yin/Yang
A Teoria do Yin-Yang foi criada na ve lha China e possui seus conceitos bsicos
presentes no mais antigo livro originrio do extremo oriente: o livro primordial. A base da
teoria se d pelas mutaes constantes encontrada nas coisas e seres do universo, sendo esta a
regra bsica para sua coexistncia. Atravs deste pensamento observa-se uma alternncia de
oposio e complementao entre diversos fatores e acontecimentos do dia a dia
(AUTEROCHE 1992).
O Yin e o Yang so tanto estgios opostos de um ciclo como estados de agregao.
esta contradio interna que leva a constituio da fora motriz de toda a modificao,
desenvolvimento e deteriorao das coisas. Nada totalmente Yin ou totalmente Yang. A
oposio relativa e no absoluta, pois tudo contm a semente do seu oposto. A teoria do Yin
e do Yang considera o mundo como um todo sendo resultado da unidade contraditria destes
dois princpios, o Yin e o Yang. (AUTEROCHE 1992).
Tome o Yin-Yang do cu e da terra para fazer uma analogia com o Yin-Yang do
corpo humano: Quando o Yin e o Yang da terra se combinam viram chuva; quando
a energia vital e o sangue de um homem se unem, fazem suar; por isso o suor de um
homem e chamado de chuva. A energia yang circula pelo corpo todo e a energia do
vento se espalha pela terra, por isso a energia do homem e chamada de vento do cu
e da terra. A energia do temperamento violento num homem como o ribombar de
um trovo e a energia em contra corrente se parece com a ascenso do yang, (QIBO
citado por WANG, 2001).
A observao mais antiga do fenmeno Yin-Yang deve ter se originado atravs dos
camponeses em observao a alternncia cclica entre o dia e a noite. Desta maneira o dia
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corresponde ao Yang e a noite ao Yin. O passar do dia demonstra essa alternncia, o dia
pertence ao Yang, porm ao alcanar seu pico ao meio dia, o Yin dentro dele, comea
gradualmente a se manifestar, e este vai se manifestando at se apresentar em total,
estabelecendo assim noite (Yin). Aps chegar ao seu pico na meia noite o Yang presente
tambm dentro do Yin comea a se restabelecer retomando ento novamente sua presena ate
ser novamente substitudo. Esse processo demonstra a alternncia cclica e contnua dos dois
elementos. Cada fenmeno pode pertencer ao Yin ou ao Yang, porm sempre existir uma
semente do estagio oposto em si. A partir deste ponto de vista, Yin e Yang so dois estgios
de um movimento cclico, sendo que um interfere constantemente no outro levando assim ao
um movimento cclico e constante (MACIOCIA, 1996).
Figura 2 -Tai Tji Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 3)
Figura 3 - Apresentao das formas Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p.5 )
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Figura 4 - Apresentao do Yin-Yang no ciclo do dia Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 5)
Embora o Yin e o Yang sejam foras opostas, estes tambm so interdependentes, pois
um no pode existir sem o outro. Tudo contm as foras opostas que so mutuamente
exclusivas, mas que ao mesmo tempo dependem uma da outra. No pode haver atividade sem
descanso, energia sem matria, contrao sem expanso e dia sem a noite (ROSS, 1994).
Tabela 1 - Yin-Yang
Yang Yin
Luminosidade Escurido
Sol Lua
Brilho Sombra
Atividade Descanso
Cu Terra
Redondo Plano
Tempo Espao
Leste Oeste
Sul Norte
Esquerda Direita Fonte: Maciocia (1996).
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34
Para ocorrer o equilbrio corporal, os nveis energticos de Yin e Yang devem estar
tambm em constante equilbrio. Se um modifica sua proporo de existncia,
consequentemente altera a existncia do seu oposto. O consumo de Yin leva a um ganho de
Yang enquanto o consumo de Yang leva a um ganho de Yin. A alterao no estado de
equilbrio entre estas duas foras que leva a um enfraquecimento do organismo, levando a
uma predisposio e instalao de alguma doena. Certas circunstncias e em certos estgios
energticos de desenvolvimento, a energia Yin e a energia Yang podem transformar-se em
seu oposto, processo esse conhecido como intertransformao. Quando um certo limite
alcanado, uma mudana no seu sentido oposto inevitvel, fator este demonstrado pelo
exemplo da chegada do calor da primavera quando o inverno apresenta seu clmax ou o frio
do outono que se apresenta quando o calor do vero atingiu o mximo. Em exemplo clnico
uma febre alta, que pode levar a uma baixa sbita de temperatura corporal, palidez e
extremidades frias mostrando a mudana de carter energtico de Yang (febre) para Yin (frio)
(YAMAMURA, 2003).
3.5.2 Teoria dos cinco elementos
O segundo pilar da filosofia e da MTC a teoria dos cinco elementos ou 5 movimentos.
A concepo dos cinco elementos tem como base a evoluo dos fenmenos naturais,
mostrando a dominao de vrios aspectos que compem a natureza. Essa teoria um antigo
conceito filosfico que explica a composio e os fenmenos fsicos do universo, porm foi
utilizada pela MTC para expor a unidade do corpo humano e o mundo natural, tambm
apresentando o inter-relacionamento fisiolgico e patolgico energtico no corpo. O termo
Wu Xing, que significa Wu cinco e Xing fase, refere-se a 5 princpios do universo
simbolizados por 5 elementos, sendo eles: Madeira, Fogo, Terra, Metal e gua. Cada
elemento possui sua caracterstica prpria e se encontram em constante movimento de
gerao e dominncia entre si, constituindo ento o que foi denominado de cinco movimentos,
(YAMAMURA, 2003).
gua e Fogo, o que bebe e come o povo. Metal e Madeira, o que ele produz.
Terra o que gera os dez mil seres, o que til ao homem, registros no livro Shang
Shu Da Chuan citados por Auteroche 1992.
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Auteroche (1996) diz que cada elemento possui seu movimento sendo estes
movimentos:
Movimento da gua: Caracteriza fenmenos naturais de retrao, profundidade,
frio, declnio, queda e eliminao. o ponto de partida e de chegada da
transmutao dos movimentos. Tem caractersticas Yin, pois pesada, parada,
de to pesada escorre, flui, cai, no tem forma prpria, conforma-se quilo que a
contm. A gua presente nos rins que so o celeiro da vida se apresenta em
aproximadamente 80% do corpo humano. Quando nos sentimos letrgicos, sem
vontade, sem determinao, desanimados, desistindo diante da menor
dificuldade, apresentando medo da vida e das pessoas e com o frio tomando
conta do nosso corpo e uma angustia e sensao de sufoco como se o fluxo da
vida estivesse cercado de obstculos e paredes ao nosso redor, quer dizer que
estamos mal de gua. O seu sabor representado pelo salgado e tende a emoo
do medo (HIRSCH, 2003).
Movimento Madeira: Representa o aspecto de crescimento, movimento,
florescimento, sntese. o movimento de energia vital, pois tem o poder de
subir, crescer, abrir caminho para obter lugar ao sol, da mesma forma que uma
rvore brota na primavera. O ser humano e dessa forma, nossos ps se firmam na
terra e mantemos a postura ereta e crescemos durante a vida. Qualquer distrbio
ligado a articulaes, msculos e membros mostra um desequilbrio de madeira.
Tem como representao o sabor cido, e a sua emoo a raiva, (HIRSCH
2003).
Movimento Fogo: Se caracteriza por todos os fenmenos naturais de ascenso,
desenvolvimento, expanso e atividade. A sua energia vital exuberante como o
sol do meio dia, que tambm est presente em ns, irradiando calor humano
atravs de sentimentos e produzindo alegria. Qualquer problema envolvendo a
troca de calor humano revela desequilbrio em fogo. O fogo leve e solto, e
desta maneira tende a caracterstica Yang. A euforia, hiperexcitao, lngua
embolada no conseguindo falar de uma maneira compreensvel so
caractersticas que o corao esta desregulado. Para os chineses, corao e mente
so a mesma coisa, pois os pensamentos so movimentos do corao e se este se
encontra em equilbrio tudo regido por boa vontade e bons sentimentos.
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36
Apresenta o sabor amargo como o de padro caracterstico. Sua emoo a
euforia, hiperexcitao, (YAMAMURA, 2003).
Movimento da Terra: Os fenmenos naturais que se traduzem por transformao,
mudanas, so caractersticos do movimento da terra. A terra o cho onde
pisamos, sendo nossa base, nosso sustento, nossa fonte de extrao de fora, a
energia vital tende a passar por essa fase com estabilidade de centralizao antes
de voltar ao movimento. No nosso ser a terra esta relacionada com o centro do
nosso corpo, sendo o centro da atividade mental que gera idias, opinies e
capacidade de reflexo. o centro que nos envolve, a carne que reveste nossos
msculos e que nos d a aparncia e identidade corporal. Terra em harmonia faz
a pessoa alcanar o estado de paz consigo mesma. Boca, lbios e tudo que est
envolvido com o comer tambm est envolvido com a terra. Tende ao sabor doce
e sua emoo negativa quando desarmonizada a preocupao (CARNEIRO,
2003).
Movimento do Metal: Caracteriza-se pelos processos naturais de purificao, de
seleo, de anlise e de limpeza. No outono as folhas secas caem, as castanhas e
sementes vo para os celeiros garantir as refeies do inverno. O metal em ns
representa a eterna colheita. A energia vital nesse movimento e descendente,
pesada e tende a purificar e limpar, assimilando o essencial e descartando o
intil. Tudo o que consideramos de precioso designado ao metal. O pulmo e o
intestino grosso que so os rgos metal demonstram essa obteno do essencial
e liberao do intil, pois estes realizam a captao do ar e o esvaziamento do
intestino respectivamente ao qual sem esse trabalho no existiria vida. O sabor
atribudo ao metal o picante e a sua emoo tende a ser a melancolia e a
depresso (AUTEROCHE, 1996).
Os cinco movimentos de acordo com suas caractersticas prprias e naturais que
apresentam guardam entre si uma inter-relao que permite posicion- los adquirindo assim
um processo designado pelo critrio de gerao. O movimento da gua gera o movimento
madeira, este alimentando o movimento fogo, a qual gera o movimento terra. A terra por sua
vez leva ao movimento metal que gera o movimento gua (YAMAMURA, 2003).
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Figura 5 - Ciclo dos 5 elementos.
Fonte: http://www.espacodealternativas.blogspot.com/2007/06/o-que-mtc.html
acesso em: 28 de outubro de 2007.
Os cinco movimentos executam uma produo recproca que significa que estes se
produzem mutuamente favorecendo tambm ao seu crescimento respectivo. Quando esta
produo se encontra em harmonia todo o ser tambm est em harmonia. Alm da produo
recproca existe tambm a dominao recproca. O elemento a qual esta sendo produzido
domina o seu antecessor mantendo o padro de produo atravs de sua restrio. O processo
de produo e dominao recproca so processos inseparveis, pois sem produo no h
aparecimento e desenvolvimento das coisas, mas sem dominao no se pode manter as
transformaes e o desenvolvimento em uma produo equilibrada. Na produo h restrio
e na restrio h produo. Porm esse acontecimento harmnico pode ser alterado por
situaes anormais de crescimento e transformao dos elementos, sendo essas as relaes
conhecidas como Cheng e Wu. Cheng aproveita-se do fraco e tem o sentido de agredir
enquanto Wu significa ultrajar pela sua fora aquilo que fraco. Na relao Cheng o elemento
domina o outro de modo excessivo, ultrapassando o grau normal de regulao, levando a uma
falta de coordenao normal entre dois elementos. Na relao Wu a dominao mtua fez-se
em corrente contrria, sendo um reverso do controle onde leva o nome de contra
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dominao, sendo considerada tambm pela falta de coordenao entre dois elementos
(CHONGHUO, 1993).
A relao dos elementos com o corpo humano se estende, pois cada elemento possui um
rgo com suas caractersticas, a qual ento foi designada uma relao. Graas s
propriedades de cada um dos elementos, podem-se explicar as particularidades de cada
atividade fisiolgica destes rgos (YAMAMURA, 2003).
Fgado: Tem a funo de drenar e de ser regulador, na natureza a madeira produz
e faz crescer, tendo ento relao direta com a funo do rgo. Portanto o
fgado pertence madeira.
Corao: rgo que corresponde a movimento e aquecimento graas ao Yang
que faz a funo de aquecer. Na natureza o Fogo exerce a mesma funo,
levando ento o corao a pertencer ao fogo.
Bao: Origem dos nascimentos e transformaes, sendo que esta mesma funo
e exercida na natureza pela terra, levando o bao a pertencer a terra.
Pulmo: Com sua funo de purificar e fazer descer tem grande correspondncia
com o metal, pois a natureza do metal a sua pureza. Eis porque o pulmo
pertence ao metal.
Rins: Tem a funo de controle da gua. A natureza da gua umedecer,
portanto os rins pertencem a gua (AUTEROCHE, 1992; HIRSCH, 2003).
3.5.3 As substncias
O cu tem 3 tesouros; o sol, a lua e as estrelas, a terra possui 3 tesouros; a gua, o
fogo e a terra; a existncia humana e iluminada por 3 tesouros; Jing, Qi e Shen. A
aplicao correta dos 3 tesouros liberta-nos para a eternidade., She Zheng Cong
Mai citado por MANN (1994).
Na MTC existem substncias essenciais a vida. Dentre essas substncias 5 so
consideradas substncias bsicas da medicina chinesa. O conhecimento dessas substncias
primordial, pois todos os estudos subseqentes dependem do seu total entendimento (ROSS,
1994).
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A traduo destas substncias uma grande responsabilidade, pois muitas vezes a
complexidade da lngua chinesa induz erros de traduo. A traduo ser feita de forma que
sempre ser tentado elucidar os determinados conceitos na sua forma mais original. Na
medicina ocidental tudo enfatizado na estrutura anatmico-fisilogica, inclusive o estudo de
estruturas e compostos da bioqumica como sangue e linfa. Na MTC pouco se preocupa a
estrutura, a histologia ou a composio qumica, o importante sim so as funes e relaes
apresentadas entre elas, chamadas de inter-relacionamentos de substncias (MANN, 1994).
3.5.3.1 O Qi
O Qi a energia, concepo integrada matria. Na concepo chinesa a matria e a
energia so uma manifestao contnua de um aspecto, a composio do universo, levando a
estabelecer atributos tanto energticos quanto materiais ao Qi. Para o chins s existe uma
energia que a matria fundamental que constitui o universo, e tudo no mundo resultado de
seus movimentos e transformaes. Tanto o microcosmo como o macrocosmo so formados
por somente uma energia : o Qi (AUTEROCHE, 1992).
3.5.3.2 O Shen
O Shen o esprito, a mente, algo integrado ao corpo ou ao espiritual em integrao a
matria. O termo esprito na traduo ocidental algo oposto a matria, mas no contexto da
MTC este apresenta aspectos materiais. O Shen est presente no brilho dos olhos e este
responsvel pela habilidade de pensar, raciocinar e discernir. Na MTC a conscincia no
reside tanto no crebro, mas sim no corao, por isso diz-se que o Shen tem sua moradia ao
lado do corao. o Shen que faz com que cada pessoa seja um individuo nico. Este
originalmente vem dos pais, e aps o nascimento o meio ambiente, atos, pensamentos e estilos
de vida influenciam no Shen (MANN, 1994).
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3.5.3.3 O Xue
O Xue o sangue, mas algo que extrapola o conceito ocidental em seus parmetros
preciosos de bioqumica e de histologia. Embora o Xue e sangue partilhem alguns atributos
comuns, fundamentalmente, o Xue um conceito diferente, mais amplo e funcional (MANN,
1994).
3.5.3.4 O Jing
O Jing considerado a essncia. Este conceito e puramente chins e em tentativa de
traduo a um conceito moderno e considerado o cdigo gentico (por ser derivado dos pais).
Mas este possui uma aplicabilidade funcional e energtica no corpo. dividido em Jing pr-
natal e Jing ps-natal. O Jing pr-natal e derivado dos pais e fornecido no momento da
concepo, j o Jing ps-natal formado pela frao purificada da transformao de produtos
dos alimentos e bebidas (ROSS, 1994).
3.5.3.5 O Jin Ye
O Jin Ye so os lquidos corporais. Estes englobam a totalidade dos lquidos normais do
corpo. Abrangem as diferentes formas lquidas como lquidos do estmago, articulaes,
intestino e os lquidos excretados por alguns rgos tais como lgrimas, remelas, suor, urina e
saliva (AUTEROCHE, 1992).
3.6 ZANG FU
O termo Zang = rgos e Fu = Vsceras formam o mago central da MTC. Situam-se no
centro da estrutura organizacional do corpo. A concepo da MTC sobre os rgos internos
diferente daquela do ocidente sendo que para entendimento deste conceito e necessrio aderir
aos conceitos e padres do pensamento chins e no misturar estes conceitos com qualquer
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outro sistema. No passado houve uma considervel confuso sobre a compreenso dos termos
chineses para rgos e vsceras, pois a traduo para termos ocidentais era realizada sendo
que esta no cabe aos termos utilizados nos Zang Fu (ROSS, 1994).
A funo dos Zang Fu a de receber alimentos, ar e bebidas do ambiente externo
transformando estas em substncias a qual vo circular pelo corpo e pela superfcie deste,
mantendo uma integrao harmoniosa entre corpo e ambiente externo (MANN, 1982).
Os rgos (Zang), no possuem comunicao direta com o meio exterior, tem a funo
de armazenar a essncia dos alimentos, que proporcionam o dinamismo fsico, visceral e
mental. So estruturas geradoras e transformadoras de energia e de Shen (conscincia) que
constitui no exterior, a manifestao da energia interior. J as vsceras (Fu) constituem
estruturas tubulares e ocas, sendo estes mais externos. Tem funo de receber, transformar e
assimilar os alimentos. Promove tambm eliminao de dejetos e so englobadas por um
elemento altamente energtico: o Yang do Yang (YAMAMURA, 2003).
Os aspectos energticos dos Zang Fu, so responsveis pela integridade do corpo.
Estando estes em harmonia energtica todo o desempenho funcional se manter em
normalidade. Os cinco Zang Xin (corao), Fei (pulmo), Pi (bao/pncreas), Gan (fgado),
e Shen (rins), so o corao da medicina chinesa e so mais importantes do que os seis
sistemas Fu. A percepo dos padres de doena dos cinco sistemas Zang formam o tema
central de diagnstico e de tratamento da MTC Cada rgo possui uma vscera como
acoplado criando 6 pares de acoplados, o Xin Bao (pericrdio) foi acrescentado aos cinco
Zang representando o invlucro externo que tem a funo de proteger o corao
(YAMAMURA, 2003).
Tabela 2 Zang Fu
Palavras
Chinesas
Zang
Aproximao
portuguesa
Abreviao
Palavras
Chinesas
Fu
Aproximao
portuguesa
Abreviao
Shen Rins R Pang Guang Bexiga B
Pi Bao/Pncreas BP Wei Estmago E
Gan Fgado F Dan Vescula Biliar VB
Xin Corao C Xiao Chang Intestino Delgado ID
Fei Pulmo P Da Chang Intestino Grosso IG
Xin Bao Pericrdio CS San Jiao Triplo Aquecedor TA
Fonte ROSS (1994).
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3.6.1 Os rgos (Zang) e seus acoplados (Fu)
Os acoplamentos dos sistemas tm importncia clnica considervel, sendo que cada um
exerce uma determinada funo e tem grande importncia na promoo da normalidade
energtica corporal (ROSS, 2003).
3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang)
Os estudos sobre Zang Fu iniciam-se com o estudo dos rins, pois este o rgo raiz da
vida, do Qi e base do Yin e Yang e da gua e fogo no corpo (AUTEROCHE, 1992).
Os rins possuem as determinadas funes:
Armazenam a essncia ou a energia ancestral (Jing)
a- Controlam o nascimento, crescimento, desenvolvimento e reproduo
b- Controlam os ossos
Base do Yang e do Yin
Controlam a gua
Controlam a recepo do Qi
Abrem-se nos ouvidos e manifestam-se nos cabelos. Controlam os orifcios
inferiores. Fonte: ROSS 1994
A bexiga exerce a funo de armazenar e transformar previamente os lquidos do corpo
para serem excretados pela urina. A funo da bexiga depende do Qi dos rins e se este estiver
deficiente pode gerar uma enurese, incontinncia urinaria e outros fatores que envolvam
lquidos corporais (CARNEIRO, 2003).
3.6.1.2 Bao/Pncreas (Pi) e Estmago (Wei)
O bao e considerado um importante rgo no ponto de vista energtico chins, pois o
Qi do bao considerado a base da vida ps-Natal depois do Qi do Rim que base da
energia pr-natal (ROSS, 1994).
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As funes do bao/pncreas so:
Regular a transformao e o transporte
Regular a parte carnosa dos msculos e membros
Governar o sangue
Manter os rgos fixos
Abre-se na boca e manifesta-se nos lbios
Metaboliza a umidade e a mucosidade. Fonte: (ROSS 1994)
O estmago como acoplado tem a funo de receber a comida e bebida e possui
caractersticas Yang sendo que sua energia Qi tende a descender. Quando sua energia ascende
ocorre, por exemplo, o vmito, demonstrando assim como a inverso do fluxo energtico cria
uma desarmonia corporal, este tendo que sempre seguir sua funo normal e destinada
(MANN, 1994).
3.6.1.3 Fgado (Gan) e Vescula Biliar (Dan)
O fgado possui importantes funes na MTC sendo que este e o grande harmonizador
corporal graas ao desempenho das seguintes funes:
Harmoniza o livre fluxo de Qi
Armazena o sangue
Harmoniza os tendes e ligamentos
Abre-se nos olhos e manifesta-se nas unhas. Fonte: (ROSS 1994)
A Vescula Biliar armazena a bile produzida pelo fgado, soltando-a periodicamente de
modo que ela desa para o intestino delgado (Xiao Chang) para ajudar na digesto. O fgado e
a vescula biliar esto intimamente ligados de modo que difcil separ- los em suas funes e
nas suas desarmonias, sendo assim as desarmonias da vescula biliar esto ligadas
intimamente ao fgado e vice-versa (CARNEIRO, 2003).
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3.6.1.4 Corao (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang)
O corao tem a funo de comandar os vasos sanguneos (Xue Mai), armazenar o Shen
(Esprito vital), e sua abertura esta na lngua apresentando sua manifestao na face.
protegido dos ataques nocivos pelo invlucro do corao (Xin Bao Luo) (AUTEROCHE,
1992).
O Intestino Delgado tem a funo de receber, separar, absorver e encaminhar os
alimentos. Uma vez que apresente uma disfuno nessa vscera alteraes no movimento
intestinal podem surgir graas a perda da normalidade energtica corrente nesse acoplado
(AUTEROCHE, 1992).
3.6.1.5 Pulmo (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang)
O pulmo (rgo impar para os chineses) mesmo sendo um Zang, o que mais possui
contato com o meio externo. Possui importantes funes como a formao de Qi atravs da
respirao alm de:
Harmonizar o Qi e controlar a respirao
Funes de difuso e descida (distribuio de energia excesso vai para o rim)
Circula e harmoniza as vias das guas
Abre-se no nariz e manifesta-se nos plos. Comanda a garganta.
Fonte: (ROSS 1994)
O Intestino Grosso recebe a frao impura dos alimentos do intestino delgado
movimentando-os para baixo. Tambm exerce a funo de absorver a gua e eliminar o
restante das fezes (ROSS, 1994).
3.6.1.6 Pericrdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao)
considerado Zang de importncia relativa tanto na teoria quanto na prtica, sendo
considerado o protetor externo do corao (escudo do corao), protegendo este contra
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invaso de fatores patognicos. O corao que considerado o imperador dos rgos,
inviolvel torna o pericrdio (Xin Bao), ministro que protege o imperador contra danos e cuja
funo e de guiar as pessoas nos seus prazeres e alegrias. O triplo aquecedor o sexto Fu e
integra todos os canais do corpo e participa das transformaes que ocorrem nos trs
aquecedores. de difcil interpretao e observado de forma errnea, porm realiza grande
papel nas funes das estruturas corporais (CARNEIRO, 2003).
3.7 TCNICAS DE PUNTURA
A tcnica da acupuntura realizada quando ocorre a aplicao de agulhas em pontos
privilegiados do corpo. Para que a realizao da tcnica seja bem sucedida necessrio que a
aplicao destas agulhas sejam exercidas de forma correta e com o paciente em uma posio
confortvel e relaxada. Na maioria dos casos o posicionamento apropriado pode evitar
complicaes e problemas na introduo das agulhas. O paciente normalmente tratado em
decbito dorsal ou em decbito ventral, porm este tambm pode ser tratado em decbito
lateral. Se o tratamento for destinado a duas zonas que necessitem de duplo posicionamento, e
realizado primeiro o tratamento de uma zona e aps a retirada das agulhas realizada a
continuidade do tratamento. A agulha e segurada entre o polegar e o indicador, e a ponta do
dedo mdio apia a agulha e ajuda na introduo desta. A mo a qual no esta segurando a
agulha considerada segunda mo, pode agarrar ou esticar a rea em que a agulha ser
introduzida facilitando assim o processo de puntura (LIAN, 2005).
A introduo da agulha pode ser realizada com o auxilio de um tubo ao qual colocado
sobre o ponto que se deseja punturar. O tubo deve ter o tamanho a qual deixe a agulha
sobressair apenas por alguns milmetros, com esse procedimento a agulha e inserida atravs
de uma batida pequena na sua base. A profundidade de introduo das agulhas e variante,
dependendo da localizao anatmica do ponto. As profundidades indicadas para determinado
ponto tambm so variadas, dependendo por exemple da massa corporal e do tamanho deste
paciente. A introduo em relao ao distrbio deve ser considerada. Dores agudas ou
moderadas necessitam apenas de introduo superficial enquanto dores crnicas e paralisias
tendem a necessitar de introdues mais profundas. O conhecimento anatmico e topogrfico
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essencial na acupuntura. A introduo da agulha possui vrios ngulos sendo que a escolha
destes ngulos depende do efeito pretendido e da rea punturada (PAI, 2004).
Figura 6 ngulos de puntura - Fonte: (LIAN 2005)
Introduo perpendicular: a introduo perpendicular a mais comum aplicao
e normalmente aplicada em reas musculares e adiposas do corpo. A agulha
inserida em um ngulo de 90 graus em relao a linha cutnea;
Introduo oblqua: A agulha inserida em um ngulo de 30-50 graus, sendo que
esta mais utilizada onde o tecido mole mais fino. Utilizada tambm no trax
em regio pulmonar a fim de evitar pneumotrax, afastando assim a agulha da
pleura. Utilizada tambm em reas da cabea sempre com intuito de evitar
leses;
Introduo transversal: Nessa introduo a agulha inserida no corpo num
ngulo de 5-15 graus em relao a superfcie cutnea. Esse mtodo aplicado
em reas com tecido mole muito fino como, por exemplo, reas do crnio.
(LIAN, 2005).
Com a localizao correta do ponto, e a correta introduo da agulha, o paciente
experimenta uma sensao caracterstica, essa sensao e conhecida com sensao do De Qi
(energia dequi). Essa sensao se difere da dor da introduo da puntura, sendo ento descrita
como uma sensao de peso, formigamento, dormncia, ou choque. O acupunturista capaz
de perceber essa sensao somente atravs do seu toque na agulha, essa sensao e conhecida
pelo acupunturista como o fisgar do peixe. Durante a insero a agulha passa por diversas
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camadas teciduais (pele, camada subcutnea, msculos, vasos, peri steo). No meio do
msculo, h vrias camadas musculares, tecnicamente nos feixes musculares e nas camadas
teciduais e que esto presentes os vrios De Qi (PAI, 2004)
Quando essa sensao se estende ao longo do canal, chama-se esse fenmeno de PSC
(Propagated Sensation along the Channel sensao propagada ao longo do meridiano),
sensao esta no presente em todos os pontos de acupuntura e varia em termos inter e intra-
individuais. A manipulao deve ser realizada aps a insero da agulha e atravs da
manipulao obtido sensao de De Qi. Porm, em alguns casos, a sensao obtida
apenas com o aprofundamento da agulha. O tipo de manipulao no conceito chins depende
da avaliao da doena. Em estados de plenitude so utilizados mtodos de sedao (Xie), e
em estados de vazio so utilizadas mtodos de tonificao (Bu). Estes mtodos variam com a
freqncia na rotao e no retirar e introduzir a agulha (LIAN, 2005).
A manipulao das agulhas se d pelo simples movimento de rotao, cerca de trs
voltas no cabo da agulha j seriam suficientes para criar a estimulao, operao esta repetida
de 10 em 10 minutos com durao media de 5 segundos cada vez (PAI, 2004)
No conceito chins existem outros mtodos que favorecem ou bloqueiam a circulao
energtica como a introduo desta a favor ou contra o canal energtico a qual esta sendo
trabalhado. O mtodo de respirao tambm utilizado, diz que se inserida a agulha no
momento da expirao e esta for levemente puxada no momento da inspirao isso seria
configurado um mtodo de tonificao e para exercer o mtodo de sedao somente inverteria
a ordem de insero e retirada da agulha conforme a respirao (AUTEROCHE, 1996).
3.8 UNIDADES DE MEDIDAS
Para um melhor entendimento das dimenses criadas na acupuntura, as unidades de
medidas devem ser conhecidas. O corpo no medido em unidades absolutas, mas sim em
unidades relativas e proporcionais para cada paciente. As distncias so determinadas por
referncias antomo-topogrficas sendo que a unidade bsica de medida na acupuntura o
cun. O cun e obtido atravs da medida dos dedos da mo do paciente. A somatria da largura
do indicador com o dedo mdio ao nvel da articulao interfalangiana de 1,5 cun. A medida
de 1.0 cun pode ser obtida atravs da largura do polegar ao nvel da articulao interfalngica,
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ou atravs da medida entre as duas dobras da falange media do dedo mdio este se
encontrando em contato com a ponta do polegar. Atravs destas medidas possvel localizar
pontos e canais em todo o corpo do paciente (LIAN, 2005).
3.9 AGULHAS DE ACUPUNTURA
A agulha utilizada pelos acupunturistas a extrapolao aperfeioada da stima agulha
das 9 agulhas antigas, cada uma destas 9 agulhas antigas possuem um nome e uma forma
diferente.
1 - Agulha Chan (flecha), possui 1,6 cun de comprimento, e tem sua utilizao nas
perturbaes externas que penetram no corpo, esta possui uma ponta em forma de
flecha e utilizada no nvel da pele.
2 - Agulha Yuan (cilndrica), 1,6 cun de comprimento, serve para massagens
superficiais