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Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Biomodulação de cartilagens articulares tratadas com laser 830nm: caracterização por meio de Espectroscopia Raman e Histologia Luciano Moreira Rosa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Biomédica, como complementação dos créditos necessários para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica São José dos Campos, SP 2003

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  • Universidade do Vale do ParabaInstituto de Pesquisa e Desenvolvimento

    Biomodulao de cartilagens articulares tratadas com laser 830nm: caracterizao pormeio de Espectroscopia Raman e Histologia

    Luciano Moreira Rosa

    Dissertao de Mestrado apresentada aoPrograma de Ps-graduao em EngenhariaBiomdica, como complementao doscrditos necessrios para a obteno do ttulode Mestre em Engenharia Biomdica

    So Jos dos Campos, SP

    2003

  • Universidade do Vale do ParabaInstituto de Pesquisa e Desenvolvimento

    Biomodulao de cartilagens articulares tratadas com laser 830nm: caracterizao pormeio de Espectroscopia Raman e Histologia

    Luciano Moreira Rosa

    Dissertao de Mestrado apresentada aoPrograma de Ps-graduao em EngenhariaBiomdica, como complementao doscrditos necessrios para a obteno do ttulode Mestre em Engenharia Biomdica

    Orientador: Prof. Dr. Sokki Sathaiah.

    Co-orientador: Prof. Dr. Wellington Ribeiro

    So Jos dos Campos, SP

    2003

  • Agradecimentos

    A Deus por sempre iluminar-me.

    Aos meus pais pela educao, amor e carinho dedicados a mim e aos meus

    irmos.

    minha famlia, em especial a minha av Virginia urea e famlia de minha

    esposa, em especial a sua me Ana Maria por ter sempre to bem me acolhido.

    Aos meus colegas e amigos Luciano Valentim, Francis R. Nassar, Rodrigo S.

    Santos e Renato J. Soares pelo apoio pessoal e profissional.

    Aos colegas do IPD Jos de Oliveira, Cibele Lopes, Rodrigo Labat e a todos que

    colaboraram para realizao deste trabalho.

    Aos professores da graduao pelos conhecimentos transmitidos que me

    possibilitaram a formao continuada na ps-graduao, em especial ao Prof. Paulo C.P.

    Deliberato, Prof. Marcelo T. Zanin e Prof. Luis Carlos Guanabara.

    Ao Professor Ulysses F. Ervilha pela oportunidade e pela confiana profissional

    creditada.

    Ao Prof. Dr. Miguel A.C. Salgado pela colaborao e ensinamentos nas anlises

    histolgicas realizadas neste presente trabalho e ao tcnico de laboratrio Walter Cruz,

    pela colaborao na execuo das lminas histolgicas na Faculdade de Odontologia da

    Universidade Estadual Paulista.

    Universidade do Vale do Paraba UNIVAP pela possibilidade de realizar

    este trabalho.

    E ao meu orientador Prof. Dr. Sokki Sathaiah e co-orientador Prof. Dr. Wellington

    Ribeiro pelos conhecimentos e orientaes transmitidas durante a realizao deste

    trabalho, sem os quais no seria possvel a realizao desta monografia.

  • Dedicatria

    Dedico este trabalho minha amada esposa.

  • Epgrafe

    No atentando ns nas coisas que se vem, mas nas que no se vem; porque as quese vem so temporais, e as que no se vem so eternas

    2 Co 2.18

  • Sumrio

    1. Introduo............................................................................................ 1

    1.1 Caractersticas da cartilagem articular......................................... 3

    1.2 Alteraes da cartilagem articular na ausncia de cargas............. 12

    1.3 Terapia laser de baixa potncia em cartilagem articular............... 16

    1.4 Espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP)....... 20

    2. Objetivos............................................................................................. 25

    3. Mtodos............................................................................................... 27

    3.1 Animais.......................................................................................... 28

    3.2 Modelo animal............................................................................... 29

    3.3 Terapia com laser de baixa potncia.............................................. 30

    3.4 Sacrifcio dos animais e retirada dos espcimes............................ 33

    3.5 Espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP)....... 34

    3.6 Metodologia estatstica.................................................................. 37

    3.7 Anlise histolgica......................................................................... 37

    4. Resultados............................................................................................ 39

    4.1 Modelo Animal.............................................................................. 40

    4.2 Espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP)........ 40

    4.3 Anlise estatstica dos resultados Raman....................................... 45

    4.3.1 Matriz orgnica........................................................................... 45

    4.3.2 Matriz inorgnica........................................................................ 49

    4.4 Anlise histolgica......................................................................... 54

    5. Discusso.............................................................................................. 58

    6. Concluses............................................................................................ 66

    7. Referncias bibliogrficas.................................................................... 68

  • Lista de Figuras

    Figura 1.1: Representao esquemtica da diartrose entre fmur e tbia cartilagem

    articular (Modificado: JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia Bsica. Rio

    de Janeiro: Guanabara Koogan. 1982)...................................................................... 4

    Figura 1.2: Disposio das fibrilas e condrcitos nas zonas da cartilagem

    articular (Modificado:. NORDIN, M; FRANKEL, VH. Basic Biomechanics of

    the musculoskeletal system. Philadelphia: Lea and Febiger, 1989)... 7

    Figura 1.3: Resposta das proteoglicanas s foras mecnicas compressivas

    (Modificado:. NORDIN, M; FRANKEL, VH. Basic Biomechanics of the

    musculoskeletal system. Philadelphia: Lea and Febiger, 1989).. 11

    Figura 1.4: Desenho do espalhamento da luz de forma inelstica .......................... 20

    Figura 1.5: Diagrama de Jablonskii (diagrama dos nveis de energia)..................... 21

    Figura 3.1: Procedimento de imobilizao articular do joelho por meio de fio desutura ......................................................................................................................... 30

    Figura 3.2: Pontos de aplicao laser nos animais irradiados (Modificado:JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia Bsica. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan. 1982). ..........................................................................................................

    31

    Figura 3.3: Aplicao laser pontual em joelho do rato wistar do grupo irradiado.... 32

    Figura 3.4: Laser diodo AsGaAl 830nm (IVP) e acessrios ................................... 32

    Figura 3.5: Diagrama esquemtico do Sistema Raman no infravermelho prximo. 36

    Figura 3.6: Componentes do Sistema Raman (ER-IVP).......................................... 36

    Figura 3.7: Trs reas em retngulos em que foram analisadas as intensidades dacolorao de cada corte histolgico........................................................................... 38

    Figura 4.1: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens normais de cndilosmediais de fmures de ratos wistar jovens................................................................. 41

    Figura 4.2: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens articular aps 15dias de imobilizao................................................................................................... 42

  • Figura 4.3: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens articular com 7 diasaps a retirada da imobilizao................................................................................. 43

    Figura 4.4: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens articular com13 diasaps a retirada da imobilizao.................................................................................. 44

    Figura 4.5: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens articular com 19dias aps aa retirada da imobilizao......................................................................... 44

    Figura 4.6: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo imobilizado eirradiado com densidade de energia de 80J/cm2 (IIA) aps 15 dias deimobilizao............................................................................................................. 54

    Figura 4.7: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo imobilizado eirradiado com densidade de energia de 720J/cm2 (IIB) aps 15 dias deimobilizao............................................................................................................. 56

    Figura 4.8: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo imobilizado e noirradiado (I) aps 15 dias de imobilizao............................................................... 56

    Figura 4.9: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo controle (C) aps15 dias de imobilizao............................................................................................. 57

  • Lista de Grficos

    Grfico 4.1: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680cm-1 (MO) aps 15 dias de imobilizao................................................................... 46

    Grfico 4.2: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680cm-1 (MO) com 7 dias aps a retirada da imobilizao............................................. 47

    Grfico 4.3: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680cm-1 (MO) com 13 dias aps a retirada da imobilizao........................................... 48

    Grfico 4.4: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680cm-1 (MO) com 19 dias aps a retirada da imobilizao........................................... 48

    Grfico 4.5. Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680cm-1 (MO) em relao ao tempo (dias)...................................................................... 49

    Grfico 4.6: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1450cm-1 (MO) em relao ao tempo (dias) ..................................................................... 50

    Grfico 4.7: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 961 cm-1 (MI) em relao ao tempo (dias)............................................................................. 51

    Grfico 4.8: Mdias das intensidades dos valores da escala do cinza aps 15 diasde imobilizao articular........................................................................................... 58

    Grfico 4.9: Mdias das intensidades dos valores da escala do cinza com 19 diasretirada a imobilizao articular................................................................................ 59

  • Lista de abreviaturas e smbolos

    Al Aluminio

    As Arsnio

    Ca Clcio

    Cl Cloro

    C Graus Celsius

    CCD Camera digital colorida

    DNA cido desoxirribonuclico

    ER-IVP Espectroscopia Raman no infravermelho prximo

    Ga Glio

    GAGs Glicosaminoglicanas

    HA cido hialurnico

    He Hlio

    J Joule

    LBP Laser de baixa potncia

    LLLT Low-level laser therapy

    Mg Magnsio

    MI Matriz inorgnica

    MO Matriz orgnica

    MW Miliwatt

    Nd Neodmio

    Ne Nenio

    nm Nanmetro

    Pa Pascal

  • PAS cido peridico e Schiff

    PGs Proteoglicanas

    pH Potencial de hidrognio

    RNA cido ribonuclico

    Ti Titnio

    UV Ultra-violeta

    YAG Ytrium-Alumunium-Garnet

    n Ni

  • Resumo

    Existe um interesse em investigar as alteraes nos constituintes bioqumicos dacartilagem articular, afim de prevenir modificaes nas respostas mecnicas que causamefeitos degenerativos. A biomodulao com laser de baixa potncia pode ser utilizadacomo um recurso clnico para estimular os condrcitos a produzirem substncias com asproteoglicanas, glicoprotenas e colgeno para prevenir as alteraes na cartilagemcitadas. Mtodos modernos de diagnsticos pticos, tal como a espectroscopia Ramanno infravermelho prximo permite um diagnstico menos invasivo e uma avaliao dosconstituintes bioqumicos de tecidos biolgicos. Neste presente trabalho foi utilizadoum modelo animal para a imobilizao articular e as consequentes alteraes nosconstituintes bioqumicos da cartilagem, sendo caracterizado por meio daespectroscopia Raman no infravermelho prximo e estudo histolgico. Para o modelode imobilizao, um total de 52 ratos wistar machos foram utilizados e divididos emquatro grupos: grupo imobilizado, grupo controle (sem imobilizao) e outros doisgrupos que foram imobilizados e tratados com laser de baixa potncia com densidade deenergia de 80 J/ cm2 e 720 J/cm2. Os animais foram sacrificados nos perodos de 15 diasaps a imobilizao e 7, 13 e 19 dias de recuperao aps a retirada do fio de suturausado para a imobilizao articular. A irradiao laser foi realizada por meio de umdiodo laser As-Ga-Al com comprimento de onda em 830 nm, em intervalos de 48 horas,durante 34 dias (15 dias de imobilizao mais 19 dias de recuperao). Foram utilizadospara os estudos Raman: um laser Ti:Safira bombeado por um laser argnio noinfravermelho prximo (830 nm), um espectrgrafo dispersivo para a luz espalhadaRaman coletada do tecido e uma cmera digital colorida resfriada com nitrogniolquido para detectar o espectro Raman. Para o estudo histolgico foi usado um corantecom reagente de Schiff especfico de glicosaminoglicanas. Nas anlises detalhadas dosdados espectrais Raman, foram encontrados em ambos grupos tratados, aps o perodode 15 dias de imobilizao articular um aumento na concentrao da matriz orgnicaestatisticamente significante (P

  • Abstract

    There has been a lot of interest to investigate the changes in the biochemicalconstituents of the articular cartilages in order to prevent modifications in themechanical responses that cause degenerative effects. Biomodulation with low-levellaser can be used as a clinical resource to stimulate the chondrocyte cells to producesubstances like proteoglycans, glycoproteins and collagen which in turn can prevent thementioned changes in the cartilage. Modern methods of optical diagnosis such as nearinfrared laser Raman spectroscopy (NIR-RS) can allow a less invasive diagnosis andevaluation of biochemical constituents of biological tissues. In the present work, ananimal model has been used to stimulate articular immobilization and the consequentalterations in the biochemical constituents of the cartilage have been characterized byNIR-RS and histological studies. For the immobilization model, a total of fifty-twowistar male rats have been utilized and they have been divided into four groups:immobilized group, control group (without immobilization) and another two groupswere immobilized and treated with low-level laser therapy (LLLT) with energydensities of 80 J/ cm2 and 720 J/cm2. The animals were sacrificed in the periods of 15days after immobilization, 7, 13 and 19 days of recuperation after the removal of thesuture used for articular immobilization. Laser irradiation has been performed, using aGa-Al-As diode laser with 830 nm wavelength, in the interval of every 48 hrs during theobservational period starting from the first day of immobilization to a maximum of 34(15 days of immobilization plus 19 days of recuperation) days. For Raman studies, aTi:Sapphire laser pumped by an argon laser provides near-infrared laser excitation (830nm). A spectrograph disperses the Raman scattered light collected from the tissue. Aliquid N2-cooled CCD detects the Raman spectra. For histological study, a PAS stainspecific of the glycosaminolglycans was used. From the detailed analysis of Ramanspectral data, it has been found that both the laser treated groups, after the period of 15days of articular immobilization, exhibited a statistically significant (P

  • 1. Introduo

  • 1. Introduo

    Os estudos de patologias articulares tm concentrado-se em alteraes

    degenerativas da articulao, as quais so evidenciadas pela danificao da superfcie

    da cartilagem, sendo encontradas em todos os tipos de articulaes sinoviais. Alm

    disso, tambm foram realizados trabalhos em articulaes sinoviais com o objetivo de

    estudar como ocorrem as alteraes das substncias qumicas da cartilagem articular e

    quais as conseqncias em suas propriedades mecnicas. Nesses experimentos, foram

    realizadas algumas formas de induo de degenerao articular em modelos animais,

    destacando-se entre elas, o modelo por meio de instabilidade articular, por um excesso

    de estresse articular, por trauma direto e pela imobilizao articular (CURRIER;

    NELSON, 1992).

    Muitas pesquisas tm sido realizadas para investigar essas alteraes, porm

    pelo fato da cartilagem articular estar intimamente associada ao osso subcondral para

    atuar no sistema de adaptao e mediao de foras mecnicas (NORDIN; FRANKEL,

    2001), existe uma dificuldade de isolar eventos ocorridos em um componente que no

    afete o outro, dificultando tambm a anlise de alteraes isoladas de cada

    componente.

    Os estudos realizados com espectroscopia vibracional por emisso ou absoro

    demonstram ser um mtodo preciso para anlise qumica de biomateriais quando os

    componentes bioqumicos possuem caractersticas espectrais (HANLON, 2000). A

    espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP) usada para identificaes

    quantitativas de substncias em tecidos biolgicos sem que ocorram danificaes aos

    mesmos. Devido a essa caracterstica da ER-IVP, CALL et al (1983) em

    experimentos realizados com esse tipo de espectroscopia estudaram os efeitos da

    perfuso interna de clcio, magnsio e ATP nas fibras musculares. OTERO (2002)

    tambm utilizou as qualidades da ER-IVP para realizar identificaes de bandas

    espectrais de colgeno e clcio para diagnstico de alteraes em vlvula cardaca,

    assim como LOPES (2002) que analisou a reparao do tecido sseo, alm de WANG

    et al (2000) que utilizaram a ER-IVP para anlise de resposta mecnica de tecidos

    moles, que demonstrou ser uma importante tcnica para anlise biomecnica de

    tecidos.

  • Como as molculas de protena-polissacardeos denominadas proteoglicanas

    (PGs) e glicosaminoglicanas (GAGs) sulfatadas so substncias que sofrem alteraes

    quantitativas na fase precoce da degenerao da cartilagem articular, podem com isso

    ser parmetro para maior compreenso de estudos de alteraes qumicas articulares,

    assim como da anlise biomecnica da cartilagem articular (HAAPALA et al, 2001) e

    com isso podem tambm ser utilizadas em mtodos de identificao que mensurem

    essas alteraes quantitativas, como por exemplo, a espectroscopia Raman.

    A terapia com laser de baixa potncia da cartilagem articular tem com objetivo o

    efeito de biomodulao, pois, por meio da bioestimulao, pode-se aumentar o

    metabolismo celular dos condrcitos da cartilagem e aumentar o contedo das

    substncias qumicas que so importantes para manter em equilbrio o sistema de

    proteo mecnica na cartilagem articular (TORRICELLI et al, 2001). AKAI et al

    (1987) verificaram essa bioestimulao na resposta mecnica da cartilagem articular

    aps a irradiao da luz laser de baixa potncia. Em outros trabalhos os estudos foram

    direcionados para a aplicao da luz laser na cartilagem articular para determinar as

    propriedades pticas deste tecido (YOUN et al 2000; EBERT et al, 1998; RAUNEST;

    SCHWARZMAIER, 1995). Porm a maioria dos estudos com laser de baixa potncia

    em articulaes foram realizados para tratamento de processos inflamatrios articulares

    (GUERINO et al, 2000; HONMURA et al, 1992; TRAUNER et al, 1998; HENDRICH,

    1997; PALGREN et al, 1989; BASFORD, 1987) alm de uma pesquisa especfica por

    meio da utilizao de espectroscopia da cartilagem articular (ZAIA et al, 2000).

    1.1. Caractersticas da cartilagem articular

    A maioria das articulaes do corpo humano representada pela articulao

    sinovial ou diartrodial. Uma articulao complexa, projetada basicamente para a

    mobilidade, embora muitas destas articulaes tambm proporcionem estabilidade

    (NORKIN; LEVANGIE, 2001).

    As articulaes sinoviais ou diartrodiais so constitudas de cpsula articular,

    principal meio de unio, formada por tecido fibroso, uma espcie de manguito que

    envolve a articulao prendendo-se nos ossos que se articulam. Um espao virtual

    denominado de cavidade articular envolvido pela cpsula, onde se encontra o lquido

  • sinovial ou sinvia (figura 1.1). A membrana sinovial a camada interna da cpsula

    articular, possui vascularizao e inervao, sendo encarregada da produo da sinvia.

    A camada externa da cpsula, denominada de camada fibrosa composta de tecido

    conjuntivo fibroso denso, cujas fibras esto firmemente aderida ao peristeo dos ossos

    (SPENCE, 1991).

    A Cartilagem articular o revestimento das superfcies sseas da articulao

    sinovial composta por uma fina camada de aproximadamente 1 a 5 mm. Em virtude

    deste revestimento as superfcies articulares se apresentam lisas, polidas e de colorao

    esbranquiada, alm de serem avascular e aneural tambm a superfcie de movimento

    da articulao sinovial. Possui um grau elevado de especializao para permitir uma

    eficaz distribuio de cargas, resistncia s foras de compresso e uma reduo nas

    foras de atrito entre as superfcies articulares (DANGELO; FATTINI, 1997;

    KUETTNER et al, 1991).

    Figura 1.1: Representao esquemtica da diartrose entre fmur e tbia - cartilagem

    articular (Modificado: JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia Bsica. Rio de

    Janeiro: Guanabara Koogan. 1982).

    A cartilagem inicia-se a partir do mesnquima embrionrio sendo que a primeira

    modificao ocorre com o arredondamento das clulas mesenquimatosas,

    multiplicando-se de forma rpida para constituir os aglomerados. Essas clulas

    formadas possuem citoplasma muito basfilo sendo denominadas de condroblastos.

    Com o incio da sntese da matriz ocorre o afastamento entre os condroblastos, e como

  • a diferenciao das clulas da cartilagem inicia-se do centro para a periferia, nessa fase

    as clulas mais centrais apresentam as caractersticas de condrcitos, enquanto que as

    clulas mais perifricas ainda encontram-se com caractersticas de condroblastos

    tpicos. O crescimento da cartilagem ocorre por dois processos: pelo crescimento

    intersticial, por meio de diviso mittica dos condrcitos preexistentes, e, pelo

    crescimento aposional que se faz a partir das clulas do pericndrio, esses novos

    condrcitos logo produzem fibrilas colgenas, proteoglicanas e glicoprotenas

    (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1995).

    A composio celular na cartilagem articular apresenta condrcitos

    escassamente distribudos, menos de 10% do volume tecidual. Apesar desta deficiente

    distribuio, os condrcitos so responsveis pela secreo e manuteno dos

    componentes orgnicos da matriz extracelular. Alm do colgeno, outras substncias

    tambm so produzidas pelos condrcitos como as proteoglicanas e as no protenas

    glicosaminoglicanas como o cido hialurnico, esse ltimo responsvel pela

    diminuio do coeficiente de atrito da cartilagem (SMITH et al, 2000; ALLAN, 1998).

    O componente orgnico extracelular composto por uma densa cadeia de fibras

    de colgeno do tipo II situada numa soluo concentrada de proteoglicanas e

    representa cerca de 10 a 30% do peso lquido da cartilagem articular, enquanto que as

    proteoglicanas representam de 3 a 10% do peso lquido da cartilagem articular, e os 60

    a 87% restantes so constitudos por gua, sais inorgnicos, e uma pequena quantidade

    de outras protenas, glicoprotenas e lipdeos (BONASSAR et al, 1995; NORDIN;

    FRANKEL, 1989).

    Na cartilagem hialina das articulaes sivoviais so encontradas quatro zonas ou

    camadas distintas: superficial, intermediria ou mdia, hipertrfica ou profunda e

    calcificada (figura 1.2). Essas zonas esto relacionadas com a direo dos feixes de

    fibrila em relao superfcie e com as caractersticas morfolgicas dos condrcitos

    (NORDIN; FRANKEL, 1989; DUNHAM et al, 1988; ROTH et al, 1980).

    A zona superficial representa de 10 a 20% da espessura total da cartilagem, na

    qual os feixes de fibrilas esto dispostos paralelamente superfcie. Esta camada

    regular ajuda a reduzir a frico entre as superfcies articulares opostas. Quanto

    disposio dos condrcitos, esses se encontram paralelos superfcie com

    caractersticas ovaladas e de pequenas dimenses, alm de possuir organelas reduzidas

  • e pouco desenvolvidas. Essa considerada uma zona em que a rede de colgeno

    encontra-se mais ordenada e em maior concentrao em relao as outras zonas

    (NORDIN; FRANKEL, 1989; DUNHAM et al, 1988)

    A segunda zona, intermediria ou mdia, representa 40 a 60% da espessura

    total. Os feixes de fibrilas esto dispostos aleatoriamente e mais afastados, formando

    uma trelia aberta como uma rede de fibras frouxamente enroladas que permite a

    deformao e auxilia na absoro de parte da fora imposta sobre as superfcies

    articulares. Os condrcitos tambm possuem distribuio aleatria, formas mais

    arredondadas e dimenses maiores em relao camada superficial, alm de possuir

    um nmero maior de organelas citoplasmticas (KUETTNER et al, 1991; DUNHAM,

    1988).

    J a terceira zona, profunda ou hipertrfica, representa 30% da espessura total,

    algumas fibras situam-se perpendicularmente superfcie, estendendo-se atravs da

    interface entre as cartilagens no calcificada e calcificada, nas quais fixam-se

    firmemente a cartilagem calcificada. Nessa zona so encontrados condrcitos ricos em

    organelas citoplasmticas que possuem direo perpendicular a zona calcificada

    (KUETTNER et al, 1991).

    A zona calcificada da cartilagem, denominada tambm de quarta zona, localiza-

    se adjacente ao osso subcondral e fixa fortemente a cartilagem regio ssea. A

    interface entre a cartilagem calcificada e no calcificada denominada marca de mar,

    sendo esta regio importante devido sua relao com o crescimento, cicatrizao e

    envelhecimento. So encontradas nessa zona clulas e matriz extracelular de

    hidroxiapatita de clcio devido proximidade ao osso subcondral (NORKIN;

    LEVANGIE, 2001; KUETTNER et al, 1991).

  • Figura 1.2: Disposio das fibrilas e condrcitos nas zonas da cartilagem articular

    (Modificado: NORDIN, M; FRANKEL, VH. Basic Biomechanics of the

    musculoskeletal system. Philadelphia: Lea and Febiger, 1989).

    O componente fibroso do tipo hialino da cartilagem em sua matriz extracelular

    compe-se principalmente de colgeno dos tipos II, IX e XI, e embora a gua seja o

    componente mais abundante da cartilagem hialina, a substncia fundamental forma um

    gel rgido. O colgeno, sendo o principal constituinte na matriz extracelular quase

    exclusivamente o do tipo II, apesar de colgenos do tipo VI, IX, X, XII, e XIV estarem

    presentes em pequenas quantidades (ALLAN, 1998).

    O colgeno uma protena muito abundante e corresponde a 30% de toda

    protena do corpo humano, possui grande resistncia tensiva, sendo responsvel pela

    integridade funcional das estruturas do tecido conjuntivo (NORKIN; LEVANGIE,

    2001).

    Estrutura-se na forma fibrilar, sendo representado por um conjunto de trs

    cadeias peptdicas seqenciais de aminocidos, entre os quais os elementos

    hidroxilados mais representativos esto a hidroxiprolina e a hidrolisina, sendo que a

    primeira representa tipicamente 13% da estrutura colgena (DOUGLAS, 2002).

  • As fibrilas de colgeno do tipo II so estabilizadas por ligaes cruzadas

    covalentes que esto presentes em suas molculas. Possuem dimenses reduzidas,

    possibilitando que suas fibrilas dispersem na matriz extracelular e consequentemente

    aumentem a relao com os agregados de proteoglicanas na cartilagem (ROTH et al,

    1980). A rede desse tipo de colgeno responde pela estrutura da cartilagem articular e

    proporciona resistncia s foras tensivas empregadas a ela (KUETTNER et al, 1991).

    Alm do colgeno tipo II, os outros tipos de colgenos encontrados na

    cartilagem articular possuem funes sugeridas para o comportamento mecnico do

    tecido, pois atuam na formao e manuteno da rede de fibrilas. O colgeno tipo VI

    possui uma funo sugerida de atuao na ligao entre os condrcitos e a matriz

    extracelular, sendo que sua concentrao no ultrapassa os 2% do colgeno presente na

    cartilagem articular (THOMAS et al, 1994).

    Quanto ao colgeno do tipo IX, estudos indicam que responsvel pelas

    ligaes covalentes entre a fibrilas de colgeno tipo II (THOMAS et al, 1994; EYRE,

    1991), enquanto que a funo do colgeno do tipo X ainda no est bem elucidada,

    porm muito encontrado em processos de ossificao endocondral, sendo que ambos

    possuem concentrao de 1% cada na cartilagem articular madura (THOMAS et al,

    1994). O colgeno tipo XI responde pelo mecanismo de estabilizao da rede colgena,

    e sua concentrao, com exceo do tipo II, supera todos os outros tipos de colgeno

    com a presena de aproximadamente 3% na matriz extracelular. E para os tipos XII e

    XIV, alguns autores sugerem que eles atuem na formao da matriz da cartilagem, alm

    de possurem as menores concentraes de colgeno na cartilagem articular,

    aproximadamente de 0,1 % (THOMAS et al, 1994; EYRE, 1991).

    Alm do colgeno, esto presentes tambm na matriz extracelular da cartilagem

    hialina as PGs, assim como outros componentes, as GAGs sulfatadas e no sulfatada

    como o cido hialurnico (HA), porm em baixa concentrao (NISHIDA et al, 2000).

    As PGs so responsveis pelas propriedades viscoelsticas da cartilagem

    articular, atuam na reteno de gua e proporcionam resistncia s cargas compressivas

    e para deformao elstica (VOLPI; KATZ, 1991).

    Quanto as GAGs, dois sulfatos so encontrados na cartilagem articular, o

    condroitin-sulfato e o queratan-sulfato. Estes sulfatos so cadeias de polmeros

    repetidos de unidades de dissacardeos especficos, sendo a cadeia condroitin-sulfato

  • formada por 25 a 30 unidades dissacardeos, enquanto que a cadeia de queratan-sulfato

    menor e composta aproximadamente por 13 unidades de dissacardeos. A

    concentrao desses sulfatos sofrem alteraes durante o envelhecimento, com um

    aumento de queratan-sulfato em relao ao condroitin-sulfato. (BRAND et al, 1991;

    NORDIN; FRANKEL, 1989).

    A maioria das PGs da cartilagem articular est disposta em forma de agregados

    com uma interao na forma no covalente com o HA (GAG no sulfatada)

    estabilizado por uma protena de ligao (BRAND et al, 1991).

    De acordo com NORDIN e FRANKEL (1989), na cartilagem articular normal, a

    estrutura e a interao qumica das GAGs influenciam as propriedades e conformao

    dos agregados PGs (figura 1.3). Essas macromolculas de cargas repulsivas estendem-

    se no espao interfibrilar formado pelas cadeias de colgeno. Os ctions mveis na

    soluo, tais como o sdio e o clcio so atrados para fixarem em grupos nions nas

    GAGs, criando uma presso osmtica de dilatao aproximada de 0,35 Mpa. A presso

    de dilatao por sua vez resistida e balanceada pela tenso desenvolvida pela cadeia

    de colgeno, restringindo as PGs em somente 20% de sua soluo dominante,

    consequentemente esta presso de dilatao caracteriza a cadeia de colgeno ao estado

    de pr-carga.

    Quando uma carga compressiva aplicada na superfcie da cartilagem, ocorre

    uma deformao instantnea causada primariamente pela mudana molecular nas PGs

    dominante. Essa carga externa faz a presso interna na matriz exceder a presso de

    dilatao e o lquido comea fluir para fora do tecido. Como o fluxo do fluido sai, a

    concentrao das PGs aumenta, e esta alterao torna a aumentar a presso osmtica de

    dilatao, a fora repulsiva das cargas e o volume de estresse compressivo ocorre at o

    equilbrio com a carga externa (SCHWARTZ et al, 1994; NORDIN; FRANKEL,

    1989).

    Alm disso, a alterao do pH, e/ou a concentrao inica alteram as foras das

    cargas repulsivas intermoleculares das PGs e causam alterao no tamanho do agregado

    dominante. Isto demonstra que a propriedade fisicoqumica das PGs entre as cadeias de

    colgeno na cartilagem realiza uma importante funo de resistncia compresso,

    sendo que essa qualidade das PGs de resistncia compresso est associada a dois

    fatores: o primeiro fator relacionado com a presso osmtica de dilatao dominante

  • devida interao com os conjuntos dos grupos inicos fixados nas GAGs; e o outro

    fator relacionado massa de rigidez compressiva do emaranhado entre os agregados

    PGs e a cadeia de colgeno (NORKIN; LEVANGIE, 2001; SCHWARTZ et al, 1994;

    KUETTNER et al, 1991; NORDIN; FRANKEL, 1989).

    Durante a aplicao e remoo de foras compressivas na articulao, ocorre a

    remoo e absoro de gua juntamente com outros nutrientes, sendo considerado

    tambm um processo importante para o controle e manuteno da cartilagem. A

    mobilidade articular e foras compressivas fisiolgicas resultam no aumento de

    proteoglicanas sintetizadas pelos condrcitos, favorecendo as propriedades mecnicas

    da cartilagem articular (KIVIRANTA et al, 1987).

    As alteraes e danos na cartilagem articular so muito comuns, sendo doenas

    debilitantes encontradas na prtica ortopdica. Devido a esse fato o conhecimento da

    fisiologia da cartilagem normal pr-requisito para a compreenso dos processos

    patolgicos da cartilagem articular (COHEN, 1998).

  • Figura 1.3: Resposta das proteoglicanas s foras mecnicas compressivas

    (Modificado: NORDIN, M.; FRANKEL, VH. Basic Biomechanics of the

    musculoskeletal system. Philadelphia: Lea and Febiger, 1989).

  • 1.2. Alteraes da cartilagem articular na ausncia de cargas

    Na degenerao da cartilagem articular so encontradas vrias alteraes de seus

    componentes, sendo estas alteraes de formas evolutivas. Algumas substncias da

    cartilagem articular apresentam uma maior alterao na fase precoce de sua

    degenerao, como por exemplo, o condroitin-sulfato, PGs, hialuronato e colgeno.

    Devido a estas modificaes precoces, aumenta o interesse nos estudos das formas de

    identificao destas substncias na cartilagem articular (HAAPALA et al, 2001).

    Em experimentos realizados com ovelhas, comparando o estresse articular

    causado pela caminhada entre solo de concreto e solo de terra ou mato, RADIN et al.

    (1982) obtiveram resultados significantes com o aumento do nvel de rigidez da

    cartilagem articular femoral e uma diminuio das GAGs associada rigidez da mesma

    cartilagem nas ovelhas que caminharam em solo de concreto em comparao com as

    ovelhas que caminharam em solo de terra ou mato. Porm, neste estudo foi realizada

    uma induo de uma degenerao crnica da cartilagem articular, pois a anlise da

    cartilagem ocorreu somente aps nove meses de caminhada pelas ovelhas.

    A ausncia de mobilidade tambm causa efeitos deletrios cartilagem. A

    imobilizao um mtodo frequentemente utilizado como terapia para acometimentos

    msculo-esquelticos desde a poca de Hipcrates. Quando ocorrem fraturas sseas,

    leses ligamentares, musculares e distrbios articulares degenerativos e traumticos

    realizado tratamento cirrgico, e ou o tratamento conservador com a imobilizao do

    membro, normalmente aplicado por meio de atadura gessada (APPEL, 1986).

    Estudos clnicos e experimentais demonstram que a mobilizao precoce

    controlada melhor do que a imobilizao do membro para o tratamento primrio de

    leses msculo-esquelticas agudas, pois ao contrrio da imobilizao evita a

    contratura dos tecidos periarticulares e consequentes danos cartilagem (KANNUS,

    2000).

    A reduo de movimentos na articulao sinovial altera a morfologia,

    bioqumica e caractersticas biomecnicas dos componentes da articulao. A

    diminuio do estmulo mecnico na interface das cartilagens pode causar a reduo

    da cartilagem e permite que ocorra a sua ossificao endocondral (ROOIJ et al, 2001).

  • Em outras alteraes resultantes da imobilizao so encontradas: a

    proliferao de tecido conectivo fibroso dentro do espao articular, aderncias dos

    tecidos conectivos fibrosos das superfcies da cartilagem, atrofia da cartilagem,

    ulceraes dos pontos de contatos entre cartilagem-cartilagem, e, em casos extremos, a

    disfuno permanente do membro imobilizado. A aplicao de cargas mecnicas

    provm importantes estmulos teciduais para o desenvolvimento e manuteno da

    homeostase na articulao sinovial, pois o movimento articular melhora o fluxo da

    nutrio transinovial. O mecanismo de estimulao celular dos condrcitos

    influenciado por foras mecnicas e est relacionado s taxas de sntese e degradao

    dos componentes da matriz orgnica (AKESSON et al, 1987).

    As alteraes bioqumicas e histolgicas dos componentes da matriz na

    imobilizao articular so decorrentes da privao de estresse na articulao. Em

    experimentos in vitro para a verificao da reao tecidual sob cargas mecnicas, foi

    observado a ocorrncia do aumento no metabolismo do condrcito em resposta

    carga de presso hidrosttica intermitente intra-articular, enquanto as cartilagens que

    no permaneceram sob esse tipo de carga no apresentaram o aumento do

    metabolismo celular (SUCH et al, 1999).

    Segundo AKESSON et al (1987), na ausncia de estresse articular ocorrem

    alteraes bioqumicas da matriz tecidual tais como a diminuio do contedo de gua,

    diminuio de GAGs, diminuio da massa de colgeno e aumento da ligao cruzada

    do colgeno. Aps 9 semanas de imobilizao ocorre a reduo de 5% da massa de

    colgeno, com o aumento das ligaes cruzadas que so associadas com a sntese de

    novo colgeno, e a presena delas em grandes quantidades indica aumento de colgeno

    imaturo no tecido. A perda insignificante da massa do colgeno nos estgios precoces

    da imobilizao no se repete em estgios de imobilizao mais prolongada, como em

    perodos de 12 semanas, no qual ocorre uma grande perda da massa do colgeno, cerca

    de 25% com degradao exponencial na imobilizao continuada. As mudanas das

    PGs na matriz so inferidas pela gua e alteraes das GAGs na matriz orgnica. Alm

    disso, ocorre tambm a perda de cido hialurnico (40%), gua (6%), condroitin-sulfato

    (20%) e demartan-sulfato (8%). A implicao da diminuio da gua e das GAGs est

    relacionada com a diminuio do espao e da lubrificao deficiente da matriz

    orgnica, e essas alteraes causam efeitos mecnicos considerveis nos tecidos moles.

  • PALMOSKI et al, 1980, relataram ao realizar estudos com um grupo de ces

    com uma pata posterior amputada, que aps 6 semanas a cartilagem articular do cndilo

    femoral do lado amputado apresentou diminuio da espessura da cartilagem,

    diminuio do contedo de GAGs, aumento do contedo de gua, estrutura defeituosa

    das GAGs e reduo na sntese de rede de GAGs. Os mesmos autores caracterizaram

    essas alteraes como similares s que ocorre no estgio precoce da doena

    degenerativa articular. BENICHOU e WIROTIUS (1980) examinaram 53 pacientes

    para anlise do quadril do membro inferior amputado, e relataram que metade dos

    pacientes apresentou reduo de 50% da reduo da espessura da cartilagem do quadril

    do lado amputado e que todos os pacientes tiveram osteoporose desse mesmo lado.

    Em outro experimento comparativo de carga articular controlada em joelhos de

    ratos realizado por TAGIL e ASPENBERG (1999), foi encontrado crescimento

    intrnseco de cartilagem no grupo submetido ao estresse de compresso intermitente

    aproximado de 2 Mpa, enquanto no grupo em que os espcimes no foram submetidos

    a nenhum tipo de carga, no houve o crescimento intrnseco da cartilagem articular.

    Esses resultados esto de acordo com a descrio de modelos tericos que preconizam

    que a estimulao mecnica intermitente necessria para manter a diferenciao da

    cartilagem articular, pois quando ocorre essa ausncia mecnica, como por exemplo, na

    imobilizao articular, a cartilagem substituda por tecido sseo (ROOIJ et al, 2001).

    JORTIKKA et al (1997) verificaram a influncia do movimento intra-articular

    na cartilagem com experimento de imobilizao articular em joelhos de ces jovens,

    sendo que encontraram diferenas significativas bioqumicas na cartilagem articular,

    principalmente na reduo do contedo de PGs e condroitin-sulfato, no grupo que

    permaneceu imobilizado, e assim como ELDER et al. (2000) sugerem que a quantidade

    de movimento articular seja um fator relevante para a condrognese na cartilagem.

    Em um trabalho com imobilizao similar ao de JORTIKKA et al (1997), os

    pesquisadores ODRISCOLL et al. (1986) utilizaram coelhos e observaram que a

    reparao da cartilagem articular danificada foi mais eficaz no membro com a

    realizao do movimento contnuo passivo em comparao ao membro imobilizado.

    AKESSON et al, 1987 relataram dois experimentos com imobilizao de joelho

    de ratos adultos. No primeiro detectaram que as primeiras alteraes ocorreram em

    duas semanas, sendo caracterizadas pela atrofia muscular e presena de tecido

  • conectivo fibroso. A proliferao do tecido conectivo foi estabilizada em 30 dias, neste

    perodo tambm foi observado a atrofia da cartilagem pela diminuio de sua espessura.

    O perodo de 30 a 60 dias foi caracterizado pelo desenvolvimento de adeso do tecido

    conectivo fibroso nas superfcies da cartilagem. Aps 60 dias ocorreu ulcerao da

    cartilagem nas reas de compresso. Quanto ao outro experimento, foi utilizada a

    imobilizao da articulao com compresso articular extrema pelo mtodo de

    imobilizao com flexo forada do joelho, na qual foi observada degenerao

    acelerada com leso da cartilagem aps o perodo de 6 dias.

    FU et al. (1998), verificaram que aps 6 semanas de imobilizao articular em

    coelhos, a cartilagem articular apresentou significante diminuio do contedo de PGs e

    uma moderada degenerao da cartilagem.

    AKAI et al. (1997), tambm realizaram experimentos com ratos utilizando a

    imobilizao com flexo forada do joelho seguindo modelo de WILSON e DHANERS

    (1988), com o objetivo de estudar os efeitos do laser de baixa potncia nas propriedades

    mecnicas do osso e da cartilagem articular, e obtiveram resultados de alteraes

    mecnicas quanto rigidez da cartilagem aps o perodo de uma semana de

    imobilizao, sendo realizado aps este perodo o tratamento com laser de baixa

    potncia.

    USUBA et al. (1998), utilizaram o mesmo protocolo de WILSON e DHANERS

    (1988), na imobilizao com flexo forada do joelho em ratos para estudos da

    viscoelasticidade de tecidos conectivos periarticulares, e observaram que aps o

    perodo de uma semana esses tecidos apresentaram alteraes de suas propriedades

    mecnicas.

    HAAPALA et al. (2001), em experimentos realizados com a imobilizao da

    articulao do joelho direito em ces beagles, demonstraram que aps 11 semanas de

    imobilizao, houve uma diminuio dos nveis de interleuk alfa I, inibidor de

    metaloproteinase e da concentrao de condroitin-sulfato em 38% em comparao com

    o grupo controle. Outro componente apresentou reduo da concentrao na cartilagem

    articular aps a imobilizao, o hialuronato, pois foi observado tambm que o seu

    decrscimo foi acompanhado da reduo de PGs. A quantidade e qualidade dos

    movimentos na articulao so fundamentais para o metabolismo dos condrcitos e

    para a eficcia da reparao de defeitos da cartilagem (JORTIKKA et al, 1997).

  • 1.3. Terapia laser de baixa potncia em cartilagem articular

    A palavra laser um acrmio resultante de light amplication by stimulated

    emission of radiation. Difere de outras fontes de luz por apresentar caractersticas

    particulares como a monocromacidade, coerncia, a brilhncia, e a direcionalidade

    (NICOLAU, 2001; LOPES, 2001)

    O laser o resultado de eltrons ou molculas que, ao serem estimulados,

    realizam um salto quntico, passando de um estado energtico mais baixo para um

    estado energtico mais alto, tendo como consequncia a emisso de ondas

    eletromagnticas com mesma freqncia e nica direo (ORTIZ, 2001; KITCHEN,

    1991).

    O mecanismo pelo qual o laser de baixa potncia (LBP) atua, est relacionado

    com o aumento de ATP e com a modificao do transporte inico, ou seja, ao nvel de

    organelas celulares, como as mitocndrias e membranas celulares (KARU, 1987).

    A regio do espectro eletromagntico mais utilizada no tratamento por LBP para

    tecidos mais profundos est entre 600 nm a 1300 nm, pois nessa regio espectral os

    comprimentos de ondas so absorvidos em menor intensidade na pele, proporcionando

    uma transmisso mais eficaz. Nessa regio espectral encontram-se a luz visvel

    (vermelho) e o infravermelho prximo, sendo denominada tambm de janela espectral

    para tecidos biolgicos (RIGAU, 1996).

    Segundo KICTCHEN e PARTRIDGE (1991), os comprimentos de onda que

    esto na regio do infravermelho prximo possuem maior capacidade de penetrao no

    tecido vivo em relao aos comprimentos de onda que afastam dessa regio no sentido

    da regio ultravioleta. As caractersticas dos pigmentos influenciam diretamente a

    transmisso e absoro da luz laser nos tecidos mais profundos, estando entre esses

    pigmentos a melanina, a hemoglobina e a mioglobina (BAXTER, 1997).

    O LBP pode gerar dois tipos de reaes no tecido biolgico. O efeito

    fotoqumico, que gerado por conseqncias da interao fotoreceptor- luz laser, tais

    efeitos so: acelerao na transferncia de eltrons, aumento da produo de super-

    xido e formao de oxignio molecular, alm da possibilidade da absoro da luz pela

    mitocndria, podendo gerar alteraes na sntese de DNA e RNA, alm do aumento da

    proliferao celular. O efeito fotoeltrico do laser no infravermelho est associado s

  • mudanas no potencial de membranas ocasionando um aumento da sntese de ATP

    intracelular nos processos patolgicos, pois intervm no mecanismo de intercmbio

    inico da membrana. Em curto prazo o LBP acelera a sntese de ATP, a gliclise e a

    oxidao fosforilativa e ao longo prazo a transcrio e replicao do DNA (LOPES,

    2002; ORTIZ et al, 2001; NICOLAU, 2001; RIGAU, 1996; KARU, 1999; KARU,

    1987).

    Para que ocorram os efeitos fotoqumicos, existem fotorreceptores celulares,

    sensveis aos determinados comprimentos de onda (KARU, 1987). Segundo LAAKSO

    et al (1993) os comprimentos de onda no infravermelho so primeiramente absorvidos

    pelas protenas e pela gua, e possuem pouca sensibilidade para os pigmentos como a

    melanina e a hemoglobina.

    Os fotorreceptores celulares, tambm denominados de cromforos, aps serem

    estimulados por uma energia eletromagntica da luz laser convertem em reao

    fotoqumica. considerado como fotorreceptor primrio, para a regio espectral no

    infravermelho prximo (700 a 900 nm), o citocromo-oxidase, porm este fotorreceptor

    somente eficaz quando no est totalmente oxidado ou totalmente reduzido,

    permitindo assim, que a bioestimulao ocorra (KARU, 1999; LUBART et al, 1992).

    CALATRAVA et al (1997) realizaram um estudo comparativo de terapia com

    LBP em leses na cartilagem articular de joelhos de coelhos. Foi comparado o

    tratamento entre dois grupos, um grupo com laser He-Ne (vermelho) com comprimento

    de onda de 632,8 nm e outro grupo com laser As-Ga (infravermelho) com comprimento

    de onda 904 nm. Aps treze sesses de irradiao laser durante duas semanas, no grupo

    com laser As-Ga (infravermelho), a cartilagem articular apresentou caractersticas de

    cartilagem hialina com poucos componentes fibrosos e aumento do nmero de

    condrcitos; enquanto no grupo com laser He-Ne (vermelho), a cartilagem apresentou

    reas de tecido de granulao e fibrocartilagem, e o grupo controle apresentou somente

    tecido de granulao. Em ambos os grupos irradiados houve um aumento significativo

    da quantidade de GAGs e de cidos mucopolissacardeos na cartilagem .

    Em outros estudos experimentais foram encontrados resultados similares, quanto

    ao aumento do nmero de condrcitos na cartilagem aps o tratamento com LBP,

    porm os laseres utilizados foram o He-Ne e o Nd-YAG (LABAJOS et al, 1990;

    SCHULTZ et al, 1985). HERMAN e KHOSLA (1988) relataram que aps o tratamento

  • de cartilagem bovina por irradiao com um laser Nd-YAG, obtiveram resultados

    semelhantes quanto ao aumento da quantidade de GAGs na cartilagem, alm do

    aumento do colgeno aps doses maiores, alm de aumento da sntese de DNA.

    Em experimentos in vitro com culturas de condrcitos tratadas com irradiao

    LBP no infravermelho com As-Ga-Al houve aumento significativo no nmero de

    clulas, tanto em culturas de condrcitos de coelhos quanto em culturas de condrcitos

    humanos, demonstrando um efeito de bioestimulao eficaz (TORRICELLI et al, 2001).

    MANZANARES et al (1992), tambm encontraram efeitos de bioestimulao na

    cartilagem de crescimento em ratos wistar. O tratamento ocorreu durante trs dias

    seguidos com a utilizao de laser He-Ne, obtendo resultados mais significativos com

    densidades de energia de 5,4 e 7,2 J/cm2.

    AKAI et al (1997) realizaram um trabalho de anlise da biomecnica da rigidez

    da cartilagem articular aps o tratamento com laser As-Ga-Al com comprimento de

    onda de 810 nm e energia acumulada de 43 J e 65 J. O experimento foi realizado com

    ratos wistar com imobilizao em flexo do joelho de um membro inferior mantida por

    sete dias. Aps esse perodo o joelho imobilizado foi tratado com irradiao LBP

    durante duas semanas com aplicaes realizadas a cada dois dias. O teste biomecnico

    com espectrmetro viscoesltico revelou que a rigidez da cartilagem articular do joelho

    imobilizado tratado com laser foi preservada, demonstrando ser uma possibilidade de

    tratamento para a preveno de alteraes biomecnicas por imobilizao.

    O tratamento LBP em processo inflamatrio articular induzido mostrou-se eficaz

    num estudo experimental em joelhos de cobaias, promovendo uma reduo na

    proliferao de clulas inflamatrias no tecido danificado, alm de induzir a formao

    de pontes de cartilagens favorecendo a reparao tecidual da cartilagem lesada

    (GUERINO et al, 2000). HONMURA et al (1992) demonstraram em modelo

    experimental de induo de inflamao em ratos tratados com irradiao laser de diodo

    As-Ga-Al, efeitos positivos para a inibio do edema articular e das alteraes na

    formao do tecido de granulao na cartilagem articular.

    TRAUNER et al (1998) em experimentos em joelhos de coelhos com artrite

    reumatide induzida realizaram o tratamento com LBP de 630 nm com energia total de

    100 J/cm2, para verificar a influncia da energia laser entregue na terapia fotodinmica,

    obtendo como resultado a eficcia da utilizao do laser com photofrin na reduo de

  • processo inflamatrio do lquido sinovial. HENDRICH e SIEBERT (1997) tambm

    encontraram eficcia na terapia fotodinmica, porm seus experimentos foram

    realizados com culturas de clulas de fibroblastos de humanos portadores de artrite

    reumatide.

    PALMGREN et al (1989) aps estudos clnicos de tratamento com LBP com

    pacientes com artrite reumatide obtiveram como resultados diminuio de edema

    articular, aumento da flexibilidade articular, alm de relatos de reduo do quadro

    lgico como encontrados em estudos similares realizados por outros autores

    (AILIOAIE et al, 1999; ASADA et al, 1989; COLOV et al, 1987; BLIDDAL et al,

    1987). Por meio da utilizao da biopsia da membrana sinovial do joelho com artrite

    reumatide, BARBERIS et al (1996) verificaram a diminuio de prostaglandina aps o

    tratamento com irradiao laser He-Ne com densidade de energia de 8 J/cm2. Nos

    experimentos realizados por NISHIDA (1988) foram encontrados resultados

    semelhantes, alm de outras alteraes histolgicas aps o tratamento de irradiao

    articular com laser de baixa potncia.

    LONAUER (1986) tambm realizou um trabalho com terapia com LBP em

    pacientes portadores de artrite reumatide, relatando que encontrou melhores resultados

    quanto diminuio da dor articular, quando utilizou a associao de laser He-Ne com

    laser infravermelho do que somente a utilizao isolada do laser He-Ne. Em outro

    trabalho AMANO et al (1994) realizaram o tratamento com LBP utilizando o As-Ga-Al

    com comprimento de onda de 790 nm, potncia de 10 mW e com durao de 6 dias,

    obtendo bons resultados quanto diminuio do infiltrado celular inflamatrio e alvio

    da dor. J WALKER et al (1987) utilizaram um laser He-Ne, vermelho, com

    comprimento de onda de 632, 8 nm, potncia de 1 mW e durao de tratamento de 10

    semanas em pacientes com artrite reumatide, o qual demonstrou ser um tratamento

    eficaz para o alvio da dor. Alm da diminuio dos sintomas dolorosos, o LBP tambm

    eficaz na melhora da rigidez matinal principalmente quando utilizada a densidade de

    energia de 3 J/cm2 (BROUSSEAU et al, 2000).

  • 1.4. Espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP)

    A anlise espectral por meio da utilizao da radiao laser com comprimento de

    onda no infravermelho prximo para mensurar a resposta espectral de radiao

    espalhada inelstica emitida pelo meio conhecida por efeito Raman. Este efeito foi

    primeiramente analisado em experimento por Chandrasekhara Venkata Raman em 1930

    (SILVEIRA Jr, 2001,VERDEYEN, 1995).

    A espectroscopia Raman verifica o nvel vibracional molecular, situa-se

    comumente na regio espectral do infravermelho, sendo que suas frequncias so

    determinadas pela diferena entre as frequncias das radiaes incidentes e espalhadas

    (SALA,1995).

    A absoro, transmisso e espalhamento so efeitos que ocorrem na interao da

    radiao eletromagntica com a molcula. A irradiao espalhada com a mesma

    frequncia da irradiao incidente denominada de espalhamento elstico (Rayleigh),

    enquanto que o espalhamento com frequncia diferente da irradiao incidente

    chamado de espalhamento inelstico (figura 1.4) (HALON et al, 2000; VERDEYEN,

    1995).

    Figura 1.4: Espalhamento inelstico demonstrado na figura pelas setas menores.

  • A maior parte do espalhamento possui o componente elstico (Rayleigh) e

    somente uma pequena frao da irradiao incidente sofre alterao no espalhamento,

    ou seja espalhamento inelstico "Raman", sendo que ocorre com a diminuio da

    energia (h(ni-nr)) "stokes" ou com o aumento da energia (h(ni +nr)) "anti-stokes" (figura

    1.5) (HANLON et al, 2000).

    preconizado que a interao entre as molculas possuem banda vibracional

    espectral especfica, como uma impresso digital da molcula. So determinadas pelas

    frequncias vibracionais caractersticas das ligaes qumicas da molcula. Esse

    processo do espalhamento inelstico ou Raman ocorre a partir da irradiao laser, com

    uma absoro molecular de um fton incidente e emisso de um fton espalhado

    inelstico na transio da molcula de um estado fundamental para o estado vibracional

    excitado (SILVEIRA Jr, 2001; VERDEYEN, 1995; SALA, 1995).

    Figura 1.5: Diagrama de Jablonskii (diagrama dos nveis de energia), no qual, as linhas

    horizontais largas representam os nveis eletrnicos e as linhas horizontais finas

    representam os nveis vibracionais de cada nvel eletrnico. S0 estado eletrnico

    fundamental; S1 estado eletrnico excitado; nn exc freqncia da radiao de excitao;

    nnR freqncia do espalhamento Raman; nn F freqncia da emisso fluorescente; UV

    radiao ultravioleta; IV radiao infravermelha (Silveira Jr., 2001).

  • A espectroscopia Raman um meio seguro para classificar uma substncia

    especfica sem a necessidade da extrao do material biolgico, pois analisa o

    comportamento vibracional de uma molcula (SATHAIAH et al, 1996).

    A anlise por meio da espectroscopia Raman apresenta uma vantagem de possuir

    um sinal Raman de baixa intensidade para gua e vidro. Portanto, essas so substncias

    que no prejudicam a anlise espectral e isso facilita a coleta de sinal de amostras

    (SHIN, 1993).

    Vrias aplicaes biomdicas de espectroscopia Raman foram realizadas

    (SILVEIRA et al, 2002; PILOTO et al, 2001; LIMA et al, 2000; HANLON, et al, 2000;

    SATHAIAH et al, 1996), como por exemplo, WANG et al (2000) que utilizaram em

    seus experimentos a espectroscopia Raman para anlise de alteraes moleculares no

    tecido conjuntivo sob aplicaes de foras, por esse tipo de espectroscopia oferecer a

    importante vantagem da baixa interferncia da gua no sinal Raman. CAILL et al

    (1983) elegeram a espectroscopia Raman com laser de argnio (514,5 nm) para analisar

    in vitro os efeitos especficos de substncias presentes nas fibras musculares e

    obtiveram eficcia na anlise com alteraes dos picos do Ca+ e Mg+ durante a perfuso

    intramuscular dessas substncias e tambm durante modificaes de comprimento dos

    sarcomros.

    As substncias da MO e MI tambm possuem picos espectrais Raman

    caractersticos, que foram utilizados para analisar tecidos biolgicos. CARDEN e

    MORRIS (2000) estudaram a diferena na largura do pico de hidroxiapatita de clcio

    puro e do fosfato (largura de pico maior) em processos de mineralizao ssea em

    patologias sseas e biocompatibilidade de implantes sseos pela identificao de sinais

    pela espectroscopia Raman. OTERO (2002), por exemplo, realizou um diagnstico

    experimental para calcificaes de vlvulas cardacas, no qual foram analisados os picos

    espectrais de 960 cm-1 para o clcio e 1450 cm-1 para o colgeno, substncia essa

    tambm presente na MO da cartilagem, KONTOYANNIS e VAGENAS (2000) tambm

    analisaram o colgeno, porm de forma quantitativa em modelo artificial de

    desmineralizao ssea de fmur.

    LOPES (2002) utilizou a espectroscopia Raman para anlise da MI e MO em

    reparao ssea aps a terapia com LBP, e, observou em seus experimentos, um pico no

  • espectro em 1450 cm-1 caracterstico para a MO, sendo que esse pico espectral tambm

    encontrado na MO da cartilagem articular, porm com uma intensidade elevada.

    Portanto, para estudar as substncias da MO na cartilagem articular, os picos

    caractersticos com intensidades mais elevadas representadas no sinal Raman so: os

    picos espectrais em 1250 cm-1 para Amida III, 1450 cm-1 para C-H/ MO e 1650 cm-1

    para Amida I (TIMLIM et al, 1999; BRENNAN et al, 1997; RAVA et al, 1991).

  • 2. Objetivos

  • 2. Objetivos

    - Verificar a utilizao da espectroscopia Raman para deteco de alteraes da

    cartilagem articular;

    - Verificar se a espectroscopia Raman capaz de identificar as alteraes da

    cartilagem articular oriundas da imobilizao articular;

    - Verificar se existe diferena na aplicao da bioestimulao por meio da terapia

    laser de baixa potncia em duas diferentes densidades de energia (80 e 720

    J/cm2) na cartilagem articular desprovida de mobilidade.

  • 3. Materiais e mtodos

  • 3. Materiais e mtodos

    3.1 Animais

    O animal utilizado neste trabalho foi o rato da raa Wistar (Ratus norvegicus

    albinus). Cinquenta e dois animais adultos, jovens, machos, pesando 250 50g,

    fornecidos pelo biotrio da Unicamp (Campinas-SP). Os mesmos foram mantidos em

    gaiolas individuais abastecidas com gua e rao ad libidum, em condies normais de

    temperatura e iluminao no biotrio do laboratrio de experimentao animal do IP &

    D na Univap.

    Grupon de

    animais

    Sacrifcio

    Imobilizado e Irradiado com 80

    J/cm2 (IIA)

    Imobilizado e Irradiado com 720

    J/cm2 (IIB)

    Imobilizado e No irradiado

    (I)

    No imobilizado e No Irradiado

    (C)

    13

    13

    13

    13

    15 dias aps imobilizao e 7, 13 e 19

    dias aps a retirada da imobilizao

    15 dias aps imobilizao e 7, 13 e 19

    dias aps a retirada da imobilizao

    15 dias aps imobilizao e 7, 13 e 19

    dias aps a retirada da imobilizao

    15 dias aps imobilizao e 7, 13 e 19

    dias aps a retirada da imobilizao

    Tabela 3.1.: Diviso dos animais em grupo e cronograma do sacrifcio.

  • 3.2 - Modelo animal

    Foi realizado o modelo de imobilizao adaptado de WILSON e DHANERS (1988).

    No dia do procedimento da imobilizao os animais foram submetidos ao procedimento

    anestsico de hidrato cloral intraperitonial (1ml/kg em soluo salina a 10 %). Aps a

    anestesia, o membro inferior direito dos animais foi tricotomizado com tosquiadeira

    recarregvel (Oster) e, em seguida foi realizada a assepsia com soluo tpica de

    polvidona Iodo 10% (LM Farma). Em seguida a esses procedimentos iniciou-se a

    transfixao do fio de sutura no absorvvel de mononylon 0.0 (Shalon) para

    imobilizao do membro inferior em flexo do joelho. O fio de sutura foi transfixado na

    regio proximal e anterior da coxa, entre a face anterior do fmur e a face posterior do

    msculo quadrceps femoral, e na regio distal e anterior da perna, entre a face anterior

    da tbia e a face posterior do msculo tibial anterior (figura 3.1). Aps esse

    procedimento o joelho do animal foi posicionado em flexo de 140 com um

    tensionamento do fio de sutura e fixao final por meio de ponto cirrgico. Em seguida

    foi realizado um movimento passivo no sentido da extenso do joelho para avaliar se a

    fixao estava segura. Aps o trmino dos procedimentos de imobilizao os animais

    foram colocados em gaiolas individuais onde permaneceram imobilizados por um

    perodo de 15 dias. Ao trmino desse perodo, os fios de sutura foram retirados e os

    animais recolocados nas gaiolas.

  • Figura 3.1: Procedimento de imobilizao articular do joelho por meio de fio de sutura

    adaptado de WILSON e DHANERS (1988).

    3.3 Terapia com laser de baixa potncia

    Os animais foram separados em quatro grupos, dois grupos irradiados e outro dois

    no irradiados, contendo 13 animais cada grupo (tabela 3.1). Os grupos dos animais no

    irradiados foram subdivididos em: um grupo imobilizado e outro grupo controle (no

    imobilizado), enquanto que os grupos irradiados apresentavam todos os animais

    imobilizados subdivididos em grupo "A" com densidade de energia utilizada para a

    terapia de 80J/cm2 e outro grupo "B" com densidade de energia de 720 J/cm2 (tabelas

    3.2 e 3.3). A primeira irradiao laser foi realizada no primeiro dia do procedimento de

    imobilizao, sendo que a aplicao foi realizada pela tcnica pontual transcutnea em

    quatro pontos ao redor do joelho imobilizado (cndilo femoral lateral e medial, e

    plat tibial medial e lateral) a cada 48 horas (figuras 3.2 e 3.3). Os animais que foram

    sacrificados com 15 dias de imobilizao receberam um total de 8 aplicaes, os

    sacrificados com 7, 13 e 19 dias aps a retirada da imobilizao receberam

    respectivamente um total de 11, 14 e 17 aplicaes. O aparelho laser utilizado foi um

  • diodo com meio ativo AsGaAl, infravermelho prximo, e rea do feixe (fibra ptica) de

    0,002827 cm2.

    Figura 3.2: Pontos de aplicao laser nos animais irradiados (Modificado:JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia Bsica. Rio de Janeiro: Guanabara

    Koogan. 1982).

  • Figura 3.3: Aplicao laser pontual em joelho do rato wistar do grupo irradiado.

    Laser diodo 830 nm

    Figura 3.4: Laser diodo As-Ga-Al 830nm (IVP) e acessrios: culos de proteo, fibraptica e pedal de acionamento.

  • Valores

    Parmetros de irradiao Grupo "A" (80 J/cm2) Grupo "B" (720 J/cm2)

    Densidade de energia por ponto

    Potncia

    Comprimento de onda

    rea do feixe

    Modo de aplicao

    N de pontos por sesso

    Tempo por ponto

    20,0 J/cm2

    10 mW

    830 nm

    0, 002827 cm2

    Pontual

    4

    6 segundos

    180 J/cm2

    10 mW

    830 nm

    0, 002827 cm2

    Pontual

    4

    50 segundos

    Tabela 3.2: Protocolo de irradiao com laser As-Ga-Al.

    Total de energia acumulada (J)Sacrifcios

    Grupo A (80 J/cm2) Grupo B (720 J/cm2)

    15 dias com imobilizao 1,92 16

    7 dias aps retirada da imobilizao 2,64 22

    13 dias aps retirada da imobilizao 3,36 28

    19 dias aps retirada da imobilizao 4,56 34

    Tabela 3.3: Total de energia acumulada relacionada com o perodo de sacrifcio.

    3.4. Sacrifcio dos animais e retirada dos espcimes

    Para o sacrifcio dos animais foi administrado injeo intramuscular de Zoletil

    0,8 ml/Kg e aps foi realizada overdose de hidrato cloral (soluo a 10 %) via peritonial

    e intracrdia. Em seguida o membro inferior imobilizado foi desarticulado do quadril

    para a remoo cuidadosa dos msculos que cruzam a articulao do joelho. Isto feito, o

    joelho foi cuidadosamente desarticulado e a cartilagem articular foi retirada juntamente

    com a epfise do osso, com irrigao constante de soro fisiolgico 0,9% (Labormdica)

    a 10C.

  • Os perodos de sacrifcios dos animais foram de 15 dias aps a imobilizao

    articular e com 7, 13, e 19 dias aps a retirada da imobilizao articular,

    correspondendo ao perodo de recuperao, sendo que em cada perodo foram

    sacrificados 3 animais de cada grupo para remoo das cartilagens dos cndilos mediais

    dos fmures que permaneceram imobilizados.

    Os espcimes foram armazenados em nitrognio lquido (-196C) para anlise

    por meio de Espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP) e posterior

    anlise histolgica.

    3.5. Espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP)

    Foi realizada anlise da cartilagem articular in vitro por meio de ER-IVP no

    Laboratrio de Espectroscopia Biomolecular no Instituto de Pesquisa e

    Desenvolvimento (IP&D) na Universidade do Vale do Paraba.

    Para a anlise espectral foi utilizado o sistema ptico composto por um laser

    Titnio: Safira (cristal) com comprimento de onda de 830nm (Spectra Physics, mod

    3900S), potncia de chegada na amostra de 100 mW, sendo bombeado por um laser de

    Argnio com comprimento de onda entre 488 e 514 e potncia de 5 W (Spectra

    Physics, modelo 2017S).

    Um posicionador com deslocamento micromtrico nos trs eixos (x,y,z) foi

    necessrio para colocar o porta-amostra com a cartilagem, isso permitiu realizar

    espectros em oito pontos diferentes em cada espcime.

    Para permitir a passagem do sinal Raman ao espectrgrafo (Chromex, NM,

    USA, modelo 250IS) aps o laser incidir sobre a cartilagem, foi necessrio eliminar a

    radiao elstica espalhada. Para isso foi utilizado um filtro rejeita-banda notch (Kaiser

    Optical System, MI, USA, modelo HNPF 3804) com comprimento de onda de rejeio

    de 830 nm localizado na entrada da fenda do espectrgrafo. Em seguida uma cmara

    digital colorida (CCD) (Princeton Instruments, NJ, USA, modelo LNCCD 1024x256)

    realizou a deteco do sinal luminoso da luz que foi dispersada pelo espectrgrafo

    (figuras: 5 e 6). O programa CSMA (Princeton Instruments, NJ, verso 2.4) instalado

    no microcomputador (Magitronic, 486/100 MHz) foi utilizado para realizar a aquisio

    e armazenamento dos espectros coletados. O programa CSMA controlou o tempo de

    exposio do detector e o nmero de aquisies por ponto da amostra, que neste

  • presente trabalho foi de 5 segundos para o tempo de exposio e 10 aquisies em cada

    ponto. Foram realizadas aquisies em 8 pontos de cada cartilagem, sendo adquiridos

    um total de 384 espectros de 48 espcimes (Tabela 3.4).

    N total de cartilagens n de pontos por cartilagem n total de espectros obtidos

    48 08 384

    Tabela 3.4: Relao do n total de espectros obtidos dos espcimes

    Para os procedimentos de anlise espectral foi realizada a calibrao por meio da

    transformao de pixel para cm 1 dos espectros que foram obtidos dos espcimes. O

    solvente Indino que possui posies dos picos espectrais conhecidos na literatura

    (WOLLMAN, BOHN, 1993), foi utilizado como padro para a calibrao. Para isso o

    espectro do Indino foi adquirido no mesmo dia da realizao do experimento para

    equivalncia dos picos em cm 1. Aps a obteno dos espectros ocorreu o processo de

    filtragem dos espectros para eliminar o background de fluorescncia da amostra, e,

    diminuir o rudo gerado pela CCD. Ambos os procedimentos, calibrao e a filtragem

    dos espectros foram realizados por meio do Mat Lab (The Mathworks, MA, USA,

    verso 4.2) e um programa especfico para anlise de ER-IVP desenvolvido no

    Laboratrio de Espectroscopia Biomolecular do IP&D na Universidade do Vale do

    Paraba (OLIVEIRA FILHO, 2003). Para prevenir as variveis na execuo do

    experimento e possveis interferncias nas anlises dos espcimes, foi necessria a

    realizao do procedimento de normalizao dos espectros calibrados por meio de

    isolamento de uma regio que no apresentava picos caractersticos dos espcimes

    estudado nesse trabalho.

  • Filtro passa-bandahologrfico Laser de

    Ti: SafiraLaser deArgnio

    Espectogrfo CCD

    Microcomputador

    Filtro notchL2

    L1

    Porta - Amostra

    AmostraLentePrisma

    Pinhole

    Figura 3.5: Diagrama esquemtico do Sistema Raman no infravermelho prximo. (L1 eL2-lentes)

    A BC

    D

    EF

    G

    Figura 3.6: Componentes do Sistema Raman (ER-IVP). A laser de Argnio; B laserde Ti:Safira; C espectrogrfo; D cmera CCD; E porta-amostras com a epfise do

    fmur com a cartilagem; F conjunto de lentes; G . filtro notch .

  • 3.6. Metodologia estatstica

    O programa Instat foi utilizado como auxlio para anlise estatstica de todas as

    variveis aferidas neste estudo, no qual foi verificado primeiro a normalidade dos dados

    por meio do Teste de Kolmorogov e Smirnov. Em seguida, como todos os dados

    apresentaram distribuio normal, foram tratados pelo teste de estatstica ANOVA

    Turkey-Kramer. O nvel de diferena estatisticamente significante para todos os casos

    foi fixado em p

  • Figura 3.7: Trs reas em retngulos em que foram analisadas as intensidades da

    colorao de cada corte histolgico (10x/0.22).

  • 4. Resultados

  • 4. Resultados

    4.1. Modelo animal

    Com relao aos 52 animais utilizados neste trabalho, dois morreram aps a

    anestesia, e, em um animal, o fio de sutura soltou durante o procedimento passivo de

    tensionamento em extenso do joelho em seguida ao procedimento de imobilizao.

    Todos os animais restantes permaneceram com a imobilizao fixada no perodo

    determinado de 15 dias.

    4.2. Espectroscopia Raman no infravermelho prximo (ER-IVP)

    Na anlise detalhada por meio da espectroscopia Raman para medir as

    mudanas bioqumicas nas cartilagens, foram realizados espectros tpicos de cartilagem

    retirada da epfise, cartilagem com epfise e do osso (epfise) mostrados na figura 4.1.

    Nos espectros Raman da cartilagem normal retirada da epfise ssea apresentaram os

    picos espectrais mais importantes relacionados matriz orgnica (MO) em 1450 cm-1 e

    1680 cm-1 intensidades elevadas em comparao ao pico espectral relacionado matriz

    inorgnica (MI) em 961 cm-1. No espectro filtrado do osso (epfise) os picos espectrais

    em 1450 cm-1 e 1680 cm-1 (MO) as intensidades permaneceram baixas enquanto que o

    pico em 961 cm-1 (MI) apresentou intensidade elevada quando comparados aos picos

    espectrais da cartilagem retirada da epfise ssea. Nos espectros da cartilagem fixada na

    epfise ssea o pico em 961 cm-1 (MI) apresentou uma intensidade elevada pelo fato de

    haver uma sobreposio do sinal Raman da matriz inorgnica da cartilagem articular e

    do osso subcondral, porm os picos da MO apresentaram intensidades elevadas

    semelhantes aos espectros obtidos da cartilagem retirada da epfise ssea.

  • -5000

    10000

    25000

    800 1200 1600

    deslocamento Raman (cm -1)

    inte

    nsid

    ade

    (u.a

    .)

    Figura 4.1: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens normais de cndilosmediais de fmures de ratos wistar jovens. Trs bandas espectrais so destacadas, 961

    cm-1 correspondente matriz inorgnica (MI), 1450 cm-1 correspondente matrizorgnica (MO) e 1680 cm-1 tambm correspondente matriz orgnica (MO).

    Para anlise dos espectros das cartilagens foram utilizadas as intensidades dos

    picos espectrais em 1450 e 1680 cm 1 para anlise das mudanas na MO e 961 cm 1

    para a MI. As intensidades foram calculadas pela mdia de 24 pontos obtidos das

    amostras de cada grupo, sendo determinadas a partir do valor mximo do pico de

    interesse subtrado do valor mnimo desse mesmo pico. O valor de interesse resultante

    dessa subtrao est relacionado com a concentrao dos componentes da matriz

    analisada. Na anlise dos espectros das cartilagens com 15 dias de imobilizao,

    ocorreram intensidades mais elevadas nos picos de 1450 e 1680 cm 1 (MO) para os

    grupos que permaneceram imobilizados e irradiados (IIA e IIB), enquanto que o grupo

    que ficou imobilizado e no irradiado (I) apresentou a menor intensidade quando

    comparado com o grupo controle (C) e grupos irradiados Quanto ao pico em 961 cm 1

    (MI), houve a mesma tendncia dos picos relacionados MO, com intensidades maiores

    1680

    1450

    961 Cartilagem sem osso

    Cartilagem com osso

    Osso (epfise)

    MO

    MO

    MI

  • nos grupos irradiados (IIA e IIB) enquanto que no grupo imobilizado (I) a intensidade

    apresentou valores menores (Figura 4.2).

    Aps 15 dias de imobilizao

    -3000

    7000

    17000

    800 1200 1600

    deslocamento Raman (cm-1)

    inte

    nsid

    ade

    (u.a

    .)

    Figura 4.2: Mdias dos Espectros Raman obtidos de cartilagens articular aps 15 diasde imobilizao. I: grupo imobilizado e sem irradiao; C: grupo controle sem

    imobilizao e sem irradiao; IIA: grupo imobilizado e irradiado com densidade deenergia em 80 J/cm2 e IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade de energia em

    720 J/cm2.

    1450 1680

    ---IIIB

    ---IIA

    ---C

    --- I

  • Nos espectros das cartilagens com 7 e 13 dias (Figuras 4.3 e 4.4) aps a retirada

    da imobilizao, os grupos imobilizados e irradiados (IIA e IIB) apresentaram uma

    reduo das intensidades dos picos espectrais da MO em comparao ao controle (C) e

    ao grupo imobilizado sem irradiao (I), sendo que esse ltimo apresentou um discreto

    aumento da intensidade. Nos espectros das cartilagens aps 19 dias da retirada da

    imobilizao (Figura. 4.5) as alteraes das intensidades citadas com 7 e 13 dias aps a

    retirada da imobilizao foram mais acentuadas, principalmente com relao ao grupo

    imobilizado sem irradiao (I) que apresentou um grande aumento da intensidade, sendo

    superior a todos os grupos experimentais. Com relao s intensidades do pico 961 cm1

    da MI foram obtidos nos resultados a mesma tendncia dos picos da MO em todos os

    perodos aps a retirada da imobilizao.

    Recuperao: 7 dias aps a retirada da imobilizao

    -3500

    6500

    16500

    800 1200 1600

    deslocamento Raman (cm -1)

    inte

    nsi

    dad

    e (u

    .a)

    Figura 4.3: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens articular com 7 dias aps aretirada da imobilizao. I: grupo imobilizado e sem irradiao; C: grupo controle semimobilizao e sem irradiao; IIA: grupo imobilizado e irradiado com densidade de

    energia em 80 J/cm 2 e IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade de energia em720 J/cm 2.

    1450 1680

    -IIIB

    --IIA

    ---C

    --- I

  • 13 dias aps a retirada da imobilizao

    -3000

    7000

    17000

    800 1200 1600

    deslocamento Raman (cm-1)

    inte

    nsid

    ade

    (u.a

    .)

    Figura 4.4: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens articular com13 dias apsa retirada da imobilizao. I: grupo imobilizado e sem irradiao; C: grupo controle sem

    imobilizao e sem irradiao; IIA: grupo imobilizado irradiado com densidade deenergia em 80 J/cm 2 e IIB : grupo imobilizado irradiado com densidade de energia em

    720 J/cm 2.

    19 dias aps a retirada da imobilizao

    -4000

    6000

    16000

    800 1200 1600

    deslocamento Raman (cm-1)

    inte

    nsid

    ade

    (u.a

    .)

    Figura 4.5: Espectros Raman filtrados obtidos de cartilagens articular com 19 dias apsaa retirada da imobilizao. I: grupo imobilizado e sem irradiao; C: grupo controlesem imobilizao sem irradiao; IIA: grupo imobilizado irradiado com densidade de

    energia em 80 J/cm 2 e IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade de energia em720 J/cm 2.

    1450 1680

    ---IIB

    ---IIA

    ---C

    ---I

    1450 1680

    ---IIB

    ---IIA

    ---C

    ---I

  • 4.3. Anlise estatstica dos resultados Raman

    4.3.1. Matriz orgnica

    As mdias das intensidades do pico espectral em 1680 cm 1 referente MO

    obtidas de espectros Raman das cartilagens aps 15 dias de imobilizao articular

    (Grfico 4.1) apresentaram diferenas estatisticamente significativas entre o grupo

    imobilizado e irradiado (IIA) e o grupo controle (C) (p0.05).

    Pico espectral Raman 1680 cm -1 (MO) com 15 dias de imobilizao

    0

    1000

    2000

    3000

    I C IIA IIB

    grupos

    inte

    nsi

    dad

    e (u

    .a.)

    Grfico 4.1: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680 cm-1

    (MO) aps 15 dias de imobilizao. I: grupo imobilizado e no irradiado; C: grupo noimobilizado e no irradiado; IIA: grupo imobilizado e irradiado com densidade de

    energia em 80 J/cm2 ; IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade de energia em720 J/cm2, * estatisticamente significante (p

  • Com 7 dias aps a retirada da imobilizao (Grfico 4.2) no foram observadas

    diferenas significativas entre todos os grupos (p=0.3338), assim como no perodo de

    13 dias aps a retirada da imobilizao (p=0.1931, Grfico 4.3). Porm no perodo de

    19 dias aps a retirada da imobilizao (Grfico 4.4) foram observadas diferenas

    significativas entre o grupo imobilizado e no irradiado (I) e o grupo imobilizado e

    irradiado (IIA) (p

  • Pico espectral Raman 1680 cm-1 (MO) com 13 dias aps a retirada da imobilizao

    0

    750

    1500

    2250

    I C IIA IIB

    grupos

    inte

    nsi

    dad

    e (u

    .a.)

    Grfico 4.3: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680 cm-1

    (MO) com 13 dias aps a retirada da imobilizao. I: grupo imobilizado e no irradiado;C: grupo no imobilizado e no irradiado; IIA: grupo imobilizado e irradiado com

    densidade de energia em 80 J/cm2; IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade deenergia em 720 J/cm2.

    Pico espectral Raman 1680 cm -1 (MO) com 19 dias aps a retirada da imobilizao

    0

    750

    1500

    2250

    I C IIA IIB

    grupos

    inte

    nsi

    dad

    e (u

    .a.)

    Grfico 4.4: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680 cm-1

    (MO) com 19 dias aps a retirada da imobilizao. I: grupo imobilizado e no irradiado;C: grupo no imobilizado e no irradiado; IIA: grupo imobilizado e irradiado com

    densidade de energia em 80 J/cm2; IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade deenergia em 720 J/cm2.

    * *

    *

  • Pico espectral Raman 1680 cm -1 (MO)

    0

    1000

    2000

    3000

    0 7 13 19

    tempo (dias)

    inte

    nsi

    dad

    e (u

    .a.)

    I

    C

    IIA

    IIB

    Grfico 4.5: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1680 cm-1

    (MO) em relao ao tempo (dias). 0: 15 dias de imobilizao; 7, 13 e 19 dias aps aretirada da imobilizao. I: grupo imobilizado e no irradiado; C: grupo no

    imobilizado e no irradiado; IIA: grupo imobilizado e irradiado com densidade deenergia em 80 J/cm2 ; IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade de energia em

    720 J/cm2, * estatisticamente significante (p

  • Pico espectral Raman 1450 cm-1 (MO)

    0

    1000

    2000

    3000

    0 7 13 19

    tempo (dias)

    inte

    nsi

    dad

    e (u

    .a.)

    I

    C

    IIA

    IIB

    Grfico 4.6: Mdias das intensidades dos sinais Raman no pico espectral 1450 cm-1

    (MO) em relao ao tempo (dias). 0: 15 dias de imobilizao; 7, 13 e 19 dias aps aretirada da imobilizao. I: grupo imobilizado e no irradiado; C: grupo no

    imobilizado e no irradiado; IIA: grupo imobilizado e irradiado com densidade deenergia em 80 J/cm2 ; IIB : grupo imobilizado e irradiado com densidade de energia em

    720 J/cm2, * estatisticamente significante (p

  • e irradiado (IIA) e o grupo controle (C) (p< 0.05). No perodo de 19 dias aps a retirada

    da imobilizao foram observadas diferenas significativas entre o grupo imobilizado e

    no irradiado (I) e o grupo imobilizado e irradiado (IIA) (p

  • Picocm-1 Tempo I C IIA IIB

    mdias

    DP mdias DP mdias

    DP mdias

    DP

    0 1389 * 743 1759 * 623 2479 * 912 2966 * 9567 1924 945 2240 1266 1730 727 1850 99213 1654 738 2131 1058 1692 784 1929. 82319 2313 * 1142 2120 * 918 1459 * 579 1540 * 699

    1680

    mdias

    DP mdias DP mdias

    DP mdias

    DP

    0 1785 * 866 1940 * 570 2690 * 637 2549 * 8407 2223 985 2228 1089 1984 648 1965 74513 1970 664 2176 992 2133 748 2275 72519 2476 * 850 2156 593 1744 * 563 1798 * 615

    1450

    Picocm-1 Tempo 0 07 13 19

    I vs C P>0.05 P = 0.3388 P =0.1931 P>0.05I vs IIA P

  • Picocm-1 tempo I C IIA IIB

    mdias DP mdias DP mdias DP mdias DP0 5626 * 1881 5626 * 1881 8824 * 2625 8862 * 30257 6837 3332 6837 3332 5130 1633 5299 219613 6752 2601 6752 2601 5015 1579 5516 143919 6913 * 2227 6913 * 2227 4217 * 1504 5331 * 2178

    961

    Tempo 0 07 13 19

    I vs C P>0.05 P = 0.1194 P0.05I vs IIA P0.05 P

  • Pico(cm-1) Tempo I C IIA IIB

    0 vs 07 P>0.05 P = 0.3681 P0.0513 vs 19 P>0.05 P = 0.3681 P>0.05 P>0.05

    1680

    Teste denormalidad

    esim sim sim sim

    0 vs 07 P>0.05 P = 0.6554 P0.05 P = 0.6554 P>0.05 P>0.0513 vs 19 P>0.05 P = 0.6554 P>0.05 P>0.05

    1450

    Teste denormalidad

    e

    sim sim sim sim

    0 vs 07 P>0.05 P = 0.2655 P

  • 4.4. Anlise histolgica

    Para a anlise histolgica das lminas foi verificada a variao da intensidade de

    colorao do PAS por meio de microscopia ptica. A rea correspondente cartilagem

    que apresentou colorao mais intensa foi diretamente relacionada com uma maior

    concentrao de GAGs da MO. Nas lminas do perodo aps 15 dias de imobilizao,

    os grupos IIA e IIB que permaneceram imobilizados e irradiados apresentaram a

    colorao PAS mais intensa (figuras 4.6 e 4.7) em comparao com o grupo I que

    permaneceu imobilizado e no irradiado (figura 4.8), sendo que o grupo controle (C)

    tambm apresentou colorao de maior intensidade (figura 4.9). No perodo de 19 dias

    aps a retirada da imobilizao articular as lminas de todos os grupos apresentaram

    colorao PAS semelhantes que sugere concentraes similares de GAGs entre todos os

    grupos experimentais.

    Figura 4.6: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo imobilizado e irradiadocom densidade de energia de 80J/cm2 (IIA) aps 15 dias de imobilizao (10x/0.22),

    CA: cartilagem

    CA

  • Figura 4.7: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo imobilizado e irradiadocom densidade de energia de 720J/cm2 (IIB) aps 15 dias de imobilizao (10x/0.22),

    CA: cartilagem

    Figura 4.8: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo imobilizado e noirradiado (I) aps 15 dias de imobilizao (10x/0.22), CA: cartilagem.

    CA

    CA

  • Figura 4.9: Corte histolgico de cartilagem articular do grupo imobilizado e noirradiado (C) aps 15 dias de imobilizao (10x/0.22), CA: cartilagem.

    Para a anlise por meio do software LEICA QWIN foi utilizada a escala do

    cinza para investigar a intensidade de colorao. Os valores dessa escala variam de 0 a

    254 (u.a.), sendo que o menor valor (0) corresponde mxima intensidade do cinza e o

    maior valor (254) a mnima intensidade do cinza. Portanto, nos resultados apresentados,

    quanto menor o valor da escala do cinza, maior foi a intensidade de colorao do corte

    histolgico pelo PAS representando maior concentrao das GAGs da MO da

    cartilagem. Foram obtidas intensidades da escala do cinza em 3 reas de cada corte

    histolgico, sendo que cada grupo era formado por 3 animais e cada animal

    representado por 3 lminas, constituindo um total de 27 medidas analisadas por grupo

    experimental. Aps a realizao da mdia da intensidade da escala do cinza de cada

    grupo, no perodo de 15 dias aps a imobilizao articular foram apresentados nos

    resultados, valores menores nos grupos imobilizados e irradiados (IIA e IIB) quando

    comparados com os valores do grupo imobilizado e no irradiado (I), enquanto que o

    grupo controle (C) apresentou valores da escala do cinza tambm menores

    demonstrando existir uma concentrao maior de GAGs (Grfico 4.8). No perodo de 19

    dias aps a retirada da imobilizao articular, entre todos os grupos foram apresentados

    valores semelhantes que sugerem concentrao similares de GAGs da MO da

    cartilagem articular entre todos os grupos (Grfico 4.9).

    CA

  • Aps 15 dias de imobilizao

    50

    140

    I C IIA IIBgrupos

    inte

    nsid

    ade

    (u.a

    )

    Grfico 4.8: Mdias das intensidades dos valores da escala do cinza. Os valores soinversamente proporcionais s concentraes de GAGs, as menores intensidadesrepresentam maiores concentraes de GAGs na MO. I: grupo imobilizado e no

    irradiado; C: grupo no imobilizado e no irradiado; IIA: grupo imobilizado e irradiadocom densidade de energia em 80 J/cm2; IIB : grupo imobilizado e irradiado com

    densidade de energia em 720 J/cm2.

    Recuperao: aps 19 dias da retirada da imobilizao

    50

    140

    I C IIA IIB

    grupos

    inte

    nsid

    ade

    (u.a

    .)

    Grfico 4.9: Mdias das intensidades dos valores da escala do cinza. I: grupoimobilizado e no irradiado; C: grupo no imobilizado e no irradiado; IIA: grupo

    imobilizado e irradiado com densidade de energia em 80 J/cm2 ; IIB : grupo imobilizadoe irradiado com densidade de energia em 720 J/cm2.

  • 6. Concluses

  • 6. Concluses

    - A espectroscopia Raman no infravermelho prximo detectou alteraes nas

    cartilagens articulares;

    - Aps o perodo de imobilizao articular ocorreu uma reduo nas

    concentraes das substncias GAGs na MO da cartilagem identificada pela

    espectroscopia Raman no infravermelho prximo;

    - O tratamento com laser de baixa potncia promoveu a bioestimulao com o

    aumento nas concentraes das substncias GAGs na MO da cartilagem no

    perodo timo de 15 dias aps a imobilizao articular;

    - As diferentes densidades de energia (80 e 720 J/cm2) utilizadas promoveram

    efeitos similares quanto as concentraes de GAGs na MO.

  • 7. Referncias Bibliogrficas

  • 7. Referncias Bibliogrficas

    AKAI, M.; USUBA, M.; MAESHIMA, T.; SHIRASAKI, Y.; YASUOKA, S. Laser

    Effect on bone and cartilage change induced by joint immobilization in experiment with

    animal model. Laser Surg. Med.,v.21, p.480-484, 1997.

    AKESON, W.H.; AMIEL, D.; ABEL, M.F.; GARFIN, S.R.; WOO, L.Y. Ef