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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Habeas Corpus nº 41.324/2011. Comarca de Jaciara/MT. Vistos, I. Com apoio no artigo 5º, inciso LXVIII, da Carta Magna, e no artigo 648 da Lei Instrumental Penal, foi o presente habeas corpus impetrado em favor de João Vitor de Oliveira Nunes, qualificado, quem estaria a sofrer constrangimento ilegal oriundo de ato da autoridade judiciária da 1ª Vara da Comarca de Jaciara/MT, aqui apontada como coatora. Narra-se que em 07 de abril de 2010, foi iniciada, pela polícia civil da Comarca de Jaciara, a operação denominada “ lazarotto”, com o intuito de investigar fraude na “aquisição” de carteira nacional de habilitação. Após o paciente ter, em tese, sido reconhecido como a “pessoa ligada ao DETRAN/MT que também participada no esquema” (sic fls. 03 TJ/MT), teve a prisão temporária decretada e, no dia seguinte convertida em preventiva, e, considerando injusto o decreto prisional, foi pleiteada sua revogação, “(...) tendo em vista a ausência de todos os requisitos legais. “ (sic fls. 05 TJ/MT). Sustenta-se que a prisão temporária foi decretada um anos após o início da investigação, mesmo não tendo sido “(...) apurado exatamente nenhum ato criminoso ou MÍNIMO CONTATO para com os demais investigados (...)” (sic fls. 05 TJ/MT), o que se pode observar

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ESTADO DE MATO GROSSOPODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Habeas Corpus nº 41.324/2011.Comarca de Jaciara/MT.

Vistos,

I.

Com apoio no artigo 5º, inciso LXVIII, da Carta Magna, e no artigo 648 da Lei Instrumental Penal, foi o presente habeas corpus impetrado em favor de João Vitor de Oliveira Nunes, qualificado, quem estaria a sofrer constrangimento ilegal oriundo de ato da autoridade judiciária da 1ª Vara da Comarca de Jaciara/MT, aqui apontada como coatora.

Narra-se que em 07 de abril de 2010, foi iniciada, pela polícia civil da Comarca de Jaciara, a operação denominada “ lazarotto”, com o intuito de investigar fraude na “aquisição” de carteira nacional de habilitação. Após o paciente ter, em tese, sido reconhecido como a “pessoa ligada ao DETRAN/MT que também participada no esquema” (sic fls. 03 TJ/MT), teve a prisão temporária decretada e, no dia seguinte convertida em preventiva, e, considerando injusto o decreto prisional, foi pleiteada sua revogação, “(...) tendo em vista a ausência de todos os requisitos legais. “ (sic fls. 05 TJ/MT).

Sustenta-se que a prisão temporária foi decretada um anos após o início da investigação, mesmo não tendo sido “(...) apurado exatamente nenhum ato criminoso ou MÍNIMO CONTATO para com os demais investigados (...)” (sic fls. 05 TJ/MT), o que se pode observar dos relatórios da interceptação telefônica., ressaltando que tendo o beneficiário sido colocado em liberdade em razão do fim do prazo da prisão temporária, apresentou-se espontaneamente em 28 de abril de 2011, assim que teve conhecimento do decreto preventivo.

Explicita-se que o beneficiário exercia o cargo de gerente do setor de habilitação do DETRAN/MT, realizando o atendimento dos diretores de autoescola, de modo que os fatos narrados por Ricardo Lazarotto não configuraria ato ilícito, posto que tal não se denota do fato do paciente entregar um envelope à Ramão Edeson Cacho, proprietário da Auto Escola Modelo.

Alega-se carência de fundamentação na decisão que decretou a prisão preventiva, bem como da que negou o pedido de sua revogação, uma vez que somente reproduziu os termos da representação sem indicar elementos

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concretos a justificar a segregação cautelar, fundando-se em “(...) mera e infundadas conjecturas (...)” (sic fls. 16 TJ/MT), deixando ainda de se considerar as condições pessoais do beneficiário, que lhe são favoráveis.

Diante do exposto pleiteia-se a concessão da Ordem liminarmente (fls.02 a 31TJ/MT). Juntou documentos (fls. 32 a 648 TJ/MT).

Determinei a prévia solicitação das informações à autoridade judiciária apontada como coatora (fls. 652 TJ/MT), que foram prestadas às fls. 658 a 671 TJ/MT.

II.

Objetiva-se através do presente writ o restabelecimento do ius ambulandi de João Vitor de Oliveira Nunes, sob o argumento de carência de fundamentação idônea na decisão que decretou a preventiva, bem como da que manteve a segregação cautelar.

Inicialmente quanto a alegação de que o beneficiário não teria qualquer envolvimento com os fatos apurados na operação “lazaroto”, ressalto que por se tratar de matéria de mérito, a análise do pretextado exige aprofundado exame do aspecto fático probatório o que se mostra incompatível com o rito célere e documental do habeas corpus, onde o alegado deve estar demonstrado de plano, e assim, a questão deve ser debatida no curso da ação penal, onde será oportunizado o pleno exercício das garantias da ampla defesa e do contraditório, haja vista que de conhecimento e não mandamental.

Passo a análise da liminar ambulatorial.

Como relatado, alega-se na inicial ausência de fundamentação idônea nas decisões que decretou e manteve a prisão preventiva do beneficiário.

Consoante se observa dos autos, o beneficiário teve inicialmente a prisão temporária decretada em 18 de abril de 2011 (fls. 522 a 531TJ/MT), tendo-se assim explicitado:

“Das prisões temporárias.

A prisão temporária é medida acauteladora, de restrição de liberdade de locomoção, por tempo determinado, destinada a possibilitar as investigações a respeito de crimes graves, durante o inquérito policial.

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De acordo com a Lei 7.960/89, a prisão temporária é cabível quando imprescindível para a apuração do inquérito policial (art. Io, 1) e quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado no crime de quadrilha ou bando (art. Io, III, "1").

Analisando-se os autos, verifica-se que as investigações ainda não foram concluídas e que após a oitiva do representado Ricardo Lazarotto (que confessou a prática do crime, delatando outras pessoas que também fariam parte da associação) a prisão cautelar de Ramão Edeson Cacho ainda se mostra necessária, bem como a decretação da prisão João Vitor Oliveira Nunes para a elucidação completa dos crimes.

Inobstante a ilustre autoridade policial tenha representado pela prisão preventiva dos mesmos, entendo que, no presente momento, a prisão cautelar que melhor se adéqua à situação é a temporária.

Segundo o depoimento de Ricardo Lazarotto, quando ouvido pela autoridade policial, este afirmou que:

“...Que com relação a venda de Carteira de Habilitação esclarece que realmente já comercializou CNH; Que sabia que a Carteira que vendia era flasa, mas mesmo assim comercializava; Que as pessoas que compravam CNH também sabiam que eram falsas; Que o valor da Carteira variava de pessoa para pessoa; Que quando trabalhou na Auto Escola Itália, mais ou menos no ano de 2007, conheceu um instrutor chamado Leandro (que não mora mais aqui), que vendia CNH; Por isso, se interessou e sempre ia com Leandro até Cuiabá para pegar as Habilitações Falsas; Que de tanto acompanhar Leandro também começou a vender CNH na cidade, já que tinha conhecimento de como funcionava o esquema; Que quem fornecia a habilitação chamava Edson, proprietário da Auto Escola Modelo, localizada na 'Rua Barão de Melgaço, centro (próximo aos bancos), Cuiabá; Que ele era quem fazia todo o esquema, ou seja, apenas entregava a Edson cópia do RC, CPF e uma foto da pessoa que iria cobrar a CNH, e Edson já entregava a CNH pronta; Que Edson é um testa de ferro de uma pessoa do DETRAN, que inclusive já viu essa pessoa (do DETRAN) mas não sabe dizer o nome; Que só tinha contato com Edsom; Até tinha algumas carteiras que saiam certinhas do DETRAN (do esquema criminoso), mas a maioria era falsa; Que fazia essa negociação sem o envolvimento da auto escola que trabalhava na época (Itália); Que a pessoa de dentro do DETRAN fornecia as cédulas para Edson imprimir; Que depois que já possuía contato com Edsom (da auto escola modelo), algumas Auto Escolas desta cidade passaram a lhe procura para participar do esquema; Que já vendeu CNH para a auto escola Global (de propriedade de Odilon), Auto escola Estrela, de São Pedro da Cipa (de propriedade de Jeferson, vulgo,Japão), e até para alguns instrutores; Esclarece que, depois de algum tempo, quis sair dessa vida, por isso, apresentou Odilon (dono da Auto Escola Global) e Japão (dono da Auto Escola estrela), para Edson; Daí em diante, eles começaram a negociar diretamente com Edsom; Que não dava muito dinheiro esse esquema já que a maior parte do dinheiro ficava com Edsom; Que não dava muito dinheiro esse esquema já que a maior parte do dinheiro ficava com Edsom, exemplo: se vendia uma CNH por RS 1.700,00, Edsom ficava com R$ 1.500,00; Que se ver o rapaz do Detram, que fornecia as cédulas para Edsom, o reconhece; (...) Por fim, esclarece que está disposto a auxiliar nas investigações, naquilo que for necessário, desde que o conteúdo deste interrogatório seja mantido em sigilo." (sic)

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Posteriormente, quando ouvido na Promotoria de Justiça, Ricardo confirmou todas as declarações, narrando com a mesma riqueza de detalhes, conforme se verifica pelo cd-room juntado pelo ilustre Promotor de Justiça.

Quanto aos indícios de autoria de João Vitor Oliveira Nunes, estes se mostram presentes, ante o Termo de Reconhecimento fotográfico de pessoa, constante às fls. 427, onde o indiciado Ricardo Lazarotto afirmou reconhecer a fotografia de João Vitor Oliveira Nunes como sendo a mesma pessoa que fornecia documentos do DETRAN/MT para Ramão Edeson Cacho confeccionar Carteiras de Habilitação falsas, esclarecendo, ainda, que, por diversas vezes, viu João Vitor entregando envelopes para Ramão Edeson Cacho.

A gravidade do delito praticado e a necessidade de mais diligências demonstram a necessidade da decretação da prisão temporária de João Vítor Oliveira Nunes, bem como a prorrogação da prisão temporária de Ramão Edeson Cacho para se resguardar o trâmite normal do Inquérito Policial, com a conseqüente elucidação do crime.” (sic fls. 523 a 526 TJ/MT).

Ao decretar a prisão preventiva do beneficiário (fls. 583 a 589 TJ/MT), explicitou-se:

“ Da prisão preventiva.

Requer o Ministério público a convolação das prisões temporárias em preventivas dos indiciados Ramão Edeson Cacho e João Vitor oliveira Nunes, para garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal.

Verifica-se nos autos a existência de prova da materialidade dos crimes, conforme Laudo pericial juntado às fls. 18/26-IP indícios suficientes de autoria.

Segundo o depoimento de Ricardo Lazarotto, quando ouvido pela autoridade policial, este afirmou que:

“...Que com relação a venda de Carteira de Habilitação esclarece que realmente já comercializou CNH; Que sabia que a Carteira que vendia era flasa, mas mesmo assim comercializava; Que as pessoas que compravam CNH também sabiam que eram falsas; Que o valor da Carteira variava de pessoa para pessoa; Que quando trabalhou na Auto Escola Itália, mais ou menos no ano de 2007, conheceu um instrutor chamado Leandro (que não mora mais aqui), que vendia CNH; Por isso, se interessou e sempre ia comLeandro até Cuiabá para pegar as Habilitações Falsas; Que de tanto acompanhar Leandro também começou a vender CNH na cidade, já que tinha conhecimento de como funcionava o esquema; Que quem fornecia a habilitação

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chamava Edson, proprietário da Auto Escola Modelo, localizada na Rua Barão de Melgaço, centro (próximo aos bancos), Cuiabá; Que ele era quem fazia todo o esquema, ou seja, apenas entregava a Edson cópia do RG, CPF e uma foto da pessoa que iria comprar a CNH, e Edson já entregava a CNH pronta; Que Edson é um testa de ferro de uma pessoa do DETRAN, que inclusive já viu essa pessoa (do DETRAN) mas não sabe dizer o nome; Que só tinha contato com Edsom;Até tinha algumas carteiras que saiam certinhas do DETRAN (do esquema criminoso), mas a maioria era falsa; Que fazia essa negociação sem o envolvimento da auto escola que trabalhava na época (Itália); Que a pessoa de dentro do DETRAN fornecia as cédulas para Edson imprimir; Que depois que já possuía contato com Edsom (da auto escola modelo), algumas Auto Escolas desta cidade passaram a lhe procura para participar do esquema; Que já vendeu CNH para a auto escola Global (de propriedade de Odilon), Auto escola Estrela, de São Pedro da Cipa (de propriedade de Jeferson, vulgo Japão), e até para alguns instrutores; Esclarece que, depois de algum tempo, quis sair dessa vida, por isso, apresentou Odilon (dono da Auto Escola Global) e Japão (dono da Auto Escola estrela), para Edson; Daí em diante, eles começaram a negociar diretamente com Edsom; Que não dava muito dinheiro esse esquema já que a maior parte do dinheiro ficava com Edsom; Que não dava muito dinheiro esse esquema já que a maior parte do dinheiro ficava com Edsom, exemplo: se vendia uma CNH por RS 1.700,00, Edsom ficava com R$ 1.500,00; Que se ver o rapaz do Detram, que fornecia as cédulas para Edsom, o reconhece; (...) Por fim, esclarece que está disposto a auxiliar nas investigações, naquilo que for necessário, desde que o conteúdo deste interrogatório seja mantido em sigilo.” (sic)

Posteriormente, quando ouvido na Promotoria de Justiça, Ricardo confirmou todas as declarações, narrando com a mesma riqueza de detalhes, conforme se verifica pelo cd-room juntado pelo ilustre Promotor de Justiça. Relatou, então, nesta oportunidade que teria recebido ‘recado’ do indiciado ‘Edeson’, através de um amigo que foi levar um colchão na Cadeia Pública de Jaciara, que Edeson pagaria advogado e as despesas de Ricardo, para este ‘guentá sozinho’.

Quanto aos indícios de autoria de João Vitor Oliveira Nunes, estes se mostram presentes, ante o Termo de Reconhecimento fotográfico de pessoa, constante às fls. 427, onde o indiciado Ricardo Lazarotto afirmou reconhecer a fotografia de João Vitor Oliveira Nunes como sendo a mesma pessoa que fornecia documentos do DETRAN/MT para Ramão Edeson Cacho confeccionar Carteiras de Habilitação falsas, esclarecendo, ainda, que, por diversas vezes, viu João Vitor entregando envelopes para Ramão Edeson Cacho.

Deste modo, verifica-se necessária a prisão preventiva do indiciado Ramão Edeson Cacho para garantia da aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal, vez que este teria mandado ‘recado’ para um dos corréus que o teria delatado.

Caso o agente venha a ser posto em liberdade, poderá ameaçar corréus e testemunhas, tumultuando e atrapalhando a instrução criminal, que sequer começou, vez que a denúncia ainda não foi recebida.

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Quanto ao indiciado João Vitor Oliveira Nunes, a prisão deste também é necessária, vez que sendo funcionário público do DETRAN/MT, poderá este vir a exercer influência dentro do órgão público, prejudicando as investigações que tramitarão nos autos suplementares, a fim de se apurar a conduta de outros supostos envolvidos no esquema criminoso.

Por outro lado, a garantia da ordem pública deve ser preservada, vez que os crimes demonstram que aqueles que deveriam velar pela devida habilitação dos condutores de veículos automotores, na verdade, estão supostamente colocando nas ruas e rodovias pessoas inaptas à condução de tais veículos, causando perigo concreto à vida de outrem.

Neste sentido, a jurisprudência do TJMG:

Numeração Única: 0726199-35.2010.8.13.0000

Precisão: 10

Relator:

Des.(a) RUBENS GABRIEL SOARES

Data do Julgamento: 01/02/2011

Data da Publicação: 17/02/2011

Ementa:

‘HABEAS CORPUS’ - FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO - NEGATIVA DE PARTICIPAÇÃO NO DELITO - EXAME APROFUNDADO DAS PROVAS - NÃO CABIMENTO - PRISÃO PREVENTIVA - REVOGAÇÃO - INDEFERIMENTO - PROVA DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DA AUTORIA DELITIVA -PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP - NECESSIDADE DE ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL E GARANTIR A ORDEM PÚBLICA -PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E PRISÃO PREVENTIVA -COMPATIBILIDADE - CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS - INSUFICIÊNCIA -PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE - VIOLAÇÃO - INOCORRÊNCIA -AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL - DENEGADO O ‘HABEAS CORPUS’, CASSADA A MEDIDA LIMINAR CONCEDIDA. 1. A alegação acerca da negativa de participação no delito demanda aprofundado exame de provas, que se mostra impróprio na via estreita do ‘Habeas corpus’. 2. Estando a decisão que indeferiu o pedido de liberdade provisória devidamente fundamentada nas hipóteses do art. 312 do CPP, não há de se falar em constrangimento ilegal pela decretação e manutenção da prisão preventiva do Paciente. 3. Na espécie, a prisão preventiva se justifica, também, pela aplicação do art. 313, ‘caput’ e inciso I, do Código de Processo Penal, pois, como visto, estão presentes as circunstâncias previstas no art. 312, do mesmo Diploma Legal, além do

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que o delito de falsificação de documento público é doloso e punido com pena de reclusão. 4. Não fere o princípio da presunção da inocência o decreto prisional que fundamentadamente manda recolher o acusado à prisão, visando assegurar a aplicação da lei penal e garantir da ordem pública. 5. A existência de condições favoráveis, como residência fixa e trabalho lícito, por si só, não é suficiente para autorizar a revogação da prisão preventiva, já que tais condições devem ser analisadas diante do contexto dos autos. 6. Não é viável, neste momento, fazer ilações sobre a perspectiva de pena ‘in concreto’, uma vez que a sua fixação, bem como do regime prisional, decorre da ponderação dos elementos de prova a serem produzidos na instrução criminal e da análise completa das circunstâncias judiciais previstas no art. 59, do Código Penal, sendo, ademais, impossível a concessão de ‘Habeas Corpus’ por presunção.

Súmula: DENEGADO O HABEAS CORPUS, REVOGANDO A LIMINAR COM A EXPEDIÇÃO DO MANDADO DE PRISÃO.

Feitas estas considerações, e estando presentes os requisitos previstos no artigo 312, do CPP, a prisão preventiva deverá ser decretada.

Isto posto, com fulcro nos fatos e fundamentos jurídicos supracitados, converto as prisões temporárias de Ramão Edeson Cacho e João Vitor Oliveira Nunes em prisão preventiva, com fundamento no artigo 312 e 313 do CPP.” (sic fls. 584 a 589 TJ/MT).

Ao indeferir o pedido de revogação da prisão preventiva (fls. 633 a 648 TJ/MT), fundamentou:

“Primeiramente, insta consignar que inobstante tenha o Douto Advogado do ora postulante se manifestado no sentido de que o indiciado João Vitor encontra-se segregado, vez que se apresentou espontaneamente na data de 28/04/2011, tal informação não se encontra acostada aos autos.

No entanto, os predicados pessoais invocados como o fato de ter se apresentado espontaneamente perante a autoridade policial (o que não se tem informação, até o presente momento, nos presentes autos), não obstam a manutenção da prisão preventiva do indiciado João Vitor, vez que ainda se encontram presentes os pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal, decorrentes de fundamentação concreta.

Entende a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

‘Esta Cortei por ambas as suas Turmas, já firmou o entendimento de que a prisão preventiva pode ser decretada em face da periculosidade, demonstrada, pela gravidade e violência do crime, ainda que primário o agente.’ (R.T 648/347).

Do mesmo modo, o excelentíssimo Senhor Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, Díocles de Figueiredo, assim já decidiu: ‘ a apresentação espontânea do acusado à

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autoridade, não impede que seja decretada sua prisão preventiva, caso estejam previstos seus pressupostos e fundamentos’. (HC 3/400/05, Rel. Des. Díocles de. Figueiredo, j. 26-9-2005).

Assim, entendo que eventuais condições pessoais favoráveis do indiciado João Vítor não garantem o direito à liberdade quando presentes os requisitos da prisão preventiva elencados no artigo. 312 do Código de Processo Penal.

Do mesmo modo, tendo o ora requerente sido

denunciado pela suposta prática dos crimes de quadrilha ou bando (art. 288, CP), falsificação de documento público (art. 297, CP), falsidade ideológica (art. 299, CPO e corrupção passiva (art. 317, §1°, CP), todos apenados com pena de reclusão, resta inoportuno o raciocínio de que a ‘possibilidade de a prisão cautelar ser mais gravosa que eventual pena’.

Ainda, analisando os autos, verifico que há prova da materialidade do crime e também indícios suficientes de autoria do indiciado João Vítor Oliveira Nunes, vez que consta nos autos de Inquérito policial vários documentos e termos de declarações.

Para melhor expor os fundamentos que decretaram a prisão preventiva do acusado João Vitor, transcrevo o depoimento de Ricardo Lazarotto quando ouvido pela Autoridade Policial:

“Que com relação a venda de Carteira de Habilitação esclarece que realmente já comercializou CNH; Que sabia que a Carteira que vendia era flasa, mas mesmo assim comercializava; Que as pessoas que compravam CNH também sabiam que eram falsas; Que o valor da Carteira variava de pessoa para pessoa; Que quando trabalhou na Auto Escola Itália, mais ou menos no ano de 2007, conheceu um instrutor chamado Leandro (que não mora mais aqui), que vendia CNH; Por isso, se interessou e sempre ia com Leandro ale Cuiabá para pegar as Habilitações Falsas; Que de tanto acompanhar Leandro também começou a vender CNH na cidade, já que tinha conhecimento de como funcionava o esquema; Que quem fornecia a habilitação chamava Edson, proprietário da Auto Escola Modelo,localizada na Rua Barão de Melgaço, centro (próximo aos bancos), Cuiabá; Que ele era quem fazia todo o esquema, ou seja, apenas entregava a Edson cópia do RG, CPF e uma foto da pessoa que iria comprar a CNH, e Edson já entregava a CNH pronta; Que Edson é um testa de ferro de uma pessoa do DETRAN, que inclusive já viu essa pessoa (do DETRAN) mas não sabe dizer o nome; Que só tinhacontato com Edsom; Até tinha algumas carteiras que saiamcertinhas do DETRAN (do esquema criminoso), mas amaioria era falsa; que fazia essa negociação sem o envolvimento da auto escola que trabalhava na época (Itália);Qu e a pessoa de dentro do DETRAN fornecia as cédulas para Edson imprimir; Que depois que já possuía contato com Edsom (da auto escola modelo), algumas Auto Escolas desta cidade passaram a lhe procura para participar do esquema; Que já vendeu CNH para a auto escola Global (de propriedade de Odilon), Auto escola Estrela, de São Pedro da Cipa (de propriedade de Jeferson. vulgo Japão), e até para alguns instrutores; Esclarece que, depois de algum tempo, quis sair dessa vida, por isso, apresentou Odilon (dono da Auto Escola Global) e Japão (dono da Auto Escola estrela), para Edson; Dai em diante, eles começaram a negociar diretamente com

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Edsom; Que não dava muito dinheiro esse esquema já que a maior parte do dinheiro ficava com Edsom; Que não dava muito dinheiro esse esquema já que a maior parte do dinheiro ficava com Edsom, exemplo: se vendia uma CNH por RS 1.700,00, Edsom ficava com RS 1.500,00; Que se ver o rapaz do Detram, que fornecia as cédulas para Edsom. o reconhece; (...) Por fim, esclarece que está disposto a auxiliar nas investigações, naquilo que for necessário, desde que o conteúdo deste interrogatório seja mantido em sigilo.’ (sic)

Não bastasse isto, no reconhecimento fotográfico de pessoa constante às fls. 427/428 dos autos, o também indiciado Ricardo Lazarotto afirmou que ‘reconhece a(s) fotografia(s) de JOÃO VÍTOR OLIVERIA NUNES como sendo a mesma pessoa que fornecia documentos do DETRAN/MT para RAMÃO EDESON CACHO confeccionar Carteiras de Habilitação falsas. Esclarece ainda que, por diversas vezes viu o reconhecido JOÃO VITOR entregando para RAMÃO EDESON CACHO’.

Assim, ao contrário do que sustenta a defesa, nestemomento, verifica-se a necessidade da prisão cautelar do indiciado paraconveniência da instrução criminal e para a garantia da aplicação da lei penal, vez que se o agente for posto em liberdade, e sendo funcionário público do Detran/MT, poderá este vir a exercer influência dentro do órgão público, prejudicando as investigações.

Do mesmo modo, os crimes pelos quais o indiciado João Vitor foi denunciado demonstram que aqueles que deveriam velar pela devida habilitação dos condutores de veículos automotores, na verdade, estão supostamente colocando nas ruas rodovias pessoa inaptas à condução de tais veículos, causando perigo concreto à vida de outrem.

Ainda, importante destacar também, que a instrução processual sequer começou.

Assim, a versão da defesa somente poderá ser analisada em momento oportuno, com o regular trâmite do feito, sendo prematura a análise de mérito no presente momento.

Outrossim, conforme bem demonstrado acima, atualmente, a segregação se faz necessária para garantia da aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal.

Diante do exposto e por tudo mais que dos autos consta, em consonância com parecer ministerial, INDEFIRO o pedido de revogação da prisão preventiva ao requerente João Vitor Oliveira Nunes, por entender presentes os requisitos da prisão preventiva (artigos 311 e 312, do CPP), sendo necessária para a conveniência da instrução criminal e garantia da aplicação c aplicação da lei penal.” (sic fls. 642 a 648 TJ/MT).

Com a devida vênia, não encontro nas decisões interlocutórias proferida em primeiro grau de jurisdição demonstração de

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elementos concretos e objetivos a indicar a necessidade da prisão cautelar do beneficiário.

De elementar conhecimento que para se legitimar a prisão processual em face de nosso sistema jurídico imprescindível a satisfação dos pressupostos do artigo 312 da Lei Instrumental Penal, evidenciando-se, com fundamento em base empírica idônea e concreta, as razões justificadoras da imprescindibilidade cautelar de privação da liberdade do imputado.

Com efeito, para a decretação da prisão preventiva devem estar presentes fumus commissi delicti (prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria), fundamentos que demonstrem o periculum libertatis (art. 312 do CPP) e condições de admissibilidade (art. 313 do CPP).

No vertente, para a manutenção da prisão preventiva, assim como a sua decretação fundou-se no fato de que estariam presentes indícios de autoria, entendimento apoio no depoimento de corréu e no reconhecimento fotográfico do beneficiário, indicando como fundamento a justificar a necessidade de se assegurar a regularidade da instrução criminal o fato de que o beneficiário, como funcionário do DETRAN/MT, poderia exercer influência junto aos demais funcionários, e deste modo colocar em risco as investigações, não há qualquer indicativo que ele tenha realizado qualquer atitude neste sentido, revelando-se o fundamento com projeção subjetiva destituída de amparo em circunstância concreta, portanto, como para criação mental da douta Magistrada prolatora.

Sobre a prisão preventiva para conveniência da instrução criminal, nos esclarece Eugênio Pacelli de Oliveira:

“Por conveniência da instrução criminal há de se entender a prisão decretada em razão de perturbação ao regular andamento do processo, o que ocorrerá, por exemplo, quando o acusado, ou qualquer outra pessoa em seu nome, estiver intimidando testemunhas, peritos ou o próprio ofendido, ou ainda provando qualquer incidente do qual resulte prejuízo manifesto para a instrução criminal.” (“Curso de Processo Penal”. 11ª ed.. Editora Lúmen Júris. Rio de Janeiro: 2009 p. 451).

Oportuno a lição de Denílson Feitoza:

“Vejamos a conveniência da instrução criminal.

A condenação depende da prova plena que tenha sido produzida na instrução criminal. Se o acusado ameaça ou suborna testemunhas, para que não digam a verdade sobre a prática do crime, se destrói vestígios etc., a prisão

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preventiva pode ser decretada por conveniência da instrução crimina (fase de produção de provas no procedimento judicial ou processo penal propriamente dito).

A conveniência da instrução criminal pode se verificada ainda na fase de investigação criminal, Por exemplo, se o indiciado pratica uma das condutas acima na fase do inquérito, talvez nem se possa chegar à propositura da ação penal ou, ainda que se chegue, talvez as testemunhas, durante a instrução criminal, não digam mais a verdade.” (“Direito Penal”. 6ª ed.. Editora Impetus. Niterói/RJ: 2009. p. 853)

Note-se, mais uma vez, que para a prisão preventiva stricto sensu exige-se motivação apoiada em fatos concretos, que levem a fundadas probabilidades e não meras presunções sobre possível comportamento do acusado se em liberdade continuar.

De igual modo não se evidenciou justificativa concreta para a segregação cautelar em razão da garantia da ordem pública, que segundo consta nas decisões, exsurgiria do fato de que o delito em tese teria sido praticado justamente por quem “(...) devida habilitação dos condutores de veículos automotores, na verdade, estão supostamente colocando nas ruas rodovias pessoa inaptas à condução de tais veículos, causando perigo concreto à vida de outrem.

Importante destacar que a manutenção da prisão cautelar com fundamento na necessidade se resguarda a ordem pública, exige-se prudência, posto que sob este fundamento geralmente se invoca uma abstratividade ainda maior, não tendo a utilidade e necessidade da prisão qualquer vinculo com o processo penal, haja vista tratar-se de um requisito legal amplo, aberto e carente de sólidos critérios de constatação.

Leciona-nos Denílson Feitoza:

“A expressão ordem pública é muito atacada na doutrina, tendo em vista sua indeterminação conceitual diante de um direito tão fundamental quanto a liberdade. Mais criticada ainda é a idéia de garantia da ordem pública na perspectiva social, pois não estaria sendo aferido o perigo que a própria pessoa poderia acarretar e, assim, se há risco para a ordem pública nessa perspectiva, não deveria ser presa a pessoa a quem se imputa o crime, mas evitar-se que, por exemplo, a população revoltada perpetrasse depredações.” (“Direito Processual Penal”. 6ª ed.. Editora Impetus. Rio de Janeiro, RJ: 2009. p. 853)

Sobre o tema cito Fernando da Costa Tourinho Filho:

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“‘Ordem pública’ é fundamento geralmente invocável, sob diversos pretextos, para se decretar a preventiva, fazendo-se total abstração de que esta é uma coação cautelar e, sem cautelaridade, não se admite à luz da Constituição, prisão provisória.” (“Manual de Processo Penal”. 14ª ed.. Editora Saraiva. São Paulo: 2011. p. 681).

Oportuno o julgado do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

“HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. LIBERDADE PROVISÓRIA. CABIMENTO. ART. 312 DO CPP. FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. 1. A jurisprudência desta Corte tem proclamado que a prisão cautelar é medida de caráter excepcional, devendo ser imposta, ou mantida, apenas quando atendidas, mediante decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da Constituição Federal), as exigências do art. 312 do Código de Processo Penal. Isso porque a liberdade, antes de sentença penal condenatória definitiva, é a regra, e o enclausuramento provisório, a exceção, como têm insistido esta Corte e o Supremo Tribunal Federal em inúmeros julgados, por força do princípio da presunção de inocência, ou da não culpabilidade. 2. No caso, o acórdão atacado, ao cassar a liberdade provisória da paciente, acabou por não indicar, por meio de elementos concretos, de que forma a sua liberdade colocaria em risco a ordem pública, a conveniência da instrução criminal ou a aplicação da lei penal. 3. Em verdade, ateve-se a Corte de origem à gravidade em abstrato da infração, concluindo ser necessária a prisão, pela garantia da ordem pública, a partir da simples constatação da materialidade do crime previsto no art. 33 da Lei º 11.343/06, não apontando, por meio de motivação idônea, a presença do chamado periculum libertatis, isto é, o fundado receio de que, em liberdade a paciente, a ordem pública estaria comprometida. 4. Ordem concedida.” (HC 187.418/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 21/03/2011).

Não se pode confundir os elementos fundamentais para a análise jurídica da configuração, em tese, do delito com os pressupostos legais da prisão cautelar. A demonstração da materialidade e a existência de indícios de autoria, por mais que confiram, em tese, base para eventual condenação penal definitiva, por si sós, não podem ser invocados para alicerçar a decretação da prisão preventiva.

Ressalto que a imprescindibilidade da decretação da prisão preventiva, assim como a sua manutenção deve-se ser apoiada em circunstâncias que revelem a procedência do juízo formulado, bem como que se indique, com segurança, os elementos concretos a legitimar a necessidade da segregação cautelar, o que, com a máxima vênia, não evidencia do fato de que o

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beneficiário, por ser funcionário do DETRAN/MT, poderia influir nas investigações, especialmente pelo fato de que não mais exerce a função antes desempenhada.

Na ordem constitucional pátria mostra-se imprescindível para o aperfeiçoamento da prisão preventiva que a autoridade judiciária explicite de maneira individualizada (com relação a cada um dos cidadãos investigados) a utilidade social ou processual de sua segregação antecipada, sob pena de ofensa aos direitos fundamentais constitucionalmente assegurados, evitando-se, dessa forma a “massificação de prisões preventivas”.

Sobre a prisão sem culpa formada, menciono a lição do Pretório Excelso:

‘‘HABEAS CORPUS’ - PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA COM FUNDAMENTO NA GRAVIDADE OBJETIVA DO DELITO, NO CLAMOR PÚBLICO, NA SUPOSTA OFENSA À CREDIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES E NA CONJECTURA DE QUE A PRISÃO CAUTELAR SE JUSTIFICA PARA CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL - CARÁTER EXTRAORDINÁRIO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL - UTILIZAÇÃO, PELO MAGISTRADO, NA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, DE CRITÉRIOS INCOMPATÍVEIS COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - SITUAÇÃO DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO CONFIGURADA - AFASTAMENTO, EM CARÁTER EXCEPCIONAL, NO CASO CONCRETO, DA INCIDÊNCIA DA SÚMULA 691/STF – ‘HABEAS CORPUS’ CONCEDIDO DE OFÍCIO. A PRISÃO CAUTELAR CONSTITUI MEDIDA CAUTELAR DE NATUREZA EXCEPCIONAL. - A privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter excepcional, somente devendo ser decretada em situações de absoluta necessidade. A prisão preventiva, para legitimar-se em face de nosso sistema jurídico, impõe - além da satisfação dos pressupostos a que se refere o art. 312 do CPP (prova da existência material do crime e presença de indícios suficientes de autoria) - que se evidenciem, com fundamento em base empírica idônea, razões justificadoras da imprescindibilidade dessa extraordinária medida cautelar de privação da liberdade do indiciado ou do réu. - A questão da decretabilidade da prisão cautelar. Possibilidade excepcional, desde que satisfeitos os requisitos mencionados no art. 312 do CPP. Necessidade da verificação concreta, em cada caso, da imprescindibilidade da adoção dessa medida extraordinária. Precedentes. A PRISÃO PREVENTIVA - ENQUANTO MEDIDA DE NATUREZA CAUTELAR - NÃO PODE SER UTILIZADA COMO INSTRUMENTO DE PUNIÇÃO ANTECIPADA DO INDICIADO OU DO RÉU. - A prisão preventiva não pode - e não deve - ser utilizada, pelo Poder Público, como instrumento de punição antecipada daquele a

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quem se imputou a prática do delito, pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em bases democráticas, prevalece o princípio da liberdade, incompatível com punições sem processo e inconciliável com condenações sem defesa prévia. A prisão preventiva - que não deve ser confundida com a prisão penal - não objetiva infligir punição àquele que sofre a sua decretação, mas destina-se, considerada a função cautelar que lhe é inerente, a atuar em benefício da atividade estatal desenvolvida no processo penal. A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO CONSTITUI FATOR DE LEGITIMAÇÃO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE. - A natureza da infração penal não constitui, só por si, fundamento justificador da decretação da prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado. Precedentes. O CLAMOR PÚBLICO NÃO BASTA PARA JUSTIFICAR A DECRETAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR. - O estado de comoção social e de eventual indignação popular, motivado pela repercussão da prática da infração penal, não pode justificar, só por si, a decretação da prisão cautelar do suposto autor do comportamento delituoso, sob pena de completa e grave aniquilação do postulado fundamental da liberdade. - O clamor público - precisamente por não constituir causa legal de justificação da prisão processual (CPP, art. 312) - não se qualifica como fator de legitimação da privação cautelar da liberdade do indiciado ou do réu. Precedentes. A PRESERVAÇÃO DA CREDIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES NÃO SE QUALIFICA, SÓ POR SI, COMO FUNDAMENTO AUTORIZADOR DA PRISÃO CAUTELAR. - Não se reveste de idoneidade jurídica, para efeito de justificação do ato excepcional da prisão cautelar, a alegação de que a prisão é necessária para resguardar a "credibilidade da Justiça". AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO, NO CASO, DA NECESSIDADE CONCRETA DE DECRETAR-SE A PRISÃO PREVENTIVA DO PACIENTE. - Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão preventiva. O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL. - A prerrogativa jurídica da liberdade - que possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não pode ser ofendida por interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais, que, fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário, culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituição da República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória irrecorrível, não se revela possível - por efeito de insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) - presumir-lhe a culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a esse respeito, decisão judicial

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condenatória transitada em julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes conseqüências, uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário. Precedentes.” (HC 96095, Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 03/02/2009, DJe-048 DIVULG 12-03-2009 PUBLIC 13-03-2009 EMENT VOL-02352-04 PP-00623).

Nessa esteira, o magistério do Ministro Félix Fischer:

“(...) Com efeito, a privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter excepcional (HC 90.753/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 22/11/2007), sendo exceção à regra (HC 90.398/SP, Primeira Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJU de 17/05/2007). Assim, é inadmissível que a finalidade da custódia cautelar, qualquer que seja a modalidade (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de pronúncia ou prisão em razão de sentença penal condenatória recorrível) seja deturpada a ponto de configurar uma antecipação do cumprimento de pena (HC 90.464/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJU de 04/05/2007). O princípio constitucional da não-culpabilidade se por um lado não resta malferido diante da previsão no nosso ordenamento jurídico das prisões cautelares (Súmula nº 09/STJ), por outro não permite que o Estado trate como culpado aquele que não sofreu condenação penal transitada em julgado (HC 89501/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 16/03/2007).

Desse modo, a constrição cautelar desse direito fundamental (art. 5º, inciso XV, da Carta Magna) deve-se basear em base empírica concreta (HC 91.729/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJU de 11/10/2007). Assim, a prisão preventiva se justifica desde que demonstrada a sua real necessidade (HC 90.862/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJU de 27/04/2007) com a satisfação dos pressupostos a que se refere o art. 312 do Código de Processo Penal, não bastando, frise-se, a mera explicitação textual de tais requisitos (HC 92.069/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJU de 09/11/2007). Não se exige, contudo fundamentação exaustiva, bastando que o decreto constritivo, ainda que de forma sucinta, concisa, analise a presença, no caso, dos requisitos legais ensejadores da prisão preventiva (RHC 89.972/GO, Primeira Turma, Relª. Minª. Cármen Lúcia, DJU de 29/06/2007).

A prisão preventiva, como espécie de prisão cautelar de índole processual que é, somente pode ser decretada nos

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dizeres de Fernando da Costa Tourinho Filho in ‘Processo Penal - Volume 3’, Ed. Saraiva, 29ª edição, 2007, pág. 507 quando verificados os seus pressupostos (prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria) e uma de suas condições (garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e asseguração da aplicação da lei penal).

Assim, a Suprema Corte tem reiteradamente reconhecido como ilegais as prisões preventivas decretadas com base na gravidade abstrata do delito (HC 90.858/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 21/06/2007; HC 90.162/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, DJU de 28/06/2007); na periculosidade presumida do agente (HC 90.471/PA, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJU de 13/09/2007); no clamor social decorrente da prática da conduta delituosa (HC 84.311/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJU de 06/06/2007) ou, ainda, na afirmação genérica de que a prisão é necessária para acautelar o meio social (HC 86.748/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJU de 06/06/2007). (...)” (STJ, HC 109.545/AL, Rel. Min. FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, j. 16/09/2008, DJe 20/10/2008).

Sobre a consistência de proteção à ordem pública, de inteira pertinência a lição do Ministro Gilmar Mendes:

“HABEAS CORPUS. FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO DE PRISÃO PREVENTIVA. CUSTÓDIA CAUTELAR LASTREADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E PARA ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL (CPP, ART. 312). EXCESSO DE PRAZO. NÃO-CONFIGURAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO DA DEFESA. PROCESSO COMPLEXO. ORDEM INDEFERIDA. (...) 3. Quanto ao requisito da garantia da ordem pública, em linhas gerais e sem qualquer pretensão de exaurir todas as possibilidades normativas de sua aplicação judicial, destaco as seguintes circunstâncias principais: i) a necessidade de resguardar a integridade física do próprio paciente ou dos demais cidadãos; ii) o imperativo de impedir a reiteração das práticas criminosas, desde que tal objetivo esteja lastreado em elementos concretos expostos fundamentadamente no decreto de custódia cautelar; e iii) para assegurar a credibilidade das instituições públicas, em especial do Poder Judiciário, quanto à visibilidade e transparência de políticas públicas de persecução criminal e desde que diretamente relacionadas com a adoção tempestiva de medidas adequadas e eficazes associadas à base empírica concreta que tenha ensejado a custódia cautelar. Precedentes: HC nº 82.149/SC, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 13.12.2002; HC nº 82.684/SP, 2ª Turma, unânime, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ de 1º.08.2003; HC nº 83.157/MT, Pleno, unânime, rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 05.09.2003; e HC nº 84.680/PA, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Carlos Britto, DJ de 15.04.2005. (...) 8. Decreto de prisão preventiva

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devidamente fundamentado, nos termos do art. 312 do CPP e art. 93, IX, da CF. Existência de razões suficientes para a manutenção da prisão preventiva. 9. Ordem indeferida.” (STF, HC 89.090, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 05-10-2007). (grifei).

Na atualidade, diante das inúmeras garantias prescritas como fundamentais na Carta Cidadã de 1988, temos que enxergar a prisão processual como uma exceção, muitas destas garantias regulam a liberdade do indivíduo, e, por isso mesmo, temos em nosso ordenamento a liberdade como regra e a prisão como exceção.

Desse modo, impõe-se o cuidado devido na rotina da prestação da tutela jurisdicional para que não ocorra a invasão arbitrária na esfera da liberdade do indivíduo. Outra norma que vem para dar suporte a essas garantias está prevista na Constituição Federal: “Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crimes propriamente militar, definidos em lei”. Portanto, no nosso país, em regra, a prisão deve basear-se em decisão fundamentada de magistrado competente. Ainda sobre o tema, citamos um princípio de fundamental importância que é o da presunção de não-culpabilidade, constante do artigo 5º, inciso LVII, da CF, o qual assegura que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Este princípio veio garantir que não pode haver uma antecipação de culpa em decorrência de uma prisão processual. Em razão deste princípio, se impõe a necessidade de fundamentação judicial para qualquer privação da liberdade, ou seja, só o Judiciário pode determinar a prisão de um acusado, e, como dito alhures, essa prisão não deve servir como antecipação de culpa, deve ser sempre construída em bases cautelares, para efetivar as garantias dos interesses da jurisdição, e, acima de tudo, com a marca da indispensabilidade e da necessidade da medida.

O princípio da presunção de não-culpabilidade veio garantir de vez esse direito em todas as fases do processo penal, abrangendo até mesmo a fase investigatória, assegurando que, por se tratar de prisão de quem deve ser obrigatoriamente considerado inocente, uma vez que não há sentença penal condenatória passada em julgado, é fundamental e necessário que a privação da liberdade seja fundamentada pelo juiz, e que esta fundamentação esteja baseada na proteção de determinados e específicos valores relevantes, ainda, conforme descrição trazida pelo artigo 93, inciso IX, da Carta Magna.

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Cabe ainda ressaltar que a prisão, como posta atualmente no sistema processual penal brasileiro, veicula a idéia de “prisionalização”, que se mostra ultrapassada e é fundamento para uma retórica ideológica tão somente, como no caso em análise, que nenhum benefício social ou processual foi nítido e concretamente posto, permanecendo no subjetivismo judicial que se revela indefensável, ainda que em consonância com o pensamento da população laica.

Nesse contexto, inexistindo aspectos que traduzissem a pertinência da manutenção de uma situação cautelar excepcional em relação ao beneficiário, deve ser dado consequência ao princípio da não culpabilidade e conceder a ordem vindicada.

Assevero, com apoio no poder geral de cautela, que autoriza ao juiz ordenar providências assecuratórias previstas expressamente em lei e outras que, embora não especificadas normativamente, se mostrem necessárias, o que se encontra em conformidade com as novas modificações do Código de Processo Penal, publicadas em 05 de maio de 2011, e que entrará em vigor 60 (sessenta) dias após esta data, e que vieram justamente consagrar este poder acautelatório do juiz criminal, possibilitam a imposição de medidas cautelares, que o restabelecimento da liberdade ambulatorial do beneficiário deve ser realizado mediante a aceitação e cumprimento das seguintes condições:

1) Proibição temporária do exercício de função, junto ao DETRAN/MT – Departamento Estadual de Transito de Mato Grosso, de qualquer espécie que se relacione a expedição de permissões ou carteiras de habilitação para direção de qualquer veículo automotor, com a consequente vedação de seu ingresso no sistema de tecnologia de informática do mesmo departamento que exija senha ou qualquer código, e bem assim manusear qualquer documento do respectivo processo de habilitação de motoristas e por último o impedimento de permanecer sozinho em alguma dependência daquele;

2) Declarar antes do cumprimento do alvará de soltura os endereços em que poderá ser encontrado de modo claro e preciso;

3) Comunicar imediatamente ao juízo criminal a eventual mudança de endereço, fornecendo o novo em que poderá ser intimado dos atos processuais;

4) Comparecimento pessoal do paciente em juízo até o quinto dia útil de cada mês para esclarecer e justificar suas atividades;

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5) Comparecer a todos os atos processuais para os quais for intimado;

6) Não se ausentar do território da Comarca por mais de 08 (oito) dias sem prévia comunicação ao juízo criminal;

Aceitas as condições, e advertido o beneficiário de que o descumprimento das medidas impostas importará em imediata expedição de mandado de prisão, cumpra-se o alvará de soltura clausulado.

Registro, por derradeiro, que a concessão da ordem liberatória não inviabiliza que nova decisão seja proferida com base em elementos concretos e objetivamente considerados que possam emergir do contexto fático-probatório.

Encaminhe-se cópia desta decisão ao Presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso, cientificando-o das condições estabelecidas, em especial a descrita no item 01, para que assegure seu cumprimento, sob pena de responsabilidade.

Por todo o exposto, concedo a liminar pleiteada em favor de João Vitor de Oliveira Nunes.

Expeça-se alvará de soltura clausulado.

Após ouça a ilustrada Procuradoria Geral de Justiça.

Comunicações e providências.

Cuiabá, 10 de maio de 2011.

Des. Rui Ramos Ribeiro. Relator.

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