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Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento “Estudo da População Idosa de São José dos Campos com vista ao Planejamento Urbano” Maria Aparecida Bezerra da Cunha Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Planejamento Urbano e Regional. São José dos Campos, SP 2004

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  • Universidade do Vale do Paraba

    Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

    Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista ao

    Planejamento Urbano

    Maria Aparecida Bezerra da Cunha

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional, como complementao dos crditos necessrios para obteno do ttulo de Mestre em Planejamento Urbano e Regional.

    So Jos dos Campos, SP 2004

  • Universidade do Vale do Paraba

    Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento

    Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista

    ao Planejamento Urbano

    Maria Aparecida Bezerra da Cunha

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional, como complementao dos crditos necessrios para obteno do ttulo de Mestre em Planejamento Urbano e Regional. Orientadora: Prof Dr Friedhilde Maria Kustner Manolescu

    So Jos dos Campos, SP 2004

  • C979e Cunha, Maria Aparecida Bezerra da

    Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista ao Planejamento Urbano/ Maria Aparecida Bezerra da Cunha. So Jos dos Campos: UniVap, 2004. 129p.: il.; 31cm. Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraba, 2004.

    1.Envelhecimento da populao 2. So Jos dos Campos 3. Planejamento urbano I. Manulesco, Friedehilde Maria Kustner, Orient. II. Ttulo

    CDU:711.4:314

    Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou

    parcial desta dissertao, por processo fotocopiadores ou transmisso eletrnica.

    Assinatura da aluna:

    Data:

  • Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista ao

    Planejamento Urbano

    Maria Aparecida Bezerra da Cunha

    Banca Examinadora

    Profa. Dra. Maria de Lourdes Neves de Oliveira Kurkdjian (Univap)________________

    Profa. Dra. Friedhilde Maria Kustner Manolescu (Univap)________________________

    Profa. Dra. Cilene Gomes (Univap)__________________________________________

    Profa. Dra. Edna Maria Querido de Oliveira Chamon (Unitau)_____________________

    Prof. Dr. Marcos Tadeu Tavares Pacheco

    Diretor do IP&D

    So Jos dos Campos, 4 de maio de 2004

  • Dedicatria

    Dedico este trabalho aos idosos da

    Cidade de So Jos dos Campos.

  • Agradecimentos

    Ao Jos Maria da Silva Carvalho Jnior, meu companheiro, por tudo;

    professora Elizabeth de Moraes Liberato, pelo incentivo, confiana e recomendao;

    Ao professor Samuel Roberto Ximenes Costa, pela confiana e recomendao;

    professora Friedhilde Maria Kustner Manolescu, pela confiana e orientao;

    s professoras Maria de Lourdes Neves de Oliveira Kurkdjian e Cilene Gomes, pelas

    contribuies no exame de qualificao;

    Aos professores Mrio Valrio Filho, Sandra Maria Fonseca da Costa e demais

    professores do curso de Mestrado em Planejamento Urbano e Regional da Univap, pela

    ateno, compreenso e amizade;

    Maurlio de Oliveira, pela ajuda e incentivo;

    Aos vereadores: Adriana Prado, Alosio Petiti (in memoriam), Amlia Naomi, Cristiano

    Pinto Ferreira, Cristovo Gonalves, Dilermano Di, Giba Ribeiro, Hlio Nishimoto,

    Joo Bezerra, Manoel de Lima, Maria Izlia, Mauro Kano, Miranda Ueb, Neusa do

    Carmo, Roberto Barbosa, Walter Hayashi, a Ansio de Arantes Gonalves vice-

    presidente do Sindicato dos Servidores Pblicos Federais na rea de Cincia e

    Tecnologia do Vale do Paraba-SINDCT, a Myrza Salvador Zonzini coordenadora do

    Centro de Atividades para a Terceira Idade-CATIVA, a Diva Maria da Silva Santos

    representante do segmento idoso da Secretaria de Desenvolvimento Social, a Maria

    Auxiliadora Bezerra da Cunha e a Lcia Helena da Silva Zani, pela reproduo dos

    questionrios;

    Carolina Donatelli Catoira da Silva Carvalho, Alice Teixeira Albuquerque, Geralda

    Pereira Costa, Maria Cristina Pinto, Ktia Maria Deola, Carolina Maria Lanzoni, Teresa

    Braslia da Cunha Pinto Domingues, Sirlei Marques das Dores Mello, Myrza Salvador

    Zonzini, Hosana Maria Rezende Bueno, Luciana Santiago, Lcia Helena da Silva Zani,

    Julia Donatelli Catoira Csar de Medeiros, Rosa Ester de Quadros Borba, Maria Ins de

    Andrade Ambrosio, Fanny Istamati, Maria de Ftima Bezerra da Cunha, Eduardo

    Pontes, Rosemar de Moraes, Stela Maris Nolasco Oliveira, Nilza Souza Silva Gatto,

  • Maria Conceio Silva, Ana Rita da Silva Cardoso, Maria Piedade Grigoletto, Jupira

    Maria Vidal de Moraes, Ana Aparecida Soares de Camargo, Benedita Clia de Oliveira,

    Alair Campos do Amaral, Ana Nazar Ferro Velly, Carlinda de Arajo Ferreira, Neuza

    Maria dos Santos, Fbia Rmoli, Adamo Pasquarelli, Maria Aparecida Fascina, Neusa

    da Silva e Maria de Deus Bezerra da Cunha, pela colaborao na realizao das

    entrevistas;

    Aos 1.426 idosos que participaram da pesquisa;

    Maria Auxiliadora Bezerra da Cunha, pelas aulas de informtica e colaborao na

    organizao e tabulao dos dados;

    Luciana Suckow Borges, pela pacincia, incentivo, colaborao na leitura dos

    programas do IBGE e na elaborao dos mapas;

    Ao Sr. Adamo Pasquarelli, pela reviso verncula;

    Rosana Spessoto Leite Bastos e Camila Spessoto Leite Bastos, pela reviso do

    abstract;

    A todos que direta ou indiretamente, que por esquecimento no foram citados

    nominalmente, contriburam para a realizao desse trabalho;

    E a Deus, por ter colocado todas essas pessoas no meu caminho.

  • Embora ningum possa voltar atrs e

    fazer um novo comeo,

    qualquer um pode comear agora e

    fazer um novo fim.

    (Chico Xavier)

  • Resumo

    O presente estudo aborda questes relativas ao envelhecimento humano e ao

    planejamento urbano. Est fundamentado numa pesquisa realizada, atravs da aplicao

    de questionrios, com a populao idosa residente na rea urbana da cidade de So Jos

    dos Campos-SP. Rene e analisa os dados relativos a essa populao e a sua

    distribuio espacial, como tambm caracteriza e traa o seu perfil scio econmico. O

    desenvolvimento e a anlise do presente so amparados pelos dados censitrios de

    1980,1991 e 2000. Esses dados foram comparados com os do Brasil e os do Estado de

    So Paulo. O conjunto das informaes acima referidas, proporciona uma viso

    abrangente da realidade atual da populao idosa. Observa-se que o envelhecimento

    populacional fenmeno recente, porm mundial e suscita transformaes em todas as

    sociedades e em todos os setores sociais. A esperana de vida cresceu mundialmente

    trazendo, como conseqncia, a maior longevidade e um processo rpido de

    envelhecimento que reflete a diminuio das taxas de fertilidade, natalidade e

    mortalidade. O envelhecimento populacional caminha paralelamente urbanizao da

    populao. Portanto, repensar o urbano buscando atender s especificidades da

    crescente demanda idosa, proporcionar uma melhor qualidade de vida que beneficiar

    a sociedade como um todo. O envelhecimento se apresenta como um processo dinmico

    e vital da vida que se modifica incessantemente. O planejamento tambm se apresenta

    como um processo social dinmico e necessrio ao homem e sociedade. A incluso

    social leva em considerao as necessidades dos usurios e as condies fsicas do seu

    ambiente externo. A urbanizao e a modernizao tm sido, via de regra, desigual e

    aparentemente desordenada o que explica, no Brasil, coexistirem diferentes tempos

    histricos em um mesmo espao geogrfico. Deve-se ONU o fornecimento dos dados

    da populao idosa. A Europa concentra a maior populao idosa do mundo. Em

    seguida vem a sia, a Amrica Latina e o Caribe, e a frica tambm com ndices

    expressivos. Segundo projees, em 2050, os idosos representaro 21,4% da populao

    mundial.

    Palavras chave: Envelhecimento Populacional, Planejamento Urbano, So Jos dos

    Campos.

  • Abstract

    The following essay approaches questions related to human aging and urban planning. It

    is based on a research, done by questionnaire application method, with the elderly

    population living in the urban area of So Jos dos Campos city, So Paulo State. It

    gathers the population analyses on its spatial distribution data, as also characterizes and

    defines its social economical profile. The development and analysis of the study are

    based on enumeration area data from 1980, 1991 and 2000. These facts were compared

    with the ones from Brazil and the ones from So Paulo State. All information mentioned

    above proportionates a wide vision of elderly population current reality. Despite

    population aging is a recent phenomena, it has a global aspect and stimulates changes in

    all societies and in every social area. Life expectation has risen all over the world

    bringing, as a consequence, bigger longevity and a quick aging process what reflects the

    decrease of fertility, birth and mortality rate. Population aging walks side by side with

    population urbanization. So, to discuss the urban aspect trying to provide the increasing

    specific needs of elderly population is to make possible a better life quality that will

    bring benefits for global society. Aging process appears to be a dynamic and vital

    process of life that changes itself incessantly. Urban planning also presents itself as a

    necessary and dynamic social process to mankind and society. The social inclusion

    considers usuries needs and the physical conditions of external environment.

    Urbanization and modernization have been, usually, unequal and apparently disordered

    what explains, in Brazil, different historical ages existing at the same time and at a same

    geographical area. UN (United Nations Organization) provided elderly population data.

    Europe contains the biggest elderly population of the world, followed by Asia, Latin

    America and Caribbean, and Africa also with notable rates. According to projections, in

    2050, the elderly people will stand for 21,4% of world population.

    Key Words: Population Aging, Urban Planning, So Jos dos Campos.

  • Sumrio

    1. INTRODUO

    1.1 Consideraes Gerais .......................................................................... 1

    1.2 Justificativa .......................................................................................... 2

    1.3 Objetivos ............................................................................................. 3

    1.4 Metodologia ........................................................................................ 3

    1.5 Estrutura do Trabalho .......................................................................... 8

    2. ENVELHECIMENTO HUMANO E PLANEJAMENTO URBANO

    2.1 O Ciclo da Vida ................................................................................... 9

    2.1.1 Os Conceitos do Envelhecer ............................................................... 12

    2.1.2 Causas e Conseqncias do Envelhecimento Humano ....................... 15

    2.2 O Espao ............................................................................................. 21

    2.2.1 A Cidade .............................................................................................. 22

    2.2.2 O Planejamento Urbano ...................................................................... 23

    2.2.3 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado PDDI em So Jos

    dos Campos SP. ................................................................................

    25

    2.3 Envelhecimento Populacional e Urbanismo ....................................... 27

    3. A DEMOGRAFIA DO ENVELHECIMENTO

    3.1 Panorama Mundial .............................................................................. 32

    3.1.1 Perspectiva para a Populao Idosa .................................................... 35

    3.2 Panorama Brasileiro ............................................................................ 37

    3.3 Panorama do Estado de So Paulo ...................................................... 47

    4. CARACTERIZAO SCIO ECONMICA DA POPULAO IDOSA

    NO MUNICPIO DE SO JOS DOS CAMPOS

    4.1 Histrico ................................................................................................. 52

    4.2 Aspectos populacionais .......................................................................... 53

    4.3 Perfil Scio Econmico da Populao Idosa Urbana do Municpio de So Jos dos Campos ...............................................................................

    69

  • 4.3.1 Idade ........................................................................................................ 69

    4.3.2 Sexo ........................................................................................................ 70

    4.3.3 Estado civil ............................................................................................ 70

    4.3.4 Naturalidade ........................................................................................... 71

    4.3.5 Posio na famlia ................................................................................. 72

    4.3.6 Grau de instruo ................................................................................... 72

    4.3.7 Dependente ............................................................................................. 73

    4.3.8 Depende .................................................................................................. 74

    4.3.9 Trabalha .................................................................................................. 75

    4.3.10 Tipo de trabalho .................................................................................... 76

    4.3.11 Rendimentos mensais ............................................................................ 76

    4.3.12 Tem convnio ou plano de sade ......................................................... 78

    4.3.13 Utiliza-se de servios mdicos freqncia ........................................ 79

    4.3.14 Tipos de doenas consultadas ............................................................... 79

    4.3.15 No seu domiclio tem .......................................................................... 80

    4.3.16 Tipo de habitao .................................................................................. 81

    4.3.17 Condio de ocupao do imvel ......................................................... 82

    4.3.18 Atividades fsicas .................................................................................. 82

    4.3.19 Atividades sociais .................................................................................. 83

    4.3.20 Atividades de lazer ................................................................................ 84

    4.3.21 Problemas que voc enfrenta na cidade devido a sua idade ................... 85

    4.4 Concluso ............................................................................................... 88

    5. CONSIDERAES FINAIS .............................................................. 94

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................. 100

    ANEXO A Questionrio .................................................................................... 105

    ANEXO B Relaes de Grupos de Convivncia .............................................. 109

    ANEXO C reas de Abrangncia Plantes Sociais .......................................... 115

    ANEXO D Banco de Dados (CD-ROM) .......................................................... 128

  • LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 Populao residente com 60 anos ou mais de idade por situao

    de domiclio ....................................................................................

    5

    Tabela 2.1 Taxa de natalidade e mortalidade mundial 1950/2000 ................... 17

    Tabela 2.2 Estimativas da esperana de vida ao nascer mundial ..................... 17

    Tabela 3.1 Populao de 60 anos ou mais de idade 1950/2000 ....................... 35

    Tabela 3.2 Projees para a populao de 60 anos ou mais de idade

    2010/2050 .......................................................................................

    35

    Tabela 3.3 Populao e projees da populao mundial de 0 a 14 anos de

    idade ................................................................................................

    36

    Tabela 3.4 Populao e projees da populao mundial de 65 anos ou mais

    e de 80 anos ou mais de idade ........................................................

    37

    Tabela 3.5 Taxas de natalidade, fertilidade e mortalidade no Brasil

    1950/2000 .......................................................................................

    38

    Tabela 3.6 Populao e projees da populao brasileira de 60 anos ou mais

    de idade ...........................................................................................

    38

    Tabela 3.7 Populao e projees da populao brasileira de 0 a 14 anos de

    idade ................................................................................................

    39

    Tabela 3.8 Populao e projees da populao brasileira de 65 anos ou mais

    e de 80 anos ou mais de idade ........................................................

    40

    Tabela 3.9 Distribuio da populao brasileira total e idosa por situao de

    domiclio .........................................................................................

    40

    Tabela 3.10 Distribuio da populao brasileira idosa por grupos de idade e

    situao de domiclio ......................................................................

    41

    Tabela 3.11 Esperana de vida no Brasil ............................................................ 42

  • Tabela 3.12 Distribuio da populao brasileira idosa por grupos de idade e

    sexo 2000 ........................................................................................

    43

    Tabela 3.13 Distribuio da populao brasileira urbana total e idosa por

    regies 2000 ....................................................................................

    44

    Tabela 3.14 Distribuio da populao brasileira idosa responsvel pelo

    domiclio por grupos de idade e sexo 2000 ....................................

    46

    Tabela 3.15 Distribuio da populao no Estado de So Paulo total e idosa

    por situao de domiclio ................................................................

    48

    Tabela 3.16 Distribuio da populao idosa no Estado de So Paulo por

    grupos de idade e sexo 2000 ...........................................................

    49

    Tabela 3.17 Distribuio da populao idosa do Estado de So Paulo

    responsvel pelo domiclio por grupos de idade e sexo 2000 ........

    50

    Tabela 4.1 Populao residente no municpio de So Jos dos Campos

    1950/2000 .......................................................................................

    54

    Tabela 4.2 Distribuio da populao residente no municpio de So Jos

    dos Campos por situao de domiclio 1950/2000 .........................

    54

    Tabela 4.3 Taxa de natalidade e mortalidade no municpio de So Jos dos

    Campos 1950/2000 .........................................................................

    56

    Tabela 4.4 Populao com 60 anos ou mais de idade residente no municpio

    de So Jos dos Campos 1980/2000 ...............................................

    56

    Tabela 4.5 Distribuio espacial da populao idosa urbana no municpio de

    So Jos dos Campos 2000 .............................................................

    58

    Tabela 4.6 Distribuio da populao idosa no municpio de So Jos dos

    Campos por grupos de idade e sexo 2000 ......................................

    62

    Tabela 4.7 Idosos responsveis pelos domiclios no municpio de So Jos

    dos Campos ....................................................................................

    62

    Tabela 4.8 Escolaridade dos idosos responsveis pelos domiclios no

    municpio de So Jos dos Campos por anos de estudo e sexo ......

    67

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Participao e distribuio da amostra por regio ................................ 5

    Figura 1.2 Fluxograma das atividades ................................................................... 7

    Figura 3.1 Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsvel pelo domiclio por grupos de idade no Brasil 2000 ......................................

    47

    Figura 3.2 Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsvel pelo domiclio por grupos de idade no Estado de So Paulo 2000 ..............

    51

    Figura 4.1 Populao residente no municpio de So Jos dos Campos com 60 anos ou mais de idade por situao de domiclio .................................

    57

    Figura 4.2 Distribuio da populao idosa no municpio de So Jos dos Campos por sexo ..................................................................................

    61

    Figura 4.3 Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsvel pelo domiclio por grupos de idade no municpio de So Jos dos Campos 2000 ......................................................................................................

    64

    Figura 4.3.1 Distribuio por grupos de idade .......................................................... 69

    Figura 4.3.2 Distribuio por sexo ............................................................................ 70

    Figura 4.3.3 Distribuio por estado civil ................................................................. 70

    Figura 4.3.3.1 Distribuio dos idosos, casados, por regio ........................................ 71

    Figura 4.3.4 Distribuio por naturalidade ............................................................... 71

    Figura 4.3.5 Distribuio por posio ocupada na famlia ....................................... 72

    Figura 4.3.6 Distribuio por grau de instruo ........................................................ 72

    Figura 4.3.6.1 Distribuio dos idosos, com 4 anos de estudo, por regio .................. 73

    Figura 4.3.7 Distribuio da dependncia ................................................................. 73

    Figura 4.3.8 Distribuio dos dependentes ............................................................... 74

    Figura 4.3.8.1 Distribuio dos idosos, sem dependentes, por regio ......................... 74

  • Figura 4.3.9 Distribuio dos que trabalham e dos que no trabalham .................... 75

    Figura 4.3.9.1 Distribuio dos idosos, que no trabalham, por regio ....................... 75

    Figura 4.3.10 Distribuio por tipo de trabalho .......................................................... 76

    Figura 4.3.11 Distribuio por sexo, faixa de rendimento e sem rendimento ............ 77

    Figura 4.3.11.1 Distribuio dos idosos, por faixa de rendimento e sem rendimento, por regio ..............................................................................................

    77

    Figura 4.3.12 Distribuio por convnio mdico ou plano de sade .......................... 78

    Figura 4.3.12.1 Distribuio dos idosos, que utilizam a rede pblica de sade, por regio ....................................................................................................

    78

    Figura 4.3.13 Distribuio segundo a utilizao dos servios mdicos ...................... 79

    Figura 4.3.14 Distribuio por um tipo de doena e + de uma doena ....................... 79

    Figura 4.3.15 Distribuio segundo bens nos domiclios ........................................... 80

    Figura 4.3.16 Distribuio por tipo de habitao ........................................................ 81

    Figura 4.3.16.1 Distribuio dos idosos, por tipo de habitao casa isolada, por regio ....................................................................................................

    81

    Figura 4.3.17 Distribuio por condio de ocupao do imvel ............................... 82

    Figura 4.3.18 Distribuio por atividades fsicas ........................................................ 82

    Figura 4.3.18.1 Distribuio dos idosos, que no praticam atividades fsicas, por regio ....................................................................................................

    83

    Figura 4.3.19 Distribuio por atividades sociais ....................................................... 83

    Figura 4.3.19.1 Distribuio dos idosos, com mais de uma atividade social, por regio ....................................................................................................

    84

    Figura 4.3.20 Distribuio por atividades de lazer ..................................................... 84

    Figura 4.3.21 Distribuio dos problemas por tema .................................................. 85

    Figura 4.3.21.1 Distribuio dos temas, por regio ....................................................... 86

  • LISTA DE MAPAS

    Mapa 4.1 Distribuio espacial da populao total e proporo da populao idosa

    residente, na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos por regio

    2000 ............................................................................................................

    59

    Mapa 4.2 Distribuio espacial da populao idosa residente, por setores censitrios,

    na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos 2000 .....................

    60

    Mapa 4.3 Distribuio espacial da populao idosa responsvel pelo domiclio, por

    setores censitrios, na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos

    2000 ...............................................................................................................

    63

    Mapa 4.4 Distribuio espacial da populao idosa analfabeta, por setores

    censitrios, na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos

    2000................................................................................................................

    66

    Mapa 4.5 Distribuio espacial da populao idosa analfabeta responsvel pelo

    domiclio, por setores censitrios, na rea urbana do municpio de So Jos

    dos Campos 2000 .......................................................................................

    68

  • 1. INTRODUO

    1.1 Consideraes Gerais

    A velhice est se tornando uma questo fundamental para o planejamento das

    polticas pblicas e desafio poltico para o sculo XXI. A Organizao das Naes

    Unidas - ONU (2002a) considera que as polticas para o desenvolvimento sero

    ineficientes se no priorizarem a busca de alternativas para as demandas de uma

    sociedade envelhecida.

    O aumento da populao idosa no decorrer das ltimas dcadas um fenmeno

    mundial, uma evidente realidade na sociedade brasileira e em particular no municpio de

    So Jos dos Campos.

    Fruto da diminuio das taxas de natalidade e mortalidade e do aumento dos

    ndices de expectativa de vida, o crescimento demogrfico da populao idosa alterou a

    estrutura etria da populao brasileira. Verifica-se que o aumento da populao idosa

    maior que o das outras faixas etrias, fato este que ocasiona um impacto e exige

    respostas s novas demandas sociais.

    Essas demandas acarretam presses no sistema de assistncia, previdncia social,

    sade, educao, trabalho e planejamento urbano. Isso significa uma necessidade de

    adequao dos sistemas poltico, econmico e social nova realidade do Pas.

    O fenmeno do envelhecimento recente, porm seus impactos sero profundos,

    incidiro sobre todos os setores da sociedade e j se fazem sentir nas condies de vida

    de uma parcela cada vez maior da populao.

    Os idosos, agora, com sua mobilidade reduzida, num misto de limites adquiridos

    e limites impostos, se deparam no somente com as barreiras sociais e culturais, mas

    tambm com as barreiras fsicas do espao construdo. Portanto, pensar a questo da

    incluso e da acessibilidade do idoso questionar as transformaes das cidades em

    funo da emergncia deste contingente de pessoas idosas que ganham maior vigor e se

    colocam como realidade num cenrio vivo do qual todos fazemos parte.

  • 2

    Viver mais e ser parte de um grande contingente populacional no significam

    apenas durar mais. O grande desafio o de viver com qualidade e ter acesso, atravs da

    participao, ao exerccio da cidadania.

    1.2 Justificativa

    A qualidade de vida, ou viver com qualidade uma construo pessoal que

    depende de fatores biolgicos, psicolgicos, culturais, sociais e econmicos. Fatores

    determinados pelo espao e pelo tempo que devem ser considerados pelo planejamento

    urbano.

    Podemos relacionar a busca por melhorias na qualidade de vida com o ciclo

    motivacional que comea com o surgimento de uma necessidade humana que segundo

    Maslow (apud CHIAVENATO, 1988) esto dispostas em uma hierarquia, a saber:

    Necessidades fisiolgicas (ar, comida, repouso, abrigo, etc.); Necessidades de segurana (proteo contra o perigo ou privao); Necessidades sociais (amizade, incluso em grupos etc.); Necessidades de estima (reputao, reconhecimento, respeito, amor etc.); Necessidades de auto-realizao (realizao do potencial, utilizao dos

    talentos individuais etc).

    Para a satisfao dessas necessidades bsicas deve-se priorizar a adequao da

    alimentao, da habitao, do lazer, do transporte, do trabalho e da acessibilidade para

    assegurar a sobrevivncia da espcie humana com peculiaridades de todas as idades.

    A no satisfao dessas necessidades pode ter como conseqncia a excluso ou

    o isolamento do ser humano da sociedade.

    O crescimento da populao idosa deve provocar mudanas na sociedade e

    produzir novas demandas para todos os setores sociais.

    O grande desafio das sociedades possibilitar a participao social e a integrao

    dessa populao que envelhece, para o exerccio da cidadania.

    A Lei 8.842/94 que dispe sobre a Poltica Nacional do Idoso, criou normas em

    todos os setores, para o atendimento integral ao idoso, garantindo autonomia, integrao

    na vida socioeconmica e participao efetiva como instrumento de cidadania. Essa Lei

  • 3

    envolve assistncia social, sade, turismo, planejamento urbano especialmente no que

    se refere habitao e acessibilidade e objetiva criar condies para promover a

    longevidade com qualidade de vida para os idosos atuais e para os que vo envelhecer.

    A organizao e coordenao do espao urbano se fazem necessrias. Devem-se

    buscar situaes adequadas ao desenvolvimento humano, viabilizando a acessibilidade

    aos bens e servios que proporcionem uma melhor qualidade de vida para todos.

    O municpio de So Jos dos Campos, incluindo os distritos de Eugnio de

    Mello e So Francisco Xavier, registrava de acordo com o censo 2000, 35.492 idosos,

    isto , pessoas com 60 anos ou mais de idade. Apesar deste nmero representar 6,6% da

    populao total, inexistente a caracterizao desta populao na cidade.

    O estudo da condio do idoso requer a anlise de uma gama complexa e ampla

    de variveis, pois relaciona-se com vrias reas de conhecimento humano.

    Esse trabalho limita-se a uma pesquisa de campo, com anlise descritiva e

    exploratria, que tem por finalidade fornecer informaes que possam subsidiar a

    elaborao de planos urbanos, criar um banco de dados que instrumentalize a poltica

    municipal do idoso e contribuir para o conhecimento da realidade da populao idosa

    residente na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos.

    1.3 Objetivos

    Geral: Caracterizar a dimenso social e econmica, da populao de 60 anos ou

    mais de idade residente na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos;

    Especficos: Verificar a distribuio espacial da populao idosa; Auxiliar o

    planejamento urbano, a organizao e o desenvolvimento de aes e programas

    destinados populao idosa residente na rea urbana do municpio de So Jos dos

    Campos.

    1.4 Metodologia

    O mtodo um instrumento de anlise, uma maneira de abordar a realidade e de

    estudar os fenmenos da natureza e da sociedade.

  • 4

    A fim de melhor captar os elemento pertinentes ao fenmeno em estudo,

    utilizou-se o mtodo qualitativo de pesquisa, o qual, pelas suas caractersticas, permitiu

    a flexibilidade, a abertura e a profundidade do tema estudado. O estudo qualitativo foi

    realizado mediante a analise de questionrios individuais em profundidade, buscando

    relatar aspectos pessoais, existenciais, e a participao em atividades de cunho social e

    econmico.

    O mtodo estatstico tambm foi utilizado por permitir a obteno da

    representao, populao idosa, a verificao de suas relaes e a anlise comparativa

    com a populao total da cidade. Esse mtodo reduz os fenmenos a termos

    quantitativos e as manipulaes estatsticas, que permitem comprovar as relaes dos

    fenmenos entre si, e obter generalizaes sobre sua natureza, ocorrncia ou

    significado.

    Buscando identificar o grau de conhecimento, comportamentos, hbitos e

    opinies, aplicou-se o mtodo quantitativo por oferecer informaes mais objetivas.

    As tcnicas empregadas para a elaborao desse estudo foram:

    A) Pesquisa Bibliogrfica;

    B) Pesquisa e anlise de dados secundrios: do Instituto Brasileiro de Geografia

    e Estatstica IBGE; da Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados

    FSEADE; da Organizao das Naes Unidas ONU; do Instituto de

    Pesquisa Econmica Aplicada IPEA.

    C) Pesquisa de Campo, utilizando como instrumento para a coleta de dados um

    questionrio (anexo A) contendo vinte questes fechadas e uma questo

    aberta, que foram preenchidos atravs de entrevistas, no perodo de junho a

    setembro de 2003. Representando uma populao de 34.681 idosos, com 60

    anos ou mais de idade, residente na rea urbana de So Jos dos Campos e do

    distrito de Eugnio de Melo, obteve-se uma amostra com 95% de grau de

    confiana com uma margem de erro de 2,5% para mais ou para menos,

    perfazendo um total de 1.426 entrevistados.

    Os dados populacionais do municpio de So Jos dos Campos englobam os

    distritos de Eugnio de Melo e So Francisco Xavier, a Tabela 1.1 apresenta a

    populao idosa do municpio de So Jos dos Campos e dos seus distritos por situao

    de domiclio.

  • 5

    Tabela 1.1 Populao residente com 60 anos ou mais de idade por situao de

    domiclio

    Ano 2000 Total Urbana

    Absoluto %

    Rural

    Absoluto %

    So Jos dos Campos 32.377 31.924 98,60 453 1,40

    Eugnio de Melo 2.757 2.757 100 --- ---

    So Francisco Xavier 358 137 38,27 221 61,73 Fonte: IBGE (SIDRA)

    Apresentamos a Tabela 1.1 para esclarecimento dos dados quantitativos. Os

    dados apresentados em mapas e nos resultados das entrevistas incluem a populao

    idosa urbana de So Jos dos Campos e do distrito de Eugnio de Melo.

    A diviso regional do municpio de So Jos dos Campos, no oficial e os

    dados apresentados pelo IBGE so por setores censitrios.

    Para incluirmos nesse trabalho a diviso regional de So Jos dos Campos,

    buscando maior fidedignidade e exatido, utilizamos a relao das reas de abrangncia

    da Secretaria de Desenvolvimento Social (anexo B), a distribuio regional elaborada

    por BORGES (2003) e os dados por setores censitrios do programa ESTATCART do

    IBGE censo 2000.

    As entrevistas cobriram todas as regies do municpio de So Jos dos Campos,

    conforme distribuio apresentada na Figura 1.1, tendo como referncia a populao

    idosa levantada pelo IBGE, censo 2000, conforme Mapa 4.1 da pgina 59.

    1,19% 13,11%14,45%

    17,04%

    19,85%34,36%

    Central Leste Norte Oeste Sudeste Sul

    Figura 1.1 Participao e distribuio da amostra por regio

  • 6

    A regio de maior amostra a regio Sul, sendo que 5,68% dos entrevistados

    residem no Jardim Satlite e 4,77% no Bosque dos Eucaliptos. J a regio Oeste, de

    menor amostra, o bairro de maior abrangncia foi o Jardim das Indstrias com 0,49%

    dos entrevistados.

    As entrevistas foram realizadas nos seguintes locais e respectivas regies:

    Grupos de Convivncia da Terceira Idade:

    1. Do Amor Regio Central 2. Tempo de Viver Regio Sudeste

    3. Pr do Sol I Regio Leste 4. Pr do Sol II - Regio Leste

    5. Da Paz Regio Leste 6. Renascer - Regio Leste

    7. Viver a Vida I - Regio Norte 8. Viver a Vida II - Regio Norte

    9. Reviver - Regio Sul 10. Lrio do Vale I - Regio Sul

    11. Lrio do Vale II - Regio Sul 12. Optar Regio Central

    13. Magnificat Regio Sudeste 14. Cativa Regio Central

    15. Estrela Dalva Regio Sul 16. Vida e Esperana Regio Sul

    17. Reviver (So Lucas) Regio Sul 18. Vila de Assistncia e Proteo dos

    Idosos Regio Sul

    19. Anos Dourados Regio Sul 20. SESC Regio Central

    21. SESI Regio Sul 22. Monte Tabor Regio Sul

    23. Santa Terezinha Regio Sul 24. Vida Renovada Regio Leste

    Abrigos:

    1. Asilo Recanto

    So Joo de Deus

    Regio Norte

    2. Lar So Vicente

    de Paulo Regio

    Norte

    3. Casa de Repouso

    e Apoio Geritrico

    V Laura Regio

    Leste

    4. Hospital

    Geritrico

    Vicentina Aranha

    Regio Central

    Outros:

    1. Associao dos Aposentados

    e Pensionistas de So Jos dos

    Campos Regio Central

    2. Faculdade da

    Terceira Idade

    Univap Regio

    Central

    3. Domiclios 4. Locais

    Pblicos

  • 7

    As entrevistas, em sua maioria, foram realizadas pelos coordenadores dos grupos

    e das instituies citadas, cuja relao com os endereos e nomes encontra-se no anexo

    C.

    Os dados obtidos com as entrevistas possibilitaram a criao de um banco de

    dados, elaborado no programa Microsoft Excel, contendo duas planilhas, sendo a Plan

    1 Dados Coletados que foram gerados com a tabulao de cada questionrio e a Plan 2

    Legenda do questionrio para a leitura dos dados. (anexo D)

    O processo e detalhamento das atividades podem ser observados no fluxograma

    apresentado na Figura 1.2.

    PesquisaBibliogrfica

    Coleta dos Questionrios

    Concluses

    Caracterizao

    Anlise dos Dados

    Criao do Banco de Dados

    Tabulao dos dados Coletados

    Aplicao dosQuestionrios

    Elaborao do Questionrio

    Levantamento Populacional

    Levantamento de Instituiese

    Grupos Especficos

    Levantamento Scio Econmico

    Coleta de Dados

    Escolha da rea de Estudo

    Escolha do Tema

    Figura 1.2 Fluxograma das atividades

  • 8

    1.5 Estrutura do Trabalho

    Este trabalho apresentado dividido em cinco ttulos, sendo o ttulo 1 esta

    introduo.

    O ttulo 2 refere-se reviso bibliogrfica e tem como objetivo analisar o

    envelhecimento humano com vista ao Planejamento Urbano.

    No ttulo 3 esto as informaes sobre o panorama da demografia do

    envelhecimento e como se distribui esta populao idosa no mundo, no Brasil e no

    Estado de So Paulo.

    Apresentamos no ttulo 4 a caracterizao scio econmica dos idosos residentes

    no municpio de So Jos dos Campos e o perfil dessa populao traado com os

    resultados da pesquisa.

    No ttulo 5 esto colocadas as consideraes finais do trabalho.

  • 9

    2. ENVELHECIMENTO HUMANO E PLANEJAMENTO

    URBANO

    2.1 O Ciclo da Vida

    Recentemente tem aumentado o nmero de estudos que analisam a relao entre

    o tempo, a idade e o ciclo de vida. A partir da dcada de 70 estudos referentes

    populao com idade superior a 60 anos ganharam notoriedade, pois houve um aumento

    mundial dessa populao nos ltimos anos.

    Os primeiros estudos investigaram apenas a velhice, considerando o avano da

    idade como um problema.

    A maior parte das pesquisas, feita em instituies para idosos, levou concluso

    de que a velhice um perodo desolador, de rejeio, de solido, de doenas, de

    dependncia econmica e que requer uma enorme quantidade de servios de apoio.

    medida que o estudo sobre o ciclo de vida passou a interessar a um maior

    nmero de pesquisadores, estes passaram a empregar amostras de populaes de

    diferentes faixas etrias, classes sociais, profisses, culturas e os resultados obtidos

    levaram a uma mudana na anlise do desenvolvimento humano.

    Uma dessas mudanas foi que o modelo empregado, at ento, no era adequado.

    Apoiados na teoria psicanaltica, a qual postula que os traumas vividos pelo indivduo,

    na infncia, determinam seu desenvolvimento emocional futuro, os tericos analisavam

    apenas a histria de vida do sujeito.

    Alguns estudos mostraram que, durante o ciclo de vida, as mudanas

    psicolgicas so contnuas. Conseqentemente, a realidade psicolgica do adulto no

    pode ser analisada simplesmente projetando os problemas e as caractersticas que o

    indivduo apresentou na infncia.

    A maior parte dos estudos sobre o desenvolvimento do adulto utiliza a teoria do

    desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson (apud BARROS, 1999), conhecida como

    a teoria das oito idades do homem. Na stima idade, que vai dos 30 aos 60 anos,

    considera que o adulto est na idade da generatividade versus estagnao. Criar uma

  • 10

    nova gerao, cuidar e orientar os mais novos o significado atribudo palavra

    generatividade.

    Fala-se muito da dependncia das crianas em relao aos adultos e quase nada

    se diz sobre a necessidade que sentem as pessoas maduras de se saberem responsveis

    por crianas e jovens. O adulto precisa sentir-se necessrio. Quando isso no acontece,

    ocorre uma sensao de estagnao e de infecundidade.

    Na oitava idade, aps os 60 anos, a pessoa vive a idade da integridade do ego

    versus desesperana. A integridade do ego leva ao senso de unio com a humanidade,

    sabedoria e esperana; a falta de integrao do ego leva ao desespero, ao sentimento

    de que o tempo j curto para a tentativa de experimentar rotas alternativas de vida.

    A teoria de que o processo de socializao contnuo ao longo da vida, o

    embasamento para a afirmao de que o desenvolvimento adulto se processa em

    estgios. Cada sociedade tem um padro de comportamento para cada idade, que obriga

    o indivduo a passar por uma regulagem social do nascimento at a morte.

    Segundo Cria-Sabini (1998) os perodos do ciclo de vida na idade adulta

    seriam: idade adulta jovem, maturidade e velhice.

    No perodo da maturidade ou meia-idade, por volta dos 40/50 anos de idade, h

    uma mudana na perspectiva pessoal do tempo, que reestruturado em termos da outra

    metade do tempo de vida. A questo no mais sobre os 40 ou 50 anos de vida

    passados, questiona-se: Quanto tempo ainda resta pela frente? O que pode ser feito para

    viver melhor? Como no perder o que ainda resta? Como no ser considerado

    ultrapassado em todas as atividades e relaes estabelecidas?

    Essas reflexes conduzem a um aumento da introspeco e da reflexo sobre si

    mesmo e a pessoa passa a reinterpretar seu passado e a organizar suas lembranas,

    criando um contexto histrico que lhes dem um significado.

    Para alguns, o crescimento dos filhos e a perspectiva da aposentadoria indicam o

    incio do processo de envelhecimento.

    Ao perceber que os filhos cresceram e no precisam mais da presena constante

    dos pais, as pessoas comeam a tomar conscincia de que no so mais to jovens e

    desenvolvem um sentimento de perda, elas devem agora buscar novas formas de vida

    para utilizar sua disponibilidade de espao e tempo.

  • 11

    Por outro lado h a preocupao com a aposentadoria que est ligada no apenas

    sobrevivncia financeira, mas tambm dificuldade em vencer a perda de prestgio e

    do estilo de vida at ento desenvolvido.

    Por volta dos sessenta anos tem incio, ento, o declnio nas atividades orgnicas

    e mentais, a regresso biolgica. O homem se torna conservador, saudosista e um

    tanto reacionrio, pela falta da participao na dinmica social e do temor pelo destino.

    O desafio para o ego na velhice est na adaptao perda do trabalho, dos

    amigos, do companheiro, da posio social, da autoridade na famlia, e ao

    questionamento, feito pelos outros, sobre a sua competncia fsica e mental para

    executar algumas tarefas. A integridade do ego neste perodo fica mais apoiada no

    passado (o que eu fui, o que eu fiz) do que no presente (o que eu sou).

    Para alguns tericos, os estgios do desenvolvimento do adulto no so aceitos

    baseando suas argumentaes em trs aspectos:

    Primeiro que, a partir da adolescncia, o ritmo dos acontecimentos da vida torna-se menos regular, por isso a vida perde seu costumeiro

    significado social, tornando-se assim, cada vez menos relevante;

    Segundo que as tarefas sociais, problemas e preocupaes, que geralmente so usados para caracterizar os estgios, no pertencem

    exclusivamente a uma faixa etria, mas aparecem e reaparecem ao longo

    da vida. Podem assumir formas diferentes, mas no obedecem a uma

    ordem fixa.

    Terceiro argumento que as mudanas interiores ocorrem vagarosamente, so contnuas e no-discretas. Elas refletem apenas o

    modo como cada um percebe o mundo. Essa percepo resultante do

    processo de aprendizagem social, ao qual qualquer pessoa est sujeita.

    O adulto o construtor da sua dimenso de tempo e de espao. Na sua mente,

    presente e passado constituem uma realidade psicolgica, que organizada a partir de

    diferentes sistemas de valores. Segue-se, da, que descrever a existncia como uma

    seqncia de perodos claramente demarcados (juventude, meia-idade, velhice) um

    jeito de prejudicar a idia da vida, como se ela fosse um conjunto de interaes que

    obedecem a um certo nmero de normas e padres.

  • 12

    As pesquisas com idosos mostram que no h deteriorao no nvel de

    inteligncia daqueles que tm um bom estado de sade. A deteriorao ocorre apenas

    naqueles que apresentam doenas degenerativas do sistema nervoso, ou que passaram a

    viver em ambientes muito pobres em estimulaes.

    medida que a idade avana, o indivduo passa a ter um domnio cognitivo que

    lhe permite criar estratgias eficientes para a resoluo de problemas complexos, cujos

    conceitos envolvidos mantm uma relao de ordem em um nvel mais alto de

    generalizao e abstrao. Evidentemente, quanto maior forem as exigncias ambientais

    (tipo de trabalho desenvolvido, leituras, discusses com outras pessoas, complexidade

    dos problemas), maior ser o desenvolvimento do pensamento formal.

    2.1.1 Os Conceitos do Envelhecer

    Conceituar idoso uma tarefa complexa que envolve critrio cronolgico e

    aspectos biolgicos, psicolgicos e sociais.

    Idoso definido como aquele que tem muitos anos. A palavra velho no deve ser

    utilizada para se referir pessoa, pois considera-se um termo prprio para objetos.

    O envelhecimento definido como o ato ou o efeito de envelhecer, que tomar

    idade, chegar pouco a pouco a um perodo mais avanado da vida ou mesmo tornar-se

    ultrapassado (velho).

    A Organizao Mundial da Sade OMS define a populao idosa como aquela

    a partir dos 60 anos de idade, fazendo uma distino entre Pases desenvolvidos e em

    desenvolvimento. O limite de 60 anos de idade vlido para os Pases em

    desenvolvimento, subindo para 65 anos de idade quando se trata de Pases

    desenvolvidos.

    Na Poltica Nacional do Idoso-PNI, Lei n 8.842 de 04/01/1994 regulamentada

    pelo Decreto n 1948 de 03/07/1996, considera idosa a pessoa maior de sessenta anos de

    idade. Essa lei tem como objetivo assegurar a cidadania ao idoso, bem como sua

    integrao e participao efetiva na sociedade.

    Camarano (et. al. 2002a) questiona o conceito de idoso, dizendo que encontrar

    um critrio de demarcao que permita distinguir um indivduo idoso de um no idoso,

  • 13

    pode suscitar objees do ponto de vista cientfico. Explica que definir idoso como

    aquele que tem muita idade um juzo de valor e que os valores que referendam esse

    juzo dependem de caractersticas especficas da sociedade onde o indivduo est

    inserido. Quando se utiliza a idade cronolgica como critrio de classificao, admite-se

    implicitamente que a idade o parmetro nico e intertemporal de distino procedendo

    como se houvesse homogeneidade na definio de um idoso entre grupos sociais

    diferentes.

    Uma das conseqncias do uso da idade para definir idoso que a sociedade cria

    expectativas em relao aos papis sociais e com o status de idoso exercendo diversas

    formas de coero para que esses papis se cumpram. Na maioria dos Pases

    industrializados, a imposio desses papis indiferenciadamente a todos aqueles que so

    julgados idosos, encontra cada vez menos respaldo em condies orgnicas objetivas, o

    que torna obsoleta a idia de um idoso nico.

    Justifica que o desenvolvimento tecnolgico na medicina, os mecanismos de

    assistncia do estado e a modificao no processo de produo so os elementos que

    criaram as condies para o surgimento e expanso de uma terceira idade ativa.

    Relacionam algumas medidas mais abrangentes que o conceito nico de idoso:

    Diferenciao espacial: vrias caractersticas culturais so compartilhadas por indivduos de uma mesma zona geogrfica; e os limites espaciais podem ser um

    primeiro critrio de diferenciao;

    Diferenciao de grupos sociais: caractersticas como rendimentos, forma de insero na famlia, raa, sexo, nvel educacional, etc, tambm permite maior grau de

    compreenso na anlise do envelhecimento;

    Reconhecimento de uma idade-limite nica: a diviso em idades especficas facilita a distino dos fenmenos que ocorrem nos ciclos de vida social.

    Moreira (2002) explica que usual em demografia, definir os 60 ou 65 anos

    como o limiar que conceitua populao idosa; e que por envelhecimento populacional

    entende-se o crescimento da populao considerada idosa em uma dimenso tal que,

    amplia a sua participao relativa no total da populao.

    Ferreira (2001) explica que a conceituao de idoso possui um grande

    componente subjetivo e influenciado, alm do critrio cronolgico, por fatores

    biolgicos, psicolgicos e sociais.

  • 14

    Beauvoir (1990) considera a velhice como um fenmeno biolgico que acarreta

    conseqncias psicolgicas, que se apresentam atravs de determinadas condutas,

    consideradas tpicas da idade avanada, que tem uma dimenso existencial, pois

    modifica a relao do homem no tempo e, portanto, seu relacionamento com o mundo e

    com sua prpria histria.

    [...] o homem nunca vive em estado natural: um estatuto lhe

    imposto, tambm na velhice, pela sociedade a que pertence. A velhice

    o resultado e o prolongamento de um processo. (BEAUVOIR, 1990)

    Para Bosi (1999) ser velho na sociedade capitalista lutar para continuar sendo

    homem e para sobreviver s adversidades e ciladas do mundo.

    Segundo Fraiman (1988) o envelhecer um processo complexo de modificao,

    que abrange tanto a rea biofisiolgica como a rea psicossocial, com implicaes para

    o indivduo que o vivencia, para a sociedade que o assiste, o suporta ou o promove, e

    que um processo bsico de todo ser vivo e at da matria.

    Numa multiplicidade de opinies e avaliaes objetivas e subjetivas, Fraiman

    (1988) nos d vrios conceitos de "idade":

    Idade cronolgica: uma medida abstrata, criada principalmente em funo de prticas administrativas. Embora seja

    objetivamente mensurvel, aquela que menos caracteriza condies

    individuais.

    Idade biolgica: no necessariamente est relacionada com a idade cronolgica e para compreender isso basta apontar o fato de que

    pessoas que exercem funes e trabalhos desgastantes envelhecem antes.

    Alm disso, h o fato de que em um mesmo organismo, alguns rgos

    envelhecem antes que outros, e o primeiro deles a ficar comprometido,

    ainda antes de estar plenamente amadurecido, o sistema nervoso. Da

    pode-se dizer que se passa a envelhecer to logo se nasce.

    Idade pessoal: aquela que a prpria pessoa determina, segundo aquilo que sente interiormente. No obrigatoriamente em funo

    de suas experincias.

    Idade social: determinada por regras e expectativas sociais, categoriza as pessoas em termos de seus direitos como cidados,

  • 15

    atribuindo tarefas a serem desempenhadas, mais ou menos relacionadas

    s idades cronolgica e biolgica.

    Idade existencial: somatria de experincias pessoais e de relacionamentos, vivenciada e acumulada ao longo dos anos, aquela

    que, para os fins sociais, econmicos e administrativos, menos levada

    em considerao.

    Terceira idade: aprisionamento para alguns, um espao da vida em que qualquer ato fecundo impossvel. Para outros, a

    conscientizao de seu atual momento, que deve ser vivido. Outras

    pessoas consideram essa fase vital complexa, ora vista de maneira

    preconceituosa, ora analisada como conquista.

    A designao Terceira Idade, foi proposta pelo gerontologista francs Huet e

    teve aceitao geral. (apud HADDAD, 1986)

    A velhice difere de outras categorias etrias basicamente no que se refere s

    inmeras perdas de relacionamentos significativos, as profundas modificaes

    familiares, as dificuldades quanto ao mercado de trabalho, a uma batalha contnua

    contra as doenas, a proximidade da morte, a ameaa sexualidade, inteligncia e

    integridade.

    Consideramos, assim, o envelhecimento como um processo social dinmico cujo

    conceito deve envolver o indivduo em sua totalidade, isto , perceb-lo como um ser

    bio-psico-social. Todo indivduo est inserido num contexto histrico, geogrfico,

    econmico, social e poltico e neste contexto, em constante transformao, que se

    deve buscar a justificativa para tentar explicar e conceituar esse segmento da sociedade.

    2.1.2 Causas e Conseqncias do Envelhecimento Humano

    As baixas taxas de fertilidade, natalidade e mortalidade levam ao envelhecimento

    populacional.

    O declnio da fertilidade tem razes culturais, que derivam, em grande parte, da

    Revoluo Industrial: os filhos deixam de ser o sustentculo da economia familiar e

  • 16

    tambm de funcionar como uma espcie de previdncia para os pais. Atualmente, a

    famlia numerosa significa custo e no mais uma fonte de sustento.

    No Brasil, segundo dados da ONU (2002b), a taxa de fertilidade passou de 6,16

    filhos em mdia por mulher em 1940, para 2,35 filhos em 2000. A diminuio do

    nmero de filhos est relacionada ao advento da plula anticoncepcional que facilitou o

    planejamento familiar, a emancipao da mulher que passou a integrar o mercado de

    trabalho, combinado com o aumento da escolaridade e maiores responsabilidades fora

    do lar. O conjunto desses fatores passou a ter importante contribuio na renda familiar.

    A queda da natalidade um fenmeno mundial. Como conseqncia, em todos

    os continentes a populao tem crescido cada vez menos.

    Esse fenmeno tem a ver com a prosperidade econmica, a urbanizao e,

    sobretudo, com a entrada das mulheres no mercado de trabalho. As mulheres dedicam

    mais tempo escola e carreira, deixando em segundo plano os papis tradicionais do

    casamento e da maternidade. Tornou-se comum adiar o nascimento do primeiro filho

    para depois dos 30 anos, e a deciso de no ter filhos j socialmente aceitvel. At

    alguns anos atrs, a queda nas taxas de natalidade era um objetivo universal, tanto nos

    Pases ricos como nos pobres. Hoje um problema.

    Conforme mostra a Tabela 2.1, a taxa de natalidade mundial apresenta uma

    queda de 15% no perodo de 1950 a 2000; j a taxa de mortalidade apresenta no mesmo

    perodo uma queda de 10,7%. O ano de 1970 aparece como um marco, pois a diferena

    entre a natalidade e mortalidade de 20,3%, podendo caracterizar o real envelhecimento

    populacional.

    As redues nas taxas de natalidade e mortalidade mostram um novo fenmeno:

    o aumento na expectativa de vida. As pessoas esto envelhecendo e vivendo mais.

    A expectativa de vida ao nascer o nmero mdio de anos de vida esperados

    para um recm-nascido, mantido o padro de mortalidade existente na populao em

    determinado espao geogrfico, no ano considerado. Essa expectativa de vida

    aumentou, mesmo nos Pases em desenvolvimento, sugerindo melhoria das condies

    de vida e da sade da populao, porm no se aplica qualidade de vida.

  • 17

    Tabela 2.1 Taxa de natalidade e mortalidade mundial 1950/2000 (Em %)

    Ano Natalidade Mortalidade

    1950 37,5 19,7

    1960 35,4 15,6

    1970 33,7 13,4

    1980 27,3 10,3

    1990 24,3 9,4

    2000 22,5 9,0 Fonte: ONU (Diviso de Populao)

    A possibilidade do envelhecimento populacional deve-se s conquistas humanas

    nas reas tecnolgicas, mdicas, de saneamento, de alimentao, de habitao e

    melhoria das condies de trabalho, pois essas conquistas proporcionaram um aumento

    na expectativa de vida.

    Em 1950 a expectativa de vida mundial era de 46,5 anos e a partir do ano 2000

    passou para 65 anos, registrando um aumento de 18,5 anos no tempo de esperana de

    vida.

    Conforme os dados apresentados na Tabela 2.2 o aumento na expectativa de vida

    ocorreu para ambos os sexos, porm, sendo mais significativa para a populao

    feminina que em 1950 tinha 2,7 anos a mais que a populao masculina e que em 2000

    aumentou para 4,2 anos.

    Tabela 2.2 Estimativas da esperana de vida ao nascer mundial (Em anos)

    Ano Masculino Feminino

    1950 45,2 47,9

    1960 51,1 53,7

    1970 54,7 57,5

    1980 59,5 63,3

    1990 61,9 66,0

    2000 62,9 67,1 Fonte: ONU (Diviso de Populao)

  • 18

    Segundo Moreira (2002), o envelhecimento no neutro quanto ao gnero. Os

    ndices de mortalidade por sexo indicam que a proporo de mulheres, em todos os

    grupos etrios aps a infncia, maior que a proporo de homens e tambm maior a

    expectativa de vida das mulheres, caracterizando a feminizao do envelhecimento.

    O aumento da longevidade deve ser reconhecido como uma conquista social, o

    que se deve em grande parte ao progresso da medicina e a uma cobertura mais ampla

    dos servios de sade. No entanto, este novo cenrio visto com preocupao por

    acarretar mudanas no perfil das demandas por polticas pblicas, colocando novos

    desafios para o Estado, sociedade e famlia.

    Considerando o envelhecimento como uma problemtica social que se inicia na

    infncia carente e culmina na velhice abandonada, Fraiman (1988) relaciona o

    envelhecimento dentro de algumas ticas:

    A tica econmica: gradativamente diminui o percentual de cidados ativos em relao queles desocupados, e todos os sistemas

    que produzem a poltica social tm por base a contribuio feita pela

    populao ativa.

    A tica social: os velhos so coagidos ao isolamento dado que toda a estruturao da nossa sociedade orbita em torno da populao

    jovem.

    A tica ecolgica e geogrfica: o xodo dos jovens para as grandes cidades traz como conseqncia o envelhecimento da populao

    rural; e as reas urbanas se ressentem dessa situao, pois no tm o

    suporte necessrio para as grandes ondas migratrias, exacerbando a

    violncia e a instabilidade que ora se vive nas ruas e nos lares.

    A tica familiar: as famlias convivem entre si com trs ou at mesmo quatro geraes em uma mesma residncia, enquanto a

    estrutura econmico-social quase que obriga constituio da famlia

    nuclear, extinguindo as possibilidades da modalidade extensa. As

    famlias esto despreparadas para darem apoio aos seus velhos e evitarem

    que os conflitos entre geraes sejam exacerbados. O envelhecimento

    traz uma sobrecarga para a famlia, o que crescente com a idade.

  • 19

    A tica de sade: as demandas se modificam com maior peso nas doenas crnico-degenerativas, o que implica custos mais

    dispendiosos de internamentos, equipamentos e medicamentos na

    velhice, uma vez que no h condies econmicas e previdencirias de

    tratamento remediativo, quanto mais de promover atendimento

    preventivo. A presso sobre o sistema previdencirio aumenta

    significativamente.

    Algumas das afirmativas acima so hoje vistas por outra tica levando-se em

    considerao os fatores histricos, econmicos e temporais.

    De acordo com Camarano (2002) cada vez maior o nmero de pessoas que

    dependem do salrio dos idosos. Assim, 12 milhes de aposentados bancam as prprias

    despesas e custeiam os filhos e os netos. Os idosos brasileiros deixaram de ser um peso

    para seus familiares. A aposentadoria, mesmo de um salrio mnimo representa o

    dinheiro certo no final do ms e 50% da renda das famlias dependem da aposentadoria.

    A aposentadoria representa 46% da renda das pessoas entre 60 e 64 anos,

    subindo para 82% quando a idade supera os 80. Isso acontece em funo da Lei

    Oramentria de Assistncia Social - LOAS, dispositivo constitucional que obriga o

    governo a pagar um salrio mnimo para idosos carentes acima dos 70 anos. Com isso,

    os idosos brasileiros hoje participam com 52,5% da renda familiar e s 12% dos que

    esto com mais de 60 anos no tm qualquer tipo de renda. Os idosos esto, cada vez

    mais, garantindo o sustento de suas famlias.

    Em muitos casos, eles bancam as despesas da casa tendo como principal fonte de

    renda os benefcios previdencirios, como as aposentadorias e as penses.

    Em 26% das famlias brasileiras h pelo menos um idoso. A proporo de 52%

    significa que aproximadamente 6,3 milhes de famlias tm nos idosos seu principal

    esteio. O desemprego acentuado entre os jovens, em tempos de instabilidade de

    mercado de trabalho, fez com que a renda dos idosos ganhasse importncia no

    oramento familiar. Com isso, tem-se aumentado tambm o nmero de idosos no

    mercado de trabalho.

    Essa realidade faz com que o idoso, aposentado, tenha que continuar

    trabalhando, sendo na maioria dos casos, num "subemprego.

  • 20

    Benefcios previdencirios, aposentadorias e penses reduzem o grau de pobreza

    e transformam a condio do idoso, de dependente em responsvel pela famlia.

    O idoso sempre existiu em todos os lugares, em todas as culturas, vivenciando a

    experincia de s-lo sua maneira, conforme suas caractersticas biolgicas,

    psicolgicas e o seu contexto cultural e social.

    Na sociedade pr-industrial, o homem que no decorrer da sua vida ia aprendendo

    coisas e acumulando papis, adquiria status social. Quando envelhecia, continuava

    sendo considerado, respeitado e totalmente identificado com os valores vigentes naquele

    contexto histrico e social.

    Na sociedade industrial, ou tecnolgica, no se admite algum que no produza.

    Assim, quando o indivduo se aposenta, fica fadado a ser um intil.

    O envelhecimento passa a ser analisado simplesmente pelos seus aspectos

    deficitrios e decadentes, relacionando improdutividade tecnolgica com deficincia,

    decrepitude e senilidade. como se os idosos no pudessem mais usufruir sua vida

    como melhor lhes aprouver, optando por uma nova atividade, no ligada produo em

    massa. como se nada mais pudessem fazer pela sociedade.

    Entretanto, essa mesma sociedade se esqueceu de que o velho construiu e

    solidificou experincia e conhecimento. Por que atir-lo agora numa clausura, tapando

    os ouvidos e os olhos para no ouvir e ver o que ele tem a transmitir? o mesmo que

    dar um fim aos valores histricos que perpassam geraes, extinguir as tradies dessa

    sociedade enfim, matar a memria de um povo.

    A sociedade define o que cada fase da vida significa socialmente, estabelece as

    normas de comportamento, coloca os parmetros relacionais e define formas de

    tratamento entre pessoas.

    A velhice parte do desenvolvimento humano integral, e no uma predestinao

    ao fim. o resultado dinmico de um processo vital global de uma vida, durante a qual

    o indivduo se modifica incessantemente.

    [...] por mais que o homem envelhea, por mais que a sociedade

    determine sua idade e classifique-o como velho, enquanto viver, ele

    no deixar de ser, de existir como pessoa e de ter direito a um

    espao dentro da sociedade. (COSTA, 1998)

  • 21

    2.2 O Espao

    O espao considerado por Santos (1985) como uma instncia da sociedade que

    contm e contida pelas demais instncias. A economia est no espao e vice -versa. O

    mesmo acontece com o poltico-institucional e com o cultural-ideolgico. Isso quer

    dizer que a essncia do espao social. O espao formado pelas coisas, pelos objetos

    geogrficos, naturais e artificiais, isto , formado pela natureza e pela sociedade.

    Colocando os homens como elementos do espao na qualidade de proprietrios

    de fora de trabalho, explica-se que mesmo os que no participam diretamente do

    processo de produo -os aposentados- demandam certos tipos de servios. Essa

    demanda a base de uma classificao do elemento homem na caracterizao de um

    dado espao.

    O espao deve ser considerado como um conjunto indissocivel de

    que participam, de um lado, certo arranjo de objetos geogrficos,

    objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que os preenche

    e os anima, ou seja, a sociedade em movimento. O contedo (da

    sociedade) no independente da forma (os objetos geogrficos), e

    cada forma encerra uma frao do contedo. O espao isto: um

    conjunto de formas contendo cada qual fraes da sociedade em

    movimento. As formas tm um papel na realizao do social.

    (SANTOS, 1996)

    Do ponto de vista da produo que compe o econmico, o espao, segundo

    Singer (1982), ao mesmo tempo obstculo e recurso. Obstculo porque a produo

    eminentemente social e o espao tem que ser vencido pelo movimento de pessoas,

    coisas e idias. Recurso porque basicamente os seres vivos dele necessitam para

    subsistir. Os seres humanos no s consomem espao diretamente, como tambm

    consomem outros seres vivos que tambm consome espao. O consumo direto do

    espao pode ser reduzido, o que explica as altas densidades demogrficas que se

    observam nas cidades, mas torna-se insignificante face s extenses territoriais

    utilizadas para o cultivo de plantas e animais.

    Para a indstria e servios o espao muito mais obstculo do que recurso. Isso

    faz com que procurem encurtar as distncias entre si e seus mercados, aglomerando-se

    em ncleos urbanos cada vez maiores. Quanto mais prximas estiverem as unidades de

  • 22

    produo, umas das outras e todas elas dos centros de deciso e das reas de habitao,

    tanto melhor.

    Em contraposio ao fator econmico h o fator poltico. O fator poltico se faz

    sentir nos planos de ao nacionais, regionais e locais. A populao de cada localidade

    deseja usufruir as vantagens da vida urbana e usa os recursos polticos que dispe para

    induzir a industrializao. Estas vantagens muitas vezes so ilusrias, porm, em geral,

    as populaes desejam ter acesso s oportunidades profissionais, educacionais, culturais

    e de outras ordens, que s existem em cidades de certo porte. Uma manifestao desse

    desejo est na migrao rural-urbana, qual a populao recorre por falta de alternativa,

    e que se faz sentir na distribuio espacial da populao.

    Pode-se supor que a concentrao de indstrias no municpio de So Jos dos

    Campos condicionou o crescimento populacional e sua distribuio espacial.

    2.2.1 A Cidade

    A cidade definida por Wirth (1976), para fins sociolgicos, como um ncleo

    relativamente grande, denso e permanente, de indivduos socialmente heterogneos.

    Park (1976) coloca a cidade como um estado-de-esprito, cujo corpo so os

    costumes, as tradies, os sentimentos e as atitudes das pessoas que a compem, sendo

    assim um produto da natureza humana.

    Santos (1985) diferencia a cidade, do urbano. A cidade o concreto, o conjunto

    de redes, a materialidade visvel do urbano, enquanto o urbano o abstrato, porm o que

    d sentido e natureza cidade. No se pode perder no urbano e na cidade a idia de

    totalidade. Para ele:

    A histria uma totalidade em movimento, um processo dinmico

    cujas partes colidem continuamente para produzir cada novo

    momento. [...] Sendo a histria do homem algo essencialmente

    dinmico, cumpre apreender-lhe a totalidade no seio de uma

    estrutura terica dinmica [...]. (SANTOS, 1985)

    Na anlise do planejamento estratgico urbano, onde as cidades so submetidas

    s mesmas condies e desafios que as empresas, VAINER (2000) mostra que o

    discurso deste tipo de planejamento se estrutura basicamente nas analogias:

  • 23

    Cidade-mercadoria: a cidade uma mercadoria venal, num mercado competitivo em que outras cidades tambm esto venda.

    Cidade-empresa: a representao da cidade-coisa, da cidade-objeto, da cidade-mercadoria que sai da forma passiva de objeto para a

    forma ativa de sujeito, ganhando uma nova identidade: uma empresa

    (produtividade, competitividade e subordinao lgica do mercado) que

    se nega enquanto espao poltico.

    Cidade-ptria: o resultado e a condio para o sucesso do projeto. O plano estratgico fala em nome de uma cidade unificada cuja

    construo pretende engendrar atravs da promoo do patriotismo.

    Demonstra-se assim a abrangncia que o conceito de cidade suscita,

    principalmente no que se refere totalidade e dinmica da sociedade.

    Imaginarmos a cidade-mercadoria sentir-se usurpado de direitos, memria e

    participao e nos leva a pensar: que cidade as pessoas idosas gostariam de comprar?.

    As cidades so hostis tambm aos idosos. Seu planejamento, infra-estrutura e

    instalaes esto muito aqum do desejvel e precisam adaptar-se realidade para

    responder demanda da populao.

    2.2.2 O Planejamento Urbano

    Romo (1997) afirma que o Planejamento, como corpo de uma teoria geral,

    aplica-se a qualquer atividade humana e refere-se a um processo social onde o

    movimento a lei de sua existncia. Coloca que o condutor desse processo social o

    homem coletivo, sendo o planejamento uma necessidade do homem e da sociedade.

    Pode-se considerar o Planejamento Urbano como um instrumento de aes

    polticas e ou a arte de coordenar a organizao do espao coletivo, visando

    otimizao do solo e criando situaes adequadas ao desenvolvimento do homem.

    Os estudos e planos do Planejamento Urbano para uma determinada cidade,

    devem observar as relaes dessa cidade com a regio onde ela est inserida, pois o

    ncleo urbano considerado pelo Planejamento Urbano Regional, como uma parte do

    todo que a regio.

  • 24

    O Urbanismo como tambm a Arquitetura, objetivam estudar, planejar e propor a

    organizao das formas e espaos do entorno do homem, considerando seus aspectos

    sociais, polticos e econmicos.

    Na Europa e Estados Unidos no final do sculo XIX, surgiu um tipo de

    urbanismo que se denominou urbanismo tcnico-setorial ou urbanismo-sanitarista, com

    o objetivo de solucionar problemas urbanos, decorrentes dos resqucios do crescimento

    acelerado, causado pela Revoluo Industrial. Essa tcnica visava melhorar a

    racionalidade da organizao espacial e tambm a esttica.

    A necessidade de planejar o desenvolvimento urbano (sade pblica, saneamento

    bsico, abastecimento, poluio, lazer e outros) se acentuou, com a formao dos

    grandes aglomerados fabris e com a inveno dos modernos meios de transporte

    terrestre que trouxeram para o trfego urbano novos problemas, e exigiram novas

    solues tcnicas. (CAMPOS FILHO, 1989)

    Segundo Queiroz (1978) a urbanizao um fenmeno antigo. As cidades

    constituram fatores de desenvolvimento econmico, porm seu crescimento veio com a

    Revoluo Industrial. Afirma que a Revoluo Industrial foi precedida por uma

    Revoluo Agrria, onde o campo produzia a riqueza que modelava as cidades e que

    com a Revoluo Industrial esta ordem foi invertida: a cidade passou a modelar o

    campo. Justifica assim, que um erro considerar que a industrializao trouxe a

    urbanizao, sendo que a urbanizao esteve atrelada inicialmente riqueza rural.

    O urbanismo brasileiro esteve, at incio do sculo XX, determinado pela sua

    origem como colnia de Portugal e a organizao da sociedade colonial brasileira teve

    sua base no campo, e muitas vezes distante das cidades.

    O processo de urbanizao associado ao ciclo do caf produziu uma rede de

    cidades ao longo de dois eixos principais; um que seguia pelo Oeste do Estado de So

    Paulo e o outro estendendo-se entre os dois plos, Rio de Janeiro e So Paulo. A

    chegada da ferrovia ao Brasil em 1850, dinamizou o processo de urbanizao. As

    condies de capital federal do Rio de Janeiro e de metrpole industrial de So Paulo

    foram devidamente enfatizadas nas propostas e obras urbanas da primeira e segunda

    dcada do sculo XX.

  • 25

    A partir da construo de Braslia, o urbanismo brasileiro levantou novas

    questes e props novos instrumentos de atuao. Os projetos urbansticos, com grande

    nfase nos aspectos fsico-espaciais, cederam lugar ao planejamento urbano.

    Durante duas dcadas, mais especificamente entre os anos 50 e 70, a populao

    metropolitana no Brasil triplicou, saltando de 3 milhes para 8,5 milhes de habitantes.

    Este crescimento vertiginoso, embora diferenciado de acordo com as regies brasileiras,

    contribuiu para que o Brasil chegasse aos anos 90 com uma taxa de 75% da sua

    populao vivendo nas cidades e nas metrpoles e no ano 2000 a taxa foi de 81%.

    A nova escalada urbana foi enfrentada a partir dos anos 70 com inmeros

    instrumentos legislativos e normativos. A necessidade de intervir neste processo

    desordenado de crescimento levou as metrpoles e grandes cidades a adotarem, desde

    os anos 70, o Plano Diretor como principal instrumento de controle urbano. (MEYER,

    2003)

    A organizao e coordenao do espao urbano se fazem necessrias, a todas as

    idades, buscando situaes adequadas ao desenvolvimento humano, viabilizando a

    acessibilidade aos bens e servios que proporcionem uma melhor qualidade de vida.

    2.2.3 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado PDDI em

    So Jos dos Campos SP.

    O PDDI definido como instrumento bsico do processo de planejamento

    municipal para a realizao do desenvolvimento de todo territrio do municpio nos

    seus aspectos fsico-territorial, econmico, social e institucional (administrativo).

    Considera-se plano, por estabelecer objetivos, diretor, por fixar as diretrizes de

    desenvolvimento do municpio, e tem como objetivo fundamental o desenvolvimento da

    comunidade local. Deve integrar o desenvolvimento do municpio com o da regio, com

    o do estado e com o do Pas.

    O PDDI do municpio de So Jos dos Campos foi aprovado em 09 de junho de

    1995, pela lei complementar 121/95 e teve horizonte temporal fixado em 10 anos, para o

    qual foram elaborados os programas e projetos de suas diretrizes.

  • 26

    O contedo do PDDI procurou cumprir a norma da ABNT, que fixa as condies

    para a elaborao de planos diretores, nos termos do Artigo 182 da Constituio Federal

    de 1988 e nas determinaes da Lei Orgnica do Municpio, expressas nos artigos:

    Art.113 O Municpio elaborar o seu Plano Diretor de Desenvolvimento

    Integrado, levando em considerao os aspectos fsicos, econmicos, sociais e

    administrativos, devendo observar o Diagnstico Ambiental, que estabelecer os

    parmetros para a execuo do zoneamento.

    Art.114 Na elaborao do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado

    observar-se-o as seguintes normas;

    I quanto ao aspecto fsico;

    II quanto ao aspecto econmico;

    III quanto ao aspecto social;

    Art.115 Para atingir os seus objetivos, o Plano Diretor de Desenvolvimento

    Integrado conter as seguintes metas:

    I socializao e valorizao da vida autnoma dos bairros com o

    desenvolvimento de uma estrutura de equipamentos e servios que viabilizem o seu

    desempenho;

    II fortalecimento da pequena e mdia empresa de capital local e do setor de

    servios, de modo a construir um mercado de trabalho alternativo ao da empresa de

    grande porte;

    III desenvolvimento rural em todos os sentidos e interao urbano-rural,

    objetivando recprocos benefcios;

    IV desenvolvimento do setor turstico, aproveitando as peculiaridades da

    paisagem natural;

    V criao de mecanismos de descentralizao e autogesto que possibilitem a

    implantao de canais naturais de reivindicao dos interesses e necessidades da

    populao no exerccio dos seus direitos de cidadania;

    VI estabelecimento de diretrizes para a elaborao de planos setoriais para as

    reas de atuao da Administrao Municipal, definio de programas, projetos e

    atividades, que podero ser desenvolvidos em cada rea de governo e avaliao dos

    planos setoriais j existentes.

  • 27

    O PDDI de So Jos dos Campos no faz parte do sistema de onde fluem as

    aes do executivo e legislativo locais. Os projetos e programas realizados ou em

    andamento esto diretamente ligados iniciativa de cada secretaria em fazer cumprir o

    plano, ou seja, os programas e projetos relacionados no plano so inerentes prpria

    atribuio dos diversos rgos da administrao.

    2.3 Envelhecimento Populacional e Urbanismo

    O fenmeno contemporneo mundial do envelhecimento populacional deve ser

    considerado pelo planejamento urbano, por trazer novas demandas a todos os Pases e

    cidades.

    Melgar (2003) explica que a reduo do ritmo de crescimento populacional

    uma das conseqncias da urbanizao da populao e que a organizao social e

    econmica urbana no combinam com uma alta taxa de fertilidade, pois as sociedades

    urbanas levam reduo dessa taxa.

    O sculo XX registrou um aumento considervel no nmero de idosos no

    mundo. Estima-se que as pessoas com 60 anos ou mais venham a representar, em

    meados do sculo XXI, mais de 20% da populao mundial, no ano 2000 a populao

    idosa representava 10%.

    A queda nas taxas de fertilidade, mortalidade e o aumento da expectativa de vida

    so responsveis pela atual transio demogrfica. Alguns dos fatores que contriburam

    para o aumento da expectativa de vida so os avanos da medicina e a generalizao dos

    servios de saneamento bsico.

    No Brasil a populao com 60 anos ou mais, registrada pelo censo 2000, era de

    8,56% da populao total, o que caracteriza uma mudana na pirmide etria mostrando

    que o Pas est deixando de ser um Pas jovem e caminha para tornar-se um Pas

    idoso.

    O envelhecimento da populao tem causado impacto no processo de

    urbanizao, pois as cidades no se encontram preparadas para atender s demandas

    dessa populao.

  • 28

    O urbanismo, que como poltica pblica, deve ser utilizado para repensar o

    espao urbano como um meio de incluso social, tem a seu favor instrumentos para

    eliminar as barreiras ambientais e arquitetnicas planejando cidades para uma sociedade

    inclusiva, onde se possam garantir o direito a cidadania, a autonomia e a acessibilidade

    para pessoas de todas as idades.

    Ao se repensar os espaos urbanos, pblicos ou privados, deve-se levar em

    considerao o humano e suas atividades nesse espao da forma mais ampla possvel.

    Nesse sentido, para que o idoso usufrua o espao construdo, deve-se considerar

    uma srie de elementos especficos para o desenho urbano, o que no significa criar

    uma arquitetura ou planejamento s para os idosos, porm buscar assegurar a incluso

    de suas especificidades.

    Um planejamento urbano que atenda s especificidades da populao idosa vem

    ao encontro de uma demanda crescente, gerada pelo aumento dessa populao, o que

    beneficiar no apenas o idoso, mas a sociedade como um todo.

    Caladas esburacadas, irregulares, com bloqueios fsicos, ou a falta de

    calamentos, os degraus do transporte coletivo urbano, a falta de semforos e de

    semforos com temporizao e travessias inadequadas para pedestres, so algumas das

    dificuldades enfrentadas pelo idoso na circulao urbana.

    A preocupao com as questes da acessibilidade, de pessoas idosas e de pessoas

    portadoras de deficincias, aos espaos pblicos ou privados, aparece traduzida em

    padres mnimos estabelecidos pela ABNT, atravs da NBR 9050/1994

    Acessibilidade de pessoas portadoras de deficincias a edificaes, espao mobilirio e

    equipamento urbanos, e na Lei n 10.098/2000 que estabelece normas gerais e critrios

    bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com

    mobilidade reduzida, mediante a supresso de barreiras e de obstculos nas vias e

    espaos pblicos, no mobilirio urbano, na construo e reforma de edifcios e nos

    meios de transporte e de comunicao.

    Destacamos da Lei 10.098/2000, os seguintes artigos:

    Art. 2 Para os fins desta Lei so estabelecidas as seguintes definies:

    I - acessibilidade: possibilidade e condio de alcance para utilizao, com

    segurana e autonomia, dos espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, das

  • 29

    edificaes, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicao, por pessoas

    portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida:

    II - barreiras: qualquer entrave ou obstculo que limite ou impea o acesso, a

    liberdade de movimento e a circulao com segurana das pessoas, classificadas em:

    a) barreiras arquitetnicas urbansticas: as existentes nas vias pblicas e nos

    espaos de uso pblico;

    b) barreiras arquitetnicas na edificao: as existentes no interior dos edifcios

    pblicos e privados;

    c) barreiras arquitetnicas nos transportes: as existentes nos meios de

    transportes;

    III - pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida: a que

    temporria ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com meio

    e de utiliz-lo;

    IV - elemento da urbanizao: qualquer componentes das obras de urbanizao,

    tais como os referentes a pavimentao, saneamento, encanamentos para esgotos,

    distribuio de energia eltrica, iluminao pblica, abastecimento e distribuio de

    gua, paisagismo e os que materializam as indicaes do planejamento urbanstico;

    V - mobilirio urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaos

    pblicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizao da edificao, de

    forma que sua modificao ou traslado no provoque alteraes substanciais nestes

    elementos, tais como semforos, postes de sinalizao e similares, cabines telefnicas,

    fontes pblicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza

    anloga;

    No captulo II - dos elementos da urbanizao, destacamos:

    Art. 3 O planejamento e a urbanizao das vias pblicas, dos parques e dos

    espaos de uso pblico devero ser concebidos e executados de forma a torn-lo

    acessveis para as pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida.

    Art. 4 As vias pblicas, os parques existentes, assim como as respectivas

    instalaes de servios e mobilirios urbanos devero ser adaptados, obedecendo-se

    ordem de prioridade que vise maior eficincia das modificaes, no sentido de

  • 30

    promover mais ampla acessibilidade s pessoas portadoras de deficincia ou com

    mobilidade reduzida.

    Art. 5 O projeto e o traado dos elementos de urbanizao pblicos e privados

    de uso comunitrio, nestes compreendidos os itinerrios e as passagens de pedestres, os

    percursos de entrada e de sada de veculos, as escadas e rampas, devero observar os

    parmetros estabelecidos pelas normas tcnicas de acessibilidade da Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT.

    Essa lei possibilita equacionar e atender s demandas sociais na rea de

    acessibilidade que um fator necessrio insero social do idoso.

    Para Prado (2003) a autonomia e a independncia so caractersticas da

    cidadania, dos processos que tm relao com o bem estar do indivduo e com o meio

    em que ele vive. Explica que o ambiente construdo apresenta barreiras visveis que so

    os impedimentos concretos da acessibilidade e barreiras invisveis -formas como as

    pessoas so vistas pela sociedade; na maior parte das vezes, por suas deficincias.

    Acredita ela que a eliminao das barreiras visveis poder contribuir para a diminuio

    das invisveis. Coloca que a acessibilidade tem como objetivo permitir um ganho de

    autonomia e de mobilidade a um nmero maior de pessoas e deve estar presente nas

    edificaes, no meio urbano, nos transportes e nas suas mtuas interaes, conforme

    exigncia constitucional.

    Segundo Soares (2001) as cidades devem oferecer os meios e os recursos para

    garantia da acessibilidade em seus diversos ambientes para todas as pessoas, e em

    especial para as pessoas portadoras de deficincia. Conceitua a acessibilidade universal

    como fator determinante para se considerar uma cidade sustentvel, visto que esta deve

    contar com mecanismos e instrumentos que favoream o acesso fsico, a mobilidade e o

    contato com e entre as pessoas, em ambientes urbanos sem excluso. Diz que a

    supresso de barreiras fsicas favorece a participao ativa e independente das pessoas

    na vida social, reduz as desigualdades sociais e proporciona o exerccio pleno de

    direitos e responsabilidades. Seriam estas as caractersticas bsicas da acessibilidade e

    da qualidade, que devem estar, sempre que possvel, presentes em todos os ambientes.

  • 31

    Para que seja promovida a acessibilidade do meio fsico, a proposta a utilizao

    do Desenho Universal, que visa garantia de acessibilidade s edificaes, vias

    pblicas, mobilirios urbanos, transportes e habitaes. Criam-se condies que

    permitem a equiparao de oportunidades a todos, principalmente aos portadores de

    deficincia ou mobilidade reduzida. Investir em acessibilidade garantir o direito de ir e

    vir com autonomia e independncia a uma expressiva