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Peregrinos em Oriyur PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL | Nº28 OUTUBRO a DEZEMBRO de 2011 ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL AMIGOS DE SÃO JOÃO DE BRITO 10 e 11 Silêncio e palavra Esperança timorense 16 06

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Page 1: 0 Silêncio e palavra 1 Esperança timorensecelebrar em 20 de Maio. “Só com escuta - outra maneira de di-zer “silêncio” - é que há realmente diálo-go. Muitas vezes notamos

Peregrinos em Oriyur

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL | Nº28 OUTUBRO a DEZEMBRO de 2011

ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL AMIGOS DE SÃO JOÃO DE BRITO

10 e 11

Silêncio e palavra

Esperançatimorense

16

06

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Material de apoio disponívelAssociação Histórico-Cultural Amigos de São João de Brito

Causa de Canonização dos Mártires do BrasilCausa de Canonização dos Mártires do Japão

Material de apoio disponível

n João Baptista Machado, Mártir e Glória dos Açores – Valdemar Mota, 104 págs., Angra do Heroísmo, 1985. .................................€ 4,00n João de Brito e o seu tempo – Actas do Congresso Histórico, no 50º aniversário da sua canonização. Lisboa, 1998. ..................€ 5,00 n Mártires do Japão, João Baptista Machado, Ambrósio Fernandes, Francisco Pacheco, Diogo de Carvalho, Miguel

de Carvalho, Vicente de Carvalho e Domingos Jorge – Eduardo Kol de Carvalho, 192 págs., Braga, 2006. ............€ 8,00n Os 40 Mártires do Brasil, Eduardo Kol de Carvalho, 112 págs., A.O., Braga, 2011, ........................................ € 5,00

n Proscritos – I e II Vol. – História da Expulsão e Exílio dos Jesuítas, em 1910, contada por cada um deles, 386 + 322 págs. Ilustradas, ..................................................................................................€ 100,00n Raízes Terrestres de 40 Mártires, Ernesto Domingues, S.J., 88 págs., Braga, 1971. .........................€ 2,00n São João de Brito – Quando a culpa é virtude, Dário Pedroso, S.J., 2.ª edição, Editorial AO, Braga, 2007, € 6,00

n Uma Glória Nacional (Mártires do Brasil), A. Santiago, 144 págs., A.O., Braga, 1961, ...................€ 2,00n Velas ao Largo, Uma página de epopeia (Mártires do Brasil). Maria da Soledade,

208 págs., 1970, Braga, 1970, ..................................................................................................................................€ 5,00n Vida de São João de Brito - 1647-1693, João Ameal, Junta de Freguesia de S. João de Brito (nos 50 anos da Junta de Freguesia), 100 pgs., Lisboa, 2009. .....................................................................................................(oferta)

n Mártires do Brasil, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................ € 0,30n Mártires do Japão, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................ € 0,30n S. Francisco Xavier, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. .......................... € 0,30n São João de Brito, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................. € 0,30n S. Inácio de Loiola, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................ € 0,30

Envia-se pelo correio a todas as pessoas que pedirem: - Por correio: Amar e Servir – Estrada da Torre, 26 – 1750-296 Lisboa- Por e-mail: [email protected] Por telefone: 217 541 620 ou 919 313 946.Os gastos de correio e de embalagem são por nossa conta.

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Vemos a cada passo que o ânimo e o entu-siasmo são forças ou energias interiores,

com capacidade para se renovar, por vezes pe-rante as próprias dificuldades que os fizeram esmorecer. Basta que se altere alguma das condicionantes que os manietaram, para eles se desprenderem, se renovarem e se relança-rem, com a mesma dinâmica e até com maior capacidade. É nesta ordem de ideias que Bento XVI aponta, já de longe, para o novo ano de 2012, uma eta-pa em que ele gostaria de ver renovado o entusiasmo pela comunicação da fé, em todo o mundo católico.

A crise de fé, de que tanto se fala hoje, “não é só no mundo ocidental – diz o Papa – mas em grande parte da humanidade”. E daí que seja preciso “renovar o entusiasmo de comunicar a fé, para promover uma nova evan-gelização das comunidades e dos países de anti-ga tradição cristã, que estão a perder a referência a Deus, de forma a redescobrir a alegria de crer”.

Já não é doutrina nova o modo como se deve processar essa revitalização, mas vale a pena citar o texto escrito, para que ele valha de consciencialização mais profunda. O pro-cesso dinâmico deve atingir uma “intervenção de ajuda ao próximo, de justiça com os mais

pobres, de possibilidade de instrução nas al-deias mais dispersas, de assistência médica em lugares remotos, de emancipação da miséria, de reabilitação dos que estão marginalizados, de apoio ao desenvolvimento dos povos, de su-peração das divisões étnicas e de respeito pela vida em todas as suas fases”. Nada mais claro.

Bento XVI aponta, como exemplo, o fervor das primeiras comunidades cristãs, que, pequenas e inde-fesas, foram capazes de difun-dir o Evangelho, com o anún-cio e o testemunho, em todo o mundo então conhecido. O Concílio Vaticano II (1962-1965) foi “um sinal luminoso da universalidade da Igreja”,

promovendo uma visão missionária do catoli-cismo que se desenvolveu desde então, adaptan-do constantemente estilos de vida, planos pasto-rais e organizações diocesanas a esta dimensão fundamental de ser Igreja.

Muitas dioceses, instituições e organizações religiosas, no mundo inteiro e também entre nós, animam hoje numerosos leigos e mesmo famílias inteiras a deixarem o seu próprio país, as suas comunidades locais e a partirem para outras Igrejas para testemunhar e anunciar o nome de Cristo, em expressão de profunda co-munhão, partilha e caridade.

Entusiasmo em tempo de criseEditorialEditorial João Caniço S. J.

NESTE NÚMERO…3 Entusiasmo em tempo de crise4 Linha da Frente 6 Tema de estudo: ‘Silêncio e palavra: caminho de evangelização’ 10 Vida da Associação A. S. João de Brito12 Mártires do Brasil14 Mártires do Japão 16 Entrevista com o Padre João Inocêncio Piedade, S.J.20 Igreja Missionária

22 Igrejas lusófonas 24 Jesuítas no Mundo26 Fundação Gonçalo da Silveira28 Serviço Jesuíta aos Refugiados30 Leigos para o Desenvolvimento32 Igreja em Portugal 34 Jesuítas em Portugal36 Diálogo com os leitores38 Agenda

[A abrir]

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[Linha da frente]

Bem escutar para bem comunicar

O segredo da boa comunicação é a ca-pacidade de escutar, diz o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, numa leitura-comen-tário da mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, a celebrar em 20 de Maio.

“Só com escuta - outra maneira de di-zer “silêncio” - é que há realmente diálo-go. Muitas vezes notamos que, mesmo na comunicação social, nós falamos muito mais do que escutamos e, por isso, a con-versa é mais um diálogo de surdos”, afirma o (novo) membro do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais.

D. Manuel Clemente considera absolu-tamente necessário para uma verdadeira comunicação, ter capacidade de escutar, de perceber e de dar tempo ao outro para se poder exprimir.

Na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa elogia o si-lêncio enquanto factor crucial, muitas vezes esquecido pela verdadeira comunicação.

Bento XVI sublinha a importância das novas tecnologias de informação como es-paços onde o Homem sacia a “inquietação à procura de verdades”, mas onde é “bom-bardeado por respostas a questões que nun-ca pôs e a necessidades que nunca sentiu”.

Geminação de diocesesO bispo de Leiria-Fátima, D. António

Marto, visitou, nas primeiras duas semanas deste novo ano de 2012, a diocese do Sum-be, capital da província do Kwanza-Sul em Angola, com quem se encontra geminada a sua diocese de Leiria-Fátima.

Uma equipa missionária representa em permanência a Igreja de Leiria-Fátima nas aldeias do Gungo, onde, há mais de uma dé-cada, tem desenvolvido o seu trabalho o gru-po missionário ‘Ondjoyetu’ (A Nossa Casa). Tratou-se de uma iniciativa que teve sempre

o apoio do mundo da juventude, e que, pouco a pouco, foi crescendo, motivando os mais cépticos ou os mais indecisos.

Aquilo que era ao princípio uma louvável iniciativa privada, foi-se alargando para gru-pos de jovens da paróquia e de outros jovens (e não só) de diversos lugares, englobou o apoio de familiares, de amigos e de empre-sas, até que foi assumido oficialmente pela própria diocese, em ligação com o Bispo de Sumbe. Às acções e visita nas férias, segui-ram-se acções pastorais a envolver jovens e pessoas adultas, durante o ano inteiro.

A geminação das dioceses e de outras instituições, como um meio de apoio e de solidariedade, ainda não levantou voo…

Missionária com doentes da SIDA

A Irmã Miriam Duggan, da região de Limerick, Irlanda, Missionária Francisca-na das “Sisters for África”, foi premiada pela sua dedicação aos doentes de SIDA e pelo seu trabalho na luta contra a pande-mia em África. Formada em medicina pela University College de Cork, a missionária especializou-se em obstetrícia e gineco-logia, em Birmingham, em 1969, e conti-nuou a trabalhar durante 30 anos na Ugan-da, como responsável pelo St. Francis’ Hospital, Nsambya, em Campala.

Em 1987, lançou o programa de pre-venção Youth Alive com o objectivo de en-frentar as principais causas da difusão do HIV e ajudar os jovens a empreenderem escolhas responsáveis para evitar o contá-gio com a SIDA. O número dos contágios

Miriam Duggan, a religiosa premiada pela dedicação aos doentes de SIDA

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[Linha da frente]

no Uganda diminuiu graças a esse progra-ma, que também foi promovido em outros 21 países africanos. O índice de SIDA em 2002 registou no Uganda uma queda de 28.9% até 9.8%.

Em 2006, a Ir. Miriam foi premiada pela Universidade de Harvard e pela Holy Cross College dos Estados Unidos, e em 2008 rece-beu um prémio de reconhecimento pela sua obra, por parte do Presidente e do Parlamen-to do Uganda. (28.11.2011, Agência Fides).

Óscar RomeroÓscar Romero, um bispo que deu a vida

a lutar contra a opressão e a injustiça, é um modelo para a Igreja indiana na sua missão de estar sempre do lado dos últimos, dos po-bres, dos dálits, dos excluídos: é o que ex-plicou à Agência Fides o padre Charles Iru-dayam, Secretário da Comissão Justiça e Paz, na Conferência Episcopal da Índia, que organizou, a 24 de Março (2011), juntamen-te com a Embaixada de São Salvador, na Ín-dia, o “Romero Day”, um dia dedicado às comemorações do Arcebispo de San Salva-dor, morto em 24 de março de 1980. O dia é celebrado nas principais dioceses, como Nova Délhi, Calcutá, Mumbai, Chennai e outras cidades da Índia, onde as Comissões “Justiça e Paz” locais promoveram encon-tros e vigílias de oração.

Óscar Romero foi um profeta da justi-ça e da paz. “Para nós, cristãos na Índia, é um modelo e um exemplo: encoraja-nos na nossa missão de proximidade com os mais pobres dos pobres, para aqueles que sofrem opressão e discriminação, como os

Jovens timorenses em trajes tradicionais.dálits na nossa sociedade”, disse à Agência Fides, o Secretário da Comissão “Justiça e Paz”. É por isso que hoje queremos “tirar inspiração da sua pessoa com a nossa mis-são e queremos apresentá-lo a toda a co-munidade, cristã ou não”.

Das celebrações, na verdade, também participarão os fiéis hindus, que se uni-ram na comemoração de uma pessoa que abriu brechas no coração dos indianos. Na Catedral de Délhi, foi celebrada uma Mis-sa, presidida pelo Arcebispo Vincent Con-cessao, na presença do Núncio Apostóli-co, Salvatore Pennacchio. “Uma ocasião para relançar o nosso compromisso social de justiça e aprender que pela fé se pode também dar a vida” – conclui o padre Iru-dayam. (Agência Fides, 2.03.2011)

Capela ‘Árvore da Vida’vence prémio

A capela Árvore da Vida, localizada no interior do Seminário Conciliar de S. Pe-dro e S. Paulo, em Braga, venceu o prémio ArchDaily 2011 para o edifício religioso com a melhor arquitectura.

Os leitores do site, que reivindica o es-tatuto de mais visitado na especialidade, deram o primeiro lugar à capela projectada pela empresa Cerejeira Fontes Arquitectos e concluída em 2011.

O padre Joaquim Félix, vice-reitor do Seminário Conciliar de Braga e professor da Faculdade de Teologia, explicou que a capela Árvore da Vida surgiu da vontade de «aprofundar a coerência entre aquilo que se ensinava e a expressão litúrgica praticada».

Capela “Árvore da Vida”, em Braga

Óscar Romero

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‘Silêncio e palavra: caminho de evangelização’46º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAISAo aproximar-se o Dia Mundial das

Comunicações Sociais de 2012, de-sejo partilhar convosco algumas reflexões sobre um aspecto do processo humano da comunicação que, apesar de ser muito im-portante, às vezes fica esquecido, sendo hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se de-vem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provo-ca um certo aturdimento ou, no caso con-trário, cria um clima de indiferença; quan-do, porém se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.

O silêncio é parte integrante da comu-nicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, com-preendemos com maior clareza o que que-remos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo, abre-se um espa-ço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena.

É no silêncio, por exemplo, que se iden-tificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, en-quanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamen-

[Tema de Estudo]

te nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacida-de de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório.

Uma reflexão profunda ajuda-nos a descobrir a relação existente entre aconte-cimentos que, à primeira vista, pareciam não ter ligação entre si, a avaliar e analisar as mensagens; e isto faz com que se possam compartilhar opiniões ponderadas e perti-nentes, gerando um conhecimento comum autêntico. Por isso é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de «ecossistema» capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons.

Grande parte da dinâmica actual da co-municação é feita por perguntas à procura de respostas. Os motores de pesquisa e as redes sociais são o ponto de partida da co-municação para muitas pessoas, que pro-curam conselhos, sugestões, informações, respostas. Nos nossos dias, a Rede vai-se

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[Tema de Estudo]

(continua na pág. 8)

tornando cada vez mais o lugar das per-guntas e das respostas; mais, o homem de hoje vê-se, frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O silên-cio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre os inúmeros estímu-los e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Entretanto, neste mundo complexo e di-versificado da comunicação, aflora a pre-ocupação de muitos pelas questões últimas da existência humana: Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? É importante acolher as pesso-as que se põem estas questões, criando a possibilidade de um diálogo profundo, fei-to não só de palavra e confrontação, mas também de convite à reflexão e ao silêncio, que às vezes pode ser mais eloquente do que uma resposta apressada, permitindo a quem se interroga descer até ao mais fundo de si mesmo e abrir-se para aquele cami-nho de resposta que Deus inscreveu no co-ração do homem.

No fundo, este fluxo incessante de per-guntas manifesta a inquietação do ser hu-mano, sempre à procura de verdades, pe-quenas ou grandes, que dêem sentido e esperança à existência. O homem não se pode contentar com uma simples e tole-rante troca de cépticas opiniões e experi-ências de vida: todos somos perscrutadores da verdade e compartilhamos este profun-do anseio, sobretudo neste nosso tempo em que, «quando as pessoas trocam informa-ções, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais» (Mensagem para o Dia Mun-dial das Comunicações Sociais de 2011).

Devemos olhar com interesse para as várias formas de sítios, aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem actual não só a viver momentos de reflexão e de busca verdadeira, mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus.

Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versícu-lo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos, se cada um não descuidar o cul-tivo da sua própria interioridade. Não há que surpreender-se se, nas diversas tradi-ções religiosas, a solidão e o silêncio cons-tituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àque-la Verdade que dá sentido a todas as coisas.

O Deus da revelação bíblica fala tam-bém sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a expe-

riência da distância do Omnipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas pala-vras anteriores. Nestes momentos obscu-ros, Ele fala no mistério do seu silêncio» (Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 30 de Setembro de 2010, n. 21). No silên-cio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando «o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segun-

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Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar,

a contemplar, para além de falar; e isto é

particularmente importante para os agentes da evangelização:

silêncio e palavra são

ambos elementos essenciais

e integrantes da acção

comunicativa da Igreja

[Tema de Estudo]

‘Silêncio e palavra: caminho de evangelização’ (continuação)do a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cfr Ofício de Leitura, de Sába-do Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.

Se Deus fala ao homem mesmo no si-lêncio, também o homem descobre no si-lêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele si-lêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim che-gar ao ponto onde nasce a Palavra, a Pa-lavra redentora» (Homilia durante a Con-celebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de Outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem re-vela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silen-ciosa. Desta contemplação nasce, em toda a sua força interior, a urgência da missão, a necessidade imperiosa de «anunciar o que vimos e ouvimos», a fim de que todos estejam em comunhão com Deus (cf. 1 Jo 1, 3). A contemplação silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao encontro do nosso próximo, para sentir-mos o seu sofrimento e lhe oferecermos a luz de Cristo, a sua Mensagem de vida, o seu dom de amor total que salva.

Depois, na contemplação silencio-sa, surge ainda mais forte aquela Pala-vra eterna pela qual o mundo foi feito, e identifica-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras e gestos, em toda a história da humanidade. Como recorda o Concílio Vaticano II, a Revela-ção divina realiza-se por meio de «acções e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal modo que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades sig-nificadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido» (Const. dogm. Dei Verbum, 2). E tal desígnio de salvação cul-mina na pessoa de Jesus de Nazaré, me-diador e plenitude da toda a Revelação.

Foi Ele que nos deu a conhecer o verda-deiro Rosto de Deus Pai e, com a sua Cruz e Ressurreição, nos fez passar da escravi-dão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus. A questão fundamental sobre o sentido do homem encontra a res-posta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério de Cristo. É deste Mistério que nasce a missão da Igre-ja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz.

Palavra e silêncio. Educar-se em co-municação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é par-ticularmente importante para os agentes da evangelização: silêncio e palavra são am-bos elementos essenciais e integrantes da acção comunicativa da Igreja para um re-novado anúncio de Jesus Cristo no mun-do contemporâneo. A Maria, cujo silêncio «escuta e faz florescer a Palavra» (Oração pela Ágora dos Jovens Italianos em Lore-to, 1-2 de Setembro de 2007), confio toda a obra de evangelização que a Igreja realiza através dos meios de comunicação social.

Vaticano, 24 de Janeiro

– dia de São Francisco de Sales – de 2012.

BENEDICTUS PP. XVI

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[Tema de Estudo]

Há muitos Padres, Irmãs e agentes pasto-rais leigos que ainda se mantêm afasta-

dos das pessoas que vivem com o HIV e de quem está afectado pela pandemia da SIDA. Esta realidade que é percebida no terreno foi debatida numa conferência recentemente organizada pela Rede Jesuíta Africana con-tra a SIDA (AJAN) para avaliar a resposta à SIDA, 30 anos depois de esta ter sido diag-nosticada pela primeira vez.

Esta conferência teve em vista contribuir para a publicação de um livro que a AJAN espera lançar ainda durante este ano; o li-vro irá passar em revis-ta assuntos relaciona-dos com a pandemia da SIDA e as respos-tas que foram dadas na África subsaariana no decurso destes anos, na luta contra este flagelo. O total dos participan-tes na conferência as-cendeu aos 26, vindos de África e não só, de 26 a 28 de Janeiro no Centro Rosa Mística, em Nairobi, Quénia.

Na sua intervenção inaugural, o Padre Agbonkhianmeghe E. Orobator SJ, um dos organizadores e moderadores da conferên-cia, descreveu este evento como “uma con-versa entre pessoas apaixonadas pelo nos-so apostolado com as pessoas com o HIV e a SIDA”, para ver “onde obtivemos bons resultados, com que desafios fomos con-frontados e que novas fronteiras se abrem diante de nós, clamando pela nossa aten-ção neste apostolado”.

Um dos desafios que foram reconhe-cidos é o da necessidade, sublinhada por Mons. Bob Vitillo, conselheiro especial para o HIV/SIDA da Caritas Internationa-lis, de formar o clero para que preste acom-panhamento pastoral de uma forma positi-va e que não constitua uma crítica.

Encorajar o clero a aproximar-se de quem está afectado pela SIDA

Reflectindo acerca das questões que fo-ram surgindo durante a conferência, o Padre Paterne Mombé SJ, Director da AJAN, reco-nheceu haver uma falha em relação ao HIV e à SIDA na formação dos religiosos, dos pa-dres e dos agentes de pastoral leigos.

Um elemento crucial do acompanhamento pastoral, sublinhado por Mons. Vitillo durante a conferência, é “escutar aquilo que as pessoas que vivem com o HIV têm a dizer”. E susten-tou ainda: “Temos de reconhecer que são elas as especialistas em viver com o HIV e que elas têm de assumir um papel activo no apoio pres-

tado a outras que se en-contram na mesma situ-ação”.

Benjamin Welu, do programa DREAM para cuidados e trata-mento no Quénia, que é dirigido pela Comu-nidade de S. Egídio, afirmou: “As pessoas que vivem com o HIV

são os nossos embaixadores, os nossos ac-tivistas contra o estigma e a discriminação, embora no início elas possam recear apare-cer à luz do dia por causa do estigma”.

Foi, porém, expressa uma palavra de advertência quanto a pretender que as pes-soas com o HIV façam automaticamente parte da luta contra a SIDA - trata-se de uma “escolha pessoal”, como acentuou o Dr. Pierre Dongier, da Comunidade de Vida Cristã (CVX) do Ruanda. E também não podemos exigir que as pessoas com o HIV sintam esperança. “Será que não es-tamos a colocar mais um fardo em cima de pessoas que já estão a sofrer, dando a entender que elas devem ter esperança?”, perguntou a Ir. Munro. Enquanto Igreja, temos de transmitir esperança através das homilias, das visitas, dos cuidados ao do-micílio, e de outras formas”.

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[Vida da Associação]

Peregrinação a Oriyur (Índia)Promovida pela revista “Amar e Ser-

vir” e tendo o Padre João Caniço como impulsionador e assistente espiritual, reali-zou-se, de 28 de Janeiro a 15 de Fevereiro, mais uma peregrinação a Oriyur e a outros lugares da Índia. Participaram 27 pessoas.

O seu fim principal era visitar os santuários de quatro santos: São João de Brito, em Oriyur; São Francisco Xavier, em Goa; São Tomé Apóstolo, em Chennai (Maddras - Meliapor); e Santa Afonsa Muttathupadathu, em Kudama-loor e Bharananganam. Os participantes vie-ram, na sua maioria, da região de Lisboa. Mas Marinha Grande, Aveiro, Carrazeda e Miran-dela também se fizeram representar.

O Santuário de São João de Brito, em Oriyur, fim primordial da peregrinação, está a passar por obras de restauro e de moder-nização, como aliás já se sabia desde o ano passado, aquando da visita a Portugal do seu reitor e do bispo da diocese de Sivagan-gai, onde se situa o santuário. Ali, depois do reconhecimento do conjunto dos edifícios e da celebração eucarística, festiva e emocio-nante, na festa de São João de Brito, houve tempo para conviver com os alunos do colé-gio e com a comunidade jesuíta que brindou o grupo com um belo almoço. Os peregri-nos deixaram uma oferta, que, junta a ou-

tro donativo, coligido em Lisboa pelo Padre João Caniço, antes da partida, deve ter ron-dado os cinco mil euros.

Emoção especial foi vivida também na Igreja do Bom Jesus, em Velha Goa, du-rante a Eucaristia celebrada aos pés de São Francisco Xavier, o grande apóstolo do Oriente. A Igreja do Bom Jesus, mo-numental e viva, no meio da Velha Goa abandonada, respira ainda hoje a grandiosa epopeia missionária de vários séculos.

Embora não se faça uma menção pormeno-rizada das visitas aos Santuários de São Tomé e de Santa Afonsa, não deixará de realçar-se a fé das muitas pessoas que ali rezavam e a sen-sibilização que as visitas e as celebrações trans-mitiram aos peregrinos. No caso de São Tomé, a contínua presença de peregrinos e a oferta de iniciativas pastorais e de formação catequética fazem com que este Santuário, com constru-ções ainda do Séc. XVI, do tempo de D. Afon-so de Albuquerque, marque uma presença bem significativa na actualidade religiosa e missio-nária do Estado de Tamilnadu.

A par dos quatro santuários citados, o grupo visitou diversos lugares históricos da presença portuguesa, com realce para o Estado de Goa e para as cidades de Cochim e de Chennai (Maddras - Meliapor). E, es-tando na Índia, seria imperdoável não visi-

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[Vida da Associação]

Intenções Missionárias do Santo Padre

Abril: Cristo, esperança para África:

Para que Cristo Ressuscitado seja si-nal de esperança segura para os ho-mens e mulheres do continente africano.

Maio: Maria, protectora dos missionáriosPara que Maria, Rainha do mundo e Es-

trela da Evangelização, acompanhe todos os missionários no anúncio de seu Filho Jesus.

Junho:Cristãos na Europa:

Para que os cristãos da Europa redes-cubram a própria identidade e participem com maior entusiasmo no anúncio do Evangelho.

tar o Raj Ghat, o respeitável memorial de Mahatma Gandi, em Nova Delhi, e diver-sos monumentos classificados pela UNES-CO como património da Humanidade, tais como: todo o complexo monumental da Velha Goa; o Templo de Akshardham, em Delhi; o famoso Taj Mahal e o Forte Ver-melho, em Agra (ao sul de Delhi); ou o complexo arqueológico de Mamallapuram (século VII), ao sul de Chennai.

Depois de quinze dias na Índia, passa-ram-se ainda mais dois dias, não menos interessantes, em Kathmandu, capital do Nepal, nas faldas do Himalaia, frente ao Evereste. Trata-se de uma nação indepen-dente há 3.000 anos, budista e hindu, em boa convivência, onde o cristianismo tem penetrado, ultimamente, a partir quer da acção dos colégios e escolas quer da acção social entre os mais pobres. Visitaram-se zonas classificadas de “Património da Hu-manidade”, como o famoso templo budis-ta de Swayambhunath, a Praça Durbar, o complexo religioso de Pashupatinath, nas margens do rio sagrado Bagmati, e o tem-plo de Bouddhanath Stupa, um dos locais budistas mais sagrados do Nepal. Por aqui passaram os nossos Bento de Góis, Antó-nio Andrade, Aquaviva, e muitos outros, no séc. XVII, fazendo o caminho missio-nário a partir de Goa e de Agra (então capi-tal da Índia) até Pequim!...

Constituiu um ponto enriquecedor e es-timulante o contacto com jesuítas india-nos, em diversos locais: em Bangalore, em Madurai, em Oriyur, em Chennai (também com os estudantes jesuítas timorenses) e em Goa, com alguns jesuítas que passaram por Portugal ou que estudaram na Faculda-de de Filosofia, em Braga. Celebraram-se diversas eucaristias em igrejas e capelas de comunidades jesuítas.

Esta peregrinação de 2012 a Oriyur foi a nona, desde que, em 1992, início da ce-lebração do 3.º centenário do martírio de São João de Brito, o Padre Lereno Dias,

então pároco de São João de Brito, em Lis-boa, ali se dirigiu com um bom grupo de paroquianos. Após a fundação da Associa-ção Amigos de São João de Brito (1998), esta iniciativa começou a fazer parte do seu propósito de estabelecer uma ligação maior entre Lisboa, onde o santo nasceu, e Oriyur, onde foi martirizado.

Como quase todas as anteriores, esta peregrinação foi preparada e teve o apoio técnico de Carla Figueira, da Agência de Viagens Best Travel / 7 Mundos, Coimbra.

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[Mártires do Brasil]

Agradecem graças

Obrigado!Obrigada pela in-

formação. Continuo a rezar e pedir a pro-tecção destes márti-res e tenho a certe-za absoluta que sou ouvida! Sinto-o!nda não recebi as page-las, até agradeço que as mande à cobran-ça, pois assim tenho a certeza que as vou buscar ao correio, pois o correio aqui não funciona da me-lhor forma! Coisas da província...

Com as novas tec-nologias (internet), consigo fazer chegar a informação digita-lizada a algumas pes-soas, mas é sempre diferente poder guar-dá-la e ter à mão para utilizar quando se pode. Mais uma vez, obrigada.

Graça P. C. – Estremoz

Visita à Quinta do Vale do RosalNo Sábado, dia 25 de Fevereiro, um

grupo de 22 sócios do C.E.C. (Círcu-lo de Espiritualidade e Cultura) de Lisboa, acompanhado pelo seu assistente religio-so, Padre João Caniço, visitaram dois lo-cais de grande interesse cultural e histórico de Almada (Museu da Cidade e Seminário de São Paulo), passando depois a tarde na Quinta do Vale do Rosal (Charneca da Ca-parica), onde o Beato Inácio de Azevedo e seus companheiros, na Primavera de 1570, se prepararam para a missão do Brasil.

Além de ouvir o relato histórico desses 40 jovens e outros seus companheiros, o grupo participou na celebração da Euca-ristia, na mesma capela onde tantas vezes os Mártires beneficiaram do mesmo sa-cramento. Para além da invocação destes jovens missionários, beatificados por Pio IX, pediu-se a Deus que, se for para a Sua maior glória, permita que se apresse a sua canonização.

No final da Eucaristia, a proprietária da Quinta, D. Maria Amélia, mais o seu neto

Matias, que facilitaram ao máximo toda a visita e o tempo de oração, acompanharam os visitantes “peregrinos”, através da quin-ta, na subida ao cabeço do famoso “cruzei-ro” (Monte da Cruz), aonde, todas as tardes, segundo a história, se dirigiam os Márti-res, terminando ali, com muita devoção, a sua Via Sacra colectiva, acompanhada de exortações e de cânticos religiosos que se ouviam em toda a encosta, entoados por al-guns desses jovens, exímios cantores.

No regresso a Lisboa, ao cair da noite, o grupo teve ainda ocasião para visitar o Santuário de Cristo Rei, em Almada.

Nasceu em Pedrógão Grande, diocese de Coimbra e distrito de Leiria, em 1531. Era pri-mo do poeta Miguel Leitão de Andrade, que, na sua “Miscelânea”, se refere a este parentes-co, com as seguintes palavras: “O Padre Dio-go d’Andrada, meu primo com irmão, e padri-nho de pia, que foi martirizado pelos Herejes, na costa do Brazil o anno de 1570, em 15 de Julho (...) E o retrato deste varão de Deus está em S. Roque de Lisboa (...) o qual era natural desta villa, e sitio, filho de Anna de Andrada minha tia (...)”. O pai chamava-se João Nunes.

Participava na missa todos os dias e quis entrar para a Companhia de Jesus, pelo bom exemplo dos padres, para ajudá-los a “con-verter as almas à Fé de Cristo”. Entrou no Noviciado de Coimbra, a 7 de Julho de 1558, com 27 anos de idade. Tanto no Colégio de

Diogo de AndradeCoimbra, como no de Santo Antão em Lisboa (hoje Hospital de São José), foi “soto-minis-tro” e ocupou-se sempre dos trabalhos hu-mildes da casa, na cozinha, no refeitório, na portaria, etc. Depois de estudar latim e teolo-gia moral, foi ordenado sacerdote em 1569, já com 38 anos de idade e destinado ao Brasil.

A bordo da Nau Santiago, durante toda a viagem, passava muito tempo a ouvir confis-sões. Foi ele que confortou o Padre Inácio de Azevedo, já moribundo. Exercia o ofício de “Ministro”, e foi um dos que animaram os ma-rinheiros para a defesa da embarcação. Socor-ria a todos, tratando as feridas e animando-os com boas palavras. Ele mesmo negociava di-rectamente com o chefe dos invasores – por isso, foi ficando para o fim. Ferido na cabeça e com punhaladas, foi lançado ainda vivo ao mar.

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[Mártires do Brasil]

n 40 Mártires do Brasil, Eduardo Kol de Carvalho, 112 págs., A.O., Braga, 2011, € 5,00.n Velas ao Largo, Uma página de epo-peia. Maria da Soledade, 208 págs., 1970, Braga, 1970, € 5,00.n Uma Glória Nacional, A. Santiago, 144 págs., A.O., Braga, 1961, € 2,00.

n Raízes Terrestres de 40 Mártires, Er-nesto Domingues, S.J., 88 págs., Braga, 1971, € 2,00.Envia-se pelo correio a todas as pessoas que pedirem: Amar e Servir – Estrada da Torre, 26 – 1750-296 Lisboa. Para informações, por e-mail: [email protected]; por te-lefone: 217 541 620 ou 919 313 946.

Subsídios sobre os Mártires do Brasil

n Imagens dos beatos. Em Elvas, terra dos beatos mártires Aleixo Delgado e Ál-varo Mendes, um grupo de devotos dos Mártires do Brasil lançou a iniciativa de conseguir realizar as imagens dos dois beatos, seus conterrâneos, para colocar em espaços públicos ou nas igrejas. Já se deram alguns passos, esperando-se em breve algumas notícias animadoras.

n Mártires da diocese de Coimbra. O Padre João Caniço, vice-postulador da Causa de Canonização dos Mártires do Brasil e do Japão, deslocou-se a Coim-bra, no dia 21 de Março, tendo-se encon-trado com o Bispo da Diocese, D. Vir-gílio Antunes, a quem informou sobre a campanha de sensibilização sobre os Mártires do Brasil e do Japão e de quem recebeu impressões e orientações sobre a mesma campanha. No mesmo dia, teve ocasião de orientar uma sessão de sen-sibilização sobre os mesmos Mártires, com a participação dos alunos e dos for-madores do Seminário Maior.Há dois beatos, ambos de nome Diogo, nascidos na diocese de Coimbra: Diogo Carvalho, nascido na cidade de Coimbra e mártir do Japão; e Diogo de Andrade, nascido no Pedrógão Grande e mártir do Brasil.

Breves

Francisco Álvares Nascido na Covilhã, em 1539, o Bea-

to Francisco Álvares era filho de António Afonso e Brites Álvares. Entrou na Com-panhia de Jesus em Évora, com 25 anos de idade. Tinha o ofício de tecelão e cardador. Foi lançado vivo ao mar.

Na Covilhã, existe ainda a casa dos seus antepassados, que há poucos anos, a famí-lia ofereceu à Companhia de Jesus.

Tem uma imagem sua na Igreja de San-ta Marinha (Covilhã), e foi sempre festeja-do pelos cardadores da Região, com gran-des festas de igreja e de arraial.

O seu nome foi dado a uma rua (“Rua de S. Francisco Álvares”) e o letreiro em azulejo recorda o martírio, com uma palma tombada e um padrão com o nome “Brasil” projectado na cruz de Cristo.

Na fachada da Igreja Paroquial de São Pedro, aos cuidados pastorais dos jesuí-tas, há um baixo-relevo dedicado ao Beato Francisco Álvares (gravura acima).

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[Mártires do Japão]

E-mail:[email protected]

Este grupo de “Mártires do Japão”, cuja causa de canonização promovemos,

são 205 mártires de Nagasáki e de Tóquio, vítimas da perseguição de Hidetada e Ie-mitsu, que durou 15 anos (1617-1632), co-nhecidos no Martirológio Romano, com o título de Carlos Spínola e Companheiros Mártires do Japão.

Estes Mártires pertencem a três Conti-nentes - Ásia, Europa e América – e a sete nacionalidades – Japão, Coreia, Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e México.

Entre eles há sacerdotes, irmãos e es-tudantes de quatro Ordens Religiosas (Agostinhos, Dominicanos, Franciscanos e Jesuítas), há simples cristãos, homens e mulheres, jovens e crianças, desde os 2 aos 80 anos, tanto casados como solteiros e viúvos. O maior número é constituído por cristãos leigos: famílias japonesas in-

teiras, pais e mães com os seus filhos, num total de 161 pessoas. Um grande grupo de-les – 85 – pertenciam à Confraria do Ro-sário (obra promovida pelos jesuítas, na linha das Congregações Marianas e da ac-tual Comunidade de Vida Cristã – CVX) e morreram com o terço ao pescoço. Outros pertenciam a Ordens Terceiras: de Santo Agostinho, 6; de São Domingos, 7; de São Francisco, 10; afectos à Companhia de Je-sus, 12.

Entre todas as famílias de mártires, so-bressaiu uma de pai português e mãe e fi-lho japoneses: Domingos Jorge (natural de São Romão de Vermoim, Maia, Porto), fervoroso membro da Confraria do Rosá-rio, casado com Isabel Fernandes, e pais de Inácio, de 4 anos de idade.

Entre os “consagrados”, 39 eram sacer-dotes (13 jesuítas, 12 dominicanos, oito

Mártires do Japão

Beato Diogo CarvalhoDiogo Carvalho, sacerdote, de Coim-

bra, morto num tanque gelado em Xendai, a 22 de Fevereiro de 1624.

Nascido em Coimbra no ano 1578, Dio-go Carvalho tornou-se jesuíta aos 16 anos. Desde o seu noviciado, foi germinando em si o desejo de servir a igreja nas missões do Oriente. Assim sendo, é enviado para Ma-cau em 1600, a fim de estudar Filosofia e Teologia.

Em 1610, concluídos os estudos, par-tiu dali para o Japão, percorrendo incan-savelmente as regiões onde os cristãos clandestinamente praticavam o seu cul-to, reconfortando-os com os sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, vivendo o cristianismo de uma forma tão simples quanto admirável.

Num Japão, onde os cristãos eram per-seguidos, acabou por ser martirizado em 1624, num tanque gelado. A Igreja, a Companhia de Jesus e a diocese de Coim-

bra celebram este exemplo de fidelidade ao Evangelho, tanto nas coisas simples da vida corrente como nos momentos de maior heroicidade.

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[Mártires do Japão]

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Subsídios sobre os Mártires do Japão- Mártires do Japão, João Baptista

Machado, Ambrósio Fernandes, Fran-cisco Pacheco,

Diogo de Carvalho, Miguel de Car-valho, Vicente de Carvalho e Domingos Jorge – Eduardo Kol de Carvalho, 192 págs., Braga, 2006. (Dez euros)

- Mártires do Japão, História e No-vena, 4 págs., 2004. (Cinco euros)

- João Baptista Machado, Mártir e Glória dos Açores – Valdemar Mota, 104 págs.,

Angra do Heroísmo, 1985. (Três eu-ros)

- Folheto “Mártires do Japão – His-tória e Novena” (Um euro cada dez exemplares)

Enviamos estas obras a quem nos solicitar. As despesas de envio são oferta nossa.

Efemérides

MAIO 22 – Festa do Beato João Baptista Machado(Angra). Omura, 22.05.1617. 30 – Começa a Novena dos Mártires do Japão.

JUN. 08 – Festa dos 205 Mártires do Japão: Carlos Spínola e Companheiros Mártires do Japão. 08 – Festa do Beato Ambrósio Fernandes (Porto). Omura, 7.01.1620. 20 – Festa do Beato Francisco Pacheco (Ponte de Lima). Nagasáki, 20.07.1626.

JUL. 07 – Festa do Beato Diogo Carvalho (Coimbra). Xendai, 22.02.1622. 07 – Beatificação pelo Papa Pio IX, em 1867, dos “205 Mártires do Japão”, pelo “Breve” Martyrum Rigata Sanguine.

AGO. 25 – Festa do Beato Miguel Carvalho (Braga). Omura, 25.08.1624.

SET. 03 – Festa do Beato Vicente de Albufeira. Nagasáki, 03.09.1632.

NOV. 18 – Festa do Beato Domingos Jorge (Vermoim da Maia). Nagasáki, 18.11.1632.

franciscanos, cinco agostinhos e um sa-cerdote diocesano japonês), e cinco eram estudantes e irmãos religiosos (entre eles dois eram portugueses: um jesuíta – Am-brósio Fernandes, de Xisto, diocese do Porto – e um agostinho – Vicente Carva-lho ou Vicente de Santo António, de Al-bufeira).

Entre os 13 sacerdotes jesuítas, quatro eram portugueses: João Baptista Macha-do, de Angra do Heroísmo; Diogo de Car-valho, de Coimbra; Francisco Pacheco, de Ponte do Lima; e Miguel de Carvalho, de Braga. O quinto jesuíta português des-te grupo é o Irmão Ambrósio Fernandes, natural de Xisto, Porto, a que nos referi-mos acima. Cada um destes tem a sua festa própria, além de ter a Comemoração festi-va de todo o grupo, a 8 de Junho.

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[Entrevista]

Jovens jesuítas em Timorolham o futuro com esperançaO Padre João Inocêncio Piedade, de 53

anos de idade, é professor catedrático de Filosofia (Epistemologia), nas Faculda-des de Filosofia da Universidade Pontifícia Gregoriana em Roma e da Universidade da Itália Meridional em Nápoles. É o primeiro jesuíta timorense, em absoluto. Nasceu em Viqueque (1959), de pais oriundos de Bau-cau, cresceu em Díli. Entrou para a Compa-nhia de Jesus em 31 de Dezembro de 1977, em Girisonta, na Indonésia. Estudou Filo-sofia em Jacarta e Paris, e Teologia em Yo-gyakarta e Paris. Doutorou-se em Filosofia com um trabalho de doutoramento conjunto pelas Universidades de Paris I – Panthéon, Sorbonne, na França, e pela Bergische Uni-versität Wuppertal, na Alemanha, em 1999. Publicou vários livros e artigos no campo da Filosofia e da Cultura, em várias línguas europeias e asiáticas (indonésio e malaio).

É membro da Região Independente de Timor-Leste da Companhia de Jesus, viven-

do e ensinando em Roma e em Nápoles. Foi nomeado Coordenador Científico da funda-ção da Faculdade de Filosofia da Universi-dade Nacional de Timor Lorosae (UNTL), a pedido do seu Reitor, como ajuda na funda-ção e como contributo da Companhia de Je-sus e da Igreja Católica para a promoção da cultura e do juízo crítico na construção de uma sociedade mais justa em Timor Leste.

Veio a Lisboa, procurando estabelecer contactos e conhecer a disponibilidade em livros e material didáctico, sobretudo de fi-losofia, tendo em vista os professores e os alunos da nova Faculdade, pois os seus pro-gramas de licenciatura e de mestrado serão todos conduzidos em língua portuguesa.

n Como é que aparece um timorense na Companhia de Jesus?

Fui aluno da Escola das Irmãs Canossia-nas em Baucau, onde as professoras eram as Irmãs. O meu pai era enfermeiro e, devi-

Entrevista com o primeiro jesuíta timorense, João Inocêncio Piedade

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[Entrevista]

(continua na pág. 18

do às suas diferentes colocações, a família mudou muitas vezes de residência. A minha mãe era dona de casa, mas, como tinha es-tudado, foi ela que nos ensinou em casa a ler e a escrever, mesmo antes de entrarmos na escola. Um dia veio ali um padre sale-siano, José Correia, e perguntou-me, duran-te a missa – era o Domingo de oração pelas vocações – se eu gostava de ser padre. E eu disse-lhe que sim. E por ali ficou.

Vim depois para Díli, onde terminei a Quarta Classe, no Colégio Bispo Medei-ros, mantendo a ideia de querer ser padre. Nessa altura, disse aos meus pais que que-ria ir para o Seminário, o que eles apoia-ram. O primeiro ano era feito no Colégio de São Francisco Xavier, em Dare, a cerca de dez quilómetros de Díli, um colégio que tinha muito boa reputação.

Terminado ali o 1.º Ano, passei a fre-quentar, também em Dare, o Seminário de Nossa Senhora de Fátima, ao cuidado dos Padre Jesuítas. Estudei ali até ao 6.º Ano, altura em que veio a guerra e a ocupação indonésia. Nos últimos dois anos, comecei a ter vontade de vir a ser jesuíta. Conversei com um colega sobre o assunto: impressio-nava-me o estilo de vida, a seriedade e o empenho do trabalho, a qualidade da for-mação e da personalidade de vários padres jesuítas. Se não tivesse acontecido a guer-ra, estava prevista a entrada no Noviciado em Portugal, provavelmente em 1976.

Aquando da invasão indonésia, em De-zembro de 1975, os seminaristas foram to-dos enviados para as respectivas famílias. Em 1977, o Bispo de Díli, D. José Joaquim Ribeiro, decidiu enviar-nos para a Ilha das Flores, para aprenderem a língua indoné-sia, e para acederem depois ao Seminário diocesano de Ritapiret. Enquanto estudava a língua, comecei a sentir a necessidade de avançar com a questão de me fazer jesuíta. E acabei por entrar na Indonésia, no Novi-ciado de Girisonta, na ilha de Java.

Fui assim o primeiro timorense a en-trar na Companhia de Jesus, seguido qua-tro anos depois, pelo já falecido Ermelindo

Cofitalan, de Oe-Cússi, e pelo Padre Filo-meno Jacob, no ano seguinte.

n Como nasceu o interesse pela Fi-losofia?

Sempre me interessei pela Filosofia. E os meus professores de filosofia, na Indonésia, alemães, indonésios e holandeses, verifica-ram que a orientação para a filosofia poderia ser a do meu futuro. Logo, desde esses pri-meiros tempos de estudos, o Provincial da Indonésia me destinou para a Filosofia e enviou-me para a França, de 1983 a 1985, com o intuito de, regressando a Ja-carta para o tempo de magis-tério, ensinasse Filosofia na mesma Faculdade. E assim, ensinei dois anos e fui secre-tário da mesma Faculdade.

n E onde estudouTeo-logia e foi ordenado sa-cerdote?

Estudei Teologia em Yo-gyakarta e Paris. Fui ordena-do sacerdote em Yogyakarta, em 1991, celebrando a Missa Nova na Igreja de Santo An-tónio de Motael, a minha pa-róquia em Díli. Após a ordenação sacerdo-tal, fiquei a trabalhar por algum tempo em Jacarta, ensinando Filosofia e sendo encar-regado de uma das várias comunidades de estudantes jesuítas (escolásticos).

No ano de 1993-94, cumpri todo o pro-grama D.E.A. em Filosofia, na Sorbonne de Paris, um programa de transição entre o Mestrado e o Doutoramento. De 1995 a 1999, fui para a Alemanha (München), a continuar o doutoramento conjunto da Sorbonne e da Wuppertal, investigando no campo dos Manuscritos ainda não publica-dos de Edmundo Husserl.

n E como foi parar à Universidade Gregoriana de Roma?

Quando estudava Teologia, na Indo-

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[Entrevista]

(continuação da pág. 17)nésia, o Provincial tinha-me pedido já a minha disponibilidade para ser coloca-do como Professor de Filosofia na Gre-goriana. E, então, já os estudos que fazia em França e na Alemanha, eram com vis-ta à Gregoriana. Assim, entrei ao serviço da Universidade Gregoriana, após a “terceira provação” nos Estados Unidos, ensinando Epistemologia, de 2001 a 2008. A partir de 2008, ensino em Nápoles, na Faculdade de Filosofia da Universidade da Itália Meridio-nal, mantendo a colaboração com a Grego-riana, sobretudo em trabalhos escritos.

n E com a Universi-dade Nacional de Ti-mor Lorosae…

Eu nunca trabalhei em Timor!... E agora, surgiu uma ocasião, em Julho de 2011, através do convi-te do Reitor da Universi-dade Nacional de Timor Lorosae (UNTL), Pro-fessor Aurélio Guterres, antigo aluno do Exter-nato de São José, da res-ponsabilidade dos Jesuí-tas e Diocesanos. Através dos Superiores da Companhia de Jesus, foi solicitada a minha colaboração para fun-dar uma Faculdade de Filosofia no seio da UNTL.

Nas conversações com o reitor da UNTL, foi sempre salientada a necessi-dade do uso da língua portuguesa em to-das as Faculdades da Universidade. Nesse âmbito, a Faculdade de Filosofia, exclusi-vamente em língua portuguesa, vai ser or-ganizada com dois programas de estudo – licenciatura em quatro anos e mestrado em dois anos – precedidos de um ano prope-dêutico, para estudo intensivo e aprendiza-gem da língua portuguesa.

Este “ano propedêutico” está já a decor-rer, desde o início de Fevereiro (2012), no edifício da Universidade, na Avenida da Ci-

dade de Lisboa, em Díli, com duas turmas de 30 alunos cada uma. Em breve, irá ser prepa-rado um grande “campus universitário” em Hera, cerca de 20 quilómetros a leste de Díli, onde serão construídos edifícios para onde serão transferidas todas as unidades da Uni-versidade Nacional de Timor Lorosae.

Entre as diferentes Universidades que nasceram nos últimos anos em Timor Les-te, todas elas ainda incipientes, a Universi-dade Nacional – criada durante o Governo Indonésio, com o nome de UNTIM – de-marca-se pelo seu prestígio e pela solidez e seriedade das suas instituições.

Estamos a considerar os professores para o ciclo de licenciatura, e julgamos que se estriarão como pro-fessores, pelo menos dois jesuítas portugueses: o Pa-dre José Martins, de nacio-nalidade também timoren-se; e, possivelmente, o Rui Miguel Fernandes, jovem estudante jesuíta, que, ter-minados os seus estudos na Faculdade de Filoso-fia da UCP de Braga, fará o seu “estágio de magisté-rio” em Timor Leste.

n O que é que considera a excelên-cia dos jesuítas em Timor?

Em primeiro lugar, a fundação do “Ins-tituto de Educação Jesuíta”, a iniciar em breve em Kasait, 10 quilómetros a oeste de Díli. Este Instituto compreenderá duas escolas (colégios): uma, Colégio de Santo Inácio de Loiola, para ensino secundário e liceu; e outra, Colégio de São João de Brito, de preparação pedagógica de professores. A primeira escola vai começar daqui a um ano, em Fevereiro de 2013, com 75 alunos, divididos em quatro turmas de 25. A segun-da deverá começar também na mesma data, mas a sua preparação está mais lenta.

O Padre Plínio Gusmão, jesuíta timo-rense, que actualmente se encontra em Lis-

Irmão Daniel de Ornelas, um dos primeiros jesuítas em Timor.

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[Entrevista]

Padres Plínio Gusmão e João Inocêncio Piedade.

boa, para estudar e aperfeiçoar a língua portuguesa, será o futuro director desse Instituto com os dois colégios.

n E que outra acção pode também ser posta em relevo?

Julgo dever pôr em relevo também as chamadas “casas de formação”, onde são recrutados e recebem educação e formação os novos jesuítas, nomeadamente a Casa do “Pré-noviciado” (um ano) em Taibés-si, e a Casa do Noviciado (dois anos) em Lahane, ambas na cidade de Díli. São dez os jovens que estão este ano no Noviciado e 16 no Pré-Noviciado.

Destaco mais duas actividades. Primeiro, a pastoral da paróquia de Railaco, na mon-tanha, com a sua igreja e com a sua escola elementar e ciclo (até à 7.ª classe). E, em se-gundo lugar, a Casa de Produção Audiovisu-al (CPA), em China-Rate (Taibéssi), com a produção de programas culturais para toda a sociedade timorense, em colaboração com a Televisão Nacional de Timor Leste (TVTL).

Outros jesuítas colaboram e orientam Exercícios Espirituais, promovem o Aposto-lado da Oração, apoiam os serviços da dio-cese e ajudam em diversas paróquias. São de destacar as colaborações do Padre José Martins no Centro Cultural António Vieira, em Díli, e a escola elementar “Amigos de Jesus”, fundada pelo Padre João Felgueiras, igualmente em Díli.

n E como vê o futuro da Região Je-suíta Timorense?

Vejo o futuro da Região Jesuíta Timo-rense muito prometedor, sob a direcção do novo Superior Regional (Mark Raper), que pretende e insiste na promoção do tra-balho e apostolado próprios da missão que a Igreja confia à Companhia de Jesus. A prioridade dada à Educação e aos Exer-cícios Espirituais dará frutos abundantes, embora não se vejam de imediato.

O grande número de jovens jesuítas em formação faz de nós uma Região mui-to jovem e vaticina um futuro promissor.

Somos 43 ao todo, incluindo os dois luso-timorenses (Padres João Felgueiras e José Martins). Mas trabalham connosco mais nove missionários, provindos da Indoné-sia (1), Filipinas (3) Vietnam (2), Austrália (2), USA (1), estando previstos mais um japonês e outro português.

A maioria dos Jesuítas Timorenses é constituída por jovens em formação. So-mos apenas seis sacerdotes ainda. Depois do Noviciado em Timor, os nossos jovens estudam Filosofia no Ateneu de Manila, Filipinas, ou fazem estudos especiais na Universidade Loyola, em Chennai, Índia. Até ao momento, a Teologia é feita no “Je-suit Theological Center”, em Melbourne, Austrália. O tempo do estágio de magisté-rio é geralmente feito em Timor. No futu-ro, esperamos ter uma maior diversificação de lugares para os estudos de Teologia.

Uma vez que os estudos são em lugares dispersos, há uma preocupação e um inte-resse grande dos Superiores da Região em que todos aprendam bem a língua portu-guesa, a língua oficial do País.

n Como é conhecida a Companhia de Jesus em Timor?

A Companhia de Jesus é muito respei-tada, apreciada e estimada em Timor. Po-demos dizer que isto é resultante da qua-lidade do nosso serviço em todas as áreas em que somos chamados a prestá-lo. Mas é também uma herança sobretudo da pre-sença dos dois padres, agora luso-timoren-ses, João Felgueiras e José Martins, e do saudoso Irmão Daniel de Ornelas, que, nos momentos mais difíceis, durante todo o pe-ríodo da ocupação indonésia, para além do muito sacrifício, nunca abandonaram a ter-ra de Timor e estiveram sempre ao lado do povo e dos que mais sofriam.

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[Igreja Missionária]

Apresentamos um resumo breve da vida da Madre Marianne Cope (1838-

1918), religiosa alemã da Ordem Terceira Franciscana de Syracuse (Nova York), que passou muitos anos com os leprosos de Mo-lokai, nas Ilhas Hawai. Foi já Bento XVI que a beatificou no início de seu pontifica-do, a 15 de Maio de 2005.

O Papa Bento XVI no dia da beatificação.

Madre Marianne de Molokaia grande amiga dos leprosos

Marianne Cope nasceu no dia 23 de Ja-neiro de 1838, na localidade de Heppe-nheim, Hessen-Darmstadt (Alemanha) e, no ano seguinte, a família Koob emigrou para os Estados Unidos da América, esta-belecendo-se em Utica, no Estado de Nova Iorque. Assim que se tornaram cidadãos americanos, os membros da família deci-diram adoptar o novo sobrenome “Cope”.

Mulher de grandes capacidades, viveu os anos da juventude ao serviço da sua família, à espera de um dia poder entrar na vida reli-giosa. Com 24 anos de idade, em 1862, Ma-

rianne uniu-se às Irmãs de São Francisco e emitiu os votos religiosos na igreja da As-sunção, em Syracuse. Desempenhou a sua primeira actividade de apostolado no cam-po da educação das crianças de imigrados de origem alemã, tendo sido escolhida tam-bém para dirigir e fundar novas escolas.

Em pouco tempo, tornou-se parte inte-grante da direcção da Congregação que, nos anos seguintes, erigiu dois dos primei-ros cinquenta hospitais gerais dos Estados Unidos da América (que ainda hoje são efi-cientes centros médicos no Estado de Nova Iorque), aceitando a hospitalização de do-entes sem qualquer distinção de nacionali-dade, religião ou raça. Muitas vezes, a Ma-dre Marianne foi criticada por ter acolhido indivíduos marginalizados pela sociedade, como alcoolizados e mães solteiras.

Durante o período da sua direcção do hospital São José, de 1870 a 1877, a Madre Marianne modificou o cenário do ambiente médico, respondendo positivamente ao pe-dido de permitir que os alunos de medicina fossem acolhidos no seu hospital, para ali receberem uma formação de clínica geral.

Muitas pessoas de boa vontade observa-ram com admiração o progresso do hospital católico por ela gerido e começaram a se-guir as suas directrizes para a fundação de outros centros hospitalares, o que fazia di-zer com convicção: “A caridade das pessoas generosas não conhece barreiras de “credo” e é chamada a actuar em qualquer lugar”.

Eleita Superiora Provincial, em 1877, e

O Papa Bento XVI presidirá no Vaticano à canonização de sete novos santos, no dia 21 de Outubro. Entre eles, a grande amiga dos leprosos, Madre Marianne

de Molokai, a primeira beata indígena norte-americana, Kateri Tekakwitha, e um missionário jesuíta em Madagáscar, Giácomo Berthieu.

Os quatro restantes são o catequista filipino Pedro Calungsod (1654-1672), o padre italiano Giovanni Battista Piamarta (1841-1913), a religiosa espanhola Maria Carmela Sallés y

Barangueras (1848-1911) e a leiga alemã Anna Schäffer, (1882-1925).

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[Igreja Missionária]

de novo por unanimidade em 1881, teve que enfrentar muitos problemas graves, que, dois anos mais tarde, surgiram no hospital para le-prosos de Kakaako, Honolulu, nas Ilhas Ha-wai, para onde Madre Marianne decidiu partir.

Em 1884, a pedido das autoridades do go-verno local, Madre Marianne foi encarregada de erigir o primeiro Hospital Geral na Ilha de Maui. Em 1885, a incansável religiosa erigiu ali também uma casa para acolher as crianças abandonadas pelos próprios doentes de lepra, que eram incapazes de cuidar dos seus filhos.

Em 1888, respondeu novamente ao pedi-do de ajuda, feito pelas autoridades governa-mentais das Ilhas, porque o hospital de Oahu estava para ser fechado e os doentes de lepra deviam ser transferidos para um lugar isola-do em Kalaupapa, em Molokai. Além disso,

as mulheres desalojadas e necessitadas preci-savam de todo o tipo de assistência.

No ano seguinte, depois da morte do Pa-dre Damião De Veuster apóstolo dos lepro-sos de Molokai (beatificado por João Pau-lo II em 1995), Madre Marianne assumiu a direcção da casa para jovens, que o Beato tinha iniciado, acrescentando este cargo às responsabilidades que ela já tinha em rela-ção às mulheres e às jovens em geral.

Madre Marianne passou trinta anos em exílio voluntário, ao lado dos doentes de lepra em Molokai. Em virtude da sua in-sistência, o governo aprovou uma série de normas para proteger as crianças contra os exploradores e para lhes dar a possibilida-de de frequentar a escola. A religiosa co-nhecia pelo nome cada um dos componen-tes da colónia de leprosos e conseguiu mu-dar a vida de todos aqueles que eram obri-gados a viver em tal lugar, introduzindo a higiene, favorecendo um certo sentido de orgulho e também a possibilidade de la-zer, demonstrando enfim que os margina-lizados são amados de modo especial por Deus, que se interessa por eles e deseja ali-viar as suas dores e os seus sofrimentos.

Os historiadores dessa época referem-se frequentemente a ela como uma “religiosa exemplar”, dotada de um “coração extraor-dinário”. Madre Marianne era uma mulher que não gostava de ser objecto de atenção e cujo mote foi sempre: “Somente para Deus”. Na altura da sua morte, ocorrida no dia 9 de Agosto de 1918, os jornais elogiaram-na unanimemente como santa e mártir.

O director nacional das Obras Missio-nárias Pontifícias (OMP), padre António Lopes, explicando um dos principais desa-fios da missão da igreja, referia, numa inter-venção televisiva, que era “animar” todos aqueles que se afastaram da Igreja, levan-do-lhes “o rosto do amor de Deus”. A mis-são faz parte da “essência” de cada cristão e a renovação da Igreja deve ser feita não desde fora, mas a partir de “dentro”.

“A Igreja tem posto o acento no bapti-

Evangelizar é levar aos outros o rosto do amor de Deuszar e no ensinar e os discípulos vêm em últi-mo lugar”, comenta o sacerdote, para quem “não basta passar alguns anos na cateque-se”, mas é necessário fazer discípulos.

O padre António Lopes recordou a todos aqueles que estão envolvidos em projectos missionários em Portugal e no estrangeiro, que levam aos outros o “rosto do amor de Deus”. É por aí que se tem de caminhar: “é o grande anúncio da Missão, que Deus nos ama”, reforça.

Beata Marianne Cope.

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[Jesuítas no Mundo]

Diogo Laínez:500 anos

de nascimentoEm Abril de 2012, começarão os actos

comemorativos dos 500 anos de nascimen-to do jesuíta Diogo Laínez (Almazán, 1512 - Roma 1565), destacado teólogo no Con-cílio de Trento, um dos primeiros compa-nheiros de Santo Inácio, e o que lhe suce-deu como Superior Geral da Companhia de Jesus.

A cidade de Almazán (Soria), em col-boração com vários jesuítas, preparou um programa cultural, que começará a 21 de Abril, com um Missa Solene e a inaugu-ração de uma placa comemorativa da data, na casa onde ele viveu. O programa con-tinuará em Novembro, com conferências em Almazán e Madrid, sobre a figura de

Diogo Laínez. O acto principal será uma grande exposição sobre a sua figura e o seu tempo, na Igreja de Nossa Senhora do Campanário (Almazán).

Ao mesmo tempo, o Padre Miguel La-met está a ultimar uma biografia do Padre Diogo Laínez.

As célebres ‘Xavieradas’peregrinações de Navarra

O mês de Março é o mês das “xaviera-

das”, peregrinações populares ao Santuá-rio de Xavier, que se tornaram célebres em

toda a Navarra, de que S. Francisco Xa-vier é padroeiro. São dezenas de milhares as pessoas que peregrinam a pé, a partir de Pamplona (45 kms.) ou de mais de per-to (Via Sacra de oito kms.) até ao Castelo, sede do Santuário, onde Francisco nasceu em 1506. Ali se reúnem todos, em celebra-ção eucarística ao ar livre, com que se en-cerra a peregrinação.

A peregrinação celebra-se anualmente em dois fins-de-semana de Março, coin-cidindo com a “Novena da Graça”. Em 2012, a peregrinação terá lugar a 4 e 10 de Março. Em anos anteriores, houve ocasião em que se incorporaram grupos de pere-grinos portugueses, por iniciativa da nossa revista “Amar & Servir”. É uma ideia que aqui fica, para 2013…

200 anos da restauração da Companhia de Jesus Em carta de 1 de Janeiro de 2012, diri-

gida a toda a Companhia de Jesus, o Su-perior Geral, Padre Adolfo Nicolás, convi-da todos os jesuítas a prepararem uma data importante que se avizinha dentro de dois anos: a celebração do 200º aniversário do 7 de Agosto de 1814 – data em que o Papa Pio VII publicou a Sollicitudo omnium ecclesiarum, a bula com que restaurou a Companhia de Jesus em todo o mundo.

Para esse efeito, nomeou uma comissão de jesuítas composta pelos padres Nuno da Silva Gonçalves, Paul Gallagher, James

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[Jesuítas no Mundo]

Grummer, Brian Mac Cuarta e António Spadaro, com três objectivos fundamen-tais:

a) difundir amplamente o conhecimen-to da história da Companhia entre os anos 1760 e 1820;

b) aprofundar a compreensão desse pe-ríodo, impulsionando o estudo e a investi-gação do mesmo;

c) promover uma reflexão orante sobre o passado dos jesuítas, de modo a que pos-sam servir mais eficazmente no futuro.

O Padre Geral acrescenta ainda que as datas importantes oferecem sempre uma oportunidade para reflectir e aprender algo de novo. São uma boa ocasião para agrade-cer o muito recebido, para recordar quan-tas coisas se puderam descobrir, melhoran-do o modo de servir na missão do Senhor, e para arrependimento, se necessário for, por não se ter estado à altura do que esperava dos jesuítas a Igreja e o mundo.

Padre Karl Becker entre os novos cardeais

Entre os 22 novos cardeais instituídos recentemente pelo Papa Bento XVI, en-contra-se o Padre Karl Becker, jesuíta ale-mão, professor jubilado da Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma. Nascido

em 1928, o Padre Becker entrou na Com-panhia de Jesus em 1948 e, depois de con-cluída a formação, ensinou Teologia Dog-mática a várias gerações de estudantes, en-tre os quais muitos jesuítas portugueses. Prestou e continua a prestar uma importan-te colaboração à Santa Sé, como consultor da Congregação para a Doutrina da Fé.

Jacques Berthieu:novo Santo jesuíta

O Santo Padre assinou, no dia 19 de Dezembro de 2011, o decreto que autori-za a Congregação da Causa dos Santos a declarar “Santo” o Beato Jacques Berthieu, um je-suíta francês missionário em Madagáscar, onde foi martirizado.

O Postulador da Cau-sa descreveu o milagre que levou a esta decisão: “Jean François Régis Ran-driamiadana, de 54 anos de idade, foi envenenado numa festa de casamento em 1990, sofrendo de xe-rostomia com forte degra-dação do seu estado geral. Não havendo nenhum cui-dado médico ou terapêuti-ca adequada, o prognóstico era que o doen-te morresse em pouco tempo. Nesta situa-ção, a família invocou a intercessão do Be-ato Jacques Berthieu e deu-lhe as suas re-líquias: a água de Jacques Berthieu do rio Mananara com folhas de “angavodiana”, ambos recolhidos do local onde o corpo do missionário, beatificado por Paulo VI em 1965, tinha sido visto pela última vez. A recuperação foi súbita e radical: em pou-cos dias o paciente tornou a alimentar-se normalmente, recuperou as forças físicas e a sua vida habitual”.

A canonização ocorrerá no Vaticano, a 21 de Outubro de 2012.

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[Igrejas Lusófonas]

n Escola secundáriaem Msaládzi, na Angónia

A Região Moçambicana da Companhia de Jesus vai dar início à construção de uma escola secundária nova, em Msaládzi, no planalto da Angónia, distrito de Tsanga-no, na província de Tete. Cha-mar-se á “Escola Santo Iná-cio de Loiola”.

O projecto integral prevê a construção de 12 salas de aula, salas de professores, internato mas-culino e feminino e casas para os profes-sores, para além de salas de música, infor-mática, biblioteca, laboratórios, auditório, salão desportivo e instalações administra-tivas.

A criação desta escola tem objectivos muito concretos. O primeiro é criar espa-ço para aumentar o número de alunos com acesso ao ensino secundário e pré-univer-sitário no distrito de Tsangano: outro ob-jectivo é proporcionar um ensino de qua-lidade e uma educação sólida e fundamen-

tada em valores humanos de seriedade e responsabilidade, solidariedade e justiça social; um outro objectivo é a promoção de uma educação que incentive o cuidado pelo bem comum, amor ao trabalho e res-peito pelo outro e pela diversidade; e um quarto objectivo é ser mais uma oportuni-dade para as raparigas concluírem o ensi-no secundário e um incentivo para aquelas que mostram maior aptidão e interesse se-guirem para o ensino superior.

Os Jesuítas moçambicanos, na pessoa do seu Superior Regional, Padre Virgílio Domingos Arimateia, apelam à generosi-dade, ao apoio e encorajamento de todas as pessoas e organizações de boa vontade. Somente com a colaboração de benfeito-res, financiadores e parceiros, eles poderão levar por diante um projecto tão importan-te para adolescentes, jovens e para a socie-dade civil em geral.

A Cúria Regional da Companhia de Je-sus (Maputo) compromete-se a garantir que os fundos recebidos para este projecto sejam realmente destinados para tal. Todas as ofertas e contribuições podem ser feitas para o NIB 0003 0104 0204 9411 004 26 da Região Moçambicana da Companhia de Jesus (Avenida Kim Il Sung, 377 – Caixa Postal 2626 – Maputo.

E-mail: [email protected])

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[Igrejas Lusófonas]

D. Jaime Gonçalves, arcebispo da Beira

n Papa aceita renúnciado Arcebispo da Beira

O Santo Padre aceitou o pedido de re-núncia do arcebispo da Beira, D. Jaime Gonçalves, por ter atingido o limite de ida-de. D. Jaime ficará na história como um dos mais carismáticos bispos de Moçam-bique, no plano religioso e no plano sócio-político, tendo sido o negociador do pro-cesso de paz entre a FRELIMO e a RENA-MO, em 1992. Exerceu o cargo de arcebis-po da Beira durante 35 anos.Entretanto, a arquidiocese tem como administrador apostólico, interinamen-te, o bispo auxiliar de Maputo, D. João Carlos Hatoa Nunes, de 43 anos, até à nomeação de um sucessor, nomeado por Bento XVI.

n D. Pio Hipunyatinovo bispo de Ondjiva

A 19 de Fevereiro de 2012, foi ordena-do bispo D. Pio Hipunyati, nomeado pelo Papa Bento XVI, bispo da diocese de Ond-jiva, no Cunene (Angola), em substituição de Dom Fernando Guimarães Kevanu (por limite da idade). Presidiu à cerimónia o Núncio Apostólico em Luanda, D. Nova-

tus Rugambwa, na presença de 30 bispos de todas as dioceses do país e da República da Namíbia, membros do executivo cen-tral, representantes de diferentes igrejas e

fiéis das diferentes paróquias das provín-cias vizinhas e da Namíbia e convidados.

D. Fernando Guimarães Kevanu foi o primeiro bispo de Ondjiva, desde a criação da diocese, em 1986.

O novo bispo nasceu a 14 de Novem-bro de 1964, em Ounongue, Namacunde, no Cunene. Fez os estudos primários em Ondjiva e o propedêutico no Seminário Padre Leonardo Sikufinde, na Arquidioce-se do Lubango. De 1988 a 1991, estudou a filosofia e a teologia no Seminário Maior de Luanda, tendo sido ordenado sacerdo-te em Dezembro de 1991, por D. Fernando Kevanu.

Em 2002, foi enviado para a Itália com a missão de acompanhar os seminaristas da sua diocese naquele país e, de 2006 a 2010, formou-se em Direito Canónico e fez a Pós-graduação em Jurisprudência na Universidade Católica Portuguesa.

Até à nomeação, desempenhava as fun-ções de Superior da Missão Católica de Omupanda e Professor de Latim no Se-minário Menor do Coração Imaculado de Maria, em Omupanda, na mesma diocese de Ondjiva.

D. Pio Hipunyati.

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[Igreja em Portugal]

Terceiro cardeal português

No consistório de 18 de Fevereiro (2012), o Bento XVI criou 22 novos carde-ais, entre os quais o português D. Manuel Monteiro de Castro, de 73 anos, penitenci-ário-mor da Santa Sé.

O Cardeal Manuel Monteiro de Castro, após longos anos de serviço diplomático da Santa Sé (o último foi o cargo de Nún-cio Apostólico em Madrid), está na Cúria Romana desde Julho de 2009, quando as-sumiu o cargo de secretário da Congrega-ção para os Bispos, tendo sido posterior-mente nomeado por Bento XVI como con-sultor da Congregação para a Doutrina da Fé e secretário do Colégio Cardinalício, antes de, passar agora a ser o responsável pela Penitenciaria Apostólica, um dos três tribunais da Cúria Romana.

Natural de Santa Eufémia de Prazins, Guimarães, o novo cardeal português foi ordenado sacerdote em 1961 e bispo em 1985.

D. Manuel Falcãopartiu aos 89 anos

O bispo emérito de Beja, D. Manuel Falcão, de 89 anos, deixou esta vida no dia 21 de Fevereiro, na Casa Episcopal de Beja. Era “um grande companheiro, um

grande amigo, muito atento e inteligen-te, muito discreto”. Era “muito querido na diocese” e foi sempre “muito amigo dos pobres”. São testemunhos de D. António Dantas, o bispo que lhe sucedeu.

D. Manuel Falcão nasceu em 1922 e fez os estudos secundários no Colégio das Caldas da Saúde, Santo Tirso (Jesuítas). Licenciou-se em Engenharia Mecânica, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e, em 1945, entrou no seminário, recebendo a ordenação sacerdotal em 1951. Em 1966, foi eleito bispo titular de Telepte e auxiliar do Cardeal Patriarca de Lisboa. Pouco de-pois da Revolução do 25 de Abril de 1974, em Outubro, foi nomeado bispo coadju-tor do então arcebispo-bis-po de Beja, D. Manuel dos Santos Rocha.

Em 1980, assumiu a res-ponsabi l ida -de da Dioce-se, lugar que ocupou até Janeiro de 1999, quando lhe é concedida a resignação, mas, como bispo emérito de Beja, continuando a viver no Paço Episcopal.

850 anos de São Teotónioo primeiro santo português

No dia 18 de Fevereiro, celebraram-se os 850 anos da morte de S. Teotónio (1162), o primeiro santo português, nas-cido em Ganfei (Valença do Minho) em 1082. Foi conselheiro de D. Afonso Henri-ques, que admoestou com coragem, nome-adamente quando os moçárabes (cristãos que viviam sob o domínio árabe) da região de Lisboa foram reduzidos à escravidão pelo primeiro rei português.

É proverbial a forma como ele, sendo Prior da Sé de Viseu, rejeitou títulos, hon-

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[Igreja em Portugal]

rarias e distinções. Numa época em que não estava bem desenvolvida a concep-ção da autoridade como serviço, ele prefe-re servir, vivendo a pobreza e a prática do amor preferencial pelos pobres. Participa-va em gestos de solidariedade todas as sex-tas-feiras, distribuindo esmolas aos pobres junto da Igreja de S. Miguel, depois de ali celebrar e rezar pelos defuntos.

Tem constituído um sucesso a Exposi-ção sobre a Vida de São Teotónio, patente no Museu Grão Vasco da cidade de Viseu.

Governo distingue 50 anos da OCPM

O secretário de Estado Adjunto do mi-nistro Adjunto e dos Assuntos Parlamenta-res, Feliciano Barreiras Duarte, anunciou

a decisão de atribuir o “louvor do Estado Português” à Obra Católica Portuguesa de Migrações e a “vários dos seus respon-sáveis”. durante este ano 2012, quando a Obra assinala 50 anos de fundação.

Frei Francisco Sales Dinis, actual direc-tor, anunciou, durante a sessão de abertura das comemorações, que o trabalho realiza-do ao longo de 50 anos será apresentado num Encontro Internacional de Reflexão e Partilha, a realizar entre os dias 2 e 6 de Ju-lho, em Lisboa.

Cónego Sezinando Rosafaleceu aos 100 anos

O padre mais antigo de Portugal, o có-nego Sezinando Rosa, faleceu no dia 22 de Março de 2012, com cem anos de idade, cumpridos em 20 de Julho passado. Natu-ral de Vila Real de Santo António, vivia em sua casa, em Alcantarilha.

Ordenado sacerdote em 1934, foi vigá-rio geral e vigário episcopal para a Pastoral Social da Diocese do Algarve, pároco de Alcantarilha e administrador paroquial da Guia, secretário-geral da Acção Católica de Portugal, director do Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa, ad-ministrador da Rádio Renascença, secretá-rio geral da Universidade Católica Portu-guesa e provedor da Santa Casa da Miseri-córdia de Alcantarilha.

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[Fundação Gonçalo da Silveira]

Nas oito Comunidades Rurais do Pos-to Administrativo de Nhangau – Casa

Partida, Nhanduvo, Nhangau, Nhangu-lo, Nhambira, Njalane, Tsimi e Tchissun-guwe – situadas no litoral norte da Cida-de da Beira, em Moçambique, as carências são múltiplas e em diversas áreas. Os Jesu-ítas e Noviços, que se deslocam até estas comunidades desde há alguns anos, com a colaboração de benfeitores ocasionais, para a celebração da palavra, têm também acompanhado com atenção as necessida-des sentidas pelas comunidades.

Desde Janeiro de 2011 que a Funda-ção Gonçalo da Silveira (FGS), Organiza-

ção Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) Jesuíta, desen-volve um projecto de de-senvolvimento integrado na zona rural de Nhangau – apoiando as actividades de Alfabetização de Crian-ças e Adultos, iniciadas pelo P.Emílio Magro Mo-reira, s.j., com enorme de-dicação e confiança nessa missão, assente na convic-

ção de que a Educação tem um papel funda-mental a desempenhar no desenvolvimento destas comunidades.

Os principais objectivos são colmatar a inexistência local de uma escola oficial es-tatal; fornecer a possibilidade de crianças e adultos frequentarem a escola; apoiar a for-mação e o acompanhamento técnico-pedagó-gico de professores locais; e assegurar o pa-gamento de bolsas de estudo e de subsistência a jovens.

O apoio financeiro para este projecto, conseguido através da FGS, permitirá que os professores das comunidades rurais, conti-nuem a deslocar-se mensalmente até ao No-

viciado, no bairro de Manga Mascarenhas, na cidade da Beira, para receberem forma-ção, sobretudo nas áreas da Pedagogia Geral e da Formação Cívica e Humana, em sessões de quatro horas. A formação serve para me-lhorarem as suas competências pedagógicas e para se partilharem técnicas para mitigar as dificuldades por eles sentidas na sala de aula. Ao mesmo tempo, é feito um trabalho de su-pervisão das técnicas e conteúdos aprendidos com a deslocação do professor formador às próprias comunidades.

As bolsas de estudo e de subsistência serão destinadas a sete jovens, também eles oriun-dos destas comunidades – um de Nhambira, três de Nhangulo e três de Tchissunguwe –, para que sejam eles os futuros professores de Nhangau: Alfana Dias, Fernando Jacinto, João Cunhaijua, Manuel Branquinho, Rogé-rio Raúl, Ussene Marchal e Vitória Augusto.

Nas mãos da Educaçãoum futuro melhor para Nhangau

Apoie esta missão. Dê a mão a quem precisaFundação Gonçalo da Silveira

Para dar a mão a este projecto: NIB – 0033 0000 4527 0952 7420 5 (Millennium BCP), P/ cheque – Fundação Gonçalo da Silveira.Estrada da Torre, nº 26 1750-296 Lisboa Tel: 217541627 Fax: 217541629 E-mail: [email protected] www.fgs.org.pt

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[Fundação Gonçalo da Silveira]

No dia 29 de Fevereiro, foi apresentado no ISCTE-IUL, com o apoio do Cen-

tro de Estudos Africanos (CEA), o Estudo “Entre o Saber e o Fazer: A Educação na Cooperação Portuguesa para o Desenvol-vimento”, da autoria da consultora Patrícia Magalhães Ferreira. O referido Estudo foi o resultado de uma iniciativa do projecto de Educação para o Desenvolvimento – Campanha Global pela Educação (CGE) – com duração de dois anos, coordenado pela Fundação Gonçalo da Silveira (FGS), com o co-financiamento do Instituto Portu-guês para o Desenvolvimento (IPAD).

O objectivo central do Estudo foi ana-lisar a Cooperação Portuguesa no sector da Educação, com vista a promover o deba-te e apresentar constatações e recomenda-ções para o reforço da Cooperação para o Desenvolvimento nesta área.

A apresentação do Estudo, realizada pela sua autora, foi moderada por Clara Carvalho, Presidente do CEA do ISCTE-IUL, contou com uma nota de enquadra-mento por Mariana Hancock, Coordenado-ra Nacional da CGE, e mereceu os comen-tários de Maria Antónia Barreto, Investi-gadora do CEA e Professora no Instituto Politécnico de Leiria, e de Manuel Correia, Presidente do IPAD.

Trata-se da primeira publicação des-ta natureza pela FGS, que termina assim, da melhor forma, o seu período de coor-denação deste projecto. A CGE inicia ago-ra uma nova fase, que continuará a contar com o envolvimento e participação activa da FGS.

Numa altura em que o financiamento in-ternacional ao desenvolvimento se encon-tra sob pressão considerável, pauteado por incertezas e pela discussão de uma agen-da de desenvolvimento global pós-2015, a CGE, enquanto parte de um movimento in-

Para melhor cooperarmos, no caminho até à Educação para Todos.

ternacional, pretende continuar a pressio-nar os governos de todo o mundo para que a Educação seja central nas agendas polí-ticas. Por outro lado, é fundamental con-tinuar a chamar a atenção para que nenhu-ma das Metas de Educação para Todos seja negligenciada, e para que a expansão das oportunidades de acesso e de frequência do ensino não perca de vista a qualidade e equidade.

Num contexto particularmente desa-fiante, a coligação que constitui a CGE em Portugal, na qual a FGS se inclui, estará particularmente atenta a factores que pos-sam comprometer a eficácia, sustentabili-dade e impacto da Cooperação Portuguesa no sector da Educação.

Para saber mais: www.educacaoparatodos.orgO Estudo pode ser consultado e descar-regado em:

http://plataformaongd.pt/conteudos/documentacao/documentos/centrodo-cumentacao/489/Estudos%20e%20relat%C3%B3rios/Estudo_APDEduca-cao_CGE.pdf

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[Serviço Jesuíta aos Refugiados]

Inspirado pelas perigosas viagens enceta-das pelos boat people vietnamitas e cam-

bojanos em busca do exílio, o Pe. Pedro Arrupe fundou o Serviço Jesuíta aos Re-fugiados em 1980, para ajudar aqueles que são esquecidos na tragédia.

Hoje como ontem, muitas pessoas con-

20 anos de actividade em Portugaltinuam a enfrentar esta mesma realidade no nosso mundo, seja devido às cheias que devastam Mindanao, nas Filipinas, ou em barcos à deriva no mar Mediterrâneo, ten-tando escapar à perseguição de regimes di-tatoriais.

Como obra internacional da Companhia de Jesus, o JRS está hoje presente em cerca de 50 países em todo o mundo, cumprindo a sua missão de Acompanhar, Servir e De-fender refugiados, deslocados e migrantes em situação de grande vulnerabilidade, de acordo com as circunstâncias próprias de cada região:

Em África, desenvolvemos programas de educação em campos de refugiados; na Europa, oferecemos apoio psicossocial e jurídico a refugiados e migrantes forçados, visitamos pessoas e famílias que se encon-tram em centros de detenção administrati-va e promovemos acções de sensibilização na área dos Direitos Humanos.

Em 2012, o JRS celebra 20 anos de ati-vidade em Portugal. Fundado em 1992, até finais dos anos 90 funcionou essencial-mente como plataforma de conhecimento e informação sobre matérias relacionadas com as leis de asilo e de imigração. A par-tir de 1998, assumiu uma intervenção dire-ta com a população migrante e refugiada e, desde então, presta apoio a imigrantes e

JRS 2011 EM NÚMEROSA procura de trabalho em primeiro plano

7602 atendimentos personalizados gratuitos3133 pessoas recebidas no Centro de Aten-dimento JRS >> destas, 1416 no Gabinete de Emprego76% residentes no distrito de Lisboa61% mulheres 47% novos utentes >> destes, 57% oriun-dos dos PALOP, em particular de Guiné Bis-sau, São Tomé e Príncipe e Angola235 pessoas acompanhadas na Unidade Ha-bitacional de Santo António, de 45 nacio-nalidades >> destas, 36% de nacionalidade brasileira53 migrantes em situação de emergência so-cial acolhidos no Centro Pedro Arrupe, de 19 nacionalidades >> destes, 12 refugiadosEm 2011, o JRS contou com o apoio de 129 colaboradores, entre técnicos, estagiários e voluntários

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[Serviço Jesuíta aos Refugiados]

Apoie gratuitamente o nosso trabalho. Faça a diferença na vida de mais alguém em 2012.

Na sua declaração de IRS, coloque 504 776 150 no quadro 9 do anexo H, do Modelo 3.

Obrigado por dar força à nossa missão.

CONSIGNAÇÃO DE 0,5% DO IMPOSTO LIQUIDADO (LEI N.º 16/2001, DE 22 DE JUNHO)ENTIDADES BENEFICIÁRIAS DO IRS CONSIGNADO NIPC

Instituições Religiosas (art. 32.º, n.º 4)

Instituições Particulares de Solidariedade Social ou Pessoas Colectivas de Utilidade Pública (art. 32.º, n.º 6)

9

901 5 0 4 7 7 6 1 5 0

JRS Portugal 20 Anos a Acompanhar, Servir e DefenderServiço Jesuíta aos Refugiados

Em 2011, recebemos no nosso Centro de Atendimento em Lisboa cerca de

3000 pessoas portadoras de muitas carên-cias. Dia após dia, ouvimos os apelos de quem nada tinha, ajudámos a combater o desespero e vimos renascer a esperança em muitos rostos. Isto foi possível através do apoio social, psicológico, jurídico, médico e medicamentoso, através da dinamização de aulas de língua portuguesa e do acom-panhamento na procura de emprego. Ao todo, prestámos cerca de 7600 atendimen-tos totalmente gratuitos.

Também no Centro Pedro Arrupe, aco-lhemos e acompanhámos 53 imigrantes em situação de sem abrigo, apoiando-os na criação de novos projectos de vida. Final-mente, na cidade do Porto, fomos o ampa-ro de 235 pessoas que, na Unidade Habita-cional de Santo António (centro de deten-ção administrativa) passaram pela doloro-sa experiência de ver limitada a sua liber-dade, em muitos casos apenas por terem

Balanço do JRS em 2011: Muitos desafios, a mesma missão

ousado sonhar com uma vida melhor. Em 2012, queremos continuar a apoiar

estas pessoas. Para o fazer, contamos com o envolvimento de todos.

refugiados que chegam à sociedade portu-guesa provindos de vários pontos do mun-do, com toda a espécie de necessidades bá-sicas de sobrevivência.

Sozinhas no país, muitas destas pessoas desconhecem a língua portuguesa, a forma

de organização da nossa sociedade e os direitos e deveres partilhados pelos ci-dadãos. Desprotegidas e vulneráveis, mas com grande coragem, desejam acima de tudo reconstruir a sua vida num novo lugar. No JRS encontram o conforto de uma voz orientadora e vêm renascer o ânimo de que precisam para acreditar no futuro.

Problemas de saúde, alimentação deficiente, instabilidade psicológi-ca, são algumas das carências a que o JRS procura responder de forma inte-grada, tendo em vista o bem-estar da

pessoa como um todo. Para isso, contamos com a dedicação de muitos voluntários, que ao nosso lado contribuem para a cons-trução de uma sociedade mais solidária e sustentável.

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[Leigos para o Desenvolvimento]

Não foi fácil escrever este texto, acre-dito que nunca é fácil escrever sobre

algo que começa a estar debaixo da pele, sobre algo que começa cada vez mais a fa-zer parte do que somos.

E quando caminho por Cuamba, quando me deixo estar com as pessoas, quando sa-boreio os seus sorrisos, quando me encon-tro nas suas histórias, é assim que me sinto, cada vez mais deste sítio…

Este é um ano que fica marcado pelas pessoas que de formas tão distintas fizeram parte da minha viagem e a transformaram numa das mais marcantes da minha vida.

Pelas crianças das Escolinhas que com os seus sorrisos, me fazem acreditar que há um outro país, uma outra realidade com mais oportunidades, com menos sofrimento a nas-cer, onde elas vão ser as grandes protagonis-tas e cujo caminho só pode ser a educação.

Pelas pessoas das comunidades com quem me sentei, com quem caminhei, com quem fiquei. Incrível como fui recebida, como fui acolhida, como fui sentindo cada vez mais verdade e intimidade no que fo-

Viver em Missão…mos partilhando, como se cruzaram vidas, medos e sonhos e como “ vacani, vacani” nos sinto a todos envolvidos e nos sinto a todos com a mesma vontade.

Sim, porque Desenvolvimento, é mes-mo, o envolvimento de todos.

Pelos Estudantes da Faculdade com quem desenvolvi a minha Pastoral, que foi sempre um espaço de amizade e de descoberta.

Encontrei-Te muitas vezes nas nos-sas quartas-feiras à tarde, nas conversas que teimavam em não acabar porque ha-via sempre mais uma dúvida a esclarecer ou uma questão a discutir e quando os vejo a ter cada vez mais a iniciativa de procu-rar respostas para as realidades difíceis que estão mesmo ao seu lado, sinto-me sempre desafiada a ser mais por eles e por Ti.

Pela minha comunidade. Pelo exemplo de entrega e de dedicação, pelo respeito e pela ajuda que soubemos sempre ser umas para as outras. Quando se está tão longe de tudo o que normalmente nos protege e dá segurança é mesmo importante sabermo-nos acompa-nhadas num caminho que nos desafia em tan-

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[Leigos para o Desenvolvimento]

tas dimensões. Hoje, tenho-as como o meu verdadeiro pilar e sei que fui capaz de me en-tregar a tudo o que me propuseste com ver-dadeira alegria porque as tive ao meu lado.

E por todos os outros. Todos os que me cumprimentam no mercado: “Bom dia Amiga, como está? Anda tão desapareci-da? O que se passou?”, os jovens do Cen-tro Semente que enchem aquele espaço de energia e alegria, as crianças e mamãs do Centro Nutricional, retrato fiel das realida-des difíceis que se vivem por aqui e onde o que não há, mas sobretudo o que ainda não se sabe, o que ainda não se faz tem impli-cações dramáticas na vida de tantas crian-ças para quem os desafios começam mui-tas vezes ainda antes de nascer, mas tam-bém retrato do que tantas pessoas fazem todos os dias para transformar estas reali-dades. No Centro Nutricional há dias em que acontecem verdadeiros milagres. Dias em que se volta a nascer.

Por todos os que me fazem sentir em casa e me dão a profunda convicção de que

no dia em for altura de partir para outras coordenadas, há definitivamente uma par-te de mim que fica nesta terra e com este povo.

Sinto que estar em missão é sobretudo estar com as pessoas. É trilhar caminhos com elas, enquanto novos caminhos vão também surgindo em nós…

Tenho medo de não estar à altura do projeto que tens para mim? Claro que sim. Sei-me e sinto-me em tantas circunstâncias tão pequenina. Mas sei também em quem depositei a minha confiança.

Afinal não é isso que tu me pedes sem-pre? Que me desacomode, que me ponha a caminho? Estou cada vez mais convenci-da que sim e estou também cada vez mais convencida que é nestes caminhos que nos desinstalam e desafiam que me encontro, que encontro verdadeiramente os outros, que te encontro a Ti.

Elisabete Oliveira Cuamba – Moçambique

2012

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[Jesuítas em Portugal]

A Aula da Esfera A Aula da Esfera foi uma classe públi-

ca de matemática, que funcionou inin-terruptamente entre 1590 e 1759, no Co-légio de Santo Antão em Lisboa, e repre-sentou a porta de entrada em Portugal de temas científicos tão importantes como os logaritmos, o telescópio ou a projecção de Mercator. A sua longevidade e a diversida-de de matérias ensinadas (geometria, ópti-ca, perspectiva, arquitectura e engenharia militar, entre outras) foram consideradas

únicas no ensino da matemática em con-texto português.

No site - http://auladaesfera.fc.ul.pt/Aula_da_Esfera/Index.html - está dispo-nível algum material sobre os professores que passaram pelo Colégio de Santo Antão nos séculos XVI, XVII e XVIII, bem como a bibliografia que tem vindo a ser produzi-da sobre a Aula da Esfera.

© Bruno Almeida, Francisco Romeiras, Henrique Leitão, 2012.

Juniores ibéricos, reunidos em Braga, de 17 a 19 de Fevereiro de 2012, em encontro de estudo e de convívio.

Padre Manuel Morujãodá exercícios a bispos espanhóis

O Padre Manuel Morujão, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa orien-tou os exercícios espirituais aos bispos es-panhóis, de 08 a 15 de Janeiro (2012), em Madrid (Espanha). Centrou a temática do retiro em «Cristo Eucarístico» através de

“meditações e conferências” e haverá tam-bém uma prelecção sobre “o II Concílio do Vaticano”. Falou também sobre a “Nova Evangelização” e sobre o Congresso Euca-rístico Internacional de Dublin (Irlanda), a realizar em Junho.

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[Jesuítas em Portugal]

Jesuítas falecidos

Apostolado da Oraçãoinaugura novas instalaçõesNo dia 23 de Dezembro de 2011, realizou-

se a cerimónia de inauguração e bênção das novas instalações do Secretariado Nacional

do Apostolado da Oração, integrada na festa de Natal de todos – sacerdotes e leigos – quan-tos trabalham no Secretariado e nas comuni-dades da Companhia de Jesus, em Braga.

Na ocasião, o Secretário Nacional, Pa-dre Dário Pedroso, lembrou que o trabalho feito nesta casa chega muito longe, a mui-tos milhares de pessoas, espalhadas por di-versos países. Por essa razão, ao proceder à bênção das novas instalações do Secreta-riado Nacional do Apostolado da Oração, localizadas no nº 32 da Rua de S. Barna-bé (Braga), pediu ao Senhor que a sua bên-ção se estendesse aos que trabalham nesta obra, às suas famílias e a quantos, em tan-tos países, estão unidos a este Secretaria-do, através das suas publicações.

Obras Completas de Tomás Pereira, S. J.

No dia 1 de Fevereiro (2012), realizou-se, no Centro Científico e Cultural de Macau (Rua da Junqueira, 30, em Lisboa), o lançamento da edição crítica em dois volumes das Obras de Tomás Pereira, missionário jesuíta na China.

Tomás Pereira (1646-1708), de nome chinês Xu Risheng, é a mais destacada fi-

gura portuguesa nas relações interculturais Portugal-China. Músico e astrónomo, ma-temático, engenheiro e arquitecto, geógra-fo e inventor de órgãos de tubos e relógios mecânicos, tradutor e diplomata, estudio-so da língua chinesa e do budismo Chen, director interino do Tribunal das Matemá-ticas do Observatório Astronómico de Pe-quim (nos anos de 1688 a 1694) e confi-dente e professor de música ocidental do Imperador da China, Kangxi (1654-1722), são algumas das facetas deste português, religioso jesuíta, que se torna mandarim e cortesão da China Imperial Qing.

- António Maria Cabral Ferreira, Pa-dre na Comunidade da Residência de Nos-sa Senhora de Fátima, no Porto, faleceu no Porto, a 10 de Fevereiro de 2012. Tinha 84 anos de idade e 64 de Companhia.

- Armando Tomaz Acúrsio, Irmão na Comunidade do Colégio da Imaculada Conceição, Cernache (Coimbra), faleceu em Cernache, a 23 de Fevereiro de 2012. Tinha 72 anos de idade e 49 de Companhia.

- João Costa da Silva, Padre na Co-munidade do Colégio da Imaculada Con-ceição, Cernache (Coimbra), faleceu em Braga, a 29 de Março de 2012, dia em que completava 69 anos de idade. Tinha 52 anos de Companhia.

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[Diálogo com os leitores]

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Professor Luís Archer

Gostei muito de ver a imagem do Prof. Luís Archer na capa do último Número da nossa revis-ta. Foi um homem que sempre me impressionou pela sua sabe-doria e, ao mesmo tempo, pela sua simplicidade: tanto falava, de forma perfeita e inteligível, a pessoas ignorantes (onde me incluo) como falava aos sábios da categoria dele. Com a mes-ma alegria, explicava as maravi-lhas contidas no mundo da ciên-cia, onde ele habitava, e também as inúmeras questões ou até as “montanhas” de problemas, que isso poderia colocar ao mundo da fé e da religião.

Homem simples, acessível e bondoso, como o costumam ser todos os grandes homens. Obri-gado à “Amar & Servir”, por esta homenagem, prestada a tão grande vulto da ciência e da fé.

Antónia G. de V. - Coimbra

O Padre Luís RuizDeliciei-me também com a me-

mória do Padre Ruiz que eu conheci em Macau, há muitos anos quando por lá passei em serviço patriótico. Era um jesuíta, um daqueles que fa-zia o bem sem olhar a quem. Con-fesso que já não me lembrava dele, e pensava até que já tinha falecido… Um espanhol alegre e sempre bem disposto, que, naquele território por-tuguês, trabalhou junto dos refugia-dos da China continental, famílias inteiras, e terá recebido cerca de 30 mil. Muitos cresceram e tornaram-se homens e mulheres de sucesso, contribuíndo depois com donati-vos para a sua missão. O bom padre Ruíz dizia que “nunca pediu nada, Deus é que oferecia”…

A partir de 1986, começou a dedicar-se aos leprosos de Guang-dong, mais uma vez encontrando dificuldades junto das autoridades chinesas, que viviam de costas vol-tadas com a Igreja Católica. Citan-do o próprio Jesus Cristo, o padre pediu “que se não acreditam em mim, acreditem pelo menos na mi-nha obra”, e a obra apareceu mes-

Cartas eMensagensTodos os ecos que chegarem

da parte dos nossos

leitores (por correio

ou por e-mail ou até pelo

telefone), serão bem-vindos e

sempre merece-dores

da nossa gratidão. É pelas críticas,

sejam de elogio ou

sejam de reparo, que iremos fazendo

caminho, do lado de cá e do lado

daí. Escreva-nos!

[email protected]

Todos os ecos que chegarem da parte dos nossos leitores (por correio ou por e-mail ou até pelo telefone), serão bem-vindos e sempre merecedores da nossa gratidão.

É pelas críticas, sejam de elogio ou sejam de reparo, que iremos fazendo caminho, do lado de cá e do lado daí. Escreva-nos!

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[Diálogo com os leitores]Revista trimestral de Espiritualidade e Vida Missionária

Propriedade: Associação Histórico-

-Cultural Amigos de São João de Brito

Director: João Caniço (SJ)

Conselho Editorial: Afonso Herédia, (SJ)

Artur AraújoÁlvaro Santos (MM.)Carolina Cravo (FGS)Fátima Amorim (LD)Paulo Moreira (ASJB)Susana Martins (JRS)

Redacção e Administração: Estrada da Torre, 26

1750-296 LisboaTelefone: 217 541 620

Fax: 217 541 624

E-mail: [email protected]

Site: www.amareservir.wordpress.com

Grafismo: António Noronha

Impressão: Grafilinha

R. Abel dos Santos, 83 Caparide

2775-031 PAREDE

Não sujeito a Registo no ICS,ao abrigo da alínea a)

do N.º 1 do art. 12 do Decre-to Regulamentar N.º 8/99,

de 9 de Junho.

Número 28Outubro a Dezembro

de 2011 5.000 exemplares.

Na Capa:Padre Luís Jorge Archer

Assinatura: Portugal: 12.50€

Europa e Timor: 17.50€ USA: 26,00 USD

Rest. Mundo: 19.50€.

Avulso pelo correio: Portugal: 3.50€ Europa: 4.50€

Resto do Mundo: 5.00€.

O pagamento pode ser feito por Vale Postal, por Cheque ou por Transferência Bancá-ria, dirigidos a Revista ‘Amar e Servir’ – Estrada da Torre, 26 – 1750-296 Lisboa – indi-cando sempre que é para

pagar a assinatura da revista ‘Amar e Servir’. No caso

de transferência bancária, enviar o talão (ou fotocó-pia dele) comprovativo da transferência efectuada.

O NIB é: 0033 0000 4531 1749 196 05.

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mo: em 2006, já dirigia 145 leprosarias em toda a China, que atendiam 10 mil doentes. Uma vida cheia e repleta de bem. Um ho-mem que será sempre recordado com cari-nho por todo o bem que fez em nome dos pobres, dos refugiados, dos doentes, dos de-ficientes, de toda a gente que lhe deu a mão que ele estendia. Obrigado à revista “Amar & Servir” por pôr em relevo criaturas assim.

Ildeberto G. S. – Setúbal

Edição atrasada Das coisas que mais aprecio numa re-

vista, como em qualquer publicação, é a sua edição com pontualidade e com actua-lidade. Acho que a nossa revista “Amar & Servir” também ganhava muito se acertas-se o passo com o calendário…

Manuel da S. - Portimão

Nota da Redacção: Muito obrigado pelo reparo. Damos-lhe toda a razão. Esta sua chamada de atenção, que registamos, servir-nos-á de estímulo, para que, para

Pagamento da assinatura ou da quotaOs assinantes da revista ‘Amar & Servir’ e os associados da AHCASJB têm um

meio simples de saber se a sua assinatura ou a sua quota “estão em dia”. Basta olhar para a etiqueta, no envelope com o seu nome e morada!

No canto superior direito da etiqueta, os dois números indicam o ano da última as-sinatura paga, ou, no caso dos associados “Amigos de São João de Brito”, indicam o ano da última quota paga.

Estando em 2011, agradecemos que regularize a sua situação, por entrega pessoal, por cheque enviado ou por transferência bancária (NIB: 0033 0000 4531 1749 196 05). Se optar por este último meio, agradecemos que nos faça também chegar o seu comprovativo.

além de todos os percalços que nos possam acontecer, cumpramos esta espécie de con-trato que contraímos com os nossos ami-gos, assinantes e leitores. Iremos apressar o andamento para que a revista saia a tem-po e horas. Esperamos consegui-lo, passo a passo. Entretanto, esforçar-nos-emos por que a revista saia sempre actualizada. Pe-dimos é desculpa e compreensão.

Amigo(a) Assinante:Estamos conscientes de que assinar a

revista “Amar & Servir”, além de uma manifestação cultural, é também um gesto de amizade e de comunhão com as insti-tuições que ela apresenta, nomeadamente a Companhia de Jesus (em Portugal e no Mundo), a “Associação Histórico Cultural Amigos de São João de Brito” e as Cau-sas de Canonização dos Mártires do Brasil e do Japão. Assim, ao mesmo tempo que agradecemos a todos aqueles que, embo-ra a assinatura continue a ter o valor de 12:50 euros, pagam as suas assinaturas, como amigos ou benfeitores, com 20 ou 50 (e mais) euros, ousamos pedir a divulga-ção da nossa Revista, quer convidando os seus amigos a fazerem-se novos assinan-tes, quer oferecendo uma assinatura como prenda de aniversário, de Natal, etc. Para crescermos, necessitamos que cada leitor arranje um, dois ou três novos assinantes. Alguns já o vão fazendo, mas o desafio continua!

A Direcção

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[Agenda]

Data Local EE/Temas/Cursos Orientação Inscrições Para

CAB: Centro Académico de Braga – Praça da Faculdade, 16 – 4710-297 Braga % 253 215 592CEC: Centro de Espiritualidade e Cultura – Casa da Torre – 4730-570 Soutelo VVD – % 253 310 400CEC: Círculo de Espiritualidade e Cultura – Av. Duque d’Ávila, 26 – 2.º - 1000-141 Lisboa % 213 530 839CREU-IL: Centro de R. e Enc. Un. In. de Loiola – R. Oliveira Monteiro, 562 – 4050-440 Porto % 226 061 410CUMN: Centro Univ. Manuel da Nóbrega – Couraça de Lisboa, 101 – 3000-435 Coimbra % 239 829 712CUPAV: Centro Universitário Pe. António Vieira – Estr. da Torre, 26 – 1769-014 Lisboa % 217 590 516Costa N. Centro Esp. Jean Gailhac, Av .José Estêvão, 8 - 3810-453 Costa Nova do Prado % 234 360 270Fátima: Centro Francisco e Jacinta Marto,, Estrada de Torres Novas, Montelo, 2495-653 Fátima % 249 521 777JRS: Serviço Jesuíta aos Refugiados – Rua 8, Lote 59, Alto do Lumiar,. 1750 Lisboa % 217 552 790Palmela Casa de Oração Sta. Rafaela Maria - Quinta de S. António, Serra do Louro, 2950-431 Palmela % 212 350 215Rodízio: Casa de Exercícios de Santo Inácio – Estrada do Rodízio, 124 – 2705-335 Colares % 219 289 020

Contactos

MAIO03 a 06 Soutelo Ex. Espirituais 3 dias, P. Gonçalo Castro Fonseca Casa da Torre Todos03 a 06, Costa Nova Ex. Espirituais 3 dias, P. Carlos Carneiro, CUMN Priorid. CVX03 a 06 CUPAV Peregrin. a pé a Fátima P. Nuno Tovar CUPAV Priorid. Círc. Vieira03 a 06 CUPAV Ex. Esp. 3 dias pé descalço P. João Norton CUPAV Universitários04 a 06 Palmela ‘O desafio do meio da vida’ Crescim. pessoal nos 40’s P. Vasco Pinto de Magalhães Casa de Oração Stª Rafaela Mª Dos 40 aos 50 anos10 a 13 Rodízio Ex. Espirituais 3 dias P. Gonçalo Castro Fonseca Casa de Sto. Inácio Todos10 a 13 Ex. Espirituais 3 dias P. Domingos de Freitas, Rodízio Casa de Sto. Inácio Todos11 a 13 CREU-IL F. de semana para noivos P. Vasco Pinto de Magalhães CREU-IL Noivos11 a 13 Soutelo Eneagrama – Iniciação Margarete Flor Casa da Torre Dos 22 aos 45 anos11 a 13 Soutelo Retiros para Casais P. Roque Cabral Casa da Torre Casais12 a 13 Soutelo F. de semana para noivos P. Álvaro Balsas, P. Sérgio Nunes e gr. de casais Casa da Torre, Noivos12 a 12 Palmela ‘O Terço e os seus mistérios’ P. António Vaz Pinto Casa de Oração Stª. Rafaela Mª. Todos15 a 23 Ex. Espirituais 8 dias P. António José Coelho, Fátima Centro Francisco e Jacinta Marto Todos17 a 20 Palmela Ex. Espirituais 3 dias P. Nuno Tovar de Lemos CUPAV Todos17 a 20 Soutelo Ex. Espirituais 3 dias P. José Carlos Belchior Casa da Torre Todos17 a 20 Soutelo Ex.Espirituais 3 dias P. António Valério Casa da Torre Todos17 a 25 Soutelo Ex.Espirituais 8 dias P. Luís Maria da Providência Casa da Torre Todos18 a 20 CUPAV Ora bem P. João Norton CUPAV Todos19 CREU-IL ‘Andar aos Búzios’: retiro CREU-IL Priorid. Círculo Xavier25 a 27 Soutelo Rezar com o ícones VI - Alzira Fernandes e P. José Carlos Belchior Casa da Torre Todos ‘O Iconóstase’ 25 a 27 Soutelo Relações Humanas P. Vasco Pinto Magalhães Casa da Torre Todos25 a 27 Taichi e Espiritualidade Diogo Santana, Soutelo Casa da Torre Todos

JUNHO01 À noite na cidade Círculo Vieira Círculo Vieira Todos01 a 03, Soutelo Retiros para Casais P. Mário Garcia, Casa da Torre Casais01 a 03 Soutelo Ex. E. 2 dias amigos de rua Teresa Olazabal Casa da Torre Sem abrigo05 a 13 Rodízio Ex. Espirituais 8 dias P. Luís Maria da Providência Casa de Sto. Inácio Todos06 a 10 Soutelo Ex. Espirituais 4 dias P. Carlos Carneiro Casa da Torre Todos06 a 10 Soutelo Ex. Espirituais 4 dias Alzira Fernandes, Soutelo Casa da Torre Todos06 a 10 Rodízio Ex. Espirituais 4 dias P. Carlos Azevedo Mendes CUPAV, todos06 a 13 Soutelo Ex. Espirituais 7 dias P. Afonso Seixas Casa da Torre Prior. L. p/ Desenvolvim. - pé descalço 06 a 13 Rodízio Ex. Espirituais 7 dias P. Miguel Almeida CUPAV Prior. L. p/ Desenvolvim.07 a 10 Rodízio Ex. Espirituais 3 dias P. Manuel Morujão Casa de Sto. Inácio Todos07 a 11 Peregrinação a Loiola, P. João Caniço CEC de Lisboa Todos Xavier, Manresa, Montserrat e Barcelona 14 a 22 Soutelo Ex. Espirituais 8 dias P. Manuel Bello Casa da Torre Todos16 a 17 ‘Ó pai, eu também quero!’ Pais e Filhos, Círc. Vieira Círculo Vieira Prioridade Círculo Vieira20 a 28 Fátima Ex. Espirituais 8 dias P. Luís Maria da Providência Centro Francisco e Jacinta Marto Todos22 a 24 Fátima Rezar com os Ícones: P. José Carlos Belchior e Alzira Fernandes Centro Francisco e Jacinta Marto Todos ‘Dodekaorton’ 22 a 24 CUPAV C. de prep.p/o matrimónio P. Carlos Azevedo Mendes e gr. de casais CUPAV Noivos28 e 29 Visita cultural a Guimarães CEC de Lisboa a partir de Lisboa 29 a 01 Rodízio Taichi e Espiritualidade Diogo Santana Casa de Sto. Inácio Todos

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Material de apoio disponívelAssociação Histórico-Cultural Amigos de São João de Brito

Causa de Canonização dos Mártires do BrasilCausa de Canonização dos Mártires do Japão

Material de apoio disponível

n João Baptista Machado, Mártir e Glória dos Açores – Valdemar Mota, 104 págs., Angra do Heroísmo, 1985. .................................€ 4,00n João de Brito e o seu tempo – Actas do Congresso Histórico, no 50º aniversário da sua canonização. Lisboa, 1998. ..................€ 5,00 n Mártires do Japão, João Baptista Machado, Ambrósio Fernandes, Francisco Pacheco, Diogo de Carvalho, Miguel

de Carvalho, Vicente de Carvalho e Domingos Jorge – Eduardo Kol de Carvalho, 192 págs., Braga, 2006. ............€ 8,00n Os 40 Mártires do Brasil, Eduardo Kol de Carvalho, 112 págs., A.O., Braga, 2011, ........................................ € 5,00

n Proscritos – I e II Vol. – História da Expulsão e Exílio dos Jesuítas, em 1910, contada por cada um deles, 386 + 322 págs. Ilustradas, ..................................................................................................€ 100,00n Raízes Terrestres de 40 Mártires, Ernesto Domingues, S.J., 88 págs., Braga, 1971. .........................€ 2,00n São João de Brito – Quando a culpa é virtude, Dário Pedroso, S.J., 2.ª edição, Editorial AO, Braga, 2007, € 6,00

n Uma Glória Nacional (Mártires do Brasil), A. Santiago, 144 págs., A.O., Braga, 1961, ...................€ 2,00n Velas ao Largo, Uma página de epopeia (Mártires do Brasil). Maria da Soledade,

208 págs., 1970, Braga, 1970, ..................................................................................................................................€ 5,00n Vida de São João de Brito - 1647-1693, João Ameal, Junta de Freguesia de S. João de Brito (nos 50 anos da Junta de Freguesia), 100 pgs., Lisboa, 2009. .....................................................................................................(oferta)

n Mártires do Brasil, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................ € 0,30n Mártires do Japão, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................ € 0,30n S. Francisco Xavier, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. .......................... € 0,30n São João de Brito, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................. € 0,30n S. Inácio de Loiola, História e Novena (folheto), 4 págs., 2004. ............................ € 0,30

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CARTÕES com medalha e oração n Mártires do Brasil – € 2,00. n São João de Brito – € 2,00.

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Um Conselho

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Page 40: 0 Silêncio e palavra 1 Esperança timorensecelebrar em 20 de Maio. “Só com escuta - outra maneira de di-zer “silêncio” - é que há realmente diálo-go. Muitas vezes notamos

Peregrinos em Oriyur

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL | Nº28 OUTUBRO a DEZEMBRO de 2011

ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL AMIGOS DE SÃO JOÃO DE BRITO

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Silêncio e palavra

Esperançatimorense

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