000000b2
DESCRIPTION
pesquisa3TRANSCRIPT
-
Universidade do Vale do Paraba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista ao
Planejamento Urbano
Maria Aparecida Bezerra da Cunha
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional, como complementao dos crditos necessrios para obteno do ttulo de Mestre em Planejamento Urbano e Regional.
So Jos dos Campos, SP 2004
-
Universidade do Vale do Paraba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista
ao Planejamento Urbano
Maria Aparecida Bezerra da Cunha
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional, como complementao dos crditos necessrios para obteno do ttulo de Mestre em Planejamento Urbano e Regional. Orientadora: Prof Dr Friedhilde Maria Kustner Manolescu
So Jos dos Campos, SP 2004
-
C979e Cunha, Maria Aparecida Bezerra da
Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista ao Planejamento Urbano/ Maria Aparecida Bezerra da Cunha. So Jos dos Campos: UniVap, 2004. 129p.: il.; 31cm. Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Planejamento Urbano e Regional do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraba, 2004.
1.Envelhecimento da populao 2. So Jos dos Campos 3. Planejamento urbano I. Manulesco, Friedehilde Maria Kustner, Orient. II. Ttulo
CDU:711.4:314
Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou
parcial desta dissertao, por processo fotocopiadores ou transmisso eletrnica.
Assinatura da aluna:
Data:
-
Estudo da Populao Idosa de So Jos dos Campos com vista ao
Planejamento Urbano
Maria Aparecida Bezerra da Cunha
Banca Examinadora
Profa. Dra. Maria de Lourdes Neves de Oliveira Kurkdjian (Univap)________________
Profa. Dra. Friedhilde Maria Kustner Manolescu (Univap)________________________
Profa. Dra. Cilene Gomes (Univap)__________________________________________
Profa. Dra. Edna Maria Querido de Oliveira Chamon (Unitau)_____________________
Prof. Dr. Marcos Tadeu Tavares Pacheco
Diretor do IP&D
So Jos dos Campos, 4 de maio de 2004
-
Dedicatria
Dedico este trabalho aos idosos da
Cidade de So Jos dos Campos.
-
Agradecimentos
Ao Jos Maria da Silva Carvalho Jnior, meu companheiro, por tudo;
professora Elizabeth de Moraes Liberato, pelo incentivo, confiana e recomendao;
Ao professor Samuel Roberto Ximenes Costa, pela confiana e recomendao;
professora Friedhilde Maria Kustner Manolescu, pela confiana e orientao;
s professoras Maria de Lourdes Neves de Oliveira Kurkdjian e Cilene Gomes, pelas
contribuies no exame de qualificao;
Aos professores Mrio Valrio Filho, Sandra Maria Fonseca da Costa e demais
professores do curso de Mestrado em Planejamento Urbano e Regional da Univap, pela
ateno, compreenso e amizade;
Maurlio de Oliveira, pela ajuda e incentivo;
Aos vereadores: Adriana Prado, Alosio Petiti (in memoriam), Amlia Naomi, Cristiano
Pinto Ferreira, Cristovo Gonalves, Dilermano Di, Giba Ribeiro, Hlio Nishimoto,
Joo Bezerra, Manoel de Lima, Maria Izlia, Mauro Kano, Miranda Ueb, Neusa do
Carmo, Roberto Barbosa, Walter Hayashi, a Ansio de Arantes Gonalves vice-
presidente do Sindicato dos Servidores Pblicos Federais na rea de Cincia e
Tecnologia do Vale do Paraba-SINDCT, a Myrza Salvador Zonzini coordenadora do
Centro de Atividades para a Terceira Idade-CATIVA, a Diva Maria da Silva Santos
representante do segmento idoso da Secretaria de Desenvolvimento Social, a Maria
Auxiliadora Bezerra da Cunha e a Lcia Helena da Silva Zani, pela reproduo dos
questionrios;
Carolina Donatelli Catoira da Silva Carvalho, Alice Teixeira Albuquerque, Geralda
Pereira Costa, Maria Cristina Pinto, Ktia Maria Deola, Carolina Maria Lanzoni, Teresa
Braslia da Cunha Pinto Domingues, Sirlei Marques das Dores Mello, Myrza Salvador
Zonzini, Hosana Maria Rezende Bueno, Luciana Santiago, Lcia Helena da Silva Zani,
Julia Donatelli Catoira Csar de Medeiros, Rosa Ester de Quadros Borba, Maria Ins de
Andrade Ambrosio, Fanny Istamati, Maria de Ftima Bezerra da Cunha, Eduardo
Pontes, Rosemar de Moraes, Stela Maris Nolasco Oliveira, Nilza Souza Silva Gatto,
-
Maria Conceio Silva, Ana Rita da Silva Cardoso, Maria Piedade Grigoletto, Jupira
Maria Vidal de Moraes, Ana Aparecida Soares de Camargo, Benedita Clia de Oliveira,
Alair Campos do Amaral, Ana Nazar Ferro Velly, Carlinda de Arajo Ferreira, Neuza
Maria dos Santos, Fbia Rmoli, Adamo Pasquarelli, Maria Aparecida Fascina, Neusa
da Silva e Maria de Deus Bezerra da Cunha, pela colaborao na realizao das
entrevistas;
Aos 1.426 idosos que participaram da pesquisa;
Maria Auxiliadora Bezerra da Cunha, pelas aulas de informtica e colaborao na
organizao e tabulao dos dados;
Luciana Suckow Borges, pela pacincia, incentivo, colaborao na leitura dos
programas do IBGE e na elaborao dos mapas;
Ao Sr. Adamo Pasquarelli, pela reviso verncula;
Rosana Spessoto Leite Bastos e Camila Spessoto Leite Bastos, pela reviso do
abstract;
A todos que direta ou indiretamente, que por esquecimento no foram citados
nominalmente, contriburam para a realizao desse trabalho;
E a Deus, por ter colocado todas essas pessoas no meu caminho.
-
Embora ningum possa voltar atrs e
fazer um novo comeo,
qualquer um pode comear agora e
fazer um novo fim.
(Chico Xavier)
-
Resumo
O presente estudo aborda questes relativas ao envelhecimento humano e ao
planejamento urbano. Est fundamentado numa pesquisa realizada, atravs da aplicao
de questionrios, com a populao idosa residente na rea urbana da cidade de So Jos
dos Campos-SP. Rene e analisa os dados relativos a essa populao e a sua
distribuio espacial, como tambm caracteriza e traa o seu perfil scio econmico. O
desenvolvimento e a anlise do presente so amparados pelos dados censitrios de
1980,1991 e 2000. Esses dados foram comparados com os do Brasil e os do Estado de
So Paulo. O conjunto das informaes acima referidas, proporciona uma viso
abrangente da realidade atual da populao idosa. Observa-se que o envelhecimento
populacional fenmeno recente, porm mundial e suscita transformaes em todas as
sociedades e em todos os setores sociais. A esperana de vida cresceu mundialmente
trazendo, como conseqncia, a maior longevidade e um processo rpido de
envelhecimento que reflete a diminuio das taxas de fertilidade, natalidade e
mortalidade. O envelhecimento populacional caminha paralelamente urbanizao da
populao. Portanto, repensar o urbano buscando atender s especificidades da
crescente demanda idosa, proporcionar uma melhor qualidade de vida que beneficiar
a sociedade como um todo. O envelhecimento se apresenta como um processo dinmico
e vital da vida que se modifica incessantemente. O planejamento tambm se apresenta
como um processo social dinmico e necessrio ao homem e sociedade. A incluso
social leva em considerao as necessidades dos usurios e as condies fsicas do seu
ambiente externo. A urbanizao e a modernizao tm sido, via de regra, desigual e
aparentemente desordenada o que explica, no Brasil, coexistirem diferentes tempos
histricos em um mesmo espao geogrfico. Deve-se ONU o fornecimento dos dados
da populao idosa. A Europa concentra a maior populao idosa do mundo. Em
seguida vem a sia, a Amrica Latina e o Caribe, e a frica tambm com ndices
expressivos. Segundo projees, em 2050, os idosos representaro 21,4% da populao
mundial.
Palavras chave: Envelhecimento Populacional, Planejamento Urbano, So Jos dos
Campos.
-
Abstract
The following essay approaches questions related to human aging and urban planning. It
is based on a research, done by questionnaire application method, with the elderly
population living in the urban area of So Jos dos Campos city, So Paulo State. It
gathers the population analyses on its spatial distribution data, as also characterizes and
defines its social economical profile. The development and analysis of the study are
based on enumeration area data from 1980, 1991 and 2000. These facts were compared
with the ones from Brazil and the ones from So Paulo State. All information mentioned
above proportionates a wide vision of elderly population current reality. Despite
population aging is a recent phenomena, it has a global aspect and stimulates changes in
all societies and in every social area. Life expectation has risen all over the world
bringing, as a consequence, bigger longevity and a quick aging process what reflects the
decrease of fertility, birth and mortality rate. Population aging walks side by side with
population urbanization. So, to discuss the urban aspect trying to provide the increasing
specific needs of elderly population is to make possible a better life quality that will
bring benefits for global society. Aging process appears to be a dynamic and vital
process of life that changes itself incessantly. Urban planning also presents itself as a
necessary and dynamic social process to mankind and society. The social inclusion
considers usuries needs and the physical conditions of external environment.
Urbanization and modernization have been, usually, unequal and apparently disordered
what explains, in Brazil, different historical ages existing at the same time and at a same
geographical area. UN (United Nations Organization) provided elderly population data.
Europe contains the biggest elderly population of the world, followed by Asia, Latin
America and Caribbean, and Africa also with notable rates. According to projections, in
2050, the elderly people will stand for 21,4% of world population.
Key Words: Population Aging, Urban Planning, So Jos dos Campos.
-
Sumrio
1. INTRODUO
1.1 Consideraes Gerais .......................................................................... 1
1.2 Justificativa .......................................................................................... 2
1.3 Objetivos ............................................................................................. 3
1.4 Metodologia ........................................................................................ 3
1.5 Estrutura do Trabalho .......................................................................... 8
2. ENVELHECIMENTO HUMANO E PLANEJAMENTO URBANO
2.1 O Ciclo da Vida ................................................................................... 9
2.1.1 Os Conceitos do Envelhecer ............................................................... 12
2.1.2 Causas e Conseqncias do Envelhecimento Humano ....................... 15
2.2 O Espao ............................................................................................. 21
2.2.1 A Cidade .............................................................................................. 22
2.2.2 O Planejamento Urbano ...................................................................... 23
2.2.3 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado PDDI em So Jos
dos Campos SP. ................................................................................
25
2.3 Envelhecimento Populacional e Urbanismo ....................................... 27
3. A DEMOGRAFIA DO ENVELHECIMENTO
3.1 Panorama Mundial .............................................................................. 32
3.1.1 Perspectiva para a Populao Idosa .................................................... 35
3.2 Panorama Brasileiro ............................................................................ 37
3.3 Panorama do Estado de So Paulo ...................................................... 47
4. CARACTERIZAO SCIO ECONMICA DA POPULAO IDOSA
NO MUNICPIO DE SO JOS DOS CAMPOS
4.1 Histrico ................................................................................................. 52
4.2 Aspectos populacionais .......................................................................... 53
4.3 Perfil Scio Econmico da Populao Idosa Urbana do Municpio de So Jos dos Campos ...............................................................................
69
-
4.3.1 Idade ........................................................................................................ 69
4.3.2 Sexo ........................................................................................................ 70
4.3.3 Estado civil ............................................................................................ 70
4.3.4 Naturalidade ........................................................................................... 71
4.3.5 Posio na famlia ................................................................................. 72
4.3.6 Grau de instruo ................................................................................... 72
4.3.7 Dependente ............................................................................................. 73
4.3.8 Depende .................................................................................................. 74
4.3.9 Trabalha .................................................................................................. 75
4.3.10 Tipo de trabalho .................................................................................... 76
4.3.11 Rendimentos mensais ............................................................................ 76
4.3.12 Tem convnio ou plano de sade ......................................................... 78
4.3.13 Utiliza-se de servios mdicos freqncia ........................................ 79
4.3.14 Tipos de doenas consultadas ............................................................... 79
4.3.15 No seu domiclio tem .......................................................................... 80
4.3.16 Tipo de habitao .................................................................................. 81
4.3.17 Condio de ocupao do imvel ......................................................... 82
4.3.18 Atividades fsicas .................................................................................. 82
4.3.19 Atividades sociais .................................................................................. 83
4.3.20 Atividades de lazer ................................................................................ 84
4.3.21 Problemas que voc enfrenta na cidade devido a sua idade ................... 85
4.4 Concluso ............................................................................................... 88
5. CONSIDERAES FINAIS .............................................................. 94
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................. 100
ANEXO A Questionrio .................................................................................... 105
ANEXO B Relaes de Grupos de Convivncia .............................................. 109
ANEXO C reas de Abrangncia Plantes Sociais .......................................... 115
ANEXO D Banco de Dados (CD-ROM) .......................................................... 128
-
LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 Populao residente com 60 anos ou mais de idade por situao
de domiclio ....................................................................................
5
Tabela 2.1 Taxa de natalidade e mortalidade mundial 1950/2000 ................... 17
Tabela 2.2 Estimativas da esperana de vida ao nascer mundial ..................... 17
Tabela 3.1 Populao de 60 anos ou mais de idade 1950/2000 ....................... 35
Tabela 3.2 Projees para a populao de 60 anos ou mais de idade
2010/2050 .......................................................................................
35
Tabela 3.3 Populao e projees da populao mundial de 0 a 14 anos de
idade ................................................................................................
36
Tabela 3.4 Populao e projees da populao mundial de 65 anos ou mais
e de 80 anos ou mais de idade ........................................................
37
Tabela 3.5 Taxas de natalidade, fertilidade e mortalidade no Brasil
1950/2000 .......................................................................................
38
Tabela 3.6 Populao e projees da populao brasileira de 60 anos ou mais
de idade ...........................................................................................
38
Tabela 3.7 Populao e projees da populao brasileira de 0 a 14 anos de
idade ................................................................................................
39
Tabela 3.8 Populao e projees da populao brasileira de 65 anos ou mais
e de 80 anos ou mais de idade ........................................................
40
Tabela 3.9 Distribuio da populao brasileira total e idosa por situao de
domiclio .........................................................................................
40
Tabela 3.10 Distribuio da populao brasileira idosa por grupos de idade e
situao de domiclio ......................................................................
41
Tabela 3.11 Esperana de vida no Brasil ............................................................ 42
-
Tabela 3.12 Distribuio da populao brasileira idosa por grupos de idade e
sexo 2000 ........................................................................................
43
Tabela 3.13 Distribuio da populao brasileira urbana total e idosa por
regies 2000 ....................................................................................
44
Tabela 3.14 Distribuio da populao brasileira idosa responsvel pelo
domiclio por grupos de idade e sexo 2000 ....................................
46
Tabela 3.15 Distribuio da populao no Estado de So Paulo total e idosa
por situao de domiclio ................................................................
48
Tabela 3.16 Distribuio da populao idosa no Estado de So Paulo por
grupos de idade e sexo 2000 ...........................................................
49
Tabela 3.17 Distribuio da populao idosa do Estado de So Paulo
responsvel pelo domiclio por grupos de idade e sexo 2000 ........
50
Tabela 4.1 Populao residente no municpio de So Jos dos Campos
1950/2000 .......................................................................................
54
Tabela 4.2 Distribuio da populao residente no municpio de So Jos
dos Campos por situao de domiclio 1950/2000 .........................
54
Tabela 4.3 Taxa de natalidade e mortalidade no municpio de So Jos dos
Campos 1950/2000 .........................................................................
56
Tabela 4.4 Populao com 60 anos ou mais de idade residente no municpio
de So Jos dos Campos 1980/2000 ...............................................
56
Tabela 4.5 Distribuio espacial da populao idosa urbana no municpio de
So Jos dos Campos 2000 .............................................................
58
Tabela 4.6 Distribuio da populao idosa no municpio de So Jos dos
Campos por grupos de idade e sexo 2000 ......................................
62
Tabela 4.7 Idosos responsveis pelos domiclios no municpio de So Jos
dos Campos ....................................................................................
62
Tabela 4.8 Escolaridade dos idosos responsveis pelos domiclios no
municpio de So Jos dos Campos por anos de estudo e sexo ......
67
-
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Participao e distribuio da amostra por regio ................................ 5
Figura 1.2 Fluxograma das atividades ................................................................... 7
Figura 3.1 Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsvel pelo domiclio por grupos de idade no Brasil 2000 ......................................
47
Figura 3.2 Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsvel pelo domiclio por grupos de idade no Estado de So Paulo 2000 ..............
51
Figura 4.1 Populao residente no municpio de So Jos dos Campos com 60 anos ou mais de idade por situao de domiclio .................................
57
Figura 4.2 Distribuio da populao idosa no municpio de So Jos dos Campos por sexo ..................................................................................
61
Figura 4.3 Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsvel pelo domiclio por grupos de idade no municpio de So Jos dos Campos 2000 ......................................................................................................
64
Figura 4.3.1 Distribuio por grupos de idade .......................................................... 69
Figura 4.3.2 Distribuio por sexo ............................................................................ 70
Figura 4.3.3 Distribuio por estado civil ................................................................. 70
Figura 4.3.3.1 Distribuio dos idosos, casados, por regio ........................................ 71
Figura 4.3.4 Distribuio por naturalidade ............................................................... 71
Figura 4.3.5 Distribuio por posio ocupada na famlia ....................................... 72
Figura 4.3.6 Distribuio por grau de instruo ........................................................ 72
Figura 4.3.6.1 Distribuio dos idosos, com 4 anos de estudo, por regio .................. 73
Figura 4.3.7 Distribuio da dependncia ................................................................. 73
Figura 4.3.8 Distribuio dos dependentes ............................................................... 74
Figura 4.3.8.1 Distribuio dos idosos, sem dependentes, por regio ......................... 74
-
Figura 4.3.9 Distribuio dos que trabalham e dos que no trabalham .................... 75
Figura 4.3.9.1 Distribuio dos idosos, que no trabalham, por regio ....................... 75
Figura 4.3.10 Distribuio por tipo de trabalho .......................................................... 76
Figura 4.3.11 Distribuio por sexo, faixa de rendimento e sem rendimento ............ 77
Figura 4.3.11.1 Distribuio dos idosos, por faixa de rendimento e sem rendimento, por regio ..............................................................................................
77
Figura 4.3.12 Distribuio por convnio mdico ou plano de sade .......................... 78
Figura 4.3.12.1 Distribuio dos idosos, que utilizam a rede pblica de sade, por regio ....................................................................................................
78
Figura 4.3.13 Distribuio segundo a utilizao dos servios mdicos ...................... 79
Figura 4.3.14 Distribuio por um tipo de doena e + de uma doena ....................... 79
Figura 4.3.15 Distribuio segundo bens nos domiclios ........................................... 80
Figura 4.3.16 Distribuio por tipo de habitao ........................................................ 81
Figura 4.3.16.1 Distribuio dos idosos, por tipo de habitao casa isolada, por regio ....................................................................................................
81
Figura 4.3.17 Distribuio por condio de ocupao do imvel ............................... 82
Figura 4.3.18 Distribuio por atividades fsicas ........................................................ 82
Figura 4.3.18.1 Distribuio dos idosos, que no praticam atividades fsicas, por regio ....................................................................................................
83
Figura 4.3.19 Distribuio por atividades sociais ....................................................... 83
Figura 4.3.19.1 Distribuio dos idosos, com mais de uma atividade social, por regio ....................................................................................................
84
Figura 4.3.20 Distribuio por atividades de lazer ..................................................... 84
Figura 4.3.21 Distribuio dos problemas por tema .................................................. 85
Figura 4.3.21.1 Distribuio dos temas, por regio ....................................................... 86
-
LISTA DE MAPAS
Mapa 4.1 Distribuio espacial da populao total e proporo da populao idosa
residente, na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos por regio
2000 ............................................................................................................
59
Mapa 4.2 Distribuio espacial da populao idosa residente, por setores censitrios,
na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos 2000 .....................
60
Mapa 4.3 Distribuio espacial da populao idosa responsvel pelo domiclio, por
setores censitrios, na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos
2000 ...............................................................................................................
63
Mapa 4.4 Distribuio espacial da populao idosa analfabeta, por setores
censitrios, na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos
2000................................................................................................................
66
Mapa 4.5 Distribuio espacial da populao idosa analfabeta responsvel pelo
domiclio, por setores censitrios, na rea urbana do municpio de So Jos
dos Campos 2000 .......................................................................................
68
-
1. INTRODUO
1.1 Consideraes Gerais
A velhice est se tornando uma questo fundamental para o planejamento das
polticas pblicas e desafio poltico para o sculo XXI. A Organizao das Naes
Unidas - ONU (2002a) considera que as polticas para o desenvolvimento sero
ineficientes se no priorizarem a busca de alternativas para as demandas de uma
sociedade envelhecida.
O aumento da populao idosa no decorrer das ltimas dcadas um fenmeno
mundial, uma evidente realidade na sociedade brasileira e em particular no municpio de
So Jos dos Campos.
Fruto da diminuio das taxas de natalidade e mortalidade e do aumento dos
ndices de expectativa de vida, o crescimento demogrfico da populao idosa alterou a
estrutura etria da populao brasileira. Verifica-se que o aumento da populao idosa
maior que o das outras faixas etrias, fato este que ocasiona um impacto e exige
respostas s novas demandas sociais.
Essas demandas acarretam presses no sistema de assistncia, previdncia social,
sade, educao, trabalho e planejamento urbano. Isso significa uma necessidade de
adequao dos sistemas poltico, econmico e social nova realidade do Pas.
O fenmeno do envelhecimento recente, porm seus impactos sero profundos,
incidiro sobre todos os setores da sociedade e j se fazem sentir nas condies de vida
de uma parcela cada vez maior da populao.
Os idosos, agora, com sua mobilidade reduzida, num misto de limites adquiridos
e limites impostos, se deparam no somente com as barreiras sociais e culturais, mas
tambm com as barreiras fsicas do espao construdo. Portanto, pensar a questo da
incluso e da acessibilidade do idoso questionar as transformaes das cidades em
funo da emergncia deste contingente de pessoas idosas que ganham maior vigor e se
colocam como realidade num cenrio vivo do qual todos fazemos parte.
-
2
Viver mais e ser parte de um grande contingente populacional no significam
apenas durar mais. O grande desafio o de viver com qualidade e ter acesso, atravs da
participao, ao exerccio da cidadania.
1.2 Justificativa
A qualidade de vida, ou viver com qualidade uma construo pessoal que
depende de fatores biolgicos, psicolgicos, culturais, sociais e econmicos. Fatores
determinados pelo espao e pelo tempo que devem ser considerados pelo planejamento
urbano.
Podemos relacionar a busca por melhorias na qualidade de vida com o ciclo
motivacional que comea com o surgimento de uma necessidade humana que segundo
Maslow (apud CHIAVENATO, 1988) esto dispostas em uma hierarquia, a saber:
Necessidades fisiolgicas (ar, comida, repouso, abrigo, etc.); Necessidades de segurana (proteo contra o perigo ou privao); Necessidades sociais (amizade, incluso em grupos etc.); Necessidades de estima (reputao, reconhecimento, respeito, amor etc.); Necessidades de auto-realizao (realizao do potencial, utilizao dos
talentos individuais etc).
Para a satisfao dessas necessidades bsicas deve-se priorizar a adequao da
alimentao, da habitao, do lazer, do transporte, do trabalho e da acessibilidade para
assegurar a sobrevivncia da espcie humana com peculiaridades de todas as idades.
A no satisfao dessas necessidades pode ter como conseqncia a excluso ou
o isolamento do ser humano da sociedade.
O crescimento da populao idosa deve provocar mudanas na sociedade e
produzir novas demandas para todos os setores sociais.
O grande desafio das sociedades possibilitar a participao social e a integrao
dessa populao que envelhece, para o exerccio da cidadania.
A Lei 8.842/94 que dispe sobre a Poltica Nacional do Idoso, criou normas em
todos os setores, para o atendimento integral ao idoso, garantindo autonomia, integrao
na vida socioeconmica e participao efetiva como instrumento de cidadania. Essa Lei
-
3
envolve assistncia social, sade, turismo, planejamento urbano especialmente no que
se refere habitao e acessibilidade e objetiva criar condies para promover a
longevidade com qualidade de vida para os idosos atuais e para os que vo envelhecer.
A organizao e coordenao do espao urbano se fazem necessrias. Devem-se
buscar situaes adequadas ao desenvolvimento humano, viabilizando a acessibilidade
aos bens e servios que proporcionem uma melhor qualidade de vida para todos.
O municpio de So Jos dos Campos, incluindo os distritos de Eugnio de
Mello e So Francisco Xavier, registrava de acordo com o censo 2000, 35.492 idosos,
isto , pessoas com 60 anos ou mais de idade. Apesar deste nmero representar 6,6% da
populao total, inexistente a caracterizao desta populao na cidade.
O estudo da condio do idoso requer a anlise de uma gama complexa e ampla
de variveis, pois relaciona-se com vrias reas de conhecimento humano.
Esse trabalho limita-se a uma pesquisa de campo, com anlise descritiva e
exploratria, que tem por finalidade fornecer informaes que possam subsidiar a
elaborao de planos urbanos, criar um banco de dados que instrumentalize a poltica
municipal do idoso e contribuir para o conhecimento da realidade da populao idosa
residente na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos.
1.3 Objetivos
Geral: Caracterizar a dimenso social e econmica, da populao de 60 anos ou
mais de idade residente na rea urbana do municpio de So Jos dos Campos;
Especficos: Verificar a distribuio espacial da populao idosa; Auxiliar o
planejamento urbano, a organizao e o desenvolvimento de aes e programas
destinados populao idosa residente na rea urbana do municpio de So Jos dos
Campos.
1.4 Metodologia
O mtodo um instrumento de anlise, uma maneira de abordar a realidade e de
estudar os fenmenos da natureza e da sociedade.
-
4
A fim de melhor captar os elemento pertinentes ao fenmeno em estudo,
utilizou-se o mtodo qualitativo de pesquisa, o qual, pelas suas caractersticas, permitiu
a flexibilidade, a abertura e a profundidade do tema estudado. O estudo qualitativo foi
realizado mediante a analise de questionrios individuais em profundidade, buscando
relatar aspectos pessoais, existenciais, e a participao em atividades de cunho social e
econmico.
O mtodo estatstico tambm foi utilizado por permitir a obteno da
representao, populao idosa, a verificao de suas relaes e a anlise comparativa
com a populao total da cidade. Esse mtodo reduz os fenmenos a termos
quantitativos e as manipulaes estatsticas, que permitem comprovar as relaes dos
fenmenos entre si, e obter generalizaes sobre sua natureza, ocorrncia ou
significado.
Buscando identificar o grau de conhecimento, comportamentos, hbitos e
opinies, aplicou-se o mtodo quantitativo por oferecer informaes mais objetivas.
As tcnicas empregadas para a elaborao desse estudo foram:
A) Pesquisa Bibliogrfica;
B) Pesquisa e anlise de dados secundrios: do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatstica IBGE; da Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados
FSEADE; da Organizao das Naes Unidas ONU; do Instituto de
Pesquisa Econmica Aplicada IPEA.
C) Pesquisa de Campo, utilizando como instrumento para a coleta de dados um
questionrio (anexo A) contendo vinte questes fechadas e uma questo
aberta, que foram preenchidos atravs de entrevistas, no perodo de junho a
setembro de 2003. Representando uma populao de 34.681 idosos, com 60
anos ou mais de idade, residente na rea urbana de So Jos dos Campos e do
distrito de Eugnio de Melo, obteve-se uma amostra com 95% de grau de
confiana com uma margem de erro de 2,5% para mais ou para menos,
perfazendo um total de 1.426 entrevistados.
Os dados populacionais do municpio de So Jos dos Campos englobam os
distritos de Eugnio de Melo e So Francisco Xavier, a Tabela 1.1 apresenta a
populao idosa do municpio de So Jos dos Campos e dos seus distritos por situao
de domiclio.
-
5
Tabela 1.1 Populao residente com 60 anos ou mais de idade por situao de
domiclio
Ano 2000 Total Urbana
Absoluto %
Rural
Absoluto %
So Jos dos Campos 32.377 31.924 98,60 453 1,40
Eugnio de Melo 2.757 2.757 100 --- ---
So Francisco Xavier 358 137 38,27 221 61,73 Fonte: IBGE (SIDRA)
Apresentamos a Tabela 1.1 para esclarecimento dos dados quantitativos. Os
dados apresentados em mapas e nos resultados das entrevistas incluem a populao
idosa urbana de So Jos dos Campos e do distrito de Eugnio de Melo.
A diviso regional do municpio de So Jos dos Campos, no oficial e os
dados apresentados pelo IBGE so por setores censitrios.
Para incluirmos nesse trabalho a diviso regional de So Jos dos Campos,
buscando maior fidedignidade e exatido, utilizamos a relao das reas de abrangncia
da Secretaria de Desenvolvimento Social (anexo B), a distribuio regional elaborada
por BORGES (2003) e os dados por setores censitrios do programa ESTATCART do
IBGE censo 2000.
As entrevistas cobriram todas as regies do municpio de So Jos dos Campos,
conforme distribuio apresentada na Figura 1.1, tendo como referncia a populao
idosa levantada pelo IBGE, censo 2000, conforme Mapa 4.1 da pgina 59.
1,19% 13,11%14,45%
17,04%
19,85%34,36%
Central Leste Norte Oeste Sudeste Sul
Figura 1.1 Participao e distribuio da amostra por regio
-
6
A regio de maior amostra a regio Sul, sendo que 5,68% dos entrevistados
residem no Jardim Satlite e 4,77% no Bosque dos Eucaliptos. J a regio Oeste, de
menor amostra, o bairro de maior abrangncia foi o Jardim das Indstrias com 0,49%
dos entrevistados.
As entrevistas foram realizadas nos seguintes locais e respectivas regies:
Grupos de Convivncia da Terceira Idade:
1. Do Amor Regio Central 2. Tempo de Viver Regio Sudeste
3. Pr do Sol I Regio Leste 4. Pr do Sol II - Regio Leste
5. Da Paz Regio Leste 6. Renascer - Regio Leste
7. Viver a Vida I - Regio Norte 8. Viver a Vida II - Regio Norte
9. Reviver - Regio Sul 10. Lrio do Vale I - Regio Sul
11. Lrio do Vale II - Regio Sul 12. Optar Regio Central
13. Magnificat Regio Sudeste 14. Cativa Regio Central
15. Estrela Dalva Regio Sul 16. Vida e Esperana Regio Sul
17. Reviver (So Lucas) Regio Sul 18. Vila de Assistncia e Proteo dos
Idosos Regio Sul
19. Anos Dourados Regio Sul 20. SESC Regio Central
21. SESI Regio Sul 22. Monte Tabor Regio Sul
23. Santa Terezinha Regio Sul 24. Vida Renovada Regio Leste
Abrigos:
1. Asilo Recanto
So Joo de Deus
Regio Norte
2. Lar So Vicente
de Paulo Regio
Norte
3. Casa de Repouso
e Apoio Geritrico
V Laura Regio
Leste
4. Hospital
Geritrico
Vicentina Aranha
Regio Central
Outros:
1. Associao dos Aposentados
e Pensionistas de So Jos dos
Campos Regio Central
2. Faculdade da
Terceira Idade
Univap Regio
Central
3. Domiclios 4. Locais
Pblicos
-
7
As entrevistas, em sua maioria, foram realizadas pelos coordenadores dos grupos
e das instituies citadas, cuja relao com os endereos e nomes encontra-se no anexo
C.
Os dados obtidos com as entrevistas possibilitaram a criao de um banco de
dados, elaborado no programa Microsoft Excel, contendo duas planilhas, sendo a Plan
1 Dados Coletados que foram gerados com a tabulao de cada questionrio e a Plan 2
Legenda do questionrio para a leitura dos dados. (anexo D)
O processo e detalhamento das atividades podem ser observados no fluxograma
apresentado na Figura 1.2.
PesquisaBibliogrfica
Coleta dos Questionrios
Concluses
Caracterizao
Anlise dos Dados
Criao do Banco de Dados
Tabulao dos dados Coletados
Aplicao dosQuestionrios
Elaborao do Questionrio
Levantamento Populacional
Levantamento de Instituiese
Grupos Especficos
Levantamento Scio Econmico
Coleta de Dados
Escolha da rea de Estudo
Escolha do Tema
Figura 1.2 Fluxograma das atividades
-
8
1.5 Estrutura do Trabalho
Este trabalho apresentado dividido em cinco ttulos, sendo o ttulo 1 esta
introduo.
O ttulo 2 refere-se reviso bibliogrfica e tem como objetivo analisar o
envelhecimento humano com vista ao Planejamento Urbano.
No ttulo 3 esto as informaes sobre o panorama da demografia do
envelhecimento e como se distribui esta populao idosa no mundo, no Brasil e no
Estado de So Paulo.
Apresentamos no ttulo 4 a caracterizao scio econmica dos idosos residentes
no municpio de So Jos dos Campos e o perfil dessa populao traado com os
resultados da pesquisa.
No ttulo 5 esto colocadas as consideraes finais do trabalho.
-
9
2. ENVELHECIMENTO HUMANO E PLANEJAMENTO
URBANO
2.1 O Ciclo da Vida
Recentemente tem aumentado o nmero de estudos que analisam a relao entre
o tempo, a idade e o ciclo de vida. A partir da dcada de 70 estudos referentes
populao com idade superior a 60 anos ganharam notoriedade, pois houve um aumento
mundial dessa populao nos ltimos anos.
Os primeiros estudos investigaram apenas a velhice, considerando o avano da
idade como um problema.
A maior parte das pesquisas, feita em instituies para idosos, levou concluso
de que a velhice um perodo desolador, de rejeio, de solido, de doenas, de
dependncia econmica e que requer uma enorme quantidade de servios de apoio.
medida que o estudo sobre o ciclo de vida passou a interessar a um maior
nmero de pesquisadores, estes passaram a empregar amostras de populaes de
diferentes faixas etrias, classes sociais, profisses, culturas e os resultados obtidos
levaram a uma mudana na anlise do desenvolvimento humano.
Uma dessas mudanas foi que o modelo empregado, at ento, no era adequado.
Apoiados na teoria psicanaltica, a qual postula que os traumas vividos pelo indivduo,
na infncia, determinam seu desenvolvimento emocional futuro, os tericos analisavam
apenas a histria de vida do sujeito.
Alguns estudos mostraram que, durante o ciclo de vida, as mudanas
psicolgicas so contnuas. Conseqentemente, a realidade psicolgica do adulto no
pode ser analisada simplesmente projetando os problemas e as caractersticas que o
indivduo apresentou na infncia.
A maior parte dos estudos sobre o desenvolvimento do adulto utiliza a teoria do
desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson (apud BARROS, 1999), conhecida como
a teoria das oito idades do homem. Na stima idade, que vai dos 30 aos 60 anos,
considera que o adulto est na idade da generatividade versus estagnao. Criar uma
-
10
nova gerao, cuidar e orientar os mais novos o significado atribudo palavra
generatividade.
Fala-se muito da dependncia das crianas em relao aos adultos e quase nada
se diz sobre a necessidade que sentem as pessoas maduras de se saberem responsveis
por crianas e jovens. O adulto precisa sentir-se necessrio. Quando isso no acontece,
ocorre uma sensao de estagnao e de infecundidade.
Na oitava idade, aps os 60 anos, a pessoa vive a idade da integridade do ego
versus desesperana. A integridade do ego leva ao senso de unio com a humanidade,
sabedoria e esperana; a falta de integrao do ego leva ao desespero, ao sentimento
de que o tempo j curto para a tentativa de experimentar rotas alternativas de vida.
A teoria de que o processo de socializao contnuo ao longo da vida, o
embasamento para a afirmao de que o desenvolvimento adulto se processa em
estgios. Cada sociedade tem um padro de comportamento para cada idade, que obriga
o indivduo a passar por uma regulagem social do nascimento at a morte.
Segundo Cria-Sabini (1998) os perodos do ciclo de vida na idade adulta
seriam: idade adulta jovem, maturidade e velhice.
No perodo da maturidade ou meia-idade, por volta dos 40/50 anos de idade, h
uma mudana na perspectiva pessoal do tempo, que reestruturado em termos da outra
metade do tempo de vida. A questo no mais sobre os 40 ou 50 anos de vida
passados, questiona-se: Quanto tempo ainda resta pela frente? O que pode ser feito para
viver melhor? Como no perder o que ainda resta? Como no ser considerado
ultrapassado em todas as atividades e relaes estabelecidas?
Essas reflexes conduzem a um aumento da introspeco e da reflexo sobre si
mesmo e a pessoa passa a reinterpretar seu passado e a organizar suas lembranas,
criando um contexto histrico que lhes dem um significado.
Para alguns, o crescimento dos filhos e a perspectiva da aposentadoria indicam o
incio do processo de envelhecimento.
Ao perceber que os filhos cresceram e no precisam mais da presena constante
dos pais, as pessoas comeam a tomar conscincia de que no so mais to jovens e
desenvolvem um sentimento de perda, elas devem agora buscar novas formas de vida
para utilizar sua disponibilidade de espao e tempo.
-
11
Por outro lado h a preocupao com a aposentadoria que est ligada no apenas
sobrevivncia financeira, mas tambm dificuldade em vencer a perda de prestgio e
do estilo de vida at ento desenvolvido.
Por volta dos sessenta anos tem incio, ento, o declnio nas atividades orgnicas
e mentais, a regresso biolgica. O homem se torna conservador, saudosista e um
tanto reacionrio, pela falta da participao na dinmica social e do temor pelo destino.
O desafio para o ego na velhice est na adaptao perda do trabalho, dos
amigos, do companheiro, da posio social, da autoridade na famlia, e ao
questionamento, feito pelos outros, sobre a sua competncia fsica e mental para
executar algumas tarefas. A integridade do ego neste perodo fica mais apoiada no
passado (o que eu fui, o que eu fiz) do que no presente (o que eu sou).
Para alguns tericos, os estgios do desenvolvimento do adulto no so aceitos
baseando suas argumentaes em trs aspectos:
Primeiro que, a partir da adolescncia, o ritmo dos acontecimentos da vida torna-se menos regular, por isso a vida perde seu costumeiro
significado social, tornando-se assim, cada vez menos relevante;
Segundo que as tarefas sociais, problemas e preocupaes, que geralmente so usados para caracterizar os estgios, no pertencem
exclusivamente a uma faixa etria, mas aparecem e reaparecem ao longo
da vida. Podem assumir formas diferentes, mas no obedecem a uma
ordem fixa.
Terceiro argumento que as mudanas interiores ocorrem vagarosamente, so contnuas e no-discretas. Elas refletem apenas o
modo como cada um percebe o mundo. Essa percepo resultante do
processo de aprendizagem social, ao qual qualquer pessoa est sujeita.
O adulto o construtor da sua dimenso de tempo e de espao. Na sua mente,
presente e passado constituem uma realidade psicolgica, que organizada a partir de
diferentes sistemas de valores. Segue-se, da, que descrever a existncia como uma
seqncia de perodos claramente demarcados (juventude, meia-idade, velhice) um
jeito de prejudicar a idia da vida, como se ela fosse um conjunto de interaes que
obedecem a um certo nmero de normas e padres.
-
12
As pesquisas com idosos mostram que no h deteriorao no nvel de
inteligncia daqueles que tm um bom estado de sade. A deteriorao ocorre apenas
naqueles que apresentam doenas degenerativas do sistema nervoso, ou que passaram a
viver em ambientes muito pobres em estimulaes.
medida que a idade avana, o indivduo passa a ter um domnio cognitivo que
lhe permite criar estratgias eficientes para a resoluo de problemas complexos, cujos
conceitos envolvidos mantm uma relao de ordem em um nvel mais alto de
generalizao e abstrao. Evidentemente, quanto maior forem as exigncias ambientais
(tipo de trabalho desenvolvido, leituras, discusses com outras pessoas, complexidade
dos problemas), maior ser o desenvolvimento do pensamento formal.
2.1.1 Os Conceitos do Envelhecer
Conceituar idoso uma tarefa complexa que envolve critrio cronolgico e
aspectos biolgicos, psicolgicos e sociais.
Idoso definido como aquele que tem muitos anos. A palavra velho no deve ser
utilizada para se referir pessoa, pois considera-se um termo prprio para objetos.
O envelhecimento definido como o ato ou o efeito de envelhecer, que tomar
idade, chegar pouco a pouco a um perodo mais avanado da vida ou mesmo tornar-se
ultrapassado (velho).
A Organizao Mundial da Sade OMS define a populao idosa como aquela
a partir dos 60 anos de idade, fazendo uma distino entre Pases desenvolvidos e em
desenvolvimento. O limite de 60 anos de idade vlido para os Pases em
desenvolvimento, subindo para 65 anos de idade quando se trata de Pases
desenvolvidos.
Na Poltica Nacional do Idoso-PNI, Lei n 8.842 de 04/01/1994 regulamentada
pelo Decreto n 1948 de 03/07/1996, considera idosa a pessoa maior de sessenta anos de
idade. Essa lei tem como objetivo assegurar a cidadania ao idoso, bem como sua
integrao e participao efetiva na sociedade.
Camarano (et. al. 2002a) questiona o conceito de idoso, dizendo que encontrar
um critrio de demarcao que permita distinguir um indivduo idoso de um no idoso,
-
13
pode suscitar objees do ponto de vista cientfico. Explica que definir idoso como
aquele que tem muita idade um juzo de valor e que os valores que referendam esse
juzo dependem de caractersticas especficas da sociedade onde o indivduo est
inserido. Quando se utiliza a idade cronolgica como critrio de classificao, admite-se
implicitamente que a idade o parmetro nico e intertemporal de distino procedendo
como se houvesse homogeneidade na definio de um idoso entre grupos sociais
diferentes.
Uma das conseqncias do uso da idade para definir idoso que a sociedade cria
expectativas em relao aos papis sociais e com o status de idoso exercendo diversas
formas de coero para que esses papis se cumpram. Na maioria dos Pases
industrializados, a imposio desses papis indiferenciadamente a todos aqueles que so
julgados idosos, encontra cada vez menos respaldo em condies orgnicas objetivas, o
que torna obsoleta a idia de um idoso nico.
Justifica que o desenvolvimento tecnolgico na medicina, os mecanismos de
assistncia do estado e a modificao no processo de produo so os elementos que
criaram as condies para o surgimento e expanso de uma terceira idade ativa.
Relacionam algumas medidas mais abrangentes que o conceito nico de idoso:
Diferenciao espacial: vrias caractersticas culturais so compartilhadas por indivduos de uma mesma zona geogrfica; e os limites espaciais podem ser um
primeiro critrio de diferenciao;
Diferenciao de grupos sociais: caractersticas como rendimentos, forma de insero na famlia, raa, sexo, nvel educacional, etc, tambm permite maior grau de
compreenso na anlise do envelhecimento;
Reconhecimento de uma idade-limite nica: a diviso em idades especficas facilita a distino dos fenmenos que ocorrem nos ciclos de vida social.
Moreira (2002) explica que usual em demografia, definir os 60 ou 65 anos
como o limiar que conceitua populao idosa; e que por envelhecimento populacional
entende-se o crescimento da populao considerada idosa em uma dimenso tal que,
amplia a sua participao relativa no total da populao.
Ferreira (2001) explica que a conceituao de idoso possui um grande
componente subjetivo e influenciado, alm do critrio cronolgico, por fatores
biolgicos, psicolgicos e sociais.
-
14
Beauvoir (1990) considera a velhice como um fenmeno biolgico que acarreta
conseqncias psicolgicas, que se apresentam atravs de determinadas condutas,
consideradas tpicas da idade avanada, que tem uma dimenso existencial, pois
modifica a relao do homem no tempo e, portanto, seu relacionamento com o mundo e
com sua prpria histria.
[...] o homem nunca vive em estado natural: um estatuto lhe
imposto, tambm na velhice, pela sociedade a que pertence. A velhice
o resultado e o prolongamento de um processo. (BEAUVOIR, 1990)
Para Bosi (1999) ser velho na sociedade capitalista lutar para continuar sendo
homem e para sobreviver s adversidades e ciladas do mundo.
Segundo Fraiman (1988) o envelhecer um processo complexo de modificao,
que abrange tanto a rea biofisiolgica como a rea psicossocial, com implicaes para
o indivduo que o vivencia, para a sociedade que o assiste, o suporta ou o promove, e
que um processo bsico de todo ser vivo e at da matria.
Numa multiplicidade de opinies e avaliaes objetivas e subjetivas, Fraiman
(1988) nos d vrios conceitos de "idade":
Idade cronolgica: uma medida abstrata, criada principalmente em funo de prticas administrativas. Embora seja
objetivamente mensurvel, aquela que menos caracteriza condies
individuais.
Idade biolgica: no necessariamente est relacionada com a idade cronolgica e para compreender isso basta apontar o fato de que
pessoas que exercem funes e trabalhos desgastantes envelhecem antes.
Alm disso, h o fato de que em um mesmo organismo, alguns rgos
envelhecem antes que outros, e o primeiro deles a ficar comprometido,
ainda antes de estar plenamente amadurecido, o sistema nervoso. Da
pode-se dizer que se passa a envelhecer to logo se nasce.
Idade pessoal: aquela que a prpria pessoa determina, segundo aquilo que sente interiormente. No obrigatoriamente em funo
de suas experincias.
Idade social: determinada por regras e expectativas sociais, categoriza as pessoas em termos de seus direitos como cidados,
-
15
atribuindo tarefas a serem desempenhadas, mais ou menos relacionadas
s idades cronolgica e biolgica.
Idade existencial: somatria de experincias pessoais e de relacionamentos, vivenciada e acumulada ao longo dos anos, aquela
que, para os fins sociais, econmicos e administrativos, menos levada
em considerao.
Terceira idade: aprisionamento para alguns, um espao da vida em que qualquer ato fecundo impossvel. Para outros, a
conscientizao de seu atual momento, que deve ser vivido. Outras
pessoas consideram essa fase vital complexa, ora vista de maneira
preconceituosa, ora analisada como conquista.
A designao Terceira Idade, foi proposta pelo gerontologista francs Huet e
teve aceitao geral. (apud HADDAD, 1986)
A velhice difere de outras categorias etrias basicamente no que se refere s
inmeras perdas de relacionamentos significativos, as profundas modificaes
familiares, as dificuldades quanto ao mercado de trabalho, a uma batalha contnua
contra as doenas, a proximidade da morte, a ameaa sexualidade, inteligncia e
integridade.
Consideramos, assim, o envelhecimento como um processo social dinmico cujo
conceito deve envolver o indivduo em sua totalidade, isto , perceb-lo como um ser
bio-psico-social. Todo indivduo est inserido num contexto histrico, geogrfico,
econmico, social e poltico e neste contexto, em constante transformao, que se
deve buscar a justificativa para tentar explicar e conceituar esse segmento da sociedade.
2.1.2 Causas e Conseqncias do Envelhecimento Humano
As baixas taxas de fertilidade, natalidade e mortalidade levam ao envelhecimento
populacional.
O declnio da fertilidade tem razes culturais, que derivam, em grande parte, da
Revoluo Industrial: os filhos deixam de ser o sustentculo da economia familiar e
-
16
tambm de funcionar como uma espcie de previdncia para os pais. Atualmente, a
famlia numerosa significa custo e no mais uma fonte de sustento.
No Brasil, segundo dados da ONU (2002b), a taxa de fertilidade passou de 6,16
filhos em mdia por mulher em 1940, para 2,35 filhos em 2000. A diminuio do
nmero de filhos est relacionada ao advento da plula anticoncepcional que facilitou o
planejamento familiar, a emancipao da mulher que passou a integrar o mercado de
trabalho, combinado com o aumento da escolaridade e maiores responsabilidades fora
do lar. O conjunto desses fatores passou a ter importante contribuio na renda familiar.
A queda da natalidade um fenmeno mundial. Como conseqncia, em todos
os continentes a populao tem crescido cada vez menos.
Esse fenmeno tem a ver com a prosperidade econmica, a urbanizao e,
sobretudo, com a entrada das mulheres no mercado de trabalho. As mulheres dedicam
mais tempo escola e carreira, deixando em segundo plano os papis tradicionais do
casamento e da maternidade. Tornou-se comum adiar o nascimento do primeiro filho
para depois dos 30 anos, e a deciso de no ter filhos j socialmente aceitvel. At
alguns anos atrs, a queda nas taxas de natalidade era um objetivo universal, tanto nos
Pases ricos como nos pobres. Hoje um problema.
Conforme mostra a Tabela 2.1, a taxa de natalidade mundial apresenta uma
queda de 15% no perodo de 1950 a 2000; j a taxa de mortalidade apresenta no mesmo
perodo uma queda de 10,7%. O ano de 1970 aparece como um marco, pois a diferena
entre a natalidade e mortalidade de 20,3%, podendo caracterizar o real envelhecimento
populacional.
As redues nas taxas de natalidade e mortalidade mostram um novo fenmeno:
o aumento na expectativa de vida. As pessoas esto envelhecendo e vivendo mais.
A expectativa de vida ao nascer o nmero mdio de anos de vida esperados
para um recm-nascido, mantido o padro de mortalidade existente na populao em
determinado espao geogrfico, no ano considerado. Essa expectativa de vida
aumentou, mesmo nos Pases em desenvolvimento, sugerindo melhoria das condies
de vida e da sade da populao, porm no se aplica qualidade de vida.
-
17
Tabela 2.1 Taxa de natalidade e mortalidade mundial 1950/2000 (Em %)
Ano Natalidade Mortalidade
1950 37,5 19,7
1960 35,4 15,6
1970 33,7 13,4
1980 27,3 10,3
1990 24,3 9,4
2000 22,5 9,0 Fonte: ONU (Diviso de Populao)
A possibilidade do envelhecimento populacional deve-se s conquistas humanas
nas reas tecnolgicas, mdicas, de saneamento, de alimentao, de habitao e
melhoria das condies de trabalho, pois essas conquistas proporcionaram um aumento
na expectativa de vida.
Em 1950 a expectativa de vida mundial era de 46,5 anos e a partir do ano 2000
passou para 65 anos, registrando um aumento de 18,5 anos no tempo de esperana de
vida.
Conforme os dados apresentados na Tabela 2.2 o aumento na expectativa de vida
ocorreu para ambos os sexos, porm, sendo mais significativa para a populao
feminina que em 1950 tinha 2,7 anos a mais que a populao masculina e que em 2000
aumentou para 4,2 anos.
Tabela 2.2 Estimativas da esperana de vida ao nascer mundial (Em anos)
Ano Masculino Feminino
1950 45,2 47,9
1960 51,1 53,7
1970 54,7 57,5
1980 59,5 63,3
1990 61,9 66,0
2000 62,9 67,1 Fonte: ONU (Diviso de Populao)
-
18
Segundo Moreira (2002), o envelhecimento no neutro quanto ao gnero. Os
ndices de mortalidade por sexo indicam que a proporo de mulheres, em todos os
grupos etrios aps a infncia, maior que a proporo de homens e tambm maior a
expectativa de vida das mulheres, caracterizando a feminizao do envelhecimento.
O aumento da longevidade deve ser reconhecido como uma conquista social, o
que se deve em grande parte ao progresso da medicina e a uma cobertura mais ampla
dos servios de sade. No entanto, este novo cenrio visto com preocupao por
acarretar mudanas no perfil das demandas por polticas pblicas, colocando novos
desafios para o Estado, sociedade e famlia.
Considerando o envelhecimento como uma problemtica social que se inicia na
infncia carente e culmina na velhice abandonada, Fraiman (1988) relaciona o
envelhecimento dentro de algumas ticas:
A tica econmica: gradativamente diminui o percentual de cidados ativos em relao queles desocupados, e todos os sistemas
que produzem a poltica social tm por base a contribuio feita pela
populao ativa.
A tica social: os velhos so coagidos ao isolamento dado que toda a estruturao da nossa sociedade orbita em torno da populao
jovem.
A tica ecolgica e geogrfica: o xodo dos jovens para as grandes cidades traz como conseqncia o envelhecimento da populao
rural; e as reas urbanas se ressentem dessa situao, pois no tm o
suporte necessrio para as grandes ondas migratrias, exacerbando a
violncia e a instabilidade que ora se vive nas ruas e nos lares.
A tica familiar: as famlias convivem entre si com trs ou at mesmo quatro geraes em uma mesma residncia, enquanto a
estrutura econmico-social quase que obriga constituio da famlia
nuclear, extinguindo as possibilidades da modalidade extensa. As
famlias esto despreparadas para darem apoio aos seus velhos e evitarem
que os conflitos entre geraes sejam exacerbados. O envelhecimento
traz uma sobrecarga para a famlia, o que crescente com a idade.
-
19
A tica de sade: as demandas se modificam com maior peso nas doenas crnico-degenerativas, o que implica custos mais
dispendiosos de internamentos, equipamentos e medicamentos na
velhice, uma vez que no h condies econmicas e previdencirias de
tratamento remediativo, quanto mais de promover atendimento
preventivo. A presso sobre o sistema previdencirio aumenta
significativamente.
Algumas das afirmativas acima so hoje vistas por outra tica levando-se em
considerao os fatores histricos, econmicos e temporais.
De acordo com Camarano (2002) cada vez maior o nmero de pessoas que
dependem do salrio dos idosos. Assim, 12 milhes de aposentados bancam as prprias
despesas e custeiam os filhos e os netos. Os idosos brasileiros deixaram de ser um peso
para seus familiares. A aposentadoria, mesmo de um salrio mnimo representa o
dinheiro certo no final do ms e 50% da renda das famlias dependem da aposentadoria.
A aposentadoria representa 46% da renda das pessoas entre 60 e 64 anos,
subindo para 82% quando a idade supera os 80. Isso acontece em funo da Lei
Oramentria de Assistncia Social - LOAS, dispositivo constitucional que obriga o
governo a pagar um salrio mnimo para idosos carentes acima dos 70 anos. Com isso,
os idosos brasileiros hoje participam com 52,5% da renda familiar e s 12% dos que
esto com mais de 60 anos no tm qualquer tipo de renda. Os idosos esto, cada vez
mais, garantindo o sustento de suas famlias.
Em muitos casos, eles bancam as despesas da casa tendo como principal fonte de
renda os benefcios previdencirios, como as aposentadorias e as penses.
Em 26% das famlias brasileiras h pelo menos um idoso. A proporo de 52%
significa que aproximadamente 6,3 milhes de famlias tm nos idosos seu principal
esteio. O desemprego acentuado entre os jovens, em tempos de instabilidade de
mercado de trabalho, fez com que a renda dos idosos ganhasse importncia no
oramento familiar. Com isso, tem-se aumentado tambm o nmero de idosos no
mercado de trabalho.
Essa realidade faz com que o idoso, aposentado, tenha que continuar
trabalhando, sendo na maioria dos casos, num "subemprego.
-
20
Benefcios previdencirios, aposentadorias e penses reduzem o grau de pobreza
e transformam a condio do idoso, de dependente em responsvel pela famlia.
O idoso sempre existiu em todos os lugares, em todas as culturas, vivenciando a
experincia de s-lo sua maneira, conforme suas caractersticas biolgicas,
psicolgicas e o seu contexto cultural e social.
Na sociedade pr-industrial, o homem que no decorrer da sua vida ia aprendendo
coisas e acumulando papis, adquiria status social. Quando envelhecia, continuava
sendo considerado, respeitado e totalmente identificado com os valores vigentes naquele
contexto histrico e social.
Na sociedade industrial, ou tecnolgica, no se admite algum que no produza.
Assim, quando o indivduo se aposenta, fica fadado a ser um intil.
O envelhecimento passa a ser analisado simplesmente pelos seus aspectos
deficitrios e decadentes, relacionando improdutividade tecnolgica com deficincia,
decrepitude e senilidade. como se os idosos no pudessem mais usufruir sua vida
como melhor lhes aprouver, optando por uma nova atividade, no ligada produo em
massa. como se nada mais pudessem fazer pela sociedade.
Entretanto, essa mesma sociedade se esqueceu de que o velho construiu e
solidificou experincia e conhecimento. Por que atir-lo agora numa clausura, tapando
os ouvidos e os olhos para no ouvir e ver o que ele tem a transmitir? o mesmo que
dar um fim aos valores histricos que perpassam geraes, extinguir as tradies dessa
sociedade enfim, matar a memria de um povo.
A sociedade define o que cada fase da vida significa socialmente, estabelece as
normas de comportamento, coloca os parmetros relacionais e define formas de
tratamento entre pessoas.
A velhice parte do desenvolvimento humano integral, e no uma predestinao
ao fim. o resultado dinmico de um processo vital global de uma vida, durante a qual
o indivduo se modifica incessantemente.
[...] por mais que o homem envelhea, por mais que a sociedade
determine sua idade e classifique-o como velho, enquanto viver, ele
no deixar de ser, de existir como pessoa e de ter direito a um
espao dentro da sociedade. (COSTA, 1998)
-
21
2.2 O Espao
O espao considerado por Santos (1985) como uma instncia da sociedade que
contm e contida pelas demais instncias. A economia est no espao e vice -versa. O
mesmo acontece com o poltico-institucional e com o cultural-ideolgico. Isso quer
dizer que a essncia do espao social. O espao formado pelas coisas, pelos objetos
geogrficos, naturais e artificiais, isto , formado pela natureza e pela sociedade.
Colocando os homens como elementos do espao na qualidade de proprietrios
de fora de trabalho, explica-se que mesmo os que no participam diretamente do
processo de produo -os aposentados- demandam certos tipos de servios. Essa
demanda a base de uma classificao do elemento homem na caracterizao de um
dado espao.
O espao deve ser considerado como um conjunto indissocivel de
que participam, de um lado, certo arranjo de objetos geogrficos,
objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que os preenche
e os anima, ou seja, a sociedade em movimento. O contedo (da
sociedade) no independente da forma (os objetos geogrficos), e
cada forma encerra uma frao do contedo. O espao isto: um
conjunto de formas contendo cada qual fraes da sociedade em
movimento. As formas tm um papel na realizao do social.
(SANTOS, 1996)
Do ponto de vista da produo que compe o econmico, o espao, segundo
Singer (1982), ao mesmo tempo obstculo e recurso. Obstculo porque a produo
eminentemente social e o espao tem que ser vencido pelo movimento de pessoas,
coisas e idias. Recurso porque basicamente os seres vivos dele necessitam para
subsistir. Os seres humanos no s consomem espao diretamente, como tambm
consomem outros seres vivos que tambm consome espao. O consumo direto do
espao pode ser reduzido, o que explica as altas densidades demogrficas que se
observam nas cidades, mas torna-se insignificante face s extenses territoriais
utilizadas para o cultivo de plantas e animais.
Para a indstria e servios o espao muito mais obstculo do que recurso. Isso
faz com que procurem encurtar as distncias entre si e seus mercados, aglomerando-se
em ncleos urbanos cada vez maiores. Quanto mais prximas estiverem as unidades de
-
22
produo, umas das outras e todas elas dos centros de deciso e das reas de habitao,
tanto melhor.
Em contraposio ao fator econmico h o fator poltico. O fator poltico se faz
sentir nos planos de ao nacionais, regionais e locais. A populao de cada localidade
deseja usufruir as vantagens da vida urbana e usa os recursos polticos que dispe para
induzir a industrializao. Estas vantagens muitas vezes so ilusrias, porm, em geral,
as populaes desejam ter acesso s oportunidades profissionais, educacionais, culturais
e de outras ordens, que s existem em cidades de certo porte. Uma manifestao desse
desejo est na migrao rural-urbana, qual a populao recorre por falta de alternativa,
e que se faz sentir na distribuio espacial da populao.
Pode-se supor que a concentrao de indstrias no municpio de So Jos dos
Campos condicionou o crescimento populacional e sua distribuio espacial.
2.2.1 A Cidade
A cidade definida por Wirth (1976), para fins sociolgicos, como um ncleo
relativamente grande, denso e permanente, de indivduos socialmente heterogneos.
Park (1976) coloca a cidade como um estado-de-esprito, cujo corpo so os
costumes, as tradies, os sentimentos e as atitudes das pessoas que a compem, sendo
assim um produto da natureza humana.
Santos (1985) diferencia a cidade, do urbano. A cidade o concreto, o conjunto
de redes, a materialidade visvel do urbano, enquanto o urbano o abstrato, porm o que
d sentido e natureza cidade. No se pode perder no urbano e na cidade a idia de
totalidade. Para ele:
A histria uma totalidade em movimento, um processo dinmico
cujas partes colidem continuamente para produzir cada novo
momento. [...] Sendo a histria do homem algo essencialmente
dinmico, cumpre apreender-lhe a totalidade no seio de uma
estrutura terica dinmica [...]. (SANTOS, 1985)
Na anlise do planejamento estratgico urbano, onde as cidades so submetidas
s mesmas condies e desafios que as empresas, VAINER (2000) mostra que o
discurso deste tipo de planejamento se estrutura basicamente nas analogias:
-
23
Cidade-mercadoria: a cidade uma mercadoria venal, num mercado competitivo em que outras cidades tambm esto venda.
Cidade-empresa: a representao da cidade-coisa, da cidade-objeto, da cidade-mercadoria que sai da forma passiva de objeto para a
forma ativa de sujeito, ganhando uma nova identidade: uma empresa
(produtividade, competitividade e subordinao lgica do mercado) que
se nega enquanto espao poltico.
Cidade-ptria: o resultado e a condio para o sucesso do projeto. O plano estratgico fala em nome de uma cidade unificada cuja
construo pretende engendrar atravs da promoo do patriotismo.
Demonstra-se assim a abrangncia que o conceito de cidade suscita,
principalmente no que se refere totalidade e dinmica da sociedade.
Imaginarmos a cidade-mercadoria sentir-se usurpado de direitos, memria e
participao e nos leva a pensar: que cidade as pessoas idosas gostariam de comprar?.
As cidades so hostis tambm aos idosos. Seu planejamento, infra-estrutura e
instalaes esto muito aqum do desejvel e precisam adaptar-se realidade para
responder demanda da populao.
2.2.2 O Planejamento Urbano
Romo (1997) afirma que o Planejamento, como corpo de uma teoria geral,
aplica-se a qualquer atividade humana e refere-se a um processo social onde o
movimento a lei de sua existncia. Coloca que o condutor desse processo social o
homem coletivo, sendo o planejamento uma necessidade do homem e da sociedade.
Pode-se considerar o Planejamento Urbano como um instrumento de aes
polticas e ou a arte de coordenar a organizao do espao coletivo, visando
otimizao do solo e criando situaes adequadas ao desenvolvimento do homem.
Os estudos e planos do Planejamento Urbano para uma determinada cidade,
devem observar as relaes dessa cidade com a regio onde ela est inserida, pois o
ncleo urbano considerado pelo Planejamento Urbano Regional, como uma parte do
todo que a regio.
-
24
O Urbanismo como tambm a Arquitetura, objetivam estudar, planejar e propor a
organizao das formas e espaos do entorno do homem, considerando seus aspectos
sociais, polticos e econmicos.
Na Europa e Estados Unidos no final do sculo XIX, surgiu um tipo de
urbanismo que se denominou urbanismo tcnico-setorial ou urbanismo-sanitarista, com
o objetivo de solucionar problemas urbanos, decorrentes dos resqucios do crescimento
acelerado, causado pela Revoluo Industrial. Essa tcnica visava melhorar a
racionalidade da organizao espacial e tambm a esttica.
A necessidade de planejar o desenvolvimento urbano (sade pblica, saneamento
bsico, abastecimento, poluio, lazer e outros) se acentuou, com a formao dos
grandes aglomerados fabris e com a inveno dos modernos meios de transporte
terrestre que trouxeram para o trfego urbano novos problemas, e exigiram novas
solues tcnicas. (CAMPOS FILHO, 1989)
Segundo Queiroz (1978) a urbanizao um fenmeno antigo. As cidades
constituram fatores de desenvolvimento econmico, porm seu crescimento veio com a
Revoluo Industrial. Afirma que a Revoluo Industrial foi precedida por uma
Revoluo Agrria, onde o campo produzia a riqueza que modelava as cidades e que
com a Revoluo Industrial esta ordem foi invertida: a cidade passou a modelar o
campo. Justifica assim, que um erro considerar que a industrializao trouxe a
urbanizao, sendo que a urbanizao esteve atrelada inicialmente riqueza rural.
O urbanismo brasileiro esteve, at incio do sculo XX, determinado pela sua
origem como colnia de Portugal e a organizao da sociedade colonial brasileira teve
sua base no campo, e muitas vezes distante das cidades.
O processo de urbanizao associado ao ciclo do caf produziu uma rede de
cidades ao longo de dois eixos principais; um que seguia pelo Oeste do Estado de So
Paulo e o outro estendendo-se entre os dois plos, Rio de Janeiro e So Paulo. A
chegada da ferrovia ao Brasil em 1850, dinamizou o processo de urbanizao. As
condies de capital federal do Rio de Janeiro e de metrpole industrial de So Paulo
foram devidamente enfatizadas nas propostas e obras urbanas da primeira e segunda
dcada do sculo XX.
-
25
A partir da construo de Braslia, o urbanismo brasileiro levantou novas
questes e props novos instrumentos de atuao. Os projetos urbansticos, com grande
nfase nos aspectos fsico-espaciais, cederam lugar ao planejamento urbano.
Durante duas dcadas, mais especificamente entre os anos 50 e 70, a populao
metropolitana no Brasil triplicou, saltando de 3 milhes para 8,5 milhes de habitantes.
Este crescimento vertiginoso, embora diferenciado de acordo com as regies brasileiras,
contribuiu para que o Brasil chegasse aos anos 90 com uma taxa de 75% da sua
populao vivendo nas cidades e nas metrpoles e no ano 2000 a taxa foi de 81%.
A nova escalada urbana foi enfrentada a partir dos anos 70 com inmeros
instrumentos legislativos e normativos. A necessidade de intervir neste processo
desordenado de crescimento levou as metrpoles e grandes cidades a adotarem, desde
os anos 70, o Plano Diretor como principal instrumento de controle urbano. (MEYER,
2003)
A organizao e coordenao do espao urbano se fazem necessrias, a todas as
idades, buscando situaes adequadas ao desenvolvimento humano, viabilizando a
acessibilidade aos bens e servios que proporcionem uma melhor qualidade de vida.
2.2.3 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado PDDI em
So Jos dos Campos SP.
O PDDI definido como instrumento bsico do processo de planejamento
municipal para a realizao do desenvolvimento de todo territrio do municpio nos
seus aspectos fsico-territorial, econmico, social e institucional (administrativo).
Considera-se plano, por estabelecer objetivos, diretor, por fixar as diretrizes de
desenvolvimento do municpio, e tem como objetivo fundamental o desenvolvimento da
comunidade local. Deve integrar o desenvolvimento do municpio com o da regio, com
o do estado e com o do Pas.
O PDDI do municpio de So Jos dos Campos foi aprovado em 09 de junho de
1995, pela lei complementar 121/95 e teve horizonte temporal fixado em 10 anos, para o
qual foram elaborados os programas e projetos de suas diretrizes.
-
26
O contedo do PDDI procurou cumprir a norma da ABNT, que fixa as condies
para a elaborao de planos diretores, nos termos do Artigo 182 da Constituio Federal
de 1988 e nas determinaes da Lei Orgnica do Municpio, expressas nos artigos:
Art.113 O Municpio elaborar o seu Plano Diretor de Desenvolvimento
Integrado, levando em considerao os aspectos fsicos, econmicos, sociais e
administrativos, devendo observar o Diagnstico Ambiental, que estabelecer os
parmetros para a execuo do zoneamento.
Art.114 Na elaborao do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado
observar-se-o as seguintes normas;
I quanto ao aspecto fsico;
II quanto ao aspecto econmico;
III quanto ao aspecto social;
Art.115 Para atingir os seus objetivos, o Plano Diretor de Desenvolvimento
Integrado conter as seguintes metas:
I socializao e valorizao da vida autnoma dos bairros com o
desenvolvimento de uma estrutura de equipamentos e servios que viabilizem o seu
desempenho;
II fortalecimento da pequena e mdia empresa de capital local e do setor de
servios, de modo a construir um mercado de trabalho alternativo ao da empresa de
grande porte;
III desenvolvimento rural em todos os sentidos e interao urbano-rural,
objetivando recprocos benefcios;
IV desenvolvimento do setor turstico, aproveitando as peculiaridades da
paisagem natural;
V criao de mecanismos de descentralizao e autogesto que possibilitem a
implantao de canais naturais de reivindicao dos interesses e necessidades da
populao no exerccio dos seus direitos de cidadania;
VI estabelecimento de diretrizes para a elaborao de planos setoriais para as
reas de atuao da Administrao Municipal, definio de programas, projetos e
atividades, que podero ser desenvolvidos em cada rea de governo e avaliao dos
planos setoriais j existentes.
-
27
O PDDI de So Jos dos Campos no faz parte do sistema de onde fluem as
aes do executivo e legislativo locais. Os projetos e programas realizados ou em
andamento esto diretamente ligados iniciativa de cada secretaria em fazer cumprir o
plano, ou seja, os programas e projetos relacionados no plano so inerentes prpria
atribuio dos diversos rgos da administrao.
2.3 Envelhecimento Populacional e Urbanismo
O fenmeno contemporneo mundial do envelhecimento populacional deve ser
considerado pelo planejamento urbano, por trazer novas demandas a todos os Pases e
cidades.
Melgar (2003) explica que a reduo do ritmo de crescimento populacional
uma das conseqncias da urbanizao da populao e que a organizao social e
econmica urbana no combinam com uma alta taxa de fertilidade, pois as sociedades
urbanas levam reduo dessa taxa.
O sculo XX registrou um aumento considervel no nmero de idosos no
mundo. Estima-se que as pessoas com 60 anos ou mais venham a representar, em
meados do sculo XXI, mais de 20% da populao mundial, no ano 2000 a populao
idosa representava 10%.
A queda nas taxas de fertilidade, mortalidade e o aumento da expectativa de vida
so responsveis pela atual transio demogrfica. Alguns dos fatores que contriburam
para o aumento da expectativa de vida so os avanos da medicina e a generalizao dos
servios de saneamento bsico.
No Brasil a populao com 60 anos ou mais, registrada pelo censo 2000, era de
8,56% da populao total, o que caracteriza uma mudana na pirmide etria mostrando
que o Pas est deixando de ser um Pas jovem e caminha para tornar-se um Pas
idoso.
O envelhecimento da populao tem causado impacto no processo de
urbanizao, pois as cidades no se encontram preparadas para atender s demandas
dessa populao.
-
28
O urbanismo, que como poltica pblica, deve ser utilizado para repensar o
espao urbano como um meio de incluso social, tem a seu favor instrumentos para
eliminar as barreiras ambientais e arquitetnicas planejando cidades para uma sociedade
inclusiva, onde se possam garantir o direito a cidadania, a autonomia e a acessibilidade
para pessoas de todas as idades.
Ao se repensar os espaos urbanos, pblicos ou privados, deve-se levar em
considerao o humano e suas atividades nesse espao da forma mais ampla possvel.
Nesse sentido, para que o idoso usufrua o espao construdo, deve-se considerar
uma srie de elementos especficos para o desenho urbano, o que no significa criar
uma arquitetura ou planejamento s para os idosos, porm buscar assegurar a incluso
de suas especificidades.
Um planejamento urbano que atenda s especificidades da populao idosa vem
ao encontro de uma demanda crescente, gerada pelo aumento dessa populao, o que
beneficiar no apenas o idoso, mas a sociedade como um todo.
Caladas esburacadas, irregulares, com bloqueios fsicos, ou a falta de
calamentos, os degraus do transporte coletivo urbano, a falta de semforos e de
semforos com temporizao e travessias inadequadas para pedestres, so algumas das
dificuldades enfrentadas pelo idoso na circulao urbana.
A preocupao com as questes da acessibilidade, de pessoas idosas e de pessoas
portadoras de deficincias, aos espaos pblicos ou privados, aparece traduzida em
padres mnimos estabelecidos pela ABNT, atravs da NBR 9050/1994
Acessibilidade de pessoas portadoras de deficincias a edificaes, espao mobilirio e
equipamento urbanos, e na Lei n 10.098/2000 que estabelece normas gerais e critrios
bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com
mobilidade reduzida, mediante a supresso de barreiras e de obstculos nas vias e
espaos pblicos, no mobilirio urbano, na construo e reforma de edifcios e nos
meios de transporte e de comunicao.
Destacamos da Lei 10.098/2000, os seguintes artigos:
Art. 2 Para os fins desta Lei so estabelecidas as seguintes definies:
I - acessibilidade: possibilidade e condio de alcance para utilizao, com
segurana e autonomia, dos espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, das
-
29
edificaes, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicao, por pessoas
portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida:
II - barreiras: qualquer entrave ou obstculo que limite ou impea o acesso, a
liberdade de movimento e a circulao com segurana das pessoas, classificadas em:
a) barreiras arquitetnicas urbansticas: as existentes nas vias pblicas e nos
espaos de uso pblico;
b) barreiras arquitetnicas na edificao: as existentes no interior dos edifcios
pblicos e privados;
c) barreiras arquitetnicas nos transportes: as existentes nos meios de
transportes;
III - pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida: a que
temporria ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com meio
e de utiliz-lo;
IV - elemento da urbanizao: qualquer componentes das obras de urbanizao,
tais como os referentes a pavimentao, saneamento, encanamentos para esgotos,
distribuio de energia eltrica, iluminao pblica, abastecimento e distribuio de
gua, paisagismo e os que materializam as indicaes do planejamento urbanstico;
V - mobilirio urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaos
pblicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanizao da edificao, de
forma que sua modificao ou traslado no provoque alteraes substanciais nestes
elementos, tais como semforos, postes de sinalizao e similares, cabines telefnicas,
fontes pblicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza
anloga;
No captulo II - dos elementos da urbanizao, destacamos:
Art. 3 O planejamento e a urbanizao das vias pblicas, dos parques e dos
espaos de uso pblico devero ser concebidos e executados de forma a torn-lo
acessveis para as pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida.
Art. 4 As vias pblicas, os parques existentes, assim como as respectivas
instalaes de servios e mobilirios urbanos devero ser adaptados, obedecendo-se
ordem de prioridade que vise maior eficincia das modificaes, no sentido de
-
30
promover mais ampla acessibilidade s pessoas portadoras de deficincia ou com
mobilidade reduzida.
Art. 5 O projeto e o traado dos elementos de urbanizao pblicos e privados
de uso comunitrio, nestes compreendidos os itinerrios e as passagens de pedestres, os
percursos de entrada e de sada de veculos, as escadas e rampas, devero observar os
parmetros estabelecidos pelas normas tcnicas de acessibilidade da Associao
Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT.
Essa lei possibilita equacionar e atender s demandas sociais na rea de
acessibilidade que um fator necessrio insero social do idoso.
Para Prado (2003) a autonomia e a independncia so caractersticas da
cidadania, dos processos que tm relao com o bem estar do indivduo e com o meio
em que ele vive. Explica que o ambiente construdo apresenta barreiras visveis que so
os impedimentos concretos da acessibilidade e barreiras invisveis -formas como as
pessoas so vistas pela sociedade; na maior parte das vezes, por suas deficincias.
Acredita ela que a eliminao das barreiras visveis poder contribuir para a diminuio
das invisveis. Coloca que a acessibilidade tem como objetivo permitir um ganho de
autonomia e de mobilidade a um nmero maior de pessoas e deve estar presente nas
edificaes, no meio urbano, nos transportes e nas suas mtuas interaes, conforme
exigncia constitucional.
Segundo Soares (2001) as cidades devem oferecer os meios e os recursos para
garantia da acessibilidade em seus diversos ambientes para todas as pessoas, e em
especial para as pessoas portadoras de deficincia. Conceitua a acessibilidade universal
como fator determinante para se considerar uma cidade sustentvel, visto que esta deve
contar com mecanismos e instrumentos que favoream o acesso fsico, a mobilidade e o
contato com e entre as pessoas, em ambientes urbanos sem excluso. Diz que a
supresso de barreiras fsicas favorece a participao ativa e independente das pessoas
na vida social, reduz as desigualdades sociais e proporciona o exerccio pleno de
direitos e responsabilidades. Seriam estas as caractersticas bsicas da acessibilidade e
da qualidade, que devem estar, sempre que possvel, presentes em todos os ambientes.
-
31
Para que seja promovida a acessibilidade do meio fsico, a proposta a utilizao
do Desenho Universal, que visa garantia de acessibilidade s edificaes, vias
pblicas, mobilirios urbanos, transportes e habitaes. Criam-se condies que
permitem a equiparao de oportunidades a todos, principalmente aos portadores de
deficincia ou mobilidade reduzida. Investir em acessibilidade garantir o direito de ir e
vir com autonomia e independncia a uma expressiva